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Acórdão Nº 1769760
EMENTA
2. As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias (Súmula nº 479,
STJ).
4. Em sua contestação o banco alega ausência de responsabilidade de sua parte pela fraude perpetrada,
uma vez que o golpe só se tornou possível após a instalação do aplicativo “AnyDesk” pela autora, por
orientação dos falsários. Por essa linha de raciocínio o comportamento da autora (imprudente ou
negligente) teria sido a causa exclusiva dos danos sofridos. Logo não haveria dever de reparação
material, tampouco moral.
5. Procedi o reexame do conjunto probatório e, de fato, a parte autora foi vítima de golpe praticado por
organização criminosa de estelionatários que atua com engenharia social. O golpe, na modalidade de
phishing, permitiu a instalação de um aplicativo no celular da vítima, que o controlou à distância a
partir de então. Assim, a vítima que supostamente estaria ajudando o sistema de segurança do Banco,
instalando o programa “AnyDesk”, em verdade permitiu acesso ao estelionatário para utilizar o
aplicativo do Banco instalado em seu celular.
6. Apesar de reconhecer que a conduta anterior da parte autora contribuiu para a existência da fraude,
porque não houve interferência da instituição financeira, meu convencimento é de que o golpe somente
foi executado com eficácia pelos baixos de níveis de controle das operações de crédito realizadas pelo
meio do aplicativo do Banco.
7. O exame do extrato bancário juntado aos autos no ID Num. 49922210 - Pág. 1 indica que as
operações de transferência por meio do PIX realizadas pelos fraudadores, nos valores de R$ 2.985,00,
R$ 6.000,00 e R$ 1.000,00 e a transferência eletrônica de R$ 4.800.00, somente foram concluídas
porque o estelionatário realizou prontamente uma operação de empréstimo na modalidade eletrônica no
valor total de R$ 12.547,62 (R$ 10.831,00 + R$ 1.716,62) para elevar o valor das transferências.
9. É o caso dos autos, porque a instituição financeira não se cercou dos cuidados necessários por
ocasião da operação de crédito no valor total de R$ 12.547,62, o que permitiu que o estelionatário
utilizasse do aplicativo do banco para perpetrar o golpe. Sem a conclusão do negócio do empréstimo no
momento antecedente, não haveria as transferências de valores acima referidos.
10. Por essas razões, impõe-se reconhecer que as falhas de segurança na concessão automatizada do
empréstimo foram determinantes para a ocorrência da fraude.
12. Decisão proferida na forma do art. 46, da Lei nº 9.099/95, servindo a ementa como acórdão.
13. Diante da sucumbência, nos termos do artigo 55 da Lei dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099/95),
condeno o recorrente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em
15% (quinze por cento) do valor da condenação.
ACÓRDÃO
Acordam os Senhores Juízes da Terceira Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, DANIEL FELIPE MACHADO - Relator,
MARCO ANTONIO DO AMARAL - 1º Vogal e MARGARETH CRISTINA BECKER - 2º Vogal,
sob a Presidência do Senhor Juiz DANIEL FELIPE MACHADO, em proferir a seguinte decisão:
CONHECIDO. PRELIMINAR REJEITADA. DESPROVIDO. UNÂNIME., de acordo com a ata do
julgamento e notas taquigráficas.
RELATÓRIO
VOTOS
DECISÃO