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AO JUÍZO DE DIREITO DA 3ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAMPINAS

– SP.

GABRIEL TOLEDO já qualificado nos autos da AÇÃO ORDINÁRIA,


nº 0245664-24.2022.8.26.0023 que move contra GRU AIRPORTS e TAM S.A.,
perante este juízo, por intermédio de advogado, ao final assinado, vem respeitosamente
à presença de Vossa Excelência apresenta as:

CONTRARRAZÕES

Ao Recurso de Apelação interposto pelas Rés na forma que segue em anexo


para que o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo delas conheça quanto do
julgamento do Recurso.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Umuarama – Pr. Aos 26 dias do mês de Fevereiro de 2023

Wellington Kogien da Silva


OAB: 00207023

_______________________________
EGRÉGIA __ CÂMARA CÍVIL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE
SÃO PAULO

Juízo da 3ª Vara Civil de Campinas

Autos de Ação Ordinário nº 0245664-24.2022.8.26.0023

Apelante: GRU AIRPORTS e TAM S/A

Apelado: GABRIEL TOLEDO

CONTRARRAZÕES DO RECURSO DE APELAÇÃO

Ínclitos Julgadores

I – SÍNTESE DA DECISÃO E DA APELAÇÃO:

O juízo a quo julgou parcialmente procedente os pedidos da inicial, se


pronunciando pela parcial procedência dos pedidos da petição inicial, declarando a
responsabilidade civil solidária das Rés pelo inadimplemento contratual, condenando as
Rés ao pagamento de indenização por dano material, das custas processuais e dos
honorários sucumbenciais arbitrados por equidade, nos moldes do artigo 85 § 8º do CPC
no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais). Não entanto o juízo a quo rejeitou o pedido de
indenização por dano moral, pois entendeu que estava ausente o referido dano.

Inconformadas com a sentença as Rés agora Apelantes impetraram com


Recurso de Apelação Cível arguindo a reforma integral da sentença apresentando nas
suas razões recursais, exatamente as mesmas matérias que estavam presentes nas
contestações, como a alegação de subjetividade na responsabilidade civil das Apelantes,
bem como a ausência de qualquer conduta culposa imputável às Apelantes e ainda a
alegação de que não houve nexo causal, pois a causa do sumiço do cão do Autor agora
Apelado, foi a própria conduta do animal que ao forçar a gaiola de transporte causou o
seu desaparecimento.

II – PRELIMINARES:

II.1 – INTEMPESTIVIDADE:

As Apelantes foram intimadas da decisão a qual recorreram no dia 02 (dois)


de janeiro de 2023(dois mil e vinte e três), e interpuser recurso em 24 (vinte e quatro) de
janeiro de 2023 (dois mil e vinte e três), ou seja 1 (dia) depois de ter escoado o prazo
cabível em Lei para que o recurso pudesse ser impetrado conforme artigo 1003 § 5º do
CPC.

Dessa forma tal recurso não deve ser conhecido conforme entendimento do
próprio Tribunal de Justiça de São Paulo:

APELAÇÃO. Inexigibilidade de cobrança.


Intempestividade verificada. Observância do artigo
1.003, § 5º, do Código de Processo Civil. Recurso não
conhecido.

(TJSP; Apelação Cível 1049267-20.2020.8.26.0002;


Relator (a): Heitor Luiz Ferreira do Amparo; Órgão
Julgador: 12ª Câmara de Direito Privado; Foro
Regional II - Santo Amaro - 12ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 21/10/2022; Data de Registro: 21/10/2022)

Conforme a ementa acima, o recurso que não está em conformidade com o


prazo processual estabelecido no 1003 § 5º do CPC não deve ser conhecido. Nestes
casos cabe ao próprio relator não conhecer o recurso conforme artigo 932 inciso III do
CPC pois o mesmo é inadmissível.

Assim sendo, requer que o recurso não seja conhecido por ser intempestivo.

II.2 – DA AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPESIFICA:

No recurso de apelação impetrado pelas Apelantes observa-se que as


mesmas alegaram na fase recursal exatamente o que está sendo alegado nas
contestações. Observa-se que as mesmas não impugnaram de maneira especifica a
decisão do juízo de origem.

Pelo princípio da dialeticidade, cabe ao recorrente impugnar as razões


lançadas na decisão atacada, buscando demonstrar a existência de erro in procedendo ou
in judicando, a merecer a declaração de nulidade da decisão ou novo julgamento da
causa. Dessa forme, conforme o princípio da dialeticidade o recurso das Apelantes não
preenche um requisito básico e conforme o artigo 932 inciso III o mesmo não deve ser
conhecido por não impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida.

Assim como é entendido pelo próprio Tribunal de Justiça de São Paulo:

Apelação. Dívida prescrita incluída na plataforma


"Acordo Certo". Razões de apelação que não atacam
especificamente os fundamentos da sentença.
Descumprimento do ônus da impugnação específica.
Art. 932, inciso III, do CPC. Violação ao princípio da
dialeticidade. Recurso não conhecido.

(TJSP; Apelação Cível 1005109-85.2022.8.26.0008;


Relator (a): Luis Fernando Camargo de Barros Vidal;
Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Privado; Foro
Regional VIII - Tatuapé - 4ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 20/10/2022; Data de Registro: 20/10/2022)
O não respeito ao princípio da dialeticidade resulta no não conhecimento do
recurso, o que ocorre de maneira escancarada no recuso impetrado pelas Apelantes.

Diante do exposto requer que o recurso de apelação não seja conhecido por
haver ausência do princípio da dialeticidade.

III – DO MÉRITO:

A pretensão das Apelantes em reformar a sentença não merece prosperar


visto que as alegações das mesmas para tal não encontra embasamento nos fatos já
amplamente provados.

A alegação da existência de uma suposta responsabilidade subjetiva das


mesma diante dos fatos ocorridos com o cão do Apelado são totalmente infundadas e
não Ao condizem com a realidade.

observamos o artigo 734 do Código Civil podemos ver claramente que:

Art. 734. O transportador responde pelos danos


causados às pessoas transportadas e suas bagagens,
salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer
cláusula excludente da responsabilidade.

Como a Lei deixa claro, salvo os motivos de força maior, o que não é o
caso, o transportador sempre responderá pelos danos causados às pessoas transportadas
e a suas bagagens, o que vale para o cão que acompanhava o Apelado e que foi tratado
como bagagem pelas Apelantes. Como fica claro, não estamos tratando uma
responsabilidade subjetiva, mas sim de uma responsabilidade objetiva

As Apelantes alegam também que não se pode falar em culpa sobre as


condutas das mesmas, porém, mais uma vez, tal alegação não está condizentes com os
fatos já provados.

O Sr. MARIANO FLORES, repórter, conversou com um funcionário do


setor de cargas e o mesmo lhe confessou que viu pelas câmeras de segurança vários
funcionários da GRU e da TAM/SA no mais completo descaso ao verem o cão do
Apelado passeando pelo aeroporto.

O Sr. ALEXANDRE GAULÊS, gerente da TAM/SA, deixou mais do que


claro que a gaiola na qual o cão do Apelado foi colocado foi fechada inadequadamente e
que tal falha foi a responsável direta pela fuga do cão do Apelado. Já o Sr. FERNANDO
ALVARENGA, funcionário de bagagens e cargas ressaltou que bem se lembra do
estado deplorável que se encontrava a gaiola de transporte na qual o cão do Apelado foi
colocado, que o plástico já estava de desfazendo e cheio de rachaduras.

O Sr. Perito deixo claríssimo que o que as testemunhas afirmaram a


respeito da gaiola para transportar o cão do Apelado estava de fato completamente
rachada e se desfazendo e que por encontra-se nesse estado nem foi necessário romper
alguma trava de segurança pois a mesma se desfez e por isso o cão do Apelado fugiu.

E ainda é válido ressaltar-se, que mesmo que as Apelantes não tivessem


culpa, o que não é caso pois claramente as mesmas possuem culpa sim pelo trágico
acontecimento com o cão do Apelado o Código de Defesa do Consumidor não exige tal
presidente para que as Apelantes sejam responsabilizadas, é o que declara o seu artigo
14:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.

Dessa forma é totalmente descabida a alegação por parte das Apelantes de


haver ausência de condutas culposas por parte das mesmas, primeiro porque há sim
inúmeras condutas culposas por parte das mesas como já demonstrado no processo, e
segundo que na relação de fornecedor de serviços e consumidor, a culpa não é um
requisito indispensável para a responsabilidade por parte dos fornecedores.

E por fim, a alegação das Apelantes que não há nexo causar entre as
condutas das mesmas e o sumiço do cão do Apelado, é mais uma vez descabida e está
em desconformidade com a realidade dos fatos já apresentados.
Afinal, como vimos no depoimento do Sr. ALEXANDRE GAULÊS,
gerente da TAM/SA, já citado, a gaiola do cão do Apelado foi fechada de forma
incorreta e foi justamente isso que possibilitou o sumiço do mesmo, essa afirmação
também foi posteriormente comprovada pelo senhor perito já citado também.

Ainda é valido ressaltar que a conduta do cão não deve, de forma alguma,
ser alegada ou entendida como sendo a causadora do seu próprio sumiço, pois estamos a
falar de um animal irracional, movido por seus instintos e não pela razão, que colocado
em uma gaiola inevitavelmente tentaria escapar da mesma vista a sua total incapacidade
de compreender o que estava a acontecer, e é justamente por isso, que as gaiolas de
transporte animal dever ser adequadas para evitar-se fugas, pois tentativas, por parte dos
animais, de rompe-las, devem ser obviamente esperadas.

Assim sendo, requer que a decisão recorrida seja imutável.

Isto posto requer:

a – Acolher a preliminar arguida para não conhecer do Recurso de


Apelação por ser intempestivo e por violar o princípio da dialeticidade.

b – No mérito, negar o provimento ao Recurso de Apelação confirmando a


respectiva decisão recorrida por seus princípios jurídicos fundamentados, devendo
majorar os honorários advocatícios de sucumbência fixados pelo juízo a quo, haja visto
o trabalho adicional realizado em grau de recurso nos termos do artigo 85 § 11 do CPC.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Umuarama – Pr. Aos 26 dias do mês de Fevereiro de 2023

Wellington Kogien da Silva

OAB/PR – 00207023

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