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NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA II [Turma 08T11] - 2023/1

Nomes - TIA:

Isabella Rossi - TIA: 41943465

Juliana Martins - TIA 41940301

Giovanna fazzolari - TIA 31962688

Tony Melo - TIA 42073146


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL
DO FORO CENTRAL DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP.

Distribuição por dependência ao Processo nº 1012458-85.2017.8.26.0100

EDUARDO (“Embargante”), brasileiro, estado civil, profissão, portador da Cédula de


Identidade RG n. (número) e inscrito no Cadastro das Pessoas Físicas sob o n. (número), usuário
do endereço eletrônico (e-mail), domicílio, bairro, cidade, vem, respeitosamente perante Vossa
Excelência, por seu advogado que esta subscreve (mandato incluso - procuração anexa), com
escritório em (endereço - CPC, art. 106, I), opor, em face de BANCO DAS AMÉRICAS S/A
(“Embargado”), devidamente qualificado nos autos de execução sob nº 1012458-
85.2017.8.26.0100,

EMBARGOS DE TERCEIRO COM PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR

pelo procedimento especial, com base no art. 674 e seguintes do Código de Processo Civil,
nas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.

I. DOS FATOS

Em 03 de agosto de 2015, Joaquim celebrou com Eduardo (Embargante), compromisso de venda


e compra de imóvel de sua propriedade (doc. 1), localizado na Avenida Vital Brasil, no Butantã,
São Paulo, SP, registrado sob a matrícula 20.000 do 18º Cartório de Registro de Imóveis da
Capital de São Paulo e avaliado em R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).

Ocorre que, por dificuldades financeiras, Eduardo não efetivou o registro no Cartório de Registro
de Imóveis, não lavrando ou registrando a necessária escritura. Apesar disso, Eduardo tomou
posse do imóvel e está utilizando-o para sua residência.

Em 6 de agosto de 2018, o Banco das Américas S.A. (Embargado) promoveu execução por
quantia certa contra devedor solvente em face de Joaquim, consistente no valor de R$ 100.000,00
(cem mil reais), processo esse que se arrastou tendo em vista que o credor tentava penhorar
numerário em conta bancária do devedor, sem sucesso.

Em outubro de 2020, o Banco localizou o registro do imóvel acima referido em nome de


Joaquim e solicitou sua penhora no processo de execução nº 1012458-
85.2017.8.26.0100, que tramita nesta vara do juízo. O imóvel foi penhorado, conforme auto de
penhora lavrado em 25 de janeiro de 2021.

Ou seja, o imóvel descrito acima, constrito em razão de débito de Joaquim, pertence à Eduardo
(Embargante), terceiro que não responde pela dívida. Nesse caminhar, a consequência jurídica
que se impõe aos fatos é a efetiva liberação do bem penhorado pelo Banco, para que o
Embargante possa voltar a usufruí-lo como sua residência.

II. DO DIREITO

II.I. DO CABIMENTO DE EMBARGOS DE TERCEIRO EM FACE DO


COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA

Em sede inicial, faz-se necessário relembrar que o ora embargante adquiriu imóvel mediante
compromisso de compra e venda acordado com Joaquim, o qual outrora era, de fato, o dono
legítimo da propriedade. Por conseguinte, há que se destacar ainda que o embargante não lavrou
a escritura necessária para efetivar o registro no Cartório de Registro de Imóveis, visto que os
recursos eram limitados, todavia jamais agiu com má-fé no sentido de ludibriar a parte com a
qual firmou o compromisso de compra e venda e tampouco com o ideal de transgredir a lei. Não
obstante, o embargante tomou posse do imóvel adquirido a fim de utilizá-lo como sua residência,
contudo, em 6 de agosto de 2018 Joaquim foi executado e, como o imóvel ainda constava em
seu nome, este foi penhorado para satisfazer a dívida de Joaquim em face do Banco das Américas
S.A.
Tendo em vista o excerto supracitado, é importante frisar que os arts. 674 e seguintes do CPC
destacam que os embargos de terceiro são oponíveis a quem sofre constrição ou ameaça de
constrição em face dos bens que possua ou tenha direito incompatível com o ato constritivo,
mesmo que não seja parte no processo. Desse modo, como o ora embargante já havia tomado
posse do imóvel e valia-se do mesmo como residência, verifica-se, portanto, a legitimidade dos
presentes embargos, de modo que o embargante demonstre sua boa-fé e consequentemente seu
intento de permanecer de forma justa e idônea no imóvel que adquiriu.

Nesse sentido, aduz o art. 674 e a lição do jurista Marcus Vinicius Rios Gonçalves sobre a
temática dos embargos de terceiros, respectivamente:

Art. 674, caput, CPC. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição
sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá
requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.

“É a ação que mais se aproxima das possessórias. Sua função é permitir


ao terceiro, que não é parte do processo, recuperar a coisa objeto de
constrição judicial. Não é possessória porque pode ser ajuizada não
apenas pelo possuidor, mas também pelo proprietário, e visa proteger o
terceiro, não propriamente de esbulho, turbação ou ameaça, mas de
apreensão judicial indevida. (Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito
Processual civil esquematizado / Marcus Vinicius Rios Gonçalves. 10.
ed. - São Paulo : Saraiva Educação, 2019. p. 651 (Coleção
esquematizado / coordenador Pedro Lenza)

Posto isso, vale destacar que a penhora deverá refletir efeitos somente nos bens do executado,
isto é, o devedor propriamente dito da celeuma estabelecida, não havendo que se falar na
execução descabida de imóveis de terceiros, como a penhora que atinge o imóvel do embargante
de maneira totalmente descabida. Ante o exposto, mostra-se, mais uma vez, que as alegações
expostas pelo embargante encontram amparo e fundamentos jurídicos, mesmo que não tenha
havido o registro do imóvel, como se depreende da Súmula 84 do STJ, a qual ressalta que:

“É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do


compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro.” Sumula 84. STJ

Conforme o entendimento sumulado supramencionado, a juntada do compromisso de compra e


venda (doc. 1), faz prova sumária da posse do bem penhorado, atendendo o quanto requisitado
no art. 677, “caput”, do CPC:

“Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade
de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas”.

Além de que, tendo em vista que a penhora do bem foi decretada em processo de execução, é
patente a tempestividade da oposição dos presentes embargos de terceiros em dependência ao
referido processo, conforme autoriza os arts. 675 e 676 do Código de Processo Civil.

Verifica-se, ainda sobre o tema em tela, a decisão do Superior Tribunal de Justiça sobre a
temática de embargos de terceiros e a legitimidade para sua oposição:

“Processual civil – embargos de terceiro – contrato de promessa de


compra e venda não inscrito no registro de imóvel – posse – penhora –
execução – (...) I – Inexistente fraude, encontrando-se os recorridos na
posse mansa e pacífica do imóvel, estão legitimados na qualidade de
possuidores a opor embargos de terceiro, com base em contrato de
compra e venda não inscrito no registro de imóvel, para pleitear a
exclusão do bem objeto da penhora no processo de execução, onde não
eram parte, (...)– precedentes do Superior Tribunal de Justiça. II –
Recurso conhecido pela letra “c”, do permissivo constitucional, a qual
se nega provimento” (Processo nº 00019319-6/004 – Recurso Especial
– Origem: Taubaté – 3ª Turma – julgamento: 19.05.1992 – relator: Min.
Waldemar Zveiter – decisão: unânime).

Por fim, é evidente que figura no polo passivo apenas o Banco das Américas S/A, vez que o art.
677, § 4º, do CPC estabelece que o credor do processo principal que ensejou a constrição do
bem é a parte legítima contra a qual deve-se opor embargos de terceiro. Outrossim, foi o referido
Banco que localizou o imóvel, sem qualquer indicação de Joaquim. O supracitado artigo:

“Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita,


assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua
a indicação do bem para a constrição judicial”.

II.II. DA MEDIDA LIMINAR


A condição de proprietário, possuidor e terceiro foram suficientemente provadas. Em
consonância ao art. 678, CPC, a decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou
a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos
embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o embargante a
houver requerido.
Nesse sentido:

“Art. 678. A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio


ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre
os bens
litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a
reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido.”

Requer-se, portanto, a expedição liminar do mandado de manutenção da posse.

III. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se:

(I) já que comprovadas a propriedade e a posse do Embargante, seja concedida medida


liminar para suspender a constrição do imóvel, com mandado de manutenção, nos termos do art.
678, “caput”, do CPC.

(II) a procedência da demanda para, confirmando a liminar concedida, desfazer ou inibir


definitivamente o ato de constrição, com o reconhecimento da posse em nome do Embargante.

(III) a procedência da demanda para condenar o Embargado a pagar custas e honorários


advocatícios.

(IV) a intimação do Embargado para apresentar defesa no prazo legal.

(V) provar o alegado por todos os meios de provas previstos em lei, especialmente pelos
documentos já acostados e pela prova testemunhal, cujo rol segue ao final.

(VI) a possibilidade de manifestar a pretensão em audiência de conciliação, visto que o Autor


não se opõe à realização de tal audiência.

(VII) informar que as intimações deverão ser encaminhadas ao patrono do Autor, no endereço.

(VIII) comprovar o recolhimento das custas iniciais do processo, conforme guia anexa (doc).

Atribui-se à causa o valor de 200.000,00 (duzentos mil reais).

ROL DE TESTEMUNHAS (art. 677, CPC):


1. Testemunha
2. Testemunha
3. Testemunha

Termos em que, pede deferimento.

São Paulo/SP, _ de _ de 2023.

Advogado/Advogada OAB

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