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TJPA

PJe - Processo Judicial Eletrônico

04/08/2022

Número: 0868415-73.2021.8.14.0301
Classe: PROCEDIMENTO DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA/DECISÃO
Órgão julgador: Vara do Juizado Especial Cível de Acidentes de Trânsito
Última distribuição : 24/11/2021
Valor da causa: R$ 16.959,75
Assuntos: Indenização por Dano Material, Obrigação de Fazer / Não Fazer
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
PEDRO PAULO DOS SANTOS PASSOS (REPRESENTANTE) LIENNE DAS GRACAS DE SOUZA COSTA (ADVOGADO)
IGOR OLIVEIRA DE AZEVEDO (AUTORIDADE)
UNIDAS S.A. (AUTORIDADE) LEONARDO FIALHO PINTO (ADVOGADO)
ANDRE JACQUES LUCIANO UCHOA COSTA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data Documento Tipo
59765567 10/05/2022 Sentença Sentença
13:41
Processo nº 0868415-73.2021.8.14.0301

SENTENÇA

Vistos, etc ...


O Reclamante afirmou que, no dia 25/09/2021, seu filho conduzia o veículo de sua
propriedade pela Rua dos Caripunas, no cruzamento com a Rua Carlos de Carvalho, quando teve
sua trajetória interceptada pelo veículo conduzido pelo primeiro Reclamado (IGOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO), de propriedade da segunda Reclamada (UNIDAS S.A), após este ignorar sinalização
de parada obrigatória, razão pela qual ajuizou a presente ação pleiteando indenização por danos
materiais no total de R$ 16.959,75.
Devidamente citados, o primeiro Reclamado IGOR OLIVEIRA DE AZEVEDO não
compareceu nas audiências unas designadas nos autos e não apresentou contestação nos autos.

A segunda Reclamada UNIDAS S.A não compareceu na segunda audiência designada


nos autos, porém, apresentou contestação nos autos, onde arguiu, preliminarmente, a
incompetência do juizado especial para apreciar a causa, ante a sua complexidade pela
necessidade de perícia técnica e a sua ilegitimidade para figurar no polo passivo, pois o veículo
estava locado para o primeiro Reclamado. No mérito, arguiu a ausência de prova de culpa pela
ocorrência da colisão e dos danos pleiteados.
É o breve relatório, conforme possibilita o art. 38 da Lei nº 9.099/1995.

Analisando as preliminares arguidas pela segunda Reclamada, decido:

No tocante a incompetência do juizado para julgar lide, em virtude da complexidade da


causa, tal preliminar não merece amparo, uma vez que a causa não se mostra complexa, posto
que há provas capazes de elucidar a culpa pela ocorrência da colisão, tornando desnecessária a
realização de perícia técnica.

Quanto a alegada ilegitimidade da segunda Reclamada (UNIDAS S.A), tal preliminar não
merece acolhida, pois a documentação juntada aos autos demonstra que a Reclamada é
proprietária de um dos veículos envolvidos na colisão, revelando sua legitimidade para figurar no
polo passivo.

Apreciada as preliminares, adentro no mérito:

No caso sub examine, os Reclamados deixaram de comparecer em audiências


designadas nos autos, apesar de devidamente cientificados do ato. Sendo assim, como a Lei dos
Juizados Especiais (Lei nº 9.099/1995) adotou o critério da presença em audiência para a

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configuração do estado de revelia e o comparecimento pessoal das partes à audiência de
conciliação, instrução e julgamento é imperativo e obrigatório, DECRETO A REVELIA dos
Reclamados, conforme preceituado pelos artigos 20 e 23 da Lei nº. 9.099/95 c/c Enunciado 20 do
FONAJE, considerando-se válida a citação postal entregue no endereço do mesmo e recebida
por pessoa identificada, consoante entendimento pacificado pelo Enunciado 05 do FONAJE, a
saber:

ENUNCIADO 5 – A correspondência ou contra-fé recebida no endereço da parte é eficaz para


efeito de citação, desde que identificado o seu recebedor.
ENUNCIADO 20 – O comparecimento pessoal da parte às audiências é obrigatório. A pessoa
jurídica poderá ser representada por preposto.
Diante da revelia e em se tratando de matéria de cunho patrimonial, operam-se os seus
efeitos, consistentes na presunção relativa de veracidade dos fatos contidos na exordial,
havendo possibilidade de julgamento antecipado da lide, nos termos do artigo 353 e 344, do
Código de Processo Civil, bem como do artigo 20 da Lei nº 9.099/95.

Analisando os documentos juntados aos autos, bem como as fotografias, constata-se a


ocorrência de colisão entre os veículos, verificando que a via por onde circulava o veículo da
parte Reclamada tinha sinalização de parada obrigatória.

Constatada a colisão, infere-se que o primeiro Reclamado não observou a sinalização de


parada obrigatória, interceptando a trajetória prioritária do veículo do Reclamante, demonstrando
o desrespeito as normas gerais de circulação e conduta no trânsito, principalmente os arts. 28,
29, II, § 2º 34 do Código de Trânsito Brasileiro, conforme se observa:

Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo,
dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.

Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação


obedecerá às seguintes normas:

(...)

II - o condutor deverá guardar distância de segurança lateral e frontal entre o


seu e os demais veículos, bem como em relação ao bordo da pista,
considerando-se, no momento, a velocidade e as condições do local, da
circulação, do veículo e as condições climáticas;

Art. 34. O condutor que queira executar uma manobra deverá certificar-se
de que pode executá-la sem perigo para os demais usuários da via que o
seguem, precedem ou vão cruzar com ele, considerando sua posição, sua
direção e sua velocidade.

Diante de tais fatos, conclui-se pela culpa direta do primeiro Reclamado e a culpa in
eligendo da segunda Reclamada, respectivamente, nas condições de condutor e proprietária do
veículo causador do sinistro, configurando a responsabilidade solidária entre ambos, consoante
os artigos 186, 927 c/c a Súmula 492 do STF:

186. Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou

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imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

927. Aquele que, por ato ilícito causar dano a outrem, é obrigado a repará-
lo.

Súmula 492 - A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o


locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado.

Reconhecida a responsabilidade solidária das Reclamadas, resta a quantificação da


indenização, que deve se ater as provas dos autos.

Os danos materiais devem se basear pelo orçamento de menor valor (R$ 10.959,75),
sendo este compatível com os danos no veículo e os valores praticados no mercado. Assim, é
devida indenização por danos materiais no valor de R$ 10.959,75 (dez mil, novecentos e
cinquenta e nove reais e setenta e cinco centavos).

Posto isto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido inicial, para condenar,


solidariamente, os Reclamados ao pagamento de R$ 10.959,75 (dez mil, novecentos e
cinquenta e nove reais e setenta e cinco centavos) à título de indenização por danos materiais em
favor do Reclamante, com correção monetária pelo INPC, acrescida de juros moratórios de 1%
(um por cento) ao mês, ambos com incidência a partir da data do evento danoso (25/09/2021),
conforme estabelecido pelas súmulas nº 43 e 54 do STJ. Extingue-se o processo com resolução
do mérito, forte no inciso I do artigo 487 do CPC.

Deixo de apreciar o pedido de gratuidade de justiça, eis que despido de interesse


processual diante da isenção legal nesta instância.

Sem custas ou honorários nesta instância (arts. 54 e 55 da Lei nº 9.099/95).

Transitando em julgado, proceda-se ao cálculo e intime-se a Reclamada para


cumprimento voluntário, através de depósito na Conta única do Poder Judiciário, com abertura de
respectiva subconta, sob pena de multa do art. 523 e § 1º do CPC.

P.R.I.C.

Belém, 10 de Maio de 2022.

MAX NEY DO ROSÁRIO CABRAL

Juiz de Direito

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