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famosos
Além de nos inspirar com a sua beleza e sensibilidade, a poesia também pode nos ajudar a refletir
sobre os mais variados assuntos. Como não poderia deixar de ser, um dos temas mais trabalhados
na arte poética é esse grande mistério que chamamos de vida.
Confira, abaixo, 12 composições sobre a vida escritas por grandes nomes da literatura de língua
portuguesa:
Mario Quintana (1906 — 1994) foi um importante poeta brasileiro, nascido do Rio Grande do Sul,
que conquistou o amor do público nacional com as suas composições curtas e cheias de sabedoria.
Este é um dos seus poemas mais populares e carrega uma grande lição de vida: muitas vezes,
vamos adiando aquilo que queremos ou precisamos fazer, porque achamos que depois teremos
mais disponibilidade.
No entanto, o sujeito alerta os leitores para o modo como o tempo passa rapidamente por nós e
não espera por ninguém. Por isso, é necessário aproveitarmos e valorizarmos cada segundo em que
estamos vivos.
com o destino
o que pintar
eu assino
Paulo Leminski (1944 — 1989) foi um escritor, crítico e professor nascido em Curitiba que ficou
conhecido sobretudo pela sua poesia de caráter vanguardista.
Em vez de nos limitarmos, construindo expectativas sobre o futuro, o melhor mesmo é sermos
flexíveis e aprendermos a encarar o destino com curiosidade e otimismo.
Conhecido carinhosamente como "Poetinha", Vinicius de Moraes (1913 — 1980) foi um dos
nomes mais marcantes (e mais amados) da poesia e da música brasileira.
Os versos do carioca são atravessados pela beleza e pela delicadeza, capazes de expressar inúmeras
emoções humanas. No poema, encontramos um sujeito que está sendo dominado pela melancolia.
Por mais que tenha consciência de todas as coisas boas que existem no mundo e procure se lembrar
delas, ele continua enfrentando momentos de tristeza que não pode evitar.
Positiva e negativa
Aceitei contradições
lutas e pedras
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
Ana Lins dos Guimarães Peixoto (1889 — 1985), que se tornou célebre com o pseudônimo
literário Cora Coralina, foi uma notória escritora goiana que publicou o seu primeiro livro depois
dos 70 anos.
Na composição acima, o eu-lírico faz uma espécie de balanço sobre a vida, pesando o que
aprendeu com ela e que lições pode passar adiante.
Na sua opinião, devemos compreender que o nosso percurso terá coisas ruins e coisas boas e que
nem tudo será perfeito. Na visão deste sujeito, o segredo é aprendermos a lidar com as
dificuldades e crescermos graças a elas.
5. Brisa, de Manuel Bandeira
Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.
Deixarás aqui tua filha, tua avó, teu marido, teu amante.
Manuel Bandeira (1886 — 1968), o poeta, tradutor e crítico nascido no Recife, é outro nome
incontornável da literatura brasileira.
Além de abordar temas do cotidiano e ser atravessada pelo humor (com os "poemas-piada"), a sua
produção lírica também é marcada pelos sonhos, fantasias e sentimentosdo ser humano.
Neste poema, o sujeito se dirige à amada e demonstra ter uma visão idílica e profundamente
romântica da vida. Entregue à paixão avassaladora que sente, ele quer deixar tudo para trás e fugir
com Anarina, já que acredita que nada é mais importante que o amor.
Achou-a em confusão,
Um dos autores mais brilhantes de toda a literatura de língua portuguesa, Fernando Pessoa (1888
—1935) foi um escritor e crítico literário nascido em Lisboa que é lembrado sobretudo pela
vastidão da sua poesia.
Grande parte das suas composições eram assinadas por heterônimos, reproduzindo diversas
influências literárias, com destaque para o modernismo. A sua lírica também era atravessada,
frequentemente, por reflexões existenciais pessimistas e disfóricas.
Aqui, o eu-lírico é alguém sem esperança, rendido ao absurdo e à fragilidade da vida. Na sua
opinião, já não vale a pena tentar mais nada, nem sequer o amor, porque tudo está condenado à
partida.
7. Viver, de Carlos Drummond de Andrade
Mas era apenas isso,
Era só a batida
E ninguém respondendo,
o projecto de abri-la
O projecto de escuta
à procura de som?
em termos de esperança?
Um dos maiores poetas do panorama nacional, Drummond (1902 — 1987) foi um escritor mineiro
que pertenceu à segunda geração do modernismo brasileiro.
As suas composições se destacavam pelo uso de temáticas e vocabulário cotidianos, assim como
pelo intimismo e pelas reflexões sobre o sujeito e o mundo.
O poema acima transmite a impressão de que a vida é, afinal, uma espera, um ato que foi
ensaiado pelo sujeito, mas que nunca se concretizou realmente.
Analisando o seu percurso até ali, eu-lírico aparenta estardesanimado e confessa que não consegue
encontrar esperança e nem entende como é suposto fazê-lo.
a quebrada e a sinuosa
Tudo é preciso.
De tudo viverás.
Cecília Meireles (1901 – 1964) foi uma escritora, educadora e artista visual nascida no Rio de
Janeiro. Ela continua sendo uma das favoritas dos leitores brasileiros, devido à sua poesia
confessionalque abarca temas universais como a solidão e a passagem do tempo.
Este poema parece estabelecer uma ligação entre viver e desenhar: cada um pintaria, então, o seu
próprio destino e a sua forma de estar no mundo.
A imagem terá vários tipos de linhas e curvas, porque a vida é múltipla e suas circunstâncias são
transitórias, nada é realmente permanente. Por isso, o sujeito defende que não devemos pensar em
nós mesmos como desenhos estáticos, mas como figuras que vão se alterando com o tempo,
estando em eterna construção.
No estreito-pouco
II
Hilda Hilst (1930 — 2004) foi uma escritora nascida no estado de São Paulo que ficou eternizada
principalmente pelos seus versos irreverentes, que se focavam em temas considerados tabus, como
o desejo feminino.
Neste poema, a autora se debruça sobre a complexidade da vida, aqui referenciada como algo em
estado líquido, semelhante à água e ao álcool. No entender deste sujeito, a vida flui, mas também
pode ser pesada, difícil, pode machucar.
Inexperiência... esperança...
Quintana já foi mencionado nesta lista, mas quando o assunto é a própria vida, parece impossível
selecionar apenas uma composição de um dos autores mais sábios da nossa literatura.
Neste poema, o sujeito afirma que devemos viver de uma forma leve e harmoniosa. Assim como
sugere a filosofia latina "carpe diem" ("aproveite o dia"), temos que desfrutar o momento presente
sem grandes preocupações com o que virá depois.
Os versos sublinha que não faz sentido procurar o eterno ou aquilo que é imutável: é necessário
aceitar a brevidade da vida e celebrar a própria existência diariamente.
em serenos sobressaltos,
em bebedeiras de azul.
de focinho pontiagudo,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
florete de espadachim,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
alto-forno, geradora,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Rómulo Vasco da Gama de Carvalho (1906 —1997), conhecido pelo pseudônimo António Gedeão,
foi um poeta e educador nascido em Lisboa que se destacou no panorama literário português.
No poema apresentado acima, o eu-lírico declara que os sonhos são o grande motor da vida.
Quando damos asas à nossa imaginação, podemos iniciar novos caminhos para nós mesmos e até,
quem sabe, mudar o mundo em redor.
Assim, os versos de Gedeão nos incentivam a sonhar, não importa qual seja a nossa idade, com o
entusiasmo e a curiosidade de uma criança brincando.
Magoando a cicatriz
É de fato um prejuízo
Tire o D, coloque o R
Tenha fé no Criador
Bráulio Bessa (1985) nasceu no estado do Ceará e se define como um "fazedor de poesias". O
cordelista e declamador nordestino se tornou um êxito da literatura popular brasileira quando
começou a divulgar o seu trabalho através de vídeos que publicava na internet.
Nos versos acima, o poeta utiliza uma linguagem simples e cotidiana para transmitir uma
mensagem de esperança e superação para todos aqueles que escutam. Embora a vida seja, sim,
cheia de dificuldades, ela também guarda coisas boas para nós.
Por isso, é importante sermos resilientes e nunca baixarmos os braços, seguirmos nossa
caminhada com força e fé, porque só assim poderemos vencer os desafios que surgem.
O poema foi declamado durante o programa Encontro com Fátima Bernardes, exibido na TV
Globo, e conquistou o coração do público nacional. Confira o vídeo: