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EMENTA
ACÓRDÃO
Documento: 1186302 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 29/10/2012 Página 2 de 13
Superior Tribunal de Justiça
RELATÓRIO
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Superior Tribunal de Justiça
os danos proporcionados em função de sua desídia, ao não cuidar de comprovar a
idoneidade da pessoa que utilizou o cartão da reclamante.
Ao final, pugna pela procedência da reclamação a fim de que seja
reconhecido o dever do ora interessado de reparar os danos materiais e morais
perpetrados. Solicita, ainda, a fixação destes por parte desta Corte.
Às fls. 147-149, indeferi a liminar, por não verificar a presença do periculum
in mora .
O órgão reclamado ofereceu informações às fls. 157-159 e o banco
interessado manifestou-se às fls. 165-180.
O Ministério Público Federal, em parecer da lavra do ilustre
Subprocurador-Geral da República Dr. Durval Tadeu Guimarães, opinou pela
procedência da reclamação (fls. 182-184).
É o relatório.
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Superior Tribunal de Justiça
EMENTA
VOTO
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Superior Tribunal de Justiça
Não basta, portanto, que o fato de terceiro seja inevitável para excluir a
responsabilidade do fornecedor, é indispensável que seja também
imprevisível . Nesse sentido, é notório o fato de que furtos e roubos de talões
de cheques passaram a ser prática corriqueira nos dias atuais. Assim, a
instituição financeira, ao desempenhar suas atividades, tem ciência dos
riscos da guarda e do transporte dos talões de cheques de clientes, havendo
previsibilidade quanto à possibilidade de ocorrência de furtos e roubos de
malotes do banco; em que pese haver imprevisibilidade em relação a qual (ou
quais) malote será roubado.
Aliás, o roubo de talões de cheques é, na verdade, um caso fortuito interno ,
que não rompe o nexo causal, ou seja, não elide o dever de indenizar, pois é
um fato que se liga à organização da empresa; relaciona-se com os riscos da
própria atividade desenvolvida. (cfr. Paulo de Tarso Vieira Sanseverino,
Responsabilidade civil no Código do consumidor e a defesa do fornecedor ,
São Paulo: Saraiva, 2002, p. 293).
Portanto, o roubo de malote contendo cheques de clientes não configura fato
de terceiro, pois é um fato que, embora muitas vezes inevitável, está na linha
de previsibilidade da atividade bancária, o que atrai a responsabilidade civil
da instituição financeira (REsp 685.662/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ
05/12/2005)
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Superior Tribunal de Justiça
DIREITO DO CONSUMIDOR. FURTO DE CATÃO DE CRÉDITO. COMPRAS
REALIZADAS POR TERCEIROS NO MESMO DIA DA COMUNICAÇÃO.
RESPONSABILIDADE DA ADMINISTRADORA DE CARTÕES. DEMORA DE
MENOS DE DOIS ANOS PARA O AJUIZAMENTO DA AÇÃO.
IRRELEVÂNCIA NA FIXAÇÃO DO QUANTUM . RECURSO ESPECIAL
CONHECIDO E PROVIDO.
1. O consumidor que, no mesmo dia do furto de seu cartão de crédito,
procede à comunicação à administradora acerca do fato, não pode ser
responsabilizado por despesas realizadas mediante falsificação de sua
assinatura. Deveras, cabe à administradora de cartões, em parceria com a
rede credenciada, a verificação da idoneidade das compras realizadas,
utilizando-se de meios que dificultem ou impossibilitem fraudes e transações
realizadas por estranhos em nome de seus clientes, e isso
independentemente de qualquer ato do consumidor, tenha ou não ocorrido
furto.
2. A demora de menos de dois anos para o ajuizamento da ação não possui
qualquer relevância para fixação da indenização por dano moral. Em
realidade, é de todo recomendável que a ação não seja ajuizada tão-logo o
cidadão se sinta lesado, buscando primeiro as vias extrajudiciais de solução e
prevenção de conflitos, como ocorreu no caso, em que a autora pretendeu,
sem sucesso, a composição amigável junto à administração da empresa ré.
3. Recurso especial conhecido e provido (DJe 19/3/2010)
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Superior Tribunal de Justiça
CIVIL E CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL. CARTÃO DE
CRÉDITO. EXTRAVIO.
1. A melhor exegese dos arts. 14 e 18 do CDC indica que todos aqueles que
participam da introdução do produto ou serviço no mercado devem responder
solidariamente por eventual defeito ou vício, isto é, imputa-se a toda a cadeia
de fornecimento a responsabilidade pela garantia de qualidade e adequação.
2. No sistema do CDC, fica a critério do consumidor a escolha dos
fornecedores solidários que irão integrar o polo passivo da ação. Poderá
exercitar sua pretensão contra todos ou apenas contra alguns desses
fornecedores, conforme sua comodidade e/ou conveniência.
3. São nulas as cláusulas contratuais que impõem exclusivamente ao
consumidor a responsabilidade por compras realizadas com cartão de crédito
furtado ou roubado, até o momento da comunicação do furto à
administradora. Precedentes.
4. Cabe às administradoras, em parceria com o restante da cadeia de
fornecedores do serviço (proprietárias das bandeiras, adquirentes e
estabelecimentos comerciais), a verificação da idoneidade das compras
realizadas com cartões magnéticos, utilizando-se de meios que dificultem ou
impossibilitem fraudes e transações realizadas por estranhos em nome de
seus clientes, independentemente de qualquer ato do consumidor, tenha ou
não ocorrido roubo ou furto. Precedentes.
5. Recurso especial provido (DJe 14/10/2011).
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA SEÇÃO
Relator
Exmo. Sr. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro SIDNEI BENETI
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. PEDRO HENRIQUE TÁVORA NIESS
Secretária
Bela. ANA ELISA DE ALMEIDA KIRJNER
AUTUAÇÃO
RECLAMANTE : AELICA DA SILVA
ADVOGADO : SANDRA APARECIDA DOHLER FERREIRA - DEFENSORA PÚBLICA
RECLAMADO : TERCEIRA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS DO DISTRITO
FEDERAL
INTERES. : CARTÃO BRB S/A
ADVOGADO : SORAYA CHRISTINA QUINTA CARDOSO E OUTRO(S)
ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Responsabilidade Civil
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Seção, por unanimidade, julgou procedente a reclamação para anular o acórdão
proferido pela Reclamada a fim de que outro seja exarado em conformidade com a orientação desta
Corte e, em relação ao Banco de Brasília S/A-BRB, extinguiu o feito, sem resolução de mérito, nos
termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Raul Araújo, Paulo de Tarso Sanseverino, Maria Isabel Gallotti,
Antonio Carlos Ferreira, Ricardo Villas Bôas Cueva, Marco Buzzi, Nancy Andrighi e Massami
Uyeda votaram com o Sr. Ministro Relator.
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