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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DO JUIZADO

ESPECIAL CIVEL DA COMARCA DE _____


Distribuiçã o por dependência.
Processo nº:
NOME, nacionalidade, estado civil, profissã o, portador da Registro Geral nºxx.xxx.xx, e
inscrito no Cadastro Nacional de Pessoa Física sob nº xxx.xxx.xxx-xx, residente e
domiciliado na Rua/Avenida____, nº ___. CEP xxxxx-xxx, cidade de____. Telefone celular (xx) x
xxxx xxxx. Representado pela advogada _______, inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil
nº , que abaixo subscreve. Vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro
nos artigos 300, 674 e seguintes do Có digo de Processo Civil, opor

EMBARGOS DE TERCEIRO COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA


Em virtude da restriçã o judicial determinada no processo nº _____ proposto por ______ em
desfavor de _______, todos já qualificados nos autos de origem. Pelos fatos e fundamentos a
seguir expostos.
OBJETO:
1. DOS FATOS

No referido processo de execuçã o em que figura como exequente ______ e executado _______,
encontra-se como objeto de penhora _______, cuja propriedade é do embargante, conforme
consta nos documentos anexos.
O embargante, de boa fé, adquiriu o referido bem como forma de pagamento de uma
dívida....
....Continua narrando os fatos.
Diante disso a ameaça de lesã o ao embargante é evidente, que sequer é parte no processo
de execuçã o, razã o pela qual é cabível os presentes embargos, com o intuito de excluir a
penhora do bem já mencionado, por ser medida de inteira justiça. O que desde logo se
requer.
2. PRELIMINARMENTE
Conforme narrado nos fatos e provado documentalmente, o embargante é o legal
proprietá rio do bem, sendo, portanto, terceiro no processo, e sofre uma restriçã o no seu
direito de propriedade. Desse modo, forçoso se faz o pedido de tutela provisó ria de
urgência, uma vez que, é evidente a probabilidade do direito e o perigo de dano. Conforme
dispõ e o artigo 300 do Có digo de Processo Civil.
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado ú til do processo.
Mas nã o é só ! O dano se torna ainda mais latente, porque o objeto da demanda é o meio
com o qual o embargante garante o sustento de sua família, e com a pró xima safra se
aproximando, sua preocupaçã o é desesperadora para dizer o mínimo.
Ademais Excelência, em conformidade com os artigos 678 e 681 do có digo de processo
civil, a decisã o que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará
a suspensã o das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos.
Art. 678. A decisã o que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse
determinará a suspensã o das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos
embargos, bem como a manutençã o ou a reintegraçã o provisó ria da posse, se o embargante
a houver requerido.
Art. 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de constriçã o judicial indevida será cancelado, com
o reconhecimento do domínio, da manutençã o da posse ou da reintegraçã o definitiva do
bem ou do direito ao embargante.
Portanto, Excelência, requer a expediçã o liminar da retirada da restriçã o que agrava o bem,
o que além de ser a medida mais justa, é também a mais humana, pois nã o só devolverá ao
verdadeiro dono a propriedade absoluta do bem, como também a sua dignidade.
Entretanto, na hipó tese de Vossa Excelência entender que a propriedade nã o se encontra
suficientemente provada, requer designe audiência preliminar para sua demonstraçã o,
conforme dispõ e artigo 677,§ 1º do Có digo de Processo Civil, com a consequente oitiva de
testemunhas.
Art. 677. Na petiçã o inicial, o embargante fará a prova sumá ria de sua posse ou de seu
domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas.
§ 1º É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz.
3. JUSTIÇA GRATUITA
O embargante faz jus à justiça gratuita, pois nã o dispõ e de recursos suficientes para arcar
com eventuais despesas processuais, sem que haja prejuízo pró prio ou de sua família. Aliá s,
a restriçã o do bem já é ô nus mais que desproporcional à renda da família.
Com base nisso os artigos 98 e 99 do Có digo de Processo Civil dispõ em:
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de
recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorá rios advocatícios têm
direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petiçã o inicial, na
contestaçã o, na petiçã o para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
Vale ressaltar que o artigo 99, pará grafo 4º do Có digo de Processo Civil, reforça que, a
assistência jurídica por advogado particular nã o é ó bice para a concessã o da justiça
gratuita.
§ 4º A assistência do requerente por advogado particular nã o impede a concessã o de
gratuidade da justiça.
O embargante é caminhoneiro e devido à restriçã o está impedido de trabalhar, tendo que
usar de suas poucas economias para garantir o sustento da família. Portanto, requer seja
concedida o benefício da justiça gratuita, por ser medida razoá vel para que a subsistência
do embargante e de sua família nã o seja ainda mais prejudicada.

4. TEMPESTIVIDADE
Segundo art. 675, CPC, os embargos podem ser opostos no processo de execuçã o, até 5
(cinco) dias depois da adjudicaçã o, da alienaçã o por iniciativa particular ou da
arremataçã o, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
Em xxxxxx se dirigiu até o despachante, para efetuar o pagamento dos documentos de 2020
(comprovante anexo), quando ficou sabendo que poderia efetuar o pagamento, mas nã o era
possível emitir os novos documentos, pois havia uma restriçã o no veículo.
Como o embargante é pessoa simples e de pouco estudo, nã o entendeu exatamente do que
se tratava. Foi orientado a procurar um advogado, o que fez em 08/12/2020. Onde lhe foi
esclarecido que se tratava de uma restriçã o, devido a uma ordem judicial.
Portanto Excelência, requer seja reconhecida a tempestividade dos presentes embargos.
Pois embora, o embargante tenha sido informado da restriçã o no dia 30/11/2020, somente
no dia 08/12/2020, teve ciência técnica do que se tratava e de quais procedimentos devia
seguir.
Ademais, caso Vossa Excelência nã o reconheça a tempestividade, requer sejam estes,
analisados ainda que intempestivamente, em virtude do princípio da economia processual,
esse é o entendimento já sedimentado pelo Superior Tribunal de Justiça, em que quando o
terceiro nã o fizer parte da execuçã o o prazo inicial é contado da turbaçã o da posse, cujo
conhecimento deve ser INEQUÍVOCO, sob pena de ofensa ao princípio da ampla defesa.
Alem disso, importante ressaltar que ainda que o embargante tivesse conhecimento da
execuçã o, os presentes embargos ainda é anterior aos atos de imissã o na posse. Dessa
forma, o embargante fez uso adequado e oportuno do processo para defender a posse de
seu bem. Sendo este, o instrumento processual mais adequado para a presente situaçã o.
Ainda, na jurisprudência que segue, o Tribunal flexibilizou o prazo dos embargos, porque
entendeu que ainda que decorrido o prazo de 5 dias, os embargos seriam oportunos pois,
era anterior à imissã o na posse. Situaçã o que se adéqua perfeitamente ao caso aqui
narrado.
EMBARGOS DE TERCEIRO. TEMPESTIVIDADE. 1. Ainda que os embargantes tenham tido
ciência inequívoca e anterior dos atos executivos, nã o se pode pô r em dú vida a adequaçã o
dos embargos de terceiro no caso, pois apresentados antes e a tempo da imissã o na posse
determinada. É razoá vel, nã o obstante entendimento em sentido contrá rio, admitir que o
terceiro tem oportunidade para os embargos enquanto a medida pretendida tiver utilidade
e nã o represente retrocesso na marcha processual. É o caso. Quando opostos os embargos
de terceiro ainda nã o havia sido cumprida a imissã o na posse, de forma que os
embargantes fizeram uso adequado e oportuno do processo para defender a posse que
tinham há anos sobre o bem. 2. De qualquer modo, pesa ainda na admissibilidade deste
instrumento processual o fato de que os embargantes adquiriram de boa-fé os direitos
sobre o imó vel, direitos decorrentes de anterior adjudicaçã o judicial. Tinham a posse do
bem há anos. É sabido, ainda, que o embargado conhecia bem a realidade do
empreendimento, porque também fora vítima do inadimplemento da construtora. Diante
destas circunstâ ncias, respeitado o entendimento em sentido contrá rio, há razoabilidade na
pretensã o dos embargantes, embora nã o registrado o título de aquisiçã o. 3. Como visto, na
sentença o pró prio Magistrado elencou os instrumentos processuais utilizados pelos
embargantes que foram rejeitados liminarmente. Neste cená rio, vê-se, portanto, que os
presentes embargos se tornaram o ú nico instrumento processual ú til e atual, ajuizado
oportunamente, pelo qual poderã o os embargantes Documento: 1560965 - Inteiro Teor do
Acó rdã o - Site certificado - DJe: 13/12/2016 Pá gina 3 de 4 Superior Tribunal de Justiça
proteger o direito subjetivo deles como terceiros. Assim, o pedido de reintegraçã o da posse
deve ser concedido nesta via processual. Recurso provido para julgar procedente o pedido,
de modo a desconstituir a penhora e posterior adjudicaçã o que se efetivou sobre o imó vel
que antes já havia sido adquirido pelos embargantes. Reintegraçã o da posse em favor dos
embargantes determinada. (fls. 913 s.) RECURSO ESPECIAL Nº 1.627.608 - SP
(2015/0159835-3) RELATOR : MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO
Mas nã o é só ! De acordo com o Ministro Paulo De Tarso Sanseverino:
“se a tutela nã o fosse concedida nos embargos de terceiro, seria obtida em outra demanda.
No â mbito da jurisprudência desta Corte Superior, inú meros sã o os julgados em que se
reconhece a possibilidade de flexibilizaçã o desse exíguo prazo na hipó tese de terceiro que
nã o tinha ciência da execuçã o em curso. A perda do prazo para oposiçã o dos embargos de
terceiro nã o produz qualquer modificaçã o no plano do direito material de modo que a
parte interessada poderia repetir a demanda (com as mesmas partes, pedido e causa de
pedir), sob a forma de uma açã o autô noma. Verifica-se, portanto, que o traço característico
dos embargos de terceiro, que o diferencia de uma açã o autô noma com o mesmo objeto, é o
efeito suspensivo pois o nome atribuído à açã o pela parte autora é irrelevante para definir
sua a natureza. Nã o parece ser justificá vel, portanto, à luz dos princípios da economia
processual e da duraçã o razoá vel do processo (art. 5º, inciso LXXVIII, da Constituiçã o
Federal), que os embargos de terceiro sejam extintos, para que uma demanda idêntica seja
ajuizada, sob outro nomem iuris, diferenciando-se apenas quanto ao efeito suspensivo
automá tico.”.
Embora as palavras do Ministro Sanseverino sejam reluzentes, a doutrina é igualmente
clara nesse sentido. Aqui, com a devida licença, transcrevo parte dos ensinamentos de Luiz
Guilherme Marinoni, Sergio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero:
"Em doutrina, há quem considere, ao que parece com mais razã o, que os embargos de
terceiro podem se opostos depois do prazo mencionado, sem, todavia, que possam nesse
caso gerar a suspensã o do processo principal. Por esse entendimento, o prazo em questã o
nã o é propriamente para que se possa discutir a apreensã o do bem, mas antes para que se
possa promover essa discussã o com a paralisaçã o da açã o outra (em que a apreensã o foi
gerada). Parece muito mais razoá vel esse entendimento, que enxerga os percalços da
realidade e percebe que nem sempre é fá cil ao terceiro perceber a existência da constriçã o
judicial. Mais do que isso, esse entendimento torna mais flexível o extremamente exíguo
prazo (de cinco dias) para a apresentaçã o da medida. Note-se que a submissã o do direito
aos embargos ao curto prazo de cinco dias é, muitas vezes, o suficiente para gerar o
perecimento do direito, já que nã o raramente a parte nã o terá condiçã o de, nesse curto
espaço de tempo, conseguir um advogado e instruí-lo suficientemente para o ajuizamento
de uma medida com o mínimo de chance de vitó ria. (Novo curso de processo civil: tutela
dos direitos mediante procedimentos diferenciados, v. 3. Sã o Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2015, p. 220, sem grifos no original)"
Para sedimentar ainda mais o entendimento desses grandes nomes, vejamos a seguinte
jurisprudencia que brilhantemente versa sobre o tema. .
APELAÇÃ O CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃ O ESPECIFICADO. PRETENSÃ O DE ANULAÇÃ O DA
ARREMATAÇÃ O. EMBARGOS DE TERCEIRO. TERMO INICIAL. TEMPESTIVIDADE
DECLARADA. O prazo para embargos de terceiro, no processo de execuçã o, é até 5 dias
depois da arremataçã o, adjudicaçã o ou remiçã o, mas sempre antes da assinatura da
respectiva carta, a teor do disposto no art. 1048 do CPC. No entanto, para o terceiro de boa-
fé que, por nã o fazer parte da relaçã o processual, nã o é intimado dos atos e, diante disso,
nã o detém conhecimento acerca de eventual arremataçã o, adjudicaçã o ou remiçã o, o prazo
deve fluir a partir do momento que toma ciência do esbulho ou da turbaçã o contra a sua
posse. No caso dos autos, nã o há prova de que a autora possuía ciência dos atos
expropriató rios. APELO PROVIDO. (STJ - AREsp: 437033 RS 2013/0389969-4, Relator:
Ministro RAUL ARAÚ JO, Data de Publicaçã o: DJ 02/03/2015)
Diante disso, conclui-se que a perda do prazo nã o implica na perda do direito. Por isso
requer a aná lise dos embargos aqui apresentados, por medida de inteira justiça, o que se
espera deste juízo.
5. DO DIREITO
a) DO CABIMENTO DE EMBARGOS DE TERCEIRO
Conforme demonstrado na narração dos fatos e também nos documentos juntados,
bem como o fundamento legal do artigo 674 do Código de Processo Civil. Os
presentes embargos de terceiro é perfeitamente cabível, pois trata-se de um terceiro
de boa-fé que não é parte no processo, mas que sofre uma constrição em seu bem,
objeto da ação de execução.
Art. 674. Quem, nã o sendo parte no processo, sofrer constriçã o ou ameaça de constriçã o
sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo,
poderá requerer seu desfazimento ou sua inibiçã o por meio de embargos de terceiro.
Diante disso Excelência, os presentes embargos de terceiro, é perfeitamente cabível
a situação e merece igualmente ser apreciado por este juízo.
b) DA PENHORA
Notadamente que a penhora é um instituto muito importante no que concerne a defesa de
direitos daquele que sofreu algum tipo de dano. Todavia é importante ressaltar que a
penhora deve recair sobre bens do executado, jamais sobre o direito de propriedade ou
posse de outrem.
No caso em tela, a restriçã o é posterior à aquisiçã o do bem. Pois o registro junto ao
departamento de trâ nsito ocorreu em 31/08/2018 e a restriçã o em 03/02/2020. Portanto
quando ocorreu a restriçã o o bem já era de propriedade do embargante, terceiro
completamente de boa-fé.
O judiciá rio deve por a salvo o direito do terceiro possuidor e adquirente de boa-fé, nos
casos em que a penhora recair sobre bem objeto de execuçã o que nã o pertence ao
executado, uma vez que houve a transferência da posse em setembro de 2017 e da
propriedade em outubro de 2018. Portanto verifica-se que o embargante estava de boa-fé,
sequer sabia da existência da açã o, inclusive porque o registro da penhora foi posterior à
aquisiçã o, bastando para verificaçã o, as datas do registro junto ao RENAJUD e a data da
transferência do bem, que já estava em sua posse desde o ano anterior.
Portanto excelência a manutençã o da penhora do referido bem nã o pode prosperar, pois, é
punir um terceiro de boa-fé, que nã o tem nenhuma responsabilidade com os fatos
ocorridos em decorrência do acidente de trâ nsito. E que vem respeitosamente em juízo
pedir uma ú nica coisa, a garantia do seu direito de trabalhar com o bem que adquiriu de
forma legítima.
6. DOS PEDIDOS
a- Requer a expediçã o da liminar para retirada da restriçã o que agrava o bem____
b- Na hipó tese de Vossa Excelência entender que a propriedade nã o se encontra
suficientemente provada, requer designe audiência preliminar para sua demonstraçã o,
conforme dispõ e artigo 677,§ 1º do Có digo de Processo Civil, com a consequente oitiva de
testemunhas.
c- Requer seja concedido o benefício da justiça gratuita
d- Requer seja reconhecida a tempestividade dos presentes embargos, com sua
consequente aná lise.

Cidade/estado. Data.
Advogado/OAB
Rol de testemunhas:

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