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AO JUÍZO DA 2ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE INDAIAL - ESTADO DE

SANTA CATARINA

Distribuição por dependência ao processo nº XXXXXXXXXXXX

JANAINA (Embargante), de nacionalidade …, casada, profissão...,


endereço eletrônico …, portadora da cédula de identidade …, órgão emissor …,
inscrita no CPF sob o nº …, residente e domiciliada na rua..., bairro ...., nº …,
Indaial, CEP ..., vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por
intermédio de seu advogado constituído, propor, com fulcro no art. 674 do CPC

EMBARGOS DE TERCEIRO

Em face de:

JOANA (Embargada), de nacionalidade …, estado civil, profissão...,


endereço eletrônico …, portadora da cédula de identidade …, órgão emissor …,
inscrita no CPF sob o nº …, residente e domiciliada na rua...., bairro ....., nº …,
Indaial, CEP..., representada por sua mãe, FERNANDA, por se tratar de menor
absolutamente incapaz.

I – DOS FATOS

No ano de 2014, Eduardo era casado com Fernanda, que na constacia


da união, tiveram Joana (Embargada). O casamento não prosperou do jeito
esperado, então Eduardo realizou o divórcio, sendo acordado o pagamento do
pensão alimenticia da Embargada.

Após os acontecimentos, Eduardo casou-se novamente com Janaina


(Embargante), no ano de 2021, sobe o regime de comunhão universal. Neste
mesmo ano a Embargante e Eduardo adquiriram um imóvel, onde residem desde a
presente data.

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Eduardo acabou perdendo seu emprego, e desempregado, não estava
mais efetuando os pagamentos da pensão alimenticia de sua filha, ainda menor de
idade. Fernanda genitora da Embargada, entrou com a ação de execução de
alimentos para garantir os direitos da Embargada.

Diante dos fatos, após o tramite da execução de alimentos, o imóvel


adquirido pela Embargante e Eduardo é penhorado. Contudo excelência à
Embargante tem todo o direito de opor os embargos uma vez que tem o dever de
defender sua meação conforme a Súmula 134 do STJ.

II – TEMPESTIVIDADE

A ação foi interposta antes da antes da adjudicação, da alienação por


iniciativa particular ou da arrematação, por esse motivo, se encontra tempestiva
para seguimento feito.

III – DO DIREITO

III.I CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Os Embargos de Terceiro são previstos para a revisão de decisões


judiciais para pessoas que não estejam previstas no processo, conforme o caput do
art 674 do Código de Processo Civil.

Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou


ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais
tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu
desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens
próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843 ;

Deste modo, o imóvel foi penhorado em um processo o qual a


Embargante não fazia parte (ação de alimentos), a penhora deve recair somente

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sobre o Executado, ou seja, daquele que faz parte no processo. Devem ser
respeitados portanto, os direitos de propriedade ou posse da Embargante.

É cabivel mencionar que a Embargada não possui responsabilidade


pratimonial secundaria pela divida, pois a divida que originou a penhora não
beneficiou o casal, não se aplicando o art 790, IV, CPC/15, conforme mencionado
abaixo:

Art. 790. São sujeitos à execução os bens:

IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens


próprios ou de sua meação respondem pela dívida;

Mesmo que a Embargante tenha se casado em regime universal de bens


com Fernando, o imóvel do casal é impenhoravel, conforme dispõe a Lei 8.009/90

Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar,


é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil,
comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída
pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários
e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei.

Sendo o entendimento do nosso tribunal em relação ao tema:

APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE TERCEIRO OPOSTOS POR


ESPOSA DO DEVEDOR. AÇÃO PRINCIPAL. EXECUÇÃO DE
ALIMENTOS AJUIZADA PELA FILHA DO EXECUTADO. PENHORA
INCIDENTE SOBRE IMÓVEL PERTENCENTE AO EXECUTADO E
SUA ESPOSA, ORA EMBARGANTE. SENTENÇA DE PARCIAL
PROCEDÊNCIA QUE DECLAROU APENAS O DIREITO DE
MEAÇÃO DA EMBARGANTE, ASSEGURANDO À ESTA 50% DO
PRODUTO DA VENDA PARA O CASO DE ARREMATAÇÃO DO
BEM EM HASTA PÚBLICA. INSURGÊNCIA DA EMBARGANTE.
TESE DE IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA E DE QUE
FRAÇÃO IDEAL DE BEM INDIVISÍVEL PERTENCENTE A
TERCEIRO NÃO PODE SER LEVADO À HASTA PÚBLICA.
INSUBSISTÊNCIA. SENTENÇA QUE APLICOU CORRETAMENTE

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O DIREITO À ESPÉCIE. TESES DE IMPENHORABILIDADE DO
BEM DE FAMÍLIA E IMPOSSIBILIDADE DE HASTA PÚBLICA
REJEITADAS. EXCEPCIONALIDADE. APLICABILIDADE DO
INCISO III DO ART. 3º DA LEI N.º 8.009/90. PENHORA QUE VISA
RESGUARDAR O RECEBIMENTO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA
GARANTIDA POR SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO.
INADIMPLÊNCIA DO DEVEDOR CONSTATADA DESDE O ANO
DE 1996. BEM INDIVISÍVEL DE PROPRIEDADE COMUM DO
CASAL. POSSIBILIDADE DE ALIENAÇÃO. DIREITO À MEAÇÃO
RESGUARDADO ATRAVÉS DO PRODUTO DA VENDA. EXEGESE
DO ART. 655-B DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n.
2013.045518-8, de Porto União, rel. Denise de Souza Luiz
Francoski, Primeira Câmara de Direito Civil, j. 10-09-2013).

Tendo em vista que Kátia e Paulo estão casados no regime de comunhão


universal de bens, decorre que todos os bens presentes e futuros são comunicados
entre os cônjuges, tal qual o imóvel que Paulo adquiriu para residirem restando
como meeira a embargante à luz do Art. 1.667 do CC e seguintes. Ainda, trata-se de
bem indivisível, não podendo ter parte constrita sem que haja prejuízo à
embargante.

Há ainda que se destacar o que se tem disciplinado em


jurisprudência superior acerca da garantia e legitimidade da embargante nos
presentes embargos conforme preconiza a Súmula 134 do STJ: "embora intimado
da penhora em imóvel do casal, o cônjuge do executado pode opor embargos de
terceiro para defesa de sua meação".

IV – PEDIDOS

Assim, por todo exposto, requer a Embargante:

a) Requer-se a concessão da liminar para suspender a constrição do imóvel,


independentemente de caução, conforme o art. 678, caput, CPC/15;
b) Requer a citação do Embargado, na pessoa de seu advogado, conforme o
art.677, paragrafo 3º, CPC/15;

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c) Requer-se a procedencia dos Embargos para o cancelamento da constrição,
conforme o art. 681, CPC/15;
d) Requer-se a condenação do Embargado em honorarios e custas
advocaticios, custas e despesas processuais, conforme os arts.82,
paragrafos 2º, e 85, CPC/15;
e) A intimação do Ministério Público para intervir nos presentes embargos nos
termos do artigo 178, inciso II do NCPC 2015
f) A embargante pretende comprovar todo o alegado através de prova
documental, testemunhal e de todas outras formas admitidas em direito.
g) Na eventualidade, que sejam resguardados os direitos da embargante em
relação à meação do referido imóvel a teor do que consta no artigo 3º, III da
lei 8009/90, bem como o disposto na súmula 134 do STJ.

Atribui-se o valor da causa em (Valor venal do imóvel que sofreu a constrição da


penhora)

Nestes termos,
Pede deferimento.
Xxxxx, xx de xxx de xxx.
Advogado xxxx, OAB/XX xx.

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