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Exmo. Sr Dr. Juiz de Direito da 1ª Vara de Família da Comarca de


Petrópolis.

GRERJ ELETRÔNICA: 31539402546-11

Distribuição por dependência aos autos do


Processo nº 0028316-96.2017.8.19.0042.

FIRENZE COMÉRCIO DE VEÍCULOS LTDA,,


devidamente inscrita pelo CNPJ n. 23.509.950/0001-41, empresa com sede na
Rua Japoranga, 690, Lote 21ª, bairro Japuíba, CEP 23934-055, vem pelo
presente, por seu advogado, vem respeitosamente perante douta presença de
Vossa Excelência, com fundamento no inciso III, do artigo 674 do CPC,
interpor

EMBARGOS DE TERCEIROS
Com pedido de TUTELA DE URGÊNCIA

Em face de: Fulano de Tal (não é possível a qualificação eis que os autos
são protegidos pelo segredo de justiça), oriundos do processo nº 0028316-
96.2017.8.19.0042, pelos fatos e fundamentos que passamos a expor:

Da Tutela de Urgência

O embargante, ora empresa de comércio de veículos, sofreu


constrição junto ao seu veículo automotor de marca Ford Ka SE 1.0, ano
2017/18, placa KRY 9254/RJ, através de penhora realizada pelo juízo da 1º Vara
de Família da Comarca de Petrópolis, apenso a esses autos.

Ocorre que o Embargante não contraiu qualquer dívida e


ou obrigação perante o exeqüente do processo principal, logo não é responsável
pelo cumprimento da obrigação como também não é parte do processo de
execução, razão pela qual não pode este ser responsabilizado pela dívida de
terceiros.

Fato é que o Executado Marcos Angelim Vargas,


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vendeu o veículo automotor a Embargante aos dias 06/08/2021, conforme


demonstrado de forma clara e evidente através do FORMULÁRIO DE
INTENÇÃO DE VENDA do DETRAN/RJ (ANEXO 1) e recibo da
AUTORIZAÇÃO PARA TRANSFERÊNCIA DE PROPRIEDADE DE
VEÍCULO DIGITAL (ATPV-E) do DETRAN/RJ (ANEXO 2). Tendo nesta
mesma ocasião vendido outro veículo de sua propriedade para a embargante, a
saber Renault Duster Oroch Dynamique 2.0, ano 2019/20, placa RJI-0I13/RJ,
como forma de pagamento na aquisição de veículo 0km Fiat Argo 1.0 Flex, ano
2021/2022, chassi 9BD358A1NNYL43105, ambos listados no PEDIDO DE
VENDA DA EMPRESA EMBARGANTE E ASSINADO PELA
COMPRADORA (ANEXO 7), comprado em nome de sua esposa, Sra. Luciene
Nicolao Juliao (ANEXO 9).

Ademais, de análise ao COMPROVANTE DE


AGENDAMENTO DE TRANSFERÊNCIA DE PROPRIEDADE do
DETRAN/RJ (ANEXO 3), documento onde consta a data do agendamento do
serviço que fora realizado no posto de Angra dos Reis do DETRAN/RJ para
data de 20/08/2021 às 09:15h, bem como CERTIFICADO DE REGISTRO E
LICENCIAMENTO DE VEÍCULO DIGITAL (CRLV-E) (ANEXO 4) do
DETRAN/RJ, percebe-se que o veículo aos dias 26 de Agosto de 2021 já se
encontrava registrado junto ao órgão em propriedade do embargante.

Desta forma, verifica-se que a referida penhora


recaiu sobre bem de propriedade do Embargante, eis que a decisão da penhora é
posterior a compra e venda do veículo adquirida pela parte Embargante,
conforme fartamente demonstrado nos autos. Como demonstrado através do
pedido de venda da empresa embargante bem como pela Nota Fiscal de venda
emitida (ANEXOS 7 E 8), o veículo de propriedade do executado é de fato o
adquirido 0km junto a embargante em nome de sua esposa Sra. Luciene Nicolao
Juliao (ANEXO 9), e não mais o veículo ora constringido por motivo de ordem
de penhora, uma vez que na ocasião este fora fornecido a empresa embargante
como forma de pagamento, juntamente com outro veículo de sua propriedade,
para aquisição de veículo 0km. Nas bastasse este embaraço, o veículo com
restrição judicial em questão já havia sido comercializado para cliente final em 29
de Setembro de 2021, tendo esta cliente a referida transferência de propriedade
para seu nome bloqueada pelo órgão DETRAN/RJ por motivo de restrição
judicial, conforme podemos verificar no demonstrativo de consulta ao cadastro
do veículo na base de dados do órgão (ANEXO 5), bem como no documento
oficial emitido pelo próprio DETRAN/RJ onde consta o cadastro do veículo
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com a restrição do TJRJ (ANEXO 6), fato este que gerou tremendo dano ao
embargante junto a sua cliente, levando inclusive esta a demandar judicialmente
contra a empresa vendedora do veículo, nos autos do processo nº 0001685-
62.2022.8.19.0003, junto a 1ª Vara Cível da Comarca de Angra dos Reis.

Ante ao exposto, requer-se a concessão da


TUTELA DE URGÊNCIA para determinar o levantamento da constrição
havida junto ao veículo automotor do Embargante por ser da mais salutar
Justiça.

Ante ao exposto merece o Embargante a


concessão da Tutela de Urgência nesses autos para ver levantada a
penhora recaída sobre seu veículo automotor por todos os fatos e
fundamentos aqui expostos.

Dos Fatos

Conforme acima asseverado o Embargante suportou


constrição junto ao seu veículo automotor, constrição judicial referentes ao
processo de execução havida nos autos do processo n. 0028316-
96.2017.8.19.0042.

No que tange ao processo de Cumprimento de


Sentença que está em trâmite perante esse r. Juízo, em que figuram como
exequente e como executado Marcos Angelim Vargas, constata-se que a penhora
recaiu sobre propriedade do Embargante eis que aos dias 06 de Agosto de 2021,
conforme FORMULÁRIO DE INTENÇÃO DE VENDA do DETRAN/RJ
(ANEXO 1) e recibo da AUTORIZAÇÃO PARA TRANSFERÊNCIA DE
PROPRIEDADE DE VEÍCULO DIGITAL (ATPV-E) do DETRAN/RJ
(ANEXO 2), o veículo fora vendido para a empresa embargante.

Como se denota através do processo de


conhecimento, o Embargante não é parte no processo, e adquiriu o
veiculo automotor marca Ford Ka SE 1.0, ano 2017/18, placa KRY 9254/RJ
de boa fé aos dias 06 de agosto de 2021, ou seja, data anterior a decisão de
penhora e termo de penhora. Nesta mesma ocasião, fora realizada a
compra de um veículo 0km, tendo sido fornecido pelo executado o veículo
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com restrição judicial e outro de sua propriedade, como forma de


pagamento, pela compra do veículo 0km Fiat Argo 1.0 Flex, ano 2021/2022,
chassi 9BD358A1NNYL43105, o qual foi adquirido em nome de sua esposa Sra.
Luciene Nicolao Juliao (ANEXO 9) à época.

Assim, imperiosa o levantamento da constrição


havida junto ao veículo automotor do Embargante.

Do Direito

Assim dispõe o art. 674 do CPC/2015, in verbis:


“Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou
ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o
ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de
terceiro.”

A constrição judicial face ao Embargante foi


indevida, pois, o Embargante não é parte nos presentes logo não tem nenhuma
responsabilidade para com a divida havida nos autos, sendo certo que o veículo
penhora já se encontrava em propriedade do Embargante.

Assim sendo, diante dos documentos aptos que confirmam a


injusta constrição sofrida pelo Embargante, é certo que a constrição judicial deve
ser imediatamente afastada, por todos os fatos e fundamentos aduzidos nos
autos, bem como a documentação acostada aos autos.

DOS PEDIDOS

Considerando todos os argumentos aqui


expostos é a presente para, requerer:

a) A concessão da TUTELA DE URGÊNCIA para determinar o


imediato levantamento da constrição havida sobre o veículo
automotor do Embargante.

b) A citação da parte Embargada para apresentação de defesa.


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c) A condenação do embargado no pagamento das custas


processuais e dos honorários advocatícios.

d) Seja ao final Julgado Totalmente Procedente os presentes Embargos.

Outrossim, pretende provar o alegado por todos os meios


em direito admitidos que se fizerem necessárias à solução do processo.

Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00.

N. Termos;

E. deferimento;

Angra dos Reis, 10 de Maio de 2022.

LEANDRO DE MELO SOUZA


OAB/RJ 162.189
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DEFENSORIA PÚBLICA
ESTADO DO RIO DE JANEIRO

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DE FAMÍLIA DE SÃO


SEBASTIÃO DO PARAÍSO /MG

Proc.: 0006205-45.2022.8.19.0042

TJRJ PET FM01 202205351092 29/07/22 11:51:39138296 PROGER-VIRTUAL


FERNANDA DA SILVA VARGAS, representada por sua
genitora INÊS MARIA RODRIGUÊS DA SILVA, brasileira, divorciada,
aposentada, portadora da Carteira de Identidade de nº 81.035. 762-4,
expedida pelo IFP/RJ, inscrita no CPF sob nº 189.329.407-20,
residente e domiciliada Rua General Osório, nºl 16. Apartamento
902.Centro. Petrópolis/RJ, telefone (24), e-mail ines4977@gmail.com,
vem, por intermédio da Defensoria Pública do Estado do Rio de
Janeiro, oferecer

CONTESTAÇÃO

aos Embargos de Terceiro, com fulcro no art. 679, CPC, oferecidos por
FIRENZE COMÉRCIO DE VEÍCULOS LTDA., na forma das razões de
fato e de direito que passa a expor:

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Inicialmente, afirma que não possui condições


financeiras para arcar com as custas processuais e honorários
advocaticios, sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, razão
pela qual faz jus ao beneficio da gratuidade de justiça nos termos do
art. 98, do CPC, indicando, desde já, a Defensoria Pública para o
patrocínio de seus interesses.

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ALBERTO FERNANDES DE ARAUJO:9495417 Assinado em 29/07/2022 11:28:06


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DEFENSORIA PÚBLICA
ESTADO DO RIO DE JANEffiO

Isto posto, requer a concessão de prazo em dobro


para manifestação cabível, conforme disposição do art. 5°, § 5° da Lei
nº 1060/50 c/c art. 186, caput do NCPC que autoriza ao Defensor
Público a contagem em dobro dos prazos processuais estabelecidos na
Legislação Processual Civil.

DA ILEGITIMIDADE PASSIVA

Os presentes Embargos de Terceiro foram oferecidos


em face de réu desconhecido, uma vez que esta ação foi distribuída
em apenso ao processo de nº 0028316-96.2017.8.19.0042, o qual
corre em segredo de Justiça.
Ocorre que no processo 0028316-96.2017.8 . 19.0042
a Sra. FERNANDA DA SILVA VARGAS foi assistida pela Defensoria
Pública do Estado do Rio de Janeiro, tendo obtido êxito no processo e
sido o autor, o Sr. MARCOS ANGELIM VARGAS, ao final, condenado a
pagar honorários advocaticios. Em razão deste fato, a Defensoria
Pública deu início ao cumprimento de sentença, em folhas 473, dos
autos do processo descrito.
Desta feita, a parte exequente é a Defensoria Pública
do Estado do Rio de Janeiro e o Sr. MARCOS ANGELIM VARGAS, é o
executado. Logo, relação alguma tem a Sra. FERNANDA DA SILVA
VARGAS com o cumprimento de sentença que deu azo a restrição de
penhora sobre o veículo versado na presente demanda. Desta feita,
pede que em relação a ela seja a presente demanda extinta, com o
reconhecimento de sua ilegitimidade passiva.

DOS FATOS E DO DIREITO

Trata-se de Embargos de Terceiros oferecidos por


FIRENZE COMÉRCIO DE VEÍCULOS LTDA em razão da restrição
imposta ao veículo automotor Ford Ka SE 1.0, ano 2017 / 18, placa
KRY9254/RJ, através de penhora em cumprimento de sentença que
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Estado do Rio de Janeiro 134
Poder Judiciário
Tribunal de Justiça
Processo: 0006205-45.2022.8.19.0042
Fase: Conclusão ao Juiz

Atualizado em 04/09/2023

Juiz Christianne Maria Ferrari Diniz

Data da Conclusão 04/09/2023

Data da Devolução 04/09/2023

Data da Sentença 04/09/2023

Tipo da Sentença Extinto o processo por ausência das condições da ação

Publicado no DO Não

Sentença Após o Recurso Sem valor líquido / Não se aplica


Estado do Rio de Janeiro Poder Judiciário
Tribunal de Justiça
Comarca de Petrópolis 135
Cartório da 1ª Vara de Família
Av. Barão do Rio Branco, 2001 CEP: 25680-275 - Centro - Petrópolis - RJ Tel.: 24 22446254 e-mail:
pet01vfam@tjrj.jus.br

Fls.
Processo: 0006205-45.2022.8.19.0042
Processo Eletrônico

Classe/Assunto: Embargos de Terceiro - CPC - Defeito, Nulidade Ou Anulação / Ato Ou Negócio


Jurídico

Autor: FIRENZE COMÉRCIO DE VEÍCULOS LTDA


Embargado: CENTRO DE ESTUDOS JURÍDICOS DA DEFENSORIA PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO -
CEJUR

___________________________________________________________

Nesta data, faço os autos conclusos ao MM. Dr. Juiz


Christianne Maria Ferrari Diniz

Em 04/09/2023

Sentença
FIRENZE COMÉRCIO DE VEÍCULOS LTDA ofereceu embargos terceiro em face de CENTRO DE
ESTUDOS JURÍDICOS DA DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO,
objetivando o levantamento de restrições perante o RENAJUD lançadas sobre o veículo Ford Ka
SE 1.0, ano 2017/18, placa KRY 9254/RJ, que alega ser de sua propriedade.

A inicial veio instruída com os documentos de fls. 08-20.

Decisão a fl. 35 recebendo os embargos, suspenso o leilão.

Após retificação do polo passivo (fl. 53) o CEJUR - CENTRO DE ESTUDOS JURÍDICOS DA
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO apresentou contestação a fls. 72-76,
com preliminar de extinção em razão da retirada da restrição veicular, comprovada a fl. 90.

Determinada a manifestação do embargante acerca da extinção, a fls. 97-103 limitou-se a


pretender a devolução de prazo para apresentação de réplica.

É o relatório. Passa-se à decisão.

Desnecessária a devolução do prazo, perecido o objeto destes embargos.

Veja-se ter o devedor satisfeito sua obrigação nos autos em apenso, retirada a restrição que
pesava sobre o veículo da embargante.

Isto posto, JULGA-SE EXTINTO O PROCESSO, sem resolução do mérito, na forma do artigo 485,
VI, do CPC. Despesas processuais adiantadas, ausente condenação em honorários.

P.R.I.

Transitada em julgado, dê-se baixa e arquive-se.

110 CHRISTIANNE
Estado do Rio de Janeiro Poder Judiciário
Tribunal de Justiça
Comarca de Petrópolis 136
Cartório da 1ª Vara de Família
Av. Barão do Rio Branco, 2001 CEP: 25680-275 - Centro - Petrópolis - RJ Tel.: 24 22446254 e-mail:
pet01vfam@tjrj.jus.br

Petrópolis, 04/09/2023.

Christianne Maria Ferrari Diniz - Juiz Titular

___________________________________________________________

Autos recebidos do MM. Dr. Juiz

Christianne Maria Ferrari Diniz

Em ____/____/_____

Código de Autenticação: 49QP.J2RA.7PN5.E9Q3


Este código pode ser verificado em: www.tjrj.jus.br – Serviços – Validação de documentos
Øþ

110 CHRISTIANNE

CHRISTIANNE MARIA FERRARI DINIZ:23105 Assinado em 04/09/2023 18:25:51


Local: TJ-RJ
Estado do Rio de Janeiro 137
Poder Judiciário
Tribunal de Justiça
Processo: 0006205-45.2022.8.19.0042
Fase: Envio de Documento Eletrônico

Data 05/09/2023
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AO JUÍZO DA 1ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE PETRÓPOLIS/RJ

GRERJ nº 92635509621-99

Processo n.º 0006205-45.2022.8.19.0042

TJRJ PET FM01 202306497550 01/11/23 16:07:23138292 PROGER-VIRTUAL


FIRENZE COMÉRCIO DE VEICULOS LTDA, já qualificado nos autos
em epígrafe, nos Embargos de Terceiro que move em face da CENTRO DE
ESTUDOS JURÍDICOS DA DEFENSORIA PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO -
CEJUR, por seu advogado que esta subscreve, vem, à elevada presença de
Vossa Excelência, com fundamento no artigo 1009 e seguintes do CPC,
interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO em face da Sentença de fls.
135-136, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.

Da sentença cabe Recurso de Apelação, restando, assim, justificado o


cabimento do presente. Requer, ainda, seja dotado dos efeitos devolutivo e
suspensivo.

O presente Recurso de Apelação é tempestivo, haja vista que da


Sentença foram opostos Embargos de Declaração, que interrompem o prazo
para a interposição de recurso (art. 1.026 CPC).

Nesses termos, conforme o art. 1.003, §5º, do CPC/2015, o prazo para


interpor o Recurso de Apelação é de 15 dias. Dessa forma, considerando que
a Sentença que julgou os Embargos de Declaração ainda não foi publicada no
Diário Oficial, e que o prazo para interpor a Apelação reiniciou a contagem
com a interrupção dos Embargos de Declaração, é tempestivo o presente
recurso.
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Requer, ainda, que o recorrido seja intimado para querendo oferecer


as Contrarrazões de Apelação no prazo de 15 dias, e após as formalidades de
praxe, requer a remessa dos autos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro, esperando-se que o presente recurso, uma vez conhecido e
processado na forma da lei, seja integralmente provido.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Volta Redonda, 01 de novembro de 2023.

SÉRGIO LUIS PACHECO MACHADO JÚNIOR RAMONA DE MORAES TEIXEIRA


OAB/RJ 157.685 OAB/RJ 241.882
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RAZÕES RECURSAIS

APELANTE: FIRENZE COMÉRCIO DE VEICULOS LTDA

APELADO: CENTRO DE ESTUDOS JURÍDICOS DA DEFENSORIA PÚBLICA DO


RIO DE JANEIRO - CEJUR

ORIGEM: 1ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE PETRÓPOLIS/RJ

PROCESSO: 0006205-45.2022.8.19.0042

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA CÂMARA.

Eméritos Desembargadores,

A Sentença de fls. 135-136, julgou extinto o processo sem resolução


do mérito na forma do artigo 485, inciso IV, do Código de Processo Civil.

Como fundamentação da decisão, o Juízo se limitou a considerar a


perda do objeto da demanda, pois retirada a restrição que pairava sobre o
veículo do apelante.

Contudo, a r. Sentença deixou de analisar as demais questões de


direito suscitadas pelo apelante, relevantes para o julgamento da demanda,
como a aplicação do Princípio da Causalidade, a declaração de ilegalidade da
restrição e da boa-fé do apelante, bem como o reconhecimento da
propriedade do bem.

Sendo assim, a r. Sentença não merece prosperar, motivo pelo qual


deve o presente Recurso ser conhecido e provido, pelas razões de fato e de
direito que passa a expor.

DAS RAZÕES PARA A REFORMA DAS SENTENÇAS


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DA NULIDADE DA SENTENÇA DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

I. DA INCORRETA INTERPRETAÇÃO DOS FATOS

Inicialmente, antes de expor as razões para a reforma da Sentença


de fls. 135-136, que julgou os Embargos de Terceiro, é necessário expor
as razões para a reforma da Sentença de fls. 153, que julgou os Embargos
de Declaração, além de evidenciar o seu desacerto.

Conforme exaustivamente demonstrado nos autos, o embargante,


ora apelante, é terceiro de boa-fé que sofreu restrição indevida sobre seu
carro por dívida alheia, razão pela qual, opôs os presentes embargos.

O apelante adquiriu o veículo em 06 de agosto de 2021 e teve


formalizada a transferência para seu nome em 26 de agosto de 2021.
Contudo, em 14 de setembro de 2021, depois que o apelante já tinha
registrado o veículo em seu nome, houve a restrição do veículo do apelante,
a pedido da apelada.

Observa-se, dessa forma, que quando da compra do veículo, não


havia publicidade da dívida do vendedor, pois o processo principal corria em
segredo de justiça, bem como porque a apelada não havia realizado a
constrição do veículo, sendo impossível o conhecimento da dívida pelo
apelado.

Ocorre que, após o ajuizamento dos embargos de terceiro pelo


apelante, houve o pagamento da dívida no processo principal, que este
apelante desconhece totalmente, pois nunca lhe foi concedido acesso, sendo
sempre em segredo de justiça.

Logicamente, o momento do pagamento da dívida pelo devedor do


processo principal (proc. nº 0028316-96.2017.8.19.0042), nada interfere no
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julgamento das questões suscitadas pelo apelante/embargante no presente


processo, tendo em vista que possuem causas de pedir distintas, com objetos
diferentes, e que a causa de pedir nos Embargos de Terceiro, é tão somente
a restrição indevida, não se discute a dívida, pois sequer é de conhecimento
deste apelante.

Após isso, em (fls. 135-136), o juízo a quo, proferiu sentença,


julgando o processo extinto sem resolução do mérito em razão de perda do
objeto.

O apelante opôs Embargos de Declaração, em virtude da omissão da


sentença, que buscava suprir a omissão referente à ausência de análise da
aplicação do Princípio da Causalidade, e condenação da apelada nos ônus
sucumbenciais.

Contudo, a decisão do Juízo a quo deu provimento aos Embargos de


Declaração para sanar a omissão, quanto ao ônus de sucumbência, decidindo
que:

[...] afirmar não haver que se falar em condenação do


CEJUR nos ônus sucumbenciais, pois a despeito de
determinada a restrição veicular após seu requerimento, a
baixa somente foi determinada em razão do posterior
pagamento feito pelo devedor.

A bem da verdade, na r. Sentença proferida após os embargos de


declaração, houve erro de interpretação dos fatos pelo Juízo a quo, uma
vez que o entendimento expressado na decisão é o de que o apelante teria
culpa pelo pagamento tardio da dívida, e, logo, provocado a restrição do
veículo. E a restrição indevida só foi levantada, em virtude do pagamento da
dívida, motivo pelo qual entendeu pela ausência de condenação da apelada
em ônus sucumbenciais.
168

Contudo, sabe-se que não é esse o caso concreto discutido nesta


demanda.

Sendo assim, a justificativa do Juízo a quo para não acolher os


embargos de declaração, é incontestavelmente DESCABIDA, haja
vista que a baixa da restrição do veículo apenas após o pagamento
da dívida pelo devedor no processo principal, em nada tem relação
com o presente processo, uma vez que a dívida não era de
responsabilidade do apelante, e sequer foi a restrição causada por
este, não podendo a conduta do devedor interferir no julgamento dos
presentes Embargos de Terceiro.

II. DA NULIDADE PELA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO

O art. 489 do CPC estabelece os elementos essenciais da sentença, e


no §1º trata de forma analítica da fundamentação da sentença,
estabelecendo, inclusive, que a sentença que não obedeça a tais requisitos
não será considerada fundamentada, portanto, NULA.

A doutrina diz que existem três vícios extrínsecos das sentenças: 1.


Ausência de fundamentação, 2. Deficiência de fundamentação e 3.
Ausência de correlação entre fundamentação e decisório.

Todas os vícios são redutíveis à nulidade de fundamentação e geram


nulidade da sentença.

Se a decisão não analisa todos os fundamentos da tese


derrotada, seja ela a invocada pelo autor ou pelo réu,
será inválida por falta de fundamentação. É o que diz o
art.489, §1, IV do CPC. (DIDIER JR, Fredie. Curso de
Direito Processual Civil. Vol 2, 2015)

Trata-se, na verdade, de uma garantia constitucional da


fundamentação das decisões judiciais, sendo certo que, não atendidos os
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requisitos estabelecidos como satisfatórios, considera-se não fundamentada


a decisão.

O art. 489, §1º, IV, do CPC, estabelece que não se considera


fundamentada a decisão que não enfrentar todos os argumentos deduzidos
no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador.

Assim, a sentença deve abranger os argumentos de FATO e de


DIREITO que teriam o condão de levar o magistrado a decidir de outra
forma, enfrentando todos os argumentos deduzidos.

No mesmo sentido, as recentes jurisprudências de nossos tribunais:

0024446-06.2016.8.19.0001 – APELAÇÃO Des(a). MARCO


AURÉLIO BEZERRA DE MELO - Julgamento: 07/02/2018 -
DÉCIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL – TJRJ. APELAÇÃO CÍVEL.
EMBARGOS À EXECUÇÃO DE SENTENÇA QUE CONDENOU A
FLUMITRENS À REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E MATERIAIS
A FAMILIARES DE VÍTIMA DE ACIDENTE FERROVIÁRIO.
RESPONSABILIZAÇÃO CIVIL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO DO EMBARGANTE.
1. Sentença que deixa de enfrentar os argumentos do
embargante relativos à prescrição, à desconsideração da
personalidade jurídica e ao excesso de execução. 2. Ausência
de fundamentação. Violação aos artigos 93, IX, da
CRFB/88 e do artigo 489, §1º, IV, do CPC. 3. Precedente
do TJRJ. 4. Inaplicabilidade do artigo 1.013, §3º, do CPC.
Processo que não se encontra em condições de imediato
julgamento. 4. Anulação da sentença. Provimento do recurso,
na forma do artigo 932, V e VIII, do CPC, e do art. 31, VIII,
do Regimento Interno do TJRJ.

Na presente sentença, que julgou os Embargos de Declaração, o Juízo


a quo não se manifestou a respeito de importantes questões que poderiam
levar o magistrado a decidir de outra forma, como por exemplo, a aplicação
do Princípio da Causalidade e a consequente condenação da apelada nos ônus
sucumbenciais.
170

Além do Juízo não se manifestar na r. Sentença sobre os


requerimentos feitos pelo apelante em sede de Embargos de
Declaração, referentes a matéria de direito processual, ainda
interpretou de forma desacertada os fatos da demanda e justificou o
não acolhimento dos embargos com argumentos contraditórios e que
não revelam a realidade dos fatos.

III. DO PEDIDO

Portanto, deve ser DECLARADA NULA A SENTENÇA proferida pelo


Juízo a quo em sede de Embargos de Declaração, tendo em vista que não
observou importantes argumentos produzidos pelo autor, e em razão da
causa já estar MADURA PARA DECISÃO, que seja decidido o mérito no
próprio tribunal, confirmando a nova sistemática processual disposta
no §3º, do artigo 1.013, do NCPC, que possibilita ao tribunal decidir desde
logo o mérito quando declarar a nulidade de sentença por FALTA DE
FUNDAMENTAÇÃO, sendo desnecessário o retorno dos autos ao primeiro
grau, para serem sanados os vícios ora reconhecidos.

Neste sentido a jurisprudência de nossos tribunais:

0258916-16.2015.8.19.0001 – APELAÇÃO Des(a). DENISE


LEVY TREDLER - Julgamento: 20/06/2017 - VIGÉSIMA
PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL – TJRJ. EXECUÇÃO PROVISÓRIA
INICIADA ANTES DA PROLAÇÃO DE SENTENÇA. MULTA.
DECISÃO ANTECIPATÓRIA DOS EFEITOS DA TUTELA.
AUSÊNCIA DE TÍTULO EXECUTIVO. EXTINÇÃO. RECURSO
REPETITIVO. SENTENÇA. VICIO NA FUNDAMENTAÇÃO. [...]
Juízo a quo, que embora relate a controvérsia acerca da
tempestividade da peça de defesa apresentada pela sociedade
executada, e condene os exequentes a reparar supostos danos
causados, deixa de analisar tais questões na fundamentação.
Violação do inciso IV, do §1º, do artigo 489, do CPC de 2015.
Nova sistemática processual, entretanto, que possibilita
ao tribunal decidir desde logo o mérito quando decretar
a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
Desnecessário o retorno dos autos ao primeiro grau,
para serem sanados os vícios ora reconhecidos. [...]
171

Parcial provimento do recurso, para reconhecer a violação do


inciso IV, do §1º, do artigo 489, do CPC de 2015, e sanar
omissões na fundamentação do julgado, mantida, no mais, a
sentença.

Contudo, caso seja diverso o entendimento deste Tribunal quanto aos


efeitos da nulidade, que após a nulidade da sentença, que seja devolvido ao
juízo a quo, para que aprecie novamente o mérito, cumprindo a legislação
processual pátria.

Outrossim, passa-se, nesta oportunidade, para análise das razões


para a reforma da r. Sentença (fls. 135-136) que julgou os Embargos de
Terceiro.

DA NECESSIDADE DE ANÁLISE DA MATÉRIA PROCESSUAL NA


SENTENÇA DOS EMBARGOS DE TERCEIRO

Na r. Sentença, observa-se que foi acolhida a preliminar de perda do


objeto alegada pela apelada em sua contestação.

Nesse contexto, sabe-se que quando há o acolhimento de


preliminares de contestação, a análise do mérito resta prejudicada na
sentença, sendo, inclusive, dispensada a análise do direito material que
fundamenta o mérito do processo.

Ocorre que, no processo em epígrafe, a r. Sentença que julgou os


Embargos de Terceiro, deixou de se pronunciar sobre MATÉRIA DE
DIREITO PROCESSUAL, visto que não enfrentou a análise do Princípio da
Causalidade e a consequente condenação do CEJUR no ônus de sucumbência.

Contudo, apesar de acolhida a preliminar alegada pela apelada,


deveria a r. Sentença ter enfrentado as questões de direito processual
existentes na demanda, haja vista que o acolhimento de preliminares não
exclui a necessidade de o Juízo analisar matéria de processo, visto que o
172

direito processual regulamenta o correto desenvolvimento da demanda,


sendo independente do direito material.

Portanto, descabido no processo em epígrafe a alegação de que as


questões suscitadas pela apelante restaram prejudicadas de análise em razão
do acolhimento da preliminar de perda do objeto, uma vez que a aplicação
do art. 85, §10º, CPC/15, e da Súmula 303 do STJ, que materializam o
Princípio da Causalidade, são matérias de direito processual.

DO PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE

De acordo com o Princípio da Causalidade, aquele que deu causa


à propositura da demanda ou à instauração de incidente processual, deve
responder pelas despesas daí decorrentes, incluindo custas processuais e
demais honorários devidos.

No caso em tela, observa-se que o processo foi julgado extinto sem


resolução do mérito pela perda do objeto, já que retirada a restrição indevida
do veículo.

Ocorre que, a Sentença deixou de condenar a parte embargada no


pagamento dos honorários advocatícios, não observando o que preceitua o
art. 85, §10º, CPC/15, e a Súmula 303 do STJ, que materializam o PRINCÍPIO
DA CAUSALIDADE.

Nesse sentido, o art. 85, §10º, do CPC/15, prevê expressamente que


nos casos de PERDA DO OBJETO, os honorários serão devidos por QUEM
DEU CAUSA AO PROCESSO, senão vejamos:

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários


ao advogado do vencedor.

§ 10. Nos casos de perda do objeto, os honorários serão


devidos por quem deu causa ao processo.
173

É incontroverso que no presente caso foi o apelado quem deu


causa ao processo, em razão da constrição indevida provocada sobre
o carro do apelante, e este, por sua vez, apenas exerceu seu direito
ao contraditório e à ampla defesa quando opôs os presentes
Embargos de Terceiro.

Tal entendimento está expressamente positivado pelo SUPERIOR


TRIBUNAL DE JUSTIÇA na SÚMULA 303, senão vejamos:

Súmula n.º 303: Em embargos de terceiro, quem deu


causa à constrição indevida deve arcar com os
honorários advocatícios.

Nesse sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. PENHORA.


IMÓVEL COMUM. EXTINÇÃO DA AÇÃO. PERDA
SUPERVENIENTE DO OBJETO. ILEGITIMIDADE PASSIVA NA
EXECUÇÃO FISCAL. PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE. 1.
Trata-se, na origem, de Embargos de Terceiros propostos
pelas partes recorrentes relacionadas à penhora realizada em
Ação de Execução Fiscal ajuizada pelo Município de Francisco
Beltrão/PR contra Janete de Oliveira, em imóvel pertencente
ao recorrente e sua companheira. 2. A sentença extinguiu a
ação sem julgamento do mérito pela perda superveniente do
objeto, em razão da extinção da Execução Fiscal, condenando
a parte recorrente, autora na ação de Embargos de Terceiro,
ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais). 3. O
recorrente alega, em síntese, que cabe à parte que deu causa
à ação o pagamento dos ônus sucumbenciais, incluindo os
honorários advocatícios. 4. O STJ, em inúmeras
oportunidades, já se manifestou no sentido de que, em
função do princípio da causalidade, nas hipóteses de
extinção do processo sem resolução de mérito,
decorrente de perda de objeto superveniente ao
ajuizamento da ação, a parte que deu causa à
instauração do processo deverá suportar o pagamento
das custas e dos honorários advocatícios. 5. A
jurisprudência do STJ é assente na orientação de que,
sendo o processo julgado extinto sem resolução do
mérito, cabe ao julgador perscrutar, ainda sob a égide
do princípio da causalidade, qual parte deu origem à
extinção do processo ou qual dos litigantes seria
174

sucumbente se o mérito da ação tivesse, de fato, sido


julgado. Nesse sentido: REsp 1.678.132/MG, Rel. Ministro
Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 22/8/2017,
DJe 13/9/2017; REsp 1.668.366/MG, Rel. Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, julgado em 3/8/2017, DJe
12/9/2017. 6. Segundo narrado no acórdão recorrido, "o
motivo que levou o juiz a quo a extinguir o feito sem
julgamento do mérito foi a ilegitimidade passiva da
executada", o que provocou a extinção da Ação de Execução
Fiscal sem julgamento de mérito. Ou seja, a presente ação
de Embargos de Terceiro somente foi ajuizada em razão
da realização de penhora para a garantia de crédito
tributário que posteriormente foi exinto, razão pela
qual, aplicando-se o princípio da causalidade, devem os
ônus sucumbenciais da presente ação ser fixados em
desfavor da Fazenda Pública. 7. Recurso Especial provido
para inverter os ônus sucumbenciais, incluindo honorários
advocatícios. (STJ - REsp: 1755343 PR 2018/0167871-2,
Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julgamento:
16/08/2018, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe
13/11/2018)

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE


TERCEIRO. ALIENAÇÕES SUCESSIVAS POSTERIORES AO
AJUIZAMENTO DA EXECUÇÃO E PENHORA DO BEM.
TERCEIRO DE BOA-FÉ. FRAUDE À EXECUÇÃO AFASTADA.
VERBA HONORÁRIA. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
SUCUMBÊNCIA. DECISÃO MANTIDA. RECURSO
DESPROVIDO. 1. Embora a constrição tenha ocorrido
antes do registro da alienação, o exequente tomou
ciência da transmissão do bem quando do ajuizamento
dos embargos de terceiro e ofereceu contestação,
impondo resistência aos fundamentos da embargante,
a fim de manter a penhora sobre o bem cujo domínio foi
transferido, de modo que lhe é imputável o ônus da
sucumbência. 2. Nos termos da jurisprudência do STJ,
prevaleceria o princípio da causalidade se o exequente, diante
da propositura dos embargos de terceiro, não tivesse
contestado o feito, quando seria, então, sustentável a tese da
condenação da embargante na verba honorária. 3. Ao revés,
aplica-se o princípio da sucumbência, mostrando-se
viável a condenação do embargado nos ônus
sucumbenciais, quando configurada pretensão resistida
nos embargos de terceiro, ou seja, quando for
contestada a ação pelo credor embargado que insiste na
manutenção da penhora. 4. Agravo interno não provido.
(STJ - AgInt no REsp: 1278007 SP 2011/0140161-5, Relator:
Ministro LÁZARO GUIMARÃES (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO), Data de Julgamento:
175

06/02/2018, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe


09/02/2018)

Este também é o entendimento pacificado pelos Tribunais de Justiça,


inclusive, é O ENTENDIMENTO RECENTE DESTE EGRÉGIO TRIBUNAL, in
verbis:

APELAÇÃO. EMBARGOS DE TERCEIROS. SENTENÇA DE


EXTINÇÃO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, NA FORMA DO
ART. 485, VI, DO CPC. IRRESIGNAÇÃO DA EMBARGADA,
OBJETIVANDO O AFASTAMENTO DA CONDENAÇÃO AO
PAGAMENTO DE HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA. PENHORA
DESCONSTITUÍDA NOS AUTOS DA EXECUÇÃO. PERDA DO
OBJETO DA AÇÃO DE EMBARGOS DE TERCEIROS.
VERBETE SUMULAR Nº 303 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA: "EM EMBARGOS DE TERCEIRO, QUEM DEU CAUSA
À CONSTRIÇÃO INDEVIDA DEVE ARCAR COM OS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS." NÃO HÁ REPARO A FAZER
NA SENTENÇA, QUE CONDENOU A
EXQUENTE/EMBARGADA AO PAGAMENTO DOS ÔNUS
SUCUMBENCIAIS. DESPROVIMENTO DO RECURSO. (TJ-RJ -
APL: 00118733020128190209 202300114068, Relator:
Des(a). ALEXANDRE EDUARDO SCISINIO, Data de
Julgamento: 22/03/2023, DECIMA QUINTA CAMARA DE
DIREITO PRIVADO (ANTIGA 20, Data de Publicação:
23/03/2023)

PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE


TERCEIRO. TERCEIRO DE BOA-FÉ. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA. PRINCÍPIO
DA CAUSALIDADE. Segundo o princípio da causalidade,
a parte que deu causa à propositura da ação deve
suportar os ônus sucumbenciais. Desta forma,
requerida pelo exequente a constrição do bem
pertencente ao terceiro de boa-fé e configurada a
resistência à pretensão do embargante, é devida a sua
condenação da parte embargada ao pagamento das
verbas de sucumbência. APELAÇÃO NÃO PROVIDA. (TJ-PR
- APL: 00036903420058160004 PR 0003690-
34.2005.8.16.0004 (Acórdão), Relator: Desembargador
Hayton Lee Swain Filho, Data de Julgamento: 18/12/2019, 15ª
Câmara Cível, Data de Publicação: 18/12/2019)

Portanto, tendo em vista que a matéria ora discutida é prevista por


Lei e confirmada pela jurisprudência pátria, deve a r. Sentença ser
modificada para condenar o apelado no pagamento dos honorários
176

advocatícios em favor da apelante, pois foi quem deu causa à constrição


indevida e ao processo.

DA ILEGALIDADE DA RESTRIÇÃO E DA BOA-FÉ DA APELANTE

Inicialmente, deve ficar claro que a apelante agiu em total BOA-FÉ,


sendo a única prejudicada no presente caso, vez que não havia publicidade
da dívida do vendedor do veículo quando da compra do bem. Primeiro porque
o processo corria em segredo de justiça, e segundo porque a APELADA não
havia realizado a constrição do veículo.

Conforme pode-se perceber nos autos, a apelante adquiriu o veículo


em 06 de agosto de 2021 (recibo com firma reconhecida), e por se tratar
de bem móvel, a compra se efetivou com a simples tradição nesta data,
contudo, ainda assim, foi formalizada a transferência para seu nome
em 26 de agosto de 2021.
177

Ocorre que, a restrição do veículo da apelante ocorreu apenas em


14 de setembro de 2021, momento em que o veículo já estava em seu
nome.

A verdade é que a apelante não tinha meios de conhecer a dívida


do vendedor, mas sim a apelada, que poderia ter verificado que a
propriedade do bem constrito estava em nome da apelante, agindo com
total falta de zelo. Para piorar, a própria apelada, requereu a manutenção
da penhora, após o ajuizamento destes embargos, ou seja, mesmo sabendo
se tratar de veículo de terceiro, manteve a constrição.

Desta forma, resta claro que foi opção da apelada manter a


penhora do bem constrito, mesmo sabendo que se tratava de bem de
terceiro, conforme certidão de restrição juntada aos autos.

A alegação da apelada de que o veículo foi alienado em fraude à


execução, deveria ter sido ventilada antes da penhora, inclusive com
intimação da apelante para defesa, haja vista se tratar de terceiro de boa-fé,
pois, como amplamente explanado, não tinha meios de conhecer a dívida,
178

uma porque o processo tem sigilo e outra porque não foi dado publicidade
pela defensoria.

Este inclusive é o entendimento deste Egrégio Tribunal de Justiça,


senão vejamos:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO EM


APENSO À MEDIDA CAUTELAR E À AÇÃO DE COBRANÇA.
SENTENÇA JULGANDO PROCEDENTE O PEDIDO. APELAÇÃO
CÍVEL INTERPOSTA PELO EMBARGADO, VISANDO À REFORMA
INTEGRAL DO JULGADO. 1) Embargos de terceiro opostos por
Andre da Silva Monteiro, incidentalmente aos autos de
execução que move a ora apelante em face de Marcelo
Carvalho Bianchi, sob a alegação de ter sofrido indevida
restrição judicial de automóvel que adquiriu na empresa SQ
Veículos. 2) A sentença julgou procedente o pedido contido
nos embargos de terceiro para determinar o levantamento da
constrição, condenando o ora apelante ao pagamento das
despesas processuais e dos honorários advocatícios de
sucumbência. 3) O recorrente insurge-se contra esta
condenação, por entender que não foi o causador do processo,
já que a constrição judicial sobre o automóvel se deu em razão
da restrição tardia por determinação judicial e sem a efetiva
conferência de propriedade. 4) No presente caso, tramitou
entre os embargados uma ação cautelar preparatória e, a
seguir, uma ação principal com pedido indenizatório. O
requerimento de liminar na cautelar inominada era de
indisponibilidade de um veículo que havia sido vendido pelo 1º
embargado, RMR Veículos e Peças e Serviços Ltda, ao 2º
embargado, Marcelo Carvalho Bianchi. 5) Deferida, em
sentença, a liminar, em 14 de fevereiro de 2014, o bem não
mais se encontrava no patrimônio do 2º Embargado. 6) O
Embargante, Andre da Silva Monteiro, adquiriu o bem da
empresa SQ Veículos, em 12 de junho de 2013, anteriormente
a efetivação da constrição. 7) Considerando que o bem
penhorado já se encontrava na esfera jurídica de
outrem, inviável a respectiva constrição, mormente
quando inexistente qualquer gravame ou anotação de
indisponibilidade desse bem no órgão de trânsito
(DETRAN). Incidência do verbete 375 , da Súmula do e.
Superior Tribunal de Justiça. 8) Tratando-se de bem
móvel, a propriedade do mesmo se adquire com a
efetiva tradição, cuja transferência de titularidade junto
aos órgãos competentes configura mera formalidade.
Apesar disso, verifica-se que o CRV (Certificado de
Registro de Veículo) data de 02/07/2013 (fls. 12), ou
seja, anteriormente ao bloqueio judicial do veículo. 9) A
179

má-fé do terceiro adquirente/embargante, ora


recorrido, não se presume, devendo ser provada, ônus
que cabe ao embargado/recorrente, do qual não se
desincumbiu. 10) Tratando-se de dívida pertencente ao
2º Embargado, cuja constrição recaiu sobre veículo de
outrem, deve o magistrado desconstituir a penhora. 11)
No que tange aos honorários, é de se ressaltar que a
condenação ao pagamento de honorários advocatícios é
uma decorrência lógica não só do princípio da
sucumbência, com previsão legal no art. 85 do Código
de Processo Civil, como também da causalidade. 12) O
Apelante ofereceu resistência à pretensão, com o objetivo de
preservar a indevida penhora. A sua condenação decorre do
princípio da sucumbência. 13) Recurso conhecido e não
provido.

Para piorar, o veículo adquirido pela apelante, foi alienado a um


terceiro, consumidor final, em 28 de setembro de 2021, antes do
conhecimento da restrição, haja vista que a restrição não foi realizada com
a devida publicidade à apelante, que não foi intimada em momento algum.

Assim, foi ajuizada a Ação sob o nº 0001685-62.2022.8.19.0003,


onde é ré a empresa CAR LARA, quem intermediou a venda do veículo para
a apelante, que corre perante a Vara Única da comarca de Porto Real/RJ,
onde a autora da ação obteve sentença, desfazendo o negócio jurídico, com
devolução dos valores pagos, corrigidos com juros e correção, e danos
morais, em virtude desta restrição.

Desta forma, é de suma importância a constatação da boa-fé da


apelante, bem como a procedência do presente processo, haja vista
que os Embargos de Terceiro, conforme previsto no artigo 681 do
CPC, visa não só afastar o ato de constrição judicial indevida, como
também o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou
da reintegração definitiva do bem ou do direito do embargante, como
verdadeira ação de conhecimento.
180

Com isso, merece ser reformada a Sentença proferida pelo Juízo a quo,
para reconhecer a ilegalidade da restrição e a propriedade do bem pela
apelante.

CONCLUSÃO

Sendo assim, em virtude do exposto acima, requer o apelante que o


presente Recurso de Apelação seja CONHECIDO e, posteriormente, PROVIDO
para reformar a Sentença ora recorrida, no sentido de acolher os
requerimentos da apelante para aplicar o Princípio da Causalidade, com a
consequente condenação do CEJUR em ônus de sucumbência, e, por fim,
julgar os Embargos de Terceiro para reconhecer e declarar a ilegalidade da
restrição, a propriedade do bem pelo apelante e sua boa-fé.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Volta Redonda, 01 de novembro de 2023.

SÉRGIO LUIS PACHECO MACHADO JÚNIOR RAMONA DE MORAES TEIXEIRA


OAB/RJ 157.685 OAB/RJ 241.882
Estado do Rio de Janeiro 181
Poder Judiciário
Tribunal de Justiça
Processo: 0006205-45.2022.8.19.0042
Fase: Juntada

Atualizado em 06/11/2023

Data da Juntada 06/11/2023

Tipo de Documento Extrato da GRERJ

Texto
Estado do Rio de Janeiro 187
Poder Judiciário
Tribunal de Justiça
Processo: 0006205-45.2022.8.19.0042
Fase: Ato Ordinatório Praticado

Atualizado em 06/11/2023

Data 06/11/2023

Descrição Certifico que o recurso foi interposto tempestivamente.


Certifico, ainda, que as custas foram recolhidas
corretamente.
Estado do Rio de Janeiro 188
Poder Judiciário
Tribunal de Justiça
Processo: 0006205-45.2022.8.19.0042
Fase: Conclusão ao Juiz

Atualizado em 06/11/2023

Juiz Christianne Maria Ferrari Diniz

Data da Conclusão 06/11/2023

Data da Devolução 06/11/2023

Data do Despacho 06/11/2023

Tipo do Despacho Proferido despacho de mero expediente

Publicado no DO Não
Estado do Rio de Janeiro Poder Judiciário
Tribunal de Justiça
Comarca de Petrópolis 189
Cartório da 1ª Vara de Família
Av. Barão do Rio Branco, 2001 CEP: 25680-275 - Centro - Petrópolis - RJ Tel.: 24 22446254 e-mail: pet01vfam@tjrj.jus.br

Fls.
Processo: 0006205-45.2022.8.19.0042
Processo Eletrônico

Classe/Assunto: Embargos de Terceiro - CPC - Defeito, Nulidade Ou Anulação / Ato Ou Negócio


Jurídico

Autor: FIRENZE COMÉRCIO DE VEÍCULOS LTDA


Embargado: CENTRO DE ESTUDOS JURÍDICOS DA DEFENSORIA PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO -
CEJUR

___________________________________________________________

Nesta data, faço os autos conclusos ao MM. Dr. Juiz


Christianne Maria Ferrari Diniz

Em 06/11/2023

Despacho
1) Na forma do art. 1010, § 1º do NCPC, intime-se o apelado para, querendo, apresentar
contrarrazões no prazo de 15 dias;

2) Após, certifique-se e voltem.

Petrópolis, 06/11/2023.

Christianne Maria Ferrari Diniz - Juiz Titular

___________________________________________________________

Autos recebidos do MM. Dr. Juiz

Christianne Maria Ferrari Diniz

Em ____/____/_____

Código de Autenticação: 4RRK.GXCH.7ES2.Z2S3


Este código pode ser verificado em: www.tjrj.jus.br – Serviços – Validação de documentos
Øþ

110 OSVALDOEV

CHRISTIANNE MARIA FERRARI DINIZ:23105 Assinado em 06/11/2023 16:20:21


Local: TJ-RJ
Estado do Rio de Janeiro 190
Poder Judiciário
Tribunal de Justiça
Processo: 0006205-45.2022.8.19.0042
Fase: Envio de Documento Eletrônico

Data 07/11/2023
SUZANA HEES BARBOSA LEITE BOTELHO:21635 Assinado em 07/11/2023 17:41:25
Local: TJ-RJ

191

Poder Judiciário
Petrópolis
Cartório da 1ª Vara de Família

INTIMAÇÃO ELETRÔNICA

Petrópolis, 07 de novembro de 2023.

Nº do Processo: 0006205-45.2022.8.19.0042

Partes: Autor: FIRENZE COMÉRCIO DE VEÍCULOS LTDA


Embargado: CENTRO DE ESTUDOS JURÍDICOS DA DEFENSORIA PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO -
CEJUR

Destinatário: DEFENSORIA CENTRO DE ESTUDOS JURIDICOS - CEJUR

Fica V.Sª /V.Exª Intimado da determinação abaixo:

1) Na forma do art. 1010, § 1º do NCPC, intime-se o apelado para, querendo, apresentar


contrarrazões no prazo de 15 dias;

2) Após, certifique-se e voltem.


Øþ

1195
192

Processo: 0006205-45.2022.8.19.0042
Procedimento Ordinário

CERTIDÃO DE INTIMAÇÃO

Certifico que a parte/órgão SERGIO LUIS PACHECO MACHADO JUNIOR foi tacitamente
intimado(a) pelo portal em 17/11/2023, na forma prevista no art. 5º, § 3º da lei 11.419/2006.

Recebe-se os embargos de declaração de fls. 240-253, posto que tempestivos, e a eles dá-se
provimento para afirmar não haver que se falar em condenação do CEJUR nos ônus
sucumbenciais, pois a despeito de determinada a restrição veicular após seu requerimento, a
baixa somente foi determinada em razão do posterior pagamento feito pelo devedor.

Acrescente-se o teor da decisão de fls. 570-571 dos autos em apenso.

Nada a modificar. Intime-se.

Petrópolis, 17 de novembro de 2023


Cartório da 1ª Vara de Família

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