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INTENSIVO II

Barney Bichara
Direito Administrativo
Aula 09

ROTEIRO DE AULA

Tema: Contratos administrativos – Lei 14.133/2021

8. A EXECUÇÃO DOS CONTRATOS

Há diferenças entre contrato, instrumento de contrato e execução do contrato não se confundem.

• Contrato é o acordo de vontades.


• Instrumento de contrato é o documento que formaliza o acordo de vontades.
• Execução do contrato: uma vez estabelecido o acordo de vontades, qualquer ato posterior é execução ou
inexecução do contrato.

Lei 14.133/2021, art. 117: “A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por 1 (um) ou mais fiscais
do contrato, representantes da Administração especialmente designados conforme requisitos estabelecidos no art.
7º desta Lei, ou pelos respectivos substitutos, permitida a contratação de terceiros para assisti-los e subsidiá-los com
informações pertinentes a essa atribuição.
§ 4º Na hipótese da contratação de terceiros prevista no caput deste artigo, deverão ser observadas as seguintes
regras:
I - a empresa ou o profissional contratado assumirá responsabilidade civil objetiva pela veracidade e pela precisão das
informações prestadas, firmará termo de compromisso de confidencialidade e não poderá exercer atribuição própria
e exclusiva de fiscal de contrato;

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II - a contratação de terceiros não eximirá de responsabilidade o fiscal do contrato, nos limites das informações
recebidas do terceiro contratado”

Lei 14.133/2021, art. 119: “O contratado será obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, a suas
expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes
de sua execução ou de materiais nela empregados.”

Observações:
1ª) O responsável pela execução do contrato é o contratado. Se ele causar danos à Administração ou a terceiros, ele
será o responsável pelo ato. Além disso, ele deve garantir a qualidade pelo serviço/produto que forneceu.

2ª) O contratado tem que garantir o objeto do contrato.

Lei 14.133/2021, art. 120: “O contratado será responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a
terceiros em razão da execução do contrato, e não excluirá nem reduzirá essa responsabilidade a fiscalização ou o
acompanhamento pelo contratante.”

✓ A lei previu que a Administração deve designar, especificamente, um fiscal de contrato para acompanhar a
execução dos serviços.

✓ Se o fiscal precisar, é possível até contratar um terceiro para ajudá-lo na fiscalização.

✓ Quando houver a contratação de terceiros, a empresa ou o profissional contratado assumirá responsabilidade


civil objetiva pela veracidade e pela precisão das informações prestadas.
Exemplo: A União licita e contrata uma empresa para construir um reator nuclear e nomeia “A” para ser fiscal
de contrato. A União contrata uma consultoria especializada para ajudar “A” em sua fiscalização. Neste caso,
a empresa de consultoria responderá objetivamente pelas informações prestadas.

✓ Se a execução do contrato der algum problema, ainda assim, a responsabilidade pelos danos será do
contratado e a fiscalização não excluirá essa responsabilidade.

✓ A responsabilidade tratada nesse tópico é civil, ou seja, refere-se ao dever de indenizar.


Exemplo: o estado de MG contrata uma empreiteira para construir um viaduto. Na execução do contrato, um
tijolo se desloca e cai na cabeça de um transeunte. Neste caso, quem paga pelo dano é o contratado.

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✓ Na Lei 8.666/93, havia a previsão de que o contratado responderia a danos causados diretamente à
Administração ou a terceiros nos casos de dolo ou culpa, sendo que a fiscalização não afastaria essa
responsabilidade. Tratava-se de responsabilidade subjetiva. Na Lei 14.133/2021, não há a previsão de dolo ou
culpa do contratado.

✓ Atenção: O professor destaca que a responsabilidade civil, nesse ponto, não traz correlação com o art. 37,
§6º da CF/19881, pois tal dispositivo trata das pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos. No caso em questão, o contratado não presta serviço público (a qual é regida
pela Lei 8.987/95 e pela Lei 11.079/2000).

Lei 14.133/2021, art. 121: “Somente o contratado será responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários,
fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.
§ 1º A inadimplência do contratado em relação aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transferirá à
Administração a responsabilidade pelo seu pagamento e não poderá onerar o objeto do contrato nem restringir a
regularização e o uso das obras e das edificações, inclusive perante o registro de imóveis, ressalvada a hipótese
prevista no § 2º deste artigo.
§ 2º Exclusivamente nas contratações de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra, a
Administração responderá solidariamente pelos encargos previdenciários e subsidiariamente pelos encargos
trabalhistas se comprovada falha na fiscalização do cumprimento das obrigações do contratado.”

✓ Segundo o professor, o art. 121 da Lei 14.133/2021 resolve várias questões tributárias e trabalhistas.
✓ O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da
execução do contrato.
A inadimplência do contratado em relação aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transferirá à
Administração a responsabilidade pelo seu pagamento e não poderá onerar o objeto do contrato nem
restringir a regularização e o uso das obras e das edificações, inclusive perante o registro de imóveis,
ressalvada a hipótese prevista no § 2º deste artigo.
✓ O art. 121, §2º da Lei 14.133/2021 se refere aos contratos terceirizados. Exemplos: serviços terceirizados de
limpeza, jardinagem, segurança etc.

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CF, art. 37, §6º: “As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”

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✓ Nas contratações de empresas terceirizadas, a Administração responderá solidariamente pelos encargos
previdenciários e subsidiariamente pelos encargos trabalhistas se comprovada falha na fiscalização do
cumprimento das obrigações do contratado.

Lei 14.133/2021, art. 122: “Na execução do contrato e sem prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, o
contratado poderá subcontratar partes da obra, do serviço ou do fornecimento até o limite autorizado, em cada caso,
pela Administração.
§ 2º Regulamento ou edital de licitação poderão vedar, restringir ou estabelecer condições para a subcontratação.
§ 3º Será vedada a subcontratação de pessoa física ou jurídica, se aquela ou os dirigentes desta mantiverem vínculo
de natureza técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista ou civil com dirigente do órgão ou entidade
contratante ou com agente público que desempenhe função na licitação ou atue na fiscalização ou na gestão do
contrato, ou se deles forem cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral, ou por afinidade, até o terceiro
grau, devendo essa proibição constar expressamente do edital de licitação.”

✓ Subcontratar é transferir para um terceiro a execução do contrato.


✓ O contrato administrativo é intuitu personae, mas ele pode admitir subcontratação parcial.
✓ É possível subcontratar parte do contrato, nas condições que a Administração permitir. Isso ocorre porque a
subcontratação total frustra a licitação, pois a Administração não contrata qualquer um, mas sim aquele que
ofereceu a melhor proposta e que possui regularidade técnica, econômica, financeira, trabalhista, entre
outras.
✓ A subcontratação total violaria a própria licitação e seu caráter personalíssimo.
✓ Um regulamento ou edital de licitação poderão vedar, restringir ou estabelecer condições para a
subcontratação.
✓ Se uma pessoa mantém vínculo de qualquer natureza com dirigente do órgão ou entidade contratante ou
com agente público que desempenhe função na licitação ou atue na fiscalização ou na gestão do contrato,
ele não poderá participar da licitação e nem pode ser subcontratado. Tais vedações devem constar no edital.

9. A ALTERAÇÃO DOS CONTRATOS

Todo contrato visa ao interesse público e este pode mudar. Assim sendo, muitas vezes, é necessário alterar o contrato
(mutabilidade dos contratos administrativos).
Desse modo, segundo a lei, a Administração pode alterar muitas cláusulas unilateralmente, mas isso dependerá de
acordo entre as partes quando a alteração implicar em mudança no equilíbrio econômico-financeiro, ou seja, quando
altere financeiramente os valores auferidos pelo contratado (de qualquer maneira).

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Assim sendo, a alteração do contrato administrativo pode ser unilateral (da Administração – Cláusula exorbitante) ou
pode ser bilateral (acordo entre as partes).

Lei 14.133/2021, art. 124: “Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos
seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica a seus objetivos;
b) quando for necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa
de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;
II - por acordo entre as partes:
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou do serviço, bem como do modo de
fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários;
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido
o valor inicial atualizado e vedada a antecipação do pagamento em relação ao cronograma financeiro fixado sem a
correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;
d) para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato em caso de força maior, caso fortuito ou
fato do príncipe ou em decorrência de fatos imprevisíveis ou previsíveis de consequências incalculáveis, que
inviabilizem a execução do contrato tal como pactuado, respeitada, em qualquer caso, a repartição objetiva de risco
estabelecida no contrato.
§ 2º Será aplicado o disposto na alínea “d” do inciso II do caput deste artigo às contratações de obras e serviços de
engenharia, quando a execução for obstada pelo atraso na conclusão de procedimentos de desapropriação,
desocupação, servidão administrativa ou licenciamento ambiental, por circunstâncias alheias ao contratado.”

Observações:
1ª) A alteração unilateral pode ser qualitativa ou quantitativa.
• Qualitativa: consiste na mudança das especificações do contrato. Exemplo: alterações no contrato relativas à
altura das divisórias que serão construídas na repartição. Trata-se de mudança qualitativa.
Essa alteração não pode descaracterizar o objeto do contrato. Exemplo: A Administração contrata 10 mil livros
didáticos. No meio do contrato, a Administração quer obrigar o contratado a fornecer tablets. Isso não é
possível.
• Quantitativa: consiste na alteração da quantidade inicialmente contratada. Neste caso, o objeto pode ser
aumentado ou diminuído, nos termos da lei. O valor a ser pago será condizente com o efetivamente oferecido
pelo contratado e o prazo também será adequado ao quantitativo contratado.

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A alteração qualitativa se limita a 25% a mais ou a menos do contrato inicialmente compactuado. Se o
contrato for de reforma, esse percentual é de 50%.

2ª) Se a alteração depender de acordo das partes, não será cláusula exorbitante.
A alteração contratual poderá ser por acordo entre as partes:
• quando conveniente a substituição da garantia de execução – Dentre as possibilidades de garantia indicadas
pela Administração, em regra, o contratado faz a escolha da modalidade que quer utilizar. Se, posteriormente,
ele decidir trocar a garantia da execução (por exemplo), isso deverá ser feito por acordo entre as partes.
• quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou do serviço, bem como do modo de
fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários – A forma
de execução e modo de fornecimento se referem à forma como o contrato será executado.
Exemplo: o município de Belo Horizonte contrata uma empresa para fornecer 10 mil livros didáticos, mas a
entrega não deve ser feita de uma vez só. No contrato, é estabelecido que a entrega deve ser feita
parceladamente, a cada 15 dias, ao longo de 20 meses. Entretanto, à medida que o contrato está sendo
executado, a Administração percebe que o intervalo de 15 dias é muito pequeno e precisa de todos os livros
de uma só vez. Desse modo, ela chama o interessado para tentar fazer um acordo sobre a forma de entrega
do objeto contratual.
Neste exemplo, o contratado pode aceitar ou não. Se ele aceitar, pode haver a alteração dos valores pagos
para manter o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
• quando necessária a modificação da forma de pagamento por imposição de circunstâncias supervenientes,
mantido o valor inicial atualizado e vedada a antecipação do pagamento em relação ao cronograma financeiro
fixado sem a correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço –
Exemplo de circunstância superveniente: COVID-19.
• para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato em caso de força maior, caso fortuito
ou fato do príncipe ou em decorrência de fatos imprevisíveis ou previsíveis de consequências incalculáveis,
que inviabilizem a execução do contrato tal como pactuado, respeitada, em qualquer caso, a repartição
objetiva de risco estabelecida no contrato.
O contratado tem direito subjetivo à manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
O equilíbrio econômico-financeiro do contrato está previsto, inicialmente, na matriz de risco.
➢ Obs.: a matriz de risco é a repartição objetiva de responsabilidade. Assim sendo, as partes definem
antecipadamente de quem será a responsabilidade na ocorrência de determinados eventos.
➢ Se a situação narrada no exemplo estiver prevista na matriz de risco, não haverá o reequilíbrio
econômico-financeiro.
✓ Caso fortuito e força maior são conceitos trabalhados pelo Direito Civil.

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Exemplo: o estado de São Paulo contrata um serviço de fornecimento de peças e manutenção de veículos
oficiais. Entretanto, a maior parte da frota é de veículos japoneses. Dentro do período do contrato, ocorre um
tsunami no Japão e há impossibilidade de que as peças sejam importadas.
✓ Fato do príncipe são atos gerais da Administração que, ao alcançar o contratado, impedem-no de executar o
contrato nos termos inicialmente pactuados. Exemplo: aumento de tributos no decorrer do contrato e que
impactam diretamente no custo da prestação do serviço.
• O art. 124, §2º se refere ao comportamento da Administração que dificulta/impede a execução do contrato
nos termos inicialmente pactuados. Assim sendo, quando ocorre o fato da Administração, as partes alteram
o contrato por acordo para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato.
Exemplo: o estado de São Paulo licita e contrata “A” para executar determinada obra. O contrato estabelece
um cronograma para a execução da obra, com início para xx/xx/xxxx. Um dia antes do início da obra e depois
que a empresa contratada já deslocou maquinário, equipamentos e contratou mão de obra para o local, ela
recebe a notícia de que não foi obtida a licença ambiental. Perceba que, nesse exemplo, a empresa já
contratou funcionários, alugou equipamentos e comprou insumos para a obra. Neste caso, é necessário
realizar um acordo para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato.

Lei 14.133/2021, art. 125: “Nas alterações unilaterais a que se refere o inciso I do caput do art. 124 desta Lei, o
contratado será obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, acréscimos ou supressões de até 25% (vinte e
cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato que se fizerem nas obras, nos serviços ou nas compras, e, no
caso de reforma de edifício ou de equipamento, o limite para os acréscimos será de 50% (cinquenta por cento).”

✓ Nas reformas, por ato unilateral, a Administração pode alterar o contrato para acréscimos de até 50% a mais.
Nos demais casos, a Administração pode aumentar ou suprimir até 25% do contrato.

Lei 14.133/2021, art. 126: “As alterações unilaterais a que se refere o inciso I do caput do art. 124 desta Lei não
poderão transfigurar o objeto da contratação.”

✓ A alteração qualitativa não poderá transfigurar o objeto da contratação. Exemplo: a Administração contrata
“A” para fornecer livros didáticos. No meio do contrato, a Administração decide que livros são coisas arcaicas
e quer adquirir tablets. Neste exemplo, a alteração é tão radical que desnatura o objeto do contrato e não
pode ser feita.

Lei 14.133/2021, art. 130: “Caso haja alteração unilateral do contrato que aumente ou diminua os encargos do
contratado, a Administração deverá restabelecer, no mesmo termo aditivo, o equilíbrio econômico-financeiro inicial.”

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✓ A alteração do contrato depende de aditivo contratual. Assim sendo, se houver alteração unilateral do
contrato que aumente ou diminua os encargos do contratado, a Administração deve fazer constar, no aditivo
contratual, o ajuste que garanta o equilíbrio econômico-financeiro.
✓ A forma da alteração ocorre por termo aditivo.
✓ As minutas de edital as minutas de contrato e as minutas de termo aditivo dependem de parecer jurídico
prévio. O professor destaca que, conforme já estudado, trata-se de um exemplo de parecer obrigatório.
Obs.:
➢ Parecer facultativo é aquele que a autoridade pede se achar necessário. É ato administrativo
enunciativo (opinião que não produz efeitos jurídicos).
➢ Parecer obrigatório é aquele em que a autoridade, antes de decidir algo, deve solicitá-lo. É ato
administrativo enunciativo (opinião que não produz efeitos jurídicos).
➢ Parecer vinculativo é aquele em que a autoridade, antes de decidir algo, deve solicitá-lo. Entretanto,
uma vez formulado o parecer, a autoridade deve decidir de acordo com ele.

Lei 14.133/2021, art. 131: “A extinção do contrato não configurará óbice para o reconhecimento do desequilíbrio
econômico-financeiro, hipótese em que será concedida indenização por meio de termo indenizatório.
Parágrafo único. O pedido de restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro deverá ser formulado durante a
vigência do contrato e antes de eventual prorrogação nos termos do art. 107 desta Lei.”

✓ O professor destaca que há duas coisas diferentes nesse ponto: a primeira é o reconhecimento da existência
do desequilíbrio e a realização do pagamento; a outra é o pedido para reequilibrar o contrato.
✓ O contratado tem direito ao equilíbrio econômico-financeiro do contrato, ou seja, ele tem direito à
congruência entre o que ele presta/fornece/constrói e o que ele recebe. Assim, se a Administração reconhece
que houve o desequilíbrio durante a execução do contrato, ela faz o termo aditivo. Entretanto, ela continua
podendo reconhecer que o desequilíbrio ocorreu mesmo depois que o contrato terminar.
✓ Se o contrato está em andamento, o reequilíbrio é feito no termo aditivo. Se o desequilíbrio ocorreu no curso
do contrato, mas este acabou, haverá um termo de indenização.

10. A EXTINÇÃO DOS CONTRATOS

O contrato administrativo pode acabar:


1º) Naturalmente, porque houve entrega do objeto ou advento do termo;
2º) Anulação do contrato por conta de ilegalidade;
3º) Rescisão unilateral (cláusula exorbitante) ou amigável (distrato). Há ainda a possibilidade de decisão
judicial/arbitral.

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A lei disciplina as formas de rescisão do contrato.

Lei 14.133/2021, art. 137: “Constituirão motivos para extinção do contrato, a qual deverá ser formalmente motivada
nos autos do processo, assegurados o contraditório e a ampla defesa, as seguintes situações:
I - não cumprimento ou cumprimento irregular de normas editalícias ou de cláusulas contratuais, de especificações,
de projetos ou de prazos;
II - desatendimento das determinações regulares emitidas pela autoridade designada para acompanhar e fiscalizar
sua execução ou por autoridade superior;
III - alteração social ou modificação da finalidade ou da estrutura da empresa que restrinja sua capacidade de concluir
o contrato;
IV - decretação de falência ou de insolvência civil, dissolução da sociedade ou falecimento do contratado;
V - caso fortuito ou força maior, regularmente comprovados, impeditivos da execução do contrato;
VI - atraso na obtenção da licença ambiental, ou impossibilidade de obtê-la, ou alteração substancial do anteprojeto
que dela resultar, ainda que obtida no prazo previsto;
VII - atraso na liberação das áreas sujeitas a desapropriação, a desocupação ou a servidão administrativa, ou
impossibilidade de liberação dessas áreas;
VIII - razões de interesse público, justificadas pela autoridade máxima do órgão ou da entidade contratante;
IX - não cumprimento das obrigações relativas à reserva de cargos prevista em lei, bem como em outras normas
específicas, para pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social ou para aprendiz.
§ 2º O contratado terá direito à extinção do contrato nas seguintes hipóteses:
I - supressão, por parte da Administração, de obras, serviços ou compras que acarrete modificação do valor inicial do
contrato além do limite permitido no art. 125 desta Lei;
II - suspensão de execução do contrato, por ordem escrita da Administração, por prazo superior a 3 (três) meses;
III - repetidas suspensões que totalizem 90 (noventa) dias úteis, independentemente do pagamento obrigatório de
indenização pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobilizações e mobilizações e outras previstas;
IV - atraso superior a 2 (dois) meses, contado da emissão da nota fiscal, dos pagamentos ou de parcelas de pagamentos
devidos pela Administração por despesas de obras, serviços ou fornecimentos;
V - não liberação pela Administração, nos prazos contratuais, de área, local ou objeto, para execução de obra, serviço
ou fornecimento, e de fontes de materiais naturais especificadas no projeto, inclusive devido a atraso ou
descumprimento das obrigações atribuídas pelo contrato à Administração relacionadas a desapropriação, a
desocupação de áreas públicas ou a licenciamento ambiental.
§ 3º As hipóteses de extinção a que se referem os incisos II, III e IV do § 2º deste artigo observarão as seguintes
disposições:

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I - não serão admitidas em caso de calamidade pública, de grave perturbação da ordem interna ou de guerra, bem
como quando decorrerem de ato ou fato que o contratado tenha praticado, do qual tenha participado ou para o qual
tenha contribuído;
II - assegurarão ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento das obrigações assumidas até a
normalização da situação, admitido o restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, na forma da
alínea “d” do inciso II do caput do art. 124 desta Lei.
§ 4º Os emitentes das garantias previstas no art. 96 desta Lei deverão ser notificados pelo contratante quanto ao
início de processo administrativo para apuração de descumprimento de cláusulas contratuais.”

Observações:
1ª) O professor destaca que o art. 137 da nova lei de licitações traz motivos de extinção contratual de natureza culposa
e sem natureza culposa.

✓ A extinção é um ato administrativo.


✓ São motivos para a extinção do contrato, devidamente formalizados e justificados no procedimento
administrativo, garantida a ampla defesa e o contraditório, os trazidos nos incisos do art. 137 da Lei
14.133/2021.
✓ O professor destaca que a Administração pode rescindir o contrato porque o contratado não cumpriu com
seus deveres ou por qualquer outro motivo que não envolva culpa do contratado.
✓ Na extinção por culpa do contratado, ele responde pelos prejuízos.

2ª) O art. 137, §º traz motivos que dão ao contratado o direito de pedir a extinção contratual. São eles:
• I - Supressão, por parte da Administração, de obras, serviços ou compras que acarrete modificação do valor
inicial do contrato além do limite permitido no art. 125 desta Lei; (25% para mais ou para menos).
• II - Suspensão de execução do contrato, por ordem escrita da Administração, por prazo superior a 3 (três)
meses; (exceção do contrato não cumprido)
• III - repetidas suspensões que totalizem 90 (noventa) dias úteis, independentemente do pagamento
obrigatório de indenização pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobilizações e mobilizações e
outras previstas; (exceção do contrato não cumprido)
• IV - Atraso superior a 2 (dois) meses, contado da emissão da nota fiscal, dos pagamentos ou de parcelas de
pagamentos devidos pela Administração por despesas de obras, serviços ou fornecimentos; (exceção do
contrato não cumprido)
• V - Não liberação pela Administração, nos prazos contratuais, de área, local ou objeto, para execução de obra,
serviço ou fornecimento, e de fontes de materiais naturais especificadas no projeto, inclusive devido a atraso

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ou descumprimento das obrigações atribuídas pelo contrato à Administração relacionadas a desapropriação,
a desocupação de áreas públicas ou a licenciamento ambiental.

A exceção do contrato não cumprido é uma cláusula que existe em todos os contratos, públicos ou privados, de forma
expressa ou implícita, que assegura à parte suspender a execução do contrato diante do inadimplemento da outra
parte.
✓ Nos contratos administrativos, a exceção do contrato não cumprido se aplica de forma diferida/postergada e
isso ocorre em razão do interesse público envolvido. Assim sendo, o contratado deve esperar um prazo
determinado em lei para que peça a suspensão da execução ou para que peça a extinção contratual.

Diante do inadimplemento da Administração, o contratado pode pedir a extinção do contrato (mas isso não é
obrigatório).
Entretanto, não é possível pedir a extinção do contrato em caso de calamidade pública, de grave perturbação da
ordem interna ou de guerra, bem como quando decorrerem de ato ou fato que o contratado tenha praticado, do qual
tenha participado ou para o qual tenha contribuído.

Lei 14.133/2021, art. 138: “A extinção do contrato poderá ser: (rescisão)


I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração, exceto no caso de descumprimento decorrente de sua
própria conduta;
II - consensual, por acordo entre as partes, por conciliação, por mediação ou por comitê de resolução de disputas,
desde que haja interesse da Administração;
III - determinada por decisão arbitral, em decorrência de cláusula compromissória ou compromisso arbitral, ou por
decisão judicial.
§ 2º Quando a extinção decorrer de culpa exclusiva da Administração, o contratado será ressarcido pelos prejuízos
regularmente comprovados que houver sofrido e terá direito a:
I - devolução da garantia;
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a data de extinção;
III - pagamento do custo da desmobilização.”

✓ De acordo com o art. 138, a rescisão pode ser unilateral, consensual ou por decisão arbitral ou judicial (estas
duas últimas são decisões jurisdicionais).

Lei 14.133/2021, art. 139: “A extinção determinada por ato unilateral da Administração poderá acarretar, sem
prejuízo das sanções previstas nesta Lei, as seguintes consequências:
I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, por ato próprio da Administração;

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II - ocupação e utilização do local, das instalações, dos equipamentos, do material e do pessoal empregados na
execução do contrato e necessários à sua continuidade;
III - execução da garantia contratual para:
a) ressarcimento da Administração Pública por prejuízos decorrentes da não execução;
b) pagamento de verbas trabalhistas, fundiárias e previdenciárias, quando cabível;
c) pagamento das multas devidas à Administração Pública;
d) exigência da assunção da execução e da conclusão do objeto do contrato pela seguradora, quando cabível;
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à Administração Pública e das
multas aplicadas.
§ 1º A aplicação das medidas previstas nos incisos I e II do caput deste artigo ficará a critério da Administração, que
poderá dar continuidade à obra ou ao serviço por execução direta ou indireta.
§ 2º Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o ato deverá ser precedido de autorização expressa do ministro de
Estado, do secretário estadual ou do secretário municipal competente, conforme o caso.”

O professor destaca que a lei coloca uma lista de motivos que geram, para a Administração, o poder de extinção
contratual. Além disso, a lei traz uma lista de motivos que o contratado tem para pedir a extinção.
• Dentro dos motivos do contratado, pode haver um acordo ou decisão judicial/arbitral.
• Dentre os motivos da Administração, há rescisão unilateral.

Se a causa da extinção for culpa do contratado, a Administração assume o objeto do contrato, executa as garantias,
aplica as multas, retém os pagamentos e ocupa provisoriamente os bens do contratado de forma a garantir a
continuidade do serviço público.

Em suma:
✓ Se a rescisão unilateral decorrer de culpa do contratado, a Administração irá puni-lo. Neste caso, garantida a
defesa e o contraditório, a Administração vai assumir o objeto do contrato no estado em que ele se encontra;
vai executar a garantia; vai reter os créditos devidos (valores que o contratado tinha para receber) e ocupa
provisoriamente os bens do contratado como forma de garantir a execução do contrato.
✓ Se a rescisão unilateral não decorrer de culpa do contratado, a Administração devolverá a garantia do
contratado, pagará os valores devidos pelo serviço prestado e ainda o indenizará pelos custos da
desmobilização.

Se a causa da extinção for culpa do contratado, a Administração fica com os valores dados em garantia e faz a execução
deles nos seguintes casos:
• a) ressarcimento da Administração Pública por prejuízos decorrentes da não execução;

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• b) pagamento de verbas trabalhistas, fundiárias e previdenciárias, quando cabível;
• c) pagamento das multas devidas à Administração Pública;
• d) exigência da assunção da execução e da conclusão do objeto do contrato pela seguradora, quando cabível.

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