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- O fato de o Boletim de Ocorrência ter sido lavrado a pedido da parte interessada não
acarreta, por si só, a ausência de prova do fato gerador da pretensão ao pagamento do
seguro DPVAT, mormente quando corroborado por documentos médicos indicativos da
data do acidente.
RELATORA.
VOTO
(...)
POSTO ISSO e por tudo mais o que dos autos consta, JULGO PARCIALMENTE
PROCEDENTE O PEDIDO para o fim de: a) condenar a Requerida a pagar em favor
do Requerente a complementação do DPVAT no valor de R$4.725,00 (quatro mil,
setecentos, vinte e cinco reais). Sobre o referido valor deverão incidir juros de mora de
12% (doze por cento) ao ano contados da data do pagamento parcial e correção
monetária que deverá se dar de acordo com os índices fornecidos pela Corregedoria de
Justiça do Estado de Minas Gerais desde a data do ajuizamento da ação.
Fixo os honorários advocatícios em R$1.500,00 (um mil e quinhentos reais). Cada parte
deverá pagar o referido importe em favor do advogado da parte contrária.
Julgo o presente, com resolução do mérito, fulcrado no art. 487, I, CPC em vigor.
(...)
1ª APELAÇÃO
A ré afirma nas razões recursais que não consta qualquer dado do veículo que comprove
que o autor realizou toda a regularização daquele para que atendesse os requisitos para o
recebimento da indenização por invalidez.
Alega, também, que além de o autor ser inabilitado, tampouco cadastrou o veículo no
DETRAN, e não possuía placa de identificação do ciclomotor.
Assevera, outrossim, que os juros moratórios devem ser contados a partir da citação
inicial.
Por fim, requer a fixação dos honorários sucumbenciais em 10% sobre o valor da
condenação.
2ª APELAÇÃO
O autor requer a aplicação de correção monetária desde a data do fato (súmula 580 STJ)
e dos juros de mora a partir da citação (súmula 426 STJ).
É o relatório.
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
PRELIMINAR DA RÉ
Não assiste razão à requerida quando requer o não conhecimento do segundo recurso
por inovação recursal.
MÉRITO
- A Sentença que contém o exame das alegações e dos pedidos formulados no processo,
bem como dos elementos produzidos, com observância do Princípio da Motivação,
cumpre o disposto no art. 93, IX, da Constituição Federal, e nos arts. 11 e 489, do
Código de Processo Civil.
A apelante afirmou nos autos, ainda, que os condutores que possuíam ciclomotores
teriam que regularizar a situação do veículo, solicitando o emplacamento e, recolhendo
a taxa referente ao Seguro DPVAT, o que não ocorreu no presente caso.
A respeito do tema, impende assinalar que o art. 3º, V, da Resolução CNPS 273/2012 da
SUSEP dispõe o seguinte:
Art. 3º. O Seguro DPVAT é administrado por dois consórcios de seguradoras e engloba
as seguintes categorias de veículos automotores:
IV - Categoria 4 - micro-ônibus com cobrança de frete, mas com lotação não superior a
10 passageiros e ônibus, micro-ônibus e lotações sem cobrança de frete (urbanos,
interurbanos, rurais e interestaduais);
O seguro DPVAT possui caráter social e tem por fim indenizar vítimas de acidentes de
trânsito, sem apuração de culpa, seja motorista, passageiro ou pedestre.
Sendo assim, nota-se que o veículo ciclomotor está incluído nas categorias de veículos
automotores englobados pelo seguro DPVAT.
Assim, apesar de obrigatório, a lei não exige que o segurado proprietário do veículo
esteja rigorosamente em dia com o pagamento do prêmio para fins de recebimento do
seguro DPVAT, bastando que comprove a ocorrência do acidente e as lesões sofridas.
Impende assinalar que o fato de o boletim de ocorrência ter sido lavrado a pedido da
parte interessada não acarreta, por si só, a ausência de prova do fato gerador da
pretensão ao pagamento do seguro DPVAT, desde que estejam presentes outras provas
nos autos.
- Nos termos do artigo 206, § 3.º, inciso IX, do Código Civil, prescreve em 03 (três)
anos a pretensão indenizatória do beneficiário contra o segurador e a do terceiro
prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.
Urge frisar que várias foram as hipóteses previstas para o termo inicial da correção
monetária estabelecida no § 7º do art. 5º da Lei nº 6.194/74, tendo o seu termo inicial
sido considerado a data do acidente, data do ajuizamento da ação ou até mesmo a data
do pagamento a menor.
5. Aplicação da tese ao caso concreto para estabelecer como termo inicial da correção
monetária a data do evento danoso.
- Nos termos do art. 5º, § 1º, da Lei nº 6.194/74, nas indenizações de seguro DPVAT, só
não haverá incidência de correção monetária quando cumprido o prazo de 30 dias
previsto para pagamento, o que não ocorreu.
Sendo assim, deve haver a reforma da sentença para que a correção monetária incida a
partir da data do evento danoso, e os juros de mora, a partir da citação.
Por fim, verifica-se que as partes requerem a reforma da sentença no tocante aos ônus
sucumbenciais.
Por entender que o valor estava incorreto, o autor ajuizou a ação, formulando os
seguintes pedidos:
(...)
(...)
Portanto, tendo em vista que o MM. Juiz primevo acolheu 50% (cinquenta por cento) do
pedido, que era de indenização no valor de R$9.450,00 (nove mil quatrocentos e
cinquenta reais), deve-se manter a sentença que condenou as partes ao pagamento dos
ônus sucumbenciais de forma "pro rata".
Por outro lado, entendo que os honorários advocatícios devem ser arbitrados de acordo
com o disposto no § 2º do art. 85 do CPC, "in verbis":
§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento
sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível
mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:
(...)
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