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LAUDAS 16

MOSELLOLIMA.COM.BR ANEXOS XX

Ao Juízo da 3ª Vara do Sistema dos Juizados da Comarca de Ilhéus - BAHIA

Recurso Inominado
PROCESSO REF.: 0008496-53.2021.8.05.0103

TRANSPORTE URBANO SÃO MIGUEL DE ILHÉUS LTDA., já qualificada nos autos da “Ação Indenizatória
por Danos Morais” proposta por JANE MARIA OLTRAMARI, também devidamente qualificada,
irresignada com a respeitável sentença, vem, tempestivamente, interpor RECURSO INOMINADO,
o que faz com fulcro no art. 41 da Lei 9.099/95 e nas razões anexas.

Destarte, após as formalidades de praxe, requer seja o presente recurso recebido em seus
efeitos devolutivo e suspensivo, (art. 43 da Lei 9.099/95), remetendo-se os autos Turma
Recursal, que, certamente, dará provimento.

Nestes termos, requer deferimento.


Ilhéus/BA, 3 de fevereiro de 2023

[assinado eletrônicamente]
Leandro Henrique Mosello Lima Marcelo Sena Santos Flávio Roberto dos Santos Aluizio Cunha Baptista
OAB/BA 27.586 OAB/BA 30.007 OAB/BA 33.206 OAB/BA 22.581
OAB/ES 31.883 OAB/MS 22.504
OAB/MG 103.952

Lorena Faria Batista Eduardo Amorim Rodrigues


OAB/BA 50.952 OAB/BA 66.627

Assinado eletronicamente por: LEANDRO HENRIQUE MOSELLO LIMA;


Código de validação do documento: 8b369a9e a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
EGRÉGIA TURMA RECURSAL DE SALVADOR - BAHIA

RAZÕES DE RECURSO INOMINADO

RECORRENTE: TRANSPORTE URBANO SAO MIGUEL DE ILHEUS LTDA


RECORRIDO: JANE MARIA OLTRAMAR.
PROCESSO: 0008496-53.2021.8.05.0103

Egrégia Turma Recursal do Juizado Especial Cível do Estado de Ilhéus

A respeitável decisão fustigada, foi prolatada pela ilustre Juíza Substituta 3ª Vara do Sistema
dos Juizados de Ilhéus (Evento 31), julgando parcialmente procedentes os pedidos formulados
na inicial, entendendo pela ocorrência de danos morais em favor da parte Autora, condenando
a Recorrente ao pagamento de indenização nos seguintes termos:

Pelo exposto, e tudo mais que consta dos autos, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O
PEDIDO FORMULADO, para condenar o réu ao pagamento da quantia de R$ 8.221,03 (oito
mil, duzentos e vinte e um reais e três centavos), à autora, a título de indenização por danos
materiais, acrescida de juros de 1% (um por cento) ao mês e correção monetária, pelo INPC, a
partir da data do efetivo desembolso, bem como a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais),
acrescida de juros de 1% ao mês e correção monetária a partir da data da sentença que a fixou..

A aludida decisão desafia, contundentemente, a legislação substantiva, a prova dos autos, o


direito e jurisprudência dominante dos tribunais, merecendo ser reformada por este Egrégia
Turma Recursal ‘ad quem’.

1. Da tempestividade

O presente recurso encontra-se tempestivo e em conformidade com a norma contida no art.


42, caput, da Lei nº 9.099/95, o qual prevê expressamente o prazo de 10 dias úteis para
interposição do recurso, contados a partir da ciência da parte dos termos da sentença que será
combatida.

Observa-se a publicação da sentença no DJe foi feita no dia 14/07/2022, tendo o cômputo do
prazo iniciado no primeiro dia útil subsequente (regra prevista no CPC/15), logo, excluído os
dias de suspensão de expediente do TJBA, e a interposição de Embargos de Declaração, não
acolhidos pela decisão do Evento 46, temos que o prazo de 10 dias úteis se encerra em
06/02/2023. Devidamente comprovada a tempestividade, passamos a análise das razões.

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2. Síntese da inicial

Alega a parte Recorrida que estava conduzindo seu veículo e que havia parado no semáforo.
Quando ele abriu, narra a parte Autora que começou a sair com seu veículo, momento que, o
semáforo apresentou defeito, alterando para cor vermelha, tendo freado abruptamente, sendo
atingida em sua traseira por um ônibus pertencente à empresa Recorrente.

Nesse sentido, a parte Recorrida requer a responsabilização da parte Recorrente, para que
arque com os custos advindos do acidente, no importe de R$8.221,03 (...) a título de danos
materiais, bem como requer a indenização a título de supostos danos morais no valor de R$
10.000,00 (...).

3. Da realidade dos fatos

Necessário é, antes mesmo de adentrar no mérito, pontuar que, conforme já versado em sede
defesa, os fatos narrados na inicial não são condizentes com a realidade. Isto porque, não foi a
parte Recorrente quem deu causa a qualquer suposto evento danoso que possivelmente tenha
vitimado a parte Recorrida, como já amplamente acima exposto.

Ao contrário, o veículo conduzido pela Recorrente, trafegava normalmente, em velocidade


compatível com o trecho e atendendo a sinalização constante no momento, em especial, ao
semáforo que apresentara à sua frente, quando foi surpreendido pelo veículo conduzido pela
parte recorrida, que freou de forma imprudente na via e, mesmo aplicando a direção defensiva,
não foi possível evitar a colisão.

Cumpre destacar que o ônibus possui dimensões e dinâmicas distintas de um veículo menor,
até mesmo pelos passageiros que integram o veículo. Logo, acaso não tivesse procedido como
ocorreu, poderia ter causado lesões.

Ocorre que, como acostado no próprio Registro de Acidente de Trânsito e acima explicitado,
o semáforo se mostrava favorável para a passagem dos veículos:

A versão da recorrida corrobora para a conclusão de que o defeito apresentado pelo semáforo
foi determinante para ocorrência dos fatos, bem como que a manobra inesperada da mesma
ocasionou o acidente em questão.

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Ao contrário do que alega a Recorrida, verificamos que o impacto foi inferior ao que tenta
induzir, pois é possível verificar que após os fatos, a Recorrida andava e falava normalmente,
tanto que gravou vídeos sem qualquer problema. Logo, não se verifica qualquer desorientação,
como a Recorrida quer induzir este Juízo.

Em que pese a parte Recorrida, ao exercer seu direito de ação, tenha tentado adaptar aos fatos
para que pudessem lhe atender da melhor forma, verificamos, a partir do seu próprio relato,
constante no Registro de Acidente de Trânsito nº 68289/21, de que existe um fator em comum
e determinante: o semáforo quebrado.

A falta de sinalização semafórica apta, por si só, já deve ser considerada causa ou concausa à
produção dos eventos danosos na medida em que, se tratando de os veículos foram induzidos
a erro. O CTB prevê, no art. 24, inc. III, que compete aos órgãos e entidades executivos de
trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição, implantar, manter e operar o sistema
de sinalização, os dispositivos e os equipamentos de controle viário. Ocorre que, como acima
descrito, não pairam dúvidas de que a sinaleira apresentava defeitos, ensejando a
responsabilidade do Município.

Logo, não é crível dizer que a Recorrida tenha sofrido qualquer dano face a ato comissivo ou
omissivo praticado pela Recorrente, pois se é que a Recorrida sofreu qualquer dano, o que se
admite por mera suposição, este dano se deu em detrimento eventos que caracterizam
excludentes de responsabilidade, qual seja, a culpa exclusiva e o fato de terceiro, conforme já
amplamente exposto em sede de defesa.

Assim, não há que se falar em falha de prestação de serviços, pois, em verdade, inexistiu ato
comissivo ou omissivo, praticado com dolo ou culpa pela Recorrente, capaz de gerar qualquer
dano material ou imaterial à Recorrida, tratando-se o caso dos autos de excludentes de
responsabilidade.

Portanto, resta nítido que a Recorrente jamais praticou qualquer ato comissivo ou omissivo
capaz de gerar danos a Recorrida de natureza material ou imaterial. A Recorrida movimenta o
sistema judiciário em busca de enriquecimento sem causa. Logo, requer seja reformada a
sentença do Juízo ‘a quo’. É o que se requer

4. Da sentença contrária ao direito e às provas dos autos

Data máxima vênia, no caso em apreço, deixou o MM. Juiz a quo de observar as regras basilares
do direito que sustentam toda a sistemática da prestação equânime da tutela jurisdicional.
Assim, a guerreada sentença deve ser reformada, apenas na parte objeto do presente recurso.
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4.1. Inadequação ao princípio da persuasão racional

Ocorre que, o Juízo de piso não julgou a presente lide com base nas provas trazidas nos autos.
Ao contrário do que narra a sentença, não restou verificada a ocorrência dos fatos nos exatos
termos relatados pelo Autor, ora Recorrido. Inverso disto, ficou comprovado que os fatos se
desenrolaram conforme os relatos da contestação.

Cabe destacar os seguintes trechos da decisão a quo:

“Alega a parte acionante que, devido à chuva, o trânsito apresentava congestionamento. Em


decorrência disso, após a movimentação de poucos metros na via, foi surpreendido com a
colisão do veículo do acionado na parte traseira do seu automóvel. Pois bem.
Como se sabe, na colisão traseira existe uma presunção de culpa e para elidir deve haver uma
prova plena em sentido contrário, e no presente caso, isto não ocorreu. Demais disso, ainda
que o semáforo estivesse defeituoso, ao réu incumbia observar a distância mínima para o
veículo da parte autora.”

Ora, a nobre sentença impugnada não leva em consideração que o fator determinante para a
ocorrência do acidente foi o semáforo não funcionar de forma adequada, conforme relatado
na própria inicial e no boletim de ocorrência que consta nos autos.

Ademais, a sentença sequer menciona este fato em sua fundamentação. Como é cediço, uma
vez apresentados argumentos e fontes para sustentar a tese da ilegitimidade passiva, é papel
do órgão jurisdicional indicar de maneira fundamentada as razões para o não acolhimento das
teses da Recorrente.

Trata-se de ordem constitucional prevista no art. 93, inc. IX, da CRFB/88 e levada ao CPC/15
por meio da previsão contida no art. 11, caput, e do art. 489, §1º, estes, traduzem o dever de o
Magistrado motivar os seus atos, sendo obrigatória a tarefa de exteriorização das razões do seu
decidir, com a demonstração concreta do raciocínio fático e jurídico que desenvolveu para
chegar às conclusões contidas na decisão, no caso sub judice, é a indicação dos argumentos
para que o levaram a rechaçar a fundamentação apresentada;

Deve o magistrado, ao proferir decisão em processo, ter zelo de enfrentar todos os argumentos
deduzidos no processo, sob risco de que a decisão por ele prolatada seja considerada não
fundamentada (art. 487, §1º, inc. IV, do CPC/15), também se considera não fundamentada uma

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decisão judicial na qual o juiz se limita à indicação de ato normativo sem explicar a sua relação
com a causa (art. 487, §1º, inc. I, do CPC/15).

Dessa forma, imperioso se faz a reforma da sentença do juízo a quo, haja vista que se limitou
em sua decisão a rechaçar a preliminar de ilegitimidade passiva arguida pela Recorrente, sem
tecer maiores comentários sobre o porquê de seu entendimento, se limitando a indicar que é
responsabilidade da Transporte Urbano São Miguel De Ilhéus Ltda. arcar com os danos
decorrentes de um acidente que desde o início fora atribuído, pela própria Recorrida, ao
fortuito defeito do semáforo.

Como acima descrito, não pairam dúvidas de que a sinaleira apresentava defeitos no momento
do acidente em questão, ensejando a responsabilidade do Município. A jurisprudência é
pacífica em reconhecer a responsabilidade do município pelos eventos danosos:

CIVIL. INDENIZATÓRIA. ACIDENTE DE TRÂNSITO. DEFEITO NO SEMÁFORO.


RESPONSABILIDADE DO MUNICÍPIO. JURISPRUDÊNCIA. CULPA CONCORRENTE.
CONFIGURAÇÃO. NÃO PROVIMENTO. I - A jurisprudência firmou entendimento que, em caso
de acidente de trânsito, decorrente de falha na sinaleira, a responsabilidade pelo evento
danoso é do Município. II - A teor do artigo 945 do Código Civil, havendo culpa concorrente
das partes no sinistro, cada uma delas responde pelos próprios prejuízos. III - Da análise das
provas, constantes nos autos, em especial o depoimento das testemunhas e a ocorrência
policial, verifica-se que o acidente decorreu do defeito do semáforo e das condutas
negligentes de ambas as partes, caracterizando, assim, a culpa concorrente. RECURSO NÃO
PROVIDO. (Classe: Apelação, Número do Processo: 0504338-68.2016.8.05.0103, Relator(a):
HELOISA PINTO DE FREITAS VIEIRA GRADDI, Publicado em: 28/11/2018)

"APELAÇÃO CÍVEL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA.


AFASTADA. RESPONSABILIDADE IMPUTADA AO MUNICÍPIO EM RAZÃO DA EXISTÊNCIA DE
DEFEITO NO SEMÁFORO INSTALADO EM CRUZAMENTO ONDE OCORRIDA A COLISÃO.
FALHA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DEMONSTRADA. RESPONSABILIDAD E
SUBSIDIÁRIA CONFIGURADA. AUSÊNCIA DE PROVA DE QUALQUER DAS HIPÓTESES DE
ROMPIMENTO DO NEXO CAUSAL. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. APELO IMPROVIDO.
DECISÃO UNÂNIME. 1 — Afasta -se, de início, a preliminar de ilegitimidade passiva, pois o
Município, assim como a CTTU tem o dever legal de zelar pela organização e fiscalização do
trânsito dentro do seu território. 2 — Quando o tema diz respeito a faute du service, tem sido
adotada a chamada teoria da culpa do serviço público, ou seja, quando o dano não decorreu
de ato comissivo, mas sim de omissão do poder público, não se aplica a regra da
responsabilidade objetiva. Nessas situações, é preciso que fique demonstrada a culpa da
pessoa política, de modo que reste caracterizado o nexo de causalidade entre o fato ocorrido
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e a omissão municipal, consoante o disposto no art. 186 do Código Civil. 3 — Com efeito, de
acordo com o conjunto probatório carreado aos autos, observa -se que é devida a indenização
pleiteada de forma subsidiária, conforme explanado na sentença, consistindo a culpa da
Edilidade no fato de não ter promovido o adequado monitoramento e reparo de suas vias
públicas, concorrendo com esta omissão para os danos ao munícipe. 4 — Apelo improvido à
unanimidade de votos." (realcei) (TJ -PE — APL: 4383100 PE, Relator: José Ivo de Paula
Guimarães, Data de Julgamento: 16/06/2016, r Câmara de Direito Público, Data de Publicação:
11/07/2016)

Assim sendo, verifica-se que jurisprudência é uníssona, não merecendo prosperar a presente
ação uma vez que não ocorreu produção de prova mínima para alegação da responsabilidade
da Recorrente pelo acidente.

Tudo quanto exposto, necessária a reforma da sentença em questão, vez que, negligenciou as
provas trazidas pela Recorrente, além de atribuir comprovações não trazidas pelo Recorrido.
Logo, requer, seja reformada a sentença do Juízo ‘a quo’, para que se reconheça a
improcedência do quanto constante nos pedidos da inicial, em especial o de reparação a título
de dano moral. É o que se requer.

4.2. Requisitos da responsabilidade civil

Lado outro, é até dispensáveis maiores delongas para demonstrar que não tem fundamento a
postulação autoral.

Como é cediço, da dicção do art. 186 do Código Civil Brasileiro flui a responsabilidade civil
(isto é, dever de indenizar o dano alheio). Este nasce do ato ilícito, ou seja, aquele praticado
por alguém que contravém os ditames da ordem jurídica, ofendendo o direito alheio causando
assim lesão ao respectivo titular deste. Logo, sem que haja comprovação de prejuízo, ou que
este tenha sido causado por ato ilícito do agente, não há que se cogitar de reparação do dano,
seja material ou moral.

Por isto, lecionando sobre o assunto, o professor Caio Mário da Silva Pereira1, averbou:

“o âmago da responsabilidade está na pessoa do agente e seu comportamento contrário ao


direito.”

1
Responsabilidade Civil, 2ª ed. Forense, pág. 38

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E mais, concluiu o ilustre Mestre:

“a responsabilidade civil assenta no princípio fundamental da culpa. (ob. sit., pág.39)

Para se cogitar da reparação do dano, nos termos pleiteados pela parte Autora, segundo a
lição sempre presente de Clóvis Bevilaqua2, o ato ilícito tem que representar:

“a violação do direito ou dano causado a outrem por dolo ou culpa.”

A responsabilidade civil ainda exige a tríplice concorrência: o prejuízo da vítima; o ato do


agente (que independe de dolo ou culpa); e o nexo de causalidade (entre o dano e a conduta
do agente). Destarte, não basta a suposta existência de ato danoso e um prejuízo. Impõe-se
que entre esses dois elementos ocorra o liame do nexo causal, o que não se corrobora nesta
demanda no que tange a Recorrente.

Assim, em outras palavras, para se configurar o dever de indenizar é indispensável que o


prejuízo da vítima seja comprovado e tenha sido efeito direto de ato da Recorrente, fato sequer
comprovado pela parte Recorrida, mas a quem cabe o ônus da prova, sendo certa mais uma
vez a improcedência da demanda.

Logo, requer, seja reformada a sentença do Juízo ‘a quo’, para que se reconheça a
improcedência do quanto constante nos pedidos da inicial, em especial o de reparação a título
de dano moral. É o que se requer.

4.3. Lastro probatório mínimo – ônus da prova do autor – impossibilidade de inversão do


ônus da prova – não aplicação do CDC

No caso em apreço, o Autor produz precárias provas que fundamentam seus pedidos, que
sequer demonstram a extensão dos danos causados, ou mesmo a filmagem que alega possuir.

Tal fato se apresenta em total desconformidade com o art. 434, do CPC: “Incumbe à parte
instruir a petição inicial ou a contestação com os documentos destinados a provar suas
alegações”.

2
Código Civil Brasileiro Comentado, 12ª ed. Vol. I, pág. 343

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O ônus da prova é do Autor, não havendo qualquer providência da Empresa que pudesse
ocasionar uma possível redistribuição processual probatória. Logo, não existe documento
juntado com a inicial que aponte a culpa da parte Recorrente para embasar qualquer
condenação à reparação civil:

RECURSO nº: 0017637-26.2014.8.19.0209 Recorrente (s): RODRIGO MUNIZ MOLLER


Recorrido (a): VIA PARQUE SHOPPING CENTER e outro Sessão: 12/01/2015 VOTO Presentes
os pressupostos recursais, conheço do recurso. No mérito, entendo que a sentença, data venia,
deve ser reformada [...]. Por fim, importa consignar que o Boletim de Ocorrência lavrado em
sede policial não é capaz de fazer emergir a responsabilidade da parte ré, já que somente
espelha a narrativa unilateral do autor sobre os fatos ... Todavia esta prerrogativa não exime
aquele a quem alega a comprovação, ainda que minimamente, dos fatos constitutivos de seu
direito, em decorrência à norma do artigo 333, inciso I, do Código de Processo Civil. A par do
exposto, encaminho meu voto no sentido de dar provimento ao recurso do réu e, avançando
na análise do mérito, julgar improcedente o pedido. Sem ônus por se tratar de recurso com
êxito. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CONSELHO RECURSAL (TJ-RJ - RI: 00176372620148190209 RJ 0017637-26.2014.8.19.0209,
Relator: MARCOS ANTONIO RIBEIRO DE MOURA BRITO, Segunda Turma Recursal, Data de
Publicação: 27/01/2015 00:00)

Todos os documentos acostados com a exordial, se mostram na verdade imprestáveis como


meio de prova. Inclusive, não comprovam a culpa da Recorrente pelos supostos danos
alegados, tampouco tenha dado causa ao evento danoso noticiado e não comprovado pelo
Autor. Exatamente ao contrário do que noticia a inicial, a Recorrente não ocasionou o acidente
sobre o qual versam os autos. Logo, não há como prevalecer a ilusória alegação contida na
exordial:

APELAÇÃO CÍVEL. Ação de Indenização por Danos Materiais cumulada com Lucros Cessantes.
Acidente de Trânsito. Semáforo quebrado. Sentença de Improcedência. Ausência de provas
da existência de culpa dos Réus. Inconformismo. Não acolhimento. Autora não logrou êxito em
comprovar os fatos e fundamentos de seu direito. Inteligência do artigo 333, inciso I do Código
de Processo Civil. Conjunto probatório acostado aos Autos insuficiente para demonstrar a
culpa dos Requeridos pelo acidente ocorrido. Sentença mantida. RECURSO NÃO PROVIDO.
(TJ-SP - APL: 01015876620088260008 SP 0101587-66.2008.8.26.0008, Relator: Penna
Machado, Data de Julgamento: 22/01/2014, 30ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 22/01/2014) APELAÇÃO – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER – (...) Ausência de
qualquer prova a demonstrar as alegações do autor (...) O autor não se desincumbiu do ônus
de provar os fatos constitutivos de seu direito (art. 373, inc. I, do NCPC) – Sentença de
improcedência mantida – Negado provimento. (TJ-SP. APL. 0003088-32.2010.8.26.0152,
Relator: Hugo Crepaldi, Data de Julgamento: 30/03/2016, 25ª Câmara de Direito Privado.
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Diante disso, não se pode falar na ocorrência de acidente de consumo, mas de acidente de
trânsito a ser regido pelos artigos 186 e 927 do Código Civil, cuja distribuição do ônus da prova
deve observar o disposto no art. 373 do CPC, cabendo à parte Recorrida se desincumbir do
ônus de provar os fatos alegados como constitutivos de seu direito, o que não ocorreu no
presente caso. Esse é o entendimento da jurisprudência pátria em casos análogos. Veja-se:

AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO INDENIZATÓRIA – ACIDENTE DE TRÂNSITO –


INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – RELAÇÃO DE CONSUMO
NÃO VERIFICADA, NEM MESMO POR EQUIPARAÇÃO – ACIDENTE DE CONSUMO NÃO
CARACTERIZADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – CASO A SER REGIDO PELOS ARTIGOS 186
E 927 DO CÓDIGO CIVIL – MANUTENÇÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO CONFORME O ART. 373,
DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.AGRAVO DE
INSTRUMENTO NÃO PROVIDO. (TJPR - 8ª C. Cível - 0030926-11.2021.8.16.0000 - Cambé -
Rel.: DESEMBARGADOR GILBERTO FERREIRA - J. 30.09.2021) (TJ-PR - AI:
00309261120218160000 Cambé 0030926-11.2021.8.16.0000 (Acórdão), Relator: Gilberto
Ferreira, Data de Julgamento: 30/09/2021, 8ª Câmara Cível, Data de Publicação: 01/10/2021)

Assim, não é demais anotar: exatamente ao contrário do que noticia a inicial, não ocorreu
qualquer dano, pois, a parte Recorrida não fez prova dos direitos constitutivos. Por tudo isto,
não há que se falar em nenhuma indenização devida pelo Recorrente. Logo, requer que seja
reformada a sentença Juízo ‘a quo’, para que se reconheça a improcedência do quanto
constante nos pedidos da inicial.

4.4. Excludentes de responsabilidade – fato de terceiro – comprovada a responsabilidade


de manutenção da via pelo Município de Ilhéus – culpa exclusiva da Autora concomitante

Excelências, com base em tudo que foi exposição no tópico acima, é nítida a inexistência de
dano na presente lide, é perceptível que a Recorrente jamais praticou qualquer ato omissivo
ou comissivo contra a Recorrida, tampouco, ato capaz de gerar dano passível de reparação.

O nexo de causalidade é um dos requisitos que caracterizam a responsabilidade civil entre o


direito pleiteado e a culpabilidade do agente causador, alguns fatos podem romper o nexo
causal e, por consequência, excluir a responsabilidade do agente, e mesmo diante da
responsabilidade objetiva, é imprescindível que seja observado o nexo de causalidade entre a
ação e o dano.

Logo, fica afastada a obrigação de indenizar a parte Recorrida pelos prejuízos por ela alegados
e não comprovados nos autos, não devendo, pois, serem levados inconteste, vez que, as

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alegações trazidas na inicial possuem apenas o condão de locupletar-se financeiramente às
custas da Recorrente.

Ora, não é crível dizer que a Recorrente deu causa ao referido acidente, pois vinha na sua mão,
em velocidade permitida e compatível com o local. Inclusive, sequer poderia desenvolver
velocidade alta, pois estava parado em semáforo e a Recorrida que não tomou as precauções
necessárias.

Ocorre que, como amplamente demonstrado, o único fator determinante para a ocorrência
dos fatos foi o semáforo não funcionar de forma adequada. Então, o que se constata na
realidade é a ocorrência do fato de terceiro. Nos dizeres do Professor Cristiano Chaves, dá-se
a interrupção do nexo causal, na medida em que não é a conduta do ofensor a causa necessária
à produção dos danos.

Basta que a conduta do terceiro, no caso, o município de Ilhéus, seja a causa necessária para o
dano, para que se exclua a obrigação de indenizar do aparente responsável, independente da
aferição da licitude ou ilicitude do agir do terceiro.

Nesse sentido, não bastasse a quebra do semáforo, a Recorrida admite que freou de forma
abrupta, por causa do defeito no semáforo, de modo que corroborou para que o acidente
ocorresse. Ocorre que, como acima descrito, não pairam dúvidas de que a sinaleira
apresentava defeitos, ensejando a responsabilidade do Município. Nesse sentido:

APELAÇÃO CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR ATO OMISSIVO DE PRESTADORA DE


SERVIÇO PÚBLICO. (...) ACIDENTE DE TRÂNSITO. AVERIGUAÇÃO DA RESPONSABILIDADE
SUBJETIVA. FALHA NO SERVIÇO, DANO E NEXO DE CAUSALIDADE COMPROVADOS.
EXISTÊNCIA DE DEFEITO NA SINALIZAÇÃO. SEMÁFORO QUEBRADO. ACIDENTE CAUSADO
POR OMISSÃO DO ENTE PÚBLICO. IMPOSIÇÃO DO DEVER DE INDENIZAR. MANUTENÇÃO
DA SENTENÇA QUE SE IMPÕEM. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJ-RN - AC:
20160100873 RN, Relator: Desembargador Expedito Ferreira., Data de Julgamento:
06/10/2016, 1ª Câmara Cível)

Acidente de trânsito - Ação indenizatória e pedido contraposto - Versões conflitantes -


Cruzamento em local com semáforo quebrado - Direito de preferência de passagem da viatura
não absoluto - Necessidade de cautela - Prova testemunhal contraditória - Culpa de nenhum
dos envolvidos evidenciada - Apelo improvido. (TJ-SP - APL: 00217228220108260053 SP
0021722-82.2010.8.26.0053, Relator: Vianna Cotrim, Data de Julgamento: 30/07/2014, 26ª
Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 31/07/2014)

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Portanto, inexistente nexo de causalidade entre a conduta da parte Recorrente e o fato danoso,
não podendo falar em sua responsabilidade de reparação pelos danos materiais e/ou morais
supostamente experimentados pela Recorrida.

Assim, requer que seja julgada improcedente a referida ação, vez que, ao contrário do que fora
fundamentado na sentença de primeiro grau, inexistiu qualquer dano praticado pela
Recorrente que justificasse qualquer indenização, seja a qual título for, por dano moral ou
material. É o que se requer.

4.5. Dano moral e material – inexistência do dever de indenizar

Como já se afirmou, sem a prova do dano, não há o que reparar. Aquele para ser recomposto
deve ser efetivamente definido e minuciosamente demonstrado, o que, "vênia permissa", não
ocorre nestes autos.

‘Ad Argumentandum’, é de conhecimento deste Juízo que, nas indenizações decorrentes de


acidente de trânsito deve restar cabalmente demonstrado o prejuízo e o nexo de causalidade,
contudo, no que tange o dano material, não existe nos autos comprovação de que o suposto
dano apresentado tenha sido decorrente do suposto abalroamento, mesmo porque, não há
comprovação de que os danos apontados decorreram efetivamente do suposto acidente.

Ora, as avarias apontadas poderiam facilmente já preexistirem antes do suposto evento


narrado pela parte Recorrida, não tendo qualquer prova da incolumidade do veículo antes da
data narrada na inicial. Assim, não há dano material a ser imposto a Recorrente, diante da
inexistência de comprovação de que eles tenham ocorrido na data, no local e circunstâncias
apontadas na inicial. Cabe ressaltar que não existe a juntada de qualquer comprovante de
pagamento.

Ademais, o comprovante serve como meio de prova para comprovar o efetivo pagamento e
custeio da reparação, ou seja, não havendo redução patrimonial cabalmente demonstrado
pela Recorrida vinculado aos fatos, não há que se falar em dever indenizatório a título de dano
material emergente.

Neste sentido, entende ainda a melhor jurisprudência:

DANOS MATERIAIS - REVELIA DOS RÉUS - NÃO APRESENTAÇÃO DE ORÇAMENTOS


IDÔNEOS - PRAZO PARA JUNTAR ORÇAMENTOS - NÃO ATENDIMENTO - PEDIDO
JULGADO IMPROCEDENTE. OS RÉUS NÃO COMPARECERAM À AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO
E JULGAMENTO, SENDO-LHES DECRETADA A REVELIA, ENTRETANTO, NÃO OBSTANTE A
REVELIA, FOI FIXADO PRAZO PARA JUNTADA DE ORÇAMENTOS DE FIRMAS
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ESPECIALIZADAS A DEMONSTRAR A REAL EXTENSÃO DOS DANOS SOFRIDOS PELO
VEÍCULO E O VALOR NECESSÁRIO PARA O SEU REPARO. DECORREU O PRAZO FIXADO E
OS ORÇAMENTOS NÃO FORAM APRESENTADOS, CONSEQÜENTEMENTE, HOUVE A
IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO PORQUE A REVELIA NÃO CONDUZ, NECESSARIAMENTE, À
PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. ISSO PODE OCORRER EM VIRTUDE DOS FATOS NÃO
CONDUZIREM ÀS CONSEQÜÊNCIAS JURÍDICAS PRETENDIDA OU EVIDENCIAR-SE EXISTIR
ALGUM FATO A OBSTAR QUE AQUELAS SE VERIFIQUEM, NO CASO, A FALTA DE
ORÇAMENTOS IDÔNEOS. (TJ-DF - ACJ: 20010110908950 DF, Relator: VILMAR JOSÉ
BARRETO PINHEIRO, Data de Julgamento: 27/06/2003, Primeira Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do D.F., Data de Publicação: DJU 08/09/2003 Pág.: 30)

A repetição aqui se faz mais uma vez necessária, para que haja condenação em danos morais
é preciso comprovar que o dano foi causado por ato daquele que irá arcar com o encargo de
reparação, assim, necessário frisar que não há nenhum elemento nos autos que traduz
qualquer conduta ilícita por parte da Recorrente.

Colenda Turma, no caso em tela, resta evidente que não há qualquer tipo de ofensa à honra, à
imagem, à moral ou a psique da Recorrida, portanto, sem que o prejuízo tenha sido causado
por ato ilícito do agente, não há que se cogitar reparação do dano, seja material ou moral.

Como dito alhures, a parte Recorrida não comprovou que a Recorrente não agiu em prol de
mitigar os efeitos dos fatos causados por terceiros, o que ensejaria sua responsabilidade, em
verdade, nem ao menos trouxe no escopo de suas alegações elementos que levantassem
possibilidade de direito algum à reparação, visto que a culpa de terceiro exclui a sua
responsabilidade.

O doutrinador Carlos Roberto Gonçalves, ao conceituar o dano moral assevera que:

“Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de
bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, intimidade, a
imagem, o bom nome etc., como se infere dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal, e
que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação” (GONCALVES, 2009,
p.359).

Assim, em outras palavras, para se configurar o dever de indenizar é indispensável que o


prejuízo da vítima seja comprovado e que tenha sido efeito direto de ato da Recorrente,
cabendo a Recorrida trazer provas suficientes do nexo causalidade. Fica evidenciado que a
Recorrida não tem prova alguma para embasar seu pleito, ainda assim, o juízo reconheceu
direito a reparação.

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Neste sentido, pacífica é a jurisprudência pátria:

RECURSO - APELAÇÃO - DANOS MORAIS - Não caracterização. Ausência de comprovação do


dano moral e do nexo de causalidade. Mero dissabor decorrente de fatos da vida hodierna.
Não há que se falar em sofrimento intenso ou humilhação de modo a ensejar dano moral
indenizável. Da forma como restou comprovado nos autos não houve correlação entre o ato
praticado pelo Apelado e a ocorrência de utilização em excesso do limite bancário concedido
ao Apelante. Cobrança de negócio jurídico não aperfeiçoado. SENTENÇA MANTIDA
INTEGRALMENTE - RECURSO IMPROVIDO. (TJ-SP - APL: 7291262200 SP, Relator: Eduardo
Almeida Prado Rocha de Siqueira, Data de Julgamento: 17/12/2008, 37ª Câmaras de Direito
Privado, Data de Publicação: 22/01/2009).

A bem da verdade, conforme tem sido amplamente discutido na mídia nacional e nos tribunais,
o Judiciário deve posicionar-se com firmeza contra a incipiente “indústria” do dano moral.
Afinal, já é hora de se ter um pouco mais de respeito com os operadores do direito. Nesse
diapasão têm reiterado a jurisprudência pátria:

EMENTA: DANOS MORAIS - DANO E NEXO DE CAUSALIDADE - AUSÊNCIA DE


COMPROVAÇÃO - OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR NÃO CARACTERIZADA. Ausentes a prova do
dano e o nexo de causalidade, elementos essenciais para caracterização da responsabilidade
de indenizar pela apelante, o pedido deve ser julgado improcedente... No entanto,
compulsando os autos, vislumbro que não conseguiu o apelado comprovar a existência do
dano e do nexo causal que tenha ocasionado graves prejuízos, o que vale dizer, tenha causado
o suposto constrangimento moral como relata a inicial. (TJMG - 1.0024.01.010223-4/001(1).
Relator: MOTA E SILVA. Publicação: 14/12/2005)

RECURSO INOMINADO. CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE PREENCHIDAS. DIREITO DO


CONSUMIDOR. TRANSPORTE DE PASSAGEIRO. VIAGEM RODOVIÁRIA DE PÉ. AUSENTES
ELEMENTOS MÍNIMOS A LASTREAR A TESE AUTORAL. AUTOR NÃO FAZ PROVA DOS FATOS
CONSTITUTIVOS DOS SEUS DIREITOS. INOBSERVÂNCIA DO ART. 373, I, DO CPC/2015.
FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO NÃO COMPROVADA. DANO
MORALDESCARACTERIZADO. SENTENÇA REFORMADA PARA JULGAR A QUEIXA
IMPROCEDENTE. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (Processo nº 0008564-
42.2017.8.05.0103 -4ª Turma Recursal dos Juizados Especiais da Bahia)

RECURSO INOMINADO. TRANSPORTE TERRESTRE. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO


MORAL. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE ASSENTOS DISPONIVEIS. SENTENÇA QUE JULGOU
PROCEDENTES EM PARTES OS PEDIDOS. CONJUNTO PROBATÓRIO QUE NÃO FAVORECE
A TESE DA PARTE CONSUMIDORA. INEXISTÊNCIA DE ATO ILÍCITO. RESPONSABILIDADE DA

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DEMANDADA INEXISTÊNTE. DANO MORAL E MATERIAL NÃO CONFIGURADOS.
IMPROCEDENCIA DOS PEDIDOS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (Processo nº
0004723-43.2019.8.05.0079– Quarta Turma Recursal do Tribunal de Justiça da Bahia).

Também, como já demonstrado, à vista dos princípios que sustentam o nosso ordenamento
positivo, especificamente no que tange à seara da processualística, compete ao autor provar
que é detentor personalíssimo do direito e o ato ilícito e o dano, o que in casu não ocorreu.

Ante a situação descrita, verifica-se, de pronto, que o propósito da Recorrida com a presente
demanda é única e exclusivamente em levar vantagem pecuniária, utilizando-se do judiciário
para receber incabível indenização, o que não se pode dar vazão.

Sendo assim, pelos fatos acostados na exordial, caso constatado qualquer ato ilícito praticado
pela Recorrente, conclui-se que suposto mau sentimento enfrentado pela Recorrida, consistiu
somente em mero aborrecimento, isto é, transtornos comuns à vida cotidiana, os quais não
possuem o condão de ensejar o surgimento do dano moral.

Destarte, como exaustivamente demonstrado não há que se falar em reparação de danos, ou


seja, requer seja reformada a sentença recorrida, de modo que seja reconhecida a
improcedência do pedido autoral. É o que se requer.

4.6. Do quantum indenizatório e dos motivos para sua reforma

Excelências, com base em tudo que foi exposição no tópico acima, é nítida a inexistência de
dano moral na presente lide, é perceptível que a Recorrente jamais praticou qualquer ato
omissivo ou comissivo contra a Recorrida, tampouco, ato capaz de gerar dano passível de
reparação.

Ora, não pode o quantum indenizatório por dano moral ser atribuído sem comprovação
mínima da própria existência do fato danoso, compactuar com isso seria o mesmo que
fomentar a já mencionada e tão criticada “indústria do dano moral”. Em verdade, no caso dos
autos, é claro a existência do mero aborrecimento já que os fatos aconteceram por ocorrência
de fortuito externo.

Ad argumentandum, ainda que por hipótese, que não acredita irá acontecer, se vislumbre a
ocorrência de dano moral no caso em tela, a condenação deve ser reformada por ser,
indubitavelmente, superior ao que corresponde a proporcionalidade e razoabilidade.

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O valor da condenação da parte Recorrente, diante dos fatos narrados, caracteriza
enriquecimento injustificado e convolação da presente lide em generosa fonte de riqueza, visto
que representa valor muito superior ao piso aplicado por esta Turma, por exemplo.

Pois bem. Não pairam dúvidas que a indenização por dano moral é estritamente em caráter
compensatório, realçando a necessidade de serem observados os critérios da
proporcionalidade e razoabilidade na apuração do quantum devido.

Na fixação do dano moral, deve-se levar em conta critérios de proporcionalidade e


razoabilidade, pois, como é cediço, na realidade, o instituto da responsabilidade civil por dano
moral tem se desmoralizado dia a dia, à vista dos desvios de enfoque, do desregramento
específico e do abandono aos princípios e preceitos de Direito.

Sobre o tema, colhe-se da jurisprudência do Excelso Superior Tribunal de Justiça o seguinte


acórdão, relatado pelo culto MINISTRO BARROS MONTEIRO:

“O Juiz, ao apreciar o caso concreto submetido a exame, fará a entrega da prestação


jurisdicional de forma livre e consciente, à luz das provas que forem produzidas. Verificará o
prejuízo sofrido pela vítima, a intensidade da culpa e os demais fatores concorrentes para a
fixação do dano, haja vista que costumeiramente a regra do direito pode se revestir de
flexibilidade para dar a cada um o que é seu. Ainda é de ter-se presente que o anteprojeto do
Código das Obrigações de 1941 (Orozimbo Nonato, Hahnemann Guimarães, Philadelpho
Azevedo) recomendava que a indenização por dano moral deveria ser “moderadamente
arbitrada”. Essa moderação tem por finalidade evitar a perspectiva do lucro fácil e generoso,
enfim, o locupletamento indevido”. (RSTJ nº 34,pág. 292).

Contudo, ad cautelam, caso esta Egrégia Turma vislumbre a ocorrência de danos morais nesta
querela, apesar de todas as evidências em contrário exaustivamente demonstradas, ainda
assim, o valor fixado deve seguir os princípios citados na atual jurisprudência sobre o tema.
Neste diapasão, reiteradas vezes, o Superior Tribunal de Justiça decidiu:

Para evitar especulações desonestas, conta-se sempre com o bom-senso dos Juízes, que
haverão de rejeitar pedidos e arbitrar com recomendável moderação o montante da reparação
(STJ, RE 6852, Min. Eduardo Ribeiro)”.

Pelo exposto, requer a Recorrente o acolhimento de sua tese subsidiária, para que, em eventual
manutenção da condenação, esta seja reformada para melhor se enquadrar nos moldes
apresentados pelos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, evitando-se assim o
enriquecimento sem causa da Recorrida às expensas da Recorrente, e assim, sendo arbitrado

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em valor não superior ao praticado no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Desde já, é o
que se requer.

5. Conclusão/Requerimentos.

Isto posto, Egrégia Turma, pelas razões postas cima, e por tudo mais que dos autos consta,
requer:

a) Seja conhecido e processado o presente recurso.

b) Requer a reforma da sentença de primeiro grau no quanto tratado no presente recurso,


reformando a sentença, para o fim de serem julgados in totum improcedentes os pedidos
formulados na inicial;

c) Caso não seja este o entendimento, requer de forma subsidiaria no que diz respeito à
reparação por dano material, que seja reconhecida a análise da culpa concorrente, cabendo
cada parte arcar com seus respectivos danos;

d) Requer ainda que seja reformada em parte a sentença de primeiro grau, para que seja
minorado o valor da condenação à título de dano moral;

e) Seja a parte Recorrida condenada ao pagamento de custas processuais e honorários


advocatícios;

f) que das intimações e publicações relativas a estes autos, sejam feitas exclusivamente em
nome do advogado LEANDRO HENRIQUE MOSELLO LIMA - OAB/BA 27.586 e OAB/MG 103.952,
sob pena de nulidade.

Nestes termos, requer deferimento.


Salvador/BA, 3 de fevereiro de 2023.

[assinado eletrônicamente]
Leandro Henrique Mosello Lima Marcelo Sena Santos Flávio Roberto dos Santos Aluizio Cunha Baptista
OAB/BA 27.586 OAB/BA 30.007 OAB/BA 33.206 OAB/BA 22.581
OAB/ES 31.883 OAB/MS 22.504
OAB/MG 103.952

Lorena Faria Batista Eduardo Amorim Rodrigues


OAB/BA 50.952 OAB/BA 66.627

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