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Licitações e Contratos

no Setor Público
Material Teórico
Modalidades dos contratos administrativos

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Elessandra dos Santos Marques Válio

Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Modalidades dos contratos administrativos

• Modalidades dos Contratos Administrativos

·· Estudaremos as modalidades dos contratos administrativos.


·· Dentre as modalidades dos contratos administrativos, veremos contratos de: obra
pública, serviço público, fornecimento, concessão, gerenciamento, gestão.
·· Veremos também os convênios e consórcios e, ainda, a parceria público-privada.
·· Estudaremos as peculiaridades de cada uma dessas modalidades de contrato.

Para estudar nossa disciplina, será necessário buscar as seguintes legislações:


1 - Constituição Federal;

2 - Lei de Licitações (Lei nº. 8666/93);

3 - Lei nº. 10.520, de 17 de julho de 2002, que institui no âmbito da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, a modalidade de licitação denominada Pregão;

4 - Lei nº. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, que dispõe sobre o regime de concessão
e permissão da prestação de serviços públicos;

5 - Lei nº. 11.079, de 30 de dezembro de 2004, que institui as normas gerais para
licitação e contratação de parceria público-privada, no âmbito da Administração Pública;

6 - Lei Complementar 123, de 14 de dezembro de 2006, que institui o Estatuto Nacional


da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e estabeleceu, para elas, tratamento
diferenciado em matéria de licitações. Tal tratamento diferenciado foi estendido pela
Lei nº. 11.488, de 15 de junho de 2007, às sociedades cooperativas que tenham
auferido, no ano-calendário anterior, a receita bruta de até o limite estabelecido no art.
3o, II, da referida Lei Complementar; e

7 - Lei nº. 12.232, de 29 de abril de 2010, que estabelece normas gerais para a licitação
e contratação pela Administração Pública de serviços de publicidade prestados por
intermédio de agências de propaganda.

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Unidade: Modalidades dos contratos administrativos

Contextualização

Estudando os contratos administrativos e suas modalidades, podemos perceber as várias


diferenças entre tais modalidades.
Notaremos também que para cada situação específica teremos uma determinada espécie de
contrato administrativo, que é indicada para cada caso.

O artigo disponível no link a seguir nos ajudará a compreender melhor as


modalidades dos contratos administrativos:
http://jus.com.br/artigos/32056/contratos-administrativos-em-especie

Massahiro, Juliano Nishi; Nb, Ivana. Contratos administrativos em espécie.


Disponível em: http://jus.com.br/artigos/32056/contratos-administrativos-em-especie.
Acesso em: 10 set. 2015.

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Modalidades dos Contratos Administrativos

Os contratos administrativos são contratos realizados entre a Administração Pública e um


particular ou outra entidade pública, que busca a aquisição de bens ou serviços, porém tais
contratos necessariamente devem ser pautados por princípios constitucionais, como o da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Em suma, é um contrato
feito pela Administração Pública a fim de buscar o cumprimento de um dos mais importantes
deveres do administrador público, qual seja, a busca pelo interesse e bem comum sempre.
Como principais modalidades de contratos administrativos, temos: contratos propriamente
ditos (art. 6o da Lei nº. 8.666/93); contrato de concessão; contrato de permissão de serviço
público; e contrato de gestão.
Em 2005, a Lei nº. 11.107 criou mais dois novos contratos, o que institui o consórcio
público e o contrato de programa.

Contratos propriamente ditos


Os contratos propriamente ditos principais são aqueles que estão elencados no art. 6o, I,
II e III, da Lei nº. 8.666/93:

Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se:


I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação,
realizada por execução direta ou indireta;
II - Serviço - toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse
para a Administração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem,
operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte,
locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais;
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma
só vez ou parceladamente;

Assim, temos como os principais contratos propriamente ditos: contrato de obra pública
ou contrato de colaboração; contrato de serviço ou colaboração; e contrato de fornecimento.

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Unidade: Modalidades dos contratos administrativos

Contrato de obra pública ou contrato de colaboração


O contrato de obra pública ou contrato de colaboração é todo contrato que objetiva a
construção, reforma ou ampliação de obra pública. Esse contrato pode ser por tarefa ou
de empreitada (por preço único, unitário, global ou integral). É qualquer obra realizada pelo
homem da qual decorra a alteração substancial e permanente do ambiente físico.
Assim sendo, podemos entender como construção a criação intencional de uma obra nova,
construída com materiais e serviços. Por ampliação, o aumento da área que já existe; e por
reforma podemos compreender o melhoramento de uma construção já existente, mas que
não amplie a área construída.
Nos moldes da legislação vigente, via de regra, sua execução depende de licitação.
As obras apenas poderão ser contratadas se existir um projeto básico, conforme dispõe o
art. 7o da Lei de Licitações (8.666/93).
A forma de celebração da empreitada ou da tarefa retrata o modo de apuração da
remuneração devida ao contratado, assim temos: a empreitada e a tarefa.

Empreitada
Na empreitada, a remuneração será determinada previamente por um preço certo, ainda
que ajustável (preço global). Preço certo no qual o pagamento dar-se-á na finalização, ou
seja, com o cumprimento integral do que fora pactuado (integral), e preço certo de unidades
determinadas (preço unitário).1
Na empreitada por preço global, as partes integrantes do contrato ajustam um determinado
valor para a totalidade da obra. O valor ajustado pode ser pago de forma parcelada, desde
que haja previsão de parcelamento no instrumento convocatório (edital) e no contrato. Porém
convém salientar que o preço avençado é relativo ao valor global da obra. Podemos citar como
exemplo a contratação de uma empresa especializada na construção de alicerces; ela será
contratada para a construção do alicerce da obra e receberá um valor global pela entrega dos
alicerces construídos.
Já na empreitada integral, o contratado tem a obrigação de entregar o empreendimento
que foi pactuado em plenas condições de utilização e funcionamento, ou seja, compreende
a integralidade da contração. Nesse caso, como exemplo, podemos imaginar a construção
de um hospital, que deve ser entregue em plenas condições de funcionamento, completo, o
edifício literalmente acabado.
A empreitada por preço unitário é aquela na qual as partes fazem avenças nas quais se
convenciona que o pagamento será feito pelo valor de cada unidade, em que tal valor já foi
previamente pactuado. Dessa forma, o preço não será total para a obra, mas será por unidade
executada por aquele que foi contratado. Como exemplo, podemos vislumbrar a construção de
casas populares; nesse caso, cada casa tem seu valor predeterminado e o construtor receberá
por unidade construída.

1 ROSA, Márcio Fernando Elias. Direito administrativo. 2ª edição reformulada. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 69.

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Tarefa
A tarefa é a forma de execução que é utilizada para que possa ser feita a contração de mão
de obra para pequenas obras, seja por serviço certo, sem ou com o fornecimento de material.
Como exemplo de tarefa, podemos citar a construção, em uma creche, de bancadas para a
colocação de bebedouros de água.

Contrato de serviço ou contrato de colaboração


A Lei de Licitações descreve serviço como toda atividade destinada a obter determinada
utilidade de interesse para a Administração, tais como: demolição, conserto, instalação,
montagem, operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação
de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-profissionais.
Assim, podemos definir o contrato de serviço como “aquele que tem por objeto uma
atividade humana, uma obrigação de fazer”2; dessa forma, toda avença que tiver por objeto a
prestação de uma atividade por aquele que foi contratado à Administração Pública.
Podemos classificar os serviços em comuns ou técnico-profissionais.

Serviços comuns
Serviços comuns são aqueles em que o indivíduo que o prestará não depende de habilitação
específica, ou seja, de uma habilitação restrita a uma determinada categoria profissional, como,
por exemplo, o caso de engenheiro, em que o profissional deve ter a habilitação técnica para
poder exercer a profissão.
A contratação dos chamados serviços comuns, via de regra, deve ser feita via licitação, entretanto,
dependendo do valor da contratação, ela poderá ser dispensável. Em relação à dispensa para a
aquisição de outros serviços (os não considerados de engenharia), compras e alienações, o valor
limite também será de 10% (dez por cento) do limite do convite destinado a tal aquisição. Dessa
forma, o limite para a dispensa da licitação será de até R$ 8.000,00 (oito mil reais).

Serviços profissionais
Os serviços profissionais são aqueles que dependem de uma habilitação especial, que pode
ser uma graduação e até mesmo um curso técnico-profissionalizante que necessite de registro na
específica categoria profissional ou mesmo a obrigatoriedade de conclusão do curso. Por exemplo,
o engenheiro com sua inscrição no CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura).

2 VIEIRA, Evelise Pedroso Teixeira Prado. Direito administrativo. São Paulo: Verbatim, 2011, p. 381.

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Unidade: Modalidades dos contratos administrativos

Contrato de fornecimento
O contrato de fornecimento é o contrato no qual a Administração Pública fará determinada
aquisição de um bem móvel ou semovente3. Dessa maneira, através desse tipo de contrato,
a Administração Pública fará a aquisição de, por exemplo, gêneros alimentícios, materiais de
escritório e demais produtos que sejam indispensáveis para que o ente administrativo atinja
sua finalidade.
Os contratos de fornecimento podem ser classificados de três formas:
a) Instantâneo, integral ou imediato: é o contrato de fornecimento no qual o objeto
adquirido se exaure de uma só vez, ou seja, entrega-se o bem adquirido e o contrato é
considerado adimplente e extingue-se.

b) Parcelado: o contrato parcelado é aquele no qual é ajustada a entrega do objeto


de forma fracionada, em que o contrato só será considerado extinto quando a última
parcela da avença for efetivamente cumprida.

c) Fornecimento contínuo: no contrato de fornecimento contínuo, a entrega do


objeto pactuado se dá por prestações sucessivas, com datas predeterminadas, que se
prolongarão por todo o período contratado.

Nos contratos de fornecimento, via de regra, também deve ser feita a licitação para que ele
possa ser válido, entretanto não podemos nos olvidar de que a dispensa é possível desde que
respeite o valor legal para tanto.

Contrato de concessão
Por contrato de concessão podemos entender o pacto firmado pela Administração Pública no qual
ela delega ao contratado a execução de um determinado serviço público ou até mesmo de uma obra
pública, de tal sorte que esse contratado execute o objeto contratado e assuma quaisquer riscos. As
concessões têm natureza jurídica de contratos administrativos e, assim sendo, são regidas por normas
de direito público.

São três as modalidades de concessões:


• De obra pública;
• De serviço público;
• Uso de bem público.

3 “Os bens móveis são ‘os que, sem deterioração na substância ou forma, podem ser transportados de um lugar ao outro, por
força própria ou estranha’; no mesmo sentido define o art. 82 do Código Civil ao prescrever: ‘São móveis os bens suscetíveis de movimento
próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico social’. No primeiro caso temos os
semoventes, que são animais, e, no segundo caso, os móveis propriamente ditos: mercadorias, moedas, objetos de uso, títulos de dívida
pública, ações de companhias, etc.” (DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Teoria geral do direito civil. 30ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2013, p. 370.)

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Contrato de concessão de obra pública
A Lei nº. 8.987/95 (que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação
de serviços públicos previstos no art. 175 da Constituição Federal) é que rege o contrato
de concessão de obra pública.
Nesse tipo de contrato, a Administração Pública investe o contratado de poderes, durante
um prazo determinado, em que ele assume por sua conta e risco uma determinada obra
pública e, em contrapartida, tem o direito de explorá-la mediante uma tarifa remuneratória,
que será paga pelos usuários da obra ou dos serviços que dela decorrem, como, por exemplo,
o caso das concessões de pedágios.
No que tange à contratação de obras públicas, nos moldes do art. 2o, III, da Lei nº. 8.987/95,
ela deve ser realizada através de processo licitatório na modalidade concorrência.
II - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a
construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento
de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder concedente,
mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou
consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua realização,
por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária seja
remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por
prazo determinado; [grifo nosso].

Destarte, podemos concluir que, necessariamente, a licitação para a concessão de obra


pública deve ser realizada na modalidade concorrência.

Contrato de concessão de serviço público


A Lei nº. 8.987/95, em seu art. 2o, II, nos define concessão de serviço público como:
II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo
poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à
pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado; [grifo nosso]

Podemos, assim, concluir que o contrato de concessão de serviço nada mais é que o
contrato no qual a Administração Pública repassa a um particular contratado, que pode ser
pessoa jurídica ou consórcio de empresas4, o direito de prestar tal serviço, por sua conta e
risco, mediante uma remuneração que será paga pelo usuário do serviço em questão.

4 Podemos entender por consórcio de empresas a associação de companhias ou qualquer outra sociedade, estando ou não sob
o mesmo controle, em que cada uma delas, empresas ou sociedades, mantém sua personalidade jurídica, para obter finalidade comum ou
determinado empreendimento.

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Unidade: Modalidades dos contratos administrativos

Contrato de concessão de uso do bem público


O contrato de concessão de uso do bem público é o contrato pactuado entre a Administração
Pública e o particular que tenha interesse em utilizar privativamente um bem público para
uma finalidade específica, entretanto as razões dessa concessão devem ser necessariamente
relacionadas ao bem público. Vale ressaltar que tal contrato pode ser gratuito ou oneroso.
Outro ponto relevante é que não há uma estabilidade absoluta, haja vista que a Administração
Pública pode rescindir o contrato em razão de situações de interesse público. Entrementes, se
o fizer antes do prazo determinado pelo contrato, ficará obrigada a indenizar o contratado.
Como os demais contratos administrativos, o contrato de uso de bem público, via de regra,
também deverá ser feito através de um processo licitatório.
Devemos lembrar que o contrato de concessão de uso de bem público é personalíssimo, ou
seja, não pode ser transmitido a herdeiros nem tampouco a terceiros.

Contrato de gerenciamento
O contrato de gerenciamento é aquele através do qual a Administração Pública delega ao
contratado direção, supervisão e fiscalização de um determinado empreendimento, porém,
como os custos desse empreendimento são pagos pela Administração, esta detém o poder de
decisão (custos, compras, imposição de sanções, etc.).
Esse tipo de contrato administrativo é muito comum em empreendimentos de grande vulto,
de tal sorte que o gerenciador tem o dever de apenas fiscalizar e orientar a execução do que
fora pactuado; assim sendo, não tem poder de representar a Administração.
Nos moldes do art. 13, IV, da Lei nº. 8.666/93, o gerenciamento é serviço técnico
profissional especializado e poderá ser celebrado após a declaração de inexigibilidade
de licitação, se for de natureza singular, e, concomitantemente, se for com empresas ou
profissionais com notória especialização.

Contrato de gestão
O contrato de gestão é o pacto realizado entre a Administração Pública com o contratado
(que pode ser entidade privada ou entidade da Administração Pública indireta). A ideia é o
aumento da autonomia gerencial, financeira e orçamentária em prol de atingir determinadas
metas, determinando melhoria de desempenho. Tais metas são impostas pela contratada ante
a concessão de benefícios.
A Constituição Federal, em seu art. 37, §8o, traz de forma expressa essa forma de contrato,
como uma maneira de ampliar a autonomia gerencial, financeira e orçamentária das entidades
e órgãos da Administração direta e indireta:
§8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da
administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firma-
do entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de
metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:

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I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e
responsabilidade dos dirigentes;
III - a remuneração do pessoal.

Essa modalidade de contrato ainda pode ser celebrada com pessoas jurídicas de direito
privado qualificadas como organizações sociais5.

Convênios
Por convênio podemos entender um acordo de vontades pactuado entre entidades privadas
ou públicas, buscando sempre atingir interesses em comum.
Os convênios se diferenciam dos contratos por alguns motivos. Dentre eles, podemos destacar:
a) Interesses comuns;
b) Colaboração mútua entre os participantes; e
c) Os valores de caráter remuneratório são sempre voltados para que o objetivo do
convênio seja atingido, e não como uma contraprestação remuneratória.

A previsão legal dos convênios está no art. 241 da Constituição Federal:

Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão


por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre
os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem
como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens
essenciais à continuidade dos serviços transferidos. [grifos nossos]

Os convênios estabelecem formas de cooperação entre os seus partícipes, pois têm uma
finalidade em comum.

Consórcios
Os consórcios são acordos de vontades celebrados entre entidades estatais da mesma
espécie que buscam o interesse comum.
Como nos consórcios há o emprego de dinheiro público, os mesmos devem ser regidos pela
Lei nº. 8.666/93, portanto deverá haver licitação. Também estarão submetidos a normas de
controle dos repasses e da aplicação dos mesmos.
Importante destacar que as entidades devem ser de mesma espécie, por exemplo: Municípios
e Estados-Membros.
Caso o ajuste seja feito entre entidades de espécie diversa, como União e Estados, não há que
se falar em consórcio, mas sim em convênio. Conforme supracitado, os consórcios não possuem
personalidade jurídica própria, logo a responsabilidade irá recair sobre todos os partícipes.
5 Organização social é a uma entidade privada, sem fins lucrativos, que recebe tal qualificação do Poder Público e, assim,
passa a receber alguns benefícios deste (como, por exemplo, isenções fiscais), para a realização de seus objetivos, porém esses objetivos
necessariamente devem ser de interesse coletivo.

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Unidade: Modalidades dos contratos administrativos

Consórcio público
O consórcio público é regido pela Lei nº. 11.107, de 2005, que “dispõe sobre normas
gerais de contratação de consórcios públicos”. Podemos entender por consórcio público a
cooperação entre diversos entes políticos, com fulcro de disciplinar a celebração entre entes
públicos: União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para que possa haver uma gestão
associada de serviços de interesses comuns.
A lei supracitada foi criada para regulamentar o art. 241 da Constituição Federal, que faz
referência aos consórcios:
Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão
por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre
os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem
como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens
essenciais à continuidade dos serviços transferidos. [grifos nossos]

A finalidade dos consórcios públicos nada mais é que fazer uma junção de recursos humanos,
financeiros e materiais de cada um dos consorciados para que juntos possam desenvolver
ações que sigam os princípios constitucionais da eficiência e economia.
Os consórcios públicos possuem personalidade jurídica própria e são parte da Administração
indireta. Podem ser constituídos na forma de associação pública ou com personalidade jurídica
de direito público, nos termos do art. 1o da Lei nº. 11.107/95:

Art. 1o Esta Lei dispõe sobre normas gerais para a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios contratarem consórcios públicos para a realização de
objetivos de interesse comum e dá outras providências.

§ 1o O consórcio público constituirá associação pública ou pessoa jurídica de


direito privado.

A Lei nº. 11.107/95 modificou o art. 41 do Código Civil, pois passou a prever a existência de
associações públicas como espécies de pessoas jurídicas de direito público, como as autarquias.
A constituição dos consórcios é feita por contratos administrativos. O pacto dependerá
de uma subscrição preliminar de protocolo de intenções (“Lei n. 11.107/95 - Art. 3o O
consórcio público será constituído por contrato cuja celebração dependerá da prévia subscrição
de protocolo de intenções.)” e da ratificação por lei do protocolo de intenções do art. 5o da
Lei nº. 11.107/95:
Art. 4o São cláusulas necessárias do protocolo de intenções as que estabeleçam:
I – a denominação, a finalidade, o prazo de duração e a sede do consórcio;
II – a identificação dos entes da Federação consorciados;
III – a indicação da área de atuação do consórcio;
IV – a previsão de que o consórcio público é associação pública ou pessoa
jurídica de direito privado sem fins econômicos;

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V – os critérios para, em assuntos de interesse comum, autorizar o consórcio
público a representar os entes da Federação consorciados perante outras
esferas de governo;
VI – as normas de convocação e funcionamento da assembleia geral, inclusive
para a elaboração, aprovação e modificação dos estatutos do consórcio público;
VII – a previsão de que a assembleia geral é a instância máxima do consórcio
público e o número de votos para as suas deliberações;
VIII – a forma de eleição e a duração do mandato do representante legal do
consórcio público que, obrigatoriamente, deverá ser Chefe do Poder Executivo
de ente da Federação consorciado;
IX – o número, as formas de provimento e a remuneração dos empregados
públicos, bem como os casos de contratação por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;
X – as condições para que o consórcio público celebre contrato de gestão ou
termo de parceria;
XI – a autorização para a gestão associada de serviços públicos, explicitando:
a) as competências cujo exercício se transferiu ao consórcio público;
b) os serviços públicos objeto da gestão associada e a área em que serão
prestados;
c) a autorização para licitar ou outorgar concessão, permissão ou autorização
da prestação dos serviços;
d) as condições a que deve obedecer o contrato de programa, no caso de
a gestão associada envolver também a prestação de serviços por órgão ou
entidade de um dos entes da Federação consorciados;
e) os critérios técnicos para cálculo do valor das tarifas e de outros preços
públicos, bem como para seu reajuste ou revisão; e
XII – o direito de qualquer dos contratantes, quando adimplente com suas
obrigações, de exigir o pleno cumprimento das cláusulas do contrato de
consórcio público.

Cada ente tem a poder de decidir se irá ou não participar de um consórcio público, e não
podemos esquecer que os tais consórcios têm o dever de cooperação entre os seus membros.
Nos moldes da legislação vigente, os consórcios poderão:
Art. 2o da Lei 11.107/95:
§ 2o Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança e exercer
atividades de arrecadação de tarifas e outros preços públicos pela prestação de
serviços ou pelo uso ou outorga de uso de bens públicos por eles administrados
ou, mediante autorização específica, pelo ente da Federação consorciado.
§ 3o Os consórcios públicos poderão outorgar concessão, permissão ou
autorização de obras ou serviços públicos mediante autorização prevista no
contrato de consórcio público, que deverá indicar de forma específica o objeto
da concessão, permissão ou autorização e as condições a que deverá atender,
observada a legislação de normas gerais em vigor.

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Unidade: Modalidades dos contratos administrativos

Considerando que os interesses são comuns entre os consorciados, pode haver a concessão
de servidores.
No que tange à fiscalização patrimonial, operacional e contábil, esta será realizada pelo
Tribunal de Contas.
Os consorciados têm o dever de formular um contrato de programa, no qual deverão
estabelecer deveres e obrigações de cada ente consorciado e, ainda, os agentes públicos
responsáveis (civil, penal e administrativamente) pelos atos praticados que estiverem em
desacordo com o ordenamento jurídico.

Parceria público-privada
A lei nº. 11.079, de 2004, instituiu normas gerais para licitação e contratação de parceria
público-privada no âmbito da Administração Pública.
A parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, no qual temos duas
modalidades: concessão administrativa e concessão patrocinada.
A concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços no qual a Administração
Pública é usuária direta ou indiretamente, mesmo se envolver a construção de uma obra,
instalação de bens ou fornecimento.
Já a concessão patrocinada é a concessão de serviços ou de obras públicas elencadas na
Lei nº. 8.987/95, em que exista uma tarifa cobrada dos usuários pelo uso da obra ou serviço
e, além disso, também existirá uma contraprestação financeira do Poder Público.
Ressalta-se que nos moldes da Lei nº. 11.079/2005, só existirá uma parceria público-
privada nos casos em que houver a concessão de obras ou serviços públicos onde exista
cumulativamente a contraprestação pecuniária do Poder Público.

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Material Complementar

Sites:
O regime jurídico dos consórcios públicos
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6970
Contratos de gestão
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=591

Leituras:
Terceirização na Administração Pública
https://goo.gl/6GwIlS

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Unidade: Modalidades dos contratos administrativos

Referências

DALLARI, Adilson Abreu. Aspectos jurídicos da licitação. 5a edição. São Paulo: Saraiva, 2000.

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil. Teoria das obrigações contratuais e
extracontratuais. Volume 2. 30ª edição. São Paulo: Saraiva, 2013.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 27a edição. São Paulo: Atlas, 2014.

JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos.


13a edição. São Paulo: Dialética, 2009.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 40a edição. São Paulo:
Malheiros Editores, 2014.

ROSA, Márcio Fernando Elias. Direito administrativo. 2ª edição reformulada. São Paulo:
Saraiva, 2010.

VIEIRA, Evelise Pedroso Teixeira Prado. Direito administrativo. São Paulo: Verbatim, 2011.

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Anotações

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