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Ricardo Reis

heterônimo de Fernando Pessoa

Ricardo Reis é considerado um poeta clássico porque colhe nos poetas greco-latinos, a
ideia de disciplina que organiza a sua poética nas odes que escreve.

● A ode é uma composição poética de exaltação com um esquema rígido ou de forma


a dar conselhos.
● A nível temático, Ricardo Reis recupera dos gregos a consciência da
instabilidade e efemeridade da vida, aceitando com elevação o destino inflexível.

Ricardo Reis vive o tormento e a angústia devido à consciência da brevidade da vida, da


fugacidade do tempo, do destino. A passagem do tempo altera as coisas na vida e conduz
à morte. Acredita no poder e na superioridade do Destino.

Então, o que fazer para minimizar a dor e a angústia?

Epicurismo: evita a dor e a perturbação, vivendo o momento, entregue aos prazeres


moderados

A atitude do “epicurismo” baseia-se no Carpe Diem: aproveita o dia, que significa entrega
ao momento presente.

Mas esta forma de ver e viver a vida não é suficiente, pois sabe que ela é passageira.

Estoicismo: vive a vida como uma simples encenação do momento da morte.

Assim, Ricardo Reis segue “normas” ou “regras” de vida para atingir a ataraxia: momento
de relativa felicidade e de tranquilidade interior.
1. Aceitação e resignação face ao destino que é impossível mudar
2. Autodisciplina: o pensamento deve ser o princípio orientador e controlador dos
impulsos e emoções
3. Abdicação e indiferença a tudo o que possa provocar perturbação
4. Renúncia ao prazer e à vida social, aos bens efêmeros que “prendem a
alma” e são causa do desequilíbrio

Para se defender do medo da morte, Ricardo Reis procede a uma verdadeira encenação da
mortalidade, que se baseia na aceitação e submissão voluntária a um destino involuntário,
sem um efeito de queixa.
“Quando, Lídia, vier o nosso Outono”
poema de Ricardo Reis

Quando, Lídia, vier o nosso Outono

Com o Inverno que há nele, reservemos

Um pensamento, não para a futura

Primavera, que é de outrem,

Nem para o Estio, de quem somos mortos,

Senão para o que fica do que passa —

O amarelo atual que as folhas vivem

E as torna diferentes.

Análise do poema:

● apóstrofe: Lídia - interlocutora do poema


● estações do ano: anáfora do percurso da vida
outono: fase adulta
inverno: morte
verão: adolescência - não lhes pertence
primavera: criança - recomeço de outros
● Carpe Diem: aproveitamento da vida
● aceitação da fadiga e efemeridade da vida

Características do poema:

● linguagem sóbria
● discurso lógico e intelectualizado
● versos decassilábicos
● uso da anástrofe: “Quando, Lídia, vier o nosso outono.” passa a “Lídia, quando vier
o nosso outono.”

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