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UNIDADE 4

METODOLOGIA
CIENTÍFICA

PROJETO DE PESQUISA – PARTE 1

AUTOR
Marcelo Silveira de
Alcântara
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo!

Olá a todos. Bem-vindos à Unidade de Aprendizagem 4 da disciplina de


Metodologia Científica. Nesta unidade você irá iniciar a sua caminhada para ser
um autor de suas próprias ideias e apresentá-las de forma científica. Para isso
vamos mostrar como você deve iniciar a escrita de um projeto de pesquisa.

A escrita de um projeto de pesquisa é uma etapa fundamental para que a


pesquisa ocorra de forma adequada. Para escrever esse projeto, você irá
inicialmente escolher uma figura importante: o seu orientador. Como estudante
em formação, o orientador é uma pessoa fundamental para o seu sucesso,
ajudando-o no processo de construção não apenas do seu trabalho, mas de seu
conhecimento sobre como elaborar um trabalho de forma correta.

Na sequência você passará pelas etapas iniciais do projeto, que permitirão a você
ter uma visão geral do mesmo e ser capaz de se planejar para executá-lo com
eficácia.

Bons estudos!

01
CONHEÇA O
CONTEUDISTA
Marcelo Silveira de Alcântara
O professor Marcelo Silveira de Alcântara possui graduação em Bacharelado em
Biologia Molecular (1987) e mestrado em Ciências Biológicas (Biologia Molecular)
pela Universidade de Brasília (1992). É doutor em Educação pela Universidade
Católica de Brasília (2014), estudando a aprendizagem do aluno universitário em
contexto de sub-expertise. É também Personal and Live Coach pela Sociedade
Brasileira de Coach e tecnólogo em Gastronomia e Alta Cozinha pelo Instituto
Gastronômico das Américas. Lecionou na Universidade Católica de Brasília entre
1992 e 2007 e na UNIP entre 2008 e 2015. Atualmente é professor do Centro
Universitário ICESP, onde coordena o Núcleo de Inovação Acadêmica (NINA) na
Plataforma 3, que engloba instituições de oito cidades. Tem experiência na área de
Bioquímica e Evolução, lecionando também outras matérias dessa área como
Histologia, Citologia e Química, bem como as disciplinas ligadas à área educacional. É
diretor presidente da Escola de Experts, trabalhando com consultoria educacional
na área de aprendizagem e organização acadêmico - pedagógica.

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UNIDADE 4
O Projeto de Pesquisa – Parte 1
Nos capítulos anteriores discutimos inicialmente as características da ciência e
como o conhecimento científico diferencia-se dos demais tipos de conhecimento:
ele pode ser submetido a um teste. Na sequência vimos como a ciência pode ser
feita, discutindo as características do método científico. E, finalmente, vimos que a
principal forma de divulgação da ciência é a escrita de um artigo científico.
Mostramos então como encontrá-los e como obter deles as informações
relevantes para que ele possa ser útil na construção do conhecimento do leitor.

Nessa unidade vamos iniciar um processo ainda mais fascinante: você aprenderá
como ser autor das suas próprias ideias. Para que essas ideias tomem forma, é
necessário que se siga uma sequência lógica, entendendo que o desenho do
caminho que leva do questionamento inicial ao projeto de pesquisa e finalmente
até a sua conclusão satisfatória constitui um metaprojeto em si mesmo. Ter
consciência deste fato faz toda a diferença quanto às dificuldades comumente
observadas entre os alunos iniciantes. Portanto, o desenho de uma trajetória
clara é condição sine qua non para um processo de pesquisa exitoso e
relativamente tranquilo.

Ao falarmos sobre escrever um projeto de pesquisa, estamos falando


principalmente de aprender através da pesquisa. Não se está aqui apenas falando
do que se conhecia como uma pesquisa escolar, cujo objetivo era, muitas vezes,
apenas fazer um trabalho para ser entregue ao professor.

Não se trata de apenas copiar e colar. Aqui se fala principalmente da


oportunidade (sim, um projeto de pesquisa deve ser encarado principalmente
como uma oportunidade, e não como uma tarefa da qual temos que nos livrar) de
descobrir algo sobre um assunto de seu interesse. A elaboração de um projeto de
pesquisa pode ser uma das poucas vezes onde você terá essa oportunidade.
Então, você deve estar apto para aprender e, principalmente, para desfrutar do
processo.

Elaborar um projeto de pesquisa significa aprender a pôr ordem nas próprias


ideias e ordenar os dados que obtivermos. É uma experiência de trabalho
metódico, é aprender a construir um objeto intelectual. A busca de um
conhecimento inicia-se, como aponta Antoinete Desouliére, aprendendo a
duvidar. Muitas vezes vemos projetos de pesquisa que pretendem responder a
uma questão que inicia-se por “eu quero mostrar que...”. Esse tipo de questão,
embora muito comum, é normalmente inadequado.

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

O autor está se propondo a confirmar, através da sua pesquisa, uma possível


resposta que já está desenhada em sua mente. Portanto, não há aqui a dúvida
citada por Desoulière. Há o pragmatismo, a certeza. A pesquisa perde, portanto, a
sua característica mais bela, a capacidade de nos surpreender. Uma pesquisa
adequada não deveria começar com “eu quero mostrar que...”, mas sim com “eu
quero saber se...”.

Pode até parecer sutil, mas é muito diferente. Enquanto que no primeiro caso o
autor parece bastar-se, estando convicto do que sabe, no segundo caso o autor
está encarando a pesquisa como uma forma de abordar o desconhecido. Nessa
linha, vale lembrar a frase de Alvin Toffler sobre os analfabetos do século XXI, que
para ele “não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas aqueles que não
sabem aprender, desaprender e reaprender”.

Aqui colocamos ênfase no desaprender. Livrarmo-nos de nossas convicções, de


nossas certezas e nos permitirmos ser surpreendidos pelos nossos resultados
inicia-se com esse desaprender, com esse despir-se de ideias pré-concebidas e
com a abertura para o desconhecido.

Para ilustrar essa situação, permito-me contar uma experiência pessoal. Quando
era aluno do doutorado em educação, uma colega querida que à época fazia o
mestrado conversava comigo aparentando grande inquietude e preocupação, e
dizia que não iria poder defender a sua dissertação, que sua pesquisa tinha dado
errado. Perguntada por quê, contou-me que pesquisava o rendimento nas
disciplinas de alunos universitários que eram participantes de iniciação científica.
Estava inquieta porque os resultados mostravam que não havia diferença entre
os grupos dos participantes e dos não participantes de iniciação científica, e ela
estava fazendo a pesquisa para mostrar que os estudantes de iniciação científica,
por estarem mais envolvidos na lógica da pesquisa, eram estudantes melhores
também nas disciplinas do curso. Por isso achava que tinha dado tudo errado.

Conversando, consegui mostrar a ela que não havia nada de errado nem com os
resultados e muito menos com a pesquisa dela, que poderia ser apresentada e
defendida com êxito. O erro estava, como já falado, na concepção de pesquisa
que ela tinha. Ao querer mostrar que um grupo era melhor do que o outro, o
resultado estava determinado mesmo antes da pesquisa. Ao perceber que o
trabalho na realidade era verificar se havia diferença entre os grupos, a
descoberta de que não havia era um resultado tão bom quanto qualquer outro.
Então, ao se permitir desaprender, livrando-se de suas convicções, de seus “pré-
conceitos”, esses resultados foram apresentados e a defesa da dissertação pôde
ocorrer tranquilamente, culminando na obtenção do título de Mestre em
Educação.

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

Atualmente, existem frameworks (conjunto de ferramentas, conceitos e práticas)


online capazes de ajudar o aluno a assumir uma atitude protagonista e autônoma
diante dos desafios da pesquisa, e, ao mesmo tempo, capazes de oferecer ao
professor instrumentos de auxílio à orientação e ao acompanhamento do
desempenho de seus orientandos. Um exemplo de framework robusto para os
propósitos aqui discutidos é o DreamShaper, em vias de ser implantado
institucionalmente, do qual foi adaptada a sequência de figuras que se serão
apresentadas, ilustrando as etapas fundamentais do projeto de pesquisa. Vamos,
a partir daqui, trabalhar cada uma dessas etapas.

Etapa 1 – Primeiros passos

A escolha de um orientador é certamente uma das duas etapas mais importantes,


ao lado da Etapa 2, a definição de sua questão de pesquisa. Resolvidas essas
duas questões, quem irá auxiliar você a elaborar o seu trabalho e sobre o que ele
será, a sequência de sua pesquisa será trabalhosa, mas possível de ser realizada
sem grandes atropelos.

A busca desse orientador está claramente ligada, de alguma forma, a uma


questão de pesquisa, mesmo que ainda não formulada de forma adequada. Ao
pensarmos em um orientador, buscamos alguém que sabemos ser um expert no
tema que nos interessa, confiando que esse conhecimento poderá nos ajudar a
trilhar o caminho da pesquisa de forma segura.

Essas etapas podem ser cumpridas inicialmente no sentido oposto, com você
primeiro escolhendo o que gostaria de pesquisar e só então buscando um
orientador. Mas como mesmo quando acontece desse modo a tarefa inicial da
orientação é refinar a questão de pesquisa, optamos aqui por seguir essa
sequência.

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

Então vamos imaginar uma tarefa que você terá que cumprir para se formar: a
elaboração e defesa do seu Trabalho de Conclusão de Curso, conhecido como
TCC. Mesmo ainda distante de você, é comum que mesmo alunos em começo de
curso tenham pesadelos simplesmente ao pensar que terão um dia que elaborar
um trabalho próprio e, pior ainda, ter que defendê-lo frente a uma banca
examinadora. Quero, então, tranquilizar você desde já. Embora trabalhoso, a
construção do TCC será muito fácil se você seguir as etapas que iremos mostrar a
você. Mais do que isso, será ainda mais fácil se você, ao longo do seu curso,
utilizar o que aprender nesta disciplina para realizar seus trabalhos acadêmicos,
criando dessa forma um hábito que o levará a ser cada vez mais autor das
próprias ideias e saber como expressá-las com propriedade.

Então, quem deve ser seu orientador? Duas características são fundamentais para
a sua escolha. A primeira é o conhecimento acadêmico. Ele realmente é um
especialista no assunto que te interessa? A segunda é de ordem pessoal. Será
que vocês vão conseguir manter uma relação adequada e respeitosa? Se uma
dessas características não se cumprir, o melhor a fazer é procurar outro
orientador.

Aqui uma boa notícia. Você pode estar pensando, se terá que esperar até o seu
TCC para realizar um trabalho desse tipo, por que está estudando sobre isso
agora? A boa notícia é que você não vai ter que esperar até lá, e tem duas
oportunidades de realizar esse tipo de trabalho a partir de agora.

A primeira é em suas disciplinas. Seja em trabalhos solicitados pelo professor ou


em estudos próprios, a sequência a seguir é não apenas útil como factível. Você
poderá utilizar essa lógica em toda a sua graduação, aprendendo assim a como
buscar conhecimento por conta própria. E isso será certamente tão ou mais
valioso do que o conhecimento factual que você estará adquirindo nas disciplinas
ao longo do curso. É seu preparo para, como disse Toffler, ser capaz de
“aprender, desaprender e reaprender”.

A segunda é que você não precisa esperar o TCC. Você pode procurar os
programas de iniciação científica e se engajar desde agora em um projeto de
pesquisa científica. Procure em sua instituição saber sobre esses programas e
descubra como pode participar de um deles. Mesmo que não seja exatamente na
área que você sonha, participar de um programa de iniciação científica lhe dará
uma experiência que você não terá como adquirir apenas assistindo às aulas. E
você poderá, além disso, auferir de dois outros benefícios. Um é a publicação de
artigos científicos junto com seu orientador. Em um mercado extremamente
concorrido como o atual, ter artigos publicados faz uma enorme diferença no seu
currículo e aumenta muito sua empregabilidade. O outro é que esse artigo
poderá ser utilizado pelo menos como base para o seu futuro TCC, reduzindo
muito seu trabalho na fase final de sua graduação.

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

Outro aspecto levantado nos primeiros passos é a elaboração de uma rotina de


estudos que permita a você construir um trabalho que parece, à primeira vista,
enorme e muito difícil. Deixo aqui então duas sugestões, não apenas para a
elaboração de um trabalho científico, mas para sua rotina de estudos de todas as
disciplinas.

Inicialmente você deve separar um tempo em sua rotina para estudo diário. Não
se iluda, não basta ir à faculdade e assistir às aulas, especialmente se essa
assistência for passiva. Mas já vamos voltar a esse assunto. Sabemos que a
maioria dos alunos estuda, trabalha, cuida da família. Mas será que você estuda
ou apenas frequenta as aulas? E se frequenta, aproveita essa aula ou na maioria
das vezes presta pouca atenção e deixa para estudar depois, em véspera de
prova?

Vamos falar desse tempo para o seu estudo diário. Não vou dizer a você quanto
tempo você deve reservar para o seu estudo. Isso fica por sua conta, em função
de suas atividades e de seu compromisso com a sua própria formação. Em um
mercado que é, como já dissemos, muito concorrido, cabe pensar “o que o meu
futuro empregador iria querer de mim”? Ele não quer o seu diploma. Isso hoje em
dia é fácil de encontrar, a quantidade de pessoas com diploma procurando
emprego é enorme. Ele quer contratar alguém que seja capaz de resolver o
problema dele. Ou você é competente ou ele vai arrumar alguém que seja.
Simples assim!

Então, se você quer realmente utilizar seus anos de faculdade para ser alguém
cujo valor seja reconhecido, independente de suas dificuldades, terá que arrumar
tempo para estudar além da aula. E estudar não é dar um jeito de passar nas
provas (essa é a parte fácil). É realmente se preparar para ser bom no que faz.

Não comece, então, dizendo que vai estudar oito horas por dia além da
faculdade. Pode até fazer isso por uma semana, mas não vai durar. Estudar é um
hábito que deve ser adquirido e mantido. Então, veja quantas disciplinas você
tem. Inicialmente você deve estudar pelo menos duas vezes por semana para
cada uma delas. Mas quanto tempo é suficiente?

Essa pergunta não tem como ser respondida de forma igual para todos. Sugiro
então que você utilize uma técnica de estudos muito interessante: a técnica
Pomodoro. Essa técnica preconiza que você deve estudar em seções de 25
minutos com 5 minutos de pausa. Esse tempo vem de pesquisas sobre o tempo
de concentração que a média das pessoas consegue manter antes de se
dispersar. Então você deve separar pelo menos dois Pomodoros para cada
disciplina toda semana, o que soma 50 minutos. Não é muito. Cabe a você
arrumar um espaço na sua agenda para isso. Afinal, é o seu futuro que está em
jogo.

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

E o que fazer em cada um desses Pomodoros? Eles têm finalidades diferentes


que devem ser respeitadas. O primeiro Pomodoro deve acontecer antes da aula,
para você se preparar para ela. Pode parecer estranho, mas aqui está o
verdadeiro pulo do gato. O maior tempo que você tem para estudar não é na
hora do almoço, de madrugada ou nos fins de semana. É um tempo que todos
têm reservado para o estudo, mas que desperdiçam sem dó: a aula! E por que
esse tempo é desperdiçado? Porque a aula não é o lugar para você ouvir falar do
assunto pela primeira vez. É o lugar onde você tem o professor disponível e pode
tirar suas dúvidas. Mas, para isso, você precisa ter dúvidas! Então o primeiro
Pomodoro é para isso: para você ter dúvidas. Ao fim de cada aula sempre
pergunte o que será dado na próxima aula, e onde pode ser lido. Nesse primeiro
Pomodoro dê uma olhada, mesmo que superficial, no assunto e anote algumas
dúvidas. Há técnicas para isso ser feito de maneira eficiente, mas isso não é o
objeto dessa disciplina. No momento faça isso do seu jeito, mas nunca vá a uma
aula sem ter pelo menos uma ideia do que irá ser falado. Você verá que o seu
aproveitamento vai aumentar muito.

Se você se preparou para a aula no primeiro Pomodoro, o segundo Pomodoro


será utilizado para organizar o que você aprendeu. Como regra, esse Pomodoro
deve ser feito no máximo 48 horas após a aula, senão sua memória de trabalho
começa a se perder. Idealmente, faça esse Pomodoro o mais rápido possível após
a aula.

Duas considerações finais sobre esse assunto. Tenha uma agenda e marque seus
Pomodoros, definindo horário e a disciplina. Não deixe de cumprir essa agenda. A
maior dificuldade não é estudar, mas sentar para estudar. Então, siga o horário
programado. Com o tempo, você verá que algumas disciplinas podem precisar de
mais tempo. Então, para essas, acrescente um terceiro ou até um quarto
Pomodoro.

Sobre o seu trabalho de pesquisa, os pomodoros ajudam a diminuir a ansiedade.


Uma pesquisa pode parecer algo muito grande que você não vai conseguir fazer.
Então não pense na pesquisa: pense apenas no próximo Pomodoro.

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

Etapa 2: A questão de pesquisa

A formulação de uma questão de pesquisa embora pareça simples, é certamente


a parte mais importante e mais difícil do seu projeto de pesquisa. Essa etapa não
pode ser negligenciada e tem que ser tratada com muita atenção. É fundamental
que isso fique muito claro. Uma pergunta confusa vai levar você a um trabalho
que com o tempo ficará impossível de ser elaborado. Já uma pergunta clara é a
origem de um trabalho muito mais simples de ser feito. A esse respeito vale citar
Bachelard, conhecido filósofo da ciência, que dizia que “uma boa pergunta traz a
resposta dentro dela”.

Uma boa pergunta começa com uma curiosidade. Aqui, então, é importante frisar
a diferença dessa pesquisa inicial, que chamaremos de pesquisa exploratória, da
pesquisa propriamente dita que será o objeto do seu projeto de pesquisa. A
pesquisa exploratória tem como objetivo formular uma pergunta. A pesquisa
propriamente dita tem como objetivo responder a essa pergunta. São, portanto,
muito diferentes e devem ser realizadas de formas diferentes. Nessa seção vamos
tratar então da pesquisa exploratória.

A pesquisa exploratória pode começar em qualquer lugar. A ideia inicial pode vir
de qualquer lugar: um site, um programa de TV, uma postagem no Facebook, uma
conversa com seu sobrinho. Então, para essa pesquisa inicial, a regra é não ter
regras. Busque em qualquer lugar algo que lhe cause estranheza, que lhe faça
querer saber mais. Aqui temos então uma questão que muitas vezes o aluno faz
ao professor: “Esse é um bom tema, professor?” A priori, qualquer tema é bom,
desde que a sua curiosidade seja genuína. Entretanto, um bom tema para uma
pesquisa em uma disciplina pode não ser tão bom assim para um TCC, um
mestrado ou um doutorado.

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

Isso ocorre porque, se na graduação muitas vezes a pesquisa tem como objetivo
a apreensão de um conhecimento estabelecido por parte do pesquisador, à
medida em que avançamos nessas etapas as perguntas passam a ter como
objetivo a elucidação de questões desconhecidas, culminando no doutorado que
deve responder a uma questão original e ainda sem resposta.

Comece então obtendo informação de qualquer fonte disponível sobre o assunto


que te interessa. Não estamos, nesse momento, preocupados com a veracidade
ou a fidedignidade das informações: essa preocupação faz parte da próxima
etapa da pesquisa. Aqui, como dito, cabe o senso comum e inclusive ideias
distorcidas e preconceituosas sobre o assunto. A pesquisa propriamente dita vai
tratar dessas questões. E uma vez realizada essa pesquisa exploratória, você terá
sua primeira tarefa realmente importante. Irá escrever a sua primeira versão da
sua pergunta de pesquisa.

Uma vez escrita essa primeira versão, você pode apresentá-la ao seu orientador.
E aqui é importante que você esteja preparado para uma coisa: ele muito
provavelmente vai dizer que essa pergunta não está boa. Então, entenda que a
crítica não é a você: é à sua pergunta. Essa é a função do seu orientador, mostrar
a você que seu trabalho pode e precisa ser melhorado. Trabalhe a sua
autoestima, ela será muito testada ao longo de um trabalho de pesquisa. Mas é
assim mesmo, e agradeça a cada correção realizada. Só a partir delas não apenas
a sua pesquisa, mas principalmente suas habilidades de pesquisador, serão
aprimorados.

O erro principal encontrado em qualquer questão inicial é a falta de foco. Essa


primeira versão da questão costuma ser ampla demais, vaga demais. Se essa
questão se mantiver assim, seu trabalho estará fadado ao fracasso. Você não
saberá exatamente o que quer fazer, que fontes consultar, e irá se perder. Não
terá, relembrando a fala de Bachelard, uma boa pergunta que traz a resposta
dentro dela.

Vamos exemplificar com um trecho retirado do livro de Umberto Eco, Como se faz
uma tese, publicado em 2006, onde ele mostra diferentes pesquisas possíveis
dentro do mesmo tema e termina com um conselho importante.

O tema Geologia, por exemplo, é muito amplo. Vulcanologia, como ramo daquela
disciplina, é também bastante abrangente. Os Vulcões do México poderiam ser tratados
num exercício bom, porém um tanto superficial. Limitando-se ainda mais o assunto,
teríamos um estudo mais valioso: A História do Popocatepetl, (que um dos companheiros
de Cortez deve ter escalado em 1519 e que só teve uma erupção violenta em 1702). Tema
mais restrito, que diz respeito a um menor número de anos, seria O Nascimento e a Morte
Aparente do Paricutin (de 20 de fevereiro de 1943 a 4 de março de 1952). Aconselharia o
último tema. Mas desde que o pesquisador diga tudo o que for possível sobre o maldito
vulcão.

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

Vejamos o que está acontecendo. Geologia pode ser um tema adequado para
uma pesquisa no sétimo ano do Ensino Fundamental. Nessa etapa, o estudante
não sabe nada sobre esse assunto. Então, definir a Geologia, mostrar seus
campos de atuação, é nessa fase da educação uma pesquisa relevante. Como já
colocado, embora possa não trazer nada de original, permite ao estudante a
aquisição de um conhecimento relevante.

A Vulcanologia já melhora muito. Mais pelo que elimina do que pelo que
acrescenta. Nessa etapa a ideia é restringir o assunto. Ao escolher Vulcanologia,
você automaticamente rejeitou estudar outros campos que fazem parte da
Geologia, como Mineração, Petróleo e Pedras Preciosas. É aqui que o trabalho
começa a ficar complicado: você gosta de tudo, acha tudo interessante, não quer
abrir mão de nada. Mas tem que entender que não vai ser possível fazer uma
pesquisa séria que trate de todos esses temas. Sendo assim, mesmo com pesar,
você terá que escolher. E deixar muitas coisas de lado, que poderão até ser
temas de outros trabalhos. Mas não deste. Essa é a dificuldade das escolhas, o
que deixar para trás. Se você escolheu ser arquiteto, abandonou a opção por ser
médico. Se decidiu torcer pelo Botafogo (excelente escolha!) não será torcedor do
Fluminense. E se decidiu se casar, escolheu (espero) ficar com essa pessoa e não
com outras. Toda escolha, parafraseando Maurensig, implica por si mesma o
abandono de todas as outras alternativas. Se não fôssemos obrigados a escolher,
seríamos imortais.”

Uma vez que você escolheu seu tema, é hora de focar cada vez mais. Aqui
Umberto Eco nos apresenta duas opções, sobre dois vulcões específicos, o
Popocatepet e o Paricutin, aconselhando escolher “o último tema, desde que se
diga tudo o que for possível sobre o maldito vulcão”. Essa fala resume o objetivo
da questão de pesquisa. Ser direta, focada, específica. Não dando espaço para
muitas divagações, levando a um trabalho que não tem por objetivo falar um
pouquinho sobre um monte de coisas, mas sim falar um monte de coisas sobre
um assunto bem pequenininho.

Vamos dar aqui outros exemplos, esses tendo origem em conversas com o
professor Luís Otávio Teles Assunção, que foi meu colega de docência por muitos
anos. Imagine que você queira fazer uma pesquisa sobre automóveis. Como
Geologia, o tema é muito amplo, e você vai se perder. Liste então algumas
características sobre automóveis que te interessam: utilitários, carros de corrida,
design, mecânica. Agora escolha um, por exemplo, a mecânica. Isso significa que
você decidiu não querer saber dos outros temas, os utilitários, os carros de
corrida e o design. Mas a mecânica é muito amplo. Você pode querer saber sobre
a ignição eletrônica, a transmissão, o sistema de freios, o consumo de
combustível.

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

Se escolheu o consumo de combustível, abandonou o resto. Agora você quer falar


de gasolina, diesel, álcool ou eletricidade? Se quer falar de eletricidade, desistiu
mais uma vez dos demais temas. Você quer falar sobre esse aspecto de forma
geral ou quer saber como funciona um determinado carro? Se sim, quer saber
sobre a Mercedes, a Audi ou o Tesla? Se escolheu o Tesla, sua pergunta não é
agora sobre automóveis, mas sobre o “uso de eletricidade como combustível nos
carros da Tesla”.

Vamos aqui fazer outro exercício. Se sua pesquisa é sobre o Rio de Janeiro, pode
ser uma pesquisa impossível. Usando a mesma lógica, vamos começar tomando
algumas decisões. Você quer falar sobre a história da cidade, suas praias, o
samba, o futebol ou sobre a população da cidade? Se escolheu a população, quer
saber sobre sua origem, o perfil econômico, suas características psicológicas? Se
escolheu esse último tema, seu trabalho poderia ser “a percepção do carioca
como malandro: um estudo psicológico”. Perceba que esse tema é muito melhor
que falar de forma ampla sobre o Rio de Janeiro.

Para chegar a esses temas (o Paricutin, o uso de eletricidade como combustível


nos carros da Tesla ou a percepção do carioca como malandro: um estudo
psicológico), a pesquisa exploratória inicial teve que ser ampliada, com as leituras
passando de fontes diversas para fontes cada vez mais específicas. À medida em
que focamos a questão, nossa pesquisa passa a ser cada vez mais calcada em
fontes mais técnicas. Mas é sempre bom lembrar que ainda não estamos
procurando responder a nada, estamos apenda tentando elaborar uma questão
bem formulada que dê origem a um trabalho de qualidade.

Um cuidado final que se deve ter é que, em algum momento, a pergunta deve ser
realmente definida e o trabalho prosseguir para respondê-la. É muito importante
ter isso em mente porque, à medida em que estudamos, descobrimos sempre
mais coisas que vamos querer agregar à nossa pesquisa, e se fizermos isso ela
não terá foco e não vai acabar nunca. Sugiro para contornar isso a adoção de
uma metodologia que me foi dita meio que de brincadeira pelo meu orientador
de doutorado que, ao ouvir repetidamente as minhas infindáveis ideias, um dia
me disse para comprar um caderninho, colocar na capa o título “Brilhantes ideias
do Marcelo” e anotar nele qualquer nova ideia que me ocorresse. Mas nosso
trabalho seria apenas aquele em andamento, e essas ideias poderiam servir para
trabalhos posteriores. Para surpresa dele, anos depois mostrei o caderno. Eu
tinha realmente feito isso e essas ideias ainda são fonte de boas ideias para
pesquisa. Aconselho a você focar então na sua pergunta de pesquisa uma vez
que ela esteja bem formulada e comprar um caderno para anotar as suas
“brilhantes ideias”.

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

Etapa 3 – Definição da justificativa, dos objetivos e das hipóteses de


pesquisa

Uma vez definida a questão geradora da pesquisa, três etapas devem ocorrer
para que você tenha clareza do que vai fazer: a escrita da justificativa, dos
objetivos e das hipóteses de pesquisa.

Justificativa

Inicialmente você deve escrever a justificativa do seu trabalho. Se você está


pesquisando o uso de eletricidade como combustível nos carros da Tesla, a
justificativa não é sobre a importância do uso da eletricidade, mas sobre a
importância do seu artigo em si. Portanto, a justificativa deve responder, de forma
clara, direta e sucinta, a duas perguntas.

1. A primeira é qual a importância do artigo que está sendo escrito. É


fundamental deixar claro que não se está justificando a importância da área, mas
do artigo. Assim, deve mostrar as contribuições que a pesquisa pode trazer, no
sentido de proporcionar respostas ao problema proposto.

2. A segunda é qual o público-alvo a quem o artigo se destina. Isso é importante


porque direciona o seu estilo de escrita e a profundidade em que certos detalhes
deverão ser abordados. Por exemplo, um artigo que tenha como público-alvo os
mecânicos, deve ser escrito de maneira diferente de um artigo que responda à
mesma pergunta, mas que tenha como público-alvo os consumidores.

Então, a justificativa pode ter uma estrutura semelhante a “O presente projeto é


importante porque mostrará ... (o que) para ... (o público alvo), permitindo que ...
(o que o público-alvo compreenderá e será capaz de)”.

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

Como exemplo, poderia ser “o presente projeto é importante porque mostra as


características do consumo de eletricidade dos carros da Tesla para os seus
proprietários, permitindo que possam dirigir de forma mais eficiente”, ou “o
presente projeto é importante porque mostrará as características do consumo de
eletricidade dos carros da Tesla para os mecânicos das concessionárias,
permitindo que identifiquem corretamente os defeitos e saibam como corrigi-los
de forma rápida e precisa”. Perceba que embora a pesquisa seja sobre o mesmo
assunto, a partir da justificativa o foco pretendido fica ainda mais definido.

Objetivos de Pesquisa

Definida a justificativa, deve-se passar à escrita dos objetivos de pesquisa. Esses


objetivos dividem-se em geral e específicos, e servem a propósitos distintos.
Vamos discutir como elaborar esses objetivos corretamente tanto na sua forma
como na sua essência.

Em relação à forma, todo objetivo deve iniciar por um verbo de ação escrito no
infinitivo. Longe de ser uma exigência sem sentido ou apenas mais uma regrinha
para ser seguida, essa característica tem uma finalidade muito clara: permitir ao
pesquisador saber exatamente o que ele pretende alcançar e o que ele irá fazer.
O verbo é que fornece essa característica, indicando qual ação será executada.

Objetivos podem ser de diversos tipos, por exemplo exploratórios, descritivos ou


explicativos, que podem utilizar os verbos abaixo, entre outros que expressem de
forma clara essa ação.

Exploratórios (conhecer, identificar, levantar, descobrir)


Descritivos (caracterizar, descrever, traçar, determinar)
Explicativos (analisar, avaliar, verificar, explicar)

É também importante ressaltar que a resposta à questão para que o trabalho


está sendo escrito (para que ele servirá) não é um objetivo – é, como já foi
mostrado, a justificativa.

Objetivo Geral
O objetivo geral é praticamente uma outra forma de redação da pergunta de
pesquisa. Ele define o que o pesquisador pretende atingir com sua investigação,
permitindo a compreensão do todo da pesquisa de forma abrangente.

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

Objetivos Específicos

Os objetivos específicos mostram as etapas do trabalho que deverão ser


realizadas para que se alcance o objetivo geral. Sendo assim, ao terminar a
escrita dos objetivos específicos, o estudante deverá ter uma visão clara do
caminho que deverá percorrer para elaborar o seu artigo. Para escrevê-los, o
pesquisador deverá saber o que pretende fazer para realizar a pesquisa.

Vamos agora dar um exemplo retirado do dia a dia. Depois você poderá utilizar
essa ideia para escrever seus objetivos de pesquisa. Imagine que eu esteja
falando em “bolo de aniversário”. Não é um objetivo de pesquisa, é uma coisa.
Pode ser um tema de pesquisa, como Geologia, vulcanologia, aspectos
psicológicos do carioca ou uso de eletricidade no Tesla. Mas não é um objetivo de
pesquisa. Não sei o que quero fazer com isso. Não tem uma ação associada a ele.
Falta um verbo!

Agora imagine que eu estou falando em “Fazer um bolo de aniversário”, ou em


“Comprar um bolo de aniversário” para a festa do meu sobrinho de oito anos.
Agora eu já sei o que eu quero fazer. Já tenho meus objetivos gerais. Do mesmo
modo que na pesquisa, eu não vou fazer um bolo e comprar um bolo ao mesmo
tempo. Ou eu faço ou eu compro. É uma decisão tomada da mesma forma que foi
discutida sobre a sua pergunta de pesquisa. E essa decisão define o caminho que
vou tomar. Então vejamos.

Ao tomar uma das duas decisões, as etapas que eu preciso seguir serão
diferentes. Para “Fazer um bolo” eu preciso (1) Escolher o sabor do bolo; (2)
Comprar os ingredientes; e (3) Assar o bolo. Já para “Comprar um bolo” eu preciso
(1) Escolher a loja; (2) Escolher o bolo; e (3) Pagar o bolo. Essas etapas de 1 a 3
são muito diferentes em cada caso e, ao mostrarem o que será necessário fazer
para se chegar ao resultado pretendido (o objetivo geral), elas configuram os
meus objetivos específicos.

É importante você perceber que “deixar meu sobrinho contente” não é um


objetivo. Aqui cabe uma breve discussão sobre o termo objetivo. Em português, o
objetivo pode ser entendido como o que eu pretendo atingir. Mas “deixar meu
sobrinho feliz” não é o meu objetivo geral, ele é comprar ou fazer o bolo. “Deixar
meu sobrinho feliz” não é uma etapa para se chegar ao que o resultado
concretizado da minha ação, no caso o bolo, vai fazer com meu sobrinho, então
não é um objetivo específico. É a justificativa, o que vai acontecer com meu
sobrinho quando o bolo estiver pronto. Seria, em um artigo, o que acontece com
o leitor quando tiver acesso ao artigo.

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

Hipótese de pesquisa

A hipótese de pesquisa oferece uma solução possível e provisória para a questão


proposta pela pesquisa, que será corroborada ou rejeitada pela realização do
estudo. Perceba o cuidado no uso do termo corroborada e não comprovada, em
consonância com o discutido na Unidade 1, onde se mostrou que as explicações
da ciência são, por definição, sempre provisórias. Portanto, as hipóteses
consistem em tentativas de resposta ao problema de pesquisa. Mas enquanto o
problema é exposto de forma interrogativa, a hipótese é uma sentença afirmativa
mais detalhada.

Para esclarecer a ideia de hipótese, vamos a um exemplo. Imagine que a minha


pergunta de pesquisa seja “Por que os estudantes não realizaram a leitura prévia
solicitada para se prepararem para a aula?”. O objetivo geral poderia ser
“Investigar as razões pelas quais os estudantes não realizaram a leitura prévia
solicitada para se prepararem para a aula”. Poderíamos supor várias hipóteses,
do mesmo modo como fizemos na Unidade 1 quando discutimos as possíveis
razões para uma lâmpada não funcionar. Poderíamos supor, por exemplo, que (1)
os estudantes não têm interesse; (2) os estudantes não têm tempo; (3) os
estudantes não receberam o material, (4) ...

A escrita das hipóteses de pesquisa, como respostas provisórias que são


passíveis de serem respondidas a partir de testes, é uma etapa importante para
que o que se pretende fazer com a pesquisa esteja cada vez mais claro.

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METODOLOGIA CIENTÍFICA

CONCLUINDO A UNIDADE

Na presente unidade mostrou-se do que se trata um projeto de pesquisa e suas


primeiras etapas, necessárias para que o pesquisador tenha uma visão ampla de
todo o processo: a escolha do orientador, a realização da pesquisa exploratória, a
elaboração da pergunta geradora da pesquisa e a escrita dos objetivos (geral e
específicos), da justificativa e das hipóteses. Na próxima unidade se tratará da
finalização do projeto de pesquisa, e se mostrará como se escreve o referencial
teórico, a metodologia da pesquisa, seu cronograma e orçamento.

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DICA DO
PROFESSOR
Agora você iniciou a segunda parte do curso de Metodologia Científica. Nas
primeiras três unidades você viu o que é ciência, como funciona o método
científico e como você busca e lê artigos científicos. A partir dessa unidade você
passou a ser autor de um artigo científico.

É importante que você não apenas leia como elabore um projeto de pesquisa.
Uma maneira de você realmente aprender é tentar elaborar um projeto de
pesquisa mesmo que pequeno, a partir do que está exposto nessa e na próxima
unidade, e finalizar com a escrita de um artigo que estará orientado na última
unidade.

Portanto, escolha um tema, faça uma pesquisa exploratória e elabore uma


pesquisa de pesquisa. Na sequência escreva o objetivo geral, os objetivos
específicos, a justificativa e as hipóteses. Só assim você conseguirá entender de
maneira clara como elaborar um projeto.

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SAIBA MAIS
Um pesquisador brasileiro que é referência no estudo da metodologia científica é
o professor Pedro Demo. Dono de uma vasta obra sobre o assunto, o professor
Demo publicou, entre outras obras, um pequeno livro intitulado “Educar pela
pesquisa”. Vale a pena ler.

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
Questão 1: A primeira etapa para a elaboração de um trabalho de pesquisa é a
realização da pesquisa exploratória, que deve trazer as primeiras informações
sobre o tema e ajudar a delimitar a pergunta de pesquisa. Em relação a essas
informações, primeiro analise as asserções abaixo:

I. .A pesquisa exploratória deve ser obrigatoriamente realizada em fontes


confiáveis, como por exemplo artigos científicos.
PORQUE
II. A leitura de fontes não científicas, como jornais, sites e blogs não é uma boa
fonte de inspiração para a elaboração de uma pergunta geradora de pesquisa.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta:

A) A asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta


da I.
B) A asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa
correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira.
E) As duas proposições são falsas.

SEU GABARITO

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
Questão 2: Uma etapa importante do trabalho acadêmico é a elaboração dos
objetivos específicos. Às vezes alguns autores os confundem com a justificativa, de
modo que pelo menos um desses objetivos fica escrito errado. Em relação a essas
informações, primeiro analise as asserções abaixo:

I. Um objetivo específico não deve dizer para que servirá o artigo.


PORQUE
II. A função de um objetivo específico é mostrar uma etapa importante para que se
chegue ao objetivo geral.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta:

A) A asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta


da I.
B) A asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa
correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira.
E) As duas proposições são falsas.

SEU GABARITO

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
Questão 3: Gaston Bachelard afirmava que “uma boa pergunta traz a resposta
dentro dela”. Corroborando o exposto nessa frase, a elaboração da pergunta de
pesquisa é provavelmente a etapa mais importante na construção de um projeto
de pesquisa. Mesmo assim, é muitas vezes tratada sem a importância devida, o
que resulta em uma pergunta sem a especificidade desejada, dificultando a
construção do artigo. Sobre a pergunta de pesquisa, assinale a alternativa correta.

a) Uma pergunta de pesquisa serve para mostrar que a ideia do autor do trabalho
é correta.
b) Quanto mais ampla é uma pergunta de pesquisa melhor ela é, por permitir que
o autor fale sobre muitas coisas diferentes no seu trabalho.
c) Uma pergunta de pesquisa deve descrever quais serão as etapas necessárias
para a construção do artigo.
d) Ao elaborar uma boa pergunta de pesquisa, devemos ir descartando várias
ideias até sobrar uma questão o mais específica possível.
e) Na pergunta de pesquisa deve ser mostrada a importância que o artigo terá.

SEU GABARITO

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO
Questão 4: Ao elaborarmos um projeto de pesquisa devemos escrever a
justificativa, que depois irá, junto com elementos dos objetivos e da pesquisa
exploratória, dar origem à introdução do trabalho. A respeito do que deve estar
presente na justificativa, assinale a alternativa correta:

a) Qual o público-alvo e o que será capaz de fazer.


b) Uma breve ideia da metodologia.
c) As etapas da construção do artigo
d) Um breve resumo do tema
e) Os aspectos éticos considerados no projeto

SEU GABARITO

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ANOTAÇÕES

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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BACHELARD, G. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise
do conhecimento. Rio de Janeiro, RJ: Contraponto, 1938/1996.

CIRILLO, F. A técnica pomodoro: o sistema de gerenciamento de tempo que transformou


o modo como trabalhamos. Rio de Janeiro, RJ: Sextante, 2018/2019

DEMO, P. Educar pela pesquisa. 6. Campinas, SP: Autores Associados, 1996/2003

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M.. Fundamentos de metodologia científica. 8ª ed. São


Paulo: Atlas, 2017

POPPER, K. R. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1934/1974.


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GABARITOS
1) Gabarito: E

2) Gabarito: A

3) Gabarito: D

4) Gabarito: A

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