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RESPONSABILIDADE CIVIL

● Responsabilidade civil contratual ou negocial – ligada ao inadimplemento de uma


obrigação, fundada nos arts. 389, 390 e 391 do CC.
● Responsabilidade civil extracontratual – ligada ao ato ilícito e abuso de direito,
fundada nos arts. 186 e 187 do CC.

ATO ILÍCITO: Praticado em desacordo com o ordenamento jurídico, que viola


direitos e causa prejuízos.

Lembrando: o art. 935 do CC determina que a responsabilidade civil


independe da responsabilidade criminal.

O ato ilícito gera o dever de indenizar conforme o art. 927 do CC.

ABUSO DE DIREITO: Ocorre quando o ato, inicialmente lícito, é exercido


fora dos limites. É um ato lícito pelo conteúdo, mas ilícito pelas
consequências.

Atenção: Enunciado 37 da I Jornada de Direito Civil determina que o abuso


de direito independe de culpa, sendo de responsabilidade objetiva.

ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL


● CONDUTA: causada por uma ação ou omissão (voluntária ou por negligência,
imprudência ou imperícia). Isto é, dolo ou culpa.

Para a omissão, é preciso demonstrar que, caso a conduta fosse praticada, o dano
poderia ter sido evitado.

Não importa se o agente agiu com dolo ou culpa; mas os critérios para a fixação da
indenização são diferentes.

- DOLO: Violação intencional do dever jurídico com o intuito de prejudicar


alguém. É a ação ou omissão voluntária do art. 186.

Presente o dolo, em regra, não se pode falar em culpa concorrente da vítima


ou de terceiro (por força do art. 944), mas se a vítima tiver concorrido
culposamente para o evento danoso, sua indenização será fixada
considerando a gravidade de sua culpa (art. 945).

- CULPA ESTRITA: Desrespeito a um dever preexistente, não havendo


propriamente uma intenção de violar o dever jurídico. Exige uma conduta
voluntária com resultado involuntário; uma certa previsibilidade; e
imprudência, negligência ou imperícia.

A culpa pode ser contratual: presente nos casos de desrespeito a uma


norma contratual ou a um dever relacionado à boa-fé objetiva.

A culpa pode ser extracontratual: resultante da violação de um dever


fundado em norma do ordenamento jurídico ou de um abuso de direito.

Lembrando: além de responder por ato próprio, a pessoa pode responder pela
conduta de terceiro, como nos casos previstos no art. 932; pela conduta de um
animal; ou por uma coisa inanimada.

● NEXO DE CAUSALIDADE: Constitui a relação de causa e efeito entre a conduta e o


dano suportado por alguém; é o que liga os liga.

Na responsabilidade civil subjetiva o nexo de causalidade é formado pelo


dolo ou culpa (art. 186).

Na responsabilidade civil objetiva o nexo de causalidade é formado pela


conduta, cumulada com a previsão legal de responsabilização sem culpa ou
pela atividade risco (art. 927, p. único).

TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DAS CONDIÇÕES: Todos os fatos que


contribuíram para o evento danoso são igualmente sua casa; o dano não teria
ocorrido se não fosse a presença de cada uma delas.

TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA: Somente o fato relevante ao


evento danoso gera a responsabilidade civil; ou seja, além de praticar um
antecedente indispensável a produção do resultado, ele deve ser adequado a
sua concretização. Leva em consideração as concausas (art. 944 e 945);

TEORIA DO DANO DIRETO E IMEDIATO: Somente devem ser reparados os


danos que decorrem como efeitos necessários da conduta do agente (art.
403).

EXCLUDENTES DO NEXO DE CAUSALIDADE: Culpa exclusiva da vítima;


culpa exclusiva de terceiro; caso fortuito ou força maior.

Nota: havendo culpa concorrente da vítima ou de terceiro, o dever de


indenizar subsiste, mas atenuado.

● DANO: É necessário comprovar o dano patrimonial ou extrapatrimonial suportado


por alguém. Em regra, não há responsabilidade civil sem dano, cabendo o ônus da
prova ao autor. No geral, o dano tem que ser certo, subsistente e atual, não se
reparando danos hipotéticos ou eventuais.

Lembrando que há casos em que o ônus da prova é invertido. O art. 373, p. 1º do


CPC ampliou a inversão do ônus da prova para qualquer hipótese em que houver
dificuldade na construção probatória. É a “carga dinâmica da prova”.

Danos clássicos: danos materiais e danos morais


Danos novos: danos estéticos, danos morais coletivos, danos sociais e danos pela
perda de uma chance.

DANOS PATRIMONIAIS/MATERIAIS: Prejuízos ou perdas que atingem o


patrimônio corpóreo de alguém. Engloba os danos emergentes (o que
efetivamente se perdeu) e os lucros cessantes (o que razoavelmente se
deixou de ganhar).

DANOS MORAIS: Previsto no art. 5º, V e X, da CRFB, são os danos


advindos de lesões a direitos da personalidade. Não se requer a
determinação de um preço para seu sofrimento, mas sim um meio para
atenuar as consequências da lesão. É uma compensação pelos males.

É viável a compensação de danos morais in natura, como quando ocorre em


casos de direito de resposta.

Não é obrigatória a caracterização de sentimentos humanos negativos! Ele é


caracterizado por uma ofensa, e não por uma dor, como ocorre nos caso de
danos morais em pessoas jurídicas.

No caso de lesão a valores fundamentais protegidos pela CRFB, o dano


moral dispensa prova, presumindo-se o prejuízo.

Não há consenso em relação à natureza jurídica da indenização por danos


morais; alguns falam do caráter punitivo da indenização, enquanto outros
falam do caráter pedagógico.

Em relação à fixação do valor a título de danos morais, a quantificação da


reparação não deve estar sujeito a tabelamento ou a valores fixos; o juiz deve
analisar, no caso concreto: (i) a extensão do dano; (ii) as condições
socioeconômicas dos envolvidos; (iii) as condições psicológicas das partes; e
(iv) o grau de culpa do agente, de terceiro ou da vítima.

Lembrando que o patrimônio do ofendido não pode funcionar como parâmetro


preponderante para o arbitramento da indenização!

Além disso, não pode a indenização gerar enriquecimento sem causa ou


ruína do ofensor, devendo ser aplicado conforme a proporcionalidade ou
razoabilidade.

O dano moral pode ser SUBJETIVO, quando necessita de comprovação, ou


pode ser OBJETIVO, quando não necessita de prova.

Além disso, pode ser DIRETO, quando atinge a própria pessoa, ou INDIRETO
OU POR RICOCHETE, quando o dano atinge uma pessoa mas repercute em
outra de forma reflexa.

A mera quebra de um contrato ou o mero descumprimento contratual não


gera dano moral! Mas pode gerar dano moral se envolver direitos
fundamentais.

Dano moral da pessoa jurídica: atinge sua honra objetiva, devendo ser
demonstrado.

DANOS ESTÉTICOS: Modalidade separada dos danos morais; basta a


pessoa ter sofrido uma transformação que lhe agrida a visão, lhe causa
desagrado e repulsa – os danos morais estão ligados ao sofrimento mental,
ao foro íntimo.

DANOS MORAIS COLETIVOS: Seria aquele que atinge vários direitos da


personalidade de pessoas determinadas ou determináveis; a indenização
seria para as próprias vítimas. Mas entendeu ser inviável pela impossibilidade
de sua aferição e da determinação da indenização. Em outras palavras, os
danos morais somente poderiam ser individuais.

DANOS SOCIAIS: Seria aquele que decorre de condutas socialmente


reprováveis, cujas vítimas seriam indetermináveis ou indeterminadas. Toda a
sociedade seria vítima. A indenização seria revertida para um fundo de
proteção social. Entendeu-se ser viável.

DANOS MORAIS PELA PERDA DE UMA CHANCE: É a frustração de uma


expectativa, de uma oportunidade futura, que, dentro da lógica do razoável,
ocorreria se a chance tivesse sido implementada. A chance deve ser séria e
real para tanto.

Pode gerar danos patrimoniais ou extrapatrimoniais.

DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA E
OBJETIVA
● RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA: regra geral, baseada na teoria da culpa
(entendida como dolo ou culpa).

É necessária a comprovação do dolo (intenção de prejudicar) ou da culpa


(imprudência, imperícia ou negligência).

É preciso primeiro comprovar o dolo ou/culpa para depois provar o dano.

● RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA: independe de culpa, baseada na teoria do


risco.

- Risco administrativo: responsabilidade do Estado.

- Risco criado: o agente cria o risco, seja numa atividade econômica ou não. Ex.: art.
938.

- Risco da atividade: a atividade desempenhada cria riscos a terceiros. É a


responsabilidade dos empregadores para com seus empregados. Ex.: art. 927, p.
único.

- Risco-proveito: decorre de uma atividade lucrativa, o agente retira proveito do risco


criado.

- Risco integral

Resp. civil objetiva por ato de terceiro


RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA NO CÓDIGO CIVIL!!! Art. 932 c/c art. 933. É a
responsabilidade objetiva indireta. A responsabilidade das pessoas abaixo independe de
culpa (teoria do risco-criado). É necessário provar a culpa das pessoas que efetivamente
causaram o dano para, então, haver a responsabilidade objetiva destas pessoas. Por isso, é
uma responsabilidade objetiva indireta.

a) Pais são responsáveis pelos atos praticados pelos filhos menores sob sua
autoridade e companhia;

b) Tutor e curador são responsáveis pelos pupilos e curatelados sob sua autoridade
e companhia;

c) Empregador ou comitente são responsáveis pelos atos dos seus empregados no


exercício do trabalho ou em razão dele;

d) Donos de hotéis, hospedarias, casa ou estabelecimentos onde se albergue por


dinheiro, mesmo para fins de educação, são responsáveis pelos atos danosos
praticados por seus hóspedes, moradores e educandos;

e) Todos aqueles que contribuírem gratuitamente nos produtos de crime são


responsáveis civilmente.

ATENÇÃO! Responsabilidade objetiva indireta é diferente de culpa presumida (esta última é


vedada!). Na culpa presumida, o réu pode provar que não teve culpa para se livrar da
responsabilidade. Na responsabilidade objetiva indireta, não basta provar que não teve
culpa, é preciso demonstrar uma das excludentes do nexo de causalidade.

● Art. 943. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver
pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu,
absoluta ou relativamente incapaz – direito de regresso contra o causador.

● Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam
sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos
responderão solidariamente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as
pessoas designadas no art. 932.

No caso de menores de idade e incapazes, não há responsabilidade solidária, mas


sim, subsidiária (art. 928).

Resp. civil objetiva por danos causados por animais


Art. 936. O dono ou detentor do animal responderá pelos danos causados por ele, se não
provar culpa da vítima ou força maior.

Resp. civil objetiva por ruína de prédios ou construção


Art. 937. O dono do edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua
ruína, se provier da falta de reparos

Resp. civil objetiva por coisas jogadas de prédios


Art. 938. Aquele que habita um prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das
coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. Não importa se tenha caído
por acidente.

Via de regra, respondem o locatário e o comodatário pelos danos. A responsabilidade só


pode ser imputada ao locador ou comodante em casos de coautoria (art. 942, p. único).

Não sendo possível identificar de onde a coisa caiu, haverá a responsabilidade do


condomínio, sendo assegurado o direito de regresso do condomínio contra o culpado.

Resp. civil objetiva nos contratos de transporte


Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas
bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da
responsabilidade.

Art. 735. Não há que se falar em excludente da culpa exclusiva de terceiro, mas o
transportador terá direito de regresso contra ele.

Art. 736. Não se subordina às normas do contrato de transporte feito gratuitamente, por
amizade ou cortesia. Em tais casos, deverá ser demonstrada a culpa ou dolo.

DAS EXCLUDENTES DO DEVER DE


INDENIZAR
● LEGÍTIMA DEFESA: Art. 188, I e art. 930, caput e parágrafo único.
- A legítima defesa putativa não exclui o dever de indenizar.
- Há direito de regresso contra o gerador do perigo.
- Há direito de regresso contra quem foi beneficiado pela defesa.
● EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO: Art. 188, I. É excludente desde que não seja
exercício em abuso.

● DO ESTADO DE NECESSIDADE OU REMOÇÃO DE PERIGO IMINENTE: Art. 188,


II, art. 929 e art. 930.
- Se o gerador do perigo não for a pessoa lesada, há direito de regresso contra ela.
- Se a pessoa lesada não causou o perigo, ela tem direito de ser indenizada.

● EXCLUDENTES DO NEXO DE CAUSALIDADE: Culpa da vítima, culpa de terceiro


ou caso fortuito ou força maior.

● CLÁUSULA DE NÃO INDENIZAR: Tem aplicação bem restrita.


- É permitida em caso de responsabilidade contratual
- É nula em contrato de consumo
- É nula em contrato de adesão
- É nula em contrato de transporte
- É nula em contratos de guarda em que se busca segurança
- É nula em caso de responsabilidade extracontratual por ato ilícito por envolver
ordem pública
- É nula em caso de limitação ou exclusão de danos morais que envolvem direitos de
personalidade, por estes serem irrenunciáveis

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