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AO JUÍZO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DA COMARCA DE NATAL/RN, A QUEM

COUBER POR DISTRIBUIÇÃO LEGAL

JOSÉ AUGUSTO DA SILVA, brasileiro, solteiro, profissão, inscrito no CPF sob nº


XXX.XXX.XXX-XX, não possui endereço eletrônico, residente e domiciliado na Rua
XXXXXX, nº XX, bairro XXXXXXX, CEP XXXXX-XXX, na cidade de Natal, do Estado
do Rio Grande do Norte/RN, vem por intermédio de seu advogado que ao final assinada
(procuração anexa), com endereço profissional na Rua XXXXXX, nº XX, bairro
XXXXXXX, CEP XXXXX-XXX, na cidade de Natal, respeitosamente perante V. Exa., com
base no art. 319 do CPC, propor a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS

Em face de MARIA JOSÉ GOMES, brasileira, solteira, profissão, inscrito no CPF


sob nº XXX.XXX.XXX-XX, não possui endereço eletrônico, residente e domiciliado na
Rua XXXXXX, nº XX, bairro XXXXXXX, CEP XXXXX-XXX, na cidade de Natal, do
Estado do Rio Grande do Norte/RN, e solidariamente a empresa LOCADORA LTDA,
pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº XXXXXX, com sede na Rua
XXXXXX, nº XX, bairro XXXXXXX, CEP XXXXX-XXX, na cidade de Natal, do Estado
do Rio Grande do Norte/RN, com base nos fatos e direitos expostos a seguir.

I - DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

A parte autora declara que não possui condições de arcar com as custas processuais e
com os honorários sucumbenciais sem sacrifício da sua própria subsistência ou de seus
familiares, vez que se encontra desempregado. Trata-se da necessária observância aos
princípios constitucionais indisponíveis, posto que o indeferimento inviabilizaria o acesso à
justiça e estaria em desconformidade com o princípio constitucional da inafastabilidade ao
acesso à justiça acerto no artigo 5ª, inciso XXXV, da Constituição Federal.

Por preencher o autor os requisitos legais então previstos, vez que pobre na forma da
lei, desde logo suplica que lhe seja concedido os benefícios da Justiça Gratuita, nos termos do
art. 98 do CPC/2015.

Assim, diante o exposto, requer o deferimento dos benefícios da justiça gratuita.

II – DOS FATOS

No dia 28 de agosto de 2023, por volta das 19h00min, a parte autora se dirigia a casa
da sua namorada conduzindo o seu veículo automotor, um I/NISSAM 350Z, placa
XXXXXX, cor preto, quando de foi surpreendido pela batida de outro veículo da mesma
natureza em alta velocidade, um FORD/KA, placa XXXXXX, cor azul, de propriedade da
parte ré, Maria José Gomes.

Embora o acidente não tenha gerado vítimas fatais, os danos materiais foram graves.
O veículo da parte autora teve a traseira do carro completamente destruída, conforme fotos
em anexo. Foi lavrado Boletim de Ocorrência de acidente de trânsito sem vítimas, de acordo
com a documentação anexada.

Após a colisão e realização do Boletim de Ocorrência a parte autora tentou por


diversas vezes entrar em contato com a parte ré para obter a reparação dos danos sofridos,
entretanto, não obteve resposta positiva e compreensiva. A parte ré, declarou ser motorista de
aplicativo UBER e que, no dia do fato, havia alugado o veículo do acidente na Locadora
LTDA, enquanto o seu carro estava na oficina para conserto.

Ademais, a parte ré comunicou que havia sentido dificuldades no freio do veículo


alugado e que havia mencionado para a empresa, mas que não foi interpretado como motivo
suficiente para a não contratação do veículo.

Até o presente momento, a parte autora, vítima do acidente, não teve qualquer
amparo em favor da reparação dos danos causados, se quer alguma demonstração de
arrependimento sincero e desculpas. O valor do conserto é estimado em R$ 21.440,00 (vinte
e um mil quatrocentos e quarenta e quatro reais), conforme orçamento em anexo.
Vale salientar, que a parte autora possui apenas esse veículo automotor e que o utiliza
como transporte para o trabalho e afazeres do dia a dia, tendo em vista que o seu local de
trabalho é, consideravelmente, distante de onde reside atualmente, sendo assim, além dos
prejuízo material evidente, tal situação tornou também inviável a rotina da parte autora.

III – DO DIREITO

De acordo com o dito alhures, a colisão resultou danos materiais à parte autora, tendo
o mesmo feito orçamento na concessionária do seu veículo, o qual estipulou um valor de
R$21.440,00 (vinte e um mil quatrocentos e quarenta e quatro reais). Além disso, em razão
do autor trabalhar em local distante, sendo dependente de seu veículo para comparecer ao
trabalho, o mesmo teve sua rotina prejudicada, além de levar faltas no trabalho pelo período
em que o carro se encontra impossibilitado de trafegar.

Desta feita, percebe-se que o prejuízo causado ao autor, vai além de atingir
unicamente o prejuízo material, em razão de ter ficado exposto a situação constrangedora
com o seu empregador e afazeres cotidianos prejudicados, tendo sua moral abalada. As
consequências do dano causado ao veículo do autor, sem dúvidas, repercutiram além da
esfera material, como também na emocional e psíquica do demandante.

Ademais, se torna evidente o dever do réu em reparar o dano causado, tendo em vista
sendo de sua exclusiva culpa o acidente automobilístico, posto que, de acordo com o CTB:

Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter


domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados
indispensáveis à segurança do trânsito."

Sendo assim, apresenta-se cabalmente demonstrada a responsabilidade do Réu e, como


consequência, o dever de indenizar os danos causados ao autor.

Nesse sentido, o CC/02 estabelece em seu art. 186 que quem, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Isto posto, faz-se mister o dever de reparar o dano causado, conforme preceitua o Art.
927, in verbis:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito ( Arts. 186 e 187 ), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

III.I – DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E OBJETIVA

Por conseguinte, tendo em vista que, conforme dito na exposição dos fatos, o veículo
que provocou o acidente automobilístico ser de propriedade de uma locadora, essa responde
objetivamente e solidariamente pelos danos decorridos, em que pese não ter concorrido com
culpa ou dolo no prejuízo causado, conforme determina o artigo 927, parágrafo único do CC:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de
outrem.

As locadoras de veículos, de acordo com o entendimento jurisprudencial,


desenvolvem atividade de risco, prestando serviços perigosos. Nesse posicionamento que se
encontra a jurisprudência e súmula 492 do Superior Tribunal Federal , conforme se observa a
seguir:

AGRAVO INTERNO. RESPONSABILIDADE CIVIL.


LOCADORA DO VEÍCULO (PROPRIETÁRIA) DIRIGIDO
PELO CAUSADOR DO ACIDENTE E LOCATÁRIO.
RESPONSABILIDADE CIVIL SOLIDÁRIA. SÚMULA 492
DO STF. 1. Em acidente automobilístico, o proprietário do
veículo responde objetiva e solidariamente pelos atos culposos
de terceiro que o conduz, pouco importando que o motorista
não seja seu empregado ou preposto, uma vez que sendo o
automóvel um veículo perigoso, o seu mau uso cria a
responsabilidade pelos danos causados a terceiros. É dizer,
provada a responsabilidade do condutor, o proprietário do
veículo fica solidariamente responsável pela reparação do dano,
como criador do risco para os seus semelhantes. (REsp
577902/DF, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO,
Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 13/06/2006, DJ 28/08/2006) 2. Com
efeito, há responsabilidade solidária da locadora de veículo
pelos danos causados pelo locatário, nos termos da Súmula 492
do STF, pouco importando cláusula eventualmente firmada
pelas partes, no tocante ao contrato de locação. 3. Agravo
interno não provido.

(STJ - AgInt no REsp: 1256697 SP 2011/0078664-3, Relator:


Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento:
16/05/2017, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe
19/05/2017)

Súmula nº 492, que:

A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos


danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado.

Sendo assim, aplica-se a Teoria do Risco, de forma que se reconhece a obrigação


daquele que causar danos a outrem, por ocasião dos perigos inerentes a sua atividade ou
profissão, de reparar o prejuízo, devendo a empresa igualmente responder pelos danos que
eventualmente ocasione a terceiros, independentemente da culpa ou dolo.

V – DOS PEDIDOS

Diante o exposto, requer:

A. Concessão da gratuidade da justiça;

B. Reconhecimento da responsabilidade solidária da Locadora LTDA,];

C. A citação do réu para, querendo, apresentar contestação;

D. A realização da audiência de conciliação;

E. Procedência da ação para que seja declarada a responsabilidade objetiva dos réus.
F. A condenação dos réus ao pagamento do dano moral no valor de R$ 5.000,00 (cinco
mil reais), e ao título dos descontos por falta valor R$ 1.000,00 (hum mil reais).

G. A condenação do réu em honorários sucumbenciais e em custas;

H. Requerer ainda a produção de prova testemunhal e documental.

Protesta provar o alegado por todo o gênero de prova em direito admitido,


notadamente depoimento pessoal da reclamada, através de seu representante legal/preposto,
sob pena de confissão e revelia, inquirição de testemunhas, perícia, vistoria e juntada de
novos documentos, sem exclusão de quaisquer outros.

Requer, se digne V. Exa. de determinar a notificação da reclamada para, querendo, vir


responder aos termos da presente, quando ao final ser julgada procedente, condenando-a no
valor aqui apontado, acrescido de juros e correção monetária, além das custas e demais
cominações legais.

Dá à causa o valor de R$. 27.440,00 (vinte e sete mil quatrocentos e quarenta reais), com
base no art. 291, inciso IV do CPC.

Natal/RN, local e data


Nestes termos,
Pede deferimento

Advogado
OAB/RN

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