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MOSELLOLIMA.COM.BR ANEXOS XX
Recurso Inominado
PROCESSO REF.: 0008496-53.2021.8.05.0103
TRANSPORTE URBANO SÃO MIGUEL DE ILHÉUS LTDA., já qualificada nos autos da “Ação Indenizatória
por Danos Morais” proposta por JANE MARIA OLTRAMARI, também devidamente qualificada,
irresignada com a respeitável sentença, vem, tempestivamente, interpor RECURSO INOMINADO,
o que faz com fulcro no art. 41 da Lei 9.099/95 e nas razões anexas.
Destarte, após as formalidades de praxe, requer seja o presente recurso recebido em seus
efeitos devolutivo e suspensivo, (art. 43 da Lei 9.099/95), remetendo-se os autos Turma
Recursal, que, certamente, dará provimento.
[assinado eletrônicamente]
Leandro Henrique Mosello Lima Marcelo Sena Santos Flávio Roberto dos Santos Aluizio Cunha Baptista
OAB/BA 27.586 OAB/BA 30.007 OAB/BA 33.206 OAB/BA 22.581
OAB/ES 31.883 OAB/MS 22.504
OAB/MG 103.952
A respeitável decisão fustigada, foi prolatada pela ilustre Juíza Substituta 3ª Vara do Sistema
dos Juizados de Ilhéus (Evento 31), julgando parcialmente procedentes os pedidos formulados
na inicial, entendendo pela ocorrência de danos morais em favor da parte Autora, condenando
a Recorrente ao pagamento de indenização nos seguintes termos:
Pelo exposto, e tudo mais que consta dos autos, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O
PEDIDO FORMULADO, para condenar o réu ao pagamento da quantia de R$ 8.221,03 (oito
mil, duzentos e vinte e um reais e três centavos), à autora, a título de indenização por danos
materiais, acrescida de juros de 1% (um por cento) ao mês e correção monetária, pelo INPC, a
partir da data do efetivo desembolso, bem como a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais),
acrescida de juros de 1% ao mês e correção monetária a partir da data da sentença que a fixou..
1. Da tempestividade
Observa-se a publicação da sentença no DJe foi feita no dia 14/07/2022, tendo o cômputo do
prazo iniciado no primeiro dia útil subsequente (regra prevista no CPC/15), logo, excluído os
dias de suspensão de expediente do TJBA, e a interposição de Embargos de Declaração, não
acolhidos pela decisão do Evento 46, temos que o prazo de 10 dias úteis se encerra em
06/02/2023. Devidamente comprovada a tempestividade, passamos a análise das razões.
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Assinado eletronicamente por: LEANDRO HENRIQUE MOSELLO LIMA;
Código de validação do documento: 8b369a9e a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
2. Síntese da inicial
Alega a parte Recorrida que estava conduzindo seu veículo e que havia parado no semáforo.
Quando ele abriu, narra a parte Autora que começou a sair com seu veículo, momento que, o
semáforo apresentou defeito, alterando para cor vermelha, tendo freado abruptamente, sendo
atingida em sua traseira por um ônibus pertencente à empresa Recorrente.
Nesse sentido, a parte Recorrida requer a responsabilização da parte Recorrente, para que
arque com os custos advindos do acidente, no importe de R$8.221,03 (...) a título de danos
materiais, bem como requer a indenização a título de supostos danos morais no valor de R$
10.000,00 (...).
Necessário é, antes mesmo de adentrar no mérito, pontuar que, conforme já versado em sede
defesa, os fatos narrados na inicial não são condizentes com a realidade. Isto porque, não foi a
parte Recorrente quem deu causa a qualquer suposto evento danoso que possivelmente tenha
vitimado a parte Recorrida, como já amplamente acima exposto.
Cumpre destacar que o ônibus possui dimensões e dinâmicas distintas de um veículo menor,
até mesmo pelos passageiros que integram o veículo. Logo, acaso não tivesse procedido como
ocorreu, poderia ter causado lesões.
Ocorre que, como acostado no próprio Registro de Acidente de Trânsito e acima explicitado,
o semáforo se mostrava favorável para a passagem dos veículos:
A versão da recorrida corrobora para a conclusão de que o defeito apresentado pelo semáforo
foi determinante para ocorrência dos fatos, bem como que a manobra inesperada da mesma
ocasionou o acidente em questão.
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Ao contrário do que alega a Recorrida, verificamos que o impacto foi inferior ao que tenta
induzir, pois é possível verificar que após os fatos, a Recorrida andava e falava normalmente,
tanto que gravou vídeos sem qualquer problema. Logo, não se verifica qualquer desorientação,
como a Recorrida quer induzir este Juízo.
Em que pese a parte Recorrida, ao exercer seu direito de ação, tenha tentado adaptar aos fatos
para que pudessem lhe atender da melhor forma, verificamos, a partir do seu próprio relato,
constante no Registro de Acidente de Trânsito nº 68289/21, de que existe um fator em comum
e determinante: o semáforo quebrado.
A falta de sinalização semafórica apta, por si só, já deve ser considerada causa ou concausa à
produção dos eventos danosos na medida em que, se tratando de os veículos foram induzidos
a erro. O CTB prevê, no art. 24, inc. III, que compete aos órgãos e entidades executivos de
trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição, implantar, manter e operar o sistema
de sinalização, os dispositivos e os equipamentos de controle viário. Ocorre que, como acima
descrito, não pairam dúvidas de que a sinaleira apresentava defeitos, ensejando a
responsabilidade do Município.
Logo, não é crível dizer que a Recorrida tenha sofrido qualquer dano face a ato comissivo ou
omissivo praticado pela Recorrente, pois se é que a Recorrida sofreu qualquer dano, o que se
admite por mera suposição, este dano se deu em detrimento eventos que caracterizam
excludentes de responsabilidade, qual seja, a culpa exclusiva e o fato de terceiro, conforme já
amplamente exposto em sede de defesa.
Assim, não há que se falar em falha de prestação de serviços, pois, em verdade, inexistiu ato
comissivo ou omissivo, praticado com dolo ou culpa pela Recorrente, capaz de gerar qualquer
dano material ou imaterial à Recorrida, tratando-se o caso dos autos de excludentes de
responsabilidade.
Portanto, resta nítido que a Recorrente jamais praticou qualquer ato comissivo ou omissivo
capaz de gerar danos a Recorrida de natureza material ou imaterial. A Recorrida movimenta o
sistema judiciário em busca de enriquecimento sem causa. Logo, requer seja reformada a
sentença do Juízo ‘a quo’. É o que se requer
Data máxima vênia, no caso em apreço, deixou o MM. Juiz a quo de observar as regras basilares
do direito que sustentam toda a sistemática da prestação equânime da tutela jurisdicional.
Assim, a guerreada sentença deve ser reformada, apenas na parte objeto do presente recurso.
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4.1. Inadequação ao princípio da persuasão racional
Ocorre que, o Juízo de piso não julgou a presente lide com base nas provas trazidas nos autos.
Ao contrário do que narra a sentença, não restou verificada a ocorrência dos fatos nos exatos
termos relatados pelo Autor, ora Recorrido. Inverso disto, ficou comprovado que os fatos se
desenrolaram conforme os relatos da contestação.
Ora, a nobre sentença impugnada não leva em consideração que o fator determinante para a
ocorrência do acidente foi o semáforo não funcionar de forma adequada, conforme relatado
na própria inicial e no boletim de ocorrência que consta nos autos.
Ademais, a sentença sequer menciona este fato em sua fundamentação. Como é cediço, uma
vez apresentados argumentos e fontes para sustentar a tese da ilegitimidade passiva, é papel
do órgão jurisdicional indicar de maneira fundamentada as razões para o não acolhimento das
teses da Recorrente.
Trata-se de ordem constitucional prevista no art. 93, inc. IX, da CRFB/88 e levada ao CPC/15
por meio da previsão contida no art. 11, caput, e do art. 489, §1º, estes, traduzem o dever de o
Magistrado motivar os seus atos, sendo obrigatória a tarefa de exteriorização das razões do seu
decidir, com a demonstração concreta do raciocínio fático e jurídico que desenvolveu para
chegar às conclusões contidas na decisão, no caso sub judice, é a indicação dos argumentos
para que o levaram a rechaçar a fundamentação apresentada;
Deve o magistrado, ao proferir decisão em processo, ter zelo de enfrentar todos os argumentos
deduzidos no processo, sob risco de que a decisão por ele prolatada seja considerada não
fundamentada (art. 487, §1º, inc. IV, do CPC/15), também se considera não fundamentada uma
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decisão judicial na qual o juiz se limita à indicação de ato normativo sem explicar a sua relação
com a causa (art. 487, §1º, inc. I, do CPC/15).
Dessa forma, imperioso se faz a reforma da sentença do juízo a quo, haja vista que se limitou
em sua decisão a rechaçar a preliminar de ilegitimidade passiva arguida pela Recorrente, sem
tecer maiores comentários sobre o porquê de seu entendimento, se limitando a indicar que é
responsabilidade da Transporte Urbano São Miguel De Ilhéus Ltda. arcar com os danos
decorrentes de um acidente que desde o início fora atribuído, pela própria Recorrida, ao
fortuito defeito do semáforo.
Como acima descrito, não pairam dúvidas de que a sinaleira apresentava defeitos no momento
do acidente em questão, ensejando a responsabilidade do Município. A jurisprudência é
pacífica em reconhecer a responsabilidade do município pelos eventos danosos:
Assim sendo, verifica-se que jurisprudência é uníssona, não merecendo prosperar a presente
ação uma vez que não ocorreu produção de prova mínima para alegação da responsabilidade
da Recorrente pelo acidente.
Tudo quanto exposto, necessária a reforma da sentença em questão, vez que, negligenciou as
provas trazidas pela Recorrente, além de atribuir comprovações não trazidas pelo Recorrido.
Logo, requer, seja reformada a sentença do Juízo ‘a quo’, para que se reconheça a
improcedência do quanto constante nos pedidos da inicial, em especial o de reparação a título
de dano moral. É o que se requer.
Lado outro, é até dispensáveis maiores delongas para demonstrar que não tem fundamento a
postulação autoral.
Como é cediço, da dicção do art. 186 do Código Civil Brasileiro flui a responsabilidade civil
(isto é, dever de indenizar o dano alheio). Este nasce do ato ilícito, ou seja, aquele praticado
por alguém que contravém os ditames da ordem jurídica, ofendendo o direito alheio causando
assim lesão ao respectivo titular deste. Logo, sem que haja comprovação de prejuízo, ou que
este tenha sido causado por ato ilícito do agente, não há que se cogitar de reparação do dano,
seja material ou moral.
Por isto, lecionando sobre o assunto, o professor Caio Mário da Silva Pereira1, averbou:
1
Responsabilidade Civil, 2ª ed. Forense, pág. 38
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E mais, concluiu o ilustre Mestre:
Para se cogitar da reparação do dano, nos termos pleiteados pela parte Autora, segundo a
lição sempre presente de Clóvis Bevilaqua2, o ato ilícito tem que representar:
Logo, requer, seja reformada a sentença do Juízo ‘a quo’, para que se reconheça a
improcedência do quanto constante nos pedidos da inicial, em especial o de reparação a título
de dano moral. É o que se requer.
No caso em apreço, o Autor produz precárias provas que fundamentam seus pedidos, que
sequer demonstram a extensão dos danos causados, ou mesmo a filmagem que alega possuir.
Tal fato se apresenta em total desconformidade com o art. 434, do CPC: “Incumbe à parte
instruir a petição inicial ou a contestação com os documentos destinados a provar suas
alegações”.
2
Código Civil Brasileiro Comentado, 12ª ed. Vol. I, pág. 343
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O ônus da prova é do Autor, não havendo qualquer providência da Empresa que pudesse
ocasionar uma possível redistribuição processual probatória. Logo, não existe documento
juntado com a inicial que aponte a culpa da parte Recorrente para embasar qualquer
condenação à reparação civil:
APELAÇÃO CÍVEL. Ação de Indenização por Danos Materiais cumulada com Lucros Cessantes.
Acidente de Trânsito. Semáforo quebrado. Sentença de Improcedência. Ausência de provas
da existência de culpa dos Réus. Inconformismo. Não acolhimento. Autora não logrou êxito em
comprovar os fatos e fundamentos de seu direito. Inteligência do artigo 333, inciso I do Código
de Processo Civil. Conjunto probatório acostado aos Autos insuficiente para demonstrar a
culpa dos Requeridos pelo acidente ocorrido. Sentença mantida. RECURSO NÃO PROVIDO.
(TJ-SP - APL: 01015876620088260008 SP 0101587-66.2008.8.26.0008, Relator: Penna
Machado, Data de Julgamento: 22/01/2014, 30ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 22/01/2014) APELAÇÃO – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER – (...) Ausência de
qualquer prova a demonstrar as alegações do autor (...) O autor não se desincumbiu do ônus
de provar os fatos constitutivos de seu direito (art. 373, inc. I, do NCPC) – Sentença de
improcedência mantida – Negado provimento. (TJ-SP. APL. 0003088-32.2010.8.26.0152,
Relator: Hugo Crepaldi, Data de Julgamento: 30/03/2016, 25ª Câmara de Direito Privado.
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Diante disso, não se pode falar na ocorrência de acidente de consumo, mas de acidente de
trânsito a ser regido pelos artigos 186 e 927 do Código Civil, cuja distribuição do ônus da prova
deve observar o disposto no art. 373 do CPC, cabendo à parte Recorrida se desincumbir do
ônus de provar os fatos alegados como constitutivos de seu direito, o que não ocorreu no
presente caso. Esse é o entendimento da jurisprudência pátria em casos análogos. Veja-se:
Assim, não é demais anotar: exatamente ao contrário do que noticia a inicial, não ocorreu
qualquer dano, pois, a parte Recorrida não fez prova dos direitos constitutivos. Por tudo isto,
não há que se falar em nenhuma indenização devida pelo Recorrente. Logo, requer que seja
reformada a sentença Juízo ‘a quo’, para que se reconheça a improcedência do quanto
constante nos pedidos da inicial.
Excelências, com base em tudo que foi exposição no tópico acima, é nítida a inexistência de
dano na presente lide, é perceptível que a Recorrente jamais praticou qualquer ato omissivo
ou comissivo contra a Recorrida, tampouco, ato capaz de gerar dano passível de reparação.
Logo, fica afastada a obrigação de indenizar a parte Recorrida pelos prejuízos por ela alegados
e não comprovados nos autos, não devendo, pois, serem levados inconteste, vez que, as
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alegações trazidas na inicial possuem apenas o condão de locupletar-se financeiramente às
custas da Recorrente.
Ora, não é crível dizer que a Recorrente deu causa ao referido acidente, pois vinha na sua mão,
em velocidade permitida e compatível com o local. Inclusive, sequer poderia desenvolver
velocidade alta, pois estava parado em semáforo e a Recorrida que não tomou as precauções
necessárias.
Ocorre que, como amplamente demonstrado, o único fator determinante para a ocorrência
dos fatos foi o semáforo não funcionar de forma adequada. Então, o que se constata na
realidade é a ocorrência do fato de terceiro. Nos dizeres do Professor Cristiano Chaves, dá-se
a interrupção do nexo causal, na medida em que não é a conduta do ofensor a causa necessária
à produção dos danos.
Basta que a conduta do terceiro, no caso, o município de Ilhéus, seja a causa necessária para o
dano, para que se exclua a obrigação de indenizar do aparente responsável, independente da
aferição da licitude ou ilicitude do agir do terceiro.
Nesse sentido, não bastasse a quebra do semáforo, a Recorrida admite que freou de forma
abrupta, por causa do defeito no semáforo, de modo que corroborou para que o acidente
ocorresse. Ocorre que, como acima descrito, não pairam dúvidas de que a sinaleira
apresentava defeitos, ensejando a responsabilidade do Município. Nesse sentido:
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Portanto, inexistente nexo de causalidade entre a conduta da parte Recorrente e o fato danoso,
não podendo falar em sua responsabilidade de reparação pelos danos materiais e/ou morais
supostamente experimentados pela Recorrida.
Assim, requer que seja julgada improcedente a referida ação, vez que, ao contrário do que fora
fundamentado na sentença de primeiro grau, inexistiu qualquer dano praticado pela
Recorrente que justificasse qualquer indenização, seja a qual título for, por dano moral ou
material. É o que se requer.
Como já se afirmou, sem a prova do dano, não há o que reparar. Aquele para ser recomposto
deve ser efetivamente definido e minuciosamente demonstrado, o que, "vênia permissa", não
ocorre nestes autos.
Ademais, o comprovante serve como meio de prova para comprovar o efetivo pagamento e
custeio da reparação, ou seja, não havendo redução patrimonial cabalmente demonstrado
pela Recorrida vinculado aos fatos, não há que se falar em dever indenizatório a título de dano
material emergente.
A repetição aqui se faz mais uma vez necessária, para que haja condenação em danos morais
é preciso comprovar que o dano foi causado por ato daquele que irá arcar com o encargo de
reparação, assim, necessário frisar que não há nenhum elemento nos autos que traduz
qualquer conduta ilícita por parte da Recorrente.
Colenda Turma, no caso em tela, resta evidente que não há qualquer tipo de ofensa à honra, à
imagem, à moral ou a psique da Recorrida, portanto, sem que o prejuízo tenha sido causado
por ato ilícito do agente, não há que se cogitar reparação do dano, seja material ou moral.
Como dito alhures, a parte Recorrida não comprovou que a Recorrente não agiu em prol de
mitigar os efeitos dos fatos causados por terceiros, o que ensejaria sua responsabilidade, em
verdade, nem ao menos trouxe no escopo de suas alegações elementos que levantassem
possibilidade de direito algum à reparação, visto que a culpa de terceiro exclui a sua
responsabilidade.
“Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de
bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, intimidade, a
imagem, o bom nome etc., como se infere dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal, e
que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação” (GONCALVES, 2009,
p.359).
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Neste sentido, pacífica é a jurisprudência pátria:
A bem da verdade, conforme tem sido amplamente discutido na mídia nacional e nos tribunais,
o Judiciário deve posicionar-se com firmeza contra a incipiente “indústria” do dano moral.
Afinal, já é hora de se ter um pouco mais de respeito com os operadores do direito. Nesse
diapasão têm reiterado a jurisprudência pátria:
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DEMANDADA INEXISTÊNTE. DANO MORAL E MATERIAL NÃO CONFIGURADOS.
IMPROCEDENCIA DOS PEDIDOS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (Processo nº
0004723-43.2019.8.05.0079– Quarta Turma Recursal do Tribunal de Justiça da Bahia).
Também, como já demonstrado, à vista dos princípios que sustentam o nosso ordenamento
positivo, especificamente no que tange à seara da processualística, compete ao autor provar
que é detentor personalíssimo do direito e o ato ilícito e o dano, o que in casu não ocorreu.
Ante a situação descrita, verifica-se, de pronto, que o propósito da Recorrida com a presente
demanda é única e exclusivamente em levar vantagem pecuniária, utilizando-se do judiciário
para receber incabível indenização, o que não se pode dar vazão.
Sendo assim, pelos fatos acostados na exordial, caso constatado qualquer ato ilícito praticado
pela Recorrente, conclui-se que suposto mau sentimento enfrentado pela Recorrida, consistiu
somente em mero aborrecimento, isto é, transtornos comuns à vida cotidiana, os quais não
possuem o condão de ensejar o surgimento do dano moral.
Excelências, com base em tudo que foi exposição no tópico acima, é nítida a inexistência de
dano moral na presente lide, é perceptível que a Recorrente jamais praticou qualquer ato
omissivo ou comissivo contra a Recorrida, tampouco, ato capaz de gerar dano passível de
reparação.
Ora, não pode o quantum indenizatório por dano moral ser atribuído sem comprovação
mínima da própria existência do fato danoso, compactuar com isso seria o mesmo que
fomentar a já mencionada e tão criticada “indústria do dano moral”. Em verdade, no caso dos
autos, é claro a existência do mero aborrecimento já que os fatos aconteceram por ocorrência
de fortuito externo.
Ad argumentandum, ainda que por hipótese, que não acredita irá acontecer, se vislumbre a
ocorrência de dano moral no caso em tela, a condenação deve ser reformada por ser,
indubitavelmente, superior ao que corresponde a proporcionalidade e razoabilidade.
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O valor da condenação da parte Recorrente, diante dos fatos narrados, caracteriza
enriquecimento injustificado e convolação da presente lide em generosa fonte de riqueza, visto
que representa valor muito superior ao piso aplicado por esta Turma, por exemplo.
Pois bem. Não pairam dúvidas que a indenização por dano moral é estritamente em caráter
compensatório, realçando a necessidade de serem observados os critérios da
proporcionalidade e razoabilidade na apuração do quantum devido.
Contudo, ad cautelam, caso esta Egrégia Turma vislumbre a ocorrência de danos morais nesta
querela, apesar de todas as evidências em contrário exaustivamente demonstradas, ainda
assim, o valor fixado deve seguir os princípios citados na atual jurisprudência sobre o tema.
Neste diapasão, reiteradas vezes, o Superior Tribunal de Justiça decidiu:
Para evitar especulações desonestas, conta-se sempre com o bom-senso dos Juízes, que
haverão de rejeitar pedidos e arbitrar com recomendável moderação o montante da reparação
(STJ, RE 6852, Min. Eduardo Ribeiro)”.
Pelo exposto, requer a Recorrente o acolhimento de sua tese subsidiária, para que, em eventual
manutenção da condenação, esta seja reformada para melhor se enquadrar nos moldes
apresentados pelos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, evitando-se assim o
enriquecimento sem causa da Recorrida às expensas da Recorrente, e assim, sendo arbitrado
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em valor não superior ao praticado no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Desde já, é o
que se requer.
5. Conclusão/Requerimentos.
Isto posto, Egrégia Turma, pelas razões postas cima, e por tudo mais que dos autos consta,
requer:
c) Caso não seja este o entendimento, requer de forma subsidiaria no que diz respeito à
reparação por dano material, que seja reconhecida a análise da culpa concorrente, cabendo
cada parte arcar com seus respectivos danos;
d) Requer ainda que seja reformada em parte a sentença de primeiro grau, para que seja
minorado o valor da condenação à título de dano moral;
f) que das intimações e publicações relativas a estes autos, sejam feitas exclusivamente em
nome do advogado LEANDRO HENRIQUE MOSELLO LIMA - OAB/BA 27.586 e OAB/MG 103.952,
sob pena de nulidade.
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