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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE .....

(nome, qualificação e endereço), por seu advogado in fine assinado


(doc. anexo), vem, à presença de V. Exa., com fulcro nos arts. 927 e
arts. 944 e seguintes e art. 275, II, “d” do Código de Processo Civil,
promover a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR ATO ILÍCITO
pelo RITO SUMÁRIO contra (nome da empresa), com sede na cidade
de ......., na Rua......., inscrita no CNPJ sob o n.º......., em vista das
seguintes razões de fato e de direito:

DOS FATOS

1. A requerida é cadastrada na Embratur sob o n.º........, tendo como


atividade o ramo de excursões dirigidas a diversas cidades do país.

2. Nesta condição a requerida em data de....... promoveu uma


excursão à cidade de ......., num ônibus de sua propriedade placas........, que
era dirigido por ........... motorista da sua empresa.

3. Na viagem de volta, na cidade de....... o veículo indicado acabou por


sair da pista, vindo a capotar por três vezes, ocasionando ferimentos em
várias pessoas e a morte de........... mãe do autor que à época do acidente
contava com ..... anos de idade.
4. Tal trágico acidente ocorrido no final de uma excursão, vitimou
infelizmente de forma fatal uma pessoa que gozava de boa saúde. O auto de
corpo de delito (cópia anexa), retrata que a morte ocorreu por.........

5. O Boletim de Ocorrência lavrado no local e momento dos fatos, ao


esclarecer a respeito das condições presumíveis do acidente, narrou que o
condutor do ônibus estaria com aparência de sonolente/cansado.

6. Assim houve indiscutível culpa por parte do preposto da requerida,


quando o tempo era bom, havia boa visibilidade com uma pista segura.

DO DIREITO

7. Consoante clara disposição do art. 927 do Código Civil: “Aquele que,


por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência violar direito ou
causar prejuízo à outrem, fica obrigado a reparar o dano”.

8. Face à regra estabelecida pelo art. 932, III Código Civil é a empresa
requerida, responsável por seu empregado no exercício do trabalho que lhes
competir ou por ocasião dele, bem como pelos danos causados por estes. A
responsabilidade da requerida, todavia, é objetiva, decorrente do contrato de
transporte, prendendo-se ao risco e por independer de culpa.

SÍLVIO RODRIGUES, “Responsabilidade Civil”, Ed. Saraiva, 1982, p.


110, escreveu que:

“Hoje a doutrina dominante da nossa jurisprudência é no sentido de


sustentar que as empresas de transporte, quaisquer que sejam elas
estabeleçam com os serviços organizados uma relação jurídica entre si
e seus passageiros, tornando-se responsáveis por todos os danos
sobrevindos, pelo fato de assumirem a obrigação de transportar as
pessoas, que delas se servirem, ao seu destino sã e salvas”.

Consoante acórdão inserido na RT 435/72:

“A responsabilidade civil oriunda de contrato de transporte rodoviário


de passageiros, seja por ônibus, ou qualquer outro veículo a motor,
regula-se pela Lei das Estradas de Ferro (Dec. Federal 2.681/12) o que
significa dizer que se trata de responsabilidade contratual, decorrente
do descumprimento de obrigação de transportar os passageiros são e
salvos, livres de lesões, até o ponto fixado do desembarque”.

A culpa no caso dos autos está inserida na própria teoria do risco da


atividade exercida pela requerida, conforme RT 509/140, cumprindo ao
transportador, entregar o passageiro em seu destino, a coberto de riscos (Ac.
1.ª Câm. Civ. do 1.º TACivSP, na Ap. Cív. 329.157, j. 11-09-84).

WILSON MELO DA SILVA, “Da Responsabilidade Civil Automobilística”,


Ed. Saraiva, p. 172, escreveu que:

“O que, com freqüência, costuma suceder aos viajantes dos ônibus,


taxis etc., são os acidentes durante o percurso e dos quais resultam
danos ao transportado. Nessas hipóteses, em decorrência da obrigação
de garantia, insita em todo contrato de transporte ou, se assim se
prefere, da obrigação de incolumidade assegurada a todo passageiro, e
elidível tão-somente em face das estritas hipóteses apontadas, o
passageiro, vitimado, faria jus a uma reparação em decorrência da
culpa in re ipsa, contratual, do transportador”.

O saudoso MANOEL INÁCIO CARVALHO DE MENDONÇA, Contrato no


Direito Brasileiro, 2.ª ed., p. 147, escreveu que:

“Na obrigação de transportar compreende-se implícita, entrando na


naturalia negotia, a de transportar são e salvo o passageiro. Trata-se,
portanto, de um risco contratual”.

9. De tal sorte a responsabilidade da requerida é contratual, e


passageira que teve morte no local de propriedade da requerida, ali viajava a
título oneroso, numa excursão.

ARNALDO RIZZARDO, A Reparação nos Acidentes de Trânsito, Ed. RT,


p. 105, sustenta que:

“A jurisprudência foi construída sobre vasto entendimento doutrinário:


A transportadora assume a obrigação de conduzir o passageiro
incólume ao seu destino e fica obrigada a reparar o dano por ele
sofrido, pois desde que aceita o passageiro, a transportadora fica
obrigada a reparar o dano por ventura por ele sofrido”.

DA INDENIZAÇÃO PRETENDIDA

10. O autor dependia economicamente da vítima que exercia a


atividade de ......., tendo rendimento mensal na ordem de ........., valor
bastante compatível com o trabalho exercido pela mesma.

11. Do valor que era auferido mensalmente pela vítima, considera-se


que 1/3 de tal valor referia-se às despesas pessoais da vítima e o restante
seria para as despesas com o lar. Tal entendimento já fora esposado pelo STF:
“Do cálculo da pensão deve ser deduzido um terço, que representa as
presumíveis despesas pessoais da vítima”. (RTJ 84/250).

ANTONIO LINDEBERGH C. MONTENEGRO, Ressarcimento de Danos, p.


76, salienta que:

“A pensão alimentícia preconizada no art. 1.537, n.º II, do Código Civil


destina-se a garantir a subsistência das pessoas que viviam às
expensas da vítima”.

12. Tem-se entendido que a indenização na hipótese dos autos, deve


ser calculada até o tempo provável de vida da vítima fatal, cujo tempo
provável de vida tem-se fixado em 65 anos de idade, tendo-se por princípio, a
indenização da data do evento até a data em que o falecido completaria 65
anos de idade (Ac. 4.ª Turma do STJ, no REsp. 28.861-0-PR, j. 12-12-92).

13. A indenização no caso dos autos, compreende a prestação de


alimentos a quem a vítima os devia, ou seja o tinha sob sua dependência
econômica, durante a sobrevida provável de 65 anos de idade.

A 2.ª Câm. Civ. do TJMG, na Ap. Cív. 33.088, j. 12-12-86, deixou


patenteado que os ascendentes figuram na relação jurídica não tanto como
dependentes, mas sobretudo como herdeiro, o que impõe seja a indenização
deferida até a data em que a vítima completaria 65 anos de idade.
14. Tratando-se de indenização que possui relação contratual, tem-se
entendido que se aplica o DL 2.681/12, ainda que se trate de transporte por
ônibus. A respeito estabelece o art. 22 do dispositivo citado”: “No caso de
morte, a estrada de ferro responderá por todas as despesas e indenizará, ao
arbítrio do juiz, a todos aqueles aos quais a morte do viajante privar de
alimento, auxílio ou educação”.

15. Requer assim, a condenação da requerida à pensão de........


correspondente a 2/3 dos rendimentos da vítima, até que essa completasse
65 anos de idade, fixando-a em salários mínimos,. com a aplicação do art.
632 do Código de Processo Civil, obrigando-se a requerida a constituir capital
para garantia da pensão pleiteada a título de indenização.

DO DANO MORAL

16. O trágico acontecimento ocorrido com a vítima, marcou


profundamente a vida do autor e da família. A dor é uma constante,
porquanto seu desaparecimento repentino, transtornou a vida do autor em
todos os aspectos, ou seja afetiva, moralmente e financeiramente.

17. A teor da Súmula n.º 37 do STJ, é admissível a cumulação de


danos, inclusive o moral, oriundo de um mesmo fato.

18. A vida, portanto não pode ser subtraída gratuita e


irresponsavelmente. A profunda dor, a forte consternação, a violenta
depressão, são elementos muito angustiantes que desequilibram uma vida,
abalando por completo a estrutura do ser humano, no momento em que ele
perde o seu pai, sua mãe, irmão etc.

ARNALDO RIZZARDO, ob. cit., págs. 129 e 130, teve a oportunidade


de decidir que:

“De sorte que o dano se caracteriza como a diminuição ou a subtração


de um bem jurídico. E o bem jurídico é constituído não só de haveres
patrimoniais e econômicos, mas também de valores morais, quais
sejam a honra, a vida, a saúde, o sofrimento, os sentimentos, a
tristeza, e pesar diante da perda de um parente”.
No Boletim ADCOAS 87.718, encontramos a seguinte ementa:

“Em tema de responsabilidade civil, dano moral é aquele que não


atinge o patrimônio. A dor, a tristeza, a emoção, a saudade, o
sofrimento, constituem seu conteúdo, e, obviamente, não comportam
“restitutum integrum” comportam reparação, eis que reparar é
substituir o prazer que desaparece por um novo. A doutrina e a
jurisprudência acolhem a reparação pecuniária do dano moral”.

MAZEAUD et MAZEAUD ensinam que:

“Conquanto não se alcance um ressarcimento em sentido estrito, tem-


se uma sanção civil e sobretudo, uma satisfação pelo dano sofrido. É o
ressarcimento a título de composição do dano moral”.

19. Tem-se que o dano moral advém da relação de parentesco entre a


vítima e a pessoa pleiteante, sem relevância acerca do fato em si.

20. Para a 4.ª Câm. Civ. do TACivRJ, na Ap. Cív. 10.499/91, j. 18-03-
92:

“A reparação do dano moral deve ter um caráter punitivo, e também


compensatório. Assim, o seu arbitramento deve recair no “arbitrum
boni viri” do juiz”. (COAD 58.876).

21. Pleiteia-se, face à indiscutível dor moral experimentada pelo autor,


que este MM. Juízo arbitre a título de dano moral a quantia de ............

DO PEDIDO

22. Dessa forma requerem seja a requerida condenada na pensão


pleiteada, bem como do pagamento da reparação pecuniária à título de dano
moral pleiteada.

23. Requer seja lhe deferido os benefícios da assistência judiciária.

Ex positis, propõe-se a presente ação, requerendo se digne V. Exa.,


imprimir-lhe o rito sumário conforme determina a lei, designando audiência
de conciliação, intimando o réu a nela comparecer, citando-o, para os termos
da presente ação, sob pena de revelia à falta de comparecimento em tal
audiência (CPC, art. 277, § 2.º), ficando esse ciente de que em tal
oportunidade deverá apresentar a defesa que entender de seu direito,
juntando documentos e indicando as provas que entender necessárias, a
serem, sendo o caso, produzidas oportunamente em audiência de instrução e
julgamento, entendendo V. Exa., de designá-la.

Pede-se que uma vez produzidas as provas tendentes à instrução do


feito, ou no caso de dispensa dessas, se digne V. Exa., proferir sentença
julgando procedente a ação, nos termos do pedido, condenando-se o réu nos
efeitos da sucumbência.

No caso de o réu não comparecer à audiência de conciliação, pede-se


seja declarada a revelia, com as conseqüências da inércia.

Protesta-se por provar o alegado por todos os meios de provas


admitidas pelo Direito, requerendo desde já o depoimento pessoal do réu, sob
pena de confissão, por ocasião da audiência de instrução e julgamento, bem
como das testemunhas ora arroladas e qualificadas, que deverão ser
intimadas a prestarem seus depoimentos.

Valor da causa: R$

Pede deferimento.
(local e data)
(assinatura e n.º da OAB do advogado).

ROL DE TESTEMUNHAS
(nome, qualificação e endereço).

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