Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
vão adorar
A poesia tem o poder de nos emocionar, de nos transportar para outros mundos e de nos educar
acerca da complexidade humana.
Por todos esses motivos, e muitos mais, o contato das crianças com a poesia pode ser mágico e
potenciar um amor pela leitura que durará a vida toda.
Está procurando poemas curtos para ler com as crianças e inspirar os pequenos leitores? Confira
as composições que selecionamos, e comentamos, para você.
Cecília Meireles (1901 – 1964) foi um notória escritora, artista e educadora brasileira. Considerada
uma das maiores poetas nacionais, a autora também se destacou no campo da literatura
infantojuvenil.
Alguns dos seus poemas dedicados ao público infantil se tornaram verdadeiros clássicos e
continuam sendo muito populares entre leitores de todas as idades.
O poema em análise, publicado na obra homônima Ou Isto ou Aquilo (1964) é, talvez, o mais
famoso. A composição contém um ensinamento fundamental acerca do modo como a vida
funciona: temos, constantemente, que fazer escolhas.
Isso implica, no entanto, que não podemos ter tudo ao mesmo tempo. Quando optamos por uma
coisa, estamos abrindo mão de outra. A poeta consegue traduzir esse eterno sentimento de
incompletude através de exemplos simples, com elementos do cotidiano.
Conheça mais sobre a poesia de Cecília Meireles.
Ruth Rocha (1931) é uma das maiores escritoras de livros infantis do panorama nacional. Sua
composição mais popular é, sem dúvida, O Direito das Crianças, onde a autora enumera as
condições para uma infância saudável e feliz.
Neste artigo, contudo, escolhemos analisar o poema Pessoas são Diferentes, pela sua forte
mensagem social. Aqui, a autora ensina o leitor a compreender e a aceitar a diferença.
Num mundo que ainda é regido por padrões limitados de beleza e comportamento, Ruth Rocha
lembra as crianças (e os adultos) que o ser humano é múltiplo e que todas as pessoas merecem o
mesmo respeito.
Lá vem o pato
O pato pateta
Pintou o caneco
Surrou a galinha
Bateu no marreco
Pulou do poleiro
No pé do cavalo
Levou um coice
Criou um galo
Comeu um pedaço
De jenipapo
Ficou engasgado
Caiu no poço
Quebrou a tigela
Amado pelos adultos, Vinicius de Moraes (1913 — 1980) também foi um poeta e músico muito
popular entre as crianças. O Pato faz parte das composições infantis do "poetinha" que foram
publicadas na obra A Arca de Noé (1970).
Os poemas, focados sobretudo em animais, foram escritos para os filhos do artista, Suzana e Pedro.
Anos mais tarde, em parceria com Toquinho, Vinicius lançou adaptações musicais desses versos.
O Pato é um poema divertido de ler com as crianças, por causa do seu ritmo e das suas aliterações
(repetições de consoantes). Os versos contam a história de um pato que estava fazendo um monte
de travessuras.
Marina Colasanti (1937) é uma escritora e jornalista ítalo-brasileira, autora de várias obras
populares de literatura infantil e infanto-juvenil.
O Cuco faz parte da obra Cada bicho seu capricho (1992), na qual Colasanti mistura o amor pela
poesia com o amor pelos animais. Assim, os seus versos observam e descrevem as singularidades
de cada bicho, educando o leitor mirim.
O poema em análise se foca no comportamento do cuco, bem diferente da conduta das outras aves.
Em vez de construir o próprio ninho, o cuco é famoso por deixar os seus ovos em ninhos alheios.
Assim, os ovos dos cucos acabam sendo chocados por pássaros de outras espécies. Esse fato faz
com o animal seja encarado, na nossa cultura, como sinônimo de esperteza e independência.
5. Mãe, de Sérgio Capparelli
De patins, de bicicleta
de barco, de velocípedes
no rugido de um leão
na graça de um golfinho
e no germinar do grão
O poeta escreveu várias composições sobre a figura materna e sua ligação intemporal com os
filhos. Em Mãe, temos uma declaração de amor do sujeito à progenitora.
Enumerando todas as coisas que vê, ilustra que as memórias e os ensinamentos da mãe estão
presentes em cada elemento da realidade, cada gesto do cotidiano.
Deste modo, as palavras doces de Capparelli traduzem um sentimento maior que a própria vida e
um laço inquebrável entre mães e filhos.
e me visse lá do chão,
Pedro Bandeira (1942) é um escritor brasileiro de obras infantojuvenis que venceu o Prêmio Jabuti
em 1986. Este é um dos poemas do livro Por enquanto eu sou pequeno, lançado em 2002. O sujeito
parece ser uma criança que está transmitindo o seu "pontinho de vista" sobre a vida.
Ele afirma que é visto como pequeno pelos demais e precisa erguer a cabeça para falar com os
outros. No entanto, ele sabe sabe que os conceitos não são absolutos e dependem da forma como
encaramos as coisas.
Por exemplo, na perspectiva de uma formiga, o eu-lírico é enorme, um verdadeiro gigante. Deste
modo, e através de um exemplo acessível para as crianças, Pedro Bandeira dá uma importante lição
de subjetividade.
Ganhei um porquinho-da-índia.
Manuel Bandeira (1886 — 1968) foi uma das mais importantes vozes do modernismo brasileiro.
Sua poesia de linguagem simples e direta cativou, e continua cativando, leitores de várias gerações.
Porquinho-da-Índia é uma das suas composições adequadas para o público infantil. Lembrando os
tempos da infância, o sujeito poético reflete sobre o seu antigo porquinho-da-índia e a relação
difícil que mantinha com o animal.
Apesar de oferecer todo o carinho e conforto ao bichinho, ele "só queria estar debaixo do fogão".
Nos versos, o eu-lírico fala sobre a primeira vez que sentiu a rejeição, memória que guardou para o
resto da vida.
Por vezes o nosso amor não é correspondido com a mesma intensidade. Mesmo num tom
melancólico, o sujeito encara o fato com leveza e sabe que ele faz parte da vida.
me pousas na mão
De alguma floresta?
De alguma canção?
Ah, tu és a festa
de que precisava
este coração!
e é quase certo
em que um passarinho
me pousou na mão.
Ferreira Gullar (1930 – 2016) foi um poeta, escritor, crítico e ensaísta brasileiro, sendo também um
dos fundadores do neoconcretismo.
Em Menina Passarinho, o sujeito se dirige a alguém cujos gestos são leves e delicados. Assim, ele
compara a garota a um passarinho, que passa voando e pousa na sua mão.
Esse breve encontro é capaz de alegrar o sujeito, provocando uma festa no seu coração. Mesmo
ciente de que esse momento é efêmero, e que provavelmente não voltará a ver a Menina
Passarinho, consegue apreciar a sua recordação.
A composição vem lembrar os leitores que as coisas não precisam durar eternamente para serem
especiais. Por vezes, os momentos fugazes podem ser os mais belos e também os mais poéticos.
aquele
pescoço
comprido
espicha
espicha
espicha
a bicha
até parecia
que via
o dia de amanhã
Leonardo Antunes Cunha (1966), mais conhecido como Leo Cunha, é um jornalista e escritor
brasileiro que tem se dedicado principalmente a criar obras para o público infantil.
Em A Girafa Vidente, o poeta se foca numa particularidade bem notória do animal: a sua altura.
Como se assumisse o ponto de vista de uma criança, observa o longo pescoço da girafa, que parece
quase não ter fim.
Por ser tão alta, o sujeito poético sugere que ela conseguiria ver além, podendo até prever o
futuro. Também é engraçado reparar que a própria estrutura da composição (uma torre estreita e
vertical) parece replicar o formato do animal.
coração de capim
vai embora
aos pouquinhos
e fim.
Almir Correia é um autor brasileiro de literatura infantojuvenil que também trabalha com
animação. Talvez por isso, o poema Espantalho seja uma composição muito assente em aspectos
visuais. Formado por apenas seis versos, o poema pinta uma imagem bastante nítida de um
espantalho se desintegrando com o tempo.
Nada disso é descrito de forma triste ou trágica, pois tudo faz parte da vida. O espantalho, cujo
propósito é assustar os pássaros, acaba sendo devorado pelos seus bicos.
11. A porta, de Vinicius de Moraes
Eu sou feita de madeira
Eu abro devagarinho
Eu abro de supetão
Conhecido como "poetinha", Vinicius tinha o dom de conferir uma certa magia a acontecimentos e
objetos aparentemente banais. Neste poema, o sujeito poético mostra toda a história que pode
estar contida em uma simples porta.
Deste modo, fica claro que cada elemento do cotidiano faz parte da nossa vida e, se falasse, teria
muito para contar sobre nós e aqueles que nos rodeiam. Aqui, existe uma personificação da porta,
que escolhe se abrir de formas diferentes para cada personagem que aparece.
é maré
mare linha
Pulo paro
e lá vou
num pulinho
no céu.
Maria da Graça Rios é uma escritora e acadêmica brasileira, autora de várias obras infantis como
Chuva choveu e Abel e a fera. Em Amarelinha, o sujeito poético cria vários jogos de palavras a
partir do nome da brincadeira famosa.
Na composição, o eu-lírico parece ser uma criança que está brincando de amarelinha e vai
descrevendo os seus movimentos, até o final do jogo.
E nenhuma se continha,
E amarrotada a carinha.
Olavo Bilac (1865 - 1918) foi um célebre poeta do parnasianismo brasileiro que também escreveu
composições destinadas às crianças. Em A Boneca, o sujeito conta a história de duas garotas que
começaram a brigar porque queriam brincar com a mesma boneca.
Em vez de partilharem e continuarem a brincadeira, cada uma queria a boneca para si. De tanto
puxarem, acabaram destruindo a pobre boneca e, no final, ninguém brincou com ela. O poema vem
lembrar as crianças que é fundamental aprendermos a partilhar e que a ganância apenas conduz
a resultados ruins.
Com ar apressado?
Eu só gostaria
De dar um tapinha
Ou bem de levinho
Puxar o rabinho
Da sua casaca.
Neste poema cheio de bom humor, Vinícius brinca com a aparência dos pinguins. Por serem pretos
e brancos, parecem estar vestidos de um jeito formal, usando uma casaca.
Assim, o sujeito lírico parece ser um garoto que vê o bichinho ao longe e quer se aproximar dele e
tocá-lo, tentando não o assustar.
e mande a tristeza
do mar ou da lua
e plante bananeira
Roseana Murray (1950) é uma escritora carioca, autora de obras de poesia e livros direcionados
para o público infantil. A escritora publicou o seu primeiro livro, Fardo de Carinho, em 1980.
Em receita para espantar a tristeza, a poeta transmite uma mensagem muito especial de ânimo.
Quando estamos tristes, o melhor que podemos fazer é interromper esse processo de sofrimento e
procurar alguma coisa que nos faça rir (por exemplo, plantar bananeira).
Algo que também não pode faltar é a amizade: a simples presença de um amigo pode ser o
suficiente para mandar a tristeza embora.
Conheça também