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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA

CÍVEL DA COMARCA DE PIRIPIRI-PI

Processo nº ...

TÍCIO, já devidamente qualificado nos autos do processo em


epígrafe, vem respeitosamente, por meio do seu advogado infrafirmado,
inconformado com a sentença proferida às fls.____, e com base nos termos
dos arts. 724 e 1009 do Código de Processo Civil e demais dispositivos
aplicados, interpor o presente

RECURSO DE APELAÇÃO

Buscando reformar a r. decisão recorrida que não reconheceu a


legitimidade passiva do réu GAIO, ora apelado (já qualificado), nos autos da
ação indenizatória que move em razão de acidente de trânsito que tramita pelo
rito sumário, tendo sido indevidamente extinto sem resolução do mérito nos
termos dos arts. 485, I e VI, e 330, II, do CPC.
Nos termos do art. 724 do Código de Processo Civil o apelante
r. requer que Vossa Excelência reconsidere a sentença proferida,
reconhecendo a legitimidade passiva de Gaio, determinando a sua citação e
o regular processamento do feito.
Caso Vossa Excelência assim não entenda, requer seja
recebida a presente apelação nos efeitos suspensivo e devolutivo,
regularmente processada e encaminhada à instância superior.
Por fim, requer seja conhecido e provido o recurso ora
interposto, cumprindo informar que o preparo e o porte de remessa e retorno
forma devidamente recolhidos.
Termos em que pede e aguarda deferimento.
Piripiri-PI, ____/_____/_____.

Advogado
OAB nº...
DAS RAZÕES DO RECURSO

Apelante: Tício.
Apelado: Gaio

Processo de origem nº ....

EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA CÂMARA,
EMÉRITOS DESEMBARGADORES.

I - DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

Considerando que a sentença foi publicada em __/__/____ e o prazo


para interposição do recurso de apelação é de 15 dias, verifica-se que o
recurso é tempestivo, pois interposto em ___/___/____, ou seja, dentro do
prazo legal.

Da mesma forma, as custas de remessa e retorno e o preparo foram


devidamente recolhidos, conforme guias ora acostadas, não havendo que se
falar em pena de deserção.

II - BREVE SINTESE DOS FATOS

Em razão de acidente de carro, Tício propôs ação indenizatória em


face de Gaio, proprietário de veículo envolvido na colisão que não era o
condutor no momento do acidente. O juiz da 1ª Vara Cível de Piripiri indeferiu a
petição inicial de plano, extinguindo o processo sem resolução do mérito com
fulcro nos artigos 485, I e VI, e 330, II, do CPC, entendendo pela ilegitimidade
passiva do proprietário, já que o condutor era conhecido (Mévio).

III - RAZÕES DE FATO E DE DIREITO

Excelências, A r. sentença não merece prosperar, pois conforme se


observará pelas argumentações abaixo, Gaio é parte legítima para figurar no
polo passivo da AÇÃO INDENIZATÓRIA.

Nesse sentido, tem-se que o artigo 186 do Código Civil, em suma,


reza que todo aquele que causar dano a outrem é obrigado a ressarcir. Nesse
passo, o Artigo 927 do Código Civil estabelece que todo aquele que causar
dano a outrem é obrigado a repará-lo.
Ora Excelências, na situação supracitada, é evidente que Tício
sofreu um prejuízo e, portanto merece um ressarcimento. Muito embora Gaio,
ora apelado, não tenha diretamente colidido com o veículo de Tício, na
condição de proprietário, possui responsabilidade tal qual Mévio para
responder de forma solidária pelos prejuízos causados.

Cabe destacar também que, segundo precedentes do Superior


Tribunal de Justiça, o proprietário do veículo deve responder solidariamente
pelos prejuízos causados pelo condutor em virtude de acidente de trânsito, pois
a guarda jurídica do veículo pertence ao proprietário, sendo este o responsável,
portanto, pelos atos ilícitos praticados por terceiro a quem a direção é confiada
(teoria da responsabilidade civil sobre o fato da coisa).(Acórdão 1204087,
07043719820178070001, Relator: GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA,
Terceira Turma Cível, data de julgamento: 18/9/2019, publicado no DJe:
1º/10/2019.)

Assim, frisa-se que o fundamento para tal responsabilização é de


que a escolha de quem conduzirá o veículo é inteiramente do proprietário,
cabendo a ele zelar por esta eleição – trata-se da chamada “culpa in eligendo”.
Do mesmo modo, é responsabilidade do proprietário do veículo a de zelar pela
vigilância de quem o conduz – por sua vez, a mencionada “culpa in vigilando”.

O Superior Tribunal de Justiça, no seu Informativo nº 0484,


esclareceu: “A culpa do proprietário consiste ou na escolha impertinente da
pessoa a conduzir seu carro, ou na negligência em permitir que terceiros, sem
sua autorização, tomassem o veículo para utilizá-lo (culpa in eligendo ou in
vigilando, respectivamente)”.

Na mesma esteira, o Ministro Ricardo Villas Boas Cueva, ao julgar o


Agravo Regimental em Recurso Especial nº 1.519.178/DF, complementou: “O
proprietário do veículo que o empresta a terceiro responde solidariamente
pelos danos causados por seu uso culposo. A sua culpa configura-se em razão
da escolha impertinente da pessoa a conduzir seu carro ou da negligência em
permitir que terceiros, sem sua autorização, utilizem o veículo”.

Assim, provada a culpa do condutor na ocorrência do acidente, e


demonstrados pela vítima prejuízos ordem material ou de ordem moral, até
mesmo estética, o proprietário do veículo responderá civilmente juntamente
com o condutor perante a vítima,

IV - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, e o que mais será certamente suprido pelo


notório saber jurídico dos ilustres Julgadores, componentes da Egrégia Câmara
Cível, requer o Apelante seja acolhido o presente recurso, reformando a r.
sentença, e em virtude dos fatos acima elencados, seja reconhecido a
legitimidade passiva de Gaio, devendo ele responder pelo ocorrido, julgando a
procedência do pedido, para condenar o réu ao pagamento da indenização
pleiteada na inicial, bem como nos ônus da sucumbência.

Nesses Termos,

Pede Deferimento.

Piripiri-PI, ___/___/____

ADVOGADO

OAB Nº ...

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