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Enunciado

Gustavo e Camila se conheceram em 2019, quando trabalhavam para a sociedade empresária


YZ, e se tornaram amigos desde então. Gustavo já tinha um filho de um ano Carlos; passado
certo tempo, Gustavo e Camila casaram-se no regime da comunhão universal de bens e, em
2021, Gustavo se desfez dos imóveis que possuía para adquirir um novo imóvel para residirem.
Com a crise que se instalou no país, em 2022, Gustavo ficou desempregado e começou a ter
dificuldades para pagar a pensão alimentícia de seu filho, Carlos, menor impúbere, tendo, por
fim, deixado de quitá-la. Em razão de tais fatos, Bianca, ex-esposa de Gustavo, ajuíza uma
demanda de execução de alimentos para garantir os direitos de seu filho. Durante o trâmite da
execução de alimentos, que tramita perante a 05ª Vara Cível da Cidade do Rio de Janeiro, o
imóvel adquirido por Gustavo e Camila é penhorado. Camila fica muito apreensiva com a
situação, pois se trata do único imóvel do casal. Na qualidade de advogado(a) de Camila,
elabore a defesa cabível voltada a impugnar a execução que foi ajuizada. (Valor: 5,00) Obs.: o(a)
examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.

1) Peça: Embargos de terceiro


2) Procedimento: especial
a) Distribuição por dependência (art. 676 do CPC).
a) Do cabimento: art. 674 do CPC
b) Da tempestividade: foi oposta antes da adjudicação ou arrematação (art. 675 do CPC)
3) Partes:
a) Embargante: Camila
b) Embargada: Carlos, representado por Bianca
4) Competência: 5ª Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro (art. 676 do CPC)
5) Preliminar: não há.
6) Tutela Provisória: art. 678 do CPC.
7) Mérito:
a) Qualidade de terceira: art. 674, § 2º, inciso I, do CPC.
b) Regime de comunhão universal de bens: a embargante é meeira (art. 1.667 do CC).
c) Bem de família: em regra, é impenhorável (art. 1º da Lei nº 8.009/1990).
d) Exceção à impenhorabilidade em execução de alimentos: deve ser requerido que
sejam resguardados os direitos da coproprietária meeira (art. 3º, inciso III, da Lei nº
8.009/1990).
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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA 5ª VARA CÍVEL DA
COMARCA DO RIO DE JANEIRO/RJ

Distribuição por dependência ao processo nº ... (art. 676 do CPC).

CAMILA, casada, profissão ..., CPF ..., endereço eletrônico ..., residente e
domiciliada ..., vem perante Vossa Excelência, por meio de seu advogado que esta subscreve
(procuração anexa), com escritório situado em ..., onde recebe notificações e intimações, com
fulcro nos arts. 674 e seguintes do Código de Processo Civil - CPC, opor

EMBARGOS DE TERCEIRO

em face de Carlos, menor, representado por Bianca, estado civil ..., profissão ..., CPF ...,
endereço eletrônico ..., residente e domiciliada ..., pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

I - DO CABIMENTO

1. Conforme se demonstrará adiante, a embargante é proprietária de bem sobre o qual sofreu


constrição judicial decorrente de processo de execução do qual não figura como parte. Assim
sendo, resta comprovado o cabimento dos presentes embargos de terceiro, nos termos do art.
674, caput, e § 2º, inciso I, do CPC, e Súmula 134 do STJ.

II - DA TEMPESTIVIDADE

2. A presente demanda é tempestiva, eis que oposta antes da adjudicação, da alienação por
iniciativa particular ou da arrematação, em atenção ao disposto no art. 675 do CPC.

III - DOS FATOS

3. Em 2021, Gustavo e Camila, casados no regime de comunhão universal de bens,


adquiriram um novo imóvel em que fixaram sua residência, sendo este o único imóvel do casal.

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4. Em 2022, Gustavo perdeu seu emprego e passou a ter dificuldades em pagar a pensão
alimentícia de Carlos, filho menor que teve com sua ex-esposa, Bianca.

5. Em razão do inadimplemento das obrigações alimentícias, Bianca ajuizou execução


contra Gustavo, o que resultou na penhora do único imóvel do casal.

6. Eis os fatos que interessam à presente demanda.

IV - DO DIREITO

IV.1 - Da legitimidade ativa da embargante

7. A embargante teve seu bem penhorado decorrente de processo de uma execução do qual
não figura como parte, o que demonstra sua qualidade de terceira, conforme art. 674, § 2º, inciso
I, do CPC, e Súmula 134 do STJ.

IV.2 - Da meação

8. De início, ressalta-se que a embargante é casada no regime de comunhão universal de


bens com Gustavo, que figura no polo passivo da execução de alimentos proposta pela
embargada.

9. Considerando que o imóvel penhorado fora adquirido pelo casal na constância do


casamento, resta evidente que o bem compõe o patrimônio comum do casal, conforme art. 1.667
do Código Civil - CC. Vale dizer, a embargante é detentora de bem de sua meação, o qual foi
objeto de constrição judicial, o que a qualifica como terceira, nos termos do art. 674, § 2º, inciso
I, do CPC.

10. À vista disso, resta comprovada a legitimidade ativa da embargante na presente ação.

IV.3 - Da impenhorabilidade do bem de família

11. Quanto ao bem penhorado, trata-se do único imóvel de propriedade da embargante e de


seu marido, sendo que nele residem, o que lhe caracteriza como bem de família, o qual, nos
termos do art. 1º da Lei nº 8.009/1990, é impenhorável.

12. Ademais, por ser a embargante casada no regime de comunhão universal de bens, e
considerando que o imóvel foi penhorado no âmbito de uma execução proposta por credor de

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alimentos, o art. 3º, inciso III, da Lei nº 8.009/1990, determina que lhe sejam resguardados seus
direitos sobre o bem.

IV.3 - Da liminar

13. Conforme acima exposto, restou comprovada a qualidade de terceira da embargante.


Ademais, a certidão de registro do imóvel objeto da constrição apensada a esta exordia é
suficiente para demonstrar o domínio do bem de família pela embargante.

14. Isso posto, a suspensão liminar da penhora do bem de família e a manutenção da posse
provisória do imóvel pela embargante se impõem como medida de direito, evitando-se, assim, a
realização de atos expropriatórios, conforme estabelece o art. 678 do CPC.

V - DOS PEDIDOS

15. Por todo o exposto, requer:

a) a concessão liminar para suspensão da penhora sobre o imóvel objeto dos


embargos e a manutenção provisória da posse à embargante, nos termos
do art. 678 do CPC, e que, ao final, seja mantida;

b) no mérito, seja julgada procedente a presente ação para reconhecer o


domínio do bem pela embargante a impenhorabilidade do bem, a meação
ou para resguardar o direito de meeira;

c) seja o Ministério Público intimado a manifestar-se no que lhe couber;

d) seja a embargada condenada em custas processuais (recolhimento das


custas em anexo) e honorários advocatícios, nos termos do art. 85 do CPC;

16. Atribui-se à causa o valor de R$ ...

17. Protesta provar o alegado por todas as provas admitidas em direito, em especial a prova
documental sumária de domínio da embargante (certidão de registro de imóvel) e a prova

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documental de sua qualidade de terceira (certidão de casamento), nos termos do art. 677
do CPC.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local ..., data ...

Advogado/OAB

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