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AO JUÍZO DE DIREITO DA ...

º VARA DE FEITOS E RELAÇÕES DE


CONSUMO, CÍVEL E COMERCIAL DA COMARCA ....

Processo nº. (...)

ANTÔNIO DA SILVA JÚNIOR, menor representado por sua genitora ISABEL DA


SILVA já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem, por seu advogado
eletronicamente identificado, a presença de Vossa Excelência, proceder quanto à interposição do
RECURSO DE APELAÇÃO em face da sentença que julgou improcedente em desfavor de
WALTER COSTA, com fundamento no art. 1009 Código de Processo Civil

Sendo assim, requer sua juntada aos autos, para apreciação da Superior Instância.
Termos em que, pede e espera deferimento.
Feira de Santana-BA, 02 de Maio de 2022.

XXXX
OAB/BA ...
CONTRARRAZÕES PELA RECORRIDA

RECORRENTE: ISABEL DA SILVA

RECORRIDO: WALTER COSTA

ORIGEM: (...) VARA DE FEITOS E RELAÇÃO DE CONSUMO, CÍVEL E


COMERCIAL DA COMARCA DE (...)

PROCESSO Nº: (...)

I. PRELIMINARES

I.I- DO PREPARO

O Autor requer, de logo, a Vossa Excelência a concessão do benefício da assistência


integral judiciária gratuita, com base no art. 5º, inciso LXXIV, da Constituição Cidadã, e art. 98
e seguintes da lei 13.105/2015, em razão de que não possui condições financeiras para arcar com
o presente recurso sem prejuízo do sustento próprio e da sua família somado ao fato de
atualmente arcar com o tratamento médico do Apelante, em decorrência do dano sofrido no caso
em comento.

I.II DA TEMPESTIVIDADE

Insta destacar que a sentença, ora recorrida, foi publicada em (...), findar-se-á o prazo para
recurso em (...), sendo, portanto, o presente recurso é tempestivo, visto que o prazo para
interposição do mesmo é de 15 dias conforme disposto no (art.1.003, §5º, CPC)

I.III DO CABIMENTO

O CPC positiva em seu Art 1.009, in verbis, da sentença cabe apelação, razão pela qual é

cabível o presente recurso.


II. BREVE RESUMO DOS FATOS

Em janeiro de 2010, após mais um dia comum de aula, Antônio da Silva Júnior, voltava
para casa caminhando por uma estrada de terra da região rural onde ele morava, percorrendo o
mesmo caminho que sempre fez ao voltar da escola, quando menos se espera recebe o coice de
um cavalo que estava à margem da estrada, tal coice esse que causou sérios danos à saúde do
apelante. O tratamento necessário foi longo e custoso, demandou muito esforço por parte do
autor. A ação que movia por reparação de danos morais e patrimoniais em janeiro de 2014 contra
o réu proprietário e responsável pelo cavalo, se mostrava a forma mais justa de buscar amenizar o
ocorrido de maneira digna e humana.
No entanto, a sentença se mostrou contrária ao pedido, como poderá ser visto a seguir,
logo a mesma não merece prosperar, devendo assim ser reformulada.

III. DAS RAZÕES DA RECORRENTE PARA REFORMA DA SENTENÇA:

III.I DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Meritíssimos, conforme narrado na presente peça, o Apelante na data do evento danoso,


possuía apenas 7 (sete) anos de idade e realizava seu rotineiro caminho de volta para casa na
região rural onde residia, ocorre que o mesmo foi vítima da negligência do Apelado, que sem
maior cuidado deixou o animal em um terreno à margem da estrada.
A fundamentação do Juiz de primeiro grau de que o Recorrido empregou o cuidado
devido, evidenciando-se a ausência de culpa, encontra-se divergente da atual legislação pátria,
em destaque ao Art 936 do CC o qual dispõe: O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano
por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior, demonstrada a responsabilidade
objetiva do Apelado decorrente ao fato ilícito, torna-se necessário o dever de repará-lo, nos
termos do Art 936 do referido código.

Nesse diapasão decidiu o Tribunal de Justiça de Minas Gerais:


EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE REPARAÇÃO -
CAVALO- COICE- DANOS MORAIS E MATERIAIS -
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO DONO DO ANIMAL -
PRECEDENTES - VALOR DA INDENIZAÇÃO - CRITÉRIOS DE
ARBITRAMENTO. - O art. 936, do Código Civil, estabelece a
presunção juris tantum de responsabilidade do dono do animal, pelos
danos causados por este, salvo se provar a ocorrência de culpa da
vítima ou de força maior. - "Aquele que se dispõe a cavalgar em ruas
movimentadas deve se portar com redobrada cautela, porque o animal
pode trazer perigosas reações instintivas. Se, ao revés, o montador do
animal age displicentemente, ignorando esse dever de redobrada
diligência ou acreditando ter destreza suficiente para desviar dos
transeuntes, age com imperícia e imprudência, não podendo imputar à
infeliz vítima a responsabilidade pelo sinistro. Somente se afasta o dever
de indenizar se a culpa exclusiva da vítima estiver robustamente
demonstrada nos autos, não podendo se firmar em meras circunstâncias
frágeis e imprecisas." (STJ - Ag 1.362.077 - MG). - No arbitramento do
valor da indenização por dano moral devem ser observados os critérios de
moderação, proporcionalidade e razoabilidade em sintonia com o ato
ilícito e suas repercussões, como, também, com as condições pessoais das
partes. - A indenização por dano moral não pode servir como fonte de
enriquecimento do indenizado, nem consubstanciar incentivo à
permanente reincidência do responsável pelo ilícito.

Demonstrado a existência de responsabilidade objetiva, surge o dever de indeniza com


fulcro no 186 do Código Civil Pátrio o qual dispõe que “Aquele que por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Ademais, o art. 927, do mesmo diploma legal, acrescenta: “Aquele que, por ato ilícito
(arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”.
Diante o exposto, demonstra-se cristalino o dever de indenização no que concerne tanto
ao Dano Moral, o Apelante tem sofrido, em razão de não poder mais realizar atividades
rotineiras e costumeiras em razão da negligência do Apelado, e quanto ao Dano Material por
razão de que o golpe que atingiu o menor causou sérios danos à saúde, necessitando de
tratamento que se revela longo e altamente oneroso, conforme documentos em anexo.
Com isso, merece apreciação deste Poder o caso em fulcro, portanto pleiteia pela reforma
da sentença para que sejam julgadas procedentes as pretensões do autor, ora apelante, quanto à
indenização por dano moral e material.

III. II DA IMPOSSIBILIDADE DE PRESCRIÇÃO CONTRA INCAPAZ

Em sentença de primeiro grau, foi determinada a existência de prescrição trienal referente


ao requerimento de Danos Materiais e Morais, não obstante, data venia , houve um erro ao
julgar o presente tópico visto que não há previsão para a prescrição trienal no tocante ao incapaz
na legislação pátria.
Observamos o Art 198, I do CC:

Art. 198. Também não corre a prescrição:

o
I - contra os incapazes de que trata o art. 3 ;

Diante do exposto, em observância à impossibilidade da aplicação da referida prescrição,


em razão de que o Autor é incapaz, requer a reforma da sentença a quo, sendo julgada
procedente a presente demanda.

IV. DOS REQUERIMENTOS

Ante o exposto, REQUER que Vossa Excelência se digne a acolher a presente Apelação
que ora apresento, para reformar a sentença prolatada pelo Juízo de 1º grau, para assim reformar
a sentença:
I- Julgando a procedente a presente demanda, com a condenação do Apelado, ora Réu,
em Danos Morais e Materiais, tendo em vista a responsabilidade objetiva determinada no Art
936 do C.C.
II- Determinando a inversão do ônus da prova em razão da responsabilidade objetiva do
Apelado
III- Condenando o apelado a pagar honorários advocatícios nos termos do Art 85 do CPC.
IV- Concedendo o pedido de justiça gratuita.

São os termos em que,


Pede e espera deferimento.
Feira de Santana-BA, 2 de maio de 2022

(...)
OAB/BA (...)

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