Você está na página 1de 14

INTENSIVO II

Barney Bichara
Direito Administrativo
Aula 08

ROTEIRO DE AULA

Tema: Contratos administrativos – Lei 14.133/2021 (continuação)

Na aula passada, foram estudados os seguintes tópicos:


1. INTERPRETAÇÃO
2. CLÁUSULAS NECESSÁRIAS
3. GARANTIAS

4. ALOCAÇÃO DE RISCO

O professor relembra, mais uma vez, que a Lei 14.133/2021 já está em vigor, mas, a despeito disso, a Lei 8.666/93
ainda está em vigor.
✓ A alocação de risco é novidade da nova lei de licitações.

Todo contrato envolve riscos, mas alguns riscos são previsíveis.

O professor explica que a lógica da alocação de riscos é que as partes contratantes (Administração e terceiros)
imaginem quais são os prováveis riscos do contrato a ser celebrado e façam a distribuição/alocação desses riscos.
Exemplo: a Administração se compromete a, em caso do evento xxxx, assumir as consequências ruins do contrato.
✓ Trata-se de uma definição prévia de quem será o responsável em caso de ocorrência do risco.

1
www.g7juridico.com.br
O professor destaca que o contratado tem direito ao equilíbrio econômico-financeiro do contrato (equivalência entre
a prestação do contratado e pagamento feito pela Administração).
✓ A equação econômico-financeira é um direito do contratado e a Administração deve garantir que o serviço
contratado receba um valor equivalente ao inicialmente pactuado. Assim sendo, se, exemplificativamente, o
custo da execução aumentou, o pagamento feito pela Administração deve aumentar. Se o custo diminuiu, o
pagamento deve ser reduzido.
✓ Na ocorrência de eventos já previstos na matriz de riscos, não há interferência no equilíbrio do contrato,
porque eles já estavam previstos.

Lei 14.133/2021, art. 103: “O contrato poderá identificar os riscos contratuais previstos e presumíveis e prever matriz
de alocação de riscos, alocando-os entre contratante e contratado, mediante indicação daqueles a serem assumidos
pelo setor público ou pelo setor privado ou daqueles a serem compartilhados.
§ 1º A alocação de riscos de que trata o caput deste artigo considerará, em compatibilidade com as obrigações e os
encargos atribuídos às partes no contrato, a natureza do risco, o beneficiário das prestações a que se vincula e a
capacidade de cada setor para melhor gerenciá-lo.
§ 2º Os riscos que tenham cobertura oferecida por seguradoras serão preferencialmente transferidos ao contratado.
(...)
§ 4º A matriz de alocação de riscos definirá o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato em relação a eventos
supervenientes e deverá ser observada na solução de eventuais pleitos das partes.
§ 5º Sempre que atendidas as condições do contrato e da matriz de alocação de riscos, será considerado mantido o
equilíbrio econômico-financeiro, renunciando as partes aos pedidos de restabelecimento do equilíbrio relacionados
aos riscos assumidos, exceto no que se refere:
I - às alterações unilaterais determinadas pela Administração, nas hipóteses do inciso I do caput do art. 124 desta Lei;
II - ao aumento ou à redução, por legislação superveniente, dos tributos diretamente pagos pelo contratado em
decorrência do contrato.”

Observações:
1ª) A definição da alocação de riscos precisa observar a capacidade das partes contratantes para absorvê-los.
Exemplo: em um determinado contrato que preveja a possibilidade do evento x, é possível saber, de antemão, que
“A” não conseguirá arcar com as consequências de tal risco, mas “B” conseguirá. Entretanto, no caso do evento y, “A”
poderá arcar com o risco e “B” não.

2ª) Os riscos que tenham cobertura oferecida por seguradoras serão preferencialmente transferidos ao contratado.
O professor destaca que, na análise de riscos, é possível que as partes percebam que, muitos eles podem ser resolvidos
se o contratado tiver seguro para aquilo.

2
www.g7juridico.com.br
3ª) Definida a matriz de riscos (com a verificação e análise de riscos previsíveis), o contrato não será alterado. Isso
porque, nesses casos, não há alteração do equilíbrio econômico-financeiro.
✓ Se, entretanto, o risco não estiver previsto na matriz de risco, a sua ocorrência ensejará o reequilíbrio
contratual.

4ª) Se já houve a distribuição dos riscos, em regra, não ocorrerá a alteração do contrato para os casos em que os riscos
sejam contemplados na matriz de riscos.
Exceções:
I - às alterações unilaterais determinadas pela Administração, nas hipóteses do inciso I do caput do art. 124 desta Lei.
✓ Se a Administração, unilateralmente, alterar o contrato (cláusula exorbitante), deve haver o reequilíbrio
econômico-financeiro.
II - ao aumento ou à redução, por legislação superveniente, dos tributos diretamente pagos pelo contratado em
decorrência do contrato.
✓ O professor destaca que o imposto de renda não se relaciona ao contrato e, portanto, não enseja a revisão
contratual.

▪ Matriz de riscos – Art. 6º, XXVII


Cláusula contratual definidora de riscos e de responsabilidades entre as partes e caracterizadora do equilíbrio
econômico-financeiro inicial do contrato, em termos de ônus financeiro decorrente de eventos supervenientes à
contratação, contendo, no mínimo, as seguintes informações:
a) listagem de possíveis eventos supervenientes à assinatura do contrato que possam causar impacto em seu
equilíbrio econômico-financeiro e previsão de eventual necessidade de prolação de termo aditivo por ocasião de sua
ocorrência;
b) no caso de obrigações de resultado, estabelecimento das frações do objeto com relação às quais haverá liberdade
para os contratados inovarem em soluções metodológicas ou tecnológicas, em termos de modificação das soluções
previamente delineadas no anteprojeto ou no projeto básico.
c) no caso de obrigações de meio, estabelecimento preciso das frações do objeto com relação às quais não haverá
liberdade para os contratados inovarem em soluções metodológicas ou tecnológicas, devendo haver obrigação de
aderência entre a execução e a solução predefinida no anteprojeto ou no projeto básico, consideradas as
características do regime de execução no caso de obras e serviços de engenharia;

5. CLÁUSULAS EXORBITANTES

3
www.g7juridico.com.br
Cláusulas exorbitantes são aquelas presentes nos contratos e que dão poderes à Administração dentro da relação
contratual. São cláusulas que colocam a Administração em posição de verticalidade dentro do contrato e submetem
o contratado à vontade dela.
✓ Se tais cláusulas estivessem presentes em um contrato com particulares, seriam consideradas leoninas.
✓ O professor relembra que há uma supremacia geral, que é o poder/autoridade que a Administração exerce
sobre todos os administrados, indistintamente (Exemplo: poder de polícia é ato de supremacia geral).
✓ A supremacia específica, por sua vez, refere-se ao poder/autoridade que a Administração exerce com algumas
pessoas com as quais ela estabelece um vínculo (e não com toda a coletividade). As cláusulas exorbitantes
são exemplos dessa supremacia específica.

✓ São cláusulas exorbitantes:


- Poder de alterar o contrato unilateralmente;
- Poder de extinguir o contrato unilateralmente;
- Poder de fiscalizar a execução do contrato;
- Possibilidade de punir o contratado;
- Possibilidade de ocupar provisoriamente os bens/serviços do contratado.

Lei 14.133/2021, art. 104: “O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei confere à Administração, em relação
a eles, as prerrogativas de:
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos
do contratado;
II - extingui-los, unilateralmente, nos casos especificados nesta Lei;
III - fiscalizar sua execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
V - ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato nas
hipóteses de:
a) risco à prestação de serviços essenciais;
b) necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, inclusive após extinção do
contrato.
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos não poderão ser alteradas sem prévia
concordância do contratado.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso I do caput deste artigo, as cláusulas econômico-financeiras do contrato deverão
ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual.”

Observações:

4
www.g7juridico.com.br
1ª) Em relação à possibilidade de ocupar provisoriamente os bens/serviços do contratado, o professor destaca que,
ao estudar intervenção do Estado na propriedade, o aluno percebe que a “ocupação temporária” é uma das
modalidades existentes.
✓ A ocupação temporária é o ato pelo qual a Administração Pública pode utilizar, transitoriamente, imóvel
particular para atender a um fim de interesse público definido em lei.
✓ Atenção: Pelas diferenças acima elencadas, é possível verificar que a possibilidade de a Administração ocupar
provisoriamente os bens/serviços do contratado não se trata de intervenção do Estado na propriedade. Trata-
se de ato de supremacia específica, pois a Administração somente pode ocupar provisoriamente
bens/serviços do contratado.

2ª) O §1º do art. 104 se refere às cláusulas econômico-financeiras do contrato.


✓ O professor explica que as cláusulas econômico-financeiras não podem ser mudadas unilateralmente, ou seja,
não são cláusulas exorbitantes.

3ª) Nos casos de modificação unilateral para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os
direitos do contratado, as cláusulas econômico-financeiras deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio
contratual.

6. DURAÇÃO DOS CONTRATOS


O professor ressalta que, nesse ponto, houve muita alteração legislativa e os alunos precisam estudar muito.

Lei 14.133/2021, art. 105: “A duração dos contratos regidos por esta Lei será a prevista em edital, e deverão ser
observadas, no momento da contratação e a cada exercício financeiro, a disponibilidade de créditos orçamentários,
bem como a previsão no plano plurianual, quando ultrapassar 1 (um) exercício financeiro.”

Na lei atual, quem define o prazo do contrato é o edital de licitação específico. A lei ressalva, entretanto, a necessidade
de haver disponibilidade de créditos orçamentários.
✓ Assim sendo, todos os anos (exercício financeiro), a Administração deve verificar se há recursos para a
contratação.
✓ Esta preocupação, contudo, somente ocorre se o contrato ultrapassar um exercício financeiro.

Lei 14.133/2021, art. 106: “A Administração poderá celebrar contratos com prazo de até 5 (cinco) anos nas hipóteses
de serviços e fornecimentos contínuos, observadas as seguintes diretrizes:
I - a autoridade competente do órgão ou entidade contratante deverá atestar a maior vantagem econômica
vislumbrada em razão da contratação plurianual;

5
www.g7juridico.com.br
II - a Administração deverá atestar, no início da contratação e de cada exercício, a existência de créditos orçamentários
vinculados à contratação e a vantagem em sua manutenção;
III - a Administração terá a opção de extinguir o contrato, sem ônus, quando não dispuser de créditos orçamentários
para sua continuidade ou quando entender que o contrato não mais lhe oferece vantagem.
§ 1º A extinção mencionada no inciso III do caput deste artigo ocorrerá apenas na próxima data de aniversário do
contrato e não poderá ocorrer em prazo inferior a 2 (dois) meses, contado da referida data.
§ 2º Aplica-se o disposto neste artigo ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática.”

Observações sobre o art. 106:

1ª) O professor ressalta que o art. 106 versa sobre contratos de serviços contínuos, não abarcando contratos de obras
ou fornecimentos.
✓ São exemplos de serviços contínuos: limpeza, segurança, jardinagem etc.
✓ A duração desse tipo de contrato é de até 5 anos, observada a previsão no plano plurianual.

2ª) Para realizar um contrato de 5 anos, a Administração deve levar em conta alguns fatores:
I – Vantajosidade econômica.
II - A Administração deverá atestar, no início da contratação e de cada exercício, a existência de créditos orçamentários
vinculados à contratação. Em outras palavras, deve haver dinheiro suficiente para pagar o contrato (e a autoridade
deve atestar que a vantagem permanece).
III – A Administração terá a opção de extinguir o contrato, sem ônus, quando não dispuser de créditos orçamentários
para sua continuidade ou quando entender que o contrato não mais lhe oferece vantagem. Trata-se de hipótese em
que a Administração não tem dinheiro ou o contrato não é mais vantajoso para a Administração.

3ª) Todos os anos de duração de contrato, a Administração deve verificar a presença de créditos para garantir a sua
execução e a vantajosidade.
✓ Não se trata de prorrogação de contrato, mas verificação de seus pressupostos para deixá-lo correr pelo prazo
previamente estabelecido.
✓ A Administração, no caso estabelecido no art. 106, §1º, não pode rescindir o contrato a qualquer momento,
devendo esperar, ao menos, até a data de aniversário do contrato, e não poderá ocorrer em prazo inferior a
2 meses, contado da referida data.

4ª) Em relação ao art. 106, §2º (contratos de aluguel de equipamentos e utilização de programas de informática), o
contrato pode durar até 5 anos.

6
www.g7juridico.com.br
Lei 14.133/2021, art. 107: “Os contratos de serviços e fornecimentos contínuos poderão ser prorrogados
sucessivamente, respeitada a vigência máxima decenal, desde que haja previsão em edital e que a autoridade
competente ateste que as condições e os preços permanecem vantajosos para a Administração, permitida a
negociação com o contratado ou a extinção contratual sem ônus para qualquer das partes.”

✓ Os contratos de serviços e fornecimentos contínuos poderão ser prorrogados sucessivamente por até 10 anos
e isso ocorre em razão de prorrogações.
✓ O professor destaca que uma coisa é a vigência contratual. A outra é a possibilidade de prorrogação. Exemplo:
imagine que um contrato de serviços contínuos seja estabelecido por 12 meses. Posteriormente, ele é
prorrogado por mais 12 meses (depois, mais 2 anos, e assim sucessivamente – até 10 anos).
✓ Atenção: A regra de prorrogação sucessiva por até 10 anos não é válida para contratos de aluguel de
equipamentos e utilização de programas de informática.

Lei 14.133/2021, art. 108: “A Administração poderá celebrar contratos com prazo de até 10 (dez) anos nas hipóteses
previstas nas alíneas “f” e “g” do inciso IV e nos incisos V, VI, XII e XVI do caput do art. 75 desta Lei.”
✓ Os casos mencionados no art. 108 são os relativos à dispensa de licitação.
✓ Nestes casos, o contrato também pode chegar a até 10 anos de duração (e não é em razão de prorrogação).

Lei 14.133/2021, art. 109: “A Administração poderá estabelecer a vigência por prazo indeterminado nos contratos
em que seja usuária de serviço público oferecido em regime de monopólio, desde que comprovada, a cada exercício
financeiro, a existência de créditos orçamentários vinculados à contratação.”

✓ Atenção à possibilidade de celebração de contratos por prazo indeterminado na Lei 14.133/2021.


✓ A Lei 8.666/93 (art. 57, §3º) vedava expressamente a possibilidade de contratos por prazo indeterminado.
✓ Exemplo de contratos que podem ter prazo indeterminado: contrato de concessão de direito real de uso (o
qual possui regulamentação própria).

O professor destaca que, na legislação anterior, exemplificativamente, a Administração contratava a Agência


Brasileira de Correios para que esta realizasse a prestação de serviços postais. Como a Lei 8.666/93, em seu art. 57,
§3º , vedava prazos indeterminados para contratos administrativos, o que ocorria, na prática, era que os Correios
estabeleciam um contrato com a Administração e o instrumento contratual era prorrogado até 60 meses.
Posteriormente, a Administração precisava fazer uma nova dispensa de licitação e contratava novamente os Correios
(pois não há outra empresa do ramo – Há monopólio) e esses procedimentos são complexos demais. Agora, com a
nova lei, esse tipo de contratação pode ser feita por prazo indeterminado.

7
www.g7juridico.com.br
Lei 14.133/2021, art. 110: “Na contratação que gere receita e no contrato de eficiência que gere economia para a
Administração, os prazos serão de:
I - até 10 (dez) anos, nos contratos sem investimento;
II - até 35 (trinta e cinco) anos, nos contratos com investimento, assim considerados aqueles que impliquem a
elaboração de benfeitorias permanentes, realizadas exclusivamente a expensas do contratado, que serão revertidas
ao patrimônio da Administração Pública ao término do contrato.”

No contrato que gere receita e no contrato de eficiência, os prazos serão de:


I - até 10 anos, nos contratos sem investimento;
II - até 35 anos, nos contratos com investimento.

▪ contrato de eficiência: contrato cujo objeto é a prestação de serviços, que pode incluir a realização de obras
e o fornecimento de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante, na forma de redução de
despesas correntes, remunerado o contratado com base em percentual da economia gerada – Art. 6º LIII
➢ Trata-se do contrato de êxito, geralmente feito em âmbito privado em situações que envolvem
revisão de pagamento de tributos.

Observações:
1ª) O professor destaca que, em relação ao contrato que gere receita para o contratado, o aluno pode pensar no
seguinte exemplo: em uma cidade administrativa (como a que existe em Minas Gerais), há restaurantes para atender
os servidores. A Administração licita e contrata empresas que trabalhem com serviços de restaurantes para colocá-
los dentro da cidade administrativa. Tais restaurantes gerarão renda para o contratado.
✓ Se, para começar o trabalho, o dono do restaurante tiver que fazer investimentos, o contrato poderá durar
até 35 anos. Se não precisar de investimentos, o contrato poderá durar até 10 anos.

2ª) O professor destaca que, em relação ao contrato de eficiência (aquele que gera economia para a Administração),
o aluno pode pensar no seguinte exemplo: imagine que a Administração precisa digitalizar processos físicos. Para tal,
ela precisa deslocar servidores ou estagiários para realizar o serviço e o gasto médio mensal desse serviço é de R$ 100
mil ao mês. Diante disso, a Administração decide licitar e contratar uma empresa que faça o trabalho. A empresa,
nesse caso, será remunerada a partir do percentual da economia gerada.
Exemplo: imagine que a empresa gaste R$ 30 mil mensais para fazer o mesmo trabalho da Administração. A
Administração gastava R$ 70 mil. Neste caso, o contrato estabelecerá um percentual de ganho em cima da economia
feita pela Administração.
✓ Se, para começar o trabalho, o dono da empresa tiver que fazer investimentos, o contrato poderá durar até
35 anos. Se não precisar de investimentos, o contrato poderá durar até 10 anos.

8
www.g7juridico.com.br
Lei 14.133/2021, art. 111: “Na contratação que previr a conclusão de escopo predefinido, o prazo de vigência será
automaticamente prorrogado quando seu objeto não for concluído no período firmado no contrato.
Parágrafo único. Quando a não conclusão decorrer de culpa do contratado:
I - o contratado será constituído em mora, aplicáveis a ele as respectivas sanções administrativas;
II - a Administração poderá optar pela extinção do contrato e, nesse caso, adotará as medidas admitidas em lei para
a continuidade da execução contratual.”

Observações:
1ª) O professor dá o seguinte exemplo: a Administração faz uma licitação para contratar uma empresa para prestar o
serviço de vigilância no período de 12 meses. Neste caso, há um contrato por prazo determinado.

Entretanto, imagine que a Administração contratou X para construir uma ponte. Neste caso, há um cronograma de
execução que deve ser seguido. Neste caso, a Administração não contrata o particular por um prazo determinado,
mas sim para entregar algo específico. Para tal, há uma previsão para o contratado entregar o objeto do contrato
(01/04/2027).
Passado o prazo do contrato, se a ponte não for entregue, o contrato poderá ser prorrogado automaticamente. Neste
caso, poderá haver penalidades ao contratado.

2ª) Quando a não conclusão decorrer de culpa do contratado:


I - o contratado será constituído em mora, aplicáveis a ele as respectivas sanções administrativas;
II - a Administração poderá optar pela extinção do contrato e, nesse caso, adotará as medidas admitidas em lei para
a continuidade da execução contratual.

No exemplo dado acima, a Administração pode optar pela extinção do contrato ou não, a depender do interesse
público.
Se a Administração decidir pela extinção do contrato, ela adotará as medidas admitidas em lei para a continuidade da
execução contratual (exemplo: ocupação provisória dos bens do contratado para a continuidade do serviço).

Lei 14.133/2021, art. 113: “O contrato firmado sob o regime de fornecimento e prestação de serviço associado terá
sua vigência máxima definida pela soma do prazo relativo ao fornecimento inicial ou à entrega da obra com o prazo
relativo ao serviço de operação e manutenção, este limitado a 5 (cinco) anos contados da data de recebimento do
objeto inicial, autorizada a prorrogação na forma do art. 107 desta Lei.”

9
www.g7juridico.com.br
O art. 113 da Lei 14.133/2021 versa sobre dois tipos de contrato: o contrato de fornecimento e o contrato de
prestação de serviços. Entretanto, o professor destaca que é possível que a Administração faça um contrato que
contemple ambas as coisas: forneça algo e preste o serviço (Exemplo: o contratado fornece as peças de veículos e dá
manutenção aos carros oficiais).
✓ No caso do exemplo dado, o prazo do contrato será de até 5 anos, podendo ser prorrogado até 10 anos.
✓ O prazo do contrato será estabelecido pelo edital.

Lei 14.133/2021, art. 114: “O contrato que previr a operação continuada de sistemas estruturantes de tecnologia da
informação poderá ter vigência máxima de 15 (quinze) anos”

Em relação ao art. 114 da Lei 14.133/2021, o professor dá o exemplo de contratação de empresa que forneça o
trabalho de processamento de dados em nuvens. Nesse exemplo, a empresa precisa criar um sistema estruturante e
o prazo pode ser de até 15 anos.

7. FORMALIZAÇÃO DOS CONTRATOS

O professor relembra que, no Direito Civil, há a diferença entre três institutos: contrato, instrumento de contrato e
execução de contrato.
• Contrato é o acordo de vontades.
• Instrumento de contrato é o documento formal, escrito, articulado em cláusulas, que materializa o acordo de
vontades.
• Execução do contrato: uma vez estabelecido o acordo de vontades, qualquer ato posterior é execução ou
inexecução do contrato (adimplemento ou inadimplemento).
Exemplo: contrato de mandato. Instrumento contratual: procuração.

O contrato administrativo é o acordo de vontades que a Administração estabelece com o particular, o qual estabelece
obrigações recíprocas, visando ao interesse público.

Obs.: O professor ressalta que a lei não estabelece uma sequência cronológica e didática para a formalização dos
contratos.
✓ O procedimento de formalização da contratação envolve: a realização do procedimento licitatório (licitação
ou procedimento de dispensa/inexigibilidade; redação do instrumento contratual (com base na minuta
contratual); convocação do interessado para assinar o contrato, fazer o registro do instrumento no cartório
(quando for o caso: direitos reais sobre imóveis); arquivar o contrato na repartição; e publicar o resultado na
imprensa oficial.

10
www.g7juridico.com.br
Entretanto, a lei não segue essa ordem cronológica.

Lei 14.133/2021, art. 90: “A Administração convocará regularmente o licitante vencedor para assinar o termo de
contrato ou para aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e nas condições estabelecidas no edital
de licitação, sob pena de decair o direito à contratação, sem prejuízo das sanções previstas nesta Lei.
§ 1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado 1 (uma) vez, por igual período, mediante solicitação da parte
durante seu transcurso, devidamente justificada, e desde que o motivo apresentado seja aceito pela Administração.
§ 2º Será facultado à Administração, quando o convocado não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou não
retirar o instrumento equivalente no prazo e nas condições estabelecidas, convocar os licitantes remanescentes, na
ordem de classificação, para a celebração do contrato nas condições propostas pelo licitante vencedor.
§ 3º Decorrido o prazo de validade da proposta indicado no edital sem convocação para a contratação, ficarão os
licitantes liberados dos compromissos assumidos.
§ 4º Na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar a contratação nos termos do § 2º deste artigo, a Administração,
observados o valor estimado e sua eventual atualização nos termos do edital, poderá:
I - convocar os licitantes remanescentes para negociação, na ordem de classificação, com vistas à obtenção de preço
melhor, mesmo que acima do preço do adjudicatário;
II - adjudicar e celebrar o contrato nas condições ofertadas pelos licitantes remanescentes, atendida a ordem
classificatória, quando frustrada a negociação de melhor condição. (...)
§ 7º Será facultada à Administração a convocação dos demais licitantes classificados para a contratação de
remanescente de obra, de serviço ou de fornecimento em consequência de rescisão contratual, observados os
mesmos critérios estabelecidos nos §§ 2º e 4º deste artigo.”

Observações:
1ª) Quando a lei começa a falar sobre a formalização dos contratos, a primeira coisa a qual ela se refere é a convocação
do interessado.
O prazo para assinar o contrato constará em edital e poderá ser prorrogado uma vez (por igual período), se o
interessado, no curso desse prazo, fizer tal requerimento e ele for aceito pela Administração.

2ª) O professor destaca que os parágrafos do art. 90 são de extrema importância, pois foi alterada a lógica que vigia
na Lei 8.666/93.
• Será facultado à Administração, quando o convocado não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou não
retirar o instrumento equivalente no prazo e nas condições estabelecidas, convocar os licitantes
remanescentes, na ordem de classificação, para a celebração do contrato nas condições propostas pelo
licitante vencedor.

11
www.g7juridico.com.br
Obs.: A lei anterior (8.666/93) dizia que, neste caso, a Administração poderia revogar a licitação ou convocar
os demais licitantes na ordem de classificação, de forma que pudessem assinar o contrato nos termos da
proposta vencedora.
• Na hipótese de nenhum dos licitantes aceitar a contratação nos termos do § 2º deste artigo, a Administração,
observados o valor estimado e sua eventual atualização nos termos do edital, poderá:
I - convocar os licitantes remanescentes para negociação, na ordem de classificação, com vistas à obtenção
de preço melhor, mesmo que acima do preço do adjudicatário;
II - adjudicar e celebrar o contrato nas condições ofertadas pelos licitantes remanescentes, atendida a ordem
classificatória, quando frustrada a negociação de melhor condição.
✓ Atenção ao disposto no art. 90, §4º da Lei 14.133/2021 e ao trecho sublinhado acima.
✓ Quando o convocado não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou não retirar o instrumento
equivalente no prazo e nas condições estabelecidas, a Administração, observando o orçamento
disponível, poderá chamar os licitantes remanescentes (na ordem) para negociar o valor do contrato.
✓ Na Lei 8.666/93, a Administração apenas podia contratar a proposta mais vantajosa, ou seja, se o
primeiro convocado não assinasse o contrato, os demais licitantes eram convocados e, para serem
contratados, deveriam oferecer o preço da proposta vencedora. Com a nova lei, o preço da proposta
dos licitantes remanescentes pode ser maior do que o oferecido pelo licitante vencedor.
• O §7º do art. 90 se refere à rescisão contratual.
Será facultada à Administração a convocação dos demais licitantes classificados para a contratação de
remanescente de obra, de serviço ou de fornecimento em consequência de rescisão contratual, observados
os mesmos critérios estabelecidos definidos anteriormente.

Lei 14.133/2021, art. 91: “Os contratos e seus aditamentos terão forma escrita e serão juntados ao processo que tiver
dado origem à contratação, divulgados e mantidos à disposição do público em sítio eletrônico oficial.
§ 1º Será admitida a manutenção em sigilo de contratos e de termos aditivos quando imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado, nos termos da legislação que regula o acesso à informação.
§ 2º Contratos relativos a direitos reais sobre imóveis serão formalizados por escritura pública lavrada em notas de
tabelião, cujo teor deverá ser divulgado e mantido à disposição do público em sítio eletrônico oficial.
§ 3º Será admitida a forma eletrônica na celebração de contratos e de termos aditivos, atendidas as exigências
previstas em regulamento.”

✓ Atualmente, os contratos administrativos são em formato eletrônico.

12
www.g7juridico.com.br
Lei 14.133/2021, art. 94: “A divulgação no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) é condição indispensável
para a eficácia do contrato e de seus aditamentos e deverá ocorrer nos seguintes prazos, contados da data de sua
assinatura:
I - 20 (vinte) dias úteis, no caso de licitação;
II - 10 (dez) dias úteis, no caso de contratação direta.
§ 1º Os contratos celebrados em caso de urgência terão eficácia a partir de sua assinatura e deverão ser publicados
nos prazos previstos nos incisos I e II do caput deste artigo, sob pena de nulidade.
§ 2º A divulgação de que trata o caput deste artigo, quando referente à contratação de profissional do setor artístico
por inexigibilidade, deverá identificar os custos do cachê do artista, dos músicos ou da banda, quando houver, do
transporte, da hospedagem, da infraestrutura, da logística do evento e das demais despesas específicas.
§ 3º No caso de obras, a Administração divulgará em sítio eletrônico oficial, em até 25 (vinte e cinco) dias úteis após
a assinatura do contrato, os quantitativos e os preços unitários e totais que contratar e, em até 45 (quarenta e cinco)
dias úteis após a conclusão do contrato, os quantitativos executados e os preços praticados.”

✓ O professor destaca que, com a nova lei, o extrato do contrato não é mais publicado na imprensa oficial, mas
sim no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP).
✓ Os contratos celebrados em caso de urgência terão eficácia a partir de sua assinatura.
✓ A lei estabelece que publicar o contrato no Portal Nacional de Contratações Públicas é condição de eficácia,
mas, em caso de urgência, a eficácia se dará no momento da assinatura do contrato. A ausência dessa
publicidade torna o contrato ilegal.
✓ O professor explica que a nova norma conjuga eficácia e validade na publicação.

Lei 14.133/2021, art. 95: “O instrumento de contrato é obrigatório, salvo nas seguintes hipóteses, em que a
Administração poderá substituí-lo por outro instrumento hábil, como carta-contrato, nota de empenho de despesa,
autorização de compra ou ordem de execução de serviço:
I - dispensa de licitação em razão de valor;
II - compras com entrega imediata e integral dos bens adquiridos e dos quais não resultem obrigações futuras,
inclusive quanto a assistência técnica, independentemente de seu valor.
§ 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras ou o de prestação
de serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles de valor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).”

✓ Instrumento de contrato ou termo de contrato é o documento escrito, formal, articulado em cláusulas, que
materializa o acordo de vontades.

Observações:

13
www.g7juridico.com.br
1ª) A formalização do acordo de vontades é feita por meio do instrumento de contrato.
• Segundo a lei, o instrumento de contrato é obrigatório, salvo exceções previstas em lei.
• Quando não for obrigatória a elaboração de um termo de contrato, a Administração pode fazer uma carta-
contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço.
Atenção: A nota de empenho é escrita, mas não configura instrumento de contrato.
➢ Todo instrumento de contrato tem forma escrita, mas nem todo documento escrito é instrumento de
contrato.

O contrato é dispensável nos seguintes casos:


• Na dispensa de licitação em razão de valor;
• Nas compras com entrega imediata e integral dos bens adquiridos e dos quais não resultem obrigações
futuras, inclusive quanto a assistência técnica, independentemente de seu valor.
Exemplo: compra de 1000 galões de água com entrega imediata.

2ª) É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras ou o de prestação
de serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles de valor não superior a R$ 10 mil.

• Este é um exemplo de contrato perfeito (porque está pronto), inválido (ilegal) e ineficaz (não produz efeitos).
Exemplo de ato inválido, ineficaz – contrato verbal com a Administração.

3ª) Lei 14.133/2021 excepcionou da regra de que é necessário o instrumento contratual nos casos de pequenas
compras ou de prestação de serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles de valor não superior a R$ 10
mil.

14
www.g7juridico.com.br

Você também pode gostar