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Universidade Federal de Goiás - UFG

Faculdade De Direito - FD

Responsabilidade Civil

Alexandre Montagnini De Santana

Resumo do Capítulo X do Livro Programa de Responsabilidade Civil do


Sérgio Cavalleri Filho.

Claudiney Rocha Rezende.

Goiânia
2023
Universidade Federal de Goiás - UFG

Faculdade De Direito - FD

Responsabilidade Civil

Alexandre Montagnini De Santana

, realizada para fins de obtenção da nota,


na disciplina de Responsabilidade Civil, da
Universidade Federal de Goiás (UFG).

Sob orientação do Prof.ª Dr. orientador (a): Prof.


Claudiney Rocha Rezende.

Goiânia
2023
• Como os autores compreende a responsabilidade civil contratual?

Alguns autores, por entenderem que a expressáo responsabilidade contratual


nao é inteiramente rigorosa, na medida em que a obrígacáo de reparacáo do dano
por ela abrangida nem sempre resulta da víolacáo de um contrato, sugerem
outras designacóes, como responsabilidade negocial, para abranger a violacáo
das obrígacóes provenientes de negócio unilateral, ou, ainda, responsabilidade
obrigacional, para compreender o nao cumprimento das obrígacóes em sentido
técnico, que nao provenham de um negócio jurídico, mas da lei. Tais expressóes,
todavia, além de serem também equívocas em alguns pontos e sem nenhuma
tradicáo, nao conseguiram suplantar a expressáo responsabilidade contratual, que,
nao obstante a sua eventual falta de rigor, está de há muito consagrada pela doutrina
e pela jurisprudencia.

• Como foi o processo de evolulção da responsabilidade civil subjetiva para a


responsabilidade civil objetiva?

Nos tempos modernos, a responsabilidade contratual ressurgiu como etapa na


evolução da responsabilidade subjetiva para a objetiva.
Em determinadas circunstâncias, imaginou-se que urna situação que
normalmente se enquadraria na culpa aquiliana se desfiguraria como tal por se
apresentar como oriunda de um contrato, passando a ser enquadrada no conceito de
culpa contratual.
Em suma, substituiu-se, em certos casos, a responsabilidade aquiliana pela
contratual. Devemos notadamente aos juristas franceses essa ideia genial de
ressurgimento da responsabilidade contratual em busca de urna situação jurídica mais
favorável as vítimas, principalmente para os casos de acidentes de trabalho e de
transporte.
A Revolução Industrial obrigou operários, mal preparados, a trabalhar em
máquinas perigosas e sem segurança, ensejando inúmeros acidentes
Os juristas franceses, repetimos, em busca de urna situação jurídica mais
favorável para as vítimas, que não àquela de terem que provar a culpa, engendraram
a responsabilidade contratual, na qual, diferentemente da responsabilidade
extracontratual, já existe entre as partes um vínculo jurídico preestabelecido, e o dever
jurídico violado está perfeitamente configurado nessa relação jurídica.

• O que é a responsabilidade civil contratual?

Em apertada síntese, responsabilidade contratual é o dever de reparar o dano


do descumprimento de urna obrigação prevista no contrato. E infração a um dever
estabelecido pela vontade dos contratantes, por isso decorrente de relação
obrigacional preexistente. A norma convencional já define o comportamento dos
contratantes e o dever específico, a cuja observância ficam subordinado.

• Qual a diferença entra a responsabilidade civil contratual e


extracontratual?

Há, portanto, na responsabilidade contratual tudo que há na responsabilidade


extracontratual - conduta (que pode ser culposa ou não), nexo causal e dano.
Mas, se a transgressão se refere a um dever estabelecido em negócio jurídico,
a responsabilidade será contratual; se a transgressão é de um dever jurídico imposto
pela lei, a responsabilidade será extracontratual.
É tão mínima a diferença que, a princípio, não há distinção substancial entre a
responsabilidade contratual e a extracontratual. Na essência, ambas decorrem da
violação de dever jurídico preexistente. A distinção é tão insignificante que até já
existe movimento no sentido da unificação da responsabilidade.

• Atualmente existe algumas tendencia de união entre as modalidades


de responsabilidade civil?

Em oposição a responsabilidade bipartida, avulta cada vez mais a teoria que


sustenta a unificação das responsabilidades delitual e contratual. Hoje até já traduz
urna tendencia das legislações modernas. Proclama essa teoria que a
responsabilidade é sempre e necessariamente delitual e que a expressão
responsabilidade contratual não passa de urna forma viciosa e errónea de
linguagem, posto que os mesmos princípios que regulam a responsabilidade
extracontratual
regulam também a responsabilidade contratual. Nao obstante tantas
semelhanças, algumas fundamentais, há diferenças importantes entre a
responsabilidade contratual e a extracontratual, que devem ser destacadas até para
efeitos práticos e didáticos. Essas diferenças emanam, em primeiro lugar, da natureza
do dever jurídico violado. Na responsabilidade contratual, como já destacado, o dever
jurídico violado pelo devedor tem por fonte a própria vontade dos indivíduos. São eles
que criam, para si, voluntariamente, certos deveres jurídicos. A responsabilidade
extracontratual, por sua vez, importa violação de um dever estabelecido na lei, ou na
ordem jurídica, como, por exemplo, o dever geral de não causar dano a ninguém.
Pois bem, todas as vezes que o dever jurídico violado tem a sua fonte em um
contrato, em um negócio jurídico pelo qual o próprio devedor se obrigou, teremos a
responsabilidade contratual.

• Entre os pressupostos da responsabilidade civil contratual, fale sobre


a existência do contrato válido.

Para que haja responsabilidade contratual é indispensável, em primeiro lugar,


a normal convencional que define o comportamento a que os contraentes estão
associados e impõe-lhes a observância de deveres específicos. Em razão do princípio
da obrigatoriedade, urna vez celebrado o contrato, as partes estão vinculadas ao seu
contexto.
O contrato, todavia, não produzirá esses efeitos se for nulo, isto é, se padecer
de algum vício de origem a afetar-lhe a validade, tal como a incapacidade
absoluta de qualquer das partes, a impossibilidade do objeto etc.
A nulidade, como de todos sabidos, posiciona-se entre as causas de invalidade
do contrato contemporâneas a sua formação, impedindo, por isso, que ele chegue a
produzir efeitos, diferentemente da resolução, resilição e rescisão, que são causas
que só aparecem mais tarde, já depois de regularmente constituída a relação jurídica
contratual.
O ato nulo, por sua vez, distingue-se do ato ilícito porque neste, como já
demonstrado, há violação de um dever jurídico preexistente, a que ninguém pode
deixar de atender. Na nulidade, pelo contrário, tem-se urna precaução, um requisito
essencial, que a lei impõe para que o ato seja válido e eficaz.
Quem não praticar o ato jurídico com aqueles requisitos não comete ato ilícito,
precisamente porque o ato praticado é nulo, não chega a se formar, nem gerar
nenhuma obrigação,
Nulidade e ilicitude, portanto, não se confundem, porque no ato nulo não ocorre
violação de nenhum dever jurídico; ocorre apenas descumprimento de urna condição
imposta pela lei para a validade do ato. E, se o contrato nulo não gera obrigação, não
pode ser invocado por qualquer das partes como causa de indenização.

• Sobre os demais pressupostos da responsabilidade civil contratual,


fale sobre a inexecução do contrato, o dano e o nexo casual.

Não basta, todavia, a existência de um contrato válido para que tenha lugar a
responsabilidade contratual. Será, ainda, necessária a inexecução do contrato, no
todo ou em parte, a ocorrência do ilícito contratual, que se materializa através do
inadimplemento ou da mora, A regra geral fundamental nessa matéria está no art. 475
do Código Civil: ''A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do
contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos,
indenização por perdas e danos." A responsabilidade do contratante assenta no fato
de não ter cumprido o contrato, total ou parcialmente, dando causa a sua resolução.
Esta palavra vem do verbo resolver, que significa cortar, romper.
Tecnicamente, o termo indica o rompimento do contrato por fato imputável ao devedor.
As obrigações assumidas no contrato - não é demais repetir- devem ser fielmente
executadas.
Os demais pressupostos da responsabilidade contratual são os mesmos da
responsabilidade aquiliana: o dano e a relação de causalidade entre este e o
inadimplemento, reitere-se, apenas, que, no respeitante ao nexo causal, o nosso
Código Civil tem regra especificamente destinada a responsabilidade contratual. O
seu art. 403 (correspondente ao art. 1.060 do Código revogado) exige que entre a
inexecução e o dano haja urna relação direta e imediata. Ainda que a inexecução
resulte de dolo do devedor, reza o citado artigo, as perdas e danos só incluem os
prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato.
• Qual a relevância de mora e juros na responsabilidade civil
contratual?

Os práticos conceituavam a mora como sendo o retardamento culposo no


pagar o que se deve, ou no receber o que nos é devido. Conquanto se trate de um
conceito ainda utilizado por alguns autores, não nos parece o mais recomendável, em
primeiro lugar porque pressupõe a culpa como elementar tanto na mora do devedor
como na do credor. E, hoje - é de todos sabidos -, boa parte da doutrina, a luz dos
arts. 394 e 396 do Código Civil (correspondentes aos arts. 955 e 963 do Código
revogado), não considera a culpa elementar na mora do credor. Em segundo lugar
porque o retardamento no cumprimento da obrigação tanto pode ser sintoma de mora
como de inadimplemento absoluto.

• Qual a distinção entre mora e inadimplemento?

Daí se conclui que a principal diferença entre mora e inadimplemento está na


possibilidade ou impossibilidade do cumprimento da obrigação. Há mora quando,
muito embora não cumprida a obrigação no lugar, no tempo ou na forma
convencionados, ainda subsiste a possibilidade de cumprimento; o devedor ainda
pode cumprir a obrigação, com proveito para o credor. Há inadimplemento absoluto
quando a obrigação não foi cumprida, nem mais subsiste para o credor a possibilidade
de receber a prestação. Em suma, inadimplemento absoluto é a impossibilidade de
receber a prestação; mora é a persistência da possibilidade.

• Qual a função da Clausula Penal no Contrato?

A cláusula penal, por sua vez, tem por função principal prefixar a indenização
no caso de inexecução da obrigação ou de retardamento no seu cumprimento. E um
pacto acessório, de regra estipulado no próprio contrato principal - embora nada obste
a que seja convencionado em apartado (Código Civil, art. 409) -, pelo qual as partes
estimam previamente as perdas e danos a serem ressarcidas por aquela que,
eventualmente, descumprir o contrato, total ou parcialmente.
Tem a vantagem de evitar a penosa tarefa de liquidar o dano, muitas vezes de
difícil demonstração, de sorte que a penalidade estabelecida na cláusula pode
ser exigida independentemente de comprovação de qualquer prejuízo.

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