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Nomes - TIA:
pelo procedimento especial, com base no art. 674 e seguintes do Código de Processo Civil,
nas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.
I. DOS FATOS
Ocorre que, por dificuldades financeiras, Eduardo não efetivou o registro no Cartório de Registro
de Imóveis, não lavrando ou registrando a necessária escritura. Apesar disso, Eduardo tomou
posse do imóvel e está utilizando-o para sua residência.
Em 6 de agosto de 2018, o Banco das Américas S.A. (Embargado) promoveu execução por
quantia certa contra devedor solvente em face de Joaquim, consistente no valor de R$ 100.000,00
(cem mil reais), processo esse que se arrastou tendo em vista que o credor tentava penhorar
numerário em conta bancária do devedor, sem sucesso.
Ou seja, o imóvel descrito acima, constrito em razão de débito de Joaquim, pertence à Eduardo
(Embargante), terceiro que não responde pela dívida. Nesse caminhar, a consequência jurídica
que se impõe aos fatos é a efetiva liberação do bem penhorado pelo Banco, para que o
Embargante possa voltar a usufruí-lo como sua residência.
II. DO DIREITO
Em sede inicial, faz-se necessário relembrar que o ora embargante adquiriu imóvel mediante
compromisso de compra e venda acordado com Joaquim, o qual outrora era, de fato, o dono
legítimo da propriedade. Por conseguinte, há que se destacar ainda que o embargante não lavrou
a escritura necessária para efetivar o registro no Cartório de Registro de Imóveis, visto que os
recursos eram limitados, todavia jamais agiu com má-fé no sentido de ludibriar a parte com a
qual firmou o compromisso de compra e venda e tampouco com o ideal de transgredir a lei. Não
obstante, o embargante tomou posse do imóvel adquirido a fim de utilizá-lo como sua residência,
contudo, em 6 de agosto de 2018 Joaquim foi executado e, como o imóvel ainda constava em
seu nome, este foi penhorado para satisfazer a dívida de Joaquim em face do Banco das Américas
S.A.
Tendo em vista o excerto supracitado, é importante frisar que os arts. 674 e seguintes do CPC
destacam que os embargos de terceiro são oponíveis a quem sofre constrição ou ameaça de
constrição em face dos bens que possua ou tenha direito incompatível com o ato constritivo,
mesmo que não seja parte no processo. Desse modo, como o ora embargante já havia tomado
posse do imóvel e valia-se do mesmo como residência, verifica-se, portanto, a legitimidade dos
presentes embargos, de modo que o embargante demonstre sua boa-fé e consequentemente seu
intento de permanecer de forma justa e idônea no imóvel que adquiriu.
Nesse sentido, aduz o art. 674 e a lição do jurista Marcus Vinicius Rios Gonçalves sobre a
temática dos embargos de terceiros, respectivamente:
Art. 674, caput, CPC. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição
sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá
requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
Posto isso, vale destacar que a penhora deverá refletir efeitos somente nos bens do executado,
isto é, o devedor propriamente dito da celeuma estabelecida, não havendo que se falar na
execução descabida de imóveis de terceiros, como a penhora que atinge o imóvel do embargante
de maneira totalmente descabida. Ante o exposto, mostra-se, mais uma vez, que as alegações
expostas pelo embargante encontram amparo e fundamentos jurídicos, mesmo que não tenha
havido o registro do imóvel, como se depreende da Súmula 84 do STJ, a qual ressalta que:
“Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade
de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas”.
Além de que, tendo em vista que a penhora do bem foi decretada em processo de execução, é
patente a tempestividade da oposição dos presentes embargos de terceiros em dependência ao
referido processo, conforme autoriza os arts. 675 e 676 do Código de Processo Civil.
Verifica-se, ainda sobre o tema em tela, a decisão do Superior Tribunal de Justiça sobre a
temática de embargos de terceiros e a legitimidade para sua oposição:
Por fim, é evidente que figura no polo passivo apenas o Banco das Américas S/A, vez que o art.
677, § 4º, do CPC estabelece que o credor do processo principal que ensejou a constrição do
bem é a parte legítima contra a qual deve-se opor embargos de terceiro. Outrossim, foi o referido
Banco que localizou o imóvel, sem qualquer indicação de Joaquim. O supracitado artigo:
(V) provar o alegado por todos os meios de provas previstos em lei, especialmente pelos
documentos já acostados e pela prova testemunhal, cujo rol segue ao final.
(VII) informar que as intimações deverão ser encaminhadas ao patrono do Autor, no endereço.
(VIII) comprovar o recolhimento das custas iniciais do processo, conforme guia anexa (doc).
Advogado/Advogada OAB