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Apresentação
Este material é distribuído pelo Filosofia total, a maior Escola Online
de Filosofia do Brasil, que tem por missão difundir o conhecimento
filosófico, tornando-o mais acessível a todos aqueles que queiram
dedicar-se a aprender com esse universo de sabedoria que nos
constitui como Seres Humanos há mais de 02 mil anos.
Bons estudos!
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d) A Ilíada e a Odisseia de Homero são expressões persistindo até os dias atuais, mesmo que de forma
culturais típicas de uma mentalidade filosófica não preponderante.
elaborada, crítica e radical, baseada no logos. ( ) A interpretação do mundo e dos
acontecimentos baseada na existência de divindades
4. Antes do surgimento do pensar racional- supremas reflete a necessidade humana por respostas
filosófico, os povos antigos possuíam outra forma de que nem mesmo a ciência pode dar.
explicação do mundo: o pensamento mítico. ( ) Divindades são criaturas eternas e
Considerando as características do conhecimento sobrenaturais. Elas existem, de fato, e não podem ser
mítico, atente para o que se afirma a seguir e assinale representadas por objetos ou pessoas.
com V o que for verdadeiro e com F o que for falso. ( ) Persiste, mesmo na sociedade
( ) A mitologia foi a segunda forma de contemporânea, o que era habitual das civilizações
explicação sobre o mundo, sucedendo as explicações totêmicas: o culto de objetos concretos, aos quais se
fornecidas pelas ciências dos antigos povos, como a atribui o poder de controle sobre a vida dos
agrimensura e a astrologia. indivíduos.
( ) Os mitos eram transmitidos por gerações, A sequência correta, de cima para baixo, é:
principalmente através da forma narrativa e faziam a) V, F, V, F.
parte da tradição cultural de um povo, não sendo b) F, V, F, V.
originários da criação por parte de um indivíduo c) F, V, V, F.
específico. d) V, F, F, V.
( ) A mitologia explicava a origem do mundo e
dependia da adesão, pelas pessoas, de um conjunto 6. “Como se sabe, a palavra mythos raramente foi
de verdades tidas como inquestionáveis e imunes à empregada por Heródoto (apenas duas vezes).
crítica. Caracterizar um logos (narrativa) como mythos era para
( ) Baseado, principalmente, nas forças da ele um meio claro de rejeitá-lo como duvidoso e
natureza – physis –, as mitologias antigas, ao inconvincente. [...] Situado em algum lugar além do
contrário das religiões que as sucederam, evitavam o que é visível, um mythos não pode ser provado.”
recurso às forças sobrenaturais como fonte de HARTOG, F. Os antigos, o passado e o presente. Brasília, Editora da
explicação da existência. UnB, 2003, p. 37.
A sequência correta, de cima para baixo, é: Sobre a diferença entre mythos e logos acima sugerida,
a) F, V, V, F. é INCORRETO afirmar que
b) V, F, V, F. a) o problema do mythos era limitar-se ao que é visível
c) F, V, F, V. e, por isso, não podia ser pensado.
d) V, F, F, V. b) filosofia e história nasceram, na Grécia clássica,
com base numa mesma reivindicação do logos contra
5. A passagem que se apresenta a seguir revela uma o mythos.
narrativa mítica em um contexto de explicação e de c) o mythos não poderia ser submetido à clarificação
interpretação do mundo: argumentativa e à prova — demonstração —
“Existem novos deuses crescendo nos Estados discursiva.
Unidos, apoiando-se em laços cada vez maiores de d) em contraposição ao mythos, o logos era um uso
crenças: deuses de cartão de crédito e de autoestrada, argumentativo da linguagem, capaz de criar as
de internet e de telefone, de rádio, de hospital e de condições do convencimento.
televisão, deuses de plástico, de bipe e de néon.
Deuses orgulhosos, gordos e tolos, inchados por sua 7. Leia a seguinte passagem, que relaciona o
própria novidade e por sua própria importância. Eles regramento democrático ao desenvolvimento de uma
sabem da nossa existência e têm medo de nós, e nos prática social baseada na razão:
odeiam – disse Odin. – Vocês estão se enganando se “A democracia representa exatamente a possibilidade
acreditam que não. Eles vão nos destruir, se de se resolverem, através do entendimento mútuo, e
puderem. É hora de a gente se agrupar. É hora de de leis iguais para todos, as diferenças e divergências
agir”. existentes em nome de um interesse comum. As
Gaiman, Neil. Deuses americanos. São Paulo: Conrad Editora do decisões serão tomadas por consenso, o que acarreta
Brasil, 2011. P.114-115. persuadir, convencer, justificar, explicar.
Considerando as características do conhecimento Anteriormente, havia a imposição, a violência, a
mítico e a citação acima, atente para o que se afirma obediência. A linguagem, o diálogo e a discussão
a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com rompem com a violência na medida em que todos os
F o que for falso. falantes têm, no diálogo, os mesmos direitos (isegoria):
( ) A narrativa mítica foi a primeira e mais interrogar, questionar, contra-argumentar. A razão se
duradoura forma de explicação do mundo, sobrepõe à força”.
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MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da Filosofia: c) busca pela explicação racional sobre os fatos até
dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar então desconhecidos.
Ed.1998. Adaptado.
d) caráter antropomórfico dos deuses na medida em
Considerando a passagem acima, analise as seguintes
que imitavam os homens.
afirmações:
e) impossibilidade de o homem fugir do destino
I. O surgimento de todas as formas de manifestação
predeterminado pelos deuses.
cultural, entre elas a filosofia, a arte e a narrativa
histórica deve ser entendido a partir do contexto
9. Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também
social e histórico no qual determinada sociedade está
Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável
imersa.
sempre.
II. O alvorecer da filosofia, no mundo antigo, teve (HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. 3.ed. Trad. de Jaa
como motivação o desenvolvimento de uma vida Torrano. São Paulo: Iluminuras, 1995. p.91.)
social democrática, mais voltada à harmonia e Segundo a mitologia ioruba, no início dos tempos
conciliação de interesses diversos, o que requeria o havia dois mundos: Orum, espaço sagrado dos
uso do argumento racional. orixás, e Aiyê, que seria dos homens, feito apenas de
III. O processo democrático na Grécia antiga caos e água. Por ordem de Olorum, o deus supremo,
inaugurou a obediência ao poder de todos e para o orixá Oduduá veio à Terra trazendo uma cabaça
todos e isso se refletiu no surgimento de um com ingredientes especiais, entre eles a terra escura
pensamento racional que, embora fosse inovador, que jogaria sobre o oceano para garantir morada e
continuava prisioneiro de uma visão autoritária de sustento aos homens.
sociedade. (A Criação do Mundo. SuperInteressante. jul. 2008. Disponível
É correto o que se afirma em: em: <http://super.abril.com.br/religiao/criacao-mundo-
a) I e III apenas. 447670.shtm>. Acesso em: 1 abr. 2014.)
b) I e II apenas. No começo do tempo, tudo era caos, e este caos
c) II e III apenas. tinha a forma de um ovo de galinha. Dentro do ovo
d) I, II e III. estavam Yin e Yang, as duas forças opostas que
compõem o universo. Yin e Yang são escuridão e
8. [...] O SERVIDOR – Diziam ser filho do rei... luz, feminino e masculino, frio e calor, seco e
ÉDIPO – Foi ela quem te entregou a criança? molhado.
(PHILIP, N. O Livro Ilustrado dos Mitos: contos e lendas do
O SERVIDOR – Foi ela, Senhor. mundo. Ilustrado por Nilesh Mistry. Trad. de Felipe Lindoso.
ÉDIPO – Com que intenção? São Paulo: Marco Zero, 1996. p.22.)
O SERVIDOR – Para que eu a matasse. Com base nos textos e nos conhecimentos sobre a
ÉDIPO – Uma mãe! Mulher desgraçada! passagem do mito para o logos na filosofia,
O SERVIDOR – Ela tinha medo de um oráculo dos considere as afirmativas a seguir.
deuses. I. As diversas narrativas míticas da origem do
ÉDIPO – O que ele anunciava? mundo, dos seres e das coisas são genealogias que
O SERVIDOR – Que essa criança um dia mataria concebem o nascimento ordenado dos seres; são
seu pai. discursos que buscam o princípio que causa e ordena
ÉDIPO — Mas por que tu a entregaste a este tudo que existe.
homem? II. Os mitos representam um relato de algo fabuloso
O SERVIDOR — Tive piedade dela, mestre. que afirmam ter ocorrido em um passado remoto e
Acreditei que ele a levaria ao país de onde vinha. Ele impreciso, em geral grandes feitos apresentados
te salvou a vida, mas para os piores males! Se és como fundamento e começo da história de dada
realmente aquele de quem ele fala, saibas que comunidade.
nasceste marcado pela infelicidade. III. Para Platão, a narrativa mitológica foi
ÉDIPO — Oh! Ai de mim! Então no final tudo seria considerada, em certa medida, um modo de
verdade! Ah! Luz do dia, que eu te veja aqui pela expressar determinadas verdades que fogem ao
última vez, já que hoje me revelo o filho de quem raciocínio, sendo, com frequência, algo mais do que
não devia nascer, o esposo de quem não devia ser, o uma opinião provável ao exprimir o vir-a-ser.
assassino de quem não deveria matar! IV. Quando tomado como um relato alegórico, o
SÓFOCLES. Édipo Rei. Porto Alegre: L&PM, 2011. mito é reduzido a um conto fictício desprovido de
O trecho da obra de Sófocles, que expressa o núcleo qualquer correspondência com algum tipo de
da tragédia grega, revela o(a) acontecimento, em que inexiste relação entre o real e
a) condenação eterna dos homens pela prática o narrado.
injustificada do incesto. Assinale a alternativa correta.
b) legalismo estatal ao punir com a prisão perpétua o a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
crime de parricídio. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
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c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. ( ) O homem, à mercê das forças naturais, que são
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. assustadoras, passa a emprestar-lhes qualidades
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. emocionais.
( ) É a primeira forma que o homem utiliza para dar
10. Sobre a Ética do período homérico, considere as significado ao mundo.
afirmativas a seguir. ( ) Fundado no desejo de segurança, o mito é uma
I. A não separação entre ética e estética era a narrativa que conta histórias que tranquilizam os
característica do pensamento grego primitivo. seres.
II. Nesse período não havia um pensamento ético ( ) Faz parte do desenvolvimento do pensamento
sistematizado, sendo o exemplo dos grandes homens reflexivo e do pensamento científico.
o guia para a ação. A alternativa que indica a sequência correta, de cima
III. No período homérico, a compaixão era o para baixo, é a
elemento que guiava as ações humanas. A) V F V F V
IV. Era uma ética fundamentalmente racional. B) F V F V F
Assinale a alternativa correta. C) V F V F F
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. D) V V V V F
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. E) F V F V V
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. 13. Os mitos apresentaram funções específicas na
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. Antiguidade Grega, porém outros significados na
sociedade atual. Nesse sentido, analise se as
11. O homem arcaico se reconhece como real na afirmações a seguir são verdadeiras ou falsas e se
medida em que ele participa de um arquétipo que existe relação de causalidade entre elas.
confere ao mundo um sentido. Todos os atos Afirmação 1
importantes da vida foram revelados, na sua origem, Embora na atualidade o termo “Mito” corresponda a
por deuses e heróis, e os homens procuram repetir significados diversos; no mundo antigo grego, a
esses gestos paradigmáticos e exemplares. Cada ritual perspectiva mítica esteve fundamentada no ato de
resgata um início, um ato criador, um instante eterno. questionar tanto os dogmas instituídos para a
Com isso ele busca superar o horror ao evento, que conduta das pessoas quanto as origens da realidade
traz a mudança e o novo: a memória primitiva é anti- natural.
histórica. Afirmação 2
Sobre as funções do mito e sua relação com a Dentre as funções das narrativas míticas, constavam:
posterioridade filosófica, considere as afirmativas a justificar, tranquilizar e acomodar os seres humanos
seguir. frente à realidade que se apresentava, inclusive no
I. Na medida em que busca superar a evasão do que diz respeito aos fenômenos da natureza.
tempo, o mito é contraposto à metafísica filosófica. A alternativa em que as informações estão corretas é
II. A lembrança mítica é poética e não factual. A) As duas afirmações são verdadeiras, e a primeira
III. Através de rituais, o homem arcaico transforma justifica a segunda.
as ações profanas – caça, pesca, agricultura, jogos, B) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda
conflitos, sexualidade – em algo que participa de um justifica a primeira.
sentido sagrado. C) A primeira afirmação é falsa, e a segunda é
IV. Os rituais periódicos são purificações: a cada ano verdadeira.
se recria o mundo, renova-se a esperança. D) A primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é
Assinale a alternativa correta. falsa,
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. 14. Parafraseando o dito de Kant, poderíamos dizer
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. que intuição mítica, sem o elemento formador do
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. Logos, ainda é “cega” e que a conceitualização lógica,
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. sem o núcleo vivo da “intuição mítica” originária,
permanece “vazia”.
12. Em relação ao mito, identifique com V as (JAEGUER. W. Paideia: a formação do homem grego. São
afirmativas verdadeiras e, com F, as falsas. Paulo: Martins Fontes, 2003. p.192.)
( ) Nas sociedades primitivas, o mito nasce do Sobre essa frase, considere as afirmativas a seguir.
desejo de dominação do mundo, para afugentar o I. A imaginação tem um papel fundamental na
medo e a insegurança. constituição abstrata de conceitos.
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II. A Filosofia não surge com o abandono do mito, divindades, assegurando a coesão de um grupo social
mas como transposição das estruturas mitológicas primitivo, e a filosofia, por outro, entendida como
para a esfera conceitual. discurso explicativo e coerente do logos, remete a
III. A Filosofia contribui com o mito, na medida em pesquisas e estudos, em que o que está em jogo, em
que este, por si só, é vazio de sentido. ambos os registros, é a veracidade característica do
IV. O mito é um estado provisório do pensamento contexto a que pertencem.
humano até que este atinja a razão. Com base nessas informações e nos conhecimentos
Assinale a alternativa correta. acerca da diferença entre mito e filosofia, assinale a
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. alternativa correta.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. a) A distinção entre mito e filosofia tem sua validade
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. porque permite tanto uma compreensão dos mitos
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. em sua lógica quanto uma compreensão da
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. constituição do discurso filosófico em sua
racionalidade.
15. Embora o mito se caracterize, historicamente, b) Ao se diferenciar mito e filosofia, está-se
por ser um tipo de consciência primitiva e anterior reconhecendo, por um lado, o que descaracteriza o
ao advento da escrita, ainda hoje subsiste em nossas mito e, por outro, a impossibilidade de se pensar
fabulações, nos contos da sabedoria popular, no filosoficamente a realidade mítica.
folclore, constituindo parte do nosso imaginário. Até c) Distinguir mito e filosofia, em termos de discursos
mesmo Platão não o descartou inteiramente; pelo coerentes, significa afirmar que a narrativa mítica, em
contrário, aproveitou-se de sua riqueza, narrando, na oposição à filosofia, caracteriza-se por ser um
obra A República, pelo menos dois episódios com discurso cuja ausência de racionalidade é total.
essa conotação: ora dizendo dos prisioneiros d) É função da filosofia dar conta do logos e de suas
acorrentados ao fundo de uma caverna, ora narrando implicações, o que faz com que o mito e,
a história de Er. Pode-se mencionar ainda a consequentemente, a lógica interna da consciência
utilização do mito de Édipo na psicanálise. mítica deixem de ser objeto dos estudos filosóficos.
Considerando que o discurso mítico ainda persiste e) Porque o mito é uma forma primitiva de pensar,
segundo variadas formas, assinale a alternativa nem mesmo os estudos antropológicos atuais
correta. permitiriam uma aproximação entre o discurso
a) Devido ao fato de que o mito constitui a primeira mítico e aquele que é próprio da filosofia.
leitura de mundo, o aparecimento de outras
interpretações, como a crítico-reflexiva, faz dele um 17. A passagem do Mito ao Logos na Grécia antiga
discurso sem inteligibilidade. foi fruto de um amadurecimento lento e processual.
b) Em sentido lato, tudo o que desejamos e Por muito tempo, essas duas maneiras de explicação
pensamos deveria excluir, desde a infância, toda do real conviveram sem que se traçasse um corte
forma de imaginação cujos pressupostos são míticos, temporal mais preciso.
pois impedem um posterior trabalho com a própria Com base nessa afirmativa, é correto afirmar:
razão presente nas coisas. A) O modo de vida fechado do povo grego facilitou
c) Justamente porque o mito propõe relatos a passagem do Mito ao Logos.
extraordinários, escapando à nossa compreensão, há B) A passagem do Mito ao Logos, na Grécia, foi
enorme dificuldade da consciência de dispor a seu responsabilidade dos tiranos de Siracusa.
respeito e reconhecer-lhe tanto a validade, quanto a C) A economia grega estava baseada na
importância. industrialização, e isso facilitou a passagem do Mito
d) O pensamento crítico-reflexivo permite, hoje, o ao Logos.
exercício de um pensamento capaz de distinguir os D) O povo grego antigo, nas viagens, se encontrava
mitos que são prejudiciais e aqueles que compõem com outros povos com as mesmas preocupações e
positivamente o horizonte da imaginação. culturas, o que contribuiu para a passagem do Mito
e) O mito resulta de vacilo do modo racional, ao Logos.
constituindo-se dispensável no existir humano, e isso E) A atividade comercial e as constantes viagens
se justifica porque tal dimensão primitiva se oportunizaram a troca de
apresenta, ainda hoje, com a mesma abrangência que informações/conhecimentos, a
teve nas sociedades tribais. observação/assimilação dos modos de vida de outros
povos, contribuindo, assim, de modo decisivo, para a
16. A divisão entre o mito, por um lado, entendido construção da passagem do Mito ao Logos.
como uma narrativa fabulosa das origens e que
coloca em cena personagens imaginários ou
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18. “O mito é uma narrativa. E um discurso, uma B) o surgimento da filosofia tem profunda conexão
fala. E uma forma de as sociedades espelharem suas com o desenvolvimento da vida pública das cidades
contradições, exprimirem seus paradoxos, duvidas e gregas.
inquietações. Pode ser visto como uma possibilidade C) a preocupação com a ciência política é o ponto
de se refletir sobre a existência, o cosmos, as em comum entre as doutrinas pré-socráticas.
situações de ‘estar no mundo’ ou as relações sociais”. D) a democracia ateniense surge como produto da
Everado Rocha. ética e da filosofia política dos séculos VII e VI a.
Mediante essa definição geral de mito e correto C..
afirmar que E) o desenvolvimento da Razão se deve ao intenso
A) as sociedades com conhecimentos cientifico, envolvimento político dos filósofos do período
tecnológico e filosófico complexamente constituídos helenístico.
não possuem mitos, pois eliminaram as dúvidas e os 22. “É no plano político que a Razão, na Grécia,
paradoxos. primeiramente se exprimiu, constituiu-se e
B) Platão, um dos filósofos mais estudados e formou- se. A experiência social só pôde tornar-se
influentes do pensamento ocidental, não recorria aos entre os gregos objetos de uma reflexão positiva,
mitos em seus diálogos, apesar de ter sido o primeiro porque se prestava, na cidade, a um debate público
a utilizar o termo mitologia. de argumentos. O declínio do mito data do dia em
C) alguns mitos oferecem modelos de vida e podem que os primeiros Sábios puseram em discussão a
servir como referências para a vida de muitas pessoas ordem humana, procuraram defini-la em si
mesmo no século XXI. mesma, traduzi-la em fórmulas acessíveis à sua
D) as sociedades antigas, ocidentais e orientais, inteligência, aplicar-lhe a norma do número e da
foram fundadas sobre o mesmo mito primitivo, medida.”
variando, apenas, os nomes de seus personagens. VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro:
E) todas as afirmações acima estão corretas. Bertrand do Brasil, 1989, p. 94.
Com base nessa citação, é correto afirmar que
2. SURGIMENTO DA FILOSOFIA a filosofia nasce:
a) após o declínio das ideias mitológicas, não
19. A construção de uma cosmologia que desse uma havendo nenhuma linha de continuidade entre
explicação racional e sistemática das características estas últimas e as novas ciências gregas.
do universo, em substituição à cosmogonia, que b) das representações religiosas míticas que se
tentava explicar a origem do universo baseada nos transpõem nas novas representações
mitos, foi uma preocupação da Filosofia cosmológicas jônicas.
a) medieval. c) da experiência do espanto, a maravilha com um
b) antiga. mundo ordenado e, portanto, belo.
c) iluminista. d) da experiência política grega de debate,
d) contemporânea. argumentação e contra-argumentação, que põe em
crise as representações míticas.
20. No mundo grego, podemos encontrar uma série
de relatos mitológicos sobre diversos aspectos da 23. Atente para a seguinte passagem, que trata do
vida humana, da natureza, dos deuses e do universo. alvorecer da filosofia: “A derrocada do sistema
Dois tipos de relatos merecem destaque: as micênico ultrapassa, largamente, em suas
cosmogonias e teogonias. Os relatos citados tratam consequências, o domínio da história política e
da social. Ela repercute no próprio homem grego;
a) origem dos homens e das plantas. modifica seu universo espiritual, transforma algumas
b) origem do cosmo e dos deuses. de suas atitudes psicológicas. A Grécia se reconhece
c) origem dos deuses e dos homens. numa certa forma de vida social, num tipo de
d) origem do cosmo e das plantas. reflexão que definem a seus próprios olhos sua
originalidade, sua superioridade sobre o mundo
21. De fato, é no plano político que a Razão, na bárbaro: no lugar do Rei cuja onipotência se exerce
Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e sem controle, sem limite, no recesso de seu palácio, a
formou-se. vida política grega pretende ser o objeto de um
Essa frase de Vernant é uma síntese de sua tese, debate público, em plena luz do Sol, na Ágora, da
segundo a qual parte de cidadãos definidos como iguais e de quem o
A) a racionalidade, da forma que a conhecemos, só Estado é a questão comum; no lugar das antigas
existe a partir da filosofia política de Platão. cosmogonias associadas a rituais reais e a mitos de
soberania, um pensamento novo procura estabelecer
a ordem do mundo em relações de simetria, de
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equilíbrio, de igualdade entre os diversos elementos de leis iguais para todos, as diferenças e divergências
que compõem o cosmos”. existentes em nome de um interesse comum. As
VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de decisões serão tomadas por consenso, o que acarreta
Janeiro: Bertrand Brasil, 1996, p.6/adaptado. persuadir, convencer, justificar, explicar.
Com base na passagem acima, é correto afirmar que: Anteriormente, havia a imposição, a violência, a
a) a filosofia decorre fundamentalmente de um longo obediência. A linguagem, o diálogo e a discussão
processo de evolução dos mitos antigos, não rompem com a violência na medida em que todos os
havendo relação direta entre seu desenvolvimento e falantes têm, no diálogo, os mesmos direitos (isegoria):
o processo social e político dos povos que deram interrogar, questionar, contra-argumentar. A razão se
origem à civilização grega. sobrepõe à força”.
b) o poder despótico, característico dos povos da MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da Filosofia:
antiguidade, consolidou de forma gradual e constante dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar
o surgimento de movimentos sociais de contestação Ed.1998. Adaptado.
na Grécia antiga, o que foi fundamental para o Considerando a passagem acima, analise as seguintes
surgimento da razão filosófica, no período clássico. afirmações:
c) a mudança de pensamento do povo grego e I. O surgimento de todas as formas de manifestação
originalidade de sua reflexão sobre o cosmo se cultural, entre elas a filosofia, a arte e a narrativa
relacionam às transformações da vida política grega, histórica deve ser entendido a partir do contexto
na qual o debate público por parte de cidadãos iguais social e histórico no qual determinada sociedade está
substituiu a onipotência do poder real ancorada em imersa.
mitos de soberania. II. O alvorecer da filosofia, no mundo antigo, teve
d) não há diferenças significativas entre o sistema de como motivação o desenvolvimento de uma vida
organização social dos povos que viveram na Grécia social democrática, mais voltada à harmonia e
micênica e os processos sociais que vigoraram nos conciliação de interesses diversos, o que requeria o
períodos subsequentes, seja no período homérico, uso do argumento racional.
seja nos períodos arcaico e período clássico. III. O processo democrático na Grécia antiga
inaugurou a obediência ao poder de todos e para
24. Sobre a relação entre a organização da cidade de todos e isso se refletiu no surgimento de um
Atenas, a ideia de pólis e o aparecimento da filosofia pensamento racional que, embora fosse inovador,
na Grécia Clássica, considere as afirmativas a seguir. continuava prisioneiro de uma visão autoritária de
I. A filosofia surgiu simultaneamente à cidade- sociedade.
Estado, ambiente em que predominava o discurso É correto o que se afirma em:
público baseado na troca de opiniões e no a) I e III apenas.
desenvolvimento da argumentação. b) I e II apenas.
II. A filosofia afastava-se das preocupações imediatas c) II e III apenas.
da aparência sensível e voltava-se para as questões do d) I, II e III.
espírito.
III. O discurso proferido pelo filósofo era dirigido a 26. “Somos amantes da beleza sem extravagâncias e
pequenos grupos, o que o distanciava da vida amantes da filosofia sem indolência. Usamos a
pública. riqueza mais como uma oportunidade para agir que
IV. O discurso da filosofia no contexto da pólis como um motivo de vanglória; entre nós não há
restringia-se ao mesmo tipo de discurso dos vergonha na pobreza, mas a maior vergonha é não
guerreiros e dos fazer o possível para evitá-la. Ver-se-á em uma
políticos ao desejar convencer em vez de proferir a mesma pessoa ao mesmo tempo o interesse em
verdade. atividades privadas e públicas, e em outros entre nós
Assinale a alternativa correta. que dão atenção principalmente aos negócios não se
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. verá falta de discernimento em assuntos políticos,
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. pois olhamos o homem alheio às atividades públicas
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. não como alguém que cuida apenas de seus próprios
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. interesses, mas como um inútil; nós, cidadãos
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. atenienses, decidimos as questões públicas por nós
mesmos, ou pelo menos nos esforçamos por
25. Leia a seguinte passagem, que relaciona o compreendê-las claramente, na crença de que não é
regramento democrático ao desenvolvimento de uma o debate que é empecilho à ação, e sim o fato de não
prática social baseada na razão: se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a
“A democracia representa exatamente a possibilidade hora da ação”.
de se resolverem, através do entendimento mútuo, e
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TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso, Livro II, 40. argumentos, o que levou a filosofia a ser a única
Trad. de Mario da Gama Kury. Brasília, DF: Editora atividade discursiva argumentativa na Cidade
da Universidade de Brasília, 2001.
grega.
Considerando as teses sobre o surgimento da
filosofia na Grécia, essa passagem do famoso
28. Leia a seguinte passagem, que descreve algumas
discurso do legislador ateniense Péricles, no
das características da polis grega:
segundo ano da Guerra do Peloponeso, apresenta
“O aparecimento da polis constitui, na história do
elementos que nos remetem à tese de:
pensamento grego um acontecimento decisivo. O
que implica o sistema da polis é primeiramente uma
a) John Burnet (1863-1928), para quem a filosofia
extraordinária preeminência da palavra sobre todos
nasce em completa ruptura com o pensamento
os outros instrumentos do poder. Uma segunda
tradicional grego, pois teria surgido nas novas
característica é o cunho da plena publicidade dada às
cidades gregas na Costa da Ásia Menor – a Jônia.
manifestações mais importantes da vida social”.
b) Jean-Pierre Vernant (1914-2007), que defende a VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego.
relação entre o debate público, os discursos Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. P.34-35/adaptado.
argumentativos na pólis grega e a elaboração da Sobre a relação entre o aparecimento da polis grega e
linguagem argumentativa na filosofia. o nascimento do pensamento filosófico, é correto
c) Francis Cornford (1874-1943), de que há uma afirmar que
continuidade entre as representações religiosas a) não há relação alguma, pois a filosofia surgiu nas
tradicionais, transmitidas pela poesia grega e pelos colônias gregas, longe da estrutura da polis.
rituais, e a primeira filosofia grega, na Jônia. b) a relação é direta, pois a polis incentivou o debate
d) Rodolfo Mondolfo (1877-1976), que situa público, campo fértil para a filosofia.
exclusivamente no ato psíquico-intelectual da c) suspeita-se que possa haver alguma relação, mas
maravilha, no sentido do espanto, a causa e o início esta nunca foi comprovada historicamente.
da filosofia como investigação sobre os fenômenos d) a polis grega tinha raízes na realeza micênica, cuja
da natureza. estrutura centralizada inibia o pensar livre.
27. “A solidariedade que constatamos entre o 29. No período clássico, nenhum dos gregos – sejam
nascimento do filósofo e o aparecimento do cidadão eles historiadores ou filósofos – registra uma suposta
não é para nos surpreender. Na verdade, a cidade derivação oriental da Filosofia. De fato, a partir do
realiza no plano das formas sociais esta separação da momento em que nasce, ela representa uma nova
natureza e da sociedade que pressupõe, no plano das forma de expressão espiritual, com elementos e
formas mentais, o exercício de um pensamento inflexão únicos.
racional. Com a Cidade, a ordem política destacou Sobre o nascimento da filosofia na Grécia e sua
da organização cósmica; aparece como uma relação com o mito, assinale a alternativa
instituição humana que é o objeto de uma indagação INCORRETA.
inquieta, de uma discussão apaixonada. Nesse a) Já em seu início, a filosofia pretende explicar a
debate, que não é somente teórico, mas no qual se totalidade das coisas, sem exclusão de partes ou
afronta a violência de grupos inimigos, a filosofia momentos, tal como registrado na investigação de
nascente intervém com plena competência.” Tales, que buscou o princípio de tudo o que existe.
VERNANT, Jean-Pierre. As origens da filosofia. In: Mito e b) A filosofia pretende ser, já em seu início,
pensamento entre os gregos. Tradução de Haiganuch Sarian. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1990, p. 365.
explicação puramente racional do(s) objeto(s) de sua
Segundo essa célebre passagem, Jean-Pierre investigação. Vale aqui o argumento lógico, a
Vernant considera que o surgimento da Filosofia motivação razoável, o logos.
se deve c) Os deuses das narrativas antropomórficas são
a) à emergência de um pensamento racional, próprio representações, em plano religioso, dos princípios da
à separação entre natureza e sociedade humana e, filosofia naturalística, dispostos, segundo
nesta, aos debates da Cidade grega. metodologia comum, à razão e ao mito.
b) à separação entre os homens e a Cidade grega, d) A filosofia é busca pela verdade segundo
devido à violência dos debates políticos, o que levou impostação teorética, livre de qualquer submissão de
o filósofo a retirar-se da Cidade. natureza pragmática ou de vantagem prática,
c) à identidade entre a Cidade e a natureza, que fez exercício de pura contemplação.
os homens saberem-se parte dela e, portanto, a
debaterem na Cidade sobre a organização do 30. De fato, os homens começaram a filosofar, agora
cosmo. como na origem, por causa da admiração, na medida
d) ao abandono da prática dos discursos e dos em que, inicialmente, ficavam perplexos diante das
dificuldades mais simples; em seguida, progredindo
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pouco a pouco, chegaram a enfrentar problemas E) O mito busca respostas para problemas que são
sempre maiores [...]. objeto da pesquisa filosófica e, nesse aspecto, é
ARISTÓTELES. Metafísica, v. I. São Paulo: Edições Loyola, considerado parte integrante da filosofia.
2002. p. 11 [982b].
Admiração ou espanto, essa é a atitude que 32. No período arcaico (séculos VIII a VI a.C.), na
Aristóteles considerava como o princípio do Grécia antiga, alguns fatos contribuíram para o
filosofar. Assinale a alternativa que justifica o processo de ruptura com o pensamento mítico e a
raciocínio do filósofo grego. emergência do pensamento filosófico.
a) O espanto é a atitude de êxtase em face da Com base nessa informação, a alternativa que
revelação da verdade eterna assinalada por um saber contém alguns desses fatos é a
divino que abarca toda a realidade, pois dispensa A) A invasão dórica; o apogeu do escravismo; as
qualquer uso do pensamento ou da experiência guerras púnicas.
guiada pelo pensamento. B) A invasão da Grécia pelos bárbaros; a lei escrita; a
b) O espanto causa perplexidade em quem se depara guerra de Troia.
com algo desconhecido e assim se sente impelido a C) Os pensamentos dos sofistas; a invenção da
querer saber; essa atitude é própria do filosofar, por moeda; a conquista de Troia.
isso, agora como na origem, o que motiva os homens D) A fundação da Pólis (cidade-estado); os poemas
é a libertação da ignorância. de
c) O espanto reforça a ignorância humana, pois tudo Homero; as guerras médicas.
que existe possui uma ordem imutável e eterna, e E) A invenção da escrita e da moeda; a lei escrita; a
quem se submeter cegamente aos designíos do fundação da Pólis (cidade-estado).
desconhecido, apesar de abdicar de sua liberdade,
terá na ignorância o seu maior bem. 33. A geração da ordem do mundo, na Grécia
d) O espantoso, para Aristóteles, era constatar, na Arcaica, é apresentada por mitos que narram a
cultura grega, que os homens diante da menor genealogia e a ação de seres sobrenaturais. A filosofia
dificuldade eram incapazes de pensar que este da escola jônica caracteriza-se por explicar a origem
mundo é uma ilusão; o mundo verdadeiro está além do cosmos, recorrendo a elementos ou a processos
do sensível e só pode ser contemplado. encontrados na natureza.
Sobre esses aspectos da cultura grega antiga, é
31. Há [...] algo de fundamentalmente novo na correto afirmar:
maneira como os gregos puseram a serviço do seu A) A transformação de uma representação
problema último — da origem e essência das coisas dominantemente mítica do mundo, para uma
— as observações empíricas que receberam do concepção filosófica, expressa, entre os séculos VIII
Oriente e enriqueceram com as suas próprias, bem e VI a.C., na antiga Grécia, uma mudança estrutural
como no modo de submeter ao pensamento teórico na sociedade.
e casual o reino dos mitos, fundado na observação B) Homero foi o primeiro historiador grego e, nas
das realidades aparentes do mundo sensível: os mitos suas obras, a Ilíada e a Odisséia, ele descreve o
sobre o nascimento do mundo. comportamento de homens heroicos, em cujas ações
(JAEGER, 1995, p. 197).
os componentes mitológicos inexistem.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
C) Os filósofos da escola jônica realizaram uma
relação entre mito e filosofia na Grécia Antiga, é
ruptura definitiva entre a mitologia e a filosofia e, a
correto afirmar:
partir de então, é impossível encontrar, no
A) A filosofia, em que pese ser considerada como
pensamento filosófico, a presença de mitos.
criação dos gregos, originou-se no Oriente, sob o
D) O mito é incapaz de instituir uma realidade social,
influxo da religião e, apenas posteriormente,
pois seu caráter fantasioso não passa qualquer
alcançou a Grécia.
credibilidade para seus ouvintes.
B) A filosofia representa uma ruptura radical em
E) O mito consiste em uma história religiosa,
relação aos mitos, tendo sido uma nova forma de
revelada por autoridades supostamente indiscutíveis.
pensamento plenamente racional, desde a sua
origem.
34. Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se
C) A filosofia e o mito sempre mantiveram uma
afirma a seguir e assinale a alternativa com a
relação de interdependência, uma vez que o
sequência correta.
pensamento filosófico necessita do mito para se
( ) Os historiadores da Filosofia dizem que ela
expressar.
possui data e local de nascimento: final do século VI
D) A filosofia, apesar de ser pensamento racional,
antes de Cristo, nas colônias gregas da Ásia Menor
desvinculou-se dos mitos de forma gradual.
(particularmente as que formavam uma região
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a) número, que fundamenta a criação dos deuses. c) Para Heráclito, a guerra (pólemos) é o princípio
b) devir, que simboliza o constante movimento dos regulador da harmonia do mundo.
objetos. d) Segundo Heráclito, o um é múltiplo e o múltiplo é
c) água, que expressa a causa material da origem do um.
universo.
d) imobilidade, que sustenta a existência do ser 54. Na filosofia de Parmênides preludia-se o tema da
atemporal. ontologia. A experiência não lhe apresentava em
e) átomo, que explica o surgimento dos entes. nenhuma parte um ser tal como ele o pensava, mas,
do fato que podia pensá-lo, ele concluía que ele
51. Em seu poema, Parmênides argumenta em favor precisava existir: uma conclusão que repousa sobre o
do que parecem ser três vias ou caminhos de pressuposto de que nós temos um órgão de co-
investigação. Deles, considerou apenas um nhecimento que vai à essência das coisas e é
absolutamente verdadeiro; outro, totalmente falso, e independente da experiência. Segundo Parmênides, o
um terceiro, verossímil. elemento de nosso pensamento não está presente na
Sobre a filosofia de Parmênides, assinale a alternativa intuição mas é trazido de outra parte, de um mundo
INCORRETA. extrassensível ao qual nós temos um acesso direto
a) O ser é a única coisa pensável e exprimível. Pensar através do pensamento.
é ser e o não-ser é absolutamente impensável. NIETZSCHE, Friedrich. A filosofia na época trágica dos
b) O ser de Parmênides possui sentido unívoco, isto gregos. Trad. Carlos A. R. de Moura. In Os pré-socráticos.
São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 151. Coleção Os
é, assume, em sua formulação, o princípio da não Pensadores
contradição. Marque a alternativa INCORRETA.
c) O ser é ingênito, incorruptível, não tem passado a) Para Parmênides, o Ser e a Verdade coincidem,
nem futuro, é agora, imutável e imóvel. porque é impossível a Verdade residir naquilo que
d) O ser pode ser e não ser ao mesmo tempo em Não-é: somente o Ser pode ser pensado e dito.
situações específicas, como no caso de manifestar-se b) Pode-se afirmar com segurança que Parmênides
fisicamente, em dimensão humana. rejeita a experiência como fonte da verdade, pois,
para ele, o Ser não pode ser percebido pelos
52. A relação entre mito e filosofia é objeto de polê- sentidos.
mica entre muitos estudiosos ainda hoje. Para alguns, c) Parmênides é nitidamente um pensador empirista,
a filosofia nasceu da ruptura com o pensamento pois afirma que a verdade só pode ser acessada por
mítico (teoria do “milagre grego”); para outros, meio dos sentidos.
houve uma continuidade entre mito e filosofia, ou d) O pensamento, para Parmênides, é o meio
seja, de alguma forma os mitos continuaram adequado para se chegar à essência das coisas, ao
presentes – seja como forma, seja como conteúdo – Ser, porque os dados dos sentidos não são
no pensamento filosófico. suficientes para apreender a essência.
A partir destas informações, assinale a alternativa que
NÃO contenha um exemplo de pensamento mítico 55. Heráclito de Éfeso viveu entre os séculos VI e V
no pensamento filosófico. a. C. e sua doutrina, apesar de criticada pela filosofia
a) Parmênides afirma: “Em primeiro lugar, criou (a clássica, foi resgatada por Hegel, que recuperou sua
divindade do nascimento ou do amor) entre todos os importante contribuição para a Dialética. Os dois
deuses, a Eros...” fragmentos a seguir nos apresentam este
b) Platão propõe algumas teses como a teoria da pensamento.
reminiscência e a transmigração das almas. - “Este mundo, igual para todos, nenhum dos
c) Heráclito afirma: “As almas aspiram o aroma do deuses e nenhum dos homens o fez; sempre foi, é
Hades”. e será um fogo eternamente vivo, acendendo-se e
d) Aristóteles divide a ciência em três ramos: o apagando-se conforme a medida.” (fragmento
teorético, o prático e o poético. 30).
- “Para as almas, morrer é transformar-se em
53. Sobre o pensamento de Heráclito de Éfeso, mar- água; para a água, morrer é transformar-se em
que a alternativa INCORRETA. terra. Da terra, contudo, forma-se a água, e da
a) Segundo Heráclito, a realidade do Ser é a água a alma.” (fragmento 36).
imobilidade, uma vez que a luta entre os opostos De acordo com o pensamento de Heráclito, marque
neutraliza qualquer possibilidade de movimento. a alternativa incorreta.
b) Heráclito concebe o mundo como um eterno a) As doutrinas de Heráclito e de Parmênides estão
devir, isto é, em estado de perene movimento. Nesse em perfeito acordo sobre a imutabilidade do ser.
sentido, a imobilidade apresenta-se como uma ilusão.
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b) Para Heráclito, a ideia de que “tudo flui” significa I. O fragmento acima denota a “luta de forças”
que nada permanece fixo e imóvel. opostas na massa dos membros humanos, que ora
c) Heráclito desenvolve a ideia da harmonia dos unem-se pelo amor – no início todos os membros que
contrários, isto é, a permanente conciliação dos atingiram a corporeidade da vida florescente –, ora
opostos. divididos pela força da discórdia, erram separados nas
d) A expressão “devir” é adequada para linhas da vida. Assim ocorre também com todos os
compreendermos a doutrina de Heráclito. outros seres na natureza.
II. A verdade filosófica apresenta-se no pensamento
56. A primeira escola filosófica grega é a de Mileto e de Empédocles através de uma estrutura lógica
seus principais representantes são Tales, muito distante da “verdade” expressa nos relatos
Anaximandro e Anaxímenes. Esses filósofos são míticos dos gregos arcaicos.
considerados monistas, pois propõem III. Nascimento e morte, no texto de Empédocles, são
A) um único elemento como princípio original de apresentados por meio de representações míticas que
tudo. o filósofo retira de uma tradição religiosa presente
B) dois elementos principais como princípio original ainda em seu tempo. Essas imagens,
de tudo. consequentemente, se transpõem, sem deixarem de
C) três elementos como princípio original de tudo. ser místicas, em uma filosofia que quer captar a
D) quatro elementos principais como princípio verdadeira essência da realidade física.
original de tudo. IV. O fragmento denota continuidade do pensamento
E) vários elementos como princípio original de tudo. mítico no início da filosofia, pois estão presentes
ainda o uso de certas estruturas comuns de
57. “O número é a essência de todo o existente. Toda a explicação.
harmonia do cosmo é justificada pelos números”. a) Apenas II, III e IV estão corretas.
Essa frase está relacionada a b) Apenas I, III e IV estão corretas.
A) Leucipo. c) Apenas I e II estão corretas.
B) Sócrates. d) Apenas I e IV estão corretas.
C) Pitágoras. e) Apenas I, II e IV estão corretas.
D) Aristóteles.
E) Anaxímenes.
4. SOFISTAS
58. Leia o fragmento de autoria de Heráclito.
60. A palavra democracia originou-se na Grécia
Deus é dia e noite, inverno e verão, guerra e paz,
Antiga e ganhou conteúdo diferente a partir do
abundância e fome. Mas toma formas variadas assim
século XIX. Ao contrário do seu significado
como o fogo, quando misturado com essências, toma
contemporâneo, a democracia na Pólis grega:
o nome segundo o perfume de cada uma delas.
BORNHEIM, G. (Org.). Os filósofos pré-socráticos. São Paulo:
a) era exercida pelos cidadãos de maneira indireta,
Cultrix, 1998, p. 40. considerando que estes escolhiam seus
Conforme o exposto, “Deus”, no pensamento de representantes políticos por intermédio de eleições
Heráclito, significa: periódicas e regulares.
A) A unidade dos contrários. b) pregava a igualdade de todas as camadas populares
B) O fundamento da religião monoteísta do período perante a lei, garantindo a todos o direito de tomar a
arcaico. palavra na Assembleia dos cidadãos reunida na praça
C) Uma abstração para refutar o logos. da cidade.
D) A impossibilidade da harmonia no mundo. c) evitava a participação dos militares e guerreiros,
considerando-os incapazes para o exercício da livre
59. Leia o fragmento de um texto pré-socrático: discussão e para a tomada de decisões consensuais.
“Ainda outra coisa te direi. Não há nascimento para d) abrangia o conjunto da população da cidade,
nenhuma das coisas mortais, como não há fim na reconhecendo o direito de participação de
morte funesta, mas somente composição e camponeses e artesãos em assembleias plebeias
dissociação dos elementos compostos: nascimento livremente eleitas.
não é mais do que um nome usado pelos homens”. e) embora excluísse do gozo político mulheres,
EMPÉDOCLES. Apud ARANHA/ MARTINS. Filosofando: menores e estrangeiros e ainda convivessem com a
Introdução à Filosofia. 3ª Ed., São Paulo: Moderna, 2006 - p. 86. escravidão, oferecia plenitude e isonomia a todos
A respeito da relação entre mythos e logos (razão) no considerados cidadãos. Homens maiores de idade
início da filosofia grega, analise as assertivas e nascidos na cidade, filhos de pais atenienses,
assinale a alternativa que aponta as corretas. independente da posição social.
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considerava a igualdade econômica como a antes de tudo pedagogos, ainda que seja necessário
realização do ser humano. reconhecer a notável originalidade de um Protágoras,
III. O cidadão era o elemento que integrava a pólis à de um Górgias ou de um Antifonte, por exemplo.
natureza e tal integração era representada pela Por um salário, eles ensinavam a seus alunos receitas
corpolatria e pelas atividades físicas impostas pelo que lhes permitiam persuadir os ouvintes, defender,
Senado. com a mesma habilidade, o pró e o contra, conforme
IV. O ideal do cidadão era expresso pela sua o entendimento de cada um.
participação nas ações e decisões da pólis, o que HADOT, P. O que é a filosofia antiga? São Paulo: Loyola,
incluía a busca da beleza e do equilíbrio entre as 2010.
formas. O texto apresenta uma característica dos sofistas,
Assinale a alternativa correta. mestres da oratória que defendiam a(o)
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas. a) ideia do bem, demonstrado na mente com base na
b) Somente as afirmativas II e III são corretas. teoria da reminiscência.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. b) relativismo, evidenciado na convencionalidade das
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. instituições políticas.
e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. c) ética, aprimorada pela educação de cada indivíduo
com base na virtude.
66. O homem é a medida de todas as coisas. Das d) ciência, comprovada empiricamente por meio de
coisas que são o que são e das coisas que não são o conceitos universais.
que não são. A frase acima é atribuída a Protágoras, e) religião, revelada pelos mandamentos das leis
um dos mais celébres sofistas. A partir dela deve-se divinas.
inferir que um dos traços distintivos de sua filosofia
éo 5. SÓCRATES
A) positivismo. 69. O diálogo socrático de Platão é obra baseada em
B) relativismo. um sucesso histórico: no fato de Sócrates ministrar
C) dogmatismo. os seus ensinamentos sob a forma de perguntas e
D) humanismo. respostas. Sócrates considerava o diálogo como a
E) niilismo. forma por excelência do exercício filosófico e o
único caminho para chegarmos a alguma verdade
67. Protágoras de Abdera (480-410 a.C.) é legítima.
considerado um dos mais importantes sofistas. De acordo com a doutrina socrática,
Ensinou por muito tempo em Atenas, sendo a) a busca pela essência do bem está vinculada a uma
atribuído à sua autoria a seguinte máxima da visão antropocêntrica da filosofia.
filosofia: “O homem é a medida de todas as coisas”. b) é a natureza, o cosmos, a base firme da
Sobre Protágoras e os sofistas, assinale o que for especulação filosófica.
correto. c) o exame antropológico deriva da impossibilidade
01) De forma semelhante a pensadores do autoconhecimento e é, portanto, de natureza
contemporâneos, os sofistas problematizam a sofística.
multiplicidade de perspectivas do conhecimento. d) a impossibilidade de responder (aporia) aos
02) O relativismo de Protágoras pode ser defendido dilemas humanos é sanada pelo homem, medida de
filosoficamente a partir da percepção do movimento, todas as coisas.
tese já defendida anteriormente por Heráclito.
04) Platão e Aristóteles contrapuseram-se aos 70. Em um importante trecho da sua obra
sofistas, ao não defender o homem como medida de Metafísica, Aristóteles se refere a Sócrates nos
todas as coisas. seguintes termos:
08) Em razão de seu humanismo, atribui-se a Sócrates ocupava-se de questões éticas e não da
Protágoras a inversão copernicana, isto é, a tese de natureza em sua totalidade, mas buscava o universal
que não é o sol que gira em torno da Terra, mas a no âmbito daquelas questões, tendo sido o primeiro
Terra que gira em torno do sol. a fixar a atenção nas definições.
16) O saber contido na frase de Protágoras é prático, Aristóteles. Metafísica, A6, 987b 1-3. Tradução de Marcelo Perine. São
além de teórico, ou seja, mobiliza o campo da Paulo: Loyola, 2002.
filosofia para a retórica. Com base na filosofia de Sócrates e no trecho
supracitado, assinale a alternativa correta.
68. Os sofistas inventam a educação em ambiente a) O método utilizado por Sócrates consistia em um
artificial, o que se tornará uma das características de exercício dialético, cujo objetivo era livrar o seu
nossa civilização. Eles são os profissionais do ensino, interlocutor do erro e do preconceito − com o
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A) Sócrates transporta a antiga especulação racional E) A maiêutica socrática é a arte de trazer à luz, por
para o terreno ateniense da moralidade, tentando meio de perguntas e de respostas, a verdade ou os
superar a crise dos valores de Atenas para dar conhecimentos mais importantes à vida que cada
novamente à sua moral um fundamento sólido pessoa retém em sua alma.
porque pessoal (não-Estatal) e racional (não-
religioso). 80. Sobre o pensamento socrático, analise as
B) De física, nossa interpretação torna-se moral, de afirmativas e marque com V, as verdadeiras e com F,
meditação solitária, torna-se diálogo. Assim, as falsas.
Sócrates, filósofo urbano, vai onde estão os ( ) Sócrates é autor da obra Ética a Nicômaco.
atenienses: nos banquetes, no ginásio, sobretudo na ( ) O pensamento socrático está escrito em
ágora, coração da cidade e centro de encontros. hebraico.
C) Com Sócrates a moral se torna uma questão de ( ) A ironia e a maiêutica são as bases de sua
Estado. Vivendo o apogeu da cidade de Atenas, em filosofia.
pleno século V a.C., Sócrates faz de Atenas a ( ) Sócrates não criticou o saber dogmático, sendo,
“civilização do discurso político”, lugar onde todo por isso, conselheiro dos governantes de Atenas.
projeto, toda decisão importante, passa pela ( ) Os diálogos platônicos são importantes textos
discussão pública em comum. filosóficos que relatam, na maioria, o pensamento de
D) Para a moral grega – que era outrora uma questão Sócrates.
de crenças, que fazia parte das coisas indiscutíveis –, A partir da análise dessas afirmativas, a alternativa
Sócrates busca um fundamento mais estável do que que indica a sequência correta, de cima para baixo, é
os costumes relativos e as normas efêmeras: um a
fundamento racional, baseado na interrogação e A) F V F V V
discussão individual. B) V F V V F
E) Sócrates domina a arte sutil do diálogo, a dialética, C) F F V F V
jogo de espírito e de finura, feito de fintas e de D) V F F F V
esquivas, torneio de argumentadores pleno de E) F V V V F
subentendidos e de alusões. Nesse terreno, o da
interrogação moral, interessa a Sócrates apenas isto: 81. Analise as assertivas e assinale a alternativa que
o que os homens dizem acerca do que fazem e como aponta as corretas.
justificam o que querem. I. Assim como os sofistas, Sócrates dizia que a
verdade existe e podemos conhecê-la. Eis porque
79. Sócrates foi um dos mais importantes filósofos suas preleções eram aulas onde essa verdade era
da Antiguidade. Para ele, a filosofia não era um ensinada. Tais preleções eram solilóquios, isto é,
simples conjunto de teorias, mas uma maneira de apenas Sócrates falava enquanto os outros o
viver. Sobre o pensamento e a vida de Sócrates, é escutavam.
correto afirmar: II. Tanto para Sócrates quanto para os sofistas, o
A) Sócrates acreditava que passar a vida filosofando, conhecimento não é um estado (o estado da
isto é, a examinar a si mesmo e a conduta moral das sabedoria), mas um processo, uma busca, uma
pessoas, era uma missão divina, na qual um deus procura da verdade. Isso não significa que a verdade
pessoal o auxiliava. não exista, e sim que deve ser procurada e que
B) Nas conversações que mantinha nos lugares sempre será maior do que nós.
públicos, da Atenas do século V a.C., Sócrates III. Como os sofistas, Sócrates se interessa pela
repetia nada saber para, assim, não responder às virtude. Todavia, os sofistas, mantendo-se no plano
questões que formulava e motivar seus interlocutores dos costumes estabelecidos, falavam da virtude no
a darem conta de suas opiniões. plural, isto é, falavam de virtudes (coragem,
C) Em polêmica com Aristóteles, para quem a cidade temperança, amizade, justiça, piedade, prudência),
nasce de um acordo ou de um contrato social, mas Sócrates fala no singular: a virtude.
Sócrates escreveu a “República”, na qual demonstra IV. Diferentemente dos sofistas, Sócrates mantém a
ser o homem um animal político. separação entre aparência e realidade, entre
D) O exercício da filosofia, para Sócrates, consistia percepção sensorial e pensamento. Por isso, sua
em questionar e em investigar a natureza dos busca visa alcançar algo muito preciso: passar da
princípios e dos valores que devem governar a vida e, multiplicidade das aparências opostas, da
devido a esse comportamento, contraiu inimizades multiplicidade das percepções divergentes, à unidade
de homens poderosos, que o executaram sob a da ideia (que é a definição universal e necessária da
acusação de impiedade e de corromper a juventude. coisa procurada).
A) Apenas I e III.
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B) Apenas II e III. bom seu construtor, sem dúvida nenhuma este fixará
C) Apenas IV. a vista no modelo eterno.
D) Apenas III e IV. PLATÃO. Timeu. 28 a7-10; 29 a2-3. Trad. Carlos A. Nunes.
E) Apenas II, III e IV. Belém: UFPA, 1977. p. 46-47.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
82. Ao dizer-se “parteiro das almas”, Sócrates queria filosofia de Platão, assinale a alternativa correta.
dizer que a) O mundo é belo porque imita os modelos
A) a verdade não está fora de nós, mas dentro de sensíveis, nos quais o demiurgo se inspira ao gerar o
nós. mundo.
B) não existe uma única verdade, mas verdades, no b) O sensível, ou o mundo que devém, é o modelo
plural. no qual o artista se inspira para criar o que
C) o pensamento deve deslocar-se da contemplação permanece.
interior para a contemplação exterior. c) O artífice do mundo, por ser bom, cria uma obra
D) devemos contemplar a verdade na natureza. plenamente bela, que é a realidade percebida pelos
E) era o pai das ideias que nasciam da alma de seu sentidos.
interlocutor, devendo ajudá-lo a realizar seus sonhos. d) O olhar do demiurgo deve se dirigir ao que
permanece, pois este é o modelo a ser inserido na
6. PLATÃO realidade sensível.
e) O demiurgo deve observar as perfeições no
83. Entre as principais estruturas de pensamento, no mundo sensível para poder reproduzi-las em sua
alvorecer da filosofia, encontra-se o pensamento obra.
socrático-platônico. Considerando as referências
históricas e as características do pensar dos dois 85. Para Platão, o que havia de verdadeiro em
filósofos da antiguidade, atente para o que se afirma Parmênides era que o objeto de conhecimento é um
a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com objeto de razão e não de sensação, e era preciso
F o que for falso. estabelecer uma relação entre objeto racional e
( ) Como principal discípulo de Sócrates, objeto sensível ou material que privilegiasse o
Platão seguiu, inicialmente, os passos do mestre até primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas
romper com ele, ao optar por um pensamento mais irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se
sistemático. em sua mente.
( ) Tanto Sócrates quanto Platão defendiam o ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia.
poder do pensamento racional como principal São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).
ferramenta de aproximação da verdade sobre o O texto faz referência à relação entre razão e
mundo real. sensação, um aspecto essencial da Doutrina das
( ) Sócrates, como um dos principais Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com
pensadores sofistas foi o iniciador do pensamento o texto, como Platão se situa diante dessa relação?
filosófico cosmológico, dedicado à especulação a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as
sobre a natureza, sobre o cosmo. duas.
( ) A Alegoria da caverna, escrita por Platão, é b) Privilegiando os sentidos e subordinando o
uma representação, uma metáfora sobre o mundo, conhecimento a eles.
concebida por ele para explicitar o modelo de um c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e
mundo dual: um racional, verdadeiro, e outro sensação são inseparáveis.
sensível, falso. d) Afirmando que a razão é capaz de gerar
A sequência correta, de cima para baixo, é: conhecimento, mas a sensação não.
a) V, F, V, F. e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a
b) F, V, V, F. sensação é superior à razão.
c) F, V, F, V.
d) V, F, F, V. 86. Suponha homens numa morada subterrânea, em
forma de caverna, cuja entrada, aberta à luz, se
84. Quando o artista [demiurgo] trabalha em sua estende sobre todo o comprimento da fachada; eles
obra, a vista dirigida para o que sempre se conserva estão lá desde a infância, as pernas e o pescoço
igual a si mesmo, e lhe transmite a forma e a virtude presos por correntes, de tal sorte que não podem
desse modelo, é natural que seja belo tudo o que ele trocar de lugar e só podem olhar para frente, pois os
realiza. Porém, se ele se fixa no que devém e toma grilhões os impedem de voltar a cabeça; a luz de uma
como modelo algo sujeito ao nascimento, nada belo fogueira acesa ao longe, numa elevada do terreno,
poderá criar. [. . . ] Ora, se este mundo é belo e for brilha por detrás deles; entre a fogueira e os
prisioneiros, há um caminho ascendente; ao longo do
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caminho, imagine um pequeno muro, semelhante aos a) A aspiração humana de procriação, inspirada por
tapumes que os manipuladores de marionetes armam Eros, restringe-se ao corpo e à busca da beleza física.
entre eles e o público e sobre os quais exibem seus b) O eros limita-se a provocar os instintos irrefletidos
prestígios. e vulgares, uma vez que atende à mera satisfação dos
PLATÃO. A República. Lisboa: Fundação Calouste apetites sensuais.
Gulbenkian, 2007. c) O eros físico representa a vontade de conservação
Essa narrativa de Platão é uma importante da espécie, e o espiritual, a ânsia de eternização por
manifestação cultural do pensamento grego antigo, obras que perdurarão na memória.
cuja ideia central, do ponto de vista filosófico, d) O ser humano é idêntico e constante nas diversas
evidencia o(a) fases da vida, por isso sua identidade iguala-se à dos
a) caráter antropológico, descrevendo as origens do deuses.
homem primitivo. e) Os seres humanos, como criação dos deuses,
b) sistema penal da época, criticando o sistema seguem a lei dos seres infinitos, o que lhes permite
carcerário da sociedade ateniense. eternidade.
c) vida cultural e artística, expressa por dramaturgos
trágicos e cômicos gregos. 89. “Temos assim três virtudes que foram
d) sistema político elitista, provindo do surgimento descobertas na nossa cidade: sabedoria, coragem e
da pólis e da democracia ateniense. moderação para os chefes; coragem e moderação
e) teoria do conhecimento, expondo a passagem do para os guardas; moderação para o povo. No que diz
mundo ilusório para o mundo das ideias. respeito à quarta, pela qual esta cidade também
participa na virtude, que poderá ser? É evidente que
87. Os andróginos tentaram escalar o céu para é a justiça” (Platão, Rep., 432b).
combater os deuses. No entanto, os deuses em um “O princípio que de entrada estabelecemos que se
primeiro momento pensam em matá-los de forma devia observar em todas as circunstâncias quando
sumária. Depois decidem puni-los da forma mais fundamos a cidade, esse princípio é, segundo me
cruel: dividem-nos em dois. Por exemplo, é como se parece, ou ele ou uma de suas formas, a justiça. Ora,
pegássemos um ovo cozido e, com uma linha, nós estabelecemos, segundo suponho, e repetimo-lo
dividíssemos ao meio. Desta forma, até hoje as muitas vezes, se bem te lembras, que cada um deve
metades separadas buscam reunir-se. Cada um com ocupar-se de uma função na cidade, aquela para a
saudade de sua metade, tenta juntar-se novamente a qual a sua natureza é mais adequada”
ela, abraçando-se, enlaçando-se um ao outro, (Platão, Rep., 433a).
desejando formar um único ser. Considerando a teoria platônica das virtudes, escreva
PLATÃO. O banquete. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
V ou F conforme seja verdadeiro ou falso o que se
No trecho da obra O banquete, Platão explicita, por
afirma a seguir:
meio de uma alegoria, o
( ) Nessa teoria das virtudes, cada grupo
a) bem supremo como fim do homem.
desenvolve a(s) virtude(s) que lhe é (ou são)
b) prazer perene como fundamento da felicidade.
própria(s).
c) ideal inteligível como transcendência desejada.
( ) Só pode ser justa a cidade em que os grupos
d) amor como falta constituinte do ser humano.
que dela participam e nela agem o fazem de acordo
e) autoconhecimento como caminho da verdade.
com sua natureza.
( ) Quando sabedoria, coragem e moderação se
88. Tudo isso ela [Diotima] me ensinava, quando
realizam de modo adequado, temos a justiça.
sobre as questões de amor [eros] discorria, e uma vez
( ) Existe uma relação entre a natureza dos
ela me perguntou:
indivíduos, o grupo de que devem fazer parte na
– que pensas, ó Sócrates, ser o motivo desse amor e
cidade, as virtudes que lhes são adequadas e, em
desse desejo? A natureza mortal procura, na medida
consequência, a função que nela devem
do possível, ser sempre e ficar imortal. E ela só pode
desempenhar.
assim, através da geração, porque sempre deixa um
A sequência correta, de cima para baixo, é:
outro ser novo em lugar do velho; pois é nisso que se
a) V, V, V, V.
diz que cada espécie animal vive e é a mesma. É em
b) V, F, F, V.
virtude da imortalidade que a todo ser esse zelo e
c) F, F, V, F.
esse amor acompanham.
Adaptado de: PLATÃO. O Banquete. 4.ed. São Paulo: Nova d) F, V, F, F.
Cultural, 1987, p.38-39. Coleção Os Pensadores.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o 90. Exercita-te primeiro, caro amigo, e aprende o que
amor em Platão, assinale a alternativa correta. é preciso conhecer para te iniciares na política; antes,
não. Então, primeiro precisarás adquirir virtude, tu
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desigual, como ao que é igual”. lê ou assiste, não sendo bons para a formação do
Considerando o trecho acima, e o pensamento cidadão na Cidade Ideal platônica.
político do filósofo da antiguidade, atente para o que e) A imitação de Homero e dos trágicos das reações
se diz a seguir e assinale com V o que for verdadeiro humanas difere da dos pintores, pois, segundo
e com F o que for falso. Platão, não estão distantes em graus da essência, por
( ) Tendo sido um dos maiores defensores da isso podem fazer parte da cidade justa.
democracia ateniense, Platão considerava a
democracia o melhor dos sistemas de governança. 95. Leia, abaixo, uma passagem do diálogo de
( ) Fiel à sua origem aristocrática, Platão tinha Platão, intitulado Fédon, em que Sócrates expõe a
uma visão elitista de poder na qual o seu exercício Símias sua teoria da verdade:
deveria ser dos mais sábios e não do homem “SÓCRATES – Quando é que a alma atinge a
comum. verdade? Temos de um lado que, quando ela
( ) Para Platão, o melhor sistema de governo deseja investigar com a ajuda do corpo qualquer
seria a sofocracia, ou seja, um governo dos homens questão que seja, o corpo, é claro, a engana
que atingissem o grau máximo de sabedoria. radicalmente.
( ) Platão foi um grande defensor da tirania SÍMIAS – Dizes uma verdade.
como forma de governo. Somente um tirano justo e SÓCRATES – Não é, pois, no ato de raciocinar, e
sábio evitaria as formas degeneradas de poder. não de outro modo, que a alma apreende, em
A sequência correta, de cima para baixo, é: parte, a realidade de um ser?
a) V, F, V, F. SÍMIAS – Sim”.
b) F, V, F, V. PLATÃO. Fédon, 65b-c. Tradução de Jorge Paleikat e João da
c) V, F, F, V. Cruz Costa. São Paulo: Abril Cultural, 1972. Coleção Os
Pensadores.
d) F, V, V, F.
Com base nessa passagem do diálogo, é correto
afirmar que
94. Os melhores de entre nós, quando escutam
a) o que é verdadeiro para o pensamento é
Homero ou qualquer poeta trágico a imitar um herói
verdadeiro para a sensibilidade.
que está aflito e se espraia numa extensa tirada cheia
b) o que é verdadeiro para a sensibilidade é
de gemidos, ou os que cantam e batem no peito,
verdadeiro no real, no ser.
sabes que gostamos disso, e que nos entregamos a
c) o que é verdadeiro para o pensamento é
eles, e os seguimos, sofrendo com eles, e com toda
verdadeiro no real, no ser.
seriedade elogiamos o poeta, como sendo bom, por
d) sensibilidade e pensamento atingem ambos a
nos ter provocado até o máximo, essas disposições. [.
verdade do ser, do real.
. . ] Mas quando sobrevém a qualquer de nós um luto
pessoal, reparaste que nos gabamos do contrário, se
96. Eis com efeito em que consiste o proceder
formos capazes de nos mantermos tranquilos e de
corretamente nos caminhos do amor ou por outro se
sermos fortes, entendendo que esta atitude é
deixar conduzir: em começar do que aqui é belo e,
característica de um homem [. . . ]?
PLATÃO. A República. 605 d-e. Trad. Maria Helena da Rocha
em vista daquele belo, subir sempre, como que
Pereira. 12. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010. servindo-se de degraus, de um só para dois e de dois
Com base no texto, nos conhecimentos sobre mimesis para todos os belos corpos, e dos belos corpos para
(imitação) e sobre o pensamento de Platão, assinale a os belos ofícios, e dos ofícios para as belas ciências
alternativa correta: até que das ciências acabe naquela ciência, que de
a) A maneira como Homero constrói seus nada mais é senão daquele próprio belo, e conheça
personagens retratando reações humanas deve ser enfim o que em si é belo.
imitada pelos demais poetas, pois é eticamente PLATÃO. Banquete, 211 c-d. José Cavalcante de Souza. São
Paulo: Abril Cultural, 1972. (Os Pensadores) p. 48
aprovada na Cidade Ideal platônica.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
b) O fato de mostrar as emoções de maneira
filosofia de Platão, é correto afirmar que
exagerada em seus personagens faz de Homero e de
a) a compreensão da beleza se dá a partir da
autores de tragédia excelentes formadores na Cidade
observação de um indivíduo belo, no qual
Ideal pensada por Platão.
percebemos o belo em si.
c) Reagir como os personagens homéricos e trágicos
b) a percepção do belo no mundo indica seus vários
é digno de elogio, pois Platão considera que a
graus que visam a uma dimensão transcendente da
descarga das emoções é benéfica para a formação
beleza em si.
ética dos cidadãos.
c) a compreensão do que é belo se dá subitamente,
d) Poetas como Homero e autores de tragédia
quando partimos dele para compreender os belos
provocam emoções de modo exagerado em quem os
ofícios e ciências.
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soubessem ser ela o maior dos males. A a) O segmento representa a realidade inteligível e se
ignorância mais condenável não é essa de supor divide em opiniões filosóficas e Ideias. O segmento
saber o que não se sabe? representa o mundo visível e se divide em
Platão, A Apologia de Sócrates, 29 a-b, In. HADOT, P. O percepções e sensações.
que é a Filosofia Antiga?São Paulo: Ed. Loyola, 1999, p. 61. b) O segmento representa a realidade e as imagens
Com base no trecho acima e na filosofia de Sócrates, míticas. O segmento representa a realidade filosófica
assinale a alternativa INCORRETA. e as matemáticas, que usam as percepções sensíveis e
a) Sócrates prefere a morte a ter que renunciar a sua as Formas.
missão, qual seja: buscar, por meio da filosofia, a c) O segmento refere-se às imagens e às coisas
verdade, para além da mera aparência do saber. visíveis, que geram a suposição e a opinião. O
b) Sócrates leva o seu interlocutor a examinar-se, segmento corresponde ao inteligível e às Formas,
fazendo-o tomar consciência das contradições que apreendidas pelo pensamento e intelecção.
traz consigo. d) O segmento corresponde à proporção entre coisas
c) Para Sócrates, pior do que a morte é admitir aos visíveis e coisas invisíveis que compõem o mundo. O
outros que nada se sabe. Deve-se evitar a ignorância segmento representa as Ideias, que são imitações e
a todo custo, ainda que defendendo uma opinião não imagens do mundo visível e compõem o mundo
devidamente examinada. inteligível.
d) Para Sócrates, o verdadeiro sábio é aquele que,
colocado diante da própria ignorância, admite que 104. A escultura Discóbolo de Míron representa a
nada sabe. Admitir o não-saber, quando não se sabe, importância dada pelos gregos à atividade física.
define o sábio, segundo a concepção socrática. Sobre o papel da ginástica na educação dos
guardiães, na obra “A República”, de Platão,
102. “Talvez [...] a verdade nada mais seja do que considere as afirmativas a seguir.
uma certa purificação das paixões e seja, portanto, a I. Ao lado da música, a ginástica desempenha papel
temperança, a justiça, a coragem; e a própria fundamental no processo de educação dos guardiães.
sabedoria não seja outra coisa do que esse meio de II. O robustecimento físico é importante para os
purificação.” guardiães, motivo pelo qual a ginástica deve ser
PLATÃO. Fédon, 69b-c, adaptado.
ministrada desde a infância.
Nessa fala de Sócrates, a “purificação” das paixões
III. O cultivo pleno do espírito deve prevalecer sobre
ocorre na medida em que a alma se afasta do corpo
o cuidado com a formação do corpo, bem como
pela “força” da sabedoria. Com base nisso, assinale a
guiá-lo.
afirmação FALSA.
IV. A ginástica dos guardiães deve ser mais exigente
a) As virtudes são a eliminação das paixões através da
se comparada à ministrada para os guerreiros.
sabedoria.
Assinale a alternativa correta.
b) Temperança, justiça e coragem resultam da
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
purificação das paixões.
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
c) A sabedoria é a potência da alma pela qual as
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
virtudes se constituem.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
d) A alma atinge a verdade através da virtude da
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
sabedoria.
105. Observe a figura a seguir e responda à questão.
103. “— Supõe então uma linha cortada em duas
partes desiguais; corta novamente cada um desses
segmentos segundo a mesma proporção, o da espécie
visível e o da inteligível...”
107. A República de Platão consiste na busca 108. Não devemos admitir que também o discurso
racional de uma cidade ideal. Sua intenção é pensar a permite uma técnica por meio da qual se poderá
política para além do horizonte da decadência da levar aos ouvidos de jovens ainda separados por uma
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longa distância da verdade das coisas, palavras 04) O conhecimento é fruto de um exercício à
mágicas, e apresentar, a propósito de todas as coisas, semelhança da ginástica para o corpo; assim como a
ficções verbais, dando-lhes assim a ilusão de ser falta de atividade física enrijece o corpo, a falta de
verdadeiro tudo o que ouvem e de que, quem assim reflexão enrijece a atividade do conhecimento.
lhes fala, tudo conhece melhor que ninguém? 08) Para Platão é impossível conhecer algo, visto que
PLATÃO. Sofista. 234c. Trad. Jorge Paleikat e João Cruz tudo é uma representação das coisas, donde o ser
Costa. São Paulo: Abril Cultural, 1972. p. 160. Coleção Os humano estar fadado a ficar acorrentado à
Pensadores
ignorância.
Com base no texto e nos conhecimentos da análise
16) A luz é identificada com o conhecimento, pois o
de Platão sobre a técnica retórica dos sofistas,
conhecimento gera na alma o reconhecimento das
assinale a alternativa correta.
coisas, à semelhança de um objeto quando
a) Ensinavam uma técnica argumentativa na qual os
iluminado.
jovens facilmente percebiam a verdade e a mentira
nos discursos dos oradores.
110. Considere o seguinte trecho “No diálogo
b) Eram professores de oratória apreciados por
Mênon, Platão faz Sócrates sustentar que a virtude
Platão porque argumentavam com rigor lógico e
não pode ser ensinada, consistindo-se em algo que
preocupação ética.
trazemos conosco desde o nascimento, defendendo
c) Ensinavam a validar com coerência lógica
uma concepção, segundo a qual temos em nós um
qualquer argumento válido e, por isso, sua técnica
conhecimento inato que se encontra obscurecido
discursiva habilitava a distinguir o falso do
desde que a alma encarnou-se no corpo. O papel da
verdadeiro.
filosofia é fazer-nos recordar deste conhecimento”
d) Tornavam qualquer opinião convincente com sua MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de
técnica discursiva, sem se preocupar com a distinção Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. p. 31.
do verdadeiro ou ético de seus contrários. Nesse trecho, o autor descreve o que ficou
e) Eram sábios e mestres de uma técnica retórica que conhecido como
apresentava opiniões persuasivas e, por isso, A) a teoria das ideias de Platão.
verdadeiras e éticas. B) a doutrina da reminiscência de Platão.
C) a ironia socrática.
109. “Agora – continuei – representa da seguinte D) a dialética platônica.
forma o estado de nossa natureza relativamente à
instrução e à ignorância. Imagina homens em morada 111. “A alegoria da caverna representa as etapas da
subterrânea, em forma de caverna, que tenha em educação de um filósofo ao sair do mundo das
toda a largura uma entrada aberta para a luz; estes sombras (das aparências) para alcançar o
homens aí se encontram desde a infância, com as conhecimento verdadeiro. Após essa experiência, ele
pernas e o pescoço acorrentados, de sorte que não deve voltar à caverna para orientar os demais e
podem mexer-se nem ver alhures exceto diante deles, assumir o governo da cidade. Por isso, a análise da
pois a corrente os impede de virar a cabeça; a luz alegoria pode ser feita sob dois pontos de vista.”
lhes vem de um fogo que brilha a grande distância, ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena
no alto e por trás deles; entre o fogo e os prisioneiros Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna,
passa um caminho elevado; imagina que, ao longo 2016. p. 109.
deste caminho, ergue-se um pequeno muro [...]. Assinale a alternativa que apresenta os dois pontos
Considera agora o que lhes sobrevirá naturalmente se de vista sobre a educação que são deduzidos da
forem libertos das cadeias e curados da ignorância. alegoria da caverna.
Que se separe um desses prisioneiros, que o forcem A) Individualista e teorizante.
a levantar-se imediatamente, a volver o pescoço, a B) Dogmático e materialista.
caminhar, a erguer os olhos à luz: ao efetuar todos C) Relativista e democrático.
esses movimentos sofrerá, e o ofuscamento o D) Epistemológico e político.
impedirá de distinguir os objetos cuja sombra
enxergava há pouco”. 7. ARISTÓTELES
PLATÃO, República, l. VII [514a-b; 515d]. Guinsburg (org), São
Paulo: Perspectiva, 2006, p. 263 e 264. 112. “A experiência parece um pouco semelhante à
A partir do texto citado, assinale o que for correto. ciência (epistéme) e à arte (tékhne). Com efeito, os
01) A metáfora da busca da luz representa o homens adquirem ciência e arte por meio da
processo de obtenção do conhecimento. experiência. A experiência, como diz Polo, produz a
02) Platão faz uma metáfora das sociedades que, arte, enquanto a inexperiência produz o puro acaso.
mergulhadas na ignorância, estão como que presas a A arte se produz quando, de muitas observações da
grilhões.
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experiência, forma-se um juízo geral e único passível b) considerava as ciências práticas como
de ser referido a todos os casos semelhantes” representantes da forma mais completa de
Aristóteles, Metafísica, 981a5 conhecimento: superior à metafísica e à teologia.
Com base no texto acima, considere as seguintes c) não considerava a Filosofia como um saber
afirmações: específico sobre algum assunto, mas uma forma de
I. Somente a ciência é conhecimento universal, cujos conhecer todas as coisas, com procedimentos
juízos gerais se aplicam a todos os casos semelhantes. diferentes para cada campo de coisas que conhecia.
II. A tékhne é uma forma de conhecimento universal, d) entendia a técnica – tékhne – como um estágio de
pois, com base nas experiências, se forma um juízo conhecimento inferior ao conhecimento
geral. experimental, visto ser este de maior comprovação
III. Por ser semelhante à experiência, a tékhne não empírica.
constitui um conhecimento universal.
IV. A experiência é pressuposto dos conhecimentos 115. Em relação ao silogismo categórico de Aristóte-
universais (tékhné e epistéme), mas não é ainda um les é INCORRETO afirmar que
conhecimento universal. a) o termo médio aparece na conclusão do silogismo
É correto somente o que se afirma em e nunca nas premissas.
a) I e IV. b) a primeira proposição é chamada premissa maior;
b) II e III. a segunda, premissa menor, e a terceira conclusão.
c) I e III. c) o termo médio é aquele que produz a ligação entre
d) II e IV. os termos das premissas, produz a conclusão e,
assim, ele se faz presente nas premissas maior e
113. Observe a seguinte frase atribuída a Otto Von menor.
Bismarck, estadista e diplomata alemão do século d) sendo as premissas verdadeiras, a conclusão tam-
XIX: bém será, necessariamente, verdadeira.
“Os tolos dizem que aprendem com seus próprios 116. “Chamo de princípio de demonstração às
erros; eu prefiro aprender com o erro dos outros.” convicções comuns das quais todos partem para
demonstrar: por exemplo, que todas as coisas devem
Tendo como base a definição estabelecida por ser afirmadas ou negadas e que é impossível ser e
Aristóteles, em sua Metafísica, sobre os graduais níveis não ser ao mesmo tempo.”
de conhecimento (sentidos, memória, experiência e ARISTÓTELES. Metafísica, 996b27-30.
ciência), é correto dizer que a frase acima, proferida Em sua Metafísica, Aristóteles apresenta um conjunto
pelo líder Prussiano, da República de Weimar, de princípios lógico-metafísicos que ordenam a
representa realidade e nosso conhecimento acerca dela. Dentre
a) a demonstração do conhecimento que é dado eles está o princípio de não contradição, o qual
pelos sentidos, pois Bismarck revela ter sensibilidade a) indica que afirmações contraditórias são lógica e
para perceber como agir a partir dos erros alheios. metafisicamente aceitáveis, pois a contradição faz
b) o conhecimento propiciado pela memória quando parte da realidade.
o líder alemão demonstra decidir suas ações a partir b) estabelece que é possível que as coisas que tenham
da lembrança do que fizeram de errado os seus tais e tais características não as tenham ao mesmo
interlocutores. tempo sob as mesmas circunstâncias.
c) o conhecimento da experiência de um político de c) afirma que é impossível que as coisas que tenham
anos de atuação, que jamais agiu sem aguardar a ação tais e tais características não as tenham ao mesmo
de seus opositores. tempo sob as mesmas circunstâncias.
d) um saber no nível da ciência, mais precisamente, d) é normativo, ou moral; portanto, deve ser
de uma das ciências práticas, a política: um saber de rejeitado como antimetafísico, ou seja, não
caráter universal, obtido a partir das várias caracteriza a realidade.
experiências singulares
117. Analise as seguintes afirmativas a respeito da
114. Sobre a compreensão acerca do processo de lógica de Aristóteles.
conhecimento, é correto afirmar que Aristóteles I - A forma mediata do pensamento ou raciocínio é
a) compreendia a Filosofia, da mesma forma que chamada, por Aristóteles, de silogismo.
Platão, como um conhecimento único, indivisível e II - Em grego, syllogismós significa raciocinar, vem
superior a todas as formas de saber. do verbo syllogizo, que significa reunir, juntar pelo
pensamento, conjeturar.
III - O silogismo é um raciocínio indutivo.
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IV - O exemplo clássico de silogismo é aquele que A) Trata-se de ciência do ser enquanto ser e do que
contém duas premissas e uma conclusão compete ao ser enquanto ser, isto é, ciência das
Marque a alternativa correta. causas e dos princípios supremos.
a) Apenas as afirmativas I, II e III são verdadeiras. B) Trata-se de ciência da percepção sensível e, então,
b) Somente a afirmativa III é falsa. ancorada em constatações empíricas que buscam no
c) Todas as afirmativas são falsas. o quê as coisas que são a sua razão de ser.
d) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras. C) O ser tem múltiplos significados, então, a
metafísica é ciência das causas e dos princípios da
118. “O silogismo é uma locução em que uma vez substância, fundamento de todos os outros
certas suposições sejam feitas, alguma coisa distinta significados.
delas se segue necessariamente devido à mera D) A metafísica é ciência teológica ou relativa às
presença das suposições como tais. Por ‘devido à coisas divinas, pois se dedica a uma substância
mera presença das suposições como tais’ entendo primeira, transfísica ou suprafísica.
que é por causa delas que resulta a conclusão, e por
isso quero dizer que não há necessidade de qualquer 120.[...] após ter distinguido em quantos sentidos se
termo adicional para tornar a conclusão necessária”. diz cada um [destes objetos], deve-se mostrar, em
ARISTÓTELES. Órganon: Categorias, Da interpretação, relação ao primeiro, como em cada predicação [o
Analíticos anteriores, Analíticos posteriores, Tópicos, objeto] se diz em relação àquele.
Refutações sofísticas. Bauru, SP: EDIPRO, 2010, p. 111. Aristóteles, Metafísica. Tradução de Marcelo Perine. São Paulo:
Considerando o enunciado acima, constante no livro Edições Loyola, 2002.
I dos Analíticos anteriores, atente para o que se De acordo com a ontologia aristotélica,
afirma a seguir, e assinale com V o que for a) a metafísica é “filosofia primeira” porque é ciência
verdadeiro e com F o que for falso. do particular, do que não é nem princípio, nem causa
( ) Trata-se da definição de silogismo, termo de nada.
filosófico com o qual Aristóteles designou a b) o primeiro entre os modos de ser,
conclusão deduzida de premissas, a argumentação ontologicamente, é o “por acidente”, isto é, diz
lógica perfeita. respeito ao que não é essencial.
( ) Expõe as bases do argumento indutivo com c) a substância é princípio e causa de todas as
três proposições declarativas (duas premissas e uma categorias, ou seja, do ser enquanto ser.
conclusão) que se conectam de tal modo que, a partir d) a substância é princípio metafísico, tal como
de premissas, é possível induzir uma conclusão. exposto por Platão em sua doutrina.
( ) Expressa a importância dada por Aristóteles
à correção lógica do raciocínio empregado na 121. Em primeiro lugar, é claro que, com a expressão
construção do conhecimento do Ser das coisas. “ser segundo a potência e o ato”, indicam-se dois
( ) O silogismo não trata do conteúdo do que modos de ser muito diferentes e, em certo sentido,
se afirma, mas permite se chegar a conclusões opostos. Aristóteles, de fato, chama o ser da potência
verdadeiras, desde que baseadas em princípios gerais até mesmo de não-ser, no sentido de que, com
verdadeiros. relação ao ser-em-ato, o ser-em-potência é não-ser-
A sequência correta, de cima para baixo, é: em-ato.
A) F, F, V, F. REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. Vol. II. Trad.
B) F, V, F, V. de Henrique Cláudio de Lima Vaz e Marcelo Perine. São Paulo:
C) V, V, F, F. Loyola, 1994, p. 349.
D) V, F, V, V. A partir da leitura do trecho acima e em
conformidade com a Teoria do Ato e Potência de
119. Segundo Giovanni Reale, a metafísica aristoté- Aristóteles, assinale a alternativa correta.
lica é inteiramente constituída por termos e conceitos a) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua
pluridimensionais e polivalentes, e isso vale a capacidade de se transformar em algo diferente dele
começar pelo próprio conceito que define metafísica‘ mesmo, como, por exemplo, o mármore (ser-em-ato)
ou filosofia primeira‘, que constantemente, ao longo em relação à estátua (ser-em-potência).
dos catorze livros, é determinado de quatro modos b) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e potência
diferentes. explica o movimento percebido no mundo sensível.
REALE, G. Aristóteles: Metafísica. Ensaio Introdutório, Vol 1. Tudo o que possui matéria possui potencialidade
Trad. Marcelo Perine. São Paulo: Ed. Loyola, 2001, p. 37. (capacidade de assumir ou receber uma forma
Sobre os quatro modos diferentes, assinale a diferente de si), que tende a se atualizar (assumindo
alternativa INCORRETA. ou recebendo aquela forma).
c) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas o
ser-em-ato. Isto ocorre porque o movimento
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verificado no mundo material é apenas ilusório, e o princípios são variáveis (pois todas elas poderiam ser
que existe é sempre imutável e imóvel. diferentemente), e como é impossível deliberar sobre
d) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo coisas que são por necessidade, a sabedoria prática
sensível (das coisas materiais) e a potência se não pode ser ciência, nem arte: nem ciência, porque
encontra tão-somente no mundo inteligível, aquilo que se pode fazer é capaz de ser
apreendido apenas com o intelecto. diferentemente, nem arte, porque o agir e o produzir
são duas espécies diferentes de coisa. Resta, pois, a
122. No ethos (ética), está presente a razão profunda alternativa de ser ela uma capacidade verdadeira e
da physis (natureza) que se manifesta no finalismo do raciocinada de agir com respeito às coisas que são
bem. Por outro lado, ele rompe a sucessão do boas ou más para o homem.
mesmo que caracteriza a physis como domínio da ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural,
necessidade, com o advento do diferente no espaço 1980.
da liberdade aberto pela práxis. Embora, enquanto Aristóteles considera a ética como pertencente ao
autodeterminação da práxis, o ethos se eleve sobre a campo do saber prático. Nesse sentido, ela difere dos
physis, ele reinstaura, de alguma maneira, a outros saberes porque é caracterizada como
necessidade de a natureza fixar-se na constância do a) conduta definida pela capacidade racional de
hábito. escolha.
(Adaptado de: VAZ, Henrique C. Lima. Escritos de Filosofia II. b) capacidade de escolher de acordo com padrões
Ética e Cultura. 3ª edição. São Paulo: Loyola. Coleção Filosofia científicos.
- 8, 2000, p.11-12.) c) conhecimento das coisas importantes para a vida
Com base no texto, é correto afirmar que a noção de do homem.
physis, tal como empregada por Aristóteles, d) técnica que tem como resultado a produção de
compreende: boas ações.
a) A disposição da ação humana, que ordena a e) política estabelecida de acordo com padrões
natureza. democráticos de deliberação.
b) A finalidade ordenadora, que é inerente à própria
natureza. 125. O Cauim é uma bebida produzida a partir da
c) A ordem da natureza, que determina o hábito das mastigação da mandioca ou do milho por mulheres
ações humanas. cuja saliva contribui para o seu fabrico. A preparação
d) A origem da virtude articulada, segundo a dessa bebida consiste em três estágios básicos:
necessidade da natureza. fermentação, amadurecimento e azedamento. Assim,
e) A razão matemática, que assegura ordem à em todos os rituais de passagem, em determinadas
natureza. tribos indígenas, a presença do Cauim é
imprescindível.
123. A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre (Adaptado: SZTUTMAN, R. Cauinagem, uma comunicação
e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos embriagada - apontamentos sobre uma festa tipicamente
não devem estar separados como na inscrição ameríndia. Disponível em: <www.antropologia.com.br/tribo>.
Acesso em: 17 jul. 2008.)
existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a
Nos rituais indígenas, a ingestão do cauim evoca a
mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é
busca de um estado de prazer e de felicidade. Na
ter o que amamos”. Todos estes atributos estão
tradição filosófica, a ideia de felicidade foi abordada
presentes nas mais excelentes atividades, e entre
por Aristóteles, na obra “Ética a Nicômaco”.
essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.
ARISTOTELES. A Política. São Paulo: Cia das Letras, 2010. Considerando o pensamento ético de Aristóteles,
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais assinale a alternativa correta.
excelentes atributos, Aristóteles a identifica como a) O interesse pessoal constitui o bem supremo a que
a) busca por bens materiais e títulos de nobreza. visam todas as ações humanas, acima das escolhas
b) plenitude espiritual e ascese pessoal. racionais.
c) finalidade das ações e condutas humanas. b) A felicidade é o bem supremo a que aspira todo
d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. indivíduo pela experiência sensível do prazer que se
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento busca por ele mesmo.
público. c) Todos os seres humanos aspiram ao bem e à
felicidade, que só podem ser alcançados pela conduta
124. Ninguém delibera sobre coisas que não podem virtuosa, aliada à vontade e à escolha racional.
ser de outro modo, nem sobre as que lhe é d) Fim último da existência humana, a felicidade
impossível fazer. Por conseguinte, como o refere-se à vida solitária do indivíduo, desvinculada
conhecimento científico envolve demonstração, mas da convivência social na polis.
não há demonstração de coisas cujos primeiros
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e) A felicidade do indivíduo não pode ser alcançada D) tinha profundas conexões com a justiça, razão
pelo discernimento racional, mas tão-somente pelo pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser
exercício da sensibilidade. dedicado as atividades vinculadas aos tribunais.
E) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita
126. “Se, pois, para as coisas que fazemos existe um aqueles que se dedicavam a política e que tinham
fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é tempo para resolver os problemas da cidade.
desejado no interesse desse fim; e se é verdade que
nem toda coisa desejamos com vistas em outra, 128. TEXTO I
evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o sumo Olhamos o homem alheio às atividades
bem. A julgar pela vida que os homens levam em públicas não como alguém que cuida apenas de seus
geral, a maioria deles, e os homens de tipo mais próprios interesse, mas como um inútil; nós,
vulgar, parecem (não sem um certo fundamento) cidadãos atenienses, decidimos as questões públicas
identificar o bem ou a felicidade com o prazer, e por por nós mesmos na crença de que não é o debate
isso amam a vida dos gozos. Pode-se dizer, com que é o empecilho para à ação, e sim o fato de não se
efeito, que existem três tipos principais de vida: a que estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora
acabamos de mencionar, a vida política e a da ação.
contemplativa”. TUCÍDIDES. História da guerra do Peloponeso. Brasília:
Aristóteles. Ética à Nicômaco. 4. ed. — São Paulo: Nova UnB, 1987 (adaptado).
Cultural, 1991. — Os pensadores; v. 2. P. 2-5. Adaptado. TEXTO II
Sobre a compreensão acerca do fundamento moral, é Um cidadão integral pode ser definido por
correto afirmar que Aristóteles nada mais anda menos que pelo direito de
a) exaltava os prazeres da mesma forma que o administrar justiça e exercer funções públicas;
hedonista Epicuro, sobretudo os espirituais, como a algumas destas, todavia, são limitadas quanto ao
amizade. tempo de exercício, de tal modo que não podem de
b) seguia o relativismo sofista e identificava níveis forma alguma ser exercidas duas vezes pela mesma
distintos de prática moral para cada tipo humano. pessoa, ou somente podem sê-lo depois de certos
c) defendia que o exercício do bem estava na busca intervalos de tempo prefixados.
da virtude pela renúncia absoluta dos prazeres. ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.
d) identificava, seguindo a tradição socrático- Comparando os textos I e II, tanto para Tucídides
platônica, a realização ética maior com o exercício da (no século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século
vida teórica e contemplativa. IV a.C.), a cidadania era definida pelo(a)
A) prestígio social.
127. Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor B) acúmulo de riqueza.
conjunto de normas e naquela dotada de homens C) participação política.
absolutamente justos, os cidadãos não devem viver D) local de nascimento.
uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses E) grupo de parentesco.
tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as
qualidades morais —, tampouco devem ser 129. A utilidade do escravo é semelhante à do
agricultores os aspirantes a cidadania, pois o lazer é animal. Ambos prestam serviços corporais para
indispensável ao desenvolvimento das qualidades atender às necessidades da vida. A natureza faz o
morais e a pratica das atividades políticas”. corpo do escravo e do homem livre de forma
VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade- diferente. O escravo tem corpo forte, adaptado
Estado. São Paulo: Atual, 1994. naturalmente ao trabalho servil. Já o homem livre
O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles, tem corpo ereto, inadequado ao trabalho braçal,
permite compreender que a cidadania porém apto à vida do cidadão.
A) possui uma dimensão histórica que deve ser ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.
criticada, pois é condenável que os políticos de O trabalho braçal é considerado, na filosofia
qualquer época fiquem entregues a ociosidade, aristotélica, como
enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar. A) indicador da imagem do homem no estado de
B) era entendida como uma dignidade própria dos natureza.
grupos sociais superiores, fruto de uma concepção B) condição necessária para a realização da virtude
política profundamente hierarquizada da sociedade. humana.
C) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma C) atividade que exige força física e uso limitado da
percepção política democrática, que levava todos os racionalidade.
habitantes da pólis a participarem da vida cívica. D) referencial que o homem deve seguir para viver
uma vida ativa.
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Assinale a alternativa correta. por exemplo, “este é tal”. Porque, se suceder que
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. alguém não tenha visto o original, nenhum prazer lhe
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. advirá da imagem, como imitada, mas tão-somente
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. da execução, da cor ou qualquer outra causa da
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. mesma espécie.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. (Adaptado de: ARISTÓTELES, Poética. Trad. Eudoro de
Sousa. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p.445. Os Pensadores.)
134. A arte de imitar está bem longe da verdade, e se Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
executa tudo, ao que parece, é pelo facto de atingir noção de imitação (mímesis) em Aristóteles, assinale
apenas uma pequena porção de cada coisa, que não a alternativa correta.
passa de uma aparição. a) A pintura e a poesia retratam prazerosamente as
(Adaptado de: PLATÃO. A República. 7.ed. Trad. de Maria coisas imitadas como mais belas do que são na
Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993.) realidade.
O imitar é congênito no homem e os homens se b) A pintura e a poesia são prazerosas quando
comprazem no imitado. retratam coisas agradáveis, já as imitações
(Adaptado de: ARISTÓTELES. Poética. 4.ed. Trad. de Eudoro desagradáveis nenhum prazer causam nas pessoas.
de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p.203.) c) Ao dizer “este é tal”, percebem-se a cor e as
Com base nos textos, nos conhecimentos sobre técnicas usadas pelo pintor, o que provoca uma
estética e a questão da mímesis em Platão e sensação desagradável.
Aristóteles, assinale a alternativa correta. d) As imitações da poesia e da pintura causam prazer
a) Para Platão, a obra do artista é cópia de coisas ao se reconhecer o retratado, mesmo que seja uma
fenomênicas, um exemplo particular e, por isso, algo retratação de algo desagradável.
inadequado e inferior, tanto em relação aos objetos e) Diferentemente da pintura, a poesia surgiu via
representados quanto às ideias universais que os causas naturais, pois, nesta, a imitação é uma
pressupõem. característica adquirida na experiência.
b) Para Platão, as obras produzidas pelos poetas,
pintores e escultores representam perfeitamente a 136. Alguns julgam que a grandeza de uma cidade
verdade e a essência do plano inteligível, sendo a depende do número dos seus habitantes, quando o
atividade do artista um fazer nobre, imprescindível que importa é prestar atenção à capacidade, mais do
para o engrandecimento da pólis e da filosofia. que ao número de habitantes, visto que uma cidade
c) Na compreensão de Aristóteles, a arte se restringe tem uma obra a realizar. [...] A cidade melhor é,
à reprodução de objetos existentes, o que veda o necessariamente, aquela em que existe uma
poder do artista de invenção do real e impossibilita a quantidade de população suficiente para viver bem
função caricatural que a arte poderia assumir ao numa comunidade política. [...] resulta evidente, pois,
apresentar os modelos de maneira distorcida. que o limite populacional perfeito é aquele que não
d) Aristóteles concebe a mímesis artística como uma excede a quantidade necessária de indivíduos para
atividade que reproduz passivamente a aparência das realizar uma vida auto-suficiente comum a todos.
coisas, o que impede ao artista a possibilidade de Fica, assim, determinada a questão relativa à
recriação das coisas segundo uma nova dimensão. grandeza da cidade.
e) Aristóteles se opõe à concepção de que a arte é (ARISTÓTELES, Política 1326b6-25 Edição bilíngue.
imitação e entende que a música, o teatro e a poesia Tradução e notas de António C. Amaral e Carlos C. Gomes.
são incapazes de provocar um efeito benéfico e Lisboa: Vega, 1998. p. 495-499.)
purificador no espectador. Com base no texto e considerando o papel da
cidade-estado (pólis) no pensamento ético-político
135. Ao que parece, duas causas, e ambas naturais, de Aristóteles, assinale a alternativa correta.
geraram a poesia. O imitar é congênito no homem, e a) As dimensões da pólis determinam a qualidade de
os homens se comprazem no imitado. Sinal disso é o seu governo: quanto mais cidadãos, maior e melhor
que acontece na experiência: nós contemplamos com será a sua participação política.
prazer as imagens mais exatas daquelas mesmas b) A pólis não é natural, por isso é importante
coisas que olhamos com repugnância, por exemplo, organizá-la bem em tamanho e quantidade de
as representações de animais ferozes e de cadáveres. cidadãos para que a sociedade seja autossuficiente.
Causa é que o aprender não só muito apraz aos c) O ser humano, por ser autossuficiente, pode
filósofos, mas também, igualmente, aos demais prescindir da pólis, pois o bem viver depende mais
homens, se bem que menos participem dele. do indivíduo que da sociedade.
Efetivamente, tal é o motivo por que se deleitam d) A pólis realiza a própria obra quando possui um
perante as imagens: olhando-as aprendem e número suficiente de cidadãos que possibilite o bem
discorrem sobre o que seja cada uma delas, e dirão, viver.
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e) O ser humano, como animal político, tende a d) Os termos de uma proposição são o Sujeito e o
realizar-se na pólis, mesmo que esta possua Predicado.
quantidade excessiva de cidadãos.
140. “Logo, o que é primeiramente, isto é, não em
137. [...] a arte imita a natureza [. . . ] Em geral a arte sentido determinado, mas sem determinações, deve
perfaz certas coisas que a natureza é incapaz de ser a substância. Ora, em vários sentidos se diz que
elaborar e a imita. Assim, se as coisas que são uma coisa é primeira, e em todos eles o é a
conforme a arte são em vistas de algo, evidentemente substância: na definição, na ordem de conhecimento,
também o são as coisas conforme à natureza. no tempo.”
ARISTÓTELES, Física I e II. 194 a20; 199 a13-18. Tradução ARISTÓTELES. Metafísica. (1028a 30-35). Tradução de
adaptada de Lucas Angioni. Campinas: IFCH/UNICAMP, Leonel Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1969. p.147-148.
1999. p.47; 58. De acordo com o pensamento de Aristóteles,
Com base no texto e nos conhecimentos sobre marque a alternativa incorreta.
mímesis (imitação) em Aristóteles, assinale a a) Para Aristóteles, o conhecimento somente é
alternativa correta. possível tendo por objeto as substâncias, pois dos
a) O artista deve copiar a natureza, retirando suas acidentes não é possível se fazer ciência.
imperfeições ao imitá-la com base no modelo que b) A substância, ao contrário do acidente, é a
nunca muda. categoria por meio da qual sabemos o que uma coisa
b) O procedimento do artista resulta em imitar a é, pois é a partir da substância que definimos uma
natureza de maneira realista, típica do naturalismo coisa.
grego. c) Pode-se dizer que, para a metafísica aristotélica, a
c) A arte, distinta da natureza, produz imitações substância é a característica necessária de uma coisa,
desta, mas são criações sem finalidade ou utilidade. uma vez que nos indica em que sentido uma coisa é.
d) A arte completa a natureza por ser a capacidade d) Segundo a metafísica aristotélica, a definição de
humana para criar e produzir o que a natureza não cada ser é apreendida pela ordenação e classificação
produz. de suas características acidentais.
e) A arte produz o prazer em vista de um fim, e a
natureza gera em vista do que é útil. 141. Considere as seguintes afirmações de Aristóteles
e assinale a alternativa correta.
138. Conforme o Dicionário de Filosofia de Nicola I. “... é a ciência dos primeiros princípios e das
Abbagnano, Platão emprega a palavra silogismo para primeiras causas.”
definir o raciocínio em geral. Aristóteles, por sua vez, II. “... é a ciência do ser enquanto ser.”
o define como o tipo perfeito de raciocínio dedutivo, Que ciência é essa ou quais ciências são essas?
“um discurso em que, postas algumas coisas, outras a) A Ética ou a Política.
se seguem necessariamente.” Considere que a b) A Física e a Metafísica.
premissa “Todo atleta treina”, sentença universal e c) A História e a Metafísica.
afirmativa, é a premissa maior de um silogismo, cuja d) A Filosofia Primeira ou a Metafísica.
conclusão é: “Logo, Maria treina”.
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. Trad. Alfredo Bosi 142. Numa postagem do Facebook, um
e Ivone C. Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
usuário afirma:
De acordo com tal definição, assinale a alternativa
Alguém apagou o vídeo em que mostra
que indica, corretamente, a premissa menor:
imagens de mulher nua
a) Maria não é atleta.
Arregou
b) Maria não treina.
Uma amiga comenta:
c) Maria é atleta.
Todo covarde é arregão... Todo estuprador é
d) Maria é atleta, mas não treina.
covarde... logo, todo estuprador é arregão...
Observe que esse comentário constitui um
139. A respeito do papel da proposição na lógica de
argumento, com premissas e conclusão. Supondo
Aristóteles (384 − 322 a.C), assinale a alternativa
que a palavra “covarde” tenha o mesmo
incorreta.
significado nas duas premissas, a forma do
a) Verdade e falsidade são atributos necessários de
argumento é
uma proposição.
A) falaciosa.
b) Somente são aceitas nos argumentos as
B) modus ponens.
proposições universais afirmativas.
C) modus tollens.
c) Qualidade (afirmativas/negativas) e quantidade
D) silogística.
(universais/ particulares) são modos de classificar as
proposições.
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146. Assim, a epopeia e a poesia trágica, também a 149. Qual foi o marco histórico que caracteriza o
cômica, [. . . ] são, [. . . ] produções miméticas. [. . . ] início do período helenístico?
mas não há nada em comum entre Homero e a) conquistas de Alexandre, o Grande.
Empédocles, exceto a métrica; eis porque b) guerra do Peloponeso.
designamos, com justiça, um de poeta, o outro de c) Guerra de Tróia.
naturalista em vez de poeta. d) nascimento de Sócrates.
ARISTÓTELES. Poética. 1447 a15; 1447 b16-21. 2. ed. Edição e) passagem do discurso mítico para o discurso
bilíngue. Trad. Paulo Pinheiro. Rio de Janeiro: Editora 34, 2017. filosófico.
p. 37 e 39; 43 e 45
Com base no texto e nos conhecimentos sobre
150. Qual das frases se refere ao pensamento cínico?
Aristóteles, assinale a alternativa correta.
a) apreender a viver com o necessário e não fazer do
a) Homero e Empédocles, por usarem a metrificação
desnecessário algo necessário.
e discursos miméticos, falam dos deuses e heróis da
b) valorizar a razão e a cultura, pois esses são
mitologia e da presença deles na natureza.
fundamentais para a vida humana.
b) A escrita tanto de poetas trágicos como de
c) a razão é a base para a vida humana
filósofos naturalistas é definida pela métrica, ambos
d) a essência do homem é a sua alma, essa é racional
tratando racionalmente da natureza dos deuses.
e virtuosa.
c) Mesmo usando métrica, Empédocles é um dos
e) apreender a viver com o necessário natural e
primeiros filósofos que tratam da natureza, enquanto
cultural.
Homero narra os mitos da tradição grega.
d) Métrica e mimética de poetas e naturalistas
151. Quais dos filósofos fizeram parte da escola
expressavam o modo como os mitos explicavam o
helenística dos cínicos?
funcionamento da natureza e do cosmo.
a) Aristóteles e Diógenes de Sínope.
e) Empédocles e Anaximandro, filósofos naturalistas,
b) Antístenes e Diógenes de Sínope.
escreviam em métrica, explicando como os deuses
c) Platão e Diógenes de Sínope.
controlavam a natureza.
d) Tales e Diógenes de Sínope.
e) Demócrito e Diógenes de Sínope.
8. FILOSOFIA HELENÍSTICA
147. O helenismo é um período da história da 152. Os cínicos podem ser chamados de cães. Qual
filosofia que se caracteriza pela alternativa abaixo não justifica tal designação?
A) exclusividade que dá à dimensão prática da a) por causa da indiferença de seu modo de vida, pois
filosofia, em contraposição à dimensão investigativa fazem um culto à indiferença e, assim como os cães,
das filosofias platônica e aristotélica. comem e fazem amor em público, andam descalços e
B) importância que confere à lógica, à ética e à dormem em banheiras nas encruzilhadas.
estética, como investigações necessárias para se b) porque o cão é um animal sem pudor, e os cínicos
alcançar a satisfação individual ou felicidade. fazem um culto à falta de pudor, não como sendo
C) centralidade que atribui à ética, em meio a falta de modéstia, mas como sendo superior a ela.
significativas teorizações sobre a natureza, em um c) porque o cão é um bom guarda e eles guardam os
momento de crescente desagregação da pólis grega. princípios de sua filosofia, os valores naturais e
D) valorização do indivíduo e sua ação, em necessários para a vida.
detrimento da investigação lógica, fundamental em d) porque o cão é um animal exigente que pode
uma perspectiva como a de Aristóteles. distinguir entre os seus amigos e inimigos. Portanto,
E) predominância de sistemas metafísicos voltados eles reconhecem como amigos aqueles que são
para a busca do bem comum, em oposição às adequados à filosofia, e os recebem gentilmente,
perspectivas epistemológicas de Platão e Aristóteles. enquanto os inaptos são afugentados por ele, como
os cães fazem, ladrando contra eles.
148. Quais das correntes filosóficas abaixo podem e) porque o cão é um animal domesticado e que
ser consideradas do período helenístico: pode viver entre os homens, aceitando assim, a sua
a) modismo, marxismo e capitalismo cultura.
b) estoicismo, epicurismo e modismo
c) epicurismo, cinismo, estoicismo e pirronismo 153. Os deuses, de fato, existem, e é evidente o
(ceticismo) conhecimento que temos deles; já a imagem que
d) platonismo e neoplatonismo deles faz a maioria das pessoas, essa não existe: as
e) epicurismo, platonismo, estoicismo e pirronismo pessoas não costumam preservar a noção que têm
(ceticismo) dos deuses. Ímpio não é quem rejeita os deuses em
que a maioria crê, mas sim quem atribui aos deuses
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os falsos juízos dessa maioria. Com efeito, os juízos contemporânea é hedonista quando identifica a
do povo a respeito dos deuses não se baseiam em felicidade com a aquisição de bens de consumo: ter
noções inatas, mas em opiniões falsas. Daí a crença uma bela casa, carro, boas roupas, boa comida,
de que eles causam os maiores malefícios aos maus e múltiplas experiências sexuais. E, também, na
os maiores benefícios aos bons. Irmanados pelas incapacidade de tolerar qualquer desconforto, seja
suas próprias virtudes, eles só aceitam a convivência uma simples dor de cabeça, seja o enfrentamento
com os seus semelhantes e consideram estranho tudo sereno das doenças e da morte.
que seja diferente deles. c) O principal representante do hedonismo grego, no
EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). Trad. de A. século III a.C, Aristóteles, considera que os prazeres
Lorencini e E. del Carratore. São Paulo: Editora da UNESP, do corpo são causa de ansiedade e sofrimento, e,
2002. p. 25-27.
para que a alma permaneça imperturbável, é preciso,
A filosofia epicurista está relacionada a
portanto, desprezar os prazeres materiais. Essa
A) formular questões filosóficas a respeito do
atitude o leva a privilegiar os prazeres espirituais,
Princípio do Universo.
dentre os quais destaca aqueles referentes à amizade.
B) negar o medo da morte buscando a tranquilidade
d) O estoicismo foi retomado em Roma por Sêneca e
da alma.
por Marco Aurélio, imperador e filósofo. O ideal
C) pregar o ateísmo como forma de libertação para
ascético, que foi muito bem aceito pelo cristianismo
os prazeres carnais.
medieval, deriva desse modo de pensar. A ascese
D) defender a rígida separação entre o mundo ideal e
consiste no aperfeiçoamento da vida espiritual por
o mundo material. E aceitar a devoção religiosa
meio de práticas de mortificação do corpo como
moderada como indispensável à felicidade.
jejum, abstinência, flagelação.
Marque a opção correta.
154. As principais escolas filosóficas, na Grécia
a) V, V, V, V
Antiga, a partir do século III a.C., são o estoicismo e
b) F, V, F, V
o epicurismo, que buscavam a realização moral do
c) V, V, V, F
indivíduo, e, como quase todas as escolas da
d) F, F, F, F
Antiguidade, concebem que o homem deve buscar a
sabedoria e a felicidade.
156. O Período Helenístico inicia-se com a conquista
O princípio da ética epicurista está relacionado com a
macedônica das cidades-Estado gregas. As correntes
A) atitude de desvio da dor e da procura do prazer,
filosóficas desse período surgem como tentativas de
sendo que a concepção do prazer é também
remediar os sofrimentos da condição humana
espiritual e contribui para a paz de espírito e o
individual: o epicurismo ensinando que o prazer é o
autodomínio.
sentido da vida; o estoicismo instruindo a suportar
B) ideia de que é pela razão que se alcança a
com a mesma firmeza de caráter os acontecimentos
perfeição moral e que centra a busca dessa perfeição
bons ou maus; o ceticismo de Pirro orientando a
no amor e na boa vontade.
suspender os julgamentos sobre os fenômenos.
C) atitude de aceitação de tudo que acontece, porque
Sobre essas correntes filosóficas, assinale o que for
tudo faz parte de um plano superior, guiado por uma
correto.
razão universal.
01) Os estóicos, acreditando na idéia de um cosmo
D) relação individual e pessoal de cada um com
harmonioso governado por uma razão universal,
Deus, que é concebido como o Criador onisciente e
afirmaram que virtuoso e feliz é o homem que vive
onipresente.
de acordo com a natureza e a razão.
E) noção de que cada indivíduo pode escolher
02) Conforme a moral estóica, nossos juízos e
livremente entre se aproximar de Deus ou se afastar
paixões dependem de nós, e a importância das coisas
Dele.
provém da opinião que delas temos.
04) Para o epicurismo, a felicidade é o prazer, mas o
155. Analise as afirmativas abaixo e marque F para
verdadeiro prazer é aquele proporcionado pela
falsas e V para Verdadeira.
ausência de sofrimentos do corpo e de perturbações
a) Para Epicuro, todas as atividades humanas aspiram
da alma.
a algum bem, dentre os quais o maior é a felicidade;
08) Para Epicuro, não se deve temer a morte, porque
mas para ele a felicidade não consiste nos prazeres
nada é para nós enquanto vivemos e, quando ela nos
nem na riqueza: considerando que o pensar é o que
sobrevém, somos nós que deixamos de ser.
mais caracteriza o homem, conclui que a felicidade
16) O ceticismo de Pirro sustentou que, porque
consiste na atividade da alma segundo a razão.
todas as opiniões são igualmente válidas e nossas
b) Para os hedonistas (do grego hedoné, “prazer”), o
sensações não são verdadeiras nem falsas, nada se
bem se encontra no prazer. Em um sentido bem
genérico, podemos dizer que a civilização
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deve afirmar com certeza absoluta, e da suspensão 08) Epicuro critica os filósofos que ficavam reclusos
do juízo advém a paz e a tranquilidade da alma. no jardim das suas academias e ensinavam apenas
para um grupo restrito de discípulos. Acredita que a
157. Na ética epicurista os prazeres da vida política filosofia deve ser ensinada nas praças públicas.
são considerados como 16) Para Epicuro, não devemos temer a morte, pois,
A) naturais e necessários, porque ligados à enquanto vivemos, a morte está ausente e quando ela
conservação da vida humana. for presente nós não seremos mais; portanto, a vida e
B) naturais mas não necessários, pois são um a morte não podem encontrar-se. Devemos exorcizar
refinamento do instinto de conservação. todo temor da morte e sermos capazes de gozar a
C) não naturais e não necessários, pois finitude da nossa vida.
comprometem a ataraxía e a aponía.
D) o coroamento da ataraxía e da aponía, pois só a 160. Afirma o filósofo Epicuro (séc. III a.C.),
vida pública lhes confere sentido. conhecido pela defesa de uma filosofia hedonista:
E) os únicos admissíveis, pois criam condições “(...) o prazer é o começo e o fim da vida feliz. É ele
materiais que favorecem a ataraxía. que reconhecemos como o bem primitivo e natural e
é a partir dele que se determinam toda escolha e toda
158. Um princípio central da doutrina epicurista é a recusa e é a ele que retornamos sempre, medindo
A) necessidade de superar a constante ameaça da todos os bens pelo cânon do sentimento.
morte através da busca pelo prazer e por uma vida Exatamente porque o prazer é o bem primitivo e
simples, em companhia dos amigos. natural, não escolhemos todo e qualquer prazer;
B) inexistência da liberdade e consequente exortação podemos mesmo deixar de lado muitos prazeres
à busca pelo prazer, uma vez que a vida é mero quando é maior o incômodo que os segue.”
resultado do movimento aleatório dos átomos. (EPICURO, A vida feliz. In: ARANHA, M. L.; MARTINS, M.
C) negação da existência dos deuses como condição P. Temas de filosofia. 3.ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005)
para a investigação da natureza, base de todo Considerando os conceitos de Epicuro, é correto
conhecimento e da busca da felicidade. afirmar que
D) relação intrínseca entre a lúcida compreensão dos 01) estudar todo dia não é bom porque a falta de
fenômenos naturais e a procura de uma felicidade prazer anula todo conhecimento adquirido.
terrena, a ser compartilhada entre mestre e 02) todas as escolhas são prazerosas porque
discípulos. naturalmente os seres humanos rejeitam toda dor.
E) afirmação da equivalência de todos os desejos, 04) comer uma refeição nutritiva e saborosa em
efeitos do movimento aleatório dos átomos, o que demasia é ruim porque as consequências são danosas
anula a imputabilidade moral dos atos humanos. ao bem-estar do corpo.
08) a beleza corporal é uma finalidade da vida
159. A filosofia de Epicuro (341 a 240 a.c.) pode ser humana porque o prazer de ser admirado é a maior
caracterizada por uma filosofia da natureza e uma felicidade para o ser humano.
antropologia materialista; por uma ética 16) o prazer não é necessariamente felicidade porque
fundamentada na amizade e a busca da felicidade nos ele pode gerar o seu contrário, a dor.
princípios de autarquia (autonomia e independência
do sujeito) e de ataraxía (serenidade, ausência de 161. “Acostuma-te à ideia de que a morte para nós
perturbação, de inquietação da mente). não é nada, visto que todo bem e todo mal residem
Sobre a filosofia de Epicuro, assinale o que for nas sensações, e a morte é justamente a privação das
correto. sensações. A consciência clara de que a morte não
01) A filosofia de Epicuro fundamenta-se no significa nada para nós proporciona a fruição da vida
atomismo de Demócrito. Epicuro acredita que a efêmera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e
alma humana é formada de um agrupamento de eliminando o desejo de imortalidade. Não existe nada
átomos que se desagregam depois da morte, mas que de terrível na vida para quem está perfeitamente
não se extinguem, pois são eternos, podendo convencido de que não há nada de terrível em deixar
reagrupar-se infinitamente. de viver. É tolo, portanto, quem diz ter medo da
02) Para Epicuro, a amizade se expressa, sobretudo, morte, não porque a chegada desta lhe trará
por meio do engajamento político como forma de sofrimento, mas porque o aflige a própria espera.”
(Epicuro, Carta sobre a felicidade [a Meneceu]. São Paulo: ed.
amar todos os homens representados pela pátria. Unesp, 2002, p. 27. In: COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia.
04) Epicuro, como seu mestre Demócrito, foi ateu, SP: Saraiva, 2006, p. 97).
considera que a crença nos deuses é o resultado da A partir do trecho citado, é correto afirmar que
fantasia humana produzida pelo medo da morte. 01) a morte, por ser um estado de ausência de
sensação, não é nem boa, nem má.
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02) a vida deve ser considerada em função da morte A partir desta citação de Epicuro, assinale o que for
certa. correto.
04) o tolo não espera a morte, mas vive apoiado nas 01) Felicidade e infelicidade são estabelecidas pelos
suas sensações e nos seus prazeres. efeitos do prazer e da dor.
08) a certeza da morte torna a vida terrível. 02) O sentimento de prazer é inato à natureza
16) a espera da morte é um sofrimento tolo para humana.
aquele que a espera. 04) Epicuro defende o prazer sem medidas.
08) O prazer corporal é um mal causado pelo pecado
162. “O prazer é o início e o fim de uma vida feliz. original.
Com efeito, nós o identificamos com o bem primeiro 16) O hedonismo de Epicuro não é imediatista, mas
e inerente ao ser humano, em razão dele praticamos moderado.
toda escolha e toda recusa e a ele chegamos
escolhendo todo bem de acordo com a distinção 164. A matemática origina-se das necessidades que
entre prazer e dor. Embora o prazer seja nosso bem surgem de determinadas atividades práticas, tais
primeiro e inato, nem por isso escolhemos qualquer como medir terrenos para reparti-los entre os
prazer: há ocasiões em que evitamos muitos prazeres, membros de uma comunidade, avaliar distâncias
quando deles nos advêm efeitos o mais das vezes entre lugares geográficos no exercício da navegação,
desagradáveis; ao passo que consideramos muitos quantificar bens econômicos para distribuí-los ou
sofrimentos preferíveis aos prazeres, se um prazer vendê-los. Pode-se afirmar que na sua origem a
maior advier depois de suportarmos essas dores por matemática é um conjunto de atividades práticas não
muito tempo” constituídas por um sistema de conhecimento
EPICURO. Carta sobre a felicidade. In: ARANHA, M. Filosofar científico.
com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna, Sobre o exposto, assinale o que for correto.
2012, p. 330.
01) Foram os gregos que transformaram o
A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
conhecimento empírico da arte de contar e medir em
01) Todos os seres humanos buscam prazer sempre
ciência. Na obra de Euclides, que trata da geometria
e em tudo, evitando toda e qualquer dor.
e da teoria dos números, encontra-se a matemática
02) Os prazeres imediatos anulam as dores que
constituída num sistema científico.
podem decorrer desses.
02) Pitágoras de Samos considera que a arché de
04) Dor e prazer não são contraditórios, pois de atos
todos as coisas, princípios de onde deriva a harmonia
dolorosos podem advir situações prazerosas e vice-
da natureza, é feita à imagem da harmonia do
versa.
número.
08) A noção de prazer não está ligada somente à
04) Os gregos deram uma grande contribuição para o
sensação imediata, mas aos efeitos que uma ação
avanço da ciência matemática quando introduziram o
pode gerar no ser humano.
número cardinal zero como expressão da ausência de
16) A busca da felicidade na vida não se restringe a
quantidade.
escolhas prazerosas, mas a ações que geram prazer,
08) Na Academia de Platão, só eram aceitas a álgebra
apesar de essas conterem, às vezes, algumas doses de
e a aritmética; a geometria era excluída, pois
sacrifício.
representava os objetos do mundo sensível.
16) A matemática na Grécia clássica concebeu o
163. “O prazer é o início e o fim de uma vida feliz.
número da mesma maneira como é conceituado pela
Com efeito, nós o identificamos com o bem primeiro
matemática moderna. Por essa razão, a matemática
e inerente ao ser humano, em razão dele praticamos
pode ser considerada uma ciência que nunca mudou,
toda escolha e toda recusa, e a ele chegamos
no decorrer da história, seus paradigmas.
escolhendo todo bem de acordo com a distinção
entre prazer e dor. Embora o prazer seja nosso bem
165. Os primeiros hedonistas foram seguidores da
primeiro e inato, nem por isso escolhemos qualquer
doutrina filosófico-moral, surgida na Grécia Antiga,
prazer: há ocasiões em que evitamos muitos prazeres,
que afirmava que o prazer seria o bem supremo da
quando deles nos advêm efeitos o mais das vezes
vida.
desagradáveis; ao passo que consideramos muitos
Na sociedade pós-moderna, os seguidores do
sofrimentos preferíveis aos prazeres, se um prazer
hedonismo
maior advier depois de suportarmos essas dores por
A) acreditam que o prazer, em geral, é a fonte de
muito tempo.”
EPICURO. Carta sobre a felicidade. In ARANHA, M. L. de A.; todos os males e a virtude decorre de se viver de
MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2009, forma simples.
p. 251. B) defendem a ideia de que o aperfeiçoamento da
vida espiritual é alcançado unicamente por meio de
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práticas de modificação do corpo, como o jejum, a C) funda-se na noção de dever impessoal de negação
abstinência e a flagelação. do corpo.
C) acreditam que a única verdade universal vem da fé D) atribui ao corpo e à matéria a origem da
e que no campo da moral não existem verdades infelicidade.
absolutas. E) é um hedonismo que procura aliar prazer, senso
D) afirmam que todo sistema ético que não se baseia de limite e serenidade.
em faltas e observação é rejeitado.
E) se vinculam à ideia de que o alcance da felicidade 169. Pirro afirmava que nada é nobre nem
está relacionado à aquisição de bens de consumo. vergonhoso, justo ou injusto; e que, da mesma
maneira, nada existe do ponto de vista da verdade;
166. Alguns dos desejos são naturais e necessários; que os homens agem apenas segundo a lei e o
outros, naturais e não necessários; outros, nem costume, nada sendo mais isto do que aquilo. Ele
naturais nem necessários, mas nascidos de vã levou uma vida de acordo com esta doutrina, nada
opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não procurando evitar e não se desviando do que quer
satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso que fosse, suportando tudo, carroças, por exemplo,
pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos
sua satisfação ou parecem geradores de dano. sentidos.
EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V.F. Textos de LAÈRCIO, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres.
filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974. Brasília: Editora UNB, 1998.
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o O ceticismo, conforme sugerido no texto,
homem tem como fim caracteriza-se por:
A) alcançar o prazer moderado e a felicidade. a) Desprezar quaisquer convenções e obrigações da
B) valorizar os deveres e as obrigações sociais. sociedade.
C) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com b) Atingir o verdadeiro prazer como o princípio e o
resignação. fim da vida feliz.
D) refletir sobre os valores e as normas dadas pela c) Defender a indiferença e a impossibilidade de
divindade. obter alguma certeza.
E) defender a indiferença e a impossibilidade de se d) Aceitar o determinismo e ocupar-se com a
atingir o saber. esperança transcendente.
e) Agir de forma virtuosa e sábia a fim de enaltecer o
167. Para os estóicos, as ações retas são homem bom e belo.
A) aquelas que, em tudo e por tudo, são cumpridas
segundo o logos. 170. XI. Jamais, a respeito de coisa alguma, digas:
B) aquelas que, embora não sendo prejudiciais, não “Eu a perdi”, mas sim: “Eu a restitui”. O filho
são conformes à natureza. morreu? Foi restituído. A mulher morreu? Foi
C) as mais elevadas e desejáveis ações morais, restituída. “A propriedade me foi subtraída”, então
próprias do não sábio. também foi restituída. “Mas quem a subtraiu é mau”.
D) as que são feitas tendo em vista apenas a O que te importa por meio de quem aquele que te dá
vantagem de seu autor. a pede de volta? Na medida em que ele der, faz uso
E) intermediárias entre as ações perfeitas e as do mesmo modo de quem cuida das coisas de
viciosas, ou seja, deveres. outrem. Do mesmo modo como fazem os que se
instalam em uma hospedaria.
168. Quando dizemos que o prazer é o fim, não EPICTETO. Encheirídion. In: DINUCCI, A. Introdução ao
queremos referir-nos aos prazeres dos intemperantes Manual de Epicteto. São Cristóvão: UFS, 2012 (adaptado).
ou aos produzidos pela sensualidade, como crêem A característica do estoicismo presente nessa citação
certos ignorantes, que se encontram em desacordo do
conosco ou não nos compreendem, mas ao prazer de A) explicar o mundo com números.
nos acharmos livres de sofrimento do corpo e de B) identificar a felicidade com o prazer.
perturbações da alma. C) aceitar os sofrimentos com serenidade.
Epicuro D) questionar o saber científico com veemência.
A partir do trecho citado, é correto afirmar que a E) considerar as convenções sociais com desprezo.
ética epicurista
A) busca o equilíbrio entre os desejos sensuais e as 171. O surgimento da filosofia entre os gregos (Séc.
restrições espirituais. VII a.C.) é marcado por um crescente processo de
B) funda sua idéia de prazer na negação do corpo em racionalização da vida na cidade, em que o ser
favor das alegrias do espírito. humano abandona a verdade revelada pela
codificação mítica e passa a exigir uma explicação
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racional para a compreensão do mundo humano e 174. O trecho a seguir expõe parte do pensamento
do mundo natural. de Sêneca, o mais importante pensador estoico, no
Dentre os legados da filosofia grega para o Ocidente, período romano do estoicismo:
destaca-se: “O fato é o seguinte: não recebemos uma vida breve,
a) a concepção política expressa em A República, de mas a fazemos; nem somos dela carentes, mas
Platão, segundo a qual os mais fortes devem esbanjadores. Por que nos queixamos da Natureza?
governar sob um regime político oligárquico. Ela mostrou-se benevolente: a vida, se souberes
b) a criação de instituições universitárias como a utilizá-la, é longa. Mas uma avareza insaciável apossa-
Academia, de Platão, e o Liceu, de Aristóteles. se de um e de outro, uma laboriosa dedicação a
c) a filosofia, tal como surgiu na Grécia, deixou-nos atividades inúteis, um embriaga-se de vinho, outro
como legado a recusa de uma fé inabalável na razão entorpece-se na inatividade; alguns não definiram
humana e a crença de que sempre devemos acreditar para onde dirigir sua vida, e o destino surpreende os
nos sentimentos. esgotados e bocejantes, de tal forma que não duvido
d) a recusa em apresentar explicações ser verdadeiro o que disse, à maneira de oráculo, o
preestabelecidas mediante a exigência de que, para maior dos poetas: ‘Pequena é a parte da vida que
cada fato, ação ou discurso, seja encontrado um vivemos’. Pois todo o restante não é vida, mas
fundamento racional. tempo”.
Sêneca. Sobre a brevidade da vida. Coleção L&PM Pocket –
172. “A quem não basta pouco, nada basta.” Literatura clássica internacional. Cap 1-2. Versículo 2-4.
EPICURO. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1985. Adaptado.
Remanescente do período helenístico, a máxima Considere as seguintes afirmações a respeito da
apresentada valoriza a seguinte virtude: doutrina estoica:
A) Esperança, tida como confiança no porvir. I. Para o estoicismo, o homem é um microcosmo no
B) Justiça, interpretada como retidão de caráter. macrocosmo; é parte do universo, do cosmo. Uma
C) Temperança, marcada pelo domínio da vontade. conduta ética deve estar de acordo com os princípios
D) Coragem, definida como fortitude na dificuldade. da natureza para, assim, atingir-se a felicidade.
E) Prudência, caracterizada pelo correto uso da II. Para o estoicismo, a felicidade consiste no
razão. abandono de todo autocontrole e austeridade com a
negação de qualquer determinação natural. O
173. A filosofia helenística é profundamente marcada comportamento ético impõe conquista e não
por uma preocupação central com a ética, entendida aceitação.
em um sentido prático, como o estabelecimento de III. A ética estoica carrega um forte determinismo e
regras do bem viver, da ‘arte de viver’. É ilustrativo um certo fatalismo: por esta razão, teve imensa
disso o famoso Manual de Epicteto, filósofo estoico influência na ética cristã em sua aceitação dos
do período romano. Considere as seguintes acontecimentos.
afirmações sobre a doutrina ética das principais Está correto o que se afirma em
correntes de pensamento helenísticas: a) I, II e III.
I. Para se ter uma conduta ética que assegure a b) I e III apenas.
felicidade, o estoicismo propõe o agir de acordo com c) II e III apenas.
os princípios da natureza, em equilíbrio com o d) I e II apenas.
cosmo e em busca da tranquilidade – ataraxia.
II. Agir eticamente, segundo o epicurismo, significa 175. A alternativa que corresponde à periodização do
dar vazão aos desejos naturais de forma intensa e tempo histórico da Filosofia antiga grega é a
total. A vida ética requer o exercício pleno da paixão A) Grécia Arcaica (séculos VII e VI a.c); Grécia
que não se opõe à razão, mas a complementa. Clássica (séculos V e IV a.C); Grécia Helenística
III. A ética estoica influenciou fortemente a ética (séculos III a.C — III d.C).
cristã em virtude de seu caráter determinista e por B) Grécia Arcaica (séculos VII e VI a.C); Guerras
sua valorização do autocontrole e da submissão. Médicas (século IV a.C).
É correto o que se afirma em C) Grécia Helenística (séculos III a.C — III d.C) e
a) I e III apenas. Império Egípcio.
b) I, II e III. D) Grécia Clássica (séculos V e IV a.C); Roma
c) II e III apenas. Antiga (século I).
d) I e II apenas. E) Grécia Antiga; Mesopotâmia e Império
Babilônico.
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GABARITO 37. b
38. e
1. c
39. b
2. c
40. e
3. c
41. e
4. a
42. b
5. b
43. d
6. a
44. a
7. b
45. c
8. e
46. a
9. d
47. c
10. a
48. d
11. e
49. b
12. b
50. e
13. c
51. d
14. a
52. d
15. d
53. a
16. a
54. c
17. e
55. a
18. c
56. a
19. b
57. c
20. b
58. a
21. d
59. a
22. b
60. e
23. c
61. b
24. a
62. a
25. b
63. d
26. b
64. 2/4/8
27. a
65. a
28. b
66. b
29. c
67. 1/2/4/16
30. b
68. b
31. d
69. a
32. e
70. a
33. a
71. b
34. e
72. d
35. b
73. a
36. c
74. e
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75. d 113. d
76. b 114. c
77. c 115. a
78. c 116. c
79. e 117.b
80. c 118. d
81. d 119.b
82. a 120. c
83. c 121. b
84. d 122. b
85. d 123. a
86. e 124. a
87. d 125. c
88. c 126. d
89. a 127. b
90. c 128. c
91. c 129. c
92. a 130. c
93. d 131. a
94. d 132. b
95. c 133. d
96. b 134. a
97. d 135. d
98. b 136. d
99. b 137. d
100. b 138. c
101. c 139. b
102. a 140. d
103. c 141. d
104. d 142. d
105. a 143. c
106. b 144. b
107. e 145. b
108. d 146. c
109. 1/2/4/16 147. c
110. b 148. c
111. d 149. a
112. d 150. a
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151. b
152. e
153. b
154. a
155. b
156. 1/2/4/8/16
157. c
158. d
159. 1/16
160. 4/16
161. 1/16
162. 4/8/16
163. 1/2/16
164. 1/2
165. e
166. a
167. a
168. e
169. c
170. c
171. d
172. c
173. a
174. b
175. a
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a) Segundo Agostinho, a verdade não se descobre 183. Em diálogo com Evódio, Santo Agostinho
pela consulta das palavras que vêm de fora. O afirma: “parecia a ti, como dizias, que o livre- arbítrio
processo da descoberta da verdade dá-se através da da vontade não devia nos ter sido dado, visto que as
interioridade. pessoas servem-se dele para pecar. Eu opunha à tua
b) Segundo Agostinho, a linguagem humana não tem opinião que não podemos agir com retidão a não ser
um poder causal, mas apenas uma função pelo livre-arbítrio da vontade. E afirmava que Deus
instrumental de utilidade. no-lo deu, sobretudo em vista desse bem. Tu me
c) Segundo Agostinho, a linguagem humana é a respondeste que a vontade livre devia nos ter sido
condição para conhecer a verdade que dentro de nós dada do mesmo modo como nos foi dada a justiça,
preside à própria mente. da qual ninguém pode se servir a não ser com
d) Segundo Agostinho, a verdade que dentro de nós retidão”.
preside à própria mente pressupõe a iluminação AGOSTINHO. O livre-arbítrio, Introdução, III, 18, 47.
divina e não o recurso à memória. Com base nessa passagem acerca do livre-arbítrio da
vontade, em Agostinho, é correto afirmar que
181. Não é verdade que estão ainda cheios de velhice A) o livre-arbítrio é o que conduz o homem ao
espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia Deus pecado e ao afastamento de Deus.
antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e nada B) o poder de decisão ‒ arbítrio ‒ da vontade
realizava”, dizem eles, “por que não ficou sempre humana é o que permite a ação moralmente reta.
assim no decurso dos séculos, abstendo-se, como C) é da vontade de Deus que o homem não tenha
antes, de toda ação? Se existiu em Deus um novo capacidade de decidir pelo pecado, já que o Seu amor
movimento, uma vontade nova para dar o ser a pelo homem é maior do que o pecado.
criaturas que nunca antes criara, como pode haver D) a ação justa é aquela que foi praticada com o
verdadeira eternidade, se n’Ele aparece uma vontade livre-arbítrio; injusta é aquela que não ocorreu por
que antes não existia?” meio do livre-arbítrio.
AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
A questão da eternidade, tal como abordada pelo 184. O trecho que se apresenta a seguir trata da
autor, é um exemplo da reflexão filosófica sobre a(s) compreensão de Agostinho de Hipona sobre a
A) essência da ética cristã. origem do mal e do pecado:
B) natureza universal da tradição. “Logo só me resta concluir: tudo o que é igual ou
C) certezas inabaláveis da experiência. superior à mente que exerce seu natural senhorio e
D) abrangência da compreensão humana. acha-se dotada de virtude não pode fazer dela
E) interpretações da realidade circundante. escrava da paixão. Não há nenhuma outra
realidade que torne a mente cúmplice da paixão a
182. De fato, não é porque o homem pode usar a não ser a própria vontade e o livre-arbítrio”.
vontade livre para pecar que se deve supor que Deus Santo Agostinho. O livre-arbítrio. São Paulo: Paulus, 1995.
a concedeu para isso. Há, portanto, uma razão pela No que diz respeito ao conceito de livre-arbítrio e à
qual Deus deu ao homem esta característica, pois origem do mal na obra filosófica de Agostinho de
sem ela não poderia viver e agir corretamente. Pode- Hipona, considere as seguintes afirmações:
se compreender, então, que ela foi concedida ao I. Para Agostinho, o livre-arbítrio é sempre um bem
homem para esse fim, considerando-se que se um concedido ao homem por Deus, mesmo que o
homem a usa para pecar, recairão sobre ele as homem utilize-o de forma errônea, o que provoca o
punições divinas. Ora, isso seria injusto se a vontade mal.
livre tivesse sido dada ao homem não apenas para II. Em concordância com a tradição dos
agir corretamente, mas também para pecar. Na pensamentos maniqueísta e neoplatônico, Santo
verdade, por que deveria ser punido aquele que Agostinho defendia a visão dualista de um mundo
usasse sua vontade para o fim para o qual ela lhe foi em perpétua luta entre o Bem e o Mal.
dada? III. Segundo o bispo de Hipona, o mal não possui
AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos ser, não pertence à ordem, ele é a corrupção do ser e
básicos de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. é de inteira responsabilidade do homem, enquanto
Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona ser livre.
sustenta que a punição divina tem como fundamento É correto o que se afirma em
o(a) A) II e III apenas.
A) desvio da postura celibatária. B) I e II apenas.
B) insuficiência da autonomia moral. C) I e III apenas.
C) afastamento das ações de desapego. D) I, II e III.
D) distanciamento das práticas de sacrifício.
E) violação dos preceitos do Velho Testamento.
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185. “O maniqueísmo é uma filosofia religiosa Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de
sincrética e dualística fundada e propagada por Platão, por meio dos escritos de Plotino, o
Manes ou Maniqueu, filósofo cristão do século III, pensamento de Agostinho apresenta muitas
que divide o mundo simplesmente entre Bom, ou diferenças se comparado ao pensamento de Platão.
Deus, e Mau, ou o Diabo. A matéria é Assinale a alternativa que apresenta, corretamente,
intrinsecamente má e o espírito, intrinsecamente uma dessas diferenças.
bom. Com a popularização do termo, maniqueísta a) Para Agostinho, é possível ao ser humano obter o
passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada conhecimento verdadeiro, enquanto, para Platão, a
nos dois princípios opostos do Bem e do Mal.” verdade a respeito do mundo é inacessível ao ser
Wikipédia. Disponível em: humano.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manique%C3%ADsmo. b) Para Platão, a verdadeira realidade encontra-se no
Contra o maniqueísmo, Agostinho de Hipona (Santo mundo das Ideias, enquanto para Agostinho não
Agostinho) afirmava que existe nenhuma realidade além do mundo natural em
A) Deus é o Bem absoluto, ao qual se contrapõe o que vivemos.
Mal absoluto. c) Para Agostinho, a alma é imortal, enquanto para
B) as criaturas só são más numa consideração Platão a alma não é imortal, já que é apenas a forma
parcial, mas são boas em si mesmas. do corpo.
C) toda a criação era boa e tornou-se má, pois foi d) Para Platão, o conhecimento é, na verdade,
dominada pelo pecado após a Queda. reminiscência, a alma reconhece as Ideias que ela
D) a totalidade da criação é boa em si mesma, contemplou antes de nascer; Agostinho diz que o
mas singularmente há criaturas boas e más. conhecimento é resultado da Iluminação divina, a
centelha de Deus que existe em cada um.
186. Se os nossos adversários, que admitem a
existência de uma natureza não criada por Deus, o 188. Quem nos mostrará o Bem? Ouçam a nossa
Sumo Bem, quisessem admitir que essas resposta: Está gravada dentro de nós a luz do vosso
considerações estão certas, deixariam de proferir rosto, Senhor. Nós não somos a luz que ilumina a
tantas blasfêmias, como a de atribuir a Deus tanto a todo homem, mas somos iluminados por Vós. Para
autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele que sejamos luz em Vós os que fomos outrora
fonte suprema da Bondade, nunca poderia ter criado trevas.
aquilo que é contrário à sua natureza. SANTO AGOSTINHO. Confissões IX. São Paulo: Nova
AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Cultural,1987. 4, l0. p.154. Coleção Os Pensadores
Selo, 2005 (adaptado). Sobre a doutrina da iluminação de Santo Agostinho,
Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem marque a alternativa correta.
do mal porque a) A irradiação da luz divina faz com que
A) o surgimento do mal é anterior à existência de conheçamos imediatamente as verdades eternas em
Deus. Deus. Essas verdades, necessárias e eternas, não
B) o mal, enquanto princípio ontológico, independe estão no interior do homem, porque seu intelecto é
de Deus. contingente e mutável.
C) Deus apenas transforma a matéria, que é, por b) A irradiação da luz divina atua imediatamente
natureza, má. sobre o intelecto humano, deixando-o ativo para o
D) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é conhecimento das verdades eternas. Essas verdades,
oposto, o mal. necessárias e imutáveis, estão no interior do homem.
E) Deus se limita a administrar a dialética existente c) A metáfora da luz significa a ação divina que nos
entre o bem e o mal. faz recordar as verdades eternas que a alma possuía
antes de se unir ao corpo.
187. A filosofia de Agostinho (354 – 430) é estreita- d) A metáfora da luz significa a ação divina que nos
mente devedora do platonismo cristão milanês: foi faz recordar as verdades eternas que a alma possuía e
nas traduções de Mário Vitorino que leu os textos de que nela permanecem mediante os ciclos da
Plotino e de Porfírio, cujo espiritualismo devia reencarnação.
aproximá-lo do cristianismo. Ouvindo sermões de
Ambrósio, influenciados por Plotino, que Agostinho 189. “De fato, a corrupção é nociva, e, se não
venceu suas últimas resistências (de tornar-se diminuísse o bem, não seria nociva. Portanto, ou a
cristão). corrupção nada prejudica – o que não é aceitável –
PEPIN, Jean. Santo Agostinho e a patrística ocidental. In:
CHÂTELET, François (org.) A Filosofia medieval.Rio de ou todas as coisas que se corrompem são privadas de
Janeiro Zahar Editores: 1983, p. 77. algum bem. Isto não admite dúvida. Se, porém,
fossem privadas de todo o bem, deixariam
inteiramente de existir. [...]. Logo, enquanto existem,
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são boas. Portanto, todas as coisas que existem são Haverá, pois, um ato de vontade livre, já que Deus
boas, e aquele mal que eu procurava não é uma vê esse ato livre com antecedência.
substância, pois, se fosse substância, seria um bem”. SANTO AGOSTINHO. O livre-arbítrio. São Paulo:
HIPONA, Agostinho. Confissões. Coleção “Os Pensadores”. Paulus, 1995 (adaptado).
Livro VII, cap. XII, 1983. – Texto adaptado. Essa discussão, proposta pelo filósofo Agostinho de
Sobre a questão do mal em Santo Agostinho, Hipona (354-430), indica que a liberdade humana
considere as seguintes afirmações: apresenta uma
I. O mal não existe sem o bem. A) natureza condicionada.
II. O mal diminui o bem, e vice-versa. B) competência absoluta.
III. O mal absoluto pode existir. C) aplicação subsidiária.
É correto o que se afirma em D) utilização facultativa.
A) I e III apenas. E) autonomia irrestrita.
B) I e II apenas.
C) II e III apenas. 192. A Patrística foi a Filosofia Cristã dos primeiros
D) I, II e III. séculos de nossa era. Consistia na elaboração
doutrinal das crenças religiosas do cristianismo e na
190. Santo Agostinho se questiona sobre o mal: sua defesa contra os ataques dos pagãos e contra as
“Quem me criou? Não foi o meu Deus, que é bom, heresias. Dado o encontro entre a nova religião e o
e é também a mesma bondade? Donde me veio, pensamento filosófico greco-romano, o grande tema
então, o querer, eu, o mal e não querer o bem? Qual da Filosofia Patrística foi o da possibilidade ou
a sua origem, se Deus, que é bom, fez todas as impossibilidade de conciliar fé e razão. Santo
coisas? Sendo o supremo e sumo Bem, criou bens Agostinho, expoente dessa filosofia, sobre a relação
menores do que Ele; mas, enfim, o Criador e as fé e razão, defendia a tese que se pode resumir nesta
criaturas, todos são bons. Donde, pois, vem o mal?” frase: “Credo ut intelligam” (Creio para entender).
AGOSTINHO, Santo. Confissões; De magistro. São Paulo: A esse respeito, assinale o que for correto.
Nova Cultural, 1987. Coleção “Os Pensadores”. Livro VII. 01) Santo Agostinho retoma a célebre teoria
Sobre esse aspecto da filosofia do bispo de Hipona, platônica das Idéias à luz do cristianismo e formula a
considere as seguintes afirmações: teoria da iluminação segundo a qual o homem recebe
I - Como os maniqueístas, de quem sofreu forte de Deus o conhecimento das verdades eternas: à
influência, Agostinho afirmava a existência do Bem e semelhança do sol, Deus ilumina a razão e torna
do Mal e que os homens não eram culpados de ações possível o pensar correto.
classificadas como más. O mal lhes era inato, 02) De acordo com Santo Agostinho, a razão é
portanto, não havia culpa, mas poderiam obter a superior e precede a fé; pois, se o homem, ser
salvação da alma por intermédio da graça divina. racional, for incapaz de entender os ensinamentos
II - Para Agostinho, não se deveria atribuir a Deus a religiosos, não poderá acreditar neles.
origem do Mal, visto que, como Sumo Bem, ele não 04) Segundo Santo Agostinho, a fé não conflita com
o poderia criar. São os homens os responsáveis pela a razão, esta última seria auxiliar da fé e estaria a ela
presença do Mal e cabe a estes fazerem uso de sua subordinada.
liberdade e escolherem entre a boa e a má ação. 08) Para Santo Agostinho, fé e razão são
III - Dispondo do livre arbítrio, o ser humano pode inconciliáveis, pois os mistérios da fé são insondáveis
optar por bens inferiores. Mas o livre arbítrio não e manifestam-se como uma loucura para a razão
pode ser visto como um mal em si, pois foi Deus humana.
quem o criou. Ter recebido de Deus uma vontade 16) A fé, para Santo Agostinho, não oprime a razão,
livre é para o ser humano um grande bem. O mal é o mas, ao contrário, abre-lhe os olhos que a falta de fé
mau uso desse grande bem. mantinha fechados. A partir dos princípios da fé, a
É correto o que se afirma em: razão, por suas próprias forças, deduzirá
A) I, II e III. consequências e tentará resolver os problemas que
B) I e III apenas. Deus deixou para nossas livres discussões.
C) II e III apenas.
D) I e II apenas. 193. A patrística surge no séc. II d.c. e estende-se por
todo o período medieval conhecido como alta Idade
191. Sem negar que Deus prevê todos os Média. É considerada a filosofia dos Padres da Igreja.
acontecimentos futuros, entretanto, nós queremos Entre seus objetivos encontramos a conversão dos
livremente aquilo que queremos. Porque, se o objeto pagãos, o combate às heresias e a consolidação da
da presciência divina é a nossa vontade, é essa doutrina cristã.
mesma vontade assim prevista que se realizará. Sobre a patrística, assinale o que for correto.
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01) A patrística deixa de ser predominante como Agostinho de Hipona. Confissões, livro VII, cap. 20, citado
doutrina do cristianismo quando, a partir do séc. IX, por: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de
Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. Tradução
surge uma nova corrente filosófica denominada do autor.
escolástica, que atinge o apogeu no séc XIII. Nesse trecho, podemos perceber como Agostinho
02) Fundador da patrística, o apóstolo São Paulo A) se utilizou da Bíblia para conhecer melhor a
escreveu o livro Confissões, razão pela qual é filosofia platônica.
considerado o primeiro filósofo cristão. B) utiliza a filosofia platônica para refutar os textos
04) Vários pensadores da patrística, entre eles Santo bíblicos.
Agostinho, tomam ideias da filosofia clássica grega, C) separa nitidamente os domínios da filosofia e da
particularmente de Platão, que são adaptadas às religião.
necessidades das verdades expressas pela teologia D) foi despertado para o conhecimento de Deus a
cristã. partir da filosofia platônica.
08) A aliança que a patrística estabelece entre fé e
razão caracteriza-se por um predomínio da fé sobre a 196. Segundo o texto abaixo, de Agostinho de
razão; em Santo Agostinho, a razão é auxiliar da fé e Hipona (354-430 d. C.), Deus cria todas as coisas a
a ela subordinada. partir de modelos imutáveis e eternos, que são as
16) A leitura dos filósofos árabes, entre eles Averróis, ideias divinas. Essas ideias ou razões seminais, como
ajudou Santo Agostinho a compreender os princípios também são chamadas, não existem em um mundo à
da filosofia de Aristóteles, sem a qual Santo parte, independentes de Deus, mas residem na
Agostinho não poderia construir seu próprio sistema própria mente do Criador, [...] a mesma sabedoria
filosófico. divina, por quem foram criadas todas as coisas,
conhecia aquelas primeiras, divinas, imutáveis e
194. A Filosofia patrística, representada eternas razões de todas as coisas, antes de serem
principalmente por Santo Agostinho, inicia no séc. I criadas [...]. Sobre o Gênese, V
d.C. e termina no séc. VIII d.C., quando teve início a Considerando as informações acima, é correto
Filosofia medieval. afirmar que se pode perceber:
Com base na afirmação acima, assinale o que for A) que Agostinho modifica certas ideias do
correto. cristianismo a fim de que este seja concordante com
01) Um dos motivos pelo qual Santo Agostinho a filosofia de Platão, que ele considerava a
escreve A cidade de Deus foi para eximir o verdadeira.
cristianismo, depois da tomada de Roma por Alarico, B) uma crítica radical à filosofia platônica, pois esta é
das acusações de ser a causa da decadência do contraditória com a fé cristã.
Império Romano. C) a influência da filosofia platônica sobre
02) A patrística introduziu, no pensamento Agostinho, mas esta é modificada a fim de concordar
filosófico, ideias desconhecidas pelos filósofos greco- com a doutrina cristã.
romanos, como a ideia de criação do mundo a partir D) uma crítica violenta de Agostinho contra a
do nada, a escatologia do fim dos tempos e a filosofia em geral.
ressurreição dos mortos.
04) A patrística é um esforço para conciliar o 197. A filosofia grega se expandiu para além das
cristianismo com o pensamento filosófico dos gregos fronteiras do mundo helênico e influenciou outros
e romanos, pois acreditava que somente com tal povos e culturas. Com o cristianismo não foi
conciliação seria possível a conversão dos pagãos. diferente e, aos poucos, a filosofia foi absorvida.
08) Um dos principais temas da Filosofia patrística é Conforme Chalita, um dos motivos dessa absorção
o da possibilidade ou impossibilidade de conciliar foi: [...] a necessidade de organizar os ensinamentos
razão e fé. Santo Agostinho considerava que a razão cristãos, de reunir os fatos e conceitos do
e a fé são conciliáveis, mas subordinava a razão à fé. cristianismo sob a forma de uma doutrina e elaborar
16) A Filosofia medieval conserva e discute uma teologia rigorosa.
problemas da patrística e acrescenta outros, como o (CHALITA, G. Vivendo a Filosofia. São Paulo: Ática, 2006, p.
problema dos universais. A partir do séc. XII, a 94.)
Filosofia medieval passa a ser chamada de escolástica. Uma das características da patrística é a busca da
conciliação entre a fé e a filosofia, e Agostinho de
195. Agostinho, em Confissões, diz: “Mas após a Hipona, ou Santo Agostinho (354 d.C. – 430 d.C.),
leitura daqueles livros dos platônicos e de ser levado influenciado pelo neoplatonismo, tornou-se uma
por eles a buscar a verdade incorpórea, percebi que referência para a filosofia cristã.
‘as perfeições invisíveis são visíveis em suas obras’ Em relação ao desenvolvimento das ciências
(Carta de Paulo aos Romanos, 1, 20)”. naturais, porém, o pensamento de Agostinho não
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deu grande impulso uma vez que sua filosofia – tal filósofo cristão quanto à impossibilidade do
como a do mestre Platão – não adotava os conhecimento da verdade, sendo o conhecimento
fenômenos naturais como objeto de reflexão. humano apenas verossímil.
Com base nos textos acima e em seus D) A alma é a morada da verdade, todo
conhecimentos sobre a obra de Agostinho de conhecimento nela repousa. Assim, a posição de
Hipona, assinale a alternativa INCORRETA. Agostinho afasta-se da filosofia platônica, ao admitir
A) Agostinho de Hipona criou a doutrina da que a alma possui uma existência anterior, na qual ela
iluminação divina baseado na teoria da reminiscência contemplou as ideias, de modo que o conhecimento
de Platão, conciliando de modo original a fé cristã e de Deus é anterior à existência.
o pensamento filosófico.
B) A observação, a experimentação e a aplicação dos 200. Sobre a doutrina da iluminação divina de Santo
princípios da geometria sobre os fenômenos naturais Agostinho, considere o conteúdo das assertivas
foi uma das principais características da filosofia de abaixo:
Santo Agostinho. I) A iluminação divina dispensa o homem de ter
C) Conforme Agostinho de Hipona, a filosofia grega intelecto próprio.
é um instrumento útil para a fé cristã. II) A iluminação divina capacita o intelecto humano
D) As verdades eternas e imutáveis, que têm sua sede para entender que há determinada ordem entre o
em Deus, só podem ser alcançadas pela iluminação mundo criado e as realidades inteligíveis.
divina. III) Agostinho nomeia as realidades inteligíveis de
forma pouco precisa como, por exemplo, idéia,
198. “Assim até as coisas materiais emitem um juízo forma, espécie, regra ou razão e afirma,
sobre as suas formas, comparando-as àquela Forma platonicamente, que essas realidades já foram
da eterna Verdade e que intuímos com o olhar de contempladas pela alma.
nossa mente.” IV) A iluminação divina exige que o homem tenha
(Sto. Agostinho, A Trindade, Livro IX,Capítulo 6. São Paulo, intelecto próprio, a fim de pensar corretamente os
Paulus, 1994. p. 299) conteúdos da fé postos pela revelação.
Esta frase de Sto. Agostinho refere-se à Assinale a alternativa que contém somente as
A) teologia mística de Agostinho, que se funda na afirmações corretas:
experiência imediata da alma humana com Deus; A) II e III
B) moral agostiniana que propõe ao homem regras B) I e III
para uma vida santa e ascética, apartada do mundo; C) II e IV
C) doutrina da iluminação que afirma que o D) III e IV
conhecimento humano é iluminado pela Verdade
Eterna, isto é, Deus; 201. Nos Solilóquios, Agostinho escreveu: “A luz
D) estética intelectualista de Agostinho, que consiste comum, à medida que pode, nos indica como é
num profundo desprezo pela sensibilidade humana. aquela luz. Pois há alguns olhos tão sãos e vivos que,
ao se abrirem, fixam-se no próprio sol sem nenhuma
199. A teoria da iluminação divina, contribuição perturbação. Para esses a própria luz é, de algum
original de Agostinho à filosofia da cristandade, foi modo, saúde, sem necessidade de alguém que lhes
influenciada pela filosofia de Platão, porém, ensine, senão talvez apenas de alguma exortação.
diferencia-se dela em seu aspecto central. Para eles é suficiente crer, esperar, amar”.
Assinale a alternativa abaixo que explicita esta Agostinho, Solilóquio e Vida feliz. São Paulo: Paulus, 1998, p.23.
diferença. Em conformidade com a Teoria da Iluminação,
A) A filosofa agostiniana compartilha com a filosofia analise as assertivas abaixo.
platônica do dualismo, tal como este foi definido por I – A luz comum é o conhecimento humano, obtido
Agostinho na Cidade de Deus. Assim, a luz da teoria por intermédio das demonstrações da lógica e da
da iluminação está situada no plano suprasensivel e matemática, porém, ainda resta saber como tal
só é alcançada na transcendência da existência conhecimento é possível.
terrena para a vida eterna. II – A luz, que é superior à luz comum, é o intelecto
B) A teoria da Iluminação, tal como sugere o nome, humano, que, servindo-se unicamente de si mesmo,
está fundamentada na luz de Deus, luz interior dada encontra em si toda a certeza e o fundamento da
ao homem interior na busca da verdade das coisas verdade.
que não são conhecidas pelos sentidos; esta luz é III – O intelecto humano, pela sua natureza
Cristo, que ensina e habita no homem interior. perecível, não pode se colocar como a certeza do
C) Agostinho foi contemporâneo da Terceira conhecimento, pois a verdade é eterna. Aquela luz,
Academia, recebendo os ensinamentos de Arcesilau e então, acima da luz comum, é Deus.
Carnéades, o que resultou na posição dogmática do
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IV – A saúde é alcançada por todos, uma vez que a D) De Aristóteles, por ter concebido o Ser Supremo
salvação e a felicidade são unicamente o resultado do como primeiro motor imóvel.
esforço do homem nesta vida terrena.
Assinale a ÚNICA alternativa que contém as 204. “A casa de Deus, que cremos ser uma, está,
assertivas verdadeiras. pois, dividida em três: uns oram, outros combatem, e
A) II e IV outros, enfim, trabalham.”
B) II, III e IV BISPO ADALBERON DE LAON, século XI, apud LE
C) I, II e IV GOFF, Jacques. A civilização do ocidente medieval. Lisboa:
Editorial Estampa, 1984. p. 45-46.
D) I e III
A sociedade do período medievo possuía como uma
de suas características a estrutura social
202. O texto a seguir refere-se à doutrina da
extremamente rígida e segmentada. A sociedade dos
Iluminação Divina, elaborada por Agostinho de
homens era um reflexo da sociedade divina. Essa
Hipona.
estrutura é uma herança da filosofia
Para Agostinho, as Verdades Eternas e imutáveis
a) patrística, de Santo Agostinho.
(que Platão coloca no mundo das Idéias) têm sua
b) escolástica, de Abelardo.
sede em Deus, que é a Verdade. Não as conhecemos
c) racionalista, de Platão.
por meio de uma recordação ou reminiscência de
d) dialética, de Hegel.
uma existência anterior à atual, como pensava Platão,
mas mediante um ato consciente de interiorização,
3. ESCOLÁSTICA
no qual a razão toma consciência da presença de
Deus. A presença divina é a Luz que nos faz ver 205. TEXTO I
essas Verdades Eternas. Não é possível passar das trevas da ignorância para a
BOEHNER, P. e GILSON, E. História da Filosofia Cristã. luz da ciência a não ser lendo, com um amor sempre
Petrópolis: Vozes, 1988. p. 164.
Em relação a tal doutrina, assinale a alternativa mais vivo, as obras dos Antigos. Ladrem os cães,
correta. grunhem os porcos! Nem por isso deixarei de ser um
a) Segundo a doutrina da Iluminação Divina, o seguidor dos Antigos. Para eles irão todos os meus
conhecimento verdadeiro que o homem pode cuidados e, todos os dias, a aurora me encontrará
alcançar nesta vida é proveniente das verdades entregue ao seu estudo.
BLOIS, P. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da
eternas que se encontram na mente de Deus. Idade Média: texto e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.
b) Segundo a doutrina da Iluminação Divina, o
conhecimento que possuímos nesta vida provém de TEXTO II
uma recordação do mundo das Idéias. A nossa geração tem arraigado o defeito de recusar
c) A doutrina da Iluminação Divina nada mais é do admitir tudo o que parece vir dos modernos. Por
que a versão cristã da teoria das Idéias de Platão. isso, quando descubro uma ideia pessoal e quero
d) No processo do conhecimento humano, por causa torná-la pública, atribuo-a a outrem e declaro: — Foi
da Iluminação Divina, a razão é totalmente passiva. fulano de tal que o disse, não sou eu. E para que
acreditem totalmente nas minhas opiniões, digo: —
203. Considere o trecho abaixo: “Quando, pois, se O inventor foi fulano de tal, não sou eu.
trata das coisas que percebemos pela mente (...), BATH, A. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da
estamos falando ainda em coisas que vemos como Idade Média: texto e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.
presentes naquela luz interior da verdade, pela qual é Nos textos são apresentados pontos de vista
iluminado e de que frui o homem interior. distintos sobre as mudanças culturais ocorridas no
Santo Agostinho. Do mestre. São Paulo: Abril Cultural,1973, p. século XII no Ocidente. Comparando os textos, os
320 (Os Pensadores) autores discutem o(a)
Segundo o pensamento de Santo Agostinho, as A) produção do conhecimento face à manutenção
verdades contidas na filosofia pagã provêm de que dos argumentos de autoridade da Igreja.
fonte? Assinale a alternativa correta. B) caráter dinâmico do pensamento laico frente à
A) De fonte diferente de onde emanam as verdades estagnação dos estudos religiosos.
cristãs, pois há oposição entre as verdades pagãs e as C) surgimento do pensamento científico em
verdades cristãs. oposição à tradição teológica cristã.
B) Da mesma fonte de onde emanam as verdades D) desenvolvimento do racionalismo crítico ao opor
cristãs, pois não há oposição entre as verdades pagãs fé e razão.
e cristãs. E) construção de um saber teológico científico.
C) De Platão, por ter chegado a conceber a Ideia
Suprema do Bem. 206. Enquanto o pensamento de santo agostinho
representa o desenvolvimento de uma filosofia cristã
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inspirada em Platão, o pensamento de São Tomás A resposta correta à pergunta formulada no texto
reabilita a filosofia de Aristóteles – até então vista acima, sobre os universais, é:
sob suspeita pela Igreja -, mostrando ser possível a) Segundo os nominalistas, as espécies e gêneros
desenvolver uma leitura de Aristóteles compatível universais são meras palavras que expressam um
com a doutrina cristã. O aristotelismo de São Tomás conteúdo mental, sem existência real.
abriu caminho para o estudo da obra aristotélica e b) Segundo os nominalistas, os universais são
para a legitimação do interesse pelas ciências conceitos, mas têm fundamento na realidade das
naturais, um dos principais motivos de interesse de coisas.
Aristóteles nesse período. c) Segundo os nominalistas, os universais (gêneros e
MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: espécies) são entidades realmente existentes no
Zahar, 2006. mundo das Ideias, sendo as coisas deste mundo
A Igreja Católica por muito tempo impediu a meras cópias destas Ideias.
divulgação da obra de Aristóteles pelo fato de a obra d) Segundo os nominalistas, os gêneros e as espécies
aristotélica universais existem realmente, mas apenas na mente
a) valorizar a investigação científica, contrariando de Deus.
certos dogmas religiosos.
b) declarar a inexistência de Deus, colocando em 209. “Ockham adota o nominalismo, posição
dúvida toda a moral religiosa. inaugurada em uma versão mais radical por
c) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de Roscelino (séc. XII), [que] afirma serem os universais
outras instituições religiosas. apenas palavras, flatusvocis, sons emitidos, não
d) evocar pensamentos de religiões orientais, havendo nenhuma entidade real correspondentes a
minando a expansão do cristianismo. eles.”
e) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré-
antirreligiosos, seguindo sua teoria política. socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2005. p. 132.
GABARITO Marque a alternativa correta.
207. A relação entre voces e res, entre linguagem e a) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”,
realidade, constitui elemento central da assim aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, indica
denominada questão dos Universais, importante por um modo de ser das realidades extramentais.
causa de suas repercussões linguísticas, b) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”,
epistemológicas e teológicas. aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, é
Sobre a controvérsia dos Universais, assinale a apenas um conceito pelo qual nos referimos a esse
alternativa INCORRETA. conjunto.
A) O nominalismo sustenta a tese segundo a qual os c) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”,
termos universais são res, entidades linguísticas com aplicável a uma multiplicidade de indivíduos,
existência metafísica objetiva. determina entidades metafísicas subsistentes.
B) Um célebre defensor do realismo foi Guilherme d) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”,
de Champeaux (1070-1121), para o qual há perfeita aplicável a uma multiplicidade de indivíduos,
correspondência entre os conceitos universais e a determina formas de substância individual existentes.
realidade.
C) Para Roscelino, os Universais (ou conceitos 210. Considere as seguintes afirmativas a respeito da
universais) são desprovidos de valor, pois não se questão dos universais na Idade Média.
referem a nenhuma res. Segundo ele, todas as coisas I. A questão dos universais é a maneira como os
existentes são singulares ou separadas. pensadores medievais, especialmente durante o
D) Abelardo propõe uma forma reelaborada de período da Escolástica, trataram relação entre as
aristotelismo: embora não seja um arquétipo ideal, o palavras e as coisas.
universal é conceito obtido por meio de abstração. II. Os filósofos realistas eram aqueles pensadores
que consideravam os universais como entidades
208. O universal é o conceito, a ideia, a essência realmente existentes, separadas das coisas que eles
comum a todas as coisas (por exemplo, o conceito de designavam.
ser humano). Em outras palavras, pergunta-se se os III. O realismo é uma posição filosófica que, de certo
gêneros e as espécies têm existência separada dos modo, deriva da filosofia de Platão.
objetos sensíveis: as espécies (por exemplo, o cão) ou Assinale a alternativa correta.
os gêneros (por exemplo, o animal) teriam existência a) Todas as afirmativas são verdadeiras.
real? Ou seriam apenas ideias na mente ou apenas b) Somente as alternativas I e II são verdadeiras.
palavras? c) Somente as alternativas I e III são verdadeiras.
ARANHA, M. L. A. & MARTINS, M. H. Filosofando. 3ª d) Somente a alternativa I é verdadeira.
edição. São Paulo: Moderna, 2003, p. 126.
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211. Sobre a questão dos universais na Idade Média, pode ligar com os nomes particulares dos homens
considere o texto a seguir e marque a alternativa segundo a natureza das coisas sujeitas (substâncias)
correta. às quais foi imposto.
“Resume-se, frequentemente, a contribuição ABELARDO, P. Lógica para principiantes. Tradução de Ruy
histórica de Guilherme de Ockham ao Afonso da Costa Nunes. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p.
‘nominalismo’. Sem ser falsa, esta visão é 230. Coleção “Os pensadores” – grifos do autor.
insuficiente. É incontestável que, para Guilherme de Para Abelardo, a palavra universal
Ockham, existem apenas seres singulares e A) sempre tem existência real e ela própria é a mais
substâncias individuais ou qualidades particulares. autêntica realidade, pois emana do mundo inteligível
Mas seu impacto repousa mais fundamentalmente e contrasta com o mundo sensível.
num tipo de análise da linguagem da qual ele é ao B) é tão só uma emissão da voz humana, que designa
mesmo tempo o teórico e um de seus praticantes unicamente a coleção dos seres criados por Deus e
mais finos.” que estão dispostos na natureza.
BIARD, Jöel. “Guilherme de Ockham”.In: LABRUNE, C) é uma mera ideia abstrata, sem vínculo algum com
Monique & JAFFRO, Laurent (coord.). A construçãoda a realidade corpórea das coisas existentes na
filosofia ocidental (GradusPhilosophicus). São Paulo: natureza.
Mandarim, 1996, p. 166. D) por si mesma, não existe, mas se refere a seres
a) Entre os filósofos da Idade Média, são reais e designa uma pluralidade de indivíduos
considerados nominalistas, além de Guilherme de semelhantes, o que é constatado no nome homem.
Ockham, Tomás de Aquino e Duns Scot.
b) Segundo o texto citado, é falso classificar 214. Alguns filósofos podem ser considerados
Guilherme de Ockham entre os adeptos do realistas e outros nominalistas, conforme o
nominalismo. posicionamento de cada um.
c) No âmbito da chamada “questão dos universais”, Guilherme de Champeaux (1070 – 1121 d.
a posição oposta à de Guilherme de Ockham é C.) foi um filósofo e teólogo francês, professor na
conhecida como “conceptualismo”. escola da catedral de Notre Dame, em Paris.
d) O nominalismo de que fala o texto é a tese Champeaux afirmava que “o universal é não somente
segundo a qual os conceitos universais não têm real, mas também essencialmente idêntico na
existência fora da mente. diversidade das coisas de que é atributo.”
VASCONCELOS, José Antônio. Reflexões: filosofia e
212. A relação entre voces e res, entre linguagem e cotidiano. São Paulo: edições SM, 2016. p. 212.
realidade, constitui elemento central da assim A posição de Champeaux, em relação aos universais,
denominada ―questão dos Universais‖, importante é classificada como
por causa de suas repercussões linguísticas, A) realista, pois compreende que os universais são
epistemológicas e teológicas. entes reais.
Sobre a controvérsia dos Universais, assinale a B) nominalista, pois considera que os universais são
alternativa INCORRETA. apenas nomes.
A) O nominalismo sustenta a tese segundo a qual os C) conceptualista, pois aceita que há certa realidade
termos universais são res, entidades linguísticas com nos universais.
existência metafísica objetiva. D) indeterminada, pois, para ele, os universais são
B) Um célebre defensor do realismo foi Guilherme um problema sem resolução.
de Champeaux (1070-1121), para o qual há perfeita
correspondência entre os conceitos universais e a 215. Seu principal objetivo era demonstrar, por um
realidade. raciocínio lógico formal, a autenticidade dos dogmas
C) Para Roscelino, os Universais (ou conceitos cristãos. A filosofia devia desempenhar um papel
universais) são desprovidos de valor, pois não se auxiliar na realização deste objetivo. Por isso a tese
referem a nenhuma res. Segundo ele, todas as coisas de que a filosofia está a serviço da teologia.
existentes são singulares ou separadas. Antonio Carlos Wolkmer – Introdução à História do
Pensamento Político
D) Abelardo propõe uma forma reelaborada de O texto deve ser relacionado com:
aristotelismo: embora não seja um arquétipo ideal, o
a) a filosofia epicurista.
universal é conceito obtido por meio de abstração. b) a filosofia escolástica.
c) a filosofia iluminista.
213. Leia o fragmento da obra Lógica para principiantes, d) o socialismo.
de Pedro Abelardo.
e) o positivismo.
Uma palavra universal, entretanto, é aquela que é apta
pela sua descoberta para ser predicada singularmente
de muitos seres, tal como este nome homem, que se
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216. A Escolástica é o período da filosofia cristã da E) desenvolveram uma ciência não submetida aos
Idade Média, que vai do século IX ao século XIV. ensinamentos religiosos.
Sobre a Escolástica é correto afirmar, EXCETO
A) No século XIII, servindo-se das traduções das 219. “Dos gêneros e das espécies não direi aqui se
obras de Aristóteles, que foram feitas diretamente do eles existem ou são postos somente no intelecto,
grego, Tómas de Aquino realizou a síntese magistral nem, no caso que existam, se não corpóreos, se
entre a teologia crista e a filosofia aristotélica. separados das coisas sensíveis ou situados nas
B) A fundação das universidades, já no século XI, próprias coisas e exprimindo os seus caracteres
permitiu a expansão da cultura letrada, secularmente comuns”.
guardada nos mosteiros e a fermentação de idéias PORFÍRIO, Isagoge, I.
que culminaram nos grandes sistemas filosóficos e No texto acima, que deu origem à disputa sobre
teológicos do século XIII. universais no período da Escolástica, Porfírio faz
C) No século XII a Igreja condenou o pensamento referência
platônico, principalmente na sua versão árabe, A) À teoria das Ideias de Platão que, por meio de
porque os teólogos perceberam um ateísmo Sócrates, afirmava que nada se podia saber.
intrínseco na forma de argumentação dialética da B) À teoria da iluminação de Santo Agostinho,
personagem Sócrates. porque Agostinho foi o primeiro a criticar o recurso
D) No século XIV surgiram pensadores, tais como à lógica para se investigarem as verdades eternas.
Guilherme de Ockam, que criticaram a filosofia C) Às Categorias de Aristóteles, em que se encontra
tomista pelo seu caráter substancialista; isto abriu enunciada a lista das dez maneiras pelas quais um
perspectivas fecundas para o advento da ciência atributo pode ser predicado de um sujeito.
moderna. D) À prova da existência de Deus, apresentada por
Santo Tomás de Aquino através das cinco vias da
217. Uma das tendências fundamentais de Suma Teológica.
pensamento da Idade Média é a Escolástica. A
Escolástica caracteriza-se por vários elementos, tais, 220. A questão dos universais é introduzida na
como: Filosofia Medieval pelos comentários de Boécio à
A) A filosofia aristotélico – tomista, o pensamento sua tradução da lógica de Aristóteles no século VI.
de Descartes, o ensino trivium e quadrivium e o Todavia a polêmica acerca da existência real dos
pensamento de Santo Agostinho. universais assume forma e importância maior a partir
B) O pensamento de Patrística, a valorização da do século XI. Sobre a questão dos universais, assinale
indagação empírica, as universidades e a filosofia o que for correto.
platônica. 01) Para os realistas, os particulares são as coisas
C) O ensino do trivium e quadrivium, filosofia mais reais; para os nominalistas, o mais real é o
platônica, o pensamento de Descartes e as abstrato.
universidades. 02) As coisas abrangidas por um universal, embora
D) A influencia da filosofia grega, o ensino do trivium diversas e múltiplas, são semelhantes em alguns
e quadrivium, as universidades e a filosofia aspectos.
aristotélico-tomista. 04) Santo Anselmo foi um realista em sua concepção
dos universais, ou seja, acreditou que os universais
218. Os árabes, entre os Séculos VII e XI, ampliaram têm realidade objetiva.
suas conquistas e forjaram importante civilização. 08) Para os nominalistas, como Roscelino, os
Sob a ação catalisadora do Islã, foi mantida a unidade universais são simples palavras que expressam os
política, enquanto que o comércio destacou-se como conteúdos mentais.
elo do relacionamento tolerante com muitos povos. 16) Por universal entende-se conceito, ideia, gênero,
Além disso, argumenta-se que os valores culturais da espécie ou propriedade predicada de vários
Antiguidade Clássica chegaram ao conhecimento do indivíduos.
Mundo Moderno Ocidental porque os árabes
A) traduziram e difundiram entre os europeus 221. A questão dos universais foi um dos grandes
importantes obras sobre o saber grego. problemas debatidos na Filosofia Medieval. A
B) propagaram a obra Mil e uma Noites, mostrando dificuldade era determinar o modo de ser das idéias
que ela se baseia em lendas chinesas. gerais, gêneros ou espécies, tais como homem,
C) introduziram na Europa novas técnicas de cultivo animal etc.; ou seja, saber se os universais
e a habilidade na representação de figuras humanas. correspondem a uma realidade fora de nós ou se são
D) profetizavam o destino do homem através das puras abstrações do espírito e sem realidade.
estrelas. Realismo e nominalismo foram as duas soluções
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típicas do problema, surgindo o conceitualismo como bons discípulos, tanto mais nos lembraremos
como solução intermediária. Em relação à questão de Cristo, que é a própria verdade, quanto mais
dos universais, assinale o que for correto. fortes nos mostrarmos na verdade das
01) O realismo, de inspiração platônica, afirmava que argumentações”
os universais existiam na realidade, (ABELARDO, P. Epístola 13. In: CHALITA, G. Vivendo a
independentemente das coisas individuais. filosofia: ensino médio. 4.ª ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 146).
02) Os realistas foram os primeiros filósofos a A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
acreditarem na realidade virtual; foram, assim, 01) O filósofo mostra a necessidade de argumentos
precursores da inteligência artificial. racionais (dialéticos) para a defesa da doutrina cristã.
04) Uma forma moderada de realismo foi defendida 02) Nos debates, não basta apenas invocar a palavra
por Santo Tomás de Aquino, o qual, sob influência de Cristo, é preciso elaborar argumentos racionais
de Aristóteles, supôs que o universal estaria na coisa, contra os infiéis.
como sua forma ou substância; depois da coisa, 04) A dialética é um instrumento argumentativo
como conceito no intelecto; e antes da coisa, na contra os sofismas, inserindo o debate no campo
mente divina, como modelo das coisas criadas. filosófico e não no campo doutrinal da fé.
08) No conceitualismo de Pedro Abelardo, os 08) A fraqueza da argumentação dos infiéis está na
universais são conceitos que não existem na sua inconsistência lógica e racional.
realidade, nem são meros nomes; eles são o 16) Os hereges e os infiéis serão convencidos
significado dos nomes e podem subsistir mesmo na somente com argumentos oriundos da Bíblia.
falta de particulares a que se apliquem.
16) O nominalismo asseverou que os universais nada 224. “Com efeito, alguns tomam a coisa universal da
têm de real; são meros nomes, pois o que realmente seguinte maneira: eles colocam uma substância
existe são os particulares. essencialmente a mesma em coisas que diferem umas
das outras pelas formas; essa é a essência material das
222. Leia o texto a seguir : Num livro muito lido coisas singulares nas quais existe, e é uma só em si
durante a idade média, a Isagoge, de Porfírio (234- mesma, sendo diferente apenas pelas formas dos
305), o autor se pergunta se os gêneros e espécies seus inferiores.”
ABELARDO, Lógica para principiantes. São Paulo: Abril
(por exemplo, “animal” e “homem”) existem como Cultural, 1973. Coleção “Os Pensadores”. p. 218.
realidades fora de nosso pensamento ou são puro Sobre o texto acima, é correto afirmar que
produto de nossa atividade mental (conceitos ou a) trata-se de uma tese realista, pois demonstra que a
idéias)? coisa universal existe por si mesma e constitui a
Adaptado de: NASCIMENTO, CARLOS ARTHUR R. O que é
filosofia Medieval. São Paulo: Brasiliense, 2004. p. 40-41.
essência material das coisas singulares.
Assinale a alternativa correta. b) defende a tese nominalista, segundo a qual os
a) O texto de Porfírio refere-se à questão dos universais não podem existir fora dos sujeitos de que
universais, um dos principais temas filosóficos são atributos.
debatidos durante a Idade Média. c) os universais são termos significativos, pois não
b) Os pensadores medievais não se interessaram pelo são uma única essência em si mesmos.
problema posto por Porfírio, pois era impossível d) distingue as coisas singulares pela quantidade de
resolvê-lo com os conhecimentos da época. matéria que nelas se apresentam.
c) A resposta a esse problema, segundo a qual os
universais têm algum tipo de existência fora da 225. “Dizemos: cada pessoa é, por exemplo, um ser
mente humana, é chamada de nominalismo. humano, porém, há coisas que não lhe pertencem
d) A posição filosófica que considera que os como ser humano. Contudo, não se isenta delas na
universais são puro produto de nossa atividade existência como, por exemplo, a definição de suas
mental é chamada de realismo. medidas, sua cor, sua aparência e aquilo que é
notório nele e outras coisas deste tipo. Todas estas
223. “Com efeito, não seremos capazes de rebater as coisas, mesmo sendo humanas, não são condições
investidas dos hereges ou de quaisquer infiéis, se não para que ele seja humano, caso contrário, todas as
soubermos refutar suas argumentações e invalidar pessoas seriam iguais neste âmbito. Apesar disso,
seus sofismas com argumentos verdadeiros, para que inteligimos que há algo, ou seja: o ser humano. Que
o erro ceda à verdade e os sofismas recuem perante pobre é o discurso daquele que afirma o seguinte: o
os dialéticos: sempre prontos, segundo a exortação ser humano é esta totalidade percebida (pelos
de São Pedro, a satisfazer a quem nos peça, razões da sentidos)!”
(AVICENA. A filosofia e sua divisão, in MARÇAL, J.,
esperança ou da fé que nos anima. Se no curso Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009).
dessas disputações conseguirmos vencer aqueles
sofistas, apareceremos como verdadeiros dialéticos; e
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Com base nesta afirmação de Avicena, assinale o que homem é visto como criatura privilegiada no
for correto: processo de criação divina.
01) A definição do ser humano depende de suas D) Platão fala de unicidade do Demiurgo (divino
atribuições sensíveis. ordenador do cosmos) e Aristóteles trata de um
02) A classe social de um indivíduo compõe um dos primeiro motor imóvel único, pensamento de si
elementos da definição do ser humano. mesmo: com a Bíblia, tem-se apenas a ratificação de
04) A identidade racial distingue os seres humanos de um monoteísmo já defendido pela Filosofia Antiga.
outros seres vivos.
08) O conceito de ser humano é inteligível. 228. Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim,
16) Qualificações como peso, altura e aparência física é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja
distinguem um ser humano de outro ser humano. diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que
se move para diversos lados pelo impulso dos ventos
226. Um texto de um filósofo anônimo da Idade contrários, não chegaria ao fim do destino, se por
Média apresenta de modo claro um problema central indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora,
para a filosofia e a ciência do seu tempo. Ele afirma: tem o homem um fim, para o qual se ordenam toda a
“Boécio divide em três as partes da ciência sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens
especulativa: natural, matemática e teológica. Da de modos diversos em vista do fim, o que a própria
mesma forma, o Filósofo [isto é, Aristóteles] divide-a diversidade dos esforços e ações humanas comprova.
em natural, matemática e metafísica. Assim, isto que Portanto, precisa o homem de um dirigente para o
Boécio chama teologia, o Filósofo chama metafísica. fim.
Elas são, portanto, idênticas. Mas a metafísica não é AQUINO. T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do
acerca de Cristo. Logo, a teologia também não o é” Chipre. Escritos políticos de Santo Tomás de
(Quaestio de divina scientia. In: FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado).
de aula. Vol. 3. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2008, p. 68). No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a
A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) monarquia como o regime de governo capaz de
correta(s). a) refrear os movimentos religiosos contestatórios.
01) A teologia apresenta-se na Idade Média como a b) promover a atuação da sociedade civil na vida
ciência principal. política.
02) A teologia é objeto da filosofia de Aristóteles, c) unir a sociedade tendo em vista a realização do
apesar de ela não ter esse nome para ele. bem comum.
04) A teologia é uma ciência que não diz respeito à d) reformar a religião por meio do retorno à tradição
investigação da natureza de Cristo. helenística.
08) A teologia é, para esses filósofos, tão científica e) dissociar a relação política entre os poderes
quanto a matemática. temporal e espiritual.
16) A teologia e a metafísica são conhecimentos
adquiridos por meio da ciência especulativa. 229. Desde que tenhamos compreendido o
significado da palavra “Deus”, sabemos, de imediato,
4. SANTO TOMÁS que Deus existe. Com efeito, essa palavra designa
uma coisa de tal ordem que não podemos conceber
227. Sobre a compatibilidade ou incompatibilidade nada que lhe seja maior. Ora, o que existe na
entre fé cristã e filosofia grega, assinale a alternativa realidade e no pensamento é maior do que o que
INCORRETA. existe apenas no pensamento. Donde se segue que o
A) A filosofia grega conhece o princípio de unidade objeto designado pela palavra “Deus”, que existe no
do divino, mas numa esfera que acolhia grande pensamento, desde que se entenda essa palavra,
multiplicidade de entes, forças e níveis hierárquicos. também existe na realidade. Por conseguinte, a
Portanto, permaneceu sempre aquém de uma existência de Deus é evidente.
concepção propriamente monoteísta. TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. Rio de Janeiro:
B) A propósito do problema da “origem dos seres”, Loyola, 2002.
a mensagem cristã rompe com a filosofia grega na O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás
medida em que fala de “criação”. Deus, segundo tal de Aquino caracterizada por
mensagem, não usou nada preexistente, como o A) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos.
Demiurgo de Platão, nem se valeu de “sub-motores”, B) sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé.
como a divindade aristotélica. C) explicar as virtudes teologais pela demonstração.
C) Na filosofia grega, o homem está sempre inscrito D) flexibilizar a interpretação oficial dos textos
em um horizonte cosmocêntrico. Ali, o homem não sagrados.
é a realidade mais elevada, mas tão-somente parte de E) justificar pragmaticamente crenças livres de
algo que lhe é superior. No âmbito da fé cristã, o dogmas.
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230. A teologia natural, segundo Tomás de Aquino que algo os mova. Esta concepção leva à necessidade
(1225-1274), é uma parte da filosofia, é a parte que de um primeiro motor imóvel, isto é, algo que
ele elaborou mais profundamente em sua obra e na mesmo não sendo movido por nada pode mover
qual ele se manifesta como um gênio todas as coisas.
verdadeiramente original. Se se trata de física, de Sobre a primeira via, que é a do movimento, marque
fisiologia ou dos meteoros, Tomás é simplesmente a alternativa correta.
aluno de Aristóteles, mas se se trata de Deus, da a) Para que os objetos tenham movimento é
origem das coisas e de seu retorno ao Criador, necessário que algo os mova; dessa forma, entende-
Tomás é ele mesmo. Ele sabe, pela fé, para que limite se que é necessário um primeiro motor. Logo,
se dirige, contudo, só progride graças aos recursos da podemos entender que Deus não é necessário no
razão. sistema.
GILSON, Etienne. A Filosofia na Idade Média, São Paulo: b) Para Santo Tomás, os objetos inanimados
Martins Fontes, 1995, p. 657. movem-se por si mesmos e esse fenômeno
De acordo com o texto acima, é correto afirmar que demonstra a existência de Deus.
a) a obra de Tomás de Aquino é uma mera repetição c) A demonstração do primeiro motor não recorre à
da obra de Aristóteles. sensibilidade, dispensando toda e qualquer
b) Tomás parte da revelação divina (Bíblia) para observação da natureza, uma vez que sua
entender a natureza das coisas. fundamentação é somente racional.
c) as verdades reveladas não podem de forma alguma d) Conforme o argumento da primeira via podemos
ser compreendidas pela razão humana. concluir que Deus é o motor imóvel, o qual move
d) é necessário procurar a concordância entre razão e todas as coisas, mas não é movido.
fé, apesar da distinção entre ambas.
233. O texto que segue refere-se às vias da prova da
231. “Em sua teoria do conhecimento, Tomás de existência de Deus.
Aquino substitui a doutrina da iluminação divina pela As cinco vias consistem em cinco grandes linhas de
da abstração, de raízes aristotélicas: a única fonte de argumentação por meio das quais se pode provar a
conhecimento humano seria a realidade sensível, pois existência de Deus. Sua importância reside sobretudo
os objetos naturais encerrariam uma forma inteligível em que supõe a possibilidade de se chegar no
em potência, que se revela, porém, não aos sentidos entendimento de Deus, ainda que de forma parcial e
que só podem captá-la individualmente - mas ao indireta, a partir da consideração do mundo natural,
intelecto.” do cosmo, entendido como criação divina.
INÁCIO, Inês C. e LUCA, Tânia Regina de. O pensamento MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia: dos pré-
medieval. São Paulo: Ática, 1988, p. 74. socráticos a Wittgenstein. Rio deJaneiro: Jorge Zahar, 1999. p.
Considerando o trecho citado, assinale a alternativa 67.
verdadeira. A partir do texto, marque a alternativa correta.
a) O texto faz referência à influência de Aristóteles a) As cinco vias são argumentos diretos e evidentes
no pensamento de Tomás de Aquino, que se opõe, da existência de Deus.
em muitos pontos, à tradição agostiniana, que tinha b) Tomás de Aquino formula as cinco vias da prova
influência de Platão. da existência de Deus, utilizando, sistematicamente,
b) O texto expõe a doutrina da iluminação, as passagens bíblicas para fundamentar seus
formulada por Tomás de Aquino para explicar a argumentos.
origem de nosso conhecimento. c) As cinco vias partem de afirmações gerais e
c) Para Tomás de Aquino, a realidade sensível é racionais sobre a existência de Deus, para chegar a
apenas uma cópia enganosa da verdadeira realidade conclusões sobre as coisas sensíveis, particulares e
que se encontra na mente divina. verificáveis sobre o mundo natural.
d) Tomás de Aquino substitui a doutrina da d) Tomás de Aquino formula as argumentações que
iluminação pela teoria da abstração aristotélica, a fim provam a existência de Deus sob a influência do
de mostrar que a fé em Deus é incompatível com as pensamento de Aristóteles, recorrendo não à Bíblia,
verdades científicas. mas, sobretudo, à Metafísica do filósofo grego.
232 Santo Tomás de Aquino, nascido em 1224 e fa- 234. Sobre Tomás de Aquino, considere o seguinte
lecido em 1274, propôs as cinco vias para o trecho, extraído de uma conhecida História da
conhecimento de Deus. Estas vias estão Filosofia.
fundamentadas nas evidências sensíveis e racionais. “O sistema tomista baseia-se na determinação
A primeira via afirma que os corpos inanimados rigorosa das relações entre a razão e a revelação. Ao
podem ter movimento por si mesmos. Assim, para homem, cujo fim último é Deus, o qual excede toda
que estes corpos tenham movimento é necessário a compreensão da razão, não basta a investigação
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filosófica baseada na razão. Mesmo aquelas verdades segunda modalidade é composta de verdades que a
que a razão pode alcançar sozinha, não é dado a razão pode atingir, por exemplo, que Deus existe.
todos alcançá-las, e não está livre de erros o caminho A partir dessa citação, indique a afirmativa que
que a elas conduz. Foi, portanto, necessário que o melhor expressa o pensamento de Tomás de Aquino.
homem fosse instruído convenientemente e com a) A fé é o único meio do ser humano chegar à
mais certeza pela revelação divina. Mas a revelação verdade.
não anula nem torna inútil a razão: ‘a graça não b) O ser humano só alcança o conhecimento graças à
elimina a natureza, antes a aperfeiçoa’. A razão revelação da verdade que Deus lhe concede.
natural subordina-se à fé tal como no campo prático c) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de
as inclinações naturais se subordinam à caridade.” alcançar certas verdades por seus meios naturais.
ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia. Lisboa: d) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades
Presença, 1978, p. 29-30, Vol. IV. acerca de Deus.
Com base no texto, é correto afirmar que Tomás de e) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser
Aquino humano nada pode conhecer d’Ele.
a) rejeitava as verdades da fé cristã que não pudessem
ser explicadas plenamente pela razão humana. 237. Sobre a relação entre filosofia, Igreja e Estado
b) desprezava, por serem inúteis, as tentativas na Idade Média, assinale o que for correto.
racionais em compreender as verdades da fé cristã. 01) Na Idade Média, os mosteiros representam uma
c) buscava conciliar as verdades da fé cristã com as importante fonte do saber. Nesses locais, a cultura
exigências da razão humana. greco-latina manteve-se preservada, graças à
d) subordinava a fé à razão natural, só sendo digno atividade dos copistas e à conservação dos
de crença o que pudesse ser cientificamente manuscritos dos autores clássicos.
comprovado. 02) Na Alta Idade Média, a Igreja começou a libertar-
se da dominação política do Império Carolíngio e
235. “Portanto, deve-se dizer que como a lei escrita iniciou-se um período de supremacia do poder
não dá força ao direito natural, assim também não espiritual sobre o poder político.
pode diminuir-lhe nem suprimir-lhe a força; pois, a 04) Boécio (séc. VI) propõe a reabertura aos temas
vontade humana não pode mudar a natureza. clássicos através de uma corrente espiritual e gnóstica
Portanto, se a lei escrita contém algo contra o direito denominada “nova sofística”, apresentada em sua
natural, é injusta e não tem força para obrigar. Pois, obra máxima, a Suma Teológica.
só há lugar para o direito positivo, quando, segundo 08) Por ser um período de obscuridade, a filosofia
o direito natural, é indiferente que se proceda de uma medieval não se dedicou aos grandes temas da
maneira ou de outra, como já foi explicado acima. filosofia, como a questão do conhecimento, o papel
Por isso, tais textos não hão de chamar leis, mas da linguagem e a teleologia da práxis humana, que
corrupções da lei, como já se disse. E portanto, não aparecem depois, com a modernidade.
se deve julgar de acordo com elas.” 16) O relacionamento entre a Igreja e o Estado
Tomás de Aquino, Suma Teológica, II, Questão 60, Art. 5.
começou no fim do Império Romano, quando o
Com base na passagem acima, é correto afirmar que
cristianismo foi transformado em religião oficial do
A) a lei escrita só é legítima se for baseada no direito
Estado. Enquanto o paganismo perdia sua posição
natural.
de religião oficial, o cristianismo era protegido pelo
B) o direito positivo não é a lei escrita, mas dos
Império, o que permitiu sua difusão.
costumes.
C) o direito natural só é legítimo se expresso na lei
238. A importância do filósofo medieval Tomás de
escrita.
Aquino reside principalmente em seu esforço de
D) não há diferença entre direito natural e direito
valorizar a inteligência humana e sua capacidade de
positivo.
alcançar a verdade por meio da razão. Discorrendo
sobre a “possibilidade de descobrir a verdade
236. A grande contribuição de Tomás de Aquino
divina”, ele diz:
para a vida intelectual foi a de valorizar a inteligência
“As verdades que professamos acerca de Deus revestem uma
humana e sua capacidade de alcançar a verdade por
dupla modalidade. Com efeito, existem a respeito de Deus
meio da razão natural, inclusive a respeito de certas
verdades que ultrapassam totalmente as capacidades da razão
questões da religião. Discorrendo sobre a
humana. Uma delas é, por exemplo, que Deus é trino e uno.
“possibilidade de descobrir a verdade divina”, ele diz
Ao contrário, existem verdades que podem ser atingidas pela
que há duas modalidades de verdade acerca de Deus.
razão: por exemplo, que Deus existe, que há um só Deus etc.
A primeira refere-se a verdades da revelação que a
Estas últimas verdades, os próprios filósofos as provaram por
razão humana não consegue alcançar, por exemplo,
meio de demonstração, guiados pela luz da razão natural”.
entender como é possível Deus ser uno e trino. A
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A partir dessa citação, identifique a opção que d) a Igreja e o Estado são, em certa medida,
melhor expressa esse pensamento de Tomás de conciliáveis.
Aquino. e) a Igreja deve subordinar-se ao Estado.
a) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades
acerca de Deus. 241. A questão dos universais foi um dos grandes
b) O ser humano só alcança o conhecimento graças à problemas debatidos na Filosofia Medieval. A
revelação da verdade que Deus lhe concede. dificuldade era determinar o modo de ser das idéias
c) A fé é o único meio de o ser humano chegar à gerais, gêneros ou espécies, tais como homem,
verdade. animal etc.; ou seja, saber se os universais
d) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de correspondem a uma realidade fora de nós ou se são
alcançar por seus meios naturais certas verdades. puras abstrações do espírito e sem realidade.
e) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser Realismo e nominalismo foram as duas soluções
humano nada pode conhecer d’Ele. típicas do problema, surgindo o conceitualismo
como solução intermediária. Em relação à questão
239. A grande contribuição de Tomás de Aquino dos universais, assinale o que for correto.
para a vida intelectual foi a de valorizar a inteligência 01) O realismo, de inspiração platônica, afirmava que
humana e sua capacidade de alcançar a verdade por os universais existiam na realidade,
meio da razão natural, inclusive a respeito de certas independentemente das coisas individuais.
questões da religião. 02) Os realistas foram os primeiros filósofos a
Discorrendo sobre a “possibilidade de descobrir a acreditarem na realidade virtual; foram, assim,
verdade divina”, ele diz que há duas modalidades de precursores da inteligência artificial.
verdade acerca de Deus. A primeira refere-se a 04) Uma forma moderada de realismo foi defendida
verdades da revelação que a razão humana não por Santo Tomás de Aquino, o qual, sob influência
consegue alcançar, por exemplo, entender como é de Aristóteles, supôs que o universal estaria na coisa,
possível Deus ser uno e trino. A segunda modalidade como sua forma ou substância; depois da coisa,
é composta de verdades que a razão pode atingir, por como conceito no intelecto; e antes da coisa, na
exemplo, que Deus existe. mente divina, como modelo das coisas criadas.
A partir dessa citação, indique a afirmativa que 08) No conceitualismo de Pedro Abelardo, os
melhor expressa o pensamento de Tomás de universais são conceitos que não existem na
Aquino. realidade, nem são meros nomes; eles são o
a) A fé é o único meio do ser humano chegar à significado dos nomes e podem subsistir mesmo na
verdade. falta de particulares a que se apliquem.
b) O ser humano só alcança o conhecimento graças à 16) O nominalismo asseverou que os universais nada
revelação da verdade que Deus lhe concede. têm de real; são meros nomes, pois o que realmente
c) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de existe são os particulares.
alcançar certas verdades por seus meios naturais.
d) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades 242. O filósofo grego que maior influência exerceu
acerca de Deus. sobre Santo Tomás de Aquino foi:
e) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser A) Platão
humano nada pode conhecer d’Ele. B) Aristóteles
C) Sócrates
240. Na Idade Média, se considerava que o ser D) Heráclito
humano podia alcançar a verdade por meio da fé e E) Parmênides
também por meio da razão. Ao mesmo tempo, o
poder religioso (Igreja) e o poder secular (Estado) 243. Para Santo Tomás de Aquino, um dos
mantinham relacionamento político tenso e difícil. O princípios do conhecimento humano era o princípio
filósofo Tomás de Aquino desenvolveu uma da causa eficiente. Esse princípio da causa eficiente
concepção destinada a conciliar FÉ e RAZÃO, bem exigia que o ser contingente:
como IGREJA e ESTADO. A) Não exigisse causa alguma
De acordo com as ideias desse filósofo, B) Fosse causado pelo intelecto humano
a) o Estado deve subordinar-se à Igreja. C) Fosse causado pelo ser necessário
b) a Igreja e o Estado são mutuamente D) Fosse causado por acidentes casuais
incompatíveis. E) Fosse causado pelo nada
c) a Igreja e o Estado devem fundir-se numa só
entidade. 244. Em O ente e a essência, Tomás de Aquino
argumenta sobre a existência de Deus, refutando
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teses de outras doutrinas da filosofia escolástica. procedem retamente dos primeiros princípios inatos
Com este propósito ele escreveu: à natureza e conhecidos por si mesmos. Por
“Tampouco é inevitável que, se afirmarmos que conseguinte, não possuem valor demonstrativo, não
Deus é exclusivamente ser ou existência, caiamos no passando de razões de probabilidades ou
erro daqueles que disseram que Deus é aquele ser sofismáticas. E não é difícil refutá-los”.
universal, em virtude do qual todas as coisas existem (AQUINO, Santo Tomás. Suma contra gentios. Col. Os
Pensadores. São Paulo, Abril, 1970).
formalmente. Com efeito, este ser que é Deus é de
( ) O texto exemplifica a preocupação, quase geral
tal condição, que nada se lhe pode adicionar. (...) Por
dentre os chamados “filósofos medievais”, em
este motivo afirma-se no comentário à nona
conciliar as verdades de fé contidas na Bíblia com as
proposição do livro Sobre as Causas, que a
verdades descobertas por nossa Razão, isto é,
individuação da causa primeira, a qual é puro ser,
conciliar a Fé com a Razão Natural.
ocorre por causa da sua bondade. Assim como o ser
( ) O texto mostra como Tomás de Aquino
comum em seu intelecto não inclui nenhuma adição,
considerava a Filosofia inútil e perigosa para o
da mesma forma não inclui no seu intelecto qualquer
cristianismo, uma vez que, por si só, ela não prova as
precisão de adição, pois, se isto acontecesse, nada
verdades da fé além de levantar dúvidas sobre as
poderia ser compreendido como ser, se nele algo
verdades bíblicas.
pudesse ser acrescentado."
AQUINO, Tomás. O ente e a essência. Trad. de Luiz João ( ) Um dos objetivos do texto é mostrar que os
Baraúna. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 15. Coleção .Os argumentos contrários à fé cristã podem ser todos
Pensadores. refutados, isto é, podemos mostrar racionalmente
que são todos falsos porque não há contradição entre
Tomás de Aquino está seguro de que nada se pode verdade de fé e verdade de razão.
acrescentar a Deus, porque ( ) Nesse texto, nos deparamos com um dos
A) sua essência composta de essência e existência é pressupostos fundamentais do pensador católico
auto-suficiente para gerar indefinidamente matéria e medieval: a crença na verdade revelada, isto é, a
forma, criando todas as coisas. crença nas proposições da Bíblia, como
B) sua essência simples é gerada incessantemente, inquestionáveis porque reveladas por Deus.
embora não seja composta de matéria e forma, ( ) Pelo texto depreende-se a atitude filosófica de
multiplica-se em si mesmo na pluralidade dos seres. Tomás de Aquino, para quem é impossível
C) é essência divina, absolutamente simples e compreender as verdades da fé cristã por meio de
idêntica a si mesma, constituindo-se, nossa razão natural; somente a fé é que pode nos
necessariamente, uma essência única. ajudar.
D) é ser contingente, no qual essência e existência Marque a opção correta:
não dependem do tempo, por isso, gera a si mesmo A) F, V, F, V, V
eternamente, dando existência às criaturas. B) V, V, V, V, F
C) V, V, V, F, V
245. Leia o trecho a seguir e assinale se as D) V, F, V, V, F
proposições apresentadas são (V) verdadeiras ou (F)
falsas, conforme o texto. “Se é verdade que a 246. “Respondo dizendo que a existência de Deus pode
verdade da fé cristã ultrapassa as capacidades da ser demonstrada por cinco vias”.
razão humana, nem por isso os princípios inatos Tomas de Aquino. Suma Teológica, São Paulo: Abril
Cultural, 1979. Col. Os Pensadores.
naturalmente à razão podem estar em contradição
Assinale a afirmativa correta:
com esta verdade sobrenatural. É um fato que esses
A) Todas as cinco vias seguem argumentos baseados
princípios naturalmente inatos à razão humana são
em elementos anímicos, como em Santo Agostinho.
absolutamente verdadeiros e mesmo impossível
B) Todas as cinco vias fundamentam-se nos dados
pensar que sejam falsos. Tampouco é permitido
revelados da Sagrada Escritura.
considerar falso aquilo que cremos pela fé, e que
C) Todas as cinco vias empregam argumentos
Deus confirmou de forma tão evidente. Já que só o
baseados na tradição patrística.
falso constitui o contrário do verdadeiro, é
D)Todas as cinco vias partem de uma realidade
impossível que a verdade da fé seja contrária aos
sensível, como elemento empírico, e do princípio de
princípios que a razão humana conhece
causalidade, como elemento racional.
naturalmente. Deus não pode infundir no homem
opiniões ou uma fé que vão contra os dados do
247. Fique claro que Tomás não aristoteliza o
conhecimento adquirido pela razão natural. (...) Do
cristianismo, mas cristianiza Aristóteles. Fique claro
exposto se infere o seguinte: quaisquer que sejam os
que ele nunca pensou que, com a razão se pudesse
argumentos que se aleguem contra a fé cristã, não
entender tudo; não, ele continuou acreditando que
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tudo se compreende pela fé: só quis dizer que a fé 249. Com efeito, existem a respeito de Deus
não estava em desacordo com a razão, e que, verdades que ultrapassam totalmente as capacidades
portanto, era possível dar-se ao luxo de raciocinar, da razão humana. Uma delas é, por exemplo, que
saindo do universo da alucinação. Deus é trino e uno. Ao contrário, existem verdades
Eco, Umberto. “Elogio de santo Tomás de Aquino” in: Viagem que podem ser atingidas pela razão: por exemplo,
na irrealidade cotidiana, p.339. que Deus existe, que há um só Deus etc.
É correto afirmar, segundo esse texto, que: AQUINO, Tomás de. Súmula contra os Gentios. Capítulo Terceiro:
A) Tomás de Aquino, com a ajuda da filosofia de A possibilidade de descobrir a verdade divina. Tradução de Luiz João
Aristóteles, conseguiu uma prova científica para as Baraúna. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 61.
certezas da fé, por exemplo, a existência de Deus. Para São Tomás de Aquino, a existência de Deus se
B) Tomás de Aquino se empenha em mostrar os prova
erros da filosofia de Aristóteles para mostrar que esta A) por meio do movimento que existe no Universo,
filosofia é incompatível com a doutrina cristã. na medida em que todo movimento deve ter causa
C) o estudo da filosofia de Aristóteles levou Tomás exterior ao ser que está em movimento.
de Aquino a rejeitar as verdades da fé cristã que não B) por meios metafísicos, resultantes de investigação
fossem compatíveis com a razão natural. intelectual.
D) a atitude de Tomás de Aquino diante da filosofia C) apenas pela fé, a razão é mero instrumento
de Aristóteles é de conciliação desta filosofia com as acessório e dispensável.
certezas da fé cristã. D) apenas como exercício retórico.
E) através da investigação dialética racional
248. “Nos três primeiros artigos da 2ª questão da proporcionada pelo método maiêutico.
Suma de Teologia, Tomás de Aquino discute sobre a
existência de Deus. Suas conclusões são: 1) a 250. Para Santo Tomás, filosofia e teologia são
existência de Deus não é auto evidente, sendo ciências distintas porque:
preciso demonstrá-la; 2) a existência de Deus não a) A filosofia se funda no exercício da razão humana
pode ser demonstrada a partir de sua essência (pois e a teologia na revelação divina.
isso ultrapassa a nossa capacidade de conhecimento); b) A filosofia é uma ciência complementar à teologia.
3) a existência de Deus pode ser demonstrada, c) A filosofia nos traz a compreensão da verdade que
contudo, a partir de seus efeitos (demonstração quia), será comprovada pela teologia.
isto é, a partir da natureza criada podemos conhecer d) A revelação é critério de verdade, por isso não se
algo a respeito do seu Criador. A partir disso, ele pode filosofar.
desenvolve cinco argumentos ou vias segundo as e) A teologia é a mãe de todas as ciências e a filosofia
quais se pode mostrar, a partir dos efeitos, que Deus serve apenas para explicar pontos de menor
existe.” importância.
Adaptado de: MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da
filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000. p. 126-130. 251. Tomás de Aquino não via conflito entre a fé e a
Sobre as cinco vias da prova da existência de Deus, razão, sendo possível para a segunda atingir o
elaboradas por Tomás de Aquino, assinale a conhecimento da existência de Deus. Contudo,
alternativa INCORRETA. Tomás de Aquino defende a relação harmônica entre
A) Nos argumentos de Tomás de Aquino sobre a ambas, pois, se a razão demonstra a existência de
existência de Deus, pode-se perceber a influência dos Deus, ela o faz graças à fé que revela tal verdade.
escritos de Aristóteles em seu pensamento. Assim, a filosofia de Tomás de Aquino insistiu nos
B) Segundo a prova teleológica, tudo que obedece a limites do conhecimento humano.
uma finalidade pressupõe uma inteligência que o Com base nas afirmações precedentes, assinale a
criou com tal finalidade, como o carpinteiro em alternativa correta.
relação a uma mesa; ora, percebemos a finalidade no A) O conhecimento humano atinge a verdade do
Universo (todas as criaturas têm uma finalidade); mundo e de Deus sem precisar se servir de outra
logo, Deus é o princípio que dá essa finalidade ao ordem que não aquela da própria razão, o que se
Universo. confirma com o fato de que os governantes
C) Qualquer pessoa que consiga compreender os organizam o mundo conforme sua inteligência.
argumentos das cinco vias conhecerá, com certeza B) A realidade sensível é a via direta e exclusiva para
evidente, a essência de Deus. a ascensão do conhecimento humano, porque, tal
D) Segundo a prova que se baseia no movimento, como afirmou Santo Anselmo, a perfeição de Deus
Deus é considerado o motor imóvel, isto é, como a tem, entre seus atributos, a existência na realidade
causa primeira do movimento que percebemos no mundana.
mundo, e deve ser imóvel para evitar o regresso ao C) Existe um domínio comum à fé e à razão. Este
infinito. domínio é a realidade do mundo sensível, morada
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humana, que a razão pode conhecer, porque a (OCKHAM, G. [1280-1349]. In: COTRIM, G. Fundamentos de
realidade sensível oferece à razão os vestígios Filosofia, São Paulo: Saraiva, 2006, p. 120).
imperfeitos da substância de Deus. A partir do trecho citado, é correto afirmar que
D) A razão humana é impotente para tratar de idéias 01) os argumentos calcados na fé não podem ser
que estejam além da realidade do mundo sensível. submetidos a demonstrações lógicas.
Deus, portanto, nada mais é que uma palavra que 02) o filósofo apresenta a típica separação entre
deve ser reverenciada como o centro sensível de aquilo que é do domínio da fé e do domínio da razão
irradiação de tudo o que existe. para o pensamento medieval.
04) os artigos de fé são falsos por natureza, visto que
252. Para São Tomás de Aquino, existem, pelo não estão submetidos nem à ciência nem à filosofia.
menos, três motivos que conduzem os homens à 08) as demonstrações e as conclusões, para os
obediência da lei, que são filósofos, não podem ser deduzidas a partir de
A) os costumes adquiridos em uma cultura, a princípios falsos.
emancipação social e a prazerosa fruição estética. 16) a distinção entre a teologia e a ciência ou a
B) a educação recebida dos pais, o simples deleite filosofia está, entre outras coisas, nos diferentes
ético e o esclarecimento jurídico. procedimentos ou nos métodos de comprovação
C) o medo da punição, os meros ditames da razão e a utilizados por elas.
bondade perfeita da virtude.
D) a tirania de um legislador, a consciência política e 255. Guilherme de Ockham (1280-1349) traz novas
social e a vocação religiosa. idéias à teoria política, “ainda que continue teológica,
E) a punição das instâncias divinas, a vocação isto é, referida à vontade suprema de Deus. Diante
religiosa e o prazer de obedecer. da tradição teocrática medieval, são novas as idéias
de comunidade política natural, lei humana política e
253. Tomás de Aquino (1225-1274), no seu livro A direito natural dos indivíduos como sujeitos dotados
Realeza, afirma: “Comecemos apresentando o que se de consciência e de vontade.”
(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13.ª ed., São Paulo: Ática,
deve entender pela palavra rei. Com efeito, em todas 2008, p. 366).
as coisas que se ordenam a um fim que pode ser Assinale o que for correto.
alcançado de diversos modos, faz-se necessário 01) Guilherme de Ockham não separa o poder
algum dirigente para que se possa alcançar o fim do espiritual da Igreja do poder temporal da
modo mais direto. Por exemplo, um navio, que se comunidade política; por essa razão, ele afirma que,
move em diversas direções pelo impulso de ventos em nenhuma hipótese, o bom cristão pode contestar
opostos, não chegará ao seu fim de destino se não a autoridade da palavra do Papa.
for dirigido ao porto pela habilidade do 02) O tiranicídio não é admitido por Guilherme de
comandante”. Ockham, todavia os governados podem resistir ao
(AQUINO, T. de. A realeza: dedicado ao rei de Chipre. In:
Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 667.)
tirano e procurar instrumentos legais que contestam
Conforme esse trecho, é correto afirmar que sua autoridade para forçá-lo a abdicar.
01) o rei, como um dirigente, não tem um poder 04) Guilherme de Ockham pertence à corrente
opressor ou dominador sobre os súditos. nominalista, segundo a qual os conceitos universais
02) o rei é aquele que realiza as coisas sem são apenas conteúdos da nossa mente, expressos em
intermediários. nomes, isto é, são apenas palavras sem nenhuma
04) o rei não é necessário em todas as decisões, mas realidade específica correspondente.
somente naquelas que envolvem interesses coletivos. 08) Contrariamente ao que pensava Santo Agostinho,
08) as ações do rei não precisam levar em conta os o homem, para Guilherme de Ockham, não foi
desejos dos súditos, mas considerar aquilo que é dotado de livre-arbítrio, razão pela qual não pode ser
melhor para o reino. responsabilizado pelos seus atos.
16) o rei ou o comandante tem a função de dirigir, 16) Guilherme de Ockham reconhece dois grandes
orientar, o que não implica uma imposição de sua tipos de direitos naturais: o direito natural objetivo,
vontade aos súditos. isto é, a ordem natural hierárquica estabelecida pela
lei divina, e o direito natural subjetivo, possuído pelo
254. “Os artigos de fé não são princípios de indivíduo como ser racional e livre.
demonstrações nem conclusões, não sendo nem
mesmo prováveis, já que parecem falsos para todos, 256. Leia o texto a seguir sobre o problema dos
para a maioria ou para os sábios, entendendo por universais.
sábios aqueles que se entregam à razão natural, já que “Ockham adota o nominalismo, posição inaugurada
só de tal modo se entende o sábio na ciência e na em uma versão mais radical por Roscelino (séc. XII),
filosofia.” [que] afirma serem os universais apenas palavras,
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flatus vocis, sons emitidos, não havendo nenhuma todos os seres fossem contingentes, nada existiria.
entidade real correspondentes a eles.” Portanto, para que exista o mundo, existe um ser
MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré- necessário e criador de tudo: Deus.
socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2005. p.
132.
Marque a alternativa correta.
a) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”,
aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, indica
um modo de ser das realidades extramentais.
b) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”, GABARITO
aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, é
apenas um conceito pelo qual nos referimos a esse 176. d
conjunto. 177. b
c) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”,
aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, 178. d
determina entidades metafísicas subsistentes. 179. e
d) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”,
aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, 180. c
determina formas de substância individual 181. d
existentes.
182. b
257. Baseado na metafísica de Aristóteles, durante a 183. b
Escolástica Tomás de Aquino (1225-1274)
reformulou os argumentos que provam a existência 184. c
de Deus. a) Movimento, b) causa eficiente, c) contingência, 185. b
d) graus de perfeição, e) causa final constituem, para
Tomás de Aquino, as “cinco vias” da prova da 186. d
existência de Deus. Anselmo de Aosta (1033-1109) é 187. d
conhecido pelo argumento ontológico, que também
aparece em Descartes (1596-1650), no início da era 188. b
moderna. 189. b
Analise, a seguir, os argumentos racionais apontados
para provar a existência de Deus e assinale o que for 190. c
correto. 191. a
01) Tudo o que se move deve seu movimento a algo
que provocou este movimento, pois nada se moveria 192. 1/4/8
por si mesmo. Ora, para evitar a regressão ao 193. 1/4/8
infinito, é necessário que exista um motor que mova
todas as coisas e que, por sua vez, não é movido por 194. 1/2/4/8/16
nenhuma: Deus. 195. d
02) O argumento ontológico toma por pressuposto a
ideia de que a infinitude do mundo constitui uma 196. c
prova da existência de Deus, pois o infinito cria o 197. b
finito e vice-versa.
04) Seria absurdo e contraditório conceber a 198. c
possibilidade de um Deus onipotente e perfeito que 199. b
não tenha por atributo a existência, pois a não
existência seria uma imperfeição em choque com a 200. c
perfeição concebida. Logo, Deus existe. 201. d
08) A teoria das três metamorfoses de Friedrich
Nietzsche, em Assim falou Zaratustra, segundo a qual 202. a
o homem nasce um camelo (a), torna-se um leão (b) 203. b
e morre uma criança (c), prova a existência de Deus
pelo fato de aceitar as três formas da vida: infância, 204. a
juventude e maturidade. 205. a
16) Um ser contingente é aquele cuja existência
depende da existência de outro ser que o criou. Se 206. a
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207. a 245. d
208. a 246. d
209. b 247. d
210. a 248. c
211. d 249. a
212. a 250. a
213. d 251. c
214. a 252. c
215. b 253. 1/4/8/16
216. c 254. 1/2/8/16
217. d 255. 2/4/16
218. a 256. b
219. c 257. 1/4/16
220. 2/4/8/16
221. 1/4/8/16
222. a
223. 1/2/4/8
224. a
225. 8/16
226. 2/4/8/16
227. d
228. a
229. b
230. d
231. a
232. d
233. d
234. c
235. a
236. c
237. 1/2/16
238. d
239. c
240. d
241. 1/4/8/16
242. b
243. c
244. c
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inadequação das teses defendidas pelos pensadores Montaigne, uma de suas máximas expressões. René
anteriores aos acontecimentos revolucionários, bem Descartes opõe-se e combate o ceticismo,
como a necessidade de modernização das explicações acreditando na possibilidade de alcançar um
referentes ao sentido da história humana. conhecimento seguro com a elaboração de um
método capaz de realizar uma reforma do
entendimento e da ciência.
2. MONTAIGNE Assinale o que for correto.
01) Para René Descartes, a primeira condição para
265. Montaigne deu o nome para um novo gênero
reformar o entendimento humano e progredir no
literário; foi dos primeiros a instituir na literatura
conhecimento científico é expurgar a teologia da
moderna um espaço privado, o espaço do “eu”, do
filosofia, pois é impossível conduzir a reflexão
texto íntimo. Ele cria um novo processo de escrita
filosófica a partir da idéia da existência de Deus.
filosófica, no qual hesitações, autocríticas, correções
02) Duas atitudes são, para René Descartes, causas
entram no próprio texto.
COELHO, M. Montaigne. São Paulo: Publifolha, do erro cometido pela reflexão filosófica e pelas
2001 (adaptado). ciências: a primeira é a prevenção, isto é, a facilidade
O novo gênero de escrita aludido no texto é o(a) com que o espírito humano se deixa levar pela
a) confissão, que relata experiências de opinião e pelas idéias alheias, sem se preocupar se
transformação. são verdadeiras ou não; a segunda é a precipitação,
b) ensaio, que expõe concepções subjetivas de um isto é, a facilidade com que são emitidos juízos sobre
tema. as coisas antes de verificar se as idéias são
c) carta, que comunica informações para um verdadeiras ou não.
conhecido. 04) Para René Descartes, por ter adotado como
d) meditação, que propõe preparações para o método o procedimento da dúvida metódica, o
conhecimento. ceticismo solapou os fundamentos da filosofia e da
e) diálogo, que discute assuntos com diferentes ciência.
interlocutores. 08) René Descartes combate o racionalismo por
considerar que introduz, na filosofia, uma reflexão
266. “É costume de nossos tribunais condenar metafísica. As verdades tanto na filosofia quanto na
alguns para exemplo dos outros. Condená-los ciência devem ser alcançadas por procedimentos
unicamente porque erraram seria inepto, como diz empíricos, única forma de evitar o ceticismo.
Platão. O que está feito não se desfaz; mas é para 16) O ponto de partida do método de René
que não tornem a errar ou a fim de que os outros Descartes é a busca de uma verdade primeira que
atentem para o castigo. Não se corrige quem se não pode ser posta em dúvida. Por isso, converte a
enforca; corrigem-se os demais com ele. Eu faço a dúvida em método.
mesma coisa. É certo que os meus erros são naturais
e incorrigíveis, mas assim como os homens de bem 3. GIORDANO BRUNO
oferecem ao povo o exemplo do que este deve fazer,
eu os convido a não me imitarem” 268. Entre os principais nomes da filosofia medieval
(MONTAIGNE, M. Da arte de conversar. In: Ensaios. São encontra-se o de Giordano Bruno. Sendo sua teoria
Paulo: Abril Cultural, 2005, p. 245). semelhante à de Nicolau de Cusa e a de Copérnico,
A partir do trecho acima, assinale o que for correto. qual a razão de ter incomodado tanto a Igreja,
01) A punição de um crime não desfaz o erro fazendo esta oposição radical ao filósofo, a ponto de
cometido. ser julgado pela inquisição e sumariamente
02) Os tribunais não fazem justiça, pois aplicam ao condenado à morte?
sentenciado uma punição em vista dos outros. a) Acreditar em Deus como um Ser não
04) O efeito educador da punição não está no temor transcendente;
que gera no restante da comunidade, mas no rigor da b) Ter apenas afirmado ser o sol o centro do
sentença. universo;
08) A imitação das boas ações não se funda no c) Duvidar do mistério da Santíssima Trindade como
exemplo, conforme o ditado: “faça o que eu mando, dogma de fé;
mas não faça o que eu faço”. d) Inaugurar as possibilidades da construção de um
16) A educação dos costumes não se faz visando ao novo conhecimento científico para o mundo.
passado, mas às ações futuras.
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B) Poder secular acima do poder religioso — defesa 275. A filosofia está escrita neste imenso livro que
dos dogmas católicos. continuamente está aberto diante de nossos olhos
C) Ciência como área autônoma do saber — razão (estou falando do universo), mas que não se pode
humana submetida à fé. entender se primeiro não se aprende a entender sua
D) Moral católica acima da protestante — língua e conhecer os caracteres em que está escrito.
subordinação da ciência à religião. Ele está escrito em linguagem matemática e seus
E) Autonomia do pensamento religioso — fomento caracteres são círculos, triângulos e outras figuras
à fé por meio da ciência. geométricas, meios sem os quais é impossível
entender humanamente suas palavras: sem tais
273. A ONU declarou 2009 o Ano Internacional da meios, vagamos inutilmente por um escuro labirinto.
Astronomia pelos 400 anos do uso do telescópio nas (GALILEI, G. Il saggiatore. Apud REALE, G. & ANTISERI,
investigações astronômicas por Galileu Galilei. Essas D. História da filosofia. São Paulo: Paulinas, 1990, v. 2, p. 281.)
investigações desencadearam descobertas e, por sua Tendo em mente o texto acima e os conhecimentos
vez, uma nova maneira de compreender os sobre o pensamento de Galileu acerca do método
fenômenos naturais. Além de suas descobertas, científico, considere as seguintes afirmativas.
Galileu também contribuiu para a posteridade ao I. Galileu defende o desenvolvimento de uma ciência
desenvolver voltada para os aspectos objetivos e mensuráveis da
o método experimental e a concepção de uma nova natureza, em oposição à física qualitativa de
ciência física. Com base nas contribuições Aristóteles.
metodológicas de Galileu Galilei, é correto afirmar: II. Para Galileu, é possível obter conhecimento
a) A experiência espontânea e imediata da percepção científico sobre objetos matemáticos, tais como
dos sentidos desempenha, a partir de Galileu, um círculos e triângulos, mas não sobre objetos do
papel metodológico preponderante na nova ciência. mundo sensível.
b) A observação, a experimentação e a explicação III. Galileu pensa que uma ciência quantitativa da
dos fenômenos físicos da natureza desenvolvidos natureza é possível graças ao fato de que a própria
por Galileu aprimoram o método lógico-dedutivo da natureza está configurada de modo a exibir ordem e
filosofia aristotélica. simetrias matemáticas.
c) A observação controlada dos fenômenos na forma IV. Galileu considera que a observação não faz parte
de experimentação, segundo o método galileano, do método científico proposto por ele, uma vez que
consiste em interrogar metodicamente a natureza na todo o conhecimento científico pode ser obtido por
linguagem matemática. meio de demonstrações matemáticas.
d) A verificação metodológica da verdade das leis Assinale a alternativa que contém todas as
científicas pelos experimentos aleatórios defendida afirmativas corretas, mencionadas anteriormente.
por Galileu fundamenta-se na concepção finalista do a) I e III.
Universo. b) II e III.
e) O método galileano reafirma o princípio de c) III e IV.
autoridade das interpretações teológico-bíblicas na d) I, II e IV.
definição do método para alcançar a verdade física. e) II, III e IV.
274. Certos pensadores foram capazes de sintetizar 276. O Santo Ofício, também conhecido como
grande parte do pensamento de um período em uma Inquisição, foi instaurado em 1223. Sua função era
única frase. A época de Galileu Galilei foi marcada reprimir qualquer manifestação do pensamento,
por inúmeras diatribes com a Igreja Católica e pelo qualquer doutrina que contrariasse os valores e
surgimento de uma nova maneira de pensar. A frase dogmas preconizados pela Igreja.
“o livro da natureza está escrito em linguagem Sobre a Inquisição, assinale o que for correto.
matemática” sintetiza 01) A instauração da Inquisição acontece no período
A) o desprezo de Galileu por Deus e por qualquer histórico entre o séc. XII e XIV, período em que são
explicação de caráter metafísico embasada em fundadas algumas das mais importantes
entidades supranaturais. universidades europeias.
B) a defesa do heliocentrismo, tese introduzida por 02) Roger Bacon, considerado um dos maiores
Nicolau Copérnico. filósofos e cientistas do séc XIII, defensor do
C) a superação da filosofia platônica com seu apreço método experimental e pesquisador no campo da
excessivo pela construção lógica. ótica, foi condenado à morte pela Inquisição.
D) a inversão entre religião e ciência com relação à 04) Galileu Galilei contestou o aristotelismo,
prioridade sobre a enunciação da verdade. defendeu a substituição do modelo ptolomaico do
universo e defendeu o modelo heliocêntrico de
Copérnico, revolucionando a física e a astronomia.
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Suas teorias científicas foram consideradas heréticas (GALILEI, Galileu. O ensaiador. São Paulo: Abril Cultural, 1973,
pela Inquisição e, para evitar a pena de morte, foi p. 119 - Coleção Os pensadores).
obrigado a negá-las. Segundo esse fragmento, é correto afirmar:
08) A Inquisição não tinha uma finalidade política, 01) Conhecer algo natural implica poder traduzir as
não pretendia defender a supremacia do poder informações em conceitos matemáticos.
espiritual da Igreja sobre o poder temporal da 02) A matemática restringe-se ao estudo do
sociedade laica. Universo.
16) A Igreja Católica, desde a criação da Inquisição, 04) A matemática é uma língua não escrita.
demorou nove séculos para reconhecer os erros 08) A filosofia é o primeiro momento da
cometidos contra a ciência e retratar-se das sentenças investigação, que precede a matemática.
injustas proferidas contra os cientistas que ousaram 16) O estudo da filosofia identifica-se com o estudo
revolucionar a ciência. da natureza.
277. Uma das características do Renascimento e da
Modernidade que lhe é associada é um processo de 5. MAQUIAVEL
secularização da ciência que se expressa por uma
dissociação entre a teologia e a filosofia da natureza. 279. O príncipe, portanto, não deve se incomodar
A secularização da ciência realiza-se na separação com a reputação de cruel, se seu propósito é manter
entre razão e fé, as verdades científicas tornam-se o povo unido e leal. De fato, com uns poucos
independentes das verdades reveladas. exemplos duros poderá ser mais clemente do que
Assinale o que for correto. outros que, por muita piedade, permitem os
01) O processo de secularização na Modernidade distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo.
modifica o caráter da ciência; essa deixa de ser MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, 2009.
essencialmente contemplativa para transformar-se No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe,
em uma ciência instrumental, cujo objetivo é reflexão sobre a Monarquia e a função do
conhecer a natureza para intervir nela, controlá-la e governante. A manutenção da ordem social, segundo
apropriar-se da mesma para fins úteis. esse autor, baseava-se na
02) O mecanicismo constitui-se em um aspecto A) inércia do julgamento de crimes polêmicos.
importante da ciência moderna. A natureza e o B) bondade em relação ao comportamento dos
próprio ser humano são comparados a uma máquina, mercenários.
isto é, a um conjunto de mecanismos cujas leis C) compaixão quanto à condenação dos servos
precisam ser descobertas. D) neutralidade diante da condenação dos servos.
04) Copérnico encontra em Aristóteles os E) conveniência entre o poder tirânico e a moral do
fundamentos teóricos para combater a concepção príncipe.
heliocêntrica do universo defendida por Ptolomeu e
pela Igreja. 280. Não ignoro a opinião antiga e muito difundida e
08) Vesalius contribui para o conhecimento da que o que acontece no mundo é decidido por Deus e
anatomia humana, ao desafiar a proibição religiosa de pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos
dissecação de cadáveres. Suas observações corrigem dias, devido às grandes transformações ocorridas, e
muitos erros contidos na medicina de Galeno. que ocorrem diariamente, as quais escapam à
16) Com Galileu Galilei, o experimento torna-se conjectura humana. Não obstante, para não ignorar
parte do método científico; torna-se um marco do inteiramente o nosso livre arbítrio, creio que se pode
novo espírito da ciência. É com seus experimentos aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos,
que ele refuta as teses aristotélicas de que o peso de mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a
um corpo depende de seu tamanho. outra metade.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979.
278. Afirma o filósofo Galileu Galilei (1564-1642): Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício
“A Filosofia encontra-se escrita neste grande livro do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor
que continuamente se abre perante nossos olhos demonstra o vínculo entre o seu pensamento político
(isto é, o Universo), que não se pode compreender e o humanismo renascentista ao
antes de entender a língua e conhecer os caracteres a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos
com os quais está escrito. Ele está escrito em língua definidores do seu tempo.
matemática, os caracteres são triângulos, b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos
circunferências e outras figuras geométricas, sem políticos.
cujos meios é impossível entender humanamente as c) afirmar a confiança na razão autônoma como
palavras: sem eles nós vagamos perdidos dentro de fundamento da ação humana.
um obscuro labirinto”.
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d) romper com a tradição que valorizava o passado os critérios pessoais não são mais adequados para
como fonte de aprendizagem. decidir sobre ações cujas consequências se tornam
e) redefinir a ação política com base na unidade entre tão amplas, já que o prejuízo não será apenas
fé e razão. individual, mas coletivo. Nesse caso, conforme as
circunstâncias e os fins a serem atingidos, pode-se
281. Nasce daqui uma questão: se vale mais ser decidir que o melhor para o bem comum seja mentir.
amado que temido ou temido que amado. Responde- ARANHA, M. L. Maquiavel: a lógica da força. São Paulo:
se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque Moderna, 2006 (adaptado).
é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que O texto aponta uma inovação na teoria política na
amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque época moderna expressa na distinção entre
dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que A) idealidade e efetividade da moral.
são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos B) nulidade e preservabilidade da liberdade.
de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente C) ilegalidade e legitimidade do governante.
teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os D) verificabilidade e possibilidade da verdade.
filhos, quando, como acima disse, o perigo está E) objetividade e subjetividade do conhecimento.
longe; mas quando ele chega, revoltam-se.
MAQUIAVEL, N. O principe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991. 284. A República de Veneza e o Ducado de Milão ao
A partir da análise histórica do comportamento norte, o reino de Nápoles ao sul, os Estados papais e
humano em suas relações sociais e políticas, a república de Florença no centro formavam ao final
Maquiavel define o homem como um ser do século XV o que se pode chamar de mosaico da
a) munido de virtude, com disposição nata a praticar Itália sujeita a constantes invasões estrangeiras e
o bem a si e aos outros. conflitos internos. Nesse cenário, o florentino
b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para Maquiavel desenvolveu reflexões sobre como aplacar
alcançar êxito na política. o caos e instaurar a ordem necessária para a
c) guiado por interesses, de modo que suas ações são unificação e a regeneração da Itália.
imprevisíveis e inconstantes. (Adaptado de: SADEK, M. T. Nicolau Maquiavel: o cidadão
sem fortuna, o intelectual de virtú. In: WEFORT, F. C. (Org.).
d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré- Clássicos da política. v.2. São Paulo: Ática, 2003. p.11-24.)
social e portando seus direitos naturais. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas filosofia política de Maquiavel, assinale a alternativa
com seus pares. correta.
a) A anarquia e a desordem no Estado são aplacadas
282. Mas, sendo minha intenção escrever algo de útil com a existência de um Príncipe que age segundo a
para quem por tal se interesse, pareceu-me mais moralidade convencional e cristã.
conveniente ir em busca da verdade extraída dos b) A estabilidade do Estado resulta de ações
fatos e não à imaginação dos mesmos, pois muitos humanas concretas que pretendem evitar a barbárie,
conceberam repúblicas e principados jamais vistos mesmo que a realidade seja móvel e a ordem possa
ou conhecidos como tendo realmente existido. ser desfeita.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Disponível em:
www.culturabrasil.pro.br. Acesso em: 4 abr. 2013. c) A história é compreendida como retilínea,
A partir do texto, é possível perceber a crítica portanto a ordem é resultado necessário do
maquiaveliana à filosofia política de Platão, pois há desenvolvimento e aprimoramento humano, sendo
nesta a impossível que o caos se repita.
a) elaboração de um ordenamento político com d) A ordem na política é inevitável, uma vez que o
fundamento na bondade infinita de Deus. âmbito dos assuntos humanos é resultante da
b) explicitação dos acontecimentos políticos do materialização de uma vontade superior e divina.
período clássico de forma imparcial. e) Há uma ordem natural e eterna em todas as
c) utilização da oratória política como meio de questões humanas e em todo o fazer político, de
convencer os oponentes na ágora. modo que a estabilidade e a certeza são constantes
d) investigação das constituições políticas de Atenas nessa dimensão.
pelo método indutivo.
e) idealização de um mundo político perfeito 285. Em seus estudos sobre o Estado, Maquiavel
existente no mundo das ideias. busca decifrar o que diz ser uma verità effettuale, a
“verdade efetiva” das coisas que permeiam os
283. Para Maquiavel, quando um homem decide movimentos da multifacetada história
dizer a verdade pondo em risco a própria integridade humana/política através dos tempos. Segundo ele, há
física, tal resolução diz respeito apenas a sua pessoa. certos traços humanos comuns e imutáveis no
Mas se esse mesmo homem é um chefe de Estado, decorrer daquela história. Afirma, por exemplo, que
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os homens são “ingratos, volúveis, simuladores, d) De acordo com o texto, pode-se observar que
covardes ante os perigos, ávidos de lucro”. Maquiavel não admite o uso da violência para
O Príncipe, cap. XVII conquistar e conservar o poder.
Para Maquiavel:
a) A “verdade efetiva” das coisas encontra-se em 288. Antônio Gramsci, filósofo político do século
plano especulativo e, portanto, no “dever-ser”. passado, proferiu o seguinte comentário a respeito de
b) Fazer política só é possível por meio de um Maquiavel:
moralismo piedoso, que redime o homem em âmbito “Maquiavel não é um mero cientista; ele é um
estatal. homem de participação, de paixões poderosas, um
c) Fortuna é poder cego, inabalável, fechado a político prático, que pretende criar novas relações de
qualquer influência, que distribui bens de forma força e que por isso mesmo não pode deixar de se
indiscriminada. ocupar com o ‘deve ser’, que não deve ser entendido
d) A Virtù possibilita o domínio sobre a Fortuna. em sentido moralista. Assim, a questão não deve ser
Esta é atraída pela coragem do homem que possui colocada nestes termos, é mais complexa: trata-se de
Virtù. considerar se o ‘dever ser’ é um ato arbitrário ou
necessário, é vontade concreta, ou veleidade, desejo,
286. A finalidade da política não é, como diziam os sonho. O político em ação é um criador, um
pensadores gregos, romanos e cristãos, a justiça e o suscitador; mas não cria do nada, nem se move no
bem comum, mas, como sempre souberam os vazio túrbido dos seus desejos e sonhos. Baseia-se na
políticos, a tomada e manutenção do poder. O realidade factual.”
verdadeiro príncipe é aquele que sabe tomar e GRAMSCI, A. Maquiavel. A política e o Estado moderno. 5.
conservar o poder [...]. ed. Trad. de Luiz Mário Gazzaneo. Riode Janeiro: Civilização
(CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000, p. Brasileira, 1984. p. 42/43.
396.) Considerando o texto de Gramsci, marque a
A respeito das qualidades necessárias ao príncipe alternativa correta.
maquiaveliano, é correto afirmar: a) O poder da paixão do político prático é visto por
a) O príncipe precisa ter fé, ser solidário e caridoso, Maquiavel como o único caminho para o poder, isto
almejando a realização da virtude cristã. significa que o príncipe deve agir guiado pelas suas
b) O príncipe deve ser flexível às circunstâncias, veleidades e desejos que alimentam o seu sonho de
mudando com elas para dominar a sorte ou fortuna. poder.
c) O príncipe precisa unificar, em todas as suas b) Maquiavel não trata o “deve ser” na perspectiva
ações, as virtudes clássicas, como a moderação, a ontológica da filosofia clássica. O juízo moral se
temperança e a justiça. submete às condições concretas que se apresentam
d) O príncipe deve ser bondoso e gentil, angariando para a conquista e a conservação do poder do Estado
exclusivamente o amor e, jamais, o temor do seu pelo príncipe moderno.
povo. c) A realidade factual não deve ser vista como o
conjunto das forças históricas. Elas podem ser
287. Deixando de lado as discussões sobre governos desprezadas porque o príncipe é dotado de sabedoria
e governantes ideais, Maquiavel se preocuparia em suficiente para prescindir delas e agir motivado
saber como os homens governam de fato, quais os apenas pelos seus desejos.
limites do uso da violência para conquistar e d) O príncipe é um homem de criação, que dá forma
conservar o poder, como instaurar um governo ao “dever ser” e rompe a distância que separa o
estável, etc. sonho da realidade, porque tudo aquilo que ele quer,
CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia. São Paulo: Ática, ele faz independente da realidade factual em que se
2006. p. 200. insere a ação política.
Marque a alternativa que descreve corretamente o
objetivo de Maquiavel. 289. “Eu sei que cada qual reconhecerá que seria
a) De acordo com Chalita, Maquiavel examina a muito de louvar que um príncipe possuísse, entre
política de forma a dar continuidade às análises da todas as qualidades referidas, as que são tidas como
tradição filosófica. boas; mas a condição humana é tal, que não consente
b) Conforme Chalita, o pensador florentino tem por a posse completa de todas elas, nem ao menos a sua
objetivo demonstrar como um Príncipe deve prática consistente; é necessário que o príncipe seja
conquistar e manter o poder, tratando-o como uma tão prudente que saiba evitar os defeitos que lhe
realidade concreta. arrebatariam o governo e praticar qualidades próprias
c) Como observamos no texto, a obra de Maquiavel para lhe assegurar a posse deste, se lhe é possível;
é inovadora por definir o que é o governo e quem mas, não podendo, com menor preocupação, pode-
são os governantes ideais. se deixar que as coisas sigam seu curso natural.”
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MAQUIAVEL, N. O príncipe. Trad. de Lívio Xavier. São homem e a manifestação maior da sua excelência e
Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 64. do bem, Maquiavel, nas palavras de Pierre Manent:
Assinale a alternativa correta. “foi o primeiro dos mestres da suspeita... o
a) O príncipe é um homem de virtú, que deve voltar primeiro a trazer a suspeita para o ponto estratégico
o seu ânimo para a direção que a fortuna o impelir, da vida dos homens: seu convívio, sua vida política.
pois a conquista e a conservação do Estado podem Se empenhou, Maquiavel, em nos convencer do
implicar ações más. caráter central ou substancial do mal na coisa
b) O príncipe é um estadista sem princípios, cujas pública”.
ações são destituídas de qualquer valor de conduta, MANENT, Pierre. História intelectual do liberalismo: dez
dando vazão às suas paixões sem levar em conta o lições. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1990. P. 28-29/ adaptado.
bem-estar do povo. A partir da leitura do trecho acima e levando em
c) O príncipe pode fazer aquilo que bem entender, consideração o surgimento do pensamento
pois a maior virtude do governante é a capacidade de político moderno, em Maquiavel, analise as
provocar o ódio dos súditos, que são violentamente seguintes proposições:
reprimidos pela força das armas. I. O pensamento político de Maquiavel foi inovador
d) O príncipe não precisa praticar a piedade, a em relação ao pensamento clássico, por considerar
fidelidade, a humanidade, pode até desprezar a que não há um “bem” absoluto em contraposição a
devoção religiosa, não precisando nem mesmo um “mal” a ser combatido. Em certas situações, o
aparentá-las em suas ações. “bem” advém e é mantido pelo “mal”.
II. Maquiavel e praticamente todos os filósofos da
290. “Quando um cidadão, não por suas crueldades modernidade negavam a existência do bem comum.
ou outra qualquer intolerável violência, e sim pelo Uma característica marcante na concepção de política
favor dos concidadãos, se torna príncipe de sua moderna era a de que a conquista e o exercício do
pátria – o que se pode chamar principado civil (e poder político era o principal elemento a considerar.
para chegar a isto não é necessário grandes méritos III. Muito influenciado pelas disputas políticas de seu
nem muita sorte, mas antes uma astúcia feliz) –, digo tempo, Maquiavel baseou-se na experiência concreta
que se chega a esse principado ou pelo favor do da coisa pública. Ao contrário dos antigos que viam a
povo ou pelo favor dos poderosos. É que em todas política como a realização do fim último da
as cidades se encontram estas duas tendências cidadania, ele procurou descrever o processo político
diversas e isto nasce do fato de que o povo não de seu tempo.
deseja ser governado nem oprimido pelos grandes, e É correto o que se afirma em
estes desejam governar e oprimir o povo.” a) I e III apenas.
MAQUIAVEL. O Príncipe. Coleção “Os Pensadores” b) I e II apenas.
-adaptado. c) II e III apenas.
Considerando a questão da política em Maquiavel, d) I, II e III.
analise as seguintes afirmações:
I. Maquiavel rompe com a tradição política ao não 292. Observe a seguinte passagem que reflete o
admitir qualquer fundamento anterior e exterior à pensamento político de Maquiavel:
política. “Para Maquiavel não havia um bem, por maior que
II. Maquiavel considera a cidade uma comunidade fosse, que pudesse ser avaliado como um bem sem
homogênea nascida da ordem natural ou da razão restrições. Para ele não há um bem absoluto, também
humana. o mal não é sempre um mal incontrastado.
III. Maquiavel considera que a política nasce das Maquiavel foi o primeiro a declarar que o bem e o
lutas sociais e é obra da própria sociedade para dar a mal não têm sentido na vida sociopolítica se forem
si mesma unidade e identidade. abstratamente dissociados”.
É correto o que se afirma em Moreira, Manuel Marques. O Pensamento Político de
a) I e II apenas. Maquiavel in O Príncipe. Martin Claret. 2002. P.48.
b) I e III apenas. Considerando a passagem acima e o pensamento de
c) II e III apenas. Nicolau Maquiavel, analise as seguintes afirmações:
d) I, II e III. I. Maquiavel foi inovador no pensamento político
por analisar o contexto real dos acontecimentos de
291. O florentino Nicolau Maquiavel é considerado uma Itália mergulhada na instabilidade política. Ele
pela maioria dos historiadores da política como o foi o primeiro a pensar a política como ela era, na
primeiro grande pensador moderno a romper com prática, e não como idealmente deveria ser.
a visão aristotélica sobre o sentido da vida política. II. O pensamento político de Maquiavel é uma
Se para o filósofo grego o exercício da vida na polis ampliação da visão política medieval com a
representava a consumação da natureza racional do indissociável relação entre poder espiritual da igreja e
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poder temporal do estado. O príncipe de Maquiavel C) Maquiavel não aceita a divisão clássica dos três
deveria se aconselhar das orientações espirituais do regimes políticos (monarquia, aristocracia,
papado. democracia) e suas formas corruptas ou ilegítimas
III. A filosofia política de Maquiavel reestruturou a (tirania, oligarquia, demagogia/ anarquia), como não
relação entre ética e política. Em seu pensamento, a aceita que o regime legítimo seja o hereditário e o
política passou a ser vista de forma autônoma em ilegítimo, o usurpado por conquista.
relação aos imperativos de ordem moral e em relação D) Para Maquiavel, o poder do príncipe deve ser
às concepções de bem e mal de origem cristã. superior ao dos grandes e estar a serviço do povo.
É correto o que se afirma em E) Maquiavel admite a figura do bom governo
a) I, II e III. encarnada no príncipe virtuoso, portador das
b) I e II apenas. virtudes morais e cristãs. O príncipe precisa ter virtu,
c) II e III apenas. isto é, precisa ser amado e respeitado pelos
d) I e III apenas. governados.
293. A seguinte passagem reflete a novidade do 295. Com base nos conhecimentos sobre Maquiavel,
pensamento político de Maquiavel: assinale a alternativa que apresenta, corretamente, os
“Falar no ‘realismo' de Maquiavel equivale, portanto, principais fundamentos do Estado.
a ter aceitado o ponto de vista de Maquiavel: o ‘mal’ a) Boas leis e boas armas, desde que sejam próprias.
é politicamente mais significativo, mais ‘real’ do que b) Armas mercenárias e bons soldos aos
o ‘bem’. Para contrastá-lo com Aristóteles, diríamos combatentes.
que descreveu a vida política dentro da perspectiva c) Exércitos auxiliares e súditos desarmados nos
de seus primórdios ou suas origens – amiúde Estados novos.
violentas e injustas – e não mais dentro da d) Culto dos refinamentos e governante com as
perspectiva de seu fim”. qualidades consideradas boas.
MANENT, Pierre. História intelectual do liberalismo: dez e) Príncipe clemente e apoio exclusivo na fortuna.
lições. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1990.P. 27-29. Adaptado.
A partir da leitura do excerto acima e considerando o 296. (UEM 2008) Maquiavel inaugura o pensamento
pensamento político de Maquiavel, assinale a político moderno. Seculariza a política, rejeitando o
afirmação verdadeira. legado ético-cristão. Maquiavel tem uma visão do
a) Maquiavel consolidou a visão política dos antigos homem e da política como elas são e não como
filósofos de uma natureza fundamentalmente boa da deveriam ser. A política deve ater-se ao real, deve
ação política, modernizando-a para adaptá-la ao preocupar-se com a eficiência da ação e não teorizar,
contexto das disputas renascentistas. como fazia Platão, sobre a forma ideal de governo.
b) Maquiavel inovou ao propor a ação política a Assinale o que for correto.
partir de uma moral não cristã. Esta política realizaria 01) Para Maquiavel, o príncipe virtuoso é aquele que
o bem da cidade e este bem não estaria ligado aos governa com justiça, estabelecendo, entre seus
valores espirituais, mas ao jogo de poderes existentes. súditos, a igualdade social e uma participação
c) Seguindo seus contemporâneos, o pensador político-democrática.
florentino expressou uma visão idealista da política a 02) Maquiavel redefine as relações entre ética e
ser executada por um líder forte e cruel: o príncipe. política, não julga mais as ações políticas em função
d) Seguindo a perspectiva político-teológica medieval de uma hierarquia de valores dada de antemão, mas
Maquiavel propôs uma visão de política que em função da necessidade dos resultados que as
conciliava o poder papal da igreja e o poder em ações políticas devem alcançar.
ascensão dos nobres e príncipes a quem servia. 04) Maquiavel faz a apologia da tirania, pois
considera ser a forma mais eficiente de o príncipe
294. Assinale a alternativa INCORRETA. manter-se no poder e garantir a segurança da ordem
A) Maquiavel não admite um fundamento anterior e social e política para seus súditos.
exterior à política (Deus, Natureza ou razão). Toda 08) Na concepção política de Maquiavel, não há uma
Cidade, diz ele em O Príncipe, está originalmente exclusão entre ética e política, todavia a primeira
dividida em dois desejos opostos: o desejo dos deve ser entendida a partir da segunda. Para ele, as
grandes de oprimir e comandar e o desejo do povo exigências da ação política implicam uma ética cujo
de não ser oprimido nem comandado. caráter é diferente da ética praticada pelos indivíduos
B) A finalidade da política não é, como diziam os na vida privada.
pensadores gregos, romanos e cristãos, a justiça e o 16) Para Maquiavel, a sociedade é dividida entre os
bem comum, mas, como sempre souberam os grandes, isto é, os que possuem o poder político e
políticos, a tomada e a manutenção do poder. econômico, e o povo oprimido. A sociedade é
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cindida por lutas sociais, não pode, portanto, ser pela fortuna e por Deus, de sorte que a prudência dos
vista como uma comunidade homogênea voltada homens não poderia corrigi-las, e mesmo não lhes
para o bem comum. traz remédio algum. (...) Às vezes, pensando nisso,
me tenho inclinado a aceitá-la. Não obstante, e para
297. “Resta agora ver quais devem ser os modos e os que o nosso livre-arbítrio não desapareça, penso ser
atos de governo de um príncipe para com os súditos verdade que a fortuna seja árbitra de nossas ações,
ou para com os amigos. E porque sei que muitos mas que, ainda assim, ela nos deixa governar a outra
escreveram sobre isso, temo, escrevendo eu também, metade”.
ser considerado presunçoso, sobretudo porque, ao (MAQUIAVEL. O Príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1973 -
debater esta matéria, afasto-me do modo de p.109).
raciocinar dos outros. Mas, sendo a minha intenção Com base na leitura deste trecho e considerando
escrever coisa útil a quem a escute, pareceu-me mais outras informações presentes na obra de Maquiavel,
convincente ir direto à verdade efetiva da coisa do analise as assertivas e assinale a alternativa que
que à imaginação dessa. E muitos imaginaram aponta as corretas.
repúblicas e principados que nunca foram vistos, I. De acordo com Maquiavel, somente a ação da
nem conhecidos de verdade.” fortuna pode reduzir os prejuízos causados pela
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. SP: Hedra, 2009, p. 159. própria fortuna.
A partir do texto citado assinale o que for correto. II. A reflexão apresentada acima pressupõe a
01) Maquiavel defende uma teoria imaginária de presença do conceito de virtú, qualidade
governo, e não uma proposta real e factível. indispensável para o bom êxito do governo do
02) Maquiavel afirma que as repúblicas e os príncipe em uma república, pois a fortuna pode, sim,
principados nunca foram conhecidos de verdade. oferecer ocasiões para as ações do governante, o qual
04) Maquiavel se considera presunçoso por conhecer terá que agir fazendo bom uso da virtú que lhe é
demais o tema. própria.
08) Maquiavel propõe um discurso político que trate III. A virtú humana é capaz de agir e dominar, no
de coisas reais e possíveis no mundo da política. momento certo, o curso natural das coisas,
16) Maquiavel propõe um discurso político que se imprimindo as mudanças necessárias em relação à
volte para o comportamento do governante, para sua realização de grandes feitos e à conservação do
atuação e para o modo como ele deve se comportar poder.
no governo. IV. A fortuna não depende em nada da ação humana
para seguir seu curso natural.
298. O filósofo italiano Nicolau Maquiavel (1469- a) Apenas I e IV estão corretas.
1527) afirma: “Porque em toda cidade se encontram b) Apenas II, III e IV estão corretas.
estes dois humores diversos: e nasce, disto, que o c) Apenas I e II estão corretas.
povo deseja não ser nem comandado nem oprimido d) Apenas I, II e III estão corretas.
pelos grandes e os grandes desejam comandar e e) Apenas I e III estão corretas.
oprimir o povo; e desses dois apetites diversos nasce
na cidade de um desses três efeitos: ou o principado, 300. Assinale a alternativa INCORRETA.
ou a liberdade, ou a licença” A) Pode-se dizer que a política de Maquiavel é
MAQUIAVEL, O Príncipe. São Paulo: Hedra, 2009, p.109. realista, pois procura a verdade efetiva, ou seja,
A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) “como o homem age de fato”. A esse realismo alia-se
correta(s). a tendência utilitarista, pela qual Maquiavel pretende
01) O povo, ao não querer ser comandado, deseja desenvolver uma teoria voltada para a ação eficaz e
comandar. imediata.
02) É da natureza dos grandes, no caso os ricos, o B) Em relação ao pensamento medieval, Maquiavel
desejo de dominar o povo, no caso os pobres. procede à secularização da política, rejeitando o
04) Povo e grandes formam dois grupos políticos legado ético-cristão.
distintos e antagônicos em toda cidade. C) Maquiavel se distancia da política normativa dos
08) Os grandes se unem politicamente para se gregos e medievais, pois não mais busca as normas
defenderem do desejo de dominação do povo. que definem o bom regime, nem explicita quais
16) O fenômeno descrito era restrito às cidades devem ser as virtudes do bom governante.
italianas do período histórico do filósofo. D) Maquiavel está à procura do príncipe ideal,
indicando as normas para conquistar e não perder o
299. Em sua obra O Príncipe, Nicolau Maquiavel poder. Nesta perspectiva, não há diferenças entre o
(1496-1527) assim se expressa em relação à fortuna: “dever ser” da política clássica e aquele a que se
“Não me é desconhecido que muitos têm tido e têm refere Maquiavel na obra O príncipe.
a opinião de que as coisas do mundo são governadas
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E) Embora Maquiavel não tivesse usado o conceito MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand
de razão de Estado, é considerado o pensador que Brasil, 1988.
começa a esboçar a doutrina que vigorará no século O filósofo florentino Nicolau Maquiavel é
seguinte, quando o governo absoluto, em tradicionalmente interpretado como um autor que
circunstâncias críticas e extremamente graves, a ela separa completamente a ética da política, sobretudo
recorre permitindo-se violar normas jurídicas, por sua afirmação de que a virtude de um governante
morais, políticas e econômicas. consiste na adequada utilização de todos os recursos
disponíveis para a sua permanência no poder.
301. É comum considerarmos a obra de Maquiavel Entretanto, estudos mais cuidadosos de seus textos
como uma ruptura em relação à tradição do indicam que esse autor, na realidade, estabelece uma
pensamento político greco-romano e cristão. É distinção entre ética pública e ética privada. A partir
correto afirmar como características dessa ruptura: da leitura do trecho anterior, extraído de O príncipe,
A) o recurso à experimentação científica e o podemos concluir que:
abandono da ética. a) Maquiavel procura justificar o exercício ocasional
B) a secularização da política e o distanciamento de da crueldade pelo governante a partir de uma ética
ideais normativos ético-religiosos. própria da política, argumentando que a unidade da
C) o distanciamento de ideais normativos sociedade sob o poder do Estado evita um conjunto
éticoreligiosos e o recurso à experimentação significativo de prejuízos coletivos.
científica. b) Maquiavel promove um radical deslocamento dos
D) o abandono da ética e a secularização da política. valores morais sancionados pela cultura religiosa
E) o recurso à experimentação científica e a cristã, transferindo-os do âmbito das relações
secularização da política. privadas para a esfera pública, na qual princípios
como lealdade, caridade e benevolência são
302. “O maquiavelismo é uma interpretação de O realmente indispensáveis.
Príncipe de Maquiavel, em particular a interpretação c) a conceituação maquiavélica de ética pública é a
segundo a qual a ação política, ou seja, a ação voltada reprodução moderna das teses filosóficas gregas,
para a conquista e conservação do Estado, é uma como as de Platão e as de Aristóteles, para as quais a
ação que não possui um fim próprio de utilidade e política ideal deve excluir os conflitos entre os
não deve ser julgada por meio de critérios diferentes grupos humanos na consecução de uma sociedade
dos de conveniência e oportunidade.” harmônica e voltada para o bem comum.
(BOBBIO, Norberto. Direito Estado e Estado no pensamento d) a política é incompatível com qualquer noção
de Emanuel Kant. Trad. De Alfredo Fait. 3. Ed. Brasília: ética, pois a tese de que os fins justificam os meios
Editora da UNB, 1984, p. 14.) ampara o poder do príncipe em detrimento da
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o ordem social, sendo que esta é progressivamente
tema, para Maquiavel o poder político é: aniquilada pelo constante exercício da repressão
a) Dependente da ética, devendo ser orientado por estatal.
princípios morais validos universal e e) a política é o campo de realizações éticas que
necessariamente. desafia a história, dado que as sociedades humanas
b) Independente da conveniência e oportunidade, revelam-se profundamente instáveis, ou seja, não há
pois estas dizem respeito à esfera privada da vida em como procurar ensinamentos na efetividade histórica
sociedade. da humanidade, sendo necessário, isto sim, investir
c) Dependente da religião, devendo ser conduzido em perspectivas originais e idealizadas de
por parâmetros ditados pela igreja. estruturação política da sociedade.
d) Independente da moral e da religião, devendo ser
conduzido por critérios restritos ao âmbito político. 304. “Deveis saber, portanto, que existem duas
e) Independente das pretensões dos governantes de formas de se combater: uma, pelas leis, outra, pela
realizar os interesses do Estado. força. A primeira é própria do homem; a segunda,
dos animais. [...] Ao príncipe torna-se necessário,
303. Um príncipe não deve, pois, temer a má fama porém, saber empregar convenientemente o animal e
de cruel, desde que por ela mantenha seus súditos o homem. [...] Sendo, portanto, um príncipe
unidos e leais, pois que, com poucos exemplos, ele obrigado a bem servir-se da natureza da besta, deve
será mais piedoso que aqueles que, por excessiva dela tirar as qualidades da raposa e do leão, pois este
piedade, deixam acontecer as desordens das quais não tem defesa alguma contra os laços, e a raposa,
resultam assassínios ou rapinagens: porque estes contra os lobos. Precisa, pois, ser raposa para
costumam prejudicar a comunidade inteira, enquanto conhecer os laços e leão para aterrorizar os lobos. Os
aquelas execuções que emanam do príncipe atingem que se fizerem unicamente de leões não serão bem-
apenas um indivíduo. sucedidos. Por isso, um príncipe prudente não pode
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nem deve guardar a palavra dada quando isso se lhe dos reinados, baseada na autoridade suprema do
torne prejudicial e quando as causas que o Papa.
determinaram cessem de existir”. E) a política econômica das monarquias europeias
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Tradução de Lívio Xavier. São estava apoiada no capitalismo monopolista
Paulo: Nova Cultural, 1993, cap, XVIII, p.101-102. financeiro, que possibilitou lucros vultosos bem
Com base no texto e nos conhecimentos sobre O como um processo neocolonialista de conquista.
Príncipe de Maquiavel, assinale a alternativa correta:
a) Os homens não devem recorrer ao combate pela 306. (...) O trono real não é o trono de um homem,
força porque é suficiente combater recorrendo-se à mas o trono do próprio Deus. Os reis são deuses e
lei. participam de alguma maneira da independência
b) Um príncipe que interage com os homens, divina. O rei vê de mais longe e de mais alto; deve-se
servindo-se exclusivamente de qualidades morais, acreditar que ele vê melhor, e deve obedecer-se-lhe
certamente terá êxito em manter-se no poder. sem murmurar, pois o murmúrio é uma disposição
c) O príncipe prudente deve procurar vencer e para a sedição.
conservar o Estado, o que implica o desprezo aos (Jacques Bossuet (1627-1704), Política tirada da Sagrada Escritura)
valores morais. Com base no texto, assinale a alternativa correta.
d) Para conservar o Estado, o príncipe deve sempre a) O autor critica o absolutismo do rei e afirma que
partir e se servir do bem. seu poder e autoridade tem limites em relação aos
e) Para a conservação do poder, é necessário admitir homens.
a insuficiência da força representada pelo leão e a b) Para Bossuet, o poder real é um poder divino e
importância da habilidade da raposa. não admite nenhum tipo de oposição dos homens.
Rebelar-se contra o Rei é rebelar-se contra Deus.
6. FORMAÇÃO DO ESTADO c) Os princípios de Bossuet defendem que os
homens tem mais poderes divinos do que o próprio
305. [...] O rei fora um aliado forte das cidades na Rei.
luta contra os senhores. Tudo o que reduzisse a força d) O autor reconhece o direito humano de revolta
dos barões fortalecia o poder real. Em recompensa contra o Rei que não se mostre digno de sua função.
pela sua ajuda, os cidadãos estavam prontos a auxiliá-
lo com empréstimos em dinheiro. Isso era 307. “...o príncipe, que trabalha para o seu Estado,
importante, porque com o dinheiro o rei podia trabalha para os seus filhos, e o amor que tem pelo
dispensar a ajuda militar de seus vassalos. Podia seu reino, confundindo com o que tem pela sua
contratar e pagar um exército pronto, sempre a seu família, torna-se-lhe natural... O rei vê de mais longe
serviço, sem depender da lealdade de um senhor. e de mais alto; deve acreditar-se que ele vê melhor...”
Seria também um exército melhor, porque tinha uma (BOSSUET, Jacques de. Política tirada da sagrada escritura.
única ocupação: lutar. Os soldados feudais não Livro II, 10ª proposição e Livro VI, artigo 1º)
tinham preparo, nem organização regular que lhes O trecho anterior se refere ao absolutismo
permitisse atuar em conjunto, com harmonia. Por monárquico, que se constituiu no próprio modelo
isso, um exército pago para combater, bem treinado dos regimes políticos dos Estados europeus do
e disciplinado, e sempre pronto quando dele se antigo regime. Apresentou variáveis locais conforme
necessitava, constituía um grande avanço. se expandia na Europa, entre os séculos XVI e
(HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. Rio de XVIII. Entretanto, podemos identificar no
Janeiro: Zahar, 1977. p. 80-81.) absolutismo monárquico características comuns que
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o o distinguiam, dentre as quais destacamos
período da formação dos Estados Nacionais, é corretamente a (s)
correto afirmar que A) unificações de diversas atribuições de Estado e de
A) a organização de exércitos sob o comando do rei governo na figura dos monarcas, tais como a
não contribuiu para o processo de formação dos prerrogativa de legislar e a administração da justiça
Estados Nacionais. real.
B) a decadência da burguesia possibilitou o B) substituição de um tipo de administração baseada
fortalecimento do poder real e a constituição dos na distribuição de privilégios e concessões régias por
Estados Nacionais europeus. uma organização burocrática profissional que atuava
C) a teoria política do período sacralizou a figura do em atividades desvinculadas do Estado.
monarca, já que afirmava serem os reis escolhidos C) implementação de práticas econômicas liberais
por Deus para exercer o governo. como forma de consolidar a aliança política e
D) com os Estados Nacionais constituídos, a Igreja econômica dos reis absolutos com as burguesias
continuou a ocupar um espaço importante dentro nacionais.
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D) submissão política dos governos reais absolutistas com esse senhor, mas entre si. É entre si que
à hierarquia eclesiástica, conforme definido pela renunciam, em proveito desse senhor, a todo o
doutrina do Direito Divino dos Reis. direito e toda liberdade nocivos à paz.
E) definição da autoridade dos monarcas absolutos e CHEVALLIER, J. J. As grandes obras políticas de
seus limites de poder, através da atuação dos Maquiavel a nossos dias. Rio de Janeiro: Agir, 1995.
parlamentos nacionais constitucionalistas, A proposta de organização da sociedade apresentada
controlados por segmentos burgueses. no texto encontra-se fundamentada na
A) imposição das leis e na respeitabilidade ao
308. Thomas Morus, em sua obra Utopia, criou uma soberano.
analogia para a sociedade de sua época. Nessa B) abdicação dos interesses individuais e na
representação da sociedade, caracterizada pelo caos, legitimidade do governo.
ovelhas se alimentavam de seres humanos, C) alteração dos direitos civis e na representatividade
explicitando, dessa forma, um rompimento do do monarca.
equilíbrio social, no século XVIII. D) cooperação dos súditos e na legalidade do poder
Com base nos conhecimentos sobre as democrático.
transformações históricas ocorridas nesse período, E) mobilização do povo e na autoridade do
assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a parlamento.
denominação da fase do sistema produtivo e a nação
correspondente nesse processo. 311. A natureza fez os homens tão iguais, quanto às
a) Plantations – Alemanha. faculdades do corpo e do espírito, que, embora por
b) Dominium – Itália. vezes se encontre um homem manifestadamente
c) Servidão – Portugal. mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que
d) Corveia – França. outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto
e) Cercamentos – Inglaterra. em conjunto, a diferença entre um e outro homem
não é suficientemente considerável para que um
7. THOMAS HOBBES deles possa com base nela reclamar algum benefício a
que outro não possa igualmente aspirar.
HOBBES. T. Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
309. Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade
Para Hobbes, antes da constituição da sociedade
real para suspender as leis ou seu cumprimento.
Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa civil, quando dois homens desejavam o mesmo
sem o concurso do Parlamento, sob pretexto de objeto, eles
prerrogativa, ou em época e modo diferentes dos a) entravam em conflito.
designados por ele próprio. b) recorriam aos clérigos.
Que é indispensável convocar com frequência os c) consultavam os anciãos.
Parlamentos para satisfazer os agravos, assim como d) apelavam aos governantes.
para corrigir, afirmar e conservar leis. e) exerciam a solidariedade.
Declaração de Direitos. Disponível em:
http://disciplinas.stoa.usp.br. Acesso em: 20 dez. 2011. 312. A importância do argumento de Hobbes está
No documento de 1689, identifica-se uma em parte no fato de que ele se ampara em suposições
particularidade da Inglaterra diante dos demais bastante plausíveis sobre as condições normais da
Estados europeus na Época Moderna. A vida humana. Para exemplificar: o argumento não
peculiaridade inglesa e o regime político que supõe que todos sejam de fato movidos por orgulho
predominavam na Europa continental estão e vaidade para buscar o domínio sobre os outros;
indicados, respectivamente, em: essa seria uma suposição discutível que possibilitaria
a) Redução da influência do papa - Teocracia. a conclusão pretendida por Hobbes, mas de modo
b) Limitação do poder do soberano - Absolutismo. fácil demais. O que torna o argumento assustador e
c) Ampliação da dominação da nobreza - República. lhe atribui importância e força dramática é que ele
d) Expansão da força do presidente - acredita que pessoas normais, até mesmo as mais
Parlamentarismo. agradáveis, podem ser inadvertidamente lançadas
e) Restrição da competência do congresso - nesse tipo de situação, que resvalará, então, em um
Presidencialismo. estado de guerra.
RAWLS, J. Conferências sobre a história da filosofia política.
São Paulo: WWF, 2012.
310. Hobbes realiza o esforço supremo de atribuir ao
contrato uma soberania absoluta e indivisível. Ensina O texto apresenta uma concepção da filosofia
que, por um único e mesmo ato, os homens naturais política conhecida como
constituem-se em sociedade política e submetem-se a a) alienação ideológica.
um senhor, a um soberano. Não firmam contrato b) microfísica do poder.
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a) Segundo Hobbes, o estado de natureza se 319. “O fim último, causa final e desígnio dos
confunde com o estado de guerra, pois ambos são homens (que amam a liberdade e o domínio sobre os
uma condição original da existência humana. outros), ao introduzir aquela restrição sobre si
b) Para Hobbes, o direito dos homens a todas as mesmos sob a qual os vemos viver nos Estados, é o
coisas está desvinculado da guerra de todos contra cuidado com sua própria conservação e com uma
todos. vida mais satisfeita.”
c) Segundo Hobbes, é necessário que a condição HOBBES, T. Leviathan, São Paulo: Abril Cultural, 1978. p.
humana seja analisada sempre como se os homens 103.
vivessem em sociedade. Assinale a alternativa correta, de acordo com o
d) Segundo Hobbes, não há vínculo entre o estado pensamento de Hobbes.
de natureza e a sociedade civil. a) Viver fora de um Estado é o desígnio final de
muitos homens.
317. Segundo Thomas Hobbes, o estado de natureza b) A vida mais satisfeita é alcançada pelo exercício
é caracterizado pela “guerra de todos contra todos”, sem limites da liberdade.
porque, não havendo nenhuma regra ou limite, todos c) A restrição que os homens impõem a sua própria
têm direito a tudo o que significa que ninguém terá liberdade é compatível com sua vivência sob um
segurança de seus bens e de sua vida. A saída desta Estado.
situação é o pacto ou contrato social, “uma d) Os homens não se preocupam com sua
transferência mútua de direitos”. conservação, mas em construir um Estado para ter
HOBBES, T. Leviatã. Coleção Os Pensadores. Trad. João P. uma vida melhor.
Monteiro e Maria B. N. da Silva. São Paulo: Nova Cultural,
1988, p. 78-80. 320. “É um dito corrente que todas as leis silenciam
Com base nestas informações e nos seus em tempos de guerra, e é verdade, não apenas se
conhecimentos sobre a obra de Hobbes, assinale a falarmos de leis civis, mas também naturais [...] E
alternativa que caracteriza o pacto social. entendemos que tal guerra é de todos os homens
a) Pelo pacto social, cria-se o Estado, que continua contra todos os homens.”
sendo uma mera reunião de indivíduos somente com HOBBES, Thomas. Do Cidadão. Trad. Raul
laços de sangue. Fiker.São Paulo: Edipro, 2016, p. 83s.
b) Pelo pacto social, a multidão de indivíduos passa a O Texto de Hobbes se refere a um estado de guerra
constituir um corpo político, uma pessoa artificial: o de todos contra todos, que enseja, pelo medo da
Estado. morte, um estado civil. O nome dado por Hobbes a
c) Pelo pacto social, cria-se o Estado, mas os esse estado anterior ao pacto social é
indivíduos que o compõem continuam senhores de A) Leviatã.
sua liberdade e de suas propriedades. B) Sociedade Civil.
d) O pacto social pressupõe que o Estado deverá C) Estado de Natureza.
garantir a segurança dos cidadãos, mas em nenhum D) Lei Natural.
momento fará uso da força pública para isso.
321. Um dos argumentos em favor do direito amplo
318. Com base na teoria de Hobbes e no texto a ao armamento individual é o que afirma que cabe ao
seguir, marque a alternativa correta. próprio indivíduo, e não ao Estado, a proteção de
O que Hobbes quer dizer falando de “guerra de sua vida e de sua propriedade. Esse argumento pode
todos contra todos”, é que, sempre onde existirem as ser entendido, nos termos da filosofia de Thomas
condições que caracterizam o estado de natureza, Hobbes, como um “direito de natureza”, que o
este é um estado de guerra de todos os que nele se pensador inglês define no seguinte modo: “O direito
encontram. de natureza é a liberdade que cada homem possui de
BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes. Rio de Janeiro: Campus, usar seu próprio poder, da maneira que quiser, para
1991. p. 36. a preservação de sua própria natureza, ou seja, de
a) O estado de natureza e o estado de guerra estão sua vida; e consequentemente de fazer tudo aquilo
relacionados apenas a alguns homens. que seu próprio julgamento e razão lhe indiquem
b) Hobbes caracteriza a “guerra de todos contra como meios adequados a esse fim”.
todos” como algo que pode sempre existir. HOBBES, Thomas. Leviatã, Parte I, cap. XIV. Trad. br.
c) A “guerra de todos contra todos” independe de Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da
condições para existir. Silva. São Paulo: Abril Cultural, 1983 – adaptado.
d) O estado de natureza caracteriza-se pela ausência Com base na definição acima, considere as
de guerra. seguintes afirmações:
I. O direito de natureza não garante a vida de
ninguém.
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II. O direito de natureza não garante a propriedade C) Hobbes, da mesma maneira que seus
individual. contemporâneos, entendia que o estado de guerra de
III. O direito de natureza é igual para todos. todos contra todos era determinado pelo
É correto o que se afirma em absolutismo, pela soberania absoluta que deveria ser
A) I e II apenas. combatida.
B) I e III apenas. D) Hobbes defendia que a rivalidade de cada um
C) II e III apenas. com cada um era a condição natural da
D) I, II e III. humanidade. Uma nova arte política baseada na
renúncia de direito natural e no medo de punição
322. O fim último, causa final e desígnio dos foi a solução.
homens, ao introduzir uma restrição sobre si
mesmos sob a qual os vemos viver nos Estados, é o 324. Leia atentamente o seguinte trecho do texto
cuidado com sua própria conservação e com uma Hobbesiano, que se refere a um pacto entre
vida mais satisfeita; quer dizer, o desejo de sair da “contratantes” em estado de natureza:
mísera condição de guerra que é a consequência “Quando se faz um pacto em que ninguém cumpre
necessária das paixões naturais dos homens, como o imediatamente sua parte, e uns confiam nos outros,
orgulho, a vingança e coisas semelhantes. É na condição de simples natureza (que é uma
necessário um poder visível capaz de mantê-los em condição de guerra de todos os homens contra todos
respeito, forçando-os, por medo do castigo, ao os homens), a menor suspeita razoável torna nulo
cumprimento de seus pactos e ao respeito às leis, que este pacto. Mas se houver um poder comum situado
são contrárias a nossas paixões naturais. acima dos contratantes, com direito e força
HOBBES, T. M. Leviatã. São Paulo: Nova Cultural, suficientes para impor seu cumprimento, ele não é
1999 (adaptado). nulo”.
Para o autor, o surgimento do estado civil estabelece HOBBES, Thomas. LEVIATÃ ou matéria, forma e poder de
as condições para o ser humano um estado eclesiástico e civil. Trad. João P. Monteiro e Maria
A) internalizar os princípios morais, objetivando a B. Nizza. 3ª Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
satisfação da vontade individual. No que diz respeito ao estado de natureza, como
B) aderir à organização política, almejando o mencionado, considere as seguintes afirmações:
estabelecimento do despotismo. I. Entre o estado de natureza e o estado civil (ou
C) aprofundar sua religiosidade, contribuindo para o estado de sociedade), há uma relação de
fortalecimento da Igreja. contraposição, pois o estado de sociedade surge
D) assegurar o exercício do poder, com o resgate da como antítese corretiva ao estado de natureza.
sua autonomia. II. A passagem do estado de natureza ao estado de
E) obter a situação de paz, com a garantia legal do sociedade ocorre espontaneamente, ou seja, como
seu bem-estar. decorrência do processo de propensão natural dos
indivíduos ao consenso.
323. Atente para a seguinte citação que, em parte, III. O estado de natureza é um estado cujos
reflete a concepção hobbesiana sobre a origem do elementos constitutivos são os indivíduos singulares,
ordenamento social: livres e iguais, mas que vivem uma vida solitária,
“Devemos, portanto, concluir que a origem de todas cruel e animalesca, da qual precisam
as grandes e duradouras sociedades não provém da escapar.
boa vontade recíproca que os homens tivessem uns É correto o que se afirma em
para com os outros, mas do medo recíproco que uns A) I e III apenas.
tinham dos outros”. B) II e III apenas.
HOBBES, Thomas. Do cidadão. São Paulo: Martins Fontes, C) I e II apenas.
1992. P.32. D) I, II e III.
Com base na citação acima e atentando para a
compreensão que possuía Thomas Hobbes a respeito 325. O filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679)
da origem da sociedade, é correto afirmar que afirma que os seres humanos, na condição de
A) Hobbes, em concordância com os pensadores da natureza, não possuiriam o mínimo senso moral e
antiguidade grega, entendia a sociabilidade como da viveriam a disposição permanente para a guerra,
natureza humana, boa em sua origem, mas tornada sendo a vida, nessas circunstâncias, miserável e bruta.
má pela corrupção dos valores. Renunciando, então, à sua liberdade, os homens
B) Hobbes, diferente de Locke, não aceitava a fundam a sociedade mediante um pacto que transfere
distinção entre estado de natureza e estado civil. Para poder ao Estado, cuja autoridade, de acordo com
ele, os indivíduos eram obrigados a se submeter a um esse filósofo, deve ser absoluta.
soberano e, assim, tornavam-se cidadãos.
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Identifique a alternativa correta sobre o conceito de suficiente de sua vontade, para usar como critério de
justiça na teoria de Hobbes. distinção entre o bem e o mal”.
a) A justiça realiza-se na vigência do pacto social que b) “a lei que o deixa livre para caminhar para
possibilita a segurança e a prosperidade da vida em qualquer direção, pois há um conjunto de leis
sociedade. Esse contrato social, por sua vez, apenas é naturais que estabelece os limites para uma vida em
viável sob o poder absoluto do Estado, órgão capaz sociedade”.
de reprimir as inclinações destrutivas dos indivíduos, c) “reguladora e protetora dos direitos humanos, e
dado que estes, abandonados à sua natureza, não são faz intervenção na ordem social para legitimar as
portadores da noção de justiça. relações externas da vida do homem em
b) A justiça é um dado da natureza humana, sociedade”.
dissolvendo-se, porém, com o estabelecimento do d) “calcada na arbitrariedade individual, em que as
contrato social entre os seres humanos. Afinal, pessoas buscam entrar num Estado Civil, em
renunciando à sua liberdade em favor de sua consonância com o direito natural, no qual ele – o
segurança, os indivíduos transferem a súdito – tem direito sobre a sua vida, a sua liberdade
responsabilidade de todas as decisões ao Estado e, e os seus bens”.
consequentemente, ficam desprovidos de seus
valores morais naturais e de sua capacidade inata de 328. Que seja portanto ele a considerar-se a si
se conduzir de maneira justa em sociedade. mesmo, que quando empreende uma viagem se arma
c) A justiça realiza-se com a criação do poder político e procura ir bem acompanhado; que quando vai
estatal, posto que este é concebido como uma dormir fecha suas portas; que mesmo quando está
associação de proprietários equipada para proteger os em casa tranca seus cofres; e isso mesmo sabendo
direitos individuais inalienáveis dos seres humanos, que existem leis e funcionários públicos armados,
segundo os quais cada homem é proprietário de si prontos a vingar qualquer injúria que lhe possa ser
mesmo e, portanto, executor da justiça na luta contra feita.
os crimes que afetam a humanidade. (HOBBES. Leviatã. Trad. J. P. Monteiro e M. B. N. da Silva.
d) A justiça confunde-se com a agressividade natural São Paulo: Abril Cultural, 1974. p. 80.)
dos seres humanos, realizando-se nas infindáveis O texto de Hobbes diverge de uma ideia central da
disputas que caracterizam a condição de natureza. filosofia política de Aristóteles. Assinale a alternativa
Sendo assim, a efetivação da plena humanidade sob que identifica essa ideia aristotélica.
o contrato social cumpre-se precisamente na a) É inerente à condição humana viver segundo as
renúncia aos ideais de justiça entre os homens. condições adversas do estado de natureza.
e) A justiça é uma noção que não diz respeito ao b) A sociabilidade se configura como natural aos
poder político do Estado, pois este se ocupa seres humanos.
exclusivamente de questões práticas que concernem c) Os homens, no estado civil, perdem a bondade
à viabilização da vida em sociedade. Assim, conceitos originária do homem natural.
como justo e injusto pertencem ao âmbito das d) A insociável sociabilidade é característica imanente
relações privadas e devem ser objeto de reflexão às ações humanas.
dirigida pelas instituições religiosas. e) O Estado é incapaz de prover a segurança dos
súditos.
326. Referindo-se à liberdade dos súditos, Thomas
Hobbes diz que a Liberdade é 329. “Designar um homem ou uma assembleia de
a) vivenciar a Política no espaço público, respeitando homens como portador de suas pessoas, admitindo-
as diversas espécies de governo por Instituição e da se e reconhecendo-se cada um como autor de todos
sucessão do poder soberano. os atos que aquele que assim é portador de sua
b) fazer tudo o que nos apraz, sem considerar o pessoa praticar ou levar a praticar, em tudo o que
domínio paterno e despótico. disser respeito à paz e à segurança comuns; todos
c) em sentido próprio, a ausência de oposição, submetendo desse modo as suas vontades à vontade
entendendo por oposição os impedimentos externos dele, e as suas decisões à sua decisão. Isto é mais do
do movimento. que consentimento ou concórdia, é uma verdadeira
d) vivenciar as potencialidades da existência humana, unidade de todos eles, numa só e mesma pessoa,
estendendo-a para o campo da Política. realizada por um pacto de cada homem com todos
os homens, de um modo que é como se cada homem
327. Thomas Hobbes afirma que “Lei Civil”, para dissesse a cada homem: Autorizo e transfiro o meu direito
todo súdito, é de me governar a mim mesmo a este homem, ou a esta
a) “construída por aquelas regras que o Estado lhe assembleia de homens, com a condição de transferires para ele o
impõe, oralmente ou por escrito, ou por outro sinal teu direito, autorizando de uma maneira semelhante todas as
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suas ações. Feito isso, a multidão assim unida numa só oponha à exploração que é própria das sociedades
pessoa chama-se República, em latim Civitas” capitalistas.
(HOBBES, T. Leviatã In: Antologia de textos filosóficos, Curitiba: E) O estado de natureza, conforme o caracteriza
SEED-PR, 2009, p. 364-365). Hobbes, é marcado pelo medo do Leviatã.
A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
01) A República proposta pressupõe a renúncia à 331. Thomas Hobbes explica a origem da sociedade
liberdade política dos homens. e do Estado mediante a ideia de um pacto ou acordo
02) O consentimento que funda a República não é entre os indivíduos para regulamentar o convívio
mera passividade, mas exige aceitação e participação social e garantir a paz e a segurança de todos. Sobre a
na comunidade política. teoria política de Thomas Hobbes, assinale o que for
04) A República é como um indivíduo que governa o correto.
conjunto ou a assembleia dos contratantes. 01) Segundo Thomas Hobbes, no estado de
08) Essa noção de República funda-se na natureza, o comportamento dos homens é pacífico, o
transferência do direito de autogoverno em nome da que é condição para instauração do pacto de respeito
assembleia, que terá por missão preservar a união de mútuo às liberdades individuais.
todos. 02) Segundo Thomas Hobbes, no estado de
16) O pacto social que funda a República não se faz natureza, o homem dispõe de toda liberdade e poder
entre indivíduos, mas de cada indivíduo com o para realizar tudo quanto sua força ou astúcia lhe
restante do corpo político. permitir.
04) Segundo Thomas Hobbes, o Estado é a unidade
330. “(...) Durante o tempo em que os homens formada por uma multidão de indivíduos que
vivem sem um poder comum capaz de os manter a concordaram em transferir seu direito de governarem
todos em respeito, eles se encontram naquela a si mesmos à pessoa ou à assembleia de pessoas que
condição a que se chama guerra; e uma guerra que é os represente e que possa assegurar a paz e o bem
de todos os homens contra todos os homens” comum.
HOBBES. Leviatã. Cap. XIII.
08) Na obra Leviatã, para caracterizar o Estado,
“Diz-se que um Estado foi instituído quando uma
Thomas
multidão de homens concordam e pactuam, cada um
Hobbes utiliza a figura do Novo Testamento, o
com cada um dos outros, que a qualquer homem ou
Leviatã, cuja função é salvar os homens do poder
assembléia de homens a quem seja atribuído pela
despótico dos reis.
maioria o direito de representar a pessoa de todos
16) Segundo Thomas Hobbes, o Estado não dispõe
eles (ou seja, de ser seu representante), todos sem
de poder absoluto algum. É ilegítimo o uso da força
exceção, tanto os que votaram a favor dele como os
pelo soberano para constranger os súditos, pois o
que votaram contra ele, deverão autorizar todos os
controle do poder instituído, como o próprio poder,
atos e decisões desse homem ou assembléia de
deve assentar-se no acordo e no convencimento.
homens, tal como se fossem seus próprios atos e
decisões, a fim de viverem em paz uns com os outros
332. Em Hobbes, é CORRETO afirmar que
e serem protegidos dos restantes homens. É desta
derivação dos direitos do soberano por instituição, é
instituição do Estado que derivam todos os direitos e
a) do poder das assembleias democráticas de caráter
faculdades daquele ou daqueles a quem o poder
participativo popular que nasce o poder do soberano,
soberano é conferido mediante o consentimento do
dado que seus participantes são obrigados pelo pacto
povo reunido”
HOBBES. Leviatã. Cap. XVIII. a reconhecer a legitimidade do Estado absolutista.
Considerando as duas passagens da obra O Leviatã, é b) por meio da instituição do Parlamento, que deriva
CORRETO afirmar. todo o poder do soberano, bem como todas as
A) Os homens já nascem em sociedade onde vivem funções daqueles que com ele administram o pacto,
de modo harmonioso, na medida em que cooperam criado e mantido pelo consentimento.
uns em relação aos outros. c) da criação de magistraturas que nascem os direitos
B) Os homens vivem em estado de natureza e é e os deveres do soberano, sustentados pelo pacto
preciso estabelecer um pacto social para a formação alcançado por uma vontade geral.
do Estado. d) da instituição do Estado que derivam todos os
C) O estado de natureza é um estado pacífico, em direitos e faculdades daquele ou daquelas a quem o
que reina a harmonia entre os homens e nenhum poder soberano é conferido mediante o
deles está preocupado com aquilo que é do outro. consentimento do povo reunido.
D) Para ascender ao Estado civil, é necessária a
constituição de um partido revolucionário que se 333. “Este poder soberano pode ser adquirido de
duas maneiras. Uma delas é a força natural, como
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vias diversas e não considerarmos as mesmas (DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
coisas.” p.93.)
DESCARTES, René. Discurso do método, I. Tradução de J. O desejo de evitar o erro, o caos e buscar a certeza, a
Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Abril Cultural, ordem, por meio de um método de conhecimento,
1979. Coleção Os Pensadores. são marcas distintivas da modernidade.
Tomando-se por base o que diz Descartes na citação A respeito do problema do conhecimento e do
acima, explica-se a diversidade de opiniões em que método em René Descartes, assinale a alternativa
I. alguns são mais racionais do que os outros. correta.
II. usamos de modos distintos nossa razão. a) A decisão de tentar desfazer-se das opiniões
III. as emitimos sobre coisas diferentes. duvidosas e incertas ampara-se em uma revelação
Estão corretas as complementações contidas em divina, pois, ao pensar, o homem encontra Deus na
A) I e III apenas. origem do próprio pensamento, sendo Ele a primeira
B) I e II apenas. certeza fundadora da ciência.
C) I, II e III. b) A dúvida é uma espécie de afecção episódica que
D) II e III apenas. toma conta dos que pensam demasiadamente no
problema dos fundamentos do conhecimento, mas
348. Relacione, corretamente, os pensadores com cuja concepção e prática possuem uma importância
seus respectivos pensamentos acerca da forma como limitada.
o conhecimento da realidade se verifica, numerando c) A dúvida metódica pretendia inviabilizar a
os parênteses abaixo, de acordo com a seguinte metafísica, uma vez que certezas científicas e
indicação: verdades metafísicas, além de possuírem âmbitos de
1. Immanuel Kant vigência distintos, também dizem respeito a
2. Karl Marx domínios excludentes do conhecimento.
3. Renè Descartes d) O método é um procedimento por meio do qual
4. G.W.F Hegel os dados da experiência são acolhidos, tratados
( ) A reflexão filosófica deve partir de um cientificamente e, após o processo de depuração e de
exame da formação da consciência e a experiência da crítica, são recolocados em sua relação com o
consciência não é só uma experiência teórica: é mundo, transformando nossos juízos.
necessariamente histórica. e) A decisão inaugural a ser radicalizada pela dúvida,
( ) Não é a consciência que determina a vida, tornada metódica, por meio da qual surgirá a certeza,
mas a vida que determina a consciência. É a ideologia é o ponto de partida da crítica à tradição, seja na
a responsável por produzir uma alienação da figura dos conhecimentos incertos ou das falsas
consciência humana de sua situação real. opiniões.
( ) É sempre possível duvidar de um princípio,
questionar as bases de uma teoria. É preciso colocar 350. E se escrevo em francês, que é a língua de meu
em questão todo o conhecimento adquirido. país, e não em latim, que é a de meus preceptores, é
( ) O conhecer é um ato de autodeterminação porque espero que aqueles que se servem apenas de
do sujeito, é anterior a toda experiência, e trata não sua razão natural inteiramente pura julgarão melhor
tanto dos objetos, mas dos conceitos a priori sobre minhas opiniões do que aqueles que não acreditam
os objetos. senão nos livros dos antigos. E quanto aos que unem
A sequência correta, de cima para baixo, é: o bom senso ao estudo, os únicos que desejo para
A) 1, 3, 2, 4. meus juízes, não serão de modo algum, tenho
B) 3, 1, 4, 2. certeza, tão parciais a favor do latim que recusem
C) 4, 2, 3, 1. ouvir minhas razões, porque as explico em língua
D) 2, 4, 1, 3. vulgar.
DESCARTES, R. Discurso do Método. Trad. J. Guinsburg e Bento
349. Há já algum tempo eu me apercebi de que, Prado Jr. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Coleção “Os
desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas pensadores”. p. 79.
opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que Com base nos conhecimentos sobre Descartes e o
depois eu fundei em princípios tão mal assegurados surgimento da filosofia moderna, assinale a
não podia ser senão mui duvidoso e incerto; de alternativa correta.
modo que me era necessário tentar seriamente, uma a) A língua vulgar, o francês, expressa de modo mais
vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões adequado o espírito da modernidade por estar livre
a que até então dera crédito, e começar tudo dos preconceitos da língua dos doutos, o latim.
novamente desde os fundamentos, se quisesse b) Redigir o Discurso do Método em francês teve
estabelecer algo de firme e de constante nas ciências. propósito similar à tradução da bíblia para o alemão
feita por
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a) é fictícia ou inventada e composta. necessário situar alguns pontos básicos, a partir dos
b) é inata ou congênita e composta. quais se desenvolve a reflexão.
c) é adventícia ou empírica e simples. O pensamento de Descartes toma como base a
d) é inata ou congênita e simples. ( ) coisa exterior à alma, que não é um símbolo, e é
entendida, primeiro, pelo conhecimento.
356. Observe a imagem abaixo. ( ) busca de fundamentos sólidos para a ciência, a
transição da consciência subjetiva para o
conhecimento.
( ) defesa de uma ciência fundamentada em um
procedimento que avalia e descarta toda dúvida.
( ) relação existencial do homem com o mundo,
consigo mesmo e com Deus.
A alternativa que indica a sequência correta, de cima
para baixo, é a
A) V V F F
B) F V V F
C) F F V F
D) V F F V
E) V V V V
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então em minha crença e começar tudo novamente seriamente e com liberdade em destruir em geral
desde os fundamentos, se eu quisesse estabelecer todas as minhas antigas opiniões”.
alguma coisa de firme e de constante nas ciências.” DESCARTES, R. Meditações metafísicas in MARCONDES, D.
(DESCARTES, R. Meditações sobre a filosofia primeira. In: Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 74.
MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, Com base no texto citado, assinale o que for correto.
p. 153). 01) Para Descartes, muitas opiniões que recebeu são
A partir do texto citado, assinale o que for correto. falsas visto que não foram elaboradas pelo método
01) A verdadeira ciência ou conhecimento verdadeiro que está propondo, mas a partir de pressupostos
deve refutar toda e qualquer crença ou religião. duvidosos e incertos.
02) O início do processo filosófico de descoberta da 02) Para Descartes, o primeiro momento do
verdade começa com a instauração da dúvida. processo de obtenção da verdade é o
04) O espírito de investigação filosófica busca questionamento das opiniões que se tem.
alicerces firmes, que não foram dados pelo modo 04) Para Descartes, é necessário libertar o espírito
como se adquiria o conhecimento até então. das ideias falsas, para que elas não atrapalhem a
08) A dúvida sobre o conhecimento que se tem obtenção da verdade.
decorre das opiniões e dos saberes mal apreendidos 08) Descartes está fazendo uma crítica à sua
na escola. formação escolar, que era muito ruim na França do
16) Os alicerces firmes do conhecimento devem século XVII, pois estudou em colégios de religiosos.
estar além das opiniões das autoridades acadêmicas. 16) Para Descartes, nunca haverá tranquilidade no
espírito, pois sempre se estará questionando o
360. “Porém, logo em seguida, percebi que, ao conhecimento que se tem.
mesmo tempo que eu queria pensar que tudo era
falso, fazia-se necessário que eu, que pensava, fosse 362. Para o racionalismo, a razão é a verdadeira fonte
alguma coisa. E, ao notar que esta verdade: eu penso, do conhecimento.
logo existo, era tão sólida e tão correta que as mais De acordo com essa afirmativa, os filósofos que
extravagantes suposições dos céticos não seriam podem ser considerados racionalistas são
capazes de lhe causar abalo, julguei que podia A) Locke, Plotino e Hume.
considerá-la, sem escrúpulo algum, o primeiro B) Kant, Aristóteles e Nietzsche.
princípio da filosofia que eu procurava.” C) Platão, Descartes e Karl Marx.
(DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Nova D) Descartes, Malebranche e Hume.
Cultural, 2004, p. 62).
E) Platão, Santo Agostinho e Descartes.
A partir do texto citado, assinale o que for correto.
01) A intenção primeira da filosofia de Descartes era
363. A substância é um Ser capaz de Ação. Ela é
a refutação dos céticos.
simples ou composta. A substância simples é aquela que
02) Descartes buscava um fundamento seguro
não tem partes. O composto é a reunião das
racionalmente para elaborar sua filosofia.
substâncias simples ou Mônadas. Monas é uma palavra
04) “Eu penso, logo existo” era uma afirmação
grega que significa unidade ou o que é uno. Os
extravagante dos céticos.
compostos ou os corpos são Multiplicidades, e as
08) Descartes sempre pensou que tudo era falso,
Substâncias simples, as Vidas, as Almas, os Espíritos
inclusive a ideia “eu penso, logo existo”.
são unidades. É preciso que em toda parte haja
16) O princípio primeiro da filosofia de Descartes
substâncias simples porque sem as simples não
está no pensamento individual que fundamenta a
haveria as compostas, nem movimento. Por
existência humana.
conseguinte, toda natureza está plena de vida.
LEIBNIZ, G. W. Discurso de metafísicas e outros textos.
361. “Há já algum tempo eu me apercebi de que, São Paulo: Matins Fontes, 2004 (adaptado).
desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas Dentre suas diversas reflexões, Leibniz voltou sua
opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que atenção para o tema da metafísica, que trata
depois eu fundamentei em princípios tão mal basicamente do fundamento de realidade das coisas
assegurados não podia ser senão muito duvidoso e do mundo. A busca por esse fundamento muitas
incerto; de modo que me era necessário tentar vezes é resumida a partir do conceito de substância,
seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de que para ele se refere a algo que é
todas as opiniões a que até então dera crédito, e A) complexo por natureza, constituindo a unidade
começar tudo novamente desde os fundamentos, se mínima do cosmo.
quisesse estabelecer algo de firme e de constante nas B) estabilizador da realidade, dada a exigência de
ciências. [...] Agora, pois, que meu espírito está livre permanência desta.
de todos os cuidados, e que consegui um repouso C) desdobrado no composto, em vez de gerá-lo
assegurado numa pacífica solidão, aplicar-me-ei unindo-se a outras substâncias simples.
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Quando o autor diz que Espinosa trata o problema 02) As coisas são consideradas más em função de sua
do Bem e do Mal de maneira inteiramente diversa, própria natureza.
podemos entender que: 04) As coisas más não reduzem a nossa potência de
a) Adotando o cristianismo afasta-se do judaísmo, agir.
seu berço teológico e moral. 08) A tristeza é causada pelos efeitos das coisas más.
b) A justa concepções religiosas e laicas de 16) O filósofo demonstra a contrariedade entre
moralidade, criando algo novo e inusitado. natureza humana e maldade.
c) Trata-se de uma questão de imoralidade radical.
d) O Bem o e o Mal não existem, o que existe são as 10. PASCAL
inclinações humanas baseadas em suas paixões, que
são naturais. 371. Nada acusa mais uma extrema fraqueza de
e) O Bem existe e o Mal não passa de um artifício espírito do que não conhecer qual é a infelicidade de
psico-religioso para intimidar o ser humano, fazendo um homem sem Deus; nada marca mais uma má
com o mesmo renuncie aos aspectos dionisíacos da disposição do coração do que não desejar a verdade
existência. das promessas eternas; nada é mais covarde do que
fazer-se de bravo contra Deus. Deixem então essas
369. A virtude é a própria potência do homem, que impiedades para aqueles que são bastante mal
se define exclusivamente pela essência dele [...], isto é nascidos para ser verdadeiramente capazes disso.
[...], que se define exclusivamente pelo esforço que o Reconheçam enfim que não há senão duas espécies
homem faz para perseverar em seu ser. Logo, quanto de pessoas a quem se possam chamar razoáveis: ou
mais alguém se empenha em conservar seu ser e tem os que servem a Deus de todo o coração porque o
poder para tal, mais é dotado de virtude. O contrário conhecem ou os que o buscam de todo o coração
acontece [...], na medida em que alguém desdenha porque não o conhecem.
(Blaise Pascal. Pensamentos, 2015. Adaptado.)
conservar seu ser, e por isso é impotente.
(ESPINOSA, B. Ética. In: MARCONDES, D. (org.). Textos O pensamento desse filósofo é nitidamente
básicos de ética: de Platão a Foucault. Rio de Janeiro: Jorge influenciado por uma ótica
Zahar, 2007, p. 75) a) científica.
É INCORRETO dizer que, para Espinosa, b) ateísta.
A) o ser humano que é virtuoso age conforme a c) antropocêntrica.
natureza. d) materialista.
B) o conceito de virtude liga-se ao de e) teológica.
autoconservação.
C) os homens, para alcançar a virtude, devem superar 372. "O homem não passa de um caniço, o mais
a sua tendência natural por meio do hábito. fraco da natureza, mas é um caniço pensante. Não é
D) os homens são virtuosos por essência. preciso que o universo inteiro se arme para esmagá-
E) um ser humano age contra a própria utilidade lo: um vapor, uma gota de água bastam para matá-lo.
somente sob a influência de causas externas que o Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem
corrompem. seria ainda mais nobre do que quem o mata, porque
sabe que morre e a vantagem que o universo tem
370. Diz Spinoza: “Proposição XXX: Nenhuma sobre ele; o universo desconhece tudo isso. Toda a
coisa pode ser má pelo que tem de comum com nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. Daí
nossa natureza, mas é má para nós na medida em que que é preciso nos elevarmos, e não do espaço e da
nos é contrária. Demonstração: Chamamos mau o duração, que não podemos preencher. Trabalhemos,
que é causa de Tristeza, isto é, o que diminui ou pois, para bem pensar; eis o princípio da moral. Não
reduz nossa potência de agir. Se portanto uma coisa, é no espaço que devo buscar minha dignidade, mas
pelo que tem de comum conosco, fosse má para nós, na ordenação de meu pensamento. Não terei mais,
essa coisa poderia diminuir ou reduzir o que tem de possuindo terras; pelo espaço, o universo me abarca
comum conosco, o que é absurdo. Coisa alguma e traga como um ponto; pelo pensamento, eu o
portanto pode ser má para nós pelo que tem de abarco".
comum conosco, mas, ao contrário, na medida em PASCAL, Blaise. Pensamentos. São Paulo: Abril Cultural, 1988.
que é má, isto é, na medida em que pode diminuir ou (Coleção Os Pensadores, Artigo VI, p. 347 - 348)
reduzir nossa potência de agir, ela nos é contrária.” No texto filosófico apresentado, escrito por Blaise
(Spinoza, in MARCONDES, Danilo. Textos básicos de Pascal, o pensador, ao criar a metáfora do caniço
Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 93). pensante, defende qual destas teses?
A partir do texto é correto afirmar: a) O homem está mais preocupado com o passado
01) Segundo o filósofo, é absurdo que uma coisa má e/ou com o futuro, esquecendo-se de viver o
tenha algo de comum conosco. presente.
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b) O ser humano é complexo, inconstante. Não sabe b) Rejeita a máxima “saber é poder” e compreende a
o que quer. ciência como meio de controle sobre os seres
c) O homem é crédulo, tímido, fraco, temerário. humanos.
d) O homem é tão fraco que até uma gota d`água c) Está voltado para o problema do método e para a
pode destruí-lo. defesa da experimentação.
e) O homem demonstra, ao mesmo tempo, grandeza d) Considera o acesso à verdade como um processo
e fragilidade. que resulta do método dialético e que parte dos
dados gerais para chegar ao particular.
11. LEIBNIZ e) Estrutura, assim como de Platão, sua “utopia
política”, tendo como base a sociedade organizada
373. A substância é um Ser capaz de Ação. Ela é em trabalhadores, soldados e governantes.
simples ou composta. A substância simples é aquela que
não tem partes. O composto é a reunião das 375. Segundo Francis Bacon, “são de quatro gêneros
substâncias simples ou Mônadas. Monas é uma palavra os ídolos que bloqueiam a mente humana. Para
grega que significa unidade ou o que é uno. Os melhor apresentá-los, lhes assinamos nomes, a saber:
compostos ou os corpos são Multiplicidades, e as Ídolos da Tribo; Ídolos da Caverna; Ídolos do Foro e
Substâncias simples, as Vidas, as Almas, os Espíritos Ídolos do Teatro”.
são unidades. É preciso que em toda parte haja BACON, F. Novum Organum. Tradução de José Aluysio Reis
substâncias simples porque sem as simples não de Andrade. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 21.
haveria as compostas, nem movimento. Por Com base nos conhecimentos sobre Bacon,
conseguinte, toda natureza está plena de vida. os Ídolos da Tribo são:
LEIBNIZ, G. W. Discurso de metafísicas e outros textos. a) Os ídolos dos homens enquanto indivíduos.
São Paulo: Matins Fontes, 2004 (adaptado). b) Aqueles provenientes do intercurso e da
associação recíproca dos indivíduos.
Dentre suas diversas reflexões, Leibniz voltou sua c) Aqueles que imigraram para o espírito dos homens
atenção para o tema da metafísica, que trata por meio das diversas doutrinas filosóficas.
basicamente do fundamento de realidade das coisas d) Aqueles que chegam ao espírito humano por meio
do mundo. A busca por esse fundamento muitas de regras viciosas de demonstração.
vezes é resumida a partir do conceito de substância, e) Aqueles fundados na própria natureza humana.
que para ele se refere a algo que é
A) complexo por natureza, constituindo a unidade 376. Segundo o filósofo inglês Francis Bacon (1561-
mínima do cosmo. 1626), o ser humano tem o direito de dominar a
B) estabilizador da realidade, dada a exigência de natureza e as técnicas; as ciências são os meios para
permanência desta. exercer esse poder.
C) desdobrado no composto, em vez de gerá-lo Que processo histórico pode ser diretamente
unindo-se a outras substâncias simples. associado a essas ideias?
D) considerado simples e múltiplo a um só tempo, a) Os ideais de retorno à vida natural.
por ser um todo indecomponível constituído de b) O bloqueio continental imposto à Europa por
partes. Napoleão Bonaparte.
E) essencial na estrutura do que existe no mundo, c) A Contrarreforma promovida pela Igreja
sem deixar de contribuir para o movimento. Católica.
d) O surgimento do estilo barroco nas artes.
12. BACON e) A Revolução Industrial.
374. [...] chamamos esses lugares de regiões 377. Leia atentamente o trecho a seguir, que é um
superiores. [...] Tais torres, conforme sua altura e fragmento do pensamento de Francis Bacon a
posição, servem para experimentos de isolamento, respeito do processo de conhecimento e da relação
refrigeração e conservação, e para as observações entre conhecimento contemplativo e conhecimento
atmosféricas, como o estudo dos ventos, da chuva, prático:
da neve, granizo e de alguns meteoros ígneos. “Efetivamente construímos no intelecto humano um
BACON, F. Nova Atlântida. São Paulo: Nova Cultural. 1997. modelo verdadeiro do mundo, tal qual foi
De acordo com o texto e os conhecimentos sobre os descoberto e não segundo o capricho da razão de
subtemas, pode-se afirmar que o pensamento de fulano ou beltrano. Porém, isso não é possível levar a
Francis Bacon: efeito, sem uma prévia e diligentíssima dissecção e
a) Reconhece e valoriza o distanciamento da anatomia do mundo. Por isso, decidimos correr com
realidade preconizado pelos autores da escolástica. todas essas imagens ineptas e simiescas que a fantasia
humana infundiu nos vários sistemas filosóficos.
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Saibam os homens como já antes dissemos a imensa d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a
distância que separa os ídolos da mente humana das natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos.
ideias da mente divina. Aqueles, de fato, nada mais e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos
são que abstrações arbitrárias; estas, ao contrário, são naturais e impor limites aos debates acadêmicos.
as verdadeiras marcas do Criador sobre as criaturas,
gravadas e determinadas sobre a matéria, através de 379. Dos parágrafos XLI ao XLIV de seu Novum
linhas exatas e delicadas. Por conseguinte, as coisas Organon: instauratio Magna, o inglês Francis Bacon
em si mesmas, neste gênero, são verdade e utilidade, (1561-1621), considerado o fundador da ciência
e as obras devem ser estimadas mais como garantia moderna, enumera os quatro ídolos da sua famosa
da verdade que pelas comodidades que propiciam à doutrina dos ídolos. São eles: tribo, caverna, mercado
vida humana”. e tetro. Com essa doutrina, Bacon pretende dar
BACON, Francis. Novum Organum ou Verdadeiras meios de depuração da razão para que possamos
Indicações Acerca da Interpretação da Natureza. Domínio confiar nos sentidos como meios de conhecimento
público (http://br.egroups.com/group/acropolis/)
do mundo. Com isso, podemos nos livrar de falsas
Levando em consideração o trecho acima e o
compreensões, ideias ilusórias, expectativas
pensamento de Francis Bacon, é correto
individuais e tradições enganosas, para extrair da
afirmar que
natureza, através da ciência experimental e da
A) a concepção baconiana de mundo está ligada à
verdadeira indução, as suas leis.
corrente racionalista que associa a ideia divina
A corrente de pensamento inaugurada por Bacon,
revelada ao processo de descoberta da verdade.
com essa doutrina, é denominada
B) Bacon defendia um modo de pensar mais atento
A)Empirismo.
às coisas, imune aos ídolos construídos pela mente
B) Idealismo.
humana quando destituída de um método de
C) Racionalismo.
abordagem do real.
D) Positivismo.
C) Francis Bacon defendia um empirismo de caráter
essencialmente contemplativo com submissão parcial
380. [· · · ] chamamos esses lugares de regiões
da experiência ao pensar especulativo.
superiores. [· · · ] Tais torres, conforme sua altura e
D) A filosofia de Francis Bacon reafirmou a
posição, servem para experimentos de isolamento,
importância da metafísica aristotélica como ponto
refrigeração e conservação, e para as observações
máximo do conhecimento puramente contemplador
atmosféricas, como o estudo dos ventos, da chuva,
da verdade.
da neve, granizo e de alguns meteoros ígneos.
(BACON, F. Nova Atlântida. São Paulo: Nova Cultural. 1997.)
378. Os produtos e seu consumo constituem a meta De acordo com o texto e os conhecimentos sobre os
declarada do empreendimento tecnológico. Essa subtemas, pode-se afirmar que o pensamento de
meta foi proposta pela primeira vez no início da Francis Bacon:
Modernidade, como expectativa de que o homem a) Reconhece e valoriza o distanciamento da
poderia dominar a natureza. No entanto, essa realidade preconizado pelos autores da escolástica.
expectativa, convertida em programa anunciado por b) Rejeita a máxima “saber é poder” e compreende a
pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado ciência como meio de controle sobre os seres
pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de humanos.
poder”, “de um mero imperialismo humano”, mas da c) Está voltado para o problema do método e para a
aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, defesa da experimentação.
física e culturalmente. d) Considera o acesso à verdade como um processo
CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três
enfoques, Scientiae Studia. São Paulo, v. 2 n. 4, 2004.
que resulta do método dialético e que parte dos
Autores da filosofia moderna, notadamente dados gerais para chegar ao particular.
Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem e) Estrutura, assim como o de Platão, sua “utopia
a ciência como uma forma de saber que almeja política”, tendo como base a sociedade organizada
libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse em trabalhadores, soldados e governantes.
contexto, a investigação científica consiste em
a) expor a essência da verdade e resolver 381. “Toda a obra de Francis bacon se destina a
definitivamente as disputas teóricas ainda existentes. substituir uma cultura do tipo retórico-literário por
b) oferecer a última palavra acerca das coisas que uma do tipo técnico-científico. Bacon está
existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia. perfeitamente consciente de que a realização deste
c) ser a expressão da razão e servir de modelo para programa de reforma comporta numa ruptura com a
outras áreas do saber que almejam o progresso. tradição. De que tal ruptura diz respeito não só ao
modo de pensar, mas também ao modo de viver dos
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homens. O tipo de discurso filosófico elaborado no d) A renúncia às noções que cada um possui é o
mundo clássico pressupõe, segundo Bacon, a princípio do método de investigação, que levará a ida
superioridade da contemplação sobre as obras, da aos fatos particulares.
resignação diante da natureza sobre a conquista da e) O método de interpretação da natureza propõe
natureza, da reflexão acerca da interioridade sobre a uma nova atitude com relação às coisas e uma nova
pesquisa voltada para os fatos e as coisas.” compreensão dos poderes do intelecto.
ROSSI, Paolo. Os filósofos e as máquinas:1400-700. São Paulo:
Companhia das Letras, 1989, p.75/adaptado. 383. TEXTO I
A passagem acima expõe a relação entre o Os segredos da natureza se revelam mais sob a
pensamento filosófico moderno, representado por tortura dos experimentos do que no seu curso
Francis Bacon, e o pensamento filosófico clássico. natural.
Sobre essa relação, é correto afirmar que BACON, F. Novum Organum, 1620. In: HADOT, P. O véu
A) não houve nenhuma mudança substantiva entre a de Ísis: ensaio sobre a história da ideia de natureza. São Paulo.
forma como os modernos pensavam o mundo e a TEXTO II
forma como os antigos interpretavam a realidade, a O ser humano, totalmente desintegrado do todo, não
não ser no aspecto da adoção de um processo percebe mais as relações de equilíbrio da natureza.
metodológico diferenciado do pensamento. Age de forma totalmente desarmônica sobre o
B) a filosofia dos modernos buscava compreender a ambiente, causando grandes desequilíbrios
forma do pensamento e a partir de um raciocínio ambientais.
dedutivo, ao contrário dos antigos que baseavam o GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação.
pensamento na forma indutiva e experimental de Campinas: Papirus, 1995.
abordagem da realidade. Os textos indicam uma relação da sociedade diante
C) a mudança da maneira com que os filósofos da da natureza caracterizada pela
modernidade passaram a pensar a realidade foi A) objetificação do espaço físico.
radical em relação aos antigos, representando uma B) retomada do modelo criacionista.
ruptura com um tipo de saber retórico e a adoção de C) recuperação do legado ancestral.
um pensamento focado na pesquisa sobre os fatos e D) infalibilidade do método científico.
as coisas. E) formação da cosmovisão holística.
D) embora ancorada em raciocínio lógico e em um
método mais preciso de análise, a filosofia dos 384. Atente para o seguinte trecho da obra de
modernos mostrava-se inferior ao pensamento Francis Bacon:
antigo, em decorrência tanto de sua dependência “Nosso método, contudo, é tão fácil de ser
excessiva da experiência, como do abandono do apresentado quanto difícil de se aplicar. Consiste no
raciocínio. estabelecer os graus de certeza, determinar o alcance
exato dos sentidos e rejeitar, na maior parte dos
382. Resta-nos um único e simples método, para casos, o labor da mente, calcado muito de perto
alcançar os nossos intentos: levar os homens aos sobre aqueles, abrindo e promovendo, assim, a nova
próprios fatos particulares e às suas séries e ordens, a e certa via da mente, que, de resto, provém das
fim de que eles, por si mesmos, se sintam obrigados próprias percepções sensíveis”.
Bacon, Francis. Novum Organum ou Verdadeiras
a renunciar às suas noções e comecem a habituar-se Indicações Acerca da Interpretação da Natureza.
ao trato direto das coisas. A passagem acima define a concepção do pensador
(BACON, F. Novum Organum Trad. José Aluysio Reis de
Andrade. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 26.) londrino sobre
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o A) o método dedutivo de pensamento.
problema do método de investigação da natureza em B) o método dialético de apreensão da realidade.
Bacon, assinale a alternativa correta. C) o método indutivo e experimental de abordagem
a) O preceito metodológico do “trato direto das do mundo.
coisas” supõe que cada um já possui em si as D) o método racional puro de análise do mundo
condições para realizar a investigação da natureza. objetivo.
b) A investigação da natureza consiste em aplicar um
conjunto de pressupostos metafísicos, cuja função é 385. A figura do homem que triunfa sobre a natureza
orientar a investigação. bruta é significativa para se pensar a filosofia de
c) As “séries e ordens” referentes aos fatos Francis Bacon (1561-1626).
particulares resultam da aplicação dos pressupostos Com base no pensamento de Bacon, considere as
do método de investigação. afirmativas a seguir.
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I. O homem deve agir como intérprete da natureza conflitos sociais, políticos e culturais no mundo
para melhor conhecê-la e dominá-la em seu contemporâneo.
benefício. d) A filosofia de Francis Bacon preconiza uma forma
II. O acesso ao conhecimento sobre a natureza de saber superior, por meio da qual os homens sejam
depende da experiência guiada por método indutivo. capazes de transcender das coisas mundanas para a
III. O verdadeiro pesquisador da natureza é um esfera divina. Atualmente, a proliferação de
homem que parte de proposições gerais para, na movimentos espiritualistas no mundo ocidental
sequência e à luz destas, clarificar as premissas atesta a validade da filosofia baconiana, uma vez que
menores. sua proposta está se efetivando.
IV. Os homens de experimentos processam as e) A proposta de Francis Bacon não deve ser
informações à luz de preceitos dados a priori pela entendida isoladamente, mas, isto sim, em
razão. correspondência com as transformações culturais,
Assinale a alternativa correta. econômicas, políticas e sociais que ocorriam em seu
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. tempo. Por isso, não tem valor para a atualidade,
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas. uma vez que esta é marcada por numerosos conflitos
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. que atestam o pouco apreço que temos pelo
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. conhecimento.
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
387. São de quatro gêneros os ídolos que bloqueiam
386. O saber, para Bacon, é apenas um meio mais a mente humana. Para melhor apresentá-los,
vigoroso e seguro para conquistar o poder sobre a assinalamos os nomes: Ídolos da Tribo, Ídolos da
natureza e não tem valor apenas em si mesmo. [...] Caverna, Ídolos do Foro e Ídolos do Teatro.”
Por outro lado, sua filosofia não pretende entregar o BACON. Novum Organum..., São Paulo: Nova Cultural, 1999.
saber ao homem como instrumento para o domínio É correto afirmar que para Bacon:
dos semelhantes; ao contrário, desejou que a ciência a) Os Ídolos da Tribo e da Caverna são os
servisse à humanidade em geral, na sua permanente conhecimentos primitivos que herdamos dos nossos
luta contra a natureza, deixando de ser concebida antepassados mais notáveis.
simplesmente como contemplação de uma ordem de b) Os Ídolos do Teatro são todos os grandes atores
coisas eternas e perfeitas, supostamente criadas por que nos influenciam na vida cotidiana.
um ser superior. c) Os Ídolos do Foro são as ideias formadas em nós
ANDRADE, José Aluysio Reis de. Vida e obra. In: Bacon. São Paulo: Nova por meio dos nossos sentidos.
Cultural, 2000. p. 12-13. (Os pensadores.)
d) Através dos Ídolos, mesmo considerando que
O texto acima refere-se à tese desenvolvida pelo
temos a mente bloqueada, podemos chegar à
filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626), segundo a
verdade.
qual saber é poder.
e) Os Ídolos são falsas noções e retratam os
Assinale a alternativa que confronta corretamente
principais motivos pelos quais erramos quando
esta concepção baconiana com questões sociais ou
buscamos conhecer.
ambientais da época atual.
a) Francis Bacon defende o conhecimento como um
388. A imagem do homem que triunfa sobre a
meio para melhorar a vida humana com a geração de
natureza bruta é significativa para se pensar a
tecnologias que emancipem o homem do domínio da
filosofia de Francis Bacon (1561-1626). Com base no
natureza. Esse modelo de relação entre homem e
pensamento de Bacon, considere as afirmativas a
natureza, porém, desenvolvido pela civilização
seguir.
ocidental nos últimos séculos, resultou em graves
I. O homem deve agir como intérprete da natureza
desequilíbrios ecológicos.
para melhor conhecê-la e dominá-la em seu
b) A filosofia de Francis Bacon é responsável pelos
benefício.
rumos econômicos, culturais e sociais da civilização
II. O acesso ao conhecimento sobre a natureza
ocidental. Por isso, devemos a esse filósofo inglês as
depende da experiência guiada por método indutivo.
comodidades da vida contemporânea, como o
III. O verdadeiro pesquisador da natureza é um
computador, o automóvel e tantos outros produtos
homem que parte de proposições gerais para, na
gerados pela tecnologia, e sem os quais nossa
sequência e à luz destas, clarificar as premissas
existência seria impensável.
menores.
c) Com sua tese de que saber é poder, Francis Bacon
IV. Os homens de experimentos processam as
defende uma sociedade marcada pela hierarquia do
informações à luz de preceitos dados a priori pela
conhecimento, isto é, uma divisão social em que os
razão.
intelectuais utilizem seu conhecimento para dominar
Assinale a alternativa correta.
os ignorantes. Essa, aliás, é a causa de muitos
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a) Somente as afirmativas I e II são corretas. a) Bacon estabelece que a melhor maneira de explicar
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas. os fenômenos naturais é recorrer aos princípios
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. inatos da razão.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. b) Através do conhecimento científico, o homem
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. aprende a aceitar o domínio dos princípios
metafísicos de causalidade sobre a natureza.
389. [...] é necessário, ainda, introduzir-se um c) O conhecimento da natureza depende do poder
método completamente novo, uma ordem diferente do homem. Assim um rei conhece mais sobre a
e um novo processo, para continuar e promover a natureza do que um pobre estudante.
experiência. Pois a experiência vaga, deixada a si d) Através da contemplação - observação – da
mesma [...] é um mero tateio, e presta-se mais a natureza o homem aprende a conhecê-la e, então,
confundir os homens que a informá-los. Mas quando reúne condições para dominar a natureza.
a experiência proceder de acordo com leis seguras e e) Devemos ser práticos e obedecer à natureza, pois
de forma gradual e constante, poder-se-á esperar algo o conhecimento das relações de causa e efeito é
de melhor da ciência. impossível e sempre frustrante.
[...]
A infeliz situação em que se encontra a ciência 391. O pensamento moderno caracteriza-se pelo
humana transparece até nas manifestações do crescente abandono da ciência aristotélica. Um dos
vulgo. Afirma-se corretamente que o verdadeiro pensadores modernos desconfortáveis com a lógica
saber é o saber pelas causas. E, não indevidamente, dedutiva de Aristóteles – considerando que esta não
estabelecem- se quatro coisas: a matéria, a forma, a permitia explicar o progresso do conhecimento
causa eficiente, a causa final. Destas, a causa final científico – foi Francis Bacon. No livro Novum
longe está de fazer avançar as ciências, pois na Organum, Bacon formulou o método indutivo como
verdade as corrompe; mas pode ser de interesse para alternativa ao método lógico-dedutivo aristotélico.
as ações humanas. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
(BACON, F. Novo Organum ou verdadeiras indicações acerca pensamento de Bacon, é correto afirmar que o
da interpretação da natureza. São Paulo: Abril Cultural. 1973.) método indutivo consiste
Com base no texto e no pensamento de Francis a) na derivação de consequências lógicas com base
Bacon acerca da verdadeira indução experimental no corpo de conhecimento de um dado período
como interpretação da natureza, é correto afirmar. histórico.
a) Na busca do conhecimento, não se podem b) no estabelecimento de leis universais e necessárias
encontrar verdades indubitáveis, sem submeter as com base nas formas válidas do silogismo tal como
hipóteses ao crivo da experimentação e da preservado pelos medievais.
observação. c) na postulação de leis universais com base em casos
b) A formulação do novo método científico exige observados na experiência, os quais apresentam
submeter a experiência e a razão ao princípio de regularidade.
autoridade para a conquista do conhecimento. d) na inferência de leis naturais baseadas no
c) O desacordo entre a experiência e a razão, testemunho de autoridades científicas aceitas
prevalecendo esta sobre aquela, constitui o universalmente.
fundamento para o novo método científico. e) na observação de casos particulares revelados pela
d) Bacon admite o finalismo no processo natural, por experiência, os quais impedem a necessidade e a
considerar necessário ao método perguntar para que universalidade no estabelecimento das leis naturais.
as coisas são e como são.
e) O estabelecimento de um método experimental, 392. Em sua obra Nova Atlântida, Francis Bacon
baseado na observação e na medida, aprimora o descreve uma instituição imaginária chamada Casa de
método escolástico. Salomão, cuja finalidade “[...] é o conhecimento das
causas e dos segredos dos movimentos das coisas e a
390. “Ciência e poder do homem coincidem, uma ampliação dos limites do império humano para a
vez que, sendo a causa ignorada, frustra-se o efeito. realização de todas as coisas que forem possíveis.”
Pois a natureza não se vence, se não quando se lhe BACON, Francis. Nova Atlântida. São Paulo: Nova Cultural.
obedece. E o que à contemplação apresenta-se como Sobre a concepção de ciência em Francis Bacon, é
causa é regra na prática.” correto afirmar:
BACON. Novum Organum..., São Paulo: Nova Cultural, 1999. a) A ciência justifica-se por si própria e está
Tendo em vista o texto acima, assinale a alternativa desvinculada da necessidade de proporcionar
correta: conhecimento sobre a natureza.
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b) O objetivo da ciência é fornecer a quem a controla 08) Através da indução, a experiência científica
um instrumento de domínio social sobre os outros enumera exaustivamente as variáveis dos fenômenos
homens. que analisa.
c) Para a ciência, o enfrentamento das questões 16) A concepção de ciência de Francis Bacon
econômicas e sociais tem maior relevância do que o considera os dilemas morais segundo os quais “saber
conhecimento da natureza, porque proporciona uma não é poder”, mas “proteger a natureza”.
vida boa para os indivíduos.
d) A origem da ciência está dada em pressupostos a 395. “Francis Bacon (1561-1626), com o seu lema
priori, sendo desnecessário o recurso ao saber ‛saber é poder’, critica a base metafísica da física
prático e empírico. grega e medieval e realça o papel histórico da ciência
e) A ciência visa o conhecimento da natureza com a e do saber instrumental, capaz de dominar a
intenção de controle e domínio sobre ela para que o natureza. Rejeita as concepções tradicionais de
homem possa ter uma vida melhor. pensadores ‘sempre prontos para tagarelar’, mas que
‛são incapazes de gerar, pois a sua sabedoria é farta
393. “[...] Aristóteles estabelecia antes as conclusões, de palavras, mas estéril em obras’.”
não consultava devidamente a experiência para (Novum organum, Livro I, LXXI. In ARANHA, M. L. de A.;
estabelecimento de suas resoluções e axiomas. E MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2009,
p. 68).
tendo, ao seu arbítrio, assim decidido, submetia a
Sobre o pensamento de F. Bacon, assinale o que for
experiência como a uma escrava para conformá-la às
correto.
suas opiniões”.
(BACON, Francis. Novum Organum. Trad. de José Aluysio 01) Enquanto na Idade Média o saber contemplativo
Reis de Andrade. 4. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 33.) era privilegiado em detrimento da prática, F. Bacon
Com base no texto, assinale a alternativa que valorizava a técnica de experimentação empírica.
apresenta corretamente a interpretação que Bacon 02) O conhecimento dos estados da matéria
fazia da filosofia aristotélica. possibilita o controle sobre os fenômenos da
a) A filosofia aristotélica estabeleceu a experiência natureza, como controlar a evaporação, por exemplo.
como o fundamento da ciência. 04) Entre os conhecimentos práticos da filosofia de
b) Aristóteles consultava a experiência para F. Bacon destaca-se a oratória, arte de utilizar
estabelecer os resultados e axiomas da ciência. técnicas de linguagem a fim de persuadir o
c) Aristóteles afirmava que o conhecimento teórico espectador.
deveria submeter-se, como um escravo, ao 08) Ao defender a alquimia, F. Bacon valoriza
conhecimento da experiência. aspectos mágicos da matéria, revelados pela ciência
d) Aristóteles desenvolveu uma concepção de química.
filosofia que tem como consequência a 16) Em sua obra filosófica mais importante, “A
desvalorização da experiência. poética da natureza”, F. Bacon descreve o modo
e) Aristóteles valorizava a experiência, por considerá- pelo qual a mão de Deus permanece ativa sobre os
la um caminho seguro para superar a opinião e fenômenos da natureza.
atingir o conhecimento verdadeiro.
13. LOCKE
394. Francis Bacon (1561-1626) propôs um
conhecimento baseado no saber experimental e na 396. Sendo os homens, por natureza, todos livres,
lógica indutiva. Criticou o saber contemplativo iguais e independentes, ninguém pode ser expulso de
medieval e a lógica dedutiva aristotélica. Denunciou sua propriedade e submetido ao poder político de
os preconceitos que dificultam a apreensão da outrem sem dar consentimento. A maneira única em
realidade, como as crenças e superstições religiosas. virtude da qual uma pessoa qualquer renuncia à
A respeito das ideias de Francis Bacon, assinale o que liberdade natural e se reveste dos laços da sociedade
for correto. civil consiste em concordar com outras pessoas em
01) A origem do verdadeiro conhecimento é inata, juntar-se e unir-se em comunidade para viverem com
pois somos criaturas divinas. segurança, conforto e paz umas com as outras,
02) O ideal da ciência é não formular nenhuma teoria gozando garantidamente das propriedades que
sem examinar pela experiência o conteúdo das tiverem e desfrutando de maior proteção contra
proposições científicas. quem quer que não faça parte dela.
04) As relações causais entre os fenômenos da LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo civil. Os
pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1978.
natureza devem ser intuídas a partir de deduções
Segundo a Teoria da Formação do Estado, de John
lógicas e racionais.
Locke, para viver em sociedade, cada cidadão deve
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A) manter a liberdade do estado de natureza, direito a) identifica indivíduos despreparados para a vida em
inalienável. comum.
B) abrir mão de seus direitos individuais em prol do b) contribui com a manutenção da ordem e do
bem comum. equilíbrio social.
C) abdicar de sua propriedade e submeter-se ao c) estabelece um conjunto de regras para a formação
poder do mais forte. da sociedade.
D) concordar com as normas estabelecidas para a d) determina o que é certo ou errado num contexto
vida em sociedade. de interesses conflitantes.
E) renunciar à posse jurídica de seus bens, mas não à e) representa os interesses da coletividade, expressos
sua independência. pela vontade da maioria.
humanidade, e isso sem nenhum pacto expresso por A partir da leitura do texto acima e de acordo com o
parte de todos os membros da comunidade. pensamento político do autor, assinale a alternativa
LOCKE, J. Dois tratados sobre o governo. Tradução de Julio correta.
Fisher. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 406.– grifo do a) Segundo Locke, o estado de natureza se confunde
autor.
com o estado de servidão.
Assinale a alternativa que apresenta o fundamento
b) Para Locke, o direito dos homens a todas as coisas
natural da propriedade privada segundo Locke.
independe da conveniência de cada um.
A) A propriedade privada surgiu com o pacto de
c) Segundo Locke, a origem do poder político
consentimento em que alguns abdicam da posse do
depende do estado de natureza.
que é comum, dando-o como bem de um indivíduo
d) Segundo Locke, a existência de permissão para
pelo seu mérito.
agir é compatível com o estado de natureza.
B) A propriedade privada é antes de tudo uma dadiva
divina que alguns obtêm e outros não, por isso não
403. “Locke vai estabelecer a distinção entre a
resulta do trabalho do indivíduo e sim da bondade de
sociedade política e a sociedade civil, entre o público
Deus.
e o privado, que devem ser regidos por leis
C) O fundamento da propriedade privada é o poder
diferentes. Assim o poder político não deve, em tese,
estatal que, em última instância, é o verdadeiro
ser determinado pelas condições de nascimento, bem
proprietário, e que no uso de seu poder redistribui o
como o Estado não deve intervir, mas sim garantir e
bem público.
tutelar o livre exercício da propriedade, da palavra e
D) O fundamento da propriedade privada consiste
da iniciativa econômica.”
essencialmente na propriedade de si mesmo; cada ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando.
pessoa tem como direito inalienável a propriedade de São Paulo: Moderna, 1986. p. 248.
si mesma. Marque a alternativa que interpreta esse texto
corretamente.
401. O pensamento político de John Locke contém a) As leis que regem a sociedade civil e a sociedade
uma teoria da cidadania que anuncia certos aspectos política devem ser, rigorosamente, as mesmas.
da filosofia do século XVIII. Pela anuência à vida b) A distinção entre a sociedade política e a
civil e pela confiança que deposita no poder público, sociedade civil fundamenta o direito à liberdade dos
o indivíduo se faz cidadão. Incorporando-se indivíduos, pois mesmo que pertençam a um corpo
livremente ao corpo político, cada um participa de político permanecem livres.
sua gestão: alcança assim a dignidade política. c) O poder político deve ser determinado pelo
Acerca do pensamento de Locke, considere o texto nascimento dos cidadãos.
acima e marque a alternativa correta. d) Quando adentra a sociedade, o indivíduo abre
a) Um governante que usa, à margem da lei, a força mão de sua liberdade, de seus bens e de suas
contra os interesses de seus súditos destrói sua propriedades que passam a ser controlados somente
própria autoridade. O súdito tem o direito a resistir- pelo Estado.
lhe.
b) O contrato tem a finalidade de instituir a vida ética 404. “Para bem compreender o poder político e
no seio do Estado. derivá-lo de sua origem, devemos considerar em que
c) Locke afirma que o contrato emerge da base estado todos os homens se acham naturalmente,
material da sociedade, independentemente das sendo este um estado de perfeita liberdade para
decisões dos indivíduos. ordenar-lhe as ações e regular-lhes as posses e as
d) A transferência de poder torna-se irrevogável após pessoas conforme acharam conveniente, dentro dos
o contrato, porque a soberania é ilimitada e absoluta. limites da lei da natureza, sem permissão ou
depender da vontade de qualquer outro homem.”
402. Para bem compreender o poder político e LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo. São Paulo:
derivá-lo de sua origem, devemos considerar em que Abril Cultural, 1978, p. 35.
estado todos os homens se acham naturalmente, Assinale a alternativa correta, de acordo com o
sendo este um estado de perfeita liberdade para pensamento de Locke.
ordenar-lhes as ações e regular-lhes as posses e as A) A condição natural do homem é estar sob a
pessoas conforme acharem conveniente, dentro dos dependência da vontade de outro homem.
limites da lei de natureza, sem pedir permissão ou B) Locke separa a origem do Estado da condição
depender da vontade de qualquer outro homem. natural do homem.
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. São C) Locke concilia a liberdade dos homens com os
Paulo: Abril Cultural, 1978. limites da lei de natureza, que não dependem da
vontade dos homens.
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D) A origem do poder político está desvinculada do A sequência correta, de cima para baixo, é:
que é conveniente aos homens. A) F, V, F, V.
B) V, F, V, F.
405. “A liberdade do homem em sociedade consiste C) V, F, F, F.
em não estar submetido a nenhum outro poder D) F, V, V, V.
legislativo senão àquele estabelecido no corpo
político mediante consentimento, nem sob o 407. “Se todos os homens são, como se tem dito,
domínio de qualquer vontade ou sob a restrição de livres, iguais e independentes por natureza, ninguém
qualquer lei afora as que promulgar o poder pode ser retirado deste estado e se sujeitar ao poder
legislativo, segundo o encargo a este confiado”. político de outro sem o seu próprio consentimento.
LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. Martins Fontes, A única maneira pela qual alguém se despoja de sua
1998, p. 401-402. Adaptado. liberdade natural e se coloca dentro das limitações da
Considerando a definição de liberdade do homem sociedade civil é através de acordo com outros
em sociedade, de John Locke, atente para as homens para se associarem e se unirem em uma
seguintes afirmações: comunidade para uma vida confortável, segura e
I. A concepção de liberdade do homem em pacífica uns com os outros, desfrutando com
sociedade de Locke elimina totalmente o direito de segurança de suas propriedades e melhor protegidos
cada um de agir conforme a sua vontade. contra aqueles que não são daquela comunidade”.
II. A concepção de liberdade do homem em LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. Petrópolis: Vozes,
sociedade de Locke consiste em viver sob a restrição 1994, p. 139. Coleção clássicos do pensamento político.
das leis promulgadas pelo poder legislativo. No que diz respeito ao estabelecimento da sociedade
III. A concepção de liberdade do homem em civil em John Locke, considere as seguintes
sociedade de Locke consiste em viver segundo uma afirmações:
regra permanente e comum que todos devem I. O estabelecimento da sociedade civil amplia a
obedecer. liberdade dos homens.
É correto o que se afirma em II. O estabelecimento da sociedade civil funda-se no
A) I e II apenas. consentimento.
B) I e III apenas. III. O estabelecimento da sociedade civil funda-se na
C) II e III apenas. liberdade e igualdade que existe entre todos os
D) I, II e III. homens.
É correto o que se afirma em
406. Três pensadores modernos marcaram a reflexão A) I e II apenas.
sobre a questão política: Hobbes, Locke e Rousseau. B) II e III apenas.
Um ponto comum perpassa o pensamento desses C) I e III apenas.
três filósofos a respeito da política: a origem do D) I, II e III.
Estado está no contrato social. Partem do princípio
de que o Estado foi constituído a partir de um 408. Observe as seguintes citações, que refletem
contrato firmado, entendendo o contrato como um posições divergentes, colocadas por empiristas e
acordo. Portanto, o Estado deve ser gerado a partir racionalistas, sobre o método que deveria ser usado
do consenso entre as pessoas em torno de alguns para o estabelecimento do correto processo de
elementos essenciais para garantir a existência social. conhecimento da realidade:
Todavia, há nuances entre eles. “Primeiramente, considero haver em nós certas
Considerando o enunciado acima, atente para o que noções primitivas, as quais são como originais, sob
se diz a seguir e assinale com V o que for cujo padrão formamos todos os nossos outros
verdadeiro e com F o que for falso. conhecimentos”.
( ) Em comum, esses pensadores buscavam DESCARTES, R. Carta a Elisabeth. São
justificar reformas do Estado para limitar o poder Paulo: Abril Cultural, 1973. Col. Os Pensadores.
despótico dos monarcas absolutos. “De onde a mente apreende todos os materiais da
( ) Para Hobbes, o contrato social é a renúncia razão e do conhecimento? A isso respondo numa
dos direitos individuais ao soberano em nome da paz palavra, da experiência. Todo o conhecimento está
civil. nela fundado, e dela deriva fundamentalmente o
( ) Para Locke, o contrato social é a renúncia próprio conhecimento”.
LOCKE, J. Ensaio acerca do
parcial dos direitos naturais em favor da liberdade e entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural,
da propriedade. 1973.
( ) Para Rousseau, contrato social é a Considerando o que propunham o empirismo e o
transferência dos direitos individuais para a vontade racionalismo, atente para o que se afirma a seguir e
geral em favor da liberdade e da igualdade civis.
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assinale com V o que for verdadeiro e com F o que 02) o direito à propriedade é fundado naquele que
for falso. primeiro se apossou do bem (terra, animais etc.).
( ) O racionalismo é a forma de compreensão 04) o fato de os recursos naturais serem comuns a
do conhecimento que prioriza a razão e recorre à todos os homens gera um impedimento à
indução como método de análise. propriedade individual.
( ) O empirismo, ao contrário do racionalismo, 08) o trabalho individualiza o que era propriedade
parte da experiência para a construção de afirmações comum, pois agrega algo particular ao bem.
gerais a respeito da realidade. 16) o trabalho antecede a propriedade do bem e não
( ) Para o racionalismo, sobretudo o cartesiano, o contrário.
a verdade deveria ser buscada fora dos sentidos, visto
que eles são enganosos e podem nos equivocar em 411. Um dos aspectos mais importantes da filosofia
qualquer experiência da percepção. política de John Locke é sua defesa do direito à
( ) O empirismo, vertente de compreensão da propriedade, que ele considerava ser algo inerente à
qual Locke fazia parte, aproxima-se do modelo natureza humana, uma vez que o corpo é nossa
científico cartesiano, ao negar a existência de ideias primeira propriedade. De acordo com esta
inatas. perspectiva, o Estado deve
A sequência correta, de cima para baixo, é: a) permitir aos seus cidadãos ter propriedade ou
A) V, F, V, F. propriedades.
B) V, V, F, V. b) garantir que todos os seus cidadãos, sem exceção,
C) F, F, F, V. tenham alguma propriedade.
D) F, V, V, F. c) garantir aos cidadãos a posse vitalícia de bens.
d) fazer com que a propriedade seja comum a todos
409. A maneira pela qual adquirimos qualquer os cidadãos.
conhecimento constitui suficiente prova de que não é
inato. 412. “Em Locke, o contrato social é um pacto de
(John Locke, Ensaio acerca do entendimento humano. São consentimento em que os homens concordam
Paulo: Nova Cultural, 1988, p.13.) livremente em formar a sociedade civil para
O empirismo, corrente filosófica da qual Locke fazia preservar e consolidar ainda mais os direitos que
parte, possuíam originalmente no estado de natureza. No
a) afirma que o conhecimento não é inato, pois sua estado civil os direitos naturais inalienáveis do ser
aquisição deriva da experiência. humano à vida, à liberdade e aos bens estão melhor
b) é uma forma de ceticismo, pois nega que os protegidos sob o amparo da lei, do árbitro e da força
conhecimentos possam ser obtidos. comum de um corpo político unitário.”
c) aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao Fonte: MELLO, L. I. A. “John Locke e o individualismo
negar a existência de ideias inatas. liberal.” In: WEFFORT, F. C. (Org.). Os Clássicos da Política.
d) defende que as ideias estão presentes na razão 3ª ed. São Paulo: Ática, 1991, p. 86.
desde o nascimento. Com base no texto e nos seus conhecimentos sobre
a filosofia política de Locke, assinale a afirmativa
410. O filósofo inglês John Locke (1632-1704) correta:
construiu uma teoria político-social da propriedade a) O contrato social se justifica, para Locke, tendo
que é, até hoje, uma das referências principais sobre em vista as adversidades do estado de natureza,
o tema. Afirma ele: entendido como fundamentado no estado de guerra.
“A natureza fixou bem a medida da propriedade pela b) Para Locke, o pacto social exige que os indivíduos
extensão do trabalho do homem e conveniências da cedam seu poder à direção suprema da vontade geral.
vida. Nenhum trabalho do homem podia tudo c) Para justificar o direito à propriedade privada,
dominar ou de tudo apropriar-se. [...] Assim o Locke parte da definição do direito natural como
trabalho, no começo (das sociedades humanas), direito à vida, à liberdade e aos bens necessários para
proporcionou o direito à propriedade sempre que a conservação de ambas. Esses bens são adquiridos
qualquer pessoa achou conveniente empregá-lo pelo trabalho.
sobre o que era comum.” d) Na teoria do contrato social de Locke, o pacto é
(LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo civil. São Paulo: firmado apenas entre os súditos, não fazendo parte
Abril Cultural, 1983, p. 48; 45; 52) dele o soberano.
Em consonância com essa concepção de propriedade e) Segundo o contratualismo de Locke, os homens,
do filósofo, é correto afirmar que ao fazerem o pacto, transferem a um terceiro
01) o direito à propriedade é, prioritariamente, fruto (homem ou assembléia) a força coercitiva da
do trabalho. comunidade, trocando voluntariamente sua liberdade
pela segurança garantida pelo Estado.
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própria, têm o “direito de castigar os transgressores” associação de sensações que nos habituam a
da lei da natureza, de modo que este estado seja de reconhecer objetos.
relativa paz, concórdia e harmonia entre todos.
e) no estado de natureza, todos os homens 2. BERKELEY
permanentemente se agridem e transgridem os
direitos civis dos outros. 418. Berkeley está persuadido de juntar-se à certeza
dos homens ao declarar que a palavra "ser" tem dois
417. 10. “É um elemento básico na abordagem sentidos diferentes e dois sentidos apenas: o de
científica cartesiana que o conhecimento claro e "perceber" e o de "ser percebido". Dizer que um
distinto da natureza do universo pode ser construído espírito existe é dizer que ele percebe (e também,
com base em recursos inatos da mente humana.” acrescenta Berkeley, que ele quer e age). Dizer que
John Cottingham uma coisa existe é dizer que ela é percebida. A ideia
“A mente da criança tem em si as ideias de Deus, de metafísica de um ser material situado por trás do
si própria e de todas as verdades ditas imediatamente objeto e, por essa razão, inacessível deve, portanto,
evidentes, do mesmo modo que os seres humanos ser rejeitada inteiramente.
adultos têm tais ideias quando não as estão Ferdinand Alquié
considerando; não as adquire mais tarde quando Segundo o texto de Alquié, é correto afirmar:
cresce. Não tenho dúvidas de que, se libertados da A) A ontologia de Berkeley o leva ao ceticismo, já
prisão do corpo, encontrá-las-ia dentro de si” (carta a que nega a existência da matéria e a validade das
“Hyperaspistes”, agosto de 1641). idéias gerais e abstratas.
René Descartes B) As duas definições propostas por Berkeley
“Ponto de partida do empirismo das ideias [no caso implicam a recusa da noção metafísica de matéria e
de Locke] é a opinião de que a mente, no nascimento da filosofia da representação.
do ser humano, é uma tabula rasa.” C) Para Berkeley, todo espírito percebe alguma coisa
Rolf W. Puster e, portanto, é forçoso admitir a existência da matéria.
“Suponhamos, pois, que a mente é, como dissemos, D) Berkeley concede um estatuto problemático à
um papel branco, desprovida de todos os caracteres, existência dos objetos da percepção, pois, para ele, o
sem quaisquer ideias; como ela será suprida? De referente de nossas percepções é sempre
onde lhe provém este vasto estoque, que a ativa e indeterminável.
que a ilimitada fantasia do homem pintou nela com E) A ontologia de Berkeley o inscreve na filosofia da
uma variedade quase infinita? De onde apreende representação, pois nossas percepções devem sempre
todos os materiais da razão e do conhecimento? A corresponder a algo existente fora da mente.
isso respondo, numa palavra, da experiência. Todo o
nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva 419. Para Berkeley, “a mais simples percepção de
fundamentalmente o próprio conhecimento.” uma coisa na realidade é a percepção de uma ação de
John Locke Deus sobre nós e implica a existência de Deus, ao
Considerando os textos acima, nos quais são passo que, a admitir-se a matéria, deve-se atribuir a
apresentadas as concepções de dois importantes ela a causalidade das próprias ideias e pode-se
filósofos modernos sobre a origem do dispensar Deus. O materialismo é, por isso, o
conhecimento, René Descartes e John Locke, fundamento do ateísmo e da irreligião, assim como o
representantes respectivamente das correntes imaterialismo é o fundamento da religião”.
racionalista e empirista, é CORRETO afirmar que (Dicionário Abbagnano, p. 541)
A) para o empirismo, a sensação e a percepção Ao formular sua doutrina imaterialista, o objetivo de
dependem, conjuntamente, tanto de impressões Berkeley foi
exteriores como de estímulos internos do sujeito que A) criticar de forma radical o materialismo dialético.
percebe. B) criticar a teologia.
B) do ponto de vista de Locke, todas as ideias, C) refutar o mecanicismo newtoniano.
mesmo as ideias abstratas, ou são impressões ou são D) criticar o platonismo cristão, em virtude de sua
imagens de impressões empíricas. mobilização ideológica pela Igreja Católica.
C) a crença, como representação de um estado E) resgatar a importância da doutrina metafísica
mental específico do sujeito, tem papel fundamental aristotélica.
na apreensão de ideias pelas crianças.
D) tanto racionalistas quanto empiristas entendem 420. Observe as afirmações sobre ceticismo e
que o conhecimento sobre os objetos do mundo assinale a alternativa correta.
apresenta problemas insolúveis. a) O ceticismo é sempre ingênuo, pois colocar tudo
E) racionalistas e empiristas defendem que o em dúvida e suspender as certezas já implica uma
conhecimento é fruto da repetição, soma e certeza: duvidamos e, por isso, existimos.
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b) O ceticismo aventado por Hume afirma que não c) as ideias fracas resultam de experiências sensoriais
podemos ter conhecimento sobre a natureza e que só determinadas pelo acaso.
uma psicologia empírica poderia explicar o d) os sentimentos ordenam como os pensamentos
conhecimento, sobretudo, a partir da noção de devem ser processados na memória.
hábito. e) as ideias têm como fonte específica o sentimento
c) A filosofia de Berkeley é um esforço de se livrar cujos dados são colhidos na empiria.
das aporias da crença na materialidade do mundo.
Essa crença desembocaria, segundo esse autor, no 423. Pode-se admitir que a experiência passada dá
ceticismo. somente uma informação direta e segura sobre
d) O ceticismo é indubitavelmente um traço mais determinados objetos em determinados períodos do
marcante da filosofia de Hume, sendo esse filósofo o tempo, dos quais ela teve conhecimento. Todavia, é
maior cético da filosofia moderna por não acreditar esta a principal questão sobre a qual gostaria de
em nenhuma forma de conhecimento segura. insistir: por que esta experiência tem de ser estendida
e) Toda forma de ceticismo se constitui como uma a tempos futuros e a outros objetos que, pelo que
luta contra posições ideológicas e dogmáticas. sabemos, unicamente são similares em aparência. O
pão que outrora comi alimentou-me, isto é, um
421. “Na introdução ao Princípios, Berkeley lamenta: corpo dotado de tais qualidades sensíveis estava, a
como garantir a credibilidade da filosofia se, ao invés este tempo, dotado de tais poderes desconhecidos.
de responder a esta demanda por fundamentos e Mas, segue-se daí que este outro pão deve também
satisfazer nossos anseios de paz de espírito, ela nos alimentar-me como ocorreu na outra vez, e que
inunda com uma multiplicidade de teorias que geram qualidades sensíveis semelhantes devem sempre ser
disputas e dúvidas sem fim? Depois de fazer levantar acompanhadas de poderes ocultos semelhantes? A
uma espessa poeira de palavras, a própria filosofia consequência não parece de nenhum modo
reclama por não conseguir mais ver com clareza necessária.
aquilo que aparece claro e sem problemas ao homem HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano.
comum...” São Paulo: Abril Cultural, 1995.
(SKROCK, E. George Berkeley e a terra incógnita da filosofia. O problema descrito no texto tem como
In: MARÇAL, J. (org.). Antologia de textos filosóficos. consequência a
Curitiba: SEED, 2009, p. 103). a) universabilidade do conjunto das proposições de
A partir do exposto, é correto afirmar que a filosofia observação.
01) identifica-se com o senso comum. b) normatividade das teorias científicas que se valem
02) propõe questões insolúveis. da experiência.
04) debate teorias diferentes entre si. c) dificuldade de se fundamentar as leis científicas em
08) proporciona a paz de espírito. bases empíricas.
16) estabelece verdades absolutas. d) inviabilidade de se considerar a experiência na
construção da ciência.
2. HUME e) correspondência entre afirmações singulares e
afirmações universais.
422. Todo o poder criativo da mente se reduz a nada
mais do que a faculdade de compor, transpor, 424. TEXTO I
aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem Experimentei algumas vezes que os sentidos
os sentidos e a experiência. Quando pensamos em eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar
uma montanha de ouro, não fazemos mais do que inteiramente em quem já nos enganou uma vez.
juntar duas ideias consistentes, ouro e a montanha, DESCARTES, R. Meditações Metafísicas.
que já conhecíamos. Podemos conceber um cavalo São Paulo: Abril Cultural, 1979.
virtuoso, porque somos capazes de conceber a
virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e TEXTO II
podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo, Sempre que alimentarmos alguma suspeita de
animal que nos é familiar. que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum
HUME. D. Investigação sobre o entendimento significado, precisaremos apenas indagar: de que
humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995.
impressão deriva esta suposta ideia? E se for
Hume estabelece um vínculo entre pensamento e impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial,
impressão ao considerar que isso servirá para confirmar nossa suspeita.
a) os conteúdos das ideias no intelecto têm origem HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento.
na sensação. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).
b) o espírito é capaz de classificar os dados da
percepção sensível.
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Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a A) acontecem de forma inquestionável, ao serem
natureza do conhecimento humano. A comparação apreensíveis pela razão humana.
dos excertos permite assumir que Descartes e Hume B) ocorrem de maneira necessária, permitindo um
a) defendem os sentidos como critério originário saber próximo ao de estilo matemático.
para considerar um conhecimento legítimo. C) propiciam segurança ao observador, por se
b) entendem que é desnecessário suspeitar do basearem em dados que os tornam incontestáveis.
significado de uma ideia na reflexão filosófica e D) devem ter seus resultados previstos por duas
crítica. modalidades de provas, com conclusões idênticas.
c) são legítimos representantes do criticismo quanto E) exigem previsões obtidas por raciocínio, distinto
à gênese do conhecimento. do conhecimento baseado em cálculo abstrato.
d) concordam que conhecimento humano é
impossível em relação às ideias e aos sentidos. 427. Adão, ainda que supuséssemos que suas
e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos faculdades racionais fossem inteiramente perfeitas
no processo de obtenção do conhecimento. desde o início, não poderia ter inferido da fluidez e
transparência da água que ela o sufocaria, nem da
425. O pensamento mais vivo é sempre inferior à luminosidade e calor do fogo que este poderia
sensação mais embaçada. consumi-lo. Nenhum objeto jamais revela, pelas
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. qualidades que aparecem aos sentidos, nem as causas
Tradução de Anoar Alex. In: BERKELY, G.; HUME, D. que o produziram, nem os efeitos que dele provirão;
Berkeley, Hume. São Paulo: Nova Cultural, 1989. p. 55-145.
p. 69. Coleção Os Pensadores. e tampouco nossa razão é capaz de extrair, sem
A frase de Hume sintetiza uma tese da sua teoria do auxílio da experiência, qualquer conclusão referente à
conhecimento. A posição sustentada pelo filósofo existência efetiva de coisas ou questões de fato.
HUME, D. Uma investigação sobre o
A) somente reafirma o realismo de John Locke, que entendimento humano. São Paulo: Unesp, 2003
considera unicamente a experiência como Segundo o autor, qual é a origem do conhecimento
fundamento da autonomia do entendimento. humano?
B) adere ao cartesianismo, para dizer que as A) A potência inata da mente.
representações da razão sempre são anteriores à B) A revelação da inspiração divina.
experiência sensível e critério de verdade desta. C) O estudo das tradições filosóficas.
C) afirma a precedência da impressão sensível para a D) A vivência dos fenômenos do mundo.
produção de ideias, com as quais o entendimento E) O desenvolvimento do raciocínio abstrato.
humano alcança a sua autonomia.
D) defende a noção de causalidade como o 428. Em contrapartida, vemos que qualquer
fundamento absoluto para o conhecimento humano impressão, da mente ou do corpo, é constantemente
nos limites da reta razão. seguida por uma ideia que a ela se assemelha, e da
qual difere apenas nos graus de força e vividez. A
426. O contrário de um fato qualquer é sempre conjunção constante de nossas percepções
possível, pois, além de jamais implicar uma semelhantes é uma prova convincente de que umas
contradição, o espírito o concebe com a mesma são as causas das outras; [...].
facilidade e distinção como se ele estivesse em HUME, D. Tratado da natureza humana. São Paulo:
completo acordo com a realidade. Que o Sol não Editora da Unesp/Imprensa Oficial do Estado, 2001. p. 29.
nascerá amanhã é tão inteligível e não implica mais Assinale a alternativa que, de acordo com Hume,
contradição do que a afirmação de que ele nascerá. indica corretamente o modo como a mente adquire
Podemos em vão, todavia, tentar demonstrar sua as percepções denominadas ideias.
falsidade de maneira absolutamente precisa. Se ela a) Todas as nossas ideias são formas a priori da
fosse demonstrativamente falsa, implicaria uma mente e, mediante essas ideias, organizamos as
contradição e o espírito nunca poderia concebê-la respectivas impressões na experiência.
distintamente, assim como não pode conceber que 1 b) Todas as nossas ideias advêm das nossas
+ 1 seja diferente de 2. experiências e são cópias das nossas impressões, as
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. quais sempre antecedem nossas ideias.
São Paulo: Nova Cultural, 1999 (adaptado). c) Todas as nossas ideias são cópias de percepções
O filósofo escocês David Hume refere-se a fatos, ou inteligíveis, que adquirimos através de uma
seja, a eventos espaço-temporais, que acontecem no experiência metafísica, que transcende toda a
mundo. realidade empírica.
Com relação ao conhecimento referente a tais d) Todas as nossas ideias já existem de forma inata, e
eventos, Hume considera que os fenômenos são apenas preenchidas pelas impressões, no
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momento em que temos algum contato com a IV. Assim como as ideias são as imagens das
experiência. impressões, é também possível formar ideias
secundárias, que são imagens das ideias primárias.
429. Ao empreender a análise da estrutura e dos Assinale a alternativa correta.
limites do conhecimento, Kant tomou a física e a a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
mecânica celeste elaboradas por Newton como b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
sendo a própria ciência. Entretanto, era preciso c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
salvá-la do ceticismo de Hume quanto à d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
impossibilidade de fundamentar as inferências e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
indutivas e de alcançar um conhecimento necessário 431. Podemos definir uma causa como um objeto,
da natureza. seguido de outro, tal que todos os objetos
Com base no pensamento de David Hume acerca do semelhantes ao primeiro são seguidos por objetos
entendimento humano, é correto afirmar: semelhantes ao segundo. Ou, em outras palavras, tal
a) Dentre os objetos da razão humana, as relações de que, se o primeiro objeto não existisse, o segundo
ideias se originam das impressões associadas aos jamais teria existido. O aparecimento de uma causa
conceitos inatos dos quais obtém-se dedutivamente o sempre conduz a mente, por uma transição habitual,
entendimento dos fatos. à ideia do efeito; disso também temos experiência.
b) As conclusões acerca dos fatos obtidas pelo Em conformidade com essa experiência, podemos,
sujeito do conhecimento realizam-se sem auxílio da portanto, formular uma outra definição de causa e
experiência, recorrendo apenas aos raciocínios chamá-la um objeto seguido de outro, e cujo
abstratos a priori. aparecimento sempre conduz o pensamento àquele
c) O postulado que afirma a inexistência de outro. Mas, não temos ideia dessa conexão, nem
conhecimento para além daquele que possa vir a sequer uma noção distinta do que é que desejamos
resultar do hábito funda-se na ideia metafísica de saber quando tentamos concebê-las.
relação causal como conexão necessária entre os Adaptado de: HUME, D. Investigação sobre o entendimento
fatos. humano e sobre os princípios da moral. Seção VII, 29. Trad.
José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: UNESP, 2004.
d) O sujeito do conhecimento opera associações de
Com base no texto e nos conhecimentos acerca das
suas percepções, sensações e impressões semelhantes
noções de causa e efeito em David Hume, assinale a
ou sucessivas recebidas pelos órgãos dos sentidos e
alternativa correta.
retidas na memória.
a) As noções de causa e efeito fazem parte da
e) Pelo raciocínio o sujeito é induzido a inferir as
realidade e por isso os fenômenos do mundo são
relações de causa e efeito entre percepções e
explicados através da indicação da causa.
impressões acerca da regularidade de fenômenos
b) A presença do efeito revela a causa nele envolvida,
semelhantes que se repetem na sucessão do tempo.
o que garante a explicação de determinado
acontecimento.
430. As ideias produzem as imagens de si mesmas
c) A causa e o efeito são noções que se baseiam na
em novas ideias, mas, como se supõe que as
experiência e, por meio dela, são apreendidas.
primeiras ideias derivam de impressões, continua
d) A causa e o efeito são conhecidos objetivamente
ainda a ser verdade que todas as nossas ideias simples
pela mente e não por hábitos formados pela
procedem, mediata ou imediatamente, das
percepção do mundo.
impressões que lhes correspondem.
(HUME, D. Tratado da Natureza Humana. Trad. de Serafim da
e) A causa e o efeito proporcionam, necessariamente,
Silva Fontes. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. explicações válidas sobre determinados fatos e
p.35.) acontecimentos.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
questão da sensibilidade, razão e verdade em David 432. Segundo David Hume, é correto afirmar que o
Hume, considere as afirmativas a seguir. princípio de causalidade é
I. Geralmente as ideias simples, no seu primeiro A) o resultado da nossa forma habitual de perceber
aparecimento, derivam das impressões simples que os fenômenos, uns em conjunção com os outros.
lhes correspondem. B) o nexo, fixado por Deus na criação, entre os
II. A conexão entre as ideias e as impressões provém objetos da experiência.
do acaso, de modo que há uma independência das C) o conhecimento a priori da natureza e dos seus
ideias com relação às impressões. fenômenos.
III. As ideias são sempre as causas de nossas D) o ato de conectar os objetos da experiência a
impressões. partir dos valores e interesses utilitários de uma
classe social.
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433. E é certo que estamos aventando aqui uma 435. Como o costume nos determina a transferir o
proposição que, se não é verdadeira, é pelo menos passado para o futuro em todas as nossas inferências,
muito inteligível, ao afirmarmos que, após a esperamos— se o passado tem sido inteiramente
conjunção constante de dois objetos – calor e chama, regular e uniforme—o mesmo evento com a máxima
por exemplo, ou peso e solidez –, é exclusivamente o segurança e não toleramos qualquer suposição
hábito que nos faz esperar um deles a partir do contrária. Mas, se temos encontrado que diferentes
aparecimento do outro. efeitos acompanham causas que em aparência são
HUME, D. Investigações sobre o entendimento humano e exatamente similares, todos estes efeitos variados
sobre os princípios da moral. São Paulo: Editora UNESP, 2004. devem apresentar-se ao espírito ao transferir o
Com base na Teoria de Hume e no texto acima, passado para o futuro, e devemos considerá-los
marque a alternativa INCORRETA, ou seja, aquela quando determinamos a probabilidade do evento.
que de modo algum pode ser uma interpretação (HUME, D. Investigações acerca do entendimento humano.
adequada desse texto. Tradução de Anoar Aiex. São Paulo: Nova Cultural, 1996.)
a) A conjunção constante entre dois objetos explica a Com base no texto e nos conhecimentos sobre
força do hábito e, consequentemente, o Hume, é correto afirmar:
procedimento da inferência. a) Hume procura demonstrar o cálculo matemático
b) A hipótese do hábito é consequente com a teoria de probabilidades.
de Hume, de que todo o nosso conhecimento é b) Hume procura mostrar o mecanismo psicológico
construído por experiência e observação. pelo qual a crença se fixa na imaginação.
c) Se a causalidade fosse construída a priori e de c) Para Hume, há uma conexão necessária entre
modo necessário, não seria preciso recorrer à causa e efeito.
experiência e à repetição para que de uma causa fosse d) Para Hume, as inferências causais são a priori.
extraído o respectivo efeito. e) Hume procura mostrar que crença e ficção
d) O hábito jamais pode ser a base da inferência. Em produzem o mesmo efeito na imaginação humana.
virtude disso, os conceitos de causa e efeito jamais
podem se aplicar a qualquer objeto da experiência. 436. Podemos, por conseguinte, dividir todas as
percepções do espírito em duas classes ou espécies,
434. O texto abaixo comenta a correlação entre que se distinguem por seus diferentes graus de força
ideias e impressões em David Hume. Em e vivacidade. As menos fortes e menos vivas são
contrapartida, vemos que qualquer impressão, da geralmente denominadas pensamentos ou idéias. A
mente ou do corpo, é constantemente seguida por outra espécie (...) pelo termo impressão, [pelo qual]
uma ideia que a ela se assemelha, e da qual difere entendo, pois, todas as percepções mais vivas,
apenas nos graus de força e vividez. A conjunção quando ouvimos, vemos, sentimos, amamos,
constante de nossas percepções semelhantes é uma odiamos, desejamos ou queremos. E as impressões
prova convincente de que umas são as causas das diferenciam-se das idéias, que são as percepções
outras; [...]. menos vivas, das quais temos consciência, quando
HUME, D. Tratado da natureza humana. São Paulo: Editora refletimos sobre quaisquer das sensações ou dos
da Unesp/Imprensa Oficial do Estado, 2001. p. 29. movimentos acima mencionados.
Assinale a alternativa que, de acordo com Hume, HUME, D. Investigação acerca do
indica corretamente o modo como a mente adquire entendimento humano. Trad. de João Paulo Gomes Monteiro.
as percepções denominadas ideias. São Paulo: Nova Cultural, p. 69-70. (Os Pensadores)
A) Todas as nossas ideias são formas a priori da Para Hume, podemos afirmar que o conhecimento
mente e, mediante essas ideias, organizamos as deve ser entendido como
respectivas impressões na experiência. A) possível unicamente quando as impressões são
B) Todas as nossas ideias advêm das nossas reduzidas às ideias simples das quais se originam.
experiências e são cópias das nossas impressões, as B) descrição da realidade pautada pela ideia de
quais sempre antecedem nossas ideias. substância e pela impressão de causalidade.
C) Todas as nossas ideias são cópias de percepções C) uma associação de ideias, que são, em última
inteligíveis, que adquirimos através de uma instância, formadas por impressões.
experiência metafísica, que transcende toda a D) resultado da associação de ideias, que se originam
realidade empírica. exclusivamente do intelecto.
D) Todas as nossas ideias já existem de forma inata,
e são apenas preenchidas pelas impressões, no 437. David Hume, filósofo do século XVIII,
momento em que temos algum contato com a partindo da teoria do conhecimento, sustentava que
experiência. I - o sujeito do conhecimento opera associando
sensações, percepções e impressões recebidas pelos
órgãos dos sentidos e retidas na memória.
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II - as ideias nada mais são do que hábitos mentais C) as certezas evidentes e os hábitos sociais.
de associações e impressões semelhantes ou de D) as superstições e as intuições intelectuais.
impressões sucessivas.
III - as ideias de essência ou substância nada mais 440. David Hume, filósofo empirista do séc. XVIII
são que um nome geral dado para indicar um opera com o postulado radical de que todos os
conjunto de imagens e de ideias que nossa materiais da mente humana são advindos da
consciência tem o hábito de associar por causa das experiência. Das quatro alternativas abaixo, três
semelhanças entre elas. formulam fundamentos básicos da filosofia de David
Assinale Hume e são decorrentes deste postulado. Uma
A) se I, II e III estiverem corretas. contém um evidente equívoco.
B) se apenas I e II estiverem corretas. Assinale, portanto, a alternativa INCORRETA, que
C) se apenas II e III estiverem corretas. está em contradição com o postulado acima
D) se apenas I e III estiverem corretas. enunciado.
E) se nenhuma estiver correta A) O tato, o olfato, o paladar e a audição não
produzem ideias, pois não podem produzir cópias de
438. Hume escreveu: “Quando pensamos numa nada que esteja contido numa experiência.
montanha de ouro, apenas unimos duas ideias B) Os órgãos dos sentidos, desde que aptos para suas
compatíveis, ouro e montanha, que outrora funções, sempre produzem ideias referentes a certos
conhecêramos. Podemos conceber um cavalo aspectos da experiência.
virtuoso, pois o sentimento que temos de nós C) Todas as percepções da mente humana são
mesmos nos permite conceber a virtude e podemos impressões ou ideias, e estas percepções são,
uni-la à figura e forma de um cavalo, que é um forçosamente, produtos da experiência.
animal bem conhecido”. D) Toda ideia é cópia de uma impressão, e toda
HUME. “Investigações acerca do entendimento humano” — impressão precede uma ideia.
Seção II. In: Da origem das idéias. Coleção “Os Pensadores”.
São Paulo: Abril Cultural, 1989. (Grifos do autor).
441. Hume descreveu a confiança que o
Observando os exemplos empregados pelo filósofo
entendimento humano deposita na probabilidade dos
escocês, analise as assertivas abaixo.
resultados dos eventos observados na natureza. Ele
I - Todas as ideias utilizadas pela razão originam-se,
comparou essa convicção ao lançamento de dados,
diretamente, do pensamento puro, sem nenhuma
cujas faces são previamente conhecidas, porém, nas
relação com as sensações.
palavras do filósofo:
II - A vinculação de uma coisa — o ouro, com outra
[...] verificando que maior número de faces aparece
— a montanha, não depende da vontade de querer
mais em um evento do que no outro, o espírito [o
associá-las.
entendimento humano] converge com mais
III - Tudo aquilo que está no pensamento deriva das
frequência para ele e o encontra muitas vezes ao
sensações externas e internas: o cavalo e a virtude do
considerar as várias possibilidades das quais depende
exemplo acima.
o resultado definitivo.
IV - Toda composição das coisas, conhecidas em HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. Tradução de
separado, depende do espírito e da vontade que as Anoar Aiex. São Paulo: Nova Cultural, 1989, p. 93. Coleção
empregam. “Os Pensadores”.
Assinale a alternativa que contém as assertivas Esse tipo de raciocínio, descrito por Hume, conduz
verdadeiras. o entendimento humano a uma situação distinta da
A) Apenas II e III. certeza racional, uma espécie de “falha”,
B) Apenas I, III e IV. representada pelo(a)
C) Apenas I e II. A) verdade da fantasia, que é superior à certeza
D) Apenas III e IV. racional.
B) crença, que ocupa o lugar da certeza racional.
439. David Hume escreveu que “podemos, por C) sentido visual, que é mais verídico que a certeza
conseguinte, dividir todas as percepções do espírito sensível.
em duas classes ou espécies, que se distinguem por D) ideia inata, que atua como o a priori da razão
seus diferentes graus de força e vivacidade”. humana.
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. São
Paulo: Nova Cultural, 1989, p. 69. 442. David Hume (1711-1776) é um dos
Assinale a ÚNICA alternativa, que apresenta estas representantes do empirismo. Sua teoria sobre as
duas classes de percepções: ideias parte do princípio de que não há nada em
A) os pensamentos e as impressões. nossa mente que não tenha passado antes pelos
B) as ideias inatas e os dogmas religiosos. sentidos, portanto, as ideias vão se formando ao
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longo da vida. Dessa forma, Hume afasta-se do caso precede outro, que um e a causa e o outro, o
princípio da corrente racionalista ou inatista segundo efeito. Esta conjunção pode ser arbitraria e acidental.
a qual afirma que há ideias inatas em nossa mente. Não há base racional para inferir a existência de um
De acordo com o pensamento de Hume, é correto pelo aparecimento do outro. [...] Todos os eventos
afirmar que parecem inteiramente soltos e separados. Um evento
A) as percepções dos sentidos geram impressões e segue outro, porem jamais podemos observar um
ideias. laco entre eles. [...] Não sentimos escrúpulos de
B) as ideias que podem ser consideradas verdadeiras predizer um ao surgir o outro [...]. Denominamos,
são as inatas. então, um dos objetos causa e outro efeito”.
C) as ideias fictícias são as que têm mais alto grau de (Hume).
ser. Segundo a concepção de conhecimento de Hume, e
D) as percepções dos sentidos nos enganam, por isso INCORRETO afirmar que
as ideias daí decorrentes são falsas. A) a realidade, embora nos forneça a experiência de
uma sucessão de fatos, não nos revela relações
443. “Não temos efetivamente, segundo Hume, causais entre eles.
nenhuma experiência da relação causa efeito como B) o princípio que fundamenta as relações causais e o
uma conexão necessária entre eventos que ocorrem costume ou o habito.
no real, isto é, não temos nenhuma experiência C) o princípio de causalidade e um princípio logico e
propriamente dita da causalidade. Tudo que inerente a própria razão.
percebemos são relações entre fenômenos de D) do fato de o Sol ter nascido todos os dias até hoje
continuidade e regularidade que, pela repetição e não podemos inferir que ele necessariamente nascera
pelo hábito, acabamos como que projetando no real amanhã.
e atribuindo à própria natureza, sem termos E) embora não haja conhecimentos absolutos sobre
nenhuma evidência empírica disto.” o mundo, não devemos abandonar a noção de
MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. 2ª. ed. rev. Rio de conhecimento humano.
Janeiro: Zahar, 2007, p.106.
A partir desta afirmação sobre o empirismo de David 445. “O hábito é, pois, o grande guia da vida
Hume, assinale o que for correto. humana. É aquele princípio único que faz com que
01) Hume é considerado cético em razão de sua nossa experiência nos seja útil e nos leve a esperar,
crítica à causalidade como princípio fundamental que no futuro, uma sequência de acontecimentos
sustenta a unidade do mundo natural. semelhante às que se verificaram no passado. Sem a
02) O que sustenta o empirismo de Hume é o ação do hábito, ignoraríamos completamente toda
princípio racionalista segundo o qual o questão de fato além do que está imediatamente
conhecimento é consequência das relações das ideias presente à memória ou aos sentidos. Jamais
com as coisas e das ideias entre si. saberíamos como adequar os meios aos fins ou como
04) Causa e efeito é a expressão para o que Hume utilizar os nossos poderes naturais na produção de
chama de uma sequência regular e contínua de um efeito qualquer. Seria o fim imediato de toda a
eventos que julgamos associados pela experiência. ação, assim como da maior parte da especulação.”
08) O conhecimento das leis que regem o mundo (HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano. São
físico depende da relação de identificação com a Paulo: Abril Cultural, 1973, pp. 145-146. Os Pensadores).
vontade divina que imprimiu essas leis no mundo. Com base nesse texto e no seu conhecimento sobre a
16) O hábito e a crença são disposições metafísicas Filosofia de Hume, assinale o que for correto.
que nos permitem intuir a verdade, isto é, as 01) Segundo Hume, entre um fenômeno e outro não
conexões causais que imprimem o movimento ao há conexão causal necessária que possa ser verificada
mundo. na experiência; é o hábito que explica a noção da
relação causa e efeito: por termos visto, várias vezes
444. “Suponde que um homem, dotado das mais juntos, dois objetos ou fatos – por exemplo, calor e
poderosas faculdades racionais, seja repentinamente chama, peso e solidez –, somos levados, pelo
transportado para este mundo; certamente, notaria costume, a prever um quando o outro se apresenta.
de imediato a existência de uma continua sucessão de 02) Como representante do racionalismo, Hume
objetos e um evento acompanhado por outro, mas afirmou que o princípio de causalidade, lei inexorável
seria incapaz de descobrir algo a mais. De início, não que regula todos os acontecimentos da natureza, é
seria capaz, mediante nenhum raciocínio, de chegar a inferido da experiência por um processo de
ideia de causa e efeito, visto que os poderes raciocínio.
particulares que realizam todas as operações naturais 04) Para Hume, o hábito é um falso guia; se não nos
jamais se revelam aos sentidos; nem e razoável fiarmos na razão, fonte do conhecimento verdadeiro,
concluir, apenas porque um evento em determinado
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e nos deixarmos conduzir pelo costume, erraremos b) atualização da disciplina moral cristã.
inevitavelmente em nossas ações e investigações. c) divulgação de costumes aristocráticos.
08) É o hábito que nos permite ultrapassar os dados d) socialização do conhecimento científico.
empíricos, os quais possuímos seja na forma de e) universalização do princípio da igualdade civil.
impressão seja na forma de idéias, e afirmar mais do
que aquilo o qual pode ser alcançado na experiência 448. O século XVIII é, por diversas razões, um
imediata. século diferenciado. Razão e experimentação se
16) A idéia de causa é apenas uma idéia geral aliavam no que se acreditava ser o verdadeiro
constituída pela associação de idéias e baseada na caminho para o estabelecimento do conhecimento
crença formada pelo hábito. científico, por tanto tempo almejado. O fato, a
análise e a indução passavam a ser parceiros
446. Afirma o filósofo David Hume (1711-1776): fundamentais da razão. É ainda no século XVIII que
“Todos os objetos da investigação ou razão humana o homem começa a tomar consciência de sua
podem ser naturalmente divididos em duas espécies, situação na história.
quais sejam, relações de ideias e questões de fato. Na ODALIA, N. In: PINSKY, J.; PINSKY, C. B. História da
primeira estão incluídas as ciências da geometria, cidadania. São Paulo: Contexto, 2003.
álgebra e aritmética, ou, em suma, toda afirmação No ambiente cultural do Antigo Regime, a discussão
intuitiva ou demonstrativamente certa. [...] Questões filosófica mencionada no texto tinha como uma de
de fato, que são a segunda espécie de objetos da suas características a
razão humana, não são passíveis de uma certificação A) aproximação entre inovação e saberes antigos.
como essa, e tampouco nossa evidência de sua B) conciliação entre revelação e metafísica platônica.
verdade, por grande que seja, é da mesma natureza C) vinculação entre escolástica e práticas de pesquisa.
que a precedente.” D) separação entre teologia e fundamentalismo
(HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. In: religioso.
Figueiredo, V. (Org.) Filósofos na sala de aula, São Paulo: E) contraposição entre clericalismo e liberdade de
Berlendis & Vertecchia, 2008, v. 3, p. 107). pensamento.
Sobre essa noção de ciência, é correto afirmar que
01) a filosofia da ciência de Hume trata de objetos, 449. O Iluminismo moderno é um período da
ou seja, de coisas concretas e materiais. história da Filosofia que vai dos últimos decênios do
02) as ciências matemáticas para Hume possuem século XVII aos últimos decênios do século XVIII.
certeza e verdade. Como linha filosófica, caracteriza-se pelo empenho
04) as relações de ideias podem ser verdadeiras desde em estender a razão como guia a todos os campos da
que sejam passíveis de demonstração matemática. experiência humana. Sobre o Iluminismo, assinale o
08) há um domínio de objetos de investigação que for correto.
humana – a que pertencem as questões de fato – que 01) Os iluministas ingleses fizeram uma crítica à
não pode ser demonstrado matematicamente. Igreja oficial, pregaram a tolerância religiosa e
16) a razão humana deve ter como objeto de desenvolveram uma religião natural chamada
investigação apenas aquilo que pode ser Deísmo.
matematizável. 02) Para Immanuel Kant, não há nenhuma relação
entre a razão e a experiência. Fundamentado na
filosofia platônica, Kant afirma que o conhecimento
2. ILUMINISMO do mundo sensível é fruto das ideias inatas.
447. Fala-se muito nos dias de hoje em direitos do 04) Tanto na França de Montesquieu quanto na
homem. Pois bem: foi no século XVIIl – em 1789, Alemanha de Immanuel Kant, o Iluminismo adotou
precisamente que uma Assembleia Constituinte uma posição política de defesa do sufrágio universal
produziu e proclamou em Paris a Declaração dos como único instrumento para instaurar um Estado
Direitos do Homem e do Cidadão. Essa Declaração democrático.
se impôs como necessária para um grupo de 08) O Iluminismo inglês teve, na teoria do pacto
revolucionários, por ter sido preparada por uma social de Thomas Hobbes, um dos seus expoentes,
mudança no plano das ideias e das mentalidades: o pois, ao realizar um pacto entre si, os indivíduos
Iluminismo. preservavam diante do Estado sua autonomia
FORTES, L.R.S. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo: política.
Brasiliense, 1981 (adaptado). 16) Jean-Jacques Rousseau desenvolveu uma filosofia
Correlacionando temporalidades históricas, o texto política inovadora ao distinguir o conceito de
apresenta uma concepção de pensamento que tem soberania do conceito de governo, atribuindo, dessa
como uma de suas bases a maneira, ao povo, uma soberania inalienável.
a) modernização da educação escolar.
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450. “Desde sempre, o Iluminismo, no sentido mais reestruturada ou revolucionada, pois os novos
abrangente de um pensar que faz progressos, saberes deveriam vir das experiências e das novas
perseguiu o objetivo de livrar os homens do medo e ciências e não de Deus e seus emissários.
de fazer dele senhores. Mas, completamente C) formas incompatíveis de fazer política, pois o
iluminada, a Terra resplandece sob o signo do povo francês era governado por um velho monarca
infortúnio triunfal. O programa do Iluminismo era o autoritário que se mantinha no poder devido à
de livrar o mundo do feitiço. Sua pretensão, a de ignorância do povo. Já livros como a Enciclopédia
dissolver os mitos e anular a ilusão, por meio do seriam a base da nova sociedade revolucionária e
saber.” anarquista proposta por Diderot.
(HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. Conceito de iluminismo. D) formas de governo inconciliáveis, pois o
In: COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, Absolutismo era autoritário e ultrapassado. Já os
2006, p. 166).
enciclopedistas, como Diderot e D’ Alembert,
Com base nesse excerto e nos seus conhecimentos
desejavam a derrubada do Rei pelos revolucionários
sobre o Iluminismo, assinale o que for correto.
comunistas, formadores de ideias socialistas
01) A palavra medo, no texto, diz respeito ao
vinculadas ao Marxismo contemporâneo.
desconhecido.
E) maneiras de governar muito distintas, pois os
02) A razão esclarecida depende de Deus, entidade
enciclopedistas eram homens de letras, que iniciavam
transcendente que banha a Terra de luz
carreira política nas fileiras dos liberais exaltados, e o
resplandecente.
monarca absolutista era do partido conservador
04) Pertence ao projeto iluminista a célebre
francês.
afirmação de Immanuel Kant: “Ousai saber. Tenha a
coragem de servir-se da própria razão”.
452. Coordenada por Denis Diderot, a Enciclopédia,
08) Constituem uma ameaça ao Iluminismo o
cuja primeira edição é de 1751, representa a
inatismo, o misticismo e toda forma de pensamento
caracterização das ideias iluministas, que exerceram
dogmaticamente estabelecido.
uma influência sobre a Revolução Francesa de 1789.
16) O pensamento ilustrado acreditava na autonomia
Sobre o enciclopedismo, assinale o que for correto.
da razão, segundo a qual o homem atingiria a
01) O Iluminismo como doutrina filosófica
maioridade.
fundamenta os seus pressupostos na Teologia e
Filosofia de Santo Agostinho, para quem a busca
451. O texto abaixo recupera uma obra iluminista
pelo conhecimento de Deus é iluminada pela graça
dirigida por Denis Diderot e Jean Le Rond d’
divina e pela fé.
Alembert em 1772 na França intitulada de
02) A revolução científica que ocorre com
Enciclopédia ou Dicionário racional das ciências, das
Copérnico, Kepler e Galileu, durante o
artes e dos ofícios. No texto afirma-se que: na
Renascimento, influenciou a Filosofia do
Enciclopédia não havia área do engenho humano
Iluminismo.
que não tivesse sido coberta. Ali se observava a
04) No século XVIII, conhecido como o Século das
confiança de que os homens eram, ou poderiam ser
Luzes, Immanuel Kant tenta superar a dicotomia
em breve, senhores de seu próprio destino, que
racionalismo/empirismo, que alimentava a polêmica
poderiam moldar o mundo e a sociedade de acordo
entre muitos filósofos do Iluminismo.
com as suas conveniências e vantagens. Era o poder
08) Entre os objetivos da Enciclopédia, encontramos o
da razão. Por isso mesmo a Enciclopédia não foi
desejo de renovar o pensamento de forma crítica e
universalmente aceita. Poderes absolutistas civis e
ilustrá-lo para o grande público.
religiosos foram seus combatentes.
(DENT, N. J. H.. Dicionário de Rousseau. Rio de Janeiro:
16) Na França, Luís XVI incentivou D’Alembert,
Zahar, 1996, p. 125. Texto adaptado). Diderot e Condillac a publicar a Enciclopédia, pois
A Enciclopédia proposta por iluministas como acreditava que a razão iluminista poderia ajudar na
Diderot e D’Alembert foi criticada no contexto manutenção da ordem do Antigo Regime.
francês, porque nesse momento o absolutismo e
razão significavam 453. Denominamos de iluminismo o movimento
A) modos de viver compatíveis, nos quais as novas e filosófico do século XVIII que, dentre outras
modernas ideias iluministas eram absorvidas pelo reis características, depositava sua confiança na
absolutistas, que percebiam nelas as vantagens de se emancipação humana pelo saber racional e recusava
moldar o mundo à sua forma e maneira, tal qual as formas tradicionais de autoridade, que, à revelia da
Diderot em sua Enciclopédia, o que possibilitou o razão, pretendiam se impor aos homens. Sob o
advento da monarquia constitucional. ponto de vista histórico, é possível notar a
B) maneiras de fazer política muito diversas. Para os convergência do movimento filosófico iluminista
racionalistas, a política absolutista deveria ser com profundas transformações sociopolíticas no
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século XVIII, tais como a Revolução Francesa de calúnia reacenderão suas tochas? No que me tange,
1789. acredito que a verdade não deve mais se esconder
Assinale a alternativa correta sobre as relações do diante dos monstros e que não devemos abster-nos
iluminismo com a Revolução Francesa. do alimento com medo de sermos envenenados”.
a) As ideias filosóficas iluministas são a causa única e Identifique a opção que melhor expressa esse
fundamental da Revolução Francesa, algo que é pensamento de Voltaire.
atestado pela comprovação empírica de que, na a) Aquele que se pauta pela razão e pela verdade não
história contemporânea das sociedades humanas, a é um sábio, pois corre um risco desnecessário.
transformação da realidade política, econômica e b) A razão é impotente diante do fanatismo, pois
social tem as concepções teóricas como seu esse sempre se impõe sobre os seres humanos.
exclusivo ponto de partida. c) Aquele que se orienta pela razão e pela verdade
b) A Revolução Francesa é a demonstração deve munir-se da coragem para enfrentar o
inequívoca da validade da noção iluminista de obscurantismo e o fanatismo.
progresso, fato este confirmado pela completa d) O fanatismo e o obscurantismo são coisas do
emancipação alcançada pela humanidade nos dias passado e por isso a razão não precisa mais estar
atuais e pela eliminação total das diferenças culturais alerta.
entre os povos, hoje regidos pelos padrões e) A razão envenena o espírito humano com o
socioculturais universais da globalização. fanatismo.
c) As aspirações iluministas por um poder político
estruturado em bases plenamente racionais e pela 455. “O gênero humano é de tal ordem que não
vigência dos direitos dos indivíduos são realizadas pode subsistir, a menos que haja uma grande
por algumas medidas dos revolucionários franceses, infinidade de homens úteis que não possuam nada.”
tais como a extinção da sociedade dividida em (Dicionário filosófico, verbete Igualdade)
ordens, a supressão do absolutismo monárquico e a “O comércio, que enriqueceu os cidadãos na
instauração da igualdade jurídica. Inglaterra, contribuiu para os tornar livres, e essa
d) Os anseios iluministas pela manutenção de um liberdade deu por sua vez maior expansão ao
poder absolutista em bases racionais manifestam-se comércio; daí se formou o poderio do Estado.”
na preservação, pelos revolucionários franceses, de (Cartas inglesas)
uma realidade social fundada na hierarquia de ordens Sobre os trechos de Voltaire, é correto afirmar que o
e das prerrogativas feudais, garantias de um autor
desenvolvimento gradual e seguro dos princípios a) define, com suas ideias, os interesses da burguesia
democráticos e capitalistas. como classe, no século XVIII: o comércio como
e) A Revolução Francesa produziu a filosofia condição para a acumulação de capital, a riqueza
iluminista, posto que inaugurou uma realidade social, como fator de liberdade e do poder de Estado e a
econômica, política e cultural que afetou propriedade ligada à desigualdade.
profundamente as ideias filosóficas dos séculos b) crê, como filósofo iluminista do século XVIII, nas
XVIII e XIX, ao revelar o anacronismo e a igualdades social e política, pois a filosofia burguesa
inadequação das teses defendidas pelos pensadores elabora uma doutrina universalista que confunde a
anteriores aos acontecimentos revolucionários, bem causa da burguesia com a de toda a humanidade.
como a necessidade de modernização das explicações c) critica a centralização do poder na medida em que
referentes ao sentido da história humana. ela breca a liberdade, impedindo o progresso das
técnicas e a expansão do comércio que geram
2. VOLTAIRE riqueza, e, ao mesmo tempo, aceita a propriedade
como fundamento da igualdade.
454. O escritor e filósofo francês Voltaire, que viveu d) considera que a burguesia não se constitui em uma
no século XVIII, é considerado um dos grandes classe no século XVIII, e ela precisa do poder do
pensadores do Iluminismo ou Século das Luzes. Ele Estado centralizado para garantir a sua riqueza e,
afirma o seguinte sobre a importância de manter nessa medida, aproxima-se da nobreza para obter
acesa a chama da razão: “Vejo que hoje, neste século apoio político.
que é a aurora da razão, ainda renascem algumas e) defende, como representante da Ilustração, a
cabeças da hidra do fanatismo. Parece que seu liberdade ligada à ausência da propriedade e elabora
veneno é menos mortífero e que suas goelas são princípios universais, com direitos e deveres para
menos devoradoras. Mas o monstro ainda subsiste e todos os homens, o que faz a igualdade econômica
todo aquele que buscar a verdade arriscar-se-á a ser ser o fundamento da sociedade.
perseguido. Deve-se permanecer ocioso nas trevas?
Ou deve-se acender um archote onde a inveja e a 456. Segundo o pensador francês Voltaire (1694-
1778): “É verdade que os magistrados não são
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senhores do povo: são as leis que são as senhoras; 16) O ofício especulativo do historiador é universal e
mas o resto é absolutamente falso no nosso e em abstrato, independentemente de quais sejam as
todos os Estados. Temos o direito, quando somos fontes que pesquisa.
convocados, de rejeitar ou de aprovar os magistrados
e as leis que nos propõem; não temos o direito de 3. MONTESQUIEU
destituir os oficiais do Estado quando nos aprouver:
esse direito seria o código da anarquia. O próprio rei 458. É verdade que nas democracias o povo parece
da França, quando deu o cargo a um magistrado, não fazer o que quer; mas a liberdade política não
pode destituí-lo a não ser por um processo.” consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em
(VOLTAIRE, Ideias republicanas por um membro do corpo.) mente o que é independência e o que é liberdade. A
A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis
correta(s). permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que
01) Os magistrados são os senhores do povo e não elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os
podem ser destituídos. outros também teriam tal poder.
MONTESQUIEU. Do Espirito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural,
02) A lei deve estar acima de todos: reis, magistrados 1997 (adaptado).
e povo. A característica de democracia ressaltada por
04) A liberdade do povo, expressa no poder de Montesquieu diz respeito
aprovação ou rejeição das leis, inexiste contra os A) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao
magistrados. tomar as decisões por si mesmo.
08) A destituição dos magistrados de seus cargos B) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à
públicos deve ser algo previsto em lei e não ao conformidade às leis.
arbítrio da vontade. C) à possibilidade de o cidadão participar no poder e,
16) A liberdade da vontade de um indivíduo não nesse caso, livre da submissão às leis.
pode estar acima das leis, sob o risco de cair-se na D) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que
anarquia. é proibido, desde que ciente das consequências.
E) ao direito do cidadão exercer sua vontade de
457. “Enquanto a filosofia se preocupa com a acordo com seus valores pessoais.
certeza e com o universal, a história só fornecia
relatos particulares e incertos. Voltaire [...] pensa que 459. Para que não haja abuso, é preciso organizar as
o filósofo deve auxiliar o historiador, ou melhor, que coisas de maneira que o poder seja contido pelo
o historiador dever ser filósofo. No que se refere à poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou
certeza e à prática do historiador, Voltaire sustenta o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do
que ele deve ter cuidado com suas fontes, duvidar povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o
sempre de relatos inverossímeis e, como se faz em de executar as resoluções públicas e o de julgar os
processos judiciários, deve sempre saber se a crimes ou as divergências dos indivíduos. Assim,
testemunha é fidedigna. Justamente por não ser criam-se os poderes Legislativo, Executivo e
possível uma certeza histórica, o historiador deve se Judiciário, atuando de forma independente para a
preocupar em multiplicar as evidências que permitem efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se
a ele relatar este ou aquele fato e defender esta ou uma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos
aquela interpretação. [...] Além disso, Voltaire poderes concomitantemente.
tentará encontrar um sentido para a história. [...] A MONTESQUIEU, B. Do espirito das leis. São Paulo Abril
variedade dos povos mostra que é impossível reduzir Cultural, 1979 (adaptado).
toda a história à história de um povo em particular” A divisão e a independência entre os poderes são
(BRANDÃO, R. Voltaire: filosofia, literatura e história. In: condições necessárias para que possa haver liberdade
Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 698- em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um
670). modelo político em que haja
Com base no trecho citado, assinale o que for a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e
correto. políticas.
01) Voltaire é favorável ao etnocentrismo. b) consagração do poder político pela autoridade
02) Voltaire defende elementos da prática filosófica religiosa.
ao exercício do historiador. c) concentração do poder nas mãos de elites técnico-
04) O gênio ou o espírito de uma época não pode ser científicas.
determinado, pois a história não é objetiva. d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às
08) A interpretação da história deve estar instituições do governo.
acompanhada de perícia e da reconstituição e) reunião das funções de legislar, julgar e executar
meticulosa dos fatos. nas mãos de um governante eleito.
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460. Os textos abaixo referem-se a pensadores cujas 08) Na sua obra O Espírito das Leis, Montesquieu trata
obras e ideias exerceram forte influência em das instituições e das leis e busca compreender a
importantes eventos ocorridos nos séculos XVII e diversidade das legislações existentes em diferentes
XVIII. Leia-os e aponte a alternativa que os relaciona épocas e lugares.
corretamente a seus autores: 16) Montesquieu elabora uma teoria do governo
I. “O filósofo desenvolveu em seus Dois Tratados fundamentada na separação dos poderes, isto é, do
Sobre Governo a ideia de um Estado de base poder legislativo, do poder executivo e do poder
contratual. Esse contrato imaginário entre o Estado e judiciário, cada um desses três poderes deve manter
os seus cidadãos teria por objeto garantir os direitos sua autonomia; é dessa forma que se pretende evitar
naturais do homem, ou seja, liberdade, felicidade e o abuso do poder dos governantes.
prosperidade. A maioria tem o direito de fazer valer
seu ponto de vista e, quando o Estado não cumpre 4. ROUSSEAU
seus objetivos e não assegura aos cidadãos a
possibilidade de defender seus direitos naturais, os 462. A “Querela do luxo” foi um dos mais intensos
cidadãos podem e devem pegar em armas contra seu debates do século XVIII na França e consistiu em
soberano para assegurar um contrato justo e a defesa defender o luxo como sinal do progresso da
da propriedade privada”. humanidade, ou em atacá-lo como signo de
II. “O filósofo propôs um sistema equilibrado de decadência. Rousseau, partidário da segunda via,
governo em que haveria a divisão de poderes num dos seus textos, afirma:
(legislativo, executivo e judiciário). Em sua obra O A vaidade e a ociosidade, que engendram nossas
Espírito das Leis alegava que tudo estaria perdido se ciências, também engendram o luxo. [...] Eis como o
o mesmo homem ou a mesma corporação exercesse luxo, a dissolução e a escravidão foram [...] o castigo
esses três poderes: o de fazer leis, o de executar e o dos esforços orgulhosos que fizemos para sair da
de julgar os crimes ou as desavenças dos particulares. ignorância feliz na qual nos colocara a sabedoria
Afirmava que só se impede o abuso do poder eterna. [...] Crêem embaçar-me terrivelmente
quando pela disposição das coisas só o poder detém perguntando-me até onde se
o poder”. deve limitar o luxo. Minha opinião é que
a) I – John Locke; II – Voltaire; absolutamente não se precisa dele. Para além da
b) I – John Locke; II – Montesquieu; necessidade física, tudo é fonte de mal.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre as ciências e as
c) I – Rousseau; II – John Locke; artes. Trad. Lourdes Santos Machado, 3ª ed. São Paulo: Abril
d) I – Rousseau; II – Diderot; Cultural, 1983. p.395; 341; 410.
e) I – Montesquieu; II – Rousseau. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
teoria política e antropológica de Rousseau e a
461. “(...) com exceção de Rousseau, o pensamento compreensão do autor acerca das ciências, das artes e
liberal do século XVIII permanece restrito aos do luxo, considere as afirmativas a seguir.
interesses dos proprietários e portanto elitista.” I. A crítica de Rousseau às ciências e às artes e, por
“Embora o pensamento de Montesquieu tenha sido extensão, ao luxo, resulta da sua compreensão da
apropriado pelo liberalismo burguês, as suas natureza
convicções dão destaque aos interesses de sua classe humana, na qual a necessidade física é o critério
e portanto o aproximam dos ideais de uma aristocracia decisivo sobre o que é bom para a humanidade.
liberal.” II. Em sua teoria política, Rousseau dirige a crítica às
(ARANHA, Maria L. de Arruda e MARTINS, Maria H. Pires. ciências, às artes e ao luxo, por identificar neles a
Filosofando: introdução à Filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2003.
Assinale o que for correto. vigência de um princípio que sacrifica a possibilidade
01) Para Rousseau, o soberano é o povo entendido da criação de uma sociedade minimamente justa.
como vontade geral, pessoa moral coletiva livre e III. A vaidade e a ociosidade, que engendram o luxo,
corpo político de cidadãos, portanto o governante são uma constante da natureza humana, razão pela
não é o soberano, mas o representante da soberania qual também as ciências e as artes são expressões
popular. necessárias da natureza humana.
02) Montesquieu fundamenta-se na teoria política do IV. A defesa da feliz ignorância, na qual nasce cada
contrato social de Rousseau para elaborar sua teoria ser humano, leva Rousseau a legitimar formas de
da formação da sociedade civil e do Estado. governo
04) O Estado republicano, para Montesquieu, caracterizadas pelo sacrifício da inteligência e da
permite a melhor forma de governo, pois possibilita crítica e pela obediência a um poder soberano.
aos cidadãos exercer um controle eficaz sobre os Assinale a alternativa correta.
governantes eleitos, limitando seu poder. a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
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c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 465. Na Filosofia Política de Jean-Jacques Rousseau,
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. para que o Contrato Social se concretize, uma das
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. condições necessárias é a de que cada um aceite
ceder todos os seus direitos em favor do Soberano.
463. Dentre os filósofos do chamado século das A partir da afirmação acima, marque a alternativa
luzes, que preconizavam a difusão do saber como o incorreta.
meio mais eficaz para se pôr fim à superstição, à a) Isso significa que o Soberano, que é
ignorância, ao império da opinião e do preconceito, e necessariamente o Rei, terá direito a qualquer ação,
que acreditavam estar dando uma contribuição pois não é limitado por nenhum contrato.
enorme para o progresso do espírito humano, Rous- b) Apesar de cederem todos os seus direitos, os
seau, certamente, ocupa um lugar não muito homens não são prejudicados, pois todos devem
cômodo. ceder seus direitos igualmente.
NASCIMENTO, Milton Meira. Rousseau: da servidão à c) Os homens, apesar de se submeterem ao
liberdade. In. WEFFORT, Francisco C. Os Clássicos da Soberano, são livres, pois são partícipes da
Política, Vol. 1. São Paulo: Ática, 1991, p. 189.
autoridade Soberana.
Sobre a filosofia política de Rousseau, é correto
d) Os homens, ao obedecerem as leis, são livres,
afirmar que
porque obedecem a si mesmos.
A) uma vez instaurado governo como corpo
submisso à autoridade soberana, ulterior esforço de
466. O homem natural é tudo para si mesmo; é a
manutenção deste estado torna-se desnecessário.
unidade numérica, o inteiro absoluto, que só se
B) as formas clássicas de governo aristocrático são
relaciona consigo mesmo ou com seu semelhante. O
incompatíveis com a ideia de um povo soberano.
homem civil é apenas uma unidade fracionária que se
C) apenas por um pacto legítimo os homens, após
liga ao denominador, e cujo valor está em sua relação
terem perdido a sua liberdade natural, podem
com o todo, que é o corpo social. As boas
receber, em troca, a liberdade civil.
instituições sociais são as que melhor sabem
D) a ação política/governamental é boa em si
desnaturar o homem, retirar-lhe sua existência
quando leva em consideração a natureza própria do
absoluta para dar-lhe uma relativa, e transferir o eu
ser humano, da sua índole natural.
para a unidade comum, de sorte que cada particular
não se julgue mais como tal, e sim como uma parte
464. Jean-Jacques Rousseau analisou a concepção de
da unidade, e só seja percebido no todo.
“estado de natureza humana” e chegou a conclusão ROUSSEAU, J. J. Emílio ou da Educação. São Paulo:
bem diferente de seus antecessores, conforme se Martins Fontes, 1999.
observa no trecho abaixo. A visão de Rousseau em relação à natureza humana,
Outros poderão, desembaraçadamente, ir mais longe conforme expressa o texto, diz que
na mesma direção, sem que para ninguém seja fácil A) o homem civil é formado a partir do desvio de
chegar ao término, pois não constitui sua própria natureza.
empreendimento trivial separar o que há de original e B) as instituições sociais formam o homem de
de artificial na natureza atual do homem, e conhecer acordo com a sua essência natural.
com exatidão um estado que não mais existe, que C) o homem civil é um todo no corpo social, pois as
talvez nunca tenha existido, que provavelmente instituições sociais dependem dele.
jamais existirá, e sobre o qual se tem, contudo, a D) o homem é forçado a sair da natureza para se
necessidade de alcançar noções exatas para bem tornar absoluto.
julgar de nosso estado presente”. E) as instituições sociais expressam a natureza
ROUSSEAU, J.J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da humana, pois o homem é um ser político.
desigualdade entre os homens. Coleção Os Pensadores. Trad.
Lourdes Santos Machado. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
Com base no trecho acima e em seus conhecimentos 467. TEXTO I
sobre o assunto, é correto afirmar que, para Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra,
Rousseau, em que todo homem é inimigo de todo homem, é
A) a natureza humana é inexistente, tudo o que válido também para o tempo durante o qual os
somos deriva da educação. homens vivem sem outra segurança senão a que lhes
B) refletir sobre o estado de natureza permite pode ser oferecida por sua própria força e invenção.
HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
compreender a vida política.
C) é impossível distinguir o que há de original e
TEXTO II
artificial no ser humano.
Não vamos concluir, com Hobbes que, por não ter
D) raciocinar a respeito do estado de natureza
nenhuma ideia de bondade, o homem seja
humana é uma tarefa inútil.
naturalmente mau. Esse autor deveria dizer que,
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sendo o estado de natureza aquele em que o cuidado Ciências e das Artes terá contribuído para aprimorar os
de nossa conservação é menos prejudicial à dos costumes?
outros, esse estado era, por conseguinte, o mais Com base nas críticas de Rousseau à sociedade,
próprio à paz e o mais conveniente ao gênero assinale a alternativa correta.
humano. a) As artes e as ciências geralmente floresceram em
ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o fundamento sociedades que se encontravam em pleno vigor
da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins moral, em que a honra era a principal preocupação
Fontes, 1993 (adaptado).
dos cidadãos.
Os trechos apresentam divergências conceituais entre
b) A emancipação advém da posse e do consumo
autores que sustentam um entendimento segundo o
exclusivo e diferenciado de bens de primeira linha,
qual a igualdade entre os homens se dá em razão de
uma vez que o luxo concede prestígio para quem o
uma
possui.
A) predisposição ao conhecimento.
c) Os envolvidos com as ciências e as artes adquirem,
B) submissão ao transcendente.
com maior grau de eficiência, conhecimentos que
C) tradição epistemológica.
lhes permitem perceber a igualdade entre todos.
D) condição original.
d) O amor-próprio é um sentimento positivo por
E) vocação política.
meio do qual o indivíduo é levado a agir moralmente
e a reconhecer a liberdade e o valor dos demais.
468. Oswald de Andrade, no Manifesto
e) O objetivo das investigações era atingir
Antropofágico, procurou transformar o “bom
celebridade, pois os indivíduos estavam obcecados
selvagem” de Rousseau num aguerrido selvagem
em exibir-se, esquecendo-se do amor à verdade.
devorador, que digere e transforma a cultura
européia do colonizador, tornando-a parte de sua
470. Em geral, são necessárias as seguintes condições
própria cultura. Considerando a questão do “bom
para autorizar o direito do primeiro ocupante de
selvagem” no pensamento de Rousseau, é correto
qualquer pedaço de chão: primeiro, que esse terreno
afirmar.
não esteja ainda habitado por ninguém; segundo, que
a) A idealização do bom selvagem, no estado de
dele só se ocupe a porção de que se tem necessidade
natureza, representa a exaltação da animalidade do
para subsistir; terceiro, que dele se tome posse não
homem primitivo que, no estado civil, adquire forma
por uma cerimônia vã, mas pelo trabalho e pela
agressiva.
cultura, únicos sinais de propriedade que devem ser
b) A felicidade original do bom selvagem se realiza
respeitados pelos outros, na ausência de títulos
no suor de seu trabalho em sua propriedade, de onde
jurídicos.
retira o necessário para a sua sobrevivência. (ROUSSEAU, J. J. Do Contrato Social. Trad. de Lourdes
c) O homem, degenerado pela civilização, só poderá Machado. São Paulo: Abril S. A. Cultural, 1973. p.44. (Coleção
recuperar a felicidade que desfrutava no estado de Os Pensadores.)
natureza com o retorno à vida isolada no meio das Com base no texto e nos conhecimentos acerca da
florestas. questão do contratualismo em Rousseau, assinale a
d) No estado de natureza, o bom selvagem busca alternativa que apresenta, corretamente, as condições
satisfazer sua necessidade inata de reconhecimento que autorizam o direito do primeiro ocupante.
de si e de admiração pelo outro. a) O assenhoreamento de grandes quantidades de
e) No estado de natureza, o bom selvagem é auto- terras no “novo mundo” por povos, utilizando-se da
suficiente e vive isolado, sobrevivendo com o que a força para afastar delas os outros homens.
natureza lhe provê e de acordo com suas b) A conciliação do trabalho e da necessidade para
necessidades inatas. subsistência de cada um, independentemente da
prioridade temporal do ocupante.
469. A questão não está mais em se um homem é c) A expulsão dos habitantes da terra, a declaração
honesto, mas se é inteligente. Não perguntamos se “isto é meu” e o convencimento dos demais sobre a
um livro é proveitoso, mas se está bem escrito. As sua ocupação.
recompensas são prodigalizadas ao engenho e ficam d) A ocupação de terras desabitadas, que, devido à
sem glórias as virtudes. Há mil prêmios para os belos sua vastidão, estão para além da capacidade do
discursos, nenhum para as belas ações. primeiro ocupante de
(ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre as ciências e as artes. 3.ed. São cultivá-las.
Paulo: Abril Cultural, 1983. p.348. Coleção Os Pensadores.) e) A primeira ocupação da terra, limitada à esfera da
O texto apresenta um dos argumentos de Rousseau à subsistência e de sua real utilização, via cultivo da
questão colocada em 1749, pela Academia de Dijon, terra.
sobre o seguinte problema: O restabelecimento das
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477. “O homem nasce livre, e por toda a parte 479. “A passagem do estado natural ao estado civil
encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais produz no homem uma mudança notável,
não deixa de ser mais escravo do que eles. (...) A substituindo em sua conduta o instinto pela justiça, e
ordem social, porém, é um direito sagrado que serve conferindo às suas ações a moralidade que
de base a todos os outros. (...) Haverá sempre uma anteriormente lhes faltava. É somente então que a
grande diferença entre subjugar uma multidão e reger voz do dever, sucedendo ao impulso físico e o
uma sociedade. Sejam homens isolados, quantos direito ao apetite, o homem, que até esse momento
possam ser submetidos sucessivamente a um só, e só tinha olhado para si mesmo, se visse forçado a
não verei nisso senão um senhor e escravos, de agir por outros princípios e consultar a razão antes
modo algum considerando-os um povo e seu chefe. de ouvir seus pendores. [...] Reduzamos todo este
Trata-se, caso se queira, de uma agregação, mas não balanço a termos fáceis de comparar; o que o
de uma associação; nela não existe bem público, nem homem perde pelo contrato social é a liberdade
corpo político.” natural e um direito ilimitado a tudo que o tenta e
(Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: pode alcançar; o que ganha é a liberdade civil e a
Ed. Abril, 1973, p. 28,36.) propriedade de tudo o que possui”
No trecho apresentado, o autor ROUSSEAU, J. J. O Contrato Social. In: Antologia de textos
a) argumenta que um corpo político existe quando os filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 606-607.
homens encontram-se associados em estado de A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
igualdade política. 01) O estado civil implica a conquista de novos
b) reconhece os direitos sagrados como base para os direitos e a conservação da liberdade civil para os
direitos políticos e sociais. homens.
c) defende a necessidade de os homens se unirem em 02) A racionalidade inerente ao homem é um dos
agregações, em busca de seus direitos políticos. fatores fundamentais para sua opção em viver no
d) denuncia a prática da escravidão nas Américas, Estado civil.
que obrigava multidões de homens a se submeterem 04) No estado de natureza, não havia moralidade nas
a um único senhor. ações humanas, porque os homens cediam aos
impulsos e aos apetites naturais.
478. “A soberania não pode ser representada pela 08) A transformação que ocorre no homem na
mesma razão por que não pode ser alienada, consiste passagem do estado de natureza para a sociedade
essencialmente na vontade geral e a vontade civil é a troca da ação instintiva pela ação regulada
absolutamente não se representa. (...). Os deputados pela razão e pela moralidade.
do povo não são nem podem ser seus 16) Na sociedade civil, o homem fica limitado
representantes; não passam de comissários seus, nada politicamente, visto que perde sua liberdade natural.
podendo concluir definitivamente. É nula toda lei
que o povo diretamente não ratificar; em absoluto, 480. “Suponhamos os homens chegando àquele
não é lei.” ponto em que os obstáculos prejudiciais à sua
(ROSSEAU, J.J. Do Contrato social, São Paulo, Abril Cultural, conservação no estado de natureza sobrepujam, pela
1973, livro III, cap. XV, p. 108-109) sua resistência, as forças de que cada indivíduo
Rousseau, ao negar que a soberania possa ser dispõe para manter-se neste estado. Então, esse
representada preconiza como regime político: estado primitivo já não pode subsistir, e o gênero
a) um sistema misto de democracia semidireta, no humano, se não mudasse de modo de vida, pereceria.
qual atuariam mecanismos corretivos das distorções [...] ‘Encontrar uma forma de associação que defenda
da representação política tradicional. e proteja a pessoa e os bens de cada associado com
toda a força comum, e pela qual cada um, unindo-se
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de que o homem passa a conduzir-se pelos instintos, abstrata de cidadania, fato este que revela a
como um “animal estúpido e limitado”. orientação puramente metafísica de suas
II. A conduta do homem, no estado natural, é investigações filosóficas, claramente influenciadas
baseada na justiça e na moralidade e em pela noção aristotélica de primeiro motor.
conformidade com princípios fundados na razão. e) A filosofia de Rousseau, por propor a substituição
III. Ao ingressar no estado civil, na sua conduta, o da propriedade privada das riquezas pelo eu comum,
homem substitui a justiça pelo instinto e apetite, assemelha-se mais ao socialismo real do que às
orientando-se, apenas, pelas suas inclinações e não democracias contemporâneas, não havendo,
pela “voz do dever” e sem “ouvir a razão”. portanto, relações possíveis entre sua teoria e as
IV. Com a passagem do estado de natureza para o discussões democráticas.
estado civil, o homem passa a agir baseado em
princípios da justiça e da moralidade, orientando-se 485. As novas luzes, que resultaram desse
antes pela razão do que pelas inclinações. desenvolvimento, aumentaram-lhe a superioridade
V. Com a passagem do estado de natureza para o sobre os outros animais ao torná-lo ciente dela.
estado civil, o homem obtém vantagens que o faz um Exercitou-se em preparar-lhes armadilhas, ludibriou-
“ser inteligente e um homem”, obtendo, assim a os de mil maneiras e, embora muitos os superassem
“liberdade civil”, submetendo-se, apenas, “à lei que em força no combate, tornou-se com o tempo o
prescrevemos a nós mesmos”. senhor de alguns e o flagelo de outros. Foi assim que
Assinale a alternativa correta. o primeiro olhar que dirigiu a si mesmo produziu-lhe
a) Apenas I e II estão corretas. o movimento de orgulho; foi assim que, mal sabendo
b) Apenas II e III estão corretas. distinguir as categorias, e contemplando-se como o
c) Apenas I e V estão corretas. primeiro de sua espécie, preparava-se de longe para
d) Apenas IV e V estão corretas. pretender-se o primeiro como indivíduo.
e) Apenas II e V estão corretas. ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos
da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes. 2005. p.
206.
484. Jean-Jacques Rousseau, em sua obra O contrato
No trecho citado, quando relata a hipotética
social, estabelece a vontade geral como fundamento
passagem da condição de natureza para a vida
de uma sociedade verdadeiramente civilizada. No
civilizada, o filósofo Jean-Jacques Rousseau destaca
contrato social concebido por Rousseau, cada
que, no momento em que os seres humanos
indivíduo põe em comum sua pessoa e todo o seu
projetam seu domínio sobre a natureza, começam a
poder sob a suprema direção da vontade geral — que
se desenvolver as disputas por poder no seio da
é diferente da vontade da maioria —, produzindo um
própria humanidade. Atualmente, observamos, no
corpo moral e coletivo que consiste no eu comum da
cenário sociopolítico de nosso país, a polêmica em
sociedade política.
torno da aprovação do novo Código Florestal
Identifique a alternativa que apresenta
brasileiro. Projetando a óptica filosófica de Jean-
adequadamente a relação da teoria contratualista de
Jacques Rousseau para o exame dessa situação, é
Rousseau com o conceito de democracia.
certo afirmar que as disputas que dizem respeito ao
a) A filosofia contratualista de Rousseau, ao enfatizar
Código Florestal devem ser compreendidas como:
o eu comum da humanidade realizado no contrato
a) a possibilidade de retorno a uma condição de
social, nega os direitos individuais e, portanto,
natureza na qual os seres humanos desenvolveriam
expressa claramente a defesa de uma sociedade
plenamente suas faculdades racionais e morais,
politicamente totalitária e refratária a manifestações
livrando-se, então, dos inevitáveis vícios de uma
democráticas.
sociedade civilizada que projeta a técnica em
b) As democracias representativas contemporâneas
detrimento da humanidade.
são a realização das teses defendidas por Jean-
b) uma resistência nostálgica ao progresso da
Jacques Rousseau, pois fazem coincidir
humanidade, que requer o completo domínio
necessariamente a vontade geral com a vontade da
humano sobre a natureza, com o qual os seres
maioria, o que se observa na realização de eleições e
humanos finalmente superarão suas vaidades,
plebiscitos.
orgulhos e ambições pessoais, em uma civilização de
c) Muito embora a filosofia de Rousseau seja fonte
abundância para todos.
de inspiração para muitos teóricos atuais da
c) a expressão completa de um autêntico contrato
democracia, sua teoria não defende a democracia
social, revelado na unanimidade em torno das
representativa, uma vez que a vontade geral não deve
questões ambientais e na projeção do “eu comum”
ser confundida com a vontade da maioria.
da humanidade, em um plano institucional que se
d) A filosofia de Rousseau substitui a noção de
consolida na soberania do poder estatal.
democracia, direta ou representativa, pela noção
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d) uma oportunidade única para a superação do indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa
modo de produção capitalista pela sociedade menoridade se a causa dela não se encontra na falta
socialista, caracterizada pela apropriação coletiva dos de entendimento, mas na falta de decisão e coragem
recursos naturais e pela criação de cooperativas de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem.
agrícolas autônomas e autossustentáveis. Tem coragem de fazer uso de teu próprio
e) um conflito que não se restringe a visões entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A
ecológicas distintas, sendo, isto sim, profundamente preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma
influenciado pelos interesses socioeconômicos de tão grande parte dos homens, depois que a natureza
indivíduos e grupos que pretendem preservar suas de há muito os libertou de uma condição estranha,
riquezas materiais, seu poder e seu prestígio social. continuem, no entanto, de bom grado menores
durante toda a vida.
5. IMMANUEL KANT KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento?
Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).
486. O criticismo de Kant representa a reação do Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento,
pensamento do Século das Luzes à polarização fundamental para a compreensão do contexto
decorrente do racionalismo e do empirismo do filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no
século anterior. Logo, na introdução da sua obra sentido empregado por Kant, representa:
Crítica da razão pura, Kant defende a realização da A) a reivindicação de autonomia da capacidade
revolução copernicana na filosofia. Sobre esta racional como expressão da maioridade.
revolução, analise as assertivas abaixo. B) o exercício da racionalidade como pressuposto
I - A filosofia, até então, sempre se guiou pelos menor diante das verdades eternas.
instintos, deixando sempre no plano inferior o objeto C) a imposição de verdades matemáticas, como
do conhecimento. caráter objetivo, de forma heterônoma.
II - Nas atividades filosóficas é preciso que o objeto D) a compreensão de verdades religiosas que
seja regulado pelo conhecimento humano, o libertam o homem da falta de entendimento.
conhecimento a priori. E) a emancipação da subjetividade humana de
III - O conhecimento a priori resulta da faculdade de ideologias produzidas pela própria razão.
intuição, cuja comprovação é alcançada com a
experiência. 489. Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se
IV- Só é verdadeiro o conhecimento resultante da devia regular pelos objetos; porém, todas as
experiência, quando esta toma o objeto como a coisa tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo
em si mesma, sem o auxílio da razão. que ampliasse nosso conhecimento malogravam-se
Assinale a alternativa que contém as assertivas com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez,
verdadeiras. experimentar se não se resolverão melhor as tarefas
A) Apenas II e IV. da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam
B) Apenas I, II e IV. regular pelo nosso conhecimento.
KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-
C) Apenas II e III. Guibenkian, 1994.
D) Apenas I, III e IV. O trecho em questão é uma referência ao que ficou
conhecido como revolução copernicana da filosofia.
487. Princípios práticos são subjetivos, ou máximas, Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que
quando a condição é considerada pelo sujeito como a) assumem pontos de vista opostos acerca da
verdadeira só para a sua vontade; são, por outro lado, natureza do conhecimento.
objetivos, quando a condição é válida para a vontade b) defendem que o conhecimento é impossível,
de todo ser natural. restando-nos somente o ceticismo.
KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa:
Edições 70, 2008. c) revelam a relação de interdependência entre os
A concepção ética presente no texto defende a dados da experiência e a reflexão filosófica.
A) universalidade do dever. d) apostam, no que diz respeito às tarefas da
B) maximização da utilidade. filosofia, na primazia das ideias em relação aos
C) aprovação pelo sentimento. objetos.
D) identificação da justa medida. e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do
E) obediência à determinação divina. nosso conhecimento e são ambas recusadas por
Kant.
488. (ENEM 2012) Esclarecimento é a saída do
homem de sua menoridade, da qual ele próprio é 490. Um Estado é uma multidão de seres humanos
culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso submetida a leis de direito. Todo Estado encerra três
de seu entendimento sem a direção de outro poderes dentro de si, isto é, a vontade unida em geral
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consiste de três pessoas: o poder soberano a) assegura que a ação seja aceita por todos a partir
(soberania) na pessoa do legislador; o poder livre discussão participativa.
executivo na pessoa do governante (em consonância b) garante que os efeitos das ações não destruam a
com a lei) e o poder judiciário (para outorgar a cada possibilidade da vida futura na terra.
um o que é seu de acordo com a lei) na pessoa do c) opõe-se ao princípio de que toda ação do homem
juiz. possa valer como norma universal.
KANT, I. A metafísica dos costumes. Bauru: EDIPRO, d) materializa-se no entendimento de que os fins da
2003. ação humana podem justificar os meios.
De acordo com o texto, em um Estado de direito e) permite que a ação individual produza a mais
A) a vontade do governante deve ser obedecida, pois ampla felicidade para as pessoas envolvidas.
é ele que tem o verdadeiro poder.
B) a lei do legislador deve ser obedecida, pois ela é a 493. TEXTO I
representação da vontade geral. Duas coisas enchem o ânimo de admiração e
C) o Poder Judiciário, na pessoa do juiz, é soberano, veneração sempre crescentes: o céu estrelado sobre
pois é ele que outorga a cada um o que é seu. mim e a lei moral em mim.
D) o Poder Executivo deve submeter-se ao KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70.
Judiciário, pois depende dele para validar suas TEXTO II
determinações. Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o
E) o Poder Legislativo deve submeter-se ao estrelado céu dentro de mim.
Executivo, na pessoa do governante, pois ele que é FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo:
soberano. Hedra, 2015.
A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes
491. A pura lealdade na amizade, embora até o ideias centrais do pensamento kantiano:
presente não tenha existido nenhum amigo leal, é A) Possibilidade da liberdade e obrigação da ação.
imposta a todo homem, essencialmente, pelo fato de B) Aprioridade do juízo e importância da natureza.
tal dever estar implicado como dever em geral, C) Necessidade da boa vontade e crítica da
anteriormente a toda experiência, na ideia de uma metafísica.
razão que determina a vontade segundo princípios a D) Prescindibilidade do empírico e autoridade da
priori. razão.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São E) Interioridade da norma e fenomenalidade do
Paulo: Barcarolla, 2009. mundo.
A passagem citada expõe um pensamento
caracterizado pela 494. Na obra “Resposta à questão: o que é o
A) eficácia prática da razão empírica esclarecimento?”, Kant discute conceitos como uso
B) transvaloração dos valores judaico-cristãos. público e privado da razão e a superação da
C) recusa em fundamentar a moral pela experiência. menoridade. À luz do pensamento kantiano, o
D) comparação da ética a uma ciência de rigor fenômeno contemporâneo do uso político dos
matemático. eventos esportivos
E) importância dos valores democráticos nas a) torna o indivíduo dependente, já que a sua
relações de amizade. menoridade impede o esclarecimento e a
possibilidade de pensar por si próprio.
492. Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade a b) forma o indivíduo autônomo, uma vez que amplia
pedir dinheiro emprestado. Sabe muito bem que não a sua capacidade de fazer uso da própria razão para
poderá pagar, mas vê também que não lhe agir autonomamente.
emprestarão nada se não prometer firmemente pagar c) impede que o indivíduo pense de forma restrita,
em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a pois, mesmo estando cercado por tutores, facilmente
promessa; mas tem ainda consciência bastante para rompe com a menoridade.
perguntar a si mesma: não é proibido e contrário ao d) proporciona esclarecimento político das massas,
dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo pois tais eventos promovem o aprendizado crítico
que se decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: mediante a afirmação da ideia de nacionalidade.
quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou pedi- e) confere liberdade às massas para superar a
lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que dependência gerada pela aceitação da tutela de
tal nunca sucederá. outrem.
KANT, l. Fundamentação da metafísica dos costumes. São
Paulo. Abril Cultural, 1980
495. (UEL 2012) O desenvolvimento não é um
De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa
mecanismo cego que age por si. O padrão de
de pagamento” representada no texto
progresso dominante descreve a trajetória da
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sociedade contemporânea em busca dos fins tidos 497. As leis morais juntamente com seus princípios
como desejáveis, fins que os modelos de produção e não só se distinguem essencialmente, em todo o
de consumo expressam. É preciso, portanto, conhecimento prático, de tudo o mais onde haja um
rediscutir os sentidos. Nos marcos do que se entende elemento empírico qualquer, mas toda a Filosofia
predominantemente por desenvolvimento, aceita-se moral repousa inteiramente sobre a sua parte pura e,
rever as quantidades (menos energia, menos água, aplicada ao homem, não toma emprestado o mínimo
mais eficiência, mais tecnologia), mas pouco as que seja ao conhecimento do mesmo (Antropologia).
qualidades: que desenvolvimento, para que e para (KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Trad. de
quem? Guido A. de Almeida. São Paulo: Discurso Editorial, 2009.)
(LEROY, Jean Pierre. Encruzilhadas do Desenvolvimento. O Com base no texto e na questão da liberdade e
Impacto sobre o meio ambiente. Le Monde Diplomatique autonomia em Immanuel Kant, assinale a alternativa
Brasil. jul. 2008, p.9.) correta.
Tendo como referência a relação entre a) A fonte das ações morais pode ser encontrada
desenvolvimento e progresso presente no texto, é através da análise psicológica da consciência moral,
correto afirmar que, em na qual se pesquisa mais o que o homem é, do que o
Kant, tal relação, contida no conceito de Aufklärung que ele deveria ser.
(Esclarecimento), expressa: b) O elemento determinante do caráter moral de
a) A tematização do desenvolvimento sob a égide da uma ação está na inclinação da qual se origina, sendo
lógica de produção capitalista. as inclinações serenas moralmente mais perfeitas do
b) A segmentação do desenvolvimento que as passionais.
tecnocientífico nas diversas especialidades. c) O sentimento é o elemento determinante para a
c) A ampliação do uso público da razão para que se ação moral, e a razão, por sua vez, somente pode dar
desenvolvam sujeitos autônomos. uma direção à presente inclinação, na medida em que
d) O desenvolvimento que se alcança no âmbito fornece o meio para alcançar o que é desejado.
técnico e material das sociedades. d) O ponto de partida dos juízos morais encontra-se
e) O desenvolvimento dos pressupostos científicos nos “propulsores” humanos naturais, os quais se
na resolução dos problemas da filosofia prática. direcionam ao bem próprio e ao bem do outro.
e) O princípio supremo da moralidade deve assentar-
496. Kant, mesmo que restrito à cidade de se na razão prática pura, e as leis morais devem ser
Königsberg, acompanhou os desdobramentos das independentes de qualquer condição subjetiva da
Revoluções Americana e Francesa e foi levado a natureza humana.
refletir sobre as convulsões da história mundial. Às
incertezas da Europa plebeia, individualista e 498. O tempo nada mais é que a forma da nossa
provinciana, contrapôs algumas certezas da razão intuição interna. Se a condição particular da nossa
capazes de restabelecer, ao menos no pensamento, a sensibilidade lhe for suprimida, desaparece também o
sociabilidade e a paz entre as nações com vista à conceito de tempo, que não adere aos próprios
constituição de uma federação de povos – sociedade objetos, mas apenas ao sujeito que os intui.
cosmopolita. (KANT, I. Crítica da razão pura. Trad. Valério Rohden e Udo
(Adaptado de: ANDRADE, R. C. Kant: a liberdade, o Baldur Moosburguer. São Paulo: Abril Cultural, 1980. p.47.
indivíduo e a república. In: WEFORT, F. C. (Org.). Clássicos Coleção Os Pensadores.)
da política. v.2. São Paulo: Ática, 2003. p.49-50.) Com base nos conhecimentos sobre a concepção
Com base nos conhecimentos sobre a Filosofia kantiana de tempo, assinale a alternativa correta.
Política de Kant, assinale a alternativa correta. a) O tempo é uma condição a priori de todos os
a) A incapacidade dos súditos de distinguir o útil do fenômenos em geral.
prejudicial torna imperativo um governo paternal b) O tempo é uma representação relativa subjacente
para indicar a felicidade. às intuições.
b) É chamado cidadão aquele que habita a cidade, c) O tempo é um conceito discursivo, ou seja, um
sendo considerados cidadãos ativos também as conceito universal.
mulheres e os empregados. d) O tempo é um conceito empírico que pode ser
c) No Estado, há uma igualdade irrestrita entre os abstraído de qualquer experiência.
membros da comunidade e o chefe de Estado. e) O tempo, concebido a partir da soma dos
d) Os súditos de um Estado Civil devem possuir instantes, é infinito.
igualdade de ação em conformidade com a lei
universal da liberdade. 499. Esclarecimento é a saída do homem de sua
e) Os súditos estão autorizados a transformar em menoridade, da qual ele próprio é culpado. A
violência o descontentamento e a oposição ao poder menoridade é a incapacidade de fazer uso do seu
legislativo supremo. entendimento sem a direção de outro indivíduo ...
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Sapere Aude! Tem coragem de fazer uso de teu também, parte importante da sua concepção de
próprio entendimento, tal é o lema do gênio.
esclarecimento. c) Os eventos naturais de proporções ameaçadoras
(KANT, I. Resposta à pergunta: que é ‘Esclarecimento’ provocam nosso interesse quando nos situam na
(‘Aufklärung’). Trad. Floriano de Souza Fernandes, 2.ed. possibilidade iminente de sermos por eles destruídos.
Petrópolis: Vozes, 1985. p.100-117.)
d) O sublime não está contido em nenhuma coisa da
Tendo em vista a compreensão kantiana do
natureza, e sim em nosso ânimo, quando nos
Esclarecimento (Aufklärung) para a constituição de
tornamos conscientes de nossa superioridade à
uma compreensão tipicamente moderna do humano,
natureza.
assinale a alternativa correta.
e) A faculdade de resistência à dimensão ameaçadora
a) Fazer uso do próprio entendimento implica a
e destruidora dos eventos naturais de grande
destruição da tradição, na medida em que o poder da
magnitude é a faculdade produtora do belo.
tradição impede a liberdade do pensamento.
b) A superação da condição de menoridade resulta
501. Dever é a necessidade de uma ação por respeito
do uso privado da razão, em que o indivíduo faz uso
à lei. [...] devo proceder sempre de maneira que eu
restrito do próprio entendimento.
possa
c) A saída da menoridade instaura uma situação
querer também que a minha máxima se torne uma lei
duradoura, pois as verdadeiras conquistas do
universal.
Esclarecimento se afiguram como irreversíveis. KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos
d) A menoridade é uma tendência decorrente da costumes. Trad. Paulo Quintela. São Paulo: Abril Cultural.
natureza humana, sendo, por esse motivo, superada Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
no Esclarecimento, com muito esforço. teoria kantiana do dever, assinale a alternativa
e) A condição fundamental para o Esclarecimento é correta.
a liberdade, concebida como a possibilidade de se a) A máxima de uma ação moral universalizável pode
fazer uso público da razão. ter como fundamento os efeitos da ação, sendo
considerada moralmente boa uma ação cujos efeitos
500. Rochedos audazes sobressaindo-se por assim causam o bem.
dizer ameaçadores, nuvens carregadas acumulando- b) A obrigação incondicional que a lei moral impõe
se no céu, avançando com relâmpagos e estampidos, advém do reconhecimento da possibilidade de
vulcões em sua inteira força destruidora, furacões universalização das máximas da ação.
com a devastação deixada para trás, o ilimitado c) A mentira pode, em certas circunstâncias, ser
oceano revolto, uma alta queda d’água de um rio legitimada moralmente quando dela resulta uma ação
poderoso etc. tornam nossa capacidade de resistência benéfica ou impede o prejuízo a outrem.
de uma pequenez insignificante em comparação com d) A máxima incondicional de uma ação moral pode
o seu poder. Mas o seu espetáculo só se torna tanto ter como fundamento a experiência, pois os
mais atraente quanto mais terrível ele é, contanto costumes fornecem elementos suficientes para ela.
que, somente, nos encontremos em segurança; e de e) O imperativo categórico, princípio dos
bom grado denominamos estes objetos sublimes, imperativos do dever, escolhe, dentre os estímulos
porque eles elevam a fortaleza da alma acima de seu fornecidos à vontade, o que lhe é mais adequado.
nível médio e permitem descobrir em nós uma
faculdade de resistência de espécie totalmente 502. Para Immanuel Kant,
diversa, a qual encoraja a medir-nos com a aparente A) transcendental é o conhecimento enquanto tal, na
onipotência da natureza. medida em que é possível a posteriori, ou seja, como
(KANT, I. Crítica da Faculdade do Juízo. Trad. Antonio objeto de apreensão sensível/material.
Marques e Valério Rohden. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1995. p. 107.)
B) transcendental é uma forma de conhecimento não
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o dos próprios objetos, mas dos modos pelos quais
juízo de gosto e o sublime na estética moderna, podem ser conhecidos, ou seja, as condições da
particularmente em Kant, assinale a alternativa experiência possível
correta. C) transcendente é o conhecimento que trata dos
a) O conceito de beleza, resultante da atividade do princípios que não ultrapassam os limites da
entendimento, permite apreender o sentido dos experiência, como os teológicos e os cosmológicos.
eventos ameaçadores, protegendo o sujeito da D) a distinção transcendental e empírico envolve
destruição. elementos da metafísica clássica, de origem platônica.
b) Os elementos da natureza compõem o núcleo da
teoria kantiana do juízo de gosto, constituindo, 503. Considere as questões que Immanuel Kant
lança ao seu leitor nas primeiras páginas da Estética
Transcendental.
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Que são então o espaço e o tempo? São entes reais? b) O Imperativo Categórico é um cânone que nos
Serão apenas determinações ou mesmo relações de leva a agir por inclinação, vale dizer, tendo por
coisas, embora relações de espécie tal que não objetivo a satisfação de paixões subjetivas.
deixariam de subsistir entre as coisas, mesmo que c) Inclinação é a independência da faculdade de
não fossem intuídas? Ou serão unicamente apetição das sensações, que representa aspectos
dependentes da forma da intuição e, por conseguinte, objetivos baseados em um julgamento universal.
da constituição subjetiva do nosso espírito, sem a d) A boa vontade deve ser utilizada para satisfazer os
qual esses predicados não poderiam ser atribuídos a desejos pessoais do homem. Trata-se de fundamento
coisa alguma? determinante do agir, para a satisfação das
KANT. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste Gulbenkian. inclinações.
Sobre as noções kantianas de tempo e espaço é
correto afirmar que essas noções são as formas 506. O texto abaixo comenta alguns aspectos da
A) da experiência possível, que só podem ser reflexão de Immanuel Kant sobre a ética.
conhecidos a posteriori. B) da razão, resultantes da E por que realizamos atos contrários ao dever e,
participação do homem no Ser de Deus. portanto, contrários à razão? Kant dirá que é porque
C) a priori da razão, a partir das quais os objetos nos nossa vontade é também afetada pelas inclinações,
são dados na experiência. que são os desejos, as paixões, os medos, e não
D) de conceber a experiência, aprendidas apenas pela razão. Por isso afirma que devemos
culturalmente desde a infância e ao longo da nossa educar a vontade para alcançar a boa vontade, que
história. seria aquela guiada unicamente pela razão.
COTRIM, G.; FERNANDES, M. Fundamentos de Filosofia.
504. Os princípios práticos se dividem em dois São Paulo: Saraiva, 2010. p. 301.
grandes grupos, que Kant chama, respectivamente, Sobre a reflexão ética de Kant, assinale a alternativa
de ‘máximas’ e ‘imperativos’. [...] Os imperativos são INCORRETA.
os princípios práticos objetivos, isto é, válidos para a) A ação por dever é aquela que exclui todas as
todos. Os imperativos são “mandamentos” ou determinações advindas da sensibilidade, como os
“deveres”, ou seja, regras que expressam uma desejos, as paixões e os medos.
necessidade objetiva da ação, o que significa que, “se b) A ação por dever está fundada na autonomia, ou
a razão determinasse completamente a vontade, a seja, na capacidade que todo homem tem de escolher
ação ocorreria segundo tal regra” ao passo que a as regras que sua própria razão construiu.
intervenção de fatores emocionais e empíricos c) A ação por dever é uma expressão da boa vontade,
podem desviar esta vontade. na medida em que exige que a mesma regra,
REALE,G., DARIO, A. História da Filosofia, vol. II. São escolhida para um certo caso, possa ser utilizada por
Paulo: Paulus, 1990, p. 903 (adaptado) todos os agentes racionais.
Para Kant, é correto afirmar que os imperativos d) A ação por dever é aquela que reflete um meio
A) são subjetivos e, dessa forma, não podem ser termo ou um equilíbrio entre as determinações das
princípios universais. inclinações e as determinações da razão.
B) devem determinar a razão, pois são princípios
válidos para todos. 507. No texto que se segue, Marilena Chauí comenta
C) determinam a vontade, sem que as emoções a estrutura da sensibilidade em Kant.
interfiram. “A forma da sensibilidade é o que nos permite ter
D) sendo “máximas”, não expressam a necessidade percepções, isto é, a forma é aquilo sem o que não
objetiva da ação. pode haver percepção, sem o que a percepção seria
505. Autonomia da vontade é aquela sua propriedade impossível.”
graças à qual ela é para si mesma a sua lei CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1995.
(independentemente da natureza dos objetos do p. 78.
querer). O princípio da autonomia é, portanto: não Marque a alternativa que explicita corretamente a
escolher senão de modo a que as máximas da escolha forma da sensibilidade para Kant.
estejam incluídas simultaneamente, no querer a) A forma da sensibilidade é constituída por
mesmo, como lei universal. impressões e sensações, a partir das quais captamos
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos todos os conteúdos da experiência possível.
Costumes. Tradução de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70. b) A forma da sensibilidade é retirada da experiência,
De acordo com a doutrina ética de Kant: com a qual aprendemos as noções fundamentais de
a) O Imperativo Categórico não se relaciona com a número e extensão.
matéria da ação e com o que deve resultar dela, mas c) A forma da sensibilidade é constituída pelos cinco
com a forma e o princípio de que ela mesma deriva. sentidos, que produzem todas as imagens possíveis
da experiência.
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d) A forma da sensibilidade não é dada pela c) estético-teatral, como dramatis personae, lista dos
experiência, mas possibilita a experiência, sendo personagens principais de uma obra teatral.
constituída pelo espaço e pelo tempo. d) ético-moral, no sentido kantiano, em que o
homem, como ser racional, é fim em si mesmo e
508. “O idealismo consiste na afirmação de que não nunca meio.
existe outro ser senão o pensante; as demais coisas
seriam apenas representações nos seres pensantes, às 510. “Age de tal maneira que uses a humanidade,
quais não corresponderia nenhum objeto. Eu afirmo, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer
ao contrário: são-nos dadas coisas como objetos de outro, sempre e simultaneamente, como fim e nunca
nossos sentidos, existentes fora de nós, só que nada como meio.”
sabemos do que eles possam ser em si mesmos, KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos
conhecemos apenas as representações que produzem Costumes. Lisboa: Edições 70, 1992, p. 69.
em nós ao afetarem nossos sentidos”. O imperativo moral acima citado, que, nos termos da
Kant. Immanuel. Prolegómenos a toda a metafísica futura. filosofia moral kantiana, deve servir “de lei prática
Lisboa: Edições 70, 1987. p.68. universal”, nos indica que
Estabelecer as condições de possibilidade do a) na ação ético-moral a humanidade pode aparecer
conhecimento foi um dos principais desafios ao qual como fim ou como meio, desde que se trate sempre
Kant se propôs a partir de sua filosofia os indivíduos como humanos.
transcendental. Sobre esta filosofia, é correto afirmar b) na medida em que os fins justificam os meios, o
que uso da pessoa humana por outra como meio é justo
a) buscou superar a oposição empirismo/ apenas se os fins forem justos.
racionalismo propondo a existência de estruturas a c) na ação ético-moral o sujeito preserva a
priori de conhecimento, sem as quais não é possível humanidade do outro como fim, embora
nenhuma experiência de nenhum objeto. temporariamente trate a si mesmo como meio.
b) ocupou-se em consolidar a visão racionalista de d) a ação ético-moral, à medida que pressupõe sua
tradição cartesiana ao criticar as concepções universalidade, nunca pode contradizer a ideia moral
empiristas de Locke e Hume, segundo as quais da humanidade como fim.
sentidos e experiência são a base do conhecimento.
c) procurou ultrapassar completamente tanto o 511. As seguintes máximas exemplificam a solução
racionalismo, como o empirismo, através de seu apresentada por Immanuel Kant na formulação do
criticismo, cuja abordagem da realidade nem é princípio supremo da moralidade:
sensível, nem empírica, mas puramente metafísica. “Age como se a máxima de tua ação se devesse
d) foi muito influenciada pela filosofia hegeliana em tornar, pela tua vontade, em lei universal da
sua percepção dialética da realidade: sua postulação natureza”.
da oposição númeno/fenômeno expressa tal “Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na
influência. tua pessoa como na pessoa de qualquer outro,
sempre e simultaneamente como fim e nunca
509. “No Brasil, a tortura ganhou destaque durante o simplesmente como meio”.
período da ditadura militar, quando foram cometidos KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos
diversos atos de tortura contra pessoas consideradas costumes. Trad. Paulo Quintela. Lisboa: Edições70.1997.
pelo governo como uma ‘ameaça’ à ordem e à paz. Essas máximas são imperativos categóricos, sobre os
Após esse período turbulento, a Assembleia quais é correto afirmar que
Constituinte se reuniu para elaborar a nova a) estabelecem, segundo Kant, a universalização da
Constituição, aquela que mais tarde seria considerada ação moral através de uma finalidade a ser atingida
como a Constituição Cidadã, pois ressalta o respeito fora da razão e estabelecida a partir do processo de
à dignidade da pessoa humana e a garantia dos análise racional da realidade.
direitos essenciais”. b) são, inicialmente, de caráter hipotético, ao buscar
TEIXEIRA, Adriano Mendes. Os crimes de tortura e o avaliar as ações possíveis, como meio de alcançar
princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. alguma coisa que se deseja ou que se queira atingir
O conceito de pessoa na expressão “dignidade da concretamente.
pessoa humana” se refere ao conceito c) são chamados categóricos, por serem
a) jurídico de persona, no sentido hobbesiano, como mandamentos da própria razão autônoma e por
indivíduo em sua existência legal como membro do servirem de procedimento para testar o caráter
Estado. universalizável e, portanto, moral de uma máxima.
b) religioso, no sentido agostiniano, da pessoa d) determinam, categoricamente, que, para atingir um
individual como imago dei, ou seja, criado à imagem determinado fim, é necessário que se usem certos
e semelhança de Deus.
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meios, o que expressa a universalização da moral Facilmente distingo aqui os dois sentidos que a
pragmática kantiana. questão pode ter: – se é prudente, ou se é conforme
ao dever, fazer uma falsa promessa.
512. Contra o obscurantismo, o KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes.
Iluminismo/Esclarecimento sustentou que a Tradução de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1995. p.33.
ignorância não é uma virtude e que a obediência cega Com base no texto e nos conhecimentos acerca de
à autoridade é incompatível com nossa natureza Immanuel Kant, assinale a alternativa correta.
racional. A esse respeito, Immanuel Kant foi a) As ações têm verdadeiro valor moral quando são
taxativo: praticadas como resultado de uma inclinação.
“Tem coragem de fazer uso de teu próprio b) Dizer a verdade por receio às consequências que
entendimento, tal é o lema do esclarecimento possam advir é agir por dever, portanto é eticamente
[«Aufklärung»]”. correto.
KANT, Immanuel. Resposta à pergunta Que é c) Para saber se uma ação é moralmente correta ou
“Esclarecimento”? (Aufklärung) Trad. Floriano de Souza incorreta, deve-se indagar se ela pode ser elevada à
Fernandes, 2 ed. Petrópolis, Editora Vozes, 1985. p. 100. categoria de lei universal.
A defesa dos benefícios civilizatórios da liberdade do d) Perceber que é possível utilizar uma falsa
pensamento, da laicidade do Estado e de uma promessa em determinadas situações é condição
educação pautada nos valores republicanos extensível suficiente para torná-la lei universal.
aos cidadãos como obrigação do Estado é outro
princípio iluminista ainda bastante atual. 514. Uma vez que despojei a vontade de todos os
Com base nos conhecimentos sobre o estímulos que lhe poderiam advir da obediência a
Iluminismo/Esclarecimento, atribua V (verdadeiro) qualquer lei, nada mais resta do que a conformidade
ou F (falso) às afirmativas a seguir. a uma lei universal das ações em geral que possa
( ) Instituiu a crença no progresso da humanidade, servir de único princípio à vontade, isto é: devo
expressa na confiança de que o exercício, tanto proceder sempre de maneira que eu possa querer
individual quanto coletivo, da razão faria a também que a minha máxima se torne uma lei
humanidade alcançar um estágio de maior realização universal.
das potencialidades humanas. KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de
( ) Consistiu na substituição da autoridade do clero e Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1995. p.33.
da nobreza pela autoridade da Filosofia, tendo em Com base no texto e em relação ao Imperativo
vista que a Filosofia, amparada numa tradição Categórico formulado na moral kantiana, considere
reflexiva milenar, possui condições mais objetivas de as afirmativas a seguir.
criar consensos para a ação. I. Atende aos fins valorativos de uma determinada
( ) Baseou-se na ascensão econômica das camadas forma de vida cultural.
populares antes da Revolução Francesa, as quais II. Consiste em um procedimento formal que
consideravam o enriquecimento econômico como discrimina as intenções subjetivas de ação.
substituto da salvação religiosa. III. Pauta-se pela imparcialidade decorrente do dever
( ) Manifestou o princípio da liberdade na forma imposto pela lei moral.
republicana de governo por meio da finalidade desta IV. Requer a adequação da vontade à determinação
em representar os interesses particulares e os objetiva da razão.
negócios privados da nascente classe trabalhadora do Assinale a alternativa correta.
século XVIII. a) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
( ) Possibilitou o questionamento da autoridade b) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
divina do rei, buscando justificar o poder pelos c) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
meios racionais ao aplicar essas concepções no seu d) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
exercício.
Assinale a alternativa que contém, de cima para 515. Pessoa crítica é a que tem posições
baixo, a sequência correta. independentes e refletidas, é capaz de pensar por si
a) V, V, F, F, V. própria e não aceita como verdadeiro o simples
b) V, F, V, V, F. estabelecimento por outros como tal, mas só após o
c) V, F, F, F, V. seu exame livre e fundamentado. Uma época
d) F, V, F, V, V. esclarecida é aquela em que os homens atingem a sua
e) F, V, V, F, F. maioridade pela capacidade não só de pensarem
autonomamente, mas também de não se deixarem
513. Ponhamos, por exemplo, a questão seguinte: – manipular e dominar. Em vista disso, ela é um
Não posso eu, quando me encontro em apuro, fazer estágio alcançável com dificuldade, o que levou Kant
uma promessa com a intenção de a não cumprir? a dizer que sua época não era ainda uma época
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GABARITO 294. e
295. a
258. e 296. 2/8/16
259. e 297. 8/16
260. 1/16 298. 2/4
261. 1/4/8/16 299. b
262. b 300. d
263. 2/4/8 301. b
264. c 302. d
265. a 303. a
266. 1/8/16 304. e
267. 2/16 305. c
268. a 306. b
269. b 307. a
270. c 308. e
271. e 309. b
272. a 310. b
273. c 311. a
274. d 312. c
275. a 313. e
276. 1/2/4/16 314. b
277. 1/2/8/16 315. d
278. 1/16 316. a
279. e 317. b
280. c 318. b
281. c 319. c
282. e 320. c
283. a 321. d
284. b 322. e
285. d 323. d
286. b 324. a
287. b 325. a
288. b 326. c
289. a 327. a
290. b 328. b
291. a 329. 2/4/8/16
292. d 330. b
293. b 331. 2/4
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484. c
485. e
486. c
487. a
488. a
489. a
490. b
491. c
492. c
493. e
494. a
495. c
496. d
497. e
498. a
499. e
500. d
501. b
502. b
503. c
504. b
505. a
506. d
507. d
508. a
509. d
510. d
511. c
512. c
513. c
514. d
515. d
516. 1/8/16
517. c
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relações sociais mascaradas pela ideologia de propostas pelos gregos e pelo cristianismo são
classe, o que necessariamente provoca o instrumentos que os fracos inventaram para
conflito social: Coringa e Batman são submeter e controlar os fortes e instaurar uma moral
representações da luta de classes. do rebanho.
C) na definição de arte dos filósofos gregos B) Em Nietzsche, encontra-se uma defesa ferrenha
como Aristóteles, cuja ideia fundamental era a de dos princípios morais elaborados pela filosofia grega
mímesis, ou seja, de imitação ou representação da clássica platônica e aristotélica que tem a razão como
realidade: Coringa e Batman são representações elemento condutor da ação moral.
do ser e do não ser. C) Para Nietzsche, a moralidade instaurada pelo
D) na concepção moral agostiniana, na qual o cristianismo foi fundamental na instituição de uma
bem e o mal, o pecado e a graça, a cidade dos cultura forte, moralmente ancorada na figura
homens e a cidade de Deus coabitam no interior poderosa e altiva de Cristo, modelo para o líder.
de cada indivíduo: Coringa e Batman são D) Na perspectiva Nietzschiana, a moral dos
representações dessa contradição. senhores e da aristocracia que sempre prevaleceu
entre os povos da antiguidade, reforçada pela religião
534. Vi os homens sumirem-se numa grande tristeza. cristã, enfraqueceu o homem tornando-o submisso.
Os melhores cansaram-se das suas obras.
Proclamou-se uma doutrina e com ela circulou uma 536. Eis o ensinamento de minha doutrina: “Viva de
crença: tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O forma a ter de desejar reviver — é o dever —, pois,
nosso trabalho foi inútil; o nosso vinho tornou-se em todo caso, você reviverá! Aquele que ama antes
veneno; o mau olhado amareleceu-nos os campos e de tudo se submeter, obedecer e seguir, que obedeça!
os corações. Secamos de todo, e se caísse fogo em Mas que saiba para o que dirige sua preferência, e
cima de nós, as nossas cinzas voariam em pó. Sim; não recue diante de nenhum meio! É a eternidade
cansamos o próprio fogo. Todas as fontes secaram que está em jogo!”.
para nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se NIETZSCHE apud FERRY, L. Aprender a viver: filosofia para
querem abrir, mas os abismos não nos querem os novos tempos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010 (adaptado).
tragar! O trecho contém uma formulação da doutrina
NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra. Rio de Janeiro: nietzscheana do eterno retorno, que apresenta
Ediouro, 1997. critérios radicais de avaliação da
O texto exprime uma construção alegórica, que A) qualidade de nossa existência pessoal e coletiva.
traduz um entendimento da doutrina niilista, uma B) conveniência do cuidado da saúde física e
vez que espiritual.
a) reforça a liberdade do cidadão. C) legitimidade da doutrina pagã da transmigração da
b) desvela os valores do cotidiano. alma.
c) exorta as relações de produção. D) veracidade do postulado cosmológico da
d) destaca a decadência da cultura. perenidade do mundo.
e) amplifica o sentimento de ansiedade. E) validade de padrões habituais de ação humana ao
longo da história.
535. Leia com atenção a passagem a seguir que
expõe parte da crítica feita por Friedrich Nietzsche 537. Quero ensinar aos homens o sentido do seu ser:
ao edifício moral construído no ocidente: o qual é o super-homem [Übermensch], o raio vindo
“Mas que quer ainda você com ideais mais nobres! da negra nuvem homem.
Sujeitemo-nos aos fatos: o povo venceu – ou 'os NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra. Tradução de Paulo
escravos', ou 'a plebe', ou 'o rebanho', ou como César de Sousa. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 21.
quiser chamá-lo se isto aconteceu graças aos judeus, No fragmento, o filósofo propõe algo que possa
muito bem! Jamais um povo teve missão maior na fazer com que as pessoas ultrapassem as convenções
história universal. 'Os senhores' foram abolidos; a sociais que tornam os homens submissos à moral do
moral do homem comum venceu. A 'redenção' do escravo e ao espírito de rebanho.
gênero humano (do jugo dos 'senhores') está bem Assinale a alternativa que expressa a tarefa a ser
encaminhada; tudo se judaíza, cristianiza, plebeíza realizada para a superação da submissão humana.
visivelmente (que importam as palavras!)”. A) Ensinar o sentido do ser significa admitir que há
Nietzsche, Friedrich. Para a genealogia da moral -Prólogo. uma verdade secreta e superior ao homem que o
Primeira dissertação §9. torna pequeno e submisso à moral vigente, mas que
Considerando a compreensão de Nietzsche acerca do lhe promete recompensas em uma vida além deste
fundamento moral do ocidente, assinale a afirmação mundo.
verdadeira. B) Ensinar o sentido do ser equivale ao
A) Segundo Nietzsche, a verdade e a moral estabelecimento do critério para a transvaloração de
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todos os valores sociais, o que dará ao homem a (NIETZSCHE, F. Além do bem e do mal. In MARCONDES,
prerrogativa para formar os seus próprios valores. D. Textos básicos de filosofia: dos pré-socráticos a
Wittgenstein. 2ª. ed. rev. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.
C) Ensinar o sentido do ser significa descobrir o
A partir da citação acima, assinale o que for correto.
Deus da tradição como o fundamento que faz de
01) “Além do bem e do mal” representa a suspeita de
cada indivíduo um escravo que deve se sentir feliz
que o valor da verdade não se opõe ao valor da
com a sua situação, pois só assim obterá uma
mentira.
felicidade eterna.
02) Os positivistas são, para Nietzsche, uma nova
D) Ensinar o sentido do ser significa promover o
classe de filósofos, que surgirá depois da teologia
espírito de rebanho que acolhe o super- homem e o
empirista.
faz entender que a virtude está na subordinação da
04) O exercício da dúvida, entre muitos filósofos que
vida aos ditames da moral do escravo que faz da
diziam duvidar de tudo, era apenas o primeiro passo
fraqueza a maior virtude.
para fundamentar a certeza.
08) A filosofia é perigosa, razão pela qual F.
538. Friedrich Nietzsche (1844 – 1900) opõe à moral
Nietzsche e Giordano Bruno foram queimados na
tradicional, herdeira do pensamento socrático-
fogueira.
platônico e da religião judaica-cristã, a transvaloração
16) A aparência, mesmo oposta logicamente ao
de todos os valores. Conforme Aranha e Arruda
conceito de verdade, é necessária para a manutenção
(2000): “Ao fazer a crítica da moral tradicional,
da vida.
Nietzsche preconiza a ‘transvaloração de todos os
valores’. Denuncia a falsa moral, ‘decadente’, ‘de
540. Como Nietzsche indica na Genealogia da
rebanho’, ‘de escravos’, cujos valores seriam a
Moral, ainda que os sentimentos de “dever” e de
bondade, a humildade, a piedade e o amor ao
“obrigação pessoal” tenham se originado nas mais
próximo”. Desta forma, opõe a moral do escravo à
antigas relações entre os indivíduos, as relações entre
moral do senhor, a nova moral.
(ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando:
comprador e vendedor, eles foram concentrados e
introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2000, p. 286.) monopolizados no dever e na obrigação a Deus.
Assinale a alternativa que contenha a descrição da Desde então, quanto mais se exponencia a ideia de
“moral do senhor” para Nietzsche. Deus, tanto maior será, proporcionalmente, o
a) É caracterizada pelo ódio aos instintos; negação da sentimento de dever e de obrigação em relação a ele.
alegria. (...)
b) É negativa, baseada na negação dos instintos Sendo assim, pode-se prever que o triunfo completo
vitais. e definitivo do ateísmo libertaria a humanidade de
c) É transcendental; seus valores estão no além- todo sentimento de obrigação em relação à sua
mundo. origem. Desde então, é por um único e mesmo
d) É positiva, baseada no sim à vida. movimento que se obtém o eclipse do "tu deves" e a
emancipação do “eu quero” (...).
539. “Nem aos mais cuidadosos dentre eles [os Carlos A. R. de Moura
metafísicos] ocorreu duvidar aqui, no limiar, onde A partir do texto supracitado, é correto afirmar que o
mais era necessário: mesmo quando haviam jurado ateísmo de Nietzsche
para si próprios de omnibus dubitandum [de tudo a) é apenas um corolário de sua análise da moral, não
duvidar]. [...] Com todo o valor que possa merecer o desempenhando nenhum papel central em sua
que é verdadeiro, veraz, desinteressado: é possível filosofia.
que se deva atribuir à aparência, à vontade de b) visa apenas a desconstruir a ideia de dever, sem
engano, ao egoísmo e à cobiça um valor mais alto e realmente preocupar-se com a crítica à ideia de
mais fundamental para a vida. É até mesmo possível Deus.
que aquilo que constitui o valor dessas coisas boas e c) antecipa o marxismo, uma vez que, nele, a gênese
honradas consista exatamente em serem do dever moral é situada nas relações entre
insidiosamente aparentadas, atadas, unidas, e talvez comprador e vendedor.
até essencialmente iguais a essas coisas ruins e d) não implica uma mudança completa da moral,
aparentemente opostas. Talvez! – Mas quem se pois fica intacto o estatuto positivo para o dever.
mostra disposto a ocupar-se de tais perigosos e) desempenha um papel estruturante em sua
‛talvez’? Para isso será preciso esperar o advento de filosofia, uma vez que ele é um requisito para a
uma nova espécie de filósofos, que tenham gosto e emancipação da vontade.
pendor diversos, contrários aos daqueles que até
agora existiram – filósofos do perigoso ‛talvez’ a 541. A originalidade de Friedrich Nietzsche (1844-
todo custo. – E, falando com toda a seriedade: eu 1900) reside, sobretudo, em sua crítica aos valores
vejo esses filósofos surgirem.” morais. Para ele, o apego do homem aos valores
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morais pode ser justificado pela forte influência que a da harmonia e da ordem), mostra a herança socrática.
antiga tradição judaico-cristã exerce sobre o Da luta e do equilíbrio final desses dois elementos
pensamento humano. Sendo assim, a estratégia que opostos, surge o pensamento nietzschiano como
ele emprega para denunciar os pressupostos da saber da vida e da morte, como expressão do enigma
tradição clássica e exigir seu abandono compreende: da existência.
I. Empregar um método de análise filológico que III. Kant e sua moral são alvos do “filosofar com o
revela a origem dos significados dos termos morais e martelo” nietzschiano: o “imperativo categórico”,
se afastar das interpretações metafísico-religiosas isto é, a lei universal que deve guiar as ações
acerca dessas noções. humanas, é para Nietzsche uma ficção que provém
II. Denunciar a cultura do niilismo que assola a do domínio da razão sobre os instintos humanos,
sociedade moderna e que se transforma em forma sendo a lei de um homem descarnado e cristianizado.
negadora da existência humana. IV. A vontade de potência é um conceito-chave na obra
III. Combater todos os valores contrários à vida e de Nietzsche. Indica-nos as relações de força que se
que negam a natureza humana. desenrolam em todo acontecer, assinalando seu
IV. Abandonar as antigas concepções culturais de método histórico. Assim, Nietzsche pensa o tempo
natureza metafísica e, consequentemente, a ideia de de acordo com uma concepção própria, um tempo
verdade presente nessas concepções. não-linear, que se desenvolve em ciclos que se
Assinale a alternativa correta repetem – é o pensamento do eterno retorno, outro
a) Todas as afirmações são corretas. conceito-chave de sua obra.
b) Apenas I e III são corretas. A) Apenas IV.
c) Apenas II e IV são corretas. B) Apenas II e III.
d) Apenas III e IV são corretas. C) Apenas II, III e IV.
e) Apenas I e IV são corretas. D) Apenas I, II e IV.
E) Apenas I, III e IV.
542. O fragmento de texto, logo abaixo, é de
Friedrich Nietzsche (1844-1900). Analise-o, tendo 543. Se observei corretamente, em geral “a não
como referência seus conhecimentos sobre o tema, e liberdade de arbítrio” é vista como problema por
julgue as assertivas que o seguem, apontando a(s) dois lados inteiramente opostos, mas sempre de
correta(s). maneira profundamente pessoal: uns não querem por
“Todo filosofar moderno está política e preço algum abandonar sua “responsabilidade”, a fé
policialmente limitado à aparência erudita, por em si, o direito pessoal ao seu mérito (os tipos
governos, igrejas, academias, costumes, modas, vaidosos estão desse lado); os outros, pelo contrário,
covardias dos homens: ele permanece no suspiro: não desejam se responsabilizar por nada, ser
‘mas se...’ ou no reconhecimento: ‘era uma vez...’ A culpados de nada, e, a partir de um autodesprezo
filosofia não tem direitos; por isso, o homem interior, querem depositar o fardo de si mesmos em
moderno, se pelo menos fosse corajoso e algum outro lugar. Estes últimos, quando escrevem
consciencioso, teria de repudiá-la e bani-la. Mas a ela livros, costumam agora tomar a defesa dos
poderia restar uma réplica e dizer: ‘Povo miserável! É criminosos.
culpa minha se em vosso meio vagueio como uma (NIETZSCHE, F. Além do Bem e do Mal. São Paulo:
cigana pelos campos e tenho de me esconder e Companhia das Letras, 2005. Aforismo 21. p.26.)
disfarçar, como se eu fosse a pecadora e vós, meus Considerando essa passagem, assinale a alternativa
juízes? Vede minha irmã, a arte! Ela está como eu: correta.
caímos entre bárbaros e não sabemos mais nos a) O texto defende que o ser humano é determinado
salvar.” por causas materiais.
(NIETZSCHE, F. A Filosofia na época trágica dos gregos. – aforismo b) O texto defende que o ser humano possui o livre-
3. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 32 (Col. Os Pensadores). arbítrio.
I. Nietzsche critica a filosofia de sua época, c) O texto defende que os criminosos, na medida em
afirmando que ela afastou-se da vida, refugiando-se que possuem o livre arbítrio, são culpados.
num universo de abstração e deduções lógicas, d) A passagem explicita a superioridade científica das
criando falsos dualismos, como o de corpo e alma, teses que defendem o livre-arbítrio em relação
mundo e Deus, mundo aparente e mundo àquelas que defendem o determinismo.
verdadeiro. e) As teses que defendem o livre-arbítrio ou o
II. Em Sócrates, Nietzsche encontra o ideal de determinismo têm origem na relação que o ser
humanismo que irá definir sua filosofia como humano mantém consigo mesmo.
“estética de si”. O par conceitual, dionisíaco
(Dionísio é o Deus da embriaguez da música e do 544. Depois de por muito tempo ler nos gestos e nas
caos) e apolíneo (Apolo é o Deus da luz, da forma, entrelinhas dos filósofos, disse a mim mesmo: a
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maior parte do pensamento consciente deve ser IV. A escravidão frente às forças presentes no
incluída entre as atividades instintivas, até mesmo o próprio homem é um sintoma de decadência.
pensamento filosófico; em sua maior parte, o Assinale a alternativa correta.
pensamento consciente de um filósofo é a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
secretamente guiado e colocado em certas trilhas b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
pelos seus instintos. Todos eles agem como se c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
tivessem descoberto ou alcançado suas opiniões d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
próprias pelo desenvolvimento de uma dialética fria, e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
pura, divinamente imperturbável (à diferença dos
místicos de toda espécie, que são mais honestos e 546. Cada vez mais quer me parecer que o filósofo,
toscos – falam de “inspiração”), quando no fundo é sendo por necessidade um homem do amanhã e do
uma tese adotada de antemão, uma ideia inesperada, depois de amanhã, sempre se achou e teve de se
uma “intuição”. achar em contradição com seu hoje: seu inimigo
(NIETZSCHE, F. Além do Bem e do Mal. São Paulo: sempre foi o ideal de hoje. Até agora todos esses
Companhia das Letras, 2005. Aforismo 3. p.10.) extraordinários promovedores do homem, a que se
Com base nessa passagem, considere as afirmativas a denominam filósofos, e que raramente se viram a si
seguir. mesmos como amigos da sabedoria, antes como
I. O pensamento místico é superior ao pensamento desagradáveis tolos e perigosos pontos de
racional. interrogação – encontraram sua tarefa, sua dura,
II. A razão é a superação de qualquer interesse indesejada, inescapável tarefa, mas afinal a grandeza
particular. de sua tarefa, em ser a má consciência de seu tempo.
III. A razão procura justificar posteriormente um (NIETZSCHE, F. Além do Bem e do Mal. São Paulo:
pré-conceito inicial. Companhia das Letras, 2005. p.106.)
IV. A dimensão instintiva do ser humano permeia Sobre essa descrição da Filosofia, considere as
sua atividade racional. afirmativas a seguir.
Assinale a alternativa correta. I. A atenção em relação à origem dos conceitos e
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. ideais vigentes faz parte da atividade filosófica.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. II. A Filosofia tem como uma de suas características
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. a atividade crítica.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. III. A Filosofia tem como tarefa o fornecimento de
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. conceitos e análises para a melhoria da sociedade.
IV. A Filosofia estuda a essência humana, logo algo
545. A velha Atenas caminhava para o fim. Em toda que sempre existiu, e não o homem de hoje.
parte os instintos estavam em anarquia; em toda Assinale a alternativa correta.
parte se estava a poucos passos do excesso. Ninguém a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
mais era senhor de si, os instintos se voltavam uns b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
contra os outros. Quando há a necessidade de fazer c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
da razão um tirano, como fez Sócrates, não deve ser d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
pequeno o perigo de que outra coisa se faça de e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
tirano. A racionalidade foi então percebida como
salvadora, nem Sócrates nem seus “doentes” estavam 547. Friedrich Nietzsche critica o pensamento
livres para serem ou não racionais – isso era socrático-platônico e a tradição da religião judaico-
obrigatório, seu último recurso. O moralismo dos cristã por terem desenvolvido uma razão e uma
filósofos gregos a partir de Platão é determinado moral que subjugaram as forças instintivas e vitais do
patologicamente. ser humano, a ponto de domesticar a vontade de
(Adaptado de: NIETZSCHE, F. Crepúsculo dos Ídolos. São potência do homem e de transformá-lo em um ser
Paulo: Companhia das Letras, 2006. p.21.) fraco e doentio. Assinale o que for correto.
Sobre esse diagnóstico, considere as afirmativas a 01) Ao criticar a moral tradicional racionalista,
seguir. considerada hipócrita e decadente, Nietzsche propõe
I. A plena racionalidade é uma exigência para que a uma moral não-repressiva, que permite o livre curso
ação seja justa. dos instintos, de modo que o homem forte possa, ao
II. A supressão dos instintos leva a uma vida mesmo tempo, acompanhar e superar o movimento
verdadeiramente livre. contraditório e antagônico da vida.
III. A racionalidade a qualquer custo é remédio 02) Para Nietzsche, o super-homem deveria ter a
possível para aqueles que não são mais senhores de missão de criar uma raça capaz de dominar a
si. humanidade, sendo, por isso, necessário aniquilar os
mais fracos.
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04) Nietzsche concorda com o marxismo, quando D) O dionisíaco representa a força figurativa atuante
esse afirma que a história da humanidade é a história na arte; o apolíneo representa a música primordial
das lutas de classes, e considera que o socialismo é a não objetivada.
única forma de organização social aceitável.
08) Nietzsche identifica dois grandes tipos de moral, 550. “Na ciência as convicções não têm nenhum
isto é, a moral aristocrática de senhores e a moral direito de cidadania, assim se diz com bom
plebeia de escravos. A moral de escravos é fundamento: somente quando elas se resolvem a
caracterizada pelo ressentimento, pela inveja e pelo rebaixar-se à modéstia de uma hipótese, de um ponto
sentimento de vingança; é uma moral que nega os de vista provisório de ensaio, de uma ficção
valores vitais e nutre a impotência. regulativa, pode ser-lhes concedida a entrada e até
16) Os valores que constituem a moral aristocrática mesmo um certo valor dentro do reino do
de senhores são, para Nietzsche, eternos e conhecimento – sempre com a restrição de
invioláveis. Devem orientar a humanidade com uma permanecerem sob vigilância policial, sob a polícia da
força dogmática, de modo que o homem não se desconfiança.”
perca. (NIETZSCHE, F. Gaia Ciência, aforismo
548. A Filosofia de Friedrich Nietzsche (1844-1900) 344 apud FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala de aula. São
Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, vol. 2, p. 181).
é marcada por uma nova relação entre o racional e o
A partir do texto citado, assinale o que for correto.
irracional, na medida em que o irracional adquire
01) As hipóteses impulsionam a pesquisa científica e
validade por corresponder à necessidade de um
são comprovadas pelas convicções.
movimento de afirmação da vida. Com base nessa
02) O conhecimento científico deve ser colocado a
afirmação, assinale o que for correto.
todo instante sob o crivo da dúvida, da desconfiança.
01) Para Nietzsche, o Iluminismo não libertou os
04) Não é possível produzir conhecimento científico
homens de seus prejuízos, mas reforçou ainda mais
seguro sem a vigilância do Estado, por meio da sua
seus mitos, como a crença na razão e no
polícia.
conhecimento científico.
08) O conhecimento científico deve ter como
02) O recurso metodológico proposto por Nietzsche
pressuposto o questionamento, que é a expressão da
é a genealogia, isto é, movimento teórico que recorre
humildade da razão.
à gênese de um discurso, conceito ou prática,
16) É próprio da ciência acabar com o caráter
apontando suas arbitrariedades e interesses.
provisório das hipóteses e apresentar-se como uma
04) Para Nietzsche, o conhecimento é fruto de um
certeza racional inquestionável.
lento processo de acumulação e comprovação
empírica, cuja finalidade é salvar os fenômenos.
551. No século XIX, o filósofo alemão Friedrich
08) Contra a moral dos aristocratas e nobres,
Nietzsche vislumbrou o advento do “super-homem”
Nietzsche defende os fracos, isto é, a moral dos
em reação ao que para ele era a crise cultural da
escravos.
época. Na década de 1930, foi criado nos Estados
16) A “vontade de potência” é a afirmação do
Unidos o Super-Homem, um dos mais conhecidos
nacional-socialismo alemão, expresso na doutrina do
personagens das histórias em quadrinhos. A
super-homem e no antissemitismo nietzscheano.
diferença entre os dois “super-homens” está no fato
de Nietzsche defender que o super-homem:
549. Nietzsche escreveu:
a) agiria de modo coerente com os valores pacifistas,
E vede! Apolo não podia viver sem Dionísio! O
repudiando o uso da força física e da violência na
“titânico” e o “bárbaro” eram no fim de contas,
consecução de seus objetivos.
precisamente uma necessidade tal como o apolíneo!
NIETZSCHE, F. O nascimento da tragédia ou helenismo e pessimismo. b) expressaria os princípios morais do
Tradução de J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras, protestantismo, em contraposição ao materialismo
2007, p. 38. presente no herói dos quadrinhos.
Assinale a alternativa que descreve corretamente o c) abdicar-se-ia das regras morais vigentes,
dionisíaco e o apolíneo. desprezando as noções de “bem”, “mal”, “certo” e
A) O dionisíaco é a personificação da razão grega; o “errado”, típicas do cristianismo.
apolínio equivale ao poder místico do uno d) representaria os valores políticos e morais alemães,
primordial. e não o individualismo pequeno burguês norte-
B) O dionisíaco é o homem teórico que personifica a americano.
sabedoria filosófica; o apolíneo é a natureza e suas
forças demoníacas. 552. De acordo com a discussão que Nietzsche
C) O dionisíaco é o instinto, a embriaguez e a força realiza sobre a origem dos valores morais, pode-se
vital; o apolíneo é a racionalidade, o equilíbrio, a afirmar que:
força figurativa.
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04) O homem está “enredado no erro” porque Para Nietzsche, em A filosofia na época trágica dos
precisa contar com a previsibilidade e a racionalidade gregos, é preciso levar tal afirmação a sério, pois ela:
para sobreviver. a) dá uma explicação imanente para o ser; o faz sem
08) A crítica de Nietzsche se dirige à maneira como a imagem ou fabulação; e contém o pensamento “tudo
filosofia moderna se desviou das teses dos é um”.
pensadores pré-socráticos Parmênides e Heráclito. b) dá uma explicação imanente para o ser; o faz por
16) Segundo Nietzsche, a ciência moderna investiga meio da poesia; e contém o pensamento “tudo é
as transformações dos fenômenos naturais, por isso um”.
compreende que o mundo é fundamentalmente um c) enuncia algo sobre a origem das coisas; o faz sem
processo de vir-a-ser. imagem ou fabulação; e contém o pensamento “tudo
é um”.
559. Nietzsche, ao evidenciar sua preferência pelas d) enuncia algo sobre a origem das coisas; o faz sem
tragédias gregas consagradas, cita duas divindades imagem ou fabulação; e contém o pensamento “tudo
gregas: Apolo e Dionísio. A respeito desse assunto, é físico”.
assinale uma única alternativa INCORRETA: e) enuncia algo sobre a origem das coisas; o faz sem
a) Os textos de Eurípides (485-406 a.C.) imagem ou fabulação; e contém o pensamento “tudo
desapontaram Nietzsche porque não remetiam mais é múltiplo”.
aos mitos, mas relatavam em suas tragédias a história
dos vencidos, dos fracos. 4. POSITIVISMO E COMTE
b) Dionísio é o deus do Sol, da luz e da ordem,
representa a razão; Apolo é o deus do vinho, 562. Sobre a relação entre a revolução industrial e o
representa a vontade. surgimento da sociologia como ciência, assinale o
c) De acordo com Nietzsche, quando o irracional que for correto.
assume a situação, o homem tem a visão plena da 01) A consolidação do modelo econômico baseado
unidade inicial, que é a vontade. na indústria conduziu a uma grande concentração da
d) Segundo Nietzsche, a tragédia grega perde a sua população no ambiente urbano, o qual acabou se
identidade quando passa a refletir os conflitos constituindo em laboratório para o trabalho de
humanos por meio da moralidade socrática. intelectuais interessados no estudo dos problemas
e) Em Nietzsche, a busca pelo dionisíaco se traduz que essa nova realidade social gerava.
como a tentativa de recolocar o homem em contato 02) A migração de grandes contingentes
com seu próprio eu. populacionais do campo para as cidades gerou uma
série de problemas modernos, que passaram a
560. A filosofia nietzscheana propõe uma inversão demandar investigações visando à sua resolução ou
das ideias filosóficas e dos valores morais minimização.
tradicionais. A respeito desse assunto assinale a 04) Os primeiros intelectuais interessados no estudo
alternativa que possui as afirmativas corretas. dos fenômenos provocados pela revolução industrial
I. Nietzsche considera como homem superior aquele compartilhavam uma perspectiva positiva sobre os
que é humilde e piedoso. efeitos do desenvolvimento econômico baseado no
II. Para Nietzsche o niilismo e “a consequência modelo capitalista.
necessária do cristianismo”. 08) Os conflitos entre capital e trabalho,
III. A bondade cristã é para Nietzsche o grande potencializados pela concentração dos operários nas
problema do homem. fábricas, foram tema de pesquisa dos precursores da
IV. Sócrates é, para Nietzsche, aquele que não nega o sociologia e continuam inspirando debates científicos
“eu” humano. relevantes na atualidade.
V. Para Nietzsche, os conceitos morais tradicionais 16) A necessidade de controle da força de trabalho
são as armas dos fracos. fez com que as fábricas e indústrias do século XIX
a) I, II e III. inserissem sociólogos em seus quadros profissionais,
b) II, III e IV. para atuarem no desenvolvimento de modelos de
c) II, III e V. gestão mais eficientes e produtivos.
d) I, II e IV.
e) III, IV e V. 563. Sobre o surgimento da Sociologia e suas
proposições acerca da explicação do mundo social,
561. Mesmo com todas as suas diferenças em relação pode-se afirmar:
a Hegel, Nietzsche também reconhece Tales de A) a Sociologia é uma manifestação do pensamento
Mileto como o primeiro filósofo, justamente por ele moderno e uma forma de conhecimento do mundo
ter dito que a água é a origem de todas as coisas. social, cujas explicações são fundadas nas
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descobertas das ciências naturais e físicas, por Eugène Delacroix, alude a um dos mais importantes
pressupor uma unidade entre sociedade e natureza e acontecimentos decorrentes desse período na
rejeitar o uso de leis gerais no conhecimento. história europeia, a Revolução Francesa.
B) os pensadores fundadores da Sociologia
concentraram seus esforços em interesses políticos e,
portanto, práticos, face aos objetivos de contribuir
para as transformações sociais e para a consolidação
de uma nova ordem social diversa das sociedades
feudal e capitalista.
C) a desagregação da sociedade feudal e a
consolidação da sociedade capitalista, com o
consequente processo de industrialização e
urbanização em países da Europa, contribuíram para
o surgimento da Sociologia como forma de
conhecimento das sociedades em extinção.
D) a Sociologia surgiu no século XIX, vinculada à
sociedade moderna, no contexto das transformações
econômicas e sociais e no bojo das mudanças nas
formas de pensamento, influenciadas pelas Sobre a ligação entre as mudanças referidas no texto
revoluções burguesas do século, bem como pelos e o surgimento da Sociologia, é correto afirmar:
ideais iluministas. A) O desenvolvimento da indústria se opunha à
formação do processo de instalação da sociedade
564. “(...) Por um lado, a Sociologia nasceu na moderna.
sociedade industrial; apareceu e adquiriu importância B) A credibilidade da vida social, nas cidades, passa a
como conseqüência da industrialização. Mas, por ser buscada na coerência dos textos sagrados e na
outro lado, a ‘sociedade industrial’ é a filha mimada adoração religiosa.
da Sociologia, seu próprio conceito pode ser C) A vida religiosa foi adquirindo cada vez mais
considerado um produto da moderna ciência social.” importância, o que fez com que a história do
DAHRENDORF, Ralph. Sociologia e sociedade industrial. In:
cotidiano fosse concebida por um olhar sagrado.
FORACCHI, Marialice Mencarini; MARTINS, José de Souza.
Sociologia e sociedade. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e D) A arte renascentista, ao apresentar a forte ligação
Científicos, 1977, p.118-119. entre Deus e os homens, expressou as
Considerando o fragmento de texto acima, a transformações sociais de forma contundente.
constituição da perspectiva sociológica e a análise da E) O desenvolvimento tecnológico e a nova postura
sociedade capitalista, assinale o que for correto. do homem ocidental decorrentes das transformações
01) A Sociologia tem por objetivo solucionar os desse período histórico propiciaram o interesse pelo
problemas sociais resultantes da constituição da entendimento da vida social.
sociedade industrial, capitalista e moderna.
02) A Sociologia gerou mecanismos de compreensão 566. Sobre os fatores relacionados ao surgimento da
da sociedade industrial que possibilitaram investigar Sociologia, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
as mudanças de posição social dos indivíduos. 01) A Revolução Científica, iniciada no século XVI,
04) O advento da sociedade industrial explicita o ao propor a substituição da razão teológica pelo
caráter mutável e histórico das relações sociais, que é conhecimento derivado de evidências empiricamente
enfatizado pela moderna ciência social da época. observáveis, contribuiu para que a organização social
08) A consolidação da sociedade industrial deixasse de ser entendida como um dado natural ou
independe do desenvolvimento científico e da desígnio divino e passasse a ser objeto de
afirmação da ciência como ferramenta de questionamentos.
interpretação do mundo. 02) A Sociologia surge no contexto das Revoluções
16) No século XVIII, identificamos um processo de Democráticas do século XVIII como um
transformação social que foi propício ao surgimento instrumento de recomposição da ordem monárquica
da Sociologia como disciplina científica. Por seu abalada pela crítica à legitimidade teológica das
turno, a Sociologia, ao interpretar essa época, lideranças políticas.
terminou por criá-la. 04) A Revolução Industrial acarretou uma série de
problemas sociais, sendo a maioria decorrente da
565. Uma série de mudanças políticas e econômicas significativa concentração da população nas cidades
ocorreu na Europa, a partir do fim da Idade Média. ao redor das nascentes indústrias. A necessidade de
O quadro “A liberdade guiando o povo” (1830), de compreensão dessa nova experiência urbana
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imperial para o republicano, considere as afirmativas necessárias ou as leis e lógicas sociais que regem e
a seguir. movimentam as sociedades. Comte é um dos
I. Como expressão mais forte dessas mudanças, o inventores de uma das mais importantes correntes
pavilhão imperial adotou o lema positivista. teórico-metodológicas do século XIX que foi base de
II. A ideia de uma democracia representativa levou à muitas outras ciências à época.
adoção do sistema do voto universal, o que permitia A corrente teórico-metodológica postulada por
a acomodação das classes sociais. Auguste Comte foi
III. A presença do ideário positivista destacou-se no A) o Positivismo, que procurava explicar, com base
setor militar, sobretudo entre os oficiais de alta no raciocínio lógico e em métodos, as leis efetivas que
patente. atuam na organização dos organismos sociais.
IV. A formação de um governo de cunho autoritário B) o Materialismo Histórico Dialético, que demonstra
caracterizou-se pela imposição da ordem através da as bases materiais e históricas fundadoras das
força militar, na chamada República de Espadas. contradições de classes sociais no capitalismo.
Assinale a alternativa correta. C) a Sociologia Compreensiva, que analisa os
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. significados da ação social que é subjetivamente
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. orientada pelas ações dos indivíduos em sociedade.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. D) a Sociologia Formal, que estuda como os
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. interesses e as finalidades dos indivíduos em interação
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. constante determinam as formas das sociedades.
578. Sobre o positivismo, corrente teórica pioneira
576. Até o século XVIII, a maioria dos campos de na sistematização do pensamento sociológico,
conhecimento, hoje enquadrados sob o rótulo de assinale o que for correto.
ciências, era ainda, como na Antiguidade Clássica, 01) Apesar de reconhecer as diferenças entre
parte integral dos grandes sistemas filosóficos. A fenômenos do mundo físico e do mundo social, o
constituição de saberes autônomos, organizados em positivismo busca no método das ciências da
disciplinas específicas, como a Biologia ou a própria natureza a orientação básica para legitimar a
Sociologia, envolverá, de uma forma ou de outra, a sociologia.
progressiva reflexão filosófica, como a liberdade e a 02) O positivismo enfatiza a coesão e a harmonia
razão. entre os indivíduos como solução de conflitos, para
(Adaptado de: QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; alcançar o progresso social.
OLIVEIRA, M. G. M. Um Toque de Clássicos: Marx, Durkheim e 04) O positivismo endereça uma contundente crítica
Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2002. p.12.)
à sociedade europeia do século XIX, sobretudo em
Com base nos conhecimentos sobre o surgimento da
razão das desigualdades sociais oriundas da
Sociologia, assinale a alternativa que apresenta,
consolidação do capitalismo.
corretamente, a relação entre conhecimento
08) O positivismo utiliza recorrentemente a metáfora
sociológico de Auguste Comte e as ideias iluministas.
organicista para se referir à sociedade como um todo
a) A ideia de desenvolvimento pela revolução social
constituído de partes integradas e coesas,
foi defendida pelo Iluminismo, que influenciou o
funcionando harmonicamente, segundo uma lógica
Positivismo.
física ou mecânica.
b) A crença na razão como promotora do progresso
16) O positivismo defende uma concepção
da sociedade foi compartilhada pelo Iluminismo e
evolucionista da história social, segundo a qual o
pelo Positivismo.
estágio mais avançado seria dominado pela razão
c) O Iluminismo forneceu os princípios e as bases
técnico-científica.
teóricas da luta de classes para a formulação do
Positivismo. 579. Sobre o positivismo, como uma das formas de
d) O reconhecimento da validade do conhecimento pensamento social, podemos afirmar que
teológico para explicar a realidade social é um ponto
I. é a primeira corrente teórica do pensamento
comum entre o Iluminismo e o Positivismo. sociológico preocupada em definir o objeto,
e) Os limites e as contradições do progresso para a estabelecer conceitos e definir uma metodologia.
liberdade humana foram apontados pelo Iluminismo II. derivou‐se da crença no poder absoluto e
e aceitos pelo Positivismo. exclusivo da razão humana em conhecer a realidade e
traduzi‐la sob a forma de leis naturais.
577. Dentre os primeiros teóricos e metodólogos da III. foi um pensamento predominante na Alemanha,
Sociologia, Auguste Comte (1798-1857) é posto como
no século XIX, nascido principalmente de correntes
um dos seus mais importantes iniciadores. Ele filosóficas da Ilustração.
cunhou o termo “Sociologia” para designar esta nova
ciência social e procurava identificar as causas
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IV. nele, a sociedade foi concebida como um marcha progressiva do espírito humano, considerado
organismo constituído de partes integradas e coisas em seu conjunto, pois uma concepção qualquer só
que funcionam harmoniosamente, segundo um pode ser bem conhecida por sua história. [...] Enfim,
modelo físico ou mecânico. no estado positivo, o espírito humano, reconhecendo
a) II, III e IV estão corretas. a impossibilidade de obter noções absolutas,
b) I, II e III estão corretas. renuncia a procurar a origem e o destino do
c) I, II e IV estão corretas. universo, a conhecer as causas íntimas dos
d) I e III estão corretas. fenômenos, para preocupar-se unicamente em
e) Todas as afirmativas estão corretas. descobrir, graças ao uso bem combinado do
raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber,
580. Sobre o positivismo, é correto afirmar que é suas relações invariáveis de sucessão e de similitude.
uma doutrina A explicação dos fatos, reduzida então a seus termos
A) do século II a.C. reais, se resume de agora em diante na ligação
B) que acolhe os postulados socráticos. estabelecida entre os diversos fenômenos particulares
C) que privilegia o estudo metafísico da natureza. e alguns fatos gerais, cujo número o progresso da
D) que não decorreu do desenvolvimento das ciência tende cada vez mais a diminuir.”
ciências modernas. (COMTE, Augusto. Curso de Filosofia Positiva. Coleção Os
E) nascida no ambiente cientificista nos finais do Pensadores, São Paulo: Nova Cultural, 2005, p. 2223).
século XVIII e início do século XIX. A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
01) Para o positivismo, é uma impossibilidade
581. “Ao criticar o mito e exaltar a ciência, conhecer noções absolutas, a origem e o destino do
contraditoriamente o positivismo fez nascer o mito do universo, bem como as causas mais íntimas dos
cientificismo, ou seja, a crença cega na ciência como fenômenos.
única forma de saber possível. Desse modo, o 02) O positivismo postula uma atitude de
positivismo mostra-se reducionista, já que, bem investigação baseada nas experiências individuais
sabemos, a ciência não é a única interpretação válida para formular noções absolutas.
do real. De fato, existem outros modos de 04) Para o positivismo, o conhecimento humano
compreensão, como o senso comum, a filosofia, a perfaz um movimento de progressos e de avanços ao
arte, a religião, e nenhuma delas exclui o fato de o longo da história.
mito estar na raiz da inteligibilidade. A função 08) Segundo o positivismo, o progresso da ciência
fabuladora persiste não só nos contos populares, no diminui o conhecimento possível dos fenômenos.
folclore, mas também na vida diária, quando 16) Para o positivismo, a utilização adequada do
proferimos certas palavras ricas de ressonâncias raciocínio e da observação dos fenômenos permite
míticas – casa, lar, amor, pai, mãe, paz, liberdade, conhecer as semelhanças e as relações causais entre
morte – cuja definição objetiva não esgota os eles (os fenômenos).
significados que ultrapassam os limites da própria
subjetividade.” 583. Auguste Comte (1798-1857) foi um dos
(ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução fundadores da Sociologia, termo, aliás, que cunhou e
à filosofia. 4ª. ed. rev. São Paulo: Moderna, 2009, p. 32) que substituiu sua expressão inicial de “Física
A partir do trecho citado, assinale o que for correto. Social”. De modo geral, Comte considerava que os
01) Ao contrário da ciência, o senso comum, a fenômenos sociais deviam ser entendidos da mesma
religião e a filosofia refletem uma imagem forma como eram entendidos os fenômenos
incompleta e precária do real. astronômicos, químicos e fisiológicos, isto é,
02) O mito do cientificismo é a aplicação do rigor submetidos a leis naturais invariáveis e cuja
formal do método científico à dança, à música e a descoberta seria o objetivo especial desta, então
diversas outras formas de expressão popular. nova, ciência do social.
04) O positivismo utiliza o inconsciente e o mito Considerando a Sociologia de Auguste Comte,
como forma de expressão do mundo. assinale a afirmação verdadeira.
08) Explicações de caráter mítico, apesar de A) O estudo dos fenômenos sociais demonstra a
pertencerem ao período antigo, sobrevivem na existência de leis naturais que são construídas nos
modernidade. imaginários coletivos.
16) A função fabuladora recupera aspectos do mito B) O estudo sociológico positivista comprovou que
que se distinguem da razão e do método científico. as sociedades são organismos que não se modificam
na história.
582. “Para explicar convenientemente a verdadeira C) A Sociologia de Comte entende que as
natureza e o caráter próprio da filosofia positiva, é sociedades são regidas por leis sociais tal como a
indispensável ter, de início, uma visão geral sobre a natureza é regida por leis naturais.
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E) A Sociologia de Comte conseguiu construir intelectual, é expresso pela evolução de três estados
métodos e técnicas de pesquisa e não seguiu as básicos e sucessivos: o doméstico, o coletivo e o
metodologias de outras ciências. universal.
584. O filósofo Augusto Comte (1798 – 1857) 586. No que concerne à Ciência Social, atente para o
preenche sua doutrina com uma imagem do seguinte postulado teórico-científico:
progresso social na qual se conjugam ciência e “O conhecimento da sociedade só pode ser
política: a ação política deve assumir um aspecto de alcançado através da investigação científica e da
ação científica e a política deve ser estudada de observação das leis que governam a estabilidade
maneira científica (a física social). Desde que q social e a mudança social. O entendimento
Revolução Francesa favoreceu a integração do povo científico dessas leis pode trazer a mudança. A
na vida social, o positivismo obstina-se no programa ciência social pode ser usada para construir um
de uma comunidade pacífica. E o Estado, a mundo melhor”.
instituição do “reino absoluto da lei”, é a garantia da O livro da Sociologia. 1ª ed. São Paulo: Globo
ordem que impede o retorno potencial das Livros, 2015.
revoluções e engendra o progresso. Tomando como referência esse postulado teórico-
RUBY, C. Introdução à Filosofia política. São Paulo: Unesp, científico, assinale a afirmação verdadeira.
1998 (adaptado). A) A corrente teórica postulada acima é a do
A característica do Estado positivo que lhe permite Materialismo Dialético Histórico, definido por Karl
garantir não só a ordem, como também o desejado Marx, que tem como princípio explicativo da
progresso das nações, é ser realidade a explicação de que as realidades socio-
A) espaço coletivo, onde as carências e desejos da históricas se movem pelas contradições.
população se realizam por meio das leis. B) A descrição científica em destaque diz respeito ao
B) produto científico da física social, transcendendo entendimento de ciência social do Positivismo de
e transformando as exigências da realidade. Auguste Comte na defesa de uma Sociologia que
C) elemento unificador, organizando e reprimindo, descobrisse as leis sociais e contribuísse para o
se necessário, as ações dos membros da comunidade. progresso das sociedades.
D) programa necessário, tal como a Revolução C) O postulado acima retrata a perspectiva da
Francesa, devendo portanto se manter aberto a Sociologia Compreensiva, promovida nos escritos de
novas insurreições. Max Weber, que entende a necessidade da
E) agente repressor, tendo um papel importante a compreensão dos significados da ação social para
cada revolução, por impor pelo menos um curto explicar causalmente os fenômenos sociais.
período de ordem. D) A perspectiva teórica sociológica desse postulado
é a do Funcionalismo de Émile Durkheim, que
585. A ordem e o progresso constituem partes apresenta o entendimento de como as funções sociais
fundamentais da Sociologia de Auguste Comte. de cada indivíduo, membro de uma sociedade,
Com base nas ideias comteanas, assinale a alternativa conjugam-se para manutenção e coesão da
correta. coletividade.
a) A ordem social total se estabelece de acordo com
as leis da natureza, e as possíveis deficiências 587. Auguste Comte foi quem deu origem ao termo
existentes podem ser retificadas mediante a Sociologia, pensada como uma física social, capaz de
intervenção racional dos seres humanos. pôr fim à anarquia científica que vigorava, em sua
b) A liberdade de opinião e a diferença entre os opinião, ainda no século XIX. A respeito das
indivíduos são fundamentos da solidariedade na concepções fundamentais do autor para o
formação da estática social; essa diversidade produz surgimento dessa nova ciência, todas as alternativas
vantagens para a evolução, em comparação com a abaixo são corretas, exceto:
homogeneidade. a) O objetivo era conhecer as leis sociais para se
c) O desenvolvimento das forças produtivas é a base antecipar, racionalmente, aos fenômenos e, com isso,
para o progresso e segue uma linha reta, sem agir com eficácia, na direção de se permitir uma
oscilações e, portanto, a interferência humana é organização racional da sociedade.
incapaz de alterar sua direção ou velocidade. b) As preocupações de natureza científica, presentes
d) O progresso da sociedade, em conformidade com na obra de Comte, não apresentavam relação prática
as leis naturais, é resultado da competição entre os com a desorganização social, moral e de ideias do seu
indivíduos, com base no princípio de justiça de que tempo.
os mais aptos recebem as maiores recompensas. c) Era necessário aperfeiçoar os métodos de
e) O progresso da sociedade é a lei natural da investigação das leis que regem os fenômenos
dinâmica social e, considerado em sua fase
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sociais, no sentido de se descobrir a ordem inscrita Sociologia, que inicialmente foi chamada de Física
na história humana. Social. Sobre os princípios dessa ciência para esse
d) Entre ordem e progresso há uma necessidade autor, analise as afirmativas e assinale as alternativas,
simultânea, uma vez que a estabilidade (princípio marcando V para verdadeiro ou F para falso.
estático) e a atividade (princípio dinâmico) sociais ( ) No estágio positivo, a vida social será explicada
são inseparáveis. pela filosofia, triunfando sobre todas as outras
formas de pensamento.
588. A sociologia nasce no séc. XIX após as ( ) A imposição da disciplina era, para os positivistas,
revoluções burguesas sob o signo do positivismo uma função primordial da escola, pois ali os
elaborado por Augusto Comte. As características do membros de uma sociedade aprenderiam, desde
pensamento comtiano são: pequenos, a importância da obediência e da
a) a sociedade é regida por leis sociais tal como a hierarquia.
natureza é regida por leis naturais; as ciências ( ) A maturidade do espírito seria encontrada na
humanas devem utilizar os mesmos métodos das ciência; por isso, na escola de inspiração positivista,
ciências naturais e a ciência deve ser neutra. os estudos literários e artísticos prevalecem sobre
b) a sociedade humana atravessa três estágios os científicos.
sucessivos de evolução: o metafísico, o empírico e o ( ) Defendeu a necessidade de substituir a educação
teológico, no qual predomina a religião positivista. europeia, ainda essencialmente teológica, metafísica e
c) a sociologia como ciência da sociedade, ao literária, por uma educação positiva, conforme o
contrário das ciências naturais, não pode ser neutra espírito da civilização moderna.
porque tanto o sujeito quanto o objeto são sociais e A sequência correta é
estão envolvidos reciprocamente. a) F,V,V.F.
d) o processo de evolução social ocorre por meio da b) F,V,F,V.
unidade entre ordem e progresso, o que c) V,F,F,F.
necessariamente levaria a uma sociedade comunista. d) V,V,V,F.
589. A filosofia da História – o primeiro 591. Seu esquema sociológico era tipicamente
tema da filosofia de Augusto Comte – foi positivista, ele acreditava que toda a vida humana
sistematizada pelo próprio Comte na célebre “Lei tinha atravessado as mesmas fases históricas distintas
dos Três Estados” e tinha o objetivo de mostrar por e que, se a pessoa pudesse compreender esse
que o pensamento positivista deve imperar entre os progresso, poderia prescrever os remédios para os
homens. Sobre a “Lei dos Três Estados” formulada problemas de ordem social. Era um grande defensor
por Comte, é correto afirmar que da moderna sociedade capitalista.
a) Augusto Comte demonstra com essa lei que todas Essa descrição está relacionada com o perfil de
as ciências e o espírito humano desenvolvem‐se na A) Karl Marx.
seguinte ordem em três fases distintas ao longo da B) Max Weber.
história: a positiva, a teológica e a metafísica. C) Auguste Comte.
b) na “Lei dos Três Estados” a argumentação D) Émile Durkheim.
desempenha um papel de primeiro plano no E) Herbert Spencer.
estado teológico. O estado teológico, na sua visão,
corresponde a uma etapa posterior ao estado 592. Encontra-se no positivismo de Auguste Comte
positivo. a “lei dos três estados”. Segundo este princípio
c) o estado teológico, segundo está formulada na “Lei básico de classificação, o primeiro estado é o
dos Três Estados”, não tem o poder de tornar a teológico (quando os fenômenos da natureza são
sociedade mais coesa e nenhum papel na explicados a partir de forças divinas e sobrenaturais);
fundamentação da vida moral. o segundo estado é o metafísico (quando os
d) o estado positivista apresenta-se na “Lei dos Três fenômenos da natureza são explicados a partir de
Estados” como o momento em que a observação teorias arbitrárias e especulativas) e o terceiro estado
prevalece sobre a imaginação e a argumentação, e na é o positivo (quando os fenômenos da natureza são
busca de leis imutáveis nos fenômenos observáveis. explicados a partir da observação empírica).
e) para Comte, o estado metafísico não tem contato Sobre a lei dos três estados de Auguste Comte,
com o estado teológico, pois somente o estado assinale o que for correto:
metafísico procura soluções absolutas 01) O estado metafísico representa a expectativa de
superação do estado teológico, pois o sobrenatural é
590. Augusto Comte (1798-1857) foi um pensador substituído pela razão teórica.
positivista que propôs uma nova ciência social, a
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02) O estado positivo dispõe de leis causais, segundo 4. JOHN STUART MILL
as quais os fenômenos físicos são explicados a partir
da observação empírica. 594. O povo que exerce o poder não é sempre o
04) A lei dos três estados influenciou as mesmo povo sobre quem o poder é exercido, e o
“metamorfoses de Zaratustra”. Nessa metaforização falado self-government [autogoverno] não é o governo
de Nietzsche, o camelo representa a infância da de cada qual por si mesmo, mas o de cada qual por
humanidade. todo o resto. Ademais, a vontade do povo significa
08) Segundo a disposição dos três estados, a ciência praticamente a vontade da mais numerosa e ativa
moderna corresponde ao estado positivo. parte do povo – a maioria, ou aqueles que logram
16) Segundo a disposição dos três estados, a êxito em se fazerem aceitar como a maioria.
MILL, J. S. Sobre a liberdade. Petrópolis: Vozes, 1991.
mitologia grega corresponde ao estado teológico.
No que tange à participação popular no governo, a
593. “O espírito humano, por sua natureza, emprega origem da preocupação enunciada no texto encontra-
sucessivamente [...] três métodos de filosofar: [...] se na
primeiro o método teológico, em seguida o método A) conquista do sufrágio universal.
metafísico, finalmente, o método positivo. [...] No B) criação do regime parlamentarista.
estado teológico, o espírito humano [...] apresenta os C) institucionalização do voto feminino.
fenômenos como produzidos pela ação direta e D) decadência das monarquias hereditárias.
contínua de agentes sobrenaturais mais ou menos E) consolidação da democracia representativa.
numerosos, cuja intervenção arbitrária explica todas
as anomalias aparentes do Universo. No estado 595. O objeto deste ensaio é defender [que] o único
metafísico, [...] os agentes sobrenaturais são propósito com o qual se legitima o exercício do
substituídos por forças abstratas, verdadeiras poder sobre algum membro de uma comunidade
entidades (abstrações personificadas) inerentes aos civilizada contra a sua vontade é impedir dano a
diversos seres de mundo, e concebidas como capazes outrem.
MILL, J. S. Sobre a liberdade [1859]. Petrópolis: Vozes, 1991.
de engendrar por elas próprias todos os fenômenos O trecho expressa:
observados [...]. Enfim, no estado positivo, o espírito a) o argumento jusnaturalista, encontrado também
humano [...] renuncia a procurar a origem e o destino em autores como T. Hobbes, para a criação do
do Universo, a conhecer as causas íntimas dos contrato social que fundaria as bases de um Estado
fenômenos, para preocupar-se unicamente em soberano.
descobrir, graças ao uso bem combinado do b) a visão fascista, na qual o Estado surge como a
raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, solução para os conflitos e problemas existentes no
suas relações invariáveis de sucessão e de similitude” interior da sociedade civil.
COMTE, A. Curso de filosofia positiva. In: CHALITA, G.
Vivendo a filosofia: ensino médio. 4.ª ed. São Paulo: Ática, 2011, c) análise influenciada por Marx e Engels, na medida
p. 354-355. em que se baseia nas classes sociais para identificar o
Com base nas afirmações acima e nos raio de ação dos indivíduos na sociedade.
conhecimentos sobre ciência e senso comum, d) o ideário positivista do século XIX, no qual há
assinale o que for correto. uma forte crítica à visão utilitarista da moral e da vida
01) O método positivo considera a comprovação em sociedade.
pelo método científico o único caminho válido para e) uma preocupação característica do liberalismo do
se atingir o conhecimento. século XIX, que buscava pensar os limites da ação
02) A formulação do estado teológico baseia-se na do Estado em relação à vida particular dos
explicação da realidade a partir de forças indivíduos.
sobrenaturais, como deuses, anjos e demônios.
04) O estado metafísico personifica, por meio da 4. HERBERT SPENCER
imaginação criadora, os mitos gregos.
08) Para o estado positivo, postulados metafísicos, 596. O darwinismo social pode ser definido como a
tais como os que tratam de entidades como Deus, aplicação das leis da teoria da seleção natural de
não podem ser objeto do conhecimento. Darwin na vida e na sociedade humanas. Seu grande
16) A sucessão dos estados é cíclica e permanente, mentor foi o filósofo inglês Herbert Spencer, criador
razão pela qual o método filosófico retorna, depois da expressão “sobrevivência dos mais aptos”, que,
do estado positivo, ao seu princípio, renovando-se mais tarde, também seria utilizada por Darwin.
Fonte: BOLSANELLO, Maria Augusta. Darwinismos social,
continuamente. eugenia e racismo científico: sua repercussão na sociedade e na
educação brasileiras. Adaptado.
Essa teoria foi utilizada no século XIX pelas nações
europeias para justificar a
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numa luta estéril, surge a necessidade de um poder B) A classe média, integrante da camada burguesa,
que, na aparência, esteja acima da sociedade, que foi identificada com os ideais do nacional-socialismo
atenue o conflito, mantenha-o dentro dos limites da por defender a socialização dos meios de produção.
ordem. C) A pequena burguesia ou camada lúmpen é
ENGELS, F. In: GALLINO, L. Dicionário de sociologia. revolucionária, identificando a alta burguesia como
São Paulo: Paulus, 2005 (adaptado). sua inimiga natural a ser destruída pela revolução.
Os textos expressam duas visões sobre a forma D) A pequena burguesia ou classe média é uma
como os indivíduos se organizam socialmente. Tais classe antirrevolucionária, pois, embora esteja mais
visões apontam, respectivamente, para as próxima das condições materiais do proletariado,
concepções: apoia a alta burguesia.
A) Liberal, em defesa da liberdade e da propriedade E) O proletariado e a classe média formam as classes
privada — Conflituosa, exemplificada pela luta de revolucionárias, cuja missão é a derrubada da
classes. aristocracia e a instauração do comunismo.
B) Heterogênea, favorável à propriedade privada —
Consensual, sob o controle de classes com interesses 607. Texto I
comuns. Thomas Malthus (1766-1834) assegurava que, se a
C) Igualitária, baseada na filantropia — população não fosse de algum modo contida,
Complementar, com objetivos comuns unindo dobraria de 25 em 25 anos, crescendo em progressão
classes antagônicas. geométrica, ao passo que, dadas as condições médias
D) Compulsória, na qual as pessoas possuem papéis da terra disponíveis em seu tempo, os meios de
que se complementam — Individualista, na qual as subsistência só poderiam aumentar, no máximo, em
pessoas lutam por seus interesses. progressão aritmética.
E) Libertária, em defesa da razão humana —
Contraditória, na qual vigora o estado de natureza. Texto II
A ideia de um mundo famélico assombra a
605. Em relação ao conceito de História e de luta de humanidade desde que Thomas Malthus previu que
classes em Marx, marque a alternativa correta. no futuro não haveria comida em quantidade
A) A luta de classes movimenta a História na medida suficiente para todos. Organismos internacionais –
em que expressa, no interior da sociedade, o conflito Organização das Nações Unidas, Banco Mundial e
entre forças produtivas e meios de produção. Fundo Monetário Internacional – chamaram a
B) A burguesia constitui o principal motor da atenção para a gravidade dos problemas decorrentes
História desde a antiguidade, marcando todas as da alta dos alimentos. O Banco Mundial prevê que
fases do desenvolvimento econômico do mundo 100 milhões de pessoas poderão submergir na linha
ocidental. que separa a pobreza da miséria absoluta devido ao
C) Destituído dos meios de produção, o proletariado encarecimento da comida.
tem papel irrelevante na passagem do capitalismo (Adaptado: FRANÇA, R. O fantasma de Malthus.
para o socialismo. Veja. 23 abr. 2008.) 1
D) O socialismo caracteriza-se pela inversão das Para K. Marx (1818-1883), a teoria malthusiana do
relações sociais de produção, de tal modo que o crescimento populacional:
proletariado assumirá o papel histórico da burguesia, A) permitia entender, de modo científico, as razões
e esta o do papel histórico do proletariado. pelas quais os proletários teriam dificuldades para
ascender socialmente.
606. A ópera-balé Os Sete Pecados Capitais da Pequena B) apresentava as bases adequadas sobre as quais se
Burguesia, de Kurt Weill e Bertold Brecht, composta deveria elaborar a teoria do valor trabalho.
em 1933, retrata as condições dessa classe social na C) reforçava valores da burguesia ascendente que,
derrocada da ordem democrática com a ascensão do posteriormente a 1848, assumia posições cada vez
nazismo na Alemanha, por meio da personagem mais conservadoras.
Anna, que em sete anos vê todos os seus sonhos de D) era o primeiro passo na construção de uma teoria
ascensão social ruírem. explicativa do real caráter de classe da sociedade
A obra expressa a visão marxista na chamada burguesa.
doutrina das classes. Em relação à doutrina social E) apreendia a essência do proletariado moderno e
marxista, assinale a alternativa correta. os motivos pelos quais a classe burguesa estaria
A) A alta burguesia é uma classe considerada fadada a desaparecer.
revolucionária, pois foi capaz de resistir à ideologia
totalitária através do controle dos meios de 608. “O homem é no sentido mais literal do termo
comunicação. um zoon politikon, não só um animal social, mas
animal que só pode isolar-se em sociedade. A
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produção do indivíduo isolado fora da sociedade [...] Considerando a afirmação apresentada, assinale a
é uma coisa tão absurda como o desenvolvimento alternativa correta acerca da interpretação do
da linguagem sem indivíduos que vivam juntos e pensamento de Marx.
falem entre si.”. A) As relações sociais decorrem das relações de
MARX, Karl. Introdução à crítica da economia política. Trad. Edgard produção material estabelecidas entre os indivíduos;
Malagodi et al. São Paulo: Abril Cultural, 1982, p. 3-4. Texto elas são as bases da sociedade civil e equivalem à sua
modificado.
estrutura econômica, que determina a superestrutura
Com base nessa passagem, é correto afirmar que,
jurídica e política.
para Marx,
B) As relações materiais são subordinadas à cultura
A) o isolamento individual do homem se torna
de um determinado povo, que, graças à sua
impossível, pois significaria ele ser e viver fora de
consciência histórica, é capaz de estabelecer os
sociedade.
modos de produção em conformidade com os
B) é nas relações sociais dos homens entre si que
valores espirituais ditados pela razão absoluta.
estes se individualizam e unicamente nelas podem
C) A sociedade civil é a expressão jurídica de um
isolar-se.
povo, cuja realidade é determinada pelo grau de
C) a vida social se estabelece a partir de indivíduos
desenvolvimento espiritual que orienta as ações
isolados; por isso, eles permanecem, nela, isolados.
humanas e subordina as forças produtivas aos
D) só há linguagem porque os homens deixaram
valores culturais contidos na religião, na arte e na
de ser indivíduos isolados em natureza e se
política.
pactuaram entre si.
D) O modo de vida espiritual de um povo
condiciona o processo geral da vida, inclusive as
609. O dinheiro alterou enormemente as relações
relações materiais de produção, por isso a
sociais e, no desenvolvimento da história econômica
consciência dos homens determina o ser social, e
da sociedade, atingiu o seu ápice com o modo de
toda mudança depende exclusivamente da
produção capitalista.
consciência.
Com base nos conhecimentos sobre os estudos de
Karl Marx, assinale a alternativa que apresenta,
611. Para Marx, o materialismo histórico é a
corretamente, as explicações sobre a produção da
aplicação do materialismo dialético ao campo da
riqueza na sociedade capitalista.
história. Conforme Aranha e Arruda (2000) “Marx
A) A mercantilização das relações de produção e de
inverte o processo do senso comum que pretende
reprodução, por intermédio do dinheiro, possibilita a
explicar a história pela ação dos ‘grandes homens’
desmistificação do fetichismo da mercadoria.
ou, às vezes, até pela intervenção divina. Para o
B) Enquanto mediação da relação social, o dinheiro
marxismo, no lugar das ideias, estão os fatos
demonstra as particularidades das relações entre
materiais; no lugar dos heróis, a luta de classes”.
indivíduos, como as políticas e as familiares.
Assim, para compreender o homem é necessário
C) O dinheiro tem a função de revelar o valor de uso
analisar as formas pelas quais ele reproduz suas
das mercadorias, ao destacar a valorização
condições de existência, pois são estas que
diferenciada entre os diversos trabalhos.
determinam a linguagem, a religião e a consciência.
D) O dinheiro é um instrumento técnico que facilita (ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando:
as relações de troca e evidencia a exploração contida introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2000, p. 241.)
no trabalho assalariado. A partir da explicação acima e dos seus
E) O dinheiro caracteriza-se por sua capacidade de conhecimentos sobre o pensamento de Karl Marx,
expressar um valor genérico equivalente, assinale a alternativa que indica, corretamente, os
intercambiável por qualquer outro valor. dois níveis de “condições de existência” para Marx.
A) Infraestrutura (ou estrutura), caracterizada pelas
610. [...] na produção social da própria vida, os relações dos homens entre si e com a natureza; e
homens contraem relações determinadas, necessárias superestrutura, caracterizada pelas estruturas
e independentes de sua vontade, relações de jurídico-políticas e ideológicas.
produção estas que correspondem a uma etapa B) Infraestrutura (ou estrutura), caracterizada pelas
determinada de desenvolvimento das suas forças relações dos homens entre si e com a natureza; e
produtivas materiais. materialismo dialético, que é na verdade a forma pela
MARX, K. Para a crítica da economia política. Tradução de José qual o homem produz os meios de sobrevivência.
Arthur Giannotti e Edgar Malagodi. In:. Marx, volume 1. São
Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 1-157. p. 29. Coleção Os
C) Modos de produção, caracterizados pelo
Pensadores. pensamento filosófico dos socialistas utópicos; e o
imperialismo, característica máxima do capitalismo
industrial.
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615. O modo de produção da vida material condi- quando tiver sido eliminada a subordinação
ciona o processo em geral de vida social, político e escravizadora dos indivíduos à divisão do trabalho”,
espiritual. Não é a consciência dos homens que a bandeira do comunismo, no que diz respeito à
determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser produção e à distribuição das riquezas sociais, será:
social que determina a sua consciência. “de cada um segundo suas capacidades, a cada um
MARX, K. Para a crítica da economia política. Tradução de segundo suas necessidades”.
José Arthur Giannotti e Edgar Malagodi. São Paulo: Nova MARX, Karl. Crítica do programa de Gotha. Trad.
Cultural, 1987. Coleção Os Pensadores. p. 30. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2012, p.
Assinale a alternativa que apresenta a definição 31s.
correta do que é a produção da vida material. Assinale a opção que expressa corretamente o
A) É o desenvolvimento das forças produtivas enunciado acima.
materiais, isto é, a estrutura econômica da sociedade. A) No comunismo, todos os produtos sociais
B) É a geração da sociedade civil a partir dos valores seriam distribuídos igualmente entre todos os
espirituais que determinam a ordem jurídica da indivíduos, desconsiderando origem, raça,
sociedade. necessidades especiais, projetos de vida etc.
C) É a superestrutura jurídica e política que, sob a B) O comunismo criaria uma casta de burocratas
forma de Estado nacional, alimenta o tecido social. do Partido, responsáveis por determinar a
D) São os agentes da ordem absoluta e imutável da distribuição das riquezas, e que, portanto,
razão universal que criam a sociedade civil. receberiam a melhor parte da produção social.
C) Cada indivíduo seria demandado socialmente
616. A passagem que se apresenta a seguir conforme suas capacidades físicas, intelectuais etc.,
expressa uma das mais importantes e conhecidas recebendo da sociedade aquilo de que precisa para
afirmações do filósofo Karl Marx, pensador manter dignamente a si e seus dependentes.
alemão do século XIX: D) O comunismo criará um banco de horas para
“não é a consciência dos homens que que cada trabalhador receba, justamente, exatamente
determina o seu ser; é o seu ser social que, a parcela que lhe cabe na produção social, sem ser
inversamente, determina a sua consciência”. expropriado por nenhuma força exploradora.
Marx, K. Contribuição à crítica da economia política.
São Paulo: M. Fontes, 1977. 618. Hoje em dia [...] as máquinas, dotadas da
Considerando o trecho acima, e o pensamento de propriedade maravilhosa de encurtar e tornar mais
Karl Marx, atente para o que se diz a seguir e frutífero o trabalho humano, provocam a fome e o
assinale com V o que for verdadeiro e com F o esgotamento do trabalhador. [...] O domínio do
que for falso. homem sobre a natureza é cada vez maior; porém,
( ) O trecho expressa um dos aspectos centrais [...] todos os nossos inventos e progressos parecem
da crítica de Marx ao idealismo: no lugar das ideias, dotar de vida intelectual as forças materiais, enquanto
são os fatos, são as condições materiais que que reduzem a vida humana ao nível de uma força
governam o processo social e o pensar. material bruta.
( ) Trata-se de uma afirmação peremptória a MARX, K. Discurso pronunciado na festa de aniversário do
respeito da imensa capacidade da consciência “People’s Paper”, MARX, K. ; ENGELS, F. Obras Escolhidas,
humana em criar, de maneira plena, novas realidades V.1. São Paulo: Editora Alfa - Ômega. p. 298.
sociais concretas. Atentando para o movimento de razão e desrazão na
( ) Reflete uma visão materialista dialética e sociedade contemporânea, o texto, de autoria de
histórica sobre o modo de pensar a realidade que Marx, acentua a presença, no modo de produção
entende o pensamento como um reflexo desta capitalista, do(a)
própria realidade e não como seu produtor. A) luta de classes.
( ) Na perspectiva do pensamento de Marx, ser B) anomia social.
e consciência formam uma unidade dialética na qual C) fetichismo social.
ora a consciência gera a realidade do ser ora este ser D) indústria cultural.
real produz a consciência. E) fim da história.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
A) F, V, F, V.
B) V, F, V, F.
C) F, V, V, F.
D) V, F, F, V.
619. A figura abaixo, é composta por lixo eletrônico. Marx não tem uma visão linear e progressiva da
História, sendo que, para ele, ela é processo, depende
da organização dos homens para a superação das
contradições geradas na produção da vida material,
para transformar ou retroceder historicamente.
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622. Em Marx, o conceito de ideologia designa uma pretendem anular o antagonismo das relações de
forma de consciência invertida, que distorce e produção.
encobre as formas de dominação existentes nas
relações sociais. 624. A distinção entre “aparente” e “verdadeiro” no
Tomando isso em consideração, marque a alternativa texto de Galileu Galilei (texto IX) é retomada, com
que apresenta corretamente a relação entre os outra conotação, nas primeiras teorias sociológicas,
conceitos de estrutura e superestrutura no como por exemplo, em Karl Marx (1818-1883)
pensamento de Marx. quando formula uma definição própria de ideologia.
a) Marx afirma que a superestrutura projeta Para este, tal noção supõe que na sociedade burguesa
falsamente as relações sociais de produção como a realidade dos fatos sociais contém a forma
justas, e que uma sociedade igualitária somente fenomênica (aparente) e a forma oculta
poderá surgir com a revolução da estrutura (verdadeira/essência), sendo a ideologia expressão da
econômica da sociedade. primeira. Analise as afirmativas a seguir,
b) Marx afirma que a superestrutura jurídica é o identificando aquelas que, na perspectiva de Marx,
fundamento da divisão social do trabalho, e que toda constituem exemplos de representação ideológica da
revolução deve principiar com a alteração da realidade.
legislação que regulamenta a atividade econômica. I. Os Estados nacionais continuam a ser o espaço no
c) Marx afirma que os homens retêm em sua qual os interesses de classe se manifestam e buscam
consciência uma imagem transparente das relações sua representação. Mesmo com a globalização das
sociais de produção, e que somente a alteração da economias eles se mantêm, em última instância,
consciência de cada indivíduo pode conduzir à como os Estados da classe dominante.
revolução dessas relações sociais de produção. II. No Brasil, o conflito social se constituiu com a
d) Marx afirma que a democracia burguesa e os chegada ao território nacional dos imigrantes
partidos políticos são o motor da história. Logo, toda europeus, sobretudo anarquistas, a partir do século
revolução social principia no domínio político, que é XIX. Até então, a população brasileira era pacífica e
a esfera em que podem se manifestar legitimamente ordeira, mesmo quando sofredora.
os conflitos de interesses. III. Na produção capitalista o salário não representa
uma troca igual entre capitalista e trabalhador, já que
623. A imagem de um edifício alude à existência de o valor recebido pelo último equivale a um montante
uma estrutura ordenada. De modo análogo, a inferior àquele que ele produz na sua jornada de
compreensão e a explicação sobre a organização de trabalho.
uma sociedade também podem invocar o tema da IV. Nem todos são feitos para refletir, é preciso que
ordem e sua antítese, o caos, como, por exemplo, as haja sempre aqueles voltados ao exercício e à cultura
questões relativas à harmonização social e às do pensamento e, inversamente, aqueles voltados à
revoluções. No caso da teoria de Karl Marx, a ação, ao trabalho manual.
metáfora espacial de um edifício é utilizada para Assinale a alternativa correta.
exemplificar seu entendimento sobre a dinâmica a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
dialética da sociedade. b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
Com base nos conhecimentos sobre Karl Marx a c) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
respeito das relações entre infraestrutura e d) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
superestrutura, assinale a alternativa correta. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
A) Os conflitos entre grupos sindicais mais
politizados e de status mais elevado, na produção, 625. Marx e Engels, em seu Manifesto do Partido
geram a eliminação das desigualdades sociais. Comunista, consideram que “a nossa época, a época
B) O controle das ideias e das instituições de uma da burguesia, caracteriza-se por ter simplificado os
época é insuficiente para estabelecer o valor do antagonismos de classes. A sociedade divide-se cada
trabalho e a igualdade de oportunidades no mercado. vez mais em dois vastos campos opostos, em duas
C) O aparato político e estatal é a base sobre a qual grandes classes diametralmente opostas: a burguesia
se articulam as disputas pelo controle e pela e o proletariado.”
apropriação dos meios de produção. Em vista disso, assinale a alternativa que define
D) A ordem partidária e jurídica que compõe o corretamente a burguesia e o proletariado.
estado burguês determina a emergência das forças a) Os burgueses utilizam o trabalho escravo para a
revolucionárias dos trabalhadores. produção, e o proletariado é desprovido de liberdade
E) A consciência social e o sistema jurídico para vender sua força de trabalho.
contradizem a existência material na medida em que b) Os burgueses são proprietários que utilizam da
manufatura do proletariado para a produção de
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a) O fetiche da mercadoria reflete aos homens as d) A alienação tem uma dimensão subjetiva, uma vez
características sociais do seu trabalho como se que o indivíduo se torna estranho a si mesmo,
fossem propriedades do próprio produto. Por este privado de suas qualidades essenciais.
motivo, o fetiche da mercadoria provém de seu valor
de uso. 633. Sobre o princípio da contradição social na teoria
b) O valor de uso é o suporte físico do valor das marxista, marque a afirmação correta.
mercadorias. a) A contradição social é fruto de uma divisão
c) O caráter duplo do valor de uso e do valor de desigual do trabalho social entre duas classes sociais:
troca resulta do caráter também do próprio trabalho os capitalistas, proprietários dos meios de produção e
que o produz: trabalho concreto e trabalho abstrato. os trabalhadores, vendedores da força de trabalho.
d) Na sociedade capitalista, a riqueza pode ser Há um permanente conflito entre essas duas classes,
compreendida como uma imensa coleção de por possuírem interesses convergentes em relação ao
mercadorias. processo de produção sociocultural.
b) A contradição social é fruto da existência de duas
631. Segundo Marx, o fator fundamental do classes sociais: os capitalistas, proprietários dos
desenvolvimento social assenta-se nas contradições meios de produção e os trabalhadores, vendedores
da vida material, na luta entre as forças produtivas da da força de trabalho. Essas duas classes estabelecem
sociedade e as relações sociais de produção que lhe entre si relações de oposição e antagonismo. Há um
correspondem. permanente conflito entre elas, por possuírem
Analisando a frase acima, assinale a alternativa interesses diferentes em relação ao processo de
correta sobre as relações sociais de produção e forças produção sociocultural.
produtivas em Marx. c) A sociedade capitalista se funda sob os princípios
a) Dizem respeito às relações sociais que os homens da contradição, oposição e do antagonismo entre as
estabelecem entre si para utilizar os meios de classes sociais na medida em que há, por parte da
produção, transformando a si mesmos e a natureza. classe proletária, a apropriação pública do processo
b) Correspondem às relações entre os homens no de produção sociocultural em detrimento dos
âmbito estritamente econômico posto que a esfera capitalistas, que são os proprietários dos meios de
econômica determina a estrutura social. produção.
c) Dizem respeito às ações individuais dos homens d) O capitalismo, modo de produção que sempre
no livre mercado, o qual é marcado pelas leis de existiu, tem como objetivo a valorização do próprio
oferta e procura. capital por meio da apropriação do trabalho
d) Correspondem a uma relação social definida pela excedente. Esse processo leva a um constante
lógica do mercado, na qual os homens orientam conflito entre as duas classes sociais: capitalistas,
individualmente suas ações em um determinado proprietários dos meios de produção e trabalhadores,
sentido. vendedores da força de trabalho.
632. Um dos conceitos fundamentais da teoria 634. Por sua formação filosófica, Marx concebia a
marxista sobre a sociedade capitalista é o de realidade social como uma concretude histórica, isto
alienação. Marx parte das contribuições filosóficas de é, como um conjunto de relações de produção que
Hegel, reformulando-as e desenvolve, a partir desse caracteriza cada sociedade num tempo e espaço
conceito, uma interpretação aprofundada do sentido determinados (...). Por outro lado, cada sociedade
das relações dos homens com o seu mundo, natural e representava para Marx uma totalidade, isto é, um
social, no contexto das sociedades divididas em conjunto único e integrado das diversas formas de
classes. organização humana nas suas mais diversas
Em relação ao conceito marxista de alienação, instâncias – família, poder, religião.
marque a alternativa incorreta. COSTA, Cristina. Sociologia – introdução à ciência da
a) A alienação implica, no plano político, a ausência sociedade, 3ª ed., São Paulo: Moderna, 2005. p. 123-124.
do controle efetivo do Estado pelas classes Com base nesse trecho e na teoria social de Karl
trabalhadoras. Marx, marque a alternativa correta.
b) A alienação implica a cisão entre o trabalhador e a) A consciência é um fenômeno autônomo diante
os meios e, também, os resultados objetivos do seu do processo produtivo e das relações sociais de
trabalho. produção, o que nos leva a concluir que há uma
c) A alienação corresponde a uma situação de evolução das ideias sociais.
ausência ou de pouca efetividade das normas, orais b) A dominação de classes no capitalismo é um
ou escritas, que regulam o funcionamento da vida processo econômico que prescinde das esferas
social. política, ideológica e jurídica.
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natureza, produzindo objetos que tornam a vida mais dos objetivos agressivos e reacionários do
confortável. fascismo”.
c) Mito e razão são forças primitivas antagônicas de THOMPSON, John B. Ideologia e cultura moderna: teoria
natureza distinta: o mito caracteriza-se pela social crítica na era dos meios de comunicação de massa.
imaginação, fantasia e falta de objetividade; já a Petrópolis, RJ: Vozes. Adaptado.
razão, pela objetividade, por cujos processos de Considerando o trecho acima e o conceito de indústria
formalização a certeza é instituída. cultural, atente para o que se diz a seguir e assinale
d) Dada a dimensão puramente formal da ciência, os com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.
aspectos práticos do mundo da vida lhe são alheios,
razão pela qual os usos com vistas à dominação são ( ) Os produtos da indústria cultural são,
estranhos à sua essência, resultando na dominação de geralmente, construções simbólicas impregnadas de
um mau uso prático. estereótipos que suprimem a reflexão crítica sobre a
e) A instrumentalização da razão e a objetivação da ordem social, podendo abrir espaço para uma visão
natureza são dois momentos de um mesmo autoritária.
processo, cujo resultado consiste em conceber o ( ) Aqueles indivíduos que foram capturados
homem e o mundo como objetos disponíveis à pela retórica autoritária do fascismo são os que já
manipulação e ao exercício de poder. haviam sucumbido à influência da indústria cultural e
à sua capacidade de manipulação das massas.
650. Os homens sempre tiveram de escolher entre ( ) Os produtos da indústria cultural desafiam
submeter-se à natureza ou submeter a natureza ao as normas sociais e possuem um caráter antirrealista
eu. que se torna fonte de fascínio por parte das massas
(ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do que aderem ao seu falso caráter revolucionário.
Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio ( ) Exemplificada na indústria de
de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985. p.43.) entretenimento, a indústria cultural padronizou e
Com base no texto, é correto afirmar que a análise de mercantilizou as formas culturais, o que resultou em
Adorno e Horkheimer estabeleceu a ideia de que o uma arte banal e repetitiva, incapaz de provocar um
homem olhar crítico.
I. interage com a natureza de maneira pacífica, A sequência correta, de cima para baixo, é:
assimilando a de forma idílica. A) F, F, V, F.
II. age com astúcia diante dos fenômenos naturais, B) V, V, F, V.
ao forjar uma relação de instrumentalidade com a C) V, F, F, V.
natureza. D) F, V, V, F.
III. esclarecido e com pleno domínio da natureza
promove a sua autoconsciência. 652. Observe a figura e leia o texto a seguir.
IV. apreende a natureza visando controlá-la, o que
resulta na submissão dela.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
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b) Reproduz bens culturais que brotam d) A indústria cultural visa à promoção das mais
espontaneamente das massas. diferentes manifestações culturais, preservando as
c) O valor de troca é substituído pelo valor de uso na características originais de cada uma delas.
recepção da arte. e) A indústria cultural banaliza a arte ao transformar
d) Padroniza e nivela a subjetividade e o gosto de as obras artísticas em produtos voltados para o
seus consumidores. consumo das massas.
e) Promove a imaginação e a espontaneidade de seus
consumidores. 664. A expressão indústria cultural foi empregada
pela primeira vez no livro Dialética do Esclarecimento,
662. Os pensadores da Escola de Frankfurt, escrito por Horkheimer e Adorno, filósofos de
especialmente Theodor Adorno e Max Horkheimer, tendência marxista pertencentes à Escola de
são críticos da mentalidade que identifica o progresso Frankfurt. Designa-se com essa expressão uma
técnico-científico com o progresso da humanidade. cultura produzida em série, para o mercado de
Para eles, a ideologia da ‘indústria cultural’ submete consumo em massa, na qual a realização cultural
as artes à servidão das regras do mercado capitalista. deixa de ser um instrumento de crítica do
Com base nos conhecimentos sobre as críticas de conhecimento para transformar-se em uma
Adorno e Horkheimer à ‘Indústria Cultural’, assinale mercadoria qualquer cujo valor é, antes de tudo,
a afirmativa correta: monetário. Assinale o que for correto.
a) A ‘indústria cultural’ proporcionou a 01) A origem da indústria cultural pode ser
democratização das artes eruditas, tornando as obras encontrada na prática dos mecenas, particularmente
raras e caras acessíveis à maioria das pessoas. italianos, que financiavam, durante o Renascimento,
b) Sob os efeitos da massificação pela indústria e a produção das grandes obras de arte.
consumo culturais, as artes tendem a ganhar força 02) Na indústria cultural, o consumidor não é rei,
simbólica e expressividade. como ela gostaria de o fazer crer, o consumidor não
c) A ‘indústria cultural’ fomentou os aspectos é o sujeito da produção cultural, mas seu objeto.
críticos, inovadores e polêmicos das artes. 04) A indústria cultural eleva o nível cultural da
d) O progresso técnico-científico pode ser entendido maioria da população e aprimora a apreciação da
como um meio que a ‘indústria cultural’ usa para qualidade estética do universo das artes.
formar indivíduos críticos. 08) A indústria cultural é expressão da ideologia
e) A expressão ‘indústria cultural’ indica uma cultura capitalista; sob seu poderio, as obras de arte foram
baseada na idéia e na prática do consumo de esvaziadas de seu caráter criador e crítico, alienaram-
produtos culturais fabricados em série. se para tornarem-se puro entretenimento, isto é,
objetos de consumo para um espectador cuja
663. “Tudo indica que o termo ‘indústria cultural’ foi ausência de reflexão o torna passivo.
empregado pela primeira vez no livro Dialética do 16) A partir da segunda revolução industrial no
esclarecimento, que Horkheimer [1895-1973] e eu século XIX, as artes usufruem uma fase de produção
[Adorno, 1903-1969] publicamos em 1947, em autônoma; com o advento da indústria cultural,
Amsterdã. (...) Em todos os seus ramos fazemse, tornam-se dependentes das necessidades
mais ou menos segundo um plano, produtos mercadológicas do capital.
adaptados ao consumo das massas e que em grande
medida determinam esse consumo.” 665. “A atrofia da imaginação e da espontaneidade
ADORNO, Theodor W. A indústria cultural. In: COHN, do consumidor cultural de hoje não tem necessidade
Gabriel (Org.). Theodor W. Adorno. São Paulo: Ática, 1986. p. 92. de ser explicada em termos psicológicos. Os próprios
Com base no texto acima e na concepção de produtos paralisam aquelas faculdades pela sua
indústria cultural expressa por Adorno e própria constituição objetiva. Eles são feitos de
Horkheimer, é correto afirmar: modo que a sua apreensão adequada exige, por um
a) Os produtos da indústria cultural caracterizam-se lado, rapidez de percepção, capacidade de
por ser a expressão espontânea das massas. observação e competência específica; por outro lado,
b) Os produtos da indústria cultural afastam o é feita de modo a vetar, de fato, a atividade mental
indivíduo da rotina do trabalho alienante realizado do espectador, se ele não quiser perder os fatos que
em seu cotidiano. se desenrolam rapidamente à sua frente. A violência
c) A quantidade, a diversidade e a facilidade de da sociedade industrial opera nos homens de uma
acesso aos produtos da indústria cultural contribuem vez por todas. Os produtos da indústria cultural
para a formação de indivíduos críticos, capazes de podem estar certos de serem alegremente
julgar com autonomia. consumidos em estado de distração. Mas cada um
destes é um modelo do gigantesco mecanismo
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econômico que desde o início mantém tudo sob 16) Marx defendeu a razão instrumental por ser mais
pressão tanto no trabalho quanto no lazer que lhe é eficiente que a práxis para realizar a revolução
semelhante” socialista.
ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do
esclarecimento. In: CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São 4. HERBERT MARCUSE
Paulo: Editora Ática, 2011. p.364.
A partir dessas considerações, assinale o que for 667. O filósofo Herbert Marcuse, em sua obra Eros e
correto. civilização, destaca a prevalência, nas sociedades
01) A afirmação de Theodor Adorno e Max contemporâneas, do princípio de desempenho, que
Horkheimer segue a leitura dos fenômenos estéticos se refere à produtividade econômica e social de
segundo a perspectiva marxista, que estabelece uma indivíduos que, ajustados às exigências do sistema
relação de determinação da infraestrutura sobre a social, concorrem por posições hierárquicas na
superestrutura. sociedade. De acordo com Marcuse, o princípio de
02) Pode-se afirmar que o volume a velocidade das desempenho:
informações das tecnologias modernas obrigam o a) consiste no caminho para a plena inclusão social
homem a adaptar-se às exigências dos ritmos dos indivíduos, pois, estimulando-os pela livre
produtivos da sociedade industrial, impondo-lhe competição, favorece a contínua ascensão social dos
novas formas de percepção. cidadãos e promove a abundância material para
04) Os recursos audiovisuais beneficiam o todos.
aprendizado por meio do apelo a todos os sentidos b) consiste na substituição do princípio de realidade
(som, imagem e movimento), mas, também, pelo princípio de prazer, dado que os indivíduos
colaboram para tornar a percepção infantil, desatenta renunciam às suas responsabilidades econômicas e
e acrítica. sociais para obter o reconhecimento de seus status
08) Com a cultura de massas, uma das práticas mais social.
recorrentes recai sobre o uso da propaganda: c) consiste em uma modalidade de inclusão social
propaganda comercial, propaganda religiosa e até que efetiva o ideal iluminista de uma humanidade
mesmo propaganda científica. O consumidor racionalmente emancipada, pois exprime o definitivo
moderno confunde a imagem e o objeto. domínio dos seres humanos sobre a natureza.
16) Com o advento da televisão, da Internet e do d) consiste em uma forma de dominação social que
cinema, antigos meios de divulgação de ideias prescinde da tecnologia e da exploração do trabalho,
desaparecem, como o rádio amador, a caixa postal e dado que promove o individualismo extremo,
os livros de poesia e de romance. segundo o qual não há mais distinção entre
indivíduos socialmente incluídos e indivíduos
666. A Escola de Frankfurt definiu a racionalidade socialmente excluídos.
ocidental como instrumentalização da razão. Para e) consiste em uma forma de dominação social nas
Adorno, Marcuse e Horkheimer, a razão sociedades contemporâneas, uma vez que suscita o
instrumental caracteriza-se pela produção de um ajuste dos indivíduos aos padrões mercadológicos da
conhecimento cujo objetivo é dominar e controlar a sociedade e estabelece os critérios de inclusão e de
natureza e os seres humanos. Assinale o que for exclusão social.
correto.
01) A razão instrumental expressa uma ideologia 668. A razão instrumental – que Adorno, Marcuse e
cientificista, pois acredita que é neutra, e identifica as Horkheimer também designaram com a expressão
ciências apenas com os resultados de suas aplicações. razão iluminista – nasce quando
02) Na medida em que a razão se torna instrumental, A) a ideologia cientificista dissimula a origem e a
a ciência deixa de ser uma forma de acesso aos finalidade das pesquisas científicas.
conhecimentos verdadeiros para tornar-se um B) o senso comum faz uso da tecnologia e dos
instrumento de dominação, de poder e de objetos técnicos criados pela ciência.
exploração. C) as ciências humanas criam métodos específicos
04) A ideologia do progresso no modo de produção para o estudo de seus objetos, livrando-se das
capitalista fundamenta-se na razão instrumental por explicações mecânicas de causa e efeito.
acreditar que essa promove o avanço tecnológico que D) as ciências humanas, graças ao marxismo, passam
permite a racionalização da produção. a compreender que as mudanças históricas não
08) Para Marx, o socialismo, ao transformar o resultam de ações súbitas, mas de lentos processos
trabalho em mercadoria, torna o homem um mero sociais, econômicos e políticos.
instrumento e aliena-o social e culturalmente.
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valor cultual e de exposição da obra de arte, assinale 677. Observe a figura e leia o texto a seguir.
a alternativa correta.
a) O valor de exposição da obra de arte reforça os
laços sociais, na medida em que a exposição
intensifica a coesão social, possibilitando,
democraticamente, o acesso à obra.
b) A mudança do valor de culto para o valor da
exposição da obra de arte revela transformações nas
quais esta passa a ser concebida a partir da esfera
pública.
c) O valor de culto da obra de arte expressa a
gradativa desvinculação entre o humano e o sagrado,
considerando que a obra substitui a relação direta do Figura 8: Times Square. (Disponível em:
<www.paraviagem.com.br>. Acesso em: 20 ago. 2013.)
humano com o sagrado.
Loucos os que lamentam o declínio da crítica. Pois sua hora
d) O valor material atribuído a uma obra de arte é
há muito tempo já passou. Crítica é uma questão de correto
constituído pela persistência de um valor de culto na
distanciamento. Ela está em casa em um mundo no qual
exposição, evidenciado na “aura” que paira sobre as
perspectivas e prospectos vêm ao caso e ainda é possível adotar
grandes obras, as chamadas obras clássicas.
um ponto de vista.
e) O elemento comum entre o valor de culto e o
As coisas nesse meio tempo caíram de maneira
valor de exposição da obra de arte é o
demasiado abrasante sobre o corpo da sociedade
reconhecimento de que a função “artística” é a sua
humana. A “imparcialidade”, o “olhar livre” são
dimensão mais importante.
mentiras, quando não é a expressão totalmente
ingênua de chã incompetência. O olhar mais
676. No ensaio “A obra de arte na era de sua
essencial hoje, o olhar mercantil que penetra no
reprodutibilidade técnica”, Walter Benjamin escreve:
coração das coisas, chama-se reclame. Ele
“Em suma, o que é a aura? É uma figura singular,
desmantela o livre espaço de jogo da contemplação.
composta de elementos especiais e temporais: a
– O que, afinal, torna os reclames tão superiores à
aparição única de uma coisa distante, por mais perto
crítica? Não aquilo que diz a vermelha escrita cursiva
que ela esteja. Observar, em repouso, numa tarde de
elétrica – mas a poça de luz que a espelha sobre o
verão, uma cadeia de montanhas no horizonte, ou
asfalto.
um galho, que proteja sua sombra sobre nós, Adaptado de: BENJAMIN, W. Rua de mão única. In: Obras
significa respirar a aura dessas montanhas, desse Escolhidas II. Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho,
galho.” 6.ed. São Paulo: Brasiliense, 2012. p.56.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua Com base na figura, no texto e nos conhecimentos
reprodutibilidade técnica. L&PM Editores. Edição sobre Walter Benjamin, assinale a alternativa correta.
do Kindle. Paginação irregular.
a) A cultura veiculada pelos meios de comunicação
Considerando o conceito de aura, na obra
de massa enfraquece o posicionamento reflexivo da
supracitada, atente para as seguintes afirmações:
classe trabalhadora.
I. A aura representa a absolura singularidade da obra
b) A razão emancipatória esgota-se com o modelo
artística, sua condição de exemplar único que se
econômico capitalista e a sociedade de massa.
mostra aqui e agora e não pode ser repetida. É sua
c) Mesmo diante da ordem social mercantil, que faz
autenticidade.
uso dos anúncios publicitários, pode haver
II. Para Benjamin, a sociedade contemporânea
pensamento crítico.
destruiu a aura pela reprodução técnica das obras de
d) O consumismo e a diversão farta e fácil anulam a
arte, tornou impossível distinguir original e cópia e
possibilidade de análise e problematização.
desfez a própria ideia de original e cópia.
e) O projeto da razão foi cumprido sem ter
III. Não há relação entre o conceito de aura de
alcançado sua promessa, restando ao mundo o
Benjamin e a ideia de aura das religiões. A aura
irracionalismo.
religiosa refere-se ao culto aos deuses enquanto a
aura artística refere-se apenas à reprodução da
realidade.
É correto o que se afirma em:
A) I e III apenas.
B) I e II apenas.
C) I, II e III.
D) II e III.
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678. Analise as imagens a seguir. como sua tendência a superar o caráter único de
todos os fatos através da sua reprodutibilidade”.
BENJAMIN, W. “A obra de arte na era de sua
reprodutibilidade técnica”. In: Magia e Técnica, Arte e Política.
Obras Escolhidas. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São
Paulo: Brasiliense, 1985, p. 170.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre
Benjamin, assinale a alternativa correta:
a) Ao passar do campo religioso ao estético, a obra
de arte perdeu sua aura.
b) Ao se tornarem autônomas, as obras de arte
perderam sua qualidade aurática.
c) O declínio da aura decorre do desejo de diminuir a
As imagens I e II representam duas formas artísticas distância e a transcendência dos objetos artísticos.
de um fenômeno que provocou mudanças d) O valor de culto de uma obra de arte suscita a
significativas na arte, sobretudo a partir do século reprodutibilidade técnica.
XX: a reprodutibilidade técnica. e) O declínio da aura não tem relação com as
Com base nas imagens e nos conhecimentos sobre a transformações contemporâneas.
reprodutibilidade técnica em Walter Benjamin, é
correto afirmar: 680. Observe a imagem a seguir.
a) A reprodução das obras de arte começa no final
do século XIX com o surgimento da fotografia e do
cinema, pois até então as obras não eram copiadas,
por motivos religiosos e místicos.
b) Na passagem do período burguês para a sociedade
de massas, o declínio da aura que ocorre na arte pode
ser creditado a fatores sociais, como o desejo de ter
as coisas mais próximas e superar aquilo que é único.
c) A perda da aura retira da arte o seu papel crítico Marilyn Monroe Andy Warhol, 1967.
no interior da sociedade de consumo, isto ocorre A imagem anterior refere-se a um quadro que foi
porque a reprodutibilidade técnica destrói a produzido pelo artista norte-americano Andy
possibilidade de exposição das obras. Warhol. Valendo - se de recursos da “sociedade de
d) Desde o período medieval, o valor de exposição consumo” como, por exemplo, fotos de artistas
das obras de arte é fator preponderante, visto que o famosos, Warhol produziu um número assombroso
desempenho de sua função religiosa exigia que a arte de quadros em um curto espaço de tempo. O
aparecesse de forma bem visível aos espectadores fenômeno da reprodução na arte foi estudado pelo
que a cultuavam. filósofo alemão Walter Benjamin, que na década de
e) O cinema desempenha um importante papel 30 publicou um ensaio intitulado “A obra de arte no
político de conscientização dos espectadores, uma tempo de sua reprodutibilidade técnica”.
vez que seu caráter expositivo tornou-se cultual ao Sobre a teoria de Walter Benjamin a respeito das
recuperar a dimensão aurática. consequências da reprodução em massa das obras de
arte, é correto afirmar que o autor:
679. “Em suma, o que é a aura? É uma figura a) Entende negativamente o fenômeno da
singular, composta de elementos espaciais e reprodução na arte por representar a destruição das
temporais: a aparição única de uma coisa distante, obras de arte e a sua transformação em mercadoria
por mais perto que ela esteja. Observar, em repouso, pela indústria cultural.
numa tarde de verão, uma cadeia de montanhas no b) Reconhece que ocorrem mudanças na forma das
horizonte, ou um galho, que projeta sua sombra pessoas receberem as obras de arte e propõe a
sobre nós, significa respirar a aura dessas montanhas, reeducação das massas como forma de resgate da
desse galho. Graças a essa definição, é fácil aura, isto é, daquilo que é dado apenas uma vez.
identificar os fatores sociais específicos que c) Percebe na reprodução da obra de arte a
condicionam o declínio atual da aura. Ele deriva de dissolução da sociedade moderna, fenômeno este
duas circunstâncias, estreitamente ligadas à crescente sem volta e que representa o triunfo do capitalismo
difusão e intensidade dos movimentos de massas. sobre o pensamento crítico e a reflexão.
Fazer as coisas ‘ficarem mais próximas’ é uma d) Interpreta a reprodutibilidade como um fenômeno
preocupação tão apaixonada das massas modernas inevitável da sociedade capitalista que provoca
alterações na interpretação que críticos e artistas
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fazem das obras de arte, sem maiores consequências ( ) A Teoria Tradicional é representada, segundo os
ou possibilidades políticas. frankfurtianos, por todos os filósofos que, desde
e) Afirma que a reprodutibilidade técnica provoca Descartes até o Iluminismo, deram grande ênfase ao
mudanças na percepção e na postura das pessoas que racionalismo.
têm acesso às obras; por isso certas formas artísticas, ( ) A Teoria Crítica afirma que a razão pode conter
sobretudo o cinema, podem vir a desempenhar o sombras quando se coloca a serviço da dominação.
papel de politização das massas. ( ) Segundo os frankfurtianos, um indivíduo
autônomo, consciente de seus fins, não tem
681. “Leni Riefenstahl destacou-se nos anos 20 e 30 possibilidade de acontecer, pois o conflito entre a
como cineasta, dirigindo, entre outros, razão autônoma e suas forças obscuras e
documentários encomendados pelo líder da inconscientes não finda.
propaganda nazista, Joseph Goebbels. Com os filmes a) F – V – V – F
“Triunfo da Vontade” (1935), sobre o culto ao b) V – F – F – V
“Führer” Adolf Hitler, e “Olímpia” (1938), um c) F – V – F – V
exemplo da devoção nacional-socialista em torno do d) V – V – V – F
corpo e da beleza, Riefenstahl ganhou fama em todo
o mundo. Mas também a estampa de ideóloga
nazista.” 4. HUSSSERL
(O ressurgimento de Leni Riefenstahl. Disponível em:
<http://www.uol.com.br/fsp/mais/fs1911200006.htm> 683. A fenomenologia surgiu no final do século XIX,
Acesso em 20 nov. 2002.) com Franz Brentano, cujas principais ideias foram
“Sem dúvida Benjamin, como Marcuse, vê na arte de desenvolvidas por Edmund Husserl (1859 – 1958). A
massa do fascismo, que surge com a pretensão de ser fenomenologia parte de um postulado básico que
política, perigo de uma falsa dissolução da arte tem a pretensão de superar o racionalismo e o
autônoma. Essa arte propagandística dos nazistas empirismo. Qual é a denominação do postulado
liquida efetivamente a arte como uma esfera básico da fenomenologia? Marque a alternativa
autônoma, mas atrás do véu da politização ela está a CORRETA.
serviço, na verdade, da estetização do poder político A) Intencionalidade.
bruto.” B) Positividade.
FREITAG, Bárbara; ROUANET, Sérgio Paulo (Orgs.). C) Relatividade.
Habermas. São Paulo: Ática, 1990. p. 175. D) Precariedade.
Com base nos textos acima e em seu conhecimento
sobre a relação entre cinema e política, é correto 684. A fenomenologia é um método e uma filosofia
afirmar: que surge no final do século XIX, com Franz
a) O caráter autônomo da arte cinematográfica Brentano, tendo como um dos principais
impede que suas produções sejam apropriadas por representantes o filósofo Edmund Husserl. Sobre a
regimes políticos, tais como o nazismo e o fascismo. fenomenologia, assinale o que for correto.
b) A propaganda ideológica contida nos filmes 01) A fenomenologia de Edmund Husserl procura
encomendados pelo nazismo valorizou a arte superar as teorias do conhecimento empirista e
enquanto uma esfera autônoma. idealista, como também o dualismo entre o sujeito e
c) A arte cinematográfica ao ser transformada em o objeto.
propaganda ideológica de regimes autoritários como 02) Para a fenomenologia, a consciência é sempre
o nazismo perde seu caráter de esfera autônoma. consciência de alguma coisa; portanto, não há uma
d) Os filmes de Leni Riefenstahl constituem-se em realidade pura, isolada do homem, mas a realidade
documentários destituídos de qualquer natureza enquanto ser percebido.
ideológica ou de propaganda do regime nazista. 04) O filósofo alemão Martin Heidegger, pertencente
e) A propaganda nazista, veiculada pelo cinema, à escola fenomenológica, resgata um conceito de
tornou a arte um instrumento de crítica das verdade desenvolvido pelos gregos arcaicos: o
desigualdades sociais. conceito de alétheia, que significa o não oculto,
aquilo que se mostra ou se desvela.
682. Analise as afirmativas sobre a Escola de 08) O filósofo francês Maurice Merleau-Ponty
Frankfurt e sua Teoria Crítica, coloque Verdadeiro defende uma concepção dualista para a matéria e o
(V) ou Falso (F) e assinale a alternativa que contém a espírito. De um lado, estão os objetos e o corpo, de
sequência CORRETA. outro, o sujeito e a consciência.
( ) Adorno, Horkheimer, Benjamin e Marcuse são os 16) A gestalt, corrente da Psicologia que se
pensadores que mais se destacaram e, apesar das desenvolveu no começo do século XX, ao
críticas feitas a Marx, foram, por ele, influenciados.
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692. Se desejarmos compreender o essencial da 694. Para Heidegger, a ciência e a técnica constituem
Técnica, não devemos partir da técnica da era não somente se funda sobre uma compreensão do
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ser do ente, mas constitui mesmo uma experiência de 695. Na sua abordagem da fenomenologia,
verdade, ou seja, de desencobrimento do ente no seu diferentemente dos demais pensadores, Heidegger
ser. “O desencobrimento que domina a técnica busca o entendimento do conceito de ser, que para
moderna possui como característica o pôr, no ele era um termo filosoficamente vazio na reflexão
sentido de explorar” (...). “Essa exploração acontece filosófica contemporânea.
em um múltiplo movimento: a energia escondida na Qual das proposições abaixo não pode ser associada
natureza é extraída; o extraído é transformado; o ao tratamento do ser em Heidegger?
transformado, estocado; o estocado, distribuído; o a) O Ser-aí possui consciência de sua realidade.
distribuído, reprocessado. Extrair, transformar, b) Na noção do Ser-aí, não há relação entre a
estocar, distribuir, reprocessar são todos modos de essência e a existência.
desencobrimento”. “Todavia, esse desencobrimento c) Ser-no-mundo envolve relações de ser com os
não se dá simplesmente. Tampouco, perde-se no outros, os quais também são seres-no-mundo.
indeterminado. Pelo controle, o desencobrimento d) Para o entendimento do significado de ser, não
abre para si mesmo suas próprias pistas, entrelaçadas bastaria retornar à linguagem aristotélica, é preciso
numa trança múltipla e diversa. Por toda parte, buscar a dos pré-socráticos.
assegura-se o controle, pois controle e segurança e) O significado do ser necessita da compreensão de
constituem até as marcas fundamentais do um ente que Heidegger designa como Ser-aí.
desencobrimento explorador”. Entretanto, o perigo
ou a ameaça da técnica não vem propriamente do 4. HANNA ARENDT
uso que o homem faz dos artefatos técnicos, mas do
totalitarismo dessa experiência de verdade: “A 696. A ascensão de movimentos políticos, com o
ameaça que pesa sobre o homem não vem, em intento de substituir o sistema partidário, e o
primeiro lugar, das máquinas e dos equipamentos desenvolvimento de uma nova forma totalitária de
técnicos, cuja ação pode ser eventualmente governo tiveram lugar contra o pano de fundo de
mortífera. A ameaça, propriamente dita, já atingiu a uma quebra mais ou menos geral e mais ou menos
essência do homem. O predomínio da com-posição dramática de todas as autoridades tradicionais. Em
arrasta consigo a possibilidade ameaçadora de se parte alguma essa quebra foi resultado dos próprios
poder vetar ao homem a possibilidade de voltar-se regimes ou movimentos; antes era como se o
para um descobrimento mais originário e fazer assim totalitarismo, tanto na forma de movimentos como
a experiência de uma verdade mais inaugural”. de regimes, fosse o mais apto a tirar proveito de uma
Tendo em vista a compreensão da técnica como atmosfera política e social geral em que o sistema de
forma de verdade dominante na experiência histórica partidos perdera seu prestígio e a autoridade do
do homem contemporâneo, assinale a opção correta. governo não era mais reconhecida.
(ARENDT, H. Que é Autoridade? In: ARENDT, H. Entre o
a) Heidegger parte da definição tradicional de Passado e o Futuro. São Paulo: Perspectiva, 2009. p.128.)
verdade como “adequação do intelecto e da coisa”. Sobre essa passagem, considere as afirmativas a
b) Para Heidegger, o maior perigo inserido no seguir.
domínio da técnica sobre a vida do homem I. O surgimento do totalitarismo é fruto de uma crise
contemporâneo provém do uso mortífero ou da autoridade e da tradição na sociedade
destrutivo que o homem pode fazer das máquinas e contemporânea.
dos equipamentos técnicos. II. O surgimento de regimes totalitários, como
c) Na concepção de Heidegger, a maior ameaça da nazismo e stalinismo, ilustra o auge da autoridade no
técnica reside no fato de ela ser uma experiência de mundo contemporâneo.
verdade, dominante de modo totalitário na existência III. O totalitarismo é marcado pelo excesso de
do homem contemporâneo, de tal maneira que o autoridade de alguns partidos.
homem passa a desconhecer outras formas de IV. O totalitarismo surge a partir de uma crise dos
verdade, mais originárias, mais inaugurais. sistemas políticos tradicionais.
d) Segundo Heidegger a essência da técnica moderna Assinale a alternativa correta.
e a da “tekhne” (arte) antiga são a mesma coisa: a a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
produção, a poiesis. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
e) Para Heidegger, só há a verdade em sentido c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
predicativo, a verdade do juízo, a verdade do d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
conhecimento. A técnica é um meio ou uma forma e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
de ação do homem. Logo, ela não tem relação com
verdade. 697. A cultura relaciona-se com objetos e é um
fenômeno do mundo; o entretenimento relaciona-se
com pessoas e é um fenômeno da vida. Um objeto é
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c) O homem, diferentemente do animal, tem uma a Lua e as estrelas. É verdade que o satélite artificial
vida social que lhe permite criar hierarquias não era nem lua nem estrela; não era um corpo
desvinculadas do celeste que pudesse prosseguir em sua órbita circular
caráter político. por um período de tempo que para nós, mortais
d) O surgimento da sociedade marca o abandono das limitados ao tempo da Terra, durasse uma
atividades privadas. eternidade. Ainda assim, pôde permanecer nos céus
e) Para os antigos, o domínio público era durante algum tempo; e lá ficou, movendo-se no
estabelecido naturalmente onde quer que se convívio dos astros como se estes o houvessem
encontrem homens. provisoriamente admitido em sua sublime
companhia.
701. Segundo o livro A condição humana, de Hanna ARENDT, H. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense
Arendt, as três atividades humanas fundamentais são Universitária, 2001, p. 9
a) a fabricação, o trabalho e a ação e são designadas Assinale a alternativa abaixo que NÃO fornece uma
pela expressão homo faber. explicação desse fato, de acordo com as ideias da
b) o labor, o trabalho e a ação e são designadas pela autora:
expressão vita activa. a) Segundo Hanna Arendt, o homem, por meio de
c) o jogo, o labor e o trabalho e são designadas pela uma de suas condições mais essenciais, o trabalho,
expressão homo ludens. seria capaz de rivalizar artificialmente com as leis
d) a linguagem, o labor e o trabalho e são designadas eternas da natureza.
pela expressão homo laborans. b) O objeto lançado ao espaço pela primeira vez
e) a política, a linguagem e o trabalho e são demonstra não apenas a capacidade do homem de
designadas pela expressão zoon politikon. rivalizar com as leis da natureza, mas também a de
separar-se de sua condição natural.
702. Antes que se tornasse um atributo do c) A autora se utiliza do fato em questão para refletir,
pensamento ou uma qualidade da vontade, a no livro citado, sobre as ações humanas no mundo.
liberdade era entendida como o estado do homem d) O fato relatado aponta para a produção do
livre, que o capacitava a se mover, a se afastar de casa homem futuro, motivado por uma rebelião contra a
e sair para o mundo e a se encontrar com outras existência humana tal como nos foi dada.
pessoas em palavras e ações. Essa liberdade, é claro, e) O fato em questão, segundo a autora, aponta para
era precedida da liberação: para ser livre o homem a única saída possível para o homem depois da
deve ter-se libertado das necessidades da vida [...] A destruição da Terra, a saber, a possibilidade de
liberdade necessitava ainda da companhia de outros encontrar um novo planeta para morar.
homens que estivessem no mesmo estado.
4. SARTRE
H. Arendt 704. Em A morte de Ivan Ilitch, Tolstoi descreve com
No parágrafo acima, a autora detalhes repulsivos o terror de encarar a morte
a) descreve a noção kantiana de liberdade como iminente. Ilitch adoece depois de um pequeno
autonomia da vontade, ou seja, como regra que cada acidente e logo compreende que se encaminha para o
indivíduo dá a si mesmo. fim de modo impossível de parar. “Nas profundezas
b) contrasta as noções de liberdade em Hobbes e de seu coração, ele sabia estar morrendo, mas em vez
Rousseau, privilegiando a visão política deste último. de se acostumar com a ideia, simplesmente não o
c) ressalta a inovação que representa a noção cristã fazia e não conseguia compreendê-la”.
de liberdade em relação à tradição grega. KAZEZ, J. O peso das coisas: filosofia para o bem-
d) descreve a noção generalizada a partir da viver. Rio de Janeiro: Tinta Negra, 2004.
modernidade que identifica liberdade com a vitória O texto descreve a experiência do personagem de
da vontade sobre o desejo. Tolstoi diante de um aspecto incontornável de
e) apresenta a noção de liberdade como uma nossas vidas. Esse aspecto foi um tema central na
experiência política cujo domínio não era a tradição filosófica
consciência, mas a esfera pública. A) marxista, no contexto do materialismo histórico.
B) logicista, no propósito de entendimento dos fatos.
703. Hanna Arendt abre A condição humana com a C) utilitarista, no sentido da racionalidade das ações.
seguinte declaração: Em 1957, um objeto terrestre, D) pós-modernista, na discussão da fluidez das
feito pela mão do homem, foi lançado ao universo, relações.
onde durante algumas semanas girou em torno da E) existencialista, na questão do reconhecimento de
Terra segundo as mesmas leis de gravitação que si.
governam o movimento dos corpos celestes - o Sol,
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705. A respeito da filosofia existencialista de Jean- liberdade. Por outro lado, se Deus não existe, não
Paul Sartre, é correto afirmar que: encontramos já prontos, valores ou ordens que
A) O homem é o puro agir, e essa liberdade não possam legitimar a nossa conduta. [...] Estamos
conhece nenhuma responsabilidade. condenados a ser livres. Estamos sós, sem desculpas.
B) O homem é dotado de uma natureza humana É o que posso expressar dizendo que o homem está
imutável que determina o seu ser. condenado a ser livre. Condenado, porque não se
C) O homem de início não é nada, ele será aquilo criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma
que fizer de si mesmo. vez que foi lançado no mundo, é responsável por
D) A vida segue um designo superior que submete o tudo o que faz.
homem ao destino. SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo.
3ª. ed. S. Paulo: Nova Cultural, 1987.
706. Mas se verdadeiramente a existência precede a a) Se a essência do homem, para Sartre, é a liberdade,
essência, o homem é responsável por aquilo que é. então jamais o homem pode ser, em sua existência,
Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de condenado a ser livre, o que seria, na verdade, uma
pôr todo homem no domínio do que ele é e de lhe contradição.
atribuir a total responsabilidade da sua existência. E, b) A liberdade, em Sartre, determina a essência da
quando dizemos que o homem é responsável por si natureza humana que, concebida por Deus, precede
próprio, não queremos dizer que o homem é necessariamente a sua existência.
responsável pela sua restrita individualidade, mas que c) Para Sartre, a liberdade é a escolha incondicional, à
é responsável por todos os homens. [...] Assim, a qual o homem, como existência já lançada no
nossa responsabilidade é muito maior do que mundo, está condenado, e pela qual projeta o seu ser
poderíamos supor, porque ela envolve toda a ou a sua essência.
humanidade. d) O Existencialismo é, para Sartre, um Humanismo,
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. porque a existência do homem depende da essência
Trad. Vergílio Ferreira. Lisboa: Presença, 1970. de sua natureza humana, que a precede e que é a
Conforme o texto é correto afirmar que, para o liberdade.
existencialismo,
A) o homem não é responsável por todos os seus 709. Dostoiévski escreveu: “Se Deus não existisse,
atos, pois a sociedade o limita. tudo seria permitido”. Eis o ponto de partida do
B) a humanidade é responsável pelo fato de os existencialismo. De fato, tudo é permitido se Deus
homens não terem plena liberdade. não existe, e, por conseguinte, o homem está
C) a sociedade limita as pessoas, logo não somos desamparado porque não encontra nele próprio nem
responsáveis por nossas ações. fora dele nada a que se agarrar. Para começar, não
D) a responsabilidade não é restrita ao indivíduo, encontra desculpas.
estende-se a toda humanidade. SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um humanismo.
Trad. De Rita Correia Guedes. São Paulo: Nova Cultural.
707. Para J.P. Sartre, o conceito de “para-si” diz res- Tomando o texto acima como referência, marque a
peito alternativa correta.
a) a uma criação divina, cujo agir depende de a) Nesse texto, Sartre quer mostrar que sua teoria da
princípio metafísico regulador. liberdade pressupõe que o homem é sempre
b) apenas à pura manutenção do ser pleno, responsável pelas escolhas que faz e que nenhuma
completo, da totalidade no seio do que é. desculpa deve ser usada para justificar qualquer ato.
c) ao nada, na medida em que ele se especifica pelo b) O existencialismo é uma doutrina que propõe a
poder nadificador que o constitui. adoção de certos valores como liberdade e angústia.
d) a algo empastado de si mesmo e, por isso, não se Para o existencialismo, a liberdade significa a total
pode realizar, não se pode afirmar, porque está cheio, recusa da responsabilidade.
completo. c) Defender que “tudo é permitido” significa que o
homem não deve assumir o que faz, pois todos os
708. Leia o excerto abaixo e assinale a alternativa que homens são essencialmente determinados por forças
relaciona corretamente duas das principais máximas sociais.
do existencialismo de Jean-Paul Sartre, a saber: d) Para Sartre, a expressão “tudo é permitido”
I. “a existência precede a essência” significa que o homem livre nunca deve considerar
II. “estamos condenados a ser livres” os outros e pode fazer tudo o que quiser, sem
Com efeito, se a existência precede a essência, nada assumir qualquer responsabilidade.
poderá jamais ser explicado por referência a uma
natureza humana dada e definitiva; ou seja, não existe 710. “(...) não encontramos, já prontos, valores ou
determinismo, o homem é livre, o homem é ordens que possam legitimar a nossa conduta. Assim,
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não teremos nem atrás de nós, nem na nossa frente, primeiro existe e posteriormente se define conforme
no reino luminoso dos valores, nenhuma justificativa suas escolhas e o que decide fazer de si mesmo.
e nenhuma desculpa. Estamos sós, sem desculpas. É 02) O homem, criatura decaída, está lançado à
o que posso expressar dizendo que o homem está própria sorte até encontrar o sentido de sua
condenado a ser livre. Condenado, porque não se existência na graça de Deus, de quem recebeu o
criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma livre-arbítrio.
vez que foi lançado no mundo, é responsável por 04) Diferente das coisas, só o homem é livre, está
tudo o que faz”. “condenado a ser livre”, pois nada mais é que seu
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. projeto; consciente de sua existência, é totalmente
3ª ed. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 9. responsável por ela.
Tomando o texto acima como referência, assinale a 08) O homem, ao delinear seu projeto, o faz na
alternativa correta. convicção de que o que é bom para si é bom para
a) Sartre afirma que o homem está condenado a ser todos; a imagem do homem que desejamos ser é, ao
livre e que, por esta razão, deve ser responsável por mesmo tempo, a imagem do homem como julgamos
tudo o que acontece ao seu redor. que deve ser, de modo que nossa responsabilidade
b) Sartre considera que o homem não é responsável envolve toda a humanidade.
por seus atos, “porque não se criou a si mesmo”, 16) O existencialismo sartreano, centrado na
sendo, por esta razão, totalmente livre. liberdade individual, configura-se como uma
c) Ao dizer que “(...) não encontramos, já prontos, doutrina egoística, apolítica e amoral.
valores ou ordens que possam legitimar a nossa
conduta”, Sartre defende que o existencialismo não 713. Para o existencialismo de Jean-Paul Sartre, a
admite qualquer valor, nem a liberdade. existência precede a essência, o que significa que o
d) O existencialismo de Sartre defende a tese da homem primeiro existe e apenas depois pode ser
absoluta responsabilidade do homem em relação aos definido, sem a possibilidade de um conceito inato,
atos que pratica, porque sua moral parte do princípio eterno, ou pré-determinado sobre sua natureza.
de uma liberdade coerente e comprometida com o Sobre a Filosofia de Sartre, assinale o que for
bem comum. correto.
01) Jean-Paul Sartre refutou a fenomenologia,
711. Em seu tratamento da liberdade, Sartre afirma porque esta tinha um viés positivista, negava a
que esta é um projeto e não um dado da realidade, subjetividade do homem e desenvolvia uma
sendo necessária uma preocupação com o que o concepção objetivista da realidade.
autor chama de má fé. 02) Para Jean-Paul Sartre, há uma incompatibilidade
Considerando-se a ideia de má fé e de suas radical entre o marxismo e o existencialismo, por ser
consequências para a liberdade, é incorreto afirmar: o existencialismo uma filosofia individualista, que
a) Agir em má fé consiste em viver na seriedade. rejeita qualquer compromisso político, e o marxismo,
b) Agir em má fé representa virar as costas à escolha uma filosofia engajada politicamente com a
de si mesmo. coletividade.
c) Agir em má fé representa uma afirmação do 04) Na Filosofia existencialista sartreana, só o
sujeito. homem existe, os objetos não possuem existência; só
d) Agir em má fé significa uma fuga à o homem pode ser um ser-para-si.
responsabilidade da decisão livre. 08) Para Jean-Paul Sartre, o homem está condenado
e) Agir em má fé representa identificar-se com o ser. à liberdade. A liberdade é a primeira dimensão da
existência humana, razão pela qual o homem não
712. “Porém, se realmente a existência precede a pode recusar-se a fazer suas escolhas, a engajar-se e a
essência, o homem é responsável pelo que é. Desse responsabilizar-se pelos seus atos.
modo, o primeiro passo do existencialismo é o de 16) Há uma correlação entre o existencialismo de
pôr todo homem na posse do que ele é, de submetê- Sören Kierkegaard e o de Jean-Paul Sartre, pois, para
lo à responsabilidade total de sua existência. Assim, ambos, a liberdade do homem e a exigência de
quando dizemos que o homem é responsável por si escolha criam, no ser humano, um sentimento de
mesmo, não queremos dizer que o homem é apenas angústia.
responsável pela sua estrita individualidade, mas que
ele é responsável por todos os homens.” 714. No texto O existencialismo é um humanismo, Jean-
(SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São
Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 6. Os Pensadores). Paul Sartre argumenta contra as acusações feitas ao
Sobre o existencialismo sartreano, assinale o correto. existencialismo e declara: “O homem é não apenas
01) Com o lema “a existência precede a essência”, tal como ele se concebe, mas como ele se quer, e
Sartre negava haver uma natureza humana; o homem como ele se concebe depois da existência, o homem
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nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo. 08) Ser livre significa, rigorosamente, ser, pois não há
Tal é o primeiro princípio do existencialismo.” nada que determine o ser humano, a não ser ele
(SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. In: mesmo.
Antologia de textos filosóficos. MARÇAL, Jairo (org.). Curitiba: 16) A existência de Deus é necessária, pois, sem ele,
SEED-PR, 2009, p.620).
o homem deixaria de ser livre.
Sobre a filosofia de Sartre, assinale o correto.
01) Ao expressar o primeiro princípio do
716. “Para Sartre, principal representante do
existencialismo, Jean-Paul Sartre defende a filosofia
existencialismo francês, só as coisas e os animais são
existencialista das acusações dos comunistas, que a
‘em si’, isto é, teriam uma essência. O ser humano,
consideravam contemplativa e subjetivista.
dotado de consciência, é um ‘ser-para-si’, ou seja, é
02) Jean-Paul Sartre defende-se dos críticos que
também consciência de si. Isso significa que é um ser
alegam ser sua filosofia existencialista desumana,
aberto à possibilidade de construir ele próprio sua
declarando que seus princípios filosóficos se
existência. Por isso, é possível referir-se à essência de
fundamentam no humanismo cristão.
uma mesa (...) ou à essência de um animal (...), mas
04) A ética sartreana é individualista, pois considera
não existe uma natureza humana encontrada de
que o homem, para ser livre, deve agir sempre no
forma igual em todas as pessoas, pois ‘o ser humano
sentido de alcançar objetivos que atendam
não é mais que o que ele faz’.”
estritamente a seus interesses. (ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3.ª
08) Jean-Paul Sartre considera que há dois tipos de ed. revista. São Paulo: Moderna, 2005. p. 39).
existencialismo, ou seja, um existencialismo cristão e Com base na citação e nos seus conhecimentos sobre
outro ateu; ambos têm o pressuposto de que a o existencialismo, assinale o que for correto.
existência precede à essência. 01) As coisas e os animais não têm consciência de si.
16) Para Jean-Paul Sartre, o homem está condenado 02) O ser em si não pode ser senão aquilo que é, ao
a ser livre. Condenado porque não se criou a si passo que, ao ser-para-si, é permitida a liberdade de
mesmo, e, todavia, livre, pois, uma vez lançado no ser o que fizer de si.
mundo, ele é responsável por tudo o que faz. 04) A consciência humana é um fator histórico e
contingente.
715. “Se Deus não existisse, tudo seria permitido’. 08) O homem possui uma natureza preestabelecida.
Eis o ponto de partida do existencialismo. De fato, 16) O existencialismo é uma metafísica de concepção
tudo é permitido se Deus não existe, e, por essencialista.
conseguinte, o homem está desamparado porque não
encontra nele próprio nem fora dele nada a que se 717. “A bem dizer, não me formulava minhas
agarrar. (...) Com efeito, se a existência precede a descobertas. Mas creio que agora me seria fácil
essência, nada poderá jamais ser explicado por colocá-las em palavras. O essencial é a contingência.
referência a uma natureza humana dada ou definitiva; O que quero dizer é que, por definição, a existência
ou seja, não existe determinismo, o homem é livre, o não é a necessidade. Existir é simplesmente estar
homem é liberdade. Por outro lado, se Deus não presente; os entes aparecem, deixam que os
existe, não encontramos, já prontos, valores ou encontremos, mas nunca podemos deduzi-los. Creio
ordens que possam legitimar a nossa conduta. Assim, que há pessoas que compreenderam isso. Só que
não teremos nem atrás de nós, nem na nossa frente, tentaram superar essa contingência inventando um
no reino luminoso dos valores, nenhuma justificativa ser necessário e causa de si próprio. Ora, nenhum ser
e nenhuma desculpa. Estamos sós, sem desculpas. É necessário pode explicar a existência: a contingência
o que posso expressar dizendo que o homem está não é uma ilusão, uma aparência que se pode
condenado a ser livre.” dissipar; é o absoluto, por conseguinte a gratuidade
(SARTRE, J. P. O existencialismo é um humanismo. Tradução de perfeita”.
Rita Correia Guedes. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 9) (SARTRE, J. P. A Náusea, in MARCONDES, D. Textos
Com base no excerto citado, assinale o que for básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 167/168).
correto. A partir do texto assinale o que for correto.
01) O existencialismo é uma filosofia teológica que 01) A presença dos entes é alcançável por dedução
procura a razão de ser no mundo a partir da moral lógica.
estabelecida. 02) Um aspecto fundamental dos entes é a sua
02) A afirmação “o homem está condenado a ser contingência.
livre” é uma contradição, pois não há liberdade onde 04) Sartre opõe a contingência evidente dos seres à
há a obrigação de ser livre. necessidade de um ser que é causa de si próprio.
04) O existencialismo fundamenta a liberdade, 08) A existência é absoluta e não deduzível por
independentemente dos valores e das leis da argumentos.
sociedade.
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16) Outros filósofos, além de Sartre, já haviam considerações sobre esse tema e algumas
demonstrado a necessidade dos entes. consequências que dele podem ser derivadas.
718. Sobre o conceito de liberdade em Sartre, pode- [...] tudo é permitido se Deus não existe e, por
se afirmar que sua tese central é a de que ela deve ser conseguinte, o homem está desamparado porque não
absoluta. encontra nele próprio nem fora dele nada a que se
Assinale a alternativa que se coaduna com esta tese. agarrar. Para começar, não encontra desculpas. [...]
a) Os valores permitem definir a liberdade para os Estamos sós, sem desculpas. É o que posso
homens e suas sociedades. expressar dizendo que o homem está condenado a
b) Não existe angústia no homem ao se defrontar ser livre. Condenado, porque não se criou a si
com a liberdade. mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi
c) O simples fato da liberdade impõe uma forma lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz.
materialista de determinismo, em que se abandona a SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo:
ideia de consciência. Nova Cultural, 1987, p. 9 (coleção “Os Pensadores”).
d) Os atos livres do ser humano possuem uma Com base em seus conhecimentos sobre a filosofia
essência psicológica que os define e possibilita. existencialista de Sartre e nas informações acima,
e) É preciso excluir a possibilidade da existência de assinale a alternativa correta.
Deus, pois sua onipotência não permite a liberdade a) Porque entende que somos livres, Sartre defendeu
humana. uma filosofia não engajada, isto é, uma filosofia que
não deve se importar com os acontecimentos sociais
719. “A doutrina que lhes estou apresentando é e políticos de seu tempo.
justamente o contrário do quietismo, visto que ela b) Para Sartre, a angústia decorre da falta de fé em
afirma: a realidade não existe a não ser na ação; aliás, Deus e não do fato de sermos absolutamente livres
vai longe ainda, acrescentando: o homem nada mais ou como ele afirma “o homem está condenado a ser
é do que o seu projeto; só existe na medida em que livre”.
se realiza; não é nada além do conjunto de seus atos, c) As ações humanas são o reflexo do equilíbrio
nada mais que sua vida”. entre o livre-arbítrio e os planos que Deus estabelece
SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um humanismo. São para cada pessoa, consistindo nisto a verdadeira
Paulo: Nova Cultural, 1987, Col. Os Pensadores. p. 13. liberdade.
Tomando o texto acima como referência, assinale a d) Para Sartre, as ações das pessoas dependem
alternativa correta. somente das escolhas e dos projetos que cada um faz
a) A frase “a realidade não existe a não ser na ação” livremente durante a vida e não da suposição da
significa que é o homem aquele que cria toda a existência e, portanto, das ordens de Deus.
realidade possível e imaginável, que o homem é o ser
que cria o mundo todo a partir de sua existência. 721. Qual dos argumentos abaixo caracteriza
b) O existencialismo sartreano é uma espécie muito corretamente a relação conceitual entre
particular de quietismo, porque afirma que o homem existencialismo e liberdade, no pensamento de Jean-
é livre a partir do momento em que deixa a decisão Paul Sartre (1905-1980)?
sobre a própria existência nas mãos dos outros. a) O existencialismo de Sartre defende o
c) Quando Sartre afirma que o homem “nada mais é individualismo, isto é, cada um deve preocupar-se
do que a sua vida”, ele está dizendo que todos são exclusivamente com a própria liberdade e ação.
iguais na b) O existencialismo de Sartre afirma que se o
indeterminação de seus atos e que, portanto, é homem é livre, consequentemente não é responsável
indiferente ser responsável ou não pelas ações por aquilo que faz.
praticadas. c) O existencialismo de Sartre afirma que “disciplina
d) O existencialismo de Sartre é o contrário do é liberdade”. O homem livre é aquele que recusa o
quietismo, porque defende que a vida humana é feita individualismo para viver o conformismo e a
a partir das ações e escolhas que cada ser humano respeitabilidade da tradição.
realiza juntamente com outros homens. A vida do d) Sartre afirma que o homem nada mais é do que
homem é um projeto que se realiza em plena “seu projeto”, não havendo essência ou modelo para
liberdade. lhe orientar o caminho; está, portanto,
irremediavelmente condenado a ser livre.
720. Jean-Paul Sartre (1905 – 1980) encontrou um e) Sartre afirma que a liberdade só possui significado
motivo de reflexão sobre a liberdade na obra de no pensamento, na capacidade que o homem tem de
Dostoiévski Os irmãos Karamazov: “se Deus não refletir acerca de sua existência, buscando definir a
existe, tudo é permitido”. A partir daí teceu natureza e a essência humana.
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Considerando os excertos da obra O existencialismo é ‛sujeito’, não é mais passível de exclusão da trama do
um humanismo, assinale a alternativa que está de conhecimento. Dito de outra forma: o objeto
acordo com o pensamento de Sartre. ‛verdadeiro’, aquele de que a ciência trata, não é mais
a) O homem ao nascer já se encontra determinado e aquele objeto absoluto de que falavam os clássicos,
nada poderá fazer para mudar essa condição, que é mas se torna, intrinsecamente, relativo. Em suma,
própria da natureza humana. não há mais um objeto puro, em si, um objeto tal
b) O homem é livre. Ele faz suas próprias escolhas e, como o próprio Deus (isto é, um observador
ao fazê-las, torna-se o principal responsável por elas absoluto) o veria. Também não há mais esse sujeito
e por suas consequências para si mesmo e para os absoluto, aquele que começava por afastar toda
demais. manifestação sensível, isto é, que começava por
c) As escolhas do indivíduo nada têm a ver com os afastar, correlativamente, seu próprio corpo para
demais e em nada interferem na relação com esses, colocar-se como puro espírito.”
ou seja, não é possível responsabilizar o sujeito por (MOUTINHO, L. D. Merleau-Ponty: entre o corpo e a alma.
suas escolhas e pelo modo como afetam os demais. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEEDPR, 2009, p. 494.)
d) A razão para a existência do homem é a busca de Sobre a nova filosofia de que fala o texto, assinale o
bens materiais. Quanto mais o sujeito possuir, mais que for correto.
livre poderá ser considerado. 01) A fenomenologia critica as distinções clássicas,
e) Sartre é um defensor do existencialismo cristão e tais como alma e corpo, sujeito e objeto, matéria e
defende que a essência do homem está em Deus. espírito, coisa e representação.
02) O ponto de vista de Deus não é mais possível,
4. MERLEAU-PONTY nem necessário, para a renovação da filosofia.
04) O positivismo é esta filosofia nova, pois revoga a
725. A fenomenologia é um dos fundamentos da ontologia clássica.
Filosofia de Maurice Merleau-Ponty. No âmbito da 08) Merleau-Ponty privilegia o corpo, pois, através
escola da fenomenologia, ele contesta princípios dele, o homem constitui-se de uma consciência fática
basilares da Psicologia clássica, de cunho ou concreta.
mecanicista-racionalista. 16) A situação do objeto e do sujeito é relativa, pois a
Com base na afirmação acima, assinale o que for fenomenologia é o retorno à isegoria dos gregos e ao
correto. “meio termo” de Aristóteles.
01) A sensação é concebida, por Merleau-Ponty,
pelos efeitos que os estímulos externos dos objetos 727. “É impossível sobrepor, no homem, uma
exercem sobre os sentidos. O campo visual, por primeira camada de comportamentos que
exemplo, é concebido como um mosaico de chamaríamos naturais e um mundo cultural ou
sensações despertadas pelos estímulos do objeto espiritual fabricado. No homem, tudo é natural e
sobre a retina. tudo é fabricado, como se quiser, no sentido em que
02) Para Merleau-Ponty, a percepção é o não há uma só palavra, uma só conduta que não deva
conhecimento sensorial de formas ou de totalidades algo ao ser simplesmente biológico e que ao mesmo
organizadas e dotadas de sentido. tempo não se furte à simplicidade da vida animal.”
04) Conforme um dos princípios da fenomenologia MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. In:
de Edmund Husserl, a consciência, para Merleau- ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando:
introdução à filosofia. 4.ª ed. São Paulo: Moderna, 2009, p. 53.
Ponty, não exerce nenhuma atividade na produção Com base na citação e nos seus conhecimentos sobre
de conhecimentos científicos. fenomenologia, assinale o que for correto.
08) Para Merleau-Ponty, a consciência de si é o 01) Merleau-Ponty critica as teses do fisiologismo
resultado de um esforço intelectual de conhecimento mecanicista, segundo o qual o homem pode ser
e não depende da facticidade de nosso engajamento. explicado a partir da causalidade da matéria.
16) Para Merleau-Ponty, imanência e transcendência 02) A fenomenologia de Merleau-Ponty se contrapõe
são conceitos antitéticos que se comunicam, dada a ao dualismo entre espírito e natureza.
configuração de nosso corpo no mundo. 04) Aliado a Jean-Jacques Rousseau, Merleau-Ponty
considera o estado de natureza, segundo o qual o
726. “O pensamento moderno, não por objeção homem é espontaneamente bom e a sociedade o
frontal, mas pelo desenvolvimento do próprio saber, corrompe.
leva a uma revisão das categorias clássicas, a uma 08) Merleau-Ponty critica as teses do intelectualismo
reforma da ontologia clássica do sujeito e do objeto. racionalista, segundo o qual o homem é um conceito
O núcleo desse desenvolvimento – que deve levar, abstrato idealista.
por sua vez, a uma nova filosofia – consiste na 16) Merleau-Ponty confunde homem e máquina.
descoberta de que a situação, seja do ‛objeto’, seja do
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728. “Nascer é, simultaneamente, nascer do mundo e 730. “A ciência manipula as coisas e renuncia a
nascer para o mundo. Sob o primeiro aspecto, o habitá-las. Fabrica para si modelos internos delas e,
mundo já está constituído e somos solicitados por operando sobre esses índices ou variáveis as
ele. Sob o segundo aspecto, o mundo não está transformações permitidas por sua definição, só de
inteiramente constituído e estamos abertos a uma longe em longe se defronta com o mundo atual. Ela
infinidade de possíveis. Existimos, porém, sob os é, sempre foi, esse pensamento admiravelmente
dois aspectos ao mesmo tempo. Não há, pois, ativo, engenhoso, desenvolto, esse parti pris de tratar
necessidade absoluta nem escolha absoluta, jamais todo ser como ‘objeto em geral’, isto é, a um tempo
sou como uma coisa e jamais uma pura consciência como se ele nada fosse para nós, e, no entanto, se
[...]. Há um campo de liberdade e uma ‛liberdade achasse predestinado aos nossos artifícios. Mas a
condicionada’, porque tenho possibilidades próximas ciência clássica guardava o sentimento de opacidade
e distantes [...]. A escolha de vida que fazemos tem do mundo, era a este que ela pretendia juntar-se por
sempre lugar sobre a base de situações dadas e suas construções, e por isto é que se acreditava
possibilidades abertas. Minha liberdade pode desviar obrigada a procurar para as suas operações um
minha vida do sentido espontâneo que teria, mas o fundamento transcendente ou transcendental. Há,
faz deslizando sobre este sentido, esposando-o hoje em dia – não na ciência, e sim numa filosofia
inicialmente para depois afastar-se dele, e não por das ciências assaz difundida –, isto de inteiramente
uma criação absoluta” novo: que a prática construtiva se toma e se dá por
(MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. In: autônoma, e que o pensamento deliberadamente se
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2011. 14.ª ed). reduz ao conjunto das técnicas de tomada ou de
Conforme a citação acima, é correto afirmar que a captação, que ele inventa.”
liberdade (MERLEAU-PONTY, M. O olho e o espírito, in: Textos
01) identifica-se com o determinismo. selecionados. São Paulo: Abril Cultural, 1984, p.85).
02) depende de um campo de possibilidades Com base nesta citação de Merleau-Ponty, assinale o
concretas. que for correto:
04) é uma faculdade redentora, antinômica ao mundo 01) Merleau-Ponty diferencia o pensamento
físico. científico contemporâneo do pensamento científico
08) é uma utopia do espírito humano. clássico.
16) é absoluta e incorruptível. 02) Merleau-Ponty diferencia a prática científica da
reflexão filosófica sobre a ciência.
729. “Merleau-Ponty desfaz a ideia tradicional de 04) Para Merleau-Ponty, a ciência abandona a
que, de um lado, existe o mundo dos objetos, do realidade do mundo para produzir objetos técnicos e
corpo, da pura facticidade e, de outro, o mundo da modelos operacionais eficientes.
consciência e da subjetividade, da transcendência. O 08) Para Merleau-Ponty, o dever do filósofo é
que ele pretende é compreender melhor as relações manipular as coisas do mundo no lugar dos
entre a consciência e a natureza, entre o interior e o cientistas.
exterior. Essas relações são de ambiguidade e 16) Para Merleau-Ponty, a prática científica é abusiva
sobreposição.” quando decide concorrer com o fundamento
(ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: transcendente.
introdução à filosofia. 4.ª ed. São Paulo: Moderna, 2009).
A partir dessa afirmação e dos conhecimentos sobre 731. “O que é então a liberdade? Nascer é ao mesmo
fenomenologia, assinale o que for correto. tempo nascer do mundo e nascer no mundo. O
01) A facticidade é uma dimensão existencial que mundo está já constituído, mas também não está
todo ser humano apresenta, isto é, é um conjunto de nunca completamente constituído. Sob o primeiro
determinações concretas e objetivas. aspecto, somos solicitados, sob o segundo, somos
02) A fenomenologia visa superar a dicotomia abertos a uma infinidade de possíveis. Mas esta
segundo a qual a liberdade é pensada de acordo com análise ainda é abstrata, pois existimos sob os dois
as teses do livre-arbítrio e do determinismo objetivo. aspectos ao mesmo tempo. Portanto, nunca há
04) A subjetividade é o domínio cognitivo ou mental determinismo e nunca há escolha absoluta, nunca
do ser humano. sou coisa e nunca sou consciência nua”.
08) A ambiguidade de que fala a fenomenologia de MERLEAUPONTY, M. “Fenomenologia da Percepção” in
Merleau-Ponty é tributária da religião cristã. ARANHA, M. L. Filosofar com textos: temas e história da filosofia. SP:
16) A facticidade se opõe à transcendência, que é a Moderna, 2012, p. 211.
disposição por meio da qual o ser humano vai além A partir do texto citado, assinale o que for correto.
de suas determinações físicas. 01) A liberdade não significa, necessariamente, um
agir totalmente livre, sem qualquer limitação ou
controle.
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Assinale a alternativa que reflete essa relação. d) O conhecimento deve partir de uma abstração dos
a) Posso afirmar o que o mundo é. fatos.
b) O mundo é a totalidade das coisas, não dos fatos.
c) Dizer algo do mundo é mostrar algo no mundo. 741. “As proposições fatuais são, pois, o fundamento
d) Posso descrever o mundo dentro dos limites da de todo saber, mesmo que elas precisem ser
minha linguagem, e esta por sua vez é limitada pelo abandonadas no momento de transição para
mundo. afirmações gerais. Estas proposições estão no início
e) Na linguagem, a significação de uma expressão da ciência. O conhecimento começa com a
qualquer sobre o mundo deve repousar na verdade. constatação dos fatos.” (p.46)
SCHLICK, Moritz. O fundamento do conhecimento. São
738. Ludwig Wittgenstein influenciou decisivamente Paulo: Abril Cultural, 1975.
a Filosofia da Linguagem contemporânea, também Quais pontos da filosofia do Círculo de Viena
identificada como Filosofia Analítica. Da obra podem ser percebidos no trecho acima?
“Tratado lógico-filosófico”, uma das afirmações mais a) O conhecimento parte de uma observação dos
célebres é: “Sobre aquilo de que não se pode falar, fatos. Aquilo que não pode ser verificado é
devemos calar”. Sobre tal argumento, está considerado desprovido de sentido.
INCORRETO concluir que b) Proposições fatuais não têm necessariamente uma
A) a análise da linguagem é a mais eficiente para relação com a realidade. Os fatos podem existir
resolver os problemas filosóficos. apenas nos pensamentos e, por isso, não podem ser
B) a tarefa da Filosofia consiste mais em construir verificados.
teorias metafísicas do que em elaborar métodos de c) As proposições fatuais devem ser abandonadas
análise. quando se começa a fazer ciência. Aquilo que já é
C) o problema da Filosofia tem sido o considerado um fato não precisa ser comprovado.
desconhecimento das regras ocultas nos jogos de d) A ciência, por se preocupar em comprovar fatos,
linguagem. tornou-se obsoleta. Assim, é preciso banir a
D) as proposições da metafísica, da estética, da necessidade de se estabelecer uma relação entre
religião e da ética representam absurdos lógicos. teoria e realidade para que haja um progresso na
E) os problemas filosóficos não são necessariamente ciência.
falsos, mas, em grande parte, são desprovidos de
significado lógico e linguístico. 4. BACHELARD
742. “(...) para Bachelard, a história das mudanças
739. O que Wittgenstein entendia por “linguagem científicas é feita de descontinuidades (novas teorias,
privada”, em suas “Investigações Filosóficas”? novos modelos, novas tecnologias que rompem com
a) Uma linguagem que se refere à verdade sobre o os antigos) mas também comporta continuidades,
mundo conforme a pessoa o entende. quando se considera que o novo foi suscitado pelo
b) Uma linguagem cujas palavras se referem ao que antigo e que parte deste é incorporado por aquele.”
só a pessoa que fala pode conhecer. (CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª ed., São Paulo:
c) Uma linguagem absolutamente artificial, criada Ática, 2008, p. 223).
pela pessoa que fala. Assinale o que for correto.
d) Uma linguagem compartilhada somente entre duas 01) Para Bachelard, a ciência não pode admitir o
pessoas que conversam. erro, pois ele representa um obstáculo definitivo para
e) Uma linguagem incapaz de expressar sensações o progresso da ciência.
íntimas. 02) A ciência, diz Bachelard, não pode ser
questionada nos seus princípios e fundamentos, pois
4. ESCOLA DE VIENA isso gera insegurança na pesquisa e conduz a razão a
duvidar de si mesma.
740. Os pensadores do Círculo de Viena pensavam 04) Bachelard escreveu A Filosofia do Não, obra
que: profundamente cética, na qual afirma que todo
a) A realidade só pode ser explicada por meio da conhecimento é ilusório devido à impossibilidade de
metafísica. o homem poder alcançar uma verdade absoluta.
b) O empirismo deveria ser rejeitado por ser 08) A ruptura epistemológica acontece, segundo
prejudicial ao desenvolvimento da ciência. Bachelard, quando um conjunto de métodos, de
c) Era preciso retomar o ideal clássico e partir conceitos, de teorias, de instrumentos e de
da base empírica para se construir uma teoria do procedimentos não alcança os resultados esperados
conhecimento. ou não dá conta dos problemas propostos.
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01) Para Bachelard, a ciência não pode admitir o b) O problema da demarcação encontra solução na
erro, pois ele representa um obstáculo definitivo para lógica indutiva.
o progresso da ciência. c) O problema da demarcação, assim como o
02) A ciência, diz Bachelard, não pode ser problema da indução, não tem uma solução racional.
questionada nos seus princípios e fundamentos, pois d) A metafísica deve ser eliminada por não constituir
isso gera insegurança na pesquisa e conduz a razão a um problema cientificamente relevante.
duvidar de si mesma. e) Os enunciados metafísicos não fazem parte do
04) Bachelard escreveu A Filosofia do Não, obra discurso científico por não serem passíveis de
profundamente cética, na qual afirma que todo falseamento.
conhecimento é ilusório devido à impossibilidade de
o homem poder alcançar uma verdade absoluta. 751. Considerando a solução apresentada por Karl
08) A ruptura epistemológica acontece, segundo Popper ao problema da indução nos métodos de
Bachelard, quando um conjunto de métodos, de
investigação científica, é correto afirmar que, para
conceitos, de teorias, de instrumentos e de ele, o método científico
procedimentos não alcança os resultados esperados a) é indutivo e racional.
ou não dá conta dos problemas propostos. b) é dedutivo e irracional.
16) Diversamente de Bachelard, Thomas Kuhn
c) é indutivo e irracional.
considera que a história da ciência é feita de d) não segue os padrões de racionalidade impostos
descontinuidades e rupturas radicais que ele pela lógica.
denomina de revolução científica.
e) é dedutivo e racional.
4. POPPER
752. Para o filósofo Karl Popper (1902-1994), “Um
749. [...] não exigirei que um sistema científico seja cientista, seja teórico ou experimental, formula
suscetível de ser dado como válido, de uma vez por enunciados ou sistemas de enunciados e verifica-os
todas, em sentido positivo; exigirei, porém, que sua um a um. No campo das ciências empíricas, para
forma lógica seja tal que se torne possível validá-lo particularizar, ele formula hipótese ou sistemas de
através de recurso a provas empíricas em sentido teorias e submete-os a teste, confrontando-os com a
negativo [...]. experiência, através de recursos de observação e
(POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. Trad. L. experimentação. A tarefa da lógica da pesquisa
Hegenberg e O. S. da Mota. São Paulo: Cultrix, 1972. p. 42.) científica, ou da lógica do conhecimento, é, segundo
Assinale a alternativa que corresponde ao critério de penso, proporcionar uma análise lógica desse
avaliação das teorias científicas empregado por procedimento, ou seja, analisar o método das
Popper. ciências empíricas”
a) Falseabilidade (POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Ed.
b) Organicidade Cultrix, 1972, p. 27).
c) Confiabilidade A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s)
d) Dialeticidade correta(s).
e) Diferenciabilidade 01) Observação e experimentação são procedimentos
científicos teóricos.
750. Denomino problema da demarcação o 02) O cientista experimental deve comprovar suas
problema de estabelecer um critério que nos habilite teorias confrontando-as com a experiência.
a distinguir entre as ciências empíricas, de uma parte, 04) As hipóteses teóricas devem ser submetidas a
e a matemática e a lógica, bem como os sistemas teste para serem corroboradas.
“metafísicos” de outra. Esse problema foi abordado 08) A comprovação científica de uma hipótese não
por Hume, que tentou resolvê-lo. Com Kant, se faz tão somente pela análise lógica dos
tornou-se o problema central da teoria do procedimentos.
conhecimento. 16) A lógica do conhecimento dedica-se à análise dos
(POPPER, K. R. A Lógica da Pesquisa Científica. Tradução de sistemas de enunciados científicos.
Leonidas Hegenberg e Octanny Silveira da Mota. São Paulo:
Cultrix, 1972. p. 35.)
753. Ao rejeitar a indução – a construção de
Com base no texto e nos conhecimentos sobre
enunciados universais a partir de experiências e
Popper, assinale a alternativa correta.
observações – como método científico e ao propor
a) Os enunciados metafísicos devem ser eliminados
que as teorias devem poder ser falseadas, mas nunca
do discurso científico por serem destituídos de
verificadas pela experiência científica, Karl Popper
conteúdo cognitivo.
inova a compreensão sobre o surgimento das teorias
científicas.
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Sobre esse tema, considere as afirmativas a seguir. I. Popper critica os positivistas por almejarem a
I. Ao contrário de uma tese metafísica, que é apenas aniquilação da metafísica e também por entenderem
uma especulação, uma teoria científica surge que o propósito da ciência era alcançar enunciados
imediatamente de uma observação. certos e verdadeiros.
II. Uma teoria científica, na medida em que surge de II. Popper, assim como os positivistas, acredita que a
dados empíricos, tem uma validade universal. verificabilidade é o critério de demarcação de um
III. Para que uma teoria seja considerada científica, sistema científico.
ela deve oferecer a possibilidade de ser negada pela III. Popper sustenta que, para os positivistas, a
experiência. característica distintiva dos enunciados empíricos é a
IV. Se as teorias científicas são falseáveis, elas podem possibilidade de serem suscetíveis de revisão, isto é,
ser superadas. serem criticados e substituídos por enunciados mais
Assinale a alternativa correta. adequados.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. IV. Para Popper, contrariamente aos positivistas, as
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. observações são incapazes de provar uma teoria; elas
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. só podem refutá-la.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. Assinale a alternativa correta.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
754. Toda teoria científica “boa” é uma proibição: c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
ela proíbe certas coisas de acontecer. Quanto mais d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
uma teoria proíbe, melhor ela é. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
(POPPER, K. Ciência: conjecturas e refutações. São Paulo:
Cultrix, 1972. p.66.) 756. Esta é uma concepção de ciência que considera
Sobre os critérios estabelecidos para configurar a a abordagem crítica sua característica mais
Ciência, considere as afirmativas a seguir. importante. Para avaliar uma teoria o cientista deve
I. Dizer que alguns fatos podem acontecer não é tão indagar se pode ser criticada - se se expõe a críticas
importante para a teoria quanto afirmar que de todos os tipos e, em caso afirmativo, se resiste a
determinados fatos não podem acontecer. essas críticas.
II. Teorias que afirmam de forma vaga certas POPPER, Karl. Conjecturas e refutações. Trad. Sérgio Bath.
possibilidades dificilmente podem ser refutadas, logo Brasília: UnB, 1982. p. 284.
apresentam pouca cientificidade. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
III. A proibição de certos fatos possibilita o filosofia de Popper, assinale a alternativa correta.
falseamento de uma teoria, logo sua cientificidade. a) A concepção de ciência da qual fala Popper é
IV. A melhor teoria científica é aquela que está aquela que possui o princípio de verificabilidade,
estruturada de modo que resista às refutações. com proposições rigorosas que procuram corrigir as
Assinale a alternativa correta. teorias científicas.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) A ciência busca alcançar o conhecimento de tipo
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. essencial, pois ele garante a verdade de uma teoria
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. científica, permitindo o desenvolvimento em direção
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. à verdade objetiva visada pela ciência.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. c) Uma teoria científica é verdadeira se suas
proposições são empiricamente falsificáveis via
755. Popper negava a afirmação positivista de que os testes, permitindo que sejam autocorrigidas e
cientistas podem provar uma teoria por indução, ou desenvolvidas na direção de uma verdade objetiva.
d) Os testes empíricos nas ciências humanas, tais
por testes empíricos ou por observações sucessivas.
como psicologia e sociologia, visam confirmar seu
Segundo ele, nunca se sabe se as observações foram valor de cientificidade, pois suas teorias são
suficientes, pois a observação seguinte pode falsificáveis.
contradizer tudo o que a precedeu. e) A concepção de ciência que Popper sustenta é a
(Adaptado de: HORGAN, J. O Fim da Filosofia. In. passivista ou receptacular, na qual as teorias
HORGAN, J. O Fim da Ciência. Uma discussão sobre os científicas são elaboradas por meio dos sentidos e o
limites do conhecimento científico. São Paulo: Companhia das
Letras, 1998)
erro surge ao interferirmos nos dados obtidos da
Com base no texto e nos conhecimentos acerca da experiência.
crítica de Karl Popper à concepção positivista de
ciência, considere as afirmativas a seguir. 757. A ciência é uma das poucas atividades humanas
– talvez a única – em que os erros são criticados
sistematicamente (e com freqüencia corrigidos). Por
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isso podemos dizer que, no campo da ciência, b) Popper abandonou o empirismo para dedicar-se
aprendemos muitas vezes com os nossos erros; por ao chamado anarquismo epistemológico. Defende o
isso podemos falar com clareza e sensatez sobre o pluralismo metodológico e critica as posições
progresso científico. Na maior parte dos outros positivistas e as metodologias normativas adotadas
campos de atividade do homem ocorrem mudanças, pela ciência contemporânea.
mas raramente há progresso – a não ser dentro de c) Popper nega que o desenvolvimento da ciência
uma perspectiva muito estreita dos nossos objetivos tenha sido levado a efeito pelo ideal de refutação.
neste mundo. Quase todos os ganhos são Segundo o autor, a ciência progride pela tradição
neutralizados por alguma perda – e quase nunca intelectual representada pelo conceito de paradigma.
sabemos como avaliar as mudanças. d) De acordo com Popper, o homem está
(POPPER, K. R. Conjecturas e refutações. 2 ed. Brasília: convencido de sua capacidade de conhecer o mundo
Editora da UNB. 1982. p. 242.) pela ciência. A concepção de ciência do autor tem
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a como pressuposto o mecanicismo e o determinismo.
concepção de progresso da ciência em Karl R. e) Popper elaborou o primeiro exemplo de teoria
Popper, é correto afirmar. científica encontrado na ciência moderna: a teoria da
a) É necessário que todas as conseqüências de uma gravitação universal, fazendo da fisiologia uma ciência
teoria científica sejam verificadas a fim de se atingir a positiva, tendo por modelo o método experimental
verdade em si. da física e da química.
b) A descoberta da lei do progresso da ciência
permite impulsionar progressiva e linearmente a 759. “Acredito que a função do cientista e do
ciência na direção da verdade. filósofo é solucionar problemas científicos ou
c) Os cientistas estruturam as informações filosóficos e não falar sobre o que ele e outros
disponíveis em um dado momento histórico, filósofos estão fazendo ou deveriam fazer (...)
incorporando saberes anteriores, tendo como base o Quando disse que a indagação sobre o caráter dos
método paratático. problemas filosóficos é mais apropriada do que a
d) O progresso da ciência ocorre quando são pergunta ‘Que é a filosofia?’ quis insinuar uma das
suprimidas definitivamente as idéias metafísicas, pois razões da futilidade da atual controvérsia a respeito
historicamente é nula a sua contribuição para as da natureza da filosofia: a crença ingênua de que
descobertas científicas. existe de fato uma entidade que podemos chamar de
e) A eliminação dos erros das teorias anteriores e a ‘filosofia’ ou de ‘atividade filosófica’, com uma
substituição destas por outras mais verossímeis e, ‘natureza’, essência ou caráter determinado (...) Na
portanto, mais próximas da verdade permitem o verdade não é possível distinguir disciplinas em
progresso da ciência. função da matéria de que tratam (...) Estudamos
problemas, não matérias: problemas que podem
758. “(...) a ciência tem mais que um simples valor de ultrapassar as fronteiras de qualquer matéria ou
sobrevivência biológica. Ela não é apenas um disciplina”.
instrumento útil. Embora não possa atingir a verdade Karl Popper.
nem a probabilidade, o esforço pelo conhecimento e Assinale a alternativa que não corresponde à
a procura pela verdade ainda são os motivos mais concepção de filosofia de Karl Popper.
fortes da descoberta científica. Não sabemos, podemos a) Os problemas filosóficos podem ultrapassar as
apenas conjecturar. E nossas conjecturas são guiadas fronteiras da filosofia e implicar soluções
pela fé não-científica, metafísica (embora explicável interdisciplinares.
biologicamente), nas leis ou regularidades que b) A filosofia e as demais disciplinas têm problemas
podemos desvendar – descobrir” em comum.
(POPPER, Karl. A Lógica da pesquisa científica, in CHAUÍ (org.), c) Não existe algo como uma entidade filosófica ou
Primeira Filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1987 – p. 213-214). atividade com natureza determinada que possa ser
De acordo com o enunciado, e com seus mencionada como resposta à pergunta “Que é a
conhecimentos sobre o tema, qual das alternativas filosofia?”.
abaixo caracteriza a ciência contemporânea para Karl d) Ao filosofo não cabe indicar o que deve ser feito,
Popper (1902-1994)? mas ocupar-se da resolução de problemas.
a) Para Popper, o que garante a verdade do discurso e) Antes de solucionar problemas é imprescindível
científico é sua condição de refutabilidade: quando uma que se determine a essência da filosofia, sua
teoria resiste à refutação, ela é corroborada. Assim, natureza.
não é a explicação e a justificação de sua teoria que
deve preocupar o cientista, mas sim o levantamento 760. “Um cientista, seja teórico seja experimental,
de possíveis teorias que a refutem. propõe enunciados, ou sistemas de enunciados, e
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testa-os passo a passo. No campo das ciências e) Para Popper, a solução para o problema do
empíricas, mais particularmente, constrói hipóteses princípio da indução seria passar a considerá-lo não
ou sistemas de teorias e testa-as com a experiência como verdadeiro, mas apenas como provável.
por meio da observação e do experimento. Sugiro
que é tarefa da lógica da investigação científica ou 762. “As experiências e erros do cientista consistem
lógica do conhecimento apresentar uma análise desse de hipóteses. Ele as formula em palavras, e muitas
procedimento; isto é, analisar o método das ciências vezes por escrito. Pode então tentar encontrar
empíricas […]. A etapa inicial, o ato de conceber ou brechas em qualquer uma dessas hipóteses,
inventar uma teoria, não me parece exigir uma criticando-a experimentalmente, ajudado por seus
análise nem ser suscetível dela. A questão de saber colegas cientistas, que ficarão deleitados se puderem
como acontece que uma nova ideia ocorre a um encontrar uma brecha nela. Se a hipótese não
homem – seja essa ideia um tema musical, seja um suportar essas críticas e esses testes pelo menos tão
conflito dramático, seja uma teoria científica – pode bem quanto suas concorrentes, será eliminada”.
ser de grande interesse para a psicologia empírica; POPPER, Karl. Conhecimento objetivo. Trad. de Milton
mas ela é irrelevante para a análise lógica do Amado. São Paulo: Edusp & Itatiaia, 1975. p. 226.
conhecimento científico.” (Popper) Com base no texto e nos conhecimentos sobre
Considerando o texto acima, é incorreto afirmar, ciência e método científico, é correto afirmar:
sobre a filosofia da ciência de Karl Popper, que a) O método científico implica a possibilidade
a) o que importa para decidir se uma atividade é ou constante de refutações teóricas por meio de
não científica é o que o cientista faz com suas teorias experimentos cruciais.
e não como ele as cria. b) A crítica no meio científico significa o fracasso do
b) faz parte da atividade científica testar seus cientista que formulou hipóteses incorretas.
enunciados, e é sobre o modo de fazer esse teste que c) O conflito de hipóteses científicas deve ser
incide a análise lógica popperiana. resolvido por quem as formulou, sem ajuda de
c) o teste dos enunciados de uma teoria científica outros cientistas.
deve ser realizado por meio da experiência, ou seja, d) O método crítico consiste em impedir que as
por meio da observação e da experimentação. hipóteses científicas tenham brechas.
d) o modo pelo qual um cientista concebe uma teoria e) A atitude crítica é um empecilho para o progresso
é de interesse da psicologia empírica e não da científico.
filosofia da ciência.
e) não se pode aplicar uma análise lógica em 763. Deve ser tomado como critério de demarcação,
nenhuma das etapas da atividade científica, pois o não a verificabilidade, mas a falseabilidade de um
método das ciências empíricas não se diferencia da sistema. Em outras palavras, não exigirei que um
atividade artística. sistema científico seja suscetível de ser dado como
válido, de uma vez por todas, em sentido positivo;
761. Karl Popper, em “A lógica da investigação exigirei, porém, que sua forma lógica seja tal que se
científica”, se opõe aos métodos indutivos das ciências torne possível validá-lo através de recursos a provas
empíricas. Em relação a esse tema, diz Popper: “Ora, empíricas, em sentido negativo: deve ser possível
de um ponto de vista lógico, está longe de ser óbvio refutar, pela experiência, um sistema científico
que estejamos justificados ao inferir enunciados empírico.
universais a partir dos singulares, por mais elevado (POPPER, K. A Lógica da Pesquisa Científica. São Paulo:
Cultrix, 1972. p.42.)
que seja o número destes últimos”.
POPPER, K. R. A lógica da investigação científica. Tradução
Em relação a essas afirmações sobre o caráter da
de Pablo Rubén Mariconda. São Paulo: Abril Cultural, 1980. ciência empírica, considere as afirmativas a seguir.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre I. A validade de um enunciado científico nunca é
Popper, assinale a alternativa correta: definitiva.
a) Para Popper, qualquer conclusão obtida por II. O enunciado “Choverá ou não choverá aqui,
inferência indutiva é verdadeira. amanhã” não será considerado empírico.
b) De acordo com Popper, o princípio da indução III. O enunciado “Choverá aqui, amanhã” será
não tem base lógica porque a verdade das premissas considerado empírico.
não garante a verdade da conclusão. IV. Um enunciado só será considerado científico se
c) Uma inferência indutiva é aquela que, a partir de for constituído de tal modo que resista a todas as
enunciados universais, infere enunciados provas empíricas.
singulares. Assinale a alternativa correta.
d) A observação de mil cisnes brancos justifica, a) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
segundo Popper, a conclusão de quetodos os cisnes b) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
são brancos. c) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
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d) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. tentar harmonizar aqueles pontos de vista que
divergem do seu.
4. THOMAS KUHN d) Sim, Kuhn cedo abandonou o empirismo,
classificando-se como anarquista epistemológico.
764. “O filósofo Thomas Kuhn afirma que uma Dessa forma, opôs-se não apenas à concepção
teoria se torna um modelo de conhecimento ou um metodológica de Popper como também de outros
paradigma científico. O paradigma se torna o campo contemporâneos seus, como Lakatos, por exemplo.
no qual uma ciência trabalha normalmente, sem Diferentemente de Popper, Kuhn anuncia que as
crises. Em tempos normais, um cientista, diante de teorias não são nem verdadeiras, nem falsas, mas
um fato ou de um fenômeno ainda não estudado, o úteis.
explica usando o modelo ou o paradigma científico e) Sim, diferentemente de Popper, para quem a física
existente. Em contraposição à ciência normal, ocorre newtoniana era considerada a imagem verdadeira do
a revolução científica. Uma revolução científica mundo, tendo como pressupostos o mecanicismo e
acontece quando o cientista descobre que o o determinismo, Kuhn estabelece como paradigma
paradigma disponível não consegue explicar um de sua concepção de ciência o irracionalismo de
fenômeno ou um fato novo, sendo necessário Heisenberg e seu princípio da incerteza.
produzir um outro paradigma.”
(CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 14.ª ed. São Paulo: Ática, 766. “Segundo o filósofo da ciência Thomas Kuhn,
2011, p. 281).
paradigma é um conjunto sistemático de métodos,
Sobre isso, é correto afirmar que formas de experimentações e teorias que constituem
01) o paradigma científico é o campo teórico do um modelo científico, tornando-se condição
cientista porque fornece os parâmetros para a ciência reguladora da observação. […] A ciência normal,
normal. conforme Kuhn, funciona submetida por paradigmas
02) a teoria torna-se um modelo de conhecimento estabelecidos historicamente num campo contextual
porque ela se constitui como uma explicação dos de problemas e soluções concretas. […] Os
fenômenos para o cientista. paradigmas são estabelecidos nos momentos de
04) o paradigma científico é incompleto porque os revolução científica […] Portanto, para Kuhn, a
cientistas estão sempre negando os paradigmas. ciência se desenvolve por meio de rupturas, por
08) a revolução científica é um avanço na ciência saltos e não de maneira gradual e progressiva”.
porque os cientistas sempre descobrem que as teorias (E. C. Santos)
anteriores estavam erradas. Sobre a concepção de ciência de Kuhn, é incorreto
16) embora verdadeiros, os paradigmas científicos afirmar que
são mutáveis porque os cientistas podem alcançar os a) o desenvolvimento científico não se dá de modo
limites dos modelos teóricos. linear, cumulativo e progressivo.
b) o desenvolvimento científico possui momentos de
765. Consideremos o campo da epistemologia revolução, de ruptura, nos quais há mudança de
contemporânea; sob esse aspecto, podemos afirmar paradigma.
que a posição de Thomas Kuhn (1922-1996), em
c) a ciência normal é o período em que a pesquisa
relação à ciência, se contrapôs à concepção científica científica é dirigida por um paradigma.
de Karl Popper (1902-1994)? Assinale a alternativa d) um exemplo de mudança de paradigma
correta. (revolução) na Astronomia e a substituição do
a) Sim, Kuhn se contrapôs à teoria de Popper ao sistema geocêntrico aristotélico-ptolomaico pelo
negar que o desenvolvimento da ciência se dê sistema heliocêntrico copernicano-galilaico.
mediante o ideal de refutação. Ao contrário, Kuhn e) a ciência não está submetida, de forma alguma, às
afirma que a ciência progride pela tradição intelectual condições históricas.
representada pelo paradigma que é a visão de mundo
expressa numa teoria. 767. A epistemologia de Thomas Kuhn tem como
b) Não, Kuhn absorve a teoria da refutabilidade de tese fundamental a mudança de paradigmas que
Popper ao desenvolver sua concepção de paradigma provoca as revoluções científicas; enquanto a
científico. Para ambos, o que garante a verdade de epistemologia de Karl Popper se caracteriza pelo
um discurso científico é sua condição de justificação, princípio da falseabilidade. Assinale o que for
ou seja, quando uma teoria é justificada ela é correto.
corroborada. 01) Para Thomas Kuhn, as mudanças de paradigmas
c) Não, Kuhn argumentou que uma teoria, como nas teorias científicas desorganizam a ciência a ponto
paradigma, deve ser desenvolvida em vez de de impedir um avanço do conhecimento.
criticada, motivo pelo qual ele não poderia opor-se
ao pensamento de Popper. Sua tentativa será outra:
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02) Para Thomas Kuhn, a revolução copernicana que quando o cientista descobre que o paradigma
substitui a explicação ptolomaica geocêntrica pela disponível não consegue explicar um fenômeno ou
explicação heliocêntrica caracteriza uma mudança de um fato novo, sendo necessário produzir um outro
paradigma e uma revolução na ciência astronômica. paradigma.”
04) Para Karl Popper, o valor de uma teoria não se (CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 14.ª ed. São Paulo: Ática, 2011,
mede pela sua verdade, mas pela possibilidade de ser p. 281).
falsificada. Sobre isso, é correto afirmar que
08) Para Thomas Kuhn, o paradigma é uma visão de 01) o paradigma científico é o campo teórico do
mundo expressa em uma teoria; o paradigma serve cientista porque fornece os parâmetros para a ciência
para auxiliar o cientista na resolução de seus normal.
problemas. 02) a teoria torna-se um modelo de conhecimento
16) Considerando o princípio da falseabilidade, a porque ela se constitui como uma explicação dos
ciência, para Karl Popper, não se desenvolve de fenômenos para o cientista.
modo linear. 04) o paradigma científico é incompleto porque os
cientistas estão sempre negando os paradigmas.
768. Para Thomas Kuhn, as revoluções científicas 08) a revolução científica é um avanço na ciência
são explicadas através dos conceitos de “ciência porque os cientistas sempre descobrem que as teorias
normal”, “crise” e “novo paradigma”. Segundo anteriores estavam erradas.
Eduardo Barra: “o que realmente deve deter nossa 16) embora verdadeiros, os paradigmas científicos
atenção nessa concepção proposta por Kuhn sobre são mutáveis porque os cientistas podem alcançar os
as chamadas ‘revoluções científicas’ é o fato de que limites dos modelos teóricos.
ele jamais menciona a falsidade das antigas teorias
abandonadas nem a verdade das novas teorias 770. Em relação às estruturas das revoluções
aceitas. [...] Ao ser aceito pela comunidade após uma científicas e ao conceito de “paradigma” descritos
revolução científica, um novo paradigma, em geral, é por T. Kuhn, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às
capaz de explicar apenas alguns daqueles problemas afirmativas a seguir.
que o anterior explicava. Isso explica por que, com
frequência, muitos problemas antes relevantes são ( ) Segundo T. Kuhn, a ciência normal evita forçar a
abandonados após uma revolução científica. [...] Não natureza dentro dos quadros conceituais do
existe o melhor paradigma para qualquer situação paradigma.
possível. O que existe é o melhor paradigma para ( ) O termo “paradigma” indica conquistas
determinados fins, fins esses que também podem ser científicas reconhecidas, que, por certo período,
amplamente modificados com o tempo.” fornecem um modelo de problemas e soluções
(KUHN, T. A função do dogma na investigação científica. aceitáveis aos que praticam em certo campo de
Curitiba: UFPR, SCHLA, 2012, p. 19-20). pesquisas.
A partir da citação acima, assinale o que for correto. ( ) Paradigmas sucessivos dizem coisas diferentes
01) A função de um paradigma é propor soluções sobre os objetos que povoam o universo e sobre o
inéditas para determinadas questões do nosso tempo. comportamento de tais objetos.
02) A disputa entre paradigmas é nociva à ciência, ( ) Um novo paradigma estabelece promessas sobre
pois divide a comunidade científica. um campo para o qual o antigo paradigma já havia
04) O melhor paradigma é aquele que responde a esgotado suas possibilidades.
questões metafísicas, como a existência de Deus e a ( ) A mudança de paradigma da ciência
finalidade da natureza. contemporânea fará com que ela alcance sua meta de
08) O que define a escolha de um paradigma não é a verdade universal.
verdade de uma teoria científica. Assinale a alternativa que contém, de cima para
16) A crise de um paradigma está ligada a interesses baixo, a sequência correta.
econômicos e políticos do primeiro mundo. a) V, V, F, F, F.
b) V, F, V, V, F.
769. “O filósofo Thomas Kuhn afirma que uma c) V, F, F, V, V.
teoria se torna um modelo de conhecimento ou um d) F, V, V, V, F.
paradigma científico. O paradigma se torna o campo e) F, F, V, F, V.
no qual uma ciência trabalha normalmente, sem
crises. Em tempos normais, um cientista, diante de 4. FEYERABEND
um fato ou de um fenômeno ainda não estudado, o
explica usando o modelo ou o paradigma científico 771. Paul Feyerabend epistemologicamente se opõe à
existente. Em contraposição à ciência normal, ocorre a posição autoritária e totalitária da ideologia científica.
revolução científica. Uma revolução científica acontece Com relação a esse assunto, esse autor
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A) tem uma posição dogmática com relação à física. se mostraram decisivos quando se trata de
B) defende o método cartesiano nas ciências compreender o desenvolvimento exitoso de seus
humanas. resultados.
C) defende a teologia como uma ciência capaz de Das afirmativas acima
inspirar princípios para as ciências. a) somente as afirmações I e II estão corretas.
D) posiciona-se contra o método, por não concordar b) somente as afirmações IV e V estão corretas.
com a imposição de normas de fora da própria lógica c) somente as afirmações I e IV estão corretas.
da pesquisa. d) somente as afirmações II, IV e V estão corretas.
e) somente as afirmações I, III e V estão corretas.
772. “A ideia de conduzir os negócios da ciência com
o auxílio de um método que encerre princípios 773. A Filosofia da ciência consiste no estudo da
firmes, imutáveis e incondicionalmente obrigatórios, natureza da ciência, de seus métodos, conceitos,
vê-se diante de considerável dificuldade, quando pressupostos, teorias e relações com as outras
posta em confronto com os resultados da pesquisa disciplinas. Sobre a Filosofia da ciência, assinale o
histórica. Verificamos, fazendo um confronto, que que for correto.
não há uma só regra, embora plausível e bem 01) Gaston Bachelard, na obra Filosofia do não,
fundada na epistemologia, que deixe de ser violada defende a atitude positivista para a ciência, já que o
em algum momento. Torna-se claro que tais método científico elimina, no seu processo de labor,
violações não são eventos acidentais, não são o os erros e absurdos.
resultado de conhecimento insuficiente ou de 02) Thomas Samuel Kuhn utiliza os conceitos de
desatenção que poderia ter sido evitada. Percebemos, anomalia, ciência normal, paradigma e crise, para
ao contrário, que as violações são necessárias para o explicar as revoluções na ciência.
progresso. Com efeito, um dos notáveis traços dos 04) Considerado o primeiro filósofo da ciência,
recentes debates travados em torno da história e da Aristóteles explica a mudança e o movimento das
filosofia da ciência é a compreensão de que coisas através do “motor imóvel”, isto é, o
acontecimentos e desenvolvimentos tais como a argumento metafísico, segundo o qual, a causa
invenção do atomismo na Antiguidade, a revolução primeira, causadora do movimento em todas as
copernicana, o surgimento do moderno atomismo coisas, não pode ser causada.
(teoria cinética; teoria da dispersão; estereoquímica; 08) Segundo Paul Feyerabend, apesar das
teoria quântica), o aparecimento gradual da teoria dificuldades teóricas e práticas da atividade científica,
ondulatória da luz só ocorreram porque alguns a produção do conhecimento é segura e verdadeira,
pensadores decidiram não se deixar limitar por certas dada à neutralidade do cientista, durante a coleta dos
regras metodológicas ‘óbvias’ ou porque dados.
involuntariamente as violaram”. 16) De acordo com A. F. Chalmers, a crença na
Paul Feyerabend. autoridade da ciência é um mito moderno,
Considerando o texto acima, que trata do método na semelhante a uma nova religião, alimentado pela
ciência, seguem as afirmativas abaixo: expectativa do senso comum.
I. A história da atividade científica, segundo
Feyerabend, mostra que os resultados alcançados 774. A filosofia da ciência contemporânea, ao
pela ciência são fruto da perseverança e do trabalho contrário da tradição clássica e moderna, que
duro dos cientistas em torno de um conjunto de acreditava no acúmulo linear do conhecimento,
métodos precisos. questionou a ideia de progresso e de neutralidade
II. O método em ciência, visto como a construção de científica. Conceitos como crise, anomalia,
um caminho que leve, inevitavelmente, a um descontinuidade, ruptura e incomensurabilidade
conjunto de verdades imutáveis, é algo sumamente (entre paradigmas científicos), inauguram uma nova
problemático. orientação epistemológica, voltada para a ideia de
III. O surgimento de avanços científicos ciência construída, mais do que verdadeira ou fiel à
significativos está intimamente ligado à violação natureza do mundo.
involuntária de regras de método que, na sua Sobre a filosofia da ciência contemporânea, assinale
simplicidade, emperram o avanço científico. o que for correto.
IV. Dada qualquer regra, por mais fundamental que 01) As teorias científicas não podem ser verificadas
se apresente para a ciência, sempre surgirão ocasiões de ponta a ponta, possuindo elementos arbitrários na
nas quais é conveniente ignorar a regra e mesmo composição da teoria.
adotar uma regra contrária. 02) Segundo Paul Fayerabend, os cientistas utilizam
V. A epistemologia, à luz da pesquisa histórica, persuasão, retórica e propaganda para convencer a
apresenta um conjunto de eventos não acidentais que comunidade científica.
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04) A validade de uma teoria científica está na Ilustrando uma proposição básica da sociologia do
maneira como explica um conjunto ilimitado de conhecimento, o argumento de Karl Mannheim
fenômenos. defende que o (a)
08) As teorias científicas se completam mutuamente, A) conhecimento sobre a realidade é condicionado
aproximando-se cada vez mais da ciência divina. socialmente.
16) A prática científica é igual à do senso comum, B) submissão ao grupo manipula o conhecimento do
pois não se ocupa com a verdade dos fatos. mundo.
C) divergência é um privilégio de indivíduos
775. “As crises da ciência no final do século XIX e excepcionais.
começo do século XX exigiram uma revisão da D) educação formal determina o conhecimento do
concepção de ciência e da sua metodologia. Em idioma.
outras palavras, a epistemologia precisava reavaliar o E) domínio das línguas universaliza o conhecimento.
conceito de ciência, os critérios de certeza, a relação
entre ciência e realidade, a validade dos modelos 4. PRAGMATISMO
científicos. O matemático e filósofo Henri Poincaré
(1854-1912) afirmou a esse respeito que as teorias 777. “O pragmatismo opõe-se ao intelectualismo e a
não são nem verdadeiras, nem falsas, mas úteis. todas as formas de pensamento da totalidade,
Nesse sentido, a crença na infalibilidade da ciência buscando dar atenção aos fatos observáveis e às suas
seria ilusória” consequências. É um método de esclarecimento das
ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da diferenças significativas entre ideias, que se assenta
filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 502. na antecipação das consequências futuras que essas
Sobre as transformações no conceito de ciência, ideias possam ter.”
assinale o que for correto. (ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3ª. ed.
01) Nos séculos XIX e XX, o surgimento das rev. São Paulo: Moderna, 2005, p. 118)
geometrias não euclidianas e da teoria da relatividade Com base no excerto citado e nos seus
abalaram princípios da ciência moderna segundo os conhecimentos sobre o pragmatismo, assinale o que
quais o espaço e o tempo são absolutos. for correto.
02) Com o conceito de paradigma, Thomas Kuhn 01) Segundo o pragmatismo, o concretamente
define de forma original o nascimento, a crise e a experienciável é indispensável para julgar a
superação de uma teoria científica. pertinência das ideias.
04) Paul Feyerabend pode ser considerado 02) O pragmatismo requer o conhecimento de
“anarquista epistemológico”, pois, segundo ele, não verdades inatas.
há norma de pesquisa que não tenha sido violada ao 04) Princípios da teoria evolucionista, que considera
longo da história. a continuidade de um ser vivo ligada à capacidade de
08) O neobarbarismo, assim como o neopositivismo, adaptação ao mundo, estão em conformidade com o
é a corrente científica que defende o uso de métodos pragmatismo.
paraconsistentes para comprovar hipóteses e 08) Ao criticar o intelectualismo, o pragmatismo
postulados. pretende liberar a metafísica de conceitos vagos e dar
16) A hermenêutica pode ser definida como uma lugar a uma filosofia purificada, científica e realista.
ciência cognitiva e radical, pois recorre à genealogia 16) Segundo o pragmatismo, o significado de uma
da moral para construir os seus princípios. ideia não é dado por si mesmo, mas em seu valor de
uso e nas suas consequências.
4. MANNHEIM
778. A experiência filosófica varia entre uma postura
776. Só num sentido muito restrito, o indivíduo cria idealista mais metafísica, ou totalmente metafísica, e
com seus próprios recursos o modo de falar e de outra mais materialista ou totalmente materialista.
pensar que lhe são atribuídos. Fala o idioma de seu Dentre essas doutrinas ou correntes filosóficas,
grupo; pensa à maneira de seu grupo. Encontra a sua aquela que se desenvolveu como uma teoria
disposição apenas determinadas palavras e embasada no concreto, no real, e que consiste em
significados. Estas não só determinam, em grau buscar um conhecimento com base na experiência
considerável, as vias de acesso mental ao mundo prática, em qualquer realidade, é
circundante, mas também mostram, ao mesmo A) o Existencialismo.
tempo, sob que ângulo e em que contexto de B) a Fenomenologia.
atividade os objetos foram até agora perceptíveis ao C) o Pragmatismo.
grupo ou ao indivíduo. D) o Idealismo.
MANNHEIM, K. Ideologia e utopia. Porto Alegre: Globo, E) o Realismo.
1950 (adaptado).
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chorando. Quase 60% dos republicanos aprovam mais corporal que o exercício do poder. Uma das
a prática de separar crianças imigrantes de seus primeiras coisas a compreender é que o poder não
pais e não é difícil entender os motivos. Há alguns está localizado no aparelho de Estado e que nada
anos Donald Trump vem aproveitando todas as mudará na sociedade se os mecanismos de poder
oportunidades de desumanizar os latinos que que funcionam fora, abaixo, ao lado dos aparelhos
atravessam a fronteira, chamando-os de animais, de Estado a um nível muito mais elementar,
assassinos e estupradores. Essa etapa é essencial, a quotidiano, não forem modificados”.
de reduzir imigrantes a um status sub-humano. Foucault. Michel. Microfísica do poder. Rio de
Aconteceu durante o Holocausto. Sempre que um Janeiro: Edições Graal, 1979. P.147-149.
grupo de pessoas sofre opressão e horrores, os Com base na passagem acima e tendo em vista a
grupos no poder, primeiramente as reduzem e concepção de poder no pensamento de Foucault,
desumanizam, de forma a aliviar a consciência dos assinale a afirmação verdadeira.
poderosos enquanto dure a opressão”. A) Em consonância com a filosofia do direito de
King, Shaun. Separar famílias de migrantes é uma barbaridade. Hegel, Foucault entendia que os diversos poderes
E os EUA fazem isso há séculos com não brancos. Publicado em seriam ramificações ou uma rede de poderes
21/06/2018. materializados a partir do Estado moderno.
No texto acima, a referência ao processo de B) Foucault repete a noção dos filósofos
desumanização dos imigrantes latinos corresponde a contratualistas que identifica no Estado o ponto de
uma ação política baseada em uma concepção de partida necessário e absoluto de todo tipo de poder
poder que é encontrada social.
A) no pensamento marxista e em sua percepção das C) Tal concepção seguiu a tradição do pensamento
disputas ideológicas e de poder entre estratos sociais marxista, no qual as formas de exercício do poder
distintos (classes sociais), marcadas que são pelas têm exclusiva relação com a estrutura de classes e são
diferenças de posicionamento na estrutura da reproduzidas pelos aparelhos de Estado.
produção material e histórica, representados pelos D) Para Foucault, os poderes se exercem em níveis
imigrantes, de um lado, e os nativos americanos, do variados e em pontos diferentes da rede social como
outro. micropoderes integrados, ou não, ao Estado e
B) na obra filosófica de Michel Foucault, que discute através das práticas culturais.
as diferentes maneiras de exercício do poder,
paralelas ao poder do estado, que se exercem de 792. Michel Foucault (1926-1984) investigou as
formas variadas e em vários níveis institucionais, origens dos princípios de vigilância, observação e
entre as quais estão os meios formadores de correção de “comportamentos indesejados” para
discursos e narrativas voltadas a disciplinar e o funcionamento das instituições modernas. Tais
ressignificar percepções sociais. princípios produzem “corpos disciplinados” ou
C) na visão contratualista de Rousseau e na sua “corpos dóceis” e os tipos de instituições que
concepção de uma natureza humana boa, adotam tais princípios são as escolas, os hospitais,
corrompida pela sociedade (os imigrantes que agem as prisões e as empresas modernas. No ambiente
como animais e assassinos), bem como na controlado dessas organizações, a disciplina
supremacia do poder que se origina da vontade geral exerce um poder sobre os corpos dos seus
e do interesse coletivo sobre as vontades dos integrantes. Esse “poder disciplinar” explora
indivíduos que emigram. técnicas diversas para subjugar os corpos
D) na noção hobbesiana de poder, que defende o individualmente e exerce um tipo de controle que
combate ao estado de natureza – representado pela não atua de fora, mas trabalha esses corpos de
situação dos imigrantes latinos – e a necessária dentro produzindo os “comportamentos
instituição da sociabilidade política, com o exercício adequados” e fabricando o tipo de pessoa
da força de um líder que tem que ser forte e necessária ao funcionamento e manutenção dessas
respeitado para impor a ordem (o Presidente norte- instituições.
americano Donald Trump). Considerando essa concepção de Michel Foucault,
assinale a proposição verdadeira.
791. Leia atentamente o seguinte excerto do texto de A) O poder disciplinar é um tipo de poder que
Michel Foucault, que expõe parte de suas análises emana das instituições modernas e se exerce
sobre o poder: estimulando comportamentos indesejados para
“É preciso, em primeiro lugar, afastar uma tese puni-los.
muito difundida segundo a qual o poder nas B) O uso das novas tecnologias de informação e
sociedades burguesas e capitalistas teria negado a comunicação, nas empresas, libertam seus
realidade do corpo em proveito da alma, da integrantes de todo tipo de vigilância interna e
consciência, da identidade. Nada é mais físico, externa.
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798. “O sucesso do poder disciplinar se deve sem 800. “O pensamento de Foucault gira em torno dos
dúvida ao uso de instrumentos simples: o olhar temas do sujeito, verdade, saber e poder. É um
hierárquico, a sanção normalizadora e sua pensamento que leva à crítica de nossa sociedade, à
combinação num procedimento que lhe é específico, reflexão sobre a condição humana. [...] Não há
o exame.” verdades evidentes, todo saber foi produzido em
Foucault, Vigiar e punir, p. 143. algum lugar, com algum propósito. Por isso mesmo
I. Vigiar, muito mais que aplicar um olhar constante pode ser criticado, transformado, e, até mesmo
sobre o indivíduo, significa dispô-lo numa estrutura destruído. Foucault considera que a filosofia pode
arquitetural e impessoal, na qual ele se sinta vigiado. mudar alguma coisa no espírito das pessoas. [...] Seu
II. Punir é o único objetivo da disciplina. pensamento vem sempre engajado em uma tarefa
III. Punir primeiramente tem a finalidade de uma política ao evidenciar novos objetos de análise, com
ortopedia moral, de normalização, não somente de os quais os filósofos nunca haviam se preocupado.
um comportamento, mas do conjunto da existência Entre eles se destacam: o nascimento do hospital; as
humana, seja obstaculizando a virtualidade de um mudanças no espaço arquitetural que servem para
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punir, vigiar, separar; o uso da estatística para que consigo mesmo. [...] Em outras palavras: não viver
governos controlem a população; a constituição de submetido às regras morais que são impostas de fora,
uma nova subjetividade pela psicologia e pela mas assumir-se sujeito de suas próprias escolhas,
psicanálise; como e por que a sexualidade passa a ser criar e construir sua vida. [...] É conhecendo a si
alvo de preocupação médica e sanitária; como mesmo e cuidando de si mesmo que cada um pode
governar significa gerenciar a vida (biopoder) desde o construir sua vida na relação com os outros. Uma
nascimento até a morte, e tornar todos os indivíduos ética do cuidado de si não implica, portanto,
mais produtivos, sadios, governáveis.” isolamento ou egoísmo.”
(ARAÚJO, I. L. Foucault: um pensador da nossa época, para a (GALLO, S. Filosofia: experiência do pensamento. 1ª. ed. São
nossa época. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, Paulo: Scipione, 2013, p. 165).
2009. p. 225.) Segundo a afirmação acima, assinale o que for
Segundo o texto, é correto afirmar: correto:
01) A renovação filosófica ocorre no contexto de 01) As éticas de Foucault e de Epicuro são
afirmação positivista das ciências e fundação da equivalentes, pois valorizam o prazer material e o
subjetividade a partir da fenomenologia. prazer sensível.
02) A relação entre saber e poder diz respeito a uma 02) O cuidado de si está caracterizado pelo
prática política, não só epistemológica. surgimento das academias de ginástica e de centros
04) A sexualidade aparece como tema de análise de estética.
filosófica em razão da repressão dos desejos 04) Em nome da autonomia do indivíduo, Foucault
individuais e coletivos. afirma a necessidade de resistência ao poder do
08) A expressão “biopoder” significa a associação Estado.
entre as potencialidades humanas e o divino. 08) A ética de Foucault, ao privilegiar o cuidado de
16) O papel da filosofia é revelar verdades si, desvaloriza o aspecto social, coletivo.
metafísicas, independentemente de serem 16) A autonomia do indivíduo frente aos
contestadas ao longo da História. mecanismos de controle é uma responsabilidade
pessoal e intransferível.
801. “Valores e conceitos nascem de necessidades
humanas. A filosofia deve se debruçar sobre a 803. Observe a figura e leia o texto a seguir.
história dos acontecimentos, do concreto, do saber e
de certa época que produz práticas com efeitos de
poder. A intenção é sempre de compreender melhor
o nosso presente e para tal de nada adiantam as
análises da existência ou dos dados da consciência.”
(ARAUJO, I. L. Foucault: um pensador da nossa época, para a
nossa época. In: MARÇAL, J. (org.). Antologia de textos
filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 222).
A respeito dessa afirmação sobre o pensamento de
Michel Foucault, é correto afirmar que Foucault Prisão Panóptica
01) critica as correntes fenomenológicas e A figura representa uma prisão-modelo onde a torre
existencialistas. central sempre é vista pelos detidos que estão nas
02) conserva o ensinamento dos mitos. habitações que a circulam, no entanto os detidos não
04) correlaciona conhecimento empírico e poder. sabem se estão sendo observados. No anel
08) defende o pensamento metafísico. periférico, a pessoa sempre é vista sem jamais ver; na
16) corrobora o uso prático, não só teórico, da torre central, sempre se vê sem jamais ser visto.
filosofia. (Adaptado de: CHÂTELET, F. et al. História das ideias
políticas. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed., 2000. p.376.)
802. “Foucault chamou a atenção para a dificuldade Com base na figura, no texto e nos conhecimentos
de construir uma ‘ética do eu’ em nossos dias, sobre poder em Michael Foucault, atribua V
marcados pelo consumismo exacerbado, pelo culto (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.
do corpo nas academias e pela exaltação das imagens ( ) O exercício da vigilância e da penalidade tem por
como propaganda, que poderiam levar a um objetivo impor o poder da norma, e todos os saberes
hedonismo muito diferente daquele de Epicuro, – urbanismo, psiquiatria, criminologia, sexologia,
preocupado apenas com os prazeres materiais e sociologia – servem para legitimar e regulamentar o
imediatos. Mas, ao mesmo tempo, afirmou que essa emprego dos poderes.
seria uma tarefa urgente, pois a única possibilidade ( ) O poder é algo que se possui, é um privilégio
de construir uma autonomia nos dias de hoje, adquirido e conservado pela classe dominante que
resistindo aos poderes políticos, estaria numa relação
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objetiva oprimir, fazer uso e tirar vantagens das submeterem ao debate público, cientes de que
classes dominadas. estarão vinculados à coerção do melhor argumento.
( ) O poder está em todos os lugares uma vez que d) a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à
ele vem de toda parte; é uma estratégia, um exercício vida adulta, tenham condições de se libertar das
que faz uso das práticas disciplinares para adestrar os tradições de suas origens em nome da harmonia da
corpos e as palavras. política nacional.
( ) O poder somente é duradouro se for legítimo. É e) o desaparecimento de quaisquer limitações, tais
suficiente que se discorra sobre as condições formais como linguagem política ou distintas convenções de
da legitimidade para poder ser aceito. Desse modo, a comportamento, para compor a arena política a ser
lei e a autoridade que a promulga são a fonte do compartilhada.
poder; a prisão, nesse caso, é a negação do poder.
( ) Os fatos sociais são coercitivos por natureza, 805. Uma norma só deve pretender validez quando
desse modo o poder é a aplicação da dimensão todos os que possam ser concernidos por ela
repressiva inerente a todas as sociedades. cheguem (ou possam chegar), enquanto participantes
Assinale a alternativa que contém, de cima para de um discurso prático, a um acordo quanto à
baixo, a sequência correta. validade dessa norma.
a) V, V, V, F, F. HABERMAS. J. Consciência moral e agir comunicativo. Rio de
b) V, V, F, V, F. Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.
c) V, F, V, F, F. Segundo Habermas, a validez de uma norma deve ser
d) F, V, F, V, V. estabelecida pelo(a)
e) F, F, F, V, V. a) liberdade humana, que consagra a vontade.
b) razão comunicativa, que requer um consenso.
1. JÜRGEN HABERMAS c) conhecimento filosófico, que expressa a verdade.
d) técnica científica, que aumenta o poder do
804. Na regulamentação de matérias culturalmente homem.
delicadas, como, por exemplo, a linguagem oficial, os e) poder político, que se concentra no sistema
currículos da educação pública, o status das Igrejas e partidário.
das comunidades religiosas, as normas do direito
penal (por exemplo, quanto ao aborto), mas também 806. Na sociedade democrática, as opiniões de cada
em assuntos menos chamativos, como, por exemplo, um não são fortalezas ou castelos para que neles nos
a posição da família e dos consórcios semelhantes ao encerremos como forma de autoafirmação pessoal.
matrimônio, a aceitação de normas de segurança ou a Não só temos de ser capazes de exercer a razão em
delimitação das esferas pública e privada — em tudo nossas argumentações, como também devemos
isso reflete-se amiúde apenas o autoentendimento desenvolver a capacidade de ser convencidos pelas
ético-político de uma cultura majoritária, dominante melhores razões. A partir dessa perspectiva, a
por motivos históricos. Por causa de tais regras, verdade buscada é sempre um resultado, não ponto de
implicitamente repressivas, mesmo dentro de uma partida: e essa busca inclui a conversação entre
comunidade republicana que garanta formalmente a iguais, a polêmica, o debate, a controvérsia.
SAVATER, F. As perguntas da vida. São Paulo: Martins
igualdade de direitos para todos, pode eclodir um Fontes, 2001 (adaptado).
conflito cultural movido pelas minorias desprezadas A ideia de democracia presente no texto, baseada na
contra a cultura da maioria. concepção de Habermas acerca do discurso, defende
HABERMAS, J. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo:
Loyola, 2002. que a verdade é um(a)
A reivindicação dos direitos culturais das minorias, A) alvo objetivo alcançável por cada pessoa, como
como exposto por Habermas, encontra amparo nas agente racional autônomo.
democracias contemporâneas, na medida em que se B) critério acima dos homens, de acordo com o qual
alcança podemos julgar quais opiniões são as melhores.
a) a secessão, pela qual a minoria discriminada C) construção da atividade racional de comunicação
obteria a igualdade de direitos na condição da sua entre os indivíduos, cujo resultado é um consenso.
concentração espacial, num tipo de independência D) produto da razão, que todo indivíduo traz latente
nacional. desde o nascimento, mas que só se firma no
b) a reunificação da sociedade que se encontra processo educativo.
fragmentada em grupos de diferentes comunidades E) resultado que se encontra mais desenvolvido nos
étnicas, confissões religiosas e formas de vida, em espíritos elevados, a quem cabe a tarefa de convencer
torno da coesão de uma cultura política nacional. os outros.
c) a coexistência das diferenças, considerando a
possibilidade de os discursos de autoentendimento se
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d) Para o pensador alemão, somente uma razão e) refere-se à atitude de retorno do homem à vida
pragmática tornará possível a instituição da natural, observando as leis da natureza e sua
moralidade a partir da adoção de um discurso regularidade.
convincente a ser comunicado a todos pelo
legislador. 813. A utilização da Internet ampliou e fragmentou,
simultaneamente, os nexos de comunicação. Isto
811. Antes mesmo do início das obras de reforma ou impacta no modo como o diálogo é construído entre
construção de novos estádios para a Copa de 2014, já os indivíduos numa sociedade democrática.
ganhou evidência na mídia o questionamento ético (Adaptado de: HABERMAS, J. O caos da esfera pública. Folha
acerca da correta destinação dos recursos públicos e de São Paulo, 13 ago. 2006, Caderno Mais!, p.4-5.)
privados para esse fim. Sobre a relação entre ética e A partir dos conhecimentos sobre a ação
corrupção, considere as afirmativas a seguir. comunicativa em Habermas, considere as afirmativas
I. O compromisso ético transcende a esfera estatal e a seguir.
atinge também as empresas privadas envolvidas em I. A manipulação das opiniões impede o consenso ao
licitações públicas. usar os interlocutores como meios e desconsiderar o
II. As empresas privadas que atuam de acordo com a ser humano como fim em si mesmo.
legalidade no mercado, em busca do lucro, estão II. A validade do que é decidido consensualmente
isentas de compromisso ético. assenta-se na negociação em que os interlocutores se
III. A lógica da corrupção está assentada na instrumentalizam reciprocamente em prol de
sobreposição dos interesses privados aos interesses interesses particulares.
públicos. III. Como regra do discurso que busca o
IV. Política, economia e ética são esferas com entendimento, devem-se excluir os interlocutores
atuação diferenciada e que estabelecem correlações que, de algum modo, são afetados pela norma em
entre si. questão.
Assinale a alternativa correta. IV. O projeto emancipatório dos indivíduos é
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. construído a partir do diálogo e da argumentação que
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas. prima pelo entendimento mútuo.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. Assinale a alternativa correta.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
812. Elaborada nos anos de 1980, em um contexto d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
de preocupações com o meio ambiente e o risco e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
nuclear, a Ética do Discurso buscou reorientar as
teorias deontológicas que a antecederam. Um 814. A utilização de organismos geneticamente
exemplo está contido no texto a seguir. modificados, já presente em alimentos como soja e
De maior gravidade são as consequências que um milho, remete para a questão dos limites éticos da
conceito restrito de moral comporta para as questões pesquisa.
da ética do meio ambiente. O modelo Tendo presente a obra de Jürgen Habermas, é
antropocêntrico parece trazer uma espécie de correto afirmar.
cegueira às teorias do tipo kantiano, no que diz a) O debate sobre as consequências éticas da ciência,
respeito às questões da responsabilidade moral do especialmente da biotecnologia, deve ocorrer a
homem pelo seu meio ambiente. posteriori para não atrapalhar um possível progresso
HABERMAS, Jürgen. Comentários à Ética do Discurso. Trad. resultante das novas descobertas científicas.
de Gilda Lopes Encarnação. Lisboa: Instituto Piaget, 1999. b) A pesquisa com seres humanos, sobretudo
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a quando envolve a possibilidade futura de
Ética do Discurso, é correto afirmar que a ética intervenções terapêuticas e de aperfeiçoamento,
a) abrange as ações isoladas das pessoas visando requer que se faça uma clara distinção entre eugenia
adequar-se às mudanças climáticas e às catástrofes positiva e negativa.
naturais. c) Para que a ciência progrida e as pesquisas avancem
b) corresponde à maneira como o homem deseja na direção de novas descobertas, a ciência necessita
construir e realizar plenamente a sua existência no estar sintonizada com o princípio da neutralidade
planeta. científica.
c) compreende a atitude conservacionista que o d) Diante da inserção dos laboratórios de pesquisa na
sistema econômico adota em relação ao ambiente. lógica de mercado, caso seja possível alterar
d) implica a instrumentalização dos recursos geneticamente características
tecnológicos em benefício da redução da poluição.
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dos bebês, caberá aos pais estabelecer limites éticos Com base no texto e nos conhecimentos sobre ética
para as possibilidades oferecidas. em Jürgen Habermas, considere as afirmativas a
e) O ritmo lento da produção legislativa frente à seguir.
rapidez das novas descobertas científicas torna sem I. A complexidade da decisão moral, no caso da
sentido estabelecer limites ético-normativos para intervenção genética, dificulta a aplicabilidade do
questões que envolvem a ciência. modelo da ética discursiva, que prevê que o acordo
entre os concernidos é conquistado pelo diálogo
815. O ser humano, no decorrer da sua existência na público, isto porque um dos concernidos – no caso,
face da terra e graças à sua capacidade racional, tem a potencial pessoa em que o embrião se tornaria –
desenvolvido formas de explicação do que há no ficaria excluído do debate argumentativo.
intuito de estabelecer um nexo de sentido entre os II. A tendência contemporânea que defende a
fenômenos e as experiências por ele vivenciados. autonomia da pesquisa, principalmente a partir dos
Essas vivências, à medida que são passíveis de avanços da biotecnologia, em geral, e da intervenção
expressão através das construções simbólicas genética, em particular, suscita a necessidade de
contidas na linguagem, apresentam um caráter recorrer a uma regulamentação jurídica que possa
eminentemente social. garantir o direito a uma herança genética isenta de
(HANSEN, Gilvan. Modernidade, Utopia e Trabalho. manipulação.
Londrina: Edições Cefil, 1999. p.13.) III. As questões acerca dos benefícios ou malefícios
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o advindos da aplicação da pesquisa genética são
pensamento de Habermas, assinale a alternativa respondidas a partir da superioridade hierárquica do
correta. saber da ciência em relação aos valores éticos
a) A linguagem, em razão de sua dimensão material, vigentes, no sentido de que o conhecimento
inviabiliza a (re)produção simbólica da sociedade. científico está suficientemente legitimado para impor
b) As construções simbólicas se valem do apreço princípios materiais objetivos.
instrumental e do valor mercantil. IV. Os possíveis dilemas da programação genética
c) A importância do simbólico na sociedade decorre encontram respostas suficientemente satisfatórias ao
de sua adequação aos parâmetros funcionais e fazer uso da igualdade existente entre o reino do
técnicos. discurso e o da ação, representado pela discussão
d) A dimensão simbólica da sociedade é inerente à política dos conselhos públicos, e o da necessidade e
forma como o homem assegura sentido à realidade. do trabalho, representado pela racionalidade
e) A forma de expressão dos elementos simbólicos estratégica da técnica moderna.
na arena social deve atender a uma utilidade prática. Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
816. A intervenção genética poderia prejudicar a b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
consciência de autonomia do indivíduo, c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
nomeadamente aquela autocompreensão moral que d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
se deve esperar de todo membro de uma e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
comunidade de direito, estruturada pela igualdade e
pela liberdade, quando eles têm as mesmas chances 817. Jürgen Habermas (1929) pertenceu inicialmente
de fazer uso de direitos subjetivos igualmente à escola de Frankfurt, também conhecida como
distribuídos. Portanto, o prejuízo que pode surgir Teoria Crítica, antes de fazer seu próprio caminho de
não se situa no nível de uma privação de direitos. Ele investigação filosófica. Sobre o pensamento de
consiste, antes, na insegurança que um portador de Jürgen Habermas, assinale o que for correto.
direitos civis sente em relação à consciência de seu 01) Jürgen Habermas opõe-se ao racionalismo
próprio status. Pessoas programadas não podem cartesiano, por considerá-lo fundamentado numa
mais se considerar como autores únicos de sua filosofia do sujeito e na razão monológica e
própria história de vida, pois, em relação às gerações logocêntrica.
que as precederam, elas não podem mais se 02) Ao afastar-se da Escola de Frankfurt, Jürgen
considerar ilimitadamente como pessoas nascidas Habermas abandona, ao mesmo tempo, a teoria
sob iguais condições. crítica da sociedade e a crítica da razão instrumental.
(Adaptado de: HABERMAS, J. O futuro da natureza humana.
A caminho de uma eugenia liberal? 2.ed. São Paulo: WMF 04) Ao contrário de Max Horkheimer, Theodor W.
Martins Fontes, 2010, p.107-108.) Adorno e Walter Benjamin, Jürgen Habermas
A intervenção genética possibilita uma reflexão sobre continua fiel ao materialismo histórico, ou seja, à
a mudança de compreensão da natureza humana ortodoxia marxista.
tradicionalmente concebida como permanente. 08) A relação posta pela Filosofia positivista entre o
objeto da investigação científica e o sujeito que
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investiga é, para Jürgen Habermas, o caminho a ser I. As normas se tornam legítimas pelo fato de terem
adotado por uma racionalidade que deseja a sido submetidas ao crivo participativo de todos os
emancipação humana. concernidos.
16) A racionalidade comunicativa, contida na Teoria II. O princípio da regra da maioria está subordinado
da ação comunicativa de Jürgen Habermas, elabora- à possibilidade prévia de que todos os concernidos
se na interação intersubjetiva, mediatizada pela tenham tido a oportunidade de apresentar seus
linguagem de sujeitos que desejam alcançar, por meio posicionamentos de forma argumentativa e sem
do entendimento, um consenso autêntico. coerção.
III. A deliberação visa formalizar posições
818. A proposta ética de Habermas não comporta cristalizadas pelos membros da sociedade política,
conteúdos. Ela é formal. Ela apresenta um limitando-se ao endosso das opiniões prévias de cada
procedimento, fundamentado na racionalidade um.
comunicativa, de resolução de pretensões normativas IV. As práticas políticas democráticas restringem-se à
de validade. escolha, mediante sufrágio universal, dos líderes que
(DUTRA, D. J. V. Razão e consenso em Habermas. A teoria governam as cidades.
discursiva da verdade, da moral, do direito e da biotecnologia. Assinale a alternativa correta.
Florianópolis: Editora da UFSC, 2005, p. 158.)
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
obra de Habermas, é correto afirmar que, na Ética
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
do Discurso,
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
a) o processo de justificação das normas morais e o
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
procedimento de deliberação das pretensões de
validade de correção normativa são falíveis.
820. Habermas distingue entre racionalidade
b) o formalismo da ética habermasiana é idêntico ao
instrumental e racionalidade comunicativa. A
formalismo presente nas éticas de Kant e Bentham,
racionalidade comunicativa ocorre quando os seres
pois desconsidera o que resulta concretamente das
humanos recorrem à linguagem com o intuito de
normas morais.
alcançar o entendimento não coagido sobre algo, por
c) o modelo monológico da ética kantiana é
exemplo, decidir sobre a maneira correta de agir
reformulado na perspectiva de uma comunidade
(ação moral). A racionalidade instrumental, por sua
discursiva na qual os participantes analisam as
vez, ocorre quando os seres humanos utilizam as
pretensões de validade tendo como critério a força
coisas do mundo, ou até mesmo outras pessoas,
do melhor argumento.
como meio para se alcançar um fim (raciocínio meio
d) o puro respeito à lei é considerado por Habermas
e fim).
como o critério fundamental para conferir
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
moralidade à ação, restando excluídos do debate da
teoria da ação comunicativa de Habermas, é correto
ética discursiva os desejos e as necessidades
afirmar:
manifestados pelos indivíduos.
a) Contar uma mentira para outra pessoa buscando
e) o princípio “U” possibilita que sejam acatadas
obter algo que desejamos e que sabemos que não
normas que não estejam sintonizadas com uma
receberíamos se disséssemos a verdade é um
vontade universal, coadunando, dessa forma,
exemplo de racionalidade comunicativa.
particularismo e universalismo ético.
b) Realizar um debate entre os alunos de turma da
faculdade buscando decidir democraticamente a
819. A ação política pressupõe a possibilidade de
melhor maneira de arrecadar fundos para o baile de
decidir, através da palavra, sobre o bem comum. Esta
formatura é um exemplo de
acepção do termo ‘política’, somente válida enquanto
racionalidade instrumental.
ideal aceito, guarda uma estreita relação com a
c) Um adolescente que diz para seu pai que vai
concepção de política defendida por Habermas. Em
dormir na casa de um amigo, mas, na verdade, vai
particular, com o modelo normativo de democracia
para uma festa com amigos, é um exemplo de
que este desenvolveu no início dos anos de 1990 e
racionalidade comunicativa.
que inclui um procedimento ideal de deliberação e
d) Alguém que decide economizar dinheiro durante
tomada de decisões: a chamada política deliberativa.
(VELASCO ARROYO, J. C. Para leer a Habermas. Madrid: vários anos a fim de fazer uma viagem para os
Alianza, 2003, p. 93.) Estados Unidos da América é um exemplo de
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a racionalidade instrumental.
democracia no pensamento de Habermas, considere e) Um grupo de amigos que se reúne para decidir
as afirmativas a seguir. democraticamente o que irão fazer com o dinheiro
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que ganharam em um bolão da Mega Sena é um circulam pelas redes sociais virtuais e o
exemplo de racionalidade instrumental. desenvolvimento de uma esfera pública cidadã, é
certo dizer que:
821. Na tradição liberal, a ênfase é posta no caráter a) os movimentos sociopolíticos que têm como
impessoal das leis e na proteção das liberdades ponto de partida as redes sociais virtuais constituem-
individuais, de tal modo que o processo democrático se em obstáculos à formação de uma esfera pública
é compelido pelos (e está a serviço dos) direitos cidadã, posto que simplesmente reproduzem os
pessoais que garantem a cada indivíduo a liberdade valores ideológicos ditados pelos meios de
de buscar sua própria realização. Na tradição comunicação de massa e disseminam os princípios
republicana, a primazia é dada ao processo fundamentais das trocas de mercado.
democrático enquanto tal, entendido como uma b) as redes sociais virtuais, ainda que permeadas
deliberação coletiva que conduz os cidadãos à pelos valores sociais vigentes e pelas formas de poder
procura do entendimento sobre o bem comum. estabelecidas na sociedade, constituem-se em um
(Adaptado de: ARAÚJO, L. B. L. Moral, direito e política. novo meio de articulações sociopolíticas, capaz de
“Sobre a Teoria do Discurso de” Habermas. In: OLIVEIRA, contribuir para o desenvolvimento de uma esfera
M.; AGUIAR, O. A.; SAHD, L. F. N. de A. e S. (Orgs.).
Filosofia Política Contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2003. p.
pública cidadã, à medida que confere maior espaço à
214-235.) expressão de pontos de vista individuais e possibilita
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a a agilidade da comunicação de ideias, bem como o
filosofia política na teoria do discurso, é correto debate acerca dos problemas políticos e sociais.
afirmar que Habermas c) as mobilizações políticas via internet, apesar da
a) privilegia a ideia de Estado de direito em intencionalidade afirmativa e propositiva de seus
detrimento de uma democracia participativa. participantes, não possuem qualquer efetividade na
b) concede maior relevância à autonomia pública, construção da cidadania, posto que, pela sua própria
opondo-se à autonomia privada. natureza, são incapazes de ultrapassar a virtualidade,
c) ignora tanto a autonomia privada quanto a pública, ou seja, são inoperantes para consumar a necessária
substituindo-as pela utilidade das normas morais. transformação política, econômica, social e cultural
d) enfatiza a compreensão individualista e da civilização contemporânea.
instrumental do papel do cidadão na lógica privada d) as redes sociais virtuais são a única possibilidade
do mercado. de construção de uma autêntica esfera pública, já que
e) concilia, na mesma base, direitos humanos e nelas os indivíduos estão completamente livres da
soberania popular, reconhecendo-os como distintos, interferência de noções ideológicas e,
porém complementares. consequentemente, são capazes de favorecer um
debate que, partindo da exposição de pontos de vista
822. O autor de 1968: o ano que não terminou analisa a individuais, conduz todos à aceitação racional de
juventude de hoje e de 40 anos atrás. Para Zuenir, os verdades éticas de validade definitiva e universal.
jovens brasileiros, diferentemente de outros países, e) as redes sociais virtuais tendem a fortalecer a
estão desperdiçando uma oportunidade histórica ao cidadania à medida que permitem a gradual
deixar de aproveitar a internet para abraçar bandeiras substituição da democracia representativa por uma
como a luta contra a corrupção, o aperfeiçoamento democracia direta, fato que se revela inevitável na
da democracia e o combate às desigualdades sociais. constatação de que, nas sociedades contemporâneas,
MÁXIMO, Welton. “Juventude brasileira perde oportunidade as relações entre os indivíduos transcorrem
de usar redes sociais para se mobilizar”, diz Zuenir. unicamente na dimensão da virtualidade,
http://agenciabrasil.ebc.com.br/ (acesso em 16 maio 2012) prescindindo de contatos efetivamente pessoais.
O filósofo alemão Jürgen Habermas, principal
expoente da chamada segunda geração da Escola de 823. De acordo com a ética do discurso, os
Frankfurt, critica a colonização da vida social argumentos apresentados a fim de validar as normas
contemporânea pela racionalidade técnica. Como [...] têm força de convencer os participantes de um
solução para essa situação, Habermas propõe a discurso a reconhecerem uma pretensão de validade,
constituição de uma esfera pública cidadã, tanto para a pretensão de verdade quanto para a
caracterizada pela razão comunicativa, um espaço pretensão de retidão. [...] Ele [Habermas] defende a
social de debate capaz de produzir uma moralidade tese de que as normas éticas são passíveis de
intersubjetiva e racionalmente sustentada, livre da fundamentação num sentido análogo ao da verdade.
dominação ideológica. Atualmente, presenciamos (BORGES, M. de L.; DALL’AGNOL, D. ; DUTRA, D. V.
algumas mobilizações culturais e políticas que têm Ética. Rio de Janeiro: DP&A, 2002, p. 105.)
seu ponto de partida nas chamadas redes sociais Assim, é correto afirmar que a ética do discurso
formadas na internet. A respeito das possíveis defende uma abordagem cognitivista da ética
relações entre os movimentos sociopolíticos que
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(HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Tradução III. uma forma de uso amplo da razão, que torna o
Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Tempo Brasileira, homem livre para compreender a si mesmo a partir
1989. p. 62 e 78.)
do domínio do conhecimento científico.
Sobre o cognitivismo da ética do discurso, é correto
IV. um saber orientado para a dominação e o
afirmar:
controle técnico sobre a natureza e sobre o próprio
a) A ética do discurso procura dar continuidade à
ser humano.
abordagem cognitivista já presente em Kant.
Assinale a alternativa correta.
b) A abordagem cognitivista da ética do discurso
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
assume a impossibilidade de validação das normas
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
morais.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
c) A abordagem cognitivista da ética do discurso se
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
apóia no conhecimento da utilidade das ações tal
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
como pretendia Jeremy Bentham.
d) A abordagem cognitivista da ética do discurso
826. Jürgen Habermas constrói um novo sistema
procura dar continuidade às teses aristotélicas sobre a
filosófico, fundamentado na teoria da ação
retórica.
comunicativa. Em oposição à filosofia da consciência
e) A ética do discurso, ao abordar a ética de um
da tradição moderna, que concebe a razão como uma
ponto de vista cognitivista, segue as teorias
entidade centrada no sujeito, Habermas considera a
emotivistas e decisionistas.
razão como sendo o resultado de uma relação
intersubjetiva entre indivíduos que procuram, por
824. Sobre o pensamento de Habermas, é correto
meio da linguagem, chegar ao entendimento.
afirmar que, no modelo da democracia deliberativa, a
Assinale o que for correto.
noção de cidadania enfatiza
01) Jürgen Habermas perpetua a tradição de René
a) os direitos e as liberdades metafísicas.
Descartes e, como ele, acredita que o “penso, logo
b) as liberdades individuais e a heteronomia.
existo” é a primeira certeza a partir da qual podemos
c) os direitos objetivos e o cerceamento da sociedade
alcançar a verdade.
civil.
02) Para Jürgen Habermas, a linguagem tem o caráter
d) os direitos subjetivos e as liberdades cidadãs.
imperativo, pois afirma verdades encontradas por
e) os direitos naturais originários e a submissão à
uma razão que obedece aos preceitos da lógica
autoridade.
formal.
04) Jürgen Habermas pertence inicialmente ao grupo
825. O debate nascido nos anos 80 sobre a crise da
dos frankfurtianos, todavia, mesmo se distanciando
modernidade tem como pano de fundo a consciência
da Escola de Frankfurt, mantém os principais
do esgotamento da razão, no que se refere a sua
objetivos dessa corrente filosófica, isto é, o
incapacidade de encontrar perspectivas para o
esclarecimento e a emancipação do homem.
prometido progresso humano. O pensamento de
08) Na teoria da ação comunicativa, a verdade é
Habermas situa-se no contexto dessa crítica. A
resultado de uma relação dialógica, fundamentada em
racionalidade ocidental, desde Descartes, pretendeu a
uma situação ideal de fala, que exclui qualquer relação
autonomia da razão, baseada no sujeito que
de poder entre os interlocutores.
solitariamente representa o mundo. [...] A
16) Jürgen Habermas procura resgatar a reflexão
racionalidade prevalente na modernidade é a
crítica da Ilustração que tem em Kant um dos
instrumental [...].
(HERMANN, N. O pensamento de Habermas. In: Filosofia, principais expoentes. A Ilustração opõe-se ao
Sociedade e Educação. Ano I, n. I. Marília: UNESP, 1997. p. autoritarismo e ao abuso do poder e defende as
122-123.) liberdades individuais e os direitos do cidadão.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
Teoria Crítica de Adorno e Horkheimer e sobre o 827. “Jürgen Habermas (1929) é um dos principais
pensamento de Jürgen Habermas, é correto afirmar representantes da chamada segunda geração da
que a racionalidade instrumental constitui Escola de Frankfurt”. Este filósofo elaborou “uma
I. um conhecimento que se processa a partir das teoria social baseada no conceito de racionalidade
condições específicas da objetividade empírica do comunicativa, que se contrapõe à razão instrumental”
fato em si. (ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena
II. o processo de entendimento entre os sujeitos Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª. ed. revista. São
Paulo: Ed. Moderna, 2009. p.200).
acerca do uso racional dos instrumentos técnicos
Segundo o pensamento de Jürgen Habermas, assinale
para o controle da natureza.
o que for correto.
01) Jürgen Habermas critica a filosofia de René
Descartes, por considerá-la uma filosofia metafísica
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fundada em uma reflexão solitária, centrada no 829. “Uma moral racional se posiciona criticamente
sujeito. em relação a todas as orientações da ação, sejam elas
02) O positivismo é, para Jürgen Habermas, a teoria naturais, autoevidentes, institucionalizadas ou
e o método mais seguro para alcançar um ancoradas em motivos através de padrões de
conhecimento preciso da realidade social. socialização. No momento em que uma alternativa
04) O uso da razão instrumental é, para Jürgen de ação e seu pano de fundo normativo são expostos
Habermas, válido, quando se trata de agir sobre ao olhar crítico dessa moral, entra em cena a
objetos ou sobre natureza, a fim de suprir as problematização. A moral da razão é especializada
necessidades do homem. em questões de justiça e aborda em princípio tudo à
08) A razão discursiva, que fundamenta a teoria da luz forte e restrita da universalidade.”
ação comunicativa de Jürgen Habermas, tem como (HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e
princípio que a verdade só pode ser alcançada na validade. v. I. Trad. Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro, 1997. p. 149.)
relação intersubjetiva entre indivíduos que se
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
dispõem a chegar a um consenso.
moral em Habermas, é correto afirmar:
16) Para Jürgen Habermas, o princípio da situação
a) A formação racional de normas de ação ocorre
ideal de fala, mesmo sendo contrafactual, é necessário
independentemente da efetivação de discursos e da
para evitar que relações de poder possam desviar a
autonomia pública.
linguagem de seu objetivo, isto é, alcançar o
b) O discurso moral se estende a todas as normas de
entendimento.
ações passíveis de serem justificadas sob o ponto de
vista da razão.
828. A ação política pressupõe a possibilidade de
c) A validade universal das normas pauta-se no
decidir, através da palavra, sobre o bem comum. Esta
conteúdo dos valores, costumes e tradições
acepção do termo ‘política’, somente válida enquanto
praticados no interior das comunidades locais.
ideal aceito, guarda uma estreita relação com a
d) A positivação da lei contida nos códigos, mesmo
concepção de política defendida por Habermas. Em
sem o consentimento da participação popular,
particular, com o modelo normativo de democracia
garante a solução moral de conflitos de ação.
que este desenvolveu no início dos anos de 1990 e
e) Os parâmetros de justiça para a avaliação crítica de
que inclui um procedimento ideal de deliberação e
normas pautam-se no princípio do direito divino.
tomada de decisões: a chamada política deliberativa.
(VELASCO ARROYO, J. C. Para leer a Habermas. Madrid:
Alianza, 2003, p. 93.) 830. Habermas distingue entre racionalidade
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a instrumental e racionalidade comunicativa. A
democracia no pensamento de Habermas, considere racionalidade comunicativa ocorre quando os seres
as afirmativas a seguir. humanos recorrem à linguagem com o intuito de
I. As normas se tornam legítimas pelo fato de terem alcançar o entendimento não coagido sobre algo, por
sido submetidas ao crivo participativo de todos os exemplo, decidir sobre a maneira correta de agir
concernidos. (ação moral). A racionalidade instrumental, por sua
II. O princípio da regra da maioria está subordinado vez, ocorre quando os seres humanos utilizam as
à possibilidade prévia de que todos os concernidos coisas do mundo, ou até mesmo outras pessoas,
tenham tido a oportunidade de apresentar seus como meio para se alcançar um fim (raciocínio meio
posicionamentos de forma argumentativa e sem e fim).
coerção. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
III. A deliberação visa formalizar posições teoria da ação comunicativa de Habermas, é correto
cristalizadas pelos membros da sociedade política, afirmar:
limitando-se ao endosso das opiniões prévias de cada a) Contar uma mentira para outra pessoa buscando
um. obter algo que desejamos e que sabemos que não
IV. As práticas políticas democráticas restringem-se à receberíamos se disséssemos a verdade é um
escolha, mediante sufrágio universal, dos líderes que exemplo de racionalidade comunicativa.
governam as cidades. b) Realizar um debate entre os alunos de turma da
Assinale a alternativa correta. faculdade buscando decidir democraticamente a
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. melhor maneira de arrecadar fundos para o baile de
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas. formatura é um exemplo de
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. racionalidade instrumental.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. c) Um adolescente que diz para seu pai que vai
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. dormir na casa de um amigo, mas, na verdade, vai
para uma festa com amigos, é um exemplo de
racionalidade comunicativa.
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d) Alguém que decide economizar dinheiro durante Mas ele não está livre e arbitrariamente à nossa
vários anos a fim de fazer uma viagem para os disposição, já que releva a forma comunicativa do
Estados Unidos da América é um exemplo de discurso racional. Impõe-se intuitivamente a todos os
racionalidade instrumental. que estejam abertos a esta forma reflexiva da ação
e) Um grupo de amigos que se reúne para decidir orientada para a comunicação.
democraticamente o que irão fazer com o dinheiro HABERMAS, J. Comentários à Ética do Discurso. Tradução de
que ganharam em um bolão da Mega Sena é um Gilda Lopes Encarnação. Lisboa: Instituto Piaget, 1999. p. 101-
102.
exemplo de racionalidade instrumental.
Com base na tira e no texto, é correto afirmar que a
ética do discurso de Habermas
831. Em Técnica e Ciência como “ideologia”,
a) baseia-se em argumentos de autoridade prescritos
Habermas apresenta uma reformulação do conceito
universalmente e assegurados, sobretudo, pelo lastro
weberiano de racionalização pela qual lança as bases
tradicional dos valores partilhados no mundo da
conceptuais de sua teoria da sociedade. Neste
vida.
sentido, postula a distinção irredutível entre trabalho
b) pauta-se em argumentos de utilidade, os quais
ou agir instrumental e interação ou agir
impõe o dever de proporcionar, enquanto benefício,
comunicativo, bem como a pertinência da conexão
o maior bem ou a maior felicidade aos envolvidos.
dialética entre essas categorias, das quais deriva a
c) funda-se em argumentos racionais sob condições
diferenciação entre o quadro institucional de uma
simétricas de interação, amparados em pretensões de
sociedade e os subsistemas do agir racional com
validade, tais como verdade, sinceridade e correção.
respeito a fins. Segundo Habermas, uma análise mais
d) constrói-se no uso de argumentos que visam o
pormenorizada da primeira parte da Ideologia Alemã
aconselhamento e a prudência, salientando a
revela que “Marx não explicita efetivamente a
necessidade de ações retas do ponto de vista do
conexão entre interação e trabalho, mas sob o título
caráter a da virtude.
nada específico da práxis social reduz um ao outro, a
e) realiza-se por meio de argumentos intuicionistas,
saber, a ação comunicativa à instrumental”.
Adaptado: HABERMAS, J. Técnica e ciência como fazendo respeitar o que cada pessoa carrega em sua
“ideologia”. Lisboa: Edições 70, 1994. p.41-42. biografia quanto à compreensão do que é certo ou
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o errado.
pensamento de Habermas, é correto afirmar:
a) O crescimento das forças produtivas e a eficiência 833. A democracia se adapta a essa formação
administrativa conduzem à organização das relações moderna do Estado territorial, nacional e social,
sociais baseadas na comunicação livre de quaisquer equipado com uma administração efetiva. Isto
formas de dominação. porque um ente coletivo tem necessidade de se
b) A liberação do potencial emancipatório do integrar, política e culturalmente, além de ser
desenvolvimento da técnica e da ciência depende da suficientemente autônomo do ponto de vista
prevenção das disfuncionalidades sistêmicas que espacial, social econômico e militar.[...] Em
entravam a reprodução material da vida e suas decorrência da imigração e da segmentação cultural,
respectivas formas interativas. as tendências subsumidas no termo “globalização”
c) O desenvolvimento da ciência e da técnica, ameaçam a composição, mais ou menos homogênea,
enquanto forças produtivas, permite estabelecer uma da população em seu âmago, ou seja, o fundamento
nova forma de legitimação que, por sua vez, nega as pré-político da integração dos cidadãos. No entanto,
estruturas da ação instrumental, assimilando-as à convém salientar outro fato mais marcante ainda: o
ação comunicativa. Estado, cada vez mais emaranhado nas
d) Com base na irredutibilidade entre trabalho e interdependências da economia e da sociedade
interação, a luta pela emancipação diz respeito tanto mundial, perde, não somente em termos de
ao agir comunicativo, contra as restrições impostas autonomia e de competência para a ação, mas
pela dominação, quanto ao agir instrumental, contra também em termos de substancia democrática.
as restrições materiais pela escassez econômica. (HABERMAS, J. Era das Transições. Tradução e Introdução de
Flavio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
e) A racionalização na dimensão da interação social 2003, p. 106.)
submetida à racionalização na dimensão do trabalho Com base no texto e nos conhecimentos sobre
na práxis social determina o caráter emancipatório do democracia em Habermas, considere as afirmativas a
desenvolvimento das forças produtivas e do bem- seguir:
estar da vida humana. I. A ampliação da economia além das fronteiras dos
Estados nacionais revela a integração democrática
832. O ponto de vista moral, a partir do qual dos países e, consequentemente, o fortalecimento da
podemos avaliar imparcialmente as questões práticas, cidadania mundial.
é seguramente interpretado de diferentes maneiras.
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II. A democracia se amplia à medida que a economia A visão expressa nesse texto do século XX remete a
e a imigração se deslocam além das fronteiras dos qual aspecto do pensamento moderno?
Estados nacionais, produzindo um intercâmbio a) A relação entre liberdade e autonomia no
social e cultural do ponto de vista global. Liberalismo.
III. A democracia circunscrita ao âmbito nacional b) A independência entre poder e moral no
goza de autonomia em segmentos significativos Racionalismo.
como a economia, a política e a cultura, porém, c) A convenção entre cidadãos e soberano do
quando o Estado entra na fase da constelação pós- Absolutismo.
nacional, sofre uma redução no exercício d) A dialética entre o indivíduo e governo autocrata
democrático. do Idealismo.
IV. Do ponto de vista democrático, os Estados e) A contraposição entre bondade e condição
nacionais sofrem restrição em seu fundamento de selvagem do Naturalismo.
integração social em decorrência do aumento da
imigração, da segmentação cultural e, sobretudo, da 4. NOZICK
ampliação da economia no plano global.
Assinale a alternativa correta. 836. Sobre a teoria da justiça de Robert Nozick,
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas. marque a alternativa INCORRETA.
b) Somente as afirmativas II e III são corretas. a) Segundo Nozick, os direitos individuais são
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. constitutivos da justiça, requerendo um respeito
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. absoluto a eles, estabelecendo restrições absolutas ao
e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. que os outros ou o Estado podem fazer.
b) Em Nozick há uma renovação da ideia lockeana
4. JOHN RAWLS de “propriedade de si mesmo”.
c) Segundo Nozick, para que se faça a justiça, é
834. A justiça é a primeira virtude das instituições necessário que o Estado intervenha nas aquisições e
sociais, como a verdade o é dos sistemas de transferências dos indivíduos através de um processo
pensamento. Cada pessoa possui uma inviolabilidade redistributivo.
fundada na justiça que nem mesmo o bem-estar da d) A posição de Nozick é costumeiramente
sociedade como um todo pode ignorar. Por essa caracterizada como libertarismo.
razão, a justiça nega que a perda de liberdade de e) Para Nozick, o Estado deve ter apenas uma
alguns se justifique por um bem maior partilhado por função protetora da auto-propriedade, não podendo
todos. ter funções redistributivas.
HAWLS, J. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes,
2000 (adaptado). 837. Robert Nozick, no livro Anarquia, Estado e
O filósofo afirma que a ideia de justiça atua como Utopia, declara que os indivíduos têm direitos e há
um importante fundamento da organização social e coisas que nenhuma pessoa ou grupo lhes pode fazer
aponta como seu elemento de ação e funcionamento (sem violar os seus direitos). Estes direitos são de tal
o maneira fortes e de grande alcance que levantam a
A) povo. questão do que o Estado e os seus mandatários
B) Estado. podem fazer, se é que podem fazer alguma coisa.
C) governo. O Estado pode justificar-se moralmente para aqueles
D) indivíduo. que conceituam sua função a partir da noção de
E) magistrado. “Estado Mínimo”, o que implica, fundamentalmente,
a(o)
835. Uma sociedade é uma associação mais ou a) promoção de políticas públicas de assistência aos
menos autossuficiente de pessoas que em suas mais necessitados
relações mútuas reconhecem certas regras de b) promoção de bem-estar social
conduta como obrigatórias e que, na maioria das c) garantia das liberdades fundamentais
vezes, agem de acordo com elas. Uma sociedade é d) violação sistemática da constituição
bem ordenada não apenas quando está planejada e) monopólio da violência
para promover o bem de seus membros, mas quando
é também efetivamente regulada por uma concepção 4. HANS JONAS
pública de justiça. Isto é, trata-se de uma sociedade
na qual todos aceitam, e sabem que os outros 838. Hans Jonas, na obra “O Princípio
aceitam, o mesmo princípio de justiça. Responsabilidade”, formulou um novo e
RAWLS, J. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, característico imperativo categórico, relacionado a
1997 (adaptado) um novo tipo de ação humana: “Age de tal forma
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que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a para o empreendimento de preservação do planeta,
permanência de uma vida humana autêntica sobre a podendo, dessa forma, acordar para a possibilidade
terra” de uma catástrofe, provocando a necessidade do
(JONAS, 2006, p. 48). limite e da renúncia em relação ao uso de certas
A este respeito, assinale a alternativa CORRETA. tecnologias.
A) Podemos deduzir que Hans Jonas propõe que o E) Trata-se de um medo que não tem a ver com o
importante é o bem do indivíduo e não a objeto da responsabilidade, pois, para assumir a
coletividade futura. responsabilidade pelo futuro do homem, é necessário
B) A ação de cada indivíduo não influencia na livrar-se de qualquer sombra aterrorizante sobre um
coletividade. futuro que talvez nunca aconteça.
C) O importante é viver o presente sem se importar
com o futuro da humanidade. 840. Na obra O princípio responsabilidade, Hans
D) Podemos deduzir que não é importante a Jonas propõe um ensaio de uma ética para a
permanência da vida humana sobre a terra. civilização tecnológica. Entre as principais teses
E) O imperativo proposto por Hans Jonas é de defendidas pelo autor destacam-se:
ordem racional, para um agir coletivo como um bem I. Todas as éticas até hoje partilharam de alguns
público e não individual. pressupostos em comum, tais como: a natureza
humana e extra-humana eram consideradas
839. “O enorme impacto do Princípio imodificáveis pelo agir; todas as éticas foram
Responsabilidade não se deve somente a sua essencialmente antropocêntricas; e a
fundamentação filosófica, mas ao sentimento geral, responsabilidade da ação humana limitava-se ao
que até então os mais atentos observadores poderão tempo presente.
permitir cada vez menos de que algo poderia ir mal II. Enquanto no passado a natureza humana e extra-
para a humanidade, inclusive o tempo poderia estar humana eram invioláveis pela capacidade do poder
em posição no marco de crescimento exagerado e tecnológico, a técnica moderna coloca em perigo a
crescente das interferências técnicas sobre a natureza, autenticidade da vida futura.
de pôr em jogo a própria existência. Entretanto, se III. Ninguém pode ser responsabilizado pelos efeitos
havia comentado que era evidente a vinda da chuva involuntários posteriores de um ato bem
ácida, o efeito estufa, a poluição dos rios e muitos intencionado.
outros efeitos perigosos, fomos pegos de cheio na IV. A natureza deve, sobretudo, ser protegida
destruição de nossa biosfera.” porque, sem ela, o homem não poderá assegurar a
A partir do comentário de Hans Jonas em O sua sobrevivência.
princípio responsabilidade é possível pensar que a V. O homem, com o poder da técnica moderna,
maioria das pessoas tende a se preocupar mais com o passou a figurar como um objeto da própria técnica,
futuro da vida no planeta. Contudo, parece muito perdendo sua autonomia, ou seja, o homo faber passou
difícil haver de fato uma mudança que leve a espécie a dominar o homo sapiens.
humana a assumir a responsabilidade por sua missão Estão corretas APENAS as assertivas:
terrena. Nesse sentido, seria necessário desenvolver A) I, II e III.
uma heurística do temor, a fim de favorecer o B) I, II e IV.
desenvolvimento da responsabilidade. Sobre o C) III, IV e V.
conceito de heurística do temor, assinale a alternativa D) I, III e V.
CORRETA. E) I, II e V.
A) Hans Jonas entende que a superação do medo é
primordial para uma ética da responsabilidade, pois é 841. A preocupação sobre o futuro da natureza e a
através dela que o ser humano poderá agir e refletir ação da civilização tecnológica apresenta-se como
sobre o destino da humanidade. traços constitutivos do pensamento de Hans Jonas.
B) A heurística do medo é um medo paralisante e Neste sentido, o princípio responsabilidade pretende
patológico, que impede o despertar para o pensar e superar as éticas tradicionais, as quais o autor chama
para o agir em prol de um futuro melhor. de “éticas da similitude". A respeito da reflexão ética
C) A heurística do medo pode ser considerada a de Hans Jonas, assinale a alternativa INCORRETA.
incapacidade humana de resolver problemas A) A responsabilidade não tem nenhuma
inesperados, visto que falta coragem para superar o implicância e relevância com relação às futuras
medo. gerações, associando-se, assim, com a ética de Kant.
D) A heurística do temor não é seguramente a última B) A responsabilidade adquire uma nova
palavra na busca do bem, mas um veículo dimensão pela técnica que as éticas tradicionais (por
extraordinariamente útil. Deveria ser aproveitada exemplo, a ética aristotélica) não comportam, uma
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vez que estas não apontam para as consequências sobre o tema, assinale a alternativa que melhor
futuras. expressa a visão ética proposta por Hans Jonas.
C) As éticas tradicionais primam pelo a) Para Hans Jonas, a ética não deve ter nenhuma
antropocentrismo, tornando-se, assim, um problema, relação com a técnica e a ciência moderna, devendo
pois não buscam um fim imanente também na ser voltada unicamente para as ações humanas no
natureza campo político e social.
D) A responsabilidade pelas futuras gerações e b) O desenvolvimento da técnica e da ciência
pelo todo orgânico são elementos fundamentais na moderna produziu um progresso que deve alcançar
proposta ética de Hans Jonas. todos os seres humanos, sendo que a ética não deve
E) A responsabilidade não pode ser uma relação servir para frear ou diminuir os avanços das
recíproca, uma vez que tal relação se move incidindo descobertas científicas, permitindo, dessa forma, que
numa ética futurista. a própria ciência apresente os limites de sua ação.
c) A ética deve posicionar-se criticamente frente à
842. Fundamos, como afirmam alguns cientistas, o técnica moderna, considerando os limites de
antropoceno: uma nova era geológica com altíssimo destruição que a ciência pode produzir em escala
poder de destruição, fruto dos últimos séculos que global e fornecendo, com isso, os parâmetros de
significaram um transtorno perverso do equilíbrio do ação da própria técnica, buscando, assim, frear os
sistema-Terra. Como enfrentar esta nova situação avanços e progressos da ciência quando esta
nunca ocorrida antes de forma globalizada e apresentar perigos para a continuidade da vida.
profunda? Temos pessoalmente trabalhado os d) A concepção de Hans Jonas afirma que a ética
paradigmas da sustentabilidade e do cuidado como deve impedir o avanço completo da técnica e da
relação amigável e cooperativa para com a natureza. ciência moderna, pois o único interesse da ética é a
Queremos, agora, agregar a ética da responsabilidade. preservação do meio ambiente, não havendo
BOFF, L. Responsabilidade coletiva. Disponível em: possibilidade de se realizar um diálogo entre a
http://leonardoboff.wordpress.com. Acesso em: 14 maio 2013. dimensão ética e a dimensão da técnica.
A ética da responsabilidade protagonizada pelo e) A ética da responsabilidade de Hans Jonas propõe
filósofo alemão Hans Jonas e reivindicada no texto é que a técnica moderna não é capaz de conhecer, por
expressa pela máxima: si mesma, nenhum limite e por essa razão deve ser
a) “A tua ação possa valer como norma para todos freada em sua realização para não prejudicar a
os homens.” continuidade da vida, não podendo haver nenhuma
b) “A norma aceita por todos advenha da ação forma de relação entre a ética e a ciência moderna.
comunicativa e do discurso.”
c) “A tua ação possa produzir a máxima felicidade 844. Em linhas gerais, o modelo de ética da
para a maioria das pessoas.” responsabilidade de Hans Jonas refere-se
d) “O teu agir almeje alcançar determinados fins que a) ao aqui e agora, e afirma que, se não fizermos nada
possam justificar os meios.” urgentemente, o mundo poderá entrar em colapso
e) “O efeito de tuas ações não destrua a possibilidade nos próximos anos.
futura da vida das novas gerações.” b) à responsabilidade com um futuro longínquo da
humanidade e afirma que esta se estende até
843. Ao abordar o problema da técnica moderna no descendentes muito afastados de nós.
livro Técnica, Medicina e Ética, o filósofo Hans c) à dúvida entre a superioridade do ser sobre o não-
Jonas afirma que o progresso deve ser analisado ser e afirma que o melhor é que cada um faça algo
criticamente, pois: “Os meios com os quais promete urgente com relação ao nosso estilo de vida
eliminar a miséria do Terceiro Mundo e acrescentar o altamente nocivo à vida nesse planeta.
bem-estar material a toda a humanidade, em d) a uma ética da esperança e afirma que precisamos
crescimento graças a ele – os meios da técnica urgentemente acreditar na utopia da construção de
agressiva –, ameaçam, precisamente com os seus um homem integral e nos responsabilizarmos por
êxitos a curto prazo, a conduzir uma devastação trilhar esse ideal.
ambiental talvez irremediável a longo prazo. É mais a
eficácia demasiado grande do que a demasiado 845. O progresso do saber biomédico, que parece
pequena dos recursos aquilo a que temos de temer; tornar seus possuidores donos da vida e da morte,
nosso poder mais que nossa impotência”. Hans tem provocado muita angústia entre aqueles que têm
Jonas demonstra ser necessária a proposição de uma consciência de que, ao lado dos benefícios, há um
nova ética para o futuro, sendo que essa ética tem de grande risco de seu emprego inadequado. Essa
considerar a evolução da técnica e a noção de assertiva refere-se a
progresso sugerida pela ciência. Com base no texto a) biomédica.
apontado e de acordo com os seus conhecimentos
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858. De acordo com Durkheim, para se garantir a d) implica uma solidariedade comum que molda as
objetividade do método científico sociológico, torna- consciências individuais, sem exercer qualquer tipo
se necessário que o pesquisador mantenha certa de coerção social sobre elas.
distância e neutralidade em relação aos fatos sociais,
os quais devem ser tratados como “coisas”. 861. Tivemos muitas vezes ocasião de afirmar que as
Considerando a frase acima, assinale a alternativa regras da moral são normas elaboradas pela
correta sobre fato social. sociedade; o caráter obrigatório que as caracteriza
a) Corresponde a um conjunto de normas e valores não é mais do que a própria autoridade da sociedade
que são criados diretamente pelos indivíduos para comunicando-se a tudo que dela sai.
orientar a vida em sociedade. DURKHEIM, E. O Dualismo da Natureza Humana e as Suas
b) Corresponde a um conjunto de normas e valores Condições Sociais, p. 289.
criados exteriormente, isto é, fora das consciências A respeito das noções de sociedade e moralidade tais
individuais. como concebidas por Émile Durkheim, assinale a
c) É desprovido de caráter coercitivo, uma vez que alternativa correta.
existe fora das consciências individuais. a) Assim como os instintos e sensações humanas, a
d) É um fenômeno social difundido apenas nas atividade moral resulta dos significados subjetivos
sociedades cuja forma de solidariedade é orgânica. que os indivíduos atribuem às relações sociais.
b) As regras morais não proporcionam coesão social
859. Émile Durkheim e Max Weber são dois dos nas sociedades complexas.
principais sociólogos presentes na formação e no c) A sociedade consiste na soma das ações dos
estabelecimento da sociologia como conhecimento indivíduos tomadas coletivamente.
científico. O primeiro, pela construção do fato social d) O caráter externo e coercitivo da moralidade
como objeto central da sociologia, e o segundo, pela decorre precisamente do fato de que ela é
criação do tipo ideal como recurso para compreender essencialmente coletiva e impessoal.
as ações sociais, suas motivações e sentidos.
Assim, é correto afirmar que: 862. Segundo Durkheim, o crime é um fato social
a) o Fato Social tem sua principal caracterização na presente em toda sociedade. Para esse autor, nem
neutralidade axiológica. todo o crime é anômico, mas apenas aquele que
b) fato social e tipo ideal são conceitos fundamentais corresponde a uma crise de coesão social.
para a compreensão do método sociológico, De acordo com essas informações, marque a
respectivamente, em Durkheim e Weber. alternativa cor- reta sobre anomia em Durkheim
c) a sociologia como campo do conhecimento dentro a) Conceito que descreve a ocorrência, nas
das ciências sociais não requer método para sua sociedades modernas, industrializadas, de um estado
produção de conhecimento. de complementaridade e interdependência entre os
d) Marx, em sintonia com Weber e Durkheim, indivíduos, o que leva a uma menor divisão do
considera que o valor do pesquisador faz parte do trabalho social e ao fortalecimento das instituições
desenvolvimento da pesquisa, eliminando a sociais.
possibilidade de metodologia para a pesquisa b) Ocorre, quando há, nas sociedades modernas,
sociológica. com seus intensos processos de mudança, uma
situação em que o conjunto de regras, valores e
860. O sociólogo francês Emile Durkheim, procedimentos é reconheci- do por todos os
considerado o fundador da Sociologia, cunhou o indivíduos, levando ao desenvolvimento da
termo consciência coletiva. sociedade.
Sobre esse conceito, é correto afirmar que: c) Descreve os sentimentos de falta de objetivos e de
a) a família, o trabalho, os sindicatos, a educação, a desespero, provocados pelo processo de mudanças
religião, o controle social e até a punição do crime do mundo moderno, os quais resultam no
são alguns mecanismos que criam e mantêm viva a enfraquecimento da influência das normas sociais
integração e a partilha da consciência coletiva. sobre o comportamento individual.
b) essa consciência implica uma solidariedade de tipo d) Ocorre, quando os sentimentos de falta de
orgânica, caracterizada pela pouca divisão social do objetivos e de desespero, provocados pelo processo
trabalho. de mudanças do mundo moderno, resultam no
c) os processos de socialização e internalização fortalecimento da coesão social e no fortalecimento
individual não são responsáveis pela aquisição, por da influência das normas sociais sobre o
parte dos indivíduos, de valores, crenças e normas comportamento individual.
sociais que mantêm os grupos e as sociedades
integrados. 863. “Ao longo da ÚLTIMA década, os hackers
passaram por uma transformação gradual – de uma
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coisas, pois assim seria mais fácil de estudá-los pela d) Solidariedade orgânica1 — solidariedade
Sociologia. Esses fenômenos são por ele mecânica2 — fenômeno moral3
denominados de fatos sociais.
Assinale a opção que apresenta corretamente 872. Emile Durkheim, Karl Marx e Max Weber
características do fato social. interpretaram, de diferentes modos, o papel da
a) É subjetivo, aleatório e coercitivo.
religião na sociedade. Tendo em mente os diferentes
b) É individual, exterior e representa conteúdos propostos por estes três autores, numere
homogeneização social. as proposições, abaixo apresentadas, de acordo com
c) É exterior ao indivíduo, tem poder de a seguinte indicação:
generalização e exerce coerção social. 1. Emile Durkheim;
d) É coletivo, coercitivo e pessoal. 2. Karl Marx;
3. Max Weber.
870. Relacione corretamente os pensadores ( ) Religião consiste em um sistema de crenças e
apresentados a seguir com seus respectivos de práticas relativas ao sagrado. Une os indivíduos
pensamentos ou atributos, numerando a Coluna II em uma comunidade moral.
de acordo com a Coluna I. ( ) Religião é depositária de significados
COLUNA I culturais, por meio dos quais indivíduos e
1. Max Weber coletividades interpretam suas condições de vida.
2. Karl Max ( ) Religião compreende a alienação do
3. Emile Durkheim indivíduo na estrutura da produção material da
4. Augusto Comte sociedade capitalista.
COLUNA II ( ) Secularização é a passagem de fenômenos de
( ) Considera fatos sociais como coisas. domínio religioso para a esfera mundana.
( ) São conceitos-chave de sua teoria: ação social; A sequência correta, de cima para baixo, é
tipo ideal; burocracia.
a) 3, 2, 3, 1.
( ) Considerado o pai da Sociologia moderna, b) 1, 3, 2, 3.
criou a disciplina acadêmica da Sociologia. c) 2, 1, 3, 2.
( ) Defende a ideia de que interesses entre o d) 1, 2, 3, 3.
capital e o trabalho são irreconciliáveis.
A sequência correta, de cima para baixo, é: 873. A divisão do trabalho produz a solidariedade,
A) 1, 3, 2, 4. não apenas por fazer de cada indivíduo um trocador,
B) 3, 1, 4, 2. como dizem os economistas, mas por criar entre os
C) 2, 4, 1, 3. homens um sistema completo de direitos e deveres
D) 4, 2, 3, 1 que os unem uns aos outros de modo durável. Da
mesma forma que as similitudes sociais dão origem a
871. Leia os seguintes trechos relacionados com as um direito e a uma moral que os protegem, a divisão
proposições sociológicas de Emile Durkheim, e do trabalho dá origem às regras que garantem o
assinale a opção que os completa correta e concurso pacífico e regular das funções divididas.
respectivamente: DURKHEIM, Émile. Da Divisão do Trabalho Social. 3ª ed. São Pau
1
“ prevalece(m) naquelas sociedades Considerando essa perspectiva teórica da divisão
ditas primitivas ou arcaicas, ou seja, em social do trabalho em Durkheim, assinale a afirmação
agrupamentos humanos do tipo tribal ou formado verdadeira.
por clãs”. a) Segundo Durkheim, a divisão social do trabalhonas socieda
2
“A solidariedade social é um(a) ”. b) Para Emile Durkheim, a divisão social do trabalho
“Um dos elementos que compõe o fenômeno dificulta a produção de coesão dentro das sociedades
moral é o Direito. Outro elemento diz respeito modernas, criando, de outro modo, constantes
a3”. disputas entre os seus membros.
DURKHEIM, Émile. A Ciência Social e a d) De acordo com Durkheim, quanto menor a divisão
ação. São Paulo: Difel, 1975. Adaptados. social do trabalho dentro das configurações sociais
a) Fenômeno moral1 — solidariedade orgânica2 — modernas, maior o predomínio dos conflitos de
costumes3 classe entre os homens.
b) Costumes1 — solidariedade mecânica2 — e) A partir da perspectiva durkheimiana, a acentuada
divisão do trabalho nas sociedades modernas mantém
solidariedade orgânica3
maior união social através da interdependência das
c) Solidariedade mecânica1 — fenômeno moral2 — tarefas profissionais.
costumes3
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874. O papel do Estado nas sociedades modernas é forma lógica e determinar o que é geral nos
compreendido por visões diferentes entre os fenômenos sociais.
fundadores da Sociologia. Os chamados clássicos da
Sociologia, Karl Marx (1818-1883) e Émile 876. Para Émile Durkheim, com o advento das
Durkheim (1858-1917), possuem entendimentos sociedades modernas, industrias e urbanas, a coesão
diversos sobre as finalidades e funções do Estado social (aquilo que mantém uma sociedade coesa ou
moderno. Para Marx, teórico crítico das lógicas unida) ocorre pela existência de uma maior divisão
fundantes das sociedades capitalistas, o Estado social e especialização do trabalho. De outro modo, é
moderno é “tão- somente um comitê que administra mais precisamente a intensa e abrangente
os negócios comuns de toda a classe burguesa”. Já interdependência das atividades laborais que mantém
para Durkheim, um dos primeiros elaboradores da os laços sociais nessas sociedades. Esse tipo de
ciência sociológica, o Estado é “um órgão especial coesão social, próprio das sociedades modernas,
encarregado de elaborar certas representações que industriais e urbanas, é chamado, por Durkheim, de
valem para a coletividade”. a) solidariedade orgânica.
MARX, Karl. O manifesto do partido comunista. b) consciência coletiva.
Porto Alegre: L&PM, 2010; DURKHEIM, Émile. c) solidariedade mecânica.
Lições de Sociologia. São Paulo: Martins Fontes,
2002. d) coerção social.
Considerando os entendimentos de Marx e
Durkheim sobre o papel do Estado nas sociedades 877. Na Sociologia proposta por Émile Durkheim
modernas, analise as seguintes proposições: (1858-1917), uma sociedade não é simplesmente uma
I. Na perspectiva marxiana, o Estado trata, de modo soma de indivíduos, mas uma realidade que supera
imparcial, os conflitos entre as classes sociais do ou é maior que cada um de seus membros tomados
capitalismo. de maneira isolada. Uma sociedade é, assim, uma
II. Para Emile Durkheim, o Estado é a entidade realidade que se impõe a qualquer um de seus
social mais importante a serviço das classes indivíduos. E para comprovar tal compreensão,
dominantes. Durkheim desenvolveu o conceito de Fato Social
III. Karl Marx explica o Estado como um órgão a que aborda, na perspectiva dele, a maneira como
serviço dos interesses dominantes no capitalismo. ocorre essa força do social sobre os seres humanos
IV. Émile Durkheim explica a funcionalidade do em sociedade, além de ser o objeto de estudo
Estado moderno para a manutenção da sociedade. principal, para ele, da ciência sociológica.
Está correto somente o que se afirma em Assim, considerando a perspectiva sociológica
a) I, II e III. durkheimiana, é correto dizer que
b) I e II. a) os Fatos Sociais demonstram as necessidades e
c) IV. funcionalidades que estão em constante conflito
d) III e IV. entre si.
b) os indivíduos, em conjunto, podem exercer uma
875. Émile Durkheim (1858-1917) contribuiu para o força contrária decisiva na reorganização de sua
estabelecimento das bases cientifico-racionais da sociedade.
Sociologia. De modo geral, toda ciência se caracteriza c) os Fatos Sociais são certas maneiras de agir, pensar
pela existência de métodos e objetos de estudo e sentir que possuem força coercitiva sobre os
próprios que delimitam a sua abrangência de análise indivíduos.
da realidade a que se dedica em investigar. Em sua d) a realidade individual entra em contradição com a
obra As Regras do Método Sociológico (1895), realidade do social, que é geral na extensão de toda
Durkheim define o objeto próprio de estudo da sociedade.
Sociologia, qual seja,
a) a Ação Social, que é um tipo de ação orientada
subjetivamente pelas ações de outros indivíduos
formando, assim, um sentido dirigido socialmente.
b) o Fato Social, que é uma síntese da pluralidade de
consciências e tem por efeito fixar e instituir, fora do
indivíduo, certas maneiras de agir e de ser coletivas.
c) a Luta de Classes, que é constante nas sociedades
onde existe a apropriação privada dos excedentes de
produção de uma classe social sobre a outra.
d) o Tipo Ideal, que é um recurso teórico-
metodológico para organizar a realidade social de
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Weber em sua “Ética Protestante e o Espírito do III. A explicação da cidade no Ocidente exige
Capitalismo”, revela que compreender a existência de diferentes formas do
I. o trabalho atende às regras do mercado, poder e da dominação.
destacando a prevalência do negócio, em razão da IV. Um dos traços fundamentais da cidade no
necessidade de produção capitalista. Ocidente é a constituição de um corpo burocrático
II. a dimensão religiosa, presente nos primórdios do administrativo regular.
capitalismo, na figura do protestantismo de Assinale a alternativa correta.
orientação luterana, valoriza o caráter sagrado da a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
atividade fabril, em detrimento do trabalho braçal. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
III. o negócio, quando praticado de acordo com os c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
preceitos divinos, viabiliza a distribuição igual e d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
solidária das riquezas produzidas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
IV. o ato de negociar, próprio do comércio, depende
da força produtiva, conectada à divisão social do 889. Assinale a alternativa que apresenta,
trabalho no mundo secularizado. corretamente, a concepção sociológica weberiana
Assinale a alternativa correta. sobre o uso da força pelo Estado contemporâneo.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. a) A força militar contemporânea, por seu poder de
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. persuasão e atributos personalísticos, é um agente
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. exemplar do tipo de dominação carismática.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. b) Na sociedade contemporânea, o poder
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. compartilhado entre cidadãos e Estado, para o uso
da força, define a dominação legítima do tipo
887. Os documentos de identificação individual racional-legal.
podem ser analisados sob a perspectiva dos estudos c) O Estado contemporâneo caracteriza-se pela
weberianos a respeito da sociedade moderna. fragmentação do poder de força, conforme o tipo
Sobre essa análise, assinale a alternativa correta. ideal de dominação carismática, a exemplo do
a) A ação racional com relação a valores é o tipo patriarca.
conceitual que explica o uso do CPF, uma vez que se d) O Estado contemporâneo define-se pelo direito
refere às riquezas do indivíduo. de monopólio do uso da força, baseado na
b) A adoção de documentos de identificação pessoal dominação legítima do tipo racional-legal.
corresponde aos interesses dos indivíduos pelo e) O tipo ideal de dominação tradicional é exercido
prestígio social. com base na legitimidade e na legalidade do poder de
c) A identificação pelo CPF é um exemplo de uso democrático da força pelo Estado
imitação e de ação condicionada pelas massas, contemporâneo.
fenômenos comuns na sociedade moderna.
d) CPF e documentos pessoais fortalecem o 890. Em A ética protestante e o espírito do capitalismo,
processo de desburocratização das estruturas Max Weber (1864-1920) procurou demonstrar de
racionais de dominação. que maneira uma específica ética religiosa deu ensejo
e) O uso do CPF é uma ação dotada de sentido, isto ao surgimento do que ele chamou de um “espírito do
é, compreensível pelos demais indivíduos envolvidos capitalismo”, expressão que significa “uma ética de
na situação. vida, um modo de ver e encarar a existência” (SELL,
2015). Tal “espírito” apontava o cultivo de uma vida
888. Weber compreende a cidade como uma disciplinada, “motivada pelo sentido do dever”, com
expressão tipicamente ligada à racionalidade honestidade e dedicação ao trabalho. Weber aponta
ocidental. como essa ética deu ao capitalismo uma
Com base nos conhecimentos da sociologia racionalidade técnica, de cálculo e jurídica que o fez
weberiana sobre a racionalidade ocidental, considere se desenvolver nesse sistema econômico burocrático
as afirmativas a seguir. das sociedades modernas. Seitas protestantes como o
I. A compreensão da cidade ocidental moderna é calvinismo indicavam uma vida ascética, ou seja,
possível quando se considera uma sequência causal proba, de oração e de penitências, para a salvação.
universal na história. Tal conduta fez com que os seguidores dessas seitas
II. A existência do capitalismo como sociedade seguissem uma vida moralmente correta e honesta,
específica do mundo ocidental moderno explica o com esforço e cuidado ao trabalho, longe das
surgimento das cidades. luxúrias e prazeres mundanos. O resultado foi o
desenvolvimento de um trabalho profissionalizado e
a racionalidade na busca de riquezas.
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SELL, Carlos Eduardo. Sociologia Clássica: Marx, Durkheim orientada pelas ações de outras pessoas. Uma ação
e Weber. 7ª ed. Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 2015. social está referendada em ações passadas, presentes
Partindo dessa compreensão de Max Weber sobre as ou esperadas como sendo futuras e essas “outras
origens do capitalismo, é correto afirmar que pessoas” podem ser indivíduos conhecidos ou
a) a ambição e a avareza no acúmulo de riquezas são desconhecidos daquele que pratica a ação. O
princípios que orientam o desenvolvimento de um praticante da ação age referendado em ações de
capitalismo moderno e lucrativo. outros e, assim, toda ação para ser social, não
b) as seitas protestantes desenvolveram o capitalismo importa se moralmente boa ou reprovável, não
religioso ao defenderem uma vida ascética em que importa se racional ou não, possui um sentido (uma
Deus atendesse as vontades dos seres humanos. direção) na mente do indivíduo, o qual tem como
c) esse espírito do capitalismo, acima mencionado, referência subjetiva (na mente dele ou dela que
exerce a função burocrática de racionalizar as pratica a ação) as ações de outros.
riquezas acumuladas através das bênçãos divinas aos WEBER, Max. “II. O conceito de ação social” IN__.
predestinados. Metodologia das Ciências Sociais. São Paulo: Ed Cortez;
d) as éticas protestantes motivaram, pela conduta Campinas-SP: ED Unicamp, 2016.
moral, a instituição racional do trabalho e do Partindo dessa compreensão de Weber (2016),
enriquecimento competentes no capitalismo. considere as seguintes afirmações:
I. Aquele que joga pedra em um ônibus, em tempos
891. Para Weber, “Estado é uma comunidade de paralisação grevista dos coletivos, realiza uma
humana que pretende, com êxito, o monopólio do ação social desde que execute esta ação tendo como
uso legítimo da força física dentro de um referência subjetiva esta forma de protestar.
determinado território. Especificamente, no II. A pessoa que aposta no Jogo do Bicho, nas
momento presente, o direito de usar a força física é periferias das cidades brasileiras, pratica um tipo de
atribuído a outras instituições ou pessoas apenas na ação social, desde que aja em conformidade com o
medida em que o Estado o permite. O Estado é seu sonho de três noites anteriores.
considerado como a única fonte do ‘direito’ de usar a III. Bater em torcedores rivais com excessiva força e
violência”. raiva é um tipo de ação social a partir do momento
WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Editora em que o agente desta ação imagine que é “assim que
Guanabara, 1982, p.98. se faz” quando nas brigas entre torcidas.
Sobre o conceito de Estado moderno, de acordo IV. Investir no Mercado de Ações e Derivativos é
com Max Weber, é correto afirmar que uma ação social, desde que o investidor vise, em sua
a) o uso da força e da violência é atributo dos mente, seus ganhos futuros de acordo com a
indivíduos em sociedade, sendo uma forma de as movimentação dos agentes
pessoas resolverem suas disputas e conflitos econômicos.
individuais ou coletivos, cabendo ao Estado o poder Corresponde a ação social, na perspectiva teórico-
de julgar quem está com a razão. conceitual de Max Weber, somente o que consta em
b) sendo o Estado o conjunto das instituições a) I, II e IV.
dirigidas pelo Governo, cabe a este decidir sobre os b) I, III e IV.
rumos da sociedade, inclusive com o direito c) II e III.
soberano de utilizar-se da força e da violência para d) I e IV.
impor seus interesses a essa sociedade.
c) o Estado não é a fonte exclusiva do poder legítimo 893. Max Weber (1864-1920) sugeriu, na sua
do uso da força e da coerção física sobre os produção sociológica, que toda realidade social é
indivíduos, na medida em que pode delegar poderes complexa e de difícil compreensão. O máximo que
a grupos paramilitares armados, a exemplo de uma ciência social pode fazer no estudo dos
milícias e ou matadores de aluguel. fenômenos sociais é uma interpretação compreensiva
d) somente ao Estado é autorizado o uso legal que possibilite uma apreensão aproximada da
da força e da coerção física sobre os indivíduos, por realidade pesquisada. Assim, Weber desenvolveu o
meio do monopólio da violência como uma conceito-instrumento do Tipo Ideal. Trata-se de uma
exclusividade legal e um procedimento que não pode elaboração conceitual e metodológica que tem
ser executado por qualquer outro grupo ou objetividade, uma vez que provém da própria
instituição, a não ser de forma ilegal. realidade social (SELL, 2015).
SELL, Carlos Eduardo. Sociologia Clássica: Marx, Durkheim
892. Na Sociologia de Max Weber (2016), a ação e Weber. 7ª ed. Petrópolis-RJ. Ed. Vozes, 2015.
social é o dado central para a compreensão dos Atente para o que se diz a seguir sobre o Tipo Ideal
fenômenos de qualquer realidade social. Conforme a de Weber:
perspectiva weberiana, uma ação é social quando é I. É uma ferramenta de análise da realidade social,
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embora não seja seu retrato fidedigno. 896. O conceito de Estado não é consensual na
II. Trata-se de um conceito-instrumental de sociologia e, conforme a abordagem teórica adotada,
aproximação da realidade, que realiza uma distorção pode-se refletir sobre um tipo específico de Estado.
da subjetividade. A partir dessa afirmação, assinale a alternativa
III. É uma forma de comparar o mundo objetivo correta.
com a conceituação sobre ele. a) Para Weber, o Estado é racional e estruturado a
IV. Configura a acentuação unilateral de um ou partir dos interesses privados na organização e gestão
vários pontos de vista para formar uma opinião da administração burocrática.
coletiva. b) O Estado como aparato de interesse de classes nas
É correto somente o que se afirma em sociedades capitalistas é a principal contribuição de
a) I e III. Weber ao tema.
b) I e IV. c) O Estado como agente garantidor da organização
c) II e III. moral e o Estado subordinado à sociedade são duas
d) II e IV. características para se pensar o conceito em
Durkheim, ou seja, o autor trata o Estado como fato
894. Segundo Weber, o Estado contemporâneo é social.
uma comunidade humana que, dentro dos limites de d) O Estado marcado pelos interesses de classes
um território, reivindica o monopólio do uso caracteriza o único fator comum do conceito entre
legítimo da força física. Marx, Weber e Durkheim.
Com base na afirmação acima, assinale a alternativa
incorreta. 897. O conceito de classe social, elaborado por Marx
a) O Estado consiste em uma relação de dominação e por Weber, é útil para evidenciar que a sociedade
entre os homens, sob a condição de que os tem divisões e diferenças internas, ou seja, que nem
dominados se submetem à autoridade continuamente todos os indivíduos têm a mesma posição na
reivindicada pelos dominadores. sociedade.
b) O Estado consiste em uma relação de dominação Considerando o conceito de classe social formulado
entre os homens, sob a condição de que os por Marx e por Weber, assinale a alternativa
dominados se rebelam à autoridade continuamente incorreta.
reivindicada pelos dominadores. a) Para Weber, a relação entre as classes proprietárias
c) O Estado moderno exige uma dominação e o proletariado moderno é de exploração.
burocrático-racional, dada sua eficiência em relação b) Para Marx, classe social significa a posição dos
às demais formas de dominação. indivíduos nas relações de produção e o “motor da
d) O Estado moderno se desenvolve paralelamente história” é a luta travada entre as classes sociais.
ao desenvolvimento da empresa capitalista. c) Para Weber, classe social significa a posição dos
indivíduos em uma escala de estratificação social,
895. Na concepção de Weber, a política é uma cuja medida é dada pelo montante de bens e salários,
atividade geral do ser humano. A atividade política se oportunidades de renda e capacidade de compra de
desenvolve no interior de um território delimitado e produtos e no mercado de trabalho.
a autoridade política reivindica o direito de domínio, d) Para Marx, a relação entre a burguesia e o
ou seja, o direito de poder usar a força para se fazer proletariado é de conflito.
obedecer. Se há obediência às ordens, ocorre uma
situação de dominação.
Sobre os tipos de dominação, assinale a alternativa
correta.
a) A dominação legal racional é a mais impessoal,
pois se baseia na aplicação de regras gerais aos casos
particulares.
b) O patrimonialismo é o tipo mais característico de
dominação legal racional.
c) A forma mais típica de dominação tradicional é a
burocracia.
d) A dominação carismática constitui um tipo
bastante comum de poderio, na medida em que se
baseia na crença em qualidades pessoais corriqueiras.
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GABARITO 553. a
554. d
555. d
518. d
556. a
519. e
557. d
520. d
558. 1/4
521. e
559. b
522. c
560. c
523. e
561. c
524. b
562. 1/2/8
525. a
563. d
526. a
564. 2/4/6
527. b
565. e
528. d
566. 2/4/16
529. b
567. e
530. c
568. a
531. a
569. c
532. c
570. b
533. a
571. a
534. d
572. a
535. a
573. c
536. a
574. d
537. b
575. c
538.d
576. b
539. 1/4/16
577. a
540. e
578. 1/8/16
541. a
579. c
542. e
580. e
543. e
581. 8/16
544. c
582. 1/4/16
545. c
583. c
546. a
584. c
547. 1/8
585. a
548. 1/2
586. b
549. c
587. b
550. 2/8
588. a
551. c
589. d
552. d
590. b
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591. c 629. d
592. 1/2/16 630. a
593. 1/2/8 631. a
594. e 632. c
595. e 633. b
596. c 634. d
597. 1/2/16 635. a
598. 1/2/16 636. d
599. b 637. b
600. e 638. a
601. e 639. a
602. b 640. e
603. c 641. e
604. a 642. e
605. a 643. c
606. d 644. a
607. c 645. a
608. b 646. c
609. e 647. e
610. a 648. a
611. a 649. e
612. c 650. b
613. d 651. b
614. b 652. a
615. a 653. b
616. b 654. e
617. c 655. e
618. c 656. 1/4/16
619. c 657. 1/8/16
620. a 658. 2/4/8
621. e 659. b
622. a 660. b
623. b 661. d
624. c 662. c
625. d 663. e
626. c 664. 2/8/16
627. a 665. 2/4/8/16
628. d 666. 1/2/4
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667. e 706. d
668. e 707. c
669. c 708. c
670. a 709. a
672. c 710. b
673. c 711. c
674. c 712. 1/4/8
675. d 713. 4/8/16
676. b 714. 1/8/16
677. c 715. 4/8
678. b 716. 1/2
679. c 717. 2/4/8
680. e 718. e
681. e 719. d
682. d 720. d
683. a 721. d
684. 1/4/16 722. c
685. e 723. d
686. e 724. b
687. c 725. 2/16
688. b 726. 1/2/8
689. c 727. 1/2/8
690. 8/16 728. 2
691. e 729. 1/2/16
692. d 730. 1/2/4
693. a 731. 1/8/16
694. c 732. c
695. b 733. d
696. b 734. d
697. b 735. a
698. d 736. c
699. d 737. d
700. b 738. b
701. b 739. b
702. e 740. c
703. e 741. a
704. e 742. 8/16
705. c 743. b
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744. b 782. b
745. d 783. c
746. d 784. c
747. e 785. b
748. 8/16 786. c
749. a 787. a
750. e 788. a
751. e 789. a
752. 2/4/8/16 790. b
753. c 791. d
754. d 792. c
755. b 793. a
756. c 794. e
757. e 795. c
758. a 796. b
759. e 797. b
760. e 798. e
761. b 799. 1/4/16
762. a 800. 2/4
763. a 801. 1/4/16
764. 1/2/16 802. 4/16
765. a 803. c
766. e 804. c
767. 2/4/8/16 805. b
768. 1/8 806. c
769. 1/2/16 807. b
770. d 808. d
771. d 809. b
772. d 810. c
773. 2/4/16 811. e
774. 1/4/16 812. b
775. 1/2/4 813. b
776. a 814. b
777. 1/4/8/16 815. d
778. c 816. a
779. b 817. 1/16
780. d 818. c
781. c 819. a
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820. d 858. b
821. e 859. b
822. b 860. a
823. a 861. b
824. d 862. c
825. d 863. c
826. 4/8/16 864. c
827. 1/4/18/16 865. c
828. a 866. c
829. b 867. d
830. d 868. d
831. d 869. c
832. c 870. b
833. c 871. b
834. d 872. b
835. a 873. d
836. c 874. d
837. c 875. b
838. e 876. a
839. d 787. c
840. e 878. e
841. a 879. e
842. e 880. d
843. c 881. a
844. b 882. a
845. c 883. e
846. e 884. c
847. a 885. b
848. d 886. d
849. b 887. e
850. d 888. c
851. d 889. d
852. c 890. d
853. d 891. d
854. b 892. b
855. d 893. a
856. a 894. b
857. b 895. a
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896. c
897. a
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lugar, para consigo mesmo, mas também há outras b) Em certas circunstâncias, o ser humano pode ser
virtudes, como a benevolência, a justiça e a seriedade entendido como meio submetido à vontade de
ou confiabilidade, ou seja, a qualidade de ser outros homens, considerados superiores.
confiável, que são disposições orientadas para o bem c) A apropriação de um ser humano por outro é
dos outros.” possível, uma vez que um pode renunciar e alienar
(TUGENDHAT, Ernst; VICUÑA, Ana Maria; LÓPES, Celso. sua vontade em favor do outro.
O livro de Manuel e Camila: diálogos sobre moral. Trad. de d) A dignidade é um atributo do ser humano, o que
Suzana Albornoz. Goiânia: Ed. da UFG, 2002. p. 142.)
assegura idêntico valor e um mínimo de direitos a
Com base no texto, é correto afirmar:
todos os homens.
a) As ações virtuosas são reguladas por leis positivas,
e) Em situações extremas, a escravidão é a única
determinadas pelo direito, independentemente de um
garantia da produção dos bens necessários à
princípio de bem moral.
sobrevivência do homem, sendo, portanto, legítima.
b) A virtude limita-se às ações que envolvem outras
pessoas; em relação a si próprio a ação é
905. “A busca da ética é a busca de um ‘fim’, a saber,
independente de um princípio de bem.
o do homem. E o empreendimento humano como
c) A ação virtuosa é orientada por princípios
um todo, envolve a busca de um ‘fim’: ‘Toda arte e
externos que determinam a qualidade da ação.
todo método, assim como toda ação e escolha,
d) Ser virtuoso significa guiar suas ações por um
parece tender para um certo bem; por isto se tem
bem, que pode ser tanto em relação a si próprio
dito, com acerto, que o bem é aquilo para que todas
quanto em relação aos outros.
as coisas tendem’. Nesse passo inicial de a Ética a
e) As virtudes são disposições desvinculadas de
Nicômaco está delineado o pensamento fundamental
qualquer orientação, seja para o bem, seja para o mal.
da Ética. Toda atividade possui seu fim, ou em si
mesma, ou em outra coisa, e o valor de cada
903. Na sociedade feudal, as atitudes frente ao corpo
atividade deriva da sua proximidade ou distância em
eram governadas pela concepção dualista sobre a
relação ao seu próprio fim”.
qual se construía toda a representação do mundo. De (PAIXÃO, Márcio Petrocelli. O problema da felicidade em
um lado o perecível, o efêmero; de outro, o imortal. Aristóteles: a passagem da ética à dianoética aristotélica no
Sobre o corpo no Medievo, é correto afirmar: problema da felicidade. Rio de Janeiro: Pós-Moderno, 2002.)
a) Por ser menos fechado, o corpo masculino era Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
mais permeável à corrupção, requerendo uma guarda ética em Aristóteles, considere as afirmativas a seguir.
mais atenta e cabendo à mulher a sua vigilância. I. O “fim” último da ação humana consiste na
b) Os traços específicos do corpo, tais como a cor felicidade alcançada mediante a aquisição de
dos cabelos e a tez, nada revelavam das honrarias oriundas da vida política.
particularidades da alma. II. A ética é o estudo relativo à excelência ou à
c) O corpo desnudo, espontaneamente exibido em virtude própria do homem, isto é, do “fim” da vida
público, era a condição ideal para deixar transparecer humana.
a alma. III. Todas as coisas têm uma tendência para realizar
d) Os castigos físicos tinham a função de limpeza algo, e nessa tendência encontramos seu valor, sua
corporal, a fim de preparar os corpos para o ato virtude, que é o “fim” de cada coisa.
sexual. IV. Uma ação virtuosa é aquela que está em acordo
e) O corpo era considerado perigoso, o lugar das com o dever, independentemente dos seus “fins”.
tentações, nele se manifestava o mal, pela corrupção, Estão corretas apenas as afirmativas:
doença e purulências a) I e IV
b) II e III
904. De acordo com a ética kantiana, o homem, e, de c) III e IV.
uma maneira geral, todo o ser racional, existe como d) I, II e III
fim em si mesmo e não como meio para o uso e) I, II e IV.
arbitrário desta ou daquela vontade.
(Adaptado de: KANT, Immanuel. Fundamentação da 906. “O que são valores? Valorar é uma experiência
metafísica dos costumes. Lisboa: Edições 70, 1995. p. 68.) fundamentalmente humana que se encontra no
No Brasil contemporâneo persiste a existência de centro de toda escolha de vida. Fazer um plano de
trabalhadores em situação análoga à escravidão. ação nada mais é do que dar prioridade a certos
Sobre a exploração do trabalho humano, a partir da valores positivos (seja do ponto de vista moral,
perspectiva kantiana, é correto afirmar: utilitário, religioso etc.) e evitar os valores negativos,
a) Todas as coisas têm um preço, podendo ser que são prejudiciais, tais como a mentira, a preguiça,
trocadas ou compradas, inclusive o ser humano. a injustiça etc. O objetivo de qualquer valoração é,
sem dúvida, orientar a ação prática.”
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(ARANHA, M.; MARTINS, M. Temas de filosofia. 3.ª ed. rev. São 02) As perguntas dirigidas por Sócrates aos
Paulo: Moderna, 2005, p. 198.) atenienses sobre o que eram os valores nos quais
Sobre os juízos de valor, assinale o que for correto. acreditavam e que respeitavam ao agir inauguram a
01) Ao relacionar os valores à ação prática, a filosofia moral, porque definem o campo no qual
axiologia (filosofia dos valores) não pretende dizer o valores e obrigações morais podem ser estabelecidos
que são as coisas, mas como nos comportamos pela determinação do seu ponto de partida, isto é, a
diante delas. consciência do agente moral.
02) É determinante para a valoração a passagem do 04) Para Aristóteles, a ética fundamenta-se em
ser ao dever ser, isto é, a consideração dos princípios princípios ascéticos, em uma moral da abnegação,
da ação humana a partir das ideias da razão. como condições indispensáveis para impor aos
04) Os juízos de valores morais transformam-se em homens um “dever ser” capaz de conter o caráter
juízos de gosto, ao analisar-se uma obra de arte, pois perverso dos seus instintos e paixões.
pertencem ao campo dos juízos de conhecimento. 08) A ética não se confunde com a política, todavia
08) O valor moral apenas se sustenta quando recebe elas mantêm entre si uma relação necessária, pois a
uma fundamentação divina, sem a qual ele perde a formação ética é, ao sobrepor os interesses coletivos
noção de bem e mal, justo e injusto, certo e errado aos individuais, importante para o exercício da
etc. cidadania.
16) A dignidade humana é um valor, independente 16) Para Kant, não existe bondade natural. Por
do fato de o homem poder ser considerado, em natureza, o homem é egoísta, ambicioso, destrutivo,
determinado momento, bandido, mercenário, traidor. ávido de prazeres que nunca o saciam e pelos quais
mata, mente, rouba; é a razão pela qual precisa do
907. O corpo tem muita importância para a Filosofia, dever para se tornar um ser moral.
pois representa uma experiência universal e pré-
reflexiva de acesso ao mundo. Com base nessa 909. Analise as afirmativas abaixo e marque V para
afirmação, assinale o que for correto. Verdadeiras e F para Falsas.
01) “Dualismo psicofísico” é uma teoria metafísica ( ) A teoria da liberdade incondicional - ser livre é
que explica o ser humano como composto de duas decidir e agir como se quer, sem qualquer
partes diferentes: corpo (material) e alma (espiritual). determinação causal, quer seja exterior (ambiente em
02) Durante a Idade Média, o corpo foi cultivado de que se vive), quer seja interior (desejos, caráter).
maneira narcisista, reforçando a liberdade e o amor Mesmo admitindo que tais forças existam, o ato livre
próprio do indivíduo. pertence a uma esfera independente em que se perfaz
04) No Renascimento e na Idade Moderna, o corpo a liberdade humana. Ser livre é, portanto, ser
passa a ser objeto da ciência, associado à ideia incausado.
mecanicista que o considera uma máquina. ( ) Bossuet (séc. XVII). no Tratado sobre o livre-
08) Para a fenomenologia, o conceito de corpo não arbítrio, diz o seguinte: "Por mais que eu procure em
pode estar associado ao conceito de espírito, pois é mim a razão que me determina, mais sinto que eu
uma escola filosófica ligada ao materialismo não tenho nenhuma outra senão apenas a minha
histórico. vontade: sinto aí claramente minha liberdade, que
16) Para René Descartes, a alma é mais fácil de ser consiste unicamente em tal escolha. E isto que me
conhecida do que o corpo, já que, na ordem das faz compreender que sou feito à imagem de Deus".
certezas, a res cogitans é anterior a res extensa. ( ) A transcendência é a ação pela qual o homem
executa o movimento de se ultrapassar a si mesmo.
908. “A ética ou filosofia moral é a parte da filosofia E a sua dimensão de liberdade. A liberdade não é
que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e uma dádiva, algo que é dado, nem é um ponto de
princípios que fundamentam a vida moral.” partida, mas é o resultado de uma árdua tarefa,
ARANHA, Maria L. de Arruda e MARTINS, Maria H. Pires.
Filosofando: introdução à Filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2003.
alguma coisa que o homem deve conquistar.
A ética nasce quando a indagação formula duas ( ) A facticidade é a dimensão de "coisa" que todo
questões: primeiro, de onde vêm e o que valem os homem tem, é o conjunto das suas determinações.
costumes; segundo, o que é o caráter de cada pessoa, São os “fatos” (donde facticidade) que estão aí, tais
isto é, seu senso e consciência moral. Assinale o que como são e sem possibilidade de ser de outra forma.
for correto. Marque a opção correta.
01) Para Nietzsche, a ética institui um “dever ser” a) V, V, V, V
moral, os princípios e os valores que ela dita são b) F, V, F, V
universais, portanto válidos para todos os homens, c) V, V, V, F
independentemente do tempo e do espaço. d) F, F, F, F
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910. Analise as proposições abaixo e assinale V quando os grupos tribais abandonam a abrangéncia
quando verdadeira e F quando falsa. da consciência mítica e desenvolvem o
( ) O caráter consciente e livre da ação refere-se à questionamento racional.
responsabilidade moral que é assumido de forma ( ) é constituído de dois aspectos: o normativo e o
livre. fatual.
( ) A ampliação da esfera moral acontece quando ( ) O comportamento moral é consciente, livre e
certos atos, antes garantidos por constrangimento responsável. É também obrigatório, cria um dever.
social, força legal ou por imposição religiosa, passam Mas a natureza da obrigatoriedade moral não reside
a ser praticados por exclusiva obrigação mora na exterioridade: é moral justamente porque deriva
autônoma. do próprio sujeito que se impõe a necessidade do
( ) O grau de articulação entre interesses coletivos e cumprimento da norma. Pode parecer paradoxal,
interesses pessoais está diretamente ligado as mas a obediência à lei livremente escolhida não é
sociedades contemporâneas que, assim como as prisão; ao contrário, é liberdade.
tribos, privilegiam o coletivo. ( ) O desejo surge em nós com toda a sua força e
( ) Fazer o bem tendo em vista a recompensa indica exige a realização; é algo que se impõe e, portanto,
elevação da esfera moral, pois o que motiva a ação é não resulta de escolha. Já a vontade consiste no
a obrigação moral. poder de parada que exercemos diante do desejo.
A sequência correta será: Seguir o impulso do desejo sempre que ele se
a) V V F F manifesta é a negação da moral e da possibilidade de
b) V V V F qualquer vida em sociedade.
c) V F V V A sequência correta é:
d) F V F V a) 3-2-8-1- 6-8-9
b) 3-9-8-4- 6-8-7
911. Relacione a primeira coluna à segunda. c) 1-2-8-3- 6-8-7
1. Moral d) 3-9-8-4- 7-7-7
2. Ética
3. Caráter histórico e social da moral 912. “É importante não confundir moralidade –certo
4. Caráter pessoal da moral e errado – com lei. É claro que a moralidade e a lei
5. Caráter social e pessoal da moral muitas vezes coincidem. Por exemplo, roubar e
6. Estrutura do ato moral matar é moralmente errado. Também é contra a lei.
7. O ato voluntário Mas a moralidade e a lei não precisam coincidir.”
8. O ato responsável LAW, Stephen. Os arquivos filosóficos. São Paulo: Martins
9. A virtude Fontes, 2003. p. 147-148.
Com base nesse texto, é possível afirmar:
( ) O comportamento moral varia de acordo com o I. devemos obedecer a uma lei porque estamos de
tempo e o lugar, conforme as exigências das acordo com ela.
condições nas quais os homens se organizam ao II. A moralidade somente diz respeito ao que alguém
estabelecerem as formas efetivas e práticas de aceita como correto.
trabalho. Cada vez que as relações de produção são III. Só porque algo é ilegal não significa que é
alteradas, sobrevêm modificações nas exigências das moralmente errado.
normas de comportamento coletivo. IV. Há coisas que são moralmente erradas, mas não
( ) Etimologicamente, vem da palavra latina vir, que são contra nenhuma lei.
designa o homem, o varão. Virtus é "poder", Estão corretas as afirmativas
"potência" (ou possibilidade de passar ao "ato). (...) a) I e II
está ligada à idéia de força, de poder. b) I e III
( ) A consciência moral, como juiz interno, avalia a c) II e III
situação, consulta as normas estabelecidas, as d) II e IV
interioriza como suas ou não, toma decisões e julga e) III e IV
seus próprios atos. O compromisso humano que daí
deriva é a obediência à decisão. 913. No Brasil, ainda é conhecida a popularizada Lei
( ) No entanto, a moral não se reduz à herança dos de Gérson que dizia o seguinte: “O importante é
valores recebidos pela tradição. À medida que a levar vantagem em tudo”. Essa lei, baseada na
criança se aproxima da adolescência, aprimorando o vantagem particular, traz consigo um conceito de
pensamento abstrato e a reflexão crítica, ela tende a “bom”, que é equivalente a uma prática
colocar em questão os valores herdados. Algo especialmente observada nos países de capitalismo
semelhante acontece nas sociedades primitivas, mais avançado. Tal conceito de “bom” pode ser
assim expresso:
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fala em pecado e em dever; fala em fraqueza e em lembra outro. “Desejaria ter coragem de expressar
força para pensar e agir. meus Sentimentos.” “Não deveria ter levado a vida
D) Somos, diz Hegel (1770-1831), seres históricos e baseando-me no que esperavam de mim”, diz um
culturais. Assim como Hegel, Henri Bergson (1859- terceiro. Há cem anos ou cinquenta, quem sabe, sem
1941), no século XX, procura compreender a relação dúvida seriam outros os arrependimentos terminais.
dever-Cultura ou dever-História e, portanto, as “Gostaria de ter sido mais útil à minha pátria.”
mudanças nas formas e no conteúdo da moralidade. “Deveria ter sido mais obediente a Deus.” “Gostaria
Bergson distingue duas morais: a moral fechada e a de ter deixado mais patrimônio aos meus
aberta. descendentes.”
E) Rousseau (1712-1778) e Kant (1724-1804) COELHO, M. Folha de São Paulo, 2 jan. 2013.
procuram conciliar o dever e a ideia de uma natureza O texto compara hipoteticamente dois padrões
humana que precisa ser obrigada à moral. Eles morais que divergem por se basearem
colocam o dever em nosso interior, desfazendo a respectivamente em
impressão de que ele nos seria imposto de fora por a) satisfação pessoal e valores tradicionais.
uma vontade estranha à nossa. b) relativismo cultural e postura ecumênica.
c) tranquilidade espiritual e costumes liberais.
918. “Há várias maneiras de lidar com o fato de que d) realização profissional e culto à personalidade.
todas as vidas, incluídas as das pessoas que amamos, e) engajamento político e princípios nacionalistas.
têm um fim. O fim da vida humana, que chamamos
de morte, pode ser mitologizado pela ideia de uma 920.
outra vida no Hades ou na Valhalla, no Inferno ou
no Paraíso. Essa é a forma mais antiga e comum de
os humanos enfrentarem a finitude da vida.
Podemos tentar evitar a ideia da morte afastando-a
de nós tanto quanto possível – encobrindo e
reprimindo a ideia indesejada – ou assumindo uma
crença inabalável em nossa própria imortalidade – ‘os
outros morrem, eu não’. [...] A morte é um problema
dos vivos. Os mortos não têm problemas. Entre as
muitas criaturas que morrem na Terra, a morte
constitui um problema só para os seres humanos”.
ELIAS, N. A solidão dos moribundos. In CHALITA, G.
Vivendo a filosofia, São Paulo: Ática, 2011, p. 373.
A partir do texto citado, assinale o que for correto.
01) Refletir sobre a morte implica analisar o sentido
da existência humana na Terra.
02) As demais criaturas não refletem sobre a morte
porque não possuem consciência de sua vida e de sua
existência tal como o ser humano possui.
04) A tristeza e a melancolia expostas no texto são
uma postura típica do existencialismo, que nega o
valor da vida humana.
08) A questão posta pela certeza da morte nos leva a
refletir não somente sobre a morte, mas sobre a vida
e o significado de uma existência que pode pensar
sobre si mesma. A figura do inquilino ao qual a personagem da tirinha
16) O autor do texto é um ateu que não crê em vida se refere é o(a)
após a morte e, por isso, encara a morte com a) constrangimento por olhares de reprovação.
pessimismo. b) costume imposto aos filhos por coação.
c) consciência da obrigação moral.
919. Arrependimentos terminais d) pessoa habitante da mesma casa.
e) temor de possível castigo.
Em Antes de partir, uma cuidadora
especializada em doentes terminais fala do que eles
mais se arrependem na hora de morrer. “Não deveria
ter trabalhado tanto”, diz um dos pacientes.
“Desejaria ter ficado em contato com meus amigos”,
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GABARITO
898. 1/2/4
899. e
900. c
901. a
902. d
903. e
904. d
905. b
906. 1/2/16
907. 1/4/16
908. 2/8/16
909. a
910. a
911. b
912. e
913. b
914. d
915. b
916. 1/2/8
917. b
918. 1/2/8
919. a
920. c
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931. Até o fim de 2007, quase 2 milhões de pessoas em relação aos direitos fundamentais é o resultado de
perderam suas casas e outros 4 milhões corriam risco um processo de gradual eliminação de discriminações
de ser despejadas. Os valores das casas despencaram e, portanto, de unificação daquilo que ia sendo
em quase todos os EUA e muitas famílias acabaram reconhecido como idêntico: uma natureza comum
devendo mais por suas casas do que o próprio valor do homem acima de qualquer diferença de sexo,
do imóvel. Isso desencadeou uma espiral de raça, religião etc.
execuções hipotecárias que diminuiu ainda mais os BOBBIO, N. Teoria geral da política: a filosofia política e as
valores das casas. Em Cleveland, foi como se um lições dos clássicos. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
“Katrina financeiro” atingisse a cidade. Casas De acordo com o texto, a construção de uma
abandonadas, com tábuas em janelas e portas, sociedade democrática fundamenta-se em:
dominaram a paisagem nos bairros pobres, a) A norma estabelecida pela disciplina social.
principalmente negros. Na Califórnia, também se b) A pertença dos indivíduos à mesma categoria.
enfileiraram casas abandonadas. c) A ausência de constrangimentos de ordem pública.
HARVEY, D. O enigma do capital. São Paulo: Boitempo, d) A debilitação das esperanças na condição humana.
2011. e) A garantia da segurança das pessoas e valores
Inicialmente restrita, a crise descrita no texto atingiu sociais.
proporções globais, devido ao(à)
a) superprodução de bens de consumo. 934. O mercado tende a gerir e regulamentar todas as
b) colapso industrial de países asiáticos. atividades humanas. Até há pouco, certos campos —
c) interdependência do sistema econômico. cultura, esporte, religião — ficavam fora do seu
d) isolamento político dos países desenvolvidos. alcance. Agora, são absorvidos pela esfera do
e) austeridade fiscal dos países em desenvolvimento. mercado. Os governos confiam cada vez mais nele
(abandono dos setores de Estado, privatizações).
932. A democracia deliberativa afirma que as partes RAMONET, I. Guerras do século XXI: novos temores e
do conflito político devem deliberar entre si e, por novas ameaças. Petrópolis: Vozes, 2003.
meio da argumentação razoável, tentar chegar a um No texto é apresentada uma lógica que constitui uma
acordo sobre as políticas que seja satisfatório para característica central do seguinte sistema
todos. A democracia ativista desconfia das socioeconômico:
exortações à deliberação por acreditar que, no a) Socialismo.
mundo real da política, onde as desigualdades b) Feudalismo.
estruturais influenciam procedimentos e resultados, c) Capitalismo.
processos democráticos que parecem cumprir as d) Anarquismo.
normas de deliberação geralmente tendem a e) Comunitarismo.
beneficiar os agentes mais poderosos. Ela
recomenda, portanto, que aqueles que se preocupam 935. A teoria da democracia participativa é
com a promoção de mais justiça devem realizar construída em torno da afirmação central de que os
principalmente a atividade de oposição crítica, em indivíduos e suas instituições não podem ser
vez de tentar chegar a um acordo com quem sustenta consideradas isoladamente. A existência de
estruturas de poder existentes ou dela se beneficia. instituições representativas em nível nacional não
YOUNG, I.M. Desafios ativistas à democracia deliberativa. basta para a democracia; pois o máximo de
Revista brasileira de ciência política, n. 13, jan-abri. 2014. participação de todas as pessoas, a socialização ou o
As concepções de democracia deliberativa e de ‘treinamento social” precisa ocorrer em outras
democracia ativista apresentadas no texto tratam esferas, de modo que as atitudes e as qualidades
como imprescindíveis, respectivamente, psicológicas necessárias possam se desenvolver. Esse
a) a decisão da maioria e a uniformização de direitos. desenvolvimento ocorre por meio do próprio
b) a organização de eleições e o movimento processo de participação. A principal função da
anarquista. participação na teoria democrática participativa é,
c) a obtenção do consenso e a mobilização das portanto, educativa.
minorias. PATEMAN, C. Participação e teoria democrática. Rio de
d) a fragmentação da participação e a desobediência Janeiro: Paz e Terra, 1992.
civil. Nessa teoria, a associação entre participação e
e) a imposição de resistência e o monitoramento da educação tem como fundamento a
liberdade. a) ascensão das camadas populares.
b) organização do sistema partidário.
933. O processo de justiça é um processo ora de c) eficiência da gestão pública.
diversificação do diverso, ora de unificação do d) ampliação da cidadania ativa.
idêntico. A igualdade entre todos os seres humanos e) legitimidade do processo legislativo.
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evento para tornar invisível a realidade e o próprio explicaria o fato de que hoje “se produza mais teorias
trabalho criador das obras. É algo para ser e programas do que obras”.
consumido e não para ser conhecido, fruído e C) O paradoxo de Ortega aponta o sinal inequívoco
superado por novas obras. da emancipação da obra de arte de seus
condicionamentos morais e religiosos. A falta de um
954. Analise as assertivas e assinale a alternativa que estilo orgânico é, então, compensada pela
aponta as corretas. possibilidade, hoje tornada concreta, num grau
I. Hoje, a arte já pode ser pensada dentro de uma jamais alcançado em anteriores períodos da história,
teoria da linguagem. Portanto, não se trata mais de de fruição puramente estética da obra de arte.
pensar a filosofia da arte, visando alcançar uma ideia D) O paradoxo acima enuncia: teremos que,
de arte, mas de analisar uma teoria da arte, isto é, um defrontando-nos com as manifestações artísticas
conceito de arte. atuais, aceitar a contingência de buscar nelas mesmas
II. Hoje, tanto o criador quanto o receptor – artista e as categorias que reclamam, tão profundas e radicais
intérprete de textos estéticos – devem ser “iniciados” foram as transformações causadas pela revolução
nos códigos e técnicas utilizadas pelo jogo de industrial – que não modificou apenas o estado das
produção artística. Por isso é que se diz que a arte relações sociais, afetando, igualmente, nossa
contemporânea é uma arte “para iniciados”. experiência e nosso senso de realidade.
III. A obra de arte, hoje, permanece falando sobre os E) O paradoxo de Ortega enuncia: o que se produz
símbolos da experiência vivida do homem, hoje não pode ser chamado de arte, mas sim de
expressando a ligação imediata entre a consciência abstração. “Abstração é desumanização”, portanto,
humana e a transcendência. O fio condutor dessa não podemos atribuir-lhe o nome de arte. Ao
experiência estética é o “vivido coletivo”, isto é, eliminar a presença do homem, essa estética exigente
aquela encantação que nos põe em contato com o transformou a expressão dos sentimentos em
ponto mais elevado da nossa compreensão do expressão plástica, afastando-a do grande público.
sentido da vida e da morte.
IV. A construção artística, hoje, pode ser discutida e 956. A respeito da natureza e das funções
analisada em termos de uma teoria dos signos ou de concernentes às atividades artísticas, no decorrer da
uma teoria do discurso. Neste caso, um objeto pode história das artes, identifique as afirmativas
ser considerado artístico quando é portador de um verdadeiras com V e, com F, as falsas.
“discurso de arte”. ( ) A arte não pode ser considerada uma forma de
A) Apenas I e III. conhecimento.
B) Apenas II e III. ( ) A arte é uma forma de compreensão da realidade,
C) Apenas I, II e IV. e todas as obras de arte têm conteúdo proposicional.
D) Apenas II, III e IV. ( ) A arte nos ensina a ver ou ouvir, apurando e
E) Apenas I e II. orientando nossa sensibilidade e nos despertando
para a descoberta de muitas coisas.
955. Em seu ensaio Desumanização da arte, onde ( ) A obra de arte é uma janela, que deixa entrever
estuda as mudanças profundas que a arte uma realidade que está além e fora dela.
experimenta em nossos dias, Ortega y Gasset propõe A alternativa que indica a sequência correta, de cima
este paradoxo: a arte atual é aquela que não existe. Com para baixo, é a
essa frase contundente, mas que é mais que um A) V F F F
simples jogo de palavras, o pensador espanhol chama B) F F V F
a atenção para o fato de que as manifestações C) V V V F
artísticas contemporâneas estão desligadas do D) V V F V
passado”. E) F F V V
(NUNES, B. Introdução à filosofia da arte. 5 ed. São Paulo: Ática,
2002.) 957. A análise de uma obra de arte é um dos modos
Qual das alternativas abaixo NÃO caracteriza o simbólicos utilizados pelo homem para atribuir
paradoxo acima enunciado? significados ao mundo.
A) Cortadas as ligações com o passado, a arte só de Com base nessa informação, marque V nas
sua atualidade dispõe. É como se ela estivesse afirmativas verdadeiras e F, nas falsas.
sempre nascendo, para viver, repetidas vezes, o ( ) A arte abstrata se utiliza somente de formas,
instante precário e tumultuoso da gestação. cores ou superfícies, sem retratar nenhum objeto
B) O pensador espanhol observa que o esforço real.
artístico em nossos dias se processa em ritmo de ( ) A arte moderna se refere a uma nova abordagem
laboratório, de trabalho experimental, o que da arte, em um momento em que a representação
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literal de um tema ou objeto não era mais 960. Sobre os movimentos e as revoluções estéticas
importante. ao longo da História da Arte, o filósofo G. Bornheim
( ) A arte contemporânea é o termo genérico usado diz o seguinte: “Cabe afirmar que nunca a pesquisa e
para editar a maior parte da produção artística do fim a elaboração estéticas foram tão intensas quanto em
do século XIX. nosso tempo, e nunca também a preocupação com a
( ) Barroco foi o nome dado ao estilo artístico que normatividade se fez tão ausente. A razão mais
floresceu na Europa, na América e em certas regiões palpável para explicar tal situação parece uma
do Oriente, entre o início do século XVII e meados decorrência do seguinte. É que a estética passa a
do século XVIII. integrar de modo completamente novo o ato criador
A alternativa que indica a sequência correta, de cima do artista. No passado, a estética preexistia à ação
para baixo, é a criadora e impunha-se a ela, ao passo que agora as
A) V V F V inquietações estéticas são por assim dizer compostas
B) F V F V juntamente com a elaboração da obra”
C) V V V F BORNHEIM, G. Gênese e metamorfose da crítica. In:
D) V F V F MARÇAL, J. (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba:
SEED, 2009, p. 140.
E) F F V F
Segundo a afirmação acima e os conhecimentos de
estética, assinale o que for correto.
958. “Para Baumgarten, a estética tem exigências
01) Bornheim está se valendo do conceito hegeliano
próprias em termos de verdade, pois alia a sensação e
de morte da arte, isto é, a mudança funcional da arte
o sentimento à racionalidade. A estética, para ele,
ao longo da História.
completa a lógica e deve dirigir a faculdade do
02) A normatividade pertence ao conceito de
conhecer pela sensibilidade. Define a beleza estética
imitação, decorrente do movimento inaugural da arte
como ‘a perfeição – à medida que é observável como
e da crítica.
fenômeno do que é chamado, em sentido amplo,
04) A elaboração estética do nosso tempo não mais
gosto – é a beleza’.”
ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: defende regras ou cânones objetivos.
introdução à filosofia. 4.ª ed. São Paulo: Moderna, 2009, p. 402. 08) A crítica de arte tornou-se obsoleta e
Com base na afirmação anterior e nos seus descompromissada com os artistas e com as obras de
conhecimentos de estética, assinale o que for arte.
correto. 16) O ato criador retornou ao conceito de obra-
01) Chamamos de juízo de gosto a apreciação prima, segundo os ideais de acabamento e perfeição
subjetiva dos objetos. formal do produto artístico.
02) Baumgarten racionaliza a experiência artística.
04) O juízo estético reúne o entendimento e a 961. “A luz, a cor, o volume, o peso, o espaço,
sensibilidade. enquanto dados sensíveis, não são experimentados
08) A perfeição formal do objeto é um dado da mesma maneira na vida do dia a dia e na arte. [...]
subjetivo. O artista, portanto, não copia o que é; antes cria o
16) A beleza é o resultado de aplicação de regras que poderia ser e, com isso, abre as portas da
lógicas. imaginação.”
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. São
Paulo: Moderna, 2009. p. 418.
959. A estética pós-moderna representa uma série de
Sobre a experiência estética, assinale o que for
transformações no contexto de produção, de
correto.
exposição e de fruição da obra de arte, tal como
01) O juízo estético pode ser identificado com o
vinha sendo até o século XX. Sobre a estética pós-
juízo moral e com o juízo de conhecimento.
moderna, é correto afirmar que
02) A arte é uma manifestação sensível.
01) retorna ao naturalismo clássico, segundo o qual a
04) A arte explora as disposições formal e material
arte imita a natureza.
dos objetos de modo inédito e contrário à
02) substitui o conceito de obra-prima pelas
expectativa usual dos mesmos.
performances e pelas instalações.
08) Na experiência estética pós-moderna, a
04) constitui uma experiência voltada para a
imaginação está submetida a regras de imitação da
subjetividade do espectador.
natureza.
08) desenvolve o conceito iluminista de arte para a
16) A representação fiel dos objetos do mundo, por
maioridade da razão.
mais “naturalista” que seja, contém elementos
16) utiliza recursos da mídia e da tecnologia de
espirituais e interpretativos.
informação.
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particularmente a tragédia, que, segundo o filósofo, por sua vez, deve ser encarado como uma
tem a função de produzir a catarse, isto é, a preferência arbitrária, no sentido de que depende de
purificação espiritual dos espectadores, comovidos e nossa subjetividade.
apavorados com a fúria, o horror e as consequências ( ) A valorização das artes como expressão do
das paixões que movem as personagens trágicas. conhecimento encontra seu apogeu durante o
B) Diferentemente de Aristóteles, para Kant a romantismo, quando a arte é concebida como “o
função mais alta da arte é produzir o sentimento do órgão geral da filosofia”, isto é, como sendo a única
sublime. Nesta perspectiva, a arte é então concebida via de acesso ao universal e ao absoluto.
pelo filósofo como expressão. Aqui, a arte é A) V – F – F – V.
revelação e manifestação da essência da realidade. B) F – V – F – V.
C) A arte como expressão não é apenas alegoria e C) V – F – V – V.
símbolo. É algo mais profundo, pois procura D) V – F – F – F.
exprimir o mundo através do artista. Ao fazê-lo, E) F – V – V – F.
leva-nos a descobrir o sentido da Cultura e da
História. Realizada a obra, ela nos abre o acesso ao 969. A noção de estética, quando formulada e
verdadeiro, ao sublime, ao terrível, ao belo, à dor e desenvolvida nos séculos XVIII e XIX, pressupunha
ao prazer. Um quadro como a Guernica de Picasso é a A) a não distinção entre arte e técnica.
síntese poderosa de todas essas dimensões da B) que o belo possui uma dimensão religiosa,
expressão. caracterizada como aura.
D) Também Hegel insiste no papel pedagógico da C) que a arte é produto da razão e que sua finalidade
arte. A pedagogia artística se efetua sob duas formas é a criação de conceitos universais e verdadeiros,
sucessivas: na primeira a arte é o meio para a dados à contemplação.
educação moral da sociedade; na segunda, pela D) a obra de arte enquanto estetização da política.
maneira como destrói a brutalidade da matéria, educa E) que o belo é diferente do verdadeiro.
a sociedade para passar do artístico para a
espiritualidade da religião. 970. A estética em filosofia traz conceitos em torno
E) Por estabelecer uma relação intrínseca entre arte e do belo e da arte, resultando em reflexões que
sociedade, o pensamento estético de esquerda atravessam a história da humanidade.
também atribui finalidade pedagógica às artes, Com base nessa afirmativa, relacione os pensadores,
dando-lhe a tarefa de crítica social e política, na coluna da esquerda, com a concepção que ele
interpretação do presente e imaginação da sociedade desenvolveu, na coluna da direita.
futura. A arte deve ser engajada ou comprometida. (I) Platão (427-347 a.C.)
(II) Aristóteles (385-322 a.C.)
968. Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que (III) Immanuel Kant (1724-1804)
se afirma a seguir e assinale a alternativa com a (IV) Friedrich Nietzsche (1844-1900)
sequência correta. (V) Herbert Marcuse (1898-1979)
( ) Assim como o mito e a ciência são modos de (A) Detecta na arte uma ameaça inseparável de seu
organização da experiência humana – o primeiro próprio modo de operar e proceder, pois os prazeres
baseado na emoção e o segundo na razão –, também que proporciona destroem as condições de acesso ao
a arte vai aparecer no mundo humano como forma conhecimento verdadeiro.
de organização, como modo de transformar a (B) A arte é um domínio bem particular e isto
experiência vivida em objeto do conhecimento, desta porque, em vez de desembocar no reino dos fins e
vez através do sentimento. do conhecimento da natureza, desemboca em um
( ) A obra de arte, em sua particularidade e domínio próprio da liberdade.
singularidade única, por oferecer algo universal – a (C) A arte é o fundamento do mundo e isso se
beleza – necessita de demonstrações, provas, justifica graças ao caráter criativo do nosso intelecto,
inferências e conceitos. Do contrário, não se que nos envolve e nos prende a todos em uma
constituiria em um tipo de conhecimento. perpétua ilusão presente nas formas.
O juízo de gosto tem esta peculiaridade, deve emitir (D) A arte, contra todo o fetichismo das forças
um juízo universal, referindo-se, porém, a algo produtivas e da escravidão dos indivíduos, representa
singular e particular. o objetivo de todas as revoluções: a liberdade e a
( ) Hoje em dia, de uma perspectiva fenomenológica, felicidade dos indivíduos.
consideramos o belo como algo que depende do (E) No que toca à arte, a função catártica opera uma
gosto e da opinião de cada pessoa. Assim, o belo é transformação das emoções humanas e essa
uma ocasião de prazer, cuja causa reside no sujeito, e transformação é algo mais importante que a
não no conceito de objeto, e o conceito de gosto, expressão dos próprios valores da moralidade.
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FILOSOFIA DA CIÊNCIA B) F F V F
C) V V V F
978. Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que D) V V F V
se afirma abaixo e, em seguida, assinale a alternativa E) F F V V
correta.
( ) O saber científico, em última análise, se opõe ao 980.“Hipótese (etimologicamente, hypó, ‘debaixo de’,
saber filosófico: os conhecimentos científicos são ‘sob’, e thésis, ‘proposição’) é o que ‘está’ sob a tese, o
inquestionavelmente certos, coerentes e infalíveis. que está suposto. A hipótese é a explicação
Diferente disto, a atitude filosófica é, por excelência, provisória dos fenômenos observados, a
caracterizada como indagação e crítica, cujos interpretação antecipada que deverá ser ou não
principais norteadores são a dúvida e a incerteza. confirmada.”
( ) O saber científico, em última análise, não se opõe ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando:
ao saber filosófico. O que os diferencia é, sobretudo, introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003, p. 186.
uma questão de enfoque: a ciência interessa-se mais Sobre a metodologia hipotética da investigação
em resolver problemas específicos, delimitados, científica, assinale o que for correto.
enquanto a filosofia busca estabelecer uma 01) Na pesquisa científica, a construção de hipóteses
interdisciplinaridade dos diversos campos do saber. é um processo heurístico, de invenção e descoberta.
( ) O trabalho da ciência pressupõe, como condição, 02) O raciocínio é dito hipotético-dedutivo quando a
o trabalho da filosofia. As pretensões da ciência são comprovação empírica da hipótese é retirada dos
fundamentadas, principalmente, na confiança que ela efeitos ou das consequências de uma teoria científica.
deposita na racionalidade dos conhecimentos: este 04) Os critérios para julgar o valor ou a aceitabilidade
fundamento das ciências, por exemplo, não é das hipóteses são: a relevância, a possibilidade de ser
científico, mas sim filosófico. submetida a testes e a compatibilidade com outras
( ) A reflexão empreendida pela filosofia deve, hipóteses já confirmadas.
necessariamente, ser desinteressada, neutra e, 08) O axioma é uma hipótese que tem grande
principalmente, separada do que ocorre no mundo. probabilidade de ser comprovada pela observação de
Ela tem um compromisso com o rigor e a verdade experiências empíricas.
dos resultados das pesquisas científicas, ou seja, pelo 16) As teorias científicas não podem conter
fato de ser uma disciplina teórica, deve, hipóteses, pois são compostas de teoremas, isto é, de
necessariamente, abster-se dos acontecimentos da proposições não sujeitas à demonstração.
vida social.
a) V – F – V – V. 981. “Etimologicamente, a palavra método é
b) F – F – F – V. constituída pelos termos gregos meta, “por meio de”,
c) F – V – V – F. e hodós, “caminho”. O método é, portanto, um
d) F – V – F – F. caminho por meio do qual chegamos a um fim,
e) F – V – F – V. atingimos determinado objetivo. Para alcançarmos
um conhecimento seguro, devemos seguir um plano,
979. Há muitos modos de conhecer o mundo, que um método.
(ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena
dependem da postura do sujeito frente ao objeto de Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª. ed. revista. São
conhecimento, como o mito, o senso comum, a Paulo: Ed. Moderna, 2009. p.4).
ciência, a filosofia, entre outros. Sobre a importância do método científico, assinale o
Sobre eles, identifique com V as afirmativas que for correto.
verdadeiras e, com F, as falsas. 01) O que caracteriza o advento da ciência moderna
( ) O mito proporciona um conhecimento mágico. é a construção de um método universal capaz de ser
( ) O senso comum ou conhecimento espontâneo é aplicado a todas as ciências.
a primeira compreensão do mundo, resultante da 02) A aplicação de um método como um conjunto
herança do grupo a que se pertence. de regras fixas e mecânicas garante à ciência alcançar
( ) A ciência é a única forma de se adquirir um conhecimento seguro e verdadeiro.
conhecimento. 04) O uso da dúvida metódica, como um dos
( ) A filosofia se propõe a oferecer um tipo de instrumentos do método de René Descartes,
conhecimento que busca, com todo rigor, a origem conduziu a filosofia a uma atitude cética sobre a
dos problemas, relacionado os a outros aspectos da possibilidade de se alcançar qualquer conhecimento
vida humana, numa abordagem globalizante. da verdade.
A alternativa que indica a sequência correta, de cima 08) No pensamento grego, ciência e filosofia
para baixo, é a achavam-se ainda, de certa forma, vinculadas e só
A) V F F F vieram a se separar a partir da idade moderna,
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aceita por todos, o que supõe um distanciamento da pelos processos sociais que permitem a constituição
subjetividade. Para tanto, as ciências da natureza de equipes estáveis e eficazes; subsídios, contratos,
utilizam instrumentos de controle para testar as alianças sociopolíticas, gestão de equipe etc. Mais
hipóteses, além da facilidade de examinar um objeto uma vez, a ciência aparece como um processo
que é exterior a si mesmo. No caso das ciências humano, feito por humanos, para humanos e com
humanas, o sujeito que conhece é o próprio objeto humanos”.
que se quer conhecer, circunstância que torna mais (FOUREZ, Gerard. A construção das ciências, in ARANHA,
difícil a neutralidade.” M. Filosofar com textos. São Paulo: Moderna, 2012, p. 175).
(ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história A partir do texto é correto afirmar que:
da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 188). 01) Os resultados de uma boa pesquisa dependem,
A partir desta afirmação sobre a aplicação do método principalmente, dos recursos financeiros do
científico na produção do conhecimento, assinale o laboratório.
que for correto: 02) A qualidade das pesquisas científicas está
01) O elemento subjetivo, no processo de vinculada estritamente às qualidades intelectuais do
interpretação dos fatos empíricos, constitui um pesquisador.
desafio para a neutralidade científica. 04) A pesquisa científica mantém uma relação com
02) A objetividade científica depende de uma maior os aspectos humanos dos envolvidos com ela,
utilização de máquinas automáticas, não controladas mesmo quando consideramos tão somente os seus
por humanos. aspectos metodológicos.
04) Os interesses psicológicos, econômicos e 08) Os processos sociais, como o debate e a
políticos dos cientistas participam do processo de convivência com outros cientistas, não interferem no
produção de conhecimento das ciências humanas. resultado final de uma pesquisa.
08) Ciências exatas, como a matemática, são aquelas 16) Os resultados das pesquisas científicas refletem
em que o teor subjetivista é minimizado ou, as várias relações humanas, sociais, nas quais o
dependendo do caso, anulado. pesquisador está inserido.
16) O elemento subjetivo não se aplica a ciências
cujo objeto é o próprio homem, como a psicologia, 993. “Dá-se o nome conhecimento à relação que se
por exemplo. estabelece entre o sujeito cognoscente (ou uma
consciência) e um objeto”.
991. O cientista nunca dialoga com a natureza pura, Essa afirmativa equivale a dizer que o conhecimento
mas com certo estado de relação entre a natureza e a é
cultura, definível pelo período da história no qual ele A) tudo que é revelado através dos instintos.
vive, sua civilização, os recursos materiais dos quais B) tudo que se enxerga através dos sentidos.
ele dispõe. C) tudo que é revelado através dos sonhos.
(LÉVI-STRAUSS, C. apud CHRÉTIEN, C. A Ciência em D) uma percepção que nasce da observação da
Ação: mitos e limites. Campinas: Papirus, 1994. p.44.) natureza.
Sobre essa afirmação de Lévi-Strauss, assinale a E) o processo pelo qual o sujeito se coloca no
alternativa correta. mundo e, com ele, estabelece uma ligação.
a) A Ciência é marcada pelo progresso em direção à
verdade. 994. Ser dogmático é
b) A frase revela o caráter positivo da Ciência. A) acreditar ter a posse da verdade e se recusar ao
c) A relação entre natureza e conhecimento é diálogo, não admitindo o questionamento de suas
mediada por uma série de estruturas. certezas.
d) O objetivo do cientista é alcançar um ponto de B) desconfiar de tudo, não aceitar as possibilidades
vista neutro em relação ao mundo. que estão a sua frente.
e) Qualquer formulação do cientista em relação à C) pensar criticamente sobre todas as áreas do saber
natureza é fruto de seu livre-arbítrio. e agir humanos, o que revela princípios e
fundamentos e faz ver as possibilidades de outros
992. “Afinal, um laboratório terá uma boa mundos.
performance tanto por seu pessoal ser bem D fazer julgamentos, estabelecer projetos de vida,
organizado e ter acesso a aparelhos precisos como adquirir convicções e confiança para agir.
por raciocinar corretamente. A fim de produzir E) ser flexível, dinâmico, absorvendo com
resultados científicos, é preciso também possuir discernimento as influências mais diversas.
recurso, acesso às revistas, às bibliotecas, congressos
etc. É preciso também que, nas unidades de pesquisa, 995. As considerações científicas da antiguidade,
a comunicação, o diálogo e a crítica circulem. O com o desenvolvimento da matemática, da
método de produção da ciência passa, portanto, geometria, da astronomia, da medicina, da física
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mecânica etc., representam o gênio e a capacidade nítida que estes dois tipos de conhecimento não
humana de compreender e explicar os fenômenos da poderiam ter a mesma filosofia. O empirismo é a
natureza. filosofia que convém ao conhecimento comum. O
Sobre a ciência na antiguidade, assinale o que for empirismo encontra aí sua raiz, suas provas, seu
correto. reconhecimento. Ao contrário, o conhecimento
01) No pensamento pré-socrático, ciência e Filosofia científico é solidário com o racionalismo e, quer se
estão unidas, pois o estudo da arché, princípio de queira ou não, o racionalismo está ligado à ciência, o
todas as coisas, envolve a consideração de questões racionalismo reclama fins científicos. Pela atividade
que, hoje, poderíamos chamar de científicas. científica, o racionalismo conhece uma atividade
02) No Egito e na Grécia antiga, o desenvolvimento dialética que prescreve uma extensão constante de
da matemática e da geometria está ligado ao métodos”
conhecimento prático, cujo exemplo pode ser (BACHELARD, G. A atualidade da história das Ciências. In:
encontrado no teorema de Pitágoras: “o quadrado da Filosofia, Curitiba: Seed-PR, 2006, p. 241).
hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
catetos”, que representa a possibilidade de calcular a 01) Segundo o filósofo, há duas formas de
altura de uma pirâmide. conhecimento, científico e comum, ambas válidas.
04) O “juramento hipocrático”, que homenageia o 02) O empirismo não pode ser considerado como
pai da medicina, Hipócrates de Cós (século V a.C.), filosofia.
manifesta a prática de concepções mágicas e 04) Para o filósofo, os conhecimentos científicos e
supersticiosas com o corpo humano, na origem da comuns possuem bases filosóficas.
ciência médica. 08) O racionalismo apresenta-se, em geral, como um
08) Entre os antigos, destaca-se um período de conhecimento mais científico em relação ao
desinteresse dos romanos pela ciência. Os romanos empirismo.
eram notáveis como civilização essencialmente 16) As justificações do empirismo apoiam-se no
prática e pouco dada a especulações teóricas. conhecimento comum dos homens.
16) Após a morte de Alexandre, o Grande, a ciência
matemática de Euclides, preocupada com o tao da 998. A atividade científica, enquanto uma prática
física e o quantum da matéria, ocupa um lugar de social, tem nuances diferenciadas em cada período
destaque na cidade de Alexandria. histórico.
Em relação à filosofia e à ciência, é correto afirmar:
996. “Até o século XIX o desenvolvimento da A) A ciência grega é à também filosófica.
ciência tinha sido tão grande que o homem estava B) O método experimental era usado por Aristóteles.
convencido da excelência do método científico para C) A física aristotélica é de cunho quantitativo.
conhecer a realidade. (...) Esse otimismo era D) A ciência moderna precedeu à ciência medieval.
generalizado, exaltando a capacidade de E) O saber contemplativo, para os gregos, estava
transformação humana em direção a um mundo diretamente ligado aos interesses práticos.
melhor./ No entanto, ainda no século XIX, algumas
descobertas golpearam rudemente as concepções 999. “Há muito tempo o conceito de ciência faz
clássicas, originando o que se pode chamar de crise da parte das culturas mais antigas, geralmente para
ciência moderna” . indicar algum tipo de conhecimento teórico superior.
(ARANHA, M.L./ MARTINS, M. H. P. Filosofando – Introdução O significado variou conforme a época ou o
à Filosofia. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 1993.). pensador, mas apenas no século XVII configurou-se
A quais descobertas o texto acima se refere? Assinale o conceito moderno de ciência, quando Galileu
a alternativa correta. estabeleceu os novos métodos de investigação da
A) São elas: as geometrias não-euclidianas e a física física e da astronomia. [...] Ao afirmarmos que a
não-newtoniana. ciência é conquista recente da humanidade, a
B) São elas: a geometria euclidiana e a física indagação que nos vem à mente é sobre que tipo de
newtoniana. conhecimento existia antes da revolução científica.
C) São elas: o positivismo de Comte e o Pois é inevitável reconhecer as inumeráveis
evolucionismo de Spencer. conquistas técnicas das civilizações, em todos os
D) São elas: o mecanicismo de Laplace e o tempos. Ou seja, antes de a física se tornar uma
determinismo de Comte. ciência, diversos povos já sabiam como fazer as
E) São elas: o geocentrismo de Galileu e o embarcações flutuarem, como construir palácios,
heliocentrismo de Copérnico. aquedutos, sistemas de irrigação. [...] As civilizações
desenvolveram o conhecimento e a técnica conforme
997. “Entre o conhecimento comum e o o senso comum, pelo uso espontâneo da razão e da
conhecimento científico, a ruptura nos parece tão imaginação. Às vezes, por tentativa e erro, outras
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vezes, por dedução ou indução. E, por fim, pela desenvolvimento e a projeção de si mesma, busca, ao
tradição que acumulava o saber de cada povo, contrário, respostas para os problemas do ser
tornando-o cada vez mais elaborado” humano em um mundo que sempre se caracterizou
(ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da por ser adverso.
filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 170-171). ( ) Se o ser humano é colocado como valor
Com base nas afirmações acima e nos fundamental de escolhas, a ciência e a tecnologia
conhecimentos sobre ciência e senso comum, podem permitir ações antes impossíveis. Assim, os
assinale o que for correto. avanços tecnológicos possibilitariam hoje uma
01) O método científico fundamenta-se pelo prática democrática direta que, historicamente, nunca
processo de tentativa e erro, dedução e indução. foi possível.
02) O senso comum, embora acrítico e espontâneo, Assinale a alternativa que contém, de cima para
revelou-se como fonte de orientação fecunda e baixo, a sequência correta.
relevante para os homens, em todas as épocas. a) V, V, V, F, F.
04) O papel de Galileu é importante por ter b) V, V, F, V, F.
idealizado palácios e aquedutos e modernizado o c) F, V, F, V, V.
sistema de irrigação terrestre. d) F, F, V, F, V.
08) Ligado a fatores determinantes, o conceito de e) F, F, F, V, V.
ciência moderna é decorrente da revolução científica
do século XVII. 1.001. “A ciência grega [...] não constituiu uma
16) O senso comum está associado ao valor dos tecnologia verdadeira porque não aperfeiçoou a
mitos, pois não tem natureza científica, apenas física. Mas por que, ainda uma vez, ela não o fez?
imaginativa e cosmológica. Pelo que parece, porque não procurou fazê-lo. E
isso, sem dúvida, porque ela acreditava que não era
1.000. Com o aparecimento da ciência, a humanidade factível. De fato, fazer a física no nosso sentido do
deparou-se com um fenômeno que o pensador Max termo – e não naquele dado a esse vocábulo por
Weber convencionou chamar de “desencantamento Aristóteles – quer dizer aplicar ao real as noções
do mundo”, a partir do qual a natureza, bem como a rígidas, exatas e precisas das matemáticas, e, antes de
realidade humana, desprendendo-se do sagrado, tudo, da geometria. Uma tarefa paradoxal, caso
começa a sofrer intervenções que vão desde a houvesse, porque a realidade, aquela da vida
dissecação dos corpos para os fins da medicina, no cotidiana, no meio da qual nós vivemos, não é
início da época moderna, até as situações que nos são matemática. Nem mesmo matematizável.”
mais próximas, como a inseminação artificial, a (KOYRÉ, A. Du monde de l’àpeu-près à l’univers de la
clonagem, os transgênicos, as células tronco etc. précision. In ARANHA, M. Filosofar com textos: temas e
Considerando essas questões, próprias das história da filosofia, São Paulo: Moderna, 2012, p. 176).
transformações ocasionadas pelo advento da ciência, A partir do texto citado, é correto afirmar:
da técnica e da tecnologia, atribua V (verdadeiro) ou 01) Para os filósofos gregos, na vida cotidiana não se
F (falso) às afirmativas a seguir. faziam necessários conhecimentos matemáticos.
( ) A filosofia, no século XIX, demonstrou 02) Os filósofos gregos desconheciam a matemática
desconfiança com o aparecimento dos avanços e por isso foram incapazes de produzir
técnico-científicos, pois, através de seus processos, conhecimentos físicos.
ter-se-ia um domínio e um controle arbitrários com 04) O conhecimento físico em nossos dias pressupõe
relação à natureza, à sociedade e à realidade dos um conhecimento matemático em razão da ciência
indivíduos. moderna ser matematizável.
( ) A filosofia, no século XX, passou a ver com 08) A física aristotélica buscava uma explicação
entusiasmo tudo quanto a ciência, através do seu racional do mundo sem recorrer à fundamentação
progresso, proporcionou, incluindo o fato de que, matemática.
com suas contribuições, seria possível sanar 16) A matematização da ciência moderna é resultado
definitivamente de sua exigência por rigor e precisão, algo inerente a
os problemas enfrentados pela humanidade. esse tipo de conhecimento.
( ) No processo histórico de desenvolvimento
científico-tecnológico, muita coisa foi desenvolvida 1.002. “Enquanto todas as outras ciências têm como
visando o incremento da vida de certas pessoas, e objeto algo que se encontra fora do sujeito
isso porque, em vez da promoção humana, o que cognoscente, as ciências humanas têm como objeto o
vem a ocupar o centro dos valores é, sobretudo, a próprio ser que conhece. Daí ser possível imaginar as
utilidade. dificuldades da economia, da sociologia, da
( ) Para a filosofia, o problema da ciência é que, ao psicologia, da geografia humana, da história para
invés de cumprir seu papel de perseguir o
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estudar com objetividade aquilo que diz respeito ao A) ideologia revolucionária burguesa, que pregava a
próprio homem tão diretamente” repartição igualitária do direito de acesso aos
(ARANHA/ MARTINS. Filosofando: Introdução à Filosofia. 2ª. recursos naturais e agrícolas.
Ed., São Paulo, Moderna: 1993 – p. 167). B) ideia de Renascimento, que representava os
De acordo com seus conhecimentos sobre o tema benefícios técnicos de transformação da natureza
em questão, qual das opções abaixo caracteriza as como salutares para a preservação de ecossistemas.
ciências humanas e suas dificuldades metodológicas? C) concepção sacralizada de que a natureza,
a) As ciências humanas lidam com fatos objetivos, ou enquanto obra da criação de Deus, devia servir à
seja, excluem todo aspecto subjetivo de seu contemplação estética e religiosa.
procedimento de análise. D) perspectiva desenvolvimentista, que atrelava o
b) Para garantir uma análise rigorosamente objetiva progresso ao meio ambiente e difundia amplamente
dos fatos humanos, as ciências humanas empregam a um entendimento da relação harmoniosa entre
metodologia utilizada pelas ciências naturais, sociedade e natureza.
baseando suas investigação fundamentalmente no E) crença nos poderes da ciência e do
método experimental e de observação. desenvolvimento tecnológico, que contribuiu para
c) As disciplinas conhecidas como ciências humanas tratar a natureza como objeto de quantificação,
operam fundamentalmente por analogia com as manipulação e dominação.
ciências naturais e seus resultados, porque de outra
forma não teriam como assegurar o rigor e a certeza 1.004. A atividade atualmente chamada de ciência
de seus experimentos, e são estas duas características tem se mostrado fator importante no
que fazem da ciência um pensamento baseado na desenvolvimento da civilização liberal: serviu para
universalidade do conhecimento. eliminar crenças e práticas supersticiosas, para afastar
d) Nas disciplinas conhecidas como ciências temores brotados da ignorância e para fornecer base
humanas, é difícil a superação da subjetividade. O intelectual de avaliação de costumes herdados e de
obstáculo principal está na natureza dos fenômenos normas tradicionais de conduta.
do comportamento humano, que carregam uma NAGUEL, E. et all. Ciência: natureza e objetivo. São Paulo:
carga de significações que se opõem a sua Cultrix, 1975.
transformação em simples objetos científicos, ou Quais características permitem conceber a ciência
seja, em esquemas abstratos e matematicamente com os aspectos críticos mencionados?
manipuláveis. a) apresentar explicações em uma linguagem
e) É certo afirmar que a ciência será tão rigorosa determinada e isenta de erros.
quanto mais for matematizável. Desta forma, as b) possuir proposições que são reconhecidas como
ciências humanas, embora lidem com objetos inquestionáveis e necessárias.
subjetivos, devem almejar sempre técnicas estatísticas c) ser fundamentada em um corpo de conhecimento
e operacionais – ou seja, técnicas herdadas da auto evidente e verdadeiro.
matemática – em sua metodologia, buscando retirar d) estabelecer rigorosa correspondência entre
todo aspecto aproximativo e de interpretação de seus princípios explicativos e fatos observados.
resultados. e) constituir-se como saber organizado ao permitir
classificações deduzidas na realidade.
1.003. A cultura ocidental acentuadamente
antropocêntrica foi marcada por processos
convergentes de desenvolvimento técnico-científico
e acumulação de riquezas, propiciados pela expansão
colonial, que resultaram na revolução industrial, no
fortalecimento da ideia de progresso e no processo
de ocidentalização do mundo.
FERREIRA, L. C. Dilemas do século XX: ideias para uma
sociologia da questão ecológica. In: SILVA, J. P. (Org.) Por
uma Sociologia do século XX. São Paulo: Annablume, 2007
(adaptado).
Esse processo de acumulação de riquezas no
Ocidente, por longos séculos, se fez à custa da
degradação do meio natural. Do ponto de vista da
cultura e do imaginário ocidental moderno, isso se
deveu à
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GABARITO
978. c
979. d
980. 1/2/4
981. 8/16
982. 4/8/16
983. c
984. a
985. 8
986. d
987. 1/2
988. a
989. 1/2/8/16
990. 1/4/8
991. c
992. 4/16
993. e
994. a
995. 1/2
996. a
997. 1/4/8/16
998. a
999. 2/8
1.000. d
1.001. 4/8/16
1.002. d
1.003. e
1.004. d
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está associada à legitimação das bases de organização com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.
política e social de uma sociedade. No caso do mito ( ) A mitologia foi a segunda forma de
Maia apresentado no Texto I, a criação dos seres explicação sobre o mundo, sucedendo as explicações
humanos é justificada a partir da ação dos deuses fornecidas pelas ciências dos antigos povos, como a
Tepeu e Gucumatz, que moldaram os primeiros agrimensura e a astrologia.
homens a partir do milho. Já no Texto II, a presença ( ) Os mitos eram transmitidos por gerações,
do milho em grande parte da comida industrializada principalmente através da forma narrativa e faziam
nos EUA mostra como um elemento da natureza parte da tradição cultural de um povo, não sendo
pode ser incorporado na organização social e originários da criação por parte de um indivíduo
econômica de uma sociedade. específico.
( ) A mitologia explicava a origem do mundo e
3. A atividade intelectual que se instalou na Grécia a dependia da adesão, pelas pessoas, de um conjunto
partir do séc. VI a.C. está substancialmente ancorada de verdades tidas como inquestionáveis e imunes à
num exercício especulativo-racional. De fato, “[...] crítica.
não é mais uma atividade mítica (porquanto o mito ( ) Baseado, principalmente, nas forças da
ainda lhe serve), mas filosófica; e isso quer dizer uma natureza – physis –, as mitologias antigas, ao
atividade regrada a partir de um comportamento contrário das religiões que as sucederam, evitavam o
epistêmico de tipo próprio: empírico e racional”. recurso às forças sobrenaturais como fonte de
SPINELLI, Miguel. Filósofos Pré-socráticos. Porto Alegre: explicação da existência.
EDIPUCRS, 1998, p. 32. A sequência correta, de cima para baixo, é:
Sobre a passagem da atividade mítica para a a) F, V, V, F.
filosófica, na Grécia, assinale a alternativa correta. b) V, F, V, F.
a) A mentalidade pré-filosófica grega é expressão c) F, V, F, V.
típica de um intelecto primitivo, próprio de d) V, F, F, V.
sociedades selvagens.
b) A filosofia racionalizou o mito, mantendo-o como A mitologia não foi a segunda forma de explicação
base da sua especulação teórica e adotando a sua sobre o mundo, mas sim uma das primeiras formas
metodologia. de explicação dos povos antigos, precedendo outras
c) A narrativa mítico-religiosa representa um formas como a ciência (agrimensura, astrologia) e a
meio importante de difusão e manutenção de filosofia. Portanto, a primeira afirmativa é falsa.
um saber prático fundamental para a vida
cotidiana. Os mitos eram transmitidos por gerações e faziam
d) A Ilíada e a Odisseia de Homero são expressões parte da tradição cultural de um povo, não sendo
culturais típicas de uma mentalidade filosófica originários da criação por parte de um indivíduo
elaborada, crítica e radical, baseada no logos. específico. Portanto, a segunda afirmativa é
verdadeira.
A alternativa correta é a letra c) A narrativa mítico-
religiosa representa um meio importante de difusão e A mitologia dependia da adesão, pelas pessoas, de
manutenção de um saber prático fundamental para a um conjunto de verdades tidas como inquestionáveis
vida cotidiana. A passagem da atividade mítica para a e imunes à crítica, o que a diferencia do
filosófica na Grécia antiga não implicou na rejeição conhecimento científico e filosófico que são
completa do mito, mas sim em uma reorganização construídos por meio de críticas e questionamentos
do pensamento que colocou a razão e a investigação constantes. Portanto, a terceira afirmativa é
empírica como métodos para compreender a verdadeira.
realidade, ao lado da tradição mítica. A narrativa
mítica-religiosa ainda tinha um papel importante na As mitologias antigas recorriam às forças
transmissão de valores e saberes práticos na vida sobrenaturais como fonte de explicação da
cotidiana grega. As alternativas a, b e d estão existência, ao contrário da ciência e da filosofia que
incorretas, pois não correspondem ao processo buscam explicações racionais e naturais. Portanto, a
histórico de transição da atividade mítica para a quarta afirmativa é falsa.
filosófica na Grécia.
5. A passagem que se apresenta a seguir revela uma
4. Antes do surgimento do pensar racional- narrativa mítica em um contexto de explicação e de
filosófico, os povos antigos possuíam outra forma de interpretação do mundo:
explicação do mundo: o pensamento mítico. “Existem novos deuses crescendo nos Estados
Considerando as características do conhecimento Unidos, apoiando-se em laços cada vez maiores de
mítico, atente para o que se afirma a seguir e assinale
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crenças: deuses de cartão de crédito e de autoestrada, terem poderes de controle sobre a vida dos
de internet e de telefone, de rádio, de hospital e de indivíduos. Esse tipo de crença está presente ainda
televisão, deuses de plástico, de bipe e de néon. hoje em algumas culturas e religiões.
Deuses orgulhosos, gordos e tolos, inchados por sua
própria novidade e por sua própria importância. Eles 6. “Como se sabe, a palavra mythos raramente foi
sabem da nossa existência e têm medo de nós, e nos empregada por Heródoto (apenas duas vezes).
odeiam – disse Odin. – Vocês estão se enganando se Caracterizar um logos (narrativa) como mythos era para
acreditam que não. Eles vão nos destruir, se ele um meio claro de rejeitá-lo como duvidoso e
puderem. É hora de a gente se agrupar. É hora de inconvincente. [...] Situado em algum lugar além do
agir”. que é visível, um mythos não pode ser provado.”
Gaiman, Neil. Deuses americanos. São Paulo: Conrad Editora do HARTOG, F. Os antigos, o passado e o presente. Brasília, Editora da
Brasil, 2011. P.114-115. UnB, 2003, p. 37.
Considerando as características do conhecimento Sobre a diferença entre mythos e logos acima sugerida,
mítico e a citação acima, atente para o que se afirma é INCORRETO afirmar que
a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com a) o problema do mythos era limitar-se ao que é
F o que for falso. visível e, por isso, não podia ser pensado.
( ) A narrativa mítica foi a primeira e mais b) filosofia e história nasceram, na Grécia clássica,
duradoura forma de explicação do mundo, com base numa mesma reivindicação do logos contra
persistindo até os dias atuais, mesmo que de forma o mythos.
não preponderante. c) o mythos não poderia ser submetido à clarificação
( ) A interpretação do mundo e dos argumentativa e à prova — demonstração —
acontecimentos baseada na existência de divindades discursiva.
supremas reflete a necessidade humana por respostas d) em contraposição ao mythos, o logos era um uso
que nem mesmo a ciência pode dar. argumentativo da linguagem, capaz de criar as
( ) Divindades são criaturas eternas e condições do convencimento.
sobrenaturais. Elas existem, de fato, e não podem ser
representadas por objetos ou pessoas. A opção (a) é INCORRETA. Segundo a afirmação
( ) Persiste, mesmo na sociedade do texto, o mythos não se limitava ao que era visível,
contemporânea, o que era habitual das civilizações mas sim situava-se "em algum lugar além do que é
totêmicas: o culto de objetos concretos, aos quais se visível". O problema com o mythos, conforme a
atribui o poder de controle sobre a vida dos citação, era que ele não podia ser provado e era
indivíduos. considerado duvidoso e inconvincente.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a) V, F, V, F. 7. Leia a seguinte passagem, que relaciona o
b) F, V, F, V. regramento democrático ao desenvolvimento de uma
c) F, V, V, F. prática social baseada na razão:
d) V, F, F, V. “A democracia representa exatamente a possibilidade
de se resolverem, através do entendimento mútuo, e
A afirmativa (a) é falsa, pois a mitologia não foi a de leis iguais para todos, as diferenças e divergências
primeira forma de explicação do mundo. Antes dela, existentes em nome de um interesse comum. As
havia outras formas de explicação, como a magia, a decisões serão tomadas por consenso, o que acarreta
religião e a ciência dos povos antigos. persuadir, convencer, justificar, explicar.
A afirmativa (b) é verdadeira, pois a interpretação do Anteriormente, havia a imposição, a violência, a
mundo baseada em divindades é uma característica obediência. A linguagem, o diálogo e a discussão
do conhecimento mítico. Esse tipo de conhecimento rompem com a violência na medida em que todos os
buscava explicar a origem do mundo e dos seres falantes têm, no diálogo, os mesmos direitos (isegoria):
humanos, assim como os fenômenos da natureza, interrogar, questionar, contra-argumentar. A razão se
por meio de narrativas mitológicas que envolviam a sobrepõe à força”.
ação de deuses e outros seres sobrenaturais. MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da Filosofia:
A afirmativa (c) é falsa, pois, no conhecimento dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar
Ed.1998. Adaptado.
mítico, as divindades eram representadas por objetos
Considerando a passagem acima, analise as seguintes
ou pessoas, e não existiam de fato como seres
afirmações:
eternos e sobrenaturais.
I. O surgimento de todas as formas de manifestação
A afirmativa (d) é verdadeira, pois as civilizações
cultural, entre elas a filosofia, a arte e a narrativa
totêmicas, assim como outras culturas antigas,
histórica deve ser entendido a partir do contexto
tinham o hábito de cultuar objetos concretos que
social e histórico no qual determinada sociedade está
eram considerados sagrados e que se acreditava
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concebem o nascimento ordenado dos seres; são 10. Sobre a Ética do período homérico, considere as
discursos que buscam o princípio que causa e ordena afirmativas a seguir.
tudo que existe. I. A não separação entre ética e estética era a
II. Os mitos representam um relato de algo fabuloso característica do pensamento grego primitivo.
que afirmam ter ocorrido em um passado remoto e II. Nesse período não havia um pensamento ético
impreciso, em geral grandes feitos apresentados sistematizado, sendo o exemplo dos grandes homens
como fundamento e começo da história de dada o guia para a ação.
comunidade. III. No período homérico, a compaixão era o
III. Para Platão, a narrativa mitológica foi elemento que guiava as ações humanas.
considerada, em certa medida, um modo de IV. Era uma ética fundamentalmente racional.
expressar determinadas verdades que fogem ao Assinale a alternativa correta.
raciocínio, sendo, com frequência, algo mais do que a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
uma opinião provável ao exprimir o vir-a-ser. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
IV. Quando tomado como um relato alegórico, o c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
mito é reduzido a um conto fictício desprovido de d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
qualquer correspondência com algum tipo de e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
acontecimento, em que inexiste relação entre o real e
o narrado. A alternativa correta é a letra a) Somente as
Assinale a alternativa correta. afirmativas I e II são corretas.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. I. A não separação entre ética e estética era a
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. característica do pensamento grego primitivo: A arte
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e a ética estavam intimamente ligadas na Grécia
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. antiga, e a beleza era considerada uma expressão da
virtude.
I. Correta, pois os mitos sobre a origem do mundo
são genealogias porque pretendem narrar o II. Nesse período não havia um pensamento ético
nascimento e a organização do mundo. sistematizado, sendo o exemplo dos grandes homens
o guia para a ação: Na época homérica, não havia
II. Correta, pois o mito é uma narrativa sobre a uma ética escrita ou formalizada, e os
origem de algo, seja a Terra, os astros, os homens, as comportamentos eram guiados pelo exemplo dos
plantas ou mesmo qualidades ou vícios humanos. Os grandes heróis e líderes.
gregos o entendiam como um discurso proferido por
um narrador para ouvintes que confiavam que aquilo III. No período homérico, a compaixão era o
que estava sendo narrado, por meio de lutas, alianças, elemento que guiava as ações humanas: Embora a
forças sobrenaturais etc., era verdadeiro. compaixão fosse valorizada na Grécia antiga, ela não
era o elemento central que guiava as ações humanas
III. Correta, pois os mitos são fundamentais para na época homérica.
Platão. Seus textos são impregnados de explicações
míticas, como pode ser observado no Mito do Anel IV. Era uma ética fundamentalmente racional: Na
de Giges, no Mito da Caverna e no Mito de Er, os época homérica, a ética não era baseada em
dois últimos expressos no texto A República. Assim, princípios racionais ou filosóficos formais.
Platão admite a narrativa mitológica como invólucro
da verdade filosófica. 11. O homem arcaico se reconhece como real na
medida em que ele participa de um arquétipo que
IV. Incorreta, pois o mito, quando tomado confere ao mundo um sentido. Todos os atos
alegoricamente, torna-se um relato que possui dois importantes da vida foram revelados, na sua origem,
aspectos, ambos igualmente necessários: o real e o por deuses e heróis, e os homens procuram repetir
fictício. O aspecto fictício consiste na não esses gestos paradigmáticos e exemplares. Cada ritual
ocorrência, de fato, daquilo que o mito narra; o resgata um início, um ato criador, um instante eterno.
aspecto real consiste em que, de alguma maneira, Com isso ele busca superar o horror ao evento, que
aquilo que o mito diz corresponde à realidade. Deste traz a mudança e o novo: a memória primitiva é anti-
modo, o mito não pode ser reduzido a um conto histórica.
fictício desprovido de correspondência com algo Sobre as funções do mito e sua relação com a
ocorrido no mundo, isto é, desconectado do real. posterioridade filosófica, considere as afirmativas a
seguir.
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estações do ano, enquanto o mito de Apolo e Dafne obra A República, pelo menos dois episódios com
justifica a existência das plantas e árvores. Além essa conotação: ora dizendo dos prisioneiros
disso, os mitos serviam para tranquilizar as pessoas acorrentados ao fundo de uma caverna, ora narrando
ao oferecer respostas para suas dúvidas e medos em a história de Er. Pode-se mencionar ainda a
relação ao mundo que as cercava. utilização do mito de Édipo na psicanálise.
Considerando que o discurso mítico ainda persiste
14. Parafraseando o dito de Kant, poderíamos dizer segundo variadas formas, assinale a alternativa
que intuição mítica, sem o elemento formador do correta.
Logos, ainda é “cega” e que a conceitualização lógica, a) Devido ao fato de que o mito constitui a primeira
sem o núcleo vivo da “intuição mítica” originária, leitura de mundo, o aparecimento de outras
permanece “vazia”. interpretações, como a crítico-reflexiva, faz dele um
(JAEGUER. W. Paideia: a formação do homem grego. São discurso sem inteligibilidade.
Paulo: Martins Fontes, 2003. p.192.) b) Em sentido lato, tudo o que desejamos e
Sobre essa frase, considere as afirmativas a seguir. pensamos deveria excluir, desde a infância, toda
I. A imaginação tem um papel fundamental na forma de imaginação cujos pressupostos são míticos,
constituição abstrata de conceitos. pois impedem um posterior trabalho com a própria
II. A Filosofia não surge com o abandono do mito, razão presente nas coisas.
mas como transposição das estruturas mitológicas c) Justamente porque o mito propõe relatos
para a esfera conceitual. extraordinários, escapando à nossa compreensão, há
III. A Filosofia contribui com o mito, na medida em enorme dificuldade da consciência de dispor a seu
que este, por si só, é vazio de sentido. respeito e reconhecer-lhe tanto a validade, quanto a
IV. O mito é um estado provisório do pensamento importância.
humano até que este atinja a razão. d) O pensamento crítico-reflexivo permite, hoje,
Assinale a alternativa correta. o exercício de um pensamento capaz de
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. distinguir os mitos que são prejudiciais e
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. aqueles que compõem positivamente o
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. horizonte da imaginação.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) O mito resulta de vacilo do modo racional,
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. constituindo-se dispensável no existir humano, e isso
se justifica porque tal dimensão primitiva se
A primeira afirmativa é verdadeira, pois a imaginação apresenta, ainda hoje, com a mesma abrangência que
e a intuição têm um papel importante na formação teve nas sociedades tribais.
dos conceitos, uma vez que são a base das
percepções que geram os dados para a construção O texto afirma que o discurso mítico ainda persiste
desses conceitos. em nossas narrativas e faz referência à utilização do
mito em diversas áreas, como a filosofia e a
Já a segunda afirmativa também é verdadeira, pois a psicanálise. No entanto, ele também reconhece que o
Filosofia surge a partir da transposição das estruturas pensamento crítico-reflexivo permite distinguir os
mitológicas para a esfera conceitual, buscando mitos que são prejudiciais daqueles que podem
compreender e explicar o mundo de forma racional e contribuir positivamente para a imaginação humana.
sistemática, mas ainda se utilizando de elementos da Portanto, a opção d é a única que reflete essa visão,
tradição mítica. enquanto as demais opções apresentam visões
equivocadas ou extremas sobre o papel do mito na
As afirmativas III e IV são falsas, pois a Filosofia sociedade atual.
não contribui com o mito para dar sentido a ele, e o
mito não é um estado provisório do pensamento 16. A divisão entre o mito, por um lado, entendido
humano, mas sim uma forma de compreensão do como uma narrativa fabulosa das origens e que
mundo que coexiste com outras formas de coloca em cena personagens imaginários ou
conhecimento, como a Filosofia e a Ciência. divindades, assegurando a coesão de um grupo social
primitivo, e a filosofia, por outro, entendida como
15. Embora o mito se caracterize, historicamente, discurso explicativo e coerente do logos, remete a
por ser um tipo de consciência primitiva e anterior pesquisas e estudos, em que o que está em jogo, em
ao advento da escrita, ainda hoje subsiste em nossas ambos os registros, é a veracidade característica do
fabulações, nos contos da sabedoria popular, no contexto a que pertencem.
folclore, constituindo parte do nosso imaginário. Até
mesmo Platão não o descartou inteiramente; pelo
contrário, aproveitou-se de sua riqueza, narrando, na
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Com base nessas informações e nos conhecimentos culturas, o que contribuiu para a passagem do Mito
acerca da diferença entre mito e filosofia, assinale a ao Logos.
alternativa correta. E) A atividade comercial e as constantes viagens
a) A distinção entre mito e filosofia tem sua oportunizaram a troca de
validade porque permite tanto uma informações/conhecimentos, a
compreensão dos mitos em sua lógica quanto observação/assimilação dos modos de vida de
uma compreensão da constituição do discurso outros povos, contribuindo, assim, de modo
filosófico em sua racionalidade. decisivo, para a construção da passagem do
b) Ao se diferenciar mito e filosofia, está-se Mito ao Logos.
reconhecendo, por um lado, o que descaracteriza o
mito e, por outro, a impossibilidade de se pensar A passagem do Mito ao Logos na Grécia antiga foi
filosoficamente a realidade mítica. um processo lento e gradual, e ocorreu
c) Distinguir mito e filosofia, em termos de discursos principalmente a partir do século VI a.C. A atividade
coerentes, significa afirmar que a narrativa mítica, em comercial e as viagens marítimas dos gregos
oposição à filosofia, caracteriza-se por ser um permitiram a troca de ideias, conhecimentos e
discurso cuja ausência de racionalidade é total. experiências com outras culturas, o que influenciou a
d) É função da filosofia dar conta do logos e de suas evolução do pensamento grego. Além disso, o
implicações, o que faz com que o mito e, desenvolvimento da filosofia e da ciência também
consequentemente, a lógica interna da consciência contribuiu para a transição do pensamento mítico
mítica deixem de ser objeto dos estudos filosóficos. para o racional e lógico. Portanto, a alternativa E é a
e) Porque o mito é uma forma primitiva de pensar, resposta correta. As outras alternativas não estão
nem mesmo os estudos antropológicos atuais relacionadas aos fatores que contribuíram para a
permitiriam uma aproximação entre o discurso passagem do Mito ao Logos na Grécia antiga.
mítico e aquele que é próprio da filosofia.
18. “O mito é uma narrativa. E um discurso, uma
A distinção entre mito e filosofia é válida porque fala. E uma forma de as sociedades espelharem suas
permite uma compreensão dos mitos em sua lógica e contradições, exprimirem seus paradoxos, duvidas e
também uma compreensão da constituição do inquietações. Pode ser visto como uma possibilidade
discurso filosófico em sua racionalidade. Ambos os de se refletir sobre a existência, o cosmos, as
discursos são diferentes em suas características e situações de ‘estar no mundo’ ou as relações sociais”.
objetivos, mas podem ser estudados e Everado Rocha.
compreendidos em suas particularidades. A filosofia Mediante essa definição geral de mito e correto
busca a explicação racional do mundo e das coisas, afirmar que
enquanto o mito busca explicar as origens e as A) as sociedades com conhecimentos cientifico,
relações entre os seres e divindades. A distinção tecnológico e filosófico complexamente constituídos
entre os dois discursos não implica a impossibilidade não possuem mitos, pois eliminaram as dúvidas e os
de se pensar filosoficamente sobre o mito, mas sim a paradoxos.
necessidade de compreender a lógica interna de cada B) Platão, um dos filósofos mais estudados e
um. influentes do pensamento ocidental, não recorria aos
mitos em seus diálogos, apesar de ter sido o primeiro
17. A passagem do Mito ao Logos na Grécia antiga a utilizar o termo mitologia.
foi fruto de um amadurecimento lento e processual. C) alguns mitos oferecem modelos de vida e
Por muito tempo, essas duas maneiras de explicação podem servir como referências para a vida de
do real conviveram sem que se traçasse um corte muitas pessoas mesmo no século XXI.
temporal mais preciso. D) as sociedades antigas, ocidentais e orientais,
Com base nessa afirmativa, é correto afirmar: foram fundadas sobre o mesmo mito primitivo,
A) O modo de vida fechado do povo grego facilitou variando, apenas, os nomes de seus personagens.
a passagem do Mito ao Logos. E) todas as afirmações acima estão corretas.
B) A passagem do Mito ao Logos, na Grécia, foi
responsabilidade dos tiranos de Siracusa. De acordo com a definição geral de mito apresentada
C) A economia grega estava baseada na na questão, os mitos são narrativas que expressam as
industrialização, e isso facilitou a passagem do Mito contradições, paradoxos, dúvidas e inquietações das
ao Logos. sociedades. Essas narrativas podem ser utilizadas
D) O povo grego antigo, nas viagens, se encontrava para refletir sobre a existência, o cosmos, as situações
com outros povos com as mesmas preocupações e de "estar no mundo" ou as relações sociais. Portanto,
o mito não é exclusivo de sociedades sem
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formou- se. A experiência social só pôde tornar-se consequências, o domínio da história política e
entre os gregos objetos de uma reflexão positiva, social. Ela repercute no próprio homem grego;
porque se prestava, na cidade, a um debate público modifica seu universo espiritual, transforma algumas
de argumentos. O declínio do mito data do dia em de suas atitudes psicológicas. A Grécia se reconhece
que os primeiros Sábios puseram em discussão a numa certa forma de vida social, num tipo de
ordem humana, procuraram defini-la em si reflexão que definem a seus próprios olhos sua
mesma, traduzi-la em fórmulas acessíveis à sua originalidade, sua superioridade sobre o mundo
inteligência, aplicar-lhe a norma do número e da bárbaro: no lugar do Rei cuja onipotência se exerce
medida.” sem controle, sem limite, no recesso de seu palácio, a
VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: vida política grega pretende ser o objeto de um
Bertrand do Brasil, 1989, p. 94. debate público, em plena luz do Sol, na Ágora, da
Com base nessa citação, é correto afirmar que parte de cidadãos definidos como iguais e de quem o
a filosofia nasce: Estado é a questão comum; no lugar das antigas
a) após o declínio das ideias mitológicas, não cosmogonias associadas a rituais reais e a mitos de
havendo nenhuma linha de continuidade entre soberania, um pensamento novo procura estabelecer
estas últimas e as novas ciências gregas. a ordem do mundo em relações de simetria, de
b) das representações religiosas míticas que se equilíbrio, de igualdade entre os diversos elementos
transpõem nas novas representações que compõem o cosmos”.
cosmológicas jônicas. VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de
c) da experiência do espanto, a maravilha com um Janeiro: Bertrand Brasil, 1996, p.6/adaptado.
mundo ordenado e, portanto, belo. Com base na passagem acima, é correto afirmar que:
d) da experiência política grega de debate, a) a filosofia decorre fundamentalmente de um longo
argumentação e contra-argumentação, que processo de evolução dos mitos antigos, não
põe em crise as representações míticas. havendo relação direta entre seu desenvolvimento e
o processo social e político dos povos que deram
A citação de Vernant sugere que a filosofia nasce origem à civilização grega.
da experiência política grega de debate e b) o poder despótico, característico dos povos da
argumentação, que põe em crise as representações antiguidade, consolidou de forma gradual e constante
míticas. Segundo Vernant, a experiência social na o surgimento de movimentos sociais de contestação
Grécia só pôde se tornar objeto de uma reflexão na Grécia antiga, o que foi fundamental para o
positiva porque havia um debate público de surgimento da razão filosófica, no período clássico.
argumentos na cidade. Esse debate permitiu que os c) a mudança de pensamento do povo grego e
primeiros sábios questionassem a ordem humana e originalidade de sua reflexão sobre o cosmo se
buscassem defini-la em si mesma, aplicando-lhe a relacionam às transformações da vida política
norma do número e da medida. Isso colocou em grega, na qual o debate público por parte de
crise as representações míticas tradicionais e abriu cidadãos iguais substituiu a onipotência do
espaço para o surgimento da filosofia. poder real ancorada em mitos de soberania.
d) não há diferenças significativas entre o sistema de
A opção a está incorreta porque, embora a organização social dos povos que viveram na Grécia
filosofia represente uma ruptura com as ideias micênica e os processos sociais que vigoraram nos
mitológicas, há uma linha de continuidade entre períodos subsequentes, seja no período homérico,
elas, uma vez que muitos conceitos e temas seja nos períodos arcaico e período clássico.
filosóficos foram herdados das tradições
mitológicas. A opção b está incorreta porque A passagem do texto de Vernant aponta para a
embora as representações cosmológicas jônicas relação entre o desenvolvimento do pensamento
tenham contribuído para o desenvolvimento da filosófico na Grécia e a transformação da vida
filosofia, elas não são a única fonte de inspiração. política, social e psicológica do povo grego. Segundo
A opção c está incorreta porque, embora a o autor, a derrocada do sistema micênico teve
experiência do espanto seja uma das características consequências que ultrapassaram o âmbito político e
da filosofia grega, ela não é a única explicação para social, atingindo o universo espiritual do homem
o surgimento da filosofia. A opção correta é a d, grego e transformando suas atitudes psicológicas. A
que destaca a importância da experiência política partir desse contexto, a Grécia se reconheceu numa
de debate e argumentação na cidade grega. certa forma de vida social, num tipo de reflexão que
definiram a seus próprios olhos sua originalidade e
23. Atente para a seguinte passagem, que trata do superioridade sobre o mundo bárbaro. Essa nova
alvorecer da filosofia: “A derrocada do sistema forma de vida social era marcada pela busca de um
micênico ultrapassa, largamente, em suas debate público, em plena luz do sol, na Ágora, por
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cidadãos definidos como iguais e para quem o IV. Incorreta. O discurso da filosofia na Grécia
Estado era a questão comum. Em lugar das antigas Clássica não se restringia ao mesmo tipo de discurso
cosmogonias associadas a rituais reais e a mitos de dos guerreiros e políticos. A filosofia buscava a
soberania, um pensamento novo buscava estabelecer verdade e a sabedoria, não apenas a persuasão
a ordem do mundo em relações de simetria, política. Além disso, os filósofos muitas vezes
equilíbrio e igualdade entre os diversos elementos criticavam a retórica e a persuasão política em seus
que compõem o cosmos. Dessa forma, a mudança escritos.
de pensamento do povo grego e a originalidade de
sua reflexão sobre o cosmo se relacionam às 25. Leia a seguinte passagem, que relaciona o
transformações da vida política grega, na qual o regramento democrático ao desenvolvimento de uma
debate público por parte de cidadãos iguais substituiu prática social baseada na razão:
a onipotência do poder real ancorada em mitos de “A democracia representa exatamente a possibilidade
soberania. Portanto, a alternativa correta é a letra c. de se resolverem, através do entendimento mútuo, e
de leis iguais para todos, as diferenças e divergências
24. Sobre a relação entre a organização da cidade de existentes em nome de um interesse comum. As
Atenas, a ideia de pólis e o aparecimento da filosofia decisões serão tomadas por consenso, o que acarreta
na Grécia Clássica, considere as afirmativas a seguir. persuadir, convencer, justificar, explicar.
I. A filosofia surgiu simultaneamente à cidade- Anteriormente, havia a imposição, a violência, a
Estado, ambiente em que predominava o discurso obediência. A linguagem, o diálogo e a discussão
público baseado na troca de opiniões e no rompem com a violência na medida em que todos os
desenvolvimento da argumentação. falantes têm, no diálogo, os mesmos direitos (isegoria):
II. A filosofia afastava-se das preocupações imediatas interrogar, questionar, contra-argumentar. A razão se
da aparência sensível e voltava-se para as questões do sobrepõe à força”.
espírito. MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da Filosofia:
III. O discurso proferido pelo filósofo era dirigido a dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar
Ed.1998. Adaptado.
pequenos grupos, o que o distanciava da vida
Considerando a passagem acima, analise as seguintes
pública.
afirmações:
IV. O discurso da filosofia no contexto da pólis
I. O surgimento de todas as formas de manifestação
restringia-se ao mesmo tipo de discurso dos
cultural, entre elas a filosofia, a arte e a narrativa
guerreiros e dos
histórica deve ser entendido a partir do contexto
políticos ao desejar convencer em vez de proferir a
social e histórico no qual determinada sociedade está
verdade.
imersa.
Assinale a alternativa correta.
II. O alvorecer da filosofia, no mundo antigo, teve
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
como motivação o desenvolvimento de uma vida
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
social democrática, mais voltada à harmonia e
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
conciliação de interesses diversos, o que requeria o
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
uso do argumento racional.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
III. O processo democrático na Grécia antiga
inaugurou a obediência ao poder de todos e para
I. Correta. A cidade-Estado, ou pólis, foi o ambiente
todos e isso se refletiu no surgimento de um
em que a filosofia surgiu na Grécia Clássica. A troca
pensamento racional que, embora fosse inovador,
de opiniões e a argumentação eram fundamentais na
continuava prisioneiro de uma visão autoritária de
vida política e pública da pólis, e a filosofia se
sociedade.
desenvolveu nesse contexto.
É correto o que se afirma em:
a) I e III apenas.
II. Correta. Uma das características da filosofia grega
b) I e II apenas.
era a busca por explicações racionais e universais,
c) II e III apenas.
que transcendessem as aparências sensíveis e se
d) I, II e III.
voltassem para questões do espírito e da natureza.
A afirmativa I é verdadeira, pois todas as formas de
III. Incorreta. Ao contrário do que afirma a
manifestação cultural estão enraizadas em contextos
afirmativa, o discurso filosófico na Grécia Clássica
sociais e históricos específicos, sendo influenciadas
era dirigido a um público amplo e variado, composto
pelos valores, crenças, costumes e práticas da época
por discípulos, interessados e curiosos. A filosofia
em que foram produzidas. A filosofia, a arte e a
era parte integrante da vida pública da pólis.
narrativa histórica não são exceções, elas também são
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influenciadas pelas condições sociais, políticas e b) Jean-Pierre Vernant (1914-2007), que defende
econômicas em que foram produzidas. a relação entre o debate público, os discursos
argumentativos na pólis grega e a elaboração
A afirmativa II é verdadeira, pois o alvorecer da da linguagem argumentativa na filosofia.
filosofia no mundo antigo foi influenciado pela busca c) Francis Cornford (1874-1943), de que há uma
por uma vida social mais democrática e voltada para continuidade entre as representações religiosas
a conciliação de interesses diversos. Essa busca tradicionais, transmitidas pela poesia grega e pelos
requeria o uso da argumentação racional, a fim de rituais, e a primeira filosofia grega, na Jônia.
persuadir, convencer, justificar e explicar argumentos d) Rodolfo Mondolfo (1877-1976), que situa
e opiniões divergentes. Dessa forma, a filosofia, exclusivamente no ato psíquico-intelectual da
enquanto prática social, contribuiu para o maravilha, no sentido do espanto, a causa e o início
desenvolvimento de uma sociedade mais justa e da filosofia como investigação sobre os fenômenos
igualitária. da natureza.
A afirmativa III é falsa, pois o processo democrático A passagem do discurso de Péricles apresenta
na Grécia antiga não inaugurou a obediência ao elementos que remetem à tese de Jean-Pierre
poder de todos e para todos, mas sim o direito de Vernant (1914-2007), que defende a relação entre o
participação política e a igualdade perante a lei. Além debate público, os discursos argumentativos na pólis
disso, a afirmação de que o pensamento racional grega e a elaboração da linguagem argumentativa na
surgido nesse contexto era prisioneiro de uma visão filosofia. Péricles destaca a importância do debate
autoritária de sociedade é questionável, já que a público na vida política de Atenas, afirmando que os
filosofia, enquanto prática social, contribuiu para o cidadãos atenienses decidem as questões públicas por
desenvolvimento de uma sociedade mais justa e si mesmos, ou pelo menos se esforçam por
igualitária. compreendê-las claramente, na crença de que não é o
debate que é empecilho à ação, e sim o fato de não
26. “Somos amantes da beleza sem extravagâncias e se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a
amantes da filosofia sem indolência. Usamos a hora da ação. Essa relação entre debate público e
riqueza mais como uma oportunidade para agir que elaboração da linguagem argumentativa na filosofia é
como um motivo de vanglória; entre nós não há uma das teses centrais de Jean-Pierre Vernant.
vergonha na pobreza, mas a maior vergonha é não
fazer o possível para evitá-la. Ver-se-á em uma 27. “A solidariedade que constatamos entre o
mesma pessoa ao mesmo tempo o interesse em nascimento do filósofo e o aparecimento do cidadão
atividades privadas e públicas, e em outros entre nós não é para nos surpreender. Na verdade, a cidade
que dão atenção principalmente aos negócios não se realiza no plano das formas sociais esta separação da
verá falta de discernimento em assuntos políticos, natureza e da sociedade que pressupõe, no plano das
pois olhamos o homem alheio às atividades públicas formas mentais, o exercício de um pensamento
não como alguém que cuida apenas de seus próprios racional. Com a Cidade, a ordem política destacou
interesses, mas como um inútil; nós, cidadãos da organização cósmica; aparece como uma
atenienses, decidimos as questões públicas por nós instituição humana que é o objeto de uma indagação
mesmos, ou pelo menos nos esforçamos por inquieta, de uma discussão apaixonada. Nesse
compreendê-las claramente, na crença de que não é debate, que não é somente teórico, mas no qual se
o debate que é empecilho à ação, e sim o fato de não afronta a violência de grupos inimigos, a filosofia
se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a nascente intervém com plena competência.”
hora da ação”. VERNANT, Jean-Pierre. As origens da filosofia. In: Mito e
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso, Livro II, 40. pensamento entre os gregos. Tradução de Haiganuch Sarian. Rio de
Trad. de Mario da Gama Kury. Brasília, DF: Editora Janeiro: Paz e Terra, 1990, p. 365.
da Universidade de Brasília, 2001. Segundo essa célebre passagem, Jean-Pierre
Considerando as teses sobre o surgimento da Vernant considera que o surgimento da Filosofia
filosofia na Grécia, essa passagem do famoso se deve
discurso do legislador ateniense Péricles, no a) à emergência de um pensamento racional,
segundo ano da Guerra do Peloponeso, apresenta próprio à separação entre natureza e sociedade
elementos que nos remetem à tese de: humana e, nesta, aos debates da Cidade grega.
b) à separação entre os homens e a Cidade grega,
a) John Burnet (1863-1928), para quem a filosofia devido à violência dos debates políticos, o que levou
nasce em completa ruptura com o pensamento o filósofo a retirar-se da Cidade.
tradicional grego, pois teria surgido nas novas c) à identidade entre a Cidade e a natureza, que fez
cidades gregas na Costa da Ásia Menor – a Jônia. os homens saberem-se parte dela e, portanto, a
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mundo é uma ilusão; o mundo verdadeiro está além 32. No período arcaico (séculos VIII a VI a.C.), na
do sensível e só pode ser contemplado. Grécia antiga, alguns fatos contribuíram para o
processo de ruptura com o pensamento mítico e a
Aristóteles acreditava que a filosofia surge a partir da emergência do pensamento filosófico.
admiração ou espanto diante das coisas do mundo, Com base nessa informação, a alternativa que
que leva o ser humano a questionar e buscar contém alguns desses fatos é a
respostas, a fim de compreender melhor a realidade e A) A invasão dórica; o apogeu do escravismo; as
se libertar da ignorância. Essa atitude, segundo guerras púnicas.
Aristóteles, é própria do filosofar e é o que motiva os B) A invasão da Grécia pelos bárbaros; a lei escrita; a
homens a filosofar, agora como na origem. guerra de Troia.
C) Os pensamentos dos sofistas; a invenção da
31. Há [...] algo de fundamentalmente novo na moeda; a conquista de Troia.
maneira como os gregos puseram a serviço do seu D) A fundação da Pólis (cidade-estado); os poemas
problema último — da origem e essência das coisas de Homero; as guerras médicas.
— as observações empíricas que receberam do E) A invenção da escrita e da moeda; a lei
Oriente e enriqueceram com as suas próprias, bem escrita; a fundação da Pólis (cidade-estado).
como no modo de submeter ao pensamento teórico
e casual o reino dos mitos, fundado na observação Esses foram alguns dos principais fatores que
das realidades aparentes do mundo sensível: os mitos contribuíram para a emergência do pensamento
sobre o nascimento do mundo. filosófico na Grécia antiga, uma vez que a escrita e a
(JAEGER, 1995, p. 197). moeda permitiram um desenvolvimento econômico
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a e social que abriu caminho para novas formas de
relação entre mito e filosofia na Grécia Antiga, é pensamento, enquanto a lei escrita e a fundação das
correto afirmar: cidades-estado ajudaram a consolidar uma nova
A) A filosofia, em que pese ser considerada como forma de organização política e social que favoreceu
criação dos gregos, originou-se no Oriente, sob o a reflexão filosófica.
influxo da religião e, apenas posteriormente,
alcançou a Grécia. 33. A geração da ordem do mundo, na Grécia
B) A filosofia representa uma ruptura radical em Arcaica, é apresentada por mitos que narram a
relação aos mitos, tendo sido uma nova forma de genealogia e a ação de seres sobrenaturais. A filosofia
pensamento plenamente racional, desde a sua da escola jônica caracteriza-se por explicar a origem
origem. do cosmos, recorrendo a elementos ou a processos
C) A filosofia e o mito sempre mantiveram uma encontrados na natureza.
relação de interdependência, uma vez que o Sobre esses aspectos da cultura grega antiga, é
pensamento filosófico necessita do mito para se correto afirmar:
expressar. A) A transformação de uma representação
D) A filosofia, apesar de ser pensamento dominantemente mítica do mundo, para uma
racional, desvinculou-se dos mitos de forma concepção filosófica, expressa, entre os séculos
gradual. VIII e VI a.C., na antiga Grécia, uma mudança
E) O mito busca respostas para problemas que são estrutural na sociedade.
objeto da pesquisa filosófica e, nesse aspecto, é B) Homero foi o primeiro historiador grego e, nas
considerado parte integrante da filosofia. suas obras, a Ilíada e a Odisséia, ele descreve o
comportamento de homens heroicos, em cujas ações
A filosofia, apesar de ser pensamento racional, os componentes mitológicos inexistem.
desvinculou-se dos mitos de forma gradual. O texto C) Os filósofos da escola jônica realizaram uma
menciona que os gregos "submeteram ao ruptura definitiva entre a mitologia e a filosofia e, a
pensamento teórico e casual o reino dos mitos, partir de então, é impossível encontrar, no
fundado na observação das realidades aparentes do pensamento filosófico, a presença de mitos.
mundo sensível". Ou seja, a filosofia grega não D) O mito é incapaz de instituir uma realidade social,
rejeitou completamente os mitos, mas os pois seu caráter fantasioso não passa qualquer
reinterpretou e submeteu a um pensamento racional. credibilidade para seus ouvintes.
A desvinculação dos mitos ocorreu de forma gradual, E) O mito consiste em uma história religiosa,
à medida que a filosofia evoluiu e aprimorou seus revelada por autoridades supostamente indiscutíveis.
métodos de investigação.
Essa afirmação está de acordo com o processo
histórico que ocorreu na Grécia arcaica, em que a
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emergência do pensamento filosófico, que buscava 35. “A filosofia surgiu gradualmente a partir da
explicar a origem e a ordem do mundo a partir de superação dos mitos, rompendo em parte com a
elementos naturais e não sobrenaturais, representou teodiceia. Outras civilizações apresentaram alguma
uma mudança significativa na forma como a forma de pensamento filosófico, contudo, sempre
sociedade grega compreendia e explicava o mundo à ligado a tradição religiosa. A filosofia, por sua vez,
sua volta. Essa transformação foi uma das principais abandona e supera a crença mítica e abraça a razão e
características do período arcaico e contribuiu para o a lógica como pressupostos básicos para o pensar”.
desenvolvimento da cultura grega. As demais (E. C. Santos & O. Cardoso)
alternativas apresentam afirmações incorretas ou Assinale a alternativa que NAO descreve um fator
incompletas. que propiciou o surgimento da Filosofia na Grécia
no século VI a.C.
34. Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se A) A vivencia do espaço público e o uso do discurso
afirma a seguir e assinale a alternativa com a como instrumento de cidadania.
sequência correta. B) A unificação e a centralização do Estado
( ) Os historiadores da Filosofia dizem que ela grego, com o enfraquecimento das Cidades-
possui data e local de nascimento: final do século VI Estado.
antes de Cristo, nas colônias gregas da Ásia Menor C) A superação da visão mitológica de mundo, seja
(particularmente as que formavam uma região por sua racionalização, seja por sua substituição.
denominada de Jônia), na cidade de Mileto. E o D) A ideia de um Cosmo regido por regras e leis
primeiro filósofo foi Tales de Mileto. universais.
( ) A Filosofia possui um conteúdo preciso ao E) A valorização da razão como um pensar metódico
nascer: é uma cosmologia, isto é, nasce como e sistemático, sujeito a regras e leis universais.
conhecimento racional da ordem do mundo ou da
Natureza. Na verdade, o surgimento da Filosofia na Grécia no
( ) A origem oriental (egípcia, persa, caldéia e século VI a.C. foi propiciado por vários fatores,
babilônica) da Filosofia ainda é, atualmente, a tese como a vivência do espaço público e o uso do
mais aceita entre os historiadores da filosofia. discurso como instrumento de cidadania, a superação
( ) A tese mais aceita entre os estudiosos da da visão mitológica de mundo, a ideia de um Cosmo
Filosofia é, ainda hoje, aquela que a concebe como regido por regras e leis universais e a valorização da
sendo um “milagre grego”, isto é, somente os gregos, razão como um pensar metódico e sistemático,
povo excepcional, poderiam ter sido capazes de criar sujeito a regras e leis universais. Não há, porém,
a Filosofia, como foram os únicos a criar as ciências relação direta entre o surgimento da Filosofia e a
e a dar às artes uma elevação que nenhum outro unificação e a centralização do Estado grego.
povo conseguiu, nem antes e nem depois deles.
A) V – V – V – F. 36. Pode-se afirmar que a Filosofia é filha da cidade-
B) F – F – V – F. estado grega (pólis). A pólis grega surgiu entre os
C) F – V – V – F. séculos VIII e VII a.C., e os primeiros filósofos
D) V – V – F – V. surgiram por volta do século VI a.C. nas colônias
E) V – V – F – F. gregas. O texto abaixo indica algumas das
características da pólis que propiciaram o surgimento
A primeira afirmação é verdadeira, pois a filosofia da Filosofia:
nasceu na Grécia, no final do século VI a.C., nas “A pólis se faz pela autonomia da palavra, não mais a
colônias gregas da Ásia Menor, e Tales de Mileto é palavra mágica dos mitos, palavra dada pelos deuses
considerado o primeiro filósofo. e, portanto, comum a todos, mas a palavra humana
A segunda afirmação é falsa, pois a filosofia não do conflito, da discussão, da argumentação. A
possuía um conteúdo preciso ao nascer, mas sim expressão da individualidade por meio do debate
uma preocupação com a busca do conhecimento engendra a política, libertando o homem dos
racional e crítico acerca da realidade. exclusivos desígnios divinos, para ele próprio tecer o
A terceira afirmação é falsa, pois a tese mais aceita seu destino na praça pública. O saber deixa de ser
atualmente é que a filosofia nasceu na Grécia e foi sagrado e passa a ser objeto de discussão; a
influenciada por algumas tradições orientais, mas não instauração dessa ordem humana dá origem ao
teve sua origem diretamente nessas tradições. cidadão da pólis, figura inexistente no mundo
A quarta afirmação é falsa, pois a ideia de um coletivista da comunidade tribal.”
"milagre grego" que atribui apenas aos gregos a (M. L. A. Aranha; M. H. P. Martins)
capacidade de criar a filosofia é considerada Considerando o texto acima, é INCORRETO
ultrapassada pelos historiadores da filosofia. afirmar que
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A) para a Filosofia, os critérios de argumentação e de pensamento que deveria orientar a vida pública do
explicação são os princípios e regras da razão que homem grego.
devem ser aplicados nas discussões públicas por B) a discussão racional dos Sábios que traduziu
meio da linguagem. a ordem humana em formulas acessíveis a
B) a verdade não deve ser imposta como um decreto inteligência causou o abandono do mito e, com
divino, mas discutida, criticada e demonstrada pelos ele, o fim da religião e a decorrente
cidadãos. exclusividade do pensamento racional na
C) o surgimento da Filosofia na Grécia ocorreu Grécia.
de forma inesperada, isolada e excepcional, sem C) a atividade humana grega, desde a invenção da
relação com seu momento histórico: foi o política, encontrava seu sentido principalmente na
chamado “milagre grego”. vida pública, na qual o debate de argumentos era
D) a liberdade e a autonomia política do cidadão orientado por princípios racionais, conceitos e
estão estreitamente ligadas à sua autonomia de vocabulário próprios.
pensamento. D) a política, por valorizar o debate público de
E) o mito e o sagrado, na explicação do homem e do argumentos que todos os cidadãos podem
mundo, contrapõem-se aos argumentos e compreender e discutir, comunicar e transmitir, se
demonstrações filosóficos. distancia dos discursos compreensíveis apenas pelos
iniciados em mistérios sagrados e contribui para a
Esta afirmação está incorreta. O surgimento da constituição do pensamento filosófico orientado pela
Filosofia na Grécia está relacionado ao contexto Razão.
histórico, político e cultural da época, especialmente E) ainda que o pensamento filosófico prime pela
a partir da emergência da cidade-estado (pólis) grega, racionalidade, alguns filósofos, mesmo após o
que propiciou o surgimento da política e da declínio do pensamento mitológico, recorreram a
autonomia do pensamento e da argumentação por narrativas mitológicas para expressar suas ideias;
meio do debate público. O surgimento da Filosofia exemplo disso e o “Mito de Er” utilizado por Platão
também está relacionado ao processo de superação para encerrar sua principal obra, A República.
dos mitos e da busca por explicações racionais e
universais para o mundo e o homem. Portanto, a Não é correto afirmar que a discussão racional dos
Filosofia não surgiu de forma inesperada e isolada, sábios gregos causou o abandono do mito e da
mas como resultado de uma série de transformações religião na Grécia. Embora a filosofia tenha
históricas e culturais que ocorreram na Grécia antiga. questionado e criticado as narrativas mitológicas,
muitos filósofos continuaram a reconhecer a
37. “E no plano político que a Razão, na Grécia, importância dos mitos como formas de expressão
primeiramente se exprimiu, constituiu-se e formou- simbólica e poética.
se. A experiência social pode tornar-se entre os
gregos o objeto de uma reflexão positiva, porque se 38. “A proposição de Tales de que a água é o
prestava, na cidade, a um debate público de absoluto ou, como diziam os antigos, o princípio, é
argumentos. O declínio do mito data do dia em que filosófica: com ela, a filosofia começa porque, através
os primeiros Sábios puseram em discussão a ordem dela, chega à consciência de que o um é a essência, o
humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi- verdadeiro, o único que é em si e para si. Começa
la em formulas acessíveis a sua inteligência, aplicar- aqui um distanciar-se daquilo que é em nossa
lhe a norma do número e da medida. Assim se percepção sensível; um afastar-se deste ente imediato
destacou e se definiu um pensamento propriamente - um recuar diante dele. Os gregos consideraram o
político, exterior a religião, com seu vocabulário, seus sol, as montanhas, os rios, etc., como forças
conceitos, seus princípios, suas vistas teóricas. Este autônomas, honrando-os como deuses, elevados pela
pensamento marcou profundamente a mentalidade fantasia a seres ativos, móveis, conscientes, dotados
do homem antigo; caracteriza uma civilização que de vontade. Isto gera em nós a representação da pura
não deixou, enquanto permaneceu viva, de criação pela fantasia — animação infinita e universal,
considerar a vida pública como o coroamento da figuração, sem unidade simples. Com essa
atividade humana”. proposição está aquietada a imaginação selvagem,
Considerando a citação acima, extraída do livro As infinitamente colorida, de Homero; dissociar-se de
origens do pensamento grego, de Jean Pierre Vernant, e os uma infinidade de princípios, toda esta representação
conhecimentos da relação entre mito e filosofia, e de que um objeto singular é algo que
INCORRETO afirmar que verdadeiramente subsiste para si, que é uma força
A) os filósofos gregos ocupavam-se das matemáticas para si, autônoma e acima das outras, é sobressumida
e delas se serviam para constituir um ideal de e assim está posto que só há um universal, o
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universal ser em si e para si, a intuição simples e sem 39. “É no plano político que a Razão, na Grécia,
fantasia, o pensamento de que apenas um é. Este primeiramente se exprimiu, constituiu-se e formou-
universal está, ao mesmo tempo, em relação com o se. A experiência social pode tornar-se entre os
singular, com a aparição, com a existência do gregos o objeto de uma reflexão positiva, porque se
mundo.” prestava, na cidade, a um debate público de
Hegel argumentos. O declínio do mito data do dia em que
“Não se trata de contrapor os gregos aos outros os primeiros Sábios puseram em discussão a ordem
povos, como se fossem destituídos de racionalidade. humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi-
Mas diante do real, os gregos não se limitaram a uma la em fórmulas acessíveis a sua inteligência, aplicar-
atividade prática ou a um comportamento religioso; lhe a norma do número e da medida. Assim se
ao lado disso, souberam assumir um comportamento destacou e se definiu um pensamento propriamente
propriamente filosófico: a pergunta filosófica exige político, exterior a religião, com seu vocabulário, seus
uma postura mais puramente conceitos, seus princípios, suas vistas teóricas. Este
intelectual.” pensamento marcou profundamente a mentalidade
Gerd A. Bornheim do homem antigo; caracteriza uma civilização que
Considerando os textos acima, que tratam do não deixou, enquanto permaneceu viva, de
surgimento da filosofia e do primeiro filósofo grego, considerar a vida pública como o coroamento da
Tales de Mileto, é CORRETO afirmar que atividade humana”.
A) a proposição de Tales é filosófica, mas não Considerando a citação acima, extraída do livro As
constitui uma resposta racional que pretende origens do pensamento grego, de Jean Pierre Vernant, e os
organizar o mundo para além da ordem mitológica conhecimentos da relação entre mito e filosofia, é
ou do ente imediato. incorreto afirmar que
B) ao afirmar que a água é o princípio de tudo, Tales a) os filósofos gregos ocupavam-se das matemáticas
institui mais uma perspectiva para o mito, mas agora e delas se serviam para constituir um ideal de
como uma verdade sobre o que é a realidade. pensamento que deveria orientar a vida pública do
C) o advento da filosofia não distingue os gregos de homem grego.
seus contemporâneos ou daqueles que os b) a discussão racional dos Sábios que traduziu
antecederam, apenas acrescenta uma nova noção, a a ordem humana em fórmulas acessíveis a
noção de ser, à história da cultura. inteligência causou o abandono do mito e, com
D) a representação que temos do mundo, formada ele, o fim da religião e a decorrente
pela fantasia e pelo mito, guia a razão à essência do exclusividade do pensamento racional na
real e motiva os primeiros filósofos em suas Grécia.
reflexões. c) a atividade humana grega, desde a invenção da
E) a filosofia, ao surgir, impulsiona a razão a se política, encontrava seu sentido principalmente na
perguntar se aquilo que observamos através de vida pública, na qual o debate de argumentos era
nossa percepção sensível constitui a verdadeira orientado por princípios racionais, conceitos e
essência da realidade. vocabulário próprios.
d) a política, por valorizar o debate público de
A partir dos textos apresentados, é correto afirmar argumentos que todos os cidadãos podem
que a opção correta é a letra E) a filosofia, ao surgir, compreender e discutir, comunicar e transmitir, se
impulsiona a razão a se perguntar se aquilo que distancia dos discursos compreensíveis apenas pelos
observamos através de nossa percepção sensível iniciados em mistérios sagrados e contribui para a
constitui a verdadeira essência da realidade. Os textos constituição do pensamento filosófico orientado pela
enfatizam que o surgimento da filosofia está ligado a Razão.
uma postura mais puramente intelectual e reflexiva e) ainda que o pensamento filosófico prime pela
diante da realidade, que busca compreender a racionalidade, alguns filósofos, mesmo após o
essência das coisas além da ordem mitológica e da declínio do pensamento mitológico, recorreram a
percepção sensível imediata. Além disso, a narrativas mitológicas para expressar suas ideias;
proposição de Tales de que a água é o princípio de exemplo disso e o “Mito de Er” utilizado por Platão
tudo é apresentada como uma proposição filosófica para encerrar sua principal obra, A República.
que leva à consciência de que o um é a essência
verdadeira e única em si e para si, o que indica uma Não é correto afirmar que a discussão racional dos
reflexão sobre a natureza da realidade para além da sábios gregos causou o abandono do mito e da
aparência imediata. religião na Grécia. Embora a filosofia tenha
questionado e criticado as narrativas mitológicas,
muitos filósofos continuaram a reconhecer a
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importância dos mitos como formas de expressão culturas, o que contribuiu para a passagem do Mito
simbólica e poética. ao Logos.
e) A atividade comercial e as constantes viagens
40. Nas práticas arcaicas, o discurso não constata o oportunizaram a troca de
real, ele performativamente o faz ser. (...) No informações/conhecimentos, a
discurso “racional” diz-se que as coisas são tais; logo, observação/assimilação dos modos de vida de
diz-se a verdade: subordina-se a verdade ao real que outros povos, contribuindo, assim, de modo
ela enuncia. (...) A passagem às práticas racionais de decisivo, para a construção da passagem do
veridicidade pode, portanto, ser descrita como uma Mito ao Logos.
inversão: da autoridade do mestre como abonador da
realidade daquilo que ele fala à autoridade da A atividade comercial e as viagens foram
realidade como abonadora da veridicidade do que diz fundamentais para o contato dos gregos com outras
o locutor. culturas e povos, o que possibilitou a troca de
No texto supracitado, Francis Wolff aponta uma das informações e a assimilação de novos
várias diferenças fundamentais entre o discurso conhecimentos. Essa interação cultural foi um dos
racional e o discurso arcaico ou mítico. A partir dele, fatores que contribuiu para o surgimento do
é correto dizer que no discurso pensamento racional e para a superação do
A) racional a verdade e a realidade estão pensamento mítico na Grécia antiga.
subordinadas a seu enunciador.
B) mítico a verdade impõe-se a partir da realidade 3. PRÉ-SOCRÁTICOS
das coisas, a despeito do mestre que o profere.
C) racional a verdade depende de práticas rituais que 42. De onde vem o mundo? De onde vem o
instituem a própria realidade. universo? Tudo o que existe tem que ter um começo.
D) racional a realidade é instituída Portanto, em algum momento, o universo também
performativamente pelo elocutor. tinha de ter surgido a partir de uma outra coisa. Mas,
E) racional a verdade é subordinada à realidade se o universo de repente tivesse surgido de alguma
das coisas que se busca descrever. outra coisa, então essa outra coisa também devia ter
surgido de alguma outra coisa algum dia. Sofia
No discurso racional, a verdade é subordinada à entendeu que só tinha transferido o problema de
realidade das coisas que se busca descrever, enquanto lugar. Afinal de contas, algum dia, alguma coisa tinha
que no discurso arcaico ou mítico, o discurso de ter surgido do nada. Existe uma substância básica
performativo cria a realidade que é descrita. O autor a partir da qual tudo é feito? A grande questão para
do texto aponta que a passagem do discurso arcaico os primeiros filósofos não era saber como tudo
para o racional é marcada por uma inversão na qual a surgiu do nada. O que os instigava era saber como a
autoridade do mestre como abonador da realidade é água podia se transformar em peixes vivos, ou como
substituída pela autoridade da realidade como a terra sem vida podia se transformar em árvores
abonadora da veridicidade do discurso. Ou seja, no frondosas ou flores multicoloridas.
(Adaptado de: GAARDER, J. O Mundo de Sofia. Trad. de João
discurso racional, a verdade é verificada pela Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.43-44.)
correspondência entre o que é dito e a realidade das Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
coisas. surgimento da filosofia, assinale a alternativa correta.
a) Os pensadores pré-socráticos explicavam os
41. A passagem do Mito ao Logos na Grécia antiga fenômenos e as transformações da natureza e porque
foi fruto de um amadurecimento lento e processual. a vida é como é, tendo como limitador e princípio de
Por muito tempo, essas duas maneiras de explicação verdade irrefutável as histórias contadas acerca do
do real conviveram sem que se traçasse um corte mundo dos deuses.
temporal mais preciso. Com base nessa afirmativa, é b) Os primeiros filósofos da natureza tinham a
correto afirmar: convicção de que havia alguma substância
a) O modo de vida fechado do povo grego facilitou a básica, uma causa oculta, que estava por trás de
passagem do Mito ao Logos. todas as transformações na natureza e, a partir
b) A passagem do Mito ao Logos, na Grécia, foi da observação, buscavam descobrir leis naturais
responsabilidade dos tiranos de Siracusa. que fossem eternas.
c) A economia grega estava baseada na c) Os teóricos da natureza que desenvolveram seus
industrialização, e isso facilitou a passagem do Mito sistemas de pensamento por volta do século VI a.C.
ao Logos. partiram da ideia unânime de que a água era o
d) O povo grego antigo, nas viagens, se encontrava princípio original do mundo por sua enorme
com outros povos com as mesmas preocupações e capacidade de transformação.
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e) Pitágoras compreendeu que a diversidade com que . ] E a deusa acolheu-me de bom grado, mão na mão
a natureza se manifesta permite inferir que a direita tomando, e com estas palavras se me dirigiu: [.
realidade última das coisas assenta-se na matéria . . ] Vamos, vou dizer-te – e tu escuta e fixa o relato
sensível e no modo como as coisas se apresentam que ouviste – quais os únicos caminhos de
aos sentidos humanos. investigação que há para pensar, um que é, que não é
para não ser, é caminho de confiança (pois
O texto afirma que Pitágoras estabeleceu uma acompanha a realidade): o outro que não é, que tem
conexão entre a Música e a Matemática, e que a nova de não ser, esse te indico ser caminho em tudo
concepção da estrutura da música exprime a relação ignoto, pois não poderás conhecer o não-ser, não é
das partes com o todo, implicando o conceito possível, nem indicá-lo [. . . ] pois o mesmo é pensar
matemático de proporção, que o pensamento grego e ser.
figura em forma geométrica e intuitiva. Além disso, a PARMÊNIDES. Da Natureza, frags. 1-3. Trad. José Trindade
ideia grega de harmonia abrange a arquitetura, a Santos. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2009. p. 13-15.
poesia e a retórica, a religião e a ética. Dessa forma, a Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
concepção pitagórica de mundo influenciou a cultura filosofia de Parmênides, assinale a alternativa correta.
grega, permitindo que os gregos formassem a a) Pensar e ser se equivalem, por isso o
consciência de que, na ação prática dos cidadãos, pensamento só pode tratar e expressar o que é, e
existe uma norma do que é proporcional, que deve não o que não é – o não ser.
ser seguida também na esfera do direito. b) A percepção sensorial nos possibilita conhecer as
coisas como elas verdadeiramente são.
45. A dialética não é um mero método que organiza, c) O ser é mutável, eterno, divisível, móvel e, por
mentalmente, na cabeça do filósofo, a realidade que isso, a razão consegue conhecê-lo e expressá-lo.
lhe é exterior. Ao contrário, a dialética é, para d) A linguagem pode expressar tanto o que é como o
autores como Hegel e Marx, a única forma de ler a que não é, pois ela obedece aos princípios de
realidade sem traí-la ou distorcê-la, pois é na própria contradição e de identidade.
realidade que se situam as contradições dialéticas. e) O ser é e o não ser não é indica que a realidade
Ciente dessa compreensão assinale a opção que sensível é passível de ser conhecida pela razão.
exprime corretamente essa identificação da
contradição do real com a forma de pensar. O trecho do fragmento de Parmênides que indica
a) O filósofo, ao olhar para o real, identifica-o isso é: "pois o mesmo é pensar e ser". Segundo
como um mundo ausente de negações, fixo e Parmênides, o ser é imutável, eterno, uno, imóvel e
imóvel, como o ser no poema de Parmênides. não divisível, e o não ser não é e não pode ser
b) Como pensou Platão, o devir dos entes finitos pensado ou conhecido, pois não existe. Portanto, só
lhes permite participar de ideias contraditórias, mas é possível falar e pensar sobre o ser. A percepção
estas próprias ideias não devêm. sensorial não é considerada por Parmênides como
c) Como pensou Heráclito, a própria capaz de captar a verdadeira realidade, mas apenas a
realidade é repleta de mudanças e aparência das coisas que podem enganar os sentidos.
conflitualidades, o que faz com que o filósofo A linguagem também é limitada, pois só pode
a pense mutável e contraditória. expressar o que é.
d) A realidade, como pensou Demócrito, é um
turbilhão de átomos agregando-se e 47. TEXTO I
desagregando-se em uma queda perpétua no Fragmento B91: Não se pode banhar duas
vazio. vezes no mesmo rio, nem substância mortal alcançar
duas vezes a mesma condição; mas pela intensidade e
A dialética consiste em identificar essas rapidez da mudança, dispersa e de novo reúne.
HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo:
contradições e mudanças presentes na realidade e Abril Cultural, 1996 (adaptado).
usá-las como instrumento para compreendê-la,
sem distorcê-la ou traí-la. Para autores como TEXTO II
Hegel e Marx, a dialética é um método de análise Fragmento B8: São muitos os sinais de que o
que permite compreender a realidade em sua ser é ingênito e indestrutível, pois é compacto,
complexidade e contradições, sem simplificá-la ou inabalável e sem fim; não foi nem será, pois é agora
reduzi-la a uma visão unidimensional. um todo homogêneo, uno, contínuo. Como poderia
o que é perecer? Como poderia gerar-se?
46. Os corcéis que me transportam, tanto quanto o PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002
ânimo me impele, conduzem-me, depois de me (adaptado).
terem dirigido pelo caminho famoso da divindade [. .
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c) água, que expressa a causa material da origem do b) Platão propõe algumas teses como a teoria da
universo. reminiscência e a transmigração das almas.
d) imobilidade, que sustenta a existência do ser c) Heráclito afirma: “As almas aspiram o aroma do
atemporal. Hades”.
e) átomo, que explica o surgimento dos entes. d) Aristóteles divide a ciência em três ramos: o
teorético, o prático e o poético.
Demócrito foi um filósofo da natureza defensor da
teoria segundo a qual todas as coisas são formadas de Aristóteles retoma a problemática do conhecimento
átomos. É deles que surgem todas as coisas. e se preocupa em definir ciência como conhecimento
verdadeiro, pelas causas, capaz de superar os enganos
51. Em seu poema, Parmênides argumenta em favor
do mito e da opinião, por isto, rejeita, por exemplo, o
do que parecem ser três vias ou caminhos de
investigação. Deles, considerou apenas um mundo das ideias de Platão.
absolutamente verdadeiro; outro, totalmente falso, e
um terceiro, verossímil. 53. Sobre o pensamento de Heráclito de Éfeso, mar-
Sobre a filosofia de Parmênides, assinale a alternativa que a alternativa INCORRETA.
INCORRETA. a) Segundo Heráclito, a realidade do Ser é a
a) O ser é a única coisa pensável e exprimível. Pensar imobilidade, uma vez que a luta entre os opostos
é ser e o não-ser é absolutamente impensável. neutraliza qualquer possibilidade de movimento.
b) O ser de Parmênides possui sentido unívoco, isto b) Heráclito concebe o mundo como um eterno
é, assume, em sua formulação, o princípio da não devir, isto é, em estado de perene movimento. Nesse
contradição. sentido, a imobilidade apresenta-se como uma ilusão.
c) O ser é ingênito, incorruptível, não tem passado c) Para Heráclito, a guerra (pólemos) é o princípio
nem futuro, é agora, imutável e imóvel. regulador da harmonia do mundo.
d) O ser pode ser e não ser ao mesmo tempo em d) Segundo Heráclito, o um é múltiplo e o múltiplo é
situações específicas, como no caso de um.
manifestar-se fisicamente, em dimensão
humana. As famosas frases de que “não podemos nos banhar
duas vezes no mesmo rio” e de que “tudo flui” são
Parmênides é o fundador do princípio de identidade expressões do pensamento de Heráclito a respeito
no ocidente, que afirma que aquilo que é deve ser da natureza como um eterno devir, como um fluxo
sempre idêntico a si mesmo. Na verdade a reflexão perpétuo. Além disso, Heráclito considerava que a
realizada pelo autor versa sobre o que é assimilado realidade corres- ponderia a uma harmonia de
pelos sentidos e o que é conhecido pela razão, contrários que estariam em constante transformação.
diferenciando doxa (opinião) de aletheia (verdade). Ao analisarmos as alternativas, percebemos que
Em função disso, quando interpretamos literalmente a alternativa [A] está em contradição com este
o poema, chegamos características como eterno, argumento, sendo, por isso, a única incorreta.
imóvel, imutável. Ainda que interpretemos de forma
mais flexível, o ser não pode ser e não ser idêntico a 54. Na filosofia de Parmênides preludia-se o tema da
si mesmo. ontologia. A experiência não lhe apresentava em
nenhuma parte um ser tal como ele o pensava, mas,
52. A relação entre mito e filosofia é objeto de polê- do fato que podia pensá-lo, ele concluía que ele
mica entre muitos estudiosos ainda hoje. Para alguns, precisava existir: uma conclusão que repousa sobre o
a filosofia nasceu da ruptura com o pensamento pressuposto de que nós temos um órgão de co-
mítico (teoria do “milagre grego”); para outros, nhecimento que vai à essência das coisas e é
houve uma continuidade entre mito e filosofia, ou independente da experiência. Segundo Parmênides, o
seja, de alguma forma os mitos continuaram elemento de nosso pensamento não está presente na
presentes – seja como forma, seja como conteúdo – intuição mas é trazido de outra parte, de um mundo
no pensamento filosófico. extrassensível ao qual nós temos um acesso direto
A partir destas informações, assinale a alternativa que através do pensamento.
NIETZSCHE, Friedrich. A filosofia na época trágica dos
NÃO contenha um exemplo de pensamento mítico
gregos. Trad. Carlos A. R. de Moura. In Os pré-socráticos.
no pensamento filosófico. São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 151. Coleção Os
a) Parmênides afirma: “Em primeiro lugar, criou (a Pensadores
divindade do nascimento ou do amor) entre todos os Marque a alternativa INCORRETA.
deuses, a Eros...”
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a) Para Parmênides, o Ser e a Verdade coincidem, 56. A primeira escola filosófica grega é a de Mileto e
porque é impossível a Verdade residir naquilo que seus principais representantes são Tales,
Não-é: somente o Ser pode ser pensado e dito. Anaximandro e Anaxímenes. Esses filósofos são
b) Pode-se afirmar com segurança que Parmênides considerados monistas, pois propõem
rejeita a experiência como fonte da verdade, pois, A) um único elemento como princípio original
para ele, o Ser não pode ser percebido pelos de tudo.
sentidos. B) dois elementos principais como princípio original
c) Parmênides é nitidamente um pensador de tudo.
empirista, pois afirma que a verdade só pode ser C) três elementos como princípio original de tudo.
acessada por meio dos sentidos. D) quatro elementos principais como princípio
d) O pensamento, para Parmênides, é o meio original de tudo.
adequado para se chegar à essência das coisas, ao E) vários elementos como princípio original de tudo.
Ser, porque os dados dos sentidos não são
suficientes para apreender a essência. Os filósofos pré-socráticos de Mileto foram os
primeiros a tentar explicar a natureza do universo a
“Nós temos um órgão de conhecimento que vai à partir de princípios racionais, ao invés de mitos e
essência das coi- sas e é independente da lendas. Todos os três filósofos são considerados
experiência”. Tal argumento é justamente o oposto monistas, pois acreditavam que a realidade era
composta de um único elemento ou substância
de um pressuposto empirista. Sendo assim, se deduz
básica, que era o princípio original de tudo. Para
facil- mente que a alternativa [C] é a única incorreta. Tales, esse elemento era a água; para Anaximandro,
era o ápeiron (o ilimitado); e para Anaxímenes, era o
55. Heráclito de Éfeso viveu entre os séculos VI e V ar.
a. C. e sua doutrina, apesar de criticada pela filosofia
clássica, foi resgatada por Hegel, que recuperou sua 57. “O número é a essência de todo o existente. Toda a
importante contribuição para a Dialética. Os dois harmonia do cosmo é justificada pelos números”.
fragmentos a seguir nos apresentam este Essa frase está relacionada a
pensamento. A) Leucipo.
- “Este mundo, igual para todos, nenhum dos B) Sócrates.
deuses e nenhum dos homens o fez; sempre foi, é C) Pitágoras.
e será um fogo eternamente vivo, acendendo-se e D) Aristóteles.
apagando-se conforme a medida.” (fragmento E) Anaxímenes.
30).
- “Para as almas, morrer é transformar-se em Essa frase é uma síntese da filosofia pitagórica, que
água; para a água, morrer é transformar-se em acreditava que a realidade fundamental do universo
terra. Da terra, contudo, forma-se a água, e da era composta por números e que toda a existência
água a alma.” (fragmento 36). era governada por leis numéricas. Pitágoras e seus
De acordo com o pensamento de Heráclito, marque seguidores consideravam a matemática como a chave
a alternativa incorreta. para compreender a natureza e a harmonia do
a) As doutrinas de Heráclito e de Parmênides universo.
estão em perfeito acordo sobre a imutabilidade
do ser. 58. Leia o fragmento de autoria de Heráclito.
b) Para Heráclito, a ideia de que “tudo flui” significa Deus é dia e noite, inverno e verão, guerra e paz,
que nada permanece fixo e imóvel. abundância e fome. Mas toma formas variadas assim
c) Heráclito desenvolve a ideia da harmonia dos como o fogo, quando misturado com essências, toma
contrários, isto é, a permanente conciliação dos o nome segundo o perfume de cada uma delas.
opostos. BORNHEIM, G. (Org.). Os filósofos pré-socráticos. São Paulo:
d) A expressão “devir” é adequada para Cultrix, 1998, p. 40.
compreendermos a doutrina de Heráclito. Conforme o exposto, “Deus”, no pensamento de
Heráclito, significa:
Somente a alternativa [A] está incorreta. A filosofia A) A unidade dos contrários.
de Heráclito se opu- nha à de Parmênides. Enquanto B) O fundamento da religião monoteísta do período
Heráclito pensava a vida como um devir, em arcaico.
C) Uma abstração para refutar o logos.
constante transformação, Parmênides defendia a D) A impossibilidade da harmonia no mundo.
imutabili- dade do ser.
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Heráclito acreditava que a realidade fundamental do no pensamento mítico é evidenciado na assertiva IV.
universo era o logos, que era a razão divina que A assertiva I não é condizente com o fragmento em
governava todas as coisas. O logos era também a questão.
unidade dos contrários, como dia e noite, inverno e
verão, guerra e paz, etc. Ele entendia que o universo 4. SOFISTAS
era governado por uma dinâmica constante de
60. A palavra democracia originou-se na Grécia
conflitos e mudanças, e que a harmonia era alcançada
Antiga e ganhou conteúdo diferente a partir do
através da tensão entre os opostos. O fragmento
século XIX. Ao contrário do seu significado
citado reflete essa visão, ao comparar Deus com o
contemporâneo, a democracia na Pólis grega:
fogo, que toma formas variadas conforme as
a) era exercida pelos cidadãos de maneira indireta,
essências com as quais se mistura.
considerando que estes escolhiam seus
representantes políticos por intermédio de eleições
59. Leia o fragmento de um texto pré-socrático:
periódicas e regulares.
“Ainda outra coisa te direi. Não há nascimento para
b) pregava a igualdade de todas as camadas populares
nenhuma das coisas mortais, como não há fim na
perante a lei, garantindo a todos o direito de tomar a
morte funesta, mas somente composição e
palavra na Assembleia dos cidadãos reunida na praça
dissociação dos elementos compostos: nascimento
da cidade.
não é mais do que um nome usado pelos homens”.
EMPÉDOCLES. Apud ARANHA/ MARTINS. Filosofando:
c) evitava a participação dos militares e guerreiros,
Introdução à Filosofia. 3ª Ed., São Paulo: Moderna, 2006 - p. 86. considerando-os incapazes para o exercício da livre
A respeito da relação entre mythos e logos (razão) no discussão e para a tomada de decisões consensuais.
início da filosofia grega, analise as assertivas e d) abrangia o conjunto da população da cidade,
assinale a alternativa que aponta as corretas. reconhecendo o direito de participação de
I. O fragmento acima denota a “luta de forças” camponeses e artesãos em assembleias plebeias
opostas na massa dos membros humanos, que ora livremente eleitas.
unem-se pelo amor – no início todos os membros que e) embora excluísse do gozo político mulheres,
atingiram a corporeidade da vida florescente –, ora menores e estrangeiros e ainda convivessem
divididos pela força da discórdia, erram separados nas com a escravidão, oferecia plenitude e isonomia
linhas da vida. Assim ocorre também com todos os a todos considerados cidadãos. Homens maiores
outros seres na natureza. de idade nascidos na cidade, filhos de pais
II. A verdade filosófica apresenta-se no pensamento atenienses, independente da posição social.
de Empédocles através de uma estrutura lógica
muito distante da “verdade” expressa nos relatos Na Grécia Antiga, a democracia não incluía todas as
míticos dos gregos arcaicos. camadas da população, mas apenas os cidadãos
III. Nascimento e morte, no texto de Empédocles, são livres, homens maiores de idade nascidos na cidade,
apresentados por meio de representações míticas que filhos de pais atenienses. Mulheres, menores,
o filósofo retira de uma tradição religiosa presente estrangeiros e escravos eram excluídos do gozo
ainda em seu tempo. Essas imagens, político. No entanto, dentro do grupo dos cidadãos,
consequentemente, se transpõem, sem deixarem de havia plenitude e isonomia, ou seja, todos tinham
ser místicas, em uma filosofia que quer captar a igualdade perante a lei e o direito de participar das
verdadeira essência da realidade física. assembleias populares, tomar a palavra e votar nas
IV. O fragmento denota continuidade do pensamento decisões políticas. Não havia representantes eleitos,
mítico no início da filosofia, pois estão presentes pois a democracia era direta, ou seja, as decisões
ainda o uso de certas estruturas comuns de eram tomadas pela própria Assembleia dos cidadãos
explicação. reunida na praça da cidade.
a) Apenas II, III e IV estão corretas.
b) Apenas I, III e IV estão corretas. 61. Na Atenas do século V a.C., a sociedade
c) Apenas I e II estão corretas. experimentou, por um breve período de tempo, o
d) Apenas I e IV estão corretas. regime democrático. A democracia grega possuía
e) Apenas I, II e IV estão corretas. algumas características que a tornam diferente das
democracias modernas, ainda que estas se inspirem
O fragmento de Empédocles apresenta uma nela para se constituírem.
estrutura lógica que se distancia dos relatos míticos São características da democracia ateniense, refe-
gregos, mas também faz uso de representações rentes ao período acima mencionado:
míticas para captar a essência da realidade física, o I. Na democracia ateniense, nem todos são cidadãos.
que é destacado na assertiva III. Além disso, o uso Grande parcela da população (mulheres, crianças,
de certas estruturas comuns de explicação presentes
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escravos e estrangeiros) não possui direitos políticos No texto, está relatado um exemplo de exercício da
e é excluída da cidadania. cidadania associado ao seguinte modelo de prática
II. A democracia grega se constitui de forma democrática:
representativa, como as modernas. O cidadão A) direta.
considerado mais sábio é escolhido para representar B) sindical.
o povo e exerce o poder sobre os outros. C) socialista.
III. A democracia grega foi a única experiência D) corporativista.
histórica em que ocorre uma participação direta do E) representativa.
cidadão. Essa participação consistia em longas
assembleias nas quais eram tomadas as decisões, pelo No contexto da Grécia Antiga, a prática democrática
voto, acerca das leis e projetos de interesse popular. era direta, ou seja, a tomada de decisões políticas era
IV. A democracia grega, por ser representativa, realizada diretamente pelos cidadãos, que se reuniam
tornou-se local de decisões que contemplavam na ágora para discutir e votar as leis e projetos de
somente o interesse dos grupos sociais dominantes. interesse comum. Não havia a figura do
Nem todos os assuntos eram tratados nas representante, como nas democracias representativas
assembleias populares, ficando a pauta restrita ao modernas, em que os cidadãos elegem seus
interesse de alguns grupos. representantes para tomar decisões em seu nome. Na
Assinale a alternativa correta. democracia direta grega, os próprios cidadãos se
a) As assertivas III e IV são corretas. reuniam em assembleias e tomavam as decisões de
b) As assertivas I e III são corretas. forma coletiva e direta. Esse modelo de prática
c) As assertivas I, II e IV são corretas. democrática é diferente dos modelos sindical,
d) Apenas a assertiva I está correta. socialista, corporativista, que possuem características
e) As assertivas II, III e IV estão corretas. específicas de representação e organização.
A assertiva I está correta, uma vez que a cidadania na 63. A questão da verdade é encarada pelos sofistas
democracia ateniense era restrita a homens livres, como
maiores de idade e nascidos em Atenas. Mulheres, A) um a priori do espírito.
crianças, escravos e estrangeiros não possuíam B) proveniente da divindade.
direitos políticos. C) expressão de poder absoluto.
D) produção técnica da racionalidade.
A assertiva II está incorreta, pois a democracia grega E) expressão absoluta do conhecimento
não era representativa como as democracias
modernas. As decisões políticas eram tomadas em Para os sofistas, a verdade não é algo absoluto ou
assembleias populares, nas quais os cidadãos podiam divino, mas sim uma produção técnica da
participar diretamente. racionalidade humana. Eles acreditavam que a
verdade era relativa e dependia do contexto, da
A assertiva III está correta, já que a democracia perspectiva e dos interesses de quem a enunciava.
ateniense permitia a participação direta do cidadão Assim, a verdade não era algo fixo e imutável, mas
nas assembleias populares, nas quais se discutiam e sim algo que podia ser construído, negociado e
votavam as leis e os projetos de interesse popular. transformado por meio da retórica e da
argumentação. Esta visão relativista da verdade foi
A assertiva IV está incorreta, pois a democracia grega muito criticada pelos filósofos posteriores, que
não era representativa e não se limitava ao interesse buscaram uma concepção mais objetiva e universal
dos grupos sociais dominantes. As assembleias da verdade.
populares eram compostas por todos os cidadãos,
que podiam discutir e votar em igualdade de 64. Os sofistas são conhecidos por serem os
condições. “antifilósofos”, os adversários preferidos dos
primeiros filósofos gregos. Entre as acusações a eles
62. No contexto da polis grega, as leis comuns endereçadas estava que “aboliram o critério, porque
nasciam de uma convenção entre cidadãos, definida afirmam que todas as aparências e todas as opiniões
pelo confronto de suas opiniões em um verdadeiro são verdadeiras e que a verdade é algo relativo, pois
espaço público, a ágora, confronto esse que concedia que tudo o que é aparência ou opinião para um
a essas convenções a qualidade de instituições indivíduo existe [deste modo] para ele.”
públicas. (MARQUES, M. P. Os sofistas: o saber em questão. In:
MAGDALENO. F. S. A territorialidade da representação FIGUEIREDO, V. de (Org.) Filósofos na Sala de Aula. São
política: vínculos territoriais de compromisso dos deputados Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, v. 2, p. 31).
fluminenses. São Paulo: Annablume, 2010.
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Sobre a atitude filosófica dos sofistas, é correto como a especulação filosófica e a prática desportiva,
afirmar que visando à realização do humano.
01) os sofistas não desejam a busca da verdade, pois II. Na pólis governada por juristas apoiados por
essa era uma tarefa dos filósofos. atletas com poder de comando das tropas, o cidadão
02) os sofistas não negavam a verdade, apenas considerava a igualdade econômica como a
apontavam os problemas relativos à sua realização do ser humano.
aquisição. III. O cidadão era o elemento que integrava a pólis à
04) os sofistas apresentavam, com suas natureza e tal integração era representada pela
contraargumentações, problemas relevantes para corpolatria e pelas atividades físicas impostas pelo
os filósofos. Senado.
08) filósofos e sofistas perfazem duas IV. O ideal do cidadão era expresso pela sua
personagens relevantes da filosofia na Grécia participação nas ações e decisões da pólis, o que
antiga. incluía a busca da beleza e do equilíbrio entre as
16) os sofistas pretendiam desmascarar os filósofos formas.
na sua capacidade de desvirtuar e iludir a juventude. Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
A atitude filosófica dos sofistas pode ser resumida b) Somente as afirmativas II e III são corretas.
como uma abordagem crítica em relação à verdade, c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
questionando a possibilidade de conhecê-la de forma d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
absoluta e objetiva. Dessa forma, a afirmativa 01 está e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
incorreta, já que os sofistas também buscavam a
verdade, embora com uma abordagem diferente dos I. Ao cidadão, cabia tempo livre para se dedicar
filósofos. A afirmativa 16 está incorreta, pois não há integralmente ao que era próprio do ser político,
evidências de que os sofistas tivessem como objetivo como a especulação filosófica e a prática desportiva,
desmascarar os filósofos. Já as afirmativas 02, 04 e 08 visando à realização do humano. (Correta)
estão corretas, pois os sofistas apontavam os
problemas relativos à aquisição da verdade, II. Na pólis governada por juristas apoiados por
apresentavam contraargumentações relevantes para atletas com poder de comando das tropas, o cidadão
os filósofos e são personagens relevantes na história considerava a igualdade econômica como a
da filosofia na Grécia antiga. Portanto, a resposta realização do ser humano. (Incorreta - não era a
correta é 02, 04, 08. igualdade econômica que era vista como realização
do ser humano, mas sim a participação ativa na vida
65. Observe a figura e responda à questão. política da pólis)
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necessita de referência precisa, pois há uma mistura acolher como próprios os métodos do interlocutor,
de termos antigos e modernos que cria um ana- especial- mente quando eram homens de cultura para
cronismo inaceitável. Todavia, até onde conseguimos assim, derrubá-los com a mesma lógica que lhes
percebemos, a intenção da alternativa é ressaltar que
oferecia a fim de agarrá-los em contradição.
os pré-socráticos mantinham pesquisas preocupadas
com o conhecimento da natureza, enquan- to Reconhecendo-se sempre ignorante – “só sei que
Sócrates possuía como grande tema o conhecimento nada sei” – fazia-se uma espécie de parteiro das
de si. Essa noção é parcialmente verdadeira, pois almas trazendo sempre à luz aquilo que seus
nem os pré-socráticos eram simplesmente interlocutores não sabiam.
preocupados com o “mundo objetivo”, nem Sócrates
era simplesmente preocupado com o “mundo 71. Uma conversação de tal natureza transforma o
subjetivo”. A natureza, o cosmos, possui enorme ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça;
importância para a filosofia desenvolvida por Platão; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção
podemos observar isso na leitura da República (Livro uma direção incomum: os temperamentais, como
VI, por exemplo). Alcibíades sabem que encontrarão junto dele todo o
bem de que são capazes, mas fogem porque receiam
70. Em um importante trecho da sua obra
essa influência poderosa, que os leva a se
Metafísica, Aristóteles se refere a Sócrates nos
censurarem. Sobretudo a esses jovens, muitos quase
seguintes termos:
crianças, que ele tenta imprimir sua orientação.
Sócrates ocupava-se de questões éticas e não da BREHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou,
natureza em sua totalidade, mas buscava o universal 1977.
no âmbito daquelas questões, tendo sido o primeiro O texto evidencia características do modo de vida
a fixar a atenção nas definições. socrático, que se baseava na
Aristóteles. Metafísica, A6, 987b 1-3. Tradução de Marcelo Perine. São a) contemplação da tradição mítica.
Paulo: Loyola, 2002.
b) sustentação do método dialético.
Com base na filosofia de Sócrates e no trecho
c) relativização do saber verdadeiro.
supracitado, assinale a alternativa correta.
d) valorização da argumentação retórica.
a) O método utilizado por Sócrates consistia em
e) investigação dos fundamentos da natureza.
um exercício dialético, cujo objetivo era livrar o
seu interlocutor do erro e do preconceito − com
Sócrates foi um filósofo grego que costuma usar o
o prévio reconhecimento da própria ignorância
método dialético para questionar seus interlocutores
−, e levá-lo a formular conceitos de validade
e fazer com que percebessem que na verdade não
universal (definições).
sabiam o que acreditavam saber. Método dialético,
b) Sócrates era, na verdade, um filósofo da natureza.
nesse caso, significa oposição, contradição de ideias
Para ele, a investigação filosófica é a busca pela
e, a partir disso, a elaboração de novas ideias, mais
“Arché”, pelo princípio supremo do Cosmos. Por
sólidas que aquelas das quais se partiu.
isso, o método socrático era idêntico aos utilizados
pelos filósofos que o antecederam (Pré-socráticos).
72. O trecho seguinte, do diálogo platônico Górgias,
c) O método socrático era empregado simplesmente
refere-se ao modo de filosofar de Sócrates.
para ridicularizar os homens, colocando-os diante da
“Assim, Cálicles, desmanchas o nosso convênio e te
própria ignorância. Para Sócrates, conceitos
desqualificas para investigar comigo a verdade, se
universais são inatingíveis para o homem; por isso,
externares algo contra tua maneira de pensar.”
para ele, as definições são sempre relativas e PLATÃO. Górgias. Trad. de Carlos Alberto Nunes. Belém:
subjetivas, algo que ele confirmou com a máxima “o EDUFPA, 2002, p. 198, 495a.
Homem é a medida de todas as coisas”. Marque a alternativa que expressa corretamente o
d) Sócrates desejava melhorar os seus concidadãos procedimento filosófico empregado por Sócrates.
por meio da investigação filosófica. Para ele, isso a) A base da filosofia socrática é a educação mediante
implica não buscar “o que é”, mas aperfeiçoar “o que os discursos políticos e jurídicos encenados nos
parece ser”. Por isso, diz o filósofo, o fundamento da tribunais atenienses. Sócrates parte das proposições
vida moral é, em última instância, o egoísmo, ou seja, dos adversários para encontrar um discurso oposto
o que é o bem para o indivíduo num dado momento que seja retoricamente persuasivo.
de sua existência. b) A base da filosofia socrática é a procura da
verdade acerca do conhecimento da Natureza e da
O método dialético de Sócrates levava, em linhas maneira de pensar sobre os princípios racionais que
gerais, seus interlo- cutores a darem conta de si governam o cosmos a partir do conhecimento
mesmos a ponto de muitas vezes Sócra- tes fingir acumulado pelos filósofos anteriores.
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c) A base da filosofia socrática é a refutação, a partir 74. Sócrates, Giordano Bruno e Galileu foram
de um convênio em busca da verdade, de todas as pensadores que defenderam a liberdade de
proposições de seus interlocutores com o intuito de pensamento frente às restrições impostas pela
demonstrar que o conhecimento das questões morais tradição. Na Apologia de Sócrates, a acusação contra
é impossível. o filósofo é assim enunciada: Sócrates [...] é culpado
d) A base da filosofia socrática é a procura da de corromper os moços e não acreditar nos deuses
perfeição da alma, mediante o exame de si que a cidade admite, além de aceitar divindades
mesmo e dos concidadãos, que é a condição da novas (24b-c).
excelência moral. A refutação socrática é, Ao final do escrito de Platão, Sócrates diz aos juízes:
sobretudo, um modo de testar a verdade da Mas, está na hora de nos irmos: eu, para morrer; vós,
excelência da vida. para viver. A quem tocou a melhor parte, é o que
nenhum de nós pode saber, exceto a divindade.
Sócrates nunca buscou um discurso retoricamente (42a).
persuasivo. Pelo contrário, ele criticava a ação dos (PLATÃO. Apologia de Sócrates. Trad. Carlos Alberto Nunes.
sofistas que assim agiam. Sua in- tenção era a busca Belém: EDUFPA, 2001. p. 122-23; 147.)
da verdade, que ocorria mediante um método de Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
refutação que passa pela ironia e pela maiêutica. De disputa entre filosofia e tradição presente na
fato, pode-se dizer que ele testava a verdade da condenação de Sócrates, assinale a alternativa
excelência da vida, examinando a si mesmo e os correta.
concidadãos, a fim de chegar à perfeição da alma. a) O desprezo socrático pela vida, implícito na
resignação à sua pena, é reforçado pelo
73. Marque a alternativa que expressa corretamente o reconhecimento da soberania do poder dos juízes.
pensamento de Sócrates. b) A aceitação do veredito dos juízes que o
a) Sócrates estabelece uma ligação muito condenaram à morte evidencia que Sócrates
estreita entre o conhecimento da virtude e a ação consentiu com os argumentos dos acusadores.
humana, a ponto de sustentar que aquele que c) A acusação a Sócrates pauta-se na identificação da
conhece o que é o correto não pode agir insuficiência dos seus argumentos, e a corrupção que
erroneamente, visto que o erro de conduta é provoca resulta das contradições do seu pensamento.
fruto da ignorância sobre a verdade. d) A crítica de Sócrates à tradição sustenta-se no
b) O fim último do método dialético socrático era a repúdio às instituições que devem ser abandonadas
refutação do seu interlocutor. Assim sendo, é em benefício da liberdade de pensamento.
legítimo afirmar que o reconhecimento da própria e) A sentença de morte foi aceita por Sócrates
ignorância equivale à constatação de que a verdade é porque morrer não é um mal em si e o livre
relativa a cada indivíduo. pensar permite apreender essa verdade.
c) Sócrates é considerado um divisor de águas na
Filosofia graças a sua teoria ética sobre a imobilidade Tendo em vista a compreensão socrática a respeito
do Ser. Por isso, sua missão sempre foi a da relação hierárquica entre o inteligível e o sensível,
investigação de um fundamento absoluto da moral. a morte do corpo não é vista como um mal pois,
d) Sócrates fazia uso de um método refutativo de aquele que se aproximou do conhecimento da
investigação, o que significa que seu principal intento verdade, por meio da prática da virtude e da busca
era levar o interlocutor à contradição, do auto-conhecimento, terá apreendido que a
independentemente se o último estivesse ou não com destruição da matéria não afeta o espírito. O
a razão. pensamento permite a intelecção dessa verdade,
instituindo, com isso, a paz de espírito.
Sócrates estabelecia uma estreita relação entre o
conhecimento da virtude e a ação humana, 75. O método argumentativo de Sócrates (469 – 399
sustentando que aquele que conhece o que é correto a.C.) consistia em dois momentos distintos: a ironia e
não pode agir erroneamente, já que o erro de a maiêutica. Sobre a ironia socrática, pode-se afirmar
conduta é fruto da ignorância sobre a verdade. Essa que:
ideia é expressa no famoso aforismo socrático: I – Torna o interlocutor um mestre na argumentação
"Nenhum homem erra voluntariamente". A busca de sofística.
Sócrates era por uma compreensão mais profunda da II – Leva o interlocutor à consciência de que seu
verdade e da virtude, e ele acreditava que esse saber era baseado em reflexões, cujo conteúdo era
conhecimento poderia ser alcançado por meio do repleto de conceitos vagos e imprecisos.
diálogo e da reflexão crítica sobre as crenças e III – tinha um caráter purificador, à medida que
valores aceitos pela sociedade. levava o interlocutor confessar suas próprias
contradições e ignorâncias.
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IV – tinha um sentido depreciativo e sarcástico da c) Sócrates nunca ensina pessoa alguma, porque a
posição do interlocutor. profissão de ignorância caracteriza o modo pelo qual
Assinale: encoraja seus discípulos a adquirirem sabedoria
a) se apenas a afirmação III é correta. diretamente do deus do Oráculo de Delfos. A ironia
b) Se as afirmações I e IV são corretas. socrática é uma dissimulação que, pela zombaria,
c) Se apenas a afirmação IV é correta. revela as verdadeiras disposições do pequeno
d) Se as afirmações II e III são corretas. número dos que se encontram aptos para a Filosofia.
d) Sócrates nunca ensina pessoa alguma sem
O método argumentativo de Sócrates consistia em antes testar sua aptidão filosófica por meio de
dois momentos distintos: a ironia e a maiêutica. A perguntas e respostas. Seu procedimento consiste em
ironia socrática tinha como objetivo levar o destruir as definições do adversário por meio da
interlocutor à consciência de que seu saber era ironia. A ignorância socrática encoraja o adversário a
baseado em reflexões, cujo conteúdo era repleto de revelar suas opiniões verdadeiras que, pela refutação,
conceitos vagos e imprecisos. Além disso, a ironia dão a medida da aptidão para a vida filosófica.
tinha um caráter purificador, à medida que levava o
interlocutor a confessar suas próprias contradições e O trecho apresentado faz referência ao
ignorâncias. Portanto, as afirmações II e III são procedimento investigativo adotado por Sócrates,
corretas. Já a afirmação I não é correta, uma vez que que consistia em fazer perguntas para seus
a ironia não tinha como objetivo tornar o interlocutores, buscando revelar a presunção de
interlocutor um mestre na argumentação sofística, saber deles e levá-los à aporia, ou seja, a um estado
mas sim mostrar a fragilidade de seu conhecimento. de perplexidade diante da própria ignorância. Esse
A afirmação IV também não é correta, pois a ironia método é conhecido como elenchos, e faz parte da
socrática não tinha um sentido depreciativo ou profissão de ignorância e da ironia socrática.
sarcástico da posição do interlocutor, mas sim um Portanto, a alternativa que melhor representa o
sentido pedagógico. Portanto, a resposta correta é a método socrático é a letra B, que descreve de forma
letra D. mais precisa o procedimento geral de refutação por
meio de perguntas e respostas breves, que
76. O trecho abaixo faz uma referência ao constituem um meio de reverter os argumentos do
procedimento investigativo adotado por Sócrates. interlocutor para fazê-lo cair em contradição. A
“O fato é que nunca ensinei pessoa alguma. Se refutação socrática revela a presunção de saber do
alguém deseja ouvir-me quando falo ou me encontro adversário, pela insuficiência de suas definições e
no desempenho de minha missão, quer se trate de pela aporia.
moço ou velho (...) me disponho a responder a todos
por igual, assim os ricos como os pobres, ou se o 77. Leia o trecho abaixo, que se encontra na Apologia
preferirem, a formular-lhes perguntas, ouvindo eles o de Sócrates de Platão e traz algumas das concepções
que lhes falo.” filosóficas defendidas pelo seu mestre.
PLATÃO. Apologia de Sócrates. Belém: EDUFPA, 2001. Com efeito, senhores, temer a morte é o mesmo que
Marque a alternativa que melhor representa o se supor sábio quem não o é, porque é supor que
“método” socrático. sabe o que não sabe. Ninguém sabe o que é a morte,
a) Sócrates nada ensina porque apenas transmite nem se, porventura, será para o homem o maior dos
aquilo que ouve do seu daímon. Seu procedimento bens; todos a temem, como se soubessem ser ela o
consiste em discursar, igualmente para qualquer maior dos males. A ignorância mais condenável não
ouvinte, com longos discursos demonstrativos é essa de supor saber o que não se sabe?
retirados da tradição poética ou com perguntas que Platão, A Apologia de Sócrates, 29 a-b, In. HADOT, P. O que é a Filosofia
Antiga? São Paulo: Ed. Loyola, 1999, p. 61.
levam o interlocutor a fazer o mesmo. A ironia é o
Com base no trecho acima e na filosofia de Sócrates,
expediente utilizado contra os adversários, cujo
assinale a alternativa INCORRETA.
objetivo é somente a disputa verbal.
A) Sócrates prefere a morte a ter que renunciar a sua
b) A profissão de ignorância e a ironia de
missão, qual seja: buscar, por meio da filosofia, a
Sócrates fazem parte do seu procedimento geral
verdade, para além da mera aparência do saber.
de refutação por meio de perguntas e respostas
B) Sócrates leva o seu interlocutor a examinar-se,
breves (o élenkhos), e constituem um meio de
fazendo-o tomar consciência das contradições que
reverter os argumentos do interlocutor para fazê-
traz consigo.
lo cair em contradição. A refutação socrática
C) Para Sócrates, pior do que a morte é admitir
revela a presunção de saber do adversário, pela
aos outros que nada se sabe. Deve-se evitar a
insuficiência de suas definições e pela aporia.
ignorância a todo custo, ainda que defendendo
uma opinião não devidamente examinada.
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D) Para Sócrates, o verdadeiro sábio é aquele que, A alternativa que não caracteriza corretamente o
colocado diante da própria ignorância, admite que pensamento de Sócrates é a letra C, que afirma que
nada sabe. Admitir o não-saber, quando não se sabe, Sócrates faz da moral uma questão de Estado. Na
define o sábio, segundo a concepção socrática. verdade, Sócrates busca um fundamento mais estável
para a moral do que os costumes e normas efêmeras,
A alternativa correta é a letra C, pois ela afirma que baseado na interrogação e discussão individual. Ele
para Sócrates é pior admitir aos outros que nada se valoriza a reflexão pessoal e a busca pela verdade, e
sabe do que temer a morte, o que não está de acordo não a adoção de normas morais impostas pelo
com a filosofia socrática. Na verdade, Sócrates Estado ou pela sociedade.
defendia a importância do reconhecimento da
própria ignorância como o primeiro passo para a 79. Sócrates foi um dos mais importantes filósofos
busca do conhecimento verdadeiro, e não via a da Antiguidade. Para ele, a filosofia não era um
admissão de ignorância como algo vergonhoso ou simples conjunto de teorias, mas uma maneira de
condenável. Pelo contrário, ele acreditava que a viver. Sobre o pensamento e a vida de Sócrates, é
ignorância era mais condenável quando se supunha correto afirmar:
saber o que não se sabe, ou seja, quando se tinha A) Sócrates acreditava que passar a vida filosofando,
uma falsa convicção de conhecimento. Portanto, a isto é, a examinar a si mesmo e a conduta moral das
alternativa C está incorreta. As demais alternativas pessoas, era uma missão divina, na qual um deus
estão de acordo com a filosofia de Sócrates. pessoal o auxiliava.
B) Nas conversações que mantinha nos lugares
78. De acordo com muitos interpretes, Sócrates públicos, da Atenas do século V a.C., Sócrates
(470-399 a.C.) é considerado o primeiro filósofo da repetia nada saber para, assim, não responder às
ética. Qual das alternativas abaixo NÃO caracteriza questões que formulava e motivar seus interlocutores
corretamente seu pensamento. a darem conta de suas opiniões.
A) Sócrates transporta a antiga especulação racional C) Em polêmica com Aristóteles, para quem a cidade
para o terreno ateniense da moralidade, tentando nasce de um acordo ou de um contrato social,
superar a crise dos valores de Atenas para dar Sócrates escreveu a “República”, na qual demonstra
novamente à sua moral um fundamento sólido ser o homem um animal político.
porque pessoal (não-Estatal) e racional (não- D) O exercício da filosofia, para Sócrates, consistia
religioso). em questionar e em investigar a natureza dos
B) De física, nossa interpretação torna-se moral, de princípios e dos valores que devem governar a vida e,
meditação solitária, torna-se diálogo. Assim, devido a esse comportamento, contraiu inimizades
Sócrates, filósofo urbano, vai onde estão os de homens poderosos, que o executaram sob a
atenienses: nos banquetes, no ginásio, sobretudo na acusação de impiedade e de corromper a juventude.
ágora, coração da cidade e centro de encontros. E) A maiêutica socrática é a arte de trazer à luz,
C) Com Sócrates a moral se torna uma questão por meio de perguntas e de respostas, a verdade
de Estado. Vivendo o apogeu da cidade de ou os conhecimentos mais importantes à vida
Atenas, em pleno século V a.C., Sócrates faz de que cada pessoa retém em sua alma.
Atenas a “civilização do discurso político”, lugar
onde todo projeto, toda decisão importante, Sócrates acreditava que a filosofia não era um
passa pela discussão pública em comum. conjunto de teorias, mas uma maneira de viver. Ele
D) Para a moral grega – que era outrora uma questão não escreveu nenhuma obra, e seu pensamento é
de crenças, que fazia parte das coisas indiscutíveis –, conhecido principalmente a partir dos diálogos de
Sócrates busca um fundamento mais estável do que Platão. Nas conversas que mantinha nos lugares
os costumes relativos e as normas efêmeras: um públicos de Atenas, Sócrates não afirmava nada com
fundamento racional, baseado na interrogação e certeza, mas sim questionava seus interlocutores para
discussão individual. que eles próprios chegassem às suas conclusões. Esse
E) Sócrates domina a arte sutil do diálogo, a dialética, método é conhecido como maiêutica socrática, que é
jogo de espírito e de finura, feito de fintas e de a arte de trazer à luz, por meio de perguntas e
esquivas, torneio de argumentadores pleno de respostas, a verdade ou os conhecimentos mais
subentendidos e de alusões. Nesse terreno, o da importantes à vida que cada pessoa retém em sua
interrogação moral, interessa a Sócrates apenas isto: alma. Sócrates foi condenado à morte por corrupção
o que os homens dizem acerca do que fazem e como de jovens e impiedade, mas seu legado filosófico
justificam o que querem. influenciou profundamente a filosofia ocidental.
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80. Sobre o pensamento socrático, analise as plural, isto é, falavam de virtudes (coragem,
afirmativas e marque com V, as verdadeiras e com F, temperança, amizade, justiça, piedade, prudência),
as falsas. mas Sócrates fala no singular: a virtude.
( ) Sócrates é autor da obra Ética a Nicômaco. IV. Diferentemente dos sofistas, Sócrates mantém a
( ) O pensamento socrático está escrito em separação entre aparência e realidade, entre
hebraico. percepção sensorial e pensamento. Por isso, sua
( ) A ironia e a maiêutica são as bases de sua busca visa alcançar algo muito preciso: passar da
filosofia. multiplicidade das aparências opostas, da
( ) Sócrates não criticou o saber dogmático, sendo, multiplicidade das percepções divergentes, à unidade
por isso, conselheiro dos governantes de Atenas. da ideia (que é a definição universal e necessária da
( ) Os diálogos platônicos são importantes textos coisa procurada).
filosóficos que relatam, na maioria, o pensamento de A) Apenas I e III.
Sócrates. B) Apenas II e III.
A partir da análise dessas afirmativas, a alternativa C) Apenas IV.
que indica a sequência correta, de cima para baixo, é D) Apenas III e IV.
a E) Apenas II, III e IV.
A) F V F V V
B) V F V V F A afirmativa I está incorreta, pois Sócrates não
C) F F V F V ensinava a verdade de forma dogmática como os
D) V F F F V sofistas. Ele acreditava que a verdade devia ser
E) F V V V F buscada através do diálogo e da reflexão conjunta
com seus interlocutores, em vez de ser simplesmente
(F) Sócrates não é autor da obra Ética a Nicômaco. ensinada por ele.
Essa obra é de autoria de Aristóteles.
(F) O pensamento socrático não está escrito em A afirmativa II está parcialmente correta, pois
hebraico. O idioma predominante na Grécia Antiga Sócrates de fato acreditava que o conhecimento é um
era o grego. processo de busca pela verdade, mas ele também
(V) A ironia e a maiêutica são as bases do método acreditava que a verdade pode ser alcançada através
filosófico de Sócrates. da razão e do diálogo.
(F) Sócrates criticava o saber dogmático e defendia o
conhecimento baseado na razão e na reflexão. Ele A afirmativa III está correta, pois Sócrates acreditava
não foi conselheiro dos governantes de Atenas, mas que a virtude é uma única coisa que pode ser definida
sim um crítico das injustiças políticas e sociais da e alcançada, enquanto os sofistas consideravam a
época. virtude como um conjunto de qualidades subjetivas e
(V) Os diálogos platônicos são importantes textos relativas.
filosóficos que relatam, em sua maioria, as ideias e o
método filosófico de Sócrates. A afirmativa IV está correta, pois Sócrates acreditava
Assim, a sequência correta é: F F V F V. que a verdade deve ser buscada além da aparência
superficial das coisas e que a razão é necessária para
81. Analise as assertivas e assinale a alternativa que alcançar a compreensão da essência das coisas. Os
aponta as corretas. sofistas, por outro lado, frequentemente
I. Assim como os sofistas, Sócrates dizia que a argumentavam que a verdade é subjetiva e relativa às
verdade existe e podemos conhecê-la. Eis porque perspectivas individuais.
suas preleções eram aulas onde essa verdade era
ensinada. Tais preleções eram solilóquios, isto é, 82. Ao dizer-se “parteiro das almas”, Sócrates queria
apenas Sócrates falava enquanto os outros o dizer que
escutavam. A) a verdade não está fora de nós, mas dentro de
II. Tanto para Sócrates quanto para os sofistas, o nós.
conhecimento não é um estado (o estado da B) não existe uma única verdade, mas verdades, no
sabedoria), mas um processo, uma busca, uma plural.
procura da verdade. Isso não significa que a verdade C) o pensamento deve deslocar-se da contemplação
não exista, e sim que deve ser procurada e que interior para a contemplação exterior.
sempre será maior do que nós. D) devemos contemplar a verdade na natureza.
III. Como os sofistas, Sócrates se interessa pela E) era o pai das ideias que nasciam da alma de seu
virtude. Todavia, os sofistas, mantendo-se no plano interlocutor, devendo ajudá-lo a realizar seus sonhos.
dos costumes estabelecidos, falavam da virtude no
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Ao se referir a si mesmo como "parteiro das almas", desse modelo, é natural que seja belo tudo o que ele
Sócrates queria dizer que seu papel como filósofo era realiza. Porém, se ele se fixa no que devém e toma
ajudar as pessoas a dar à luz suas próprias ideias e como modelo algo sujeito ao nascimento, nada belo
compreensão da verdade. Assim como um parteiro poderá criar. [...] Ora, se este mundo é belo e for
ajuda uma mãe a dar à luz um bebê, Sócrates bom seu construtor, sem dúvida nenhuma este fixará
acreditava que seu papel era ajudar seus a vista no modelo eterno.
interlocutores a dar à luz suas próprias ideias e PLATÃO. Timeu. 28 a7-10; 29 a2-3. Trad. Carlos A. Nunes.
compreensão da verdade, que já estavam dentro Belém: UFA, 1977. p. 46-47.
deles, mas que precisavam ser trazidas à luz pela Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
reflexão e diálogo. Essa ideia reflete a crença de filosofia de Platão, assinale a alternativa correta.
Sócrates de que a verdade não está fora de nós, mas a) O mundo é belo porque imita os modelos
dentro de nós e pode ser descoberta por meio do sensíveis, nos quais o demiurgo se inspira ao gerar o
diálogo e da razão. mundo.
b) O sensível, ou o mundo que devém, é o modelo
6. PLATÃO no qual o artista se inspira para criar o que
permanece.
83. Entre as principais estruturas de pensamento, no c) O artífice do mundo, por ser bom, cria uma obra
alvorecer da filosofia, encontra-se o pensamento plenamente bela, que é a realidade percebida pelos
socrático-platônico. Considerando as referências sentidos.
históricas e as características do pensar dos dois d) O olhar do demiurgo deve se dirigir ao que
filósofos da antiguidade, atente para o que se afirma permanece, pois este é o modelo a ser inserido
a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com na realidade sensível.
F o que for falso. e) O demiurgo deve observar as perfeições no
( ) Como principal discípulo de Sócrates, mundo sensível para poder reproduzi-las em sua
Platão seguiu, inicialmente, os passos do mestre até obra.
romper com ele, ao optar por um pensamento mais
sistemático. a) Incorreta. O mundo é belo porque imita a
( ) Tanto Sócrates quanto Platão defendiam o realidade que nunca muda, das essências ou ideias,
poder do pensamento racional como principal que são os modelos em que o demiurgo se inspira
ferramenta de aproximação da verdade sobre o para criar a realidade sensível, o mundo que
mundo real. percebemos pelos sentidos.
( ) Sócrates, como um dos principais b) Incorreta. O sensível, o que devém ou se
pensadores sofistas foi o iniciador do pensamento transforma, é que é criado pelo demiurgo (artista)
filosófico cosmológico, dedicado à especulação com base na perfeição das Ideias
sobre a natureza, sobre o cosmo. c) Incorreta. O artífice (demiurgo) é bom e cria a
( ) A Alegoria da caverna, escrita por Platão, é realidade sensível que, contudo, não é plenamente
uma representação, uma metáfora sobre o mundo, bela por ser imitação ou cópia das Ideias, estas sim,
concebida por ele para explicitar o modelo de um plenamente belas, perfeitas.
mundo dual: um racional, verdadeiro, e outro d) Correta. O demiurgo observa a realidade
sensível, falso. permanente, perfeita e fabrica a realidade sensível,
A sequência correta, de cima para baixo, é: inserindo um pouco da beleza e perfeição desse
a) V, F, V, F. modelo, mas que nunca é absoluta, pois o mundo
b) F, V, V, F. dos sentidos é cópia, imitação do perfeito.
c) F, V, F, V. e) Incorreta. O mundo sensível não contém a
d) V, F, F, V. perfeição e é criado pelo demiurgo que observa o
mundo perfeito das Ideias ou Formas e insere parte
Platão seguia uma linha dialética, além disso, ele não dessa perfeição na realidade sensível, que é, portanto,
rompeu com Sócrates e ambos não eram sofistas. cópia, imitação desse modelo perfeito e belo.
Platão, com a Alegoria da Caverna, demonstra que a
humanidade se encontra num mundo de aparências, 85. Para Platão, o que havia de verdadeiro em
sem conhecer a verdade (mundo racional) por trás Parmênides era que o objeto de conhecimento é um
dessas aparências imediatas (mundo sensível, falso). objeto de razão e não de sensação, e era preciso
estabelecer uma relação entre objeto racional e
84. Quando o artista [demiurgo] trabalha em sua objeto sensível ou material que privilegiasse o
obra, a vista dirigida para o que sempre se conserva primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas
igual a si mesmo, e lhe transmite a forma e a virtude irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se
em sua mente.
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ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. e) teoria do conhecimento, expondo a passagem
São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado). do mundo ilusório para o mundo das ideias.
O texto faz referência à relação entre razão e
sensação, um aspecto essencial da Doutrina das O trecho faz alusão ao mito da caverna que tem
Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com como principal objetivo representar imageticamente
o texto, como Platão se situa diante dessa relação? a Teoria das Ideias de Platão, segundo a qual a
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as realidade se encontra dividida em dois planos: o
duas. mundo sensível, âmbito das coisas concretas e
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o mutáveis, e o mundo inteligível, âmbito das Ideias
conhecimento a eles. eternas e perfeitas. Tal como o prisioneiro sai da
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e caverna em direção à luz, o homem, para Platão,
sensação são inseparáveis. deveria se libertar do domínio dos sentidos e
d) Afirmando que a razão é capaz de gerar alcançar a verdade por meio do exercício de sua alma
conhecimento, mas a sensação não. racional.
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a
sensação é superior à razão. 87. Os andróginos tentaram escalar o céu para
combater os deuses. No entanto, os deuses em um
De acordo com Platão, a realidade e o conhecimento primeiro momento pensam em matá-los de forma
são formulados em mundos distintos: o inteligível e sumária. Depois decidem puni-los da forma mais
o sensível. As ideias nascem em um mundo cruel: dividem-nos em dois. Por exemplo, é como se
inteligível, real e imutável dominadas pela razão e pegássemos um ovo cozido e, com uma linha,
pelos conceitos sendo, portanto, perfeitos. Já o dividíssemos ao meio. Desta forma, até hoje as
mundo das sensações seria uma mera cópia do metades separadas buscam reunir-se. Cada um com
mundo inteligível o que as tornariam imperfeitas. saudade de sua metade, tenta juntar-se novamente a
Dessa maneira, para Platão as sensações podem nos ela, abraçando-se, enlaçando-se um ao outro,
confundir e induzir ao erro, sendo somente a razão a desejando formar um único ser.
responsável pela formação do conhecimento. PLATÃO. O banquete. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
No trecho da obra O banquete, Platão explicita, por
86. Suponha homens numa morada subterrânea, em meio de uma alegoria, o
forma de caverna, cuja entrada, aberta à luz, se a) bem supremo como fim do homem.
estende sobre todo o comprimento da fachada; eles b) prazer perene como fundamento da felicidade.
estão lá desde a infância, as pernas e o pescoço c) ideal inteligível como transcendência desejada.
presos por correntes, de tal sorte que não podem d) amor como falta constituinte do ser humano.
trocar de lugar e só podem olhar para frente, pois os e) autoconhecimento como caminho da verdade.
grilhões os impedem de voltar a cabeça; a luz de uma
fogueira acesa ao longe, numa elevada do terreno, Para o filósofo grego Platão, o amor é falta
brilha por detrás deles; entre a fogueira e os constituinte do ser humano, pois, segundo sua
prisioneiros, há um caminho ascendente; ao longo do alegoria, o homem teria sido dividido em dois, cada
caminho, imagine um pequeno muro, semelhante aos um “metade da laranja”. Desta forma, o homem
tapumes que os manipuladores de marionetes armam nunca estaria totalmente completo, o que também
entre eles e o público e sobre os quais exibem seus nos remete a teoria dos dois mundos de Platão –
prestígios. mundo inteligível e mundo sensível.
PLATÃO. A República. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2007.
88. Tudo isso ela [Diotima] me ensinava, quando
Essa narrativa de Platão é uma importante
sobre as questões de amor [eros] discorria, e uma vez
manifestação cultural do pensamento grego antigo,
ela me perguntou:
cuja ideia central, do ponto de vista filosófico,
– que pensas, ó Sócrates, ser o motivo desse amor e
evidencia o(a)
desse desejo? A natureza mortal procura, na medida
a) caráter antropológico, descrevendo as origens do
do possível, ser sempre e ficar imortal. E ela só pode
homem primitivo.
assim, através da geração, porque sempre deixa um
b) sistema penal da época, criticando o sistema
outro ser novo em lugar do velho; pois é nisso que se
carcerário da sociedade ateniense.
diz que cada espécie animal vive e é a mesma. É em
c) vida cultural e artística, expressa por dramaturgos
virtude da imortalidade que a todo ser esse zelo e
trágicos e cômicos gregos.
esse amor acompanham.
d) sistema político elitista, provindo do surgimento Adaptado de: PLATÃO. O Banquete. 4.ed. São Paulo: Nova
da pólis e da democracia ateniense. Cultural, 1987, p.38-39. Coleção Os Pensadores.
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Com base no texto e nos conhecimentos sobre o ( ) Existe uma relação entre a natureza dos
amor em Platão, assinale a alternativa correta. indivíduos, o grupo de que devem fazer parte na
a) A aspiração humana de procriação, inspirada por cidade, as virtudes que lhes são adequadas e, em
Eros, restringe-se ao corpo e à busca da beleza física. consequência, a função que nela devem
b) O eros limita-se a provocar os instintos irrefletidos desempenhar.
e vulgares, uma vez que atende à mera satisfação dos A sequência correta, de cima para baixo, é:
apetites sensuais. a) V, V, V, V.
c) O eros físico representa a vontade de b) V, F, F, V.
conservação da espécie, e o espiritual, a ânsia de c) F, F, V, F.
eternização por obras que perdurarão na d) F, V, F, F.
memória.
d) O ser humano é idêntico e constante nas diversas Segundo Platão, os seres humanos e a polis possuem
fases da vida, por isso sua identidade iguala-se à dos a "mesma estrutura". A alma dos seres humanos,
deuses. para ele, divide-se em: apetitiva, irascível e racional.
e) Os seres humanos, como criação dos deuses, A partir dessa divisão, ele propôs que as classes de
seguem a lei dos seres infinitos, o que lhes permite uma sociedade também fossem divididas assim, onde
eternidade. cada indivíduo deveria cumprir sua função (cada
parte da alma deveria atuar de acordo com a virtude
O amor representa uma atividade espiritual criadora, que lhe é própria): ser artesão, guerreiro ou rei
mas eros também é desejo – carência em busca de filósofo. A virtude reúne as características que
plenitude. Eros deseja tudo que é belo e aspira auxiliam os indivíduos a terem uma vida boa, a saber:
conhecer tudo. O belo nas coisas corporais reside na a sabedoria, a coragem, a temperança e a justiça.
perfeição, harmonia, proporção e simetria das
figuras. O belo nas almas reside na perfeição de suas 90. Exercita-te primeiro, caro amigo, e aprende o que
ações, discursos e pensamentos. O desejo de honra é é preciso conhecer para te iniciares na política; antes,
efeito de eros, pois fornece aos homens a ânsia por não. Então, primeiro precisarás adquirir virtude, tu
eternizar-se através de façanhas e obras que serão ou quem quer que se disponha a governar ou a
recordadas. administrar não só a sua pessoa e seus interesses
particulares, como a cidade e as coisas a ela
89. “Temos assim três virtudes que foram pertinentes. Assim, o que precisas alcançar não é o
descobertas na nossa cidade: sabedoria, coragem e poder absoluto para fazeres o que bem entenderes
moderação para os chefes; coragem e moderação contigo ou com a cidade, porém justiça e sabedoria.
para os guardas; moderação para o povo. No que diz PLATÃO, O primeiro Alcebíades. Trad. Carlos Alberto Nunes.
respeito à quarta, pela qual esta cidade também Belém: EDUFPA, 2004. p.281-285.
participa na virtude, que poderá ser? É evidente que Com base texto e nos conhecimentos sobre a ética e
é a justiça” (Platão, Rep., 432b). a política em Platão, assinale a alternativa correta.
“O princípio que de entrada estabelecemos que se a) A virtude individual terá fraca influência sobre o
devia observar em todas as circunstâncias quando governo da cidade, já que a administração da cidade
fundamos a cidade, esse princípio é, segundo me independe da qualidade de seus cidadãos.
parece, ou ele ou uma de suas formas, a justiça. Ora, b) Justiça, sabedoria e virtude resultam da opinião do
nós estabelecemos, segundo suponho, e repetimo-lo legislador sobre o que seria melhor para a cidade e
muitas vezes, se bem te lembras, que cada um deve para o indivíduo.
ocupar-se de uma função na cidade, aquela para a c) O indivíduo deve possuir a virtude antes de
qual a sua natureza é mais adequada” dirigir a cidade, pois assim saberá bem governar
(Platão, Rep., 433a). e ser justo, já que se autogoverna.
Considerando a teoria platônica das virtudes, escreva d) Para se iniciar em política, primeiro é necessário o
V ou F conforme seja verdadeiro ou falso o que se poder absoluto para fazer o bem para a cidade e a si
afirma a seguir: próprio.
( ) Nessa teoria das virtudes, cada grupo e) Todo conflito desaparece em uma cidade se a
desenvolve a(s) virtude(s) que lhe é (ou são) virtude fizer parte da administração, mesmo que o
própria(s). dirigente não a possua.
( ) Só pode ser justa a cidade em que os grupos
que dela participam e nela agem o fazem de acordo O indivíduo, para bem governar e ser justo, deve ele
com sua natureza. mesmo ser virtuoso, pois apenas um indivíduo bem
( ) Quando sabedoria, coragem e moderação se formado e que se autogoverna tem capacidade para
realizam de modo adequado, temos a justiça. exercer um bom governo.
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91. “E agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar vezes possível, e inversamente, os inferiores com as
exatamente essa alegoria ao que dissemos inferiores, e que se crie a descendência daqueles, e a
anteriormente. Devemos assimilar o mundo que destes não, se queremos que o rebanho se eleve às
apreendemos pela vista à estada na prisão, a luz do alturas.
fogo que ilumina a caverna à ação do Sol. Quanto à (Adaptado de: PLATÃO. A República. 7. ed. Lisboa: Calouste
subida e à contemplação do que há no alto, considera Gulbenkian, 1993, p.227-228.)
que se trata da ascensão da alma até o lugar Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
inteligível, e não te enganarás sobre minha esperança, pensamento ético-político de Platão é correto
já que desejas conhecê-la. Deus sabe se há alguma afirmar:
possibilidade de que ela seja fundada sobre a a) No Estado Ideal, a escolha dos mais aptos
verdade. Em todo o caso, eis o que me aparece tal para governar a sociedade expressa uma
como me aparece; nos últimos limites do mundo exigência que está de acordo com a natureza.
inteligível aparece-me a ideia do Bem, que se percebe b) O Estado Ideal prospera melhor com uma massa
com dificuldade, mas que não se pode ver sem humana difusamente misturada, em que os homens e
concluir que ela é a causa de tudo o que há de reto e mulheres livremente se escolhem.
de belo” c) O reconhecimento da honra como fundamento da
PLATÃO. A República (514a-517c): Disponível em: organização do Estado Ideal torna legítima a
http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/203.pdf supremacia dos melhores
Considerando o pensamento platônico, assinale com sobre as classes inferiores.
V o que for verdadeiro e F o que for falso: d) A condição necessária para que se realize o Estado
( ) As virtudes humanas podem ser adquiridas Ideal é que as ocupações próprias de homens e
facilmente por todos os indivíduos, cabendo aos mulheres sejam atribuídas por suas qualidades
filósofos a missão político-pedagógica de ensinar- distintas.
lhes o caminho, através da dialética socrática. e) O Estado Ideal apresenta-se como a tentativa de
( ) Para Platão, a virtude resulta do trabalho organizar a sociedade dos melhores fundada na
reflexivo da razão: o bem é, portanto, atingido pelo riqueza como valor supremo.
esforço do conhecimento, pela busca da sabedoria.
( ) Seguindo a tradição sofista, Platão Segundo Platão, cada ser humano não nasce em tudo
propunha que o verdadeiro é tudo que pode ser semelhante aos outros, mas com diferenças dadas
provado e defendido pelo esforço da razão, pela natureza que os torna aptos a realizarem
afastando-se do domínio da mera opinião – doxa. trabalhos distintos (cf. A República 369a - 370e).
( ) No pensamento platônico, o processo de Assim, para a constituição do Estado Ideal, o
descobrimento da verdade é representado por um filósofo propõe a seleção (e uma educação peculiar
movimento de libertação de um mundo de realidades correspondente) dos melhores homens e mulheres
parciais e ilusórias. que possuam as mesmas aptidões para governar em
a) F, F, V, F. decorrência da natureza e, portanto, obrigatória e
b) V, F, F, V. necessária. Não obstante a diferença natural entre o
c) F, V, F, V. homem e a mulher, Platão entende que ambos
d) V, V, V, F podem apresentar as mesmas aptidões naturais para
o desempenho de uma mesma função ou profissão
Para Platão, não é possível que todos os indivíduos (A República 453e). Esta seleção apresenta-se
possam alcançar as virtudes, uma vez que elas são coerente com o princípio platônico de que a justiça
resultado de um trabalho racional que nem todos de um Estado construído organicamente consiste em
conseguem realizar. Libertando-se de um mundo de cada um cumprir a função que lhe é atribuída pela
realidades parciais e ilusórias, se alcançaria a verdade natureza. Convém ressaltar que a aristocracia
e a virtude. platônica não é constituída por uma nobreza de
sangue – de caráter hereditário – cujos indivíduos
92. No pensamento ético-político de Platão, a desde o nascimento possuam o direito de, a seu
organização no Estado Ideal reflete a justiça tempo, governarem o Estado. Mas há que considerar
concebida como a disposição das faculdades da alma também que o governo dos melhores selecionados,
que faz com que cada uma delas cumpra a função em virtude de suas aptidões naturais, deve se basear
que lhe é própria. No Livro V de A República, Platão na melhor educação. Portanto, Platão não propõe
apresentou o Estado Ideal como governo dos educar na areté uma nobreza de sangue já existente,
melhores selecionados. Para garantir que a raça dos mas formar esta elite mediante a seleção dos
guardiões se mantivesse pura, o filósofo escreveu: representantes da suprema areté, com base na
É preciso que os homens superiores se encontrem natureza. Para este propósito, o governante deve
com as mulheres superiores o maior número de sacrificar sua individualidade, sua vida privada e o
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Para Platão, só conhecemos algo verdadeiramente Platão divide o homem em corpo e alma, e acredita
quando conhecemos o “em si”, ou seja, a essência de que a alma, antes de habitar o corpo no mundo
algo, que para ele explica a existência de diversos sensível, se encontrava no plano inteligível, e
graus de beleza no mundo sensível. contemplou todas as ideias, que são os originais de
tudo que existe como cópia no nosso plano. Quando
a alma entra em contato com o corpo ocorre um
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processo de esquecimento de tudo que ela vivenciou a) Platão não distingue a realidade inteligível de outra
antes desse evento. No entanto, a partir do momento sensível. O conhecimento é o produto das sensações.
em que ela entra em contato com as cópias sensíveis, O conhecimento nada mais é do que a reminiscência
ela pode fazer a reminiscência, ou seja, recordar dessas sensações.
aquilo que ela já tem no seu interior. b) Platão distingue uma realidade inteligível de
outra sensível. O conhecimento de todas as
99. E que existe o belo em si, e o bom em si, e, do coisas só é possível porque as percepções
mesmo modo, relativamente a todas as coisas que advindas dos sentidos desencadeiam a
então postulamos como múltiplas, e, inversamente, reminiscência das Formas inteligíveis,
postulamos que a cada uma corresponde uma ideia, apreendidas pela razão antes do nascimento.
que é única, e chamamos-lhe a sua essência (507b-c). c) Platão distingue duas ordens de realidade: o
PLATÃO. República. Trad. de Maria Helena da Rocha mundo sensível e a alma. O conhecimento de todas
Pereira. 8ª ed. Lisboa: Fundação CalousteGulbenkian. 1996. as coisas só é possível porque as sensações informam
Marque a alternativa que expressa corretamente o a alma sobre o mundo sensível e, a partir disso,
pensamento de Platão. formam a reminiscência.
a) Somente por meio dos sentidos, em especial da d) Platão distingue duas ordens de realidade: o
visão, pode o filósofo obter o conhecimento das mundo sensível e o mundo dos deuses. O
ideias. conhecimento só é possível porque a alma recebe
b) No pensamento platônico, o conhecimento uma informação divina antes que tenha percebido os
das ideias permite ao filósofo discernir a objetos sensíveis, pois todo conhecimento vem dos
unidade inteligível em face da multiplicidade deuses.
sensível.
c) Para que a alma humana alcance o conhecimento
Platão faz uma clara distinção entre a realidade
das ideias, ela deve elevar-se às alturas do inteligível,
sensível e a realida- de inteligível. Segundo ele, o
o que somente é possível após a morte ou por meio
conhecimento advém por um processo de
do contato com os deuses gregos.
reminiscência ou lembrança: mediante as sensações,
d) Tanto a dialética quanto a matemática elevam o
o sujeito se lembra das formas que apreendeu antes
conhecimento ao inteligível; mas, somente a
de passar a viver no mundo sensível. A única
matemática, por seu caráter abstrato, conduz a alma
alternativa que está de acordo com essa concepção
ao princípio supremo: a ideia de Bem.
de conhecimento é a [B].
Em suas obras, Platão concebe que as pessoas
101. Leia o trecho abaixo, que se encontra na Apo-
podem chegar ao conhecimento. Nesse sentido é que
logia de Sócrates de Platão e traz algumas das
ele cria uma clara distinção entre o conhecimento
concepções filosóficas defendidas pelo seu mestre.
sensível e o conhecimento intelectual, sendo este
Com efeito, senhores, temer a morte é o mesmo
último o único capaz de alcançar a verdade e essência
que se supor sábio quem não o é, porque é supor
das coisas. As alternativas [A] e [C] contradizem tal
que sabe o que não sabe. Ninguém sabe o que é a
argumento e, por isso, estão in- corretas. A
morte, nem se, porventura, será para o homem o
alternativa [D] pode causar confusão no candidato,
maior dos bens; todos a temem, como se
entre- tanto Platão não desconsiderava a dialética
soubessem ser ela o maior dos males. A
como instrumento eficaz para se chegar à verdade, à
ignorância mais condenável não é essa de supor
ideia. O “bem” corresponderia a apenas uma dessas
saber o que não se sabe?
ideias perfeitas, tal como o belo e o justo, por Platão, A Apologia de Sócrates, 29 a-b, In. HADOT, P. O
exemplo. que é a Filosofia Antiga?São Paulo: Ed. Loyola, 1999, p. 61.
Com base no trecho acima e na filosofia de Sócrates,
100. O trecho a seguir, do diálogo platônico Fédon, assinale a alternativa INCORRETA.
concerne ao modo de aquisição do conhecimento. a) Sócrates prefere a morte a ter que renunciar a sua
“É preciso, portanto, que tenhamos conhecido a missão, qual seja: buscar, por meio da filosofia, a
igualdade antes do tempo em que, vendo pela verdade, para além da mera aparência do saber.
primeira vez objetos iguais, observamos que todos b) Sócrates leva o seu interlocutor a examinar-se,
eles se esforçavam por alcançá-la, porém lhe eram fazendo-o tomar consciência das contradições que
inferiores.” traz consigo.
PLATÃO. Fédon. Trad. de Carlos Alberto Nunes. Belém: c) Para Sócrates, pior do que a morte é admitir
EDUFPA, 2002, p. 275, 75a.
aos outros que nada se sabe. Deve-se evitar a
A partir do fragmento apresentado, marque a
ignorância a todo custo, ainda que defendendo
alternativa que expressa corretamente o pensamento
uma opinião não devidamente examinada.
de Platão sobre o conhecimento.
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d) Para Sócrates, o verdadeiro sábio é aquele que, O seguinte diagrama, conhecido como “símile da
colocado diante da própria ignorância, admite que linha”, representa a descrição que é feita na citação
nada sabe. Admitir o não-saber, quando não se sabe, acima da República, na qual Platão distingue o
define o sábio, segundo a concepção socrática. mundo inteligível do mundo visível.
Escolha a alternativa que melhor explica o esquema
O lema da filosofia socrática é: conheça-te a ti da “Linha” dividida.
mesmo; e como o próprio Sócrates diz na sua a) O segmento representa a realidade inteligível e se
Apologia: “a vida sem inspeção não vale a pena ser divide em opiniões filosóficas e Ideias. O segmento
vivida pelo homem”. Seguindo esse lema e essas representa o mundo visível e se divide em
palavras, podemos dizer que o pensamento de percepções e sensações.
Sócrates se desenvolve como uma investigação b) O segmento representa a realidade e as imagens
metódica cuja única finalidade é esclarecer através míticas. O segmento representa a realidade filosófica
deste exame minucioso a ignorância daquele que diz e as matemáticas, que usam as percepções sensíveis e
saber sem, todavia, saber realmente. O segredo dessa as Formas.
investigação metódica (a dialética) de Sócrates está c) O segmento refere-se às imagens e às coisas
no conceito de ironia que garante para cada visíveis, que geram a suposição e a opinião. O
interlocutor um discurso particular a respeito das segmento corresponde ao inteligível e às
suas suposições sobre seu próprio conhecimento. Formas, apreendidas pelo pensamento e
Por esse discurso, o filósofo esclarece seu intelecção.
interlocutor sobre sua ignorância e o faz assumir, ou d) O segmento corresponde à proporção entre coisas
pelo menos considerar a possibilidade de uma visíveis e coisas invisíveis que compõem o mundo. O
postura distinta da inicial, mais elevada, mais sábia e, segmento representa as Ideias, que são imitações e
portanto, capaz de se reconhecer a si mesmo. imagens do mundo visível e compõem o mundo
inteligível.
102. “Talvez [...] a verdade nada mais seja do que
uma certa purificação das paixões e seja, portanto, a Platão, em A República apresenta algumas alegorias
temperança, a justiça, a coragem; e a própria com vistas a ex- plicar o seu pensamento. Quando
sabedoria não seja outra coisa do que esse meio de trata da diferença entre mundos e a forma de
purificação.” apreendê-los, ele utiliza a “símile da linha”. Nesta, o
PLATÃO. Fédon, 69b-c, adaptado. mundo inteligível corresponde à divisão menor, entre
Nessa fala de Sócrates, a “purificação” das paixões A e C, que é subdividi- da entre imagens (AD) e
ocorre na medida em que a alma se afasta do corpo coisas visíveis (DC). O mundo inteligível, em
pela “força” da sabedoria. Com base nisso, assinale a contrapartida, corresponde ao segmento CB e é
afirmação FALSA. dividido entre entes matemáticos (CE) e formas
a) As virtudes são a eliminação das paixões (EB).
através da sabedoria.
b) Temperança, justiça e coragem resultam da 104. A escultura Discóbolo de Míron representa a
purificação das paixões. importância dada pelos gregos à atividade física.
c) A sabedoria é a potência da alma pela qual as Sobre o papel da ginástica na educação dos
virtudes se constituem. guardiães, na obra “A República”, de Platão,
d) A alma atinge a verdade através da virtude da considere as afirmativas a seguir.
sabedoria. I. Ao lado da música, a ginástica desempenha papel
fundamental no processo de educação dos guardiães.
Sócrates considera a verdade como purificação das II. O robustecimento físico é importante para os
paixões. Para ele, a sabedoria não levaria à eliminação guardiães, motivo pelo qual a ginástica deve ser
das paixões, mas a um uso moderado delas. ministrada desde a infância.
III. O cultivo pleno do espírito deve prevalecer sobre
103. “— Supõe então uma linha cortada em duas o cuidado com a formação do corpo, bem como
partes desiguais; corta novamente cada um desses guiá-lo.
segmentos segundo a mesma proporção, o da espécie IV. A ginástica dos guardiães deve ser mais exigente
visível e o da inteligível...” se comparada à ministrada para os guerreiros.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
PLATÃO. A República, (509e). Lisboa: b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
CalousteGulbenkian, 1996. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
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e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. III. O discurso proferido pelo filósofo era dirigido a
pequenos grupos, o que o distanciava da vida
I. Correta. Na obra A República, Platão entende que pública.
a música e a ginástica devem desempenhar papel IV. O discurso da filosofia no contexto da pólis
fundamental na educação dos guardiães. restringia-se ao mesmo tipo de discurso dos
II. Correta. Por ser fundamental para a formação dos guerreiros e dos políticos ao desejar convencer em
governantes, a ginástica deve ser ministrada desde a vez de proferir a verdade.
infância. Com isso, o governante adquirirá robustez Assinale a alternativa correta.
física, característica importante para quem conduz a a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
cidade. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
III. Correta. Na teoria platônica, o cultivo do espírito c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
deve prevalecer sobre o cuidado com o corpo. Não d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
seria plausível no modelo de Estado de Platão um e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
governante que desenvolvesse apenas o corpo e não
o espírito. O que deve ser ressaltado, no entanto, é I. Correta. A filosofia nasce no contexto da pólis e da
que o cuidado com o corpo se subordina ao cultivo existência de um discurso compartilhado entre os
do espírito. cidadãos que necessitavam dominar a arte da
IV. Incorreta. Platão enaltece a ginástica como argumentação; a filosofia serve-se deste ambiente
atividade necessária para governantes e guerreiros, com pretensões à verdade.
no entanto os guerreiros devem ter um regime
diferenciado em relação aos governantes. Ao II. Correta. A preocupação da filosofia na Grécia
contrário do que descreve a alternativa, é a ginástica Clássica não mais limitava-se às questões imediatas
dos guerreiros que deve ser mais exigente. da aparência sensível, mas com as questões do
espírito. Assim, a filosofia afastando-se da aparência
105. Observe a figura a seguir e responda à questão. sensível volta-se às questões do espírito.
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108. Não devemos admitir que também o discurso esses movimentos sofrerá, e o ofuscamento o
permite uma técnica por meio da qual se poderá impedirá de distinguir os objetos cuja sombra
levar aos ouvidos de jovens ainda separados por uma enxergava há pouco”.
longa distância da verdade das coisas, palavras PLATÃO, República, l. VII [514a-b; 515d]. Guinsburg (org), São
mágicas, e apresentar, a propósito de todas as coisas, Paulo: Perspectiva, 2006, p. 263 e 264.
ficções verbais, dando-lhes assim a ilusão de ser A partir do texto citado, assinale o que for correto.
verdadeiro tudo o que ouvem e de que, quem assim 01) A metáfora da busca da luz representa o
lhes fala, tudo conhece melhor que ninguém? processo de obtenção do conhecimento.
PLATÃO. Sofista. 234c. Trad. Jorge Paleikat e João Cruz 02) Platão faz uma metáfora das sociedades que,
Costa. São Paulo: Abril Cultural, 1972. p. 160. Coleção Os mergulhadas na ignorância, estão como que
Pensadores presas a grilhões.
Com base no texto e nos conhecimentos da análise 04) O conhecimento é fruto de um exercício à
de Platão sobre a técnica retórica dos sofistas, semelhança da ginástica para o corpo; assim
assinale a alternativa correta. como a falta de atividade física enrijece o corpo,
a) Ensinavam uma técnica argumentativa na qual os a falta de reflexão enrijece a atividade do
jovens facilmente percebiam a verdade e a mentira conhecimento.
nos discursos dos oradores. 08) Para Platão é impossível conhecer algo, visto que
b) Eram professores de oratória apreciados por tudo é uma representação das coisas, donde o ser
Platão porque argumentavam com rigor lógico e humano estar fadado a ficar acorrentado à
preocupação ética. ignorância.
c) Ensinavam a validar com coerência lógica 16) A luz é identificada com o conhecimento,
qualquer argumento válido e, por isso, sua técnica pois o conhecimento gera na alma o
discursiva habilitava a distinguir o falso do reconhecimento das coisas, à semelhança de um
verdadeiro. objeto quando iluminado.
d) Tornavam qualquer opinião convincente com
sua técnica discursiva, sem se preocupar com a A afirmativa 01 é correta, pois a metáfora da busca
distinção do verdadeiro ou ético de seus da luz na caverna representa a busca pelo
contrários. conhecimento e pela verdade, onde os prisioneiros
e) Eram sábios e mestres de uma técnica retórica que são aqueles que estão mergulhados na ignorância e
apresentava opiniões persuasivas e, por isso, precisam se libertar das correntes para alcançar a luz
verdadeiras e éticas. da sabedoria.
Platão critica a oratória dos sofistas porque estes não A afirmativa 02 também é correta, pois Platão utiliza
se preocupavam em distinguir verdade de mentira, a metáfora da caverna para descrever a condição das
nem atitudes éticas das antiéticas. Por isso Platão os sociedades que estão presas na ignorância e na falta
considerava falsos sábios, que ganhavam dinheiro de conhecimento, sendo necessário um processo de
ensinando a tornar discursos e opiniões persuasivos, libertação para que possam alcançar a luz da verdade.
mesmo que estes fossem falsos e antiéticos.
A afirmativa 04 é correta, pois Platão acredita que o
109. “Agora – continuei – representa da seguinte conhecimento é fruto de um exercício contínuo e
forma o estado de nossa natureza relativamente à reflexivo, assim como a ginástica é necessária para
instrução e à ignorância. Imagina homens em morada manter o corpo saudável, a reflexão é necessária para
subterrânea, em forma de caverna, que tenha em manter a mente ativa e em constante busca pelo
toda a largura uma entrada aberta para a luz; estes conhecimento.
homens aí se encontram desde a infância, com as
pernas e o pescoço acorrentados, de sorte que não A afirmativa 16 também é correta, pois Platão
podem mexer-se nem ver alhures exceto diante deles, identifica a luz com o conhecimento, onde a
pois a corrente os impede de virar a cabeça; a luz iluminação é necessária para que as coisas possam ser
lhes vem de um fogo que brilha a grande distância, reconhecidas e entendidas pela alma.
no alto e por trás deles; entre o fogo e os prisioneiros
passa um caminho elevado; imagina que, ao longo 110. Considere o seguinte trecho “No diálogo
deste caminho, ergue-se um pequeno muro [...]. Mênon, Platão faz Sócrates sustentar que a virtude
Considera agora o que lhes sobrevirá naturalmente se não pode ser ensinada, consistindo-se em algo que
forem libertos das cadeias e curados da ignorância. trazemos conosco desde o nascimento, defendendo
Que se separe um desses prisioneiros, que o forcem uma concepção, segundo a qual temos em nós um
a levantar-se imediatamente, a volver o pescoço, a conhecimento inato que se encontra obscurecido
caminhar, a erguer os olhos à luz: ao efetuar todos
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desde que a alma encarnou-se no corpo. O papel da experiência, forma-se um juízo geral e único passível
filosofia é fazer-nos recordar deste conhecimento” de ser referido a todos os casos semelhantes”
MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Aristóteles, Metafísica, 981a5
Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. p. 31. Com base no texto acima, considere as seguintes
Nesse trecho, o autor descreve o que ficou afirmações:
conhecido como I. Somente a ciência é conhecimento universal, cujos
A) a teoria das ideias de Platão. juízos gerais se aplicam a todos os casos semelhantes.
B) a doutrina da reminiscência de Platão. II. A tékhne é uma forma de conhecimento universal,
C) a ironia socrática. pois, com base nas experiências, se forma um juízo
D) a dialética platônica. geral.
III. Por ser semelhante à experiência, a tékhne não
O trecho descrito refere-se à doutrina da constitui um conhecimento universal.
reminiscência de Platão, que afirma que a alma IV. A experiência é pressuposto dos conhecimentos
humana já possui um conhecimento inato, mas que universais (tékhné e epistéme), mas não é ainda um
esse conhecimento está obscurecido desde que a conhecimento universal.
alma encarnou-se no corpo. Assim, o papel da É correto somente o que se afirma em
filosofia seria fazer-nos recordar desse conhecimento a) I e IV.
prévio, através de um processo de questionamento e b) II e III.
reflexão. Portanto, a alternativa correta é a letra B. c) I e III.
d) II e IV.
111. “A alegoria da caverna representa as etapas da
educação de um filósofo ao sair do mundo das Aristóteles considerava que, naqueles seres capazes
sombras (das aparências) para alcançar o de se lembrar (ter memória) das sensações (primeiro
conhecimento verdadeiro. Após essa experiência, ele nível do conhecimento), é possível desenvolver
deve voltar à caverna para orientar os demais e a experiência. Nesse nível, pode-se encaixar alguns
assumir o governo da cidade. Por isso, a análise da animais, mas o homem consegue ultrapassar a
alegoria pode ser feita sob dois pontos de vista.” experiência e vivenciar a arte e a ciência - que nascem
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena da experiência. Por isso, a experiência é pressuposto
Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna,
2016. p. 109.
dos conhecimentos universais (tékhné e epistéme),
Assinale a alternativa que apresenta os dois pontos mas não ainda um conhecimento universal. A arte
de vista sobre a educação que são deduzidos da era vista como técnica, como um saber fazer. Ela
alegoria da caverna. surge das reflexões feitas a partir da experiência,
A) Individualista e teorizante. tendo o conhecimento das causas que produzem as
B) Dogmático e materialista. coisas. A arte é o conhecimento dos universais.
C) Relativista e democrático. Assim, a tékhne é uma forma de conhecimento
D) Epistemológico e político. universal, pois, com base nas experiências, se forma
um juízo geral.
De acordo com o texto citado, a análise da alegoria
da caverna pode ser feita sob dois pontos de vista: 113. Observe a seguinte frase atribuída a Otto Von
epistemológico e político. O ponto de vista Bismarck, estadista e diplomata alemão do século
epistemológico diz respeito à jornada individual do XIX:
filósofo em busca do conhecimento verdadeiro,
saindo do mundo das sombras para alcançar a “Os tolos dizem que aprendem com seus próprios
verdade. Já o ponto de vista político relaciona-se ao erros; eu prefiro aprender com o erro dos outros.”
papel do filósofo na sociedade, voltando à caverna
para orientar os demais e assumir o governo da Tendo como base a definição estabelecida por
cidade. Portanto, a alternativa correta é a letra D. Aristóteles, em sua Metafísica, sobre os graduais níveis
de conhecimento (sentidos, memória, experiência e
7. ARISTÓTELES ciência), é correto dizer que a frase acima, proferida
pelo líder Prussiano, da República de Weimar,
112. “A experiência parece um pouco semelhante à representa
ciência (epistéme) e à arte (tékhne). Com efeito, os a) a demonstração do conhecimento que é dado
homens adquirem ciência e arte por meio da pelos sentidos, pois Bismarck revela ter sensibilidade
experiência. A experiência, como diz Polo, produz a para perceber como agir a partir dos erros alheios.
arte, enquanto a inexperiência produz o puro acaso. b) o conhecimento propiciado pela memória quando
A arte se produz quando, de muitas observações da o líder alemão demonstra decidir suas ações a partir
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da lembrança do que fizeram de errado os seus as outras são subordinadas e auxiliares a ela, inclusive
interlocutores. a ética.
c) o conhecimento da experiência de um político de
anos de atuação, que jamais agiu sem aguardar a ação 115. Em relação ao silogismo categórico de Aristóte-
de seus opositores. les é INCORRETO afirmar que
d) um saber no nível da ciência, mais a) o termo médio aparece na conclusão do
precisamente, de uma das ciências práticas, a silogismo e nunca nas premissas.
política: um saber de caráter universal, obtido a b) a primeira proposição é chamada premissa maior;
partir das várias experiências singulares. a segunda, premissa menor, e a terceira conclusão.
c) o termo médio é aquele que produz a ligação entre
Aristóteles fez a sistematização do conhecimento e a os termos das premissas, produz a conclusão e,
divisão dos campos de saber. Para ele, elas podem assim, ele se faz presente nas premissas maior e
ser: ciências produtivas, ciências práticas e ciências menor.
teoréticas. As ciências produtivas são as que servem d) sendo as premissas verdadeiras, a conclusão
para produzir algo; as ciências práticas são aquelas também será, necessariamente, verdadeira.
usadas para aplicar o saber em alguma ação ou
finalidade moral (como a ética e a política); e as Aristóteles fez a sistematização do conhecimento e a
ciências teoréticas, que são as que buscam o saber divisão dos campos de saber. Para ele, elas podem
pelo saber (como a metafísica, a matemática). Nas ser: ciências produtivas, ciências práticas e ciências
ciências práticas, as atividades práticas ligam-se à teoréticas. As ciências produtivas são as que servem
conduta do homem. Aristóteles considera a política para produzir algo; as ciências práticas são aquelas
como a ciência prática suprema, e afirma que todas usadas para aplicar o saber em alguma ação ou
as outras são subordinadas e auxiliares a ela, inclusive finalidade moral (como a ética e a política); e as
a ética. ciências teoréticas, que são as que buscam o saber
pelo saber (como a metafísica, a matemática). Nas
114. Sobre a compreensão acerca do processo de ciências práticas, as atividades práticas ligam-se à
conhecimento, é correto afirmar que Aristóteles conduta do homem. Aristóteles considera a política
a) compreendia a Filosofia, da mesma forma que como a ciência prática suprema, e afirma que todas
Platão, como um conhecimento único, indivisível e as outras são subordinadas e auxiliares a ela, inclusive
superior a todas as formas de saber. a ética.
b) considerava as ciências práticas como
representantes da forma mais completa de 116. “Chamo de princípio de demonstração às
conhecimento: superior à metafísica e à teologia. convicções comuns das quais todos partem para
c) não considerava a Filosofia como um saber demonstrar: por exemplo, que todas as coisas devem
específico sobre algum assunto, mas uma forma ser afirmadas ou negadas e que é impossível ser e
de conhecer todas as coisas, com procedimentos não ser ao mesmo tempo.”
diferentes para cada campo de coisas que ARISTÓTELES. Metafísica, 996b27-30.
conhecia. Em sua Metafísica, Aristóteles apresenta um conjunto
d) entendia a técnica – tékhne – como um estágio de de princípios lógico-metafísicos que ordenam a
conhecimento inferior ao conhecimento realidade e nosso conhecimento acerca dela. Dentre
experimental, visto ser este de maior comprovação eles está o princípio de não contradição, o qual
empírica. a) indica que afirmações contraditórias são lógica e
metafisicamente aceitáveis, pois a contradição faz
Aristóteles fez a sistematização do conhecimento e a parte da realidade.
divisão dos campos de saber. Para ele, elas podem b) estabelece que é possível que as coisas que tenham
ser: ciências produtivas, ciências práticas e ciências tais e tais características não as tenham ao mesmo
teoréticas. As ciências produtivas são as que servem tempo sob as mesmas circunstâncias.
para produzir algo; as ciências práticas são aquelas c) afirma que é impossível que as coisas que
usadas para aplicar o saber em alguma ação ou tenham tais e tais características não as tenham
finalidade moral (como a ética e a política); e as ao mesmo tempo sob as mesmas circunstâncias.
ciências teoréticas, que são as que buscam o saber d) é normativo, ou moral; portanto, deve ser
pelo saber (como a metafísica, a matemática). Nas rejeitado como antimetafísico, ou seja, não
ciências práticas, as atividades práticas ligam-se à caracteriza a realidade.
conduta do homem. Aristóteles considera a política
como a ciência prática suprema, e afirma que todas Aristóteles fez a sistematização do conhecimento e a
divisão dos campos de saber. Para ele, elas podem
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ser: ciências produtivas, ciências práticas e ciências ( ) Expressa a importância dada por Aristóteles
teoréticas. As ciências produtivas são as que servem à correção lógica do raciocínio empregado na
para produzir algo; as ciências práticas são aquelas construção do conhecimento do Ser das coisas.
usadas para aplicar o saber em alguma ação ou ( ) O silogismo não trata do conteúdo do que
finalidade moral (como a ética e a política); e as se afirma, mas permite se chegar a conclusões
ciências teoréticas, que são as que buscam o saber verdadeiras, desde que baseadas em princípios gerais
pelo saber (como a metafísica, a matemática). Nas verdadeiros.
ciências práticas, as atividades práticas ligam-se à A sequência correta, de cima para baixo, é:
conduta do homem. Aristóteles considera a política A) F, F, V, F.
como a ciência prática suprema, e afirma que todas B) F, V, F, V.
as outras são subordinadas e auxiliares a ela, inclusive C) V, V, F, F.
a ética. D) V, F, V, V.
117. Analise as seguintes afirmativas a respeito da Aristóteles, "o estagirita" (era assim chamado devido
lógica de Aristóteles. seu nascimento na cidade de Estagira), organizou seu
I - A forma mediata do pensamento ou raciocínio é conhecimento em três grandes ciências: teoréticas,
chamada, por Aristóteles, de silogismo. práticas e poéticas. A lógica aristotélica é o estudo
II - Em grego, syllogismós significa raciocinar, vem formal da lógica, um instrumento (órganon) para o
do verbo syllogizo, que significa reunir, juntar pelo correto pensar. O objeto da lógica é o silogismo, ou
pensamento, conjeturar. seja, um argumento constituído de proposições das
III - O silogismo é um raciocínio indutivo. quais se infere uma conclusão.
IV - O exemplo clássico de silogismo é aquele que
contém duas premissas e uma conclusão 119. Segundo Giovanni Reale, a metafísica aristoté-
Marque a alternativa correta. lica é inteiramente constituída por termos e conceitos
a) Apenas as afirmativas I, II e III são verdadeiras. pluridimensionais e polivalentes, e isso vale a
b) Somente a afirmativa III é falsa. começar pelo próprio conceito que define metafísica‘
c) Todas as afirmativas são falsas. ou filosofia primeira‘, que constantemente, ao longo
d) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras. dos catorze livros, é determinado de quatro modos
diferentes.
Somente a afirmativa III é falsa. Todo silogismo REALE, G. Aristóteles: Metafísica. Ensaio Introdutório, Vol 1.
possui três características básicas: deve ser mediato, Trad. Marcelo Perine. São Paulo: Ed. Loyola, 2001, p. 37.
necessário e dedutivo. Os raciocínios indutivos não Sobre os quatro modos diferentes, assinale a
são trabalhados pela lógica aristotélica. alternativa INCORRETA.
A) Trata-se de ciência do ser enquanto ser e do que
118. “O silogismo é uma locução em que uma vez compete ao ser enquanto ser, isto é, ciência das
certas suposições sejam feitas, alguma coisa distinta causas e dos princípios supremos.
delas se segue necessariamente devido à mera B) Trata-se de ciência da percepção sensível e,
presença das suposições como tais. Por ‘devido à então, ancorada em constatações empíricas que
mera presença das suposições como tais’ entendo buscam no o quê as coisas que são a sua razão
que é por causa delas que resulta a conclusão, e por de ser.
isso quero dizer que não há necessidade de qualquer C) O ser tem múltiplos significados, então, a
termo adicional para tornar a conclusão necessária”. metafísica é ciência das causas e dos princípios da
ARISTÓTELES. Órganon: Categorias, Da interpretação, substância, fundamento de todos os outros
Analíticos anteriores, Analíticos posteriores, Tópicos, significados.
Refutações sofísticas. Bauru, SP: EDIPRO, 2010, p. 111. D) A metafísica é ciência teológica ou relativa às
Considerando o enunciado acima, constante no livro coisas divinas, pois se dedica a uma substância
I dos Analíticos anteriores, atente para o que se primeira, transfísica ou suprafísica.
afirma a seguir, e assinale com V o que for
verdadeiro e com F o que for falso. Aristóteles, "o estagirita" (era assim chamado devido
( ) Trata-se da definição de silogismo, termo seu nascimento na cidade de Estagira), organizou seu
filosófico com o qual Aristóteles designou a conhecimento em três grandes ciências: teoréticas,
conclusão deduzida de premissas, a argumentação práticas e poéticas. A lógica aristotélica é o estudo
lógica perfeita. formal da lógica, um instrumento (órganon) para o
( ) Expõe as bases do argumento indutivo com correto pensar. O objeto da lógica é o silogismo, ou
três proposições declarativas (duas premissas e uma seja, um argumento constituído de proposições das
conclusão) que se conectam de tal modo que, a partir quais se infere uma conclusão.
de premissas, é possível induzir uma conclusão.
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120.[...] após ter distinguido em quantos sentidos se encontra tão-somente no mundo inteligível,
diz cada um [destes objetos], deve-se mostrar, em apreendido apenas com o intelecto.
relação ao primeiro, como em cada predicação [o
objeto] se diz em relação àquele. Primeiramente, é um tanto incorreto chamar a
Aristóteles, Metafísica. Tradução de Marcelo Perine. São Paulo: articulação entre os conceitos de ato e de potência de
Edições Loyola, 2002. teoria, pois a teoria aristotélica é a metafísica, é a
De acordo com a ontologia aristotélica, física, etc. A articulação entre os conceitos é uma
a) a metafísica é “filosofia primeira” porque é ciência parte daquilo que é a teoria de fato e, sendo assim,
do particular, do que não é nem princípio, nem causa esta articulação é apenas uma parte do argumento
de nada. geral proposto por Aristóteles. De todo modo, o
b) o primeiro entre os modos de ser, desenvolvimento da potencialidade em atualidade é
ontologicamente, é o “por acidente”, isto é, diz um dos aspectos mais importantes da filosofia
respeito ao que não é essencial. aristotélica. A intenção dessa articulação conceitual
c) a substância é princípio e causa de todas as era resolver alguns problemas existentes na relação
categorias, ou seja, do ser enquanto ser. entre a unidade e a multiplicidade. Em geral, tal
d) a substância é princípio metafísico, tal como articulação se dá em termos de causalidade, isto é,
exposto por Platão em sua doutrina. algo passa de potência ao ato como efeito de uma
causa material, formal, eficiente e final. Por exemplo,
Aristóteles, "o estagirita" (era assim chamado devido uma estátua de bronze: 1) sua causa material é o
seu nascimento na cidade de Estagira), organizou seu próprio bronze; 2) sua causa formal é a ideia que se
conhecimento em três grandes ciências: teoréticas, tem da escultura; 3) a causa eficiente é o escultor
práticas e poéticas. A lógica aristotélica é o estudo capaz de dar forma à matéria informe; 4) a causa
formal da lógica, um instrumento (órganon) para o final é consolidação da forma na matéria informe e a
correto pensar. O objeto da lógica é o silogismo, ou realização da ideia que motivou a feitura da escultura.
seja, um argumento constituído de proposições das
quais se infere uma conclusão. 122. No ethos (ética), está presente a razão profunda
da physis (natureza) que se manifesta no finalismo do
121. Em primeiro lugar, é claro que, com a expressão bem. Por outro lado, ele rompe a sucessão do
“ser segundo a potência e o ato”, indicam-se dois mesmo que caracteriza a physis como domínio da
modos de ser muito diferentes e, em certo sentido, necessidade, com o advento do diferente no espaço
opostos. Aristóteles, de fato, chama o ser da potência da liberdade aberto pela práxis. Embora, enquanto
até mesmo de não-ser, no sentido de que, com autodeterminação da práxis, o ethos se eleve sobre a
relação ao ser-em-ato, o ser-em-potência é não-ser- physis, ele reinstaura, de alguma maneira, a
em-ato. necessidade de a natureza fixar-se na constância do
REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. Vol. II. Trad.
de Henrique Cláudio de Lima Vaz e Marcelo Perine. São Paulo: hábito.
Loyola, 1994, p. 349. (Adaptado de: VAZ, Henrique C. Lima. Escritos de Filosofia II.
Ética e Cultura. 3ª edição. São Paulo: Loyola. Coleção Filosofia
A partir da leitura do trecho acima e em - 8, 2000, p.11-12.)
conformidade com a Teoria do Ato e Potência de Com base no texto, é correto afirmar que a noção de
Aristóteles, assinale a alternativa correta. physis, tal como empregada por Aristóteles,
a) Para Aristóteles, ser-em-ato é o ser em sua compreende:
capacidade de se transformar em algo diferente dele a) A disposição da ação humana, que ordena a
mesmo, como, por exemplo, o mármore (ser-em-ato) natureza.
em relação à estátua (ser-em-potência). b) A finalidade ordenadora, que é inerente à
b) Segundo Aristóteles, a teoria do ato e própria natureza.
potência explica o movimento percebido no c) A ordem da natureza, que determina o hábito das
mundo sensível. Tudo o que possui matéria ações humanas.
possui potencialidade (capacidade de assumir d) A origem da virtude articulada, segundo a
ou receber uma forma diferente de si), que tende necessidade da natureza.
a se atualizar (assumindo ou recebendo aquela e) A razão matemática, que assegura ordem à
forma). natureza.
c) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas o
ser-em-ato. Isto ocorre porque o movimento A physis, natureza, contempla um telos (fim)
verificado no mundo material é apenas ilusório, e o inerente que, de forma imanente, assegura o próprio
que existe é sempre imutável e imóvel. movimento ordenador da natureza. Decorre da
d) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo natureza uma estrutura ordenadora que lhe é
sensível (das coisas materiais) e a potência se
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imanente, portanto, a mesma a cintilar o sentido de Para Aristóteles, a ética é definida pela capacidade do
cosmos (todo ordenado). indivíduo de pensar racionalmente e escolher as
ações mais virtuosas, a fim de alcançar a felicidade.
123. A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre
e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos 125. O Cauim é uma bebida produzida a partir da
não devem estar separados como na inscrição mastigação da mandioca ou do milho por mulheres
existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a cuja saliva contribui para o seu fabrico. A preparação
mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é dessa bebida consiste em três estágios básicos:
ter o que amamos”. Todos estes atributos estão fermentação, amadurecimento e azedamento. Assim,
presentes nas mais excelentes atividades, e entre em todos os rituais de passagem, em determinadas
essas a melhor, nós a identificamos como felicidade. tribos indígenas, a presença do Cauim é
ARISTOTELES. A Política. São Paulo: Cia das Letras, 2010. imprescindível.
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais (Adaptado: SZTUTMAN, R. Cauinagem, uma comunicação
excelentes atributos, Aristóteles a identifica como embriagada - apontamentos sobre uma festa tipicamente
a) busca por bens materiais e títulos de nobreza. ameríndia. Disponível em: <www.antropologia.com.br/tribo>.
Acesso em: 17 jul. 2008.)
b) plenitude espiritual e ascese pessoal.
Nos rituais indígenas, a ingestão do cauim evoca a
c) finalidade das ações e condutas humanas.
busca de um estado de prazer e de felicidade. Na
d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
tradição filosófica, a ideia de felicidade foi abordada
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento
por Aristóteles, na obra “Ética a Nicômaco”.
público.
Considerando o pensamento ético de Aristóteles,
assinale a alternativa correta.
Para Aristóteles, o ser humano atinge a felicidade
a) O interesse pessoal constitui o bem supremo a que
quando o age de forma ética/virtuosa. Todas as
visam todas as ações humanas, acima das escolhas
ações visam um bem e, diante disso, a felicidade seria
racionais.
o bem supremo.
b) A felicidade é o bem supremo a que aspira todo
indivíduo pela experiência sensível do prazer que se
124. Ninguém delibera sobre coisas que não podem
busca por ele mesmo.
ser de outro modo, nem sobre as que lhe é
c) Todos os seres humanos aspiram ao bem e à
impossível fazer. Por conseguinte, como o
felicidade, que só podem ser alcançados pela
conhecimento científico envolve demonstração, mas
conduta virtuosa, aliada à vontade e à escolha
não há demonstração de coisas cujos primeiros
racional.
princípios são variáveis (pois todas elas poderiam ser
d) Fim último da existência humana, a felicidade
diferentemente), e como é impossível deliberar sobre
refere-se à vida solitária do indivíduo, desvinculada
coisas que são por necessidade, a sabedoria prática
da convivência social na polis.
não pode ser ciência, nem arte: nem ciência, porque
e) A felicidade do indivíduo não pode ser alcançada
aquilo que se pode fazer é capaz de ser
pelo discernimento racional, mas tão-somente pelo
diferentemente, nem arte, porque o agir e o produzir
exercício da sensibilidade.
são duas espécies diferentes de coisa. Resta, pois, a
alternativa de ser ela uma capacidade verdadeira e
A virtude da prudência apresenta-se em Aristóteles
raciocinada de agir com respeito às coisas que são
como condição de todas as outras e presente em
boas ou más para o homem.
ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, todas elas. Constitui a escolha racional do justo meio
1980. para evitar os extremos ou excessos. O prudente é
Aristóteles considera a ética como pertencente ao aquele que, em todas as situações, é capaz de julgar,
campo do saber prático. Nesse sentido, ela difere dos discernir e avaliar qual a atitude e qual a ação que
outros saberes porque é caracterizada como melhor realizarão a finalidade ética.
a) conduta definida pela capacidade racional de
escolha. 126. “Se, pois, para as coisas que fazemos existe um
b) capacidade de escolher de acordo com padrões fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é
científicos. desejado no interesse desse fim; e se é verdade que
c) conhecimento das coisas importantes para a vida nem toda coisa desejamos com vistas em outra,
do homem. evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o sumo
d) técnica que tem como resultado a produção de bem. A julgar pela vida que os homens levam em
boas ações. geral, a maioria deles, e os homens de tipo mais
e) política estabelecida de acordo com padrões vulgar, parecem (não sem um certo fundamento)
democráticos de deliberação. identificar o bem ou a felicidade com o prazer, e por
isso amam a vida dos gozos. Pode-se dizer, com
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C) atividade que exige força física e uso limitado 131. Vemos que toda cidade é uma espécie de
da racionalidade. comunidade, e toda comunidade se forma com vistas
D) referencial que o homem deve seguir para viver a algum bem, pois todas as ações de todos os
uma vida ativa. homens são praticadas com vistas ao que lhe parece
E) mecanismo de aperfeiçoamento do trabalho por um bem; se todas as comunidades visam algum bem,
meio da experiência. é evidente que a mais importante de todas elas e que
inclui todas as outras tem mais que todas este
A noção de cidadania estava relacionada à objetivo e visa ao mais importante de todos os bens.
participação política na pólis. Aquele que era tido ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB,1988.
como cidadão deveria legislar, governar, administrar No fragmento, Aristóteles promove uma reflexão
as atividades da cidade, dedicando-se totalmente ao que associa dois elementos essenciais à discussão
bem da pólis (deveria ser um homem virtuoso). sobre a vida em comunidade, a saber:
A) Ética e política, pois conduzem à
130. Se, pois, para as coisas que fazemos existe um eudaimonia.
fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é B) Retórica e linguagem, pois cuidam dos discursos
desejado no interesse desse fim; evidentemente tal na ágora.
fim será o bem, ou antes, o sumo bem. Mas não terá C) Metafísica e ontologia, pois tratam da filosofia
o conhecimento grande influência sobre essa vida? primeira.
Se assim é esforcemo-nos por determinar, ainda que D) Democracia e sociedade, pois se referem a
em linha gerais apenas, o que seja ele e de qual das relações sociais.
ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém E) Geração e corrupção, pois abarcam o campo da
duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais physis.
prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode
chamar a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa Para Aristóteles, os dois elementos essenciais à
natureza, pois é ela que determina quais as ciências discussão sobre a vida em comunidade são a ética
que devem ser estudadas num Estado, quais são as (voltada para o bem individual) e a política (voltada
que cada cidadão deve aprender, e até que ponto; e para o bem comum). Ambos os elementos fariam o
vemos que até as faculdades tidas em maior apreço, homem alcançar seu fim último, que é a felicidade
como a estratégia, a economia e a retórica, estão (Eudaimonia).
sujeitas a ela. Ora, como a política utiliza as demais
ciências e, por outro lado, legisla sobre o que 132. Se na Ética a Nicômaco Aristóteles visa
devemos e o que não devemos fazer, a finalidade encaminhar o indivíduo à felicidade, na Política ele
dessa ciência deve abranger as duas outras, de modo tem por finalidade alcançar o bem comum, o bem-
que essa finalidade será o bem humano. viver. Por isso, ele compreende que a origem da polis
ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. In: Pensadores. São Paulo: está na necessidade natural do homem em buscar a
Nova Cultural, 1991 (adaptado) felicidade. A comunidade natural mais incipiente é a
Para Aristóteles, a relação entre o sumo em e a família, na qual seus membros se unem para facilitar
organização da pólis pressupõe que as atividades básicas de sobrevivência. E várias
a) o bem dos indivíduos consiste em cada um famílias se ligam para formar a aldeia. E as aldeias se
perseguir seus interesses. juntam para instituir a polis.
b) o sumo em é dado pela fé de que os deuses são os Sobre isso, é correto afirmar que
portadores da verdade. a)o homem não é naturalmente um animal político,
c) a política é a ciência que precede todas as mas é, por natureza, um membro da família.
demais na organização da cidade. b) a polis não é uma noção artificial, mas
d) a educação visa formar a consciência de cada natural, pois é o lugar do homem desenvolver as
pessoa para agir corretamente. suas potencialidades em vista ao bem-viver.
e) a democracia protege as atividades políticas c) a felicidade do homem está nas condições que
necessárias para o em comum. permitem sua sobrevivência no âmbito da família.
d) a polis se constitui independente das famílias e das
Aristóteles afirma que todas as outras faculdades aldeias, pois é a única comunidade natural a que o
estão sujeitas à política, e que ela estaria relacionada a homem pertence.
uma maneira de viver que levasse os indivíduos à
felicidade. O sumo bem deve estar ligado a um saber De acordo com o pensamento aristotélico, a Política
supremo, uma ciência superior às outras ciências, que é a ciência que tem por objetivo a felicidade humana,
Aristóteles considera a política. Portanto, seria a base dividindo-se em ética (busca a felicidade
da vida na pólis. individual do homem na pólis) e política (que se
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preocupa com a felicidade coletiva da pólis). Para emoções humanas nas obras poéticas são tão ou
Aristóteles, toda cidade se forma com vistas ao bem mais importante que a expressão de valores e
comum, e todas as ações dos homens são feitas de conteúdos morais.
acordo com o que lhes parece um bem.
III. Correta. Aristóteles, na obra Poética, atribui ao
133. Para Aristóteles, a boa convivência entre os poeta uma visão sobre o real que o aproxima da
habitantes da cidade ideal não seria nunca obtida perspectiva universal do conhecimento. Tal visão
com a mera apathia (ausência de paixões) platônica, modelar sobre o real é o que permite tanto ao poeta
mas somente através de uma boa medida entre razão quanto ao filósofo uma melhor compreensão da
e afetividade. Enfim, a arte não apenas é capaz de natureza humana, bem como extrair dessa
nos trazer saber, ela tem também uma função compreensão lições e sugestões que iluminem as
edificante e pedagógica. pessoas em suas ações diante da comunidade.
(FEITOSA, C. Explicando a filosofia com arte. Rio de Janeiro:
Ediouro, 2004, p.123.) IV. Incorreta. O belo encontra-se apenas em algumas
Com base no texto, nos conhecimentos sobre artes, como é o caso da música e dos poemas épicos,
Aristóteles e na ideia de que os espaços do Teatro, da e vincula-se aos laços morais e sociais existentes na
Ágora, dos Templos na cidade de Atenas foram pólis, embora a transformação das emoções humanas
imprescindíveis para a vocação formativa da arte na seja, nesse âmbito, tanto e até mais importante que o
Grécia Clássica, considere as afirmativas a seguir. vínculo com os valores e conteúdos morais. Por fim,
I. A catarse propiciada pelas obras teatrais trágicas o mundo idealizado tem mais a ver com a
apresentadas na cidade grega operava uma perspectiva platônica que com a perspectiva
transformação das emoções e tornava possível que aristotélica, à qual a questão está vinculada.
os cidadãos se purificassem e saíssem mais elevados
dos espetáculos. 134. A arte de imitar está bem longe da verdade, e se
II. A obra poética educava e instruía o cidadão da executa tudo, ao que parece, é pelo facto de atingir
cidade grega, e isso acontecia por consequência da apenas uma pequena porção de cada coisa, que não
satisfação que este sentia ao imitar os atos dos passa de uma aparição.
grandes heróis que eram encenados no teatro. (Adaptado de: PLATÃO. A República. 7.ed. Trad. de Maria
III. O poeta demonstrava o universal como possível Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993.)
ao criar modelos de situações exemplares, que O imitar é congênito no homem e os homens se
permitem fortalecer o sentimento de comunidade. comprazem no imitado.
IV. O belo nas diversas artes, como nos poemas (Adaptado de: ARISTÓTELES. Poética. 4.ed. Trad. de Eudoro
épicos, na tragédia e na comédia, desvinculava-se dos de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p.203.)
laços morais e sociais existentes na pólis, projetando- Com base nos textos, nos conhecimentos sobre
se em um mundo idealizado. estética e a questão da mímesis em Platão e
Assinale a alternativa correta. Aristóteles, assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. a) Para Platão, a obra do artista é cópia de coisas
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. fenomênicas, um exemplo particular e, por isso,
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. algo inadequado e inferior, tanto em relação aos
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. objetos representados quanto às ideias
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. universais que os pressupõem.
b) Para Platão, as obras produzidas pelos poetas,
I. Correta. Quando, na obra Poética, Aristóteles trata pintores e escultores representam perfeitamente a
do objeto de imitação na tragédia, ele nos traz a verdade e a essência do plano inteligível, sendo a
compreensão de que, pelas emoções, nos atividade do artista um fazer nobre, imprescindível
purificamos, e isso porque é possível que nos para o engrandecimento da pólis e da filosofia.
tornemos homens melhores, como gostaríamos de c) Na compreensão de Aristóteles, a arte se restringe
ser. Por esse motivo saímos da tragédia, segundo à reprodução de objetos existentes, o que veda o
Aristóteles, mais elevados e motivados por ações poder do artista de invenção do real e impossibilita a
elevadas. função caricatural que a arte poderia assumir ao
apresentar os modelos de maneira distorcida.
II. Correta. No que toca à arte poética, através da d) Aristóteles concebe a mímesis artística como uma
imitação (mímesis) dos atos heróicos, temos uma atividade que reproduz passivamente a aparência das
transformação das emoções humanas pela reflexão coisas, o que impede ao artista a possibilidade de
que a mímesis proporciona. Deste modo, a obra recriação das coisas segundo uma nova dimensão.
Poética educava e instruía o cidadão. Aristóteles e) Aristóteles se opõe à concepção de que a arte é
percebe que a provocação e a transformação das imitação e entende que a música, o teatro e a poesia
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a) O artista deve copiar a natureza, retirando suas dos argumentos é dada mediante o tipo de relação
imperfeições ao imitá-la com base no modelo que entre essas proposições. Isso se verificar, por
nunca muda. exemplo, nas regras do silogismo criadas por
b) O procedimento do artista resulta em imitar a Aristóteles.
natureza de maneira realista, típica do naturalismo
grego. 140. “Logo, o que é primeiramente, isto é, não em
c) A arte, distinta da natureza, produz imitações sentido determinado, mas sem determinações, deve
desta, mas são criações sem finalidade ou utilidade. ser a substância. Ora, em vários sentidos se diz que
d) A arte completa a natureza por ser a uma coisa é primeira, e em todos eles o é a
capacidade humana para criar e produzir o que substância: na definição, na ordem de conhecimento,
a natureza não produz. no tempo.”
e) A arte produz o prazer em vista de um fim, e a ARISTÓTELES. Metafísica. (1028a 30-35). Tradução de
natureza gera em vista do que é útil. Leonel Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1969. p.147-148.
De acordo com o pensamento de Aristóteles,
A arte, para Aristóteles, é a capacidade humana para marque a alternativa incorreta.
imitar o processo de geração da natureza. Os seres a) Para Aristóteles, o conhecimento somente é
humanos podem gerar algo não natural que possível tendo por objeto as substâncias, pois dos
complementa o que a natureza às vezes não produz. acidentes não é possível se fazer ciência.
b) A substância, ao contrário do acidente, é a
138. Conforme o Dicionário de Filosofia de Nicola categoria por meio da qual sabemos o que uma coisa
Abbagnano, Platão emprega a palavra silogismo para é, pois é a partir da substância que definimos uma
definir o raciocínio em geral. Aristóteles, por sua vez, coisa.
o define como o tipo perfeito de raciocínio dedutivo, c) Pode-se dizer que, para a metafísica aristotélica, a
“um discurso em que, postas algumas coisas, outras substância é a característica necessária de uma coisa,
se seguem necessariamente”. Considere que a uma vez que nos indica em que sentido uma coisa é.
premissa “Todo atleta treina”, sentença universal e d) Segundo a metafísica aristotélica, a definição
afirmativa, é a premissa maior de um silogismo, cuja de cada ser é apreendida pela ordenação e
conclusão é: “Logo, Maria treina”. classificação de suas características acidentais.
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. Trad. Alfredo Bosi
e Ivone C. Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2003. A alternativa [B] é incorreta. Os argumentos aceitam
De acordo com tal definição, assinale a alternativa todos os tipos de proposições. Entretanto, a validade
que indica, corretamente, a premissa menor: dos argumentos é dada mediante o tipo de relação
a) Maria não é atleta. entre essas proposições. Isso se verificar, por
b) Maria não treina. exemplo, nas regras do silogismo criadas por
c) Maria é atleta. Aristóteles.
d) Maria é atleta, mas não treina.
141. Considere as seguintes afirmações de Aristóteles
“Maria é atleta” indica uma premissa menor porque e assinale a alternativa correta.
o sujeito da proposição – Maria – é tomado apenas I. “... é a ciência dos primeiros princípios e das
como uma parte indeterminada, neste caso, apenas primeiras causas.”
singular porque o sujeito refere-se a um indivíduo. II. “... é a ciência do ser enquanto ser.”
Que ciência é essa ou quais ciências são essas?
139. A respeito do papel da proposição na lógica de a) A Ética ou a Política.
Aristóteles (384 − 322 a.C), assinale a alternativa b) A Física e a Metafísica.
incorreta. c) A História e a Metafísica.
a) Verdade e falsidade são atributos necessários de d) A Filosofia Primeira ou a Metafísica.
uma proposição.
b) Somente são aceitas nos argumentos as A ciência à qual se referem as duas frases é chamada
proposições universais afirmativas. por Aristóteles, em sua obra Metafísica, de Filosofia
c) Qualidade (afirmativas/negativas) e quantidade Primeira, responsável por estudar as essências das
(universais/ particulares) são modos de classificar as coisas. Atualmente, utiliza-se simplesmente o nome
proposições. de Metafísica (ou, em alguns casos, ontologia) para se
d) Os termos de uma proposição são o Sujeito e o referir a esse campo de investigação filosófico.
Predicado.
142. Numa postagem do Facebook, um usuário
A alternativa [B] é incorreta. Os argumentos aceitam afirma:
todos os tipos de proposições. Entretanto, a validade
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Alguém apagou o vídeo em que mostra na sociedade o homem se torna plenamente humano;
imagens de mulher nua ele não é nem deus (perfeitos) nem animal (não
Arregou pensa nem fala), pois sente a necessidade de viver
Uma amiga comenta: com os seus semelhantes. A vida em comunidade é o
Todo covarde é arregão... Todo estuprador é caminho para a felicidade.
covarde... logo, todo estuprador é arregão...
Observe que esse comentário constitui um 144. “Como a composição das tragédias mais belas
argumento, com premissas e conclusão. Supondo não é simples, mas complexa, e, além disso, deve
que a palavra “covarde” tenha o mesmo imitar casos que suscitam o terror e a piedade
significado nas duas premissas, a forma do (porque tal é o próprio fim desta imitação),
argumento é evidentemente se segue que [nelas] não devem ser
A) falaciosa. representados nem homens muito bons que
B) modus ponens. passem da boa para a má fortuna – caso que não
C) modus tollens. suscita terror nem piedade, mas repugnância –
D) silogística. nem homens muito maus, que passem da má para
a boa fortuna, pois não há coisa menos trágica,
Silogismo é um argumento constituído de faltando- lhe todos os requisitos para tal efeito;
proposições das quais se infere uma conclusão, em não é conforme aos sentimentos humanos, nem
que se observa a forma como ele foi constituído. É desperta terror ou piedade.”
um raciocínio que fornece o conhecimento de uma ARISTÓTELES. Poética, XIII, 1452b 31. Trad. de Eudoro de
coisa por meio de outras coisas, e é composto de, no Souza. São Paulo: Ars Poética, 1993.
mínimo, duas proposições de onde se extrai uma Considerando a concepção de poética de
conclusão. Aristóteles, assinale com V ou F conforme seja
verdadeiro ou falso o que se afirma a seguir:
143. “Toda polis é uma forma de comunidade. [...] O ( ) Aristóteles concebe que toda
homem é, por natureza, um ser vivo político (zoon poesia trágica é uma imitação (mimese ou
politikon). [...] Além disso, a polis é anterior à família e mímesis).
a cada um de nós, individualmente considerado; é ( ) A imitação trágica deve ser tal que
que o todo é, necessariamente, anterior à parte. [...] provoque nos espectadores terror e
É evidente que a polis é, por natureza, anterior ao piedade.
indivíduo; como um indivíduo separado não é ( ) Para atingir seus fins, a tragédia deve ser
autossuficiente, ele permanece em relação à cidade conforme aos sentimentos humanos.
como uma parte em relação ao todo. Quem for ( ) A tragédia representa homens muito
incapaz de ser em comunidade ou que não sente essa bons que passaram da boa para a má fortuna.
necessidade por causa de sua autossuficiência será A sequência correta, de cima para baixo, é:
um bicho ou um deus; e não faz parte de qualquer A) F, F, V, V.
polis”. B) V, V, V, F.
ARISTÓTELES. Política, 1252a1; 1253a5-30 –Texto adaptado. C) V, F, F, V.
Com base na citação acima, é correto afirmar que, D) F, V, F, F.
para Aristóteles,
A) a satisfação dos interesses individuais e familiares Aristóteles enxergava a arte como representação do
constituem o fundamento e a finalidade da polis. mundo. A tragédia é uma arte mimética, uma
B) a comunidade política tem como fim último imitação que, suscitando o terror e a piedade, causa a
impedir a autossuficiência dos indivíduos e das purificação (catarse) dessas emoções. O espectador
famílias. se sensibiliza com o horror dos acontecimentos em
C) a vida comum é o fundamento da vida cena, e a tragédia gera um sentimento de
individual e familiar e só ela pode ser compaixão/piedade pelo herói, e de terror em face
autossuficiente. das dores, sofrimentos, que aparecem em cena.
D) embora seja um ser vivo político, o homem pode
viver sozinho como os deuses e os bichos. 145. Leia atentamente os trechos a seguir, que são
fragmentos das análises de Platão e Aristóteles sobre
Aristóteles defende a ideia de que o ser humano é os sistemas de governo – suas opiniões sobre a
um animal político, além da autossuficiência do democracia:
cidadão e o seu vínculo com a autarquia da “A democracia se divide em várias espécies.
comunidade política. Para ele, vivemos em sociedade Nas cidades que se tornaram maiores ela exibe a
porque isso é a finalidade do ser humano. Somente igualdade absoluta, a lei coloca os pobres no
mesmo nível que os ricos e pretende que uns não
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tenham mais direitos do que os outros. O Estado deles classificou a democracia como esse governo
cai no domínio da multidão indigente. Tal gentalha ideal.
desconhece que a lei governa, mas onde as leis não
têm força pululam os demagogos”. 146. Assim, a epopeia e a poesia trágica, também a
ARISTÓTELES. A política. Trad. Roberto L. F. São cômica, [. . . ] são, [. . . ] produções miméticas. [. . . ]
Paulo: Martins Fontes, 1998. Adaptado. mas não há nada em comum entre Homero e
“A passagem da democracia para a tirania não Empédocles, exceto a métrica; eis porque
se fará da mesma forma que a da oligarquia para a designamos, com justiça, um de poeta, o outro de
democracia? Do desejo insaciável de riquezas? De naturalista em vez de poeta.
tão-somente ganhar dinheiro, proveio a ruína da ARISTÓTELES. Poética. 1447 a15; 1447 b16-21. 2. ed. Edição
oligarquia. E o que destruiu a democracia, não foi bilíngue. Trad. Paulo Pinheiro. Rio de Janeiro: Editora 34, 2017.
a avidez do bem que ela a si mesma propusera? p. 37 e 39; 43 e 45
Qual foi o bem a que ela se propôs? — A Com base no texto e nos conhecimentos sobre
liberdade. Da extrema liberdade nasce a mais Aristóteles, assinale a alternativa correta.
completa e selvagem servidão”. a) Homero e Empédocles, por usarem a metrificação
PLATÃO: as grandes obras. A república. Livro VIII. Tradução e discursos miméticos, falam dos deuses e heróis da
Carlos A. Nunes, Maria L. Souza, A. M. Santos. Edição do mitologia e da presença deles na natureza.
Kindle, 2019. Adaptado. b) A escrita tanto de poetas trágicos como de
Considerando o trecho acima, e o pensamento filósofos naturalistas é definida pela métrica, ambos
político dos dois filósofos da antiguidade, atente para tratando racionalmente da natureza dos deuses.
o que se diz a seguir e assinale com V o que for c) Mesmo usando métrica, Empédocles é um
verdadeiro e com F o que for falso. dos primeiros filósofos que tratam da natureza,
enquanto Homero narra os mitos da tradição
( ) Para Platão, a melhor forma de governança grega.
era a aristocracia, na qual os melhores, por serem d) Métrica e mimética de poetas e naturalistas
mais sábios, deveriam governar; entretanto, esta expressavam o modo como os mitos explicavam o
poderia se corromper e tornar-se uma timocracia. funcionamento da natureza e do cosmo.
( ) Aristóteles considerava a monarquia a pior e) Empédocles e Anaximandro, filósofos naturalistas,
das formas de governo. O governo de um só seria escreviam em métrica, explicando como os deuses
errado por corromper a natureza política dos controlavam a natureza.
indivíduos, um desvio para o governante.
( ) Diferente de Platão, Aristóteles entendia Os primeiros filósofos naturalistas – pré-socráticos –
que a democracia era a melhor forma de governo, mesmo usando a métrica, explicam a natureza como
desde que não se corrompesse e se transformasse em uma ordem que deve seu funcionamento e
uma demagogia. organização à própria natureza (physis), não a forças
( ) Tanto Platão como Aristóteles buscaram sobrenaturais, ou seres fantásticos como os deuses,
estabelecer, cada um a seu modo, os parâmetros de assuntos aos quais se dedicavam os poetas como
um bom e justo governo. Nenhum deles, entretanto, Homero.
tinha admiração pela democracia, sobretudo Em seu
formato puro. 8. FILOSOFIA HELENÍSTICA
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a) V, F, V, F. 147. O helenismo é um período da história da
b) V, F, F, V. filosofia que se caracteriza pela
c) F, V, F, V. A) exclusividade que dá à dimensão prática da
d)F, V, V, F. filosofia, em contraposição à dimensão investigativa
das filosofias platônica e aristotélica.
Para Platão, a melhor forma de governança seria uma B) importância que confere à lógica, à ética e à
aristocracia, em que os mais sábios governariam, pois estética, como investigações necessárias para se
estes contemplaram a ideia de "Bem". Aristóteles e alcançar a satisfação individual ou felicidade.
Platão não consideravam a democracia uma boa C) centralidade que atribui à ética, em meio a
forma de governo. Aristóteles afirmava que ela significativas teorizações sobre a natureza, em
permitia a participação de cidadãos não tão um momento de crescente desagregação da
qualificados (estrangeiros, escravos). Platão também pólis grega.
não via a democracia com bons olhos pois, para ele, D) valorização do indivíduo e sua ação, em
o povo não possuía a ciência política. Eles pensaram detrimento da investigação lógica, fundamental em
no que seria um governo justo e bom, e nenhum uma perspectiva como a de Aristóteles.
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E) predominância de sistemas metafísicos voltados a) apreender a viver com o necessário e não fazer
para a busca do bem comum, em oposição às do desnecessário algo necessário.
perspectivas epistemológicas de Platão e Aristóteles. b) valorizar a razão e a cultura, pois esses são
fundamentais para a vida humana.
Durante o período helenístico, a filosofia grega c) a razão é a base para a vida humana
sofreu uma mudança significativa em sua orientação, d) a essência do homem é a sua alma, essa é racional
passando a se concentrar mais em questões éticas e e virtuosa.
práticas, em vez de investigações teóricas e e) apreender a viver com o necessário natural e
metafísicas. Isso ocorreu em um momento de cultural.
crescente desagregação da pólis grega e de
instabilidade política e social, levando os filósofos a A frase "apreender a viver com o necessário e não
se concentrarem na ética e na vida individual como fazer do desnecessário algo necessário" se refere ao
uma forma de lidar com as mudanças em sua pensamento cínico. Os cínicos valorizavam a
sociedade. Portanto, a opção correta é a letra C. simplicidade e a autossuficiência na vida, buscando
viver com o mínimo necessário e renunciando aos
148. Quais das correntes filosóficas abaixo podem desejos supérfluos que causavam sofrimento e
ser consideradas do período helenístico: escravidão. Portanto, a opção correta é a letra A.
a) modismo, marxismo e capitalismo
b) estoicismo, epicurismo e modismo 151. Quais dos filósofos fizeram parte da escola
c) epicurismo, cinismo, estoicismo e pirronismo helenística dos cínicos?
(ceticismo) a) Aristóteles e Diógenes de Sínope.
d) platonismo e neoplatonismo b) Antístenes e Diógenes de Sínope.
e) epicurismo, platonismo, estoicismo e pirronismo c) Platão e Diógenes de Sínope.
(ceticismo) d) Tales e Diógenes de Sínope.
e) Demócrito e Diógenes de Sínope.
As correntes filosóficas do período helenístico foram
marcadas pela ênfase na ética e na busca da felicidade Os filósofos Antístenes e Diógenes de Sínope são
individual. As principais correntes filosóficas desse considerados os fundadores da escola cínica, uma das
período foram o estoicismo, o epicurismo, o cinismo correntes filosóficas do período helenístico. Eles
e o pirronismo (ceticismo). O platonismo e o defendiam uma vida simples e em harmonia com a
neoplatonismo são correntes filosóficas que surgiram natureza, sem se preocupar com as convenções
antes do período helenístico e continuaram a ser sociais e materiais da época. A escola cínica foi
desenvolvidas depois dele. Portanto, a opção correta influente na época helenística e também exerceu
é a letra C. influência sobre outras correntes filosóficas
posteriores. Portanto, a resposta correta é a letra B.
149. Qual foi o marco histórico que caracteriza o
início do período helenístico? 152. Os cínicos podem ser chamados de cães. Qual
a) conquistas de Alexandre, o Grande. alternativa abaixo não justifica tal designação?
b) guerra do Peloponeso. a) por causa da indiferença de seu modo de vida, pois
c) Guerra de Tróia. fazem um culto à indiferença e, assim como os cães,
d) nascimento de Sócrates. comem e fazem amor em público, andam descalços e
e) passagem do discurso mítico para o discurso dormem em banheiras nas encruzilhadas.
filosófico. b) porque o cão é um animal sem pudor, e os cínicos
fazem um culto à falta de pudor, não como sendo
O período helenístico começou com as conquistas de falta de modéstia, mas como sendo superior a ela.
Alexandre, o Grande, que expandiu o Império c) porque o cão é um bom guarda e eles guardam os
Macedônico por toda a Grécia e além dela, criando princípios de sua filosofia, os valores naturais e
um grande império que se estendia desde a Grécia necessários para a vida.
até o Egito e a Índia. As conquistas de Alexandre d) porque o cão é um animal exigente que pode
tiveram um grande impacto na cultura, na política e distinguir entre os seus amigos e inimigos. Portanto,
na filosofia grega, que passou a ser influenciada por eles reconhecem como amigos aqueles que são
diversas tradições culturais e filosóficas do mundo adequados à filosofia, e os recebem gentilmente,
mediterrâneo e do Oriente Médio. Portanto, a opção enquanto os inaptos são afugentados por ele, como
correta é a letra A. os cães fazem, ladrando contra eles.
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e) porque o cão é um animal domesticado e que o epicurismo, que buscavam a realização moral do
pode viver entre os homens, aceitando assim, a indivíduo, e, como quase todas as escolas da
sua cultura. Antiguidade, concebem que o homem deve buscar a
sabedoria e a felicidade.
Na verdade, os cínicos eram conhecidos como O princípio da ética epicurista está relacionado com a
"cães" porque eles eram vistos como vivendo de A) atitude de desvio da dor e da procura do
maneira simples, com poucos pertences e sem muitas prazer, sendo que a concepção do prazer é
convenções sociais, assim como os cães que podem também espiritual e contribui para a paz de
viver sem se preocupar com as normas humanas e as espírito e o autodomínio.
convenções sociais. No entanto, a alternativa E não B) ideia de que é pela razão que se alcança a
justifica essa designação, pois os cães não são perfeição moral e que centra a busca dessa perfeição
domesticados porque podem viver entre os homens. no amor e na boa vontade.
Em vez disso, eles foram domesticados ao longo dos C) atitude de aceitação de tudo que acontece, porque
anos e, portanto, podem viver com humanos. tudo faz parte de um plano superior, guiado por uma
razão universal.
153. Os deuses, de fato, existem, e é evidente o D) relação individual e pessoal de cada um com
conhecimento que temos deles; já a imagem que Deus, que é concebido como o Criador onisciente e
deles faz a maioria das pessoas, essa não existe: as onipresente.
pessoas não costumam preservar a noção que têm E) noção de que cada indivíduo pode escolher
dos deuses. Ímpio não é quem rejeita os deuses em livremente entre se aproximar de Deus ou se afastar
que a maioria crê, mas sim quem atribui aos deuses Dele.
os falsos juízos dessa maioria. Com efeito, os juízos
do povo a respeito dos deuses não se baseiam em Para Epicuro, a felicidade consistia na ausência de
noções inatas, mas em opiniões falsas. Daí a crença perturbações e na obtenção dos prazeres naturais e
de que eles causam os maiores malefícios aos maus e necessários, como a saúde do corpo e a serenidade
os maiores benefícios aos bons. Irmanados pelas da alma. No entanto, ele diferenciava prazer e
suas próprias virtudes, eles só aceitam a convivência luxúria, defendendo que o prazer deve ser
com os seus semelhantes e consideram estranho tudo equilibrado e moderado, e não deve causar dor no
que seja diferente deles. futuro. Além disso, a filosofia epicurista também
EPICURO. Carta sobre a felicidade (a Meneceu). Trad. de A. valorizava a amizade, a moderação e a simplicidade
Lorencini e E. del Carratore. São Paulo: Editora da UNESP, de vida.
2002. p. 25-27.
A filosofia epicurista está relacionada a
155. Analise as afirmativas abaixo e marque F para
A) formular questões filosóficas a respeito do
falsas e V para Verdadeira.
Princípio do Universo.
a) Para Epicuro, todas as atividades humanas aspiram
B) negar o medo da morte buscando a
a algum bem, dentre os quais o maior é a felicidade;
tranquilidade da alma.
mas para ele a felicidade não consiste nos prazeres
C) pregar o ateísmo como forma de libertação para
nem na riqueza: considerando que o pensar é o que
os prazeres carnais.
mais caracteriza o homem, conclui que a felicidade
D) defender a rígida separação entre o mundo ideal e
consiste na atividade da alma segundo a razão.
o mundo material. E aceitar a devoção religiosa
b) Para os hedonistas (do grego hedoné, “prazer”), o
moderada como indispensável à felicidade.
bem se encontra no prazer. Em um sentido bem
genérico, podemos dizer que a civilização
A filosofia epicurista está relacionada a negar o medo
contemporânea é hedonista quando identifica a
da morte buscando a tranquilidade da alma. A letra B
felicidade com a aquisição de bens de consumo: ter
está correta. Epicuro defendia que o objetivo da vida
uma bela casa, carro, boas roupas, boa comida,
humana é a felicidade, que consiste na ausência de
múltiplas experiências sexuais. E, também, na
perturbações e na obtenção dos prazeres naturais e
incapacidade de tolerar qualquer desconforto, seja
necessários, como a saúde do corpo e a serenidade
uma simples dor de cabeça, seja o enfrentamento
da alma. Para isso, ele pregava a eliminação do medo
sereno das doenças e da morte.
da morte, pois este era considerado uma das maiores
c) O principal representante do hedonismo grego, no
fontes de perturbação da alma. Além disso, a
século III a.C, Aristóteles, considera que os prazeres
filosofia epicurista também valorizava a amizade, a
do corpo são causa de ansiedade e sofrimento, e,
moderação e a simplicidade de vida.
para que a alma permaneça imperturbável, é preciso,
portanto, desprezar os prazeres materiais. Essa
154. As principais escolas filosóficas, na Grécia
Antiga, a partir do século III a.C., são o estoicismo e
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156. O Período Helenístico inicia-se com a conquista 157. Na ética epicurista os prazeres da vida política
macedônica das cidades-Estado gregas. As correntes são considerados como
filosóficas desse período surgem como tentativas de A) naturais e necessários, porque ligados à
remediar os sofrimentos da condição humana conservação da vida humana.
individual: o epicurismo ensinando que o prazer é o B) naturais mas não necessários, pois são um
sentido da vida; o estoicismo instruindo a suportar refinamento do instinto de conservação.
com a mesma firmeza de caráter os acontecimentos C) não naturais e não necessários, pois
bons ou maus; o ceticismo de Pirro orientando a comprometem a ataraxía e a aponía.
suspender os julgamentos sobre os fenômenos. D) o coroamento da ataraxía e da aponía, pois só a
Sobre essas correntes filosóficas, assinale o que for vida pública lhes confere sentido.
correto. E) os únicos admissíveis, pois criam condições
01) Os estóicos, acreditando na idéia de um cosmo materiais que favorecem a ataraxía.
harmonioso governado por uma razão universal,
afirmaram que virtuoso e feliz é o homem que vive Na ética epicurista, os prazeres da vida política são
de acordo com a natureza e a razão. considerados como não naturais e não necessários,
02) Conforme a moral estóica, nossos juízos e comprometendo a ataraxia e a aponia. Portanto, a
paixões dependem de nós, e a importância das coisas opção correta é a letra C. Para Epicuro, a ataraxia e a
provém da opinião que delas temos. aponia são os principais objetivos da vida humana,
04) Para o epicurismo, a felicidade é o prazer, mas o sendo a ataraxia a ausência de perturbações e
verdadeiro prazer é aquele proporcionado pela agitações da alma, e a aponia o estado de ausência de
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dor. Os prazeres políticos envolvem competição, 08) Epicuro critica os filósofos que ficavam reclusos
inveja, rivalidade e preocupações, o que contradiz a no jardim das suas academias e ensinavam apenas
busca pela tranquilidade e ausência de perturbações para um grupo restrito de discípulos. Acredita que a
da alma. filosofia deve ser ensinada nas praças públicas.
16) Para Epicuro, não devemos temer a morte, pois,
158. Um princípio central da doutrina epicurista é a enquanto vivemos, a morte está ausente e quando ela
A) necessidade de superar a constante ameaça da for presente nós não seremos mais; portanto, a vida e
morte através da busca pelo prazer e por uma vida a morte não podem encontrar-se. Devemos exorcizar
simples, em companhia dos amigos. todo temor da morte e sermos capazes de gozar a
B) inexistência da liberdade e consequente exortação finitude da nossa vida.
à busca pelo prazer, uma vez que a vida é mero
resultado do movimento aleatório dos átomos. A afirmativa 01 está correta, pois a filosofia de
C) negação da existência dos deuses como condição Epicuro é baseada no atomismo de Demócrito, que
para a investigação da natureza, base de todo afirma que todas as coisas são compostas por átomos
conhecimento e da busca da felicidade. em movimento, inclusive a alma humana, que é
D) relação intrínseca entre a lúcida compreensão formada por um agrupamento de átomos que se
dos fenômenos naturais e a procura de uma desagregam depois da morte. Já a afirmativa 16
felicidade terrena, a ser compartilhada entre também está correta, pois Epicuro defendia que não
mestre e discípulos. devemos temer a morte, pois ela não pode ser
E) afirmação da equivalência de todos os desejos, vivenciada enquanto estamos vivos, e, quando
efeitos do movimento aleatório dos átomos, o que chegar, não estaremos mais vivos para experienciá-la.
anula a imputabilidade moral dos atos humanos. Portanto, devemos aproveitar nossa vida finita sem
medo da morte.
Esse é um dos princípios centrais da doutrina
epicurista, que valoriza a busca pelo conhecimento 160. Afirma o filósofo Epicuro (séc. III a.C.),
dos fenômenos naturais e pela compreensão racional conhecido pela defesa de uma filosofia hedonista:
do mundo como uma forma de alcançar a felicidade “(...) o prazer é o começo e o fim da vida feliz. É ele
terrena. Além disso, a doutrina epicurista valoriza a que reconhecemos como o bem primitivo e natural e
amizade e a comunidade, com a relação entre mestre é a partir dele que se determinam toda escolha e toda
e discípulo sendo vista como uma importante forma recusa e é a ele que retornamos sempre, medindo
de transmissão do conhecimento e de formação de todos os bens pelo cânon do sentimento.
comunidades unidas pela busca da felicidade. Mais Exatamente porque o prazer é o bem primitivo e
uma vez, peço desculpas pelo erro na resposta natural, não escolhemos todo e qualquer prazer;
anterior. podemos mesmo deixar de lado muitos prazeres
quando é maior o incômodo que os segue.”
159. A filosofia de Epicuro (341 a 240 a.c.) pode ser (EPICURO, A vida feliz. In: ARANHA, M. L.; MARTINS, M.
caracterizada por uma filosofia da natureza e uma P. Temas de filosofia. 3.ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005)
antropologia materialista; por uma ética Considerando os conceitos de Epicuro, é correto
fundamentada na amizade e a busca da felicidade nos afirmar que
princípios de autarquia (autonomia e independência 01) estudar todo dia não é bom porque a falta de
do sujeito) e de ataraxía (serenidade, ausência de prazer anula todo conhecimento adquirido.
perturbação, de inquietação da mente). 02) todas as escolhas são prazerosas porque
Sobre a filosofia de Epicuro, assinale o que for naturalmente os seres humanos rejeitam toda dor.
correto. 04) comer uma refeição nutritiva e saborosa em
01) A filosofia de Epicuro fundamenta-se no demasia é ruim porque as consequências são danosas
atomismo de Demócrito. Epicuro acredita que a ao bem-estar do corpo.
alma humana é formada de um agrupamento de 08) a beleza corporal é uma finalidade da vida
átomos que se desagregam depois da morte, mas que humana porque o prazer de ser admirado é a maior
não se extinguem, pois são eternos, podendo felicidade para o ser humano.
reagrupar-se infinitamente. 16) o prazer não é necessariamente felicidade porque
02) Para Epicuro, a amizade se expressa, sobretudo, ele pode gerar o seu contrário, a dor.
por meio do engajamento político como forma de
amar todos os homens representados pela pátria. Apenas a 16 está correta. Epicuro não defende que o
04) Epicuro, como seu mestre Demócrito, foi ateu, prazer é o único objetivo da vida, mas sim um dos
considera que a crença nos deuses é o resultado da fatores importantes para se alcançar a felicidade, e
fantasia humana produzida pelo medo da morte. que é possível deixar de lado certos prazeres quando
eles causam mais incômodo do que bem-estar. Nem
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todas as escolhas são prazerosas para Epicuro. Ele imortalidade, eliminando o medo e tornando a vida
defende que é necessário considerar as mais plena.
consequências das escolhas para avaliar se elas trarão
mais prazer ou mais dor. Epicuro também não é 16. Verdadeiro. Epicuro afirma que é tolo aquele que
contra o prazer da comida nutritiva e saborosa, mas tem medo da morte não por causa do sofrimento
sim contra o excesso que pode causar dor e que ela pode trazer, mas porque ele teme a própria
desconforto. Ele não considera a beleza corporal espera, ou seja, ele passa a vida preocupado com algo
como uma finalidade da vida humana, e sim a busca que não pode controlar.
pelo prazer e felicidade através do equilíbrio entre
prazer e dor. 162. “O prazer é o início e o fim de uma vida feliz.
Com efeito, nós o identificamos com o bem primeiro
161. “Acostuma-te à ideia de que a morte para nós e inerente ao ser humano, em razão dele praticamos
não é nada, visto que todo bem e todo mal residem toda escolha e toda recusa e a ele chegamos
nas sensações, e a morte é justamente a privação das escolhendo todo bem de acordo com a distinção
sensações. A consciência clara de que a morte não entre prazer e dor. Embora o prazer seja nosso bem
significa nada para nós proporciona a fruição da vida primeiro e inato, nem por isso escolhemos qualquer
efêmera, sem querer acrescentar-lhe tempo infinito e prazer: há ocasiões em que evitamos muitos prazeres,
eliminando o desejo de imortalidade. Não existe nada quando deles nos advêm efeitos o mais das vezes
de terrível na vida para quem está perfeitamente desagradáveis; ao passo que consideramos muitos
convencido de que não há nada de terrível em deixar sofrimentos preferíveis aos prazeres, se um prazer
de viver. É tolo, portanto, quem diz ter medo da maior advier depois de suportarmos essas dores por
morte, não porque a chegada desta lhe trará muito tempo”
sofrimento, mas porque o aflige a própria espera.” EPICURO. Carta sobre a felicidade. In: ARANHA, M. Filosofar
(Epicuro, Carta sobre a felicidade [a Meneceu]. São Paulo: ed. com textos: temas e história da filosofia. São Paulo: Moderna,
Unesp, 2002, p. 27. In: COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia. 2012, p. 330.
SP: Saraiva, 2006, p. 97). A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
A partir do trecho citado, é correto afirmar que 01) Todos os seres humanos buscam prazer sempre
01) a morte, por ser um estado de ausência de e em tudo, evitando toda e qualquer dor.
sensação, não é nem boa, nem má. 02) Os prazeres imediatos anulam as dores que
02) a vida deve ser considerada em função da morte podem decorrer desses.
certa. 04) Dor e prazer não são contraditórios, pois de atos
04) o tolo não espera a morte, mas vive apoiado nas dolorosos podem advir situações prazerosas e vice-
suas sensações e nos seus prazeres. versa.
08) a certeza da morte torna a vida terrível. 08) A noção de prazer não está ligada somente à
16) a espera da morte é um sofrimento tolo para sensação imediata, mas aos efeitos que uma ação
aquele que a espera. pode gerar no ser humano.
16) A busca da felicidade na vida não se restringe a
De acordo com o trecho citado, é correto afirmar escolhas prazerosas, mas a ações que geram prazer,
que: apesar de essas conterem, às vezes, algumas doses de
sacrifício.
01. Verdadeiro. Epicuro afirma que a morte é a
privação das sensações, e uma vez que todo bem e A partir do trecho citado, é correto afirmar as
mal residem nas sensações, a morte não pode ser seguintes alternativas:
nem boa, nem má.
A noção de prazer não está ligada somente à
02. Falso. Epicuro defende que a morte não deve ser sensação imediata, mas aos efeitos que uma ação
considerada como um fim em si mesmo, mas sim pode gerar no ser humano.
como um aspecto natural e inevitável da vida.
A busca da felicidade na vida não se restringe a
04. Falso. Epicuro não desqualifica as sensações e os escolhas prazerosas, mas a ações que geram prazer,
prazeres, mas considera que eles não devem ser o apesar de essas conterem, às vezes, algumas doses de
objetivo principal da vida. sacrifício.
08. Falso. Epicuro argumenta que, ao compreender A afirmação 01 é incorreta, pois Epicuro argumenta
que a morte não significa nada para nós, podemos que nem sempre buscamos o prazer imediato, e a
desfrutar a vida efêmera sem o desejo de afirmação 02 também é incorreta, já que a escolha de
prazeres pode envolver considerações a longo prazo
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do hedonismo na sociedade pós-moderna vinculam a 168. Quando dizemos que o prazer é o fim, não
felicidade à aquisição de bens de consumo. queremos referir-nos aos prazeres dos intemperantes
ou aos produzidos pela sensualidade, como crêem
166. Alguns dos desejos são naturais e necessários; certos ignorantes, que se encontram em desacordo
outros, naturais e não necessários; outros, nem conosco ou não nos compreendem, mas ao prazer de
naturais nem necessários, mas nascidos de vã nos acharmos livres de sofrimento do corpo e de
opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não perturbações da alma.
satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso Epicuro
pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter A partir do trecho citado, é correto afirmar que a
sua satisfação ou parecem geradores de dano. ética epicurista
EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V.F. Textos de A) busca o equilíbrio entre os desejos sensuais e as
filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974.
restrições espirituais.
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o
B) funda sua idéia de prazer na negação do corpo em
homem tem como fim
favor das alegrias do espírito.
A) alcançar o prazer moderado e a felicidade.
C) funda-se na noção de dever impessoal de negação
B) valorizar os deveres e as obrigações sociais.
do corpo.
C) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com
D) atribui ao corpo e à matéria a origem da
resignação.
infelicidade.
D) refletir sobre os valores e as normas dadas pela
E) é um hedonismo que procura aliar prazer,
divindade.
senso de limite e serenidade.
E) defender a indiferença e a impossibilidade de se
atingir o saber.
A ética epicurista é baseada no hedonismo, ou seja, a
busca pelo prazer como o bem supremo. No
De acordo com o fragmento da obra filosófica de
entanto, é importante destacar que para Epicuro o
Epicuro, o homem tem como fim alcançar o prazer
prazer não está relacionado aos desejos sensuais e à
moderado e a felicidade. Epicuro defendia que o
busca desenfreada pelo prazer imediato. Pelo
prazer é o bem supremo da vida, mas esse prazer não
contrário, ele defende que o prazer verdadeiro está
deve ser buscado de forma indiscriminada e
relacionado à tranquilidade da alma e ao alívio das
desenfreada. É necessário buscar um prazer
dores do corpo. Assim, a busca pelo prazer deve
moderado e equilibrado, que não traga dor e
estar em harmonia com a moderação e a serenidade,
sofrimento a curto ou longo prazo. Além disso,
que são fundamentais para se alcançar a felicidade.
Epicuro também valorizava a amizade, a liberdade e
a tranquilidade da alma como componentes
Portanto, a ética epicurista procura aliar o prazer, o
importantes para a felicidade do ser humano.
senso de limite e a serenidade, buscando uma vida
equilibrada e feliz. É importante destacar que, para
167. Para os estoicos, as ações retas são
Epicuro, a felicidade não é um estado de êxtase ou
A) aquelas que, em tudo e por tudo, são cumpridas
euforia, mas sim um estado de tranquilidade e
segundo o logos.
satisfação, em que o indivíduo encontra o equilíbrio
B) aquelas que, embora não sendo prejudiciais, não
entre o corpo e a alma.
são conformes à natureza.
C) as mais elevadas e desejáveis ações morais,
169. Pirro afirmava que nada é nobre nem
próprias do não sábio.
vergonhoso, justo ou injusto; e que, da mesma
D) as que são feitas tendo em vista apenas a
maneira, nada existe do ponto de vista da verdade;
vantagem de seu autor.
que os homens agem apenas segundo a lei e o
E) intermediárias entre as ações perfeitas e as
costume, nada sendo mais isto do que aquilo. Ele
viciosas, ou seja, deveres.
levou uma vida de acordo com esta doutrina, nada
procurando evitar e não se desviando do que quer
São intermediárias entre as ações perfeitas (que só
que fosse, suportando tudo, carroças, por exemplo,
podem ser realizadas pelo sábio) e as ações viciosas
precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos
(que são contrárias à natureza e à razão). São as ações
sentidos.
que devem ser praticadas pelos não sábios, ou seja, LAÈRCIO, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres.
pelos indivíduos que ainda não alcançaram a Brasília: Editora UNB, 1998.
sabedoria estóica. Essas ações retas são consideradas O ceticismo, conforme sugerido no texto,
deveres, pois são aquilo que se espera que as pessoas caracteriza-se por:
façam para viver em harmonia com a natureza e com a) Desprezar quaisquer convenções e obrigações da
a sociedade. sociedade.
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b) Atingir o verdadeiro prazer como o princípio e o humana e a crença de que sempre devemos acreditar
fim da vida feliz. nos sentimentos.
c) Defender a indiferença e a impossibilidade de d) a recusa em apresentar explicações
obter alguma certeza. preestabelecidas mediante a exigência de que,
d) Aceitar o determinismo e ocupar-se com a para cada fato, ação ou discurso, seja
esperança transcendente. encontrado um fundamento racional.
e) Agir de forma virtuosa e sábia a fim de enaltecer o
homem bom e belo. A filosofia grega, ao surgir, rompeu com a explicação
mítica do mundo e passou a exigir uma explicação
O ceticismo se refere exatamente à incapacidade de racional para a compreensão do mundo humano e
se atingir alguma certeza a respeito da verdade de natural. Nesse sentido, a filosofia grega legou ao
qualquer assunto, gerando dúvidas permanentes e Ocidente a importância da busca por fundamentos
questionamentos sobre tudo que é demonstrado. racionais para as explicações dos fatos, ações e
discursos, recusando explicações preestabelecidas ou
170. XI. Jamais, a respeito de coisa alguma, digas: baseadas em crenças inabaláveis na razão ou nos
“Eu a perdi”, mas sim: “Eu a restitui”. O filho sentimentos. Esse legado é uma das principais bases
morreu? Foi restituído. A mulher morreu? Foi do pensamento crítico e científico ocidental. As
restituída. “A propriedade me foi subtraída”, então outras alternativas apresentam informações
também foi restituída. “Mas quem a subtraiu é mau”. incorretas ou inadequadas em relação ao legado da
O que te importa por meio de quem aquele que te dá filosofia grega.
a pede de volta? Na medida em que ele der, faz uso
do mesmo modo de quem cuida das coisas de 172. “A quem não basta pouco, nada basta.”
outrem. Do mesmo modo como fazem os que se EPICURO. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1985.
instalam em uma hospedaria. Remanescente do período helenístico, a máxima
EPICTETO. Encheirídion. In: DINUCCI, A. Introdução ao apresentada valoriza a seguinte virtude:
Manual de Epicteto. São Cristóvão: UFS, 2012 (adaptado). A) Esperança, tida como confiança no porvir.
A característica do estoicismo presente nessa citação B) Justiça, interpretada como retidão de caráter.
do C) Temperança, marcada pelo domínio da
A) explicar o mundo com números. vontade.
B) identificar a felicidade com o prazer. D) Coragem, definida como fortitude na dificuldade.
C) aceitar os sofrimentos com serenidade. E) Prudência, caracterizada pelo correto uso da
D) questionar o saber científico com veemência. razão.
E) considerar as convenções sociais com desprezo.
Epicuro demonstra que aqueles que não se bastam
A característica do estoicismo presente na citação com pouco (ou seja, não se satisfazem) nunca irão
expressa a aceitação dos sofrimentos com alcançar a satisfação. Por isso, seria necessário a
serenidade. Trata-se de agir com tranquilidade diante temperança, que é a virtude capaz de moderar a
de situações que podem nos causar algum tipo de vontade.
sofrimento.
173. A filosofia helenística é profundamente marcada
171. O surgimento da filosofia entre os gregos (Séc. por uma preocupação central com a ética, entendida
VII a.C.) é marcado por um crescente processo de em um sentido prático, como o estabelecimento de
racionalização da vida na cidade, em que o ser regras do bem viver, da ‘arte de viver’. É ilustrativo
humano abandona a verdade revelada pela disso o famoso Manual de Epicteto, filósofo estoico
codificação mítica e passa a exigir uma explicação do período romano. Considere as seguintes
racional para a compreensão do mundo humano e afirmações sobre a doutrina ética das principais
do mundo natural. correntes de pensamento helenísticas:
Dentre os legados da filosofia grega para o Ocidente, I. Para se ter uma conduta ética que assegure a
destaca-se: felicidade, o estoicismo propõe o agir de acordo com
a) a concepção política expressa em A República, de os princípios da natureza, em equilíbrio com o
Platão, segundo a qual os mais fortes devem cosmo e em busca da tranquilidade – ataraxia.
governar sob um regime político oligárquico. II. Agir eticamente, segundo o epicurismo, significa
b) a criação de instituições universitárias como a dar vazão aos desejos naturais de forma intensa e
Academia, de Platão, e o Liceu, de Aristóteles. total. A vida ética requer o exercício pleno da paixão
c) a filosofia, tal como surgiu na Grécia, deixou-nos que não se opõe à razão, mas a complementa.
como legado a recusa de uma fé inabalável na razão III. A ética estoica influenciou fortemente a ética
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centro do universo e de toda a criação, e tudo o que No trecho, são apresentados questionamentos sobre
existe é concebido em relação a Ele. Essa visão do o que Deus fazia antes da criação, bem como sobre o
mundo influenciou todas as áreas do conhecimento, tempo. Para Agostinho, é uma reflexão sobre a
da filosofia à arte, da teologia à ciência, e determinou abrangência da compreensão humana, pois percebe-
a compreensão do mundo por meio da religião como se que o entendimento humano é bastante limitado
uma disposição natural do pensamento medieval. ao falar sobre Deus e as coisas eternas, dificultando a
compreensão sobre essas questões.
2. SANTO AGOSTINHO
182. De fato, não é porque o homem pode usar a
180. “No que diz respeito a todas as coisas que vontade livre para pecar que se deve supor que Deus
compreendemos, não consultamos a voz de quem a concedeu para isso. Há, portanto, uma razão pela
fala, a qual soa de fora, mas a verdade que dentro de qual Deus deu ao homem esta característica, pois
nós preside à própria mente, incitados talvez pela sem ela não poderia viver e agir corretamente. Pode-
palavra a consultá-la.” se compreender, então, que ela foi concedida ao
De Magistro, Cap. XI, 38, In Os Pensadores, SANTO
homem para esse fim, considerando-se que se um
AGOSTINHO. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 319.
Marque a afirmativa incorreta. homem a usa para pecar, recairão sobre ele as
a) Segundo Agostinho, a verdade não se descobre punições divinas. Ora, isso seria injusto se a vontade
pela consulta das palavras que vêm de fora. O livre tivesse sido dada ao homem não apenas para
processo da descoberta da verdade dá-se através da agir corretamente, mas também para pecar. Na
interioridade. verdade, por que deveria ser punido aquele que
b) Segundo Agostinho, a linguagem humana não tem usasse sua vontade para o fim para o qual ela lhe foi
um poder causal, mas apenas uma função dada?
AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos
instrumental de utilidade. básicos de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
c) Segundo Agostinho, a linguagem humana é a Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona
condição para conhecer a verdade que dentro de sustenta que a punição divina tem como fundamento
nós preside à própria mente. o(a)
d) Segundo Agostinho, a verdade que dentro de nós A) desvio da postura celibatária.
preside à própria mente pressupõe a iluminação B) insuficiência da autonomia moral.
divina e não o recurso à memória. C) afastamento das ações de desapego.
D) distanciamento das práticas de sacrifício.
Ainda que se assemelhe muito a Platão em diversos E) violação dos preceitos do Velho Testamento.
pontos, Agostinho fazia uma pequena diferenciação
deste com relação a sua teoria sobre a verdade. O texto fundamenta a punição como limite para as
Ambos pensavam a existência de uma verdade inata, práticas humanas, colocando o ser como aspecto de
mas, para Platão, essa verdade seria encontrada pela uma ausência de significado sobre atos negativo, ou
memória, enquanto que, para Agostinho, seria imorais, necessitando, portanto, da ação divina.
encontrada pela iluminação divina. Agostinho de Hipona sustenta que a punição divina
tem como fundamento a insuficiência da autonomia
181. Não é verdade que estão ainda cheios de velhice moral. A insuficiência se refere ao momento em que
espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia Deus não se faz algo que deveria ter feito, ou seja, ter
antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e nada usado a vontade livre (o dom que Deus deu) para a
realizava”, dizem eles, “por que não ficou sempre finalidade que esse dom foi concedido. Desse modo,
assim no decurso dos séculos, abstendo-se, como não se é suficientemente autônomo para agir de
antes, de toda ação? Se existiu em Deus um novo acordo com essa finalidade, então, a punição divina
movimento, uma vontade nova para dar o ser a surge.
criaturas que nunca antes criara, como pode haver
verdadeira eternidade, se n’Ele aparece uma vontade
que antes não existia?” 183. Em diálogo com Evódio, Santo Agostinho
AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Abril Cultural, 1984. afirma: “parecia a ti, como dizias, que o livre- arbítrio
A questão da eternidade, tal como abordada pelo da vontade não devia nos ter sido dado, visto que as
autor, é um exemplo da reflexão filosófica sobre a(s) pessoas servem-se dele para pecar. Eu opunha à tua
A) essência da ética cristã. opinião que não podemos agir com retidão a não ser
B) natureza universal da tradição. pelo livre-arbítrio da vontade. E afirmava que Deus
C) certezas inabaláveis da experiência. no-lo deu, sobretudo em vista desse bem. Tu me
D) abrangência da compreensão humana. respondeste que a vontade livre devia nos ter sido
E) interpretações da realidade circundante. dada do mesmo modo como nos foi dada a justiça,
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da qual ninguém pode se servir a não ser com Santo Agostinho isentou Deus de ser autor do mal e
retidão”. colocou a responsabilidade no próprio homem, que
AGOSTINHO. O livre-arbítrio, Introdução, III, 18, 47. faz mau uso do livre-arbítrio concedido por Deus. A
Com base nessa passagem acerca do livre-arbítrio da vontade humana é livre, e o mal consiste numa ação
vontade, em Agostinho, é correto afirmar que em que o homem pratica contrariamente aos
A) o livre-arbítrio é o que conduz o homem ao preceitos divinos. A concepção de Agostinho acerca
pecado e ao afastamento de Deus. da origem do mal refuta a teoria maniqueísta dos
B) o poder de decisão ‒ arbítrio ‒ da vontade dois princípios co-eternos. Para ele, só há o Bem,
humana é o que permite a ação moralmente que é Deus, portanto, o mal não provém de Deus,
reta. mas na negação Dele.
C) é da vontade de Deus que o homem não tenha
capacidade de decidir pelo pecado, já que o Seu amor 185. “O maniqueísmo é uma filosofia religiosa
pelo homem é maior do que o pecado. sincrética e dualística fundada e propagada por
D) a ação justa é aquela que foi praticada com o Manes ou Maniqueu, filósofo cristão do século III,
livre-arbítrio; injusta é aquela que não ocorreu por que divide o mundo simplesmente entre Bom, ou
meio do livre-arbítrio. Deus, e Mau, ou o Diabo. A matéria é
intrinsecamente má e o espírito, intrinsecamente
Segundo Agostinho, o poder de decisão - arbítrio - bom. Com a popularização do termo, maniqueísta
da vontade humana é o que permite a ação passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada
moralmente reta. Para ele, "livre-arbítrio" se trata de nos dois princípios opostos do Bem e do Mal.”
um bem que Deus concedeu ao homem, mesmo que Wikipédia. Disponível em:
o homem utilize esse bem de forma errônea (o que https://pt.wikipedia.org/wiki/Manique%C3%ADsmo.
provoca o mal). Contra o maniqueísmo, Agostinho de Hipona (Santo
Agostinho) afirmava que
184. O trecho que se apresenta a seguir trata da A) Deus é o Bem absoluto, ao qual se contrapõe o
compreensão de Agostinho de Hipona sobre a Mal absoluto.
origem do mal e do pecado: B) as criaturas só são más numa consideração
“Logo só me resta concluir: tudo o que é igual ou parcial, mas são boas em si mesmas.
superior à mente que exerce seu natural senhorio e C) toda a criação era boa e tornou-se má, pois foi
acha-se dotada de virtude não pode fazer dela dominada pelo pecado após a Queda.
escrava da paixão. Não há nenhuma outra D) a totalidade da criação é boa em si mesma,
realidade que torne a mente cúmplice da paixão a mas singularmente há criaturas boas e más.
não ser a própria vontade e o livre-arbítrio”.
Santo Agostinho. O livre-arbítrio. São Paulo: Paulus, 1995. Santo Agostinho tenta resolver o problema da
No que diz respeito ao conceito de livre-arbítrio e à existência do mal desvinculando-o de Deus (o Sumo
origem do mal na obra filosófica de Agostinho de Bem). Ele afirma que as criaturas são boas em si
Hipona, considere as seguintes afirmações: mesmas, mas a culpa da existência do mal no mundo
I. Para Agostinho, o livre-arbítrio é sempre um bem está ligada ao mau uso que fazemos do nosso livre-
concedido ao homem por Deus, mesmo que o arbítrio.
homem utilize-o de forma errônea, o que provoca o
mal. 186. Se os nossos adversários, que admitem a
II. Em concordância com a tradição dos existência de uma natureza não criada por Deus, o
pensamentos maniqueísta e neoplatônico, Santo Sumo Bem, quisessem admitir que essas
Agostinho defendia a visão dualista de um mundo considerações estão certas, deixariam de proferir
em perpétua luta entre o Bem e o Mal. tantas blasfêmias, como a de atribuir a Deus tanto a
III. Segundo o bispo de Hipona, o mal não possui autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele
ser, não pertence à ordem, ele é a corrupção do ser e fonte suprema da Bondade, nunca poderia ter criado
é de inteira responsabilidade do homem, enquanto aquilo que é contrário à sua natureza.
ser livre. AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo
É correto o que se afirma em Selo, 2005 (adaptado).
A) II e III apenas. Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem
B) I e II apenas. do mal porque
C) I e III apenas. A) o surgimento do mal é anterior à existência de
D) I, II e III. Deus.
B) o mal, enquanto princípio ontológico, independe
de Deus.
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C) Deus apenas transforma a matéria, que é, por é uma lembrança da alma enquanto contempladora
natureza, má. do mundo das essências.
D) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é
oposto, o mal. 188. Quem nos mostrará o Bem? Ouçam a nossa
E) Deus se limita a administrar a dialética existente resposta: Está gravada dentro de nós a luz do vosso
entre o bem e o mal. rosto, Senhor. Nós não somos a luz que ilumina a
todo homem, mas somos iluminados por Vós. Para
Para Agostinho, Deus não pode ser considerado que sejamos luz em Vós os que fomos outrora
autor do mal. O mal é entendido como a ausência do trevas.
bem, e Deus nunca daria origem a algo contrário à SANTO AGOSTINHO. Confissões IX. São Paulo: Nova
sua natureza (pois Deus é o Bem por excelência). Ele Cultural,1987. 4, l0. p.154. Coleção Os Pensadores
acreditava que o mal é a ausência de Deus. Sobre a doutrina da iluminação de Santo Agostinho,
marque a alternativa correta.
187. A filosofia de Agostinho (354 – 430) é estreita- a) A irradiação da luz divina faz com que
mente devedora do platonismo cristão milanês: foi conheçamos imediatamente as verdades eternas em
nas traduções de Mário Vitorino que leu os textos de Deus. Essas verdades, necessárias e eternas, não
Plotino e de Porfírio, cujo espiritualismo devia estão no interior do homem, porque seu intelecto é
aproximá-lo do cristianismo. Ouvindo sermões de contingente e mutável.
Ambrósio, influenciados por Plotino, que Agostinho b) A irradiação da luz divina atua imediatamente
venceu suas últimas resistências (de tornar-se sobre o intelecto humano, deixando-o ativo para
cristão). o conhecimento das verdades eternas. Essas
PEPIN, Jean. Santo Agostinho e a patrística ocidental. In: verdades, necessárias e imutáveis, estão no
CHÂTELET, François (org.) A Filosofia medieval.Rio de interior do homem.
Janeiro Zahar Editores: 1983, p. 77. c) A metáfora da luz significa a ação divina que nos
Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de faz recordar as verdades eternas que a alma possuía
Platão, por meio dos escritos de Plotino, o antes de se unir ao corpo.
pensamento de Agostinho apresenta muitas d) A metáfora da luz significa a ação divina que nos
diferenças se comparado ao pensamento de Platão. faz recordar as verdades eternas que a alma possuía e
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, que nela permanecem mediante os ciclos da
uma dessas diferenças. reencarnação.
a) Para Agostinho, é possível ao ser humano obter o
conhecimento verdadeiro, enquanto, para Platão, a A doutrina da iluminação agostiniana corresponde a
verdade a respeito do mundo é inacessível ao ser uma reinterpretação da teoria da reminiscência
humano. platônica, então adaptada à concepção cristã. O
b) Para Platão, a verdadeira realidade encontra-se no resultado é uma teoria segundo a qual as ideias
mundo das Ideias, enquanto para Agostinho não verdadeiras e eternas já existiriam em nós, sendo que
existe nenhuma realidade além do mundo natural em só teríamos acesso a elas por meio da iluminação
que vivemos. divina.
c) Para Agostinho, a alma é imortal, enquanto para
Platão a alma não é imortal, já que é apenas a forma 189. “De fato, a corrupção é nociva, e, se não
do corpo. diminuísse o bem, não seria nociva. Portanto, ou a
d) Para Platão, o conhecimento é, na verdade, corrupção nada prejudica – o que não é aceitável –
reminiscência, a alma reconhece as Ideias que ou todas as coisas que se corrompem são privadas de
ela contemplou antes de nascer; Agostinho diz algum bem. Isto não admite dúvida. Se, porém,
que o conhecimento é resultado da Iluminação fossem privadas de todo o bem, deixariam
divina, a centelha de Deus que existe em cada inteiramente de existir. [...]. Logo, enquanto existem,
um. são boas. Portanto, todas as coisas que existem são
boas, e aquele mal que eu procurava não é uma
Agostinho faz das Ideias os pensamentos de Deus e substância, pois, se fosse substância, seria um bem”.
rejeita a doutrina da reminiscência que supõe a HIPONA, Agostinho. Confissões. Coleção “Os Pensadores”.
preexistência da alma que exclui a possibilidade do Livro VII, cap. XII, 1983. – Texto adaptado.
criacionismo, típico da teoria agostiniana que Sobre a questão do mal em Santo Agostinho,
segundo alguns autores é a doutrina platônica considere as seguintes afirmações:
transformada no criacionismo com aquela luz de que I. O mal não existe sem o bem.
falam nas Sagradas Escrituras que orientam a II. O mal diminui o bem, e vice-versa.
inteligência humana que é dom de Deus e em Platão, III. O mal absoluto pode existir.
É correto o que se afirma em
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Santo Agostinho defendia a tese de que a razão é fundador da patrística e não escreveu o livro
auxiliar da fé e estaria a ela subordinada, o que está Confissões. A afirmativa 16 também é incorreta, já
de acordo com a afirmativa 04. Ele também elaborou que Santo Agostinho não teve contato com a
a teoria da iluminação divina, segundo a qual Deus filosofia árabe, uma vez que ela ainda não havia sido
ilumina a razão e torna possível o pensar correto, o traduzida para o latim em sua época.
que é mencionado na afirmativa 01. Já a afirmativa
08 está incorreta, pois Santo Agostinho acreditava 194. A Filosofia patrística, representada
que fé e razão são conciliáveis, e não inconciliáveis. principalmente por Santo Agostinho, inicia no séc. I
Por fim, a afirmativa 02 está incorreta, pois para d.C. e termina no séc. VIII d.C., quando teve início a
Santo Agostinho a razão não é superior e precede a Filosofia medieval.
fé, mas sim auxilia a fé. A afirmativa 16 está correta, Com base na afirmação acima, assinale o que for
pois Santo Agostinho acreditava que a fé não oprime correto.
a razão, mas sim a ilumina e a possibilita a 01) Um dos motivos pelo qual Santo Agostinho
compreender verdades mais elevadas. escreve A cidade de Deus foi para eximir o
cristianismo, depois da tomada de Roma por Alarico,
193. A patrística surge no séc. II d.c. e estende-se por das acusações de ser a causa da decadência do
todo o período medieval conhecido como alta Idade Império Romano.
Média. É considerada a filosofia dos Padres da Igreja. 02) A patrística introduziu, no pensamento
Entre seus objetivos encontramos a conversão dos filosófico, ideias desconhecidas pelos filósofos greco-
pagãos, o combate às heresias e a consolidação da romanos, como a ideia de criação do mundo a partir
doutrina cristã. do nada, a escatologia do fim dos tempos e a
Sobre a patrística, assinale o que for correto. ressurreição dos mortos.
01) A patrística deixa de ser predominante como 04) A patrística é um esforço para conciliar o
doutrina do cristianismo quando, a partir do séc. IX, cristianismo com o pensamento filosófico dos gregos
surge uma nova corrente filosófica denominada e romanos, pois acreditava que somente com tal
escolástica, que atinge o apogeu no séc XIII. conciliação seria possível a conversão dos pagãos.
02) Fundador da patrística, o apóstolo São Paulo 08) Um dos principais temas da Filosofia patrística é
escreveu o livro Confissões, razão pela qual é o da possibilidade ou impossibilidade de conciliar
considerado o primeiro filósofo cristão. razão e fé. Santo Agostinho considerava que a razão
04) Vários pensadores da patrística, entre eles Santo e a fé são conciliáveis, mas subordinava a razão à fé.
Agostinho, tomam ideias da filosofia clássica grega, 16) A Filosofia medieval conserva e discute
particularmente de Platão, que são adaptadas às problemas da patrística e acrescenta outros, como o
necessidades das verdades expressas pela teologia problema dos universais. A partir do séc. XII, a
cristã. Filosofia medieval passa a ser chamada de escolástica.
08) A aliança que a patrística estabelece entre fé e
razão caracteriza-se por um predomínio da fé sobre a Todas estão corretas. Sim, a obra "A Cidade de
razão; em Santo Agostinho, a razão é auxiliar da fé e Deus" foi escrita por Santo Agostinho com o
a ela subordinada. objetivo de defender o cristianismo das acusações de
16) A leitura dos filósofos árabes, entre eles Averróis, ser a causa da decadência do Império Romano após a
ajudou Santo Agostinho a compreender os princípios invasão de Roma por Alarico.
da filosofia de Aristóteles, sem a qual Santo
Agostinho não poderia construir seu próprio sistema De fato, a patrística introduziu no pensamento
filosófico. filosófico cristão ideias que não estavam presentes na
filosofia grega ou romana, como a criação do mundo
04 e 08 estão corretas. A afirmativa 01 é incorreta a partir do nada e a escatologia cristã.
porque a patrística continuou sendo uma corrente A patrística tinha como objetivo conciliar o
filosófica importante do cristianismo mesmo após o cristianismo com o pensamento filosófico greco-
surgimento da escolástica. A escolástica medieval, romano para torná-lo mais acessível aos pagãos e
que teve seu auge no século XIII, foi influenciada converter mais pessoas ao cristianismo.
pela patrística e construiu sobre as suas bases A relação entre razão e fé é um dos principais temas
filosóficas e teológicas. A escolástica não substituiu a da patrística e Santo Agostinho acreditava que a
patrística, mas sim se desenvolveu a partir dela. razão era subordinada à fé, mas que elas poderiam
Portanto, a patrística não deixou de ser coexistir.
predominante como doutrina do cristianismo com o A filosofia medieval dá continuidade aos temas
surgimento da escolástica. A afirmativa 02 também é discutidos na patrística e acrescenta novas questões,
incorreta, pois São Paulo não é considerado o como o problema dos universais. A partir do século
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XII, a filosofia medieval passa a ser conhecida como C) a influência da filosofia platônica sobre
escolástica. Agostinho, mas esta é modificada a fim de
concordar com a doutrina cristã.
195. Agostinho, em Confissões, diz: “Mas após a D) uma crítica violenta de Agostinho contra a
leitura daqueles livros dos platônicos e de ser levado filosofia em geral.
por eles a buscar a verdade incorpórea, percebi que
‘as perfeições invisíveis são visíveis em suas obras’ Considerando as informações do texto, é correto
(Carta de Paulo aos Romanos, 1, 20)”. afirmar que se pode perceber a influência da filosofia
Agostinho de Hipona. Confissões, livro VII, cap. 20, citado platônica sobre Agostinho, mas esta é modificada a
por: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de fim de concordar com a doutrina cristã. Agostinho
Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. Tradução
do autor. acreditava que Deus criou todas as coisas a partir de
Nesse trecho, podemos perceber como Agostinho modelos eternos e imutáveis, ideias que residem na
A) se utilizou da Bíblia para conhecer melhor a própria mente do Criador, o que pode ser associado
filosofia platônica. às ideias de Platão sobre as formas ou ideias eternas.
B) utiliza a filosofia platônica para refutar os textos No entanto, Agostinho não adota a concepção
bíblicos. platônica de que essas ideias existem em um mundo
C) separa nitidamente os domínios da filosofia e da à parte, independentes de Deus. Além disso,
religião. Agostinho concilia essa visão com a doutrina cristã,
D) foi despertado para o conhecimento de Deus na qual Deus é o criador e a fonte de toda a
a partir da filosofia platônica. existência.
O trecho citado de Confissões de Agostinho sugere 197. A filosofia grega se expandiu para além das
claramente que a filosofia platônica foi fundamental fronteiras do mundo helênico e influenciou outros
para despertar nele o conhecimento de Deus. Ele povos e culturas. Com o cristianismo não foi
menciona que foi levado pelos livros platônicos a diferente e, aos poucos, a filosofia foi absorvida.
buscar a "verdade incorpórea", o que sugere que ele Conforme Chalita, um dos motivos dessa absorção
encontrou na filosofia platônica uma forma de foi: [...] a necessidade de organizar os ensinamentos
compreender a natureza divina que não havia cristãos, de reunir os fatos e conceitos do
encontrado antes. Além disso, Agostinho cita uma cristianismo sob a forma de uma doutrina e elaborar
passagem bíblica para ressaltar a ideia de que as uma teologia rigorosa.
(CHALITA, G. Vivendo a Filosofia. São Paulo: Ática, 2006, p.
"perfeições invisíveis" de Deus são "visíveis em suas 94.)
obras", o que indica uma harmonia entre a filosofia Uma das características da patrística é a busca da
platônica e a sua fé cristã. Portanto, a alternativa conciliação entre a fé e a filosofia, e Agostinho de
correta é a letra D: "foi despertado para o Hipona, ou Santo Agostinho (354 d.C. – 430 d.C.),
conhecimento de Deus a partir da filosofia influenciado pelo neoplatonismo, tornou-se uma
platônica". referência para a filosofia cristã.
Em relação ao desenvolvimento das ciências
196. Segundo o texto abaixo, de Agostinho de naturais, porém, o pensamento de Agostinho não
Hipona (354-430 d. C.), Deus cria todas as coisas a deu grande impulso uma vez que sua filosofia – tal
partir de modelos imutáveis e eternos, que são as como a do mestre Platão – não adotava os
ideias divinas. Essas ideias ou razões seminais, como fenômenos naturais como objeto de reflexão.
também são chamadas, não existem em um mundo à Com base nos textos acima e em seus
parte, independentes de Deus, mas residem na conhecimentos sobre a obra de Agostinho de
própria mente do Criador, [...] a mesma sabedoria Hipona, assinale a alternativa INCORRETA.
divina, por quem foram criadas todas as coisas, A) Agostinho de Hipona criou a doutrina da
conhecia aquelas primeiras, divinas, imutáveis e iluminação divina baseado na teoria da reminiscência
eternas razões de todas as coisas, antes de serem de Platão, conciliando de modo original a fé cristã e
criadas [...]. Sobre o Gênese, V o pensamento filosófico.
Considerando as informações acima, é correto B) A observação, a experimentação e a aplicação
afirmar que se pode perceber: dos princípios da geometria sobre os fenômenos
A) que Agostinho modifica certas ideias do naturais foi uma das principais características da
cristianismo a fim de que este seja concordante com filosofia de Santo Agostinho.
a filosofia de Platão, que ele considerava a C) Conforme Agostinho de Hipona, a filosofia grega
verdadeira. é um instrumento útil para a fé cristã.
B) uma crítica radical à filosofia platônica, pois esta é
contraditória com a fé cristã.
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D) As verdades eternas e imutáveis, que têm sua sede só é alcançada na transcendência da existência
em Deus, só podem ser alcançadas pela iluminação terrena para a vida eterna.
divina. B) A teoria da Iluminação, tal como sugere o
nome, está fundamentada na luz de Deus, luz
Agostinho de Hipona não adotava os fenômenos interior dada ao homem interior na busca da
naturais como objeto de reflexão em sua filosofia, verdade das coisas que não são conhecidas pelos
diferentemente da filosofia natural que buscava sentidos; esta luz é Cristo, que ensina e habita
explicar a natureza a partir da observação e no homem interior.
experimentação. Portanto, a observação, a C) Agostinho foi contemporâneo da Terceira
experimentação e a aplicação dos princípios da Academia, recebendo os ensinamentos de Arcesilau e
geometria sobre os fenômenos naturais não eram Carnéades, o que resultou na posição dogmática do
características de sua filosofia. As demais alternativas filósofo cristão quanto à impossibilidade do
estão corretas: Agostinho criou a doutrina da conhecimento da verdade, sendo o conhecimento
iluminação divina conciliando a fé cristã e a teoria da humano apenas verossímil.
reminiscência de Platão; para Agostinho, a filosofia D) A alma é a morada da verdade, todo
grega é um instrumento útil para a fé cristã; e as conhecimento nela repousa. Assim, a posição de
verdades eternas e imutáveis só podem ser Agostinho afasta-se da filosofia platônica, ao admitir
alcançadas pela iluminação divina. que a alma possui uma existência anterior, na qual ela
contemplou as ideias, de modo que o conhecimento
198. “Assim até as coisas materiais emitem um juízo de Deus é anterior à existência.
sobre as suas formas, comparando-as àquela Forma
da eterna Verdade e que intuímos com o olhar de A alternativa correta é a letra B: a teoria da
nossa mente.” Iluminação, tal como sugere o nome, está
(Sto. Agostinho, A Trindade, Livro IX,Capítulo 6. São Paulo, fundamentada na luz de Deus, luz interior dada ao
Paulus, 1994. p. 299) homem interior na busca da verdade das coisas que
Esta frase de Sto. Agostinho refere-se à não são conhecidas pelos sentidos; esta luz é Cristo,
A) teologia mística de Agostinho, que se funda na que ensina e habita no homem interior. Essa é a
experiência imediata da alma humana com Deus; principal diferença da teoria agostiniana em relação à
B) moral agostiniana que propõe ao homem regras filosofia de Platão, que não enfatizava a importância
para uma vida santa e ascética, apartada do mundo; da luz divina para o conhecimento das verdades
C) doutrina da iluminação que afirma que o eternas. Além disso, a posição de Agostinho não está
conhecimento humano é iluminado pela fundamentada na transcendência para a vida eterna,
Verdade Eterna, isto é, Deus; como afirmado na alternativa A. A alternativa C não
D) estética intelectualista de Agostinho, que consiste se relaciona com a teoria da iluminação e a
num profundo desprezo pela sensibilidade humana. alternativa D não é uma diferença clara em relação a
Platão, pois a filosofia platônica também defende a
A frase de Santo Agostinho refere-se à doutrina da existência de uma alma que contemplou as ideias
iluminação que afirma que o conhecimento humano anteriormente.
é iluminado pela Verdade Eterna, isto é, Deus
(alternativa C). Segundo essa doutrina, Deus é a 200. Sobre a doutrina da iluminação divina de Santo
fonte do conhecimento e a verdade só pode ser Agostinho, considere o conteúdo das assertivas
alcançada através da iluminação divina, que permite abaixo:
ao homem intuir a verdadeira essência das coisas. I) A iluminação divina dispensa o homem de ter
Nesse sentido, mesmo as coisas materiais emitem um intelecto próprio.
juízo sobre suas formas ao compará-las à Forma da II) A iluminação divina capacita o intelecto humano
eterna Verdade que é intuída pela mente iluminada. para entender que há determinada ordem entre o
mundo criado e as realidades inteligíveis.
199. A teoria da iluminação divina, contribuição III) Agostinho nomeia as realidades inteligíveis de
original de Agostinho à filosofia da cristandade, foi forma pouco precisa como, por exemplo, idéia,
influenciada pela filosofia de Platão, porém, forma, espécie, regra ou razão e afirma,
diferencia-se dela em seu aspecto central. platonicamente, que essas realidades já foram
Assinale a alternativa abaixo que explicita esta contempladas pela alma.
diferença. IV) A iluminação divina exige que o homem tenha
A) A filosofa agostiniana compartilha com a filosofia intelecto próprio, a fim de pensar corretamente os
platônica do dualismo, tal como este foi definido por conteúdos da fé postos pela revelação.
Agostinho na Cidade de Deus. Assim, a luz da teoria
da iluminação está situada no plano suprasensivel e
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Assinale a alternativa que contém somente as 202. O texto a seguir refere-se à doutrina da
afirmações corretas: Iluminação Divina, elaborada por Agostinho de
A) II e III Hipona.
B) I e III Para Agostinho, as Verdades Eternas e imutáveis
C) II e IV (que Platão coloca no mundo das Idéias) têm sua
D) III e IV sede em Deus, que é a Verdade. Não as conhecemos
por meio de uma recordação ou reminiscência de
A iluminação divina, de acordo com Agostinho, não uma existência anterior à atual, como pensava Platão,
dispensa o intelecto próprio do homem, mas o mas mediante um ato consciente de interiorização,
capacita a entender as realidades inteligíveis e no qual a razão toma consciência da presença de
ordenar o mundo criado. Além disso, Agostinho Deus. A presença divina é a Luz que nos faz ver
afirma que as realidades inteligíveis são contempladas essas Verdades Eternas.
pela alma e nomeadas de forma pouco precisa, como BOEHNER, P. e GILSON, E. História da Filosofia Cristã.
ideia, forma, espécie, regra ou razão. Petrópolis: Vozes, 1988. p. 164.
Em relação a tal doutrina, assinale a alternativa
201. Nos Solilóquios, Agostinho escreveu: “A luz correta.
comum, à medida que pode, nos indica como é a) Segundo a doutrina da Iluminação Divina, o
aquela luz. Pois há alguns olhos tão sãos e vivos que, conhecimento verdadeiro que o homem pode
ao se abrirem, fixam-se no próprio sol sem nenhuma alcançar nesta vida é proveniente das verdades
perturbação. Para esses a própria luz é, de algum eternas que se encontram na mente de Deus.
modo, saúde, sem necessidade de alguém que lhes b) Segundo a doutrina da Iluminação Divina, o
ensine, senão talvez apenas de alguma exortação. conhecimento que possuímos nesta vida provém de
Para eles é suficiente crer, esperar, amar”. uma recordação do mundo das Idéias.
Agostinho, Solilóquio e Vida feliz. São Paulo: Paulus, 1998, p.23. c) A doutrina da Iluminação Divina nada mais é do
Em conformidade com a Teoria da Iluminação, que a versão cristã da teoria das Idéias de Platão.
analise as assertivas abaixo. d) No processo do conhecimento humano, por causa
I – A luz comum é o conhecimento humano, obtido da Iluminação Divina, a razão é totalmente passiva.
por intermédio das demonstrações da lógica e da
matemática, porém, ainda resta saber como tal Agostinho afirmava que as Verdades Eternas e
conhecimento é possível. imutáveis não são lembradas por meio de uma
II – A luz, que é superior à luz comum, é o intelecto existência anterior, como Platão afirmava na teoria
humano, que, servindo-se unicamente de si mesmo, da reminiscência, mas sim conhecidas por meio da
encontra em si toda a certeza e o fundamento da iluminação divina, que é a presença de Deus na alma
verdade. humana e a luz que permite ao homem conhecer
III – O intelecto humano, pela sua natureza essas verdades. Dessa forma, o conhecimento
perecível, não pode se colocar como a certeza do verdadeiro é proveniente dessas verdades eternas que
conhecimento, pois a verdade é eterna. Aquela luz, se encontram na mente de Deus.
então, acima da luz comum, é Deus.
IV – A saúde é alcançada por todos, uma vez que a 203. Considere o trecho abaixo: “Quando, pois, se
salvação e a felicidade são unicamente o resultado do trata das coisas que percebemos pela mente (...),
esforço do homem nesta vida terrena. estamos falando ainda em coisas que vemos como
Assinale a ÚNICA alternativa que contém as presentes naquela luz interior da verdade, pela qual é
assertivas verdadeiras. iluminado e de que frui o homem interior.
A) II e IV Santo Agostinho. Do mestre. São Paulo: Abril Cultural,1973, p.
320 (Os Pensadores)
B) II, III e IV
Segundo o pensamento de Santo Agostinho, as
C) I, II e IV
verdades contidas na filosofia pagã provêm de que
D) I e III
fonte? Assinale a alternativa correta.
A) De fonte diferente de onde emanam as verdades
A luz comum é o conhecimento humano adquirido
cristãs, pois há oposição entre as verdades pagãs e as
por meio da razão, e a luz superior é a iluminação
verdades cristãs.
divina que possibilita ao intelecto humano conhecer
B) Da mesma fonte de onde emanam as
a verdade eterna. Além disso, como a verdade é
verdades cristãs, pois não há oposição entre as
eterna e o intelecto humano é perecível, ele não pode
verdades pagãs e cristãs.
ser a certeza do conhecimento.
C) De Platão, por ter chegado a conceber a Ideia
Suprema do Bem.
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D) De Aristóteles, por ter concebido o Ser Supremo torná-la pública, atribuo-a a outrem e declaro: — Foi
como primeiro motor imóvel. fulano de tal que o disse, não sou eu. E para que
acreditem totalmente nas minhas opiniões, digo: —
Segundo o pensamento de Santo Agostinho, as O inventor foi fulano de tal, não sou eu.
verdades contidas na filosofia pagã provêm da BATH, A. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da
mesma fonte de onde emanam as verdades cristãs, Idade Média: texto e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.
pois não há oposição entre as verdades pagãs e Nos textos são apresentados pontos de vista
cristãs. Isso é afirmado pelo próprio Santo distintos sobre as mudanças culturais ocorridas no
Agostinho em suas obras, onde ele busca conciliar o século XII no Ocidente. Comparando os textos, os
pensamento pagão com o cristão, enxergando nos autores discutem o(a)
filósofos pagãos uma busca pela Verdade, que é a A) produção do conhecimento face à
mesma Verdade que é buscada pelos cristãos. manutenção dos argumentos de autoridade da
Igreja.
204. “A casa de Deus, que cremos ser uma, está, B) caráter dinâmico do pensamento laico frente à
pois, dividida em três: uns oram, outros combatem, e estagnação dos estudos religiosos.
outros, enfim, trabalham.” C) surgimento do pensamento científico em
BISPO ADALBERON DE LAON, século XI, apud LE oposição à tradição teológica cristã.
GOFF, Jacques. A civilização do ocidente medieval. Lisboa: D) desenvolvimento do racionalismo crítico ao opor
Editorial Estampa, 1984. p. 45-46. fé e razão.
A sociedade do período medievo possuía como uma E) construção de um saber teológico científico.
de suas características a estrutura social
extremamente rígida e segmentada. A sociedade dos Uma das características da filosofia medieval é a
homens era um reflexo da sociedade divina. Essa valorização de autores consagrados, baseados nos
estrutura é uma herança da filosofia argumentos de autoridade da Igreja. Os dois textos
a) patrística, de Santo Agostinho. demonstram explicitamente que a produção do
b) escolástica, de Abelardo. conhecimento deve ser feita a partir da tradição.
c) racionalista, de Platão.
d) dialética, de Hegel. 206. Enquanto o pensamento de santo agostinho
representa o desenvolvimento de uma filosofia cristã
A estrutura social extremamente rígida e segmentada inspirada em Platão, o pensamento de São Tomás
do período medieval é uma herança da filosofia reabilita a filosofia de Aristóteles – até então vista
patrística, de Santo Agostinho. Ele defendia a ideia sob suspeita pela Igreja -, mostrando ser possível
de que a sociedade dos homens era um reflexo da desenvolver uma leitura de Aristóteles compatível
sociedade divina, e que a hierarquia social era com a doutrina cristã. O aristotelismo de São Tomás
necessária para manter a ordem e a harmonia no abriu caminho para o estudo da obra aristotélica e
mundo. A divisão em três categorias (orantes, para a legitimação do interesse pelas ciências
guerreiros e trabalhadores) foi uma forma naturais, um dos principais motivos de interesse de
encontrada para organizar e justificar essa estrutura Aristóteles nesse período.
social. Portanto, a alternativa correta é a letra A. MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro:
Zahar, 2006.
3. ESCOLÁSTICA A Igreja Católica por muito tempo impediu a
divulgação da obra de Aristóteles pelo fato de a obra
205. TEXTO I aristotélica
Não é possível passar das trevas da ignorância para a a) valorizar a investigação científica,
luz da ciência a não ser lendo, com um amor sempre contrariando certos dogmas religiosos.
mais vivo, as obras dos Antigos. Ladrem os cães, b) declarar a inexistência de Deus, colocando em
grunhem os porcos! Nem por isso deixarei de ser um dúvida toda a moral religiosa.
seguidor dos Antigos. Para eles irão todos os meus c) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de
cuidados e, todos os dias, a aurora me encontrará outras instituições religiosas.
entregue ao seu estudo. d) evocar pensamentos de religiões orientais,
BLOIS, P. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da minando a expansão do cristianismo.
Idade Média: texto e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.
e) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos
antirreligiosos, seguindo sua teoria política.
TEXTO II
A nossa geração tem arraigado o defeito de recusar O pensamento aristotélico, descoberto nessa época,
admitir tudo o que parece vir dos modernos. Por valorizava a investigação científica, contrariando
isso, quando descubro uma ideia pessoal e quero certos dogmas religiosos. A metafísica e a
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II. Os filósofos realistas eram aqueles pensadores mente humana. Como afirma o tex- to do enunciado,
que consideravam os universais como entidades essa posição é também defendida por Guilherme de
realmente existentes, separadas das coisas que eles Ockham, para quem “existem apenas seres singulares
designavam. e substâncias individuais ou qualidades particulares”.
III. O realismo é uma posição filosófica que, de certo Entretanto, deve-se conside- rar que a atribuição de
modo, deriva da filosofia de Platão. nominalista não resuma todo o pensamento desse
Assinale a alternativa correta. filósofo.
a) Todas as afirmativas são verdadeiras.
b) Somente as alternativas I e II são verdadeiras. 212. A relação entre voces e res, entre linguagem e
c) Somente as alternativas I e III são verdadeiras. realidade, constitui elemento central da assim
d) Somente a alternativa I é verdadeira. denominada ―questão dos Universais‖, importante
por causa de suas repercussões linguísticas,
Em relação à questão dos universais, os realistas se epistemológicas e teológicas.
opunham aos nominalistas. Estes, em linhas gerais, Sobre a controvérsia dos Universais, assinale a
consideravam que as palavras não correspondiam a alternativa INCORRETA.
uma entidade real, mas somente a uma abstração, um A) O nominalismo sustenta a tese segundo a
nome sem correspondência real. Essa visão é o qual os termos universais são res, entidades
oposto do que defendia a corrente realista, que, linguísticas com existência metafísica objetiva.
tendo Platão como referência, considerava os B) Um célebre defensor do realismo foi Guilherme
universais como entidades reais. de Champeaux (1070-1121), para o qual há perfeita
correspondência entre os conceitos universais e a
211. Sobre a questão dos universais na Idade Média, realidade.
considere o texto a seguir e marque a alternativa C) Para Roscelino, os Universais (ou conceitos
correta. universais) são desprovidos de valor, pois não se
“Resume-se, frequentemente, a contribuição referem a nenhuma res. Segundo ele, todas as coisas
histórica de Guilherme de Ockham ao existentes são singulares ou separadas.
‘nominalismo’. Sem ser falsa, esta visão é D) Abelardo propõe uma forma reelaborada de
insuficiente. É incontestável que, para Guilherme de aristotelismo: embora não seja um arquétipo ideal, o
Ockham, existem apenas seres singulares e universal é conceito obtido por meio de abstração.
substâncias individuais ou qualidades particulares.
Mas seu impacto repousa mais fundamentalmente A questão dos universais foi debatida na Idade Média
num tipo de análise da linguagem da qual ele é ao e contou com três posições distintas: realismo,
mesmo tempo o teórico e um de seus praticantes defendida por Guilherme de Champeaux e Anselmo
mais finos.” de Cantuária, afirmava que os universais possuem
BIARD, Jöel. “Guilherme de Ockham”.In: LABRUNE, existência própria, à maneira das ideias de Platão,
Monique & JAFFRO, Laurent (coord.). A construçãoda
filosofia ocidental (GradusPhilosophicus). São Paulo: presentes na mente de Deus; o nominalismo,
Mandarim, 1996, p. 166. defendido por Roscelino de Compiègne e Guilherme
a) Entre os filósofos da Idade Média, são de Ockham, defendia a hipótese de que só os seres
considerados nominalistas, além de Guilherme de singulares existem, e os termos universais nada mais
Ockham, Tomás de Aquino e Duns Scot. são do que palavras vazias, rótulos que utilizamos no
b) Segundo o texto citado, é falso classificar processo comunicativo; conceptualismo ou posição
Guilherme de Ockham entre os adeptos do de Pedro Abelardo, que negava a realidade
nominalismo. ontológica dos universais mas afirmava sua existência
c) No âmbito da chamada “questão dos universais”, independente enquanto conceitos mentais,
a posição oposta à de Guilherme de Ockham é elaborados a partir da abstração mental.
conhecida como “conceptualismo”.
d) O nominalismo de que fala o texto é a tese 213. Leia o fragmento da obra Lógica para principiantes,
segundo a qual os conceitos universais não têm de Pedro Abelardo.
existência fora da mente. Uma palavra universal, entretanto, é aquela que é apta
pela sua descoberta para ser predicada singularmente
A “questão dos universais” corresponde ao problema de muitos seres, tal como este nome homem, que se
filosófico da Idade Média em se descobrir se este pode ligar com os nomes particulares dos homens
conceito metafísico de universa- lidade, que segundo a natureza das coisas sujeitas (substâncias)
caracteriza as ideias gerais, é apenas uma abstração às quais foi imposto.
ou se possui existência real. Segundo o nominalismo,
os universais são abstrações, existindo somente na
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ABELARDO, P. Lógica para principiantes. Tradução de Ruy como meros nomes, nem defendia uma posição
Afonso da Costa Nunes. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. conceptualista, que aceita apenas a realidade dos
230. Coleção “Os pensadores” – grifos do autor. conceitos mentais dos universais. E não há indicação
Para Abelardo, a palavra universal de que ele acreditasse que o problema dos universais
A) sempre tem existência real e ela própria é a mais não tem solução, o que descarta a opção D.
autêntica realidade, pois emana do mundo inteligível
e contrasta com o mundo sensível. 215. Seu principal objetivo era demonstrar, por um
B) é tão só uma emissão da voz humana, que designa raciocínio lógico formal, a autenticidade dos dogmas
unicamente a coleção dos seres criados por Deus e cristãos. A filosofia devia desempenhar um papel
que estão dispostos na natureza. auxiliar na realização deste objetivo. Por isso a tese
C) é uma mera ideia abstrata, sem vínculo algum com de que a filosofia está a serviço da teologia.
a realidade corpórea das coisas existentes na Antonio Carlos Wolkmer – Introdução à História do
natureza. Pensamento Político
D) por si mesma, não existe, mas se refere a O texto deve ser relacionado com:
seres reais e designa uma pluralidade de a) a filosofia epicurista.
indivíduos semelhantes, o que é constatado no b) a filosofia escolástica.
nome homem. c) a filosofia iluminista.
d) o socialismo.
Para Abelardo, a palavra universal, de acordo com o e) o positivismo.
fragmento citado, é aquela que se refere a seres reais
e designa uma pluralidade de indivíduos semelhantes, O texto está relacionado com a filosofia escolástica,
como é constatado no nome homem. Portanto, a que se desenvolveu na Idade Média, e tinha como
opção correta é a letra D. Abelardo não afirma que a objetivo principal reconciliar a fé cristã com a razão
palavra universal seja uma emissão da voz humana e a filosofia clássica. Os escolásticos acreditavam que
ou uma mera ideia abstrata sem vínculo com a a razão e a fé não eram contraditórias, mas sim
realidade corpórea das coisas existentes na natureza, complementares, e por isso buscavam demonstrar
tampouco que seja a mais autêntica realidade ou que por meio da lógica formal a autenticidade dos
emane do mundo inteligível e contraste com o dogmas cristãos. A tese de que a filosofia está a
mundo sensível. serviço da teologia reflete a visão da escolástica de
que a filosofia devia desempenhar um papel auxiliar
214. Alguns filósofos podem ser considerados na realização deste objetivo. Portanto, a opção
realistas e outros nominalistas, conforme o correta é a letra b) filosofia escolástica.
posicionamento de cada um.
Guilherme de Champeaux (1070 – 1121 d. 216. A Escolástica é o período da filosofia cristã da
C.) foi um filósofo e teólogo francês, professor na Idade Média, que vai do século IX ao século XIV.
escola da catedral de Notre Dame, em Paris. Sobre a Escolástica é correto afirmar, EXCETO
Champeaux afirmava que “o universal é não somente A) No século XIII, servindo-se das traduções das
real, mas também essencialmente idêntico na obras de Aristóteles, que foram feitas diretamente do
diversidade das coisas de que é atributo.” grego, Tómas de Aquino realizou a síntese magistral
VASCONCELOS, José Antônio. Reflexões: filosofia e entre a teologia crista e a filosofia aristotélica.
cotidiano. São Paulo: edições SM, 2016. p. 212. B) A fundação das universidades, já no século XI,
A posição de Champeaux, em relação aos universais, permitiu a expansão da cultura letrada, secularmente
é classificada como guardada nos mosteiros e a fermentação de idéias
A) realista, pois compreende que os universais que culminaram nos grandes sistemas filosóficos e
são entes reais. teológicos do século XIII.
B) nominalista, pois considera que os universais são C) No século XII a Igreja condenou o
apenas nomes. pensamento platônico, principalmente na sua
C) conceptualista, pois aceita que há certa realidade versão árabe, porque os teólogos perceberam um
nos universais. ateísmo intrínseco na forma de argumentação
D) indeterminada, pois, para ele, os universais são dialética da personagem Sócrates.
um problema sem resolução. D) No século XIV surgiram pensadores, tais como
Guilherme de Ockam, que criticaram a filosofia
A posição de Champeaux em relação aos universais tomista pelo seu caráter substancialista; isto abriu
é classificada como realista, pois ele afirmava que os perspectivas fecundas para o advento da ciência
universais são reais e idênticos na diversidade das moderna.
coisas de que é atributo. Portanto, a opção correta é
a letra A. Champeaux não considerava os universais A afirmativa incorreta é a letra C. A Igreja Católica
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na Idade Média teve uma relação complexa com o Antiguidade Clássica chegaram ao conhecimento do
pensamento platônico, assim como com outros Mundo Moderno Ocidental porque os árabes
pensamentos filosóficos e teológicos. Enquanto A) traduziram e difundiram entre os europeus
alguns pensadores escolásticos foram influenciados importantes obras sobre o saber grego.
pelo platonismo, outros rejeitaram-no. No século B) propagaram a obra Mil e uma Noites, mostrando
XII, por exemplo, Bernardo de Claraval, um dos que ela se baseia em lendas chinesas.
principais líderes da Reforma Gregoriana, condenou C) introduziram na Europa novas técnicas de cultivo
a influência do platonismo na teologia cristã, mas e a habilidade na representação de figuras humanas.
outros pensadores, como João de Salisbury e Hugo D) profetizavam o destino do homem através das
de São Victor, defenderam a compatibilidade entre o estrelas.
platonismo e o cristianismo. Ainda assim, a E) desenvolveram uma ciência não submetida aos
escolástica como um todo foi profundamente ensinamentos religiosos.
influenciada pelo pensamento aristotélico, que foi
sistematizado e difundido na Europa cristã a partir A resposta correta é a alternativa A: os árabes
das traduções feitas do grego para o latim por traduziram e difundiram entre os europeus
estudiosos muçulmanos e judeus. Portanto, a importantes obras sobre o saber grego. Durante a
resposta correta é a letra C. Idade Média, as obras de filósofos gregos como
Aristóteles e Platão foram preservadas e estudadas
217. Uma das tendências fundamentais de por filósofos e estudiosos islâmicos, que as
pensamento da Idade Média é a Escolástica. A traduziram para o árabe. Essas obras foram então
Escolástica caracteriza-se por vários elementos, tais, preservadas pelos árabes e posteriormente traduzidas
como: de volta para o latim, permitindo que o
A) A filosofia aristotélico – tomista, o pensamento conhecimento grego fosse transmitido para a Europa
de Descartes, o ensino trivium e quadrivium e o medieval e além. Sem a preservação e transmissão do
pensamento de Santo Agostinho. conhecimento pelos árabes, é possível que muitas
B) O pensamento de Patrística, a valorização da obras clássicas teriam se perdido para sempre.
indagação empírica, as universidades e a filosofia
platônica. 219. “Dos gêneros e das espécies não direi aqui se
C) O ensino do trivium e quadrivium, filosofia eles existem ou são postos somente no intelecto,
platônica, o pensamento de Descartes e as nem, no caso que existam, se não corpóreos, se
universidades. separados das coisas sensíveis ou situados nas
D) A influencia da filosofia grega, o ensino do próprias coisas e exprimindo os seus caracteres
trivium e quadrivium, as universidades e a comuns”.
filosofia aristotélico-tomista. PORFÍRIO, Isagoge, I.
No texto acima, que deu origem à disputa sobre
A influencia da filosofia grega, o ensino do trivium e universais no período da Escolástica, Porfírio faz
quadrivium, as universidades e a filosofia aristotélico- referência
tomista são elementos característicos da Escolástica. A) À teoria das Ideias de Platão que, por meio de
A Escolástica se desenvolveu a partir do século IX e Sócrates, afirmava que nada se podia saber.
teve seu apogeu no século XIII, tendo como B) À teoria da iluminação de Santo Agostinho,
objetivo conciliar a fé cristã com a razão filosófica. A porque Agostinho foi o primeiro a criticar o recurso
filosofia aristotélico-tomista foi uma das principais à lógica para se investigarem as verdades eternas.
correntes filosóficas da Escolástica, que procurou C) Às Categorias de Aristóteles, em que se encontra
integrar a filosofia de Aristóteles com a teologia enunciada a lista das dez maneiras pelas quais um
cristã. O ensino do trivium (gramática, retórica e atributo pode ser predicado de um sujeito.
lógica) e quadrivium (aritmética, geometria, música e D) À prova da existência de Deus, apresentada
astronomia) era fundamental nas universidades por Santo Tomás de Aquino através das cinco
medievais, que foram criadas a partir do século XI e vias da Suma Teológica.
contribuíram para o desenvolvimento da Escolástica.
O texto de Porfírio que é mencionado no enunciado
218. Os árabes, entre os Séculos VII e XI, ampliaram é justamente a sua obra "Isagoge", na qual ele discute
suas conquistas e forjaram importante civilização. a natureza dos universais. Dessa forma, a referência é
Sob a ação catalisadora do Islã, foi mantida a unidade à disputa sobre universais na filosofia medieval, que
política, enquanto que o comércio destacou-se como se baseava em discussões acerca da existência e
elo do relacionamento tolerante com muitos povos. natureza dos gêneros e espécies. A resposta correta é
Além disso, argumenta-se que os valores culturais da a letra D.
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debatidos durante a Idade Média. 01, 02, 04 e 08 estão corretas. O trecho citado
b) Os pensadores medievais não se interessaram pelo destaca a importância da utilização de argumentos
problema posto por Porfírio, pois era impossível racionais (dialéticos) na defesa da doutrina cristã, a
resolvê-lo com os conhecimentos da época. necessidade de elaborar argumentos contra os infiéis
c) A resposta a esse problema, segundo a qual os e sofismas, a dialética como instrumento
universais têm algum tipo de existência fora da argumentativo e a fraqueza dos infiéis em apresentar
mente humana, é chamada de nominalismo. argumentos consistentes e lógicos. Não é
d) A posição filosófica que considera que os mencionado que os infiéis serão convencidos
universais são puro produto de nossa atividade somente com argumentos oriundos da Bíblia.
mental é chamada de realismo.
224. “Com efeito, alguns tomam a coisa universal da
O texto menciona que Porfírio, em seu livro Isagoge, seguinte maneira: eles colocam uma substância
questiona se os gêneros e espécies existem como essencialmente a mesma em coisas que diferem umas
realidades fora de nosso pensamento ou são puro das outras pelas formas; essa é a essência material das
produto de nossa atividade mental. Essa questão se coisas singulares nas quais existe, e é uma só em si
refere aos universais, que eram um dos principais mesma, sendo diferente apenas pelas formas dos
temas filosóficos debatidos durante a Idade Média. A seus inferiores.”
discussão acerca dos universais girava em torno da ABELARDO, Lógica para principiantes. São Paulo: Abril
questão de saber se os conceitos e ideias que usamos Cultural, 1973. Coleção “Os Pensadores”. p. 218.
para classificar as coisas no mundo (como "animal" e Sobre o texto acima, é correto afirmar que
"homem") têm algum tipo de existência real fora de a) trata-se de uma tese realista, pois demonstra
nossas mentes ou se são apenas construções mentais. que a coisa universal existe por si mesma e
Portanto, a alternativa a) está correta. As outras constitui a essência material das coisas
alternativas são incorretas, pois não correspondem à singulares.
informação fornecida pelo texto. b) defende a tese nominalista, segundo a qual os
universais não podem existir fora dos sujeitos de que
223. “Com efeito, não seremos capazes de rebater as são atributos.
investidas dos hereges ou de quaisquer infiéis, se não c) os universais são termos significativos, pois não
soubermos refutar suas argumentações e invalidar são uma única essência em si mesmos.
seus sofismas com argumentos verdadeiros, para que d) distingue as coisas singulares pela quantidade de
o erro ceda à verdade e os sofismas recuem perante matéria que nelas se apresentam.
os dialéticos: sempre prontos, segundo a exortação
de São Pedro, a satisfazer a quem nos peça, razões da O texto apresenta uma posição realista ao afirmar
esperança ou da fé que nos anima. Se no curso que a coisa universal existe por si mesma e constitui
dessas disputações conseguirmos vencer aqueles a essência material das coisas singulares. Para os
sofistas, apareceremos como verdadeiros dialéticos; e realistas, os universais (coisas universais) existem
como bons discípulos, tanto mais nos lembraremos objetivamente e são independentes dos indivíduos
de Cristo, que é a própria verdade, quanto mais que os possuem, enquanto os nominalistas afirmam
fortes nos mostrarmos na verdade das que os universais são apenas nomes que designam a
argumentações” semelhança entre as coisas individuais. O texto não
(ABELARDO, P. Epístola 13. In: CHALITA, G. Vivendo a trata dos universais como termos significativos ou
filosofia: ensino médio. 4.ª ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 146). distingue as coisas singulares pela quantidade de
A partir do trecho citado, assinale o que for correto. matéria que nelas se apresentam.
01) O filósofo mostra a necessidade de argumentos
racionais (dialéticos) para a defesa da doutrina cristã. 225. “Dizemos: cada pessoa é, por exemplo, um ser
02) Nos debates, não basta apenas invocar a palavra humano, porém, há coisas que não lhe pertencem
de Cristo, é preciso elaborar argumentos racionais como ser humano. Contudo, não se isenta delas na
contra os infiéis. existência como, por exemplo, a definição de suas
04) A dialética é um instrumento argumentativo medidas, sua cor, sua aparência e aquilo que é
contra os sofismas, inserindo o debate no campo notório nele e outras coisas deste tipo. Todas estas
filosófico e não no campo doutrinal da fé. coisas, mesmo sendo humanas, não são condições
08) A fraqueza da argumentação dos infiéis está na para que ele seja humano, caso contrário, todas as
sua inconsistência lógica e racional. pessoas seriam iguais neste âmbito. Apesar disso,
16) Os hereges e os infiéis serão convencidos inteligimos que há algo, ou seja: o ser humano. Que
somente com argumentos oriundos da Bíblia. pobre é o discurso daquele que afirma o seguinte: o
ser humano é esta totalidade percebida (pelos
sentidos)!”
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(AVICENA. A filosofia e sua divisão, in MARÇAL, J., uma vez que o texto estabelece uma equivalência
Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009). entre a teologia e a metafísica como uma das três
Com base nesta afirmação de Avicena, assinale o que partes da ciência especulativa, e destaca que ambas
for correto: não tratam da investigação da natureza de Cristo.
01) A definição do ser humano depende de suas Além disso, o texto sugere que a teologia é tão
atribuições sensíveis. científica quanto a matemática e que tanto a teologia
02) A classe social de um indivíduo compõe um dos quanto a metafísica são conhecimentos adquiridos
elementos da definição do ser humano. por meio da ciência especulativa.
04) A identidade racial distingue os seres humanos de
outros seres vivos. 4. SANTO TOMÁS
08) O conceito de ser humano é inteligível.
16) Qualificações como peso, altura e aparência física 227. Sobre a compatibilidade ou incompatibilidade
distinguem um ser humano de outro ser humano. entre fé cristã e filosofia grega, assinale a alternativa
INCORRETA.
08 e 16 estão corretas. O trecho de Avicena sugere A) A filosofia grega conhece o princípio de unidade
que o conceito de ser humano é inteligível, ou seja, é do divino, mas numa esfera que acolhia grande
possível compreender o que é ser humano multiplicidade de entes, forças e níveis hierárquicos.
independentemente das características individuais, Portanto, permaneceu sempre aquém de uma
como peso, altura e aparência física. Portanto, a concepção propriamente monoteísta.
afirmativa 16 está correta. Já a afirmativa 01 está B) A propósito do problema da “origem dos seres”,
incorreta, uma vez que, para Avicena, as a mensagem cristã rompe com a filosofia grega na
características sensíveis não são condições para que medida em que fala de “criação”. Deus, segundo tal
uma pessoa seja considerada ser humano. A mensagem, não usou nada preexistente, como o
afirmativa 02 também está incorreta, pois a classe Demiurgo de Platão, nem se valeu de “sub-motores”,
social não é uma das condições para a definição de como a divindade aristotélica.
ser humano. A afirmativa 04 está incorreta, pois a C) Na filosofia grega, o homem está sempre inscrito
identidade racial não é um fator determinante para a em um horizonte cosmocêntrico. Ali, o homem não
definição de ser humano. é a realidade mais elevada, mas tão-somente parte de
algo que lhe é superior. No âmbito da fé cristã, o
226. Um texto de um filósofo anônimo da Idade homem é visto como criatura privilegiada no
Média apresenta de modo claro um problema central processo de criação divina.
para a filosofia e a ciência do seu tempo. Ele afirma: D) Platão fala de unicidade do Demiurgo
“Boécio divide em três as partes da ciência (divino ordenador do cosmos) e Aristóteles trata
especulativa: natural, matemática e teológica. Da de um primeiro motor imóvel único,
mesma forma, o Filósofo [isto é, Aristóteles] divide-a pensamento de si mesmo: com a Bíblia, tem-se
em natural, matemática e metafísica. Assim, isto que apenas a ratificação de um monoteísmo já
Boécio chama teologia, o Filósofo chama metafísica. defendido pela Filosofia Antiga.
Elas são, portanto, idênticas. Mas a metafísica não é
acerca de Cristo. Logo, a teologia também não o é” Na verdade, a mensagem cristã rompe com a
(Quaestio de divina scientia. In: FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala
de aula. Vol. 3. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2008, p. 68). filosofia grega justamente por falar em criação,
A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s) enquanto os filósofos gregos, como Platão e
correta(s). Aristóteles, falavam em uma ordenação ou
01) A teologia apresenta-se na Idade Média como a movimento eterno do mundo. Além disso, embora a
ciência principal. filosofia grega tenha conhecido o princípio de
02) A teologia é objeto da filosofia de Aristóteles, unidade do divino, não se pode afirmar que
apesar de ela não ter esse nome para ele. permaneceu sempre aquém de uma concepção
04) A teologia é uma ciência que não diz respeito à propriamente monoteísta, já que alguns filósofos
investigação da natureza de Cristo. gregos, como Xenófanes, já haviam defendido a
08) A teologia é, para esses filósofos, tão científica existência de apenas um Deus. Quanto às alternativas
quanto a matemática. B e C, estão corretas: a mensagem cristã fala de
16) A teologia e a metafísica são conhecimentos criação e valoriza o ser humano como criatura
adquiridos por meio da ciência especulativa. privilegiada.
A alternativa 01 está incorreta, pois o texto não 228. Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim,
indica que a teologia é a ciência principal na Idade é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja
Média. As alternativas 02, 04, 08 e 16 estão corretas, diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que
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fundamento a Metafísica de Aristóteles, e não a corrupções da lei, como já se disse. E portanto, não
Bíblia. se deve julgar de acordo com elas.”
Tomás de Aquino, Suma Teológica, II, Questão 60, Art. 5.
234. Sobre Tomás de Aquino, considere o seguinte Com base na passagem acima, é correto afirmar que
trecho, extraído de uma conhecida História da A) a lei escrita só é legítima se for baseada no
Filosofia. direito natural.
“O sistema tomista baseia-se na determinação B) o direito positivo não é a lei escrita, mas dos
rigorosa das relações entre a razão e a revelação. Ao costumes.
homem, cujo fim último é Deus, o qual excede toda C) o direito natural só é legítimo se expresso na lei
a compreensão da razão, não basta a investigação escrita.
filosófica baseada na razão. Mesmo aquelas verdades D) não há diferença entre direito natural e direito
que a razão pode alcançar sozinha, não é dado a positivo.
todos alcançá-las, e não está livre de erros o caminho
que a elas conduz. Foi, portanto, necessário que o O trecho citado é uma passagem da obra Suma
homem fosse instruído convenientemente e com Teológica de Tomás de Aquino, onde ele discute a
mais certeza pela revelação divina. Mas a revelação relação entre a lei escrita e o direito natural.
não anula nem torna inútil a razão: ‘a graça não Segundo Aquino, a lei escrita não pode diminuir
elimina a natureza, antes a aperfeiçoa’. A razão ou suprimir a força do direito natural, pois a
natural subordina-se à fé tal como no campo prático vontade humana não pode mudar a natureza. Se a
as inclinações naturais se subordinam à caridade.” lei escrita contém algo que vai contra o direito
ABBAGNANO, Nicola. História da Filosofia. Lisboa: natural, então ela é injusta e não tem força para
Presença, 1978, p. 29-30, Vol. IV. obrigar.
Com base no texto, é correto afirmar que Tomás de
Aquino Essa passagem de Aquino destaca a importância
a) rejeitava as verdades da fé cristã que não pudessem do direito natural como uma fonte de autoridade e
ser explicadas plenamente pela razão humana. legitimidade para a lei escrita. Ele argumenta que a
b) desprezava, por serem inúteis, as tentativas lei escrita só é legítima se estiver baseada no direito
racionais em compreender as verdades da fé cristã. natural e se for indiferente a proceder de uma
c) buscava conciliar as verdades da fé cristã com maneira ou de outra de acordo com esse direito.
as exigências da razão humana. Caso contrário, essa lei não é realmente uma lei,
d) subordinava a fé à razão natural, só sendo digno mas uma corrupção da lei.
de crença o que pudesse ser cientificamente
comprovado. Assim, a passagem acima reforça a importância do
direito natural como uma fonte de autoridade e
Com base no texto, é correto afirmar que Tomás de legitimidade para a lei escrita, bem como a
Aquino buscava conciliar as verdades da fé cristã necessidade de garantir que a lei esteja em
com as exigências da razão humana. Segundo o conformidade com o direito natural para que seja
texto, o sistema tomista baseia-se na determinação realmente legítima e justa.
rigorosa das relações entre a razão e a revelação. Para
Tomás, ao homem, cujo fim último é Deus, não 236. A grande contribuição de Tomás de Aquino
basta a investigação filosófica baseada na razão. para a vida intelectual foi a de valorizar a inteligência
Mesmo assim, a razão não é anulada pela revelação, humana e sua capacidade de alcançar a verdade por
mas sim aperfeiçoada. A razão natural subordina-se à meio da razão natural, inclusive a respeito de certas
fé, tal como as inclinações naturais se subordinam à questões da religião. Discorrendo sobre a
caridade. Portanto, a alternativa correta é a letra c). “possibilidade de descobrir a verdade divina”, ele diz
que há duas modalidades de verdade acerca de Deus.
235. “Portanto, deve-se dizer que como a lei escrita A primeira refere-se a verdades da revelação que a
não dá força ao direito natural, assim também não razão humana não consegue alcançar, por exemplo,
pode diminuir-lhe nem suprimir-lhe a força; pois, a entender como é possível Deus ser uno e trino. A
vontade humana não pode mudar a natureza. segunda modalidade é composta de verdades que a
Portanto, se a lei escrita contém algo contra o direito razão pode atingir, por exemplo, que Deus existe.
natural, é injusta e não tem força para obrigar. Pois, A partir dessa citação, indique a afirmativa que
só há lugar para o direito positivo, quando, segundo melhor expressa o pensamento de Tomás de Aquino.
o direito natural, é indiferente que se proceda de uma a) A fé é o único meio do ser humano chegar à
maneira ou de outra, como já foi explicado acima. verdade.
Por isso, tais textos não hão de chamar leis, mas
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b) O ser humano só alcança o conhecimento graças à Na Alta Idade Média, houve um processo de
revelação da verdade que Deus lhe concede. separação entre a Igreja e o Estado, com a crescente
c) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de autonomia do poder espiritual em relação ao poder
alcançar certas verdades por seus meios político;
naturais.
d) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades Boécio foi um filósofo importante da Idade Média,
acerca de Deus. porém sua obra máxima não é a Suma Teológica e
e) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser sim a Consolação da Filosofia. Além disso, a "nova
humano nada pode conhecer d’Ele. sofística" não é uma corrente espiritual e gnóstica,
mas sim um movimento que buscava resgatar a
A afirmativa que melhor expressa o pensamento de retórica clássica;
Tomás de Aquino é a alternativa c) Mesmo limitada,
a razão humana é capaz de alcançar certas verdades A filosofia medieval se dedicou a temas importantes
por seus meios naturais. Para Tomás de Aquino, a como a questão do conhecimento, o papel da
razão humana é capaz de alcançar algumas verdades linguagem e a teleologia da práxis humana;
sobre Deus por meio de sua capacidade natural de
raciocínio, como, por exemplo, que Deus existe. No O relacionamento entre a Igreja e o Estado não
entanto, há outras verdades divinas que a razão começou no fim do Império Romano, mas sim ao
humana não pode alcançar, e que só são acessíveis longo de toda a Idade Média, com diferentes graus
por meio da revelação divina, como o mistério da de tensão e cooperação entre ambos os poderes. O
Trindade. Portanto, para Tomás de Aquino, a razão e cristianismo não foi transformado em religião oficial
a revelação são complementares e devem ser do Estado no fim do Império Romano, mas sim no
harmonizadas para se chegar à verdade divina. início do século IV, durante o reinado de
Constantino.
237. Sobre a relação entre filosofia, Igreja e Estado
na Idade Média, assinale o que for correto. 238. A importância do filósofo medieval Tomás de
01) Na Idade Média, os mosteiros representam uma Aquino reside principalmente em seu esforço de
importante fonte do saber. Nesses locais, a cultura valorizar a inteligência humana e sua capacidade de
greco-latina manteve-se preservada, graças à alcançar a verdade por meio da razão. Discorrendo
atividade dos copistas e à conservação dos sobre a “possibilidade de descobrir a verdade
manuscritos dos autores clássicos. divina”, ele diz:
02) Na Alta Idade Média, a Igreja começou a libertar- “As verdades que professamos acerca de Deus revestem uma
se da dominação política do Império Carolíngio e dupla modalidade. Com efeito, existem a respeito de Deus
iniciou-se um período de supremacia do poder verdades que ultrapassam totalmente as capacidades da razão
espiritual sobre o poder político. humana. Uma delas é, por exemplo, que Deus é trino e uno.
04) Boécio (séc. VI) propõe a reabertura aos temas Ao contrário, existem verdades que podem ser atingidas pela
clássicos através de uma corrente espiritual e gnóstica razão: por exemplo, que Deus existe, que há um só Deus etc.
denominada “nova sofística”, apresentada em sua Estas últimas verdades, os próprios filósofos as provaram por
obra máxima, a Suma Teológica. meio de demonstração, guiados pela luz da razão natural”.
08) Por ser um período de obscuridade, a filosofia A partir dessa citação, identifique a opção que
medieval não se dedicou aos grandes temas da melhor expressa esse pensamento de Tomás de
filosofia, como a questão do conhecimento, o papel Aquino.
da linguagem e a teleologia da práxis humana, que a) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades
aparecem depois, com a modernidade. acerca de Deus.
16) O relacionamento entre a Igreja e o Estado b) O ser humano só alcança o conhecimento graças à
começou no fim do Império Romano, quando o revelação da verdade que Deus lhe concede.
cristianismo foi transformado em religião oficial do c) A fé é o único meio de o ser humano chegar à
Estado. Enquanto o paganismo perdia sua posição verdade.
de religião oficial, o cristianismo era protegido pelo d) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de
Império, o que permitiu sua difusão. alcançar por seus meios naturais certas
verdades.
01, 02 e 16 estão corretas. É correto afirmar que os e) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser
mosteiros foram importantes locais de preservação humano nada pode conhecer d’Ele.
da cultura greco-latina na Idade Média, mantendo
manuscritos e realizando a atividade de copistas; Tomás de Aquino valorizava a razão humana e sua
capacidade de atingir certas verdades por meio da
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01, 04, 08 e 16 estão corretas. O realismo afirmava teses de outras doutrinas da filosofia escolástica.
que os universais existem na realidade, enquanto o Com este propósito ele escreveu:
nominalismo afirmava que eles são meras abstrações. “Tampouco é inevitável que, se afirmarmos que
O conceitualismo, por sua vez, afirmava que os Deus é exclusivamente ser ou existência, caiamos no
universais são conceitos que existem apenas na erro daqueles que disseram que Deus é aquele ser
mente humana, mas que têm uma relação com a universal, em virtude do qual todas as coisas existem
realidade. Santo Tomás de Aquino foi um defensor formalmente. Com efeito, este ser que é Deus é de
do realismo moderado, que reconhece a existência tal condição, que nada se lhe pode adicionar. (...) Por
dos universais tanto na realidade quanto na mente este motivo afirma-se no comentário à nona
humana e divina. A afirmativa 02 está incorreta, pois proposição do livro Sobre as Causas, que a
o realismo não tem relação com a ideia de realidade individuação da causa primeira, a qual é puro ser,
virtual ou inteligência artificial. ocorre por causa da sua bondade. Assim como o ser
comum em seu intelecto não inclui nenhuma adição,
242. O filósofo grego que maior influência exerceu da mesma forma não inclui no seu intelecto qualquer
sobre Santo Tomás de Aquino foi: precisão de adição, pois, se isto acontecesse, nada
A) Platão poderia ser compreendido como ser, se nele algo
B) Aristóteles pudesse ser acrescentado."
C) Sócrates AQUINO, Tomás. O ente e a essência. Trad. de Luiz João
D) Heráclito Baraúna. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 15. Coleção .Os
E) Parmênides Pensadores.
Aristóteles foi uma das maiores influências para Tomás de Aquino está seguro de que nada se pode
Santo Tomás de Aquino, e é considerado um dos acrescentar a Deus, porque
pilares da filosofia ocidental. Aquino estudou e A) sua essência composta de essência e existência é
comentou amplamente as obras de Aristóteles, e suas auto-suficiente para gerar indefinidamente matéria e
próprias teorias filosóficas foram influenciadas pelo forma, criando todas as coisas.
pensamento aristotélico. Em particular, a teoria de B) sua essência simples é gerada incessantemente,
Aquino sobre a natureza e a existência de Deus é embora não seja composta de matéria e forma,
fortemente baseada na filosofia aristotélica, assim multiplica-se em si mesmo na pluralidade dos seres.
como sua teoria sobre a natureza da alma humana e C) é essência divina, absolutamente simples e
sua relação com o corpo. A influência de Aristóteles idêntica a si mesma, constituindo-se,
no pensamento de Aquino pode ser vista em toda a necessariamente, uma essência única.
sua filosofia, tornando-o uma figura fundamental na D) é ser contingente, no qual essência e existência
história da filosofia medieval. não dependem do tempo, por isso, gera a si mesmo
eternamente, dando existência às criaturas.
243. Para Santo Tomás de Aquino, um dos
princípios do conhecimento humano era o princípio Tomás de Aquino está seguro de que nada se pode
da causa eficiente. Esse princípio da causa eficiente acrescentar a Deus porque ele acredita que a essência
exigia que o ser contingente: divina é absolutamente simples e idêntica a si mesma,
A) Não exigisse causa alguma constituindo-se necessariamente em uma essência
B) Fosse causado pelo intelecto humano única. Portanto, a opção correta é a letra C) é
C) Fosse causado pelo ser necessário essência divina, absolutamente simples e idêntica a si
D) Fosse causado por acidentes casuais mesma, constituindo-se necessariamente em uma
E) Fosse causado pelo nada essência única. Para Tomás de Aquino, Deus é o ser
perfeito e não pode ser acrescentado em nada, pois
De acordo com Santo Tomás de Aquino, o princípio sua essência é infinita e eterna, não podendo ser
da causa eficiente exige que todo ser contingente multiplicada ou dividida em partes. Sua simplicidade
tenha uma causa que o tenha feito existir. Portanto, a é uma das características que o torna único e
opção correta é a letra C) Fosse causado pelo ser absoluto.
necessário. Para Santo Tomás, o ser necessário é
Deus, a causa primeira e última de todas as coisas. 245. Leia o trecho a seguir e assinale se as
Tudo o que existe e é contingente depende de Deus proposições apresentadas são (V) verdadeiras ou (F)
como sua causa eficiente. falsas, conforme o texto. “Se é verdade que a
verdade da fé cristã ultrapassa as capacidades da
244. Em O ente e a essência, Tomás de Aquino razão humana, nem por isso os princípios inatos
argumenta sobre a existência de Deus, refutando naturalmente à razão podem estar em contradição
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Enquanto a filosofia busca compreender a verdade a B) a educação recebida dos pais, o simples deleite
partir das evidências da natureza e do uso da razão, a ético e o esclarecimento jurídico.
teologia se baseia na fé e na revelação divina como C) o medo da punição, os meros ditames da
fonte de conhecimento. Ambas as ciências podem se razão e a bondade perfeita da virtude.
complementar, mas são distintas em sua origem e D) a tirania de um legislador, a consciência política e
método de investigação. social e a vocação religiosa.
E) a punição das instâncias divinas, a vocação
251. Tomás de Aquino não via conflito entre a fé e a religiosa e o prazer de obedecer.
razão, sendo possível para a segunda atingir o
conhecimento da existência de Deus. Contudo, Para São Tomás de Aquino, existem pelo menos três
Tomás de Aquino defende a relação harmônica entre motivos que conduzem os homens à obediência da
ambas, pois, se a razão demonstra a existência de lei: o medo da punição, os ditames da razão e a
Deus, ela o faz graças à fé que revela tal verdade. bondade perfeita da virtude. O medo da punição é
Assim, a filosofia de Tomás de Aquino insistiu nos um motivo externo, baseado na ameaça de sanções
limites do conhecimento humano. por desobedecer à lei. Os ditames da razão são um
Com base nas afirmações precedentes, assinale a motivo interno, baseados na compreensão da
alternativa correta. necessidade de seguir a lei para a harmonia e a justiça
A) O conhecimento humano atinge a verdade do da sociedade. A bondade perfeita da virtude é um
mundo e de Deus sem precisar se servir de outra motivo superior, baseado no desejo de realizar o bem
ordem que não aquela da própria razão, o que se e a vontade divina. Portanto, a alternativa correta é a
confirma com o fato de que os governantes letra C.
organizam o mundo conforme sua inteligência.
B) A realidade sensível é a via direta e exclusiva para 253. Tomás de Aquino (1225-1274), no seu livro A
a ascensão do conhecimento humano, porque, tal Realeza, afirma: “Comecemos apresentando o que se
como afirmou Santo Anselmo, a perfeição de Deus deve entender pela palavra rei. Com efeito, em todas
tem, entre seus atributos, a existência na realidade as coisas que se ordenam a um fim que pode ser
mundana. alcançado de diversos modos, faz-se necessário
C) Existe um domínio comum à fé e à razão. algum dirigente para que se possa alcançar o fim do
Este domínio é a realidade do mundo sensível, modo mais direto. Por exemplo, um navio, que se
morada humana, que a razão pode conhecer, move em diversas direções pelo impulso de ventos
porque a realidade sensível oferece à razão os opostos, não chegará ao seu fim de destino se não
vestígios imperfeitos da substância de Deus. for dirigido ao porto pela habilidade do
D) A razão humana é impotente para tratar de idéias comandante”.
que estejam além da realidade do mundo sensível. (AQUINO, T. de. A realeza: dedicado ao rei de Chipre. In:
Deus, portanto, nada mais é que uma palavra que Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 667.)
deve ser reverenciada como o centro sensível de Conforme esse trecho, é correto afirmar que
irradiação de tudo o que existe. 01) o rei, como um dirigente, não tem um poder
opressor ou dominador sobre os súditos.
De acordo com as afirmações apresentadas, a 02) o rei é aquele que realiza as coisas sem
alternativa correta é a letra C. Tomás de Aquino não intermediários.
via conflito entre a fé e a razão e defendia que a 04) o rei não é necessário em todas as decisões, mas
razão pode atingir o conhecimento da existência de somente naquelas que envolvem interesses coletivos.
Deus, mas isso é possível graças à fé, que revela tal 08) as ações do rei não precisam levar em conta os
verdade. Assim, a filosofia de Tomás de Aquino desejos dos súditos, mas considerar aquilo que é
reconhece os limites do conhecimento humano e melhor para o reino.
defende uma relação harmônica entre a fé e a razão. 16) o rei ou o comandante tem a função de dirigir,
O domínio comum à fé e à razão é a realidade do orientar, o que não implica uma imposição de sua
mundo sensível, que pode ser conhecida pela razão e vontade aos súditos.
que oferece vestígios da substância de Deus.
01, 04, 08 e 16 estão corretas. De acordo com o
252. Para São Tomás de Aquino, existem, pelo trecho citado, o rei é visto como um dirigente
menos, três motivos que conduzem os homens à necessário para alcançar o fim desejado de forma
obediência da lei, que são mais direta, e não como um poder opressor ou
A) os costumes adquiridos em uma cultura, a dominador sobre os súditos (01). Além disso, sua
emancipação social e a prazerosa fruição estética. presença não é necessária em todas as decisões, mas
apenas naquelas que envolvem interesses coletivos
(04). Suas ações devem considerar aquilo que é
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melhor para o reino como um todo, não apenas seus 01) Guilherme de Ockham não separa o poder
próprios desejos (08). E, por fim, o papel do rei ou espiritual da Igreja do poder temporal da
comandante é orientar e dirigir, sem necessariamente comunidade política; por essa razão, ele afirma que,
impor sua vontade aos súditos (16). em nenhuma hipótese, o bom cristão pode contestar
a autoridade da palavra do Papa.
254. “Os artigos de fé não são princípios de 02) O tiranicídio não é admitido por Guilherme de
demonstrações nem conclusões, não sendo nem Ockham, todavia os governados podem resistir ao
mesmo prováveis, já que parecem falsos para todos, tirano e procurar instrumentos legais que contestam
para a maioria ou para os sábios, entendendo por sua autoridade para forçá-lo a abdicar.
sábios aqueles que se entregam à razão natural, já que 04) Guilherme de Ockham pertence à corrente
só de tal modo se entende o sábio na ciência e na nominalista, segundo a qual os conceitos universais
filosofia.” são apenas conteúdos da nossa mente, expressos em
(OCKHAM, G. [1280-1349]. In: COTRIM, G. Fundamentos de nomes, isto é, são apenas palavras sem nenhuma
Filosofia, São Paulo: Saraiva, 2006, p. 120). realidade específica correspondente.
A partir do trecho citado, é correto afirmar que 08) Contrariamente ao que pensava Santo Agostinho,
01) os argumentos calcados na fé não podem ser o homem, para Guilherme de Ockham, não foi
submetidos a demonstrações lógicas. dotado de livre-arbítrio, razão pela qual não pode ser
02) o filósofo apresenta a típica separação entre responsabilizado pelos seus atos.
aquilo que é do domínio da fé e do domínio da razão 16) Guilherme de Ockham reconhece dois grandes
para o pensamento medieval. tipos de direitos naturais: o direito natural objetivo,
04) os artigos de fé são falsos por natureza, visto que isto é, a ordem natural hierárquica estabelecida pela
não estão submetidos nem à ciência nem à filosofia. lei divina, e o direito natural subjetivo, possuído pelo
08) as demonstrações e as conclusões, para os indivíduo como ser racional e livre.
filósofos, não podem ser deduzidas a partir de
princípios falsos. 02, 04 e 16 estão corretas. Guilherme de Ockham, de
16) a distinção entre a teologia e a ciência ou a fato, não separa o poder espiritual da Igreja do poder
filosofia está, entre outras coisas, nos diferentes temporal da comunidade política, mas ele defende
procedimentos ou nos métodos de comprovação que o Papa não tem poder absoluto e que a
utilizados por elas. autoridade papal pode ser contestada em questões
que não sejam dogmáticas. Portanto, a afirmação de
01, 02, 05 e 16 estão corretas. A opção 01 está que o bom cristão não pode contestar a autoridade
correta, pois o autor afirma que os artigos de fé não do Papa em nenhuma hipótese está incorreta;
são princípios de demonstrações nem conclusões, ou
seja, não podem ser submetidos a demonstrações Guilherme de Ockham não nega o livre-arbítrio
lógicas. A opção 02 está correta, pois o autor humano, ele defende que a vontade humana é livre,
apresenta a típica separação entre aquilo que é do embora limitada pelo poder divino. Portanto, a
domínio da fé e do domínio da razão para o afirmação de que ele não reconhece o livre-arbítrio
pensamento medieval. A opção 08 também está humano está incorreta.
correta. A afirmação de que as demonstrações e
conclusões não podem ser deduzidas a partir de 256. Leia o texto a seguir sobre o problema dos
princípios falsos é uma ideia presente na lógica universais.
aristotélica e também defendida por Guilherme de “Ockham adota o nominalismo, posição inaugurada
Ockham. A opção 16 está correta, pois o autor indica em uma versão mais radical por Roscelino (séc. XII),
uma distinção entre a teologia e a ciência ou a [que] afirma serem os universais apenas palavras,
filosofia flatus vocis, sons emitidos, não havendo nenhuma
entidade real correspondentes a eles.”
255. Guilherme de Ockham (1280-1349) traz novas MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia: dos pré-
idéias à teoria política, “ainda que continue teológica, socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2005. p.
isto é, referida à vontade suprema de Deus. Diante 132.
da tradição teocrática medieval, são novas as idéias Marque a alternativa correta.
de comunidade política natural, lei humana política e a) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”,
direito natural dos indivíduos como sujeitos dotados aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, indica
de consciência e de vontade.” um modo de ser das realidades extramentais.
(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13.ª ed., São Paulo: Ática, b) Segundo o texto acima, o termo
2008, p. 366). “humanidade”, aplicável a uma multiplicidade
Assinale o que for correto. de indivíduos, é apenas um conceito pelo qual
nos referimos a esse conjunto.
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c) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”, 16) Um ser contingente é aquele cuja existência
aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, depende da existência de outro ser que o criou. Se
determina entidades metafísicas subsistentes. todos os seres fossem contingentes, nada existiria.
d) Segundo o texto acima, o termo “humanidade”, Portanto, para que exista o mundo, existe um ser
aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, necessário e criador de tudo: Deus.
determina formas de substância individual
existentes. 01, 04 e 16 estão corretas. As três correspondem a
três das cinco vias de Tomás de Aquino para provar
Segundo o texto acima, a alternativa correta é a letra a existência de Deus: a via do movimento, a via da
B: "Segundo o texto acima, o termo 'humanidade', contingência e a via dos graus de perfeição. A opção
aplicável a uma multiplicidade de indivíduos, é 02 está incorreta, pois o argumento ontológico não
apenas um conceito pelo qual nos referimos a esse se baseia na ideia de infinitude do mundo. A opção
conjunto." Isso corresponde ao posicionamento 08 está incorreta, pois a teoria das três metamorfoses
nominalista, adotado por Ockham, que considera os de Nietzsche não tem relação com a prova da
universais como meros conceitos ou palavras, sem existência de Deus.
correspondência com entidades metafísicas
subsistentes. Dessa forma, "humanidade" é um
conceito pelo qual nos referimos à ideia de uma FILOSOFIA MODERNA
característica compartilhada por diversos indivíduos,
sem que haja uma entidade real correspondente a 1. RENASCIMENTO
essa característica.
258. Fala-se muito nos dias de hoje em direitos do
257. Baseado na metafísica de Aristóteles, durante a homem. Pois bem: foi no século XVIIl – em 1789,
Escolástica Tomás de Aquino (1225-1274) precisamente que uma Assembleia Constituinte
reformulou os argumentos que provam a existência produziu e proclamou em Paris a Declaração dos
de Deus. a) Movimento, b) causa eficiente, c) contingência, Direitos do Homem e do Cidadão. Essa Declaração
d) graus de perfeição, e) causa final constituem, para se impôs como necessária para um grupo de
Tomás de Aquino, as “cinco vias” da prova da revolucionários, por ter sido preparada por uma
existência de Deus. Anselmo de Aosta (1033-1109) é mudança no plano das ideias e das mentalidades: o
conhecido pelo argumento ontológico, que também Iluminismo.
FORTES, L.R.S. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo:
aparece em Descartes (1596-1650), no início da era Brasiliense, 1981 (adaptado).
moderna. Correlacionando temporalidades históricas, o texto
Analise, a seguir, os argumentos racionais apontados apresenta uma concepção de pensamento que tem
para provar a existência de Deus e assinale o que for como uma de suas bases a
correto. a) modernização da educação escolar.
01) Tudo o que se move deve seu movimento a algo b) atualização da disciplina moral cristã.
que provocou este movimento, pois nada se moveria c) divulgação de costumes aristocráticos.
por si mesmo. Ora, para evitar a regressão ao d) socialização do conhecimento científico.
infinito, é necessário que exista um motor que mova e) universalização do princípio da igualdade
todas as coisas e que, por sua vez, não é movido por civil.
nenhuma: Deus.
02) O argumento ontológico toma por pressuposto a O texto afirma que a Declaração dos Direitos do
ideia de que a infinitude do mundo constitui uma Homem e do Cidadão foi produzida durante o
prova da existência de Deus, pois o infinito cria o Iluminismo, que foi um movimento intelectual que
finito e vice-versa. defendia a razão, a ciência e a liberdade individual, e
04) Seria absurdo e contraditório conceber a que teve como uma de suas bases a ideia de
possibilidade de um Deus onipotente e perfeito que igualdade civil, ou seja, a ideia de que todos os
não tenha por atributo a existência, pois a não cidadãos deveriam ter os mesmos direitos perante a
existência seria uma imperfeição em choque com a lei.
perfeição concebida. Logo, Deus existe.
08) A teoria das três metamorfoses de Friedrich 259. O século XVIII é, por diversas razões, um
Nietzsche, em Assim falou Zaratustra, segundo a qual século diferenciado. Razão e experimentação se
o homem nasce um camelo (a), torna-se um leão (b) aliavam no que se acreditava ser o verdadeiro
e morre uma criança (c), prova a existência de Deus caminho para o estabelecimento do conhecimento
pelo fato de aceitar as três formas da vida: infância, científico, por tanto tempo almejado. O fato, a
juventude e maturidade. análise e a indução passavam a ser parceiros
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fundamentais da razão. É ainda no século XVIII que uma posição política de defesa do sufrágio universal
o homem começa a tomar consciência de sua como único instrumento para instaurar um Estado
situação na história. democrático.
ODALIA, N. In: PINSKY, J.; PINSKY, C. B. História da 08) O Iluminismo inglês teve, na teoria do pacto
cidadania. São Paulo: Contexto, 2003. social de Thomas Hobbes, um dos seus expoentes,
No ambiente cultural do Antigo Regime, a discussão pois, ao realizar um pacto entre si, os indivíduos
filosófica mencionada no texto tinha como uma de preservavam diante do Estado sua autonomia
suas características a política.
A) aproximação entre inovação e saberes antigos. 16) Jean-Jacques Rousseau desenvolveu uma filosofia
B) conciliação entre revelação e metafísica platônica. política inovadora ao distinguir o conceito de
C) vinculação entre escolástica e práticas de pesquisa. soberania do conceito de governo, atribuindo, dessa
D) separação entre teologia e fundamentalismo maneira, ao povo, uma soberania inalienável.
religioso.
E) contraposição entre clericalismo e liberdade Apenas a opção 01 e a opção 16 estão corretas.
de pensamento.
A opção 02 está incorreta, pois Kant defendia uma
O texto apresenta a discussão filosófica que ocorreu relação íntima entre a razão e a experiência,
no século XVIII, caracterizado pela aliança entre buscando conciliar a filosofia empirista e a filosofia
razão e experimentação para estabelecimento do racionalista.
conhecimento científico. Nesse contexto, o autor
destaca que o homem começa a tomar consciência A opção 04 está incorreta, pois Montesquieu
de sua situação na história. defendia a separação dos poderes e a limitação do
poder do Estado, enquanto Kant não tratou
Ao apresentar as opções de resposta, é possível notar especificamente da questão do sufrágio universal em
que algumas delas não fazem sentido em relação ao suas obras.
contexto apresentado, como a alternativa B que
menciona a conciliação entre revelação e metafísica A opção 08 está incorreta, pois, embora Hobbes
platônica, ou a alternativa C que fala em vinculação tenha desenvolvido a teoria do pacto social, ele
entre escolástica e práticas de pesquisa, que defendia uma concepção absolutista do Estado, em
pertencem a períodos anteriores ao século XVIII. que a autonomia política dos indivíduos era
preservada apenas pela submissão ao poder
A alternativa correta é a letra E, que menciona a soberano.
contraposição entre clericalismo e liberdade de
pensamento, o que remete à tensão entre as ideias Portanto, apenas a opção 01 e a opção 16 estão
iluministas e a igreja católica, que se opunha às ideias corretas.
consideradas subversivas do Iluminismo. A liberdade
de pensamento e a valorização da razão eram vistos 261. “Desde sempre, o Iluminismo, no sentido mais
como uma ameaça à autoridade da igreja e à ordem abrangente de um pensar que faz progressos,
estabelecida pelo Antigo Regime. perseguiu o objetivo de livrar os homens do medo e
de fazer dele senhores. Mas, completamente
260. O Iluminismo moderno é um período da iluminada, a Terra resplandece sob o signo do
história da Filosofia que vai dos últimos decênios do infortúnio triunfal. O programa do Iluminismo era o
século XVII aos últimos decênios do século XVIII. de livrar o mundo do feitiço. Sua pretensão, a de
Como linha filosófica, caracteriza-se pelo empenho dissolver os mitos e anular a ilusão, por meio do
em estender a razão como guia a todos os campos da saber.”
experiência humana. Sobre o Iluminismo, assinale o (HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. Conceito de iluminismo.
que for correto. In: COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva,
01) Os iluministas ingleses fizeram uma crítica à 2006, p. 166).
Igreja oficial, pregaram a tolerância religiosa e Com base nesse excerto e nos seus conhecimentos
desenvolveram uma religião natural chamada sobre o Iluminismo, assinale o que for correto.
Deísmo. 01) A palavra medo, no texto, diz respeito ao
02) Para Immanuel Kant, não há nenhuma relação desconhecido.
entre a razão e a experiência. Fundamentado na 02) A razão esclarecida depende de Deus, entidade
filosofia platônica, Kant afirma que o conhecimento transcendente que banha a Terra de luz
do mundo sensível é fruto das ideias inatas. resplandecente.
04) Tanto na França de Montesquieu quanto na
Alemanha de Immanuel Kant, o Iluminismo adotou
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04) Pertence ao projeto iluminista a célebre B) maneiras de fazer política muito diversas.
afirmação de Immanuel Kant: “Ousai saber. Tenha a Para os racionalistas, a política absolutista
coragem de servir-se da própria razão”. deveria ser reestruturada ou revolucionada, pois
08) Constituem uma ameaça ao Iluminismo o os novos saberes deveriam vir das experiências e
inatismo, o misticismo e toda forma de pensamento das novas ciências e não de Deus e seus
dogmaticamente estabelecido. emissários.
16) O pensamento ilustrado acreditava na autonomia C) formas incompatíveis de fazer política, pois o
da razão, segundo a qual o homem atingiria a povo francês era governado por um velho monarca
maioridade. autoritário que se mantinha no poder devido à
ignorância do povo. Já livros como a Enciclopédia
As opções 01, 04, 08 e 16 estão corretas. Elas seriam a base da nova sociedade revolucionária e
destacam importantes aspectos do pensamento anarquista proposta por Diderot.
iluminista. A ideia de livrar os homens do medo e D) formas de governo inconciliáveis, pois o
torná-los senhores de si mesmos era uma das Absolutismo era autoritário e ultrapassado. Já os
principais premissas dos iluministas. A razão, vista enciclopedistas, como Diderot e D’ Alembert,
como um guia seguro para a compreensão do desejavam a derrubada do Rei pelos revolucionários
mundo, era uma ferramenta fundamental para comunistas, formadores de ideias socialistas
alcançar esse objetivo. Porém, como aponta o vinculadas ao Marxismo contemporâneo.
excerto, o resultado desse processo nem sempre foi E) maneiras de governar muito distintas, pois os
o esperado, com a Terra "resplandecendo sob o enciclopedistas eram homens de letras, que iniciavam
signo do infortúnio triunfal". Isso pode ser carreira política nas fileiras dos liberais exaltados, e o
interpretado como uma crítica ao fato de que o monarca absolutista era do partido conservador
Iluminismo, ao promover o progresso e a razão, francês.
muitas vezes gerou consequências negativas, como a
exploração colonial, a desigualdade social e a O texto apresenta a Enciclopédia como uma obra
violência política. No entanto, é inegável que o que cobriu todas as áreas do conhecimento humano,
pensamento iluminista teve um papel importante na confiando no poder da razão e na capacidade dos
história da filosofia e da política, influenciando as homens moldarem o mundo e a sociedade de acordo
ideias que sustentam as democracias liberais com suas conveniências. Essa visão era contrária ao
modernas. absolutismo e à ideia de que o conhecimento deveria
vir de Deus e seus emissários, que caracterizava a
262. O texto abaixo recupera uma obra iluminista política absolutista da época. Portanto, as formas de
dirigida por Denis Diderot e Jean Le Rond d’ fazer política eram incompatíveis, e a Enciclopédia
Alembert em 1772 na França intitulada de foi combatida pelos poderes absolutistas civis e
Enciclopédia ou Dicionário racional das ciências, das religiosos. A opção A) não faz sentido, pois a
artes e dos ofícios. No texto afirma-se que: na monarquia constitucional só surgiu na França após a
Enciclopédia não havia área do engenho humano Revolução Francesa, que foi influenciada pelas ideias
que não tivesse sido coberta. Ali se observava a iluministas, mas não pelos reis absolutistas. As
confiança de que os homens eram, ou poderiam ser opções C), D) e E) são incorretas, pois apresentam
em breve, senhores de seu próprio destino, que informações ou interpretações equivocadas sobre o
poderiam moldar o mundo e a sociedade de acordo contexto histórico e as ideias dos iluministas.
com as suas conveniências e vantagens. Era o poder
da razão. Por isso mesmo a Enciclopédia não foi 263. Coordenada por Denis Diderot, a Enciclopédia,
universalmente aceita. Poderes absolutistas civis e cuja primeira edição é de 1751, representa a
religiosos foram seus combatentes. caracterização das ideias iluministas, que exerceram
(DENT, N. J. H.. Dicionário de Rousseau. Rio de Janeiro: uma influência sobre a Revolução Francesa de 1789.
Zahar, 1996, p. 125. Texto adaptado). Sobre o enciclopedismo, assinale o que for correto.
A Enciclopédia proposta por iluministas como 01) O Iluminismo como doutrina filosófica
Diderot e D’Alembert foi criticada no contexto fundamenta os seus pressupostos na Teologia e
francês, porque nesse momento o absolutismo e Filosofia de Santo Agostinho, para quem a busca
razão significavam pelo conhecimento de Deus é iluminada pela graça
A) modos de viver compatíveis, nos quais as novas e divina e pela fé.
modernas ideias iluministas eram absorvidas pelo reis 02) A revolução científica que ocorre com
absolutistas, que percebiam nelas as vantagens de se Copérnico, Kepler e Galileu, durante o
moldar o mundo à sua forma e maneira, tal qual Renascimento, influenciou a Filosofia do
Diderot em sua Enciclopédia, o que possibilitou o Iluminismo.
advento da monarquia constitucional.
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04) No século XVIII, conhecido como o Século das atestado pela comprovação empírica de que, na
Luzes, Immanuel Kant tenta superar a dicotomia história contemporânea das sociedades humanas, a
racionalismo/empirismo, que alimentava a polêmica transformação da realidade política, econômica e
entre muitos filósofos do Iluminismo. social tem as concepções teóricas como seu
08) Entre os objetivos da Enciclopédia, encontramos o exclusivo ponto de partida.
desejo de renovar o pensamento de forma crítica e b) A Revolução Francesa é a demonstração
ilustrá-lo para o grande público. inequívoca da validade da noção iluminista de
16) Na França, Luís XVI incentivou D’Alembert, progresso, fato este confirmado pela completa
Diderot e Condillac a publicar a Enciclopédia, pois emancipação alcançada pela humanidade nos dias
acreditava que a razão iluminista poderia ajudar na atuais e pela eliminação total das diferenças culturais
manutenção da ordem do Antigo Regime. entre os povos, hoje regidos pelos padrões
socioculturais universais da globalização.
As opções 02, 04 e 08 estão corretas. A afirmativa 02 c) As aspirações iluministas por um poder
é correta, pois de fato a revolução científica do político estruturado em bases plenamente
Renascimento teve influência no Iluminismo, ao racionais e pela vigência dos direitos dos
promover uma valorização do método científico e da indivíduos são realizadas por algumas medidas
experimentação. dos revolucionários franceses, tais como a
extinção da sociedade dividida em ordens, a
A afirmativa 04 também é correta, já que Kant é supressão do absolutismo monárquico e a
considerado um dos principais filósofos do instauração da igualdade jurídica.
Iluminismo e buscou superar a dicotomia d) Os anseios iluministas pela manutenção de um
racionalismo/empirismo, propondo uma teoria do poder absolutista em bases racionais manifestam-se
conhecimento que buscava conciliar essas duas na preservação, pelos revolucionários franceses, de
vertentes. uma realidade social fundada na hierarquia de ordens
e das prerrogativas feudais, garantias de um
Já a afirmativa 08 está correta, pois a Enciclopédia de desenvolvimento gradual e seguro dos princípios
fato tinha como objetivo renovar o pensamento democráticos e capitalistas.
crítico e torná-lo mais acessível ao grande público, a e) A Revolução Francesa produziu a filosofia
fim de disseminar as ideias iluministas e promover iluminista, posto que inaugurou uma realidade social,
mudanças na sociedade. econômica, política e cultural que afetou
profundamente as ideias filosóficas dos séculos
A afirmativa 01 é incorreta, pois o Iluminismo não se XVIII e XIX, ao revelar o anacronismo e a
fundamenta na teologia e filosofia de Santo inadequação das teses defendidas pelos pensadores
Agostinho, e sim na razão humana e na busca pelo anteriores aos acontecimentos revolucionários, bem
conhecimento empírico e científico. como a necessidade de modernização das explicações
referentes ao sentido da história humana.
A afirmativa 16 também é incorreta, pois Luís XVI
não incentivou a publicação da Enciclopédia, pelo As aspirações iluministas por um poder político
contrário, a obra foi alvo de censura e perseguição estruturado em bases plenamente racionais e pela
por parte do governo francês e da Igreja Católica. vigência dos direitos dos indivíduos foram realizadas
por algumas medidas dos revolucionários franceses,
264. Denominamos de iluminismo o movimento tais como a extinção da sociedade dividida em
filosófico do século XVIII que, dentre outras ordens, a supressão do absolutismo monárquico e a
características, depositava sua confiança na instauração da igualdade jurídica. Embora as ideias
emancipação humana pelo saber racional e recusava iluministas tenham exercido uma grande influência
as formas tradicionais de autoridade, que, à revelia da sobre a Revolução Francesa, não é correto afirmar
razão, pretendiam se impor aos homens. Sob o que elas são a causa única e fundamental da
ponto de vista histórico, é possível notar a revolução, como na alternativa a, nem que a
convergência do movimento filosófico iluminista Revolução Francesa eliminou completamente as
com profundas transformações sociopolíticas no diferenças culturais entre os povos e alcançou uma
século XVIII, tais como a Revolução Francesa de completa emancipação, como na alternativa b. Além
1789. disso, a alternativa d está incorreta ao afirmar que os
Assinale a alternativa correta sobre as relações do revolucionários franceses mantiveram uma realidade
iluminismo com a Revolução Francesa. social fundada na hierarquia de ordens e das
a) As ideias filosóficas iluministas são a causa única e prerrogativas feudais. A alternativa e também não
fundamental da Revolução Francesa, algo que é está correta, pois não foi a Revolução Francesa que
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produziu a filosofia iluminista, mas sim o contrário, 01, 08 e 16 estão corretas. O trecho do filósofo
como afirmam os historiadores. Michel de Montaigne aborda a questão da punição
no sistema jurídico e suas possíveis finalidades. Ele
2. MONTAIGNE questiona a ideia de que a punição deve ser aplicada
apenas como uma forma de retribuição pelo erro
265. Montaigne deu o nome para um novo gênero cometido, defendendo que ela também pode ter uma
literário; foi dos primeiros a instituir na literatura finalidade educativa, buscando evitar que o
moderna um espaço privado, o espaço do “eu”, do condenado ou outros indivíduos cometam
texto íntimo. Ele cria um novo processo de escrita novamente o mesmo erro.
filosófica, no qual hesitações, autocríticas, correções
entram no próprio texto. Montaigne argumenta que, ao condenar um
COELHO, M. Montaigne. São Paulo: Publifolha,
indivíduo, os tribunais podem estar enviando uma
2001 (adaptado).
O novo gênero de escrita aludido no texto é o(a) mensagem para a comunidade como um todo,
a) confissão, que relata experiências de demonstrando que determinadas ações têm
transformação. consequências graves e desencorajando outros a
b) ensaio, que expõe concepções subjetivas de cometerem o mesmo crime. Dessa forma, a punição
um tema. pode ser vista como uma forma de educação dos
c) carta, que comunica informações para um costumes, visando ações futuras.
conhecido.
d) meditação, que propõe preparações para o Além disso, Montaigne também faz uma reflexão
conhecimento. sobre o papel dos indivíduos na sociedade,
e) diálogo, que discute assuntos com diferentes destacando que os homens de bem devem oferecer
interlocutores. exemplos positivos para a comunidade. Nesse
sentido, ele reconhece que seus próprios erros são
Michel Montaigne foi pioneiro no gênero literário incorrigíveis, mas faz um convite para que os outros
“ensaio” ao abordar relatos de experiências de sua não os imitem.
vida, com subjetividade e reflexão.
Em resumo, o trecho de Montaigne apresenta uma
266. “É costume de nossos tribunais condenar reflexão importante sobre a finalidade da punição e a
alguns para exemplo dos outros. Condená-los educação dos costumes na sociedade, destacando a
unicamente porque erraram seria inepto, como diz importância de se pensar em formas de prevenção e
Platão. O que está feito não se desfaz; mas é para de oferecer exemplos positivos para a comunidade.
que não tornem a errar ou a fim de que os outros
atentem para o castigo. Não se corrige quem se 267. A filosofia cética alcança na França, com o
enforca; corrigem-se os demais com ele. Eu faço a ensaio A Apologia de Raimond Sebon, de Michel
mesma coisa. É certo que os meus erros são naturais Montaigne, uma de suas máximas expressões. René
e incorrigíveis, mas assim como os homens de bem Descartes opõe-se e combate o ceticismo,
oferecem ao povo o exemplo do que este deve fazer, acreditando na possibilidade de alcançar um
eu os convido a não me imitarem” conhecimento seguro com a elaboração de um
(MONTAIGNE, M. Da arte de conversar. In: Ensaios. São método capaz de realizar uma reforma do
Paulo: Abril Cultural, 2005, p. 245). entendimento e da ciência.
A partir do trecho acima, assinale o que for correto. Assinale o que for correto.
01) A punição de um crime não desfaz o erro 01) Para René Descartes, a primeira condição para
cometido. reformar o entendimento humano e progredir no
02) Os tribunais não fazem justiça, pois aplicam ao conhecimento científico é expurgar a teologia da
sentenciado uma punição em vista dos outros. filosofia, pois é impossível conduzir a reflexão
04) O efeito educador da punição não está no temor filosófica a partir da idéia da existência de Deus.
que gera no restante da comunidade, mas no rigor da 02) Duas atitudes são, para René Descartes, causas
sentença. do erro cometido pela reflexão filosófica e pelas
08) A imitação das boas ações não se funda no ciências: a primeira é a prevenção, isto é, a facilidade
exemplo, conforme o ditado: “faça o que eu mando, com que o espírito humano se deixa levar pela
mas não faça o que eu faço”. opinião e pelas idéias alheias, sem se preocupar se
16) A educação dos costumes não se faz visando ao são verdadeiras ou não; a segunda é a precipitação,
passado, mas às ações futuras. isto é, a facilidade com que são emitidos juízos sobre
as coisas antes de verificar se as idéias são
verdadeiras ou não.
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04) Para René Descartes, por ter adotado como do julgamento de Giordano Bruno e os Atos do
método o procedimento da dúvida metódica, o processo de Galileu. As teorias desses estudiosos,
ceticismo solapou os fundamentos da filosofia e da juntamente com o Homem Vitruviano, são exemplos
ciência. de uma profunda transformação no modo de
08) René Descartes combate o racionalismo por conceber e explicar o conhecimento da natureza.
considerar que introduz, na filosofia, uma reflexão Com base nos conhecimentos sobre a investigação
metafísica. As verdades tanto na filosofia quanto na da natureza no início da ciência moderna,
ciência devem ser alcançadas por procedimentos particularmente em Galileu, atribua V (verdadeiro)
empíricos, única forma de evitar o ceticismo. ou F (falso) às afirmativas a seguir.
16) O ponto de partida do método de René ( ) A nova atitude de investigação rendeu-se ao
Descartes é a busca de uma verdade primeira que poder de convencimento argumentativo da Igreja, a
não pode ser posta em dúvida. Por isso, converte a ponto de o próprio Galileu, ao abjurar suas teses, ter
dúvida em método. se convencido dos equívocos da sua teoria.
( ) A observação dos fenômenos, a
As opções 02 e 16 estão corretas. A afirmativa 01 é experimentação e a noção de regularidade
falsa, uma vez que René Descartes defendia a matemática da natureza abalaram as concepções que
existência de Deus como garantia para a verdade das fundamentavam a visão medieval de mundo.
ideias claras e distintas. A afirmativa 04 também é ( ) O abandono da especulação levou Galileu a
falsa, já que Descartes reconhecia a importância do adotar pressupostos da filosofia de Aristóteles, pois
ceticismo para a construção de uma filosofia sólida e esse pensador possuía uma concepção de
rigorosa. A afirmativa 08 é falsa, pois Descartes é experimentação similar à sua.
considerado um dos principais representantes do ( ) O método de investigação da natureza
racionalismo. Assim, as opções corretas são a 02 e a restringia-se àquilo que podia ser apreendido
16. Descartes considera que o erro na filosofia e nas imediatamente pelos sentidos, uma vez que o que
ciências é causado pela prevenção e pela está além dos sentidos é mera especulação.
precipitação, e seu método inicia com a busca por ( ) Uma das razões mais fortes para a
uma verdade primeira indubitável, a partir da dúvida condenação de Galileu foi sua identificação da
metódica. imperfeição dos corpos celestes, o que contrariava os
dogmas da igreja.
3. GIORDANO BRUNO Assinale a alternativa que contém, de cima para
baixo, a sequência correta.
268. Entre os principais nomes da filosofia medieval a) V, V, V, F, F.
encontra-se o de Giordano Bruno. Sendo sua teoria b) V, V, F, V, F.
semelhante à de Nicolau de Cusa e a de Copérnico, c) V, F, V, F, V.
qual a razão de ter incomodado tanto a Igreja, d) F, V, F, F, V.
fazendo esta oposição radical ao filósofo, a ponto de e) F, F, V, F, V.
ser julgado pela inquisição e sumariamente
condenado à morte? Falso. A nova atitude de investigação não se rendeu
a) Acreditar em Deus como um Ser não ao poder da Igreja, pois as investigações continuaram
transcendente; apesar da proibição. O próprio Galileu manteve
b) Ter apenas afirmado ser o sol o centro do clandestinamente suas pesquisas. Mesmo ao abjurar
universo; suas teses, não reconheceu os equívocos da sua
c) Duvidar do mistério da Santíssima Trindade como teoria, mas o poder da Igreja. A atitude da Igreja
dogma de fé; diante desse novo modo de investigar a natureza não
d) Inaugurar as possibilidades da construção de um se pautava pelo convencimento racional, mas pela
novo conhecimento científico para o mundo. força garantida pelo poder da autoridade.
Embora as outras alternativas tenham aspectos Verdadeiro. Observação dos fenômenos,
verdadeiros, a alternativa A é a que melhor se experimentação e a noção de regularidade
encaixa, pois Bruno defendia fortemente a imanência matemática são os componentes do método de
de Deus. Galileu e tornaram-se a marca distintiva dos
procedimentos explicativos da natureza na ciência
4. GALILEU GALILEI moderna. O resultado desse novo método de
investigação da natureza consistiu em abalar a
269. Em 2012, o Vaticano permitiu o acesso do cosmovisão medieval, pois instituiu-se pela recusa da
público a vários documentos, entre eles o Sumário
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Falso. Embora a observação dos fenômenos fosse 271. Assentado, portanto, que a Escritura, em muitas
um dos princípios da nova atitude científica, isso não passagens, não apenas admite, mas necessita de
significava restringir a investigação ao que podia ser exposições diferentes do significado aparente das
captado pelos sentidos, pois, além da importância da palavras, parece-me que, nas discussões naturais,
matemática para a investigação, somava-se a isso a deveria ser deixada em último lugar.
necessidade da criação ou do aperfeiçoamento de GALILEI, G. Carta a Dom Benedetto Castelli. In: Ciência e
instrumentos que “corrigiam” a imperfeição – fé: cartas de Galileu sobre o acordo do sistema copernicano
com a Bíblia. São Paulo: Unesp, 2009 (adaptado).
limitação – dos sentidos.
O texto, extraído da carta escrita por Galileu (1564-
1642) cerca de trinta anos antes de sua condenação
Verdadeiro. A condenação de Galileu deveu-se à
pelo Tribunal do Santo Ofício, discute a relação
incompatibilidade entre as suas explicações do
entre ciência e fé, problemática cara no século XVII.
funcionamento do mundo e aquelas dadas pela
A declaração de Galileu defende que
Igreja, que eram pautadas tanto pela Bíblia quanto
A) a bíblia, por registrar literalmente a palavra divina,
pela filosofia de Aristóteles. Tal incompatibilidade
apresenta a verdade dos fatos naturais, tornando-se
tornou-se mais evidente quando Galileu identificou,
guia para a ciência.
por meio do uso da luneta, “imperfeições” na lua.
B) o significado aparente daquilo que é lido acerca da
Tal descoberta não podia ser aceita pela Igreja, pois
natureza na bíblia constitui uma referência primeira.
contrariava igualmente os ensinamentos da Bíblia e
C) as diferentes exposições quanto ao significado das
as teorias da física aristotélica, segundo os quais os
palavras bíblicas devem evitar confrontos com os
corpos celestes eram perfeitos.
dogmas da Igreja.
D) a bíblia deve receber uma interpretação literal
270. A filosofia encontra-se escrita neste grande livro
porque, desse modo, não será desviada a verdade
que continuamente se abre perante nossos olhos
natural.
(isto é, o universo) que não se pode compreender
E) os intérpretes precisam propor, para as
antes de entender a língua e conhecer os caracteres
passagens bíblicas, sentidos que ultrapassem o
com os quais está escrito. Ele está escrito em língua
significado imediato das palavras.
matemática, os caracteres são triângulos,
circunferências e outras figuras geométricas, sem
Ao contrário do que se pensa, Galileu foi um homem
cujos meios é impossível entender humanamente as
religioso, mas ele considerava que a religião não
palavras; sem eles vagamos perdidos dentro de um
deveria servir como parâmetro para estudar a
obscuro labirinto.
GALILEI, G. O ensaiador. Os pensadores. São Paulo: Abril natureza. Quando houvesse uma descoberta
Cultural, 1978. científica, e tal descoberta gerasse divergência de
No contexto da revolução científica do século XVII, ideias com as escrituras presentes na Bíblia, os
assumir a posição de Galileu significava defender a intérpretes deveriam fazer uma interpretação mais
A) continuidade do vínculo entre ciência e fé simbólica da passagem da Escritura. Assim, é correto
dominante na Idade Média. afirmar que, para Galileu, os intérpretes precisariam
B) necessidade de o estudo linguístico ser propor, para as passagens bíblicas, sentidos que
acompanhado do exame matemático. ultrapassem o significado imediato das palavras.
C) oposição da nova física quantitativa aos
pressupostos da filosofia escolástica. 272. TEXTO I
D) importância da independência da investigação O Heliocentrismo não é o “meu sistema”, mas a
científica pretendida pela Igreja. Ordem de Deus.
E) inadequação da matemática para elaborar uma COPÉRNICO, N. As revoluções dos orbes celestes [1543].
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984.
explicação racional da natureza.
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uma inversão significativa na relação entre religião e experimentação. A afirmativa III está correta, uma
ciência, uma vez que, na época de Galileu, a Igreja vez que Galileu acreditava que a natureza era
Católica considerava que a verdade sobre o mundo matematicamente ordenada e que isso permitia a
natural estava contida nas Escrituras Sagradas, e não realização de uma ciência quantitativa da natureza.
na observação e experimentação científicas. Por fim, a afirmativa IV é incorreta, pois Galileu
Portanto, a alternativa correta é a D). valorizava a observação e a experimentação como
parte do método científico.
275. A filosofia está escrita neste imenso livro que
continuamente está aberto diante de nossos olhos 276. O Santo Ofício, também conhecido como
(estou falando do universo), mas que não se pode Inquisição, foi instaurado em 1223. Sua função era
entender se primeiro não se aprende a entender sua reprimir qualquer manifestação do pensamento,
língua e conhecer os caracteres em que está escrito. qualquer doutrina que contrariasse os valores e
Ele está escrito em linguagem matemática e seus dogmas preconizados pela Igreja.
caracteres são círculos, triângulos e outras figuras Sobre a Inquisição, assinale o que for correto.
geométricas, meios sem os quais é impossível 01) A instauração da Inquisição acontece no período
entender humanamente suas palavras: sem tais histórico entre o séc. XII e XIV, período em que são
meios, vagamos inutilmente por um escuro labirinto. fundadas algumas das mais importantes
(GALILEI, G. Il saggiatore. Apud REALE, G. & ANTISERI, universidades europeias.
D. História da filosofia. São Paulo: Paulinas, 1990, v. 2, p. 281.) 02) Roger Bacon, considerado um dos maiores
Tendo em mente o texto acima e os conhecimentos filósofos e cientistas do séc XIII, defensor do
sobre o pensamento de Galileu acerca do método método experimental e pesquisador no campo da
científico, considere as seguintes afirmativas. ótica, foi condenado à morte pela Inquisição.
I. Galileu defende o desenvolvimento de uma ciência 04) Galileu Galilei contestou o aristotelismo,
voltada para os aspectos objetivos e mensuráveis da defendeu a substituição do modelo ptolomaico do
natureza, em oposição à física qualitativa de universo e defendeu o modelo heliocêntrico de
Aristóteles. Copérnico, revolucionando a física e a astronomia.
II. Para Galileu, é possível obter conhecimento Suas teorias científicas foram consideradas heréticas
científico sobre objetos matemáticos, tais como pela Inquisição e, para evitar a pena de morte, foi
círculos e triângulos, mas não sobre objetos do obrigado a negá-las.
mundo sensível. 08) A Inquisição não tinha uma finalidade política,
III. Galileu pensa que uma ciência quantitativa da não pretendia defender a supremacia do poder
natureza é possível graças ao fato de que a própria espiritual da Igreja sobre o poder temporal da
natureza está configurada de modo a exibir ordem e sociedade laica.
simetrias matemáticas. 16) A Igreja Católica, desde a criação da Inquisição,
IV. Galileu considera que a observação não faz parte demorou nove séculos para reconhecer os erros
do método científico proposto por ele, uma vez que cometidos contra a ciência e retratar-se das sentenças
todo o conhecimento científico pode ser obtido por injustas proferidas contra os cientistas que ousaram
meio de demonstrações matemáticas. revolucionar a ciência.
Assinale a alternativa que contém todas as
afirmativas corretas, mencionadas anteriormente. As opções 01, 02, 04 e 16 estão corretas. A
a) I e III. instauração da Inquisição aconteceu entre os séculos
b) II e III. XII e XIV, período em que foram fundadas algumas
c) III e IV. das mais importantes universidades europeias. Isso
d) I, II e IV. mostra que, ao mesmo tempo em que a Igreja
e) II, III e IV. Católica buscava controlar o pensamento e a
produção de conhecimento, também havia um
O texto de Galileu indica que ele acreditava que a movimento de valorização do conhecimento e da
natureza era compreensível por meio de linguagem criação de instituições para o seu desenvolvimento.
matemática e que essa era a chave para desvendar
seus mistérios. Com base nisso, podemos verificar Roger Bacon, um importante filósofo e cientista do
que a afirmativa I está correta, uma vez que ele século XIII, foi de fato condenado pela Inquisição
defendia uma abordagem científica mais objetiva e por suas ideias consideradas heréticas. Ele foi
quantitativa da natureza em oposição à física acusado de negar a transubstanciação, que é a crença
qualitativa de Aristóteles. Já a afirmativa II é católica de que a hóstia e o vinho consagrados na
incorreta, pois Galileu acreditava que era possível missa se transformam literalmente no corpo e no
obter conhecimento científico sobre os objetos do
mundo sensível por meio da observação e
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sangue de Cristo. Sua condenação foi simbólica e ele As opções 01, 02, 08 e 16 estão corretas.
não foi executado.
A opção 01 correta destaca que a ciência moderna
Galileu Galilei é um exemplo emblemático de passou a ser instrumental e voltada para a
cientista que foi perseguido pela Inquisição. Suas intervenção e controle da natureza, ao invés de ser
ideias revolucionárias foram consideradas heréticas e contemplativa. Isso se deve ao fato de que a ciência
ele foi forçado a renegá-las publicamente para evitar passou a ser vista como uma ferramenta para o
a pena de morte. Esse episódio mostra o conflito progresso e o desenvolvimento humano, e não
histórico entre a Igreja Católica e o pensamento apenas como um fim em si mesma.
científico que desafiava a autoridade religiosa.
A opção 02 correta destaca que o mecanicismo foi
A Igreja Católica levou muito tempo para reconhecer uma importante característica da ciência moderna.
os erros cometidos pela Inquisição e se retratar das Nessa perspectiva, a natureza passa a ser vista como
sentenças injustas proferidas contra cientistas que uma máquina e o ser humano como um conjunto de
ousaram desafiar a ortodoxia religiosa. Esse mecanismos, sujeitos às leis da física e da mecânica.
reconhecimento só aconteceu em 1992, quando o
Papa João Paulo II admitiu publicamente os erros A opção 08 correta destaca que Vesalius foi
cometidos pela Igreja Católica contra Galileu Galilei. importante para o conhecimento da anatomia
Esse gesto tardio mostra como a Igreja Católica humana, ao desafiar a proibição religiosa de
demorou a se adaptar às mudanças do mundo dissecação de cadáveres. Suas observações corrigiram
moderno e reconhecer a importância do pensamento muitos erros contidos na medicina de Galeno,
científico. abrindo caminho para novas descobertas na área.
277. Uma das características do Renascimento e da A opção 16 correta destaca que Galileu Galilei foi
Modernidade que lhe é associada é um processo de importante para o método científico, ao incluir o
secularização da ciência que se expressa por uma experimento como parte fundamental desse método.
dissociação entre a teologia e a filosofia da natureza. Ele utilizou a experimentação para refutar as teses
A secularização da ciência realiza-se na separação aristotélicas e consolidou o modelo heliocêntrico de
entre razão e fé, as verdades científicas tornam-se Copérnico, revolucionando a astronomia e a física.
independentes das verdades reveladas.
Assinale o que for correto. 278. Afirma o filósofo Galileu Galilei (1564-1642):
01) O processo de secularização na Modernidade “A Filosofia encontra-se escrita neste grande livro
modifica o caráter da ciência; essa deixa de ser que continuamente se abre perante nossos olhos
essencialmente contemplativa para transformar-se (isto é, o Universo), que não se pode compreender
em uma ciência instrumental, cujo objetivo é antes de entender a língua e conhecer os caracteres
conhecer a natureza para intervir nela, controlá-la e com os quais está escrito. Ele está escrito em língua
apropriar-se da mesma para fins úteis. matemática, os caracteres são triângulos,
02) O mecanicismo constitui-se em um aspecto circunferências e outras figuras geométricas, sem
importante da ciência moderna. A natureza e o cujos meios é impossível entender humanamente as
próprio ser humano são comparados a uma máquina, palavras: sem eles nós vagamos perdidos dentro de
isto é, a um conjunto de mecanismos cujas leis um obscuro labirinto”.
precisam ser descobertas. (GALILEI, Galileu. O ensaiador. São Paulo: Abril Cultural, 1973,
04) Copérnico encontra em Aristóteles os p. 119 - Coleção Os pensadores).
fundamentos teóricos para combater a concepção Segundo esse fragmento, é correto afirmar:
heliocêntrica do universo defendida por Ptolomeu e 01) Conhecer algo natural implica poder traduzir as
pela Igreja. informações em conceitos matemáticos.
08) Vesalius contribui para o conhecimento da 02) A matemática restringe-se ao estudo do
anatomia humana, ao desafiar a proibição religiosa de Universo.
dissecação de cadáveres. Suas observações corrigem 04) A matemática é uma língua não escrita.
muitos erros contidos na medicina de Galeno. 08) A filosofia é o primeiro momento da
16) Com Galileu Galilei, o experimento torna-se investigação, que precede a matemática.
parte do método científico; torna-se um marco do 16) O estudo da filosofia identifica-se com o estudo
novo espírito da ciência. É com seus experimentos da natureza.
que ele refuta as teses aristotélicas de que o peso de
um corpo depende de seu tamanho. As opções 01 e 16 estão corretas. O fragmento de
Galileu destaca a importância da matemática para a
compreensão da natureza, afirmando que os
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caracteres geométricos são fundamentais para que mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a
possamos entender a linguagem da natureza. Isso outra metade.
significa que, para conhecer algo natural, é necessário MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979.
poder traduzir as informações em conceitos Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício
matemáticos, como afirma a opção 01. Além disso, o do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor
texto não identifica a matemática como uma língua demonstra o vínculo entre o seu pensamento político
restrita ao estudo do Universo, o que torna a opção e o humanismo renascentista ao
02 incorreta. A opção 04 também é incorreta, já que a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos
a matemática é uma linguagem escrita, composta por definidores do seu tempo.
símbolos, números e fórmulas. A opção 08 é b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos
igualmente incorreta, já que Galileu destaca a políticos.
importância da matemática como a chave para a c) afirmar a confiança na razão autônoma como
compreensão da linguagem da natureza, e não a fundamento da ação humana.
filosofia como o primeiro momento da investigação. d) romper com a tradição que valorizava o passado
A opção 16 também está correta, pois o fragmento como fonte de aprendizagem.
sugere que a filosofia pode ser identificada com o e) redefinir a ação política com base na unidade entre
estudo da natureza, já que para compreender a fé e razão.
natureza é necessário primeiro entender a linguagem
matemática que ela utiliza. A confiança na razão autônoma como fundamento
da ação humana está atrelada ao pensamento
renascentista, destacando-se, com Maquiavel, o
5. MAQUIAVEL domínio do livre-arbítrio sobre a sorte. Temos,
então, a utilização da razão como principal
279. O príncipe, portanto, não deve se incomodar instrumento na busca por entender o universo e a
com a reputação de cruel, se seu propósito é manter natureza.
o povo unido e leal. De fato, com uns poucos
exemplos duros poderá ser mais clemente do que 281. Nasce daqui uma questão: se vale mais ser
outros que, por muita piedade, permitem os amado que temido ou temido que amado. Responde-
distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo. se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, 2009.
é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe,
amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque
reflexão sobre a Monarquia e a função do
dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que
governante. A manutenção da ordem social, segundo
são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos
esse autor, baseava-se na
de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente
A) inércia do julgamento de crimes polêmicos.
teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os
B) bondade em relação ao comportamento dos
filhos, quando, como acima disse, o perigo está
mercenários.
longe; mas quando ele chega, revoltam-se.
C) compaixão quanto à condenação dos servos MAQUIAVEL, N. O principe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.
D) neutralidade diante da condenação dos servos. A partir da análise histórica do comportamento
E) conveniência entre o poder tirânico e a moral humano em suas relações sociais e políticas,
do príncipe. Maquiavel define o homem como um ser
a) munido de virtude, com disposição nata a praticar
Para Maquiavel, deveria haver uma conveniência o bem a si e aos outros.
entre o poder tirânico e a moral do príncipe. Ele b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para
acreditava que o governante poderia ter atitudes alcançar êxito na política.
tirânicas, a fim de que houvesse estabilidade e paz c) guiado por interesses, de modo que suas
social. Tais atitudes se dariam a qualquer custo. ações são imprevisíveis e inconstantes.
d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-
280. Não ignoro a opinião antiga e muito difundida e social e portando seus direitos naturais.
que o que acontece no mundo é decidido por Deus e e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas
pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos com seus pares.
dias, devido às grandes transformações ocorridas, e
que ocorrem diariamente, as quais escapam à Para Maquiavel, a natureza humana é essencialmente
conjectura humana. Não obstante, para não ignorar má, o homem é guiado por interesses, de modo que
inteiramente o nosso livre arbítrio, creio que se pode suas ações são imprevisíveis e inconstantes. Podemos
aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, perceber isso com a passagem no texto em que
Maquiavel afirma que os homens “duma maneira
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geral, são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e efetivamente pode acontecer. Se isso for decisão do
ávidos de lucro". Isso significa que as atitudes dos soberano, ele pode mentir ou não, o que não
homens estão ligadas a uma vontade, ou seja, as importa, pois se busca garantir o bem da coletividade
ações ocorrem por um desejo deles. (os fins justificam os meios).
282. Mas, sendo minha intenção escrever algo de útil 284. A República de Veneza e o Ducado de Milão ao
para quem por tal se interesse, pareceu-me mais norte, o reino de Nápoles ao sul, os Estados papais e
conveniente ir em busca da verdade extraída dos a república de Florença no centro formavam ao final
fatos e não à imaginação dos mesmos, pois muitos do século XV o que se pode chamar de mosaico da
conceberam repúblicas e principados jamais vistos Itália sujeita a constantes invasões estrangeiras e
ou conhecidos como tendo realmente existido. conflitos internos. Nesse cenário, o florentino
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Disponível em: Maquiavel desenvolveu reflexões sobre como aplacar
www.culturabrasil.pro.br. Acesso em: 4 abr. 2013. o caos e instaurar a ordem necessária para a
A partir do texto, é possível perceber a crítica unificação e a regeneração da Itália.
maquiaveliana à filosofia política de Platão, pois há (Adaptado de: SADEK, M. T. Nicolau Maquiavel: o cidadão
nesta a sem fortuna, o intelectual de virtú. In: WEFORT, F. C. (Org.).
a) elaboração de um ordenamento político com Clássicos da política. v.2. São Paulo: Ática, 2003. p.11-24.)
fundamento na bondade infinita de Deus. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
b) explicitação dos acontecimentos políticos do filosofia política de Maquiavel, assinale a alternativa
período clássico de forma imparcial. correta.
c) utilização da oratória política como meio de a) A anarquia e a desordem no Estado são aplacadas
convencer os oponentes na ágora. com a existência de um Príncipe que age segundo a
d) investigação das constituições políticas de Atenas moralidade convencional e cristã.
pelo método indutivo. b) A estabilidade do Estado resulta de ações
e) idealização de um mundo político perfeito humanas concretas que pretendem evitar a
existente no mundo das ideias. barbárie, mesmo que a realidade seja móvel e a
ordem possa ser desfeita.
Platão idealizou um mundo político perfeito c) A história é compreendida como retilínea,
existente no mundo das ideias. Maquiavel, ao portanto a ordem é resultado necessário do
contrário, criticou os idealismos políticos, que eram desenvolvimento e aprimoramento humano, sendo
presentes na filosofia política de Platão. Enquanto impossível que o caos se repita.
Maquiavel defende um realismo político, Platão d) A ordem na política é inevitável, uma vez que o
pensa na construção de uma cidade ideal, em que há âmbito dos assuntos humanos é resultante da
a divisão do trabalho (cada indivíduo cumpre com materialização de uma vontade superior e divina.
suas funções) e a ideia de justiça é concretizada. e) Há uma ordem natural e eterna em todas as
questões humanas e em todo o fazer político, de
283. Para Maquiavel, quando um homem decide modo que a estabilidade e a certeza são constantes
dizer a verdade pondo em risco a própria integridade nessa dimensão.
física, tal resolução diz respeito apenas a sua pessoa.
Mas se esse mesmo homem é um chefe de Estado, Para Maquiavel, a ordem é construída pelos homens
os critérios pessoais não são mais adequados para para evitar o caos e a barbárie, no entanto, mesmo
decidir sobre ações cujas consequências se tornam que alcançada, a ordem não é definitiva, pois há a
tão amplas, já que o prejuízo não será apenas ameaça constante de ser desfeita.
individual, mas coletivo. Nesse caso, conforme as
circunstâncias e os fins a serem atingidos, pode-se 285. Em seus estudos sobre o Estado, Maquiavel
decidir que o melhor para o bem comum seja mentir. busca decifrar o que diz ser uma verità effettuale, a
ARANHA, M. L. Maquiavel: a lógica da força. São Paulo: “verdade efetiva” das coisas que permeiam os
Moderna, 2006 (adaptado). movimentos da multifacetada história
O texto aponta uma inovação na teoria política na humana/política através dos tempos. Segundo ele, há
época moderna expressa na distinção entre certos traços humanos comuns e imutáveis no
A) idealidade e efetividade da moral. decorrer daquela história. Afirma, por exemplo, que
B) nulidade e preservabilidade da liberdade. os homens são “ingratos, volúveis, simuladores,
C) ilegalidade e legitimidade do governante. covardes ante os perigos, ávidos de lucro”.
D) verificabilidade e possibilidade da verdade. O Príncipe, cap. XVII
E) objetividade e subjetividade do conhecimento. Para Maquiavel:
a) A “verdade efetiva” das coisas encontra-se em
Há uma distinção entre o que é ideal e o que plano especulativo e, portanto, no “dever-ser”.
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b) Fazer política só é possível por meio de um circunstâncias, para isso, ele tem de ser um
moralismo piedoso, que redime o homem em âmbito observador da história.
estatal.
c) Fortuna é poder cego, inabalável, fechado a 287. Deixando de lado as discussões sobre governos
qualquer influência, que distribui bens de forma e governantes ideais, Maquiavel se preocuparia em
indiscriminada. saber como os homens governam de fato, quais os
d) A Virtù possibilita o domínio sobre a Fortuna. limites do uso da violência para conquistar e
Esta é atraída pela coragem do homem que conservar o poder, como instaurar um governo
possui Virtù. estável, etc.
CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia. São Paulo: Ática,
O pensamento de Maquiavel define de acordo com a 2006. p. 200.
sorte as nossas ações de todo tipo, sendo em um Marque a alternativa que descreve corretamente o
momento a própria sorte um árbitro e noutro uma objetivo de Maquiavel.
preocupação com a qual nos conformamos. Agir a) De acordo com Chalita, Maquiavel examina a
bem é agir efetivamente perante as circunstâncias. política de forma a dar continuidade às análises da
Não por outro motivo a história é muito importante tradição filosófica.
para Maquiavel, pois é através dela que encontramos b) Conforme Chalita, o pensador florentino tem
exemplos de homens que agiram efetivamente por objetivo demonstrar como um Príncipe deve
perante as adversidades e obtiveram resultados que conquistar e manter o poder, tratando-o como
contornaram o poder devastador da sorte. Neste uma realidade concreta.
contexto, virtù não pode ser a virtude de um homem c) Como observamos no texto, a obra de Maquiavel
bom como a filosofia antiga especulou, mas sim é inovadora por definir o que é o governo e quem
aquelas qualidades que o homem possui capazes de são os governantes ideais.
fazê-lo superar os eventuais percalços e se impor d) De acordo com o texto, pode-se observar que
perante qualquer sorte. No caso do Príncipe, a virtù Maquiavel não admite o uso da violência para
constitui aquele conjunto de qualidades pessoais conquistar e conservar o poder.
necessárias para a manutenção do estado e a
realização de grandes feitos, mesmo que estas Maquiavel não se importava com a determinação de
qualidades sejam eventualmente cruéis. governos ideais a partir de fundamentos exteriores à
política. A alternativa [B] está em clara consonância
286. A finalidade da política não é, como diziam os com o que é afirmado no enunciado, de que
pensadores gregos, romanos e cristãos, a justiça e o “Maquiavel se preocuparia em saber como os
bem comum, mas, como sempre souberam os homens governam de fato, quais os limites para
políticos, a tomada e manutenção do poder. O conquistar e conservar o poder, como instaurar um
verdadeiro príncipe é aquele que sabe tomar e governo estável, etc”.
conservar o poder [...].
(CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000, p. 288. Antônio Gramsci, filósofo político do século
396.) passado, proferiu o seguinte comentário a respeito de
A respeito das qualidades necessárias ao príncipe Maquiavel:
maquiaveliano, é correto afirmar: “Maquiavel não é um mero cientista; ele é um
a) O príncipe precisa ter fé, ser solidário e caridoso, homem de participação, de paixões poderosas, um
almejando a realização da virtude cristã. político prático, que pretende criar novas relações de
b) O príncipe deve ser flexível às circunstâncias, força e que por isso mesmo não pode deixar de se
mudando com elas para dominar a sorte ou ocupar com o ‘deve ser’, que não deve ser entendido
fortuna. em sentido moralista. Assim, a questão não deve ser
c) O príncipe precisa unificar, em todas as suas colocada nestes termos, é mais complexa: trata-se de
ações, as virtudes clássicas, como a moderação, a considerar se o ‘dever ser’ é um ato arbitrário ou
temperança e a justiça. necessário, é vontade concreta, ou veleidade, desejo,
d) O príncipe deve ser bondoso e gentil, angariando sonho. O político em ação é um criador, um
exclusivamente o amor e, jamais, o temor do seu suscitador; mas não cria do nada, nem se move no
povo. vazio túrbido dos seus desejos e sonhos. Baseia-se na
realidade factual.”
Quando o príncipe não deve deixar de escapar a GRAMSCI, A. Maquiavel. A política e o Estado moderno. 5.
fortuna, significa que não deve deixar a ocasião ed. Trad. de Luiz Mário Gazzaneo. Riode Janeiro: Civilização
Brasileira, 1984. p. 42/43.
porque de nada adiantaria um príncipe virtuoso, se
Considerando o texto de Gramsci, marque a
não soubesse ser precavido ou ousado, aguardando a
alternativa correta.
ocasião propícia da sorte ou do acaso das
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a) O poder da paixão do político prático é visto por d) O príncipe não precisa praticar a piedade, a
Maquiavel como o único caminho para o poder, isto fidelidade, a humanidade, pode até desprezar a
significa que o príncipe deve agir guiado pelas suas devoção religiosa, não precisando nem mesmo
veleidades e desejos que alimentam o seu sonho de aparentá-las em suas ações.
poder.
b) Maquiavel não trata o “deve ser” na Somente a alternativa [A] é correta. O objetivo do
perspectiva ontológica da filosofia clássica. O príncipe é a conquista e conservação do Estado. Para
juízo moral se submete às condições concretas atingi-lo, deve agir conforme a fortuna, utilizando-se
que se apresentam para a conquista e a tanto de ações boas ou de más, dependendo da
conservação do poder do Estado pelo príncipe necessidade. É sabendo agir dessa maneira que o
moderno. príncipe de- monstra a sua virtú.
c) A realidade factual não deve ser vista como o
conjunto das forças históricas. Elas podem ser 290. “Quando um cidadão, não por suas crueldades
desprezadas porque o príncipe é dotado de sabedoria ou outra qualquer intolerável violência, e sim pelo
suficiente para prescindir delas e agir motivado favor dos concidadãos, se torna príncipe de sua
apenas pelos seus desejos. pátria – o que se pode chamar principado civil (e
d) O príncipe é um homem de criação, que dá forma para chegar a isto não é necessário grandes méritos
ao “dever ser” e rompe a distância que separa o nem muita sorte, mas antes uma astúcia feliz) –, digo
sonho da realidade, porque tudo aquilo que ele quer, que se chega a esse principado ou pelo favor do
ele faz independente da realidade factual em que se povo ou pelo favor dos poderosos. É que em todas
insere a ação política. as cidades se encontram estas duas tendências
diversas e isto nasce do fato de que o povo não
Somente a alternativa [B] está correta. O político, deseja ser governado nem oprimido pelos grandes, e
segundo Maquiavel, baseia suas ações na realidade estes desejam governar e oprimir o povo.”
factual. Seu dever deve ser considerado como um MAQUIAVEL. O Príncipe. Coleção “Os Pensadores”
“ato arbitrário ou necessário, como vontade -adaptado.
concreta, ou veleidade, desejo, sonho”. Isso está Considerando a questão da política em Maquiavel,
muito distante da perspectiva clássica, uma vez que analise as seguintes afirmações:
visa à conservação do poder do Estado. I. Maquiavel rompe com a tradição política ao não
admitir qualquer fundamento anterior e exterior à
289. “Eu sei que cada qual reconhecerá que seria política.
muito de louvar que um príncipe possuísse, entre II. Maquiavel considera a cidade uma comunidade
todas as qualidades referidas, as que são tidas como homogênea nascida da ordem natural ou da razão
boas; mas a condição humana é tal, que não consente humana.
a posse completa de todas elas, nem ao menos a sua III. Maquiavel considera que a política nasce das
prática consistente; é necessário que o príncipe seja lutas sociais e é obra da própria sociedade para dar a
tão prudente que saiba evitar os defeitos que lhe si mesma unidade e identidade.
arrebatariam o governo e praticar qualidades próprias É correto o que se afirma em
para lhe assegurar a posse deste, se lhe é possível; a) I e II apenas.
mas, não podendo, com menor preocupação, pode- b) I e III apenas.
se deixar que as coisas sigam seu curso natural.” c) II e III apenas.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Trad. de Lívio Xavier. São d) I, II e III.
Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 64.
Assinale a alternativa correta. Nicolau Maquiavel, ao estudar a política, afirmou que
a) O príncipe é um homem de virtú, que deve ela se justifica por si mesma e não deve buscar
voltar o seu ânimo para a direção que a fortuna o externamente uma moral que a justifique, sendo seu
impelir, pois a conquista e a conservação do objetivo levar os homens a viver de forma
Estado podem implicar ações más. organizada e em liberdade, na medida do possível. O
b) O príncipe é um estadista sem princípios, cujas "príncipe" de Maquiavel deveria possuir "virtù",
ações são destituídas de qualquer valor de conduta, entendida como a qualidade do governante, onde ele
dando vazão às suas paixões sem levar em conta o tem como objetivo a harmonia e a paz em seu
bem-estar do povo. reinado. Outro conceito elaborado por Maquiavel foi
c) O príncipe pode fazer aquilo que bem entender, o de "fortuna", que está ligado com a ideia de acaso e
pois a maior virtude do governante é a capacidade de sorte, em que a situação às vezes está favorável ao
provocar o ódio dos súditos, que são violentamente governante e em outras vezes, não.
reprimidos pela força das armas.
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291. O florentino Nicolau Maquiavel é considerado mal não têm sentido na vida sociopolítica se forem
pela maioria dos historiadores da política como o abstratamente dissociados”.
primeiro grande pensador moderno a romper com Moreira, Manuel Marques. O Pensamento Político de
a visão aristotélica sobre o sentido da vida política. Maquiavel in O Príncipe. Martin Claret. 2002. P.48.
Se para o filósofo grego o exercício da vida na polis Considerando a passagem acima e o pensamento de
representava a consumação da natureza racional do Nicolau Maquiavel, analise as seguintes afirmações:
homem e a manifestação maior da sua excelência e I. Maquiavel foi inovador no pensamento político
do bem, Maquiavel, nas palavras de Pierre Manent: por analisar o contexto real dos acontecimentos de
“foi o primeiro dos mestres da suspeita... o uma Itália mergulhada na instabilidade política. Ele
primeiro a trazer a suspeita para o ponto estratégico foi o primeiro a pensar a política como ela era, na
da vida dos homens: seu convívio, sua vida política. prática, e não como idealmente deveria ser.
Se empenhou, Maquiavel, em nos convencer do II. O pensamento político de Maquiavel é uma
caráter central ou substancial do mal na coisa ampliação da visão política medieval com a
pública”. indissociável relação entre poder espiritual da igreja e
MANENT, Pierre. História intelectual do liberalismo: dez poder temporal do estado. O príncipe de Maquiavel
lições. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1990. P. 28-29/ adaptado. deveria se aconselhar das orientações espirituais do
A partir da leitura do trecho acima e levando em papado.
consideração o surgimento do pensamento III. A filosofia política de Maquiavel reestruturou a
político moderno, em Maquiavel, analise as relação entre ética e política. Em seu pensamento, a
seguintes proposições: política passou a ser vista de forma autônoma em
I. O pensamento político de Maquiavel foi inovador relação aos imperativos de ordem moral e em relação
em relação ao pensamento clássico, por considerar às concepções de bem e mal de origem cristã.
que não há um “bem” absoluto em contraposição a É correto o que se afirma em
um “mal” a ser combatido. Em certas situações, o a) I, II e III.
“bem” advém e é mantido pelo “mal”. b) I e II apenas.
II. Maquiavel e praticamente todos os filósofos da c) II e III apenas.
modernidade negavam a existência do bem comum. d) I e III apenas.
Uma característica marcante na concepção de política
moderna era a de que a conquista e o exercício do Maquiavel não analisava a política com uma
poder político era o principal elemento a considerar. concepção idealista. O autor passou por uma
III. Muito influenciado pelas disputas políticas de seu transição de épocas conflituosa, marcada por uma
tempo, Maquiavel baseou-se na experiência concreta crise moral. Ele desvinculou a política dos princípios
da coisa pública. Ao contrário dos antigos que viam a éticos, morais e religiosos que eram vistos como
política como a realização do fim último da parte fundamental das ações de um soberano.
cidadania, ele procurou descrever o processo político Maquiavel analisou o modo como os políticos
de seu tempo. governam, suas ações, procurando saber como eram
É correto o que se afirma em as coisas de fato e não de um jeito idealizado.
a) I e III apenas.
b) I e II apenas. 293. A seguinte passagem reflete a novidade do
c) II e III apenas. pensamento político de Maquiavel:
d) I, II e III. “Falar no ‘realismo' de Maquiavel equivale, portanto,
a ter aceitado o ponto de vista de Maquiavel: o ‘mal’
Maquiavel vivia em um contexto de guerras e é politicamente mais significativo, mais ‘real’ do que
disputas e tentava mostrar que a política tinha o o ‘bem’. Para contrastá-lo com Aristóteles, diríamos
objetivo de manter a estabilidade social e do governo que descreveu a vida política dentro da perspectiva
a todo custo. Ele defendia que um governante de seus primórdios ou suas origens – amiúde
deveria saber “não ser bom”, e deveria mentir ou violentas e injustas – e não mais dentro da
parecer piedoso de acordo com a situação, pois isso perspectiva de seu fim”.
garantiria a segurança e o bem-estar de seu povo. MANENT, Pierre. História intelectual do liberalismo: dez
lições. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1990.P. 27-29. Adaptado.
292. Observe a seguinte passagem que reflete o A partir da leitura do excerto acima e considerando o
pensamento político de Maquiavel: pensamento político de Maquiavel, assinale a
“Para Maquiavel não havia um bem, por maior que afirmação verdadeira.
fosse, que pudesse ser avaliado como um bem sem a) Maquiavel consolidou a visão política dos antigos
restrições. Para ele não há um bem absoluto, também filósofos de uma natureza fundamentalmente boa da
o mal não é sempre um mal incontrastado. ação política, modernizando-a para adaptá-la ao
Maquiavel foi o primeiro a declarar que o bem e o contexto das disputas renascentistas.
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b) Maquiavel inovou ao propor a ação política a Maquiavel defende que o príncipe deve ser temido,
partir de uma moral não cristã. Esta política não necessariamente amado, pelos governados.
realizaria o bem da cidade e este bem não
estaria ligado aos valores espirituais, mas ao 295. Com base nos conhecimentos sobre Maquiavel,
jogo de poderes existentes. assinale a alternativa que apresenta, corretamente, os
c) Seguindo seus contemporâneos, o pensador principais fundamentos do Estado.
florentino expressou uma visão idealista da política a a) Boas leis e boas armas, desde que sejam
ser executada por um líder forte e cruel: o príncipe. próprias.
d) Seguindo a perspectiva político-teológica medieval b) Armas mercenárias e bons soldos aos
Maquiavel propôs uma visão de política que combatentes.
conciliava o poder papal da igreja e o poder em c) Exércitos auxiliares e súditos desarmados nos
ascensão dos nobres e príncipes a quem servia. Estados novos.
d) Culto dos refinamentos e governante com as
O pensamento desenvolvido por Maquiavel rompe qualidades consideradas boas.
com a tradição teológica da Idade Média e com a e) Príncipe clemente e apoio exclusivo na fortuna.
ideia de que os "príncipes" deveriam pensar em
estados imaginários perfeitos, algo ideal. A ética Maquiavel considera que o Estado deve ter uma base
cristã tinha uma perspectiva de subordinação à uma sólida e firme para garantir a estabilidade e a
lei superior, de salvação da alma, e as atitudes dos segurança. Essa base é composta por leis bem
governantes e os Estados estavam submetidas à essa elaboradas e executadas, que garantam a ordem e a
perspectiva. Já na visão de Maquiavel, as ações dos justiça, e por um exército forte e bem treinado, que
governantes são voltadas para a manutenção da garanta a defesa do Estado contra inimigos internos
pátria e o bem geral da comunidade. Para ele, era e externos. É importante ressaltar que Maquiavel
inútil pensar em estados utópicos, sendo preferível defende a importância das armas próprias, ou seja,
pensar no real. que sejam compostas por soldados e oficiais
nacionais, em detrimento do uso de tropas
294. Assinale a alternativa INCORRETA. mercenárias.
A) Maquiavel não admite um fundamento anterior e
exterior à política (Deus, Natureza ou razão). Toda 296. (UEM 2008) Maquiavel inaugura o pensamento
Cidade, diz ele em O Príncipe, está originalmente político moderno. Seculariza a política, rejeitando o
dividida em dois desejos opostos: o desejo dos legado ético-cristão. Maquiavel tem uma visão do
grandes de oprimir e comandar e o desejo do povo homem e da política como elas são e não como
de não ser oprimido nem comandado. deveriam ser. A política deve ater-se ao real, deve
B) A finalidade da política não é, como diziam os preocupar-se com a eficiência da ação e não teorizar,
pensadores gregos, romanos e cristãos, a justiça e o como fazia Platão, sobre a forma ideal de governo.
bem comum, mas, como sempre souberam os Assinale o que for correto.
políticos, a tomada e a manutenção do poder. 01) Para Maquiavel, o príncipe virtuoso é aquele que
C) Maquiavel não aceita a divisão clássica dos três governa com justiça, estabelecendo, entre seus
regimes políticos (monarquia, aristocracia, súditos, a igualdade social e uma participação
democracia) e suas formas corruptas ou ilegítimas político-democrática.
(tirania, oligarquia, demagogia/ anarquia), como não 02) Maquiavel redefine as relações entre ética e
aceita que o regime legítimo seja o hereditário e o política, não julga mais as ações políticas em função
ilegítimo, o usurpado por conquista. de uma hierarquia de valores dada de antemão, mas
D) Para Maquiavel, o poder do príncipe deve ser em função da necessidade dos resultados que as
superior ao dos grandes e estar a serviço do povo. ações políticas devem alcançar.
E) Maquiavel admite a figura do bom governo 04) Maquiavel faz a apologia da tirania, pois
encarnada no príncipe virtuoso, portador das considera ser a forma mais eficiente de o príncipe
virtudes morais e cristãs. O príncipe precisa ter manter-se no poder e garantir a segurança da ordem
virtu, isto é, precisa ser amado e respeitado pelos social e política para seus súditos.
governados. 08) Na concepção política de Maquiavel, não há uma
exclusão entre ética e política, todavia a primeira
Para ele, o príncipe deve agir de forma astuta e deve ser entendida a partir da segunda. Para ele, as
pragmática, buscando a manutenção do poder e da exigências da ação política implicam uma ética cujo
estabilidade do Estado, mesmo que isso signifique caráter é diferente da ética praticada pelos indivíduos
adotar medidas consideradas imorais ou cruéis. na vida privada.
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16) Para Maquiavel, a sociedade é dividida entre os 02) Maquiavel afirma que as repúblicas e os
grandes, isto é, os que possuem o poder político e principados nunca foram conhecidos de verdade.
econômico, e o povo oprimido. A sociedade é 04) Maquiavel se considera presunçoso por conhecer
cindida por lutas sociais, não pode, portanto, ser demais o tema.
vista como uma comunidade homogênea voltada 08) Maquiavel propõe um discurso político que trate
para o bem comum. de coisas reais e possíveis no mundo da política.
16) Maquiavel propõe um discurso político que se
As opções 02, 08 e 16 estão corretas. A opção 02 volte para o comportamento do governante, para sua
está correta porque Maquiavel redefiniu as relações atuação e para o modo como ele deve se comportar
entre ética e política, não mais julgando as ações no governo.
políticas em função de uma hierarquia de valores
dada de antemão, mas em função da necessidade dos As opções 08 e 16 estão corretas. A opção 08 é
resultados que as ações políticas devem alcançar. Isso correta, pois Maquiavel afirma que seu objetivo ao
significa que, para Maquiavel, a política não pode escrever "O Príncipe" é oferecer uma visão realista
estar subordinada a uma ética universal e abstrata, da política e das ações do governante, em contraste
mas deve levar em conta as circunstâncias e os com teorias imaginárias de governo que nunca foram
objetivos práticos. colocadas em prática. Ele enfatiza a importância de
se ater ao que é possível e factível na política, em vez
A opção 08 está correta porque, para Maquiavel, não de se basear em teorias utópicas.
há uma exclusão entre ética e política, mas a primeira
deve ser entendida a partir da segunda. Ele entende Já a opção 16 também está correta, pois Maquiavel
que as exigências da ação política implicam uma ética dedica grande parte do seu livro a discutir o
cujo caráter é diferente da ética praticada pelos comportamento e a atuação do governante, bem
indivíduos na vida privada. Isso significa que, para como o modo como ele deve lidar com seus súditos.
Maquiavel, a ética na política é uma ética da eficácia, Para ele, o príncipe deve ser astuto, eficiente e estar
que se preocupa com os resultados práticos e não disposto a agir de maneira cruel, se necessário, para
com princípios abstratos. manter-se no poder e proteger seu estado. Nesse
sentido, seu discurso político é voltado para a prática,
A opção 16 está correta porque Maquiavel entende e não para teorias abstratas.
que a sociedade é dividida entre os grandes, que
possuem o poder político e econômico, e o povo 298. O filósofo italiano Nicolau Maquiavel (1469-
oprimido. Ele acredita que a sociedade é cindida por 1527) afirma: “Porque em toda cidade se encontram
lutas sociais, não pode ser vista como uma estes dois humores diversos: e nasce, disto, que o
comunidade homogênea voltada para o bem comum. povo deseja não ser nem comandado nem oprimido
Essa visão de Maquiavel sobre a sociedade é pelos grandes e os grandes desejam comandar e
contrária à concepção aristotélica de uma oprimir o povo; e desses dois apetites diversos nasce
comunidade política natural, em que as diferenças de na cidade de um desses três efeitos: ou o principado,
classe são superadas pela busca do bem comum. ou a liberdade, ou a licença”
MAQUIAVEL, O Príncipe. São Paulo: Hedra, 2009, p.109.
297. “Resta agora ver quais devem ser os modos e os A partir do trecho citado, assinale a(s) alternativa(s)
atos de governo de um príncipe para com os súditos correta(s).
ou para com os amigos. E porque sei que muitos 01) O povo, ao não querer ser comandado, deseja
escreveram sobre isso, temo, escrevendo eu também, comandar.
ser considerado presunçoso, sobretudo porque, ao 02) É da natureza dos grandes, no caso os ricos, o
debater esta matéria, afasto-me do modo de desejo de dominar o povo, no caso os pobres.
raciocinar dos outros. Mas, sendo a minha intenção 04) Povo e grandes formam dois grupos políticos
escrever coisa útil a quem a escute, pareceu-me mais distintos e antagônicos em toda cidade.
convincente ir direto à verdade efetiva da coisa do 08) Os grandes se unem politicamente para se
que à imaginação dessa. E muitos imaginaram defenderem do desejo de dominação do povo.
repúblicas e principados que nunca foram vistos, 16) O fenômeno descrito era restrito às cidades
nem conhecidos de verdade.” italianas do período histórico do filósofo.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. SP: Hedra, 2009, p. 159.
A partir do texto citado assinale o que for correto. As opções 02 e 04 estão corretas. A opção 02 está
01) Maquiavel defende uma teoria imaginária de correta ao afirmar que Maquiavel vê a natureza dos
governo, e não uma proposta real e factível. grandes como sendo o desejo de dominar o povo.
Essa visão é um reflexo da realidade política da
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época em que Maquiavel viveu, na qual os grandes ações humanas e que nem sempre a prudência dos
eram geralmente os ricos e poderosos, enquanto o homens pode corrigir ou remediar seus efeitos. No
povo eram os mais pobres e menos influentes. entanto, Maquiavel não afirma que somente a ação
da fortuna pode reduzir seus prejuízos, o que torna a
A opção 04 também está correta ao afirmar que assertiva I incorreta.
Maquiavel vê povo e grandes como dois grupos
políticos distintos e antagônicos. Para Maquiavel, II. A reflexão de Maquiavel sobre a fortuna
essa tensão é inevitável em qualquer cidade, e pode pressupõe a presença do conceito de virtú, que é a
levar a um dos três resultados mencionados: capacidade do governante de agir de forma decisiva e
principado, liberdade ou licença. Essa visão reflete a corajosa em momentos críticos, fazendo bom uso
ideia de que a política é uma arena de conflito e que das oportunidades oferecidas pela fortuna. Portanto,
diferentes grupos sociais têm interesses e objetivos a assertiva II está correta.
diferentes.
III. Maquiavel acredita que a virtú humana pode agir
299. Em sua obra O Príncipe, Nicolau Maquiavel e dominar o curso natural das coisas, imprimindo
(1496-1527) assim se expressa em relação à fortuna: mudanças necessárias para a realização de grandes
“Não me é desconhecido que muitos têm tido e têm feitos e a conservação do poder. Isso está
a opinião de que as coisas do mundo são governadas relacionado ao conceito de virtú mencionado na
pela fortuna e por Deus, de sorte que a prudência dos assertiva II, tornando a assertiva III também correta.
homens não poderia corrigi-las, e mesmo não lhes
traz remédio algum. (...) Às vezes, pensando nisso, IV. Maquiavel não afirma que a fortuna não depende
me tenho inclinado a aceitá-la. Não obstante, e para em nada da ação humana para seguir seu curso
que o nosso livre-arbítrio não desapareça, penso ser natural. Pelo contrário, ele acredita que a virtú do
verdade que a fortuna seja árbitra de nossas ações, governante pode influenciar o rumo dos
mas que, ainda assim, ela nos deixa governar a outra acontecimentos. Portanto, a assertiva IV está
metade”. incorreta.
(MAQUIAVEL. O Príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1973 -
p.109). 300. Assinale a alternativa INCORRETA.
Com base na leitura deste trecho e considerando A) Pode-se dizer que a política de Maquiavel é
outras informações presentes na obra de Maquiavel, realista, pois procura a verdade efetiva, ou seja,
analise as assertivas e assinale a alternativa que “como o homem age de fato”. A esse realismo alia-se
aponta as corretas. a tendência utilitarista, pela qual Maquiavel pretende
I. De acordo com Maquiavel, somente a ação da desenvolver uma teoria voltada para a ação eficaz e
fortuna pode reduzir os prejuízos causados pela imediata.
própria fortuna. B) Em relação ao pensamento medieval, Maquiavel
II. A reflexão apresentada acima pressupõe a procede à secularização da política, rejeitando o
presença do conceito de virtú, qualidade legado ético-cristão.
indispensável para o bom êxito do governo do C) Maquiavel se distancia da política normativa dos
príncipe em uma república, pois a fortuna pode, sim, gregos e medievais, pois não mais busca as normas
oferecer ocasiões para as ações do governante, o qual que definem o bom regime, nem explicita quais
terá que agir fazendo bom uso da virtú que lhe é devem ser as virtudes do bom governante.
própria. D) Maquiavel está à procura do príncipe ideal,
III. A virtú humana é capaz de agir e dominar, no indicando as normas para conquistar e não
momento certo, o curso natural das coisas, perder o poder. Nesta perspectiva, não há
imprimindo as mudanças necessárias em relação à diferenças entre o “dever ser” da política
realização de grandes feitos e à conservação do clássica e aquele a que se refere Maquiavel na
poder. obra O príncipe.
IV. A fortuna não depende em nada da ação humana E) Embora Maquiavel não tivesse usado o conceito
para seguir seu curso natural. de razão de Estado, é considerado o pensador que
a) Apenas I e IV estão corretas. começa a esboçar a doutrina que vigorará no século
b) Apenas II, III e IV estão corretas. seguinte, quando o governo absoluto, em
c) Apenas I e II estão corretas. circunstâncias críticas e extremamente graves, a ela
d) Apenas I, II e III estão corretas. recorre permitindo-se violar normas jurídicas,
e) Apenas I e III estão corretas. morais, políticas e econômicas.
I. De acordo com o trecho citado da obra de
Maquiavel, ele afirma que a fortuna é árbitra das
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Maquiavel não está à procura do príncipe ideal, mas b) Independente da conveniência e oportunidade,
sim oferecendo conselhos práticos para o governante pois estas dizem respeito à esfera privada da vida em
que deseja manter o poder. Ele não estabelece sociedade.
normas para o bom governo, mas sim analisa a c) Dependente da religião, devendo ser conduzido
política a partir de uma perspectiva realista, levando por parâmetros ditados pela igreja.
em consideração as dinâmicas de poder, as relações d) Independente da moral e da religião, devendo
entre os governantes e governados, e as necessidades ser conduzido por critérios restritos ao âmbito
do Estado em situações de crise. político.
e) Independente das pretensões dos governantes de
301. É comum considerarmos a obra de Maquiavel realizar os interesses do Estado.
como uma ruptura em relação à tradição do
pensamento político greco-romano e cristão. É De acordo com o texto, para Maquiavel, o poder
correto afirmar como características dessa ruptura: político não deve ser julgado por critérios diferentes
A) o recurso à experimentação científica e o dos de conveniência e oportunidade, o que indica
abandono da ética. que ele é independente da moral e da religião e deve
B) a secularização da política e o distanciamento ser conduzido por critérios restritos ao âmbito
de ideais normativos ético-religiosos. político. Portanto, a alternativa correta é a letra D.
C) o distanciamento de ideais normativos
éticoreligiosos e o recurso à experimentação 303. Um príncipe não deve, pois, temer a má fama
científica. de cruel, desde que por ela mantenha seus súditos
D) o abandono da ética e a secularização da política. unidos e leais, pois que, com poucos exemplos, ele
E) o recurso à experimentação científica e a será mais piedoso que aqueles que, por excessiva
secularização da política. piedade, deixam acontecer as desordens das quais
resultam assassínios ou rapinagens: porque estes
Maquiavel rompe com a tradição do pensamento costumam prejudicar a comunidade inteira, enquanto
político greco-romano e cristão ao defender a aquelas execuções que emanam do príncipe atingem
autonomia da política em relação à moral e à religião, apenas um indivíduo.
ou seja, ao secularizar a política. Ele também MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand
distancia-se dos ideais normativos ético-religiosos, ao Brasil, 1988.
rejeitar o modelo do governante virtuoso e idealizado O filósofo florentino Nicolau Maquiavel é
dos antigos e medievais, e ao analisar a política de tradicionalmente interpretado como um autor que
forma realista, como ela é praticada de fato. separa completamente a ética da política, sobretudo
Maquiavel não abandona totalmente a ética, mas por sua afirmação de que a virtude de um governante
propõe uma nova ética política, que não se baseia em consiste na adequada utilização de todos os recursos
valores absolutos e transcendentais, mas sim em disponíveis para a sua permanência no poder.
valores relativos e situacionais, que variam de acordo Entretanto, estudos mais cuidadosos de seus textos
com as circunstâncias e as necessidades do indicam que esse autor, na realidade, estabelece uma
momento. Maquiavel não recorre à experimentação distinção entre ética pública e ética privada. A partir
científica, mas sim à observação empírica e à reflexão da leitura do trecho anterior, extraído de O príncipe,
crítica sobre a realidade política de seu tempo. podemos concluir que:
a) Maquiavel procura justificar o exercício
302. “O maquiavelismo é uma interpretação de O ocasional da crueldade pelo governante a partir
Príncipe de Maquiavel, em particular a interpretação de uma ética própria da política, argumentando
segundo a qual a ação política, ou seja, a ação voltada que a unidade da sociedade sob o poder do
para a conquista e conservação do Estado, é uma Estado evita um conjunto significativo de
ação que não possui um fim próprio de utilidade e prejuízos coletivos.
não deve ser julgada por meio de critérios diferentes b) Maquiavel promove um radical deslocamento dos
dos de conveniência e oportunidade.” valores morais sancionados pela cultura religiosa
(BOBBIO, Norberto. Direito Estado e Estado no pensamento cristã, transferindo-os do âmbito das relações
de Emanuel Kant. Trad. De Alfredo Fait. 3. Ed. Brasília: privadas para a esfera pública, na qual princípios
Editora da UNB, 1984, p. 14.) como lealdade, caridade e benevolência são
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o realmente indispensáveis.
tema, para Maquiavel o poder político é: c) a conceituação maquiavélica de ética pública é a
a) Dependente da ética, devendo ser orientado por reprodução moderna das teses filosóficas gregas,
princípios morais validos universal e como as de Platão e as de Aristóteles, para as quais a
necessariamente. política ideal deve excluir os conflitos entre os
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306. (...) O trono real não é o trono de um homem, econômica dos reis absolutos com as burguesias
mas o trono do próprio Deus. Os reis são deuses e nacionais.
participam de alguma maneira da independência D) submissão política dos governos reais absolutistas
divina. O rei vê de mais longe e de mais alto; deve-se à hierarquia eclesiástica, conforme definido pela
acreditar que ele vê melhor, e deve obedecer-se-lhe doutrina do Direito Divino dos Reis.
sem murmurar, pois o murmúrio é uma disposição E) definição da autoridade dos monarcas absolutos e
para a sedição. seus limites de poder, através da atuação dos
(Jacques Bossuet (1627-1704), Política tirada da Sagrada Escritura) parlamentos nacionais constitucionalistas,
Com base no texto, assinale a alternativa correta. controlados por segmentos burgueses.
a) O autor critica o absolutismo do rei e afirma que
seu poder e autoridade tem limites em relação aos O texto apresenta uma descrição das características
homens. do absolutismo monárquico, regime político
b) Para Bossuet, o poder real é um poder divino predominante na Europa entre os séculos XVI e
e não admite nenhum tipo de oposição dos XVIII. O absolutismo se caracterizava pela
homens. Rebelar-se contra o Rei é rebelar-se centralização do poder político na figura do rei, que
contra Deus. acumulava diversas atribuições de Estado e de
c) Os princípios de Bossuet defendem que os governo, como a prerrogativa de legislar e a
homens tem mais poderes divinos do que o próprio administração da justiça real.
Rei.
d) O autor reconhece o direito humano de revolta Além disso, o absolutismo também se caracterizava
contra o Rei que não se mostre digno de sua função. pela substituição de um tipo de administração
baseada na distribuição de privilégios e concessões
Durante o período da formação dos Estados régias por uma organização burocrática profissional
Nacionais, a teoria política predominante sacralizou a que atuava em atividades desvinculadas do Estado.
figura do monarca, atribuindo-lhe o direito divino de Ou seja, o Estado passou a ser gerido por uma
governar. Essa ideia era reforçada pela Igreja, que burocracia profissional, com regras e procedimentos
acreditava que os reis eram escolhidos por Deus para claros e estabelecidos, o que possibilitou uma maior
exercer o poder. Esse modelo político contribuiu eficiência administrativa.
para o fortalecimento do poder real e para a
consolidação dos Estados Nacionais europeus. Não houve a implementação de práticas econômicas
liberais como forma de consolidar a aliança política e
307. “...o príncipe, que trabalha para o seu Estado, econômica dos reis absolutos com as burguesias
trabalha para os seus filhos, e o amor que tem pelo nacionais. Pelo contrário, o absolutismo era marcado
seu reino, confundindo com o que tem pela sua por uma forte intervenção do Estado na economia,
família, torna-se-lhe natural... O rei vê de mais longe visando o fortalecimento do poder real.
e de mais alto; deve acreditar-se que ele vê melhor...”
(BOSSUET, Jacques de. Política tirada da sagrada escritura. Também não houve submissão política dos governos
Livro II, 10ª proposição e Livro VI, artigo 1º)
reais absolutistas à hierarquia eclesiástica, conforme
O trecho anterior se refere ao absolutismo
definido pela doutrina do Direito Divino dos Reis.
monárquico, que se constituiu no próprio modelo
Embora muitos monarcas absolutistas se
dos regimes políticos dos Estados europeus do
considerassem escolhidos por Deus para governar,
antigo regime. Apresentou variáveis locais conforme
isso não significava uma submissão aos dogmas
se expandia na Europa, entre os séculos XVI e
religiosos ou à hierarquia da Igreja.
XVIII. Entretanto, podemos identificar no
absolutismo monárquico características comuns que
Por fim, embora os parlamentos nacionais
o distinguiam, dentre as quais destacamos
constitucionalistas tenham surgido em alguns países
corretamente a (s)
europeus durante o período do absolutismo, eles não
A) unificações de diversas atribuições de Estado
tinham o poder de definir os limites de autoridade
e de governo na figura dos monarcas, tais como
dos monarcas absolutos. Na verdade, esses
a prerrogativa de legislar e a administração da
parlamentos tinham um papel mais limitado,
justiça real.
servindo principalmente como uma forma de
B) substituição de um tipo de administração baseada
controle dos gastos reais e de mediação dos
na distribuição de privilégios e concessões régias por
interesses das elites locais com o governo central.
uma organização burocrática profissional que atuava
em atividades desvinculadas do Estado.
308. Thomas Morus, em sua obra Utopia, criou uma
C) implementação de práticas econômicas liberais
analogia para a sociedade de sua época. Nessa
como forma de consolidar a aliança política e
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O texto apresenta uma concepção da filosofia 314. A maior parte daqueles que escreveram alguma
política conhecida como estado de natureza, coisa a propósito das repúblicas ou supõe, ou nos
elaborada por Thomas Hobbes. Ele era um filósofo pede, ou requer que acreditemos que o homem é
contratualista, pois considerava que toda uma criatura que nasce apta para a sociedade.
comunidade política é fundada em um pacto social. HOBBES, T. Do cidadão. Tradução de Renato Janine
Caso não houvesse esse pacto, os indivíduos Ribeiro. São Paulo: Martins Fontes, 2002 . p. 25.
estariam imersos num estado de natureza, que Hobbes refutava a pretensa sociabilidade natural do
causaria uma guerra de todos contra todos. homem. Assinale a alternativa que, segundo Hobbes,
justifica a associação dos homens em uma
313. As leis da natureza (como a justiça, a equidade, a comunidade política.
modéstia e a piedade) por si mesmas, na ausência do A) O sentimento de igualdade garante o convívio
temor de algum poder capaz de levá-las a ser humano, portanto, essa certeza atesta a inexistência
respeitadas, são contrárias às nossas paixões naturais, do medo no estado de natureza e revela que a
as quais nos fazem tender para a parcialidade, o camaradagem é o alicerce da sociedade civil.
orgulho e a vingança. Os pactos sem a espada não B) O pacto social confirma a ideia inatista da
passam de palavras, sem força para dar qualquer sociabilidade humana, os afetos que estão em cada
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318. Com base na teoria de Hobbes e no texto a 320. “É um dito corrente que todas as leis silenciam
seguir, marque a alternativa correta. em tempos de guerra, e é verdade, não apenas se
O que Hobbes quer dizer falando de “guerra de falarmos de leis civis, mas também naturais [...] E
todos contra todos”, é que, sempre onde existirem as entendemos que tal guerra é de todos os homens
condições que caracterizam o estado de natureza, contra todos os homens.”
este é um estado de guerra de todos os que nele se HOBBES, Thomas. Do Cidadão. Trad. Raul
encontram. Fiker.São Paulo: Edipro, 2016, p. 83s.
BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes. Rio de Janeiro: Campus, O Texto de Hobbes se refere a um estado de guerra
1991. p. 36. de todos contra todos, que enseja, pelo medo da
a) O estado de natureza e o estado de guerra estão morte, um estado civil. O nome dado por Hobbes a
relacionados apenas a alguns homens. esse estado anterior ao pacto social é
b) Hobbes caracteriza a “guerra de todos contra A) Leviatã.
todos” como algo que pode sempre existir. B) Sociedade Civil.
c) A “guerra de todos contra todos” independe de C) Estado de Natureza.
condições para existir. D) Lei Natural.
d) O estado de natureza caracteriza-se pela ausência
de guerra. No "estado de natureza" de Hobbes, os homens
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podem todas as coisas e, para atingir essas coisas, HOBBES, T. M. Leviatã. São Paulo: Nova Cultural,
utilizam quaisquer meios. Para ele, os homens são 1999 (adaptado).
maus por natureza, pois têm um poder de violência Para o autor, o surgimento do estado civil estabelece
ilimitado. É com Hobbes que surge a expressão que as condições para o ser humano
diz que "o homem é o lobo do próprio homem". A) internalizar os princípios morais, objetivando a
satisfação da vontade individual.
321. Um dos argumentos em favor do direito amplo B) aderir à organização política, almejando o
ao armamento individual é o que afirma que cabe ao estabelecimento do despotismo.
próprio indivíduo, e não ao Estado, a proteção de C) aprofundar sua religiosidade, contribuindo para o
sua vida e de sua propriedade. Esse argumento pode fortalecimento da Igreja.
ser entendido, nos termos da filosofia de Thomas D) assegurar o exercício do poder, com o resgate da
Hobbes, como um “direito de natureza”, que o sua autonomia.
pensador inglês define no seguinte modo: “O direito E) obter a situação de paz, com a garantia legal
de natureza é a liberdade que cada homem possui de do seu bem-estar.
usar seu próprio poder, da maneira que quiser, para
a preservação de sua própria natureza, ou seja, de Para Hobbes, o Estado seria a instituição que
sua vida; e consequentemente de fazer tudo aquilo regulamentaria as relações humanas, uma vez que a
que seu próprio julgamento e razão lhe indiquem condição natural dos homens é de buscar realizar
como meios adequados a esse fim”. seus desejos de qualquer maneira (podendo ser
HOBBES, Thomas. Leviatã, Parte I, cap. XIV. Trad. br. utilizada a violência, movida por paixões).
Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da A paz somente seria possível se todos renunciassem
Silva. São Paulo: Abril Cultural, 1983 – adaptado. a liberdade que têm sobre si mesmos.
Com base na definição acima, considere as
seguintes afirmações: 323. Atente para a seguinte citação que, em parte,
I. O direito de natureza não garante a vida de reflete a concepção hobbesiana sobre a origem do
ninguém. ordenamento social:
II. O direito de natureza não garante a propriedade “Devemos, portanto, concluir que a origem de todas
individual. as grandes e duradouras sociedades não provém da
III. O direito de natureza é igual para todos. boa vontade recíproca que os homens tivessem uns
É correto o que se afirma em para com os outros, mas do medo recíproco que uns
A) I e II apenas. tinham dos outros”.
B) I e III apenas. HOBBES, Thomas. Do cidadão. São Paulo: Martins Fontes,
C) II e III apenas. 1992. P.32.
D) I, II e III. Com base na citação acima e atentando para a
compreensão que possuía Thomas Hobbes a respeito
Para Hobbes, direito natural “é a liberdade que cada da origem da sociedade, é correto afirmar que
homem possui de usar seu próprio poder, da maneira A) Hobbes, em concordância com os pensadores da
que quiser, para a preservação de sua própria antiguidade grega, entendia a sociabilidade como da
natureza, ou seja, de sua vida”. Desse modo, se pode natureza humana, boa em sua origem, mas tornada
fazer o que for necessário para preservar a vida, bem má pela corrupção dos valores.
como não há regras que impeçam os homens de B) Hobbes, diferente de Locke, não aceitava a
tomar o que é de outro, tampouco de causar distinção entre estado de natureza e estado civil. Para
sofrimento ao outro. ele, os indivíduos eram obrigados a se submeter a um
soberano e, assim, tornavam-se cidadãos.
322. O fim último, causa final e desígnio dos C) Hobbes, da mesma maneira que seus
homens, ao introduzir uma restrição sobre si contemporâneos, entendia que o estado de guerra de
mesmos sob a qual os vemos viver nos Estados, é o todos contra todos era determinado pelo
cuidado com sua própria conservação e com uma absolutismo, pela soberania absoluta que deveria ser
vida mais satisfeita; quer dizer, o desejo de sair da combatida.
mísera condição de guerra que é a consequência D) Hobbes defendia que a rivalidade de cada
necessária das paixões naturais dos homens, como o um com cada um era a condição natural da
orgulho, a vingança e coisas semelhantes. É humanidade. Uma nova arte política baseada
necessário um poder visível capaz de mantê-los em na renúncia de direito natural e no medo de
respeito, forçando-os, por medo do castigo, ao punição foi a solução.
cumprimento de seus pactos e ao respeito às leis, que
são contrárias a nossas paixões naturais. Para Hobbes, o que configura os homens no estado
de natureza são suas paixões e a necessidade de
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preservação da vida. Tais homens possuem um ao mesmo tempo, tem necessidade de preservar a
instinto de sobrevivência e, por isso, se tornam própria vida. O único jeito de impedir essa guerra é
individualistas e egoístas, além de serem passionais, o cada indivíduo abrir mão da liberdade em troca de
que faz com que eles se tornem violentos e segurança e paz, assinando um contrato social que
ambiciosos por poder. Assim, há a necessidade de transfere todo o poder a um único soberano (o
que exista algo que evite conflitos e guerras. O Estado).
Estado, para Hobbes, é instituído para que os
homens possam viver em paz uns com os outros e 325. O filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679)
que tenha proteção diante dos outros homens. A afirma que os seres humanos, na condição de
busca pela autopreservação e o desejo de poder cria natureza, não possuiriam o mínimo senso moral e
uma situação em que os homens buscam garantir sua viveriam a disposição permanente para a guerra,
sobrevivência, sendo possível que cada um se sendo a vida, nessas circunstâncias, miserável e bruta.
defenda e use a violência. A sociedade civil surge Renunciando, então, à sua liberdade, os homens
com o Estado, quando o homem sai do seu estado fundam a sociedade mediante um pacto que transfere
de natureza; surge para que os homens possam ter poder ao Estado, cuja autoridade, de acordo com
segurança. esse filósofo, deve ser absoluta.
Identifique a alternativa correta sobre o conceito de
324. Leia atentamente o seguinte trecho do texto justiça na teoria de Hobbes.
Hobbesiano, que se refere a um pacto entre a) A justiça realiza-se na vigência do pacto social
“contratantes” em estado de natureza: que possibilita a segurança e a prosperidade da
“Quando se faz um pacto em que ninguém cumpre vida em sociedade. Esse contrato social, por sua
imediatamente sua parte, e uns confiam nos outros, vez, apenas é viável sob o poder absoluto do
na condição de simples natureza (que é uma Estado, órgão capaz de reprimir as inclinações
condição de guerra de todos os homens contra todos destrutivas dos indivíduos, dado que estes,
os homens), a menor suspeita razoável torna nulo abandonados à sua natureza, não são portadores
este pacto. Mas se houver um poder comum situado da noção de justiça.
acima dos contratantes, com direito e força b) A justiça é um dado da natureza humana,
suficientes para impor seu cumprimento, ele não é dissolvendo-se, porém, com o estabelecimento do
nulo”. contrato social entre os seres humanos. Afinal,
HOBBES, Thomas. LEVIATÃ ou matéria, forma e poder de renunciando à sua liberdade em favor de sua
um estado eclesiástico e civil. Trad. João P. Monteiro e Maria segurança, os indivíduos transferem a
B. Nizza. 3ª Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
responsabilidade de todas as decisões ao Estado e,
No que diz respeito ao estado de natureza, como
consequentemente, ficam desprovidos de seus
mencionado, considere as seguintes afirmações:
valores morais naturais e de sua capacidade inata de
I. Entre o estado de natureza e o estado civil (ou
se conduzir de maneira justa em sociedade.
estado de sociedade), há uma relação de
c) A justiça realiza-se com a criação do poder político
contraposição, pois o estado de sociedade surge
estatal, posto que este é concebido como uma
como antítese corretiva ao estado de natureza.
associação de proprietários equipada para proteger os
II. A passagem do estado de natureza ao estado de
direitos individuais inalienáveis dos seres humanos,
sociedade ocorre espontaneamente, ou seja, como
segundo os quais cada homem é proprietário de si
decorrência do processo de propensão natural dos
mesmo e, portanto, executor da justiça na luta contra
indivíduos ao consenso.
os crimes que afetam a humanidade.
III. O estado de natureza é um estado cujos
d) A justiça confunde-se com a agressividade natural
elementos constitutivos são os indivíduos singulares,
dos seres humanos, realizando-se nas infindáveis
livres e iguais, mas que vivem uma vida solitária,
disputas que caracterizam a condição de natureza.
cruel e animalesca, da qual precisam
Sendo assim, a efetivação da plena humanidade sob
escapar.
o contrato social cumpre-se precisamente na
É correto o que se afirma em
renúncia aos ideais de justiça entre os homens.
A) I e III apenas.
e) A justiça é uma noção que não diz respeito ao
B) II e III apenas.
poder político do Estado, pois este se ocupa
C) I e II apenas.
exclusivamente de questões práticas que concernem
D) I, II e III.
à viabilização da vida em sociedade. Assim, conceitos
como justo e injusto pertencem ao âmbito das
Para Hobbes, “o homem é o lobo do homem”, pois
relações privadas e devem ser objeto de reflexão
os indivíduos buscam realizar seus próprios
dirigida pelas instituições religiosas.
interesses, são egoístas e possuem natureza perversa,
criando um estado de guerra de todos contra todos e,
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De acordo com a teoria de Hobbes, os seres súdito – tem direito sobre a sua vida, a sua liberdade
humanos são egoístas e movidos por seus próprios e os seus bens”.
interesses, o que faz com que vivam em constante
conflito. A justiça, para Hobbes, só é possível na Essa afirmação está em consonância com a visão
sociedade civil, estabelecida por meio do contrato hobbesiana de que a condição natural dos seres
social, que transfere poder ao Estado, responsável humanos é a guerra de todos contra todos, e que
por manter a ordem e a segurança necessárias para a para se evitar esse estado de violência, os indivíduos
vida em sociedade. Sem o poder absoluto do Estado, devem renunciar à sua liberdade natural em favor de
a justiça não seria viável, uma vez que os indivíduos um contrato social que estabeleça a autoridade do
não são capazes de agir de forma justa por conta Estado. Nesse contexto, as leis civis são criadas pelo
própria. Estado para impor limites à ação dos indivíduos e
garantir a segurança e a prosperidade da vida em
326. Referindo-se à liberdade dos súditos, Thomas sociedade.
Hobbes diz que a Liberdade é
a) vivenciar a Política no espaço público, respeitando Para Hobbes, a obediência às leis civis é fundamental
as diversas espécies de governo por Instituição e da para a manutenção da ordem social e da autoridade
sucessão do poder soberano. do Estado, e aqueles que as transgridem devem ser
b) fazer tudo o que nos apraz, sem considerar o punidos. Dessa forma, as leis civis são o critério de
domínio paterno e despótico. distinção entre o bem e o mal, e cabe ao Estado
c) em sentido próprio, a ausência de oposição, garantir o seu cumprimento, de forma a assegurar a
entendendo por oposição os impedimentos paz e a estabilidade da sociedade.
externos do movimento.
d) vivenciar as potencialidades da existência humana, 328. Que seja portanto ele a considerar-se a si
estendendo-a para o campo da Política. mesmo, que quando empreende uma viagem se arma
e procura ir bem acompanhado; que quando vai
Para Hobbes, a liberdade consiste na ausência de dormir fecha suas portas; que mesmo quando está
impedimentos externos que impeçam um indivíduo em casa tranca seus cofres; e isso mesmo sabendo
de fazer o que deseja. Na condição de natureza, os que existem leis e funcionários públicos armados,
seres humanos são livres nesse sentido, mas essa prontos a vingar qualquer injúria que lhe possa ser
liberdade se traduz em uma constante luta de todos feita.
contra todos. Com o estabelecimento do contrato (HOBBES. Leviatã. Trad. J. P. Monteiro e M. B. N. da Silva.
social e a formação do Estado, os indivíduos São Paulo: Abril Cultural, 1974. p. 80.)
renunciam a parte de sua liberdade em troca de O texto de Hobbes diverge de uma ideia central da
segurança e ordem, mas a liberdade ainda pode ser filosofia política de Aristóteles. Assinale a alternativa
exercida dentro dos limites estabelecidos pelo que identifica essa ideia aristotélica.
Estado. a) É inerente à condição humana viver segundo as
condições adversas do estado de natureza.
327. Thomas Hobbes afirma que “Lei Civil”, para b) A sociabilidade se configura como natural aos
todo súdito, é seres humanos.
a) “construída por aquelas regras que o Estado c) Os homens, no estado civil, perdem a bondade
lhe impõe, oralmente ou por escrito, ou por originária do homem natural.
outro sinal suficiente de sua vontade, para usar d) A insociável sociabilidade é característica imanente
como critério de distinção entre o bem e o às ações humanas.
mal”. e) O Estado é incapaz de prover a segurança dos
b) “a lei que o deixa livre para caminhar para súditos.
qualquer direção, pois há um conjunto de leis
naturais que estabelece os limites para uma vida em Aristóteles acreditava que os seres humanos são
sociedade”. naturalmente sociais e políticos, ou seja, vivem em
c) “reguladora e protetora dos direitos humanos, e comunidade e têm uma tendência natural para viver
faz intervenção na ordem social para legitimar as em cidades e formar estados. Essa visão difere da
relações externas da vida do homem em ideia de Hobbes de que a natureza humana é egoísta
sociedade”. e competitiva, e que os indivíduos só se unem em
d) “calcada na arbitrariedade individual, em que as sociedade para se protegerem mutuamente da
pessoas buscam entrar num Estado Civil, em violência e do caos do estado de natureza.
consonância com o direito natural, no qual ele – o
329. “Designar um homem ou uma assembleia de
homens como portador de suas pessoas, admitindo-
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se e reconhecendo-se cada um como autor de todos condição a que se chama guerra; e uma guerra que é
os atos que aquele que assim é portador de sua de todos os homens contra todos os homens”
pessoa praticar ou levar a praticar, em tudo o que HOBBES. Leviatã. Cap. XIII.
disser respeito à paz e à segurança comuns; todos “Diz-se que um Estado foi instituído quando uma
submetendo desse modo as suas vontades à vontade multidão de homens concordam e pactuam, cada um
dele, e as suas decisões à sua decisão. Isto é mais do com cada um dos outros, que a qualquer homem ou
que consentimento ou concórdia, é uma verdadeira assembléia de homens a quem seja atribuído pela
unidade de todos eles, numa só e mesma pessoa, maioria o direito de representar a pessoa de todos
realizada por um pacto de cada homem com todos eles (ou seja, de ser seu representante), todos sem
os homens, de um modo que é como se cada homem exceção, tanto os que votaram a favor dele como os
dissesse a cada homem: Autorizo e transfiro o meu direito que votaram contra ele, deverão autorizar todos os
de me governar a mim mesmo a este homem, ou a esta atos e decisões desse homem ou assembléia de
assembleia de homens, com a condição de transferires para ele o homens, tal como se fossem seus próprios atos e
teu direito, autorizando de uma maneira semelhante todas as decisões, a fim de viverem em paz uns com os outros
suas ações. Feito isso, a multidão assim unida numa só e serem protegidos dos restantes homens. É desta
pessoa chama-se República, em latim Civitas” instituição do Estado que derivam todos os direitos e
(HOBBES, T. Leviatã In: Antologia de textos filosóficos, Curitiba: faculdades daquele ou daqueles a quem o poder
SEED-PR, 2009, p. 364-365). soberano é conferido mediante o consentimento do
A partir do trecho citado, assinale o que for correto. povo reunido”
01) A República proposta pressupõe a renúncia à HOBBES. Leviatã. Cap. XVIII.
liberdade política dos homens. Considerando as duas passagens da obra O Leviatã, é
02) O consentimento que funda a República não é CORRETO afirmar.
mera passividade, mas exige aceitação e participação A) Os homens já nascem em sociedade onde vivem
na comunidade política. de modo harmonioso, na medida em que cooperam
04) A República é como um indivíduo que governa o uns em relação aos outros.
conjunto ou a assembleia dos contratantes. B) Os homens vivem em estado de natureza e é
08) Essa noção de República funda-se na preciso estabelecer um pacto social para a
transferência do direito de autogoverno em nome da formação do Estado.
assembleia, que terá por missão preservar a união de C) O estado de natureza é um estado pacífico, em
todos. que reina a harmonia entre os homens e nenhum
16) O pacto social que funda a República não se faz deles está preocupado com aquilo que é do outro.
entre indivíduos, mas de cada indivíduo com o D) Para ascender ao Estado civil, é necessária a
restante do corpo político. constituição de um partido revolucionário que se
oponha à exploração que é própria das sociedades
As opções 02, 04, 08 e 16 estão corretas. A opção 01 capitalistas.
está incorreta, pois Hobbes não propõe a renúncia E) O estado de natureza, conforme o caracteriza
total da liberdade política, mas sim a transferência do Hobbes, é marcado pelo medo do Leviatã.
direito de autogoverno em nome da assembleia
escolhida pelos indivíduos. Hobbes defendia que, no estado de natureza, os
A opção 02 está correta, pois o consentimento não é homens viviam em uma condição de guerra de todos
apenas uma passividade, mas exige uma aceitação contra todos, sem um poder comum que pudesse
ativa da comunidade política. mantê-los em respeito. Nesse estado, cada um estaria
A opção 04 está correta, pois a República é como um livre para buscar seus interesses individuais, o que
indivíduo que governa o conjunto ou a assembleia geraria conflitos constantes e uma vida de
dos contratantes. insegurança e instabilidade.
A opção 08 está correta, pois a República é fundada
na transferência do direito de autogoverno em nome Para sair dessa condição, Hobbes propôs a formação
da assembleia, que tem como missão preservar a de um Estado soberano, que seria responsável por
união de todos. manter a ordem e garantir a segurança dos cidadãos.
A opção 16 está correta, pois o pacto social não é Para isso, seria necessário que todos os indivíduos
entre indivíduos, mas entre cada indivíduo com o abdicassem de uma parte de sua liberdade em favor
restante do corpo político. do Estado, através de um pacto social. Esse pacto
seria a base da autoridade do Estado e dos direitos e
330. “(...) Durante o tempo em que os homens deveres dos cidadãos.
vivem sem um poder comum capaz de os manter a
todos em respeito, eles se encontram naquela Portanto, Hobbes não defendia que os homens já
nascessem em sociedade harmoniosa, mas sim que
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precisavam estabelecer um pacto social para sair do liberdades individuais, mas sim uma guerra de todos
estado de natureza e formar o Estado. A letra C está contra todos. A afirmação 08 está incorreta porque,
incorreta porque Hobbes caracterizava o estado de na obra Leviatã, Hobbes utiliza a figura do Leviatã
natureza como um estado de guerra e insegurança. A para representar o Estado soberano, que tem o papel
letra D está incorreta porque Hobbes não defendia a de garantir a paz e a segurança dos cidadãos, e não
necessidade de um partido revolucionário para a para salvá-los do poder despótico dos reis. A
constituição do Estado. E a letra E está correta em afirmação 16 está incorreta porque Hobbes defendia
relação à visão de Hobbes sobre o estado de que o soberano tinha o poder absoluto para manter a
natureza, marcado pelo medo do Leviatã, que ordem e a segurança, e não acreditava que o controle
representa o poder soberano do Estado. do poder dependesse do acordo e do convencimento
dos súditos.
331. Thomas Hobbes explica a origem da sociedade
e do Estado mediante a ideia de um pacto ou acordo 332. Em Hobbes, é CORRETO afirmar que a
entre os indivíduos para regulamentar o convívio derivação dos direitos do soberano por instituição, é
social e garantir a paz e a segurança de todos. Sobre a a) do poder das assembleias democráticas de caráter
teoria política de Thomas Hobbes, assinale o que for participativo popular que nasce o poder do soberano,
correto. dado que seus participantes são obrigados pelo pacto
01) Segundo Thomas Hobbes, no estado de a reconhecer a legitimidade do Estado absolutista.
natureza, o comportamento dos homens é pacífico, o b) por meio da instituição do Parlamento, que deriva
que é condição para instauração do pacto de respeito todo o poder do soberano, bem como todas as
mútuo às liberdades individuais. funções daqueles que com ele administram o pacto,
02) Segundo Thomas Hobbes, no estado de criado e mantido pelo consentimento.
natureza, o homem dispõe de toda liberdade e poder c) da criação de magistraturas que nascem os direitos
para realizar tudo quanto sua força ou astúcia lhe e os deveres do soberano, sustentados pelo pacto
permitir. alcançado por uma vontade geral.
04) Segundo Thomas Hobbes, o Estado é a unidade d) da instituição do Estado que derivam todos
formada por uma multidão de indivíduos que os direitos e faculdades daquele ou daquelas a
concordaram em transferir seu direito de governarem quem o poder soberano é conferido mediante o
a si mesmos à pessoa ou à assembleia de pessoas que consentimento do povo reunido.
os represente e que possa assegurar a paz e o bem
comum. Segundo Hobbes, a instituição do Estado é o que
08) Na obra Leviatã, para caracterizar o Estado, permite a transferência dos direitos dos indivíduos
Thomas para o poder soberano, que será responsável por
Hobbes utiliza a figura do Novo Testamento, o garantir a paz e a segurança da sociedade. Esse poder
Leviatã, cuja função é salvar os homens do poder soberano é conferido pelo consentimento dos
despótico dos reis. indivíduos que se unem para formar o Estado.
16) Segundo Thomas Hobbes, o Estado não dispõe
de poder absoluto algum. É ilegítimo o uso da força 333. “Este poder soberano pode ser adquirido de
pelo soberano para constranger os súditos, pois o duas maneiras. Uma delas é a força natural, como
controle do poder instituído, como o próprio poder, quando um homem obriga os seus filhos a
deve assentar-se no acordo e no convencimento. submeterem-se e a submeterem os seus próprios
filhos à sua autoridade, na medida em que é capaz de
As opções 02 e 04 estão corretas. A afirmação 02 os destruir em caso de recusa. Ou como quando um
está correta, já que Hobbes argumentava que, no homem sujeita através da guerra os seus inimigos à
estado de natureza, os indivíduos têm liberdade sua vontade, concedendo-lhes a vida com essa
ilimitada para buscar seus interesses, o que pode condição. A outra é quando os homens concordam
levar a conflitos constantes. A afirmação 04 também entre si em se submeterem a um homem, ou a uma
está correta, pois Hobbes defendia que o Estado era assembleia de homens, voluntariamente, confiando
formado a partir da transferência de poder dos que serão protegidos por ele contra os outros. Esta
indivíduos para uma pessoa ou assembleia que última pode ser chamada uma república política, ou
representasse a autoridade soberana e garantisse a por instituição. À primeira pode chamar-se uma
paz e o bem comum. república por aquisição”.
HOBBES, T. “Leviatã” in MARÇAL, J. Antologia de textos
As afirmações 01, 08 e 16 estão incorretas. A filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 366).
afirmação 01 está incorreta porque, segundo Hobbes, A partir do texto citado, assinale o que for correto.
no estado de natureza não há respeito mútuo às
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01) O poder soberano aqui é tão somente o do sobre o vencido. Essa forma de aquisição de poder é
monarca absoluto que detém os poderes de vida e de menos desejável do que a república por instituição, já
morte dos seus súditos. que ela tende a gerar mais instabilidade e insegurança
02) República política é a instituição fundada pelo na sociedade.
acordo dos homens em assembleia, gerando a
confiança de que eles serão protegidos por esta 8. DESCARTES
instituição.
04) O poder soberano se contrapõe ao poder 334. Descartes é considerado o “pai da filosofia
paterno, visto que este ocupa a autoridade perante os moderna” por vários motivos, entre os quais é
descendentes de uma família, tanto filhos quanto CORRETO citar:
netos. a) Ter considerado a questão do conhecimento
08) O poder também teria uma natureza política como o primeiro problema filosófico a ser
quando fundado sobre o consentimento dos resolvido, fazendo a filosofia iniciar-se não por
membros de uma comunidade, que fazem um pacto questões ontológicas, mas epistemológicas.
e delegam esse poder a um homem que irá protegê- b) Por ter reclamado a matemática como
los dos seus inimigos. fundamento de todas as ciências.
16) República por aquisição é a instituição c) Por ser a principal referência teórica das grandes
conquistada por meio de guerra, sujeitando os navegações.
inimigos ao poder soberano. d) Por ter separado a química da alquimia.
e) Por ter lançado os fundamentos do
As opções 02, 08 e 16 estão corretas. República contratualismo.
política é a instituição fundada pelo acordo dos
homens em assembleia, gerando a confiança de que Descartes é considerado o "pai da filosofia moderna"
eles serão protegidos por esta instituição. por ter iniciado uma nova forma de fazer filosofia,
Com essa afirmação, Hobbes evidencia a caracterizada pelo método cartesiano, que consistia
importância do contrato social na formação do em duvidar de todas as verdades estabelecidas e
Estado. A república política surge a partir do acordo começar a partir do zero. Esse método levou
voluntário dos indivíduos em submeter-se a um Descartes a refletir sobre a natureza do
poder central, que irá garantir a paz e a segurança da conhecimento humano, questionando a capacidade
sociedade. Esse acordo se dá a partir da renúncia da dos sentidos e propondo o cogito, a ideia de que a
liberdade natural em prol da segurança e estabilidade única certeza indubitável é a própria existência do
social. sujeito que pensa. Com isso, Descartes colocou a
questão do conhecimento como o primeiro
O poder também teria uma natureza política quando problema filosófico a ser resolvido, inaugurando a
fundado sobre o consentimento dos membros de filosofia moderna.
uma comunidade, que fazem um pacto e delegam
esse poder a um homem que irá protegê-los dos seus As demais alternativas não são corretas. Descartes
inimigos. não reclamou a matemática como fundamento de
Essa afirmação enfatiza a ideia de que o poder todas as ciências (alternativa b), embora tenha
político deve ser fundamentado no consentimento utilizado a matemática como modelo para a
dos membros da sociedade. O poder soberano surge elaboração de um método seguro de investigação
a partir do pacto social, em que os indivíduos abrem científica. Ele também não foi a principal referência
mão de parte de sua liberdade em troca de segurança teórica das grandes navegações (alternativa c), nem
e estabilidade. Esse poder é delegado a um separou a química da alquimia (alternativa d), embora
representante ou a uma assembleia, que irá agir em tenha contribuído para a fundação da química
nome dos interesses comuns da sociedade. moderna ao propor uma concepção mecanicista da
natureza. Além disso, Descartes não lançou os
República por aquisição é a instituição conquistada fundamentos do contratualismo (alternativa e), sendo
por meio de guerra, sujeitando os inimigos ao poder essa corrente filosófica associada principalmente a
soberano. pensadores como Hobbes, Locke e Rousseau.
Hobbes afirma que o poder soberano pode ser
adquirido por dois meios: por meio da força natural 335. Sobre a filosofia de Descartes, pode-se afirmar,
ou por meio do acordo entre os homens. A república com certeza, que as suas mais importantes
por aquisição é aquela que é conquistada pela força, consequências foram
geralmente em decorrência de uma guerra. Nesse
caso, o poder soberano é imposto pelo vencedor
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radicalização do processo dubitativo ficou conhecida A afirmativa I é verdadeira, pois Descartes valorizou
como dúvida hiperbólica. o papel do método na busca pelo conhecimento. Ele
Assinale a alternativa que apresenta corretamente a desenvolveu o método cartesiano, que consistia em
relação estabelecida por Descartes entre a dúvida quatro etapas: a dúvida sistemática, a análise, a
hiperbólica (exagerada) e o cogito (eu penso). síntese e a enumeração.
A) Descartes sustenta que o ato de pensar tem
tamanha evidência, que eu jamais posso ser A afirmativa II também é verdadeira, pois Descartes
enganado acerca do fato de que existo enquanto questionou o valor epistemológico dos
penso. conhecimentos obtidos pelos sentidos,
B) A dúvida hiperbólica é insuperável, uma vez que argumentando que poderíamos ser enganados por
todos os conteúdos da mente podem ser imagens eles. Ele afirmou que o que é verdadeiro é apenas o
falsas produzidas pelo gênio maligno. que pode ser provado pela razão.
C) Com o exemplo dos juízos matemáticos, que são
sempre indubitáveis, Descartes consegue eliminar a Já a afirmativa III é falsa, pois Descartes não seguiu
hipótese do gênio maligno. o modelo aristotélico de investigação dos fenômenos
D) Somente a partir da descoberta da ideia de Deus é naturais. Pelo contrário, ele propôs uma nova forma
que Descartes consegue eliminar a dúvida de investigação, que consistia em questionar tudo o
hiperbólica e afirmar a existência do pensante. que se sabia até então e partir da dúvida para chegar
à verdade.
Para Descartes, a dúvida hiperbólica tem como
objetivo eliminar todas as crenças que não possam 340. TEXTO I
ser fundamentadas em certeza, a fim de encontrar Há já algum tempo eu me apercebi de que,
um ponto de partida seguro e indubitável para a desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas
construção do conhecimento. Nesse processo, a opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que
única certeza inabalável é a existência do próprio depois eu fundei em princípios tão mal assegurados
pensamento, expressa pelo cogito (eu penso). não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era
Descartes argumenta que, mesmo que haja um gênio necessário tentar seriamente, uma vez em minha
maligno enganador, o fato de estar sendo enganado vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até
pressupõe que ele exista como pensante, já que para então dera crédito, e começar tudo novamente a fim
ser enganado é preciso existir enquanto ser pensante. de estabelecer um saber firme e inabalável.
Por isso, a existência do cogito é a única certeza DESCARTES, R. Meditacoes concernentes a Primeira
indubitável e irrefutável. Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).
TEXTO II
339. René Descartes (1596 – 1650) é considerado É o caráter radical do que se procura que
por muitos “o pai da filosofia moderna”, pois em exige a radicalização do próprio processo de busca.
obras como O discurso sobre o método e Meditações Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer
metafísicas colocou em xeque conhecimentos certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma
considerados indubitáveis. Em especial, suas forma gerada pela própria dúvida, e não será
reflexões o levam a questionar o valor seguramente nenhuma daquelas que foram
epistemológico dos conhecimentos do senso anteriormente varridas por essa mesma dúvida.
SILVA, F.L. Descartes. a metafísica da modernidade. São
comum, dos argumentos de autoridade e do Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).
testemunho dos sentidos. A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam
I - Descartes foi um dos filósofos da Era Moderna que, para viabilizar a reconstrução radical do
que valorizou o papel do método no avanço do conhecimento, deve-se
conhecimento. a) retomar o método da tradição para edificar a
II - Descartes colocou em dúvida o valor das ciência com legitimidade.
informações que se obtêm por meio da experiência b) questionar de forma ampla e profunda as
sensível. antigas ideias e concepções.
III - As teorias de Descartes seguiram o modelo c) investigar os conteúdos da consciência dos
aristotélico de investigação dos fenômenos naturais. homens menos esclarecidos.
Assinale a alternativa correta. d) buscar uma via para eliminar da memória saberes
A) I e III são verdadeiras. antigos e ultrapassados.
B) II e III são verdadeiras. e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que
C) I e II são verdadeiras. dispensam ser questionados.
D) I e III são falsas.
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O projeto cartesiano busca uma reconstrução radical C) inaugurar a posição teórica conhecida como
do conhecimento, partindo da dúvida metódica, que empirismo.
questiona todas as crenças e opiniões anteriormente D) estabelecer um princípio indubitável para o
consideradas verdadeiras. Esse processo de busca é conhecimento.
radicalizado a ponto de ocupar todo o espaço com a E) questionar a relação entre a filosofia e o tema da
dúvida, de forma que qualquer certeza que surgir a existência de Deus.
partir daí seja fundamentada em bases mais seguras.
Por isso, é necessário questionar de forma ampla e O grande objetivo da filosofia cartesiana foi
profunda as antigas ideias e concepções, para encontrar um princípio indubitável do
reconstruir o conhecimento com bases sólidas e conhecimento. Para isso, ele aplicou o método da
inabaláveis. dúvida: seria necessário duvidar de todas as nossas
crenças e ideias de forma radical. Aquelas que
341. É o caráter radical do que se procura que exige a demonstrassem firmeza e clareza, seriam verdadeiras.
radicalização do próprio processo de busca. Se todo
o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza 343. Nunca nos tornaremos matemáticos, por
que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma exemplo, embora nossa memória possua todas as
gerada pela própria dúvida, e não será seguramente demonstrações feitas por outros, se nosso espírito
nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas não for capaz de resolver toda espécie de problemas;
por essa mesma dúvida. não nos tornaríamos filósofos, por ter lido todos os
SILVA, F.L. Descartes: a metafísica da modernidade. São raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder
Paulo: Moderna, 2001 (adaptado). formular um juízo sólido sobre o que nos é
Apesar de questionar os conceitos da tradição, a proposto. Assim, de fato, pareceríamos ter
dúvida radical da filosofia cartesiana tem caráter aprendido, não ciências, mas histórias.
positivo por contribuir para o(a) DESCARTES, R. Regras para a orientação do espírito. São
A) dissolução do saber científico. Paulo: Martins Fontes, 1999.
B) recuperação dos antigos juízos. Em busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o
C) exaltação do pensamento clássico conhecimento, de modo crítico, como resultado da
D) surgimento do conhecimento inabalável. a) investigação de natureza empírica.
E) fortalecimento dos preconceitos religiosos. b) retomada da tradição intelectual.
c) imposição de valores ortodoxos.
O projeto cartesiano busca uma reconstrução radical d) autonomia do sujeito pensante.
do conhecimento, partindo da dúvida metódica, que e) liberdade do agente moral.
questiona todas as crenças e opiniões anteriormente
consideradas verdadeiras. Esse processo de busca é Ele considera o conhecimento, de modo crítico,
radicalizado a ponto de ocupar todo o espaço com a como resultado da autonomia do sujeito pensante.
dúvida, de forma que qualquer certeza que surgir a Considerado o “pai” do racionalismo moderno,
partir daí seja fundamentada em bases mais seguras. Descartes elaborou uma metodologia que utilizava a
Por isso, é necessário questionar de forma ampla e dúvida hiperbólica para chegar a um conhecimento
profunda as antigas ideias e concepções, para inabalável. Assim, Descartes chegou ao cogito:
reconstruir o conhecimento com bases sólidas e "penso, logo existo”, o primeiro princípio lógico-
inabaláveis. ontológico e não empírico. É a primeira ideia clara e
distinta que não dava para ser colocada em dúvida
342. Após ter examinado cuidadosamente todas as pela razão. Desse modo, Descartes nos mostra a
coisas, cumpre enfim concluir e ter por constante autonomia do homem enquanto ser racional,
que esta proposição, eu sou, eu existo, é pensante.
necessariamente verdadeira todas as vezes que a
enuncio ou que a concebo em meu espírito. 344. Dizem que Humboldt, naturalista do século
DESCARTES, R. Meditações. Pensadores. São Paulo: Abril XIX, maravilhado pela geografia, flora e fauna da
Cultural, 1979. região sul-americana, via seus habitantes como se
A proposição “eu sou, eu existo” corresponde a um fossem mendigos sentados sobre um saco de ouro,
dos momentos mais importantes na ruptura da referindo-se a suas incomensuráveis riquezas naturais
filosofia do século XVII com os padrões da reflexão não exploradas. De alguma maneira, o cientista
medieval, por ratificou nosso papel de exportadores de natureza no
A) estabelecer o ceticismo como opção legítima. que seria o mundo depois da colonização ibérica:
B) utilizar silogismos linguísticos como prova enxergou-nos como territórios condenados a
ontológica. aproveitar os recursos naturais existentes.
ACOSTA, A. Bem viver: uma oportunidade para imaginar
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outros mundos. São Paulo: Elefante, 2016 (adaptado). pensamento e linguagem no racionalismo moderno.
A relação entre ser humano e natureza ressaltada no Sobre essa relação, pode-se afirmar corretamente que
texto refletia a permanência da seguinte corrente A) a linguagem, quer seja sonora quer seja em
filosófica: sinais, tem a função de fazer o pensamento ser
A) Relativismo cognitivo. entendido pelos outros.
B) Materialismo dialético. B) a capacidade de produzir discursos, isto é, a
C) Racionalismo cartesiano. linguagem, é o que permite aos homens ter
D) Pluralismo epistemológico. pensamentos.
E) Existencialismo fenomenológico. C) o entendimento entre homens se dá através da
linguagem, que, todavia, é anterior ao pensamento.
A corrente filosófica é o racionalismo cartesiano. A D) o pensamento existe independentemente do
questão apresenta o racionalismo como instrumento discurso e, como ocorre entre surdos e mudos, não
de superioridade do ser humano. Para Descartes, o precisa ser entendido.
homem pode transformar e explorar os recursos
naturais existentes. Para Descartes, a linguagem e os signos demonstram
a existência do pensamento nos homens. O papel da
345. TEXTO I linguagem seria de tornar possível a compreensão de
Considero apropriado deter-me algum tempo na tudo o que fosse pensado, o próprio pensamento. A
contemplação deste Deus todo perfeito, ponderar linguagem torna o pensamento visível aos homens.
totalmente à vontade seus maravilhosos atributos,
considerar, admirar e adorar a incomparável beleza 347. “O bom senso é a coisa do mundo melhor
dessa imensa luz. partilhada [...] o poder de bem julgar e distinguir o
DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1980. verdadeiro do falso, que é propriamente o que se
denomina o bom senso ou a razão, é naturalmente
TEXTO II igual em todos os homens; e, destarte, [...] a
Qual será a forma mais razoável de entender como é diversidade de nossas opiniões não provém do fato
o mundo? Existirá alguma boa razão para acreditar de serem uns mais racionais do que outros, mas
que o mundo foi criado por uma divindade todo- somente de conduzirmos nossos pensamentos por
poderosa? Não podemos dizer que a crença em Deus vias diversas e não considerarmos as mesmas
é “apenas” uma questão de fé. coisas.”
RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009. DESCARTES, René. Discurso do método, I. Tradução de J.
Os textos abordam um questionamento da Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Abril Cultural,
construção da modernidade que defende um modelo 1979. Coleção Os Pensadores.
A) centrado na razão humana. Tomando-se por base o que diz Descartes na citação
B) baseado na explicação mitológica. acima, explica-se a diversidade de opiniões em que
C) fundamentado na ordenação imanentista. I. alguns são mais racionais do que os outros.
D) focado na legitimação contratualista. II. usamos de modos distintos nossa razão.
E) configurado na percepção etnocêntrica. III. as emitimos sobre coisas diferentes.
Estão corretas as complementações contidas em
Os textos abordam um questionamento da A) I e III apenas.
construção da modernidade que defende um modelo B) I e II apenas.
centrado na razão humana. Descartes chegou à C) I, II e III.
conclusão de que Deus existe tendo como base o uso D) II e III apenas.
da razão, por meio da "dúvida hiperbólica".
Falando-se em capacidade racional, pode-se dizer
346. “[É] uma coisa bem notável que não haja que somos todos iguais. Descartes não afirmava que
homens [...] que não sejam capazes de arranjar em uns são mais racionais do que outros. As pessoas
conjunto diversas palavras e de compô-las num vivenciam coisas diferentes umas das outras,
discurso pelo qual façam entender seus pensamentos; possuem opiniões diferentes e conduzem seus
[...] os homens que, tendo nascido surdos e mudos, pensamentos por vias diversas. Isso permite explicar
são desprovidos dos órgãos que servem aos outros o uso distinto da razão e a emissão de opiniões sobre
para falar, [...] costumam inventar eles próprios coisas diferentes.
alguns sinais, pelos quais se fazem entender por
quem, estando comumente com eles, disponha de 348. Relacione, corretamente, os pensadores com
lazer para aprender a sua língua.” seus respectivos pensamentos acerca da forma como
DESCARTES, R. Discurso do método, V. o conhecimento da realidade se verifica, numerando
A passagem acima informa sobre a relação entre
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os parênteses abaixo, de acordo com a seguinte modo que me era necessário tentar seriamente, uma
indicação: vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões
1. Immanuel Kant a que até então dera crédito, e começar tudo
2. Karl Marx novamente desde os fundamentos, se quisesse
3. Renè Descartes estabelecer algo de firme e de constante nas ciências.
4. G.W.F Hegel (DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
( ) A reflexão filosófica deve partir de um p.93.)
exame da formação da consciência e a experiência da O desejo de evitar o erro, o caos e buscar a certeza, a
consciência não é só uma experiência teórica: é ordem, por meio de um método de conhecimento,
necessariamente histórica. são marcas distintivas da modernidade.
( ) Não é a consciência que determina a vida, A respeito do problema do conhecimento e do
mas a vida que determina a consciência. É a ideologia método em René Descartes, assinale a alternativa
a responsável por produzir uma alienação da correta.
consciência humana de sua situação real. a) A decisão de tentar desfazer-se das opiniões
( ) É sempre possível duvidar de um princípio, duvidosas e incertas ampara-se em uma revelação
questionar as bases de uma teoria. É preciso colocar divina, pois, ao pensar, o homem encontra Deus na
em questão todo o conhecimento adquirido. origem do próprio pensamento, sendo Ele a primeira
( ) O conhecer é um ato de autodeterminação certeza fundadora da ciência.
do sujeito, é anterior a toda experiência, e trata não b) A dúvida é uma espécie de afecção episódica que
tanto dos objetos, mas dos conceitos a priori sobre toma conta dos que pensam demasiadamente no
os objetos. problema dos fundamentos do conhecimento, mas
A sequência correta, de cima para baixo, é: cuja concepção e prática possuem uma importância
A) 1, 3, 2, 4. limitada.
B) 3, 1, 4, 2. c) A dúvida metódica pretendia inviabilizar a
C) 4, 2, 3, 1. metafísica, uma vez que certezas científicas e
D) 2, 4, 1, 3. verdades metafísicas, além de possuírem âmbitos de
vigência distintos, também dizem respeito a
O método de Descartes consiste na dúvida: a dúvida domínios excludentes do conhecimento.
metódica (ou cartesiana). Para que a razão funcione d) O método é um procedimento por meio do qual
bem, era necessário buscar verdades que bastassem a os dados da experiência são acolhidos, tratados
si, e não precisassem de outras verdades precedentes, cientificamente e, após o processo de depuração e de
com o objetivo de atingir as ideias claras e distintas. crítica, são recolocados em sua relação com o
Para Descartes, o ato de duvidar colocava em dúvida mundo, transformando nossos juízos.
até nossos sentidos, mas, ao mesmo tempo, era e) A decisão inaugural a ser radicalizada pela
impossível duvidar do pensamento, pois, duvidar do dúvida, tornada metódica, por meio da qual
pensamento é pensar. Immanuel Kant questionou o surgirá a certeza, é o ponto de partida da crítica
próprio conhecimento, afirmando que o à tradição, seja na figura dos conhecimentos
conhecimento tem origem em juízos universais e incertos ou das falsas opiniões.
sofre influência da sensibilidade (conhecer as coisas
do mundo passa pelo âmbito da sensibilidade e do Para Descartes, pensar filosoficamente consiste em
entendimento). Hegel pensava a realidade como uma decisão radical, que o método da dúvida
constituída pela mente, e afirmava que a consciência radicalizará ainda mais, e que tem na crítica à tradição
está sempre mudando e desenvolvendo novas uma das suas principais motivações. Nenhuma
categorias, conceitos, que determinam como nós autoridade pode constranger a liberdade de
vivemos o mundo. E, por fim, Karl Marx acreditava investigação da razão.
que a história era movida a partir da luta de classes,
dos conflitos entre as forças produtivas e as relações 350. E se escrevo em francês, que é a língua de meu
de produção, onde o mundo se move pelo embate país, e não em latim, que é a de meus preceptores, é
entre as classes sociais (pois elas têm interesses porque espero que aqueles que se servem apenas de
diferentes). sua razão natural inteiramente pura julgarão melhor
minhas opiniões do que aqueles que não acreditam
349. Há já algum tempo eu me apercebi de que, senão nos livros dos antigos. E quanto aos que unem
desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas o bom senso ao estudo, os únicos que desejo para
opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que meus juízes, não serão de modo algum, tenho
depois eu fundei em princípios tão mal assegurados certeza, tão parciais a favor do latim que recusem
não podia ser senão mui duvidoso e incerto; de ouvir minhas razões, porque as explico em língua
vulgar.
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DESCARTES, R. Discurso do Método. Trad. J. Guinsburg e Bento D) O pensamento é algo misterioso e só pode ser
Prado Jr. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Coleção “Os admitido como algo desconhecido, e mesmo assim é
pensadores”. p. 79.
o fundamento da verdade.
Com base nos conhecimentos sobre Descartes e o
surgimento da filosofia moderna, assinale a
Descartes se utiliza, nas suas meditações metafísicas,
alternativa correta.
da dúvida metódica. Começa pelos sentidos, passa
a) A língua vulgar, o francês, expressa de modo mais
pelo corpo, e chega a duvidar das ideias matemáticas.
adequado o espírito da modernidade por estar livre
No entanto, enquanto se esforça por negar a tudo,
dos preconceitos da língua dos doutos, o latim.
termina por não poder recusar a verdade de que,
b) Redigir o Discurso do Método em francês teve
enquanto duvida, pensa, enquanto pensa, existe. O
propósito similar à tradução da bíblia para o alemão
pensamento, ainda que esteja sendo submetido ao
feita por
engano, não pode ser recusado enquanto
Lutero: facilitar o acesso à sacralidade do texto em
procedimento, e é a primeira certeza clara e distinta
língua vulgar.
atingida pelo filósofo francês, a pedra angular do
c) O desencantamento do mundo, resultante da
alicerce da sua filosofia racionalista.
radical crítica cartesiana à tradição, teve como
consequência o abandono da referência à divindade.
352. Em O Discurso sobre o método, Descartes
d) As ideias expressas por Descartes em seu Discurso
afirma:
do Método refletem a postura tipicamente moderna de
Não se deve acatar nunca como verdadeiro aquilo
ruptura total com o passado.
que não se reconhece ser tal pela evidência, ou seja,
e) A razão natural inteiramente pura é um
evitar acuradamente a precipitação e a prevenção,
atributo inerente à natureza humana,
assim como nunca se deve abranger entre nossos
independentemente da tradição ou da cultura à
juízos aquilo que não se apresente tão clara e
qual o humano se vincula.
distintamente à nossa inteligência a ponto de excluir
qualquer possibilidade de dúvida.
A novidade do pensamento de Descartes, que faz (REALE, G.; ANTISERI, D. História da filosofia: Do
com que ele seja definido na posteridade como o humanismo a Descartes. Tradução de Ivo Storniolo. São
filósofo que inaugurou a modernidade filosófica, Paulo: Paulus, 2004. p. 289.)
consiste em submeter a validação e legitimação de Após a leitura do texto acima, assinale a alternativa
qualquer teoria, não mais à fé ou à crença religiosa, e correta.
sim, aos poderes da “razão natural inteiramente a) A evidência, apesar de apreciada por Descartes,
pura”. O famoso “Eu, eu penso, eu, eu existo”, ou permanece uma noção indefinível.
“penso, logo existo”, é a primeira verdade que b) A evidência é a primeira regra do método
inaugura a série de verdades posteriores, sendo algo a cartesiano, mas não é o princípio metódico
que se chega pelo pensamento, não mais por meio da fundamental.
revelação. c) Ideias claras e distintas são o mesmo que
ideias evidentes.
351. [...] e noto aqui que o pensamento é um atributo d) A evidência não é um princípio do método
que me pertence. Só ele não pode ser desprendido de cartesiano.
mim. Eu sou, eu existo. Isto é certo; mas por quanto
tempo? A saber, durante o tempo em que penso; A evidência é juntamente a regra da divisão, da
pois talvez pudesse ocorrer, se eu cessasse de pensar, ordem e da enumeração uma das grandes regras do
que cessasse ao mesmo tempo de existir. método cartesiano, assim, entende-se por evidência a
DESCARTES, R. Meditações metafísicas. Tradução de Maria admissão apenas do que é verdadeiro como um
Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 46 – conhecimento evidente, ou seja, no qual e sobre o
grifos do autor.
qual não caiba a menor dúvida a parir de ideias claras
Assinale a alternativa que justifica o pensamento
e distintas.
como a verdade primeira da filosofia de Descartes.
A) O pensamento depende do corpo e dos sentidos
353. A partir dessa intuição primeira (a existência do
do corpo, pois, sem a materialidade corporal, o
ser que pensa), que é indubitável, Descartes distingue
pensamento é impotente e inexpressivo.
os diversos tipos de ideias, percebendo que algumas
B) O pensamento é a certeza indubitável, pois a
são duvidosas e confusas e outras são claras e
dúvida e o engano não são situações capazes de
distintas.
negar a condição inata do pensamento. ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando.
C) O pensamento não pode ser intuído, por isso a Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1993. p. 104.
sua veracidade depende da subordinação do ser às A primeira ideia clara e distinta encontrada por
verdades da fé. Descartes no trajeto das meditações é
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a) a ideia do cogito (coisa pensante), pois na cumpre enfim concluir e ter por constante que esta
medida em que duvida, aquele que medita proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente
percebe que existe. verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a
b) a ideia de coisa extensa, porque tudo aquilo que concebo em meu espírito.”
possui extensão é imediatamente claro e distinto. DESCARTES. Meditações Metafísicas. Nova Cultural: São
c) a ideia de Deus, porque Deus é a primeira Paulo, 1988, p. 47.
realidade a interromper o procedimento da dúvida, Segundo Descartes, podemos dizer que a ideia da
no qual se lança aquele que se propõe meditar. existência do eu ou do cogito (eu penso)
d) a ideia do gênio maligno, porque somente através a) é fictícia ou inventada e composta.
dele Descartes consegue suprimir o processo da b) é inata ou congênita e composta.
dúvida radical. c) é adventícia ou empírica e simples.
d) é inata ou congênita e simples.
Em busca de uma verdade indubitável, Descartes
chega à conclusão que existe, dado que duvida e que As ideias verdadeiras são inatas, segundo René
pensa. Sendo assim, ele pode afir- mar seguramente Descartes. O mesmo vale para a ideia do eu e do
que é uma coisa pensante (res congitans), tal como o cogito, uma vez que podem ser pensadas sem
afirmado na alternativa [A]. As ideias de “Deus”, qualquer referência ao mundo exterior sensível.
“gênio maligno” e de “coisa extensa” são posteriores
no percurso intelectual do meditador e, além disso, 356. Observe a imagem abaixo.
não estão apresentadas nas suas justas acepções nas
alternativas [B], [C] e [D].
c) A mente é como uma folha em branco, isenta de homem com o mundo, consigo mesmo e com Deus,
impressões, assim, o conhecimento que nos permite mas também sobre a natureza do conhecimento, da
edificar as cidades inicia-se na execução. realidade e do ser.
d) O conhecimento se constrói num processo que
vai do particular para o universal, o que valoriza o 358. Há já algum tempo me apercebi de que, desde
caráter indutivo na construção das cidades. meus primeiros anos, recebera muitas opiniões falsas
e) Os engenheiros e os mestres de obras se utilizam como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu
do conhecimento empírico para a edificação e o fundei em princípios tão mal assegurados, não podia
planejamento de nossas cidades. ser senão mui duvidoso e incerto; de modo que me
era necessário tentar seriamente, uma vez em minha
Para Descartes, a ordem das razões no pensamento vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até
deve coincidir com a ordem das razões na realidade. então dera crédito, e começar tudo novamente desde
O que existe a priori, em termos das ideias claras e os fundamentos se quisesse estabelecer algo de firme
distintas no sujeito do conhecimento, será o que e de constante nas ciências. Descartes
deve existir na realidade, de forma que o sujeito do A partir desse texto que abre as Meditações
conhecimento domine a realidade quando lhe impõe Metafísicas de Descartes, é correto afirmar que
as suas ideias. Segundo esta maneira de conceber, o A) a filosofia cartesiana toma como ponto de
que planejamos consiste em fazer coincidir a ordem partida a dúvida metódica e só admite como
racional no nosso pensamento e aquela que deveria verdadeiro o conhecimento que a ela for capaz
ser a ordem da realidade objetiva. de resistir.
B) o cartesianismo é uma modalidade moderna da
357. Marque V nas afirmativas verdadeiras e F, nas filosofia cética, já que nega a evidência de todo o
falsas. conhecimento que o precedeu.
Para entender a filosofia de René Descartes, C) a filosofia de Descartes não é capaz de
considerado o fundador da filosofia moderna, é demonstrar a verdade das teses que propõe, já que
necessário situar alguns pontos básicos, a partir dos desde o início se pauta pela dúvida.
quais se desenvolve a reflexão. D) o cartesianismo tem aspirações modestas e recusa
O pensamento de Descartes toma como base a a possibilidade de fundar um conhecimento certo e
( ) coisa exterior à alma, que não é um símbolo, e é indubitável.
entendida, primeiro, pelo conhecimento. E) a filosofia de Descartes pretende passar todo
( ) busca de fundamentos sólidos para a ciência, a conhecimento pelo crivo da dúvida apenas para
transição da consciência subjetiva para o assegurar a veracidade da tradição metafísica que a
conhecimento. precedeu.
( ) defesa de uma ciência fundamentada em um
procedimento que avalia e descarta toda dúvida. Descartes defendia a necessidade de submeter todas
( ) relação existencial do homem com o mundo, as crenças e opiniões a uma investigação crítica e
consigo mesmo e com Deus. sistemática, a fim de descobrir quais delas eram
A alternativa que indica a sequência correta, de cima verdadeiras e quais eram falsas. Ele propunha a
para baixo, é a dúvida metódica como uma estratégia para atingir
A) V V F F esse objetivo, ou seja, uma dúvida sistemática e
B) F V V F radical que questiona todas as nossas crenças e
C) F F V F opiniões até encontrar um ponto de partida
D) V F F V indubitável. A partir desse ponto, Descartes tenta
E) V V V V reconstruir todo o conhecimento humano de forma
sólida e coerente.
A primeira afirmativa é falsa, pois para Descartes a
coisa exterior não é a base do conhecimento, mas 359. “Há já algum tempo dei-me conta de que, desde
sim a razão e a evidência clara e distinta. meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões
A segunda afirmativa é verdadeira, pois Descartes por verdadeiras e de que aquilo que depois eu fundei
buscava fundamentos sólidos para a ciência a partir sobre princípios tão mal assegurados devia ser
da consciência subjetiva. apenas muito duvidoso e incerto; de modo que era
A terceira afirmativa também é verdadeira, já que preciso tentar seriamente, uma vez em minha vida,
Descartes defendeu um procedimento que avalia e desfazer-me de todas as opiniões que recebera até
descarta toda dúvida. então em minha crença e começar tudo novamente
A quarta afirmativa é falsa, pois Descartes não se desde os fundamentos, se eu quisesse estabelecer
limitou a refletir apenas sobre a relação existencial do alguma coisa de firme e de constante nas ciências.”
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(DESCARTES, R. Meditações sobre a filosofia primeira. In: 04) “Eu penso, logo existo” era uma afirmação
MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, extravagante dos céticos.
p. 153).
08) Descartes sempre pensou que tudo era falso,
A partir do texto citado, assinale o que for correto.
inclusive a ideia “eu penso, logo existo”.
01) A verdadeira ciência ou conhecimento verdadeiro
16) O princípio primeiro da filosofia de Descartes
deve refutar toda e qualquer crença ou religião.
está no pensamento individual que fundamenta a
02) O início do processo filosófico de descoberta da
existência humana.
verdade começa com a instauração da dúvida.
04) O espírito de investigação filosófica busca
As opções 02 e 16 estão corretas. No texto,
alicerces firmes, que não foram dados pelo modo
Descartes afirma que ao instaurar a dúvida sobre
como se adquiria o conhecimento até então.
tudo o que sabia, chegou a uma verdade irrefutável:
08) A dúvida sobre o conhecimento que se tem
"eu penso, logo existo". Esse princípio é considerado
decorre das opiniões e dos saberes mal apreendidos
por ele como a primeira e mais sólida certeza da
na escola.
filosofia que procurava, e que serviria de fundamento
16) Os alicerces firmes do conhecimento devem
para a elaboração do resto de sua obra. Assim, a
estar além das opiniões das autoridades acadêmicas.
opção 02 é verdadeira, uma vez que Descartes
buscava um fundamento seguro e racional para sua
As opções 02, 04 e 16 estão corretas. A opção 02 é
filosofia. Já a opção 01 é falsa, pois a intenção
correta porque Descartes inicia seu processo
primeira de Descartes não era a refutação dos
filosófico de descoberta da verdade com a
céticos, mas sim a construção de uma filosofia
instauração da dúvida. Ele questiona todas as suas
fundamentada em princípios indubitáveis. As opções
crenças e opiniões, buscando encontrar um
04 e 08 também são falsas, pois não há no texto
fundamento sólido para o conhecimento.
nenhuma indicação de que "eu penso, logo existo"
seja uma afirmação extravagante dos céticos, nem
A opção 04 é correta porque o espírito de
que Descartes considerava que tudo era falso,
investigação filosófica de Descartes busca alicerces
inclusive essa ideia.
firmes para o conhecimento que não foram dados
pelo modo como se adquiria o conhecimento até
361. “Há já algum tempo eu me apercebi de que,
então, ou seja, ele busca fundamentos mais seguros
desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas
para o conhecimento, uma vez que acreditava que
opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que
muitas opiniões que havia recebido anteriormente
depois eu fundamentei em princípios tão mal
eram falsas.
assegurados não podia ser senão muito duvidoso e
incerto; de modo que me era necessário tentar
A opção 16 é correta porque os alicerces firmes do
seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de
conhecimento para Descartes não estão nas opiniões
todas as opiniões a que até então dera crédito, e
das autoridades acadêmicas, mas sim em
começar tudo novamente desde os fundamentos, se
fundamentos indubitáveis que possam resistir à
quisesse estabelecer algo de firme e de constante nas
dúvida metódica. Ele buscava um conhecimento
ciências. [...] Agora, pois, que meu espírito está livre
certo e indubitável que pudesse servir como base
de todos os cuidados, e que consegui um repouso
para a ciência e a filosofia.
assegurado numa pacífica solidão, aplicar-me-ei
seriamente e com liberdade em destruir em geral
360. “Porém, logo em seguida, percebi que, ao
todas as minhas antigas opiniões”.
mesmo tempo que eu queria pensar que tudo era DESCARTES, R. Meditações metafísicas in MARCONDES, D.
falso, fazia-se necessário que eu, que pensava, fosse Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 74.
alguma coisa. E, ao notar que esta verdade: eu penso, Com base no texto citado, assinale o que for correto.
logo existo, era tão sólida e tão correta que as mais 01) Para Descartes, muitas opiniões que recebeu são
extravagantes suposições dos céticos não seriam falsas visto que não foram elaboradas pelo método
capazes de lhe causar abalo, julguei que podia que está propondo, mas a partir de pressupostos
considerá-la, sem escrúpulo algum, o primeiro duvidosos e incertos.
princípio da filosofia que eu procurava.” 02) Para Descartes, o primeiro momento do
(DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Nova processo de obtenção da verdade é o
Cultural, 2004, p. 62).
questionamento das opiniões que se tem.
A partir do texto citado, assinale o que for correto.
04) Para Descartes, é necessário libertar o espírito
01) A intenção primeira da filosofia de Descartes era
das ideias falsas, para que elas não atrapalhem a
a refutação dos céticos.
obtenção da verdade.
02) Descartes buscava um fundamento seguro
racionalmente para elaborar sua filosofia.
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08) Descartes está fazendo uma crítica à sua não tem partes. O composto é a reunião das
formação escolar, que era muito ruim na França do substâncias simples ou Mônadas. Monas é uma palavra
século XVII, pois estudou em colégios de religiosos. grega que significa unidade ou o que é uno. Os
16) Para Descartes, nunca haverá tranquilidade no compostos ou os corpos são Multiplicidades, e as
espírito, pois sempre se estará questionando o Substâncias simples, as Vidas, as Almas, os Espíritos
conhecimento que se tem. são unidades. É preciso que em toda parte haja
substâncias simples porque sem as simples não
As opções 01 e 04 estão corretas. A opção 01 está haveria as compostas, nem movimento. Por
correta, pois Descartes reconhece que muitas conseguinte, toda natureza está plena de vida.
opiniões que recebeu são falsas e que foram aceitas LEIBNIZ, G. W. Discurso de metafísicas e outros textos.
sem um questionamento adequado. Ele propõe que é São Paulo: Matins Fontes, 2004 (adaptado).
necessário questionar essas opiniões a fim de Dentre suas diversas reflexões, Leibniz voltou sua
estabelecer um conhecimento firme e seguro. atenção para o tema da metafísica, que trata
basicamente do fundamento de realidade das coisas
A opção 04 também está correta, pois Descartes do mundo. A busca por esse fundamento muitas
destaca a importância de libertar o espírito das ideias vezes é resumida a partir do conceito de substância,
falsas e incertas que podem interferir na busca pela que para ele se refere a algo que é
verdade. Ele acredita que é necessário começar tudo A) complexo por natureza, constituindo a unidade
novamente desde os fundamentos, questionando mínima do cosmo.
todas as antigas opiniões para estabelecer um B) estabilizador da realidade, dada a exigência de
conhecimento mais sólido. permanência desta.
C) desdobrado no composto, em vez de gerá-lo
362. Para o racionalismo, a razão é a verdadeira fonte unindo-se a outras substâncias simples.
do conhecimento. D) considerado simples e múltiplo a um só tempo,
De acordo com essa afirmativa, os filósofos que por ser um todo indecomponível constituído de
podem ser considerados racionalistas são partes.
A) Locke, Plotino e Hume. E) essencial na estrutura do que existe no
B) Kant, Aristóteles e Nietzsche. mundo, sem deixar de contribuir para o
C) Platão, Descartes e Karl Marx. movimento.
D) Descartes, Malebranche e Hume.
E) Platão, Santo Agostinho e Descartes. De acordo com o texto, para Leibniz a substância é
um ser capaz de ação, que pode ser simples ou
Locke, Plotino e Hume são filósofos que podem ser composto. A substância simples é aquela que não
associados ao empirismo, corrente filosófica que tem partes e é constituída por unidades, ou mônadas.
destaca a importância da experiência sensível como Já a substância composta é a reunião de substâncias
fonte do conhecimento. simples ou mônadas. Portanto, a resposta correta é a
alternativa E: a substância é essencial na estrutura do
Kant e Nietzsche possuem uma perspectiva crítica que existe no mundo, sem deixar de contribuir para
em relação ao conhecimento, mas não são o movimento.
considerados racionalistas puros. Aristóteles é
conhecido por sua filosofia sistemática, que se baseia 9. ESPINOSA
em uma análise empírica do mundo natural.
364. Vimos, assim, que a Alma pode sofrer grandes
Platão, Santo Agostinho e Descartes são transformações e passar ora a uma maior perfeição,
considerados racionalistas, pois acreditavam que a ora a uma menor, paixões estas que nos explicam as
razão é a principal fonte de conhecimento, capaz de afecções de alegria e de tristeza. Assim, por alegria,
alcançar verdades universais e necessárias. Platão entenderei, no que vai seguir-se, a paixão pela qual a
defendia a existência de ideias universais e eternas, Alma passa a uma perfeição maior; por tristeza, ao
enquanto Santo Agostinho buscava conciliar a fé contrário, a paixão pela qual a Alma passa a uma
cristã com a razão. Descartes é famoso pela sua frase perfeição menor.
(ESPINOSA, B. Ética. Trad. Antonio Simões. Lisboa: Relógio
"Penso, logo existo", que exemplifica a importância D’Água, 1992. p. 279).
do pensamento racional como forma de obter Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
certezas indubitáveis. problema da paixão e da afecção em Espinosa,
assinale a alternativa correta.
363. A substância é um Ser capaz de Ação. Ela é
simples ou composta. A substância simples é aquela que
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a) A tristeza é uma ação da alma, consistente na argumento em favor da democracia. Segundo ele, a
afecção causada por uma paixão, por meio da qual a democracia surge para libertar os homens, onde se
alma visa a própria destruição. tem o desejo do povo que é o de governar e não ser
b) As transformações da alma, seja o aumento ou a governado. Já a monarquia, compara ele, é o governo
diminuição de intensidade, fazem coexistir paixões de um só e não proporciona liberdade aos cidadãos,
contrárias. pois o exercício da violência é o domínio do poder
c) O aumento de perfeição, característico de teológico-político sobre os corpos e as consciências
afecção da alegria, vincula-se ao esforço da alma dos cidadãos. O exercício da violência não significa
em perceber-se com mais clareza e distinção. que o Estado seja forte, pois um Estado forte conta
d) Tristeza e alegria são denominadas paixões porque com o consentimento de seus cidadãos. A crítica de
resultam da ação de distintas dimensões da alma, Espinosa ao poder teológico-político tem como base
responsáveis pela produção dessas afecções. a extinção do fundamento do absolutismo
e) Se uma coisa aumenta a potência de agir do corpo, monárquico, que é a transcendência de Deus.
a ideia dessa mesma coisa diminuirá a potência de
pensar da nossa alma. 366. “Diz-se livre a coisa que existe exclusivamente
pela necessidade de sua natureza e que por si só é
A alegria, por ser uma afecção ascendente, determinada a agir. E diz-se necessária, ou melhor,
potenciadora do corpo e da alma, possui relação com coagida, aquela coisa que é determinada por outra a
a atividade intelectiva da alma em buscar apreender existir e a operar de maneira definida e determinada”.
as ideias de modo claro e distinto. Assim, o aumento SPINOZA, Benedictus de. Ética. Tradução e Notas de Tomaz
de perfeição, inerente à afecção da alegria e a um Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, parte I, definição 7, p.
13. – Texto adaptado.
conhecimento mais claro, possibilita a recusa da
Sobre a questão da liberdade divina e humana em
ignorância e do preconceito, modos obscuros e
Spinoza, considere as seguintes afirmações:
despotenciados da alma.
I. Somente Deus é livre.
II. A liberdade de Deus consiste em
365. Sobre a questão da liberdade em Spinoza, a
determinar-se por si só a operar.
filósofa brasileira Marilena Chauí afirma o seguinte:
III. O homem é coagido, pois é determinado por
“[...] o poder teológico-político é duplamente
outra coisa a operar de maneira definida e
violento. Em primeiro lugar, porque pretende roubar
determinada.
dos homens a origem de suas ações sociais e
É correto o que se afirma em
políticas, colocando-as como cumprimento a
a) I, II e III.
mandamentos transcendentes de uma vontade divina
b) II e III apenas.
incompreensível ou secreta, fundamento da ‘razão de
c) I e II apenas.
Estado’. Em segundo, porque as leis divinas
d) I e III apenas.
reveladas, postas como leis políticas ou civis,
impedem o exercício da liberdade, pois não regulam
Espinosa parte da concepção de que a liberdade é
apenas usos e costumes, mas também a linguagem e
resultado do entendimento de que somos parte da
o pensamento, procurando dominar não só os
natureza e que estamos sujeitos às leis naturais.
corpos, mas também os espíritos”.
CHAUÍ, Marilena. Espinosa, uma subversão filosófica. Revista Assim, a mente humana só percebe algumas causas
CULT, 14 de março de 2010. Disponível em: naturais, não sendo totalmente livre, mesmo com a
https://revistacult.uol.com.br/home/baruch-espinosa/. sensação de livre arbítrio. Somente Deus é livre, pois
O poder teológico-político é violento, porque ele possui a liberdade de agir e criar segundo sua
A) submete os homens a leis supostamente essência.
transcendentes ao negar-lhes a imanência de
suas próprias ações. 367. Os filósofos concebem as emoções que se
B) retira dos homens a esperança de que suas ações combatem entre si, em nós, como vícios em que os
tenham como causa e fim a transcendência divina. homens caem por erro próprio; é por isso que se
C) transforma a linguagem e o pensamento dos habituaram a ridicularizá-los, deplorá-los, reprová-los
homens em formas de libertação de corpos e ou, quando querem parecer mais morais, detestá-los.
espíritos. Concebem os homens, efetivamente, não tais como
D) recusa aos usos e costumes o papel de são, mas como eles próprios gostariam que fossem.
fundamento transcendente das ações políticas e leis ESPINOSA, B. Tratado político. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
civis dos homens. No trecho, Espinosa critica a herança filosófica no
que diz respeito à idealização de uma
A noção de um Deus imanente dá base à defesa de a) estrutura da interpretação fenomenológica.
Espinosa acerca da liberdade política e seu b) natureza do comportamento humano.
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de "coisa má", ou seja, algo que é contrário à nossa na ordenação de meu pensamento. Não terei mais,
natureza. possuindo terras; pelo espaço, o universo me abarca
e traga como um ponto; pelo pensamento, eu o
O filósofo demonstra a contrariedade entre natureza abarco".
humana e maldade: essa afirmação também está PASCAL, Blaise. Pensamentos. São Paulo: Abril Cultural, 1988.
correta, pois Spinoza argumenta que não há nada de (Coleção Os Pensadores, Artigo VI, p. 347 - 348)
intrinsecamente mau na natureza humana, e que o No texto filosófico apresentado, escrito por Blaise
que chamamos de "maldade" é algo que é contrário à Pascal, o pensador, ao criar a metáfora do caniço
nossa natureza e que reduz nossa potência de agir. pensante, defende qual destas teses?
Portanto, há uma contrariedade entre a natureza a) O homem está mais preocupado com o passado
humana e aquilo que é considerado mau. e/ou com o futuro, esquecendo-se de viver o
presente.
10. PASCAL b) O ser humano é complexo, inconstante. Não sabe
o que quer.
371. Nada acusa mais uma extrema fraqueza de c) O homem é crédulo, tímido, fraco, temerário.
espírito do que não conhecer qual é a infelicidade de d) O homem é tão fraco que até uma gota d`água
um homem sem Deus; nada marca mais uma má pode destruí-lo.
disposição do coração do que não desejar a verdade e) O homem demonstra, ao mesmo tempo,
das promessas eternas; nada é mais covarde do que grandeza e fragilidade.
fazer-se de bravo contra Deus. Deixem então essas
impiedades para aqueles que são bastante mal No texto filosófico apresentado, Blaise Pascal
nascidos para ser verdadeiramente capazes disso. defende a tese de que o homem demonstra, ao
Reconheçam enfim que não há senão duas espécies mesmo tempo, grandeza e fragilidade. A metáfora do
de pessoas a quem se possam chamar razoáveis: ou caniço pensante é usada para exemplificar como o
os que servem a Deus de todo o coração porque o homem é frágil, mas ao mesmo tempo é dotado de
conhecem ou os que o buscam de todo o coração pensamento e razão, o que o torna nobre e digno.
porque não o conhecem. Assim, Pascal argumenta que a dignidade humana
(Blaise Pascal. Pensamentos, 2015. Adaptado.) não se encontra no espaço ou nas coisas materiais,
O pensamento desse filósofo é nitidamente mas na capacidade de pensar e refletir sobre si
influenciado por uma ótica mesmo e o mundo ao seu redor.
a) científica.
b) ateísta. 11. LEIBNIZ
c) antropocêntrica.
d) materialista. 373. A substância é um Ser capaz de Ação. Ela é
e) teológica. simples ou composta. A substância simples é aquela que
não tem partes. O composto é a reunião das
A ótica influenciadora do pensamento do filósofo substâncias simples ou Mônadas. Monas é uma palavra
Blaise Pascal é teológica. Em seu livro grega que significa unidade ou o que é uno. Os
"Pensamentos", Pascal apresenta argumentos em compostos ou os corpos são Multiplicidades, e as
defesa da religião cristã, procurando mostrar que a Substâncias simples, as Vidas, as Almas, os Espíritos
crença em Deus é a escolha mais racional e benéfica são unidades. É preciso que em toda parte haja
para o ser humano. Assim, a resposta correta é a letra substâncias simples porque sem as simples não
E. haveria as compostas, nem movimento. Por
conseguinte, toda natureza está plena de vida.
372. "O homem não passa de um caniço, o mais LEIBNIZ, G. W. Discurso de metafísicas e outros textos.
fraco da natureza, mas é um caniço pensante. Não é São Paulo: Matins Fontes, 2004 (adaptado).
preciso que o universo inteiro se arme para esmagá-
lo: um vapor, uma gota de água bastam para matá-lo. Dentre suas diversas reflexões, Leibniz voltou sua
Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem atenção para o tema da metafísica, que trata
seria ainda mais nobre do que quem o mata, porque basicamente do fundamento de realidade das coisas
sabe que morre e a vantagem que o universo tem do mundo. A busca por esse fundamento muitas
sobre ele; o universo desconhece tudo isso. Toda a vezes é resumida a partir do conceito de substância,
nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. Daí que para ele se refere a algo que é
que é preciso nos elevarmos, e não do espaço e da A) complexo por natureza, constituindo a unidade
duração, que não podemos preencher. Trabalhemos, mínima do cosmo.
pois, para bem pensar; eis o princípio da moral. Não B) estabilizador da realidade, dada a exigência de
é no espaço que devo buscar minha dignidade, mas permanência desta.
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C) desdobrado no composto, em vez de gerá-lo avanço permitido pelo novo método; a sexta, a nova
unindo-se a outras substâncias simples. filosofia que iria apresentar o resultado final,
D) considerado simples e múltiplo a um só tempo, organizado num sistema completo de axiomas”.
por ser um todo indecomponível constituído de
partes. 375. Segundo Francis Bacon, “são de quatro gêneros
E) essencial na estrutura do que existe no os ídolos que bloqueiam a mente humana. Para
mundo, sem deixar de contribuir para o melhor apresentá-los, lhes assinamos nomes, a saber:
movimento. Ídolos da Tribo; Ídolos da Caverna; Ídolos do Foro e
Ídolos do Teatro”.
Leibniz defendia que as substâncias simples eram BACON, F. Novum Organum. Tradução de José Aluysio Reis
essenciais na estrutura do que existe no mundo e de Andrade. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 21.
contribuíam para o movimento, já que sem as Com base nos conhecimentos sobre Bacon,
substâncias simples não haveria as compostas, nem o os Ídolos da Tribo são:
movimento. a) Os ídolos dos homens enquanto indivíduos.
b) Aqueles provenientes do intercurso e da
12. BACON associação recíproca dos indivíduos.
c) Aqueles que imigraram para o espírito dos homens
374. [...] chamamos esses lugares de regiões por meio das diversas doutrinas filosóficas.
superiores. [...] Tais torres, conforme sua altura e d) Aqueles que chegam ao espírito humano por meio
posição, servem para experimentos de isolamento, de regras viciosas de demonstração.
refrigeração e conservação, e para as observações e) Aqueles fundados na própria natureza
atmosféricas, como o estudo dos ventos, da chuva, humana.
da neve, granizo e de alguns meteoros ígneos.
BACON, F. Nova Atlântida. São Paulo: Nova Cultural. 1997. Os Ídolos da Tribo são aqueles fundados na própria
De acordo com o texto e os conhecimentos sobre os natureza humana. Portanto, a alternativa correta é a
subtemas, pode-se afirmar que o pensamento de letra E. Os Ídolos da Tribo, para Bacon, são os erros
Francis Bacon: e tendências comuns à espécie humana, que
a) Reconhece e valoriza o distanciamento da decorrem da própria constituição do ser humano,
realidade preconizado pelos autores da escolástica. tais como a tendência a generalizar, a atribuir
b) Rejeita a máxima “saber é poder” e compreende a significado a coisas sem fundamento e a atribuir
ciência como meio de controle sobre os seres qualidades pessoais a objetos inanimados.
humanos.
c) Está voltado para o problema do método e 376. Segundo o filósofo inglês Francis Bacon (1561-
para a defesa da experimentação. 1626), o ser humano tem o direito de dominar a
d) Considera o acesso à verdade como um processo natureza e as técnicas; as ciências são os meios para
que resulta do método dialético e que parte dos exercer esse poder.
dados gerais para chegar ao particular. Que processo histórico pode ser diretamente
e) Estrutura, assim como de Platão, sua “utopia associado a essas ideias?
política”, tendo como base a sociedade organizada a) Os ideais de retorno à vida natural.
em trabalhadores, soldados e governantes. b) O bloqueio continental imposto à Europa por
Napoleão Bonaparte.
Para muitos autores da tradição, a obra de Francis c) A Contrarreforma promovida pela Igreja
Bacon representa uma importante contribuição para Católica.
o “método experimental” e para a “ciência moderna d) O surgimento do estilo barroco nas artes.
e o empirismo”. Sua obra pode ser considerada e) A Revolução Industrial.
como estando voltada para o problema do método e
da pesquisa experimental. A título de exemplo, A ideia de que o ser humano tem o direito de
segundo José Aluysio Reis de Andrade (1997, p. 10), dominar a natureza e que as ciências são os meios
“o plano da Grande Instauração compreendia seis para exercer esse poder está diretamente relacionada
partes: a primeira era uma classificação completa das ao processo histórico da Revolução Industrial. Foi
ciências existentes; a segunda, a apresentação dos durante esse período que houve um grande avanço
princípios de um novo método para conduzir a tecnológico e científico, permitindo que o homem
busca da verdade; a terceira, a coleta de dados pudesse transformar a natureza de forma mais
empíricos; a quarta, uma série de exemplos de eficiente e intensa do que nunca antes. Além disso, a
aplicação do método; a quinta, uma lista de ideia de que a ciência e a técnica podem ser usadas
generalizações de suficiente interesse para mostrar o para melhorar a vida humana e transformar a
sociedade foi uma das principais justificativas para a
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adoção do modelo de desenvolvimento capitalista tais ídolos são: ídolos da tribo, ídolos da caverna,
que marcou a Revolução Industrial. ídolos do fórum e ídolos do teatro.
377. Leia atentamente o trecho a seguir, que é um 378. Os produtos e seu consumo constituem a meta
fragmento do pensamento de Francis Bacon a declarada do empreendimento tecnológico. Essa
respeito do processo de conhecimento e da relação meta foi proposta pela primeira vez no início da
entre conhecimento contemplativo e conhecimento Modernidade, como expectativa de que o homem
prático: poderia dominar a natureza. No entanto, essa
“Efetivamente construímos no intelecto humano um expectativa, convertida em programa anunciado por
modelo verdadeiro do mundo, tal qual foi pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado
descoberto e não segundo o capricho da razão de pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de
fulano ou beltrano. Porém, isso não é possível levar a poder”, “de um mero imperialismo humano”, mas da
efeito, sem uma prévia e diligentíssima dissecção e aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida,
anatomia do mundo. Por isso, decidimos correr com física e culturalmente.
todas essas imagens ineptas e simiescas que a fantasia CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três
humana infundiu nos vários sistemas filosóficos. enfoques, Scientiae Studia. São Paulo, v. 2 n. 4, 2004.
Saibam os homens como já antes dissemos a imensa Autores da filosofia moderna, notadamente
distância que separa os ídolos da mente humana das Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem
ideias da mente divina. Aqueles, de fato, nada mais a ciência como uma forma de saber que almeja
são que abstrações arbitrárias; estas, ao contrário, são libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse
as verdadeiras marcas do Criador sobre as criaturas, contexto, a investigação científica consiste em
gravadas e determinadas sobre a matéria, através de a) expor a essência da verdade e resolver
linhas exatas e delicadas. Por conseguinte, as coisas definitivamente as disputas teóricas ainda existentes.
em si mesmas, neste gênero, são verdade e utilidade, b) oferecer a última palavra acerca das coisas que
e as obras devem ser estimadas mais como garantia existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia.
da verdade que pelas comodidades que propiciam à c) ser a expressão da razão e servir de modelo
vida humana”. para outras áreas do saber que almejam o
BACON, Francis. Novum Organum ou Verdadeiras progresso.
Indicações Acerca da Interpretação da Natureza. Domínio d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a
público (http://br.egroups.com/group/acropolis/) natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos.
Levando em consideração o trecho acima e o e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos
pensamento de Francis Bacon, é correto naturais e impor limites aos debates acadêmicos.
afirmar que
A) a concepção baconiana de mundo está ligada à 379. Dos parágrafos XLI ao XLIV de seu Novum
corrente racionalista que associa a ideia divina Organon: instauratio Magna, o inglês Francis Bacon
revelada ao processo de descoberta da verdade. (1561-1621), considerado o fundador da ciência
B) Bacon defendia um modo de pensar mais moderna, enumera os quatro ídolos da sua famosa
atento às coisas, imune aos ídolos construídos doutrina dos ídolos. São eles: tribo, caverna, mercado
pela mente humana quando destituída de um e tetro. Com essa doutrina, Bacon pretende dar
método de abordagem do real. meios de depuração da razão para que possamos
C) Francis Bacon defendia um empirismo de caráter confiar nos sentidos como meios de conhecimento
essencialmente contemplativo com submissão parcial do mundo. Com isso, podemos nos livrar de falsas
da experiência ao pensar especulativo. compreensões, ideias ilusórias, expectativas
D) A filosofia de Francis Bacon reafirmou a individuais e tradições enganosas, para extrair da
importância da metafísica aristotélica como ponto natureza, através da ciência experimental e da
máximo do conhecimento puramente contemplador verdadeira indução, as suas leis.
da verdade. A corrente de pensamento inaugurada por Bacon,
com essa doutrina, é denominada
Bacon fazia parte da corrente empirista, não do A) Empirismo.
racionalismo. Sua ideia central na crítica dos "ídolos" B) Idealismo.
é superar as antigas bases do conhecimento (de C) Racionalismo.
cunho aristotélico), e partir para uma nova D) Positivismo.
concepção. Sua proposta tinha por objetivo o maior
desenvolvimento da ciência, para garantir o A corrente de pensamento inaugurada por Bacon
domínio/poder humano sobre a natureza. Nesse com a doutrina dos ídolos é denominada Empirismo,
processo, existem "ídolos" que dificultam o alcance pois destaca a importância da experiência sensorial
de um conhecimento mais completo e verdadeiro, como fonte primária de conhecimento, ao mesmo
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tempo em que alerta para os possíveis erros que Francis Bacon, e o pensamento filosófico clássico.
podem decorrer da interpretação equivocada dos Sobre essa relação, é correto afirmar que
dados fornecidos pelos sentidos. A) não houve nenhuma mudança substantiva entre a
forma como os modernos pensavam o mundo e a
380. [...] chamamos esses lugares de regiões forma como os antigos interpretavam a realidade, a
superiores. [...] Tais torres, conforme sua altura e não ser no aspecto da adoção de um processo
posição, servem para experimentos de isolamento, metodológico diferenciado do pensamento.
refrigeração e conservação, e para as observações B) a filosofia dos modernos buscava compreender a
atmosféricas, como o estudo dos ventos, da chuva, forma do pensamento e a partir de um raciocínio
da neve, granizo e de alguns meteoros ígneos. dedutivo, ao contrário dos antigos que baseavam o
(BACON, F. Nova Atlântida. São Paulo: Nova Cultural. 1997.) pensamento na forma indutiva e experimental de
De acordo com o texto e os conhecimentos sobre os abordagem da realidade.
subtemas, pode-se afirmar que o pensamento de C) a mudança da maneira com que os filósofos
Francis Bacon: da modernidade passaram a pensar a realidade
a) Reconhece e valoriza o distanciamento da foi radical em relação aos antigos, representando
realidade preconizado pelos autores da escolástica. uma ruptura com um tipo de saber retórico e a
b) Rejeita a máxima “saber é poder” e compreende a adoção de um pensamento focado na pesquisa
ciência como meio de controle sobre os seres sobre os fatos e as coisas.
humanos. D) embora ancorada em raciocínio lógico e em um
c) Está voltado para o problema do método e método mais preciso de análise, a filosofia dos
para a defesa da experimentação. modernos mostrava-se inferior ao pensamento
d) Considera o acesso à verdade como um processo antigo, em decorrência tanto de sua dependência
que resulta do método dialético e que parte dos excessiva da experiência, como do abandono do
dados gerais para chegar ao particular. raciocínio.
e) Estrutura, assim como o de Platão, sua “utopia
política”, tendo como base a sociedade organizada Para Francis Bacon, a natureza deve ser observada
em trabalhadores, soldados e governantes. sistematicamente na prática, onde quem observa
deve deixar de lado qualquer preconceito (“ídolos”).
De acordo com o texto, pode-se afirmar que o Bacon prioriza a experiência, onde o conhecimento
pensamento de Francis Bacon está voltado para o pode ser produzido pela observação. O empirismo
problema do método e para a defesa da afirma que todo o conhecimento se origina na
experimentação, como indicado no trecho "servem experiência.
para experimentos de isolamento, refrigeração e
conservação, e para as observações atmosféricas". 382. Resta-nos um único e simples método, para
Portanto, a alternativa correta é a letra c. Além disso, alcançar os nossos intentos: levar os homens aos
a afirmação sobre a "utopia política" estruturada por próprios fatos particulares e às suas séries e ordens, a
Bacon, presente na alternativa e, não é mencionada fim de que eles, por si mesmos, se sintam obrigados
no texto fornecido. a renunciar às suas noções e comecem a habituar-se
ao trato direto das coisas.
381. “Toda a obra de Francis bacon se destina a (BACON, F. Novum Organum Trad. José Aluysio Reis de
substituir uma cultura do tipo retórico-literário por Andrade. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p. 26.)
uma do tipo técnico-científico. Bacon está Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
perfeitamente consciente de que a realização deste problema do método de investigação da natureza em
programa de reforma comporta numa ruptura com a Bacon, assinale a alternativa correta.
tradição. De que tal ruptura diz respeito não só ao a) O preceito metodológico do “trato direto das
modo de pensar, mas também ao modo de viver dos coisas” supõe que cada um já possui em si as
homens. O tipo de discurso filosófico elaborado no condições para realizar a investigação da natureza.
mundo clássico pressupõe, segundo Bacon, a b) A investigação da natureza consiste em aplicar um
superioridade da contemplação sobre as obras, da conjunto de pressupostos metafísicos, cuja função é
resignação diante da natureza sobre a conquista da orientar a investigação.
natureza, da reflexão acerca da interioridade sobre a c) As “séries e ordens” referentes aos fatos
pesquisa voltada para os fatos e as coisas.” particulares resultam da aplicação dos pressupostos
ROSSI, Paolo. Os filósofos e as máquinas:1400-700. São Paulo: do método de investigação.
Companhia das Letras, 1989, p.75/adaptado. d) A renúncia às noções que cada um possui é o
A passagem acima expõe a relação entre o princípio do método de investigação, que levará a ida
pensamento filosófico moderno, representado por aos fatos particulares.
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que partem “dos fatos concretos tais como se dão na uma vez que esta é marcada por numerosos conflitos
experiência” para chegar às “formas gerais que que atestam o pouco apreço que temos pelo
constituem suas leis e causas”. conhecimento.
386. O saber, para Bacon, é apenas um meio mais A alternativa que confronta corretamente a
vigoroso e seguro para conquistar o poder sobre a concepção baconiana de que saber é poder com
natureza e não tem valor apenas em si mesmo. [...] questões sociais ou ambientais da época atual é a
Por outro lado, sua filosofia não pretende entregar o letra a) Francis Bacon defende o conhecimento
saber ao homem como instrumento para o domínio como um meio para melhorar a vida humana com a
dos semelhantes; ao contrário, desejou que a ciência geração de tecnologias que emancipem o homem do
servisse à humanidade em geral, na sua permanente domínio da natureza. Esse modelo de relação entre
luta contra a natureza, deixando de ser concebida homem e natureza, porém, desenvolvido pela
simplesmente como contemplação de uma ordem de civilização ocidental nos últimos séculos, resultou em
coisas eternas e perfeitas, supostamente criadas por graves desequilíbrios ecológicos. O texto destaca a
um ser superior. defesa de Bacon do conhecimento como um meio
ANDRADE, José Aluysio Reis de. Vida e obra. In: Bacon. São Paulo: Nova
Cultural, 2000. p. 12-13. (Os pensadores.)
para conquistar o poder sobre a natureza, mas
O texto acima refere-se à tese desenvolvida pelo também aponta as consequências negativas desse
filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626), segundo a modelo de relação homem-natureza, que tem gerado
qual saber é poder. graves desequilíbrios ecológicos na atualidade. A
Assinale a alternativa que confronta corretamente alternativa b) atribui a Francis Bacon a
esta concepção baconiana com questões sociais ou responsabilidade pelos rumos da civilização
ambientais da época atual. ocidental, o que é uma visão simplista e equivocada
a) Francis Bacon defende o conhecimento como da história. As alternativas c) e d) apresentam ideias
um meio para melhorar a vida humana com a que não correspondem à filosofia de Bacon. Por fim,
geração de tecnologias que emancipem o a alternativa e) desconsidera a relevância e atualidade
homem do domínio da natureza. Esse modelo do pensamento baconiano para a compreensão dos
de relação entre homem e natureza, porém, problemas contemporâneos.
desenvolvido pela civilização ocidental nos
últimos séculos, resultou em graves 387. São de quatro gêneros os ídolos que bloqueiam
desequilíbrios ecológicos. a mente humana. Para melhor apresentá-los,
b) A filosofia de Francis Bacon é responsável pelos assinalamos os nomes: Ídolos da Tribo, Ídolos da
rumos econômicos, culturais e sociais da civilização Caverna, Ídolos do Foro e Ídolos do Teatro.”
BACON. Novum Organum..., São Paulo: Nova Cultural, 1999.
ocidental. Por isso, devemos a esse filósofo inglês as
É correto afirmar que para Bacon:
comodidades da vida contemporânea, como o
a) Os Ídolos da Tribo e da Caverna são os
computador, o automóvel e tantos outros produtos
conhecimentos primitivos que herdamos dos nossos
gerados pela tecnologia, e sem os quais nossa
antepassados mais notáveis.
existência seria impensável.
b) Os Ídolos do Teatro são todos os grandes atores
c) Com sua tese de que saber é poder, Francis Bacon
que nos influenciam na vida cotidiana.
defende uma sociedade marcada pela hierarquia do
c) Os Ídolos do Foro são as ideias formadas em nós
conhecimento, isto é, uma divisão social em que os
por meio dos nossos sentidos.
intelectuais utilizem seu conhecimento para dominar
d) Através dos Ídolos, mesmo considerando que
os ignorantes. Essa, aliás, é a causa de muitos
temos a mente bloqueada, podemos chegar à
conflitos sociais, políticos e culturais no mundo
verdade.
contemporâneo.
e) Os Ídolos são falsas noções e retratam os
d) A filosofia de Francis Bacon preconiza uma forma
principais motivos pelos quais erramos quando
de saber superior, por meio da qual os homens sejam
buscamos conhecer.
capazes de transcender das coisas mundanas para a
esfera divina. Atualmente, a proliferação de
Bacon considera que os Ídolos, que se dividem em
movimentos espiritualistas no mundo ocidental
quatro categorias (Tribo, Caverna, Foro e Teatro),
atesta a validade da filosofia baconiana, uma vez que
são noções falsas que impedem a mente humana de
sua proposta está se efetivando.
alcançar a verdade e o conhecimento correto da
e) A proposta de Francis Bacon não deve ser
natureza. Os Ídolos da Tribo referem-se aos erros
entendida isoladamente, mas, isto sim, em
que derivam da natureza humana em si mesma; os da
correspondência com as transformações culturais,
Caverna decorrem da educação e da formação
econômicas, políticas e sociais que ocorriam em seu
particular de cada indivíduo; os do Foro surgem do
tempo. Por isso, não tem valor para a atualidade,
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Pois a natureza não se vence, se não quando se lhe e) na observação de casos particulares revelados pela
obedece. E o que à contemplação apresenta-se como experiência, os quais impedem a necessidade e a
causa é regra na prática.” universalidade no estabelecimento das leis naturais.
BACON. Novum Organum..., São Paulo: Nova Cultural, 1999.
Tendo em vista o texto acima, assinale a alternativa O método indutivo de Bacon consiste em partir de
correta: casos particulares observados na experiência para, a
a) Bacon estabelece que a melhor maneira de explicar partir deles, chegar a generalizações e leis universais
os fenômenos naturais é recorrer aos princípios que expliquem os fenômenos estudados. É um
inatos da razão. método baseado na observação empírica e na
b) Através do conhecimento científico, o homem experimentação, e tem como objetivo buscar o
aprende a aceitar o domínio dos princípios conhecimento científico de forma gradual e
metafísicos de causalidade sobre a natureza. constante, a partir de leis seguras e comprováveis.
c) O conhecimento da natureza depende do poder Dessa forma, o método indutivo se opõe ao método
do homem. Assim um rei conhece mais sobre a aristotélico, que se baseava principalmente na
natureza do que um pobre estudante. dedução a partir de princípios gerais e universais.
d) Através da contemplação - observação – da
natureza o homem aprende a conhecê-la e, 392. Em sua obra Nova Atlântida, Francis Bacon
então, reúne condições para dominar a descreve uma instituição imaginária chamada Casa de
natureza. Salomão, cuja finalidade “[...] é o conhecimento das
e) Devemos ser práticos e obedecer à natureza, pois causas e dos segredos dos movimentos das coisas e a
o conhecimento das relações de causa e efeito é ampliação dos limites do império humano para a
impossível e sempre frustrante. realização de todas as coisas que forem possíveis.”
BACON, Francis. Nova Atlântida. São Paulo: Nova Cultural.
De acordo com o texto, Bacon defende que a Sobre a concepção de ciência em Francis Bacon, é
contemplação da natureza é fundamental para o correto afirmar:
conhecimento científico, que, por sua vez, permite a) A ciência justifica-se por si própria e está
ao homem reunir condições para dominá-la. Ou seja, desvinculada da necessidade de proporcionar
o homem deve obedecer à natureza para poder conhecimento sobre a natureza.
vencê-la. Além disso, Bacon propõe um método b) O objetivo da ciência é fornecer a quem a controla
científico baseado na observação e na um instrumento de domínio social sobre os outros
experimentação, e não em princípios inatos da razão homens.
ou metafísicos. c) Para a ciência, o enfrentamento das questões
econômicas e sociais tem maior relevância do que o
391. O pensamento moderno caracteriza-se pelo conhecimento da natureza, porque proporciona uma
crescente abandono da ciência aristotélica. Um dos vida boa para os indivíduos.
pensadores modernos desconfortáveis com a lógica d) A origem da ciência está dada em pressupostos a
dedutiva de Aristóteles – considerando que esta não priori, sendo desnecessário o recurso ao saber
permitia explicar o progresso do conhecimento prático e empírico.
científico – foi Francis Bacon. No livro Novum e) A ciência visa o conhecimento da natureza
Organum, Bacon formulou o método indutivo como com a intenção de controle e domínio sobre ela
alternativa ao método lógico-dedutivo aristotélico. para que o homem possa ter uma vida melhor.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
pensamento de Bacon, é correto afirmar que o A concepção de ciência em Francis Bacon, como
método indutivo consiste expressa na descrição da Casa de Salomão em Nova
a) na derivação de consequências lógicas com base Atlântida, é que ela visa o conhecimento da natureza
no corpo de conhecimento de um dado período com a intenção de controle e domínio sobre ela para
histórico. que o homem possa ter uma vida melhor. Portanto, a
b) no estabelecimento de leis universais e necessárias alternativa correta é a letra e). Bacon via na ciência
com base nas formas válidas do silogismo tal como uma forma de ampliar os limites do império humano
preservado pelos medievais. para a realização de todas as coisas que forem
c) na postulação de leis universais com base em possíveis.
casos observados na experiência, os quais
apresentam regularidade. 393. “[...] Aristóteles estabelecia antes as conclusões,
d) na inferência de leis naturais baseadas no não consultava devidamente a experiência para
testemunho de autoridades científicas aceitas estabelecimento de suas resoluções e axiomas. E
universalmente. tendo, ao seu arbítrio, assim decidido, submetia a
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experiência como a uma escrava para conformá-la às formulação de teorias baseadas apenas na lógica
suas opiniões”. dedutiva.
(BACON, Francis. Novum Organum. Trad. de José Aluysio
Reis de Andrade. 4. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 33.) Já a opção 08 também está correta, pois Bacon
Com base no texto, assinale a alternativa que defendia que a indução era a base da experimentação
apresenta corretamente a interpretação que Bacon científica, ou seja, a partir da observação e da
fazia da filosofia aristotélica. enumeração exaustiva das variáveis dos fenômenos
a) A filosofia aristotélica estabeleceu a experiência analisados, seria possível estabelecer relações causais
como o fundamento da ciência. entre eles e chegar a conclusões gerais.
b) Aristóteles consultava a experiência para
estabelecer os resultados e axiomas da ciência. As demais opções estão incorretas. Bacon não
c) Aristóteles afirmava que o conhecimento teórico defendia que o conhecimento era inato, nem que as
deveria submeter-se, como um escravo, ao relações causais deveriam ser intuídas a partir de
conhecimento da experiência. deduções lógicas e racionais, e também não
d) Aristóteles desenvolveu uma concepção de considerava os dilemas morais sobre "saber não é
filosofia que tem como consequência a poder".
desvalorização da experiência.
e) Aristóteles valorizava a experiência, por considerá- 395. “Francis Bacon (1561-1626), com o seu lema
la um caminho seguro para superar a opinião e ‛saber é poder’, critica a base metafísica da física
atingir o conhecimento verdadeiro. grega e medieval e realça o papel histórico da ciência
e do saber instrumental, capaz de dominar a
De acordo com o texto, a interpretação que Bacon natureza. Rejeita as concepções tradicionais de
faz da filosofia aristotélica é que Aristóteles pensadores ‘sempre prontos para tagarelar’, mas que
estabelecia as conclusões primeiro, sem consultar ‛são incapazes de gerar, pois a sua sabedoria é farta
adequadamente a experiência para estabelecer suas de palavras, mas estéril em obras’.”
resoluções e axiomas, e depois submetia a (Novum organum, Livro I, LXXI. In ARANHA, M. L. de A.;
experiência às suas opiniões como se fosse uma MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2009,
escrava. p. 68).
Sobre o pensamento de F. Bacon, assinale o que for
394. Francis Bacon (1561-1626) propôs um correto.
conhecimento baseado no saber experimental e na 01) Enquanto na Idade Média o saber contemplativo
lógica indutiva. Criticou o saber contemplativo era privilegiado em detrimento da prática, F. Bacon
medieval e a lógica dedutiva aristotélica. Denunciou valorizava a técnica de experimentação empírica.
os preconceitos que dificultam a apreensão da 02) O conhecimento dos estados da matéria
realidade, como as crenças e superstições religiosas. possibilita o controle sobre os fenômenos da
A respeito das ideias de Francis Bacon, assinale o que natureza, como controlar a evaporação, por exemplo.
for correto. 04) Entre os conhecimentos práticos da filosofia de
01) A origem do verdadeiro conhecimento é inata, F. Bacon destaca-se a oratória, arte de utilizar
pois somos criaturas divinas. técnicas de linguagem a fim de persuadir o
02) O ideal da ciência é não formular nenhuma teoria espectador.
sem examinar pela experiência o conteúdo das 08) Ao defender a alquimia, F. Bacon valoriza
proposições científicas. aspectos mágicos da matéria, revelados pela ciência
04) As relações causais entre os fenômenos da química.
natureza devem ser intuídas a partir de deduções 16) Em sua obra filosófica mais importante, “A
lógicas e racionais. poética da natureza”, F. Bacon descreve o modo
08) Através da indução, a experiência científica pelo qual a mão de Deus permanece ativa sobre os
enumera exaustivamente as variáveis dos fenômenos fenômenos da natureza.
que analisa.
16) A concepção de ciência de Francis Bacon As opções 01 e 02 estão corretas. Bacon não
considera os dilemas morais segundo os quais “saber valorizava a oratória como conhecimento prático da
não é poder”, mas “proteger a natureza”. filosofia, mas sim a experimentação empírica. Ele
também não defendia a alquimia como aspecto
As opções 02 e 08 estão corretas. A opção 02 está mágico da matéria, mas como uma forma de
correta, pois Bacon defendia que o verdadeiro conhecimento prático para transformar os elementos
conhecimento só poderia ser alcançado por meio da químicos. Além disso, Francis Bacon não escreveu
experiência e da observação empírica, evitando a uma obra filosófica intitulada "A poética da
natureza".
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medida em que contrariar esses direitos, a autoridade b) A distinção entre a sociedade política e a
do governante sobre seus súditos é perdida e, sociedade civil fundamenta o direito à liberdade
portanto, a resistência a essa forma de governo se dos indivíduos, pois mesmo que pertençam a
torna legítima. um corpo político permanecem livres.
c) O poder político deve ser determinado pelo
402. Para bem compreender o poder político e nascimento dos cidadãos.
derivá-lo de sua origem, devemos considerar em que d) Quando adentra a sociedade, o indivíduo abre
estado todos os homens se acham naturalmente, mão de sua liberdade, de seus bens e de suas
sendo este um estado de perfeita liberdade para propriedades que passam a ser controlados somente
ordenar-lhes as ações e regular-lhes as posses e as pelo Estado.
pessoas conforme acharem conveniente, dentro dos
limites da lei de natureza, sem pedir permissão ou John Locke, um dos principais pensadores do
depender da vontade de qualquer outro homem. liberalismo, faz a distinção entre público e privado e
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. São sociedade política e sociedade civil como uma forma
Paulo: Abril Cultural, 1978. de determinar a importância da propriedade privada
A partir da leitura do texto acima e de acordo com o e da liberdade individual, como bem explicita a
pensamento político do autor, assinale a alternativa alternativa [B].
correta.
a) Segundo Locke, o estado de natureza se confunde 404. “Para bem compreender o poder político e
com o estado de servidão. derivá-lo de sua origem, devemos considerar em que
b) Para Locke, o direito dos homens a todas as coisas estado todos os homens se acham naturalmente,
independe da conveniência de cada um. sendo este um estado de perfeita liberdade para
c) Segundo Locke, a origem do poder político ordenar-lhe as ações e regular-lhes as posses e as
depende do estado de natureza. pessoas conforme acharam conveniente, dentro dos
d) Segundo Locke, a existência de permissão para limites da lei da natureza, sem permissão ou
agir é compatível com o estado de natureza. depender da vontade de qualquer outro homem.”
LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo. São Paulo:
O objetivo de um governo legítimo é: 1) preservar, o Abril Cultural, 1978, p. 35.
quanto possível, o direito à vida, à liberdade, à saúde Assinale a alternativa correta, de acordo com o
e à propriedade de seus cidadãos; 2) processar e pensamento de Locke.
punir aqueles cidadãos que violarem os direitos dos A) A condição natural do homem é estar sob a
outros; 3) perseguir o bem público até nos dependência da vontade de outro homem.
momentos em que isto entrar em conflito com os B) Locke separa a origem do Estado da condição
direitos individuais. Assim, o governo provê algo não natural do homem.
disponível no estado de natureza, a preservação dos C) Locke concilia a liberdade dos homens com
direitos naturais através da intervenção de uma os limites da lei de natureza, que não dependem
autoridade racional, isto é, um juiz imparcial para da vontade dos homens.
determinar a severidade do crime e definir uma D) A origem do poder político está desvinculada do
punição proporcional. Esses são os motivos que é conveniente aos homens.
fundamentais por que a sociedade civil é um avanço
sobre o estado de natureza. O Estado, na acepção de John Locke, tem a função
de assegurar os direitos naturais do homem, tais
403. “Locke vai estabelecer a distinção entre a como o direito à propriedade e à vida. Esses direitos
sociedade política e a sociedade civil, entre o público já estavam presentes no Estado de Natureza ao qual
e o privado, que devem ser regidos por leis se refere o texto do enunciado e é em função destes
diferentes. Assim o poder político não deve, em tese, que o homem possui a liberdade de poder agir e
ser determinado pelas condições de nascimento, bem regular as suas posses.
como o Estado não deve intervir, mas sim garantir e
tutelar o livre exercício da propriedade, da palavra e 405. “A liberdade do homem em sociedade consiste
da iniciativa econômica.” em não estar submetido a nenhum outro poder
ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando. legislativo senão àquele estabelecido no corpo
São Paulo: Moderna, 1986. p. 248. político mediante consentimento, nem sob o
Marque a alternativa que interpreta esse texto domínio de qualquer vontade ou sob a restrição de
corretamente. qualquer lei afora as que promulgar o poder
a) As leis que regem a sociedade civil e a sociedade legislativo, segundo o encargo a este confiado”.
política devem ser, rigorosamente, as mesmas. LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. Martins Fontes,
1998, p. 401-402. Adaptado.
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Considerando a definição de liberdade do homem justificar reformas do Estado para limitar o poder
em sociedade, de John Locke, atente para as despótico dos monarcas absolutos.
seguintes afirmações: ( ) Para Hobbes, o contrato social é a renúncia
I. A concepção de liberdade do homem em dos direitos individuais ao soberano em nome da paz
sociedade de Locke elimina totalmente o direito de civil.
cada um de agir conforme a sua vontade. ( ) Para Locke, o contrato social é a renúncia
II. A concepção de liberdade do homem em parcial dos direitos naturais em favor da liberdade e
sociedade de Locke consiste em viver sob a restrição da propriedade.
das leis promulgadas pelo poder legislativo. ( ) Para Rousseau, contrato social é a
III. A concepção de liberdade do homem em transferência dos direitos individuais para a vontade
sociedade de Locke consiste em viver segundo uma geral em favor da liberdade e da igualdade civis.
regra permanente e comum que todos devem A sequência correta, de cima para baixo, é:
obedecer. A) F, V, F, V.
É correto o que se afirma em B) V, F, V, F.
A) I e II apenas. C) V, F, F, F.
B) I e III apenas. D) F, V, V, V.
C) II e III apenas.
D) I, II e III. O tema do "contrato social" foi utilizado por
Hobbes, Locke e Rousseau para explicar a relação
John Locke também poderia ser chamado de "pai do entre os indivíduos e o Estado, na qual ambas as
Liberalismo", pois desenvolveu uma filosofia partes fizeram uma espécie de acordo para garantir a
política e moral fundamentada na liberdade, no sobrevivência. Thomas Hobbes afirmava que o
governo consentido pelos governados e na igualdade homem era mau por natureza e, diante disso, o
perante à lei. Para ele, há três direitos naturais que o Estado surgiria para manter a ordem social. John
Estado deveria garantir, são eles: direito à vida, à Locke parte da compreensão de que o homem vivia
liberdade e à propriedade. A liberdade implica estar em um estado natural, sem organização, sem garantia
livre de restrição e violência por parte dos outros de que todos estivessem usufruindo de seus direitos
indivíduos, e a lei deveria ser capaz de assegurar isso, naturais, então, o Estado surge para preservar os
no entanto, Locke admite que nem todos são direitos naturais dos homens, como a vida, a
capazes de respeitá-la, ou de obedecer a essa regra liberdade e a propriedade privada. Para Jean-Jacques
comum. Caso alguém não a respeite, estaria Rousseau, o homem era bom por natureza, mas a
ameaçando a segurança de todos os indivíduos, pois sociedade o corrompeu, e a existência do Estado se
sua ação não estaria de acordo com a regra nem com justificaria pela necessidade de se preservar a
a razão. Para Locke, portanto, onde não há lei, não liberdade e os direitos dos homens.
há liberdade. A concepção de liberdade do homem
se baseia em viver sob a restrição das leis 407. “Se todos os homens são, como se tem dito,
promulgadas pelo poder legislativo e em viver livres, iguais e independentes por natureza, ninguém
segundo uma regra permanente e comum que todos pode ser retirado deste estado e se sujeitar ao poder
devem obedecer. Sendo assim, a lei possui a político de outro sem o seu próprio consentimento.
finalidade de preservar e ampliar a liberdade. A única maneira pela qual alguém se despoja de sua
liberdade natural e se coloca dentro das limitações da
406. Três pensadores modernos marcaram a reflexão sociedade civil é através de acordo com outros
sobre a questão política: Hobbes, Locke e Rousseau. homens para se associarem e se unirem em uma
Um ponto comum perpassa o pensamento desses comunidade para uma vida confortável, segura e
três filósofos a respeito da política: a origem do pacífica uns com os outros, desfrutando com
Estado está no contrato social. Partem do princípio segurança de suas propriedades e melhor protegidos
de que o Estado foi constituído a partir de um contra aqueles que não são daquela comunidade”.
contrato firmado, entendendo o contrato como um LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. Petrópolis: Vozes,
acordo. Portanto, o Estado deve ser gerado a partir 1994, p. 139. Coleção clássicos do pensamento político.
do consenso entre as pessoas em torno de alguns No que diz respeito ao estabelecimento da sociedade
elementos essenciais para garantir a existência social. civil em John Locke, considere as seguintes
Todavia, há nuances entre eles. afirmações:
Considerando o enunciado acima, atente para o que I. O estabelecimento da sociedade civil amplia a
se diz a seguir e assinale com V o que for liberdade dos homens.
verdadeiro e com F o que for falso. II. O estabelecimento da sociedade civil funda-se no
( ) Em comum, esses pensadores buscavam consentimento.
III. O estabelecimento da sociedade civil funda-se na
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“A natureza fixou bem a medida da propriedade pela livremente em formar a sociedade civil para
extensão do trabalho do homem e conveniências da preservar e consolidar ainda mais os direitos que
vida. Nenhum trabalho do homem podia tudo possuíam originalmente no estado de natureza. No
dominar ou de tudo apropriar-se. [...] Assim o estado civil os direitos naturais inalienáveis do ser
trabalho, no começo (das sociedades humanas), humano à vida, à liberdade e aos bens estão melhor
proporcionou o direito à propriedade sempre que protegidos sob o amparo da lei, do árbitro e da força
qualquer pessoa achou conveniente empregá-lo comum de um corpo político unitário.”
sobre o que era comum.” Fonte: MELLO, L. I. A. “John Locke e o individualismo
(LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo civil. São Paulo: liberal.” In: WEFFORT, F. C. (Org.). Os Clássicos da Política.
Abril Cultural, 1983, p. 48; 45; 52) 3ª ed. São Paulo: Ática, 1991, p. 86.
Em consonância com essa concepção de propriedade Com base no texto e nos seus conhecimentos sobre
do filósofo, é correto afirmar que a filosofia política de Locke, assinale a afirmativa
01) o direito à propriedade é, prioritariamente, fruto correta:
do trabalho. a) O contrato social se justifica, para Locke, tendo
02) o direito à propriedade é fundado naquele que em vista as adversidades do estado de natureza,
primeiro se apossou do bem (terra, animais etc.). entendido como fundamentado no estado de guerra.
04) o fato de os recursos naturais serem comuns a b) Para Locke, o pacto social exige que os indivíduos
todos os homens gera um impedimento à cedam seu poder à direção suprema da vontade geral.
propriedade individual. c) Para justificar o direito à propriedade privada,
08) o trabalho individualiza o que era propriedade Locke parte da definição do direito natural como
comum, pois agrega algo particular ao bem. direito à vida, à liberdade e aos bens necessários
16) o trabalho antecede a propriedade do bem e não para a conservação de ambas. Esses bens são
o contrário. adquiridos pelo trabalho.
d) Na teoria do contrato social de Locke, o pacto é
As opções 01, 08 e 16 estão corretas. John Locke firmado apenas entre os súditos, não fazendo parte
defendia que o direito à propriedade é fruto do dele o soberano.
trabalho, pois é por meio do trabalho que se e) Segundo o contratualismo de Locke, os homens,
individualiza aquilo que antes era comum. Além ao fazerem o pacto, transferem a um terceiro
disso, o trabalho é anterior à propriedade, pois é por (homem ou assembléia) a força coercitiva da
meio dele que se produz apropriação do bem. comunidade, trocando voluntariamente sua liberdade
pela segurança garantida pelo Estado.
411. Um dos aspectos mais importantes da filosofia
política de John Locke é sua defesa do direito à De acordo com a filosofia política de Locke, a
propriedade, que ele considerava ser algo inerente à propriedade privada é um direito natural do ser
natureza humana, uma vez que o corpo é nossa humano, derivado do direito à vida, à liberdade e aos
primeira propriedade. De acordo com esta bens necessários para a sua conservação. Para Locke,
perspectiva, o Estado deve o trabalho é o meio pelo qual o homem transforma a
a) permitir aos seus cidadãos ter propriedade ou natureza e a torna produtiva, adquirindo, assim,
propriedades. direitos sobre aquilo que produziu. Nesse sentido, a
b) garantir que todos os seus cidadãos, sem exceção, propriedade privada não é vista como uma criação
tenham alguma propriedade. do Estado, mas sim como algo que já existia no
c) garantir aos cidadãos a posse vitalícia de bens. estado de natureza e que é protegido e consolidado
d) fazer com que a propriedade seja comum a todos pela sociedade civil, criada pelo contrato social.
os cidadãos.
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segundo Locke, não são suficientes para conferir se em sociedade com outros que estão já unidos, ou
legitimidade ao direito de resistência, pois o exercício pretendem unir-se, para a mútua conservação da
de tal direito causaria a dissolução do estado civil e, vida, da propriedade e dos bens a que chamo de
em consequência, o retorno ao estado de natureza. 'propriedade'”.
IV. Os indivíduos consentem livremente, segundo Locke
Locke, em constituir a sociedade política com a Sobre o pensamento político de Locke e o texto
finalidade de preservar e proteger, com o amparo da acima, seguem as seguintes afirmativas:
lei, do arbítrio e da força comum de um corpo I. No estado de natureza, os homens usufruem
político unitário, os seus inalienáveis direitos naturais plenamente, e com absoluta segurança, os direitos
à vida, à liberdade e à propriedade. naturais.
V. Da dissolução do poder legislativo, que é o poder II. O objetivo principal da união dos homens em
no qual “se unem os membros de uma comunidade comunidade, colocando-se sob governo, é a
para formar um corpo vivo e coerente”, decorre, preservação da “propriedade”.
como consequência, a dissolução do estado de III. No estado de natureza, falta uma lei estabelecida,
natureza. firmada, conhecida, recebida e aceita mediante
Das afirmativas feitas acima consentimento, como padrão do justo e injusto e
a) somente a afirmação I está correta. medida comum para resolver quaisquer controvérsias
b) as afirmações I e III estão corretas. entre os homens.
c) as afirmações III e IV estão corretas. IV. Os homens entram em sociedade, abandonando
d) as afirmação II e III estão corretas. a igualdade, a liberdade e o poder executivo que
e) as afirmações III e V estão incorretas. tinham no estado de natureza, apenas com a intenção
de melhor preservar a propriedade.
A afirmação III está incorreta, pois, segundo Locke, V. No estado de natureza, há um juiz conhecido e
a violação deliberada e sistemática dos direitos imparcial para resolver quaisquer controvérsias entre
naturais e o uso contínuo da força sem amparo legal os homens, de acordo com a lei estabelecida.
conferem legitimidade ao direito de resistência. No Das afirmativas feitas acima
entanto, Locke destaca que o exercício do direito de a) somente a afirmação I está correta.
resistência deve ser realizado com prudência e b) as afirmações I e III estão corretas.
moderação, de forma a evitar a dissolução do estado c) as afirmações II e V estão corretas.
civil. d) as afirmações IV e V estão corretas.
e) as afirmações II, III e IV estão corretas.
A afirmação V está incorreta, pois a dissolução do
poder legislativo não implica necessariamente na De acordo com o texto, no estado de natureza, a
dissolução do estado civil. Para Locke, a dissolução fruição dos direitos naturais é incerta e
do estado civil só ocorre quando não há mais constantemente exposta à invasão de terceiros, o que
proteção dos direitos naturais dos indivíduos e, torna a propriedade insegura e arriscada. Dessa
consequentemente, os indivíduos retornam ao estado forma, os homens abandonam a liberdade do estado
de natureza. de natureza para se unirem em sociedade com o
objetivo de preservar a propriedade, que é o principal
415. “Se o homem no estado de natureza é tão livre, motivo da união em comunidade. Além disso, no
conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua estado de natureza, falta uma lei estabelecida e um
própria pessoa e posses, igual ao maior e a ninguém juiz imparcial para resolver as controvérsias entre os
sujeito, porque abrirá ele mão dessa liberdade, homens. Portanto, as afirmativas II, III e IV estão
porque abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao corretas, e a resposta correta é a alternativa E. A
domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que afirmativa V também é incorreta, pois no estado de
é óbvio responder que, embora no estado de natureza não há um juiz conhecido e imparcial para
natureza tenha tal direito, a fruição do mesmo é resolver as controvérsias.
muito incerta e está constantemente exposta à
invasão de terceiros porque, sendo todos reis tanto 416. “Para bem compreender o poder político e
quanto ele, todo homem igual a ele, e na maior parte derivá-lo de sua origem, devemos considerar em que
pouco observadores da equidade e da justiça, a estado todos os homens se acham naturalmente,
fruição da propriedade que possui nesse estado é sendo este um estado de perfeita liberdade para
muito insegura, muito arriscada. Estas circunstâncias ordenar-lhes as ações e regular-lhes as suas posses e
obrigam-no a abandonar uma condição que, embora as pessoas conforme acharem conveniente, dentro
livre, está cheia de temores e perigos constantes; e dos limites da lei da natureza, sem pedir permissão
não é sem razão que procura de boa vontade juntar- ou depender da vontade de qualquer outro homem.
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[...] Estado também de igualdade, no qual é recíproco indivíduo tem o poder de regular suas ações e posses
qualquer poder e jurisdição, ninguém tendo mais do de acordo com a lei da natureza, sem depender da
que qualquer outro […]. Contudo, embora seja um vontade de qualquer outro homem. Apesar de ser
estado de liberdade, não o é de licenciosidade; apesar um estado de liberdade, não é um estado de
de ter o homem naquele estado liberdade licenciosidade, e a lei da natureza deve ser respeitada
incontrolável de dispor da própria pessoa e posses, para garantir a paz e a preservação da humanidade.
não tem a de destruir-se a si mesmo ou a qualquer Para evitar a violação dos direitos dos outros e
criatura que esteja em sua posse, senão quando uso garantir a observância da lei da natureza, a execução
mais nobre do que a simples conservação o exija. O da lei é colocada nas mãos de todos os homens, que
estado de natureza tem uma lei de natureza para têm o direito de punir os transgressores de tal forma
governá-lo, que a todos obriga. [...] E para impedir a que impeça a violação.
todos os homens que invadam os direitos dos outros
e que mutuamente se molestem, e para que se 417. 10. “É um elemento básico na abordagem
observe a lei da natureza, que importa na paz e na científica cartesiana que o conhecimento claro e
preservação de toda a Humanidade, põe-se, naquele distinto da natureza do universo pode ser construído
estado, a execução da lei da natureza nas mãos de com base em recursos inatos da mente humana.”
todos os homens, mediante a qual qualquer um tem John Cottingham
o direito de castigar os transgressores dessa lei em tal “A mente da criança tem em si as ideias de Deus, de
grau que lhe impeça a violação, pois a lei da natureza si própria e de todas as verdades ditas imediatamente
seria vã, como quaisquer outras leis que digam evidentes, do mesmo modo que os seres humanos
respeito ao homem neste mundo, se não houvesse adultos têm tais ideias quando não as estão
alguém nesse estado de natureza que não tivesse considerando; não as adquire mais tarde quando
poder para pôr em execução aquela lei e, por esse cresce. Não tenho dúvidas de que, se libertados da
modo, preservasse o inocente e restringisse os prisão do corpo, encontrá-las-ia dentro de si” (carta a
ofensores.” “Hyperaspistes”, agosto de 1641).
(Locke) René Descartes
Considerando o texto citado, é correto afirmar, “Ponto de partida do empirismo das ideias [no caso
segundo a teoria política de Locke, que de Locke] é a opinião de que a mente, no nascimento
a) o estado de natureza é um estado de perfeita do ser humano, é uma tabula rasa.”
concórdia e absoluta paz, tendo cada indivíduo poder Rolf W. Puster
ilimitado para realizar suas ações como bem lhe “Suponhamos, pois, que a mente é, como dissemos,
convier, sem nenhuma restrição de qualquer lei, seja um papel branco, desprovida de todos os caracteres,
ela natural ou civil. sem quaisquer ideias; como ela será suprida? De
b) concebido como um estado de perfeita liberdade e onde lhe provém este vasto estoque, que a ativa e
de igualdade, o estado de natureza é um estado de que a ilimitada fantasia do homem pintou nela com
absoluta licenciosidade, dado que, nele, o homem uma variedade quase infinita? De onde apreende
tem a liberdade incontrolável para dispor, a seu todos os materiais da razão e do conhecimento? A
belprazer, de sua própria pessoa e de suas posses. isso respondo, numa palavra, da experiência. Todo o
c) pela ausência de um juiz imparcial, no estado de nosso conhecimento está nela fundado, e dela deriva
natureza todos têm igual direito de serem executores, fundamentalmente o próprio conhecimento.”
John Locke
a seu modo, da lei da natureza, o que o caracteriza
Considerando os textos acima, nos quais são
como um estado de guerra generalizada e de
apresentadas as concepções de dois importantes
violência permanente.
filósofos modernos sobre a origem do
d) no estado de natureza, pela ausência de um
conhecimento, René Descartes e John Locke,
juiz imparcial, todos e qualquer um, julgando
representantes respectivamente das correntes
em causa própria, têm o “direito de castigar os
racionalista e empirista, é CORRETO afirmar que
transgressores” da lei da natureza, de modo que
A) para o empirismo, a sensação e a percepção
este estado seja de relativa paz, concórdia e
dependem, conjuntamente, tanto de impressões
harmonia entre todos.
exteriores como de estímulos internos do sujeito que
e) no estado de natureza, todos os homens
percebe.
permanentemente se agridem e transgridem os
B) do ponto de vista de Locke, todas as ideias,
direitos civis dos outros.
mesmo as ideias abstratas, ou são impressões ou
são imagens de impressões empíricas.
De acordo com o texto citado, a teoria política de
C) a crença, como representação de um estado
Locke defende que o estado de natureza é um estado
mental específico do sujeito, tem papel fundamental
de perfeita liberdade e igualdade, no qual cada
na apreensão de ideias pelas crianças.
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D) tanto racionalistas quanto empiristas entendem inacessível deve ser rejeitada, implicando a recusa da
que o conhecimento sobre os objetos do mundo noção metafísica de matéria. Além disso, a ontologia
apresenta problemas insolúveis. de Berkeley não se inscreve na filosofia da
E) racionalistas e empiristas defendem que o representação, já que não existe um mundo externo à
conhecimento é fruto da repetição, soma e mente que possa ser representado.
associação de sensações que nos habituam a
reconhecer objetos. 419. Para Berkeley, “a mais simples percepção de
uma coisa na realidade é a percepção de uma ação de
A correta divisão entre as concepções de Descartes e Deus sobre nós e implica a existência de Deus, ao
Locke é que Descartes é um representante do passo que, a admitir-se a matéria, deve-se atribuir a
racionalismo, enquanto Locke é um representante do ela a causalidade das próprias ideias e pode-se
empirismo. Sendo assim, a alternativa B está correta dispensar Deus. O materialismo é, por isso, o
ao afirmar que, do ponto de vista de Locke, todas as fundamento do ateísmo e da irreligião, assim como o
ideias, mesmo as ideias abstratas, são originadas a imaterialismo é o fundamento da religião”.
partir de impressões empíricas. Já as alternativas A, (Dicionário Abbagnano, p. 541)
C, D e E estão incorretas, pois não correspondem às Ao formular sua doutrina imaterialista, o objetivo de
características das concepções de Descartes e Locke Berkeley foi
apresentadas nos textos. O empirismo, por exemplo, A) criticar de forma radical o materialismo dialético.
enfatiza a importância da experiência sensorial na B) criticar a teologia.
formação do conhecimento, enquanto o C) refutar o mecanicismo newtoniano.
racionalismo defende a existência de ideias inatas na D) criticar o platonismo cristão, em virtude de sua
mente humana. mobilização ideológica pela Igreja Católica.
E) resgatar a importância da doutrina metafísica
2. BERKELEY aristotélica.
418. Berkeley está persuadido de juntar-se à certeza Berkeley estava interessado em refutar o
dos homens ao declarar que a palavra "ser" tem dois mecanicismo newtoniano, que afirmava a existência
sentidos diferentes e dois sentidos apenas: o de de uma matéria inerte e passiva que seria o
"perceber" e o de "ser percebido". Dizer que um fundamento da realidade física. Para Berkeley, essa
espírito existe é dizer que ele percebe (e também, ideia era incompatível com sua filosofia imaterialista,
acrescenta Berkeley, que ele quer e age). Dizer que que defendia que tudo o que existe é composto por
uma coisa existe é dizer que ela é percebida. A ideia ideias percebidas por mentes. Ele argumentava que a
metafísica de um ser material situado por trás do natureza não é governada por leis mecânicas, mas
objeto e, por essa razão, inacessível deve, portanto, sim pela vontade divina, e que a ideia de uma matéria
ser rejeitada inteiramente. inerte era uma ficção criada pelo pensamento
Ferdinand Alquié humano.
Segundo o texto de Alquié, é correto afirmar:
A) A ontologia de Berkeley o leva ao ceticismo, já 420. Observe as afirmações sobre ceticismo e
que nega a existência da matéria e a validade das assinale a alternativa correta.
idéias gerais e abstratas. a) O ceticismo é sempre ingênuo, pois colocar tudo
B) As duas definições propostas por Berkeley em dúvida e suspender as certezas já implica uma
implicam a recusa da noção metafísica de certeza: duvidamos e, por isso, existimos.
matéria e da filosofia da representação. b) O ceticismo aventado por Hume afirma que não
C) Para Berkeley, todo espírito percebe alguma coisa podemos ter conhecimento sobre a natureza e que só
e, portanto, é forçoso admitir a existência da matéria. uma psicologia empírica poderia explicar o
D) Berkeley concede um estatuto problemático à conhecimento, sobretudo, a partir da noção de
existência dos objetos da percepção, pois, para ele, o hábito.
referente de nossas percepções é sempre c) A filosofia de Berkeley é um esforço de se
indeterminável. livrar das aporias da crença na materialidade do
E) A ontologia de Berkeley o inscreve na filosofia da mundo. Essa crença desembocaria, segundo
representação, pois nossas percepções devem sempre esse autor, no ceticismo.
corresponder a algo existente fora da mente. d) O ceticismo é indubitavelmente um traço mais
marcante da filosofia de Hume, sendo esse filósofo o
O texto de Alquié apresenta a ontologia de Berkeley, maior cético da filosofia moderna por não acreditar
que afirma que o ser pode ser compreendido apenas em nenhuma forma de conhecimento segura.
como "perceber" e "ser percebido". Assim, a ideia
metafísica de um ser material por trás do objeto e
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e) Toda forma de ceticismo se constitui como uma crítico das questões que envolvem o conhecimento e
luta contra posições ideológicas e dogmáticas. a realidade.
distintamente, assim como não pode conceber que 1 David Hume seguia a corrente do empirismo. Assim,
+ 1 seja diferente de 2. o filósofo compartilhava do pensamento de que o
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. entendimento humano se dava por meio da
São Paulo: Nova Cultural, 1999 (adaptado). experiência sensível. Os fenômenos seriam vividos
O filósofo escocês David Hume refere-se a fatos, ou por meio das experiências dos sujeitos.
seja, a eventos espaço-temporais, que acontecem no
mundo. 428. Em contrapartida, vemos que qualquer
Com relação ao conhecimento referente a tais impressão, da mente ou do corpo, é constantemente
eventos, Hume considera que os fenômenos seguida por uma ideia que a ela se assemelha, e da
A) acontecem de forma inquestionável, ao serem qual difere apenas nos graus de força e vividez. A
apreensíveis pela razão humana. conjunção constante de nossas percepções
B) ocorrem de maneira necessária, permitindo um semelhantes é uma prova convincente de que umas
saber próximo ao de estilo matemático. são as causas das outras; [...].
C) propiciam segurança ao observador, por se HUME, D. Tratado da natureza humana. São Paulo:
basearem em dados que os tornam incontestáveis. Editora da Unesp/Imprensa Oficial do Estado, 2001. p. 29.
D) devem ter seus resultados previstos por duas Assinale a alternativa que, de acordo com Hume,
modalidades de provas, com conclusões idênticas. indica corretamente o modo como a mente adquire
E) exigem previsões obtidas por raciocínio, as percepções denominadas ideias.
distinto do conhecimento baseado em cálculo a) Todas as nossas ideias são formas a priori da
abstrato. mente e, mediante essas ideias, organizamos as
respectivas impressões na experiência.
Os fenômenos exigem previsões obtidas por b) Todas as nossas ideias advêm das nossas
raciocínio, distinto do conhecimento baseado em experiências e são cópias das nossas impressões,
cálculo abstrato. Segundo David Hume, não as quais sempre antecedem nossas ideias.
podemos provar que o sol nascerá amanhã porque, c) Todas as nossas ideias são cópias de percepções
para ele, o conhecimento que temos sobre os fatos inteligíveis, que adquirimos através de uma
que acontecem no mundo (fenômenos) é diferente experiência metafísica, que transcende toda a
daquele que tem por base os cálculos abstratos. Os realidade empírica.
cálculos abstratos são "necessários" (por exemplo: 2 d) Todas as nossas ideias já existem de forma inata, e
+ 2 = 4), mas o conhecimento que temos sobre os são apenas preenchidas pelas impressões, no
fenômenos é contingente, pois não há garantia, momento em que temos algum contato com a
segundo Hume, de que tais fenômenos irão experiência.
acontecer da mesma forma que geralmente
acontecem. Hume começa sua teoria dividindo todas as
percepções mentais entre ideias (pensamentos) e
427. Adão, ainda que supuséssemos que suas impressões (sensações e sentimentos) e, então, faz
faculdades racionais fossem inteiramente perfeitas duas alegações fundamentais sobre a relação entre
desde o início, não poderia ter inferido da fluidez e elas. Primeiramente, ele alega que todas as ideias são,
transparência da água que ela o sufocaria, nem da no final das contas, cópias das impressões, ou seja,
luminosidade e calor do fogo que este poderia para qualquer ideia que nós tomarmos,
consumi-lo. Nenhum objeto jamais revela, pelas encontraremos seus componentes nas sensações
qualidades que aparecem aos sentidos, nem as causas externas ou nos sentimentos internos.
que o produziram, nem os efeitos que dele provirão; Segundamente, ele alega que a única diferença entre
e tampouco nossa razão é capaz de extrair, sem uma ideia e uma impressão está na vivacidade de
auxílio da experiência, qualquer conclusão referente à uma e de outra, isto é, a única diferença entre a
existência efetiva de coisas ou questões de fato. impressão da árvore e a ideia da árvore está na força
HUME, D. Uma investigação sobre o da sua presença no intelecto. Desse modo, ideias são
entendimento humano. São Paulo: Unesp, 2003 cópias das impressões e as ideias e impressões
Segundo o autor, qual é a origem do conhecimento diferem na vivacidade da sua presença intelectual.
humano?
A) A potência inata da mente. 429. Ao empreender a análise da estrutura e dos
B) A revelação da inspiração divina. limites do conhecimento, Kant tomou a física e a
C) O estudo das tradições filosóficas. mecânica celeste elaboradas por Newton como
D) A vivência dos fenômenos do mundo. sendo a própria ciência. Entretanto, era preciso
E) O desenvolvimento do raciocínio abstrato. salvá-la do ceticismo de Hume quanto à
impossibilidade de fundamentar as inferências
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indutivas e de alcançar um conhecimento necessário (HUME, D. Tratado da Natureza Humana. Trad. de Serafim da
da natureza. Silva Fontes. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
p.35.)
Com base no pensamento de David Hume acerca do
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
entendimento humano, é correto afirmar:
questão da sensibilidade, razão e verdade em David
a) Dentre os objetos da razão humana, as relações de
Hume, considere as afirmativas a seguir.
ideias se originam das impressões associadas aos
I. Geralmente as ideias simples, no seu primeiro
conceitos inatos dos quais obtém-se dedutivamente o
aparecimento, derivam das impressões simples que
entendimento dos fatos.
lhes correspondem.
b) As conclusões acerca dos fatos obtidas pelo
II. A conexão entre as ideias e as impressões provém
sujeito do conhecimento realizam-se sem auxílio da
do acaso, de modo que há uma independência das
experiência, recorrendo apenas aos raciocínios
ideias com relação às impressões.
abstratos a priori.
III. As ideias são sempre as causas de nossas
c) O postulado que afirma a inexistência de
impressões.
conhecimento para além daquele que possa vir a
IV. Assim como as ideias são as imagens das
resultar do hábito funda-se na ideia metafísica de
impressões, é também possível formar ideias
relação causal como conexão necessária entre os
secundárias, que são imagens das ideias primárias.
fatos.
Assinale a alternativa correta.
d) O sujeito do conhecimento opera associações
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
de suas percepções, sensações e impressões
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
semelhantes ou sucessivas recebidas pelos
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
órgãos dos sentidos e retidas na memória.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Pelo raciocínio o sujeito é induzido a inferir as
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
relações de causa e efeito entre percepções e
impressões acerca da regularidade de fenômenos
I. é correta, pois “as nossas ideias simples no seu
semelhantes que se repetem na sucessão do tempo.
primeiro aparecimento derivam das impressões
simples que lhes correspondem e que elas
Na seção IV da Investigação acerca do
representam exatamente” (p.32), salvo raras
Entendimento Humano, David Hume encaminha
excepções, as quais não são suficientes para a
claramente o ataque à razão e à metafísica. Uma das
modificação desta máxima geral;
questões cruciais da existência envolve o suceder dos
IV. é correta, pois, da aplicação do princípio da
acontecimentos. Hume afirma que a inferência e as
prioridade das impressões sobre as ideias, Hume
analogias que fazemos em relação aos efeitos de
observa: “podemos formar ideias secundárias que
causas semelhantes nas questões de fato não podem
são imagens das ideias primárias” (p.32).
ser baseadas em nenhuma espécie de raciocínio
formal. Em sua crítica aos pressupostos metafísicos
431. Podemos definir uma causa como um objeto,
da ideia de causalidade, ele defende que o sujeito do
seguido de outro, tal que todos os objetos
conhecimento opera inferências associando
semelhantes ao primeiro são seguidos por objetos
sensações, percepções e impressões recebidas pelos
semelhantes ao segundo. Ou, em outras palavras, tal
órgãos dos sentidos e retidas na memória. Deste
que, se o primeiro objeto não existisse, o segundo
modo, as idéias se reduzem a hábitos mentais de
jamais teria existido. O aparecimento de uma causa
associação de impressões semelhantes ou sucessivas.
sempre conduz a mente, por uma transição habitual,
A ideia de causalidade, portanto, apresenta-se como
à ideia do efeito; disso também temos experiência.
o mero hábito que nossa mente adquire ao
Em conformidade com essa experiência, podemos,
estabelecer relações de causa e efeito entre
portanto, formular uma outra definição de causa e
percepções que se sucedem no tempo, chamando as
chamá-la um objeto seguido de outro, e cujo
anteriores de causas e as posteriores de efeitos. (cf.
aparecimento sempre conduz o pensamento àquele
CHAUI, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática,
outro. Mas, não temos ideia dessa conexão, nem
1994. p. 231.).
sequer uma noção distinta do que é que desejamos
saber quando tentamos concebê-las.
430. As ideias produzem as imagens de si mesmas Adaptado de: HUME, D. Investigação sobre o entendimento
em novas ideias, mas, como se supõe que as humano e sobre os princípios da moral. Seção VII, 29. Trad.
primeiras ideias derivam de impressões, continua José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: UNESP, 2004.
ainda a ser verdade que todas as nossas ideias simples Com base no texto e nos conhecimentos acerca das
procedem, mediata ou imediatamente, das noções de causa e efeito em David Hume, assinale a
impressões que lhes correspondem. alternativa correta.
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a) As noções de causa e efeito fazem parte da hábito que nos faz esperar um deles a partir do
realidade e por isso os fenômenos do mundo são aparecimento do outro.
explicados através da indicação da causa. HUME, D. Investigações sobre o entendimento humano e
b) A presença do efeito revela a causa nele envolvida, sobre os princípios da moral. São Paulo: Editora UNESP, 2004.
o que garante a explicação de determinado Com base na Teoria de Hume e no texto acima,
acontecimento. marque a alternativa INCORRETA, ou seja, aquela
c) A causa e o efeito são noções que se baseiam que de modo algum pode ser uma interpretação
na experiência e, por meio dela, são adequada desse texto.
apreendidas. a) A conjunção constante entre dois objetos explica a
d) A causa e o efeito são conhecidos objetivamente força do hábito e, consequentemente, o
pela mente e não por hábitos formados pela procedimento da inferência.
percepção do mundo. b) A hipótese do hábito é consequente com a teoria
e) A causa e o efeito proporcionam, necessariamente, de Hume, de que todo o nosso conhecimento é
explicações válidas sobre determinados fatos e construído por experiência e observação.
acontecimentos. c) Se a causalidade fosse construída a priori e de
modo necessário, não seria preciso recorrer à
Causa e efeito são noções baseadas na experiência, experiência e à repetição para que de uma causa fosse
no hábito, não presentes objetivamente na realidade, extraído o respectivo efeito.
mas parte da maneira como se apreendem d) O hábito jamais pode ser a base da inferência.
empiricamente os eventos e fenômenos do mundo. Em virtude disso, os conceitos de causa e efeito
jamais podem se aplicar a qualquer objeto da
432. Segundo David Hume, é correto afirmar que o experiência.
princípio de causalidade é
A) o resultado da nossa forma habitual de A alternativa [D] é evidentemente incorreta. O texto
perceber os fenômenos, uns em conjunção com afirma a importância do hábito para a construção de
os outros. inferências a respeito do processo de causa e efeito
B) o nexo, fixado por Deus na criação, entre os entre dois objetos, exatamente o inverso do que está
objetos da experiência. expresso na alternativa [D].
C) o conhecimento a priori da natureza e dos seus
fenômenos. 434. O texto abaixo comenta a correlação entre
D) o ato de conectar os objetos da experiência a ideias e impressões em David Hume. Em
partir dos valores e interesses utilitários de uma contrapartida, vemos que qualquer impressão, da
classe social. mente ou do corpo, é constantemente seguida por
uma ideia que a ela se assemelha, e da qual difere
Causalidade é a percepção que temos de que sempre, apenas nos graus de força e vividez. A conjunção
da causa “x”, decorrerá o efeito “y”. O problema é constante de nossas percepções semelhantes é uma
que David Hume é um filósofo de percepção prova convincente de que umas são as causas das
radicalmente empirista, que afirma que nascemos outras; [...].
HUME, D. Tratado da natureza humana. São Paulo: Editora
com a mente vazia, preenchendo-a ao longo do da Unesp/Imprensa Oficial do Estado, 2001. p. 29.
tempo a partir de dados de impressão. Segundo o Assinale a alternativa que, de acordo com Hume,
autor, por maior que seja o número de impressões ao indica corretamente o modo como a mente adquire
qual já tenhamos sido submetidos no passado, isso as percepções denominadas ideias.
não permite que afirmemos com certeza que tais A) Todas as nossas ideias são formas a priori da
eventos acontecerão necessariamente da mesma mente e, mediante essas ideias, organizamos as
forma no futuro. Existe grande probabilidade, mas respectivas impressões na experiência.
não certeza. O autor acaba por entender que é o B) Todas as nossas ideias advêm das nossas
hábito, a partir da frequência de ocorrência dos experiências e são cópias das nossas impressões,
eventos, que nos conduz a tomar como certas as quais sempre antecedem nossas ideias.
relações que são apenas prováveis, tais como o C) Todas as nossas ideias são cópias de percepções
princípio de causalidade. inteligíveis, que adquirimos através de uma
experiência metafísica, que transcende toda a
433. E é certo que estamos aventando aqui uma realidade empírica.
proposição que, se não é verdadeira, é pelo menos D) Todas as nossas ideias já existem de forma inata,
muito inteligível, ao afirmarmos que, após a e são apenas preenchidas pelas impressões, no
conjunção constante de dois objetos – calor e chama, momento em que temos algum contato com a
por exemplo, ou peso e solidez –, é exclusivamente o experiência.
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ideia de essência ou substância como algo real, C) as certezas evidentes e os hábitos sociais.
afirmando que era apenas um nome geral dado para D) as superstições e as intuições intelectuais.
um conjunto de ideias associadas por semelhanças.
A alternativa correta é a letra A, que apresenta as
438. Hume escreveu: “Quando pensamos numa duas classes de percepções descritas por David
montanha de ouro, apenas unimos duas ideias Hume em sua obra "Investigação acerca do
compatíveis, ouro e montanha, que outrora entendimento humano". Hume argumentava que
conhecêramos. Podemos conceber um cavalo todas as percepções do espírito podem ser divididas
virtuoso, pois o sentimento que temos de nós em duas classes ou espécies: os pensamentos ou
mesmos nos permite conceber a virtude e podemos ideias, que são menos fortes e menos vivas, e as
uni-la à figura e forma de um cavalo, que é um impressões, que são percepções mais vivas e fortes,
animal bem conhecido”. como aquelas que experimentamos quando ouvimos,
HUME. “Investigações acerca do entendimento humano” — vemos, sentimos, amamos, odiamos, desejamos ou
Seção II. In: Da origem das idéias. Coleção “Os Pensadores”. queremos.
São Paulo: Abril Cultural, 1989. (Grifos do autor).
Observando os exemplos empregados pelo filósofo
Essa distinção é importante para a teoria do
escocês, analise as assertivas abaixo.
conhecimento de Hume, pois ele argumentava que
I - Todas as ideias utilizadas pela razão originam-se,
todas as nossas ideias derivam das impressões, ou
diretamente, do pensamento puro, sem nenhuma
seja, que todas as nossas ideias são cópias ou
relação com as sensações.
representações menos vivas das impressões originais.
II - A vinculação de uma coisa — o ouro, com outra
Por exemplo, a ideia de cor verde deriva da
— a montanha, não depende da vontade de querer
impressão que temos quando vemos algo verde.
associá-las.
III - Tudo aquilo que está no pensamento deriva das
Por essa razão, Hume também argumentava que não
sensações externas e internas: o cavalo e a virtude do
podemos ter ideias inatas ou conhecimento a priori,
exemplo acima.
pois todas as nossas ideias derivam das impressões
IV - Toda composição das coisas, conhecidas em
que recebemos do mundo. Essa visão empirista da
separado, depende do espírito e da vontade que as
epistemologia teve grande influência no pensamento
empregam.
posterior, inclusive na filosofia de Immanuel Kant.
Assinale a alternativa que contém as assertivas
verdadeiras.
440. David Hume, filósofo empirista do séc. XVIII
A) Apenas II e III.
opera com o postulado radical de que todos os
B) Apenas I, III e IV.
materiais da mente humana são advindos da
C) Apenas I e II.
experiência. Das quatro alternativas abaixo, três
D) Apenas III e IV.
formulam fundamentos básicos da filosofia de David
Hume e são decorrentes deste postulado. Uma
Hume argumenta que todas as ideias têm origem nas
contém um evidente equívoco.
sensações externas e internas, o que está de acordo
Assinale, portanto, a alternativa INCORRETA, que
com a assertiva III. Já a assertiva IV é verdadeira,
está em contradição com o postulado acima
pois Hume defende que a combinação de ideias não
enunciado.
é algo que se dê por si só, mas que depende do
A) O tato, o olfato, o paladar e a audição não
espírito e da vontade que as empregam. As assertivas
produzem ideias, pois não podem produzir cópias de
I e II, por sua vez, não são verdadeiras, já que Hume
nada que esteja contido numa experiência.
argumenta que todas as ideias derivam das sensações
B) Os órgãos dos sentidos, desde que aptos para
e que a associação entre elas é algo que depende da
suas funções, sempre produzem ideias
vontade.
referentes a certos aspectos da experiência.
C) Todas as percepções da mente humana são
439. David Hume escreveu que “podemos, por
impressões ou ideias, e estas percepções são,
conseguinte, dividir todas as percepções do espírito
forçosamente, produtos da experiência.
em duas classes ou espécies, que se distinguem por
D) Toda ideia é cópia de uma impressão, e toda
seus diferentes graus de força e vivacidade”.
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. São impressão precede uma ideia.
Paulo: Nova Cultural, 1989, p. 69.
Assinale a ÚNICA alternativa, que apresenta estas A alternativa incorreta é a B, pois está em
duas classes de percepções: contradição com o postulado de que todos os
A) os pensamentos e as impressões. materiais da mente humana são advindos da
B) as ideias inatas e os dogmas religiosos. experiência. A afirmação de que os órgãos dos
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sentidos sempre produzem ideias referentes a certos De acordo com o pensamento de Hume, é correto
aspectos da experiência é falsa, pois nem sempre há afirmar que
uma correspondência direta entre a experiência A) as percepções dos sentidos geram impressões
sensorial e a produção de ideias. Há diversos fatores e ideias.
que podem interferir nesse processo, como a B) as ideias que podem ser consideradas verdadeiras
atenção, a memória, a imaginação e o raciocínio. são as inatas.
Portanto, a alternativa correta é a B. C) as ideias fictícias são as que têm mais alto grau de
ser.
441. Hume descreveu a confiança que o D) as percepções dos sentidos nos enganam, por isso
entendimento humano deposita na probabilidade dos as ideias daí decorrentes são falsas.
resultados dos eventos observados na natureza. Ele
comparou essa convicção ao lançamento de dados, A resposta correta é a alternativa A, que afirma que
cujas faces são previamente conhecidas, porém, nas as percepções dos sentidos geram impressões e
palavras do filósofo: ideias. Isso está de acordo com a teoria de Hume,
[...] verificando que maior número de faces aparece que parte do princípio de que todo conhecimento
mais em um evento do que no outro, o espírito [o humano deriva da experiência sensível. Para Hume,
entendimento humano] converge com mais as impressões são as percepções mais vívidas e
frequência para ele e o encontra muitas vezes ao intensas que temos, enquanto as ideias são cópias
considerar as várias possibilidades das quais depende menos vivas e intensas dessas impressões. Dessa
o resultado definitivo. forma, toda ideia é derivada de uma impressão
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. Tradução de anterior, gerada pelos sentidos.
Anoar Aiex. São Paulo: Nova Cultural, 1989, p. 93. Coleção
“Os Pensadores”.
As demais alternativas estão incorretas. B contradiz a
Esse tipo de raciocínio, descrito por Hume, conduz
teoria de Hume ao afirmar a existência de ideias
o entendimento humano a uma situação distinta da
inatas. C está incorreta, pois as ideias fictícias são
certeza racional, uma espécie de “falha”,
justamente aquelas que não correspondem a
representada pelo(a)
nenhuma impressão real, ou seja, que não foram
A) verdade da fantasia, que é superior à certeza
geradas pela experiência sensível. Por fim, D também
racional.
está incorreta, já que as percepções dos sentidos não
B) crença, que ocupa o lugar da certeza racional.
nos enganam necessariamente, mas são a base de
C) sentido visual, que é mais verídico que a certeza
todo o conhecimento humano, segundo a teoria de
sensível.
Hume.
D) ideia inata, que atua como o a priori da razão
humana.
443. “Não temos efetivamente, segundo Hume,
nenhuma experiência da relação causa efeito como
Segundo Hume, a confiança que depositamos na
uma conexão necessária entre eventos que ocorrem
probabilidade de um evento baseia-se em
no real, isto é, não temos nenhuma experiência
experiências anteriores e em nossa observação da
propriamente dita da causalidade. Tudo que
regularidade dos acontecimentos. No entanto, essa
percebemos são relações entre fenômenos de
confiança é apenas uma crença, e não uma certeza
continuidade e regularidade que, pela repetição e
racional, pois não há uma razão lógica ou necessária
pelo hábito, acabamos como que projetando no real
para acreditar que o futuro se comportará como o
e atribuindo à própria natureza, sem termos
passado. Hume argumenta que, embora essa crença
nenhuma evidência empírica disto.”
seja útil em muitas situações práticas, ela não tem MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. 2ª. ed. rev. Rio de
fundamento lógico sólido. Portanto, a resposta Janeiro: Zahar, 2007, p.106.
correta é B) crença, que ocupa o lugar da certeza A partir desta afirmação sobre o empirismo de David
racional. Hume, assinale o que for correto.
01) Hume é considerado cético em razão de sua
442. David Hume (1711-1776) é um dos crítica à causalidade como princípio fundamental que
representantes do empirismo. Sua teoria sobre as sustenta a unidade do mundo natural.
ideias parte do princípio de que não há nada em 02) O que sustenta o empirismo de Hume é o
nossa mente que não tenha passado antes pelos princípio racionalista segundo o qual o
sentidos, portanto, as ideias vão se formando ao conhecimento é consequência das relações das ideias
longo da vida. Dessa forma, Hume afasta-se do com as coisas e das ideias entre si.
princípio da corrente racionalista ou inatista segundo 04) Causa e efeito é a expressão para o que Hume
a qual afirma que há ideias inatas em nossa mente. chama de uma sequência regular e contínua de
eventos que julgamos associados pela experiência.
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08) O conhecimento das leis que regem o mundo D) do fato de o Sol ter nascido todos os dias até hoje
físico depende da relação de identificação com a não podemos inferir que ele necessariamente nascera
vontade divina que imprimiu essas leis no mundo. amanhã.
16) O hábito e a crença são disposições metafísicas E) embora não haja conhecimentos absolutos sobre
que nos permitem intuir a verdade, isto é, as o mundo, não devemos abandonar a noção de
conexões causais que imprimem o movimento ao conhecimento humano.
mundo.
Hume nega que o princípio de causalidade seja
As opções 01 e 04 estão corretas. A opção 01 está inerente à razão e defende que não podemos
correta, pois Hume é conhecido por sua crítica à justificar racionalmente a inferência de uma relação
causalidade como princípio fundamental que necessária de causa e efeito a partir da experiência.
sustenta a unidade do mundo natural. Ele questiona Para ele, o princípio de causalidade é um hábito
a ideia de que podemos conhecer as causas dos mental baseado na constante conjunção de eventos
eventos simplesmente observando uma sequência de observada pela experiência.
eventos que ocorrem juntos e regularmente.
445. “O hábito é, pois, o grande guia da vida
Já a opção 04 está correta, pois Hume argumenta que humana. É aquele princípio único que faz com que
a relação de causa e efeito é a expressão para o que nossa experiência nos seja útil e nos leve a esperar,
ele chama de uma sequência regular e contínua de no futuro, uma sequência de acontecimentos
eventos que julgamos associados pela experiência. semelhante às que se verificaram no passado. Sem a
Segundo Hume, não temos nenhuma evidência ação do hábito, ignoraríamos completamente toda
empírica de que existe uma conexão necessária entre questão de fato além do que está imediatamente
eventos que chamamos de causa e efeito, mas apenas presente à memória ou aos sentidos. Jamais
uma constante associação entre eles que aprendemos saberíamos como adequar os meios aos fins ou como
por meio da repetição e do hábito. utilizar os nossos poderes naturais na produção de
um efeito qualquer. Seria o fim imediato de toda a
444. “Suponde que um homem, dotado das mais ação, assim como da maior parte da especulação.”
poderosas faculdades racionais, seja repentinamente (HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano. São
transportado para este mundo; certamente, notaria Paulo: Abril Cultural, 1973, pp. 145-146. Os Pensadores).
de imediato a existência de uma continua sucessão de Com base nesse texto e no seu conhecimento sobre a
objetos e um evento acompanhado por outro, mas Filosofia de Hume, assinale o que for correto.
seria incapaz de descobrir algo a mais. De início, não 01) Segundo Hume, entre um fenômeno e outro não
seria capaz, mediante nenhum raciocínio, de chegar a há conexão causal necessária que possa ser verificada
ideia de causa e efeito, visto que os poderes na experiência; é o hábito que explica a noção da
particulares que realizam todas as operações naturais relação causa e efeito: por termos visto, várias vezes
jamais se revelam aos sentidos; nem e razoável juntos, dois objetos ou fatos – por exemplo, calor e
concluir, apenas porque um evento em determinado chama, peso e solidez –, somos levados, pelo
caso precede outro, que um e a causa e o outro, o costume, a prever um quando o outro se apresenta.
efeito. Esta conjunção pode ser arbitraria e acidental. 02) Como representante do racionalismo, Hume
Não há base racional para inferir a existência de um afirmou que o princípio de causalidade, lei inexorável
pelo aparecimento do outro. [...] Todos os eventos que regula todos os acontecimentos da natureza, é
parecem inteiramente soltos e separados. Um evento inferido da experiência por um processo de
segue outro, porem jamais podemos observar um raciocínio.
laco entre eles. [...] Não sentimos escrúpulos de 04) Para Hume, o hábito é um falso guia; se não nos
predizer um ao surgir o outro [...]. Denominamos, fiarmos na razão, fonte do conhecimento verdadeiro,
então, um dos objetos causa e outro efeito”. e nos deixarmos conduzir pelo costume, erraremos
(Hume). inevitavelmente em nossas ações e investigações.
Segundo a concepção de conhecimento de Hume, e 08) É o hábito que nos permite ultrapassar os dados
INCORRETO afirmar que empíricos, os quais possuímos seja na forma de
A) a realidade, embora nos forneça a experiência de impressão seja na forma de idéias, e afirmar mais do
uma sucessão de fatos, não nos revela relações que aquilo o qual pode ser alcançado na experiência
causais entre eles. imediata.
B) o princípio que fundamenta as relações causais e o 16) A idéia de causa é apenas uma idéia geral
costume ou o habito. constituída pela associação de idéias e baseada na
C) o princípio de causalidade e um princípio crença formada pelo hábito.
logico e inerente a própria razão.
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Por fim, a opção 16 está correta porque Hume 447. Fala-se muito nos dias de hoje em direitos do
considera que a ideia de causa é apenas uma ideia homem. Pois bem: foi no século XVIIl – em 1789,
geral, constituída pela associação de ideias e baseada precisamente que uma Assembleia Constituinte
na crença formada pelo hábito. Ou seja, não há uma produziu e proclamou em Paris a Declaração dos
relação necessária entre causa e efeito, mas apenas Direitos do Homem e do Cidadão. Essa Declaração
uma associação habitual que nos leva a acreditar que se impôs como necessária para um grupo de
um evento é a causa do outro. revolucionários, por ter sido preparada por uma
mudança no plano das ideias e das mentalidades: o
446. Afirma o filósofo David Hume (1711-1776): Iluminismo.
“Todos os objetos da investigação ou razão humana FORTES, L.R.S. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo:
podem ser naturalmente divididos em duas espécies, Brasiliense, 1981 (adaptado).
quais sejam, relações de ideias e questões de fato. Na Correlacionando temporalidades históricas, o texto
primeira estão incluídas as ciências da geometria, apresenta uma concepção de pensamento que tem
álgebra e aritmética, ou, em suma, toda afirmação como uma de suas bases a
intuitiva ou demonstrativamente certa. [...] Questões a) modernização da educação escolar.
de fato, que são a segunda espécie de objetos da b) atualização da disciplina moral cristã.
razão humana, não são passíveis de uma certificação c) divulgação de costumes aristocráticos.
como essa, e tampouco nossa evidência de sua d) socialização do conhecimento científico.
verdade, por grande que seja, é da mesma natureza e) universalização do princípio da igualdade
que a precedente.” civil.
(HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. In:
Figueiredo, V. (Org.) Filósofos na sala de aula, São Paulo: O texto apresenta uma concepção de pensamento
Berlendis & Vertecchia, 2008, v. 3, p. 107). que tem como uma de suas bases a universalização
Sobre essa noção de ciência, é correto afirmar que do princípio da igualdade civil. Esse pensamento
01) a filosofia da ciência de Hume trata de objetos, ocorreu no período conhecido como "Iluminismo",
ou seja, de coisas concretas e materiais. um movimento que influenciou os intelectuais no
02) as ciências matemáticas para Hume possuem século XVIII. Uma das ideias desse período era a de
certeza e verdade. que todos os homens nascem iguais e possuem
04) as relações de ideias podem ser verdadeiras desde direitos naturais, que o Estado deve respeitar. Eles
que sejam passíveis de demonstração matemática. foram denominados de "direitos civis". Liberdade de
08) há um domínio de objetos de investigação expressão e pensamento era um exemplo de tais
humana – a que pertencem as questões de fato – que direitos.
não pode ser demonstrado matematicamente.
16) a razão humana deve ter como objeto de 448. O século XVIII é, por diversas razões, um
investigação apenas aquilo que pode ser século diferenciado. Razão e experimentação se
matematizável. aliavam no que se acreditava ser o verdadeiro
caminho para o estabelecimento do conhecimento
As opções 02, 04 e 08 estão corretas. A opção 02 está científico, por tanto tempo almejado. O fato, a
correta porque, para Hume, as ciências matemáticas análise e a indução passavam a ser parceiros
(geometria, álgebra e aritmética) possuem certeza e fundamentais da razão. É ainda no século XVIII que
verdade, sendo consideradas como relações de ideias.
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o homem começa a tomar consciência de sua Além disso, o deísmo, uma religião natural que
situação na história. defende a existência de Deus, foi uma das correntes
ODALIA, N. In: PINSKY, J.; PINSKY, C. B. História da de pensamento desenvolvidas pelos iluministas
cidadania. São Paulo: Contexto, 2003. ingleses.
No ambiente cultural do Antigo Regime, a discussão
filosófica mencionada no texto tinha como uma de Já a opção 16 também está correta ao destacar a
suas características a filosofia política inovadora de Rousseau, que
A) aproximação entre inovação e saberes antigos. diferencia o conceito de soberania do conceito de
B) conciliação entre revelação e metafísica platônica. governo, atribuindo ao povo a soberania inalienável.
C) vinculação entre escolástica e práticas de pesquisa. Essa ideia influenciou profundamente a formação do
D) separação entre teologia e fundamentalismo pensamento político moderno, especialmente nas
religioso. revoluções liberais do século XIX.
E) contraposição entre clericalismo e liberdade
de pensamento. As outras opções estão incorretas. Immanuel Kant,
ao contrário do que afirma a opção 02, defendeu a
A discussão filosófica mencionada no texto tinha relação entre razão e experiência, desenvolvendo
como uma de suas características a contraposição uma teoria do conhecimento que busca conciliar as
entre clericalismo e liberdade de pensamento. ideias inatas com a experiência sensível. A opção 04
Denominado também de "século das luzes", o século também está incorreta, pois o Iluminismo não
XVIII tem como principal característica a oposição adotou uma posição unânime em relação ao sufrágio
entre fé e razão. Assim, na filosofia não foi diferente: universal, e mesmo aqueles que o defenderam não o
houve também a contraposição entre clericalismo e consideraram como único instrumento para instaurar
liberdade de pensamento. um Estado democrático. Já a opção 08, ao afirmar
que Thomas Hobbes foi um dos expoentes do
449. O Iluminismo moderno é um período da Iluminismo inglês, desconsidera as críticas que os
história da Filosofia que vai dos últimos decênios do iluministas fizeram ao absolutismo político
século XVII aos últimos decênios do século XVIII. defendido pelo filósofo.
Como linha filosófica, caracteriza-se pelo empenho
em estender a razão como guia a todos os campos da 450. “Desde sempre, o Iluminismo, no sentido mais
experiência humana. Sobre o Iluminismo, assinale o abrangente de um pensar que faz progressos,
que for correto. perseguiu o objetivo de livrar os homens do medo e
01) Os iluministas ingleses fizeram uma crítica à de fazer dele senhores. Mas, completamente
Igreja oficial, pregaram a tolerância religiosa e iluminada, a Terra resplandece sob o signo do
desenvolveram uma religião natural chamada infortúnio triunfal. O programa do Iluminismo era o
Deísmo. de livrar o mundo do feitiço. Sua pretensão, a de
02) Para Immanuel Kant, não há nenhuma relação dissolver os mitos e anular a ilusão, por meio do
entre a razão e a experiência. Fundamentado na saber.”
filosofia platônica, Kant afirma que o conhecimento (HORKHEIMER, M.; ADORNO, T. Conceito de iluminismo.
do mundo sensível é fruto das ideias inatas. In: COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva,
04) Tanto na França de Montesquieu quanto na 2006, p. 166).
Alemanha de Immanuel Kant, o Iluminismo adotou Com base nesse excerto e nos seus conhecimentos
uma posição política de defesa do sufrágio universal sobre o Iluminismo, assinale o que for correto.
como único instrumento para instaurar um Estado 01) A palavra medo, no texto, diz respeito ao
democrático. desconhecido.
08) O Iluminismo inglês teve, na teoria do pacto 02) A razão esclarecida depende de Deus, entidade
social de Thomas Hobbes, um dos seus expoentes, transcendente que banha a Terra de luz
pois, ao realizar um pacto entre si, os indivíduos resplandecente.
preservavam diante do Estado sua autonomia 04) Pertence ao projeto iluminista a célebre
política. afirmação de Immanuel Kant: “Ousai saber. Tenha a
16) Jean-Jacques Rousseau desenvolveu uma filosofia coragem de servir-se da própria razão”.
política inovadora ao distinguir o conceito de 08) Constituem uma ameaça ao Iluminismo o
soberania do conceito de governo, atribuindo, dessa inatismo, o misticismo e toda forma de pensamento
maneira, ao povo, uma soberania inalienável. dogmaticamente estabelecido.
16) O pensamento ilustrado acreditava na autonomia
As opções 01 e 16 estão corretas. A opção 01 está da razão, segundo a qual o homem atingiria a
correta ao apontar a crítica dos iluministas ingleses à maioridade.
Igreja oficial e sua defesa da tolerância religiosa.
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As opções 01, 04 e 16 estão corretas. A opção 01 desejavam a derrubada do Rei pelos revolucionários
está correta, pois o medo mencionado no texto comunistas, formadores de ideias socialistas
refere-se ao medo gerado pela ignorância, pelos vinculadas ao Marxismo contemporâneo.
mitos e pela superstição. E) maneiras de governar muito distintas, pois os
enciclopedistas eram homens de letras, que iniciavam
A opção 04 também está correta, pois a afirmação de carreira política nas fileiras dos liberais exaltados, e o
Kant representa uma das principais ideias do monarca absolutista era do partido conservador
Iluminismo, que é a defesa do uso livre e crítico da francês.
razão.
No contexto francês, o absolutismo era uma forma
Já a opção 16 é correta, pois a autonomia da razão é de governo que concentrava todo o poder nas mãos
um dos princípios fundamentais do Iluminismo, que do monarca, restringindo as liberdades individuais e
defende que o homem deve ser capaz de pensar e impedindo a participação política da população. Já os
agir por si próprio, sem a tutela de autoridades iluministas acreditavam que a razão deveria ser
religiosas ou políticas. utilizada para transformar a sociedade e a política,
baseando-se em experiências e nas novas ciências, e
451. O texto abaixo recupera uma obra iluminista não em tradições religiosas ou divinas. Assim, o
dirigida por Denis Diderot e Jean Le Rond d’ choque entre o absolutismo e a razão proposta pelos
Alembert em 1772 na França intitulada de iluministas gerou uma série de conflitos e críticas,
Enciclopédia ou Dicionário racional das ciências, das que foram direcionadas à Enciclopédia e a outros
artes e dos ofícios. No texto afirma-se que: na textos que propagavam essas ideias.
Enciclopédia não havia área do engenho humano
que não tivesse sido coberta. Ali se observava a 452. Coordenada por Denis Diderot, a Enciclopédia,
confiança de que os homens eram, ou poderiam ser cuja primeira edição é de 1751, representa a
em breve, senhores de seu próprio destino, que caracterização das ideias iluministas, que exerceram
poderiam moldar o mundo e a sociedade de acordo uma influência sobre a Revolução Francesa de 1789.
com as suas conveniências e vantagens. Era o poder Sobre o enciclopedismo, assinale o que for correto.
da razão. Por isso mesmo a Enciclopédia não foi 01) O Iluminismo como doutrina filosófica
universalmente aceita. Poderes absolutistas civis e fundamenta os seus pressupostos na Teologia e
religiosos foram seus combatentes. Filosofia de Santo Agostinho, para quem a busca
(DENT, N. J. H.. Dicionário de Rousseau. Rio de Janeiro: pelo conhecimento de Deus é iluminada pela graça
Zahar, 1996, p. 125. Texto adaptado). divina e pela fé.
A Enciclopédia proposta por iluministas como 02) A revolução científica que ocorre com
Diderot e D’Alembert foi criticada no contexto Copérnico, Kepler e Galileu, durante o
francês, porque nesse momento o absolutismo e Renascimento, influenciou a Filosofia do
razão significavam Iluminismo.
A) modos de viver compatíveis, nos quais as novas e 04) No século XVIII, conhecido como o Século das
modernas ideias iluministas eram absorvidas pelo reis Luzes, Immanuel Kant tenta superar a dicotomia
absolutistas, que percebiam nelas as vantagens de se racionalismo/empirismo, que alimentava a polêmica
moldar o mundo à sua forma e maneira, tal qual entre muitos filósofos do Iluminismo.
Diderot em sua Enciclopédia, o que possibilitou o 08) Entre os objetivos da Enciclopédia, encontramos o
advento da monarquia constitucional. desejo de renovar o pensamento de forma crítica e
B) maneiras de fazer política muito diversas. ilustrá-lo para o grande público.
Para os racionalistas, a política absolutista 16) Na França, Luís XVI incentivou D’Alembert,
deveria ser reestruturada ou revolucionada, pois Diderot e Condillac a publicar a Enciclopédia, pois
os novos saberes deveriam vir das experiências e acreditava que a razão iluminista poderia ajudar na
das novas ciências e não de Deus e seus manutenção da ordem do Antigo Regime.
emissários.
C) formas incompatíveis de fazer política, pois o As opções 02, 04 e 16 estão corretas. A opção 02
povo francês era governado por um velho monarca está correta, pois a revolução científica do
autoritário que se mantinha no poder devido à Renascimento, que incluiu os trabalhos de
ignorância do povo. Já livros como a Enciclopédia Copérnico, Kepler e Galileu, teve uma grande
seriam a base da nova sociedade revolucionária e influência sobre o pensamento iluminista,
anarquista proposta por Diderot. especialmente na forma como os filósofos
D) formas de governo inconciliáveis, pois o iluministas entenderam a ciência e a razão.
Absolutismo era autoritário e ultrapassado. Já os
enciclopedistas, como Diderot e D’ Alembert,
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A opção 04 também está correta, pois Kant tentou desenvolvimento gradual e seguro dos princípios
superar a dicotomia racionalismo/empirismo ao democráticos e capitalistas.
propor uma nova abordagem filosófica que e) A Revolução Francesa produziu a filosofia
combinava elementos dos dois. iluminista, posto que inaugurou uma realidade social,
econômica, política e cultural que afetou
Já a opção 16 está correta em relação à afirmação de profundamente as ideias filosóficas dos séculos
que Luís XVI incentivou a publicação da XVIII e XIX, ao revelar o anacronismo e a
Enciclopédia, mas equivocada na razão pela qual ele inadequação das teses defendidas pelos pensadores
a apoiou. Na verdade, Luís XVI não aprovava as anteriores aos acontecimentos revolucionários, bem
ideias iluministas e, na medida em que se sentia como a necessidade de modernização das explicações
ameaçado por elas, tentou restringir a circulação da referentes ao sentido da história humana.
Enciclopédia e outras obras iluministas na França. A
Enciclopédia, na verdade, foi alvo de censura e Embora não possamos atribuir à Revolução Francesa
perseguição por parte das autoridades francesas. uma causa única e determinante, é inegável a
influência das ideias iluministas na formação do
453. Denominamos de iluminismo o movimento pensamento dos revolucionários franceses. Algumas
filosófico do século XVIII que, dentre outras medidas tomadas pelos revolucionários, como a
características, depositava sua confiança na criação de uma constituição, a declaração de direitos
emancipação humana pelo saber racional e recusava do homem e do cidadão e a supressão do Antigo
as formas tradicionais de autoridade, que, à revelia da Regime, representaram um avanço em relação às
razão, pretendiam se impor aos homens. Sob o concepções políticas e sociais anteriores e refletiram
ponto de vista histórico, é possível notar a ideais iluministas como a razão, a liberdade e a
convergência do movimento filosófico iluminista igualdade. No entanto, é importante ressaltar que a
com profundas transformações sociopolíticas no Revolução Francesa foi um processo complexo e
século XVIII, tais como a Revolução Francesa de multifacetado, influenciado também por outros
1789. fatores como crises econômicas, conflitos políticos e
Assinale a alternativa correta sobre as relações do sociais e tensões internacionais.
iluminismo com a Revolução Francesa.
a) As ideias filosóficas iluministas são a causa única e 2. VOLTAIRE
fundamental da Revolução Francesa, algo que é
atestado pela comprovação empírica de que, na 454. O escritor e filósofo francês Voltaire, que viveu
história contemporânea das sociedades humanas, a no século XVIII, é considerado um dos grandes
transformação da realidade política, econômica e pensadores do Iluminismo ou Século das Luzes. Ele
social tem as concepções teóricas como seu afirma o seguinte sobre a importância de manter
exclusivo ponto de partida. acesa a chama da razão: “Vejo que hoje, neste século
b) A Revolução Francesa é a demonstração que é a aurora da razão, ainda renascem algumas
inequívoca da validade da noção iluminista de cabeças da hidra do fanatismo. Parece que seu
progresso, fato este confirmado pela completa veneno é menos mortífero e que suas goelas são
emancipação alcançada pela humanidade nos dias menos devoradoras. Mas o monstro ainda subsiste e
atuais e pela eliminação total das diferenças culturais todo aquele que buscar a verdade arriscar-se-á a ser
entre os povos, hoje regidos pelos padrões perseguido. Deve-se permanecer ocioso nas trevas?
socioculturais universais da globalização. Ou deve-se acender um archote onde a inveja e a
c) As aspirações iluministas por um poder calúnia reacenderão suas tochas? No que me tange,
político estruturado em bases plenamente acredito que a verdade não deve mais se esconder
racionais e pela vigência dos direitos dos diante dos monstros e que não devemos abster-nos
indivíduos são realizadas por algumas medidas do alimento com medo de sermos envenenados”.
dos revolucionários franceses, tais como a Identifique a opção que melhor expressa esse
extinção da sociedade dividida em ordens, a pensamento de Voltaire.
supressão do absolutismo monárquico e a a) Aquele que se pauta pela razão e pela verdade não
instauração da igualdade jurídica. é um sábio, pois corre um risco desnecessário.
d) Os anseios iluministas pela manutenção de um b) A razão é impotente diante do fanatismo, pois
poder absolutista em bases racionais manifestam-se esse sempre se impõe sobre os seres humanos.
na preservação, pelos revolucionários franceses, de c) Aquele que se orienta pela razão e pela
uma realidade social fundada na hierarquia de ordens verdade deve munir-se da coragem para
e das prerrogativas feudais, garantias de um enfrentar o obscurantismo e o fanatismo.
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variedade dos povos mostra que é impossível reduzir liberdade dos cidadãos à conformidade às leis.
toda a história à história de um povo em particular” Segundo ele, a liberdade política presente na
(BRANDÃO, R. Voltaire: filosofia, literatura e história. In: democracia está subordinada à obediência das leis.
Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 698- Para Montesquieu, se não existissem as leis, os
670).
indivíduos iriam interferir um na liberdade do outro.
Com base no trecho citado, assinale o que for
correto.
459. Para que não haja abuso, é preciso organizar as
01) Voltaire é favorável ao etnocentrismo.
coisas de maneira que o poder seja contido pelo
02) Voltaire defende elementos da prática filosófica
poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou
ao exercício do historiador.
o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do
04) O gênio ou o espírito de uma época não pode ser
povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o
determinado, pois a história não é objetiva.
de executar as resoluções públicas e o de julgar os
08) A interpretação da história deve estar
crimes ou as divergências dos indivíduos. Assim,
acompanhada de perícia e da reconstituição
criam-se os poderes Legislativo, Executivo e
meticulosa dos fatos.
Judiciário, atuando de forma independente para a
16) O ofício especulativo do historiador é universal e
efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se
abstrato, independentemente de quais sejam as
uma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos
fontes que pesquisa.
poderes concomitantemente.
MONTESQUIEU, B. Do espirito das leis. São Paulo Abril
As opções 02 e 08 estão corretas. Voltaire defende Cultural, 1979 (adaptado).
que o historiador deve ser filósofo, ou seja, deve ter A divisão e a independência entre os poderes são
elementos da prática filosófica em seu exercício, condições necessárias para que possa haver liberdade
como preocupação com a certeza e o universal. Ele em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um
também enfatiza a importância do cuidado com as modelo político em que haja
fontes, da dúvida em relação a relatos inverossímeis e a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e
da verificação da fidedignidade das testemunhas. políticas.
Além disso, ele busca encontrar um sentido para a b) consagração do poder político pela autoridade
história e reconhece a impossibilidade de reduzir religiosa.
toda a história à história de um único povo. c) concentração do poder nas mãos de elites técnico-
Portanto, as alternativas corretas são a 02 e a 08. científicas.
d) estabelecimento de limites aos atores
3. MONTESQUIEU públicos e às instituições do governo.
e) reunião das funções de legislar, julgar e executar
458. É verdade que nas democracias o povo parece nas mãos de um governante eleito.
fazer o que quer; mas a liberdade política não
consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em A divisão e a independência entre os poderes são
mente o que é independência e o que é liberdade. A condições necessárias para que possa haver liberdade
liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um
permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que modelo político em que haja estabelecimento de
elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os limites aos atores públicos e às instituições do
outros também teriam tal poder. governo. Montesquieu era contra o absolutismo
MONTESQUIEU. Do Espirito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural,
1997 (adaptado). monárquico, e uma das suas principais críticas era a
A característica de democracia ressaltada por concentração do poder nas mãos do rei. Sendo
Montesquieu diz respeito assim, defendia a divisão dos poderes políticos em
A) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao três vertentes (executivo, legislativo e judiciário),
tomar as decisões por si mesmo. onde cada uma deveria ser independente e
B) ao condicionamento da liberdade dos harmônica.
cidadãos à conformidade às leis.
C) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, 460. Os textos abaixo referem-se a pensadores cujas
nesse caso, livre da submissão às leis. obras e ideias exerceram forte influência em
D) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que importantes eventos ocorridos nos séculos XVII e
é proibido, desde que ciente das consequências. XVIII. Leia-os e aponte a alternativa que os relaciona
E) ao direito do cidadão exercer sua vontade de corretamente a seus autores:
acordo com seus valores pessoais. I. “O filósofo desenvolveu em seus Dois Tratados
Sobre Governo a ideia de um Estado de base
A característica de democracia ressaltada por contratual. Esse contrato imaginário entre o Estado e
Montesquieu diz respeito ao condicionamento da os seus cidadãos teria por objeto garantir os direitos
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naturais do homem, ou seja, liberdade, felicidade e não é o soberano, mas o representante da soberania
prosperidade. A maioria tem o direito de fazer valer popular.
seu ponto de vista e, quando o Estado não cumpre 02) Montesquieu fundamenta-se na teoria política do
seus objetivos e não assegura aos cidadãos a contrato social de Rousseau para elaborar sua teoria
possibilidade de defender seus direitos naturais, os da formação da sociedade civil e do Estado.
cidadãos podem e devem pegar em armas contra seu 04) O Estado republicano, para Montesquieu,
soberano para assegurar um contrato justo e a defesa permite a melhor forma de governo, pois possibilita
da propriedade privada”. aos cidadãos exercer um controle eficaz sobre os
II. “O filósofo propôs um sistema equilibrado de governantes eleitos, limitando seu poder.
governo em que haveria a divisão de poderes 08) Na sua obra O Espírito das Leis, Montesquieu trata
(legislativo, executivo e judiciário). Em sua obra O das instituições e das leis e busca compreender a
Espírito das Leis alegava que tudo estaria perdido se diversidade das legislações existentes em diferentes
o mesmo homem ou a mesma corporação exercesse épocas e lugares.
esses três poderes: o de fazer leis, o de executar e o 16) Montesquieu elabora uma teoria do governo
de julgar os crimes ou as desavenças dos particulares. fundamentada na separação dos poderes, isto é, do
Afirmava que só se impede o abuso do poder poder legislativo, do poder executivo e do poder
quando pela disposição das coisas só o poder detém judiciário, cada um desses três poderes deve manter
o poder”. sua autonomia; é dessa forma que se pretende evitar
a) I – John Locke; II – Voltaire; o abuso do poder dos governantes.
b) I – John Locke; II – Montesquieu;
c) I – Rousseau; II – John Locke; As opções 01, 08 e 16 estão corretas. A opção 01
d) I – Rousseau; II – Diderot; está correta ao afirmar que para Rousseau, o
e) I – Montesquieu; II – Rousseau. soberano é o povo entendido como vontade geral, e
que o governante é apenas o representante da
O primeiro texto se refere às ideias de John Locke, soberania popular.
que defendia um Estado de base contratual em que
os cidadãos teriam direitos naturais garantidos, como A opção 08 está correta ao afirmar que Montesquieu
a liberdade, felicidade e prosperidade. Além disso, trata das instituições e das leis em sua obra O
Locke defendia que a maioria teria o direito de fazer Espírito das Leis, buscando compreender a
valer seu ponto de vista e, caso o Estado não diversidade das legislações existentes em diferentes
cumprisse seus objetivos, os cidadãos poderiam épocas e lugares.
pegar em armas para assegurar um contrato justo e a
defesa da propriedade privada. A opção 16 está correta ao afirmar que Montesquieu
elabora uma teoria do governo fundamentada na
O segundo texto se refere às ideias de Montesquieu, separação dos poderes, e que cada um desses três
que propunha um sistema equilibrado de governo poderes deve manter sua autonomia para evitar o
com a divisão de poderes em legislativo, executivo e abuso do poder dos governantes.
judiciário. Montesquieu afirmava que seria perigoso
se uma única pessoa ou grupo de pessoas detivessem 4. ROUSSEAU
os três poderes, sendo necessário impedir o abuso de
poder através da disposição das coisas em que só o 462. A “Querela do luxo” foi um dos mais intensos
poder detém o poder. debates do século XVIII na França e consistiu em
defender o luxo como sinal do progresso da
461. “(...) com exceção de Rousseau, o pensamento humanidade, ou em atacá-lo como signo de
liberal do século XVIII permanece restrito aos decadência. Rousseau, partidário da segunda via,
interesses dos proprietários e portanto elitista.” num dos seus textos, afirma:
“Embora o pensamento de Montesquieu tenha sido A vaidade e a ociosidade, que engendram nossas
apropriado pelo liberalismo burguês, as suas ciências, também engendram o luxo. [...] Eis como o
convicções dão destaque aos interesses de sua classe luxo, a dissolução e a escravidão foram [...] o castigo
e portanto o aproximam dos ideais de uma aristocracia dos esforços orgulhosos que fizemos para sair da
liberal.” ignorância feliz na qual nos colocara a sabedoria
(ARANHA, Maria L. de Arruda e MARTINS, Maria H. Pires. eterna. [...] Crêem embaçar-me terrivelmente
Filosofando: introdução à Filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2003. perguntando-me até onde se
Assinale o que for correto. deve limitar o luxo. Minha opinião é que
01) Para Rousseau, o soberano é o povo entendido absolutamente não se precisa dele. Para além da
como vontade geral, pessoa moral coletiva livre e necessidade física, tudo é fonte de mal.
corpo político de cidadãos, portanto o governante
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ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre as ciências e as Sobre a filosofia política de Rousseau, é correto
artes. Trad. Lourdes Santos Machado, 3ª ed. São Paulo: Abril afirmar que
Cultural, 1983. p.395; 341; 410.
A) uma vez instaurado governo como corpo
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
submisso à autoridade soberana, ulterior esforço de
teoria política e antropológica de Rousseau e a
manutenção deste estado torna-se desnecessário.
compreensão do autor acerca das ciências, das artes e
B) as formas clássicas de governo aristocrático são
do luxo, considere as afirmativas a seguir.
incompatíveis com a ideia de um povo soberano.
I. A crítica de Rousseau às ciências e às artes e, por
C) apenas por um pacto legítimo os homens,
extensão, ao luxo, resulta da sua compreensão da
após terem perdido a sua liberdade natural,
natureza
podem receber, em troca, a liberdade civil.
humana, na qual a necessidade física é o critério
D) a ação política/governamental é boa em si
decisivo sobre o que é bom para a humanidade.
quando leva em consideração a natureza própria do
II. Em sua teoria política, Rousseau dirige a crítica às
ser humano, da sua índole natural.
ciências, às artes e ao luxo, por identificar neles a
vigência de um princípio que sacrifica a possibilidade
Rousseau faz parte da tradição contratualista da
da criação de uma sociedade minimamente justa.
filosofia, que trabalha com a ideia da existência
III. A vaidade e a ociosidade, que engendram o luxo,
anterior de uma condição natural, que foi
são uma constante da natureza humana, razão pela
interrompida por algum motivo e que conduziu à
qual também as ciências e as artes são expressões
confecção do pacto e à formação da sociedade civil e
necessárias da natureza humana.
do Estado. Para Rousseau os homens teriam uma
IV. A defesa da feliz ignorância, na qual nasce cada
natureza piedosa ou compassiva, e seriam capazes de
ser humano, leva Rousseau a legitimar formas de
se preocupar com a situação uns dos outros, sendo a
governo caracterizadas pelo sacrifício da inteligência
condição natural de harmonia. Para o autor, a
e da crítica e pela obediência a um poder soberano.
fundação da propriedade encerrou o estado de
Assinale a alternativa correta.
natureza e inaugurou uma situação de conflito.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
Somente um pacto legítimo, com cada um abrindo
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
mão livremente da sua liberdade natural, poderia
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
conduzir os homens a uma liberdade civil adequada.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
É preciso distinguir nesse autor o tipo de Estado, de-
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
mocrático, garantido pela soberania popular, das
formas de governo, monarquia, aristocracia e
I. Correta. A compreensão de que o homem é um ser
assembleia. Em qualquer uma das três a democracia
natural leva Rousseau a dar importância decisiva à
pode se consolidar.
necessidade física, compreendendo criticamente as
ciências, as artes e o luxo justamente por
464. Jean-Jacques Rousseau analisou a concepção de
representarem atividades nas quais opera, não apenas
“estado de natureza humana” e chegou a conclusão
o distanciamento da natureza, mas também o seu
bem diferente de seus antecessores, conforme se
encobrimento, ou mesmo, o seu apagamento.
observa no trecho abaixo.
Outros poderão, desembaraçadamente, ir mais longe
II. Correta. As ciências, as artes e o luxo, não sendo
na mesma direção, sem que para ninguém seja fácil
derivadas das necessidades físicas, são vistas por
chegar ao término, pois não constitui
Rousseau como fonte do mal, ou resultado da sua
empreendimento trivial separar o que há de original e
vigência. Tal pressuposto desempenha papel central,
de artificial na natureza atual do homem, e conhecer
tanto nas considerações antropológicas de Rousseau,
com exatidão um estado que não mais existe, que
quanto em sua teoria política.
talvez nunca tenha existido, que provavelmente
jamais existirá, e sobre o qual se tem, contudo, a
463. Dentre os filósofos do chamado século das
necessidade de alcançar noções exatas para bem
luzes, que preconizavam a difusão do saber como o
julgar de nosso estado presente”.
meio mais eficaz para se pôr fim à superstição, à ROUSSEAU, J.J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da
ignorância, ao império da opinião e do preconceito, e desigualdade entre os homens. Coleção Os Pensadores. Trad.
que acreditavam estar dando uma contribuição Lourdes Santos Machado. São Paulo: Abril Cultural, 1973.
enorme para o progresso do espírito humano, Rous- Com base no trecho acima e em seus conhecimentos
seau, certamente, ocupa um lugar não muito sobre o assunto, é correto afirmar que, para
cômodo. Rousseau,
NASCIMENTO, Milton Meira. Rousseau: da servidão à A) a natureza humana é inexistente, tudo o que
liberdade. In. WEFFORT, Francisco C. Os Clássicos da somos deriva da educação.
Política, Vol. 1. São Paulo: Ática, 1991, p. 189.
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B) refletir sobre o estado de natureza permite Filosofia.9. ed. São Paulo: Editora Ática, 1997, p.
compreender a vida política. 401.)
C) é impossível distinguir o que há de original e
artificial no ser humano. 466. O homem natural é tudo para si mesmo; é a
D) raciocinar a respeito do estado de natureza unidade numérica, o inteiro absoluto, que só se
humana é uma tarefa inútil. relaciona consigo mesmo ou com seu semelhante. O
homem civil é apenas uma unidade fracionária que se
Todos os teóricos contratualistas precisam travar um liga ao denominador, e cujo valor está em sua relação
confronto com o chamado estado de natureza, e isso com o todo, que é o corpo social. As boas
por dois motivos distintos. Como eles propõem a instituições sociais são as que melhor sabem
ideia de pacto, seria essa condição natural que nos desnaturar o homem, retirar-lhe sua existência
explicaria o motivo pelo qual o realizamos em algum absoluta para dar-lhe uma relativa, e transferir o eu
momento. Além disso, é a partir da concepção de para a unidade comum, de sorte que cada particular
natureza de cada autor que ele irá propor um tipo de não se julgue mais como tal, e sim como uma parte
Estado que ele entende adequado para gerir os da unidade, e só seja percebido no todo.
homens. Desse modo, Hobbes, que nos via como ROUSSEAU, J. J. Emílio ou da Educação. São Paulo:
seres egoístas e violentos, propõe o Leviatã, um Martins Fontes, 1999.
Estado que se impõe pelo medo. Já Rousseau, que A visão de Rousseau em relação à natureza humana,
acredita numa natureza humana compassiva, é um conforme expressa o texto, diz que
defensor da democracia. Entender a condição natural A) o homem civil é formado a partir do desvio de
permite que avaliemos melhor a política. sua própria natureza.
B) as instituições sociais formam o homem de
465. Na Filosofia Política de Jean-Jacques Rousseau, acordo com a sua essência natural.
para que o Contrato Social se concretize, uma das C) o homem civil é um todo no corpo social, pois as
condições necessárias é a de que cada um aceite instituições sociais dependem dele.
ceder todos os seus direitos em favor do Soberano. D) o homem é forçado a sair da natureza para se
A partir da afirmação acima, marque a alternativa tornar absoluto.
incorreta. E) as instituições sociais expressam a natureza
a) Isso significa que o Soberano, que é humana, pois o homem é um ser político.
necessariamente o Rei, terá direito a qualquer
ação, pois não é limitado por nenhum contrato. O homem civil é formado a partir do desvio de sua
b) Apesar de cederem todos os seus direitos, os própria natureza. Rousseau é o autor da célebre frase:
homens não são prejudicados, pois todos devem “o homem é naturalmente bom, a sociedade é que o
ceder seus direitos igualmente. corrompe”. Diante disso, ele apresenta o homem em
c) Os homens, apesar de se submeterem ao estado de natureza sendo mais perfeito e pleno do
Soberano, são livres, pois são partícipes da que quando vive em sociedade civil. A sociedade civil
autoridade Soberana. se origina com a perversão do homem, ocorrida com
d) Os homens, ao obedecerem as leis, são livres, a propriedade privada.
porque obedecem a si mesmos.
467. TEXTO I
Das alternativas acima, somente [A] corresponde a Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra,
uma afirmação falsa. Conforme afirma Marilena em que todo homem é inimigo de todo homem, é
Chaui: válido também para o tempo durante o qual os
“Para Rousseau, o soberano é o povo, entendido homens vivem sem outra segurança senão a que lhes
como vontade ge- ral, pessoa moral, coletiva, livre e pode ser oferecida por sua própria força e invenção.
corpo político de cidadãos. (...) As- sim sendo, o HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
governante não é o soberano, mas o representante da
soberania popular. Os indivíduos aceitam perder a TEXTO II
liberdade civil: acei- tam perder a posse natural para Não vamos concluir, com Hobbes que, por não ter
ganhar a individualidade civil, isto é, a cidadania. nenhuma ideia de bondade, o homem seja
Enquanto criam a soberania e nela se fazem naturalmente mau. Esse autor deveria dizer que,
representar, são cidadãos. Enquanto se submetem às sendo o estado de natureza aquele em que o cuidado
leis e à autoridade do go- vernante que os representa de nossa conservação é menos prejudicial à dos
chamam-se súditos. São, pois, cidadãos do Estado e outros, esse estado era, por conseguinte, o mais
súditos das leis.” (Fonte: Chaui, Marilena. Convite à próprio à paz e o mais conveniente ao gênero
humano.
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ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o fundamento recompensas são prodigalizadas ao engenho e ficam
da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins sem glórias as virtudes. Há mil prêmios para os belos
Fontes, 1993 (adaptado).
discursos, nenhum para as belas ações.
Os trechos apresentam divergências conceituais entre (ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre as ciências e as artes. 3.ed. São
autores que sustentam um entendimento segundo o Paulo: Abril Cultural, 1983. p.348. Coleção Os Pensadores.)
qual a igualdade entre os homens se dá em razão de O texto apresenta um dos argumentos de Rousseau à
uma questão colocada em 1749, pela Academia de Dijon,
A) predisposição ao conhecimento. sobre o seguinte problema: O restabelecimento das
B) submissão ao transcendente. Ciências e das Artes terá contribuído para aprimorar os
C) tradição epistemológica. costumes?
D) condição original. Com base nas críticas de Rousseau à sociedade,
E) vocação política. assinale a alternativa correta.
a) As artes e as ciências geralmente floresceram em
A igualdade entre os homens se dá em razão de uma sociedades que se encontravam em pleno vigor
condição original. Hobbes e Rousseau, ambos moral, em que a honra era a principal preocupação
contratualistas, tinham a concepção de que existia dos cidadãos.
um estado de natureza que, por meio de um contrato b) A emancipação advém da posse e do consumo
social, organiza os indivíduos em torno da sociedade exclusivo e diferenciado de bens de primeira linha,
civil. Assim, eles desenvolveram a mesma concepção uma vez que o luxo concede prestígio para quem o
para atingir conclusões diferentes. possui.
c) Os envolvidos com as ciências e as artes adquirem,
468. Oswald de Andrade, no Manifesto com maior grau de eficiência, conhecimentos que
Antropofágico, procurou transformar o “bom lhes permitem perceber a igualdade entre todos.
selvagem” de Rousseau num aguerrido selvagem d) O amor-próprio é um sentimento positivo por
devorador, que digere e transforma a cultura meio do qual o indivíduo é levado a agir moralmente
européia do colonizador, tornando-a parte de sua e a reconhecer a liberdade e o valor dos demais.
própria cultura. Considerando a questão do “bom e) O objetivo das investigações era atingir
selvagem” no pensamento de Rousseau, é correto celebridade, pois os indivíduos estavam
afirmar. obcecados em exibir-se, esquecendo-se do amor
a) A idealização do bom selvagem, no estado de à verdade.
natureza, representa a exaltação da animalidade do
homem primitivo que, no estado civil, adquire forma Para Rousseau, as sociedades “avançadas” criam
agressiva. ociosidade, que faz surgir o interesse pela
b) A felicidade original do bom selvagem se realiza especulação e pelo refinamento do saber. Como são
no suor de seu trabalho em sua propriedade, de onde meras diversões, essas ocupações tornam seus
retira o necessário para a sua sobrevivência. praticantes obcecados pela necessidade de exibir-se; a
c) O homem, degenerado pela civilização, só poderá investigação e os estudos não são realizados por
recuperar a felicidade que desfrutava no estado de amor à verdade, mas para receber celebridade e
natureza com o retorno à vida isolada no meio das aplausos.
florestas.
d) No estado de natureza, o bom selvagem busca 470. Em geral, são necessárias as seguintes condições
satisfazer sua necessidade inata de reconhecimento para autorizar o direito do primeiro ocupante de
de si e de admiração pelo outro. qualquer pedaço de chão: primeiro, que esse terreno
e) No estado de natureza, o bom selvagem é não esteja ainda habitado por ninguém; segundo, que
auto-suficiente e vive isolado, sobrevivendo com dele só se ocupe a porção de que se tem necessidade
o que a natureza lhe provê e de acordo com suas para subsistir; terceiro, que dele se tome posse não
necessidades inatas. por uma cerimônia vã, mas pelo trabalho e pela
cultura, únicos sinais de propriedade que devem ser
Para Rousseau, o “bom selvagem” realiza sua respeitados pelos outros, na ausência de títulos
existência em um estado anterior ao da sociedade jurídicos.
(estado civil), de forma livre e totalmente (ROUSSEAU, J. J. Do Contrato Social. Trad. de Lourdes
independente, sem qualquer vínculo social e em Machado. São Paulo: Abril S. A. Cultural, 1973. p.44. (Coleção
unidade plena com a natureza. Os Pensadores.)
Com base no texto e nos conhecimentos acerca da
469. A questão não está mais em se um homem é questão do contratualismo em Rousseau, assinale a
honesto, mas se é inteligente. Não perguntamos se alternativa que apresenta, corretamente, as condições
um livro é proveitoso, mas se está bem escrito. As que autorizam o direito do primeiro ocupante.
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Rousseau defendia que o direito de propriedade se 472. No Brasil, na Argentina e em outros países da
justificava apenas para os casos em que o indivíduo América Latina, os governos estão promovendo
tomasse posse de um pedaço de terra desocupado e a mudanças econômicas e de políticas públicas,
cultivasse para satisfazer suas necessidades básicas de mudanças essas conhecidas como liberais ou
subsistência, de modo que o trabalho e a cultura neoliberais. Nessas mais recentes políticas
seriam os únicos sinais de propriedade legítimos. governamentais, o poder público transfere à
Além disso, a ocupação não poderia ser realizada por economia de mercado a satisfação de determinadas
uma cerimônia vã, mas sim por meio do trabalho carências dos cidadãos, que devem provê-las a partir
efetivo na terra. As demais alternativas apresentam do próprio esforço individual em uma economia
elementos que não estão de acordo com o mais fortemente caracterizada pela concorrência
pensamento de Rousseau sobre o direito de entre os indivíduos e por menos direitos sociais. Em
propriedade. seu tempo, o filósofo contratualista Jean-Jacques
Rousseau, em seu Do Contrato Social, afirma que
471. Por que só o homem é suscetível de tornar-se quanto menos felicidade a República é capaz de
imbecil? [...] O verdadeiro fundador da sociedade proporcionar aos cidadãos, mais eles terão que
civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, buscar, individualmente, a felicidade. A consequência
lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas é uma sociedade cada vez mais egoísta,
suficientemente simples para acreditá-lo. desinteressada pela política e, por fim, agrilhoada por
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos um déspota qualquer ou pela cobiça.
da desigualdade entre os homens. Trad. Lourdes Santos Machado, 3. O texto acima apresenta duas opiniões conflitantes
ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. pp. 243; 259.
sobre a condução das políticas públicas.
Com base nos conhecimentos sobre sociedade civil,
Considerando essas opiniões, assinale a afirmação
propriedade e natureza humana no pensamento de
verdadeira.
Rousseau, assinale a alternativa correta.
A) O governo brasileiro defende uma posição
a) A instauração da propriedade decorre de um ato
socialista, que consiste no provimento estatal daquilo
legítimo da sociedade civil, na medida em que busca
que é necessário para a felicidade geral, enquanto
atender às necessidades do homem em estado de
Rousseau apresenta uma ideia liberal de economia e
natureza.
livre-iniciativa.
b) A instauração da propriedade e da sociedade
B) Rousseau é um contumaz representante do
civil cria uma ruptura radical do homem consigo
marxismo cultural, que produz suas críticas ao
mesmo e de distanciamento da natureza.
governo Bolsonaro com o único objetivo de
c) A fundação da sociedade civil é legitimada pela
desestabilizar o Brasil e inviabilizar as reformas
racionalidade e pela universalidade do ato de
econômicas liberalizantes.
instauração da propriedade privada.
C) Rousseau apresenta um argumento contrário
d) O sentimento mais primitivo do homem, que o
ao individualismo liberal, uma vez que o
leva a instituir a propriedade, é o reconhecimento da
indivíduo, despreocupado com a política e
necessidade da propriedade para garantir a
engajado nos ganhos econômicos, se distancia
subsistência.
dos assuntos públicos e corre risco de perder sua
liberdade.
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D) A posição do governo brasileiro, ao apresentar a liberdade civil e os direitos dos homens. Rousseau
um menor aporte para as universidades públicas, defendia que o homem, no seu estado natural, vivia
quando amplia a rede de universidades privadas, é em harmonia e, à medida que o desenvolvimento
condizente com o pensamento de Rousseau, que tem técnico ia ganhando espaço, o homem se tornava
em foco o bem público e não a busca individualizada egoísta e mesquinho, sem compaixão pelo seu
por felicidade. semelhante, enquanto que a sociedade tornava-se
corrupta e corrompia o ser humano. Era preciso que
A condição do homem civilizado, segundo Rousseau, surgisse o Estado para garantir as liberdades civis e
é marcada por interesses privados, que cerceiam sua evitar os conflitos trazidos pela propriedade privada.
moralidade, o que culmina num indivíduo egoísta e
individualista. O homem abre mão de sua liberdade e 474. Relacione, corretamente, as definições sobre o
o convívio social o torna mau, egoísta. A papel do poder político ou do Estado, com seus
desigualdade social acaba sendo um dos principais respectivos pensadores, numerando os parênteses
motivos pelos quais a sociedade pode corromper o abaixo, de acordo com a seguinte indicação:
homem. As atitudes egoístas dos homens são 1. Karl Marx
alimentadas pela busca por melhores condições de 2. John Locke
vida, pela posse de terras e de bens. Os homens, 3. Thomas Hobbes
egoístas, passam a pensar na própria felicidade e 4. Agostinho de Hipona
bem-estar, sem pensar no coletivo e nas ações ( ) Poder político do Estado, como resultante
voltadas para o bem comum. de um pacto de consentimento, constituído para
consolidar os direitos naturais e individuais de cada
473. Considerando a filosofia política contratualista homem.
de Jean Jacques Rousseau, observe a seguinte ( ) Poder do Estado, como poder de origem
passagem de sua obra: espiritual, voltado às necessidades mundanas e à
“O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o vigilância da retidão dos indivíduos.
primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se ( ) Poder político do Estado, originário da
de dizer ‘isto é meu’ e encontrou pessoas necessidade de um grupo manter seu domínio
suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos econômico, pelo domínio político, sobre outros
crimes, guerras assassínios misérias e horrores não grupos.
pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando ( ) Poder político do Estado, com poder
as estacas, tivesse gritado aos semelhantes: absoluto, fruto da renúncia de direitos naturais
‘Defendei-vos de ouvir esse impostor’”. originários e garantidores da paz.
Rousseau, J.J. Discurso sobre a origem e os A sequência correta, de cima para baixo, é:
fundamentos da desigualdade entre os homens. A) 3, 1, 4, 2.
São Paulo. Abril Cultural, 1978. P.259.
B) 2, 3, 4, 1.
A filosofia política de Rousseau
C) 2, 4, 1, 3.
A) seguiu a tradição contratualista de Locke e
D) 4, 1, 3, 2.
Hobbes, contudo sua ideia de pacto
fundamentou-se na noção de vontade geral,
Para John Locke, os homens fizeram um pacto para
ponto de partida para a cidadania, construída
conservarem suas vidas, liberdade e bens,
com base nas vontades particulares.
renunciando ao seu poder natural de justiça (que
B) fundamentou-se na visão absolutista de pacto
passou a ser do governo, com o objetivo de
originária do pensamento de Thomas Hobbes, na
conservar seus direitos). Para Agostinho de Hipona,
qual uma sociedade livre só seria possível se
o governo deveria promover o bem comum, atender
comandada de forma despótica.
as necessidades sociais, e corrigir os que
C) foi fortemente influenciada pelas concepções
"atrapalham" a manutenção da ordem social.
anarquistas do filósofo francês Pierre-Joseph
Segundo Karl Marx, o poder do Estado implica e
Proudhon, crítico severo da propriedade privada.
representa o poder de uma classe dominante em
D) tinha, a exemplo de John Locke, uma concepção
detrimento das demais, criando aparatos para manter
positiva da propriedade como elemento fundamental
essa estrutura. Já Thomas Hobbes defendia que era
na consolidação do pacto social e da opinião geral.
necessário um Estado Soberano para controlar a
todos e manter a paz civil.
Para Rousseau, era no estado de natureza que o ser
humano era plenamente livre de qualquer condição
475. Analise as seguintes passagens que se referem
que o privaria de sua liberdade natural. O homem é
ao princípio fundamental do contratualismo — a
bom, porém a propriedade o corrompeu. Para ele, a
criação do estado se deu com o objetivo de preservar
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existência de um pacto social como fundamento da afirmava que era por meio do contrato social que a
sociedade: liberdade natural do homem, seu bem-estar e sua
“As cláusulas desse contrato são de tal modo segurança seriam preservados. Os homens, depois de
determinadas pela natureza do ato, que a menor terem perdido sua liberdade natural, necessitariam,
modificação as tornaria vãs e de nenhum efeito. em troca, a liberdade civil, e o contrato social
Violando-se o pacto social, cada um volta aos seus garantiria isso.
primeiros direitos e retoma sua liberdade natural,
perdendo a liberdade convencional pela qual 476. Sendo ele apenas a fusão dos poderes que cada
renunciara àquela”. membro da sociedade delega à pessoa ou à
ROUSSEAU, J. J. Do contrato social. 2ª ed. São Paulo: Abril assembleia que tem a função do legislador,
ultural, 1978. Coleção “Os Pensadores”. permanece forçosamente circunscrito dentro dos
“E os pactos sem espada não passam de mesmos limites que o poder que essas pessoas
palavras, sem força para dar qualquer segurança a detinham no estado de natureza antes de se
ninguém. Portanto, apesar das leis da natureza (que associarem e a ele renunciarem em prol da
cada um respeita quando tem vontade de as comunidade social. Ninguém pode transferir para
respeitar e quando o pode fazer com segurança), se outra pessoa mais poder do que ele mesmo possui; e
não for instituído um poder suficientemente grande ninguém tem um poder arbitrário absoluto sobre si
para nossa segurança, cada um confiará, e poderá mesmo ou sobre qualquer outro para destruir sua
legitimamente confiar, apenas em sua própria força e própria vida ou privar um terceiro de sua vida ou
capacidade”. propriedade.
HOBBES, Thomas. LEVIATÃ ou matéria, forma e poder de LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo civil. 4. ed. Bragança Paulista: Ed.
um estado eclesiástico e civil. Trad. João P. Monteiro e Maria B. Universitária São Francisco; Petrópolis: Vozes, 2006, p. 163.
Nizza. 3ª ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. Cada um de nós põe em comum sua pessoa e
Considere as seguintes proposições sobre o conceito todo o seu poder sob a suprema direção da vontade
de pacto social: geral; e recebemos, coletivamente, cada membro
I. Para Rousseau, pelo pacto social, o homem abre como parte indivisível do todo. Imediatamente, em
mão de sua liberdade, mas, ao fazê-lo, abre espaço ao vez da pessoa particular de cada contratante, esse ato
surgimento da soberania e da lei, e obedecer a lei é de associação produz um corpo moral e coletivo
obedecer a si mesmo, o que o torna livre novamente. composto de tantos membros quantos são os votos
II. Diferente de Hobbes, Locke não via o estado de da assembleia, o qual recebe, por esse mesmo ato,
natureza dominado pelo egoísmo. O contrato social sua unidade, seu eu comum, sua vida e sua vontade.
era necessário para garantir o direito de propriedade ROUSSEAU, Jean-Jacques. O contrato social. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
que, segundo Locke, era anterior à própria John Locke (1632-1704) e Jean-Jacques Rousseau
sociabilidade. (1712-1778) são filósofos que desenvolvem
III. Hobbes e Rousseau concordavam ser necessário significativas reflexões sobre as articulações entre
um pacto ou contrato social, que decorria da ética e política. Sobre as teses desses autores, conclui-
necessidade humana de controlar os instintos e se que:
impedir a guerra de todos contra todos do estado de A) a teoria política de Locke, priorizando a ética
natureza. centrada no indivíduo, e a teoria política de
É correto o que se afirma em Rousseau, priorizando a ética centrada na
A) I, II e III. vontade geral, oferecem elementos importantes
B) I e III apenas. para o debate contemporâneo em torno dos
C) I e II apenas. direitos individuais e dos direitos sociais.
D) II e III apenas. B) a teoria política de Locke, valorizando a igualdade
jurídica, e a teoria política de Rousseau, valorizando a
Para Hobbes, os homens precisavam de um Estado civilização moderna, possuem em comum o fato de
forte, do contrário, haveria guerra. O ser humano, considerar a sociedade política como uma realização
egoísta, e desejando viver em paz e ter prosperidade, prevista na própria ética natural da humanidade.
se submetia a um poder maior. O Estado deveria C) a teoria política de Locke, valorizando o
evitar conflitos entre os homens, zelar pela segurança autogoverno pelos indivíduos, e a teoria política de
e preservar a propriedade privada. Locke afirmava Rousseau, valorizando o autogoverno pelo corpo
que o homem vivia num estado natural sem social, são plenamente complementares, delas
organização política e social. Os homens, então, vão resultando a democracia representativa e as políticas
concordar, de forma livre, em formar uma sociedade sociais contemporâneas.
política organizada, em que o Estado preserve os D) a teoria política de Locke, ressaltando o valor da
direitos naturais dos homens, como a vida, a propriedade, e a teoria política de Rousseau, centrada
liberdade e a propriedade privada. E Rousseau no eu comum da humanidade, são convergentes ao
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reconhecer no Estado a fixação de uma ética é preciso que essa ordem seja construída de forma
absoluta, que deve ser pacificamente assimilada pelos justa e igualitária.
cidadãos.
E) a teoria política de John Locke, concebendo os O autor destaca a importância da associação entre os
indivíduos como legisladores naturais, e a teoria homens, mas salienta que essa associação deve ser
política de Rousseau, concedendo legitimidade à baseada na igualdade política, não em relações de
coletividade, são, respectivamente, partidárias do submissão e dominação. Ele ressalta que a agregação
relativismo ético e da ética fundada em noções de homens sob um único líder não configura uma
cristãs. associação verdadeira, pois não existe bem público
nem corpo político nesse tipo de relação.
Ambos os filósofos oferecem elementos importantes
para o debate contemporâneo sobre ética e política, Em resumo, Rousseau defende a construção de uma
mas suas teorias não são complementares e não sociedade baseada em relações igualitárias e justas,
resultam na democracia representativa e nas políticas em que os indivíduos se unam em associações
sociais contemporâneas. Além disso, a teoria política verdadeiras, baseadas no bem público e no corpo
de Locke não valoriza o autogoverno pelos político. Ele critica a escravidão e outras formas de
indivíduos, mas sim a limitação do poder do Estado opressão e desigualdade, e defende a importância da
em relação aos direitos individuais, e a teoria política liberdade e da igualdade política como fundamentos
de Rousseau não valoriza o autogoverno pelo corpo para a construção de uma sociedade justa e livre.
social, mas sim a vontade geral que deve ser expressa
e implementada pelo Estado. A teoria política de 478. “A soberania não pode ser representada pela
Rousseau também não é centrada no eu comum da mesma razão por que não pode ser alienada, consiste
humanidade, mas sim na vontade geral do povo. essencialmente na vontade geral e a vontade
absolutamente não se representa. (...). Os deputados
477. “O homem nasce livre, e por toda a parte do povo não são nem podem ser seus
encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais representantes; não passam de comissários seus, nada
não deixa de ser mais escravo do que eles. (...) A podendo concluir definitivamente. É nula toda lei
ordem social, porém, é um direito sagrado que serve que o povo diretamente não ratificar; em absoluto,
de base a todos os outros. (...) Haverá sempre uma não é lei.”
grande diferença entre subjugar uma multidão e reger (ROSSEAU, J.J. Do Contrato social, São Paulo, Abril Cultural,
uma sociedade. Sejam homens isolados, quantos 1973, livro III, cap. XV, p. 108-109)
possam ser submetidos sucessivamente a um só, e Rousseau, ao negar que a soberania possa ser
não verei nisso senão um senhor e escravos, de representada preconiza como regime político:
modo algum considerando-os um povo e seu chefe. a) um sistema misto de democracia semidireta, no
Trata-se, caso se queira, de uma agregação, mas não qual atuariam mecanismos corretivos das distorções
de uma associação; nela não existe bem público, nem da representação política tradicional.
corpo político.” b) a constituição de uma República, na qual os
(Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: deputados teriam uma participação política
Ed. Abril, 1973, p. 28,36.) limitada.
No trecho apresentado, o autor c) a democracia direta ou participativa, mantida
a) argumenta que um corpo político existe por meio de assembleias frequentes de todos os
quando os homens encontram-se associados em cidadãos.
estado de igualdade política. d) a democracia indireta, pois as leis seriam
b) reconhece os direitos sagrados como base para os elaboradas pelos deputados distritais e aprovadas
direitos políticos e sociais. pelo povo.
c) defende a necessidade de os homens se unirem em e) um regime comunista no qual o poder seria
agregações, em busca de seus direitos políticos. extinto, assim como as diferenças entre cidadão e
d) denuncia a prática da escravidão nas Américas, súdito.
que obrigava multidões de homens a se submeterem
a um único senhor. Rousseau preconiza como regime político a
democracia direta ou participativa, na qual todos os
O texto apresenta uma visão crítica da ordem social cidadãos têm participação ativa na tomada de
vigente, que se baseia em hierarquias e desigualdades. decisões políticas por meio de assembleias
Rousseau afirma que o homem nasce livre, mas se vê frequentes. Ele nega que a soberania possa ser
aprisionado em um sistema social que o subjuga. Ele representada, argumentando que ela consiste
argumenta que a ordem social é um direito sagrado essencialmente na vontade geral e que a vontade
que serve de base a todos os outros, mas ressalta que absolutamente não se representa. Portanto, os
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deputados do povo não são seus representantes, mas De acordo com o trecho citado, no estado de
apenas comissários seus, que não podem concluir natureza, não havia moralidade nas ações humanas
definitivamente. Para Rousseau, é nula toda lei que o porque os homens agiam pelos impulsos e apetites
povo diretamente não ratificar, ou seja, a democracia naturais. A entrada no Estado civil implica a
deve ser direta e não indireta. substituição do instinto pela justiça e a conferência
de moralidade às ações humanas;
479. “A passagem do estado natural ao estado civil
produz no homem uma mudança notável, A passagem citada deixa claro que a transformação
substituindo em sua conduta o instinto pela justiça, e que ocorre no homem na passagem do estado de
conferindo às suas ações a moralidade que natureza para a sociedade civil é a troca da ação
anteriormente lhes faltava. É somente então que a instintiva pela ação regulada pela razão e pela
voz do dever, sucedendo ao impulso físico e o moralidade. A voz do dever substitui o impulso
direito ao apetite, o homem, que até esse momento físico e o direito substitui o apetite, fazendo com que
só tinha olhado para si mesmo, se visse forçado a o homem seja forçado a agir por outros princípios e
agir por outros princípios e consultar a razão antes a consultar a razão antes de agir;
de ouvir seus pendores. [...] Reduzamos todo este
balanço a termos fáceis de comparar; o que o Portanto, as opções 01, 02, 04 e 08 estão corretas e
homem perde pelo contrato social é a liberdade evidenciam a ideia de que a entrada no Estado civil
natural e um direito ilimitado a tudo que o tenta e implica a conquista de novos direitos e a conservação
pode alcançar; o que ganha é a liberdade civil e a da liberdade civil, bem como a substituição do
propriedade de tudo o que possui” instinto pela razão e moralidade nas ações humanas.
ROUSSEAU, J. J. O Contrato Social. In: Antologia de textos
filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 606-607. 480. “Suponhamos os homens chegando àquele
A partir do trecho citado, assinale o que for correto. ponto em que os obstáculos prejudiciais à sua
01) O estado civil implica a conquista de novos conservação no estado de natureza sobrepujam, pela
direitos e a conservação da liberdade civil para os sua resistência, as forças de que cada indivíduo
homens. dispõe para manter-se neste estado. Então, esse
02) A racionalidade inerente ao homem é um dos estado primitivo já não pode subsistir, e o gênero
fatores fundamentais para sua opção em viver no humano, se não mudasse de modo de vida, pereceria.
Estado civil. [...] ‘Encontrar uma forma de associação que defenda
04) No estado de natureza, não havia moralidade nas e proteja a pessoa e os bens de cada associado com
ações humanas, porque os homens cediam aos toda a força comum, e pela qual cada um, unindo-se
impulsos e aos apetites naturais. a todos, só obedece contudo a si mesmo,
08) A transformação que ocorre no homem na permanecendo assim tão livre quanto antes’. Esse, o
passagem do estado de natureza para a sociedade problema fundamental cuja solução o contrato social
civil é a troca da ação instintiva pela ação regulada oferece.”
pela razão e pela moralidade. (ROUSSEAU. J-J. O Contrato Social. São Paulo: Editora Nova
16) Na sociedade civil, o homem fica limitado Cultural, 2005, p. 69-70).
politicamente, visto que perde sua liberdade natural. A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
01) A sociedade civil que nasce do contrato social
As opções 01, 02, 04 e 08 estão corretas. O texto de exige a instalação de um poder político absoluto
Rousseau afirma que o homem perde a liberdade sobre todos os cidadãos.
natural ao adentrar no contrato social, mas ganha a 02) O estado de natureza pode colocar em risco a
liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui. vida humana e, no limite, até o gênero humano.
Ou seja, a conquista de novos direitos e a 04) O contrato social proposto é um acordo entre os
manutenção da liberdade civil são consequências da homens para solucionar, entre outras dificuldades, os
entrada do homem no Estado civil; problemas relativos à conservação da vida presente
no estado de natureza.
A passagem citada do texto de Rousseau não 08) A liberdade política na sociedade civil é mais
menciona diretamente a racionalidade como fator limitada em relação à liberdade presente no estado de
fundamental para a opção do homem em viver no natureza.
Estado civil. No entanto, a ideia implícita é que o 16) A sociedade civil deve proteger não somente os
homem, ao passar do estado de natureza para a indivíduos contratantes, mas também as suas
sociedade civil, passa a agir mais de acordo com a propriedades.
razão e menos pelos impulsos e apetites naturais;
As opções 02, 04 e 16 estão corretas. A opção 02 está
correta, pois segundo Rousseau, o estado de natureza
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pode colocar em risco a vida humana e, no limite, até são desconectadas da realidade social e política, o que
o gênero humano. A opção 04 também está correta, prejudica o desenvolvimento da cidadania. Portanto,
já que o contrato social é proposto como um acordo a opção 04 está correta.
entre os homens para solucionar, entre outras
dificuldades, os problemas relativos à conservação da Rousseau não afirma que todos os cidadãos são
vida presente no estado de natureza. Já a opção 16 mendigos e indigentes, mas sim que aqueles que
está correta, pois na sociedade civil, a proteção às fornecem o pão e dão leite às crianças são
propriedades é uma das funções do Estado, que deve frequentemente negligenciados e desprezados pela
garantir a segurança e a ordem públicas. sociedade que valoriza mais as artes e as ciências do
que a própria subsistência humana. Portanto, a
481. “O abuso do tempo é um grande mal. Outros opção 08 está incorreta.
males ainda piores decorrem das letras e das artes.
Assim é o luxo, nascido como elas da ociosidade e da Por fim, Rousseau ressalta a importância de valorizar
vaidade dos homens. O luxo raramente anda sem as os aspectos políticos em detrimento dos saberes
ciências e as artes, e estas nunca andam sem ele. Eu artístico e científico, especialmente quando esses
sei que nossa filosofia, sempre fecunda em máximas saberes são valorizados em detrimento da
singulares, pretende, contra a experiência de todos os subsistência e da cidadania. Portanto, a opção 16 está
séculos, que o luxo faz o esplendor dos Estados; [...] correta.
Nós temos físicos, geômetras, químicos, astrônomos,
poetas, músicos, pintores. Não temos mais cidadãos, 482. “Deve-se compreender, nesse sentido, que,
ou se ainda os restam, dispersos em nossos campos menos do que o número de votos, aquilo que
abandonados, eles perecem indigentes e desprezados. generaliza a vontade é o interesse comum que os
Este é o estado a que foram reduzidos, estes são os une, pois nessa instituição cada um necessariamente
sentimentos que recebem de nós aqueles que nos se submete às condições que impõe aos outros:
fornecem o pão e que dão o leite a nossas crianças”. admirável acordo entre o interesse e a justiça, que dá
(ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre as ciências e as artes, às deliberações comuns um caráter de equidade que
segunda parte, in MARÇAL, J. Antologia de textos filosóficos. vimos desaparecer na discussão de qualquer negócio
Curitiba: Seed, 2009, p. 580/581).
particular, pela falta de um interesse comum que una
A partir do texto assinale o que for correto.
e identifique a regra do juiz à da parte. Por qualquer
01) Segundo Rousseau, muitos males decorrem das
via que se remonte ao princípio, chega-se sempre à
ciências, das letras e das artes.
mesma conclusão, a saber: o pacto social estabelece
02) Rousseau defende que as ciências e as artes sejam
entre os cidadãos uma tal igualdade, que eles se
luxuosas.
comprometem todos nas mesmas condições e devem
04) Rousseau chama a atenção para a separação entre
todos gozar dos mesmos direitos”.
as ciências e as artes em relação aos problemas ROUSSEAU, J-J. Do contrato social. In ARANHA, M. Filosofar
políticos reais. com textos: temas e história da Filosofia. São Paulo: Moderna, 2012,
08) Para Rousseau, os cidadãos são os mendigos e os p. 427.
indigentes. A partir do texto citado, assinale o que for correto.
16) Rousseau ressalta o desprezo dos aspectos 01) O filósofo destaca a busca de uma igualdade
políticos em relação à exaltação dos saberes artístico política por meio de um pacto social que fundamente
e científico. as relações em comunidade.
02) As discussões particulares ou privadas não visam
As opções 01, 04 e 16 estão corretas. Rousseau o interesse comum e nem a equidade, por isso elas
afirma que o abuso do tempo é um grande mal e que não podem normatizar a esfera pública.
muitos males decorrem das ciências, das letras e das 04) Para o filósofo, o número de votos e mesmo as
artes, incluindo o luxo, que é nascido da ociosidade e eleições são irrelevantes e descartáveis em uma
da vaidade dos homens. Assim, a opção 01 está comunidade política fundada no pacto social.
correta. 08) O contrato social nasce do comprometimento
dos membros de uma comunidade em respeitar os
Rousseau não defende que as ciências e as artes direitos e princípios básicos que fundam essa
sejam luxuosas, pelo contrário, ele critica a comunidade.
associação entre luxo e ciências/artes. Logo, a opção 16) A submissão à vontade geral propicia a realização
02 está incorreta. de algo raro na vida política: a conjunção de justiça e
interesse comum.
Rousseau chama a atenção para a separação entre as
ciências e as artes em relação aos problemas políticos As opções 01, 02, 08 e 16 estão corretas. Rousseau
reais, afirmando que muitas vezes essas atividades destaca a importância do pacto social como
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fundamento das relações em comunidade, buscando IV. Com a passagem do estado de natureza para o
uma igualdade política entre os cidadãos e estado civil, o homem passa a agir baseado em
sublinhando que o interesse comum é o que une a princípios da justiça e da moralidade, orientando-se
vontade geral. Ele argumenta que as deliberações antes pela razão do que pelas inclinações.
comuns adquirem um caráter de equidade quando há V. Com a passagem do estado de natureza para o
um interesse comum que une e identifica a regra do estado civil, o homem obtém vantagens que o faz um
juiz à da parte, e que isso se dá porque, no pacto “ser inteligente e um homem”, obtendo, assim a
social, todos os membros se comprometem nas “liberdade civil”, submetendo-se, apenas, “à lei que
mesmas condições e devem gozar dos mesmos prescrevemos a nós mesmos”.
direitos. Além disso, Rousseau contrasta a esfera Assinale a alternativa correta.
pública com as discussões particulares ou privadas, a) Apenas I e II estão corretas.
argumentando que estas não visam o interesse b) Apenas II e III estão corretas.
comum e nem a equidade, e que, portanto, elas não c) Apenas I e V estão corretas.
podem normatizar a esfera pública. Assim, o filósofo d) Apenas IV e V estão corretas.
destaca a importância da submissão à vontade geral e) Apenas II e V estão corretas.
como um elemento que propicia a realização de algo
raro na vida política: a conjunção de justiça e A afirmativa está incorreta, pois no estado de
interesse comum. Por fim, a opção 04 está incorreta, natureza, para Rousseau, o homem é guiado pelos
pois Rousseau não descarta a importância das instintos e pela autopreservação, sem basear sua
eleições ou do número de votos, mas sim destaca a conduta na justiça e na moralidade.
importância do pacto social e da submissão à
vontade geral como fundamentos para a realização II. A afirmativa está incorreta, pois no estado de
de uma comunidade política justa e igualitária. natureza, para Rousseau, a conduta do homem é
guiada pela autopreservação e não por princípios
483. “A passagem do estado de natureza para o racionais.
estado civil determina no homem uma mudança
muito notável, substituindo na sua conduta o instinto III. A afirmativa está incorreta, pois, segundo
pela justiça dando às suas ações a moralidade que Rousseau, no estado civil, o homem é guiado pela
antes lhes faltava. É só então que, tomando a voz do razão e pela moralidade, substituindo os instintos
dever o lugar do impulso físico, e o direito o lugar do pela justiça e pelo dever.
apetite, o homem, até aí levando em consideração
apenas sua pessoa, vê-se forçado a agir baseado em IV. A afirmativa está correta, pois, para Rousseau,
outros princípios e a consultar e ouvir a razão antes com a passagem do estado de natureza para o estado
de ouvir suas inclinações. Embora nesse estado se civil, o homem substitui o instinto pela justiça,
prive de muitas vantagens que frui da natureza, agindo baseado em princípios da moralidade e
ganha outras de igual monta: suas faculdades se orientando-se pela razão.
exercem e se desenvolvem, suas ideias se alargam,
seus sentimentos se enobrecem, toda sua alma se V. A afirmativa está correta, pois, para Rousseau,
eleva a tal ponto que (...) deveria sem cessar bendizer com a passagem do estado de natureza para o estado
o instante feliz que dela o arrancou para sempre e civil, o homem obtém a liberdade civil, submetendo-
fez, de um animal estúpido e limitado, um ser se apenas às leis que ele mesmo prescreve, e obtém
inteligente e um homem”. vantagens que o fazem um ser inteligente e um
Rousseau. homem.
Com base no texto, seguem as seguintes afirmativas:
I. A mudança significativa que ocorre para o homem, 484. Jean-Jacques Rousseau, em sua obra O contrato
na passagem do estado natural para o estado civil, é a social, estabelece a vontade geral como fundamento
de que o homem passa a conduzir-se pelos instintos, de uma sociedade verdadeiramente civilizada. No
como um “animal estúpido e limitado”. contrato social concebido por Rousseau, cada
II. A conduta do homem, no estado natural, é indivíduo põe em comum sua pessoa e todo o seu
baseada na justiça e na moralidade e em poder sob a suprema direção da vontade geral — que
conformidade com princípios fundados na razão. é diferente da vontade da maioria —, produzindo um
III. Ao ingressar no estado civil, na sua conduta, o corpo moral e coletivo que consiste no eu comum da
homem substitui a justiça pelo instinto e apetite, sociedade política.
orientando-se, apenas, pelas suas inclinações e não Identifique a alternativa que apresenta
pela “voz do dever” e sem “ouvir a razão”. adequadamente a relação da teoria contratualista de
Rousseau com o conceito de democracia.
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com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, geral. Kant utiliza a ideia contratualista, onde a
experimentar se não se resolverão melhor as tarefas autoridade política se fundamenta na vontade geral,
da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam ou seja, onde há o consenso do povo. Assim, ele
regular pelo nosso conhecimento. afirma que "a vontade unida em geral consiste de três
KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste- pessoas", que são os três poderes: legislativo,
Guibenkian, 1994. executivo e judiciário. Dentre eles, o legislador
O trecho em questão é uma referência ao que ficou (poder legislativo) é o soberano e mais importante,
conhecido como revolução copernicana da filosofia. uma vez que estabelece as normas supremas da vida
Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que social. Estabelecidas tais normas, o governante
a) assumem pontos de vista opostos acerca da (poder executivo) deve executar e o juiz (poder
natureza do conhecimento. judiciário) deve proteger.
b) defendem que o conhecimento é impossível,
restando-nos somente o ceticismo. 491. A pura lealdade na amizade, embora até o
c) revelam a relação de interdependência entre os presente não tenha existido nenhum amigo leal, é
dados da experiência e a reflexão filosófica. imposta a todo homem, essencialmente, pelo fato de
d) apostam, no que diz respeito às tarefas da tal dever estar implicado como dever em geral,
filosofia, na primazia das ideias em relação aos anteriormente a toda experiência, na ideia de uma
objetos. razão que determina a vontade segundo princípios a
e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do priori.
nosso conhecimento e são ambas recusadas por KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São
Kant. Paulo: Barcarolla, 2009.
A passagem citada expõe um pensamento
Confrontam-se duas posições filosóficas que caracterizado pela
assumem pontos de vista opostos acerca da natureza A) eficácia prática da razão empírica
do conhecimento. No livro "Crítica da Razão Pura", B) transvaloração dos valores judaico-cristãos.
Immanuel Kant faz uma crítica à real natureza do C) recusa em fundamentar a moral pela
conhecimento, pois ele acreditava em uma primazia experiência.
das ideias sobre os objetos para a produção do D) comparação da ética a uma ciência de rigor
conhecimento. matemático.
E) importância dos valores democráticos nas
490. Um Estado é uma multidão de seres humanos relações de amizade.
submetida a leis de direito. Todo Estado encerra três
poderes dentro de si, isto é, a vontade unida em geral A passagem citada expõe um pensamento
consiste de três pessoas: o poder soberano caracterizado pela recusa em fundamentar a moral
(soberania) na pessoa do legislador; o poder pela experiência. A ética kantiana é uma ética formal.
executivo na pessoa do governante (em consonância É um sistema moral que propõe o "imperativo
com a lei) e o poder judiciário (para outorgar a cada categórico". Segundo Kant, nossa conduta não deve
um o que é seu de acordo com a lei) na pessoa do se basear em nossa experiência, nem em nosso
juiz. desejo de felicidade, ou em possíveis benefícios
KANT, I. A metafísica dos costumes. Bauru: EDIPRO, resultantes de nossas ações. Nossa conduta deve se
2003. basear na consciência do dever, ou seja, devemos
De acordo com o texto, em um Estado de direito fazer o certo porque é o certo.
A) a vontade do governante deve ser obedecida, pois
é ele que tem o verdadeiro poder. 492. Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade a
B) a lei do legislador deve ser obedecida, pois pedir dinheiro emprestado. Sabe muito bem que não
ela é a representação da vontade geral. poderá pagar, mas vê também que não lhe
C) o Poder Judiciário, na pessoa do juiz, é soberano, emprestarão nada se não prometer firmemente pagar
pois é ele que outorga a cada um o que é seu. em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a
D) o Poder Executivo deve submeter-se ao promessa; mas tem ainda consciência bastante para
Judiciário, pois depende dele para validar suas perguntar a si mesma: não é proibido e contrário ao
determinações. dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo
E) o Poder Legislativo deve submeter-se ao que se decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria:
Executivo, na pessoa do governante, pois ele que é quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou pedi-
soberano. lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que
tal nunca sucederá.
Em um Estado de direito, a lei do legislador deve ser KANT, l. Fundamentação da metafísica dos costumes. São
obedecida, pois ela é a representação da vontade Paulo. Abril Cultural, 1980
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c) O tempo é um conceito discursivo, ou seja, um nível médio e permitem descobrir em nós uma
conceito universal. faculdade de resistência de espécie totalmente
d) O tempo é um conceito empírico que pode ser diversa, a qual encoraja a medir-nos com a aparente
abstraído de qualquer experiência. onipotência da natureza.
e) O tempo, concebido a partir da soma dos (KANT, I. Crítica da Faculdade do Juízo. Trad. Antonio
instantes, é infinito. Marques e Valério Rohden. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1995. p. 107.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
O tempo, tal qual o espaço, é condição a priori de
juízo de gosto e o sublime na estética moderna,
toda a experiência.
particularmente em Kant, assinale a alternativa
correta.
499. Esclarecimento é a saída do homem de sua
a) O conceito de beleza, resultante da atividade do
menoridade, da qual ele próprio é culpado. A
entendimento, permite apreender o sentido dos
menoridade é a incapacidade de fazer uso do seu
eventos ameaçadores, protegendo o sujeito da
entendimento sem a direção de outro indivíduo ...
destruição.
Sapere Aude! Tem coragem de fazer uso de teu
b) Os elementos da natureza compõem o núcleo da
próprio entendimento, tal é o lema do
teoria kantiana do juízo de gosto, constituindo,
esclarecimento.
(KANT, I. Resposta à pergunta: que é ‘Esclarecimento’ também, parte importante da sua concepção de
(‘Aufklärung’). Trad. Floriano de Souza Fernandes, 2.ed. gênio.
Petrópolis: Vozes, 1985. p.100-117.) c) Os eventos naturais de proporções ameaçadoras
Tendo em vista a compreensão kantiana do provocam nosso interesse quando nos situam na
Esclarecimento (Aufklärung) para a constituição de possibilidade iminente de sermos por eles destruídos.
uma compreensão tipicamente moderna do humano, d) O sublime não está contido em nenhuma
assinale a alternativa correta. coisa da natureza, e sim em nosso ânimo,
a) Fazer uso do próprio entendimento implica a quando nos tornamos conscientes de nossa
destruição da tradição, na medida em que o poder da superioridade à natureza.
tradição impede a liberdade do pensamento. e) A faculdade de resistência à dimensão ameaçadora
b) A superação da condição de menoridade resulta e destruidora dos eventos naturais de grande
do uso privado da razão, em que o indivíduo faz uso magnitude é a faculdade produtora do belo.
restrito do próprio entendimento.
c) A saída da menoridade instaura uma situação Em Crítica de Faculdade do Juízo, Kant explicita a
duradoura, pois as verdadeiras conquistas do relação entre o sublime, as coisas de natureza e o
Esclarecimento se afiguram como irreversíveis. homem do seguinte modo: “Portanto, a sublimidade
d) A menoridade é uma tendência decorrente da não está contida em nenhuma coisa da natureza, mas
natureza humana, sendo, por esse motivo, superada só em nosso ânimo, na medida em que podemos ser
no Esclarecimento, com muito esforço. conscientes de ser superiores à natureza em nós e
e) A condição fundamental para o através disso também à natureza fora de nós”.
Esclarecimento é a liberdade, concebida como a (KANT, Crítica de Faculdade do Juízo, p. 110).
possibilidade de se fazer uso público da razão.
501. Dever é a necessidade de uma ação por respeito
Liberdade e uso público da razão são noções à lei. [...] devo proceder sempre de maneira que eu
decisivas para compreender o modo como Kant possa
concebe o Esclarecimento. querer também que a minha máxima se torne uma lei
universal.
500. Rochedos audazes sobressaindo-se por assim KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos
dizer ameaçadores, nuvens carregadas acumulando- costumes. Trad. Paulo Quintela. São Paulo: Abril Cultural.
se no céu, avançando com relâmpagos e estampidos, Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
vulcões em sua inteira força destruidora, furacões teoria kantiana do dever, assinale a alternativa
com a devastação deixada para trás, o ilimitado correta.
oceano revolto, uma alta queda d’água de um rio a) A máxima de uma ação moral universalizável pode
poderoso etc. tornam nossa capacidade de resistência ter como fundamento os efeitos da ação, sendo
de uma pequenez insignificante em comparação com considerada moralmente boa uma ação cujos efeitos
o seu poder. Mas o seu espetáculo só se torna tanto causam o bem.
mais atraente quanto mais terrível ele é, contanto b) A obrigação incondicional que a lei moral
que, somente, nos encontremos em segurança; e de impõe advém do reconhecimento da
bom grado denominamos estes objetos sublimes, possibilidade de universalização das máximas
porque eles elevam a fortaleza da alma acima de seu da ação.
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c) A mentira pode, em certas circunstâncias, ser Sobre as noções kantianas de tempo e espaço é
legitimada moralmente quando dela resulta uma ação correto afirmar que essas noções são as formas
benéfica ou impede o prejuízo a outrem. A) da experiência possível, que só podem ser
d) A máxima incondicional de uma ação moral pode conhecidos a posteriori. B) da razão, resultantes da
ter como fundamento a experiência, pois os participação do homem no Ser de Deus.
costumes fornecem elementos suficientes para ela. C) a priori da razão, a partir das quais os objetos
e) O imperativo categórico, princípio dos nos são dados na experiência.
imperativos do dever, escolhe, dentre os estímulos D) de conceber a experiência, aprendidas
fornecidos à vontade, o que lhe é mais adequado. culturalmente desde a infância e ao longo da nossa
história.
Para ser considerada moral, a máxima de uma ação
deve poder ser universalizada, tendo como razão Kant elabora uma teoria que mistura racionalismo
para tal, única e exclusivamente, a obrigação imposta com empirismo, no sentido de afirmar toda e
pela lei. qualquer experiência como um composto, que é
formado por uma parte que é dada pelos dados de
502. Para Immanuel Kant, impressão, ou seja, pelo objeto, e por outra que a
A) transcendental é o conhecimento enquanto tal, na nossa própria faculdade de conhecimento, isto é, a
medida em que é possível a posteriori, ou seja, como nossa mente ou razão, fornece de si mesma. O que é
objeto de apreensão sensível/material. denominado de Revolução Copernicana é
B) transcendental é uma forma de conhecimento exatamente o esforço do filósofo de compreender o
não dos próprios objetos, mas dos modos pelos que existe em nossa mente antes de qualquer
quais podem ser conhecidos, ou seja, as experiência e é condição para que ela aconteça, ou
condições da experiência possível. seja, o que existe no nosso cérebro a priori. Depois
C) transcendente é o conhecimento que trata dos de um estudo de anos Kant conclui que existem duas
princípios que não ultrapassam os limites da faculdades no que se refere ao conhecimento, a
experiência, como os teológicos e os cosmológicos. sensibilidade e o intelecto, e na primeira estão
D) a distinção transcendental e empírico envolve inseridas as formas puras do tempo e do espaço, que
elementos da metafísica clássica, de origem platônica. inserimos em todos os objetos de experiência
quando buscamos conhecer as coisas.
Kant distingue os conceitos de transcendental e
transcendente. Este se refere àquilo que se encontra 504. Os princípios práticos se dividem em dois
além das possibilidades da experiência, tal como grandes grupos, que Kant chama, respectivamente,
Deus ou o infinito. Aquele diz respeito ao estudo das de ‘máximas’ e ‘imperativos’. [...] Os imperativos são
condições necessárias para a realização da própria os princípios práticos objetivos, isto é, válidos para
experiência como tal e, portanto, se refere àquilo que todos. Os imperativos são “mandamentos” ou
existe em nós a priori, que em Kant são as formas da “deveres”, ou seja, regras que expressam uma
sensibilidade, tempo e espaço, e as categorias do necessidade objetiva da ação, o que significa que, “se
intelecto ou entendimento. Como Kant realiza a a razão determinasse completamente a vontade, a
chamada Revolução Copernicana, ele se ocupa de ação ocorreria segundo tal regra” ao passo que a
estudar o chamado Sujeito Transcendental, ou seja, intervenção de fatores emocionais e empíricos
as condições a priori para a produção da experiência. podem desviar esta vontade.
REALE,G., DARIO, A. História da Filosofia, vol. II. São
503. Considere as questões que Immanuel Kant Paulo: Paulus, 1990, p. 903 (adaptado)
lança ao seu leitor nas primeiras páginas da Estética Para Kant, é correto afirmar que os imperativos
Transcendental. A) são subjetivos e, dessa forma, não podem ser
Que são então o espaço e o tempo? São entes reais? princípios universais.
Serão apenas determinações ou mesmo relações de B) devem determinar a razão, pois são
coisas, embora relações de espécie tal que não princípios válidos para todos.
deixariam de subsistir entre as coisas, mesmo que C) determinam a vontade, sem que as emoções
não fossem intuídas? Ou serão unicamente interfiram.
dependentes da forma da intuição e, por conseguinte, D) sendo “máximas”, não expressam a necessidade
da constituição subjetiva do nosso espírito, sem a objetiva da ação.
qual esses predicados não poderiam ser atribuídos a
coisa alguma? Kant tem uma ética deontológica, ou seja, vinculada
KANT. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste Gulbenkian. ao dever. Para ele devemos fazer o que é certo
simplesmente em função da correção, sem buscar
nenhum resultado ou reconhecimento com isso, o
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que reduziria a eticidade do nosso comportamento. E por que realizamos atos contrários ao dever e,
No entanto, uma questão fundamental a ser portanto, contrários à razão? Kant dirá que é porque
respondida é como saber o que é a coisa certa a nossa vontade é também afetada pelas inclinações,
fazer. É para isso que Kant lança mão dos que são os desejos, as paixões, os medos, e não
imperativos ou máximas da razão, leis que a razão apenas pela razão. Por isso afirma que devemos
impõe a si mesma e que, se seguidas, conduzem o educar a vontade para alcançar a boa vontade, que
homem ao máximo de objetividade e de eficiência seria aquela guiada unicamente pela razão.
moral no que se refere às questões éticas. A beleza COTRIM, G.; FERNANDES, M. Fundamentos de Filosofia.
dos imperativos é a sua objetividade, isto é, a sua São Paulo: Saraiva, 2010. p. 301.
validade para todo ser humano. Sobre a reflexão ética de Kant, assinale a alternativa
INCORRETA.
505. Autonomia da vontade é aquela sua propriedade a) A ação por dever é aquela que exclui todas as
graças à qual ela é para si mesma a sua lei determinações advindas da sensibilidade, como os
(independentemente da natureza dos objetos do desejos, as paixões e os medos.
querer). O princípio da autonomia é, portanto: não b) A ação por dever está fundada na autonomia, ou
escolher senão de modo a que as máximas da escolha seja, na capacidade que todo homem tem de escolher
estejam incluídas simultaneamente, no querer as regras que sua própria razão construiu.
mesmo, como lei universal. c) A ação por dever é uma expressão da boa vontade,
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos na medida em que exige que a mesma regra,
Costumes. Tradução de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70. escolhida para um certo caso, possa ser utilizada por
De acordo com a doutrina ética de Kant: todos os agentes racionais.
a) O Imperativo Categórico não se relaciona d) A ação por dever é aquela que reflete um
com a matéria da ação e com o que deve resultar meio termo ou um equilíbrio entre as
dela, mas com a forma e o princípio de que ela determinações das inclinações e as
mesma deriva. determinações da razão.
b) O Imperativo Categórico é um cânone que nos
leva a agir por inclinação, vale dizer, tendo por Em terminologia kantiana, a boa vontade é uma
objetivo a satisfação de paixões subjetivas. vontade cujas deci- sões são totalmente determinadas
c) Inclinação é a independência da faculdade de por demandas morais ou, como ele normalmente se
apetição das sensações, que representa aspectos refere a isso, pela Lei Moral. Os seres humanos veem
objetivos baseados em um julgamento universal. essa Lei como restrição dos seus desejos e, por
d) A boa vontade deve ser utilizada para satisfazer os conseguinte, uma vontade decidida por seguir a Lei
desejos pessoais do homem. Trata-se de fundamento Moral só pode ser motivada pela ideia de Dever.
determinante do agir, para a satisfação das Hipoteticamente, se houvesse uma vontade di- vina,
inclinações. ela seria, embora boa, não seria boa porque é
motivada pela ideia de Dever, pois uma vontade
Em terminologia kantiana, a boa vontade é aquela divina seria livre de qualquer desejo imoral. Apenas a
cujo voluntarismo é totalmente determinado por presença dos desejos imorais, ou de ação que ope- ra
demandas morais ou, como o filósofo normalmente independentemente da moralidade, exige a bondade
se refere a isso, pela Lei Moral. Kant distingue dois da vontade e faz da Lei Moral coerciva, faz dela parte
tipos de lei produzidos pela razão. Dado certo fim essencial da ideia de dever.
que nós gostaríamos de alcançar, a razão pode
proporcionar um imperativo hipotético – uma regra 507. No texto que se segue, Marilena Chauí comenta
contingente e circunstancial como fundamento da a estrutura da sensibilidade em Kant.
ação – ou um imperativo categórico – uma regra “A forma da sensibilidade é o que nos permite ter
necessária e universal como funda- mento da ação. percepções, isto é, a forma é aquilo sem o que não
Como uma Lei Moral não pode ser meramente hipo- pode haver percepção, sem o que a percepção seria
tética, pois uma ação moral não pode ser fundada impossível.”
sobre um propósito circunstancial, a moralidade CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1995.
exige uma afirmação incondicional do de- ver de um p. 78.
indivíduo, ou seja, a moralidade exige uma regra para Marque a alternativa que explicita corretamente a
ação que seja necessária e universal, ela exige um forma da sensibilidade para Kant.
imperativo categórico. a) A forma da sensibilidade é constituída por
impressões e sensações, a partir das quais captamos
506. O texto abaixo comenta alguns aspectos da todos os conteúdos da experiência possível.
reflexão de Immanuel Kant sobre a ética.
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As opções 08 e 16 estão corretas. A opção 08 está científico e filosófico deve ser baseado em juízos
correta, pois Kant afirma que a liberdade começa sintéticos a priori. A afirmativa I está correta ao
com a liberdade de pensamento, ou seja, com a descrever juízos analíticos, enquanto a afirmativa II
capacidade de pensar autonomamente, sem a direção está incorreta, pois juízos sintéticos acrescentam
alheia. novas informações ao sujeito.
tentativa de criar a maior quantidade de felicidade d) sutis, que adestram os corpos no espaço-
possível neste mundo. Ao decidir o que fazer, tempo por meio do olhar como instrumento de
deveríamos, portanto, perguntar qual curso de controle.
conduta promoveria a maior quantidade de felicidade e) consensuais, que pactuam acordos com base na
para todos aqueles que serão afetados. compreensão dos benefícios gerais de se ter as
RACHELS, J. Os elementos da filosofia moral. Baruer-SP: próprias ações controladas.
Manole, 2006
Os parâmetros da ação indicados no texto estão em A proposta apresentada no texto é a de um sistema
conformidade com uma panóptico, que se caracteriza por um mecanismo de
a) fundamentação científica de viés positivista. controle sutil, baseado no olhar como instrumento
b) transgressão comportamental religiosa. de disciplina. Dessa forma, a alternativa correta é a
c) inclinação de natureza passional. letra d) sutis, que adestram os corpos no espaço-
d) convenção social de orientação normativa. tempo por meio do olhar como instrumento de
e) racionalidade de caráter pragmático. controle. O panóptico é um modelo arquitetônico
desenvolvido por Jeremy Bentham que consiste em
Os parâmetros da ação indicados no texto estão em um edifício circular, no qual os prisioneiros são
conformidade com uma racionalidade de caráter dispostos em celas ao redor do edifício, enquanto o
pragmático. O enunciado nos diz que a moralidade é inspetor ocupa o centro e pode observar todos os
igual ao máximo de felicidade possível que se possa prisioneiros sem ser visto. A ideia é que a visibilidade
ter, em que se examina a moralidade das ações para constante e a sensação de vigilância produzam uma
averiguar suas consequências. Jeremy Bentham foi disciplina automática nos indivíduos, que passam a se
adepto da ética utilitarista (concepção racional e autorregular e a se comportar de acordo com as
pragmática). A corrente utilitarista defende a ideia de normas estabelecidas pelo sistema.
que a ação é boa quando busca a felicidade da
maioria dos indivíduos de uma sociedade. Para 521. A moralidade, Bentham exortava, não é uma
Bentham, deve-se avaliar se uma ação é moral ou não questão de agradar a Deus, muito menos de
verificando a quantidade de felicidade que ela fidelidade a regras abstratas. A moralidade é a
produz. Se houvesse maior felicidade a ação seria tentativa de criar a maior quantidade de felicidade
considerada moralmente correta, do contrário, possível neste mundo. Ao decidir o que fazer,
incorreta. deveríamos, portanto, perguntar qual curso de
conduta promoveria a maior quantidade de felicidade
2. IDEALISMO ALEMÃO para todos aqueles que serão afetados.
RACHELS, J. Os elementos da filosofia moral. Baruer-SP:
520. O edifício é circular. Os apartamentos dos Manole, 2006
prisioneiros ocupam a circunferência. Você pode Os parâmetros da ação indicados no texto estão em
chamá-los, se quiser, de celas. O apartamento do conformidade com uma
inspetor ocupa o centro; você pode chamá-lo, se a) fundamentação científica de viés positivista.
quiser de alojamento do inspetor. A moral b) transgressão comportamental religiosa.
reformada; a saúde preservada; a indústria c) inclinação de natureza passional.
revigorada; a instrução difundida; os encargos d) convenção social de orientação normativa.
públicos aliviados; a economia assentada, como deve e) racionalidade de caráter pragmático.
ser, sobre uma rocha; o nó górdio da Lei sobre os
Pobres não cortado, mas desfeito – tudo por uma Os parâmetros da ação indicados no texto são
simples ideia de arquitetura! baseados na ideia de maximização da felicidade e
BENTHAM, J. O panóptico. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
bem-estar geral, o que sugere uma fundamentação
Essa é a proposta de um sistema conhecido como ética utilitarista, que é de natureza racional e
panóptico, um modelo que mostra o poder da pragmática. Dessa forma, a alternativa correta é a
disciplina nas sociedades contemporâneas, exercido letra e) racionalidade de caráter pragmático. O
preferencialmente por mecanismos utilitarismo é uma corrente filosófica que busca
a) religiosos, que se constituem como um olho determinar a moralidade das ações com base em sua
divino controlador que tudo vê. capacidade de gerar felicidade e bem-estar geral, a
b) ideológicos, que estabelecem limites pela partir da ideia de que a moralidade deve ser orientada
alienação, impedindo a visão da dominação sofrida. para o máximo benefício da maior quantidade de
c) repressivos, que perpetuam as relações de pessoas possível. Para o utilitarismo, a moralidade é
dominação entre os homens por meio da tortura uma questão de maximização da felicidade, e não de
física. obediência a regras ou princípios abstratos.
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d) é secundário em sua filosofia, pois ocupa que seja possível obras de arte divergentes da moral
conotação sexual e depravada. cristã.
e) é central em sua filosofia, pois é manifestação da b) defende uma arte verdadeira, contra a arte cristã,
representação do mundo pelos sentidos. que adere à mentira, pois não passa de uma moral.
c) concebe que os padrões absolutos do cristianismo
Para Schopenhauer, o amor é uma das principais são supraestéticos, suprassensíveis, e por isso
formas pelas quais a vontade se manifesta na vida valorizam a arte.
humana. Ele acredita que o amor surge a partir do d) critica a concepção moral da existência em
desejo sexual, que é uma manifestação da vontade de defesa do caráter sensível, estético do mundo, tal
vida. No entanto, o amor vai além do desejo sexual e como se configura na arte.
pode se manifestar de outras maneiras, como o amor
pela arte, pela natureza e pelas outras pessoas. Para Nietzsche afirmava que a vida é dolorosa, e a arte
Schopenhauer, o amor é uma forma de transcender o existe para que a realidade se torne suportável. Com
egoísmo e experimentar uma conexão com a vontade a arte, os homens teriam força no enfrentanento às
universal que subjaz todas as coisas. dores da vida. Para ele, o homem possui dois
espíritos, vistos como impulsos naturais e artísticos, a
527. Sentimos que toda satisfação de nossos desejos saber: dionisíaco (que se refere à beleza e ao prazer) e
advinda do mundo assemelha-se à esmola que apolíneo (referindo-se à razão e à sabedoria). A
mantém hoje o mendigo vivo, porém prolonga relação entre esses espíritos permitem justificar como
amanhã a sua fome. A resignação, ao contrário, os problemas da existência são ultrapassados.
assemelha-se à fortuna herdada: livra o herdeiro para
sempre de todas as preocupações. 529. Assinale a alternativa que indica a “moral do
SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria da vida. São senhor”, de acordo com Nietzsche.
Paulo: Martins Fontes, 2005. A) Os princípios metafísicos e morais dos diálogos
O trecho destaca uma ideia remanescente de uma de Platão.
tradição filosófica ocidental, segundo a qual a B) A força, a criatividade, a saúde e o amor à
felicidade se mostra indissociavelmente ligada à vida.
a) consagração de relacionamentos afetivos. C) Os princípios éticos e morais, que se encontram
b) administração da independência interior. na Bíblia.
c) fugacidade do conhecimento empírico. D) O ódio e o ressentimento dos fracos contra os
d) liberdade de expressão religiosa. mais fortes.
e) busca de prazeres efêmeros.
Nietzsche, na genealogia que realiza dos valores
A felicidade se mostra indissociavelmente ligada à ocidentais, consegue reconhecer dois conjuntos de
administração da independência interior. Para valores que se alternaram ao longo do tempo. O
Schopenhauer, a felicidade não depende de fatores primeiro, característico do período homérico ou do
externos. A verdadeira felicidade só seria alcançada auge de Roma, por exemplo, é denominado de moral
por meio de elementos encontrados no interior do do senhor, e é marcado pela positividade, pela
próprio indivíduo, onde ele evita ou exclui todas afirmação do indivíduo da sua vontade de potência, é
aquelas situações que podem gerar infelicidade. resultante de um sim que o sujeito dá a si mesmo, e
Assim, ele defende uma administração da representa o equilíbrio entre os espíritos apolíneo,
independência interior. que representa a razão, e dionisíaco, que simboliza o
desejo, o instinto, a vontade. A moral do escravo,
4. NIETZSCHE que surge no período clássico e se consolida com o
528. “Não existe contraposição maior à exegese e cristianismo, é negativa, reativa, resulta de um não do
justificação puramente estética do mundo [...] do que indivíduo a um outro e do ressentimento. Nela o
a doutrina cristã, a qual é e quer ser somente moral, e apolíneo se sobrepõe ao dionisíaco.
com seus padrões absolutos, já com sua veracidade
de Deus, por exemplo, desterra a arte, toda arte, ao 530. A filósofa brasileira Rosa Dias diz o seguinte
reino da mentira – isto é, nega-a, reprova-a, condena- sobre a filosofia da arte de Nietzsche:
a.” “[O] ponto mais importante da estética nietzschiana
NIETZSCHE, F. O nascimento da tragédia, ou helenismo e do seu primeiro livro [O nascimento da tragédia] é o
pessimismo. – “Tentativa de autocrítica”. São Paulo: desenvolvimento dos aspectos apolíneo e dionisíaco
Companhia das Letras, 1992, p. 19. na arte grega, considerados como impulsos
Nessa passagem, Nietzsche antagônicos, como duas faculdades fundamentais do
a) apoia a valorização moral da obra de arte, negando homem: a imaginação figurativa, que produz as artes
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da imagem (a escultura, a pintura e parte da poesia), e Considerando a análise acima, é correto dizer que
a potência emocional, que encontra sua voz na está amparada teoricamente
linguagem musical. Cada um desses impulsos A) na noção estético-moral de Nietzsche em
manifesta-se na vida humana por meio de dois O nascimento da tragédia, onde ordem e
estados fisiológicos, o sonho e a embriaguez, que se caos se equilibram e fazem nascer o humano:
opõem como o apolíneo e o dionisíaco. O sonho e a Coringa e Batman são indissociáveis como
embriaguez são condições necessárias para que a arte Dionísio (loucura) e Apolo (razão).
se produza; por isso, o artista, sem entrar em um B) na teoria política marxista, que concebe as
desses estados, não pode criar”. relações sociais mascaradas pela ideologia de
DIAS, Rosa Maria. Arte e vida no pensamento de classe, o que necessariamente provoca o
Nietzsche. In: Cadernos Nietzsche, São Paulo, v. 36 nº 1, p. conflito social: Coringa e Batman são
228, 2015.
representações da luta de classes.
Com base na citação acima, é correto afirmar que
C) na definição de arte dos filósofos gregos
A) como o apolíneo e o dionisíaco são dois impulsos
como Aristóteles, cuja ideia fundamental era a de
antagônicos, o artista, em seu processo de criação,
mímesis, ou seja, de imitação ou representação da
deve escolher apenas uma das duas vias: ou estado de
realidade: Coringa e Batman são representações
sonho ou de embriaguez.
do ser e do não ser.
B) o impulso apolíneo expressa nossas propensões
D) na concepção moral agostiniana, na qual o
intelectuais em direção ao suprassensível e o impulso
bem e o mal, o pecado e a graça, a cidade dos
dionisíaco, nossa participação no mundo sensível,
homens e a cidade de Deus coabitam no interior
emocional.
de cada indivíduo: Coringa e Batman são
C) ambos os impulsos se manifestam
representações dessa contradição.
artisticamente: o apolíneo nas formas plásticas
da visão, nos sonhos e na poesia escrita; o
Nietzsche afirmava que nenhuma arte pode ser
dionisíaco, na embriaguez em que repousa a
apenas apolínea (ligada à razão) nem apenas
música.
dionisíaca (ligada ao caos, desordem criativa). Esses
D) os impulsos apolíneo e dionisíaco não são
dois lados interagem, se articulam (constituindo uma
potências sensíveis e criadoras da natureza e
espécie de força de criação da arte), tal qual Coringa
produzem estados fisiológicos diversos, porque não
e Batman.
são adequados ao humano.
532. A filosofia grega parece começar com uma ideia
Nietzsche apresenta dois tipos de impulsos na
absurda, com a proposição: a água é a origem e a
estética: o apolíneo e o dionisíaco. Apolo representa
matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário
a racionalidade e a medida, e Dionísio representa as
deter-nos e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em
emoções e a desmedida. Nietzsche argumenta que a
primeiro lugar, porque essa proposição anuncia algo
combinação dessas estéticas na tragédia é a forma
sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque
ideal de arte, que nos permite lidar com a vida e
o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro
afirmá-la.
lugar, porque nela, embora apenas em estado de
crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um.
531. A refilmagem, deste ano, do clássico NIETZSCHE, F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São
personagem “Coringa” provocou discussões sobre Paulo: Nova Cultural, 1999.
seus significados no plano sociopolítico. Analisando O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o
as várias versões inspiradas no HQ da DC Comics, surgimento da filosofia entre os gregos?
Fabrício Moraes descreve o Coringa como o id, o a) O impulso para transformar, mediante
impulso destrutivo e caótico, mas também criativo e justificativas, os elementos sensíveis em verdades
artístico. Batman seria o superego, o juiz punitivo e racionais.
ordenador da cidade, o arquétipo do guardião que b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem
afronta e interpõe limites a um território. O Coringa dos seres e das coisas.
seria a face da comédia, Batman não se livra da face c) A necessidade de buscar, de forma racional, a
da tragédia. Neste sentido, o filme Coringa nos causa primeira das coisas existentes.
mostraria que o aspecto lúdico só tem pleno sentido d) A ambição de expor, de maneira metódica, as
se coexiste com a vida da sobriedade. Coringa e diferenças entre as coisas.
Batman são indissociáveis. e) A tentativa de justificar, a partir de elementos
Ver: MORAES, Fabrício. ‘Coringa’: A raiva de Caliban por se empíricos, o que existe no real.
ver no espelho. In Revista Amálgama. Disponível em:
https://www.revistaamalgama.com.br/10/2019/resenha-
coringa/. 2019. De acordo com Nietzsche, o que caracteriza o
surgimento da filosofia entre os gregos é a
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necessidade de buscar, de forma racional, a causa espécie de força de criação da arte), tal qual Coringa
primeira das coisas existentes. Nietzsche liga o e Batman.
surgimento da filosofia aos pré-socráticos, pois eles
buscavam na natureza (physis) uma justificativa 534. Vi os homens sumirem-se numa grande tristeza.
racional para a origem de tudo. Tais filósofos desse Os melhores cansaram-se das suas obras.
período apontavam um elemento essencial (arché) Proclamou-se uma doutrina e com ela circulou uma
como origem primeira de todas as coisas, uma crença: tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O
substância essencial de onde tudo se deriva. Os nosso trabalho foi inútil; o nosso vinho tornou-se
filósofos gregos utilizaram a natureza como ponto de veneno; o mau olhado amareleceu-nos os campos e
partida para explicar uma nova forma de pensar o os corações. Secamos de todo, e se caísse fogo em
mundo. cima de nós, as nossas cinzas voariam em pó. Sim;
cansamos o próprio fogo. Todas as fontes secaram
533. A refilmagem, deste ano, do clássico para nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se
personagem “Coringa” provocou discussões sobre querem abrir, mas os abismos não nos querem
seus significados no plano sociopolítico. Analisando tragar!
as várias versões inspiradas no HQ da DC Comics, NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra. Rio de Janeiro:
Fabrício Moraes descreve o Coringa como o id, o Ediouro, 1997.
impulso destrutivo e caótico, mas também criativo e O texto exprime uma construção alegórica, que
artístico. Batman seria o superego, o juiz punitivo e traduz um entendimento da doutrina niilista, uma
ordenador da cidade, o arquétipo do guardião que vez que
afronta e interpõe limites a um território. O Coringa a) reforça a liberdade do cidadão.
seria a face da comédia, Batman não se livra da face b) desvela os valores do cotidiano.
da tragédia. Neste sentido, o filme Coringa nos c) exorta as relações de produção.
mostraria que o aspecto lúdico só tem pleno sentido d) destaca a decadência da cultura.
se coexiste com a vida da sobriedade. Coringa e e) amplifica o sentimento de ansiedade.
Batman são indissociáveis.
Ver: MORAES, Fabrício. ‘Coringa’: A raiva de Caliban por se ver O texto exprime uma construção alegórica, que
no espelho. In Revista Amálgama. Disponível em: traduz um entendimento da doutrina niilista, uma
https://www.revistaamalgama.com.br/10/2019/resenha- vez que destaca a decadência da cultura. O
coringa/. 2019. pensamento niilista de Nietzsche apresenta uma
Considerando a análise acima, é correto dizer que visão negativa e pessimista diante de qualquer
está amparada teoricamente situação real, onde os princípios da sociedade são
A) na noção estético-moral de Nietzsche em O negados, para que o homem assuma
nascimento da tragédia, onde ordem e caos se responsabilidades e faça escolhas sem estar regido
equilibram e fazem nascer o humano: Coringa por valores estabelecidos pelo Estado ou pela
e Batman são indissociáveis como Dionísio religião. Depois da negação, o homem tem a visão
(loucura) e Apolo (razão). decadente da sociedade.
B) na teoria política marxista, que concebe as
relações sociais mascaradas pela ideologia de classe, 535. Leia com atenção a passagem a seguir que
o que necessariamente provoca o conflito social: expõe parte da crítica feita por Friedrich Nietzsche
Coringa e Batman são representações da luta de ao edifício moral construído no ocidente:
classes. “Mas que quer ainda você com ideais mais nobres!
C) na definição de arte dos filósofos gregos como Sujeitemo-nos aos fatos: o povo venceu – ou 'os
Aristóteles, cuja ideia fundamental era a de mímesis, escravos', ou 'a plebe', ou 'o rebanho', ou como
ou seja, de imitação ou representação da realidade: quiser chamá-lo se isto aconteceu graças aos judeus,
Coringa e Batman são representações do ser e do muito bem! Jamais um povo teve missão maior na
não ser. história universal. 'Os senhores' foram abolidos; a
D) na concepção moral agostiniana, na qual o bem moral do homem comum venceu. A 'redenção' do
e o mal, o pecado e a graça, a cidade dos homens e gênero humano (do jugo dos 'senhores') está bem
a cidade de Deus coabitam no interior de cada encaminhada; tudo se judaíza, cristianiza, plebeíza
indivíduo: Coringa e Batman são representações visivelmente (que importam as palavras!)”.
dessa contradição. Nietzsche, Friedrich. Para a genealogia da moral -Prólogo.
Primeira dissertação §9.
Nietzsche afirmava que nenhuma arte pode ser Considerando a compreensão de Nietzsche acerca do
apenas apolínea (ligada à razão) nem apenas fundamento moral do ocidente, assinale a afirmação
dionisíaca (ligada ao caos, desordem criativa). Esses verdadeira.
dois lados interagem, se articulam (constituindo uma A) Segundo Nietzsche, a verdade e a moral
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propostas pelos gregos e pelo cristianismo são nietzscheana do eterno retorno, que apresenta
instrumentos que os fracos inventaram para critérios radicais de avaliação da qualidade de nossa
submeter e controlar os fortes e instaurar uma existência pessoal e coletiva. Com a ideia de eterno
moral do rebanho. retorno, Nietzsche pensou a vida como algo que não
B) Em Nietzsche, encontra-se uma defesa ferrenha acaba, onde toda energia vital e existência continuam
dos princípios morais elaborados pela filosofia grega a existir. Em outras palavras, a doutrina nietzscheana
clássica platônica e aristotélica que tem a razão como do eterno retorno pensa que a vida nunca irá acabar,
elemento condutor da ação moral. e que a existência pessoal e coletiva é afetada por
C) Para Nietzsche, a moralidade instaurada pelo cada atitude tomada pelas condutas humanas.
cristianismo foi fundamental na instituição de uma
cultura forte, moralmente ancorada na figura 537. Quero ensinar aos homens o sentido do seu ser:
poderosa e altiva de Cristo, modelo para o líder. o qual é o super-homem [Übermensch], o raio vindo
D) Na perspectiva Nietzschiana, a moral dos da negra nuvem homem.
senhores e da aristocracia que sempre prevaleceu NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra. Tradução de Paulo
entre os povos da antiguidade, reforçada pela religião César de Sousa. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 21.
cristã, enfraqueceu o homem tornando-o submisso. No fragmento, o filósofo propõe algo que possa
fazer com que as pessoas ultrapassem as convenções
A história do ocidente presenciou o fenômeno do sociais que tornam os homens submissos à moral do
surgimento do cristianismo. A religião cristã se escravo e ao espírito de rebanho.
institucionalizou, criando valores morais voltado para Assinale a alternativa que expressa a tarefa a ser
o cristianismo. Para Nietzsche, isso culminou em realizada para a superação da submissão humana.
uma inversão de valores morais que enfraquecem o A) Ensinar o sentido do ser significa admitir que há
ser humano, "castra" a natureza humana, retira a vida uma verdade secreta e superior ao homem que o
(natural, fisiológica e biológica) e foca apenas em torna pequeno e submisso à moral vigente, mas que
uma vida voltada para uma promessa cristã de uma lhe promete recompensas em uma vida além deste
vida eterna. Nietzsche criticou os valores morais e mundo.
apontou uma solução: a transvaloração dos valores, B) Ensinar o sentido do ser equivale ao
que tem por objetivo o fortalecimento do ser estabelecimento do critério para a transvaloração
humano. Em outras palavras, analisar os valores de todos os valores sociais, o que dará ao
morais, mantendo o que pode ser benéfico ao ser homem a prerrogativa para formar os seus
humano e trocando os valores que forem próprios valores.
prejudiciais. C) Ensinar o sentido do ser significa descobrir o
Deus da tradição como o fundamento que faz de
536. Eis o ensinamento de minha doutrina: “Viva de cada indivíduo um escravo que deve se sentir feliz
forma a ter de desejar reviver — é o dever —, pois, com a sua situação, pois só assim obterá uma
em todo caso, você reviverá! Aquele que ama antes felicidade eterna.
de tudo se submeter, obedecer e seguir, que obedeça! D) Ensinar o sentido do ser significa promover o
Mas que saiba para o que dirige sua preferência, e espírito de rebanho que acolhe o super-homem e o
não recue diante de nenhum meio! É a eternidade faz entender que a virtude está na subordinação da
que está em jogo!”. vida aos ditames da moral do escravo que faz da
NIETZSCHE apud FERRY, L. Aprender a viver: filosofia para fraqueza a maior virtude.
os novos tempos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010 (adaptado).
O trecho contém uma formulação da doutrina Nietzsche é um dos mais ferrenhos críticos da moral
nietzscheana do eterno retorno, que apresenta ocidental, afirmando que o conjunto de valores que
critérios radicais de avaliação da começa a aparecer com Sócrates e Platão e que se
A) qualidade de nossa existência pessoal e consolida com o cristianismo, que ele denomina de
coletiva. moral do escravo, conduz a um enfraquecimento do
B) conveniência do cuidado da saúde física e homem, já que o leva a negar o aqui e agora do
espiritual. corpo para projetar a felicidade em um campo
C) legitimidade da doutrina pagã da transmigração da transcendente de realidade, em promessas metafísicas
alma. realizadas historicamente pela religião ou pela
D) veracidade do postulado cosmológico da filosofia. Para superar essa moral enfraquecedora, o
perenidade do mundo. filósofo propõe a transvaloração, a negação dos
E) validade de padrões habituais de ação humana ao valores decadentes, que só pode ser realizada por um
longo da história. homem que vá além dos padrões morais do seu
tempo, para que se estabeleçam novos valores que
O trecho contém uma formulação da doutrina fortaleçam a vida e o bem-estar no mundo.
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do domínio da razão sobre os instintos humanos, d) A passagem explicita a superioridade científica das
sendo a lei de um homem descarnado e cristianizado. teses que defendem o livre-arbítrio em relação
IV. A vontade de potência é um conceito-chave na obra àquelas que defendem o determinismo.
de Nietzsche. Indica-nos as relações de força que se e) As teses que defendem o livre-arbítrio ou o
desenrolam em todo acontecer, assinalando seu determinismo têm origem na relação que o ser
método histórico. Assim, Nietzsche pensa o tempo humano mantém consigo mesmo.
de acordo com uma concepção própria, um tempo
não-linear, que se desenvolve em ciclos que se O trecho apresentado fala sobre a visão oposta que
repetem – é o pensamento do eterno retorno, outro algumas pessoas têm em relação à questão da
conceito-chave de sua obra. liberdade de arbítrio. Por um lado, há pessoas que
A) Apenas IV. desejam manter sua responsabilidade e mérito
B) Apenas II e III. pessoal, enquanto outros desejam se
C) Apenas II, III e IV. desresponsabilizar e depositar o fardo em outros
D) Apenas I, II e IV. lugares. Portanto, a alternativa correta é a letra e),
E) Apenas I, III e IV. que afirma que as teses que defendem o livre-arbítrio
ou o determinismo têm origem na relação que o ser
O trecho citado de Nietzsche expressa sua crítica à humano mantém consigo mesmo. Isso é sugerido na
filosofia de sua época e sua inadequação à vida, passagem, na medida em que as duas posições
devido ao afastamento da realidade e refúgio em apresentadas são profundamente pessoais e
abstrações. Ele também apresenta a ideia de que a relacionadas à forma como cada indivíduo lida com
filosofia não tem direitos e que o homem moderno sua responsabilidade e mérito pessoal.
deveria repudiá-la e bani-la. Em relação às assertivas,
a I é verdadeira, já que Nietzsche critica a filosofia 544. Depois de por muito tempo ler nos gestos e nas
dualista e abstrata de sua época. A II é falsa, pois entrelinhas dos filósofos, disse a mim mesmo: a
Nietzsche não encontra no humanismo socrático o maior parte do pensamento consciente deve ser
ideal de sua filosofia, e sim na ideia de vontade de incluída entre as atividades instintivas, até mesmo o
potência. A III é verdadeira, pois Nietzsche critica a pensamento filosófico; em sua maior parte, o
moral kantiana e o imperativo categórico por pensamento consciente de um filósofo é
considerá-los uma ficção que não leva em conta os secretamente guiado e colocado em certas trilhas
instintos humanos. A IV é verdadeira, pois a vontade pelos seus instintos. Todos eles agem como se
de potência é um conceito-chave na obra de tivessem descoberto ou alcançado suas opiniões
Nietzsche, que pensa o tempo como um eterno próprias pelo desenvolvimento de uma dialética fria,
retorno em ciclos que se repetem. pura, divinamente imperturbável (à diferença dos
místicos de toda espécie, que são mais honestos e
543. Se observei corretamente, em geral “a não toscos – falam de “inspiração”), quando no fundo é
liberdade de arbítrio” é vista como problema por uma tese adotada de antemão, uma ideia inesperada,
dois lados inteiramente opostos, mas sempre de uma “intuição”.
maneira profundamente pessoal: uns não querem por (NIETZSCHE, F. Além do Bem e do Mal. São Paulo:
preço algum abandonar sua “responsabilidade”, a fé Companhia das Letras, 2005. Aforismo 3. p.10.)
em si, o direito pessoal ao seu mérito (os tipos Com base nessa passagem, considere as afirmativas a
vaidosos estão desse lado); os outros, pelo contrário, seguir.
não desejam se responsabilizar por nada, ser I. O pensamento místico é superior ao pensamento
culpados de nada, e, a partir de um autodesprezo racional.
interior, querem depositar o fardo de si mesmos em II. A razão é a superação de qualquer interesse
algum outro lugar. Estes últimos, quando escrevem particular.
livros, costumam agora tomar a defesa dos III. A razão procura justificar posteriormente um
criminosos. pré-conceito inicial.
(NIETZSCHE, F. Além do Bem e do Mal. São Paulo: IV. A dimensão instintiva do ser humano permeia
Companhia das Letras, 2005. Aforismo 21. p.26.) sua atividade racional.
Considerando essa passagem, assinale a alternativa Assinale a alternativa correta.
correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
a) O texto defende que o ser humano é determinado b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
por causas materiais. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
b) O texto defende que o ser humano possui o livre- d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
arbítrio. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
c) O texto defende que os criminosos, na medida em
que possuem o livre arbítrio, são culpados.
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A afirmativa I está incorreta, pois o texto não faz 546. Cada vez mais quer me parecer que o filósofo,
essa afirmação. Já a afirmativa II é parcialmente sendo por necessidade um homem do amanhã e do
correta, pois embora Nietzsche não fale depois de amanhã, sempre se achou e teve de se
explicitamente sobre a superação de interesses achar em contradição com seu hoje: seu inimigo
particulares, ele sugere que os instintos têm um papel sempre foi o ideal de hoje. Até agora todos esses
importante no pensamento filosófico, o que pode ser extraordinários promovedores do homem, a que se
interpretado como a presença de interesses denominam filósofos, e que raramente se viram a si
particulares. A afirmativa III está correta, pois mesmos como amigos da sabedoria, antes como
Nietzsche afirma que os filósofos adotam tese de desagradáveis tolos e perigosos pontos de
antemão e buscam justificar posteriormente. A interrogação – encontraram sua tarefa, sua dura,
afirmativa IV também está correta, pois Nietzsche indesejada, inescapável tarefa, mas afinal a grandeza
argumenta que a dimensão instintiva do ser humano de sua tarefa, em ser a má consciência de seu tempo.
influencia sua atividade racional. (NIETZSCHE, F. Além do Bem e do Mal. São Paulo:
Companhia das Letras, 2005. p.106.)
545. A velha Atenas caminhava para o fim. Em toda Sobre essa descrição da Filosofia, considere as
parte os instintos estavam em anarquia; em toda afirmativas a seguir.
parte se estava a poucos passos do excesso. Ninguém I. A atenção em relação à origem dos conceitos e
mais era senhor de si, os instintos se voltavam uns ideais vigentes faz parte da atividade filosófica.
contra os outros. Quando há a necessidade de fazer II. A Filosofia tem como uma de suas características
da razão um tirano, como fez Sócrates, não deve ser a atividade crítica.
pequeno o perigo de que outra coisa se faça de III. A Filosofia tem como tarefa o fornecimento de
tirano. A racionalidade foi então percebida como conceitos e análises para a melhoria da sociedade.
salvadora, nem Sócrates nem seus “doentes” estavam IV. A Filosofia estuda a essência humana, logo algo
livres para serem ou não racionais – isso era que sempre existiu, e não o homem de hoje.
obrigatório, seu último recurso. O moralismo dos Assinale a alternativa correta.
filósofos gregos a partir de Platão é determinado a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
patologicamente. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
(Adaptado de: NIETZSCHE, F. Crepúsculo dos Ídolos. São c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
Paulo: Companhia das Letras, 2006. p.21.) d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
Sobre esse diagnóstico, considere as afirmativas a e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
seguir.
I. A plena racionalidade é uma exigência para que a O texto de Nietzsche sugere que a filosofia tem
ação seja justa. como uma de suas tarefas ser crítica em relação ao
II. A supressão dos instintos leva a uma vida presente, questionando os conceitos e ideais vigentes
verdadeiramente livre. (afirmativa I), e que os filósofos muitas vezes se
III. A racionalidade a qualquer custo é remédio veem como a má consciência de seu tempo, o que
possível para aqueles que não são mais senhores de sugere uma postura crítica em relação à sociedade
si. (afirmativa II). Já as afirmativas III e IV não são
IV. A escravidão frente às forças presentes no abordadas diretamente no texto e, portanto, não são
próprio homem é um sintoma de decadência. corretas.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. 547. Friedrich Nietzsche critica o pensamento
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. socrático-platônico e a tradição da religião judaico-
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. cristã por terem desenvolvido uma razão e uma
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. moral que subjugaram as forças instintivas e vitais do
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. ser humano, a ponto de domesticar a vontade de
potência do homem e de transformá-lo em um ser
A alternativa correta é a letra c), somente as fraco e doentio. Assinale o que for correto.
afirmativas III e IV são corretas. O texto de 01) Ao criticar a moral tradicional racionalista,
Nietzsche indica que a razão não é utilizada como considerada hipócrita e decadente, Nietzsche propõe
um meio de superação dos instintos, mas sim como uma moral não-repressiva, que permite o livre curso
uma forma de justificar e colocar em trilhas os dos instintos, de modo que o homem forte possa, ao
instintos que já estão presentes no filósofo. Além mesmo tempo, acompanhar e superar o movimento
disso, o texto fala da importância dos instintos na contraditório e antagônico da vida.
atividade racional do ser humano, o que corrobora a 02) Para Nietzsche, o super-homem deveria ter a
afirmativa IV. missão de criar uma raça capaz de dominar a
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humanidade, sendo, por isso, necessário aniquilar os 02) O recurso metodológico proposto por Nietzsche
mais fracos. é a genealogia, isto é, movimento teórico que recorre
04) Nietzsche concorda com o marxismo, quando à gênese de um discurso, conceito ou prática,
esse afirma que a história da humanidade é a história apontando suas arbitrariedades e interesses.
das lutas de classes, e considera que o socialismo é a 04) Para Nietzsche, o conhecimento é fruto de um
única forma de organização social aceitável. lento processo de acumulação e comprovação
08) Nietzsche identifica dois grandes tipos de moral, empírica, cuja finalidade é salvar os fenômenos.
isto é, a moral aristocrática de senhores e a moral 08) Contra a moral dos aristocratas e nobres,
plebeia de escravos. A moral de escravos é Nietzsche defende os fracos, isto é, a moral dos
caracterizada pelo ressentimento, pela inveja e pelo escravos.
sentimento de vingança; é uma moral que nega os 16) A “vontade de potência” é a afirmação do
valores vitais e nutre a impotência. nacional-socialismo alemão, expresso na doutrina do
16) Os valores que constituem a moral aristocrática super-homem e no antissemitismo nietzscheano.
de senhores são, para Nietzsche, eternos e
invioláveis. Devem orientar a humanidade com uma As opções 01 e 02 estão corretas. A opção 01 está
força dogmática, de modo que o homem não se correta porque Nietzsche criticou fortemente a ideia
perca. de que a razão e o conhecimento científico seriam
capazes de libertar os homens de seus prejuízos e
As opções 01 e 08 estão corretas. A opção 01 está superstições. Para ele, a razão era apenas uma das
correta, pois Nietzsche de fato criticou a moral muitas forças que atuam no ser humano, e não era
tradicional racionalista e propôs uma moral não- capaz de explicar toda a realidade.
repressiva que permitisse o livre curso dos instintos.
Ele defendeu que o homem forte deveria A opção 02 também está correta, já que a genealogia
acompanhar e superar o movimento contraditório e é uma das principais ferramentas metodológicas
antagônico da vida. utilizadas por Nietzsche em sua filosofia. Através da
análise das origens históricas, sociais e culturais de
A opção 08 também está correta, pois Nietzsche um conceito ou prática, Nietzsche busca expor as
identificou dois grandes tipos de moral: a moral arbitrariedades e interesses que estão por trás dessas
aristocrática de senhores e a moral plebeia de ideias, questionando a sua validade e propondo
escravos. A moral de escravos é caracterizada pelo novas perspectivas.
ressentimento, inveja e sentimento de vingança,
enquanto a moral de senhores é vista como mais 549. Nietzsche escreveu:
nobre e afirmativa da vida. Ele defendeu que a moral E vede! Apolo não podia viver sem Dionísio! O
aristocrática de senhores deveria orientar a “titânico” e o “bárbaro” eram no fim de contas,
humanidade com uma força dogmática. precisamente uma necessidade tal como o apolíneo!
NIETZSCHE, F. O nascimento da tragédia ou helenismo e pessimismo.
As opções 02, 04 e 16 estão incorretas. Nietzsche Tradução de J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras,
2007, p. 38.
não defendeu a criação de uma raça capaz de
Assinale a alternativa que descreve corretamente o
dominar a humanidade, nem concordou com o
dionisíaco e o apolíneo.
marxismo ou defendeu o socialismo como única
A) O dionisíaco é a personificação da razão grega; o
forma de organização social aceitável. Além disso, ele
apolínio equivale ao poder místico do uno
não considerou que os valores que constituem a
primordial.
moral aristocrática de senhores são eternos e
B) O dionisíaco é o homem teórico que personifica a
invioláveis, mas sim que eles são constantemente
sabedoria filosófica; o apolíneo é a natureza e suas
recriados e reinterpretados pela vida.
forças demoníacas.
C) O dionisíaco é o instinto, a embriaguez e a
548. A Filosofia de Friedrich Nietzsche (1844-1900)
força vital; o apolíneo é a racionalidade, o
é marcada por uma nova relação entre o racional e o
equilíbrio, a força figurativa.
irracional, na medida em que o irracional adquire
D) O dionisíaco representa a força figurativa atuante
validade por corresponder à necessidade de um
na arte; o apolíneo representa a música primordial
movimento de afirmação da vida. Com base nessa
não objetivada.
afirmação, assinale o que for correto.
01) Para Nietzsche, o Iluminismo não libertou os
A resposta correta é a alternativa C, que descreve
homens de seus prejuízos, mas reforçou ainda mais
corretamente o dionisíaco e o apolíneo de acordo
seus mitos, como a crença na razão e no
com a filosofia de Nietzsche. O dionisíaco representa
conhecimento científico.
o instinto, a embriaguez e a força vital, enquanto o
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apolíneo representa a racionalidade, o equilíbrio e a época. Na década de 1930, foi criado nos Estados
força figurativa. Segundo Nietzsche, essas duas Unidos o Super-Homem, um dos mais conhecidos
forças são complementares e necessárias para a personagens das histórias em quadrinhos. A
criação artística e para a vida em geral. A afirmação diferença entre os dois “super-homens” está no fato
de que "Apolo não podia viver sem Dionísio" mostra de Nietzsche defender que o super-homem:
a importância dessa complementaridade na visão do a) agiria de modo coerente com os valores pacifistas,
filósofo. repudiando o uso da força física e da violência na
consecução de seus objetivos.
550. “Na ciência as convicções não têm nenhum b) expressaria os princípios morais do
direito de cidadania, assim se diz com bom protestantismo, em contraposição ao materialismo
fundamento: somente quando elas se resolvem a presente no herói dos quadrinhos.
rebaixar-se à modéstia de uma hipótese, de um ponto c) abdicar-se-ia das regras morais vigentes,
de vista provisório de ensaio, de uma ficção desprezando as noções de “bem”, “mal”,
regulativa, pode ser-lhes concedida a entrada e até “certo” e “errado”, típicas do cristianismo.
mesmo um certo valor dentro do reino do d) representaria os valores políticos e morais alemães,
conhecimento – sempre com a restrição de e não o individualismo pequeno burguês norte-
permanecerem sob vigilância policial, sob a polícia da americano.
desconfiança.”
(NIETZSCHE, F. Gaia Ciência, aforismo Nietzsche defendia que o super-homem abdicaria das
344 apud FIGUEIREDO, V. Filósofos na sala de aula. São regras morais vigentes, desprezando as noções de
Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, vol. 2, p. 181).
"bem", "mal", "certo" e "errado", típicas do
A partir do texto citado, assinale o que for correto.
cristianismo. Portanto, a alternativa correta é a letra
01) As hipóteses impulsionam a pesquisa científica e
c. Já o personagem dos quadrinhos Super-Homem,
são comprovadas pelas convicções.
criado nos Estados Unidos, apresenta valores mais
02) O conhecimento científico deve ser colocado a
convencionais, como o altruísmo e a defesa da
todo instante sob o crivo da dúvida, da desconfiança.
justiça.
04) Não é possível produzir conhecimento científico
seguro sem a vigilância do Estado, por meio da sua
552. De acordo com a discussão que Nietzsche
polícia.
realiza sobre a origem dos valores morais, pode-se
08) O conhecimento científico deve ter como
afirmar que:
pressuposto o questionamento, que é a expressão da
a) na avaliação reativa, os fracos primeiro avaliam a si
humildade da razão.
mesmos como bons e daí decorre a avaliação do
16) É próprio da ciência acabar com o caráter
outro, o forte, como mau.
provisório das hipóteses e apresentar-se como uma
b) os gestos úteis foram inicialmente valorados como
certeza racional inquestionável.
bons, tendo se tornado hábito passar a considerá-los
como bons em si.
As opções 02 e 08 estão corretas. Nietzsche enfatiza
c) a moral escrava tem sua origem no cristianismo,
que as convicções não têm direito de cidadania na
religião na qual a oposição entre bem e mal foi
ciência, pois ela deve estar sempre sob a vigilância da
primeiramente constituída.
dúvida e da desconfiança. Ele sugere que as
d) a filologia mostra que as palavras usadas para
hipóteses são importantes para a pesquisa científica,
designar a nobreza social adquiriram
mas apenas quando são apresentadas como pontos
progressivamente o sentido de nobreza de
de vista provisórios, ficções regulativas que devem
espírito.
permanecer sob a vigilância da polícia da
desconfiança. Portanto, a opção 02 está correta ao
Segundo a discussão de Nietzsche sobre a origem
afirmar que o conhecimento científico deve ser
dos valores morais em sua obra "Genealogia da
colocado a todo instante sob o crivo da dúvida e da
Moral", as palavras usadas para designar a nobreza
desconfiança. A opção 08 também está correta ao
social foram sendo, ao longo do tempo, associadas a
afirmar que o conhecimento científico deve ter como
atributos de caráter e de espírito, adquirindo um
pressuposto o questionamento, que é a expressão da
novo significado que deu origem à ideia de nobreza
humildade da razão, já que Nietzsche enfatiza a
de espírito. Essa transformação da linguagem reflete
importância da modéstia e da humildade no campo
a mudança de valores ocorrida na sociedade, na qual
científico. As outras opções estão incorretas.
a noção de "bom" deixou de estar associada a gestos
úteis ou a um comportamento que favorecia a
551. No século XIX, o filósofo alemão Friedrich
sobrevivência do grupo, passando a ser valorizada a
Nietzsche vislumbrou o advento do “super-homem”
nobreza de espírito, a coragem, a força de vontade e
em reação ao que para ele era a crise cultural da
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outros atributos que, para Nietzsche, faziam parte da e pela inversão dos valores nobres. Ainda de acordo
moral dos senhores. com Nietzsche, na moral nobre o inimigo é visto
como digno de respeito, enquanto na moral escrava
553. O pensamento de Nietzsche (1844 – 1900) o inimigo é visto como mau e desprezível.
orienta-se no sentido de recuperar as forças
inconscientes, vitais, instintivas, subjugadas pela 555. Em “Genealogia Da Moral”, Nietzsche faz uma
razão durante séculos. Para tanto, critica Sócrates por análise devastadora da moral tradicional, a qual
ter encaminhado, pela primeira vez, a reflexão moral considerava baseada:
em direção ao controle racional das paixões. a) na tradição.
Nietzsche faz uma crítica à tradição moral b) no poder.
desenvolvida pelo ocidente. Marque a alternativa que c) na sociedade.
indica as obras que melhor representam a crítica d) na culpa.
nietzscheana. e) na essência.
a) Para além do bem e do mal, Genealogia da
moral, Crepúsculo dos ídolos. Em "Genealogia da Moral", Nietzsche faz uma
b) Para além do bem e do mal, Genealogia da moral, crítica à moral tradicional, que ele acredita estar
República. baseada na culpa, na autopunição e na negação dos
c) Leviatã, Genealogia da moral, Crepúsculo dos instintos vitais. Ele argumenta que essa moralidade é
ídolos. um produto da história e que os valores morais
d) Microfísica do poder, Genealogia da moral, mudam ao longo do tempo e da cultura.
Crepúsculo dos ídolos.
e) Memórias Póstumas de Brás Cubas e A moreninha 556. Friedrich Nietzsche, em sua obra Genealogia da
moral (2009), na primeira dissertação, discute os
A alternativa correta é A, pois as obras "Para além do conceitos “bom e mau”, “bom e ruim”, afirmando
bem e do mal", "Genealogia da moral" e que “todas eles remetem à mesma transformação
"Crepúsculo dos ídolos" são as mais representativas conceitual” que, em toda parte no sentido social,
da crítica nietzscheana à tradição moral desenvolvida “bom” se desenvolveu a partir de:
pelo Ocidente. As outras obras mencionadas não a) nobre/aristocrático.
estão relacionadas diretamente com o pensamento de b) nobre/plebeu.
Nietzsche. c) realeza/comum.
d) plebeu/ baixo.
554. A partir da contraposição entre moral nobre e e) comum/baixo.
moral escrava, feita por Nietzsche na
obra Genealogia da Moral, pode-se afirmar que: A afirmação de Nietzsche de que o conceito de
a) o homem do ressentimento considera o inimigo "bom" se desenvolveu a partir de
com o mau, enquanto o nobre vê o inimigo como "nobre/aristocrático" na primeira dissertação de
desprezível. Genealogia da Moral se refere à ideia de que as
b) a modernidade é o momento de afirmação do primeiras sociedades humanas eram governadas por
indivíduo nobre, criador, a partir de seus talentos e uma aristocracia guerreira, que possuía valores e
virtudes. virtudes próprias, tais como a coragem, a honra, a
c) o amor aos inimigos é um disfarce do nobreza de espírito, entre outras. Nesse contexto, o
ressentimento, mas ocorre de modo autêntico no que era valorizado como "bom" era aquilo que era
espírito nobre. característico dessa aristocracia e se distinguia do que
d) a moral nobre é criadora e gera valores, ao era valorizado pelas camadas mais baixas da
contrário do ressentimento, que apenas inverte sociedade.
as valorações nobres.
Com o tempo, porém, a ascensão das classes mais
Na obra "Genealogia da Moral", Nietzsche apresenta baixas e a consequente democratização da sociedade
a oposição entre a moral nobre e a moral escrava (ou levou à inversão dos valores, de modo que aquilo
moral dos fracos), destacando que a primeira é que antes era valorizado como "bom" agora era visto
criadora e gera valores, enquanto a segunda é como "ruim" ou "mal", e vice-versa. Assim, o que
ressentida e apenas inverte os valores nobres. era visto como nobre e virtuoso passou a ser
Segundo Nietzsche, a moral nobre se caracteriza pela considerado arrogante, opressivo e injusto, enquanto
afirmação da vida, pela vontade de poder e pela aquilo que era visto como baixo e desprezível passou
criação de valores, enquanto a moral escrava se a ser valorizado como humildade, bondade e
caracteriza pelo ressentimento, pela negação da vida compaixão.
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(NIETZSCHE, F. O crepúsculo dos ídolos. In:
Essa inversão dos valores morais é criticada por FIGUEIREDO, V. (org.) Seis filósofos na sala de aula, v. 2.
São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, p. 175).
Nietzsche, que defende a necessidade de uma
Acerca das teses de Nietzsche sobre o ser, a
transvaloração radical dos valores, ou seja, de uma
aparência, a verdade e o erro, assinale o que
mudança completa na forma como os valores morais
for correto.
são concebidos e avaliados. Em vez de se basearem
01) Nietzsche propõe que é ilusório conceber a
na tradição e na moralidade herdada do passado, os
verdade como algo único e permanente.
valores devem ser criados a partir da afirmação da
02) A arte é um processo de falsificação pelo qual
vida e da vontade de potência, que são as forças
construímos um mundo verdadeiro.
vitais e criativas que impulsionam o desenvolvimento
04) O homem está “enredado no erro” porque
humano.
precisa contar com a previsibilidade e a racionalidade
para sobreviver.
557. Sobre a crítica de Nietzsche à moral, é correto
08) A crítica de Nietzsche se dirige à maneira como a
afirmar que:
filosofia moderna se desviou das teses dos
a) O cristianismo é a origem do conceito de bem em
pensadores pré-socráticos Parmênides e Heráclito.
si e, por isso Nietzsche defere uma crítica mordaz a
16) Segundo Nietzsche, a ciência moderna investiga
essa doutrina religiosa.
as transformações dos fenômenos naturais, por isso
b) O projeto de Nietzsche de traçar uma genealogia
compreende que o mundo é fundamentalmente um
da moral encontra eco em Foucault na arqueologia
processo de vir-a-ser.
do saber. Nietzsche diferencia-se de Foucault por
acreditar que é possível um fato moral.
As opções 01 e 04 estão corretas. Na opção 01,
c) Para Nietzsche, não existem fatos morais, mas
Nietzsche propõe uma crítica à ideia de verdade
interpretações sobre a moral, cuja estrutura se remete
como algo único e permanente, defendendo que a
à essência do homem.
verdade é uma construção histórica e social, e que a
d) A transvaloração dos valores é um projeto de
interpretação dos fatos pode variar de acordo com o
rompimento com a moral tradicional, cujo ponto
tempo e o contexto.
central é a crítica a todos os valores ocidentais.
Já na opção 04, Nietzsche argumenta que o homem
Nietzsche propõe a transvaloração dos valores como
está "enredado no erro" porque precisa contar com a
um projeto de rompimento com a moral tradicional,
previsibilidade e a racionalidade para sobreviver, e
que é baseada em valores ocidentais que ele
que essa necessidade acaba limitando a capacidade
considera prejudiciais para o desenvolvimento pleno
humana de compreender a complexidade do mundo
da vida humana. Ele critica a ideia de bem em si, que
e a multiplicidade de perspectivas que podem existir.
segundo ele tem origem no cristianismo, e propõe
que a moral deve ser entendida como uma
Em resumo, as teses de Nietzsche sobre a verdade e
construção social e histórica, sujeita a interpretações
o erro são profundamente críticas em relação à ideia
e mudanças ao longo do tempo. A transvaloração
de uma verdade única e universal, apontando para a
dos valores implica em uma reavaliação dos valores
importância da diversidade de perspectivas e da
tradicionais e na proposição de novos valores que
multiplicidade de interpretações para a compreensão
promovam a vida e a criatividade.
do mundo e da vida.
558. O filósofo alemão Nietzsche realizou em sua
559. Nietzsche, ao evidenciar sua preferência pelas
obra uma crítica das posições metafísicas dos
tragédias gregas consagradas, cita duas divindades
filósofos anteriores. Ele afirma: “Contraponhamos a
gregas: Apolo e Dionísio. A respeito desse assunto,
isso, afinal, de que modo diferente nós (- digo nós
assinale uma única alternativa INCORRETA:
por cortesia…) captamos no olho o problema do
a) Os textos de Eurípides (485-406 a.C.)
erro e da aparência. Outrora se tomava a alteração, a
desapontaram Nietzsche porque não remetiam mais
mudança, o vira-ser em geral como prova de
aos mitos, mas relatavam em suas tragédias a história
aparência, como signo de que tem de haver algo que
dos vencidos, dos fracos.
nos induz em erro. Hoje, inversamente, na exata
b) Dionísio é o deus do Sol, da luz e da ordem,
medida em que o preconceito da razão nos coage a
representa a razão; Apolo é o deus do vinho,
pôr unidade, identidade, duração, substância, causa,
representa a vontade.
coisidade, ser, vemo-nos, de certo modo, enredados
c) De acordo com Nietzsche, quando o irracional
no erro, necessitados ao erro; tão seguros estamos,
assume a situação, o homem tem a visão plena da
com fundamento em um cômputo rigoroso dentro
unidade inicial, que é a vontade.
de nós, de que aqui está o erro.”
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d) Segundo Nietzsche, a tragédia grega perde a sua c) enuncia algo sobre a origem das coisas; o faz
identidade quando passa a refletir os conflitos sem imagem ou fabulação; e contém o
humanos por meio da moralidade socrática. pensamento “tudo é um”.
e) Em Nietzsche, a busca pelo dionisíaco se traduz d) enuncia algo sobre a origem das coisas; o faz sem
como a tentativa de recolocar o homem em contato imagem ou fabulação; e contém o pensamento “tudo
com seu próprio eu. é físico”.
e) enuncia algo sobre a origem das coisas; o faz sem
A alternativa correta é a letra B. Nietzsche vê imagem ou fabulação; e contém o pensamento “tudo
Dionísio como um deus da vida, do êxtase, da é múltiplo”.
embriaguez e da desordem, enquanto Apolo é o deus
da beleza, da forma, da ordem e da razão. Ambos os Nietzsche reconhece Tales de Mileto como o
deuses são importantes na tragédia grega, pois primeiro filósofo por ter enunciado algo sobre a
representam o equilíbrio entre o racional e o origem das coisas, sem recorrer a imagens ou
irracional, o apolíneo e o dionisíaco. fabulações, e por ter expressado o pensamento de
que "tudo é um". Para Nietzsche, essa afirmação é
560. A filosofia nietzscheana propõe uma inversão importante por dar uma explicação imanente para o
das ideias filosóficas e dos valores morais ser, ou seja, sem recorrer a explicações
tradicionais. A respeito desse assunto assinale a transcendentes ou metafísicas.
alternativa que possui as afirmativas corretas.
I. Nietzsche considera como homem superior aquele 4. POSITIVISMO E COMTE
que é humilde e piedoso.
II. Para Nietzsche o niilismo e “a consequência 562. Sobre a relação entre a revolução industrial e o
necessária do cristianismo”. surgimento da sociologia como ciência, assinale o
III. A bondade cristã é para Nietzsche o grande que for correto.
problema do homem. 01) A consolidação do modelo econômico baseado
IV. Sócrates é, para Nietzsche, aquele que não nega o na indústria conduziu a uma grande concentração da
“eu” humano. população no ambiente urbano, o qual acabou se
V. Para Nietzsche, os conceitos morais tradicionais constituindo em laboratório para o trabalho de
são as armas dos fracos. intelectuais interessados no estudo dos problemas
a) I, II e III. que essa nova realidade social gerava.
b) II, III e IV. 02) A migração de grandes contingentes
c) II, III e V. populacionais do campo para as cidades gerou uma
d) I, II e IV. série de problemas modernos, que passaram a
e) III, IV e V. demandar investigações visando à sua resolução ou
minimização.
Nietzsche não considera o homem humilde e 04) Os primeiros intelectuais interessados no estudo
piedoso como superior, mas sim aquele que é forte e dos fenômenos provocados pela revolução industrial
capaz de criar seus próprios valores. Ele também não compartilhavam uma perspectiva positiva sobre os
nega completamente a existência do "eu" humano, efeitos do desenvolvimento econômico baseado no
mas critica a ênfase exagerada dada a ele pela modelo capitalista.
filosofia socrática. 08) Os conflitos entre capital e trabalho,
potencializados pela concentração dos operários nas
561. Mesmo com todas as suas diferenças em relação fábricas, foram tema de pesquisa dos precursores da
a Hegel, Nietzsche também reconhece Tales de sociologia e continuam inspirando debates científicos
Mileto como o primeiro filósofo, justamente por ele relevantes na atualidade.
ter dito que a água é a origem de todas as coisas. 16) A necessidade de controle da força de trabalho
Para Nietzsche, em A filosofia na época trágica dos fez com que as fábricas e indústrias do século XIX
gregos, é preciso levar tal afirmação a sério, pois ela: inserissem sociólogos em seus quadros profissionais,
a) dá uma explicação imanente para o ser; o faz sem para atuarem no desenvolvimento de modelos de
imagem ou fabulação; e contém o pensamento “tudo gestão mais eficientes e produtivos.
é um”.
b) dá uma explicação imanente para o ser; o faz por Com a Revolução Industrial e a consequente
meio da poesia; e contém o pensamento “tudo é urbanização, surgiram novas demandas sociais e
um”. problemas relacionados à concentração urbana,
como a pobreza, a criminalidade, as condições de
trabalho precárias e as questões de saúde pública.
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Isso gerou a necessidade de compreender esses categorias específicas para o estudo da sociedade e da
fenômenos, e intelectuais começaram a se dedicar ao cultura.
estudo da sociedade e da vida social. A perspectiva
positiva sobre os efeitos do capitalismo era 564. “(...) Por um lado, a Sociologia nasceu na
predominante nos primeiros pensadores que se sociedade industrial; apareceu e adquiriu importância
dedicaram à sociologia, mas essa visão foi contestada como conseqüência da industrialização. Mas, por
por outros pensadores que apontaram para as outro lado, a ‘sociedade industrial’ é a filha mimada
desigualdades e injustiças sociais geradas pelo sistema da Sociologia, seu próprio conceito pode ser
econômico. Os conflitos entre capital e trabalho considerado um produto da moderna ciência social.”
foram um dos temas de pesquisa mais importantes DAHRENDORF, Ralph. Sociologia e sociedade industrial. In:
para os precursores da sociologia e continuam sendo FORACCHI, Marialice Mencarini; MARTINS, José de Souza.
Sociologia e sociedade. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
objeto de estudo na atualidade. A inserção de Científicos, 1977, p.118-119.
sociólogos em empresas e fábricas para desenvolver Considerando o fragmento de texto acima, a
modelos de gestão mais eficientes e produtivos é constituição da perspectiva sociológica e a análise da
uma afirmação incorreta. sociedade capitalista, assinale o que for correto.
01) A Sociologia tem por objetivo solucionar os
563. Sobre o surgimento da Sociologia e suas problemas sociais resultantes da constituição da
proposições acerca da explicação do mundo social, sociedade industrial, capitalista e moderna.
pode-se afirmar: 02) A Sociologia gerou mecanismos de compreensão
A) a Sociologia é uma manifestação do pensamento da sociedade industrial que possibilitaram investigar
moderno e uma forma de conhecimento do mundo as mudanças de posição social dos indivíduos.
social, cujas explicações são fundadas nas
descobertas das ciências naturais e físicas, por
pressupor uma unidade entre sociedade e natureza e
rejeitar o uso de leis gerais no conhecimento.
B) os pensadores fundadores da Sociologia
concentraram seus esforços em interesses políticos e,
portanto, práticos, face aos objetivos de contribuir
para as transformações sociais e para a consolidação
de uma nova ordem social diversa das sociedades
feudal e capitalista.
C) a desagregação da sociedade feudal e a
consolidação da sociedade capitalista, com o
consequente processo de industrialização e
urbanização em países da Europa, contribuíram para
o surgimento da Sociologia como forma de
conhecimento das sociedades em extinção.
D) a Sociologia surgiu no século XIX, vinculada 04) O advento da sociedade industrial explicita o
à sociedade moderna, no contexto das caráter mutável e histórico das relações sociais, que é
transformações econômicas e sociais e no bojo enfatizado pela moderna ciência social da época.
das mudanças nas formas de pensamento, 08) A consolidação da sociedade industrial
influenciadas pelas revoluções burguesas do independe do desenvolvimento científico e da
século, bem como pelos ideais iluministas. afirmação da ciência como ferramenta de
interpretação do mundo.
A Sociologia surgiu no século XIX em meio às 16) No século XVIII, identificamos um processo de
transformações econômicas e sociais da época, em transformação social que foi propício ao surgimento
decorrência das revoluções burguesas e dos ideais da Sociologia como disciplina científica. Por seu
iluministas. Os pensadores fundadores da Sociologia, turno, a Sociologia, ao interpretar essa época,
como Auguste Comte, Émile Durkheim e Karl Marx, terminou por criá-la.
tinham interesses teóricos e práticos em entender e
explicar o mundo social. Eles buscavam As opções 02, 04 e 08 estão corretas. A opção 02 está
compreender a sociedade moderna em suas múltiplas correta, pois a Sociologia criou ferramentas para
dimensões, incluindo a economia, a política, a entender e analisar as mudanças de posição social
cultura, a religião e as relações sociais em geral. As dos indivíduos na sociedade industrial.
explicações da Sociologia não se baseiam nas leis
gerais das ciências naturais, mas sim em conceitos e
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Já a opção 04 também está correta, pois a observáveis, contribuiu para que a organização social
industrialização e a sociedade industrial evidenciam o deixasse de ser entendida como um dado natural ou
caráter mutável e histórico das relações sociais, um desígnio divino e passasse a ser objeto de
tema central para a moderna ciência social da época. questionamentos.
02) A Sociologia surge no contexto das Revoluções
Por fim, a opção 08 está correta, pois a consolidação Democráticas do século XVIII como um
da sociedade industrial depende do desenvolvimento instrumento de recomposição da ordem monárquica
científico e da afirmação da ciência como ferramenta abalada pela crítica à legitimidade teológica das
de interpretação do mundo, especialmente na medida lideranças políticas.
em que a própria noção de sociedade industrial é um 04) A Revolução Industrial acarretou uma série de
produto da moderna ciência social. problemas sociais, sendo a maioria decorrente da
significativa concentração da população nas cidades
565. Uma série de mudanças políticas e econômicas ao redor das nascentes indústrias. A necessidade de
ocorreu na Europa, a partir do fim da Idade Média. compreensão dessa nova experiência urbana
O quadro “A liberdade guiando o povo” (1830), de impulsionou decisivamente o surgimento da
Eugène Delacroix, alude a um dos mais importantes Sociologia.
acontecimentos decorrentes desse período na 08) A Reforma Protestante, com a crítica ao dogma
história europeia, a Revolução Francesa. católico e a defesa da razão técnica, favoreceu a
Sobre a ligação entre as mudanças referidas no texto proposição de uma ciência objetiva da sociedade.
e o surgimento da Sociologia, é correto afirmar: 16) As Revoluções Democráticas do século XVIII,
A) O desenvolvimento da indústria se opunha à ao questionarem as monarquias baseadas em
formação do processo de instalação da sociedade princípios teocráticos, atribuíram aos homens a
moderna. tarefa de construir sua própria ordem social, segundo
B) A credibilidade da vida social, nas cidades, passa a seus anseios e necessidades. Com isso, favoreceram o
ser buscada na coerência dos textos sagrados e na surgimento de uma ciência da sociedade que teria a
adoração religiosa. função de apontar caminhos para a resolução dos
C) A vida religiosa foi adquirindo cada vez mais problemas sociais.
importância, o que fez com que a história do
cotidiano fosse concebida por um olhar sagrado. As opções 02, 04 e 16 estão corretas. A opção 02
D) A arte renascentista, ao apresentar a forte ligação destaca que a Sociologia surge no contexto das
entre Deus e os homens, expressou as Revoluções Democráticas do século XVIII como um
transformações sociais de forma contundente. instrumento de recomposição da ordem monárquica
E) O desenvolvimento tecnológico e a nova abalada pela crítica à legitimidade teológica das
postura do homem ocidental decorrentes das lideranças políticas. De fato, a Sociologia surge em
transformações desse período histórico um contexto histórico em que a ordem social
propiciaram o interesse pelo entendimento da estabelecida é questionada e contestada, e a
vida social. emergência de novas formas de organização social e
política torna-se necessária.
O desenvolvimento tecnológico e as mudanças
políticas e econômicas que ocorreram na Europa a A opção 04 menciona que a Revolução Industrial
partir do fim da Idade Média contribuíram para uma acarretou uma série de problemas sociais, sendo a
nova postura do homem ocidental em relação à maioria decorrente da significativa concentração da
sociedade e ao mundo, o que propiciou o interesse população nas cidades ao redor das nascentes
pelo entendimento da vida social. Essa nova postura, indústrias. A necessidade de compreensão dessa
caracterizada pelo racionalismo e pela busca pelo nova experiência urbana impulsionou decisivamente
conhecimento, é uma das bases do surgimento da o surgimento da Sociologia. De fato, a Sociologia
Sociologia como ciência. A Revolução Francesa, por surge como uma resposta à necessidade de
sua vez, é um dos eventos históricos que marcou compreender e lidar com as transformações sociais
esse período e que teve grande impacto na decorrentes da Revolução Industrial.
consolidação da Sociologia como disciplina científica.
A opção 16 destaca que as Revoluções Democráticas
566. Sobre os fatores relacionados ao surgimento da do século XVIII, ao questionarem as monarquias
Sociologia, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). baseadas em princípios teocráticos, atribuíram aos
01) A Revolução Científica, iniciada no século XVI, homens a tarefa de construir sua própria ordem
ao propor a substituição da razão teológica pelo social, segundo seus anseios e necessidades. Com
conhecimento derivado de evidências empiricamente isso, favoreceram o surgimento de uma ciência da
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sociedade que teria a função de apontar caminhos entender a sociedade a partir de um conhecimento
para a resolução dos problemas sociais. De fato, a objetivo, baseado em evidências e fatos observáveis.
Sociologia surge como uma ciência que busca
compreender as transformações sociais em curso e 569. A Sociologia foi criada na Europa do século
oferecer soluções para os problemas sociais XIX, conturbada por mudanças históricas,
emergentes. socioculturais, econômicas e políticas que já vinham
ocorrendo paulatinamente poucos séculos antes.
567. Com base nos conhecimentos sobre o Como marcos exemplares dessas mudanças
surgimento da sociologia, assinale a alternativa encontram-se o Protestantismo, o Iluminismo, a
correta. Revolução Francesa, a Revolução Industrial. Esses
a) Adere à tradição do conhecimento teológico e marcos históricos tiveram influências diretas no
metafísico para compreender a sociedade industrial. surgimento desta ciência social. Todas as
b) Explica as origens da vida com vistas ao retorno transformações ocorridas nesse contexto social e
do estado de natureza como fator do histórico serviram de base para os primeiros estudos
desenvolvimento. da Sociologia.
c) Organiza seu conhecimento a partir das Considerando esses marcos históricos e a criação da
explicações subjetivistas e individualistas. Sociologia, assinale a afirmação verdadeira.
d) Responde aos efeitos, às crises e às A) O sistema de produção medieval e suas
contradições provocadas pela emergência da instituições tradicionais foram fortalecidos pelas
sociedade capitalista. análises dos primeiros estudiosos da Sociologia.
e) Resiste aos princípios das correntes de B) A industrialização e a urbanização das cidades
pensamento positivistas e iluministas sobre o europeias foram fenômenos sociais da Europa do
progresso. século XIX orientados pelos primeiros sociólogos.
C) A Sociologia é herdeira intelectual do
A Sociologia surge como uma resposta às Iluminismo e surge, de início, interessada em
transformações sociais e econômicas decorrentes da explicar as consequências sociais da Revolução
Revolução Industrial e do surgimento da sociedade Industrial.
capitalista. A disciplina busca compreender e explicar D) A Revolução Francesa, com os ideais de
as contradições e os efeitos sociais e econômicos Igualdade, Liberdade e Fraternidade, concedeu os
dessa nova forma de organização social, como a métodos científicos estruturantes da Sociologia.
concentração de riqueza e poder nas mãos de
poucos, a exploração do trabalho assalariado e a A Sociologia surgiu na Europa do século XIX, em
alienação dos indivíduos. A Sociologia também busca meio a profundas transformações sociais,
propor soluções para esses problemas e contribuir econômicas, políticas e culturais que haviam ocorrido
para a construção de uma sociedade mais justa e na Europa desde o Renascimento. O Iluminismo,
igualitária. movimento cultural e filosófico que se desenvolveu
no século XVIII, influenciou fortemente o
568. Marque a alternativa que corresponde a um dos surgimento da Sociologia, ao propor a valorização da
antecedentes intelectuais da Sociologia. razão e da ciência como instrumentos para
a) A crença na capacidade de a razão apreender compreender a sociedade e transformá-la.
a dinâmica do mundo material.
b) A valorização crescente dos princípios de A Revolução Industrial, que teve início na Inglaterra
autoridade, notadamente da Igreja Católica. no final do século XVIII, foi outro fator que
c) A descrença nas forças da modernidade, impulsionou o surgimento da Sociologia, ao gerar
principalmente na ideia de progresso. profundas transformações na estrutura social e
d) O fortalecimento da especulação metafísica como econômica da Europa. A Sociologia, nesse contexto,
procedimento científico. surge como uma ciência interessada em explicar as
consequências sociais da Revolução Industrial e em
Um dos antecedentes intelectuais da Sociologia foi a compreender as dinâmicas sociais que estavam se
ideia de que a razão humana seria capaz de configurando nesse novo contexto histórico.
compreender e explicar a dinâmica do mundo
material. Esse pensamento teve origem na filosofia 570. A respeito do contexto histórico de emergência
iluminista do século XVIII, que valorizava a razão, a da Sociologia, marque a alternativa correta.
ciência e a experiência empírica como formas de a) A crescente legitimidade científica do saber
conhecimento. Essa perspectiva foi fundamental sociológico, produzido por autores como Auguste
para o desenvolvimento da Sociologia, que busca
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Comte e Émile Durkheim, deveu-se à sua forte significativa. A Revolução Industrial trouxe
crítica ao Iluminismo. mudanças na economia, com o desenvolvimento da
b) A Sociologia consolidou-se, disciplinarmente, indústria e o surgimento da classe operária, que
em resposta aos novos problemas e desafios passou a viver em condições precárias de trabalho e
desencadeados por transformações sociais, habitação nas cidades. A Revolução Francesa, por
políticas, econômicas e culturais, cujos marcos sua vez, questionou as estruturas políticas e sociais
históricos principais foram a Revolução vigentes, dando início a um processo de
Industrial e a Revolução Francesa. democratização e igualdade entre os cidadãos.
c) Um dos principais legados do Iluminismo foi a
crítica severa às concepções científicas da realidade Diante desse contexto, a Sociologia surgiu como uma
social, combinada com a reafirmação de princípios e disciplina científica que buscava entender os
interpretações de cunho religioso. fenômenos sociais e suas causas, analisando a
d) Herdeira direta das transformações sociais dinâmica dos grupos sociais e as formas de
desencadeadas pela Revolução Industrial e pela integração e desintegração social. Além disso, a
Revolução Francesa, a Sociologia ignorou os Sociologia também se interessou pela compreensão
métodos racionais de investigação em favor do da relação entre indivíduo e sociedade, o que levou
conhecimento produzido pelo senso-comum. ao desenvolvimento de teorias sociológicas sobre a
estrutura social e a cultura.
A emergência da Sociologia esteve relacionada com a
necessidade de compreender e explicar as mudanças 572. Entre os fatores históricos responsáveis pela
sociais e culturais que ocorriam na Europa do século formação da Sociologia como ciência da vida social,
XIX, em decorrência de eventos como a Revolução destaca-se o fator da dinâmica do próprio “sistema
Industrial e a Revolução Francesa. A Sociologia de ciências”. A respeito desse fator, marque a
surgiu como uma resposta aos novos desafios e alternativa incorreta.
problemas sociais que surgiram com esses eventos a) No século XIX, o conceito de leis
históricos, e buscou desenvolver um método deterministas, característico do modelo
científico próprio para estudar a sociedade e newtoniano de ciência, tornara-se paradigma
compreender suas dinâmicas. dominante no mundo do conhecimento, mas,
aplicado ao conhecimento da sociedade, não se
571. De um ponto de vista histórico, a Sociologia afigurava útil à defesa da ordem vigente.
como disciplina científica surgiu ao longo do século b) A formação das Ciências Sociais no mundo
XIX, como uma resposta acadêmica para os novos moderno está ligada à concepção, segundo a qual, os
desafios da modernidade. Além das concepções métodos das ciências da natureza deviam e podiam
advindas da Revolução Francesa e dos fortes ser estendidos aos estudos das questões humanas e
impactos gerados pela Revolução Industrial na sociais.
estrutura da sociedade, muitos outros processos c) A formação das Ciências Sociais no mundo
também contribuíram para essa nova configuração moderno está ligada à concepção, segundo a qual, os
da sociedade. fenômenos sociais podiam ser classificados e
Em seu desenvolvimento ao longo do século XIX, a medidos.
Sociologia esperava entender d) No século XIX, as ciências naturais, fundadas em
a) os grupos sociais e as causas da desintegração um trabalho experimental e empírico, chamaram
social vigente. para si uma legitimidade sócio-intelectual,
b) como a Revolução Industrial encerrou a transição influenciando a distinção entre conhecimento
entre feudalismo e capitalismo, sem prejuízo da científico da sociedade e conhecimento filosófico da
classe trabalhadora, pois foi beneficiada por esse sociedade.
processo.
c) a subjetividade dos indivíduos nas pesquisas A alternativa correta é a opção A, que afirma que o
sociológicas, como uma disciplina científica com conceito de leis deterministas, característico do
metodologia própria. modelo newtoniano de ciência, tornou-se paradigma
d) a Revolução Francesa como um marco dominante no mundo do conhecimento, mas,
revolucionário que modificou o pensamento, apesar aplicado ao conhecimento da sociedade, não se
de manter as tradições aristocratas afigurava útil à defesa da ordem vigente.
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II. A ideia de uma democracia representativa levou à e) Os limites e as contradições do progresso para a
adoção do sistema do voto universal, o que permitia liberdade humana foram apontados pelo Iluminismo
a acomodação das classes sociais. e aceitos pelo Positivismo.
III. A presença do ideário positivista destacou-se no
setor militar, sobretudo entre os oficiais de alta Auguste Comte, considerado o fundador da
patente. Sociologia, foi influenciado pelos ideais iluministas,
IV. A formação de um governo de cunho autoritário principalmente pela confiança na razão e na ciência
caracterizou-se pela imposição da ordem através da como instrumentos de progresso e desenvolvimento
força militar, na chamada República de Espadas. social. O Positivismo, por sua vez, também se
Assinale a alternativa correta. baseou na ideia de que o conhecimento científico era
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. capaz de explicar e transformar a realidade social.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. Ambos os movimentos valorizavam a razão e a
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. ciência como ferramentas de compreensão e
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. transformação da sociedade.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
577. Dentre os primeiros teóricos e metodólogos da
A afirmação I está incorreta, pois o pavilhão imperial Sociologia, Auguste Comte (1798-1857) é posto como
não adotou o lema positivista. Já a afirmação II está um dos seus mais importantes iniciadores. Ele
parcialmente correta, pois o voto universal foi cunhou o termo “Sociologia” para designar esta nova
adotado, mas não necessariamente como resultado ciência social e procurava identificar as causas
do ideário positivista. A afirmação III está correta, necessárias ou as leis e lógicas sociais que regem e
pois o positivismo teve forte presença no setor movimentam as sociedades. Comte é um dos
militar. E a afirmação IV também está correta, pois a inventores de uma das mais importantes correntes
transição do regime imperial para o republicano no teórico-metodológicas do século XIX que foi base de
Brasil se deu através da força militar, com a chamada muitas outras ciências à época.
"República de Espadas". A corrente teórico-metodológica postulada por
Auguste Comte foi
576. Até o século XVIII, a maioria dos campos de A) o Positivismo, que procurava explicar, com
conhecimento, hoje enquadrados sob o rótulo de base no raciocínio lógico e em métodos, as leis
ciências, era ainda, como na Antiguidade Clássica, efetivas que atuam na organização dos
parte integral dos grandes sistemas filosóficos. A organismos sociais.
constituição de saberes autônomos, organizados em B) o Materialismo Histórico Dialético, que demonstra
disciplinas específicas, como a Biologia ou a própria as bases materiais e históricas fundadoras das
Sociologia, envolverá, de uma forma ou de outra, a contradições de classes sociais no capitalismo.
progressiva reflexão filosófica, como a liberdade e a C) a Sociologia Compreensiva, que analisa os
razão. significados da ação social que é subjetivamente
(Adaptado de: QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; orientada pelas ações dos indivíduos em sociedade.
OLIVEIRA, M. G. M. Um Toque de Clássicos: Marx, Durkheim e D) a Sociologia Formal, que estuda como os
Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2002. p.12.)
interesses e as finalidades dos indivíduos em interação
Com base nos conhecimentos sobre o surgimento da
constante determinam as formas das sociedades.
Sociologia, assinale a alternativa que apresenta,
corretamente, a relação entre conhecimento
A corrente teórico-metodológica postulada por
sociológico de Auguste Comte e as ideias iluministas.
Auguste Comte foi o Positivismo, como mencionado
a) A ideia de desenvolvimento pela revolução social
na primeira parte do enunciado. O Positivismo
foi defendida pelo Iluminismo, que influenciou o
buscava explicar as leis efetivas que atuam na
Positivismo.
organização dos organismos sociais, baseando-se no
b) A crença na razão como promotora do
raciocínio lógico e em métodos científicos.
progresso da sociedade foi compartilhada pelo
Iluminismo e pelo Positivismo.
578. Sobre o positivismo, corrente teórica pioneira
c) O Iluminismo forneceu os princípios e as bases
na sistematização do pensamento sociológico,
teóricas da luta de classes para a formulação do
assinale o que for correto.
Positivismo.
01) Apesar de reconhecer as diferenças entre
d) O reconhecimento da validade do conhecimento
fenômenos do mundo físico e do mundo social, o
teológico para explicar a realidade social é um ponto
positivismo busca no método das ciências da
comum entre o Iluminismo e o Positivismo.
natureza a orientação básica para legitimar a
sociologia.
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mito estar na raiz da inteligibilidade. A função suas relações invariáveis de sucessão e de similitude.
fabuladora persiste não só nos contos populares, no A explicação dos fatos, reduzida então a seus termos
folclore, mas também na vida diária, quando reais, se resume de agora em diante na ligação
proferimos certas palavras ricas de ressonâncias estabelecida entre os diversos fenômenos particulares
míticas – casa, lar, amor, pai, mãe, paz, liberdade, e alguns fatos gerais, cujo número o progresso da
morte – cuja definição objetiva não esgota os ciência tende cada vez mais a diminuir.”
significados que ultrapassam os limites da própria (COMTE, Augusto. Curso de Filosofia Positiva. Coleção Os
subjetividade.” Pensadores, São Paulo: Nova Cultural, 2005, p. 2223).
(ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução A partir do trecho citado, assinale o que for correto.
à filosofia. 4ª. ed. rev. São Paulo: Moderna, 2009, p. 32) 01) Para o positivismo, é uma impossibilidade
A partir do trecho citado, assinale o que for correto. conhecer noções absolutas, a origem e o destino do
01) Ao contrário da ciência, o senso comum, a universo, bem como as causas mais íntimas dos
religião e a filosofia refletem uma imagem fenômenos.
incompleta e precária do real. 02) O positivismo postula uma atitude de
02) O mito do cientificismo é a aplicação do rigor investigação baseada nas experiências individuais
formal do método científico à dança, à música e a para formular noções absolutas.
diversas outras formas de expressão popular. 04) Para o positivismo, o conhecimento humano
04) O positivismo utiliza o inconsciente e o mito perfaz um movimento de progressos e de avanços ao
como forma de expressão do mundo. longo da história.
08) Explicações de caráter mítico, apesar de 08) Segundo o positivismo, o progresso da ciência
pertencerem ao período antigo, sobrevivem na diminui o conhecimento possível dos fenômenos.
modernidade. 16) Para o positivismo, a utilização adequada do
16) A função fabuladora recupera aspectos do mito raciocínio e da observação dos fenômenos permite
que se distinguem da razão e do método científico. conhecer as semelhanças e as relações causais entre
eles (os fenômenos).
As opções 08 e 16 estão corretas. A opção 08 afirma
que explicações de caráter mítico, apesar de As opções 01, 04 e 16 estão corretas. A opção 01 está
pertencerem ao período antigo, sobrevivem na correta porque para o positivismo, a busca por
modernidade, o que mostra que o mito não noções absolutas, a origem e o destino do universo e
desapareceu com o advento da ciência e da razão, as causas íntimas dos fenômenos é uma busca inútil e
mas continua a ser uma forma de interpretação do impossível, já que o conhecimento humano é
mundo. A opção 16, por sua vez, afirma que a limitado e as coisas em si mesmas são inacessíveis à
função fabuladora recupera aspectos do mito que se razão.
distinguem da razão e do método científico, o que
sugere que a fabulação e a narrativa também são A opção 04 está correta porque o positivismo vê o
formas importantes de compreender o mundo e conhecimento humano como um processo histórico
podem trazer à tona aspectos da realidade que não e cumulativo, em que as descobertas e avanços
são capturados pela ciência. Juntas, essas opções científicos são aprimorados ao longo do tempo,
indicam que o mito não deve ser descartado como gerando um progresso constante.
uma forma de conhecimento, mas sim entendido
como uma forma complementar à ciência, que pode A opção 16 está correta porque o positivismo
oferecer perspectivas diferentes e enriquecedoras defende que o conhecimento humano é obtido por
para a compreensão do mundo. meio do uso adequado da razão e da observação dos
fenômenos, buscando compreender as relações
582. “Para explicar convenientemente a verdadeira causais e semelhanças entre eles, em vez de buscar
natureza e o caráter próprio da filosofia positiva, é explicações metafísicas ou teológicas.
indispensável ter, de início, uma visão geral sobre a
marcha progressiva do espírito humano, considerado 583. Auguste Comte (1798-1857) foi um dos
em seu conjunto, pois uma concepção qualquer só fundadores da Sociologia, termo, aliás, que cunhou e
pode ser bem conhecida por sua história. [...] Enfim, que substituiu sua expressão inicial de “Física
no estado positivo, o espírito humano, reconhecendo Social”. De modo geral, Comte considerava que os
a impossibilidade de obter noções absolutas, fenômenos sociais deviam ser entendidos da mesma
renuncia a procurar a origem e o destino do forma como eram entendidos os fenômenos
universo, a conhecer as causas íntimas dos astronômicos, químicos e fisiológicos, isto é,
fenômenos, para preocupar-se unicamente em submetidos a leis naturais invariáveis e cuja
descobrir, graças ao uso bem combinado do descoberta seria o objetivo especial desta, então
raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, nova, ciência do social.
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Materialismo Dialético Histórico, definido por Karl c) Era necessário aperfeiçoar os métodos de
Marx, que tem como princípio explicativo da investigação das leis que regem os fenômenos
realidade a explicação de que as realidades socio- sociais, no sentido de se descobrir a ordem inscrita
históricas se movem pelas contradições. na história humana.
B) A descrição científica em destaque diz d) Entre ordem e progresso há uma necessidade
respeito ao entendimento de ciência social do simultânea, uma vez que a estabilidade (princípio
Positivismo de Auguste Comte na defesa de uma estático) e a atividade (princípio dinâmico) sociais
Sociologia que descobrisse as leis sociais e são inseparáveis.
contribuísse para o progresso das sociedades.
C) O postulado acima retrata a perspectiva da Na visão de Comte, a Sociologia era uma ciência que
Sociologia Compreensiva, promovida nos escritos de poderia contribuir para a organização racional da
Max Weber, que entende a necessidade da sociedade, superando a anarquia científica e moral
compreensão dos significados da ação social para que caracterizava a época.
explicar causalmente os fenômenos sociais.
D) A perspectiva teórica sociológica desse postulado 588. A sociologia nasce no séc. XIX após as
é a do Funcionalismo de Émile Durkheim, que revoluções burguesas sob o signo do positivismo
apresenta o entendimento de como as funções sociais elaborado por Augusto Comte. As características do
de cada indivíduo, membro de uma sociedade, pensamento comtiano são:
conjugam-se para manutenção e coesão da a) a sociedade é regida por leis sociais tal como
coletividade. a natureza é regida por leis naturais; as ciências
humanas devem utilizar os mesmos métodos
O Positivismo de Comte considerava que a ciência das ciências naturais e a ciência deve ser neutra.
social deveria buscar descobrir as leis que governam a b) a sociedade humana atravessa três estágios
estabilidade e a mudança social, de forma a promover sucessivos de evolução: o metafísico, o empírico e o
o progresso da humanidade. Comte acreditava que a teológico, no qual predomina a religião positivista.
Sociologia deveria ser uma ciência positiva, baseada c) a sociologia como ciência da sociedade, ao
em observações empíricas e métodos científicos contrário das ciências naturais, não pode ser neutra
rigorosos, que permitissem a formulação de leis gerais porque tanto o sujeito quanto o objeto são sociais e
sobre o funcionamento da sociedade. estão envolvidos reciprocamente.
d) o processo de evolução social ocorre por meio da
Assim, a ciência social seria uma ferramenta para unidade entre ordem e progresso, o que
construir um mundo melhor, ao proporcionar necessariamente levaria a uma sociedade comunista.
conhecimentos que permitissem uma melhor
compreensão da sociedade e, consequentemente, uma Auguste Comte defendia que a sociedade era regida
intervenção mais adequada e eficiente sobre ela. Esse por leis sociais, assim como a natureza é regida por
enfoque influenciou profundamente a Sociologia e leis naturais, e que as ciências humanas deveriam
outras áreas das Ciências Sociais, e ainda hoje é utilizar os mesmos métodos das ciências naturais.
importante para compreendermos as origens e o Além disso, Comte defendia que a ciência deveria ser
desenvolvimento dessas disciplinas. neutra e livre de valores, ou seja, não deveria ter
preocupações morais ou políticas. Essas
587. Auguste Comte foi quem deu origem ao termo características são típicas do positivismo, corrente
Sociologia, pensada como uma física social, capaz de filosófica à qual Comte pertencia.
pôr fim à anarquia científica que vigorava, em sua
opinião, ainda no século XIX. A respeito das 589. A filosofia da História – o primeiro
concepções fundamentais do autor para o tema da filosofia de Augusto Comte – foi
surgimento dessa nova ciência, todas as alternativas sistematizada pelo próprio Comte na célebre “Lei
abaixo são corretas, exceto: dos Três Estados” e tinha o objetivo de mostrar por
a) O objetivo era conhecer as leis sociais para se que o pensamento positivista deve imperar entre os
antecipar, racionalmente, aos fenômenos e, com isso, homens. Sobre a “Lei dos Três Estados” formulada
agir com eficácia, na direção de se permitir uma por Comte, é correto afirmar que
organização racional da sociedade. a) Augusto Comte demonstra com essa lei que todas
b) As preocupações de natureza científica, as ciências e o espírito humano desenvolvem‐se na
presentes na obra de Comte, não apresentavam seguinte ordem em três fases distintas ao longo da
relação prática com a desorganização social, história: a positiva, a teológica e a metafísica.
moral e de ideias do seu tempo. b) na “Lei dos Três Estados” a argumentação
desempenha um papel de primeiro plano no
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científico o único caminho válido para se atingir o civilizada contra a sua vontade é impedir dano a
conhecimento. Essa afirmação está correta, uma vez outrem.
que o positivismo de Comte defende a primazia da MILL, J. S. Sobre a liberdade [1859]. Petrópolis: Vozes, 1991.
observação empírica e da verificação experimental O trecho expressa:
para a produção do conhecimento científico. a) o argumento jusnaturalista, encontrado também
em autores como T. Hobbes, para a criação do
A formulação do estado teológico baseia-se na contrato social que fundaria as bases de um Estado
explicação da realidade a partir de forças soberano.
sobrenaturais, como deuses, anjos e demônios. Essa b) a visão fascista, na qual o Estado surge como a
afirmação também está correta, já que no estado solução para os conflitos e problemas existentes no
teológico a explicação dos fenômenos da natureza se interior da sociedade civil.
dá pela intervenção de entidades sobrenaturais, que c) análise influenciada por Marx e Engels, na medida
são consideradas as causas dos eventos observados. em que se baseia nas classes sociais para identificar o
raio de ação dos indivíduos na sociedade.
Para o estado positivo, postulados metafísicos, tais d) o ideário positivista do século XIX, no qual há
como os que tratam de entidades como Deus, não uma forte crítica à visão utilitarista da moral e da vida
podem ser objeto do conhecimento. Essa afirmação em sociedade.
está correta, pois para o positivismo de Comte, e) uma preocupação característica do
apenas as leis causais, que descrevem as relações de liberalismo do século XIX, que buscava pensar
sucessão e similitude entre os fenômenos os limites da ação do Estado em relação à vida
observados, são objeto de investigação científica. particular dos indivíduos.
Entidades sobrenaturais e postulados metafísicos são
considerados especulações sem fundamento O trecho é uma defesa do princípio da liberdade
empírico e, portanto, não podem ser objeto do individual, no qual o Estado só deve intervir na vida
conhecimento científico. de um indivíduo para impedir que ele cause danos a
outras pessoas. Essa é uma posição comum no
pensamento liberal, que surgiu e se desenvolveu no
4. JOHN STUART MILL século XIX.
594. O povo que exerce o poder não é sempre o 4. HERBERT SPENCER
mesmo povo sobre quem o poder é exercido, e o
falado self-government [autogoverno] não é o governo 596. O darwinismo social pode ser definido como a
de cada qual por si mesmo, mas o de cada qual por aplicação das leis da teoria da seleção natural de
todo o resto. Ademais, a vontade do povo significa Darwin na vida e na sociedade humanas. Seu grande
praticamente a vontade da mais numerosa e ativa mentor foi o filósofo inglês Herbert Spencer, criador
parte do povo – a maioria, ou aqueles que logram da expressão “sobrevivência dos mais aptos”, que,
êxito em se fazerem aceitar como a maioria. mais tarde, também seria utilizada por Darwin.
MILL, J. S. Sobre a liberdade. Petrópolis: Vozes, 1991. Fonte: BOLSANELLO, Maria Augusta. Darwinismos social,
No que tange à participação popular no governo, a eugenia e racismo científico: sua repercussão na sociedade e na
origem da preocupação enunciada no texto encontra- educação brasileiras. Adaptado.
se na Essa teoria foi utilizada no século XIX pelas nações
A) conquista do sufrágio universal. europeias para justificar a
B) criação do regime parlamentarista. a) Independência da Oceania.
C) institucionalização do voto feminino. b) Colonização dos Estados Unidos.
D) decadência das monarquias hereditárias. c) Dominação imperialista na Ásia e África.
E) consolidação da democracia representativa. d) Supremacia racial das nações latino-americanas.
e) Inferioridade dos Estados Unidos frente ao Japão.
A origem da preocupação enunciada no texto
encontra-se na consolidação da democracia O darwinismo social foi uma teoria utilizada no
representativa, já que Mill discute a natureza do século XIX para justificar a superioridade de algumas
autogoverno e da vontade popular em relação à raças sobre outras e a ideia de que a evolução da
maioria e minorias na tomada de decisões políticas. sociedade humana era regida pela seleção natural.
Essa teoria foi usada para justificar a dominação
595. O objeto deste ensaio é defender [que] o único imperialista das nações europeias sobre as regiões da
propósito com o qual se legitima o exercício do Ásia e África, com a justificativa de que as raças
poder sobre algum membro de uma comunidade "inferiores" precisavam ser controladas e
"civilizadas" pelas raças "superiores". A teoria
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também foi utilizada para justificar políticas questionadas e criticadas por outros teóricos,
eugênicas, como a esterilização forçada de pessoas especialmente em relação às ideias de hierarquização
consideradas "inferiores". e superioridade de determinadas sociedades e
culturas em relação a outras.
597. O evolucionismo social do século XIX teve um
papel fundamental na constituição da sociologia 4. FEUERBACH
como ramo científico. Sobre essa corrente de
pensamento, que reunia autores como Augusto 598. Na obra A Essência do Cristianismo, Feuerbach
Comte e Herbert Spencer, assinale o que for correto. faz uma crítica à religião cristã. Para ele, o homem
01) O evolucionismo define que as estruturas, aliena sua essência na religião, pois os seres humanos
naturais ou sociais, passam por processo de se esquecem de que foram os criadores da divindade
diferenciação e integração que levam ao seu e invertem a relação quando acreditam que foram
aprimoramento. criados pelos deuses. Assinale o que for correto.
02) O evolucionismo propõe que a evolução das 01) Para Feuerbach, o verdadeiro fundamento do
sociedades ocorre em estágios sucessivos de homem é apenas ele mesmo; assim, o único
racionalização. fundamento absoluto de todo pensamento humano é
04) O evolucionismo considera o Estado Militar o homem como razão, como vontade, como
como a forma mais evoluída de organização social, coração.
fundamentada na cooperação interna e obrigatória. 02) A teoria da alienação religiosa de Feuerbach
08) O evolucionismo rejeita o modelo político e ofereceu uma contribuição importante à filosofia
econômico liberal, baseado na livre iniciativa e no política, particularmente à de Marx.
laissez-faire, considerando-o uma orientação contrária 04) Feuerbach critica a religião, todavia aceita a
à evolução social. teologia, pois acredita que ela pode nos conduzir a
16) O evolucionismo defende a unidade biológica e um conhecimento racional da essência de Deus.
cognitiva da espécie humana, independente de 08) A crítica de Feuerbach à alienação religiosa levou
variações particulares. Marx a aderir à filosofia existencialista de Feuerbach.
16) Quando Marx declara que a religião é o ópio do
As opções corretas são 01, 02 e 16. O evolucionismo povo, ele concorda com Feuerbach que a religião é
define que as estruturas, naturais ou sociais, passam uma alienação; para Marx, a religião amortece a
por processo de diferenciação e integração que levam combatividade dos oprimidos e dos explorados,
ao seu aprimoramento: Essa é uma ideia central do porque lhes promete uma vida feliz no futuro e no
evolucionismo social, que propõe que as sociedades outro mundo.
evoluem através de um processo de adaptação,
diferenciação e integração das suas estruturas. As opções 01, 02 e 16 estão corretas. Feuerbach
argumenta que a religião aliena o homem de sua
O evolucionismo propõe que a evolução das verdadeira essência, que é sua humanidade. Para ele,
sociedades ocorre em estágios sucessivos de a religião projeta características humanas em um ser
racionalização: Essa é outra ideia central do sobrenatural e, assim, nega a essência humana.
evolucionismo social, que propõe que as sociedades
evoluem através de estágios sucessivos, nos quais a A teoria da alienação religiosa de Feuerbach é uma
racionalização é cada vez mais importante na das principais influências do pensamento de Marx.
organização social. Marx, no entanto, desenvolve sua própria teoria da
alienação, que se aplica a todas as formas de trabalho
O evolucionismo defende a unidade biológica e alienado, incluindo o trabalho religioso.
cognitiva da espécie humana, independente de
variações particulares: Essa é uma ideia defendida Marx concorda com Feuerbach que a religião é uma
pelo evolucionismo social, que considera a espécie forma de alienação, que amortece a combatividade
humana como uma unidade biológica e cognitiva, dos oprimidos e dos explorados. A metáfora da
independentemente de variações culturais e sociais. religião como "ópio do povo" é uma crítica ao papel
da religião em impedir que as pessoas questionem as
Essas ideias foram fundamentais para a constituição injustiças sociais e se engajem em lutas políticas
da sociologia como ciência no século XIX, já que concretas.
propunham uma abordagem científica para a
compreensão da evolução das sociedades e da 4. KARL MARX
cultura. No entanto, muitas das ideias propostas pelo
evolucionismo social foram posteriormente
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sistema movido por lucros, onde as principais classes produção. A totalidade dessas relações constitui a
sociais são a burguesia e o proletariado. estrutura econômica da sociedade – fundamento real,
sobre o qual se erguem as superestruturas política e
601. Em museus como o Louvre, encontram-se jurídica, e ao qual correspondem determinadas
objetos produzidos em diversos e determinados formas de consciência social.
modos de produção: utensílios, esculturas, pinturas, MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In.
entre outras manifestações. Com base nos MARX, K. ENGELS F. Textos 3. São Paulo. Edições Sociais,
1977 (adaptado).
conhecimentos sobre modos de produção, no
Para o autor, a relação entre economia e política
pensamento de Marx, considere as afirmativas a
estabelecida no sistema capitalista faz com que
seguir.
a) o proletariado seja contemplado pelo processo de
I. O primeiro modo de produção existente na
mais-valia.
história foi baseado na estrutura homens livres e
b) o trabalho se constitua como o fundamento
escravos.
real da produção material.
II. Modos de produção específicos produzem
c) a consolidação das forças produtivas seja
superestruturas que mantêm íntima ligação com a
compatível com o progresso humano.
infraestrutura.
d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional
III. O modo de produção capitalista é a última
ao desenvolvimento econômico.
estrutura produtiva de classes antes do processo de
e) a burguesia revolucione o processo social de
constituição da sociedade comunista.
formação da consciência de classe.
IV. Os modos de produção possuem leis próprias e
existem independentemente das vontades individuais
A relação entre economia e política estabelecida no
dos homens.
sistema capitalista faz com que o trabalho se
Assinale a alternativa correta.
constitua como o fundamento real da produção
A) Somente as afirmativas I e II são corretas.
material. Segundo Karl Marx e Friedrich Engels, o
B) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
trabalho seria a expressão da vida humana, pois é por
C) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
meio do trabalho que o homem transforma a
D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
natureza e a sua própria vida. Com o surgimento do
E) Somente as afirmativas II, III e IV são
modo de produção capitalista, isso se modificou, e o
corretas.
homem passou a explorar a força de trabalho de
outro homem.
II. Correta. Para Marx, cada modo de produção
ergue, a partir da infraestrutura da vida social, uma
603. O servo pertence à terra e rende frutos ao dono
determinada superestrutura política, ideológica,
da terra. O operário urbano livre, ao contrário,
jurídica, assim como formas de Estado específicas.
vende-se a si mesmo e, além disso, por partes. Vende
em leilão 8,10,12,15 horas da sua vida, dia após dia, a
III. Correta. Para Marx, a destruição da sociedade
quem melhor pagar, ao proprietário das matérias-
capitalista seria marcada por um período de transição
primas, dos instrumentos de trabalho e dos meios de
(o socialismo), base para a constituição das
subsistência, isto é, ao capitalista.
sociedades sem classes, ou seja, o modo de produção MARX, K. Trabalho assalariado e capital & salário, preço
comunista. e lucro. São Paulo: Expressão Popular, 2010.
O texto indica que houve uma transformação dos
IV. Correta. Para Marx, todo modo de produção é espaços urbanos e rurais com a implementação do
atravessado por processos e contradições, o que sistema capitalista, devido às mudanças tecnossociais
produziu historicamente, por exemplo, a passagem ligadas ao
de um modo de produção a outro. Essa dinâmica A) desenvolvimento agrário e ao regime de servidão.
contraditória não depende da vontade dos indivíduos B) aumento da produção rural, que fixou a
e sim das relações sociais estabelecidas em cada população nesse meio.
período histórico. Marx observa também, juntamente C) desenvolvimento das zonas urbanas e às
com Engels, que cada modo de produção é novas relações de trabalho.
atravessado por leis próprias e transitórias. D) aumento populacional das cidades associado ao
regime de servidão.
602. Na produção social que os homens realizam, E) desenvolvimento da produção urbana associada
eles entram em determinadas relações indispensáveis às relações servis de trabalho.
e independentes de sua vontade; tais relações de
produção correspondem a um estágio definido de Houve a transformação dos espaços urbanos e rurais
desenvolvimento das suas forças materiais de com a implementação do sistema capitalista, devido
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C) A pequena burguesia ou camada lúmpen é populacional serve para a burguesia justificar a nova
revolucionária, identificando a alta burguesia como sociedade que nasceu da derrocada do modo de
sua inimiga natural a ser destruída pela revolução. produção feudal, isto é, a sociedade feudal, Marx
D) A pequena burguesia ou classe média é uma considera, também, em O Capital, por exemplo, que
classe antirrevolucionária, pois, embora esteja há dois momentos básicos no pensamento burguês.
mais próxima das condições materiais do O primeiro, anterior a 1848, quando se verifica um
proletariado, apoia a alta burguesia. real esforço dos ideólogos burgueses em desenvolver
E) O proletariado e a classe média formam as classes a crítica à realidade social, compreendendo-a. O
revolucionárias, cuja missão é a derrubada da segundo, após a tentativa revolucionária de 1848 por
aristocracia e a instauração do comunismo. parte do proletariado europeu quando, assustados, os
ideólogos burgueses buscam, por todos os meios,
A característica da classe média é aliar-se à alta encontrar elementos de justificativa para a existência
burguesia, uma vez que se identifica com ela, sem da sociedade burguesa e de seu caráter eterno.
reconhecer a distância econômica que as separa.
608. “O homem é no sentido mais literal do termo
607. Texto I um zoon politikon, não só um animal social, mas
Thomas Malthus (1766-1834) assegurava que, se a animal que só pode isolar-se em sociedade. A
população não fosse de algum modo contida, produção do indivíduo isolado fora da sociedade [...]
dobraria de 25 em 25 anos, crescendo em progressão é uma coisa tão absurda como o desenvolvimento
geométrica, ao passo que, dadas as condições médias da linguagem sem indivíduos que vivam juntos e
da terra disponíveis em seu tempo, os meios de falem entre si.”.
subsistência só poderiam aumentar, no máximo, em MARX, Karl. Introdução à crítica da economia política. Trad. Edgard
progressão aritmética. Malagodi et al. São Paulo: Abril Cultural, 1982, p. 3-4. Texto
modificado.
Com base nessa passagem, é correto afirmar que,
Texto II
para Marx,
A ideia de um mundo famélico assombra a
A) o isolamento individual do homem se torna
humanidade desde que Thomas Malthus previu que
impossível, pois significaria ele ser e viver fora de
no futuro não haveria comida em quantidade
sociedade.
suficiente para todos. Organismos internacionais –
B) é nas relações sociais dos homens entre si
Organização das Nações Unidas, Banco Mundial e
que estes se individualizam e unicamente
Fundo Monetário Internacional – chamaram a
nelas podem isolar-se.
atenção para a gravidade dos problemas decorrentes
C) a vida social se estabelece a partir de indivíduos
da alta dos alimentos. O Banco Mundial prevê que
isolados; por isso, eles permanecem, nela, isolados.
100 milhões de pessoas poderão submergir na linha
D) só há linguagem porque os homens deixaram
que separa a pobreza da miséria absoluta devido ao
de ser indivíduos isolados em natureza e se
encarecimento da comida.
(Adaptado: FRANÇA, R. O fantasma de Malthus. pactuaram entre si.
Veja. 23 abr. 2008.) 1
Para K. Marx (1818-1883), a teoria malthusiana do Podemos considerar que os seres humanos são
crescimento populacional: seres sociais, sendo a sociabilização fundamental
A) permitia entender, de modo científico, as razões para o desenvolvimento da sociedade. Para Karl
pelas quais os proletários teriam dificuldades para Marx, as relações sociais dos homens entre si - e
ascender socialmente. estas são a sua existência social - se originam das
B) apresentava as bases adequadas sobre as quais se forças produtivas e dos modos de apropriação
deveria elaborar a teoria do valor trabalho. dos meios de produção. O homem tem seu
C) reforçava valores da burguesia ascendente fundamento na própria vida em sociedade.
que, posteriormente a 1848, assumia posições
cada vez mais conservadoras. 609. O dinheiro alterou enormemente as relações
D) era o primeiro passo na construção de uma teoria sociais e, no desenvolvimento da história econômica
explicativa do real caráter de classe da sociedade da sociedade, atingiu o seu ápice com o modo de
burguesa. produção capitalista.
E) apreendia a essência do proletariado moderno e Com base nos conhecimentos sobre os estudos de
os motivos pelos quais a classe burguesa estaria Karl Marx, assinale a alternativa que apresenta,
fadada a desaparecer. corretamente, as explicações sobre a produção da
riqueza na sociedade capitalista.
Além de afirmar em vários momentos de suas obras
que a teoria malthusiana do crescimento
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A) A mercantilização das relações de produção e de indivíduos; elas são as bases da sociedade civil e
reprodução, por intermédio do dinheiro, possibilita a equivalem à sua estrutura econômica, que
desmistificação do fetichismo da mercadoria. determina a superestrutura jurídica e política.
B) Enquanto mediação da relação social, o dinheiro B) As relações materiais são subordinadas à cultura
demonstra as particularidades das relações entre de um determinado povo, que, graças à sua
indivíduos, como as políticas e as familiares. consciência histórica, é capaz de estabelecer os
C) O dinheiro tem a função de revelar o valor de uso modos de produção em conformidade com os
das mercadorias, ao destacar a valorização valores espirituais ditados pela razão absoluta.
diferenciada entre os diversos trabalhos. C) A sociedade civil é a expressão jurídica de um
D) O dinheiro é um instrumento técnico que facilita povo, cuja realidade é determinada pelo grau de
as relações de troca e evidencia a exploração contida desenvolvimento espiritual que orienta as ações
no trabalho assalariado. humanas e subordina as forças produtivas aos
E) O dinheiro caracteriza-se por sua capacidade valores culturais contidos na religião, na arte e na
de expressar um valor genérico equivalente, política.
intercambiável por qualquer outro valor. D) O modo de vida espiritual de um povo
condiciona o processo geral da vida, inclusive as
Segundo Karl Marx, no capitalismo, a produção de relações materiais de produção, por isso a
riqueza se traduz na produção da mercadoria. Essa consciência dos homens determina o ser social, e
produção é expressão das relações desiguais e de toda mudança depende exclusivamente da
exploração do trabalho socialmente necessário, que consciência.
se torna concreto quando encarnado em um
equivalente geral de trocas que é o dinheiro (a Marx usa a metáfora do edifício para negar a
moeda). Para o autor, no capitalismo, quando os separação, defendida por diversos filósofos, entre
seres humanos usam o dinheiro, estão realizando o sociedade civil e Estado, este último existindo como
intercâmbio de seus respectivos trabalhos na algo autônomo com relação à primeira. Nesse
produção da riqueza, o dinheiro aparece como uma sentido, a estrutura econômica, base sobre a qual se
coisa mediadora entre eles, como compradora de ergue o restante da sociedade, determina as
qualquer coisa. Nesses termos, o dinheiro nega valor estruturas político-jurídica e ideológica que se
ao trabalho e o “coisifica”, se autonomiza e vira erguem sobre ela, ao mesmo tempo em que é
fetiche, pois iguala relações de troca de trabalho determinada por elas. A relação é de determinação
desiguais, resultando em uma ilusão de que a mútua, e a melhor palavra seria condicionamento. O
mercadoria é apenas uma relação entre coisas, que se que precisa ficar claro é que a forma como os
destinam à satisfação das necessidades humanas. O homens produzem e reproduzem sua existência
dinheiro, ao se tornar forma equivalente de troca, condiciona os demais campos da vida humana, sejam
assume universalidade e disfarça o seu resultado jurídicos, políticos ou ideológicos, que é o que era
social, ou seja, a produção de riqueza e o caminho de essencial para a resolução da questão.
uma mercadoria ao posto hegemônico de monopólio
social. Portanto, para Karl Marx, o dinheiro nada 611. Para Marx, o materialismo histórico é a
mais é do que o produto de relações entre aplicação do materialismo dialético ao campo da
mercadorias e entre pessoas, expressa a alienação do história. Conforme Aranha e Arruda (2000) “Marx
trabalho e da existência humana. inverte o processo do senso comum que pretende
explicar a história pela ação dos ‘grandes homens’
610. [...] na produção social da própria vida, os ou, às vezes, até pela intervenção divina. Para o
homens contraem relações determinadas, necessárias marxismo, no lugar das ideias, estão os fatos
e independentes de sua vontade, relações de materiais; no lugar dos heróis, a luta de classes”.
produção estas que correspondem a uma etapa Assim, para compreender o homem é necessário
determinada de desenvolvimento das suas forças analisar as formas pelas quais ele reproduz suas
produtivas materiais. condições de existência, pois são estas que
MARX, K. Para a crítica da economia política. Tradução de José determinam a linguagem, a religião e a consciência.
Arthur Giannotti e Edgar Malagodi. In:. Marx, volume 1. São (ARANHA, M. L. de A. e MARTINS, M. H. P. Filosofando:
Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 1-157. p. 29. Coleção Os introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2000, p. 241.)
Pensadores. A partir da explicação acima e dos seus
Considerando a afirmação apresentada, assinale a conhecimentos sobre o pensamento de Karl Marx,
alternativa correta acerca da interpretação do assinale a alternativa que indica, corretamente, os
pensamento de Marx. dois níveis de “condições de existência” para Marx.
A) As relações sociais decorrem das relações de A) Infraestrutura (ou estrutura), caracterizada
produção material estabelecidas entre os pelas relações dos homens entre si e com a
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relações que passam a integrar o campo da Marx, não é a consciência que determina a vida, mas
superestrutura, com uma interdependência a vida que determina a consciência. Ou seja, tem-se
necessária entre elas. uma percepção material da vida. O pensamento
E) A sociedade burguesa, por intensificar a marxista inverte o pensamento hegeliano, pois a
exploração dos homens através do trabalho história se encontra pautada no materialismo, em
assalariado, constitui-se em forma de organização oposição ao idealismo.
social menos desenvolvida que as anteriores.
A infraestrutura econômica da sociedade, isto é, 615. O modo de produção da vida material condi-
aquela na qual se processam as relações do homem ciona o processo em geral de vida social, político e
com suas condições de existência, mediadas pela espiritual. Não é a consciência dos homens que
categoria trabalho, é a base a partir da qual se elevam determina o seu ser, mas, ao contrário, é o seu ser
outras manifestações da vida social, tais como o social que determina a sua consciência.
MARX, K. Para a crítica da economia política. Tradução de
direito, a religião, as ideologias, entre outras, José Arthur Giannotti e Edgar Malagodi. São Paulo: Nova
formando aquilo que Marx e Engels denominam Cultural, 1987. Coleção Os Pensadores. p. 30.
superestrutura. Como trabalham com a concepção Assinale a alternativa que apresenta a definição
de totalidade do social, infraestrutura e correta do que é a produção da vida material.
superestrutura, para o pensamento de Marx e Engels, A) É o desenvolvimento das forças produtivas
encontram-se íntima e indissoluvelmente ligadas, sem materiais, isto é, a estrutura econômica da
que uma seja o efeito mecânico da outra. sociedade.
B) É a geração da sociedade civil a partir dos valores
614. Atente para o seguinte trecho, que apresenta o espirituais que determinam a ordem jurídica da
pensamento de Karl Marx sobre a realidade: sociedade.
“O concreto é concreto porque é a síntese de muitas C) É a superestrutura jurídica e política que, sob a
determinações, unidade do diverso. Por isso o forma de Estado nacional, alimenta o tecido social.
concreto aparece no pensamento como resultado, D) São os agentes da ordem absoluta e imutável da
não como ponto de partida efetivo. Por isso é que razão universal que criam a sociedade civil.
Hegel caiu na ilusão de conceber o real como
resultado do pensamento que se sintetiza a si e se A resolução da questão implica a compreensão da
move por si mesmo. Mas este não é de modo diferença entre as concepções hegeliana e marxiana
nenhum o processo da gênese do próprio concreto”. da realidade. Para Hegel o real é resultado do
MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos e outros
desdobramento do Espírito ou Razão na sua
textos. Os Pensadores. São Paulo: Abril cultural, 1978.
Sobre a forma como Karl Marx entendia o seu constante busca pelo conhecimento de si. O mundo
método de análise da realidade, é correto afirmar que material, portanto, é fruto da realização do espiritual.
A) contra o pensamento burguês, Marx propunha Para Marx, com seu materialismo histórico dialético,
uma análise que chamava de ideal-propositiva, que se as formas por meio das quais os homens interpretam
opunha ao idealismo puro, cuja visão de realidade a realidade são condicionadas pelas maneiras por
era excessivamente idealizada. meio das quais eles produzem e reproduzem a sua
B) tal método era denominado de materialismo existência material. Na metáfora do edifício,
histórico e se propunha a fazer uma análise da elaborada por Marx para representar a sociedade, a
realidade concreta que, em si, era contraditória; produção material ou estrutura econômica é a base
as contradições eram da realidade e não do sobre a qual se erguem as estruturas político-jurídica
pensamento. e ideológica. Desse modo, é a produção da vida
C) seu método estava em concordância com o que material que condiciona a consciência dos homens.
defendiam os jovens hegelianos, sobretudo com o
materialismo de Ludwig Feuerbach, a quem dedicou 616. A passagem que se apresenta a seguir
um livro de análise. expressa uma das mais importantes e conhecidas
D) seguia os passos de seu maior influenciador, afirmações do filósofo Karl Marx, pensador
Friedrich Hegel, aderindo ao pensamento dialético, alemão do século XIX:
cuja forma de abordagem da realidade era processual “não é a consciência dos homens que
e se expressava na contradição das ideias. determina o seu ser; é o seu ser social que,
inversamente, determina a sua consciência”.
Marx, K. Contribuição à crítica da economia política.
Marx pensava que a história está ligada ao modo de São Paulo: M. Fontes, 1977.
produção dos homens, de suas condições concretas Considerando o trecho acima, e o pensamento de
de vida e que tinha raízes no mundo material. Assim, Karl Marx, atente para o que se diz a seguir e
os modos de produção são históricos e, segundo
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assinale com V o que for verdadeiro e com F o socialmente conforme suas capacidades
que for falso. físicas, intelectuais etc., recebendo da
( ) O trecho expressa um dos aspectos centrais sociedade aquilo de que precisa para manter
da crítica de Marx ao idealismo: no lugar das ideias, dignamente a si e seus dependentes.
são os fatos, são as condições materiais que D) O comunismo criará um banco de horas para
governam o processo social e o pensar. que cada trabalhador receba, justamente, exatamente
( ) Trata-se de uma afirmação peremptória a a parcela que lhe cabe na produção social, sem ser
respeito da imensa capacidade da consciência expropriado por nenhuma força exploradora.
humana em criar, de maneira plena, novas realidades
sociais concretas. No comunismo, cada pessoa contribui de acordo
( ) Reflete uma visão materialista dialética e com suas aptidões, habilidades e consome conforme
histórica sobre o modo de pensar a realidade que suas necessidades e desejos.
entende o pensamento como um reflexo desta
própria realidade e não como seu produtor. 618. Hoje em dia [...] as máquinas, dotadas da
( ) Na perspectiva do pensamento de Marx, ser propriedade maravilhosa de encurtar e tornar mais
e consciência formam uma unidade dialética na qual frutífero o trabalho humano, provocam a fome e o
ora a consciência gera a realidade do ser ora este ser esgotamento do trabalhador. [...] O domínio do
real produz a consciência. homem sobre a natureza é cada vez maior; porém,
A sequência correta, de cima para baixo, é: [...] todos os nossos inventos e progressos parecem
A) F, V, F, V. dotar de vida intelectual as forças materiais, enquanto
B) V, F, V, F. que reduzem a vida humana ao nível de uma força
C) F, V, V, F. material bruta.
D) V, F, F, V. MARX, K. Discurso pronunciado na festa de aniversário do
“People’s Paper”, MARX, K. ; ENGELS, F. Obras Escolhidas,
V.1. São Paulo: Editora Alfa - Ômega. p. 298.
Marx possuía uma concepção materialista da história,
Atentando para o movimento de razão e desrazão na
onde se atribuía aos fatores econômicos um valor
sociedade contemporânea, o texto, de autoria de
superior no percurso dos acontecimentos históricos.
Marx, acentua a presença, no modo de produção
Segundo Marx, as formas produtivas determinam o
capitalista, do(a)
que o homem é diante da sociedade, e a sociedade se
A) luta de classes.
baseia em uma constante luta de classes, onde o
B) anomia social.
proletariado está numa situação inferior à classe
C) fetichismo social.
burguesa. Desse modo, a condição do proletariado é
D) indústria cultural.
bastante vulnerável e a sua condição é determinada
E) fim da história.
pela sociedade.
Para o pensamento de Marx, a complexidade atingida
617. Na sua Crítica ao programa de Gotha, Karl Marx
pelo modo de produção capitalista reforça as
afirma que “numa fase superior do comunismo,
estruturas de fetichismo da vida social. Em razão
quando tiver sido eliminada a subordinação
disso, ele aponta, por exemplo, como as novas forças
escravizadora dos indivíduos à divisão do trabalho”,
produtivas se apresentam aos homens como que
a bandeira do comunismo, no que diz respeito à
dotadas aparentemente de vida própria.
produção e à distribuição das riquezas sociais, será:
“de cada um segundo suas capacidades, a cada um
619. A figura abaixo, é composta por lixo eletrônico.
segundo suas necessidades”.
MARX, Karl. Crítica do programa de Gotha. Trad.
Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2012, p.
31s.
Assinale a opção que expressa corretamente o
enunciado acima.
A) No comunismo, todos os produtos sociais
seriam distribuídos igualmente entre todos os
indivíduos, desconsiderando origem, raça,
necessidades especiais, projetos de vida etc.
B) O comunismo criaria uma casta de burocratas
do Partido, responsáveis por determinar a
distribuição das riquezas, e que, portanto,
receberiam a melhor parte da produção social.
C) Cada indivíduo seria demandado
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A charge remete a discussões que têm marcado o sociais de produção, e que somente a alteração da
pensamento sociológico e a sociologia consciência de cada indivíduo pode conduzir à
contemporânea. revolução dessas relações sociais de produção.
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o d) Marx afirma que a democracia burguesa e os
teor desses debates. partidos políticos são o motor da história. Logo, toda
a) O reconhecimento de que as classes sociais revolução social principia no domínio político, que é
deixaram de existir com a implantação dos modos de a esfera em que podem se manifestar legitimamente
produção comunistas na Europa e, desde então, os conflitos de interesses.
perderam sua importância histórica.
b) As classes existiram apenas como um fenômeno Segundo Marx, a superestrutura corresponde a um
localizado historicamente no tempo, de tal modo que mecanismo ide- ológico, composto pelo Direito e
hoje mesmo os partidos de esquerda renunciaram a pelo Estado, que é resultado da es- trutura
identificar sua permanência na sociedade econômica da sociedade, ou seja, do modo de
contemporânea. produção da vida material. A revolução começa com
c) As classes sociais, assim como a estrutura social, a tomada de consciência das contradições desse
são construções conceituais ideológicas, de modo sistema e com a consequente transformação da
que não existem empiricamente na vida social. estrutura econômica da sociedade.
d) As lutas de classes existiram enquanto se
mantiveram os partidos de esquerda tradicionais e, 623. A imagem de um edifício alude à existência de
com a morte desses, as lutas de classe foram uma estrutura ordenada. De modo análogo, a
substituídas por embates identitários. compreensão e a explicação sobre a organização de
e) As classes deixaram de ser o referencial uma sociedade também podem invocar o tema da
analítico privilegiado, mas conservam sua ordem e sua antítese, o caos, como, por exemplo, as
importância, pois as relações entre capital e questões relativas à harmonização social e às
trabalho no mundo moderno se mantêm. revoluções. No caso da teoria de Karl Marx, a
metáfora espacial de um edifício é utilizada para
A tendência na sociologia contemporânea é realizar a exemplificar seu entendimento sobre a dinâmica
análise centrando-se em outros referenciais que não dialética da sociedade.
sejam exclusivamente aqueles das classes sociais. Com base nos conhecimentos sobre Karl Marx a
Citem-se como exemplos na sociologia respeito das relações entre infraestrutura e
contemporânea Baumann, Ulrich Beck, Guiddens e superestrutura, assinale a alternativa correta.
Bourdieu, entre outros. O fato de não privilegiarem A) Os conflitos entre grupos sindicais mais
as relações entre capital e trabalho em suas análises politizados e de status mais elevado, na produção,
não serve de indicativo para afirmar que estes geram a eliminação das desigualdades sociais.
autores, por exemplo, desconsideram a existência, no B) O controle das ideias e das instituições de
mundo moderno, das classes sociais. uma época é insuficiente para estabelecer o
valor do trabalho e a igualdade de oportunidades
622. Em Marx, o conceito de ideologia designa uma no mercado.
forma de consciência invertida, que distorce e C) O aparato político e estatal é a base sobre a qual
encobre as formas de dominação existentes nas se articulam as disputas pelo controle e pela
relações sociais. apropriação dos meios de produção.
Tomando isso em consideração, marque a alternativa D) A ordem partidária e jurídica que compõe o
que apresenta corretamente a relação entre os estado burguês determina a emergência das forças
conceitos de estrutura e superestrutura no revolucionárias dos trabalhadores.
pensamento de Marx. E) A consciência social e o sistema jurídico
a) Marx afirma que a superestrutura projeta contradizem a existência material na medida em que
falsamente as relações sociais de produção como pretendem anular o antagonismo das relações de
justas, e que uma sociedade igualitária somente produção.
poderá surgir com a revolução da estrutura
econômica da sociedade. A teoria de Marx considera que o valor do trabalho
b) Marx afirma que a superestrutura jurídica é o se estabelece na base econômica, na infraestrutura da
fundamento da divisão social do trabalho, e que toda sociedade, pelas relações desiguais e contraditórias
revolução deve principiar com a alteração da estabelecidas entre as classes sociais na produção
legislação que regulamenta a atividade econômica. social, e não na superestrutura da sociedade.
c) Marx afirma que os homens retêm em sua Portanto, o controle das ideias e das instituições de
consciência uma imagem transparente das relações uma época é insuficiente para estabelecer esse valor e
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a igualdade de oportunidades. O valor do trabalho é II. Correta. De acordo com a formulação de Marx, e
determinado pelo valor dos meios de subsistência seguindo o raciocínio anterior, este seria um exemplo
requeridos para produzir, desenvolver e perpetuar a de ideologia, cujo propósito seria impedir a formação
força de trabalho enquanto categoria “trabalhador de uma compreensão sobre a relação essencial de
assalariado” no mercado. Nesse sentido, ao mesmo dominação que ocorre entre poder político e
tempo em que o controle das ideias e das instituições organização da produção. No caso brasileiro, por
de uma época (superestrutura) é expressão das exemplo, encontramos diversos exemplos, no
relações desiguais e contraditórias estabelecidas na interior da colônia, de conflitos e revoltas
produção entre proletariado e capitalistas, reproduz (Cabanagem, Balaiada, movimento dos
também as desigualdades entre as classes sociais no Inconfidentes, entre outros), de modo que é
mercado, em uma relação dialética (BOTTOMORE, incorreto imputá-los à vinda dos imigrantes. O
T. Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de mesmo fato revela o caráter ideológico das
Janeiro: Zahar, 2012. p.52-56; QUINTANEIRO, T.; afirmações que tentam situar a natureza do povo
BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. M. Um brasileiro como pacífica e ordeira, própria do
Toque de Clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo pensamento conservador.
Horizonte: Editora UFMG, 2002. p.46-47).
IV. Correta. A frase é ideológica uma vez que
624. A distinção entre “aparente” e “verdadeiro” no constrói um argumento cuja única finalidade é
texto de Galileu Galilei (texto IX) é retomada, com justificar as razões para a desigualdade de classe entre
outra conotação, nas primeiras teorias sociológicas, os seres sociais. De acordo com esta leitura, são
como por exemplo, em Karl Marx (1818-1883) determinadas propriedades naturais e não históricas
quando formula uma definição própria de ideologia. as responsáveis pela existência de dominantes e
Para este, tal noção supõe que na sociedade burguesa dominados no interior da sociedade.
a realidade dos fatos sociais contém a forma
fenomênica (aparente) e a forma oculta 625. Marx e Engels, em seu Manifesto do Partido
(verdadeira/essência), sendo a ideologia expressão da Comunista, consideram que “a nossa época, a época
primeira. Analise as afirmativas a seguir, da burguesia, caracteriza-se por ter simplificado os
identificando aquelas que, na perspectiva de Marx, antagonismos de classes. A sociedade divide-se cada
constituem exemplos de representação ideológica da vez mais em dois vastos campos opostos, em duas
realidade. grandes classes diametralmente opostas: a burguesia
I. Os Estados nacionais continuam a ser o espaço no e o proletariado.”
qual os interesses de classe se manifestam e buscam Em vista disso, assinale a alternativa que define
sua representação. Mesmo com a globalização das corretamente a burguesia e o proletariado.
economias eles se mantêm, em última instância, a) Os burgueses utilizam o trabalho escravo para a
como os Estados da classe dominante. produção, e o proletariado é desprovido de liberdade
II. No Brasil, o conflito social se constituiu com a para vender sua força de trabalho.
chegada ao território nacional dos imigrantes b) Os burgueses são proprietários que utilizam da
europeus, sobretudo anarquistas, a partir do século manufatura do proletariado para a produção de
XIX. Até então, a população brasileira era pacífica e mercadorias, e o proletariado impulsiona o
ordeira, mesmo quando sofredora. desenvolvimento da manufatura.
III. Na produção capitalista o salário não representa c) Os burgueses são os grandes proprietários de
uma troca igual entre capitalista e trabalhador, já que terras, e o proletariado detém o poder social e
o valor recebido pelo último equivale a um montante econômico.
inferior àquele que ele produz na sua jornada de d) Os burgueses são os detentores dos meios de
trabalho. produção, e o proletariado vende sua força de
IV. Nem todos são feitos para refletir, é preciso que trabalho.
haja sempre aqueles voltados ao exercício e à cultura
do pensamento e, inversamente, aqueles voltados à Os proletários são desprovidos dos meios de
ação, ao trabalho manual. produção, devendo assim vender sua força de
Assinale a alternativa correta. trabalho em troca de um salário de subsistência para
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. poderem sobreviver.
b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente as afirmativas II e IV são corretas. 626. Em 2006, o DIEESE (Departamento
d) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. Intersindical de Estatística e Estudos
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. Socioeconômicos) lançou um estudo intitulado “A
jornada de trabalho no Brasil” na qual se pode ler
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que [...] com exceção das conquistas obtidas em c) a existência de condições para a práxis
acordos ou convenções coletivas desde a revolucionária.
Constituição de 1988, praticamente todas as d) a definição de classes sociais.
alterações nos direitos trabalhistas foram no sentido
de diminuir direitos e/ou de intensificar o ritmo de A ideologia contribui para a alienação da classe
trabalho. trabalhadora. Essa alienação é dupla: tanto material,
DIEESE. A Jornada de Trabalho no Brasil. Disponível em do trabalhador que está alienado do fruto do seu
<http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BA5F4B7012 trabalho, quanto simbólica, do trabalhador que não
BAB0CD8FE72AD/Prod02_2006.pdf>. Acesso em: 22
fev.2015.
se dá conta das condições de exploração a que é
Tomando por base as reflexões de Karl Marx acerca submetido.
da jornada de trabalho e seus conhecimentos sobre a
realidade nacional, é correto afirmar que: 628. Temos um trabalhador numa determinada
a) Tal como todo aparato jurídico burguês, a indústria. Suponhamos que ele conheça o dono da
Constituição de 1988 trouxe consigo a redução dos pequena indústria em que trabalha e que tenha até
direitos trabalhistas e a ampliação da exploração uma boa amizade com ele. Em determinado
sobre o trabalho. momento, porém, acontece uma greve. Apesar da
b) A redução de direitos trabalhistas é uma marca amizade entre o trabalhador e seu patrão,
presente em todos os Estados de Bem-Estar Social provavelmente durante a greve ambos estarão
no centro e na periferia do capitalismo. colocados em lados opostos.
TOMAZI, Nelson. Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual,
c) Intensificar o ritmo de trabalho significa, em 1993. p. 13-14.
outras palavras, ampliar a extração de mais valia Este exemplo, tomado para introduzir uma reflexão
relativa. sobre conceitos elaborados por Marx, em sua crítica
d) Vive-se o paradoxo de a redução dos direitos à sociedade capitalista, remete, claramente, à noção
conviver com um momento especial de crescimento de “classes sociais”, entendida no marxismo como
e ofensiva da mobilização sindical. a) grupos de indivíduos que compartilham os
mesmos motivos para realizarem ações sociais.
Questão difícil, pois trata de um conceito bem b) grupos de indivíduos que agem de forma
específico de Marx. Quando o trabalhador é semelhante em face de um mesmo fato social.
obrigado a trabalhar por mais tempo, aumenta a c) grupos de indivíduos que possuem a mesma
mais-valia absoluta. No entanto, quando, em um crença com relação aos valores que precedem suas
mesmo período de tempo, o trabalhador produz ações.
mais, o que se está aumentando é a mais-valia d) grupos de indivíduos que ocupam uma
relativa. mesma posição nas relações sociais de
Observação: a presente questão apresenta uma produção.
incorreção. Por rigor conceitual, o correto é dizer
que a mais-valia relativa corresponde àquela Somente a alternativa [D] apresenta uma definição
proporcionada por inovações tecnológicas e marxista para o conceito de classe social. Segundo
mudanças no processo de produção, e não pela Marx, as classes advêm da divisão do trabalho e da
intensificação do ritmo de trabalho. No entanto, para posição dos indivíduos na relação de produção. No
fins didáticos, é bastante comum uma simplificação sistema capitalista há basicamente duas classes: a dos
dessa análise, considerando que toda redução do proletários trabalhadores e a dos burgueses
tempo de trabalho produz mais-valia relativa. capitalistas.
627. E se, em toda ideologia, os homens e suas 629. Em uma passagem de As aventuras do Barão de
relações aparecem invertidos como numa câmara Munchausem, personagem do folclore alemão, ele e
escura, tal fenômeno decorre de seu processo seu cavalo encontram-se atolados em um pantanal e,
histórico de vida, do mesmo modo porque a inversão para sair dessa situação, o Barão puxa a si mesmo
dos objetos na retina decorre de seu processo de vida pelo cabelo, levantando- se, com sua montaria, do
diretamente físico. terreno movediço. Em mais de uma ocasião, os
MARX, Karl, A ideologia alemã. São Paulo: Hucitec, 1987. p.
37.
sociólogos usaram essa metáfora para aludir ao
Com essa famosa metáfora, Marx realiza a definição modo pelo qual os positivistas procuravam um
de ideologia como inversão da realidade, da qual método objetivo, neutro, livre das ideologias.
decorre para ele Em oposição a essa suposta objetividade, Marx
a) a alienação da classe trabalhadora. criticou veementemente os positivistas, uma vez que,
b) a consciência de classe dos trabalhadores. para o autor,
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a) o método possui uma objetividade parcial, pois na sociedade e as relações sociais de produção que lhe
escolha do objeto entra em ação a ideologia do autor, correspondem.
que não interfere, entretanto, na análise dos Analisando a frase acima, assinale a alternativa
acontecimentos. correta sobre as relações sociais de produção e forças
b) a análise social, a partir da perspectiva do produtivas em Marx.
operariado, deve contribuir para a harmonia das a) Dizem respeito às relações sociais que os
relações sociais de produção. homens estabelecem entre si para utilizar os
c) a análise das condições de vida do proletariado meios de produção, transformando a si mesmos
europeu do século XIX deve incidir sobre a crítica e a natureza.
social, com vistas à reforma da sociedade burguesa. b) Correspondem às relações entre os homens no
d) o método deve contribuir não só para a âmbito estritamente econômico posto que a esfera
interpretação, mas igualmente para a econômica determina a estrutura social.
transformação social. c) Dizem respeito às ações individuais dos homens
no livre mercado, o qual é marcado pelas leis de
Toda a análise marxista tem como objetivo final a oferta e procura.
transformação da sociedade e a superação da d) Correspondem a uma relação social definida pela
dominação resultante do sistema de produção lógica do mercado, na qual os homens orientam
capitalista. Tal dominação é também ideológica e se individualmente suas ações em um determinado
manifesta, segundo o marxismo, em diversas teorias sentido.
científicas, entre elas o positivismo.
Somente a alternativa A está correta. A frase revela
630. Ao tratar do método utilizado por Karl Marx justamente o caráter dialético da análise marxiana,
para compor O Capital, Jacob Gorender afirma que mostrando que as contradições geram
“[...] Marx não partiu do conceito de valor, mas da desenvolvimento: no caso, a relação entre forças
mercadoria, isto é, da célula germinativa do modo de produtiva e relações sociais de produção. É,
produção capitalista”. portanto, nesse embate que ocorrem as
Diante do exposto e dos seus conhecimentos acerca transformações, tanto sociais quanto da natureza.
da obra desse teórico, assinale a alternativa incorreta.
a) O fetiche da mercadoria reflete aos homens as 632. Um dos conceitos fundamentais da teoria
características sociais do seu trabalho como se marxista sobre a sociedade capitalista é o de
fossem propriedades do próprio produto. Por alienação. Marx parte das contribuições filosóficas de
este motivo, o fetiche da mercadoria provém de Hegel, reformulando-as e desenvolve, a partir desse
seu valor de uso. conceito, uma interpretação aprofundada do sentido
b) O valor de uso é o suporte físico do valor das das relações dos homens com o seu mundo, natural e
mercadorias. social, no contexto das sociedades divididas em
c) O caráter duplo do valor de uso e do valor de classes.
troca resulta do caráter também do próprio trabalho Em relação ao conceito marxista de alienação,
que o produz: trabalho concreto e trabalho abstrato. marque a alternativa incorreta.
d) Na sociedade capitalista, a riqueza pode ser a) A alienação implica, no plano político, a ausência
compreendida como uma imensa coleção de do controle efetivo do Estado pelas classes
mercadorias. trabalhadoras.
b) A alienação implica a cisão entre o trabalhador e
A alternativa A é a única incorreta, porque afirma os meios e, também, os resultados objetivos do seu
exatamente o contrário do que se entende por fetiche trabalho.
da mercadoria. Para Marx, o modo de produção c) A alienação corresponde a uma situação de
capitalista mascara, esconde o trabalho humano ausência ou de pouca efetividade das normas,
empregado na produção de mercadorias, orais ou escritas, que regulam o funcionamento
prevalecendo somente o valor de troca, pois as da vida social.
relações sociais passam a se basear pela troca de d) A alienação tem uma dimensão subjetiva, uma vez
mercadorias, as quais não revelam o trabalho do que o indivíduo se torna estranho a si mesmo,
produtor, adquirindo valor por si mesmas. privado de suas qualidades essenciais.
631. Segundo Marx, o fator fundamental do Marx critica a visão otimista do trabalho ao
desenvolvimento social assenta-se nas contradições demonstrar que o objeto produzido pela força de
da vida material, na luta entre as forças produtivas da trabalho surge como estranho a quem o produz, não
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mais lhe pertencendo, daí dá-se o conceito marxista Com base nesse trecho e na teoria social de Karl
de alienação. Marx, marque a alternativa correta.
a) A consciência é um fenômeno autônomo diante
633. Sobre o princípio da contradição social na teoria do processo produtivo e das relações sociais de
marxista, marque a afirmação correta. produção, o que nos leva a concluir que há uma
a) A contradição social é fruto de uma divisão evolução das ideias sociais.
desigual do trabalho social entre duas classes sociais: b) A dominação de classes no capitalismo é um
os capitalistas, proprietários dos meios de produção e processo econômico que prescinde das esferas
os trabalhadores, vendedores da força de trabalho. política, ideológica e jurídica.
Há um permanente conflito entre essas duas classes, c) As transformações sociais decorrem, natural e
por possuírem interesses convergentes em relação ao fundamentalmente, da evolução das forças
processo de produção sociocultural. produtivas, principalmente, da ciência e da
b) A contradição social é fruto da existência de tecnologia.
duas classes sociais: os capitalistas, proprietários d) A totalidade social, para Marx, não é
dos meios de produção e os trabalhadores, indeterminada, pois a instância da produção e
vendedores da força de trabalho. Essas duas reprodução das condições materiais de
classes estabelecem entre si relações de existência é essencial, sendo que outras
oposição e antagonismo. Há um permanente instâncias não podem ser vistas como meros ou
conflito entre elas, por possuírem interesses mecânicos reflexos da economia.
diferentes em relação ao processo de produção
sociocultural. Somente a alternativa D é correta e está de acordo
c) A sociedade capitalista se funda sob os princípios com a teoria social marxista. Concebendo a realidade
da contradição, oposição e do antagonismo entre as social como um conjunto de relações de produção,
classes sociais na medida em que há, por parte da Marx vincula todas as esferas da sociedade a esta
classe proletária, a apropriação pública do processo lógica. As alternativas A e B contrariam esta
de produção sociocultural em detrimento dos concepção, e por isso estão incorretas. Já a
capitalistas, que são os proprietários dos meios de alternativa C é incorreta por desconsiderar a
produção. revolução como forma de transformação social.
d) O capitalismo, modo de produção que sempre
existiu, tem como objetivo a valorização do próprio 635. Em O Dezoito Brumário, de Luís Bonaparte,
capital por meio da apropriação do trabalho Karl Marx sustenta que ... os homens fazem sua
excedente. Esse processo leva a um constante própria história, mas não a fazem como querem; não
conflito entre as duas classes sociais: capitalistas, a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob
proprietários dos meios de produção e trabalhadores, aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e
vendedores da força de trabalho. transmitidas pelo passado.
MARX, K. O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte. In
Os conflitos entre capitalistas e operários aparecem a Manuscritos econômico-filosóficos e outros textos escolhidos.
(Seleção de textos: José Arthur Giannotti). São Paulo, Abril
partir do momento em que os trabalhadores Cultural, 1978. p. 329. Coleção Os Pensadores
percebem que estão trabalhando mais e que, no Sobre essa concepção de “fazer histórico”, marque a
entanto, tornavam-se cada vez mais miseráveis. alternativa correta.
Desde o século XIX, inúmeros conflitos ocorriam no a) A sociedade é o resultado da práxis humana,
decorrer do desenvolvimento capitalista, passando que expressa, a partir de cada causalidade, os
pelos destruidores de máquinas, greves e revoltas, projetos ou as visões de mundo que
como as ocorridas em 1848 em quase toda Europa. prevaleceram nas lutas de classe.
b) O passado é irresistível e sua reprodução é a regra
634. Por sua formação filosófica, Marx concebia a nas relações sociais, no sentido de reiteração da
realidade social como uma concretude histórica, isto ordem posta.
é, como um conjunto de relações de produção que c) As transformações históricas decorrem da
caracteriza cada sociedade num tempo e espaço intervenção da vontade, independentemente, das
determinados (...). Por outro lado, cada sociedade circunstâncias existentes.
representava para Marx uma totalidade, isto é, um d) A história é imutável, quando muito cíclica, pois
conjunto único e integrado das diversas formas de os movimentos possíveis não podem romper a
organização humana nas suas mais diversas existência de classes sociais.
instâncias – família, poder, religião.
COSTA, Cristina. Sociologia – introdução à ciência da
sociedade, 3ª ed., São Paulo: Moderna, 2005. p. 123-124.
Somente a alternativa A está de acordo com a
concepção histórica do materialismo marxista que vê
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na luta de classes o motor da história. As alternativas d) uma forma de governo e um regime político que,
B e D defendem uma concepção de história estática. se mal conduzidos, criam a propriedade burguesa
Isto seria o inverso daquilo que defende Marx. Já a dos meios de produção.
alternativa C afirma a intervenção de uma vontade
independente, o que contraria a concepção marxista Os autores do Manifesto Comunista afirmam: “O
de consciência de classe e de ideologia. poder estatal moderno é apenas uma comissão que
administra os negócios comuns do conjunto da
636. “Onde quer que tenha conquistado o Poder, a classe burguesa.” Nesse sentido, somente a
burguesia calcou aos pés as relações feudais, alternativa [B] está de acordo com a visão marxista
patriarcais e idílicas. Todos os complexos e variados do Estado Democrático.
laços que prendiam o homem feudal a seus
“superiores naturais” ela os despedaçou sem piedade, 638. Acerca da contradição social na teoria marxista,
para só deixar subsistir, de homem para homem, o assinale a alternativa incorreta.
laço do frio interesse, as duras exigências do a) A contradição social é fruto das relações
pagamento à vista.” sociais de produção, posto que capitalistas e
MARX, K. & ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista, trabalhadores encontram-se em oposição em
In:Obras Escolhidas, Vol. 1, São Paulo: Editora Alfa-Omega, relação ao Estado e suas formas de interferência
s/d., vol. 4, p. 23.
na economia.
Acerca do fenômeno central destacado nessa citação
b) A contradição social é fruto da divisão desigual do
e conforme a teoria social de Karl Marx, assinale a
trabalho social, ao opor capitalistas e trabalhadores,
alternativa correta.
por possuírem interesses colidentes em relação ao
a) O cálculo racional do lucro é a única determinação
processo de produção social.
na sociedade capitalista.
c) A sociedade capitalista está fundada na
b) A estratificação na sociedade feudal era um
contradição existente entre a produção social do
processo natural.
trabalho e a sua apropriação privada.
c) A conquista do poder político foi o principal
d) O capitalismo busca a valorização do próprio
objetivo das burguesias que derrotaram a ordem
capital, ao se apropriar do trabalho excedente, por
feudal.
meio do controle do processo de trabalho
d) No capitalismo, a mercantilização não se
restringe à esfera econômica, ampliando-se para
Somente a alternativa [A] apresenta uma afirmação
outras relações sociais.
incorreta. A oposição de capitalistas e trabalhadores
acontece entre si, e não contra o Estado. As relações
A questão trata da alteração das relações sociais com
sociais de produção geram uma luta entre aqueles
a ascensão do capitalismo: de ralações feudais, as
que possuem os meios de produção (capitalistas) e
relações humanas tornaram-se relações mercantis.
aqueles que não os possuem (trabalhadores).
Isso se manifesta na forma pela qual os trabalhadores
vendem a sua mão de obra em troca de pagamento.
4. ADORNO E HORKHEIMER
Nesta relação mercantil diz-se que estão em jogo
somente interesses econômicos. Marx, entretanto, 639. TEXTO I
afirma existir uma relação social de dominação entre A melhor banda de todos os tempos da última
aquele que vende sua força de trabalho (trabalhador semana
explorado) e aquele que compra esta força de O melhor disco brasileiro de música americana
trabalho (capitalista burguês). O melhor disco dos últimos anos de sucessos do
passado
637. Tendo em vista a análise de Marx e Engels no O maior sucesso de todos os tempos entre os dez
Manifesto Comunista, é possível dizer que estes maiores fracassos
autores viam a democracia representativa como a) Não importa contradição
condição institucional a partir da qual as O que importa é televisão
desigualdades econômicas podem ser superadas. Dizem que não há nada que você não se acostume
b) uma das formas assumidas pelo Estado Cala a boca e aumenta o volume então.
burguês, determinada pela ordem da MELLO, B.; BRITTO, S. A melhor banda de todos os
acumulação capitalista. tempos da última semana. São Paulo: Abril Music, 2001
c) objetivo estratégico das lutas dos trabalhadores (fragmento).
pelo fim das condições subumanas de vida e
trabalho.
TEXTO II
O fetichismo na música e a regressão da audição
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Aldous Huxley levantou em um de seus ensaios a A liberdade de escolha na civilização ocidental é uma
seguinte pergunta: quem ainda se diverte realmente ilusão da contemporaneidade. Para Adorno, a cultura
hoje num lugar de diversão? Com o mesmo direito tornou-se algo como um objeto de consumo, onde
poder-se-ia perguntar: para quem a música de se tem produtos voltados somente para o mercado,
entretenimento serve ainda como entretenimento? fazendo parte da vida contemporânea na forma de
Ao invés de entreter, parece que tal música contribui músicas, livros, lazer etc. Dessa forma, a liberdade de
ainda mais para o emudecimento dos homens, para a escolha é algo que acaba sendo imposto, onde o
morte da linguagem como expressão, para a indivíduo gosta das mesmas coisas ("escolher o que é
incapacidade de comunicação. sempre a mesma coisa", conforme o texto), gerando
ADORNO, T. Textos escolhidos. São Paulo: Nova Cultural, uma cultura de massa. Assim, se trata de uma ilusão
1999. da contemporaneidade, fruto da coerção econômica.
A aproximação entre a letra da canção e a crítica de
Adorno indica o(a) 641. Em nenhuma outra época o corpo magro
A) lado efêmero e restritivo da indústria cultural. adquiriu um sentido de corpo ideal e esteve tão em
B) baixa renovação da indústria de entretenimento. evidência como nos dias atuais: esse corpo, nu ou
C) influência da música americana na cultura vestido, exposto em diversas revistas femininas e
brasileira. masculinas, está na moda: é capa de revistas, matérias
D) fusão entre elementos da indústria cultural e da de jornais, manchetes publicitárias, e se transformou
cultura popular. em sonho de consumo para milhares de pessoas.
E) declínio da forma musical em prol de outros Partindo dessa concepção, o gordo passa a ter um
meios de entretenimento. corpo visivelmente sem comedimento, sem saúde,
um corpo estigmatizado pelo desvio, o desvio pelo
A aproximação entre a letra da canção e a crítica de excesso. Entretanto, como afirma a escritora Marylin
Adorno indica o lado efêmero e restritivo da Wann, é perfeitamente possível ser gordo e saudável.
indústria cultural. Ambos os textos tratam da Frequentemente os gordos adoecem não por causa
indústria cultural. Por "indústria cultural" entende-se da gordura, mas sim pelo estresse, pela opressão a
uma forma de produção de arte e cultura presente na que são submetidos.
sociedade capitalista e que foi amplamente estudada VASCONCELOS, N. A.; SUDO, I.; SUDO, N. Um peso na
pelos teóricos da Escola de Frankfurt. Na indústria alma: o corpo gordo e a mídia. Revista Mal-Estar e
cultural (também conhecida como "cultura de Subjetividade, n. 1, mar. 2004 (adaptado).
massas"), a arte se dá de forma a ser muito No texto, o tratamento predominante na mídia sobre
reproduzida e submetida às exigências do mercado, a relação entre saúde e corpo recebe a seguinte
tornando-se um produto efêmero e restritivo, crítica:
conforme dito na alternativa. A) Difusão das estéticas antigas.
B) Exaltação das crendices populares.
640. Hoje, a indústria cultural assumiu a herança C) Propagação das conclusões científicas.
civilizatória da democracia de pioneiros e D) Reiteração dos discursos hegemônicos.
empresários, que tampouco desenvolvera uma fineza E) Contestação dos estereótipos consolidados.
de sentido para os desvios espirituais. Todos são
livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo De acordo com o texto, há uma imposição de um
que, desde a neutralização histórica da religião, são padrão de beleza pela publicidade, que exige uma
livres para entrar em qualquer uma das inúmeras busca pelo corpo ideal. Há uma exigência de como
seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que devem ser os corpos, a saber: magros. O texto,
reflete sempre a coerção econômica, revela-se em então, faz uma contestação desses estereótipos.
todos os setores como a liberdade de escolher o que
é sempre a mesma coisa. 642. O programa do esclarecimento era o
ADORNO, T; HORKHEIMER, M. Dialética do desencantamento do mundo. Sua meta era dissolver
esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, os mitos e substituir a imaginação pelo saber. [..] O
1985. mito converte-se em esclarecimento, e a natureza em
A liberdade de escolha na civilização ocidental, de mera objetividade. O preço que os homens pagam
acordo com a análise do texto, é um(a) pelo aumento de poder é a alienação daquilo sobre o
a) legado social. que exercem o poder. [...] Quanto mais a maquinaria
b) patrimônio político. do pensamento subjuga o que existe, tanto mais
c) produto da moralidade. cegamente ela se contenta com essa reprodução.
d) conquista da humanidade. Desse modo, o esclarecimento regride à mitologia da
e) ilusão da contemporaneidade. qual jamais soube escapar.
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ADORNO & HORKHEIMER. Dialética do esclarecimento. tardio, onde as massas são induzidas à passividade
Fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio frente à exploração do seu trabalho.
de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. p.17; 21; 34.
C) a violência promovida pela indústria cultural
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
é a da exploração do trabalhador da cultura e, ao
crítica à racionalidade instrumental e a relação entre
mesmo tempo, a da imposição, às massas, da
mito e esclarecimento em Adorno e Horkheimer,
ideologia da passividade frente à exploração
assinale a alternativa correta.
capitalista.
a) O mito revela uma constituição irracional, na
D) o comprometimento econômico e ideológico da
medida em que lhe é impossível apresentar uma
indústria cultural se deve ao caráter espiritual das
explicação convincente sobre o seu modo próprio de
obras artísticas, sem qualquer vinculação com a base
ser.
econômica capitalista em que os autores se situavam.
b) A regressão do esclarecimento à mitologia revela
um processo estratégico da razão, com o objetivo de
O termo "Indústria Cultural" foi criado por Theodor
ampliar e intensificar seus poderes explicativos.
Adorno e Max Horkheimer. Segundo eles, a cultura
c) A explicação da natureza, instaurada pela
popular (cinema, rádio, dentre outros) é padronizada,
racionalidade instrumental, pressupõe uma
e é utilizada para manipular a massa (que se encontra
compreensão holística, em que as partes são
numa situação de passividade), independente de sua
incorporadas, na sua especificidade, ao todo.
situação econômica. Assim, esse conceito se
d) O esclarecimento implica a libertação humana da
relaciona com a manutenção do status quo, por meio
submissão à natureza, atestada pelo poder racional de
de divulgações de um padrão estético, moral e
diagnosticar, prever e corrigir as limitações naturais.
político de determinado comportamento através de
e) O esclarecimento se caracteriza por uma
produtos culturais.
explicação baseada no cálculo, do que resulta
uma compreensão da natureza como algo a ser
644. O modo de comportamento perceptivo, através
conhecido e dominado.
do qual se prepara o esquecer e o rápido recordar da
música de massas, é a desconcentração. Se os
A racionalidade instrumental, característica do
produtos normalizados e irremediavelmente
esclarecimento, consiste em compreender a natureza
semelhantes entre si, exceto certas particularidades
como objeto, passível de um conhecimento objetivo,
surpreendentes, não permitem uma audição
e justamente por esse motivo, passível também de
concentrada, sem se tornarem insuportáveis para os
domínio. A alienação humana, o incremento de
ouvintes, estes, por sua vez, já não são
poder, a mútua afecção entre mito e esclarecimento
absolutamente capazes de uma audição concentrada.
em que um se converte no outro, são expressões de
Não conseguem manter a tensão de uma
uma compreensão em que razão consiste em cálculo
concentração atenta, e por isso se entregam
e domínio.
resignadamente àquilo que acontece e flui acima
deles, e com o qual fazem amizade somente porque
643. Rodrigo Duarte, um destacado intérprete da
já o ouvem sem atenção excessiva.
Escola de Frankfurt no Brasil, afirma que, na (ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da
indústria cultural, “encontram-se embutidos atos de audição. In: Adorno et all. Textos escolhidos. São Paulo: Abril
violência, oriundos do comprometimento tanto Cultural, 1978, p.190. Coleção Os Pensadores.)
econômico quanto ideológico da indústria cultural As redes sociais têm divulgado músicas de fácil
com o status quo: ela precisa, por um lado, lucrar, memorização e com forte apelo à cultura de massa.
justificando sua posição de próspero ramo de A respeito do tema da regressão da audição na
negócios; por outro, ela tem de ajudar a garantir a Indústria Cultural e da relação entre arte e sociedade
adesão das massas diante da situação precária em que em Adorno, assinale a alternativa correta.
elas se encontram no capitalismo tardio”. a) A impossibilidade de uma audição
DUARTE, Rodrigo. Indústria Cultural: uma introdução. Rio de concentrada e de uma concentração atenta
Janeiro: Editora FGV, 2010, p. 49. relaciona-se ao fato de que a música tornou-se
Com base no texto acima, é correto afirmar que um produto de consumo, encobrindo seu poder
A) a indústria cultural é descrita como a violência crítico.
contra os trabalhadores da cultura, que têm suas b) A música representa um domínio particular, quase
obras exploradas pelos donos das grandes autônomo, das produções sociais, pois se baseia no
produtoras e distribuidoras dos bens culturais, sem livre jogo da imaginação, o que impossibilita
receber o devido pagamento por isso. estabelecer um vínculo entre arte e sociedade.
B) a indústria cultural é a promoção de um discurso c) A música de massa caracteriza-se pela capacidade
ideologicamente engajado em prol do capitalismo de manifestar criticamente conteúdos racionais
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Na primeira metade do século XX, a ideia de c) A homogeneização dos hábitos alimentares reflete
progresso também se transformou em objeto de a inserção crítica dos indivíduos na cultura de massa.
análise do grupo de pesquisadores do Instituto de d) A racionalidade técnica e a padronização dos
Pesquisa Social vinculado à Universidade de valores alimentares permitem ampliar as condições
Frankfurt. Tendo como referência a obra de Adorno de liberdade e de autonomia dos cidadãos.
e Horkheimer, é correto afirmar: e) A massificação dos produtos alimentares sob os
a) Por serem herdeiros do pensamento hegeliano, os ditames do mercado corresponde à efetiva
autores entendem que a superação do modelo de democratização da sociedade.
racionalidade inerente aos conflitos do século XX
depende do justo equilíbrio entre uso público e uso A padronização e a racionalidade técnica constituem
privado da razão. a lógica material da sociedade.
b) A despeito da Segunda Guerra, a finalidade do
iluminismo de libertar os homens do medo, da magia 649. O mito converte-se em esclarecimento e a
e do mito e natureza em mera objetividade. O preço que os
torná-los senhores autônomos e livres mediante o homens pagam pelo aumento de seu poder é a
uso da ciência e da técnica, foi atingido. alienação daquilo sobre o que exercem o poder. O
c) Os autores propõem como alternativa às esclarecimento comporta-se com as coisas como o
catástrofes da primeira metade do século XX um ditador se comporta com os homens. Este os
novo entendimento da noção de progresso tendo conhece na medida em que pode manipulá-los. O
como referência o conceito de racionalidade homem de ciência conhece as coisas na medida em
comunicativa. que pode fazê-las. É assim que seu em-si torna para-
d) Como demonstra a análise feita pelos autores no -ele. Nessa metamorfose, a essência das coisas
texto “O autor como produtor”, o ideal de progresso revela-se como sempre a mesma, como substrato de
consolidado ao longo da modernidade foi rompido dominação.
com as guerras do século XX. (ADORNO; HORKHEIMER. Dialética do Esclarecimento.
e) Em obras como a Dialética do Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. p.21.)
Esclarecimento, os autores questionam a O uso da razão para fins irracionais criou,
compreensão da noção de progresso principalmente no século XX, uma desconfiança
consolidada ao longo da trajetória da razão por crônica a respeito da sua natureza e dos seus usos.
estar vinculada a um modelo de racionalidade de Com base nos conhecimentos sobre a racionalidade
cunho instrumental. instrumental presente no texto, assinale a alternativa
correta.
Adorno e Horkheimer iniciam a Dialética do a) Tanto a dominação da natureza quanto a alienação
Esclarecimento com a seguinte frase: “No sentido do homem são o preço inevitável a ser pago pela
mais amplo do progresso do pensamento, o razão, pois o conhecimento ocorre quando o mundo
esclarecimento tem perseguido sempre o objetivo de e o homem se tornam objetos.
livrar os homens do medo e de investi-los na posição b) O esclarecimento, na medida em que efetiva a
de senhores. Mas a terra totalmente esclarecida superação do mito, atualiza a essência e o próprio
resplandece sob o signo de uma calamidade triunfal” destino do homem, que consiste em transformar a
(ADORNO; HORKHEIMER. Dialética do natureza, produzindo objetos que tornam a vida mais
Esclarecimento. 3.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, confortável.
1991, p. 19). c) Mito e razão são forças primitivas antagônicas de
natureza distinta: o mito caracteriza-se pela
648. De acordo com a crítica à “indústria cultural”, imaginação, fantasia e falta de objetividade; já a
na sociedade capitalista avançada, a produção e a razão, pela objetividade, por cujos processos de
reprodução da cultura se realizam sob a égide da formalização a certeza é instituída.
padronização e da racionalidade técnica. d) Dada a dimensão puramente formal da ciência, os
No contexto dessa crítica, considerando o fast food aspectos práticos do mundo da vida lhe são alheios,
como produto cultural, é correto afirmar: razão pela qual os usos com vistas à dominação são
a) A padronização dos hábitos e valores estranhos à sua essência, resultando na dominação de
alimentares obedece aos ditames da lógica um mau uso prático.
material da sociedade industrializada. e) A instrumentalização da razão e a objetivação
b) O consumo dos produtos da indústria do fast da natureza são dois momentos de um mesmo
food e a satisfação dos novos hábitos alimentares processo, cujo resultado consiste em conceber o
contribuem com a emancipação humana. homem e o mundo como objetos disponíveis à
manipulação e ao exercício de poder.
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II. Correta: O homem, na visão dos autores, age com O conceito de indústria cultural está ligado à ideia de
astúcia em relação à natureza, haja vista que coloca a produção em massa, já existente, mas atuando agora
mesma no patamar de ’objeto’, passível de na esfera da produção artística, com técnicas do
dominação pelo sujeito do conhecimento. sistema capitalista. Filmes, músicas, e outras obras,
IV. Correta: É, conforme consta nos autores, são produzidos sob a lógica de produção em massa,
interesse do homem controlar a natureza, pois se visa o lucro e a manutenção do pensamento
assegurando que a mesma esteja subsumida aos dominante. A cultura passa a ser uma massa de
ditames impostos pela razão calculadora e manobra da população, que se mantém presa na
dominadora do homem. ideologia dominante.
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02) Como observam Adorno e Horkheimer, o valorizar mais os objetos de consumo do que as
progresso da publicidade ajuda as pessoas a se próprias pessoas que os consomem.
informarem sobre os melhores produtos culturais e a 02) Conforme afirma Carlos Drummond de
escolherem livremente o que querem comprar. Andrade, ao comprar as próprias roupas, os jovens
04) Para Adorno e Horkheimer, o desenvolvimento manifestam sua autonomia e liberdade de expressão,
da indústria cultural fez com que os valores culturais não sendo mais influenciados pelos pais.
passassem a ser gerados pelo mercado e pelas 04) A crise de identidade sugerida pelos trechos do
técnicas publicitárias. poema de Carlos Drummond de Andrade é uma
08) Segundo Adorno e Horkheimer, o único ramo da crise psicológica que deve ser tratada por um
indústria cultural que não se corrompeu com a lógica especialista em doenças ligadas ao consumismo, pois
capitalista de produção foi o jornalismo, pois não há sua origem é individual e não social.
como manipular uma notícia. 08) Do ponto de vista sociológico, as sociedades
16) O conceito de indústria cultural define, para industriais não apenas ampliaram os processos de
Adorno e Horkheimer, o conjunto de práticas produção e circulação das mercadorias, mas também
capitalistas de produção e consumo que se transformaram o consumo em uma dimensão
expressam no modo como as pessoas se relacionam constitutiva da vida social.
com a cultura. 16) Ao criticar o processo de massificação dos gostos
e dos estilos de vida inseridos no consumo de bens
As opções 01, 04 e 16 estão corretas. A opção 01 está industrializados, o poeta suscita a reflexão sobre os
correta, pois a indústria cultural é a aplicação dos hábitos de consumo e sobre o modo como nos
princípios da produção em massa na produção de produzimos enquanto sujeitos sociais.
bens culturais, ou seja, a cultura é tratada como
mercadoria. As opções 01, 08 e 16 estão corretas. O poema de
Drummond apresenta críticas à cultura de consumo
A opção 04 também está correta, já que Adorno e e massificação, sugerindo que as pessoas muitas
Horkheimer afirmam que a indústria cultural gera vezes perdem sua identidade ao se tornarem objetos
valores culturais que são determinados pelas técnicas de consumo. A ideia de moda é apresentada como
publicitárias e pelo mercado, o que leva a uma algo que pode negar a identidade individual,
padronização da cultura e à perda de sua autonomia. tornando as pessoas em meros produtos da indústria
cultural. Além disso, o poema destaca a importância
A opção 16 está correta, pois o conceito de indústria do consumo na vida social, enfatizando como a
cultural define o conjunto de práticas capitalistas de produção e circulação de mercadorias se tornaram
produção e consumo que se expressam no modo constitutivas das sociedades industriais. Por fim, o
como as pessoas se relacionam com a cultura. poema também suscita a reflexão sobre os hábitos de
consumo e como esses hábitos podem afetar a
657. construção de nossa identidade social.
“Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda 658. “O império da moda está crescendo. Ele exerce
Seja negar minha identidade, seu domínio nos aspectos mais inesperados de nossa
Trocá-la por mil, açambarcando existência. Nossas roupas não são mais os únicos
Todas as marcas registradas, objetos submetidos às suas regras: a alimentação, o
Todos os logotipos do mercado turismo e o automóvel são alguns dos diversos
(...) setores atualmente submetidos à sua vontade. Em
Por me ostentar assim, tão orgulhoso cada um deles, novas tendências nascem, se divulgam
De ser não eu, mas artigo industrial, e morrem. No âmbito estatístico, esses fenômenos
Peço que meu nome retifiquem. são bastante conhecidos. Tomam o aspecto
Já não me convém o título de homem. costumeiro de uma curva de Gauss. Contudo, os
Meu nome novo é Coisa. mecanismos nos quais a moda se apoia permanecem
Eu sou a Coisa, coisamente.” amplamente misteriosos. Questionar as vítimas da
ANDRADE, C. D. de. “Eu, etiqueta”. In: Corpo. Rio de Janeiro: moda sobre suas escolhas não é a melhor maneira de
Record, 1984, p. 85-87. entender esses processos. De fato, um importante
Considerando os trechos do poema e as abordagens aspecto arbitrário entra na criação das tendências. A
sociológicas sobre consumo e indústria cultural, maior parte das inovações se baseia em motivos
assinale o que for correto. claros, fáceis de identificar. A substituição da
01) Como sugerem os trechos do poema de Carlos máquina de escrever pelo tratamento de texto não
Drummond de Andrade, o desejo de “andar na está relacionada à subjetividade dos indivíduos nem à
moda” expressa uma forma de ideologia que tende a
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evolução de seus gostos. Por outro lado, trata-se de Essa afirmativa está correta porque a moda é um
explicar o sucesso atual da cor roxa ou o fenômeno culturalmente construído e suas
ressurgimento do papel de parede [...]” tendências muitas vezes são ditadas por fatores
ERNER, G. Vida e morte das tendências. In: BUENO, M. L. arbitrários, enquanto a inovação tecnológica está
& CAMARGO, L. O. L. (orgs.). Cultura e Consumo. Estilos de relacionada a fatores identificáveis, como avanços
vida na contemporaneidade. São Paulo: Ed. Senac, 2008, p.
215- 216.
científicos e tecnológicos, necessidades práticas e
Considerando o trecho acima e as análises sobre demandas do mercado.
indústria cultural e consumo em massa, assinale o
que for correto. Em geral, as afirmativas corretas destacam a
01) A adoção de inovações tecnológicas está influência da cultura e da indústria cultural sobre as
exclusivamente associada à subjetividade dos práticas de consumo e o comportamento das
indivíduos. Trata-se de escolhas puramente pessoais. pessoas. A cultura de consumo é capaz de criar
02) Roupas, alimentação, decoração, automobilismo significados e valores em torno de bens e serviços,
e turismo são dimensões da vida social que não são influenciando as escolhas dos consumidores e
explicáveis exclusivamente a partir de suas funções moldando sua identidade e subjetividade. Além disso,
utilitárias. a publicidade e a mídia são capazes de criar e
04) Meios de comunicação, mídias e publicidade disseminar padrões de consumo, influenciando as
estão profundamente relacionados à divulgação em aspirações e expectativas dos consumidores e
massa dos padrões de consumo dominantes em moldando seu comportamento.
nossa sociedade.
08) Enquanto as tendências da moda parecem 659. “Se você é o que você come, e consome comida
orientar-se por fatores arbitrários, a inovação industrializada, você é milho”, escreveu Michael
tecnológica parece estar relacionada a fatores Pollan no livro O Dilema do Onívoro, lançado este
facilmente identificáveis. ano no Brasil. Ele estima que 25% da comida
16) É possível a uma pessoa viver em sociedade e industrializada nos EUA contenha milho de alguma
manter-se completamente alheia à sua tecnologia e à forma: do refrigerante, passando pelo Ketchup, até
sua estética, bem como ao modo como os outros as batatas fritas de uma importante cadeia de fast
membros de sua sociedade ou de seu próprio grupo food – isso se não contarmos vacas e galinhas que
se vestem e se comportam. são alimentadas quase exclusivamente com o grão.
O milho foi escolhido como bola da vez ao seu baixo
As opções 02, 04 e 08 estão corretas. Opção 02: preço no mercado e também porque os EUA
Roupas, alimentação, decoração, automobilismo e produzem mais da metade do milho distribuído no
turismo são dimensões da vida social que não são mundo.
(Adaptado: BURGOS, P. Show do milhão: milho na comida
explicáveis exclusivamente a partir de suas funções agora vira combustível. Super Interessante. Edição 247, 15 dez.
utilitárias. 2007, p.33.)
Essa afirmativa está correta porque a cultura e as Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
práticas de consumo moldam as formas como as desenvolvimento do capitalismo e a indústria
pessoas se relacionam com essas dimensões da vida cultural, considere as afirmativas.
social, criando significados simbólicos e expressivos I. O capitalismo contemporâneo tornou a
para além de suas funções utilitárias. globalização um fenômeno que intensificou a
padronização e a homogeneização como formas de
Opção 04: Meios de comunicação, mídias e reprodução técnica criadas a partir da revolução
publicidade estão profundamente relacionados à industrial.
divulgação em massa dos padrões de consumo II. A abertura comercial dos portos das colônias
dominantes em nossa sociedade. americanas resultou no cercamento dos campos,
Essa afirmativa está correta porque a publicidade e a facilitando o comércio pelo acúmulo de capitais e,
mídia são responsáveis por criar e disseminar em consequência, a revolução industrial.
padrões de consumo, moldando as aspirações e III. A crítica filosófica à instrumentalização cultural
expectativas dos consumidores e influenciando seu constata que o predomínio da racionalidade técnica
comportamento. permitiu o resgate do potencial emancipatório da
razão sonhado pelo projeto iluminista.
Opção 08: Enquanto as tendências da moda parecem IV. Com o avanço tecnológico, a racionalidade
orientar-se por fatores arbitrários, a inovação técnica penetra todos os aspectos da vida cotidiana,
tecnológica parece estar relacionada a fatores subjugando o homem a um processo de
facilmente identificáveis. instrumentalização cultural e homogenização de
comportamentos.
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crítico dos indivíduos, padroniza e nivela a Com base no texto acima e na concepção de
subjetividade e o gosto dos consumidores, indústria cultural expressa por Adorno e
reproduzindo produtos culturais que atendem aos Horkheimer, é correto afirmar:
interesses da indústria e da lógica do mercado. A arte a) Os produtos da indústria cultural caracterizam-se
e a cultura perdem sua autonomia e seu valor de uso por ser a expressão espontânea das massas.
é substituído pelo valor de troca. b) Os produtos da indústria cultural afastam o
indivíduo da rotina do trabalho alienante realizado
662. Os pensadores da Escola de Frankfurt, em seu cotidiano.
especialmente Theodor Adorno e Max Horkheimer, c) A quantidade, a diversidade e a facilidade de
são críticos da mentalidade que identifica o progresso acesso aos produtos da indústria cultural contribuem
técnico-científico com o progresso da humanidade. para a formação de indivíduos críticos, capazes de
Para eles, a ideologia da ‘indústria cultural’ submete julgar com autonomia.
as artes à servidão das regras do mercado capitalista. d) A indústria cultural visa à promoção das mais
Com base nos conhecimentos sobre as críticas de diferentes manifestações culturais, preservando as
Adorno e Horkheimer à ‘Indústria Cultural’, assinale características originais de cada uma delas.
a afirmativa correta: e) A indústria cultural banaliza a arte ao
a) A ‘indústria cultural’ proporcionou a transformar as obras artísticas em produtos
democratização das artes eruditas, tornando as obras voltados para o consumo das massas.
raras e caras acessíveis à maioria das pessoas.
b) Sob os efeitos da massificação pela indústria e Para Adorno e Horkheimer, os produtos da indústria
consumo culturais, as artes tendem a ganhar força cultural são produzidos de forma padronizada,
simbólica e expressividade. visando a lucratividade, e acabam por reproduzir em
c) A ‘indústria cultural’ fomentou os aspectos série fórmulas prontas que supostamente agradam às
críticos, inovadores e polêmicos das artes. massas, resultando em um empobrecimento da
d) O progresso técnico-científico pode ser entendido cultura e na banalização da arte.
como um meio que a ‘indústria cultural’ usa para
formar indivíduos críticos. 664. A expressão indústria cultural foi empregada
e) A expressão ‘indústria cultural’ indica uma pela primeira vez no livro Dialética do Esclarecimento,
cultura baseada na idéia e na prática do escrito por Horkheimer e Adorno, filósofos de
consumo de produtos culturais fabricados em tendência marxista pertencentes à Escola de
série. Frankfurt. Designa-se com essa expressão uma
cultura produzida em série, para o mercado de
Adorno e Horkheimer criticam a ‘indústria cultural’ consumo em massa, na qual a realização cultural
por padronizar e massificar a produção e consumo deixa de ser um instrumento de crítica do
de bens culturais, tornando-os mercadorias conhecimento para transformar-se em uma
semelhantes e intercambiáveis, reduzindo a mercadoria qualquer cujo valor é, antes de tudo,
experiência cultural a um mero consumo passivo e monetário. Assinale o que for correto.
superficial, e submetendo a arte às regras do mercado 01) A origem da indústria cultural pode ser
capitalista. Eles não veem a ‘indústria cultural’ como encontrada na prática dos mecenas, particularmente
uma forma de democratização ou inovação artística, italianos, que financiavam, durante o Renascimento,
nem como um meio de formação crítica dos a produção das grandes obras de arte.
indivíduos. Pelo contrário, consideram-na como uma 02) Na indústria cultural, o consumidor não é rei,
forma de alienação cultural e ideológica, que favorece como ela gostaria de o fazer crer, o consumidor não
a conformidade e a submissão das massas. é o sujeito da produção cultural, mas seu objeto.
04) A indústria cultural eleva o nível cultural da
663. “Tudo indica que o termo ‘indústria cultural’ foi maioria da população e aprimora a apreciação da
empregado pela primeira vez no livro Dialética do qualidade estética do universo das artes.
esclarecimento, que Horkheimer [1895-1973] e eu 08) A indústria cultural é expressão da ideologia
[Adorno, 1903-1969] publicamos em 1947, em capitalista; sob seu poderio, as obras de arte foram
Amsterdã. (...) Em todos os seus ramos fazemse, esvaziadas de seu caráter criador e crítico, alienaram-
mais ou menos segundo um plano, produtos se para tornarem-se puro entretenimento, isto é,
adaptados ao consumo das massas e que em grande objetos de consumo para um espectador cuja
medida determinam esse consumo.” ausência de reflexão o torna passivo.
ADORNO, Theodor W. A indústria cultural. In: COHN, 16) A partir da segunda revolução industrial no
Gabriel (Org.). Theodor W. Adorno. São Paulo: Ática, 1986. p. 92. século XIX, as artes usufruem uma fase de produção
autônoma; com o advento da indústria cultural,
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04) A ideologia do progresso no modo de produção racionalmente emancipada, pois exprime o definitivo
capitalista fundamenta-se na razão instrumental por domínio dos seres humanos sobre a natureza.
acreditar que essa promove o avanço tecnológico que d) consiste em uma forma de dominação social que
permite a racionalização da produção. prescinde da tecnologia e da exploração do trabalho,
08) Para Marx, o socialismo, ao transformar o dado que promove o individualismo extremo,
trabalho em mercadoria, torna o homem um mero segundo o qual não há mais distinção entre
instrumento e aliena-o social e culturalmente. indivíduos socialmente incluídos e indivíduos
16) Marx defendeu a razão instrumental por ser mais socialmente excluídos.
eficiente que a práxis para realizar a revolução e) consiste em uma forma de dominação social
socialista. nas sociedades contemporâneas, uma vez que
suscita o ajuste dos indivíduos aos padrões
As opções 01, 02 e 04 estão corretas. A razão mercadológicos da sociedade e estabelece os
instrumental é uma forma de racionalidade que se critérios de inclusão e de exclusão social.
caracteriza pela instrumentalização da razão, ou seja,
a razão é utilizada como meio para alcançar Herbert Marcuse argumenta que o princípio de
determinados fins, especialmente a dominação da desempenho é um mecanismo de dominação social
natureza e dos seres humanos. Nesse sentido, a nas sociedades contemporâneas. Ele afirma que o
ciência deixa de ser uma forma de acesso ao sistema econômico e social capitalista exige a
conhecimento verdadeiro e passa a ser um produtividade e a eficiência dos indivíduos, que são
instrumento de poder e exploração. A ideologia do incentivados a competir por posições hierárquicas na
progresso no modo de produção capitalista sociedade e a ajustar-se aos padrões mercadológicos
fundamenta-se na razão instrumental, pois acredita estabelecidos, o que limita a liberdade individual e
que o avanço tecnológico permite a racionalização da gera exclusão social. Segundo Marcuse, esse princípio
produção e o aumento da eficiência. não promove a plena inclusão social dos indivíduos
nem a emancipação humana, mas sim a dominação e
Marx não defendeu a razão instrumental, pelo a exploração dos seres humanos.
contrário, ele criticou a racionalidade instrumental
por considerá-la uma forma de alienação do ser 668. A razão instrumental – que Adorno, Marcuse e
humano e da natureza. Além disso, Marx não Horkheimer também designaram com a expressão
defendeu a transformação do trabalho em razão iluminista – nasce quando
mercadoria, mas sim a superação do modo de A) a ideologia cientificista dissimula a origem e a
produção capitalista que submete o trabalho humano finalidade das pesquisas científicas.
às leis do mercado e da acumulação de capital. B) o senso comum faz uso da tecnologia e dos
objetos técnicos criados pela ciência.
4. HERBERT MARCUSE C) as ciências humanas criam métodos específicos
para o estudo de seus objetos, livrando-se das
667. O filósofo Herbert Marcuse, em sua obra Eros e explicações mecânicas de causa e efeito.
civilização, destaca a prevalência, nas sociedades D) as ciências humanas, graças ao marxismo, passam
contemporâneas, do princípio de desempenho, que a compreender que as mudanças históricas não
se refere à produtividade econômica e social de resultam de ações súbitas, mas de lentos processos
indivíduos que, ajustados às exigências do sistema sociais, econômicos e políticos.
social, concorrem por posições hierárquicas na E) o sujeito do conhecimento toma a decisão de
sociedade. De acordo com Marcuse, o princípio de que conhecer é dominar e controlar a natureza e
desempenho: os seres humanos.
a) consiste no caminho para a plena inclusão social
dos indivíduos, pois, estimulando-os pela livre A razão instrumental, também conhecida como
competição, favorece a contínua ascensão social dos razão iluminista, é um conceito desenvolvido pelos
cidadãos e promove a abundância material para filósofos da Escola de Frankfurt, como Adorno,
todos. Marcuse e Horkheimer. Essa razão é caracterizada
b) consiste na substituição do princípio de realidade pela ideia de que o conhecimento é utilizado como
pelo princípio de prazer, dado que os indivíduos um meio para dominar e controlar a natureza e os
renunciam às suas responsabilidades econômicas e seres humanos, em vez de ser uma ferramenta para
sociais para obter o reconhecimento de seus status entender e compreender o mundo.
social.
c) consiste em uma modalidade de inclusão social Segundo esses filósofos, a razão instrumental nasce
que efetiva o ideal iluminista de uma humanidade quando o sujeito do conhecimento decide que
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conhecer é dominar e controlar. Isso implica uma Esta arrasa o espaço livre da contemplação e
separação entre o sujeito e o objeto do aproxima tanto as coisas, coloca-as tão debaixo do
conhecimento, onde o objeto é reduzido a algo que nariz quanto o automóvel que sai da tela de cinema e
pode ser manipulado e controlado, em vez de ser cresce, gigantesco, tremeluzindo em direção a nós. E,
compreendido em sua totalidade. do mesmo modo que o cinema não oferece móveis e
fachadas a uma observação crítica completa, mas dá
Essa visão instrumental da razão é criticada pelos apenas a sua espetacular, rígida e repentina
filósofos da Escola de Frankfurt, que argumentam proximidade, também a propaganda autêntica
que ela leva à alienação do ser humano e à sua transporta as coisas para primeiro plano e tem um
submissão a um sistema de dominação. Ao enfatizar ritmo que corresponde ao de um bom filme.
a manipulação e o controle da natureza e dos seres BENJAMIN, W. Rua de mão única: infância berlinense –
humanos, a razão instrumental ignora o valor 1900. Belo Horizonte: Autêntica, 2013 (adaptado).
intrínseco da natureza e das pessoas, transformando- O texto apresenta um entendimento do filósofo
as em objetos a serem explorados e manipulados. Walter Benjamin, segundo o qual a propaganda
dificulta o procedimento de análise crítica em virtude
669. Uma obra de arte pode denominar-se do(a)
revolucionária se, em virtude da transformação A) caráter ilusório das imagens.
estética, representar, no destino exemplar dos B) evolução constante da tecnologia.
indivíduos, a predominante ausência de liberdade, C) aspecto efêmero dos acontecimentos.
rompendo assim com a realidade social mistificada e D) conteúdo objetivo das informações.
petrificada e abrindo os horizontes da libertação. E) natureza emancipadora das opiniões.
Esta tese implica que a literatura não é revolucionária
por ser escrita para a classe trabalhadora ou para a Para Walter Benjamin, a propaganda dificulta o
“revolução”. O potencial político da arte baseia-se procedimento de análise crítica em virtude do caráter
apenas na sua própria dimensão estética. A sua ilusório das imagens, pois, no momento em que
relação com a práxis (ação política) é aproxima as coisas de quem busca consumir, a
inexoravelmente indireta e frustrante. Quanto mais propaganda não faz uso de um meio racional ou não
imediatamente política for a obra de arte, mais faz uma observação crítica completa acerca das
reduzidos são seus objetivos de transcendência e coisas.
mudança. Nesse sentido, pode haver mais potencial
subversivo na poesia de Baudelaire e Rimbaud que 671. “A crescente proletarização dos homens de hoje
nas peças didáticas de Brecht. e a crescente formação das massas são dois lados de
Herbert Marcuse. A dimensão estética, s/d. um mesmo acontecimento. O fascismo procura
Segundo o filósofo, a dimensão estética da obra de organizar as massas proletarizadas recém- surgidas
arte caracteriza-se por sem tocar nas relações de propriedade, por cuja
a) apresentar conteúdos ideológicos de caráter abolição elas pressionam. Ele vê sua salvação em
conservador da ordem burguesa. deixar as massas alcançarem a sua expressão (de
b) comprometer-se com as necessidades de modo algum seu direito). As massas possuem um
entretenimento dos consumidores culturais. direito à mudança das relações de propriedade; o
c) estabelecer uma relação de independência fascismo busca dar-lhe uma expressão conservando
frente à conjuntura política imediata. essas relações. O fascismo resulta,
d) subordinar-se aos imperativos políticos e materiais consequentemente, em uma estetização da vida
de transformação da sociedade. política.”
e) contemplar as aspirações políticas das populações BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade
técnica. Porto Alegre: Zouk, 2012, p.117.
economicamente excluídas.
Considerando o que diz Benjamin sobre os
efeitos sociais da reprodutibilidade técnica dos
Marcuse defende que o potencial político da arte
objetos de fruição estética, é correto afirmar que
baseia-se apenas em sua própria dimensão estética e
A) o fascismo elimina a luta de classes, pois unifica a
que quanto mais imediatamente política for a obra de
todos sob uma mesma bandeira e com a mesma
arte, mais reduzidos são seus objetivos de
camisa, unindo a nação no amor pela pátria e seus
transcendência e mudança.
símbolos, tornando a política mais bela.
B) a luta de classes é um elemento constitutivo do
4. WALTER BENJAMIN
fascismo, que cria a propriedade privada e,
670. A crítica é uma questão de distância certa. O
portanto, estabelece antagonismos sociais
olhar hoje mais essencial, o olho mercantil que
insuperáveis pela política.
penetra no coração das coisas, chama-se propaganda.
C) a obra de arte tecnicamente reproduzida
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apresenta uma necessária superação do fascismo, depende do modo como ela é recebida por
pois a contemplação estética popularizada conduz especialistas, artistas e pelo público em geral.
as massas para um estado de gozo apolítico.
D) o fascismo organiza o proletariado como A reprodução técnica dos objetos destrói os traços
massa, mas não põe em questão sua condição materiais, que conferem singularidade à obra (aquilo
de classe, tornando a relação social mera que é único na obra). Além disso, também apaga os
aparência de unidade, sob símbolos, cores e traços históricos únicos que a constituem, na medida
gritos estandardizados — estetização. em que cria uma indistinção de pertencimento. Com
isso, são quebrados os vínculos com a tradição a qual
De acordo com Walter Benjamin, toda produção a obra original se vincula.
artística é envolvida por uma "aura", que revela sua
"singularidade". Com o surgimento dos produtos 673. Atente para o seguinte excerto, em que o autor,
culturais de massa, ocorre a reprodutibilidade da arte, discutindo a significação social do filme, identifica a
o que culmina na "aura" diluída nas cópias liquidação do valor da tradição e a deteriorização do
produzidas. Com isso, a qualidade da produção que chamava de aura, característica das obras de arte
artística enquanto única e individual se destrói. É o do passado:
processo de massificação da arte, que facilita a “... a técnica reprodutiva desliga o reproduzido do
manipulação, a alienação e o controle social, campo da tradição. Ao multiplicar a reprodução,ela
frequentemente utilizado pelo fascismo. substitui sua existência única por uma existência
massiva. E, na medida em que ela permite à
672. Generalizando, podemos dizer que a técnica da reprodução ir ao encontro do espectador em sua
reprodução retira do domínio da tradição o objeto situação particular, atualiza o reproduzido. Ambos os
reproduzido. Na medida em que ela multiplica a processos levam a um abalo violento do que é
reprodução, substitui a existência única da obra por transmitido – um abalo da tradição, que é o outro
uma existência massiva. E, na medida em que essa lado da crise e da renovação atuais da humanidade.
técnica permite à reprodução vir ao encontro do Ambos se põem em uma relação íntima com os
espectador, em todas as situações, ela atualiza o movimentos de massa de nossos tempos. Seu agente
objeto reproduzido. mais poderoso é o cinema”.
(BENJAMIN, W. A obra de arte na era da sua BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua
reprodutibilidade técnica – primeira versão. In. Magia e técnica, reprodutibilidade técnica. L&PM Editores.
arte e política – Obras Escolhidas I. 8.ed. São Paulo: Edição do Kindle. Paginação irregular.
Brasiliense, 2012. p.182-183.) Considerando o trecho acima e o que diz Benjamin
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a em seu mais famoso texto, é correto afirmar que
reprodutibilidade técnica, segundo Walter Benjamin, A) no que se refere ao processo de criação artística,
assinale a alternativa correta. há uma mudança substancial com o desenvolvimento
a) A atualização constante dos objetos é o primeiro das modernas técnicas de produção; a novidade é a
passo para a instauração de uma teoria materialista popularização das obras de arte do passado e seu
revolucionária da arte na era da reprodutibilidade oferecimento às massas sedentas por cultura.
técnica, pois tal atualização libera as forças do B) a produção artística do passado e a produção e
entendimento e da imaginação. reprodução técnica do mundo contemporâneo,
b) A fotografia e o cinema, obras reproduzidas embora substancialmente distintas, preservam o
tecnicamente, operam em registros de criação conceito grego de mimesis – representação – em sua
similares às formas tradicionais de arte, pois a criação inteireza; a diferença estaria no caráter massificador
artística resulta indistintamente da pulsão criativa das obras de arte contemporâneas.
genial. C) para Benjamin, a sala de cinema pode ser
c) Ao homogeneizar os objetos pela reprodução vista como a representação atualizada do
massiva, a técnica destrói os traços materiais e conhecido mito da caverna, de Platão. O cinema
históricos característicos e únicos que permitem e sua imensa capacidade técnica teriam
vincular uma obra de arte à tradição. transformado o processo de ilusão e aparência
d) Embora a reprodução técnica afete alguns muito mais convincentes.
elementos que compõem a obra de arte, ainda assim, D) o cinema, por ser uma arte dependente da
os mais fundamentais e característicos, facilmente técnica, representa uma forma de arte sui generis,
identificáveis, como a “aura”, permanecem oposta à arte tradicional: se a obra de arte da tradição
intocados. é imitação, cópia da realidade, o cinema é ele mesmo
e) O que torna a obra de arte única, na era das uma nova realidade em si, autônoma e independente,
técnicas de reprodução, e o que permite o que cria uma segunda realidade.
estabelecimento do seu vínculo com a tradição,
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A reprodutibilidade técnica deteriorou a "aura" (aqui sejam expostas. A exponibilidade de um busto [...] é
e agora da obra de arte), e o objeto artístico perde maior que de uma estátua divina, que tem sua sede
sua singularidade e autenticidade. Com o surgimento fixa no interior do templo. [...] a preponderância
da fotografia e do cinema, a capacidade de absoluta conferida hoje a seu valor de exposição
reproduzir imagens e divulgá-las ocorreu em grande atribui-lhe funções inteiramente novas, entre as quais
escala, atingindo várias pessoas, fazendo com que a a “artística”, a única de que temos consciência, talvez
reprodutibilidade técnica ganhasse maior proporção, se revele mais tarde
estimulando mais ainda a produção de uma "cópia como rudimentar.
do real". Para Benjamin, o surgimento do cinema BENJAMIN, Walter. “A obra de arte na era da sua
mudou o comportamento do espectador diante da reprodutibilidade técnica (Primeira versão)”. In: Obras
escolhidas I. Trad. Sérgio Paulo Rouanet, 8ª ed. São Paulo:
arte, pois as massas se tornam ativas, participam da Brasiliense, 2012. p. 187-188.
arte e de seu funcionamento. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
teoria benjaminiana da reprodutibilidade técnica e do
674. “No interior dos grandes períodos históricos, valor cultual e de exposição da obra de arte, assinale
transforma-se com a totalidade do modo de a alternativa correta.
existência das coletividades humanas também o a) O valor de exposição da obra de arte reforça os
modo de percepção. O modo como a percepção laços sociais, na medida em que a exposição
humana se organiza [...] não é apenas condicionado intensifica a coesão social, possibilitando,
naturalmente, mas historicamente. A época das democraticamente, o acesso à obra.
migrações dos povos [...] possuía não só uma outra b) A mudança do valor de culto para o valor da
arte que a da Antiguidade, como também outra exposição da obra de arte revela transformações
percepção.” nas quais esta passa a ser concebida a partir da
BENJAMIN, Walter. A obra de arte de sua reprodutibilidade técnica.
Tradução de Francisco de Ambrosis Pinheiro Machado. Porto
esfera pública.
Alegre: Zouk Editora, 2012, p. 25-27. c) O valor de culto da obra de arte expressa a
Segundo essa tese de Walter Benjamin, é correto gradativa desvinculação entre o humano e o sagrado,
afirmar que considerando que a obra substitui a relação direta do
A) enquanto a nossa sensibilidade artística é natural, humano com o sagrado.
nossa percepção é condicionada histórica e d) O valor material atribuído a uma obra de arte é
socialmente. constituído pela persistência de um valor de culto na
B) as transformações históricas da percepção exposição, evidenciado na “aura” que paira sobre as
humana deixam a salvo a arte, pois esta tem um grandes obras, as chamadas obras clássicas.
significado universal e eterno. e) O elemento comum entre o valor de culto e o
C) nossa percepção, bem como as artes, se valor de exposição da obra de arte é o
transforma de acordo com as condições reconhecimento de que a função “artística” é a sua
materiais e sociais da existência. dimensão mais importante.
D) as transformações artísticas, que acompanham
as transformações na percepção, se devem ao seu O “valor de culto” expressa uma compreensão da
condicionamento natural. arte a partir de uma configuração social na qual o
objeto artístico é concebido numa relação
O ensaio “A obra de arte na era de sua hermenêutica de dependência da transcendência
reprodutibilidade técnica” de Walter Benjamin (divino). O âmbito do seu alcance é restrito, na
apresenta a transformação do conceito de obra de medida em que se restringe ao campo presencial do
arte numa perspectiva histórica e de produção. A culto. Já o “valor de exposição” expressa
fotografia e o cinema são retratados como oposicionamento do objeto artístico no âmbito da
possibilidades de emancipação humana, pois esfera pública, esfera esta que a própria obra de arte
aprimoram a capacidade de percepção. A exposta contribui para fortalecer.
reprodutibilidade técnica se apresenta como uma
ruptura com o conceito tradicional de obra de arte 676. No ensaio “A obra de arte na era de sua
no que se refere aos elementos espaço-temporais que reprodutibilidade técnica”, Walter Benjamin escreve:
lhe fazem ser uma obra original e “aurática”. A “Em suma, o que é a aura? É uma figura singular,
fotografia e o cinema, por conta de suas composta de elementos especiais e temporais: a
particularidades técnicas, exigem um novo jeito de aparição única de uma coisa distante, por mais perto
perceber e receber a obra de arte. que ela esteja. Observar, em repouso, numa tarde de
verão, uma cadeia de montanhas no horizonte, ou
675. À medida que as obras de arte se emancipam do um galho, que proteja sua sombra sobre nós,
seu uso cultual, aumentam as ocasiões para que elas
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significa respirar a aura dessas montanhas, desse perspectivas e prospectos vêm ao caso e ainda é possível adotar
galho.” um ponto de vista.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua As coisas nesse meio tempo caíram de maneira
reprodutibilidade técnica. L&PM Editores. Edição demasiado abrasante sobre o corpo da sociedade
do Kindle. Paginação irregular.
humana. A “imparcialidade”, o “olhar livre” são
Considerando o conceito de aura, na obra
mentiras, quando não é a expressão totalmente
supracitada, atente para as seguintes afirmações:
ingênua de chã incompetência. O olhar mais
I. A aura representa a absolura singularidade da obra
essencial hoje, o olhar mercantil que penetra no
artística, sua condição de exemplar único que se
coração das coisas, chama-se reclame. Ele
mostra aqui e agora e não pode ser repetida. É sua
desmantela o livre espaço de jogo da contemplação.
autenticidade.
– O que, afinal, torna os reclames tão superiores à
II. Para Benjamin, a sociedade contemporânea
crítica? Não aquilo que diz a vermelha escrita cursiva
destruiu a aura pela reprodução técnica das obras de
elétrica – mas a poça de luz que a espelha sobre o
arte, tornou impossível distinguir original e cópia e
asfalto.
desfez a própria ideia de original e cópia. Adaptado de: BENJAMIN, W. Rua de mão única. In: Obras
III. Não há relação entre o conceito de aura de Escolhidas II. Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho,
Benjamin e a ideia de aura das religiões. A aura 6.ed. São Paulo: Brasiliense, 2012. p.56.
religiosa refere-se ao culto aos deuses enquanto a Com base na figura, no texto e nos conhecimentos
aura artística refere-se apenas à reprodução da sobre Walter Benjamin, assinale a alternativa correta.
realidade. a) A cultura veiculada pelos meios de comunicação
É correto o que se afirma em: de massa enfraquece o posicionamento reflexivo da
A) I e III apenas. classe trabalhadora.
B) I e II apenas. b) A razão emancipatória esgota-se com o modelo
C) I, II e III. econômico capitalista e a sociedade de massa.
D) II e III. c) Mesmo diante da ordem social mercantil, que
faz uso dos anúncios publicitários, pode haver
"Aura" foi um termo utilizado por Walter Benjamin pensamento crítico.
em "A obra de arte na era da sua reprodutibilidade d) O consumismo e a diversão farta e fácil anulam a
técnica". Esse termo designava os elementos únicos possibilidade de análise e problematização.
de uma obra de arte original, e está relacionado com e) O projeto da razão foi cumprido sem ter
a autenticidade da obra de arte. A aura não existe em alcançado sua promessa, restando ao mundo o
uma reprodução da obra. Com a reprodutibilidade irracionalismo.
técnica, há uma multiplicação da reprodução, o que
faz com que a obra de arte deixe de ser única e Walter Benjamin se contrapõe à compreensão
autêntica para ser serial. Assim, para Walter corrente da realidade cotidiana no contexto reificado
Benjamin, a aura não está presente na reprodução, da sociedade industrial moderna, onde os modos
pois a reprodução em série retira da obra o valor de tradicionais de crítica pareciam neutralizados.
culto e dá lugar ao valor de exposição. Benjamin considerava o cotidiano concreto e
singular como um possível local de crítica histórica e
677. Observe a figura e leia o texto a seguir. intervenção estético-política transformadora. Para o
filósofo, os anúncios publicitários poderiam ser
utilizados contra a ordem social que os produzia,
buscando um novo espaço para o exercício da crítica.
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As imagens I e II representam duas formas artísticas identificar os fatores sociais específicos que
de um fenômeno que provocou mudanças condicionam o declínio atual da aura. Ele deriva de
significativas na arte, sobretudo a partir do século duas circunstâncias, estreitamente ligadas à crescente
XX: a reprodutibilidade técnica. difusão e intensidade dos movimentos de massas.
Com base nas imagens e nos conhecimentos sobre a Fazer as coisas ‘ficarem mais próximas’ é uma
reprodutibilidade técnica em Walter Benjamin, é preocupação tão apaixonada das massas modernas
correto afirmar: como sua tendência a superar o caráter único de
a) A reprodução das obras de arte começa no final todos os fatos através da sua reprodutibilidade”.
do século XIX com o surgimento da fotografia e do BENJAMIN, W. “A obra de arte na era de sua
cinema, pois até então as obras não eram copiadas, reprodutibilidade técnica”. In: Magia e Técnica, Arte e Política.
Obras Escolhidas. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São
por motivos religiosos e místicos. Paulo: Brasiliense, 1985, p. 170.
b) Na passagem do período burguês para a Com base no texto e nos conhecimentos sobre
sociedade de massas, o declínio da aura que Benjamin, assinale a alternativa correta:
ocorre na arte pode ser creditado a fatores a) Ao passar do campo religioso ao estético, a obra
sociais, como o desejo de ter as coisas mais de arte perdeu sua aura.
próximas e superar aquilo que é único. b) Ao se tornarem autônomas, as obras de arte
c) A perda da aura retira da arte o seu papel crítico perderam sua qualidade aurática.
no interior da sociedade de consumo, isto ocorre c) O declínio da aura decorre do desejo de
porque a reprodutibilidade técnica destrói a diminuir a distância e a transcendência dos
possibilidade de exposição das obras. objetos artísticos.
d) Desde o período medieval, o valor de exposição d) O valor de culto de uma obra de arte suscita a
das obras de arte é fator preponderante, visto que o reprodutibilidade técnica.
desempenho de sua função religiosa exigia que a arte e) O declínio da aura não tem relação com as
aparecesse de forma bem visível aos espectadores transformações contemporâneas.
que a cultuavam.
e) O cinema desempenha um importante papel Segundo Benjamin, a aura é uma qualidade única que
político de conscientização dos espectadores, uma envolve uma obra de arte e está relacionada com a
vez que seu caráter expositivo tornou-se cultual ao sua autenticidade, com a sua história e com a sua
recuperar a dimensão aurática. distância temporal e espacial em relação ao
espectador. Com o advento da reprodutibilidade
Walter Benjamin, em seu texto "A obra de arte na técnica, a obra de arte perde a sua aura, na medida
era de sua reprodutibilidade técnica", argumenta que em que se torna possível a sua multiplicação e
a reprodutibilidade técnica, sobretudo com a difusão em larga escala, o que diminui a sua distância
fotografia e o cinema, provocou uma mudança e a sua transcendência. O desejo de ter as coisas mais
significativa na arte, com a perda da aura, ou seja, próximas e superar aquilo que é único é uma
daquilo que tornava a obra de arte única e autêntica. preocupação apaixonada das massas modernas, o que
Essa perda da aura se deve, segundo Benjamin, a leva ao declínio da aura na arte.
fatores sociais, como a crescente demanda por bens
de consumo e a necessidade de torná-los mais 680. Observe a imagem a seguir.
próximos e acessíveis ao público em geral. Assim, a
arte deixa de ter um caráter ritualístico e se torna
cada vez mais uma mercadoria, perdendo sua
capacidade de ser crítica e subversiva dentro da
sociedade de consumo. O cinema, por sua vez, é
visto como uma forma de arte que, apesar de ter
perdido a aura, pode ter um potencial político de
conscientização dos espectadores.
Marilyn Monroe Andy Warhol, 1967.
679. “Em suma, o que é a aura? É uma figura A imagem anterior refere-se a um quadro que foi
singular, composta de elementos espaciais e produzido pelo artista norte-americano Andy
temporais: a aparição única de uma coisa distante, Warhol. Valendo - se de recursos da “sociedade de
por mais perto que ela esteja. Observar, em repouso, consumo” como, por exemplo, fotos de artistas
numa tarde de verão, uma cadeia de montanhas no famosos, Warhol produziu um número assombroso
horizonte, ou um galho, que projeta sua sombra de quadros em um curto espaço de tempo. O
sobre nós, significa respirar a aura dessas montanhas, fenômeno da reprodução na arte foi estudado pelo
desse galho. Graças a essa definição, é fácil filósofo alemão Walter Benjamin, que na década de
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30 publicou um ensaio intitulado “A obra de arte no “Sem dúvida Benjamin, como Marcuse, vê na arte de
tempo de sua reprodutibilidade técnica”. massa do fascismo, que surge com a pretensão de ser
Sobre a teoria de Walter Benjamin a respeito das política, perigo de uma falsa dissolução da arte
consequências da reprodução em massa das obras de autônoma. Essa arte propagandística dos nazistas
arte, é correto afirmar que o autor: liquida efetivamente a arte como uma esfera
a) Entende negativamente o fenômeno da autônoma, mas atrás do véu da politização ela está a
reprodução na arte por representar a destruição das serviço, na verdade, da estetização do poder político
obras de arte e a sua transformação em mercadoria bruto.”
pela indústria cultural. FREITAG, Bárbara; ROUANET, Sérgio Paulo (Orgs.).
b) Reconhece que ocorrem mudanças na forma das Habermas. São Paulo: Ática, 1990. p. 175.
pessoas receberem as obras de arte e propõe a Com base nos textos acima e em seu conhecimento
reeducação das massas como forma de resgate da sobre a relação entre cinema e política, é correto
aura, isto é, daquilo que é dado apenas uma vez. afirmar:
c) Percebe na reprodução da obra de arte a a) O caráter autônomo da arte cinematográfica
dissolução da sociedade moderna, fenômeno este impede que suas produções sejam apropriadas por
sem volta e que representa o triunfo do capitalismo regimes políticos, tais como o nazismo e o fascismo.
sobre o pensamento crítico e a reflexão. b) A propaganda ideológica contida nos filmes
d) Interpreta a reprodutibilidade como um fenômeno encomendados pelo nazismo valorizou a arte
inevitável da sociedade capitalista que provoca enquanto uma esfera autônoma.
alterações na interpretação que críticos e artistas c) A arte cinematográfica ao ser transformada
fazem das obras de arte, sem maiores consequências em propaganda ideológica de regimes
ou possibilidades políticas. autoritários como o nazismo perde seu caráter
e) Afirma que a reprodutibilidade técnica de esfera autônoma.
provoca mudanças na percepção e na postura d) Os filmes de Leni Riefenstahl constituem-se em
das pessoas que têm acesso às obras; por isso documentários destituídos de qualquer natureza
certas formas artísticas, sobretudo o cinema, ideológica ou de propaganda do regime nazista.
podem vir a desempenhar o papel de politização e) A propaganda nazista, veiculada pelo cinema,
das massas. tornou a arte um instrumento de crítica das
desigualdades sociais.
A alternativa correta é a letra E. Walter Benjamin, em
seu ensaio "A obra de arte no tempo de sua Tanto o primeiro texto como o segundo indicam que
reprodutibilidade técnica", afirma que a os filmes de Leni Riefenstahl, especialmente os
reprodutibilidade técnica da obra de arte promove encomendados pelo regime nazista, eram utilizados
mudanças na percepção e postura das pessoas em como propaganda ideológica do partido, perdendo,
relação às obras, possibilitando que certas formas assim, sua autonomia. O segundo texto ainda destaca
artísticas, como o cinema, tenham um papel que essa propaganda ideológica tentava se disfarçar
importante na politização das massas. Ele também como política, mas na verdade servia para estetizar o
argumenta que a reprodução em massa pode ajudar a poder político bruto. Portanto, a alternativa c é a
democratizar o acesso às obras de arte, mas ao única que descreve corretamente a relação entre
mesmo tempo, pode levar à perda da "aura" da obra, cinema e política no contexto nazista. As demais
isto é, sua autenticidade e unicidade, que é dada alternativas são falsas, pois a arte cinematográfica
apenas uma vez. não é imune à apropriação política e ideológica, e os
filmes de Leni Riefenstahl, em especial, eram
681. “Leni Riefenstahl destacou-se nos anos 20 e 30 claramente ideológicos e não críticos das
como cineasta, dirigindo, entre outros, desigualdades sociais.
documentários encomendados pelo líder da
propaganda nazista, Joseph Goebbels. Com os filmes 682. Analise as afirmativas sobre a Escola de
“Triunfo da Vontade” (1935), sobre o culto ao Frankfurt e sua Teoria Crítica, coloque Verdadeiro
“Führer” Adolf Hitler, e “Olímpia” (1938), um (V) ou Falso (F) e assinale a alternativa que contém a
exemplo da devoção nacional-socialista em torno do sequência CORRETA.
corpo e da beleza, Riefenstahl ganhou fama em todo ( ) Adorno, Horkheimer, Benjamin e Marcuse são os
o mundo. Mas também a estampa de ideóloga pensadores que mais se destacaram e, apesar das
nazista.” críticas feitas a Marx, foram, por ele, influenciados.
(O ressurgimento de Leni Riefenstahl. Disponível em: ( ) A Teoria Tradicional é representada, segundo os
<http://www.uol.com.br/fsp/mais/fs1911200006.htm> frankfurtianos, por todos os filósofos que, desde
Acesso em 20 nov. 2002.) Descartes até o Iluminismo, deram grande ênfase ao
racionalismo.
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( ) A Teoria Crítica afirma que a razão pode conter 02) Para a fenomenologia, a consciência é sempre
sombras quando se coloca a serviço da dominação. consciência de alguma coisa; portanto, não há uma
( ) Segundo os frankfurtianos, um indivíduo realidade pura, isolada do homem, mas a realidade
autônomo, consciente de seus fins, não tem enquanto ser percebido.
possibilidade de acontecer, pois o conflito entre a 04) O filósofo alemão Martin Heidegger, pertencente
razão autônoma e suas forças obscuras e à escola fenomenológica, resgata um conceito de
inconscientes não finda. verdade desenvolvido pelos gregos arcaicos: o
a) F – V – V – F conceito de alétheia, que significa o não oculto,
b) V – F – F – V aquilo que se mostra ou se desvela.
c) F – V – F – V 08) O filósofo francês Maurice Merleau-Ponty
d) V – V – V – F defende uma concepção dualista para a matéria e o
espírito. De um lado, estão os objetos e o corpo, de
As afirmativas são verdadeiras, exceto a última, que é outro, o sujeito e a consciência.
falsa. Os frankfurtianos acreditavam na possibilidade 16) A gestalt, corrente da Psicologia que se
de um indivíduo autônomo, consciente de seus fins, desenvolveu no começo do século XX, ao
mesmo que reconhecessem que esse processo seria reconhecer a influência da fenomenologia, opõe-se à
difícil e conflituoso. psicologia de tendência positivista.
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(__) Analisa dados externos à consciência, ou seja, realidade pura, isolada do homem, mas a realidade
funda-se na essência dos fenômenos e na enquanto ser percebido.
objetividade transcendental, pois as essências existem III) O filósofo alemão Martin Heidegger,
na consciência e no mundo exterior. pertencente à escola fenomenológica, resgata um
(__) O método fenomenológico deriva de uma conceito de verdade desenvolvido pelos gregos
atitude, presumidamente sem pressupostos, arcaicos: o conceito de alétheia, que significa o não
objetivando proporcionar ao conhecimento oculto, aquilo que se mostra ou se desvela.
filosófico as bases sólidas de uma ciência de rigor. A) Somente a alternativa I está correta.
(__) Busca a raiz de toda atividade filosófica e B) Somente a alternativa III está correta.
científica. Além disso, conduz à certeza do C) As alternativas I e II estão corretas.
conhecimento e, por conseguinte, é ela uma D) As alternativas I e III estão corretas.
disciplina a priori. E) Todas as alternativas estão corretas.
(__) O método fenomenológico é analítico,
conduzindo a resultados específicos e cumulativos, A fenomenologia, em especial a de Edmund Husserl,
como no caso de investigações científicas, fazendo busca superar as teorias empiristas e idealistas, bem
inferências e conduzindo a teorias metafísicas. como o dualismo entre sujeito e objeto. Para a
A sequência correta de cima para baixo encontra-se fenomenologia, a consciência é sempre consciência
em qual alternativa? de algo, ou seja, não há uma realidade pura e isolada
A) V, V, F, F e V. do homem. E o filósofo Martin Heidegger,
B) F, F, V, F e V. pertencente à escola fenomenológica, resgata o
C) F, V, F, V e F. conceito grego de alétheia, que significa "não oculto"
D) V, F, V, F e F. ou "aquilo que se mostra ou se desvela", como uma
E) V, F, V, V e F. forma de compreender a verdade.
A fenomenologia de Edmund Husserl se concentra 687. O filósofo alemão Edmund Husserl diz que ele
na investigação da experiência consciente tal como sabe o que é filosofia, ao mesmo tempo que não
ela é experimentada pelo sujeito, buscando descrever sabe. Isto é, a explicitação do que é a filosofia já é
os fenômenos em si mesmos e estabelecer as uma questão filosófica. A presente afirmação indica
condições para a sua possibilidade. Para Husserl, a que a filosofia não é um saber acabado. Das
consciência é sempre consciência de algo, e o alternativas abaixo, marque a mais próxima da
objetivo da fenomenologia é captar as essências dos atitude filosófica.
fenômenos, ou seja, aquilo que é essencial e A) A filosofia evita os questionamentos sobre a
necessário para que um determinado fenômeno seja realidade, pois já é parte de verdades estabelecidas.
como é. A fenomenologia busca, portanto, superar o B) A filosofia é inquestionável e cada um tem a sua.
dualismo sujeito-objeto e as teorias do conhecimento C) A filosofia pressupõe constante
empirista e idealista, propondo um método que se disponibilidade para a indagação. A primeira
baseia na intuição e na descrição dos fenômenos. Em atitude do filósofo é admirar, ser capaz de
vez de investigar causas e efeitos ou inferir a surpreender com o óbvio e questionar as
existência de algo a partir de observações empíricas, verdades.
a fenomenologia se concentra na descrição direta e D) A filosofia não problematiza a realidade, pois a
detalhada do que é experimentado na consciência. realidade é imutável.
Por isso, ela é frequentemente associada à ideia de
"volta às coisas mesmas". A filosofia não se contenta com respostas prontas,
mas busca constantemente a reflexão e a
686. A fenomenologia é um método e uma filosofia problematização da realidade.
que surge no final do século XIX, com Franz
Brentano, tendo como um dos principais 688. No livro Ideias para uma Fenomenologia Pura e
representantes o filósofo Edmund Husserl. Sobre a para uma Filosofia Fenomenológica, de Husserl,
fenomenologia, assinale as alternativas corretas. podem ser distinguidas duas direções de investigação.
I) A fenomenologia de Edmund Husserl procura Se uma delas pode ser chamada de orientação
superar as teorias do conhecimento empirista e natural, a outra, em contrapartida, pode ser nomeada
idealista, como também o dualismo entre o sujeito e como orientação fenomenológica. Segundo o autor,
o objeto. podemos associar as duas orientações,
II) Para a fenomenologia, a consciência é sempre respectivamente,
consciência de alguma coisa; portanto, não há uma A) à ciência e à teologia.
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B) ao objeto puro e simples e ao objeto intencional, isto é, visa a algo fora de si; a consciência
intencional. é sempre consciência de alguma coisa. Assinale o que
C) à lógica formal e à metafísica. for correto.
D) à crítica do conhecimento e à psicologia. 01) Um dos princípios da teoria do conhecimento da
E) às ciências naturais e ao dogmatismo. fenomenologia é que a verdade do mundo objetivo
pode ser conhecida com segurança, pois os
Husserl estabelece uma distinção fundamental entre fenômenos naturais apresentam-se à consciência do
dois tipos de objetos de investigação: os objetos sujeito como dados empíricos.
puros e simples, que são aqueles dados à consciência 02) A fenomenologia constrói seus princípios tendo
imediatamente, independentemente de qualquer como fundamento a filosofia positiva, acredita, como
conteúdo intencional, e os objetos intencionais, que Auguste Comte, que a observação objetiva é a
são aqueles que se apresentam à consciência através condição necessária para a formação do
de uma determinada intencionalidade. conhecimento.
04) A fenomenologia é inatista e idealista, pois
A orientação natural, associada à investigação dos acredita que o homem, ao nascer, já possui, na sua
objetos puros e simples, tem como objetivo analisar mente, todas as ideias necessárias para o
as propriedades essenciais desses objetos, com o conhecimento da realidade objetiva e subjetiva.
intuito de estabelecer uma base para a investigação 08) A realidade, para a fenomenologia, é um
científica. Já a orientação fenomenológica, associada conjunto de significações ou de sentidos que são
à investigação dos objetos intencionais, busca produzidos pela consciência ou pela razão, portanto,
descrever as estruturas e propriedades da consciência para a fenomenologia, não há objeto em si, já que o
que tornam possível a apreensão desses objetos. objeto é sempre para um sujeito que lhe confere
significados.
Assim, a distinção entre as duas orientações está 16) À crença na possibilidade de um conhecimento
relacionada à natureza dos objetos de investigação, neutro, a fenomenologia contrapõe uma ciência que
sendo que a orientação natural se concentra nos estabelece uma nova relação entre sujeito e objeto, o
objetos puros e simples, enquanto a orientação ser humano e o mundo, concebidos como polos
fenomenológica se concentra nos objetos inseparáveis.
intencionais, que dependem da estrutura da
consciência para serem apreendidos. As opções 08 e 16 estão corretas. A opção 08 está
correta ao afirmar que a realidade para a
689. A Fenomenologia retoma o conceito, cuja fenomenologia é um conjunto de significações ou
origem está em Platão, de “essência” para descrever a sentidos produzidos pela consciência ou pela razão.
aparição do objeto para o conhecimento. No Isso porque, para a fenomenologia, não há objeto em
entanto, agora esse conceito perde seu caráter si, já que o objeto é sempre para um sujeito que lhe
metafísico. confere significados. Assim, a consciência não é uma
Sobre o conceito de “essência” na Fenomenologia, espécie de espelho passivo do mundo, mas antes
assinale a alternativa correta. produz o sentido daquilo que aparece.
a) A essência do objeto é a sua realidade material.
b) A essência do objeto é imutável. Já a opção 16 está correta ao apontar que a
c) A essência é a razão da série de aparições de fenomenologia contrapõe a crença na possibilidade
um objeto. de um conhecimento neutro, estabelecendo uma
d) A essência é a última aparência do objeto. nova relação entre sujeito e objeto, o ser humano e o
e) A essência é a verdade por detrás das aparências. mundo, concebidos como polos inseparáveis. Isso
significa que a fenomenologia busca superar a
Na Fenomenologia, a essência é compreendida como dicotomia entre sujeito e objeto, mostrando que o
a estrutura imanente do objeto, que é apreendida conhecimento só é possível a partir da relação entre
através da redução fenomenológica, ou seja, da eles. Dessa forma, a fenomenologia reconhece que o
suspensão do juízo sobre a existência do objeto e do mundo só pode ser conhecido a partir da perspectiva
foco na sua pura aparição. A essência não é uma do sujeito, mas também que essa perspectiva é
entidade metafísica, mas sim uma característica inseparável do próprio mundo que se apresenta à
intrínseca do objeto que permite a sua aparição e consciência.
compreensão pelo sujeito.
4. HEIDEGGER
690. O postulado básico da fenomenologia é a noção
de intencionalidade, pela qual toda consciência é
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691. O filósofo Martin Heidegger inaugurou, com enfatiza a importância da linguagem na construção
sua obra Ser e Tempo (1927), um vocabulário do mundo em que vivemos.
próprio a fim de desenvolver o projeto da analítica
existencial, qual, por sua vez, necessitou se libertar da Por fim, a quinta citação, "O modo de ser da
linguagem viciada da filosofia tradicional para abertura se forma na disposição, compreensão e
realização do seu empreendimento ontológico- discurso. O modo de ser cotidiano da abertura se
fenomenológico. Identifique qual(is) destas citações caracteriza pelo falatório, curiosidade e
são de autoria e/ou caracterizam o pensamento de ambiguidade", também se refere ao modo particular
Heidegger. de existência humana no mundo e à importância da
I. "O ser é sempre o ser de um ente". linguagem na construção de nossa compreensão do
II. "Um ente só poderá tocar um outro ente mundo.
simplesmente dado dentro do mundo se, por
natureza, tiver o modo do ser-em, se, com sua pre- 692. Se desejarmos compreender o essencial da
sença, já se lhe houver sido descoberto um mundo". Técnica, não devemos partir da técnica da era
III. "Mundanidade é um conceito ontológico e mecanicista e ainda menos da enganadora noção
significa a estrutura de um momento constitutivo do segundo a qual é finalidade da técnica a concepção
ser-no-mundo." de utensílios e máquinas".
IV."O homem se mostra como um ente que é no In: SPENGLER, Oswald. O homem e a técnica. 2.ed. Trad.
discurso". João Botelho. Lisboa: Guimarães Editores, 1993, p.39.
V."O modo de ser da abertura se forma na Analise as proposições abaixo.
disposição, compreensão e discurso. O modo de ser I. Para Spengler, a técnica é um fenômeno
cotidiano da abertura se caracteriza pelo falatório, estritamente humano.
curiosidade e ambiguidade." II. Conforme o filósofo Martin Heidegger, a técnica
a) Apenas a citação IV não é de Heidegger. de máquinas até agora é o fenômeno mais visível da
b) Somente as citações II e V são de Heidegger. essência da técnica moderna, a qual é idêntica à
c) Somente as citações I e III são de Heidegger. essência da metafísica moderna.
d) Somente a citação IV é de Heidegger. III. Habermas e Marcuse partilham da mesma
e) Todas as citações são de Heidegger. perspectiva em relação à técnica, pois ambos creem
que a superação da técnica está no âmbito do
A primeira citação, "O ser é sempre o ser de um trabalho e das relações de produção.
ente", é uma das ideias fundamentais do pensamento IV. Para Heidegger, a técnica tradicional e a técnica
heideggeriano, que se concentra na investigação do moderna são formas de desencobrimento.
ser dos entes (ou seres) que povoam o mundo ao V. Para Ortega y Gasset, entre a pedra usada pelo
nosso redor. homem primitivo e a máquina mais moderna há uma
diferença de qualidade, não de grau.
A segunda citação, "Um ente só poderá tocar um a) Todas as alternativas são verdadeiras.
outro ente simplesmente dado dentro do mundo se, b) Somente as alternativas II, IV e V são verdadeiras.
por natureza, tiver o modo do ser-em, se, com sua c) Somente as alternativas I, II, III e V são
pre-sença, já se lhe houver sido descoberto um verdadeiras.
mundo", também se refere ao conceito de "ser-em" d) Somente as alternativas II e IV são
(Dasein, em alemão), que é o modo particular de verdadeiras.
existência humana no mundo e que Heidegger e) Somente as alternativas II, III e V são verdadeiras.
explora em sua obra.
A proposição II é verdadeira, pois Heidegger associa
A terceira citação, "Mundanidade é um conceito a essência da técnica moderna à essência da
ontológico e significa a estrutura de um momento metafísica moderna, ambas voltadas para o domínio
constitutivo do ser-no-mundo", está relacionada à e controle da natureza.
ideia de que o ser humano não pode ser pensado de
forma isolada, mas sempre em relação ao mundo que A proposição IV é verdadeira, pois Heidegger
o cerca e que o constitui como ser-no-mundo. argumenta que tanto a técnica tradicional quanto a
técnica moderna são formas de desencobrimento, ou
A quarta citação, "O homem se mostra como um seja, de revelação da natureza e dos entes que a
ente que é no discurso", não é exclusivamente compõem.
heideggeriana, mas ainda pode ser considerada uma
ideia compatível com o pensamento do filósofo, que 693. Tendo em vista a compreensão da técnica como
forma de verdade dominante na experiência histórica
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busca o entendimento do conceito de ser, que para a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
ele era um termo filosoficamente vazio na reflexão b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
filosófica contemporânea. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
Qual das proposições abaixo não pode ser associada d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
ao tratamento do ser em Heidegger? e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
a) O Ser-aí possui consciência de sua realidade.
b) Na noção do Ser-aí, não há relação entre a A passagem do texto de Arendt sugere que o
essência e a existência. surgimento do totalitarismo é resultado de uma crise
c) Ser-no-mundo envolve relações de ser com os das autoridades e das tradições na sociedade
outros, os quais também são seres-no-mundo. contemporânea e que o totalitarismo surge a partir
d) Para o entendimento do significado de ser, não dessa crise dos sistemas políticos tradicionais. As
bastaria retornar à linguagem aristotélica, é preciso afirmativas II e III estão incorretas, pois o
buscar a dos pré-socráticos. totalitarismo é justamente marcado pelo excesso de
e) O significado do ser necessita da compreensão de autoridade do partido único e pela supressão de
um ente que Heidegger designa como Ser-aí. outras formas de poder e autoridade na sociedade.
A proposição que não pode ser associada ao 697. A cultura relaciona-se com objetos e é um
tratamento do ser em Heidegger é a letra b) "Na fenômeno do mundo; o entretenimento relaciona-se
noção do Ser-aí, não há relação entre a essência e a com pessoas e é um fenômeno da vida. Um objeto é
existência". Para Heidegger, a relação entre essência e cultural na medida em que pode durar; sua
existência é fundamental na compreensão do Ser-aí, durabilidade é o contrário mesmo da funcionalidade,
que é sempre um ser concreto e situado no mundo. que é a qualidade que faz com que ele novamente
O Ser-aí é essencialmente existência e sua existência desapareça do mundo fenomênico ao ser usado e
é sua essência. Ele também defende que o ser não consumido. O grande usuário e consumidor de
pode ser reduzido a uma simples soma de essência e objetos é a própria vida, a vida do indivíduo e a vida
existência. da sociedade como um todo. A vida é indiferente à
qualidade de um objeto enquanto tal; ela insiste em
4. HANNAH ARENDT que toda coisa deve ser funcional, satisfazer alguma
necessidade. A cultura é ameaçada quando todos os
696. A ascensão de movimentos políticos, com o objetos e coisas seculares, produzidos pelo presente e
intento de substituir o sistema partidário, e o pelo passado, são tratados como meras funções do
desenvolvimento de uma nova forma totalitária de processo vital da sociedade, como se aí estivessem
governo tiveram lugar contra o pano de fundo de somente para satisfazer alguma necessidade.
uma quebra mais ou menos geral e mais ou menos (ARENDT, H. A Crise na Cultura: sua importância social e
dramática de todas as autoridades tradicionais. Em política. In: ARENDT, H. Entre o Passado e o Futuro. São
parte, alguma essa quebra foi resultado dos próprios Paulo: Perpectiva, 2009. p.260.)
regimes ou movimentos; antes era como se o Com base nessas reflexões, considere as afirmativas a
totalitarismo, tanto na forma de movimentos como seguir.
de regimes, fosse o mais apto a tirar proveito de uma I. Se a sociedade de massas é uma sociedade de
atmosfera política e social geral em que o sistema de consumidores e levando em conta a caracterização
partidos perdera seu prestígio e a autoridade do da autora sobre a cultura, o termo “cultura de
governo não era mais reconhecida. massas” seria contraditório.
(ARENDT, H. Que é Autoridade? In: ARENDT, H. Entre o II. Da mesma forma que tem necessidade do
Passado e o Futuro. São Paulo: Perspectiva, 2009. p.128.) trabalho e da alimentação, a vida tem necessidade da
Sobre essa passagem, considere as afirmativas a arte.
seguir. III. A arte deve ser transformada para que todos
I. O surgimento do totalitarismo é fruto de uma crise possam consumi-la.
da autoridade e da tradição na sociedade IV. A arte é um dos elementos que garantem a
contemporânea. continuidade de um mundo.
II. O surgimento de regimes totalitários, como Assinale a alternativa correta.
nazismo e stalinismo, ilustra o auge da autoridade no a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
mundo contemporâneo. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
III. O totalitarismo é marcado pelo excesso de c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
autoridade de alguns partidos. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
IV. O totalitarismo surge a partir de uma crise dos e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
sistemas políticos tradicionais.
Assinale a alternativa correta.
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A afirmativa I está correta porque, de acordo com a A partir da análise da autora, pode-se inferir que a
reflexão de Hannah Arendt, a cultura é ameaçada crítica é direcionada à naturalização da segregação
quando todos os objetos são tratados apenas como humana, que fundamenta os projetos biopolíticos.
funções do processo vital da sociedade. A cultura, Arendt argumenta que a atmosfera de irrealidade
por sua vez, é o oposto do consumo de massa, pois a criada pelos campos de concentração e sua aparente
cultura implica a produção de objetos que não têm ausência de propósito obscurecem a realidade de que
apenas uma função utilitária, mas também uma esses campos são lugares onde a vida é separada das
dimensão simbólica e estética. finalidades deste mundo e onde os detentos são
reduzidos a objetos a serem descartados ou
Já a afirmativa IV está correta porque a arte é um dos exterminados.
elementos que garantem a continuidade de um
mundo, uma vez que a arte permite a transmissão de Assim, a crueldade que emerge dos campos de
valores, ideias e conhecimentos entre gerações. Além concentração é resultado da aceitação da segregação
disso, a arte contribui para a criação de uma memória humana como uma solução perfeitamente normal
coletiva e para a construção da identidade cultural de para os projetos biopolíticos. Em outras palavras, a
uma sociedade. naturalização da segregação humana como um meio
para atingir objetivos políticos e ideológicos leva à
As afirmativas II e III estão incorretas porque a desumanização dos indivíduos e justifica a violência
afirmativa II generaliza as necessidades da vida, não extrema contra eles. Portanto, a resposta correta é a
considerando a diversidade de contextos e alternativa D) segregação humana, que fundamenta
experiências. A arte não é uma necessidade vital para os projetos biopolíticos.
todas as pessoas em todas as circunstâncias. Já a
afirmativa III parte do pressuposto equivocado de 699. Pois a política (de acordo com o liberalismo)
que a arte precisa ser transformada para ser deve ocupar-se quase que exclusivamente com a
consumida por todos, o que não é necessariamente manutenção da vida e a salvaguarda de seus
verdade. A arte pode ser acessível a todos, sem interesses. Ora, onde a vida está em jogo, toda a ação
perder sua qualidade estética e simbólica. se encontra, por definição, sob o jugo da
necessidade, e o âmbito adequado para cuidar das
698. Essa atmosfera de loucura e irrealidade, criada necessidades vitais é a gigantesca e sempre crescente
pela aparente ausência de propósitos, é a verdadeira esfera da vida social e econômica, cuja administração
cortina de ferro que esconde dos olhos do mundo tem obscurecido o âmbito político desde os
todas as formas de campos de concentração. Vistos primórdios da época moderna. Contudo, a liberdade
de fora, os campos e o que neles acontece só podem é a “razão de ser” da política.
ser descritos com imagens extraterrenas, como se a (Adaptado de: ARENDT, H. Que é Liberdade? In: ARENDT,
vida fosse neles separada das finalidades deste H. Entre o Passado e o Futuro. São Paulo: Perspectiva, 2009.
p.202.)
mundo. Mais que o arame farpado, é a irrealidade
Sobre a crítica à descrição do papel da política pelo
dos detentos que ele confina que provoca uma
liberalismo, considere as afirmativas a seguir.
crueldade tão incrível que termina levando à
I. O liberalismo faz da política um instrumento da
aceitação do extermínio como solução perfeitamente
sociedade.
normal.
ARENDT, H. Origens do totalitarismo. São Paulo: Cia. das II. A vida social é uma exigência do processo vital.
Letras, 1989 (adaptado). III. A política é a expressão da liberdade e assim
A partir da análise da autora, no encontro das supera a simples administração da vida.
temporalidades históricas, evidencia-se uma crítica à IV. A política é, como a alimentação, o divertimento
naturalização do(a) e o descanso, uma exigência do processo vital.
A) ideário nacional, que legitima as desigualdades Assinale a alternativa correta.
sociais. a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
B) alienação ideológica, que justifica as ações b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
individuais. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
C) cosmologia religiosa, que sustenta as tradições d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
hierárquicas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
D) segregação humana, que fundamenta os
projetos biopolíticos. A afirmativa I está correta, pois o liberalismo
E) enquadramento cultural, que favorece os entende que a política é um instrumento a serviço da
comportamentos punitivos. sociedade. A afirmativa II também está correta, uma
vez que a vida social é uma exigência do processo
vital, já que os seres humanos são seres sociais e
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dependem da interação com outros indivíduos para d) a linguagem, o labor e o trabalho e são designadas
sobreviver. Já a afirmativa III também está correta, pela expressão homo laborans.
pois a política é uma das formas de expressão da e) a política, a linguagem e o trabalho e são
liberdade, sendo que sua função vai além da simples designadas pela expressão zoon politikon.
administração da vida. A afirmativa IV está incorreta,
pois a política não é uma exigência do processo vital De acordo com Hannah Arendt, a condição humana
da mesma forma que a alimentação, o divertimento e é composta por três atividades fundamentais que são
o descanso. distintas, mas estão interconectadas: o labor, o
trabalho e a ação. O labor é a atividade relacionada às
700. Na percepção dos antigos (gregos e romanos), o necessidades básicas de sobrevivência do indivíduo,
caráter privativo da vida privada, indicado pela como comer, beber, dormir, etc. O trabalho, por sua
própria palavra, era sumamente importante: vez, é a atividade relacionada à produção de bens
significava literalmente um estado de encontrar-se duráveis, que permitem a criação de um mundo
privado de alguma coisa, até das mais altas e mais artificial e são passíveis de acumulação. Já a ação é a
humanas capacidades do homem. Quem quer que atividade relacionada à interação entre os indivíduos
vivesse unicamente uma vida privada – um homem na esfera pública, visando a construção de um
que, como o escravo, não fosse admitido para mundo comum.
adentrar o domínio público ou que, como o bárbaro,
tivesse escolhido não estabelecer tal domínio – não 702. Antes que se tornasse um atributo do
era inteiramente humano. pensamento ou uma qualidade da vontade, a
(ARENDT, H. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense liberdade era entendida como o estado do homem
Universitária, 2010. p.46.) livre, que o capacitava a se mover, a se afastar de casa
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o e sair para o mundo e a se encontrar com outras
tema, assinale a alternativa correta. pessoas em palavras e ações. Essa liberdade, é claro,
a) A vida pública dispensa a vida privada. era precedida da liberação: para ser livre o homem
b) A manutenção de relações políticas com deve ter-se libertado das necessidades da vida [...] A
outros homens foi, entre gregos e romanos, a liberdade necessitava ainda da companhia de outros
condição para uma humanidade plena. homens que estivessem no mesmo estado.
c) O homem, diferentemente do animal, tem uma
vida social que lhe permite criar hierarquias H. Arendt
desvinculadas do No parágrafo acima, a autora
caráter político. a) descreve a noção kantiana de liberdade como
d) O surgimento da sociedade marca o abandono das autonomia da vontade, ou seja, como regra que cada
atividades privadas. indivíduo dá a si mesmo.
e) Para os antigos, o domínio público era b) contrasta as noções de liberdade em Hobbes e
estabelecido naturalmente onde quer que se Rousseau, privilegiando a visão política deste último.
encontrem homens. c) ressalta a inovação que representa a noção cristã
de liberdade em relação à tradição grega.
O texto afirma que, para os antigos, viver apenas d) descreve a noção generalizada a partir da
uma vida privada não era considerado humano, ou modernidade que identifica liberdade com a vitória
seja, para ser considerado plenamente humano era da vontade sobre o desejo.
necessário participar da vida pública, estabelecer e) apresenta a noção de liberdade como uma
relações políticas com outros homens e criar laços experiência política cujo domínio não era a
sociais que ultrapassavam o âmbito privado. consciência, mas a esfera pública.
Portanto, a vida pública não dispensa a vida privada,
mas é uma complementação necessária para a A autora destaca que, antes de ser entendida como
realização plena da humanidade. um atributo do pensamento ou uma qualidade da
vontade, a liberdade era compreendida como um
701. Segundo o livro A Condição Humana, de estado do homem livre que lhe permitia se mover e
Hannah Arendt, as três atividades humanas se encontrar com outros em palavras e ações na
fundamentais são esfera pública. Além disso, ela enfatiza a importância
a) a fabricação, o trabalho e a ação e são designadas da liberação das necessidades da vida para que o
pela expressão homo faber. homem possa ser livre e ressalta que a liberdade
b) o labor, o trabalho e a ação e são designadas necessita da companhia de outros homens que
pela expressão vita activa. estejam no mesmo estado.
c) o jogo, o labor e o trabalho e são designadas pela
expressão homo ludens.
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703. Hannah Arendt abre A condição humana com a fim de modo impossível de parar. “Nas profundezas
seguinte declaração: Em 1957, um objeto terrestre, de seu coração, ele sabia estar morrendo, mas em vez
feito pela mão do homem, foi lançado ao universo, de se acostumar com a ideia, simplesmente não o
onde durante algumas semanas girou em torno da fazia e não conseguia compreendê-la”.
Terra segundo as mesmas leis de gravitação que KAZEZ, J. O peso das coisas: filosofia para o bem-
governam o movimento dos corpos celestes - o Sol, viver. Rio de Janeiro: Tinta Negra, 2004.
a Lua e as estrelas. É verdade que o satélite artificial O texto descreve a experiência do personagem de
não era nem lua nem estrela; não era um corpo Tolstoi diante de um aspecto incontornável de
celeste que pudesse prosseguir em sua órbita circular nossas vidas. Esse aspecto foi um tema central na
por um período de tempo que para nós, mortais tradição filosófica
limitados ao tempo da Terra, durasse uma A) marxista, no contexto do materialismo histórico.
eternidade. Ainda assim, pôde permanecer nos céus B) logicista, no propósito de entendimento dos fatos.
durante algum tempo; e lá ficou, movendo-se no C) utilitarista, no sentido da racionalidade das ações.
convívio dos astros como se estes o houvessem D) pós-modernista, na discussão da fluidez das
provisoriamente admitido em sua sublime relações.
companhia. E) existencialista, na questão do
ARENDT, H. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense reconhecimento de si.
Universitária, 2001, p. 9
Assinale a alternativa abaixo que NÃO fornece uma O texto descreve a experiência da morte iminente e a
explicação desse fato, de acordo com as ideias da dificuldade do personagem em aceitá-la, o que
autora: remete diretamente à tradição filosófica
a) Segundo Hanna Arendt, o homem, por meio de existencialista, que enfatiza a importância do
uma de suas condições mais essenciais, o trabalho, reconhecimento da finitude e da mortalidade como
seria capaz de rivalizar artificialmente com as leis condições fundamentais da existência humana.
eternas da natureza. Portanto, a alternativa correta é a letra E.
b) O objeto lançado ao espaço pela primeira vez
demonstra não apenas a capacidade do homem de 705. A respeito da filosofia existencialista de Jean-
rivalizar com as leis da natureza, mas também a de Paul Sartre, é correto afirmar que:
separar-se de sua condição natural. A) O homem é o puro agir, e essa liberdade não
c) A autora se utiliza do fato em questão para refletir, conhece nenhuma responsabilidade.
no livro citado, sobre as ações humanas no mundo. B) O homem é dotado de uma natureza humana
d) O fato relatado aponta para a produção do imutável que determina o seu ser.
homem futuro, motivado por uma rebelião contra a C) O homem de início não é nada, ele será
existência humana tal como nos foi dada. aquilo que fizer de si mesmo.
e) O fato em questão, segundo a autora, aponta D) A vida segue um designo superior que submete o
para a única saída possível para o homem depois homem ao destino.
da destruição da Terra, a saber, a possibilidade
de encontrar um novo planeta para morar. Essa é uma das principais ideias da filosofia
existencialista de Jean-Paul Sartre, que enfatiza a
A autora não menciona essa possibilidade em liberdade humana como a possibilidade de criar a si
nenhum momento do texto. Em vez disso, ela utiliza mesmo a cada momento, sem estar determinado por
o fato de um objeto terrestre feito pelo homem ter uma natureza humana ou um destino pré-
sido lançado ao espaço para refletir sobre a condição determinado. Sartre também defende a ideia de que o
humana, a separação do homem de sua condição homem é responsável por suas escolhas e ações, e
natural e a capacidade do homem de rivalizar com as que a liberdade implica em assumir essa
leis da natureza. Ela argumenta que, ao produzir responsabilidade.
artefatos e objetos, o homem cria um mundo
artificial que rivaliza com o mundo natural e que essa 706. Mas se verdadeiramente a existência precede a
capacidade de produção é uma das condições mais essência, o homem é responsável por aquilo que é.
essenciais da humanidade. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de
pôr todo homem no domínio do que ele é e de lhe
4. SARTRE atribuir a total responsabilidade da sua existência. E,
quando dizemos que o homem é responsável por si
704. Em A morte de Ivan Ilitch, Tolstoi descreve com próprio, não queremos dizer que o homem é
detalhes repulsivos o terror de encarar a morte responsável pela sua restrita individualidade, mas que
iminente. Ilitch adoece depois de um pequeno é responsável por todos os homens. [...] Assim, a
acidente e logo compreende que se encaminha para o nossa responsabilidade é muito maior do que
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poderíamos supor, porque ela envolve toda a possam legitimar a nossa conduta. [...] Estamos
humanidade. condenados a ser livres. Estamos sós, sem desculpas.
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. É o que posso expressar dizendo que o homem está
Trad. Vergílio Ferreira. Lisboa: Presença, 1970. condenado a ser livre. Condenado, porque não se
Conforme o texto é correto afirmar que, para o criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma
existencialismo, vez que foi lançado no mundo, é responsável por
A) o homem não é responsável por todos os seus tudo o que faz.
atos, pois a sociedade o limita. SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo.
B) a humanidade é responsável pelo fato de os 3ª. ed. S. Paulo: Nova Cultural, 1987.
homens não terem plena liberdade. a) Se a essência do homem, para Sartre, é a liberdade,
C) a sociedade limita as pessoas, logo não somos então jamais o homem pode ser, em sua existência,
responsáveis por nossas ações. condenado a ser livre, o que seria, na verdade, uma
D) a responsabilidade não é restrita ao contradição.
indivíduo, estende-se a toda humanidade. b) A liberdade, em Sartre, determina a essência da
natureza humana que, concebida por Deus, precede
Conforme o texto de Sartre, para o existencialismo, a necessariamente a sua existência.
existência precede a essência, o que significa que o c) Para Sartre, a liberdade é a escolha
homem é responsável por aquilo que é. Nesse incondicional, à qual o homem, como existência
sentido, a responsabilidade do homem é total e já lançada no mundo, está condenado, e pela
envolve toda a humanidade, e não apenas sua restrita qual projeta o seu ser ou a sua essência.
individualidade. Portanto, a alternativa correta é a d) O Existencialismo é, para Sartre, um Humanismo,
letra D: "a responsabilidade não é restrita ao porque a existência do homem depende da essência
indivíduo, estende-se a toda humanidade". O texto de sua natureza humana, que a precede e que é a
de Sartre enfatiza que a liberdade do homem é total, liberdade.
e que ele é responsável por suas escolhas e ações,
inclusive as que afetam outras pessoas e a Essa máxima do existencialismo é relacionada à ideia
humanidade como um todo. de que a existência precede a essência, pois o homem
não possui uma natureza humana dada e definida, e
707. Para J.P. Sartre, o conceito de “para-si” diz res- sim é livre para criar sua própria essência através das
peito escolhas que faz. Além disso, a ideia de que o
a) a uma criação divina, cujo agir depende de homem está condenado a ser livre está relacionada à
princípio metafísico regulador. noção de que não há determinismo ou valores pré-
b) apenas à pura manutenção do ser pleno, estabelecidos que possam legitimar a sua conduta.
completo, da totalidade no seio do que é.
c) ao nada, na medida em que ele se especifica 709. Dostoiévski escreveu: “Se Deus não existisse,
pelo poder nadificador que o constitui. tudo seria permitido”. Eis o ponto de partida do
d) a algo empastado de si mesmo e, por isso, não se existencialismo. De fato, tudo é permitido se Deus
pode realizar, não se pode afirmar, porque está cheio, não existe, e, por conseguinte, o homem está
completo. desamparado porque não encontra nele próprio nem
fora dele nada a que se agarrar. Para começar, não
O conceito de "para-si" em Sartre é o da consciência encontra desculpas.
humana, que se caracteriza por ser sempre livre e SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um humanismo.
consciente de sua própria existência, mas também Trad. De Rita Correia Guedes. São Paulo: Nova Cultural.
pela sua finitude e pela constante possibilidade de ser Tomando o texto acima como referência, marque a
aniquilada pelo nada. alternativa correta.
a) Nesse texto, Sartre quer mostrar que sua
708. Leia o excerto abaixo e assinale a alternativa que teoria da liberdade pressupõe que o homem é
relaciona corretamente duas das principais máximas sempre responsável pelas escolhas que faz e que
do existencialismo de Jean-Paul Sartre, a saber: nenhuma desculpa deve ser usada para justificar
I. “a existência precede a essência” qualquer ato.
II. “estamos condenados a ser livres” b) O existencialismo é uma doutrina que propõe a
Com efeito, se a existência precede a essência, nada adoção de certos valores como liberdade e angústia.
poderá jamais ser explicado por referência a uma Para o existencialismo, a liberdade significa a total
natureza humana dada e definitiva; ou seja, não existe recusa da responsabilidade.
determinismo, o homem é livre, o homem é c) Defender que “tudo é permitido” significa que o
liberdade. Por outro lado, se Deus não existe, não homem não deve assumir o que faz, pois todos os
encontramos já prontos, valores ou ordens que
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homens são essencialmente determinados por forças pois suas escolhas e ações têm consequências reais
sociais. no mundo. Sartre enfatiza a ideia de que não há
d) Para Sartre, a expressão “tudo é permitido” desculpas ou justificativas para as escolhas que
significa que o homem livre nunca deve considerar fazemos, já que não há uma base moral ou valores
os outros e pode fazer tudo o que quiser, sem absolutos que possam legitimar a nossa conduta.
assumir qualquer responsabilidade.
711. Em seu tratamento da liberdade, Sartre afirma
Sartre argumenta que a inexistência de Deus implica que esta é um projeto e não um dado da realidade,
na falta de uma base absoluta para a moralidade e, sendo necessária uma preocupação com o que o
portanto, o indivíduo é livre para fazer suas escolhas autor chama de má fé.
sem a orientação de uma autoridade divina. No Considerando-se a ideia de má fé e de suas
entanto, essa liberdade vem acompanhada da consequências para a liberdade, é incorreto afirmar:
responsabilidade pelas consequências de suas ações, a) Agir em má fé consiste em viver na seriedade.
sem a possibilidade de se desculpar com a existência b) Agir em má fé representa virar as costas à escolha
de uma lei moral superior. Dessa forma, para Sartre, de si mesmo.
a liberdade não é um meio para evitar a c) Agir em má fé representa uma afirmação do
responsabilidade, mas sim uma condição que torna a sujeito.
responsabilidade inescapável. Assim, a alternativa (a) d) Agir em má fé significa uma fuga à
está correta em relação ao pensamento de Sartre responsabilidade da decisão livre.
exposto no texto. e) Agir em má fé representa identificar-se com o ser.
710. “(...) não encontramos, já prontos, valores ou Agir em má fé não representa uma afirmação do
ordens que possam legitimar a nossa conduta. Assim, sujeito, mas sim uma negação da própria liberdade e
não teremos nem atrás de nós, nem na nossa frente, responsabilidade. É uma forma de se esquivar das
no reino luminoso dos valores, nenhuma justificativa escolhas e das consequências de suas ações, em vez
e nenhuma desculpa. Estamos sós, sem desculpas. É de assumir a própria condição de ser livre. Agir em
o que posso expressar dizendo que o homem está má fé é uma forma de autonegação e não de
condenado a ser livre. Condenado, porque não se afirmação do sujeito.
criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma
vez que foi lançado no mundo, é responsável por 712. “Porém, se realmente a existência precede a
tudo o que faz”. essência, o homem é responsável pelo que é. Desse
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. modo, o primeiro passo do existencialismo é o de
3ª ed. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 9. pôr todo homem na posse do que ele é, de submetê-
Tomando o texto acima como referência, assinale a lo à responsabilidade total de sua existência. Assim,
alternativa correta. quando dizemos que o homem é responsável por si
a) Sartre afirma que o homem está condenado a mesmo, não queremos dizer que o homem é apenas
ser livre e que, por esta razão, deve ser responsável pela sua estrita individualidade, mas que
responsável por tudo o que acontece ao seu ele é responsável por todos os homens.”
redor. (SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São
b) Sartre considera que o homem não é responsável Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 6. Os Pensadores).
por seus atos, “porque não se criou a si mesmo”, Sobre o existencialismo sartreano, assinale o correto.
sendo, por esta razão, totalmente livre. 01) Com o lema “a existência precede a essência”,
c) Ao dizer que “(...) não encontramos, já prontos, Sartre negava haver uma natureza humana; o homem
valores ou ordens que possam legitimar a nossa primeiro existe e posteriormente se define conforme
conduta”, Sartre defende que o existencialismo não suas escolhas e o que decide fazer de si mesmo.
admite qualquer valor, nem a liberdade. 02) O homem, criatura decaída, está lançado à
d) O existencialismo de Sartre defende a tese da própria sorte até encontrar o sentido de sua
absoluta responsabilidade do homem em relação aos existência na graça de Deus, de quem recebeu o
atos que pratica, porque sua moral parte do princípio livre-arbítrio.
de uma liberdade coerente e comprometida com o 04) Diferente das coisas, só o homem é livre, está
bem comum. “condenado a ser livre”, pois nada mais é que seu
projeto; consciente de sua existência, é totalmente
A alternativa correta é a alternativa A, pois Sartre responsável por ela.
afirma que o homem está condenado a ser livre, o 08) O homem, ao delinear seu projeto, o faz na
que significa que a liberdade é uma condição convicção de que o que é bom para si é bom para
inescapável da existência humana. Por isso, o homem todos; a imagem do homem que desejamos ser é, ao
é responsável por tudo o que acontece ao seu redor, mesmo tempo, a imagem do homem como julgamos
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aquilo que ele faz de si mesmo, ou seja, a existência 02) A afirmação “o homem está condenado a ser
precede a essência. Com isso, Sartre busca mostrar livre” é uma contradição, pois não há liberdade onde
que o existencialismo não é uma filosofia há a obrigação de ser livre.
contemplativa e subjetivista, como os comunistas 04) O existencialismo fundamenta a liberdade,
acusavam, mas sim uma filosofia que valoriza a ação independentemente dos valores e das leis da
e a responsabilidade individual. sociedade.
08) Ser livre significa, rigorosamente, ser, pois não há
Jean-Paul Sartre considera que há dois tipos de nada que determine o ser humano, a não ser ele
existencialismo, ou seja, um existencialismo cristão e mesmo.
outro ateu; ambos têm o pressuposto de que a 16) A existência de Deus é necessária, pois, sem ele,
existência precede à essência. Com isso, Sartre o homem deixaria de ser livre.
procura mostrar que há uma unidade fundamental
entre as diversas formas de existencialismo, As opções 04 e 08 estão corretas. A opção 04 está
independentemente de sua orientação religiosa ou correta, pois Sartre defende que a liberdade humana
não religiosa. Para Sartre, a existência precede a é fundamentalmente individual e independente de
essência é um princípio fundamental do quaisquer valores e leis estabelecidos pela sociedade
existencialismo, que se aplica tanto ao ou por alguma instância transcendente. Ou seja, a
existencialismo cristão quanto ao existencialismo liberdade é uma característica intrínseca do ser
ateu. humano, que não pode ser determinada por fatores
externos.
Para Jean-Paul Sartre, o homem está condenado a ser
livre. Condenado porque não se criou a si mesmo, e, Já a opção 08 também está correta, pois para Sartre,
todavia, livre, pois, uma vez lançado no mundo, ele é o ser humano é livre para criar seu próprio sentido e
responsável por tudo o que faz. Com isso, Sartre propósito na vida, sem estar preso a qualquer tipo de
busca mostrar que a liberdade é uma condição determinismo ou destino preestabelecido. Assim, a
fundamental da existência humana e que, ao mesmo liberdade é uma condição básica do ser humano, que
tempo em que é uma dádiva, também é uma tem a capacidade de escolher e agir de acordo com
condenação, uma vez que o homem é responsável seus próprios desejos e interesses, sem estar limitado
por suas escolhas e ações. Para Sartre, a liberdade é o por fatores externos.
que define a essência da existência humana.
716. “Para Sartre, principal representante do
715. “Se Deus não existisse, tudo seria permitido’. existencialismo francês, só as coisas e os animais são
Eis o ponto de partida do existencialismo. De fato, ‘em si’, isto é, teriam uma essência. O ser humano,
tudo é permitido se Deus não existe, e, por dotado de consciência, é um ‘ser-para-si’, ou seja, é
conseguinte, o homem está desamparado porque não também consciência de si. Isso significa que é um ser
encontra nele próprio nem fora dele nada a que se aberto à possibilidade de construir ele próprio sua
agarrar. (...) Com efeito, se a existência precede a existência. Por isso, é possível referir-se à essência de
essência, nada poderá jamais ser explicado por uma mesa (...) ou à essência de um animal (...), mas
referência a uma natureza humana dada ou definitiva; não existe uma natureza humana encontrada de
ou seja, não existe determinismo, o homem é livre, o forma igual em todas as pessoas, pois ‘o ser humano
homem é liberdade. Por outro lado, se Deus não não é mais que o que ele faz’.”
existe, não encontramos, já prontos, valores ou (ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3.ª
ordens que possam legitimar a nossa conduta. Assim, ed. revista. São Paulo: Moderna, 2005. p. 39).
não teremos nem atrás de nós, nem na nossa frente, Com base na citação e nos seus conhecimentos sobre
no reino luminoso dos valores, nenhuma justificativa o existencialismo, assinale o que for correto.
e nenhuma desculpa. Estamos sós, sem desculpas. É 01) As coisas e os animais não têm consciência de si.
o que posso expressar dizendo que o homem está 02) O ser em si não pode ser senão aquilo que é, ao
condenado a ser livre.” passo que, ao ser-para-si, é permitida a liberdade de
(SARTRE, J. P. O existencialismo é um humanismo. Tradução de ser o que fizer de si.
Rita Correia Guedes. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 9) 04) A consciência humana é um fator histórico e
Com base no excerto citado, assinale o que for contingente.
correto. 08) O homem possui uma natureza preestabelecida.
01) O existencialismo é uma filosofia teológica que 16) O existencialismo é uma metafísica de concepção
procura a razão de ser no mundo a partir da moral essencialista.
estabelecida.
As opções 01 e 02 estão corretas. A opção 01 está
correta, pois, de acordo com Sartre, apenas as coisas
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indeterminação de seus atos e que, portanto, é suposição da existência e, portanto, das ordens
indiferente ser responsável ou não pelas ações de Deus.
praticadas.
d) O existencialismo de Sartre é o contrário do Sartre entende que a ausência de Deus implica que o
quietismo, porque defende que a vida humana é homem está condenado a ser livre e responsável por
feita a partir das ações e escolhas que cada ser todas as suas escolhas e ações, sem desculpas ou
humano realiza juntamente com outros homens. justificativas externas. Ele defende que a liberdade é
A vida do homem é um projeto que se realiza em a condição essencial da existência humana e que
plena liberdade. somos responsáveis por criar o nosso próprio
sentido de vida.
Sartre afirma que a vida humana é feita a partir das
ações e escolhas que cada ser humano realiza 721. Qual dos argumentos abaixo caracteriza
juntamente com outros homens, e que a vida do corretamente a relação conceitual entre
homem é um projeto que se realiza em plena existencialismo e liberdade, no pensamento de Jean-
liberdade. Sua doutrina não é uma espécie de Paul Sartre (1905-1980)?
quietismo, mas ao contrário, afirma que a ação é a) O existencialismo de Sartre defende o
essencial para a existência e que o homem é o criador individualismo, isto é, cada um deve preocupar-se
de sua própria realidade através de suas escolhas e exclusivamente com a própria liberdade e ação.
ações. b) O existencialismo de Sartre afirma que se o
homem é livre, consequentemente não é responsável
720. Jean-Paul Sartre (1905 – 1980) encontrou um por aquilo que faz.
motivo de reflexão sobre a liberdade na obra de c) O existencialismo de Sartre afirma que “disciplina
Dostoiévski Os irmãos Karamazov: “se Deus não é liberdade”. O homem livre é aquele que recusa o
existe, tudo é permitido”. A partir daí teceu individualismo para viver o conformismo e a
considerações sobre esse tema e algumas respeitabilidade da tradição.
consequências que dele podem ser derivadas. d) Sartre afirma que o homem nada mais é do
que “seu projeto”, não havendo essência ou
[...] tudo é permitido se Deus não existe e, por modelo para lhe orientar o caminho; está,
conseguinte, o homem está desamparado porque não portanto, irremediavelmente condenado a ser
encontra nele próprio nem fora dele nada a que se livre.
agarrar. Para começar, não encontra desculpas. [...] e) Sartre afirma que a liberdade só possui significado
Estamos sós, sem desculpas. É o que posso no pensamento, na capacidade que o homem tem de
expressar dizendo que o homem está condenado a refletir acerca de sua existência, buscando definir a
ser livre. Condenado, porque não se criou a si natureza e a essência humana.
mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi
lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz. Segundo Sartre, a liberdade é uma característica
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: inerente ao ser humano, e não há essência ou modelo
Nova Cultural, 1987, p. 9 (coleção “Os Pensadores”). preestabelecido que possa orientá-lo em suas
Com base em seus conhecimentos sobre a filosofia escolhas e ações. O homem é livre para criar seus
existencialista de Sartre e nas informações acima, próprios projetos e definir o sentido de sua
assinale a alternativa correta. existência, e essa liberdade é uma condenação, pois
a) Porque entende que somos livres, Sartre defendeu ele é responsável por tudo o que faz e não pode se
uma filosofia não engajada, isto é, uma filosofia que esquivar dessa responsabilidade.
não deve se importar com os acontecimentos sociais
e políticos de seu tempo. 722. “O que significa aqui o dizer-se que a existência
b) Para Sartre, a angústia decorre da falta de fé em precede a essência? Significa que o homem
Deus e não do fato de sermos absolutamente livres primeiramente existe, se descobre, surge no mundo;
ou como ele afirma “o homem está condenado a ser e que só depois se define. O homem, tal como o
livre”. concebe o existencialista, se não e definível, e porque
c) As ações humanas são o reflexo do equilíbrio primeiramente não é nada. Só depois será alguma
entre o livre-arbítrio e os planos que Deus estabelece coisa e tal como a si próprio se fizer. (...) O homem
para cada pessoa, consistindo nisto a verdadeira e, não apenas como ele se concebe, mas como ele
liberdade. quer que seja, como ele se concebe depois da
d) Para Sartre, as ações das pessoas dependem existência, como ele se deseja após este impulso para
somente das escolhas e dos projetos que cada a existência; o homem não e mais que o que ele faz.
um faz livremente durante a vida e não da (...) Assim, o primeiro esforço do existencialismo e o
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de por todo o homem no domínio do que ele e de a) o valor máximo da existência humana é a
lhe atribuir a total responsabilidade de sua existência. liberdade, porque o homem é, antes de mais nada, o
(...) Quando dizemos que o homem se escolhe a si, que tiver projetado ser, estando “condenado a ser
queremos dizer que cada um de nós se escolhe a si livre”.
próprio; mas com isso queremos também dizer que, b) totalmente posto sob o domínio do que ele é, ao
ao escolher-se a si próprio, ele escolhe todos os homem é atribuída a total responsabilidade pela sua
homens. Com efeito, não ha de nossos atos um existência e, sendo responsável por si, é também
sequer que, ao criar o homem que desejamos ser, não responsável por todos os homens.
crie ao mesmo tempo uma imagem do homem como c) o existencialismo sartreano é uma moral da ação,
julgamos que deve ser”. pois o homem se define pelos seus atos e atos, por
Sartre. excelência, livres, ou seja, o “homem não é nada
Considerando a concepção existencialista de Sartre e além do conjunto de seus atos”.
o texto acima, e INCORRETO afirmar que d) o homem é um “projeto que se vive
a) o homem e um projeto que se vive subjetivamente”, pois há uma natureza humana
subjetivamente. previamente dada e predefinida, e, portanto, no
b) o homem e um ser totalmente responsável por sua homem, a essência precede a existência.
existência. e) por não haver valores preestabelecidos, o homem
c) por haver uma natureza humana determinada, deve inventá-los através de escolhas livres, e, como
no homem a essência precede a existência. escolher é afirmar o valor do que é escolhido que é
d) o homem e o que se lança para o futuro e que e sempre o bem, é o homem que, através de suas
consciente deste projetar-se no futuro. escolhas livres, atribui sentido a sua existência.
e) em suas escolhas, o homem e responsável por si
próprio e por todos os homens, porque, em seus De acordo com a concepção existencialista de Sartre,
atos, cria uma imagem do homem como julgamos a existência precede a essência, ou seja, o homem
que deve ser. não possui uma natureza humana previamente dada
e predefinida, e sim se define através de suas escolhas
De acordo com a concepção existencialista de Sartre, e ações livres. Portanto, no homem, a existência vem
a existência precede a essência, o que significa que o antes da essência. As demais alternativas estão
homem não possui uma natureza ou essência pré- corretas de acordo com o pensamento sartreano
determinada, mas é livre para se fazer e se definir exposto no texto citado.
através de suas escolhas e ações. Portanto, não há
uma essência prévia que determine a existência do 724. “Que significa dizer que a existência precede a
homem, e sim a existência que precede a essência. essência? Significa que o homem primeiro existe, se
encontra, surge no mundo, e que se define depois. O
723. “Quando dizemos que o homem se escolhe a si homem, tal como o existencialista o concebe, se não
mesmo, queremos dizer que cada um de nós se é definível, é porque de início ele não é nada. Ele só
escolhe a si próprio; mas com isso queremos será em seguida, e será como se tiver feito. Assim,
também dizer que, ao escolher-se a si próprio, ele não há natureza humana, pois não há Deus para
escolhe todos os homens. Com efeito, não há de concebê-la. O homem é não apenas tal como ele se
nossos atos um sequer que, ao criar o homem que concebe, mas como ele se quer, e como ele se
desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma concebe depois da existência, como ele se quer
imagem do homem como julgamos que deve ser. depois desse impulso para a existência, o homem
Escolher isto ou aquilo é afirmar ao mesmo tempo o nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo.
valor do que escolhemos, porque nunca podemos Tal é o primeiro princípio do existencialismo. É
escolher o mal, o que escolhemos é sempre o bem, e também o que se chama a subjetividade, e que nos
nada pode ser bom para nós sem que o seja para reprovam sob esse mesmo nome (…).
todos. Se a existência, por outro lado, precede a “Mas, se verdadeiramente a existência
essência e se quisermos existir, ao mesmo tempo que precede a essência, o homem é responsável
construímos a nossa imagem, esta imagem é válida por aquilo que ele é. Assim, o primeiro passo
para todos e para a nossa época. Assim, a nossa do existencialismo é colocar todo homem de
responsabilidade é muito maior do que poderíamos posse daquilo que ele é e fazer cair sobre ele a
supor, porque ela envolve toda a humanidade”. responsabilidade total por sua existência. E,
Sartre. quando nós dizemos que o homem é
Considerando o texto citado e o pensamento responsável por si mesmo, não queremos
sartreano, é INCORRETO afirma que dizer que o homem é responsável por sua
estrita individualidade, mas que ele é
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04) O positivismo é esta filosofia nova, pois revoga a 02) A fenomenologia de Merleau-Ponty se contrapõe
ontologia clássica. ao dualismo entre espírito e natureza.
08) Merleau-Ponty privilegia o corpo, pois, através 04) Aliado a Jean-Jacques Rousseau, Merleau-Ponty
dele, o homem constitui-se de uma consciência fática considera o estado de natureza, segundo o qual o
ou concreta. homem é espontaneamente bom e a sociedade o
16) A situação do objeto e do sujeito é relativa, pois a corrompe.
fenomenologia é o retorno à isegoria dos gregos e ao 08) Merleau-Ponty critica as teses do intelectualismo
“meio termo” de Aristóteles. racionalista, segundo o qual o homem é um conceito
abstrato idealista.
As opções 01, 02 e 08 estão corretas. A 16) Merleau-Ponty confunde homem e máquina.
fenomenologia é uma corrente filosófica que se
desenvolveu no século XX e que se propõe a As opções 01, 02 e 08 estão corretas. Merleau-Ponty
investigar a experiência imediata das coisas, critica as teses do fisiologismo mecanicista, que reduz
buscando compreender como as coisas se o homem a uma mera máquina biológica governada
apresentam para nós, sem nos preocuparmos com a por leis mecânicas. Para ele, o homem não pode ser
existência objetiva delas. Assim, a fenomenologia explicado apenas a partir da causalidade da matéria,
critica as distinções clássicas entre alma e corpo, mas deve ser considerado em sua totalidade,
sujeito e objeto, matéria e espírito, coisa e envolvendo tanto aspectos biológicos quanto
representação, entre outras. culturais.
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buscar um fundamento transcendente para suas já constituído, mas também não está nunca
operações. completamente constituído.
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B) da educação estética. algo, como Deus, que não podia ser pensado direito”
C) da investigação lógica da linguagem. e “sobre o que não se pode falar, deve-se ficar
D) da atitude científica. calado”. Com base nessas teses fundamentais do
E) do engajamento político. pensamento de Wittgenstein, pode-se interpretar sua
filosofia como
De acordo com o trecho citado, o hábito mental em a) a busca pela clareza na filosofia, evitando-se
questão é o de "admitir" coisas sem questioná-las ou temas metafísicos.
verificar se são verdadeiras ou não. Russell b) o fundamento da censura no mundo moderno,
argumenta que esse hábito leva à preguiça mental e uma vez que inibe o livre pensamento.
pode levar ao desastre. Portanto, a solução proposta c) uma tentativa de combater o nazismo e suas ideias
por Russell deve estar relacionada a uma abordagem absurdas, indizíveis.
que incentiva a investigação lógica e racional da d) uma tentativa de transformar o debate filosófico
realidade. Dentre as opções apresentadas, a atitude num debate retórico.
científica é a que melhor se encaixa nesse sentido, já
que a ciência busca entender o mundo através da A filosofia de Wittgenstein é conhecida por sua
observação, experimentação e análise lógica e busca pela clareza na linguagem e na filosofia. Ele
racional dos dados. Portanto, a resposta correta é a argumentava que muitos dos problemas filosóficos
letra D) da atitude científica. surgem de confusões e mal-entendidos na linguagem.
Portanto, a resposta correta é a letra a) a busca pela
4. WITTGENSTEIN clareza na filosofia, evitando-se temas metafísicos.
734. Nas Investigações Filosóficas, Wittgenstein Wittgenstein defendia que o papel da filosofia é
considera uma linguagem que se refere apenas às esclarecer os conceitos e ideias que são fundamentais
experiências privadas de um falante, que só este pode para a compreensão do mundo e da realidade. Ele
conhecer. Em sua análise, Wittgenstein conclui que acreditava que muitos dos problemas filosóficos
essa linguagem privada surgiam de confusões na linguagem e que a solução
A) pode ser traduzida em uma linguagem pública. para esses problemas estava em esclarecer o uso das
B) é a primeira linguagem que aprendemos. palavras e dos conceitos. Wittgenstein também era
C) é inteligível apenas ao próprio falante. crítico da metafísica, alegando que muitos dos
D) não é uma linguagem possível. problemas metafísicos surgiam de mal-entendidos na
E) é a linguagem das leis do pensamento. linguagem e que, portanto, não podiam ser
resolvidos por meio de argumentos ou teorias
Na obra "Investigações Filosóficas", Wittgenstein filosóficas.
argumenta contra a ideia de que há uma linguagem
privada, ou seja, uma linguagem que se refere apenas 736. Sobre Wittgenstein e sua Filosofia é correto
às experiências privadas de um falante que só este afirmar:
pode conhecer. Wittgenstein conclui que essa A) Defende que a tarefa da crítica consiste em
suposta linguagem privada não é uma linguagem examinar os limites da razão teórica e estabelecer os
possível, pois para que haja uma linguagem é critérios do conhecimento legítimo.
necessário que haja uma comunidade linguística que B) É o responsável pela superação do aristotelismo e
partilhe regras e significados das palavras. Uma pelo advento do conceito moderno de ciência.
linguagem privada seria, portanto, incompreensível C) É considerado o iniciador da corrente
para os outros e para o próprio falante, já que ele não filosófica conhecida como Filosofia Analítica,
seria capaz de verificar se está usando as palavras que tem como interesse a investigação acerca
corretamente. das formas e dos modos de funcionamento da
linguagem.
Assim, a resposta correta é a letra D) não é uma D) A sua obra Tractatus Logicus Philosophicus versa
linguagem possível. Wittgenstein argumenta que toda sobre a relação entre forma lógica da linguagem e a
linguagem é pública e que a comunicação é sempre sua relação com o divino.
feita com base em um acordo prévio entre os E) Estabeleceu a dúvida hiperbólica acerca da
membros da comunidade linguística acerca do uso veracidade das coisas que nos são apresentadas como
das palavras e dos conceitos. verdadeiras.
735. O filósofo judeu Ludwig Wittgenstein (1889- Wittgenstein é considerado um dos fundadores da
1951) afirmava que “tudo que podia ser pensado corrente filosófica conhecida como Filosofia
podia ser dito”. Para ele, “nada pode ser dito sobre Analítica. Essa corrente surgiu no início do século
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XX, principalmente na Inglaterra, e tem como uma C) o problema da Filosofia tem sido o
de suas principais preocupações a análise da desconhecimento das regras ocultas nos jogos de
linguagem. Wittgenstein, em particular, dedicou-se a linguagem.
investigar as formas e modos de funcionamento da D) as proposições da metafísica, da estética, da
linguagem, buscando clarificar o uso das palavras e religião e da ética representam absurdos lógicos.
dos conceitos. Ele argumentava que muitos dos E) os problemas filosóficos não são necessariamente
problemas filosóficos surgem de confusões e mal- falsos, mas, em grande parte, são desprovidos de
entendidos na linguagem e que, portanto, a solução significado lógico e linguístico.
para esses problemas estava em esclarecer o uso das
palavras e dos conceitos. Wittgenstein, ao contrário, defendia que a Filosofia
deveria se concentrar na análise da linguagem, para
Algumas das ideias de Wittgenstein estão presentes esclarecer conceitos e resolver problemas filosóficos
em sua obra "Tractatus Logico-Philosophicus", na que surgem da confusão causada pelo uso
qual ele estabelece uma relação entre a forma lógica inadequado da linguagem. Ele criticava a metafísica,
da linguagem e a sua relação com a realidade. No que se baseia em conceitos vagos e imprecisos, e
entanto, ele posteriormente abandonou muitas considerava que a análise lógica da linguagem era a
dessas ideias e desenvolveu uma nova abordagem chave para evitar os erros filosóficos.
filosófica, presente em sua obra "Investigações
Filosóficas". 739. O que Wittgenstein entendia por “linguagem
privada”, em suas “Investigações Filosóficas”?
737. No Tractatus Logico-Philosophicus, a) Uma linguagem que se refere à verdade sobre o
Wittgenstein trata, dentre outros assuntos, da relação mundo conforme a pessoa o entende.
entre o mundo e a linguagem. b) Uma linguagem cujas palavras se referem ao
Assinale a alternativa que reflete essa relação. que só a pessoa que fala pode conhecer.
a) Posso afirmar o que o mundo é. c) Uma linguagem absolutamente artificial, criada
b) O mundo é a totalidade das coisas, não dos fatos. pela pessoa que fala.
c) Dizer algo do mundo é mostrar algo no mundo. d) Uma linguagem compartilhada somente entre duas
d) Posso descrever o mundo dentro dos limites pessoas que conversam.
da minha linguagem, e esta por sua vez é e) Uma linguagem incapaz de expressar sensações
limitada pelo mundo. íntimas.
e) Na linguagem, a significação de uma expressão
qualquer sobre o mundo deve repousar na verdade. Em suas "Investigações Filosóficas", Wittgenstein
utiliza o termo "linguagem privada" para se referir a
Segundo Wittgenstein, a linguagem tem limites que uma linguagem que se refere apenas às experiências
correspondem aos limites do mundo. Isso significa privadas de um falante, que só ele pode conhecer.
que a linguagem é capaz de descrever apenas aquilo Portanto, a alternativa correta é a letra b): "Uma
que é possível experienciar no mundo e que, linguagem cujas palavras se referem ao que só a
portanto, a realidade não pode ser totalmente pessoa que fala pode conhecer". Wittgenstein
expressa através da linguagem. A linguagem é argumentava que, nesse caso, não há critérios
limitada pelo mundo, mas ao mesmo tempo, é capaz objetivos para verificar se as palavras usadas pelo
de descrevê-lo dentro desses limites. falante se referem a algo real, e por isso essa
linguagem é problemática e pode levar a solipsismo.
738. Ludwig Wittgenstein influenciou decisivamente
a Filosofia da Linguagem contemporânea, também 4. ESCOLA DE VIENA
identificada como Filosofia Analítica. Da obra
“Tratado lógico-filosófico”, uma das afirmações mais 740. Os pensadores do Círculo de Viena pensavam
célebres é: “Sobre aquilo de que não se pode falar, que:
devemos calar”. Sobre tal argumento, está a) A realidade só pode ser explicada por meio da
INCORRETO concluir que metafísica.
A) a análise da linguagem é a mais eficiente para b) O empirismo deveria ser rejeitado por ser
resolver os problemas filosóficos. prejudicial ao desenvolvimento da ciência.
B) a tarefa da Filosofia consiste mais em c) Era preciso retomar o ideal clássico e partir
construir teorias metafísicas do que em elaborar da base empírica para se construir uma teoria do
métodos de análise. conhecimento.
d) O conhecimento deve partir de uma abstração dos
fatos.
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Bachelard argumenta que a opinião é baseada na I. Um realista acredita ter o real a seu favor, o que lhe
utilidade dos objetos, ou seja, ela designa os objetos coloca em vantagem.
em função do seu uso prático e imediato, impedindo- II. A certeza de um realista é oriunda de uma alegria
nos de conhecer suas características e propriedades avarenta.
essenciais. Assim, a opinião está sempre errada na III. O realista se enquadra em um complexo
medida em que ela não é capaz de nos proporcionar psicanalítico chamado Harpagon.
um conhecimento preciso e rigoroso dos objetos e IV. Em detrimento às suas afirmações, um realista é
fenômenos que nos rodeiam. A ciência, por outro perdulário com as suas ideias.
lado, busca conhecer os objetos em si mesmos, Está CORRETO, segundo a perspectiva de
independentemente de sua utilidade imediata, e por Bachelard, apenas o exposto em:
isso pode legitimar ou não a opinião em determinada A) I, II e IV
questão, mas sempre por motivos diversos daqueles B) II, III e IV
que dão origem à opinião. C) I, III e IV
D) I, II e III
744. Bachelard, em seu livro A formação do espírito E) I, II, III e IV
científico: contribuição para uma psicanálise do
conhecimento diz que nada prejudicou tanto o De acordo com Bachelard, o realismo é a única
progresso do conhecimento científico quanto a falsa filosofia inata, o que significa que o realista acredita
doutrina do geral, que dominou de Aristóteles a ter o real a seu favor, o que lhe coloca em vantagem
Bacon, inclusive, e que continua sendo, para muitos, (afirmação I). Essa certeza do realista é oriunda de
uma doutrina fundamental do saber. Segundo uma alegria avarenta, que tem como objetivo
Bachelard, o conhecimento geral se refere preservar e acumular essa vantagem que ele acredita
A) ao conhecimento de várias áreas. possuir (afirmação II).
B) a um fracasso do empirismo inventivo.
C) à pesquisa ampla de um único assunto. Além disso, Bachelard faz uma analogia entre o
D) à generalidade de conhecimentos científicos. comportamento do realista e o personagem
E) ao exame cuidadoso de todas as seduções da Harpagon, da peça "O Avarento" de Molière. Assim,
facilidade. o realista se enquadra em um complexo psicanalítico
chamado Harpagon, que é caracterizado pela avareza
Bachelard critica a falsa doutrina do geral que e pelo apego excessivo ao dinheiro (afirmação III).
dominou de Aristóteles a Bacon e continua sendo
uma doutrina fundamental para muitos. Ele 746. Bachelard, em seu livro A formação do espírito
argumenta que essa doutrina leva a um científico: contribuição para uma psicanálise do
conhecimento que se limita a generalidades, sem conhecimento diz que o real é antes de tudo um
explorar a singularidade e complexidade dos alimento. Analogamente, podemos considerar como
fenômenos. Para Bachelard, é preciso superar essa representativo da digestão do conhecimento do ser
visão limitada e adotar um empirismo inventivo, que humano
se preocupa em investigar e explorar as A) a opinião sobre o real.
particularidades dos fenômenos para construir um B) a interpretação do real.
conhecimento mais profundo e verdadeiro. A C) o ceticismo acerca do real.
pesquisa ampla de um único assunto e o exame D) a tomada de posse do real.
cuidadoso das seduções da facilidade também são E) a conjuntura que abrange o real.
abordagens importantes para a construção do
conhecimento científico, mas não se referem Segundo Bachelard, o processo de digestão do
diretamente à crítica de Bachelard à doutrina do conhecimento humano pode ser representado pela
geral. tomada de posse do real. Isso significa que, assim
como no processo de digestão de alimentos, o
745. O realismo foi um movimento artístico e conhecimento deve ser assimilado e integrado pelo
literário surgido nas últimas décadas do século XIX. sujeito, de modo que ele possa "possuir" o que foi
Bachelard afirma em seu livro A formação do aprendido. Portanto, a alternativa correta seria a letra
espírito científico: contribuição para uma psicanálise D, que se refere à tomada de posse do real. As outras
do conhecimento que o realismo pode, com razão, opções, como a opinião, a interpretação, o ceticismo
ser considerado a única filosofia inata. Baseando-se e a conjuntura, podem ter algum papel no processo
no exposto conforme Bachelard, analise as de aquisição do conhecimento, mas não representam
afirmações a seguir: de maneira tão direta e abrangente a digestão do
conhecimento, como defendido por Bachelard.
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IV. Se as teorias científicas são falseáveis, elas podem difíceis de serem refutadas, o que diminui sua
ser superadas. cientificidade.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. A afirmativa III também está correta, já que a
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. proibição de certos fatos possibilita o falseamento de
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. uma teoria, o que é um critério fundamental para sua
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. cientificidade.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
755. Popper negava a afirmação positivista de que os
A afirmativa III está de acordo com a ideia central cientistas podem provar uma teoria por indução, ou
do falsificacionismo de Popper, que defende que por testes empíricos ou por observações sucessivas.
uma teoria científica deve ser falsificável, ou seja,
Segundo ele, nunca se sabe se as observações foram
deve ser possível testá-la e, se ela não se sustentar
diante dos testes, deve ser descartada. Já a afirmativa suficientes, pois a observação seguinte pode
IV segue essa mesma linha de pensamento, já que se contradizer tudo o que a precedeu.
as teorias são falseáveis, elas podem ser superadas e (Adaptado de: HORGAN, J. O Fim da Filosofia. In.
HORGAN, J. O Fim da Ciência. Uma discussão sobre os
substituídas por outras que melhor expliquem os limites do conhecimento científico. São Paulo: Companhia das
fenômenos observados. As afirmativas I e II não Letras, 1998)
estão corretas, pois uma teoria científica não surge Com base no texto e nos conhecimentos acerca da
imediatamente de uma observação e não tem crítica de Karl Popper à concepção positivista de
validade universal apenas por surgir de dados ciência, considere as afirmativas a seguir.
empíricos. I. Popper critica os positivistas por almejarem a
aniquilação da metafísica e também por entenderem
754. Toda teoria científica “boa” é uma proibição: que o propósito da ciência era alcançar enunciados
ela proíbe certas coisas de acontecer. Quanto mais certos e verdadeiros.
uma teoria proíbe, melhor ela é. II. Popper, assim como os positivistas, acredita que a
(POPPER, K. Ciência: conjecturas e refutações. São Paulo: verificabilidade é o critério de demarcação de um
Cultrix, 1972. p.66.)
sistema científico.
Sobre os critérios estabelecidos para configurar a
III. Popper sustenta que, para os positivistas, a
Ciência, considere as afirmativas a seguir.
I. Dizer que alguns fatos podem acontecer não é tão característica distintiva dos enunciados empíricos é a
importante para a teoria quanto afirmar que possibilidade de serem suscetíveis de revisão, isto é,
serem criticados e substituídos por enunciados mais
determinados fatos não podem acontecer.
adequados.
II. Teorias que afirmam de forma vaga certas
possibilidades dificilmente podem ser refutadas, logo IV. Para Popper, contrariamente aos positivistas, as
apresentam pouca cientificidade. observações são incapazes de provar uma teoria; elas
só podem refutá-la.
III. A proibição de certos fatos possibilita o
Assinale a alternativa correta.
falseamento de uma teoria, logo sua cientificidade.
IV. A melhor teoria científica é aquela que está a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
estruturada de modo que resista às refutações. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
Assinale a alternativa correta.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
Popper criticava a concepção positivista de ciência
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
por entender que os cientistas não podem provar
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
uma teoria por indução ou por testes empíricos,
A afirmativa I está correta, já que a proibição de apenas refutá-la. Além disso, ele não almejava a
aniquilação da metafísica, mas sim reconhecia sua
certos fatos é mais importante para uma teoria do
importância na construção das teorias científicas. Em
que a afirmação de que alguns fatos podem
acontecer. Isso ocorre porque, ao proibir certas relação às afirmativas II e III, Popper não
coisas de acontecer, a teoria se torna mais específica considerava a verificabilidade como critério de
demarcação da ciência, e sim a falsificabilidade. E,
e passível de ser refutada pela experiência.
contrariamente aos positivistas, Popper não afirmava
A afirmativa II também está correta, já que teorias que os enunciados empíricos são suscetíveis de
que afirmam de forma vaga certas possibilidades são revisão, mas sim que são passíveis de refutação.
Portanto, somente a afirmativa IV está correta.
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De acordo com o enunciado, e com seus problemas, não matérias: problemas que podem
conhecimentos sobre o tema, qual das alternativas ultrapassar as fronteiras de qualquer matéria ou
abaixo caracteriza a ciência contemporânea para Karl disciplina”.
Popper (1902-1994)? Karl Popper.
a) Para Popper, o que garante a verdade do Assinale a alternativa que não corresponde à
discurso científico é sua condição de concepção de filosofia de Karl Popper.
refutabilidade: quando uma teoria resiste à a) Os problemas filosóficos podem ultrapassar as
refutação, ela é corroborada. Assim, não é a fronteiras da filosofia e implicar soluções
explicação e a justificação de sua teoria que deve interdisciplinares.
preocupar o cientista, mas sim o levantamento b) A filosofia e as demais disciplinas têm problemas
de possíveis teorias que a refutem. em comum.
b) Popper abandonou o empirismo para dedicar-se c) Não existe algo como uma entidade filosófica ou
ao chamado anarquismo epistemológico. Defende o atividade com natureza determinada que possa ser
pluralismo metodológico e critica as posições mencionada como resposta à pergunta “Que é a
positivistas e as metodologias normativas adotadas filosofia?”.
pela ciência contemporânea. d) Ao filosofo não cabe indicar o que deve ser feito,
c) Popper nega que o desenvolvimento da ciência mas ocupar-se da resolução de problemas.
tenha sido levado a efeito pelo ideal de refutação. e) Antes de solucionar problemas é
Segundo o autor, a ciência progride pela tradição imprescindível que se determine a essência da
intelectual representada pelo conceito de paradigma. filosofia, sua natureza.
d) De acordo com Popper, o homem está
convencido de sua capacidade de conhecer o mundo Popper defende que a filosofia não possui uma
pela ciência. A concepção de ciência do autor tem essência ou natureza determinada e que a
como pressuposto o mecanicismo e o determinismo. preocupação em definir a natureza da filosofia é uma
e) Popper elaborou o primeiro exemplo de teoria das razões para a futilidade da atual controvérsia
científica encontrado na ciência moderna: a teoria da sobre a natureza da filosofia. Ele defende que o
gravitação universal, fazendo da fisiologia uma ciência importante é solucionar problemas filosóficos e não
positiva, tendo por modelo o método experimental falar sobre o que a filosofia é ou deveria ser.
da física e da química.
760. “Um cientista, seja teórico seja experimental,
Popper acreditava que a ciência avança por meio de propõe enunciados, ou sistemas de enunciados, e
conjecturas e refutações, ou seja, por meio da testa-os passo a passo. No campo das ciências
proposição de hipóteses e teorias que podem ser empíricas, mais particularmente, constrói hipóteses
testadas e falsificadas por meio de experimentação e ou sistemas de teorias e testa-as com a experiência
observação empírica. A refutação de uma teoria não por meio da observação e do experimento. Sugiro
significa que ela seja completamente falsa, mas que que é tarefa da lógica da investigação científica ou
foi possível encontrar evidências que a contradizem, lógica do conhecimento apresentar uma análise desse
levando a uma reavaliação e reformulação da teoria. procedimento; isto é, analisar o método das ciências
Para Popper, a ciência nunca pode alcançar a verdade empíricas […]. A etapa inicial, o ato de conceber ou
absoluta, mas apenas aproximações cada vez mais inventar uma teoria, não me parece exigir uma
precisas da verdade. análise nem ser suscetível dela. A questão de saber
como acontece que uma nova ideia ocorre a um
759. “Acredito que a função do cientista e do homem – seja essa ideia um tema musical, seja um
filósofo é solucionar problemas científicos ou conflito dramático, seja uma teoria científica – pode
filosóficos e não falar sobre o que ele e outros ser de grande interesse para a psicologia empírica;
filósofos estão fazendo ou deveriam fazer (...) mas ela é irrelevante para a análise lógica do
Quando disse que a indagação sobre o caráter dos conhecimento científico.” (Popper)
problemas filosóficos é mais apropriada do que a Considerando o texto acima, é incorreto afirmar,
pergunta ‘Que é a filosofia?’ quis insinuar uma das sobre a filosofia da ciência de Karl Popper, que
razões da futilidade da atual controvérsia a respeito a) o que importa para decidir se uma atividade é ou
da natureza da filosofia: a crença ingênua de que não científica é o que o cientista faz com suas teorias
existe de fato uma entidade que podemos chamar de e não como ele as cria.
‘filosofia’ ou de ‘atividade filosófica’, com uma b) faz parte da atividade científica testar seus
‘natureza’, essência ou caráter determinado (...) Na enunciados, e é sobre o modo de fazer esse teste que
verdade não é possível distinguir disciplinas em incide a análise lógica popperiana.
função da matéria de que tratam (...) Estudamos
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c) o teste dos enunciados de uma teoria científica número de testes empíricos, mas nunca pode ser
deve ser realizado por meio da experiência, ou seja, provada definitivamente, porque sempre existe a
por meio da observação e da experimentação. possibilidade de novas observações refutarem suas
d) o modo pelo qual um cientista concebe uma teoria hipóteses.
é de interesse da psicologia empírica e não da
filosofia da ciência. 762. “As experiências e erros do cientista consistem
e) não se pode aplicar uma análise lógica em de hipóteses. Ele as formula em palavras, e muitas
nenhuma das etapas da atividade científica, pois vezes por escrito. Pode então tentar encontrar
o método das ciências empíricas não se brechas em qualquer uma dessas hipóteses,
diferencia da atividade artística. criticando-a experimentalmente, ajudado por seus
colegas cientistas, que ficarão deleitados se puderem
Popper defende que é tarefa da lógica da investigação encontrar uma brecha nela. Se a hipótese não
científica apresentar uma análise do procedimento suportar essas críticas e esses testes pelo menos tão
das ciências empíricas e que essa análise envolve a bem quanto suas concorrentes, será eliminada”.
análise do método científico. Portanto, a análise POPPER, Karl. Conhecimento objetivo. Trad. de Milton
lógica é aplicável à atividade científica e não é Amado. São Paulo: Edusp & Itatiaia, 1975. p. 226.
equivalente à atividade artística, como sugere a Com base no texto e nos conhecimentos sobre
alternativa. As demais alternativas estão corretas e ciência e método científico, é correto afirmar:
estão de acordo com a filosofia da ciência de Popper. a) O método científico implica a possibilidade
constante de refutações teóricas por meio de
761. Karl Popper, em “A lógica da investigação experimentos cruciais.
científica”, se opõe aos métodos indutivos das ciências b) A crítica no meio científico significa o fracasso do
empíricas. Em relação a esse tema, diz Popper: “Ora, cientista que formulou hipóteses incorretas.
de um ponto de vista lógico, está longe de ser óbvio c) O conflito de hipóteses científicas deve ser
que estejamos justificados ao inferir enunciados resolvido por quem as formulou, sem ajuda de
universais a partir dos singulares, por mais elevado outros cientistas.
que seja o número destes últimos”. d) O método crítico consiste em impedir que as
POPPER, K. R. A lógica da investigação científica. Tradução hipóteses científicas tenham brechas.
de Pablo Rubén Mariconda. São Paulo: Abril Cultural, 1980. e) A atitude crítica é um empecilho para o progresso
Com base no texto e nos conhecimentos sobre científico.
Popper, assinale a alternativa correta:
a) Para Popper, qualquer conclusão obtida por O texto de Popper destaca a importância da crítica e
inferência indutiva é verdadeira. dos testes empíricos para a validação ou refutação de
b) De acordo com Popper, o princípio da hipóteses científicas. O método científico consiste
indução não tem base lógica porque a verdade em formular hipóteses, testá-las e refutá-las, sempre
das premissas não garante a verdade da buscando o aprimoramento do conhecimento
conclusão. científico. A crítica não significa fracasso, mas sim a
c) Uma inferência indutiva é aquela que, a partir de oportunidade de correção e aprimoramento das
enunciados universais, infere enunciados hipóteses formuladas. A resolução de conflitos de
singulares. hipóteses pode ser realizada com a ajuda de outros
d) A observação de mil cisnes brancos justifica, cientistas, que podem oferecer contribuições valiosas
segundo Popper, a conclusão de quetodos os cisnes para o progresso científico. A atitude crítica é
são brancos. essencial para o avanço da ciência, já que permite que
e) Para Popper, a solução para o problema do hipóteses incorretas sejam refutadas e novas
princípio da indução seria passar a considerá-lo não hipóteses sejam formuladas e testadas.
como verdadeiro, mas apenas como provável.
763. Deve ser tomado como critério de demarcação,
Popper criticou a ideia de que é possível obter não a verificabilidade, mas a falseabilidade de um
conclusões gerais a partir de observações sistema. Em outras palavras, não exigirei que um
particulares, defendendo que a ciência não avança sistema científico seja suscetível de ser dado como
pela confirmação de teorias, mas pela sua refutação. válido, de uma vez por todas, em sentido positivo;
Ele propôs o método hipotético-dedutivo, segundo o exigirei, porém, que sua forma lógica seja tal que se
qual as teorias científicas devem ser submetidas a torne possível validá-lo através de recursos a provas
testes empíricos rigorosos, que visam a refutar suas empíricas, em sentido negativo: deve ser possível
hipóteses. Nesse sentido, Popper considera que uma refutar, pela experiência, um sistema científico
teoria científica só pode ser considerada empírico.
provisoriamente corroborada se resistir a um grande
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(POPPER, K. A Lógica da Pesquisa Científica. São Paulo: 01) o paradigma científico é o campo teórico do
Cultrix, 1972. p.42.) cientista porque fornece os parâmetros para a ciência
Em relação a essas afirmações sobre o caráter da normal.
ciência empírica, considere as afirmativas a seguir. 02) a teoria torna-se um modelo de conhecimento
I. A validade de um enunciado científico nunca é porque ela se constitui como uma explicação dos
definitiva. fenômenos para o cientista.
II. O enunciado “Choverá ou não choverá aqui, 04) o paradigma científico é incompleto porque os
amanhã” não será considerado empírico. cientistas estão sempre negando os paradigmas.
III. O enunciado “Choverá aqui, amanhã” será 08) a revolução científica é um avanço na ciência
considerado empírico. porque os cientistas sempre descobrem que as teorias
IV. Um enunciado só será considerado científico se anteriores estavam erradas.
for constituído de tal modo que resista a todas as 16) embora verdadeiros, os paradigmas científicos
provas empíricas. são mutáveis porque os cientistas podem alcançar os
Assinale a alternativa correta. limites dos modelos teóricos.
a) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
b) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
As opções 01, 02 e 16 estão corretas. Uma ciência
c) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
madura, de acordo com Kuhn, experimenta fases
d) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
alternativas de ciência normal e revoluções. Durante
o período de ciência normal, as teorias chaves, os
A afirmativa I é correta, pois para Popper, a validade
instrumentos, os valores e as pressuposições
de um enunciado científico nunca é definitiva, uma
metafísicas, que compreendem a matriz disciplinar,
vez que um novo fato pode surgir e contradizer o
são mantidos fixos, permitindo a geração cumulativa
enunciado anteriormente considerado válido.
de soluções para quebra-cabeças (puzzle-solutions),
enquanto durante uma revolução científica, a matriz
A afirmativa II é correta, pois o enunciado “Choverá
disciplinar perpassa uma revisão, isto em vista da
ou não choverá aqui, amanhã” é uma proposição
solução de perplexidades maiores e mais sérias que
lógica, não empírica.
perturbavam o funcionamento da ciência normal.
A afirmativa III é correta, pois o enunciado
“Choverá aqui, amanhã” é empírico, uma vez que 765. Consideremos o campo da epistemologia
pode ser testado empiricamente. contemporânea; sob esse aspecto, podemos afirmar
que a posição de Thomas Kuhn (1922-1996), em
Já a afirmativa IV é incorreta, pois um enunciado relação à ciência, se contrapôs à concepção científica
científico não precisa resistir a todas as provas de Karl Popper (1902-1994)? Assinale a alternativa
empíricas para ser considerado científico. Pelo correta.
contrário, para Popper, um enunciado científico é a) Sim, Kuhn se contrapôs à teoria de Popper ao
aquele que é passível de ser refutado pela negar que o desenvolvimento da ciência se dê
experiência. mediante o ideal de refutação. Ao contrário,
Kuhn afirma que a ciência progride pela
4. THOMAS KUHN tradição intelectual representada pelo paradigma
que é a visão de mundo expressa numa teoria.
764. “O filósofo Thomas Kuhn afirma que uma b) Não, Kuhn absorve a teoria da refutabilidade de
teoria se torna um modelo de conhecimento ou um Popper ao desenvolver sua concepção de paradigma
paradigma científico. O paradigma se torna o campo científico. Para ambos, o que garante a verdade de
no qual uma ciência trabalha normalmente, sem um discurso científico é sua condição de justificação,
crises. Em tempos normais, um cientista, diante de ou seja, quando uma teoria é justificada ela é
um fato ou de um fenômeno ainda não estudado, o corroborada.
explica usando o modelo ou o paradigma científico c) Não, Kuhn argumentou que uma teoria, como
existente. Em contraposição à ciência normal, ocorre paradigma, deve ser desenvolvida em vez de
a revolução científica. Uma revolução científica criticada, motivo pelo qual ele não poderia opor-se
acontece quando o cientista descobre que o ao pensamento de Popper. Sua tentativa será outra:
paradigma disponível não consegue explicar um tentar harmonizar aqueles pontos de vista que
fenômeno ou um fato novo, sendo necessário divergem do seu.
produzir um outro paradigma.” d) Sim, Kuhn cedo abandonou o empirismo,
(CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 14.ª ed. São Paulo: Ática,
2011, p. 281).
classificando-se como anarquista epistemológico.
Sobre isso, é correto afirmar que Dessa forma, opôs-se não apenas à concepção
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metodológica de Popper como também de outros princípio da falseabilidade. Assinale o que for
contemporâneos seus, como Lakatos, por exemplo. correto.
Diferentemente de Popper, Kuhn anuncia que as 01) Para Thomas Kuhn, as mudanças de paradigmas
teorias não são nem verdadeiras, nem falsas, mas nas teorias científicas desorganizam a ciência a ponto
úteis. de impedir um avanço do conhecimento.
e) Sim, diferentemente de Popper, para quem a física 02) Para Thomas Kuhn, a revolução copernicana que
newtoniana era considerada a imagem verdadeira do substitui a explicação ptolomaica geocêntrica pela
mundo, tendo como pressupostos o mecanicismo e explicação heliocêntrica caracteriza uma mudança de
o determinismo, Kuhn estabelece como paradigma paradigma e uma revolução na ciência astronômica.
de sua concepção de ciência o irracionalismo de 04) Para Karl Popper, o valor de uma teoria não se
Heisenberg e seu princípio da incerteza. mede pela sua verdade, mas pela possibilidade de ser
falsificada.
Ao contrário de Popper, que pensa a ciência a partir 08) Para Thomas Kuhn, o paradigma é uma visão de
da noção de refutabilidade, Kuhn desenvolve a mundo expressa em uma teoria; o paradigma serve
noção de paradigma para explicar o desenvolvimento para auxiliar o cientista na resolução de seus
científico. problemas.
16) Considerando o princípio da falseabilidade, a
766. “Segundo o filósofo da ciência Thomas Kuhn, ciência, para Karl Popper, não se desenvolve de
paradigma é um conjunto sistemático de métodos, modo linear.
formas de experimentações e teorias que constituem
um modelo científico, tornando-se condição Somente a afirmativa [01] é falsa. Ambos não
reguladora da observação. […] A ciência normal, consideram que o desenvolvimento ocorre de forma
conforme Kuhn, funciona submetida por paradigmas linear. Entretanto, a forma como explicam tal
estabelecidos historicamente num campo contextual desenvolvimento é bastante diferente, sendo que a
de problemas e soluções concretas. […] Os teoria de Kuhn está bem expressa nas afirmativas
paradigmas são estabelecidos nos momentos de [02] e [08], enquanto que a de Popper está
revolução científica […] Portanto, para Kuhn, a apresentada nas afirmativas [04] e [16].
ciência se desenvolve por meio de rupturas, por
saltos e não de maneira gradual e progressiva”. 768. Para Thomas Kuhn, as revoluções científicas
(E. C. Santos) são explicadas através dos conceitos de “ciência
Sobre a concepção de ciência de Kuhn, é incorreto normal”, “crise” e “novo paradigma”. Segundo
afirmar que Eduardo Barra: “o que realmente deve deter nossa
a) o desenvolvimento científico não se dá de modo atenção nessa concepção proposta por Kuhn sobre
linear, cumulativo e progressivo. as chamadas ‘revoluções científicas’ é o fato de que
b) o desenvolvimento científico possui momentos de ele jamais menciona a falsidade das antigas teorias
revolução, de ruptura, nos quais há mudança de abandonadas nem a verdade das novas teorias
paradigma. aceitas. [...] Ao ser aceito pela comunidade após uma
c) a ciência normal é o período em que a pesquisa revolução científica, um novo paradigma, em geral, é
científica é dirigida por um paradigma. capaz de explicar apenas alguns daqueles problemas
d) um exemplo de mudança de paradigma que o anterior explicava. Isso explica por que, com
(revolução) na Astronomia e a substituição do frequência, muitos problemas antes relevantes são
sistema geocêntrico aristotélico-ptolomaico pelo abandonados após uma revolução científica. [...] Não
sistema heliocêntrico copernicano-galilaico. existe o melhor paradigma para qualquer situação
e) a ciência não está submetida, de forma possível. O que existe é o melhor paradigma para
alguma, às condições históricas. determinados fins, fins esses que também podem ser
amplamente modificados com o tempo.”
(KUHN, T. A função do dogma na investigação científica.
O texto afirma que “a ciência normal, conforme Curitiba: UFPR, SCHLA, 2012, p. 19-20).
Kuhn, funciona submetida por paradigmas A partir da citação acima, assinale o que for correto.
estabelecidos historicamente num campo contextual 01) A função de um paradigma é propor soluções
de problemas e soluções concretas”. inéditas para determinadas questões do nosso tempo.
02) A disputa entre paradigmas é nociva à ciência,
767. A epistemologia de Thomas Kuhn tem como pois divide a comunidade científica.
tese fundamental a mudança de paradigmas que 04) O melhor paradigma é aquele que responde a
provoca as revoluções científicas; enquanto a questões metafísicas, como a existência de Deus e a
epistemologia de Karl Popper se caracteriza pelo finalidade da natureza.
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08) O que define a escolha de um paradigma não é a A opção 02 está correta porque a teoria se constitui
verdade de uma teoria científica. como um modelo de conhecimento ao propor uma
16) A crise de um paradigma está ligada a interesses explicação para os fenômenos que a ciência se
econômicos e políticos do primeiro mundo. propõe a estudar.
As opções 01 e 08 estão corretas. A opção 01 está A opção 16 está correta porque, embora os
correta, pois a função de um paradigma é fornecer paradigmas científicos sejam verdadeiros e úteis em
soluções para questões específicas e fornecer um suas respectivas épocas, eles podem ser modificados
conjunto de técnicas para explorar e resolver essas ou substituídos à medida que novos fatos ou
questões. fenômenos são descobertos e exigem explicações
que vão além dos limites do paradigma vigente.
Já a opção 08 está correta, pois a escolha de um
paradigma não é baseada na verdade de uma teoria 770. Em relação às estruturas das revoluções
científica, mas sim na sua adequação para explicar os científicas e ao conceito de “paradigma” descritos
problemas específicos em questão. Portanto, a por T. Kuhn, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às
escolha de um paradigma é influenciada por fatores afirmativas a seguir.
sociais, históricos e culturais, além de evidências
empíricas. ( ) Segundo T. Kuhn, a ciência normal evita forçar a
natureza dentro dos quadros conceituais do
769. “O filósofo Thomas Kuhn afirma que uma paradigma.
teoria se torna um modelo de conhecimento ou um ( ) O termo “paradigma” indica conquistas
paradigma científico. O paradigma se torna o campo científicas reconhecidas, que, por certo período,
no qual uma ciência trabalha normalmente, sem fornecem um modelo de problemas e soluções
crises. Em tempos normais, um cientista, diante de aceitáveis aos que praticam em certo campo de
um fato ou de um fenômeno ainda não estudado, o pesquisas.
explica usando o modelo ou o paradigma científico ( ) Paradigmas sucessivos dizem coisas diferentes
existente. Em contraposição à ciência normal, ocorre a sobre os objetos que povoam o universo e sobre o
revolução científica. Uma revolução científica acontece comportamento de tais objetos.
quando o cientista descobre que o paradigma ( ) Um novo paradigma estabelece promessas sobre
disponível não consegue explicar um fenômeno ou um campo para o qual o antigo paradigma já havia
um fato novo, sendo necessário produzir um outro esgotado suas possibilidades.
paradigma.” ( ) A mudança de paradigma da ciência
(CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 14.ª ed. São Paulo: Ática, 2011, contemporânea fará com que ela alcance sua meta de
p. 281). verdade universal.
Sobre isso, é correto afirmar que Assinale a alternativa que contém, de cima para
01) o paradigma científico é o campo teórico do baixo, a sequência correta.
cientista porque fornece os parâmetros para a ciência a) V, V, F, F, F.
normal. b) V, F, V, V, F.
02) a teoria torna-se um modelo de conhecimento c) V, F, F, V, V.
porque ela se constitui como uma explicação dos d) F, V, V, V, F.
fenômenos para o cientista. e) F, F, V, F, V.
04) o paradigma científico é incompleto porque os
cientistas estão sempre negando os paradigmas. (F) Segundo Kuhn, a ciência normal trabalha dentro
08) a revolução científica é um avanço na ciência dos quadros conceituais do paradigma, ou seja, as
porque os cientistas sempre descobrem que as teorias teorias aceitas são utilizadas para guiar a investigação
anteriores estavam erradas. e são consideradas verdadeiras, não sendo
16) embora verdadeiros, os paradigmas científicos questionadas.
são mutáveis porque os cientistas podem alcançar os (V) O conceito de "paradigma" em Kuhn indica uma
limites dos modelos teóricos. realização científica amplamente reconhecida que
fornece modelos de problemas e soluções aceitáveis
As opções 01, 02 e 16 estão corretas. A opção 01 está para os que praticam em um campo específico de
correta porque o paradigma científico fornece os pesquisa, durante um período determinado de
parâmetros e pressupostos teóricos que orientam e tempo.
delimitam as investigações e explicações da ciência (V) Segundo Kuhn, os paradigmas sucessivos podem
normal. descrever os mesmos objetos de maneiras diferentes
e até contraditórias. Isso ocorre porque diferentes
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V estão corretas, pois Feyerabend defende que as F. Chalmers, é um mito moderno semelhante a uma
regras metodológicas podem e devem ser violadas nova religião, alimentado pela expectativa do senso
quando necessário para o progresso científico, e que comum. Chalmers argumenta que, embora a ciência
a pesquisa histórica mostra que o desenvolvimento seja uma das principais fontes de conhecimento, não
da ciência é muitas vezes impulsionado por essas é a única e não pode ser vista como a única
violações. autoridade em questões epistemológicas.
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A prática científica é igual à do senso comum, pois orientam a pesquisa científica. Ele argumentou que
não se ocupa com a verdade dos fatos: essa as mudanças científicas não ocorrem gradualmente,
afirmação está correta. A prática científica é diferente mas sim por meio de revoluções científicas, em que
do senso comum, pois ela é baseada em métodos e um paradigma antigo é substituído por um novo.
técnicas específicas, que buscam controlar os vieses e
as incertezas presentes na investigação dos fatos. No A opção 04 está correta, pois Paul Feyerabend
entanto, a prática científica também não busca a defendeu a ideia de que não há normas ou regras
verdade absoluta dos fatos, mas sim uma universais para a pesquisa científica, e que as
aproximação cada vez maior a ela, por meio da revoluções científicas ocorrem por meio da violação
elaboração de teorias cada vez mais complexas e de regras estabelecidas.
abrangentes.
4. MANNHEIM
775. “As crises da ciência no final do século XIX e
começo do século XX exigiram uma revisão da 776. Só num sentido muito restrito, o indivíduo cria
concepção de ciência e da sua metodologia. Em com seus próprios recursos o modo de falar e de
outras palavras, a epistemologia precisava reavaliar o pensar que lhe são atribuídos. Fala o idioma de seu
conceito de ciência, os critérios de certeza, a relação grupo; pensa à maneira de seu grupo. Encontra a sua
entre ciência e realidade, a validade dos modelos disposição apenas determinadas palavras e
científicos. O matemático e filósofo Henri Poincaré significados. Estas não só determinam, em grau
(1854-1912) afirmou a esse respeito que as teorias considerável, as vias de acesso mental ao mundo
não são nem verdadeiras, nem falsas, mas úteis. circundante, mas também mostram, ao mesmo
Nesse sentido, a crença na infalibilidade da ciência tempo, sob que ângulo e em que contexto de
seria ilusória” atividade os objetos foram até agora perceptíveis ao
ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história da grupo ou ao indivíduo.
filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 502. MANNHEIM, K. Ideologia e utopia. Porto Alegre: Globo,
Sobre as transformações no conceito de ciência, 1950 (adaptado).
assinale o que for correto. Ilustrando uma proposição básica da sociologia do
01) Nos séculos XIX e XX, o surgimento das conhecimento, o argumento de Karl Mannheim
geometrias não euclidianas e da teoria da relatividade defende que o (a)
abalaram princípios da ciência moderna segundo os A) conhecimento sobre a realidade é
quais o espaço e o tempo são absolutos. condicionado socialmente.
02) Com o conceito de paradigma, Thomas Kuhn B) submissão ao grupo manipula o conhecimento do
define de forma original o nascimento, a crise e a mundo.
superação de uma teoria científica. C) divergência é um privilégio de indivíduos
04) Paul Feyerabend pode ser considerado excepcionais.
“anarquista epistemológico”, pois, segundo ele, não D) educação formal determina o conhecimento do
há norma de pesquisa que não tenha sido violada ao idioma.
longo da história. E) domínio das línguas universaliza o conhecimento.
08) O neobarbarismo, assim como o neopositivismo,
é a corrente científica que defende o uso de métodos O argumento de Karl Mannheim defende que o
paraconsistentes para comprovar hipóteses e conhecimento sobre a realidade é condicionado
postulados. socialmente. O texto mostra que a sociedade
16) A hermenêutica pode ser definida como uma determina os indivíduos, sua linguagem, pensamento,
ciência cognitiva e radical, pois recorre à genealogia conhecimento. O indivíduo, então, está
da moral para construir os seus princípios. condicionado ao meio em que vive, e o seu
conhecimento sobre a realidade está condicionado
As opções 01, 02 e 04 estão corretas. A opção 01 está socialmente.
correta, uma vez que as novas geometrias e a teoria
da relatividade de Einstein abalaram os princípios da 4. PRAGMATISMO
ciência moderna, que afirmavam a existência de um
777. “O pragmatismo opõe-se ao intelectualismo e a
espaço e de um tempo absolutos. Isso levou a uma
todas as formas de pensamento da totalidade,
revisão da concepção de ciência e de sua
buscando dar atenção aos fatos observáveis e às suas
metodologia.
consequências. É um método de esclarecimento das
diferenças significativas entre ideias, que se assenta
A opção 02 também está correta, pois Thomas Kuhn
na antecipação das consequências futuras que essas
apresentou o conceito de paradigma, que se refere a
ideias possam ter.”
um conjunto de crenças, valores e práticas que
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(ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3ª. ed.
rev. São Paulo: Moderna, 2005, p. 118) O pragmatismo é uma corrente filosófica que
Com base no excerto citado e nos seus valoriza a experiência prática e concreta como forma
conhecimentos sobre o pragmatismo, assinale o que de construir o conhecimento e a verdade, buscando
for correto. uma filosofia que seja útil para a vida cotidiana e que
01) Segundo o pragmatismo, o concretamente leve em conta as consequências das ações humanas.
experienciável é indispensável para julgar a Em contrapartida, o idealismo tende a valorizar mais
pertinência das ideias. a dimensão metafísica e subjetiva da realidade,
02) O pragmatismo requer o conhecimento de enquanto o materialismo tende a enfatizar a
verdades inatas. dimensão física e material da realidade.
04) Princípios da teoria evolucionista, que considera
a continuidade de um ser vivo ligada à capacidade de 779. “É espantoso de ver-se quantas e quantas
adaptação ao mundo, estão em conformidade com o disputas filosóficas dão em nada no momento em
pragmatismo. que a submetemos ao simples teste de traçar uma
08) Ao criticar o intelectualismo, o pragmatismo consequência concreta. Não pode haver nenhuma
pretende liberar a metafísica de conceitos vagos e dar diferença em alguma parte que não faça uma
lugar a uma filosofia purificada, científica e realista. diferença em outra parte – nenhuma diferença em
16) Segundo o pragmatismo, o significado de uma matéria de verdade abstrata que não se expresse em
ideia não é dado por si mesmo, mas em seu valor de uma diferença em fato concreto e em conduta
uso e nas suas consequências. consequente derivada desse fato e imposta sobre
alguém, alguma coisa, em alguma parte e em algum
As opções 01, 04 e 16 estão corretas. A opção 01 está tempo. Toda a função da filosofia deve ser a de achar
correta, uma vez que o pragmatismo enfatiza a que diferença definitiva fará para mim e você, em
importância dos fatos observáveis e da experiência instantes definidos de nossa vida, se essa fórmula do
concreta como critério para avaliar a validade das mundo ou aquela outra seja a verdadeira.”
ideias. Isso significa que as ideias são consideradas William James
úteis ou verdadeiras somente na medida em que O autor desse trecho pretendeu apresentar um
correspondem às experiências concretas. método para terminar discussões metafísicas que, de
outro modo, seriam intermináveis. Ele se refere a tal
A opção 04 também está correta, pois o método como
pragmatismo se alinha com a teoria evolucionista ao A) o método positivista, pois importa-lhe salientar
enfatizar a importância da adaptação ao meio aquilo que é passível de tratamento científico.
ambiente. Para o pragmatismo, as ideias devem ser B) o método pragmático, pois importa-lhe
funcionais e adequadas às necessidades do ambiente salientar o efeito prático de nossas concepções.
em que estão inseridas. C) o método absolutista, pois importa-lhe salientar a
diferença absoluta entre concepções.
A opção 16 está correta, uma vez que o pragmatismo D) o método racionalista, pois importa-lhe salientar
afirma que o significado de uma ideia está em seu os modos razoáveis de discutir.
valor de uso e nas suas consequências práticas. Isso E) o método empirista, pois importa-lhe salientar a
significa que uma ideia deve ser avaliada por sua base empírica de nossas concepções.
utilidade e sua capacidade de resolver problemas
concretos, em vez de ser julgada por seu valor O autor do trecho se refere ao método pragmático,
intrínseco. que salienta a importância do efeito prático de nossas
concepções. Segundo o pragmatismo, o significado
778. A experiência filosófica varia entre uma postura de uma ideia não é dado por si mesmo, mas em seu
idealista mais metafísica, ou totalmente metafísica, e valor de uso e nas suas consequências. James propõe
outra mais materialista ou totalmente materialista. que a filosofia deve buscar entender que diferença
Dentre essas doutrinas ou correntes filosóficas, prática as ideias metafísicas fazem em nossas vidas,
aquela que se desenvolveu como uma teoria em vez de se perder em discussões teóricas
embasada no concreto, no real, e que consiste em intermináveis. Portanto, a resposta correta é a
buscar um conhecimento com base na experiência alternativa B.
prática, em qualquer realidade, é
A) o Existencialismo. 4. LYOTARD
B) a Fenomenologia.
C) o Pragmatismo. 780. “É somente na perspectiva de grandes relatos
D) o Idealismo. de legitimação - vida do espirito e/ou emancipação
E) o Realismo.
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da humanidade - que a substituição parcial dos Lyotard afirma em seu texto. A alternativa E também
professores por máquinas pode parecer deficiente, e está incorreta, pois o parágrafo III não é uma
mesmo intolerável. Mas é provável que estes relatos descrição precisa do que Lyotard apresenta em seu
já não constituam mais a causa principal do interesse texto.
pelo saber. Se está causa é o poder, este aspecto da
didática clássica deixa de ser pertinente”. 4. DERRIDA
(LYOTARD, Jean-François. O Pós-Moderno. Rio de Janeiro:
ed. José Olímpio. 1993. Cf. págs. 92). 781. A hospitalidade pura consiste em acolher aquele
Em uma leitura pessimista, Lyotard afirma que a "era que chega antes de lhe impor condições, antes de
do professor" parece chegar ao fim na pós saber e indagar o que quer que seja, ainda que seja
modernidade, em consequência dos critérios de um nome ou um “documento” de identidade. Mas
desempenho e legitimação vigente nesse período. ela também supõe que se dirija a ele, de maneira
Reconheça nos parágrafos abaixo quais são, segundo singular, chamando-o portanto e reconhecendo-lhe
Lyotard, dois sérios desafio que a prática da docência um nome próprio: “Como você se chama?” A
enfrenta nas sociedades pós-modernas, em seguida, hospitalidade consiste em fazer tudo para se dirigir
marque a letra que contenha a numeração correta ao outro, em lhe conceder, até mesmo perguntar seu
desses parágrafos. nome, evitando que essa pergunta se torne uma
I - Nas sociedades pós-modernas, a legitimação da “condição”, um inquérito policial, um fichamento ou
autoridade só se mantém pelos relatos das três um simples controle das fronteiras. Uma arte e uma
grandes religiões bíblicas, a perda de reconhecimento poética, mas também toda uma política dependem
social da figura do professor laico é exemplar quanto disso, toda uma ética se decide aí.
a isso. DERRIDA, J. Papel-máquina. São Paulo: Estação Liberdade,
II - Comparado às informações disponíveis em rede, 2004 (adaptado).
a capacidade do professor em transmitir o saber é Associado ao contexto migratório contemporâneo, o
irrisória. conceito de hospitalidade proposto pelo autor impõe
III - Comparado à prevalência nas sociedades pós- a necessidade de
modernas do trabalho em equipe, em especial o A) anulação da diferença.
desempenho criativo interdisciplinar, o trabalho B) cristalização da biografia.
individual da docência parece pouco competente. C) incorporação da alteridade.
IV - Comparado à disponibilização em rede de D) supressão da comunicação.
conteúdos os mais diversos e indiscriminados e à E) verificação da proveniência.
dinâmica da hipermídia, a figura do professor entre o
quadro e os alunos parece pouco eficiente para o O conceito de hospitalidade proposto pelo autor
ensino nas sociedades pós-modernas. impõe a necessidade de incorporação da alteridade.
A) I e II estão corretos. Derrida aponta para o exercício de acolher
B) I e IV estão corretos. (incorporar) o outro (a alteridade) pela hospitalidade
C) III e IV estão corretos. e pelo respeito à diversidade que o outro revela.
D) II e III estão corretos.
E) II e IV estão corretos 782. É certo que entramos na era das sociedades de
“controle”. Elas já não são exatamente sociedades
A resposta correta é a alternativa D, pois Lyotard disciplinares, cuja técnica principal é o confinamento
apresenta dois desafios que a prática da docência (não somente o hospital e a prisão, mas também a
enfrenta nas sociedades pós-modernas: a capacidade escola, a fábrica, o quartel). A sociedade de controle
limitada do professor em transmitir conhecimento não funciona por confinamento, mas por controle
comparada às informações disponíveis em rede e a contínuo e comunicação instantânea. É evidente que
prevalência do trabalho em equipe e desempenho não deixamos de falar de prisão, de escola, de
criativo interdisciplinar em detrimento do trabalho hospital: mas essas instituições estão em crise.
DELEUZE, G. Entrevista a Toni Negri. In: O devir
individual da docência. O parágrafo I apresentado na revolucionário e as criações políticas. Novos Estudos Cebrap,
alternativa A não condiz com a visão de Lyotard, n. 28, out. 1990.
pois ele não menciona que a legitimação da No trecho, ao problematizar as sociedades
autoridade só se mantém pelos relatos das três contemporâneas, Gilles Deleuze está enfatizando a
grandes religiões bíblicas. O parágrafo III presente ausência de
na alternativa C também não é condizente com a A) legitimidade nas redes de informação.
visão de Lyotard, já que ele não compara o B) autonomia nas ações individuais.
desempenho criativo interdisciplinar com a figura do C) sanções no ordenamento jurídico.
professor laico. A alternativa B está incorreta porque D) padrões na sociedade de consumo.
o parágrafo I não é uma descrição precisa do que
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D) sempre se confronta com o poder e sua não chegaram ao Ensino Médio. Menos de 1% dos
investigação não fica alheia à ética e à política. presos tem graduação”.
E) busca resultados imediatos do conhecimento, Fonte: AGÊNCIA BRASIL, 08/12-2017.
superando a situação apresentada. As informações apresentadas na notícia acima
podem ser pensadas filosoficamente tomando-se por
De acordo com a afirmação de Gilles Deleuze, a base
Filosofia é o ponto em que o conceito e a criação se I. Foucault e sua teoria dos dispositivos disciplinares
remetem um ao outro. Isso significa que a Filosofia do poder.
não é apenas um ato racional e lógico, mas também II. Marx e sua teoria do Estado como instrumento da
envolve a criação de conceitos que podem classe dominante.
transformar e modificar a forma como entendemos o III. Maquiavel e sua teoria do poder do príncipe.
mundo. Além disso, a Filosofia não se isola da IV. Aristóteles e seu conceito de justiça distributiva.
realidade ética e política e sempre se confronta com Estão corretas somente as complementações
o poder. contidas em
A) I e II.
786. Por maioria, nós não entendemos uma B) II e III.
quantidade relativa maior, mas a determinação de um C) III e IV.
estado ou de um padrão em relação ao qual tanto as D) I e IV.
quantidades maiores quanto as menores serão ditas
minoritárias. Maioria supõe um estado de Os filósofos Michel Foucault e Karl Marx
dominação. É nesse sentido que as mulheres, as discorreram sobre os temas abordados na notícia da
crianças e também os animais são minoritários. questão. A situação das pessoas encarceradas e as
DELEUZE, G.; GUATTARI. F. Mil platôs. São Paulo: Editora questões socioeconômicas que as envolvem fazem
34, 2012 (adaptado). parte dos trabalhos desses dois filósofos. Foucault
No texto, a caracterização de uma minoria decorre discorreu sobre o poder exercido através dos
da existência de dispositivos disciplinares onde o Estado/a sociedade
a) ameaças de extinção social. se utilizou da vigilância e do adestramento para
b) políticas de incentivos estatais. garantir a obediência e disciplinar os indivíduos. Já
c) relações de natureza arbitrária. Marx entendia que a função do Estado consistiria
d) valorações de conexões simétricas. em defender os interesses das classes dominantes
e) hierarquizações de origem biológica. através de instrumentos de regulação, que são:
sistema jurídico e o aparado militar e policial. O
Gilles Deleuze e Félix Guattari, autores da obra Mil Estado desempenha um caráter repressivo para
platôs, afirmam que os conceitos de “maioria” e manter o status quo.
“minoria” são construções arbitrárias. Em outras
palavras, tais categorias associam-se a uma dada 788. “Generalizando posteriormente a já amplíssima
circunstância social permeada por relações de poder. classe dos dispositivos foucaultianos, chamarei
Enquanto a maioria pressupõe um estado de literalmente de dispositivo qualquer coisa que tenha
dominação, a minoria vislumbra uma situação de de algum modo a capacidade de capturar, orientar,
submissão, subordinação ou sujeição. determinar, interceptar, modelar, controlar e
assegurar os gestos, as condutas, as opiniões e os
4. FOUCAULT discursos dos seres viventes.”
AGAMBEN, G. O que é um dispositivo? outra travessia,
Florianópolis, n. 5, p. 9-16, jan. 2005.
787. Observe a seguinte notícia: “O total de pessoas Considerando o excerto acima, analise as seguintes
encarceradas no Brasil chegou a 726.712 em junho proposições:
de 2016. Em dezembro de 2014, era de 622.202. I. As prisões e os manicômios se enquadram nesse
Houve um crescimento de mais de 104 mil pessoas. conceito na medida em que se voltam para a
Cerca de 40% são presos provisórios, ou seja, ainda correção e normalização de condutas consideradas
não possuem condenação judicial. Mais da metade desviantes.
dessa população é de jovens de 18 a 29 anos e 64% II. As escolas, as igrejas e as fábricas podem ser
são negros. [...] Os crimes relacionados ao tráfico de pensadas como dispositivos na medida em que se
drogas são os que mais levam as pessoas às prisões, voltam para os corpos e os comportamentos no
com 28% da população carcerária total. Somados, sentido do disciplinamento.
roubos e furtos chegam a 37%. [...] Quanto à III. Os computadores, os telefones celulares, as
escolaridade, 75% da população prisional brasileira câmeras de segurança se destacam como
dispositivos, pois controlam tecnicamente os
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combate ao estado de natureza – representado pela No seio de instituições como a igreja e a escola há
situação dos imigrantes latinos – e a necessária um “micropoder”, que exerce poder sobre os
instituição da sociabilidade política, com o exercício indivíduos, fazendo com que eles sejam dependentes,
da força de um líder que tem que ser forte e mansos. Foucault não afirmava que apenas o Estado
respeitado para impor a ordem (o Presidente norte- exerce poder sobre o indivíduo, mas também a
americano Donald Trump). família, igreja, escola influenciam diretamente as
atitudes dos indivíduos, colocando-os sob o controle
A desumanização dos imigrantes é uma ação política do Estado. Além disso, Foucault analisa o conceito
que se enquadra na interpretação de Michel Foucault de “biopoder”, que se fundamenta nos mecanismos
sobre o "poder disciplinar". Esse conceito trata de de manipulação da sociedade nos estados
um poder exercido sobre os corpos dos indivíduos, absolutistas. A sociedade disciplinar, vista por
que são controlados de forma sutil (por instituições, Foucault, se torna uma sociedade de controle.
escolas, prisões, dentre outras). Por meio da
disciplina, são estabelecidas relações que exprimem 792. Michel Foucault (1926-1984) investigou as
quem comanda e quem é comandado. Há uma origens dos princípios de vigilância, observação e
imposição de força sobre os corpos que culminam na correção de “comportamentos indesejados” para o
sujeição de obediência política, bem como na funcionamento das instituições modernas. Tais
aceitação de regras e normas sem a capacidade de princípios produzem “corpos disciplinados” ou
reflexão crítica. “corpos dóceis” e os tipos de instituições que
adotam tais princípios são as escolas, os hospitais, as
791. Leia atentamente o seguinte excerto do texto de prisões e as empresas modernas. No ambiente
Michel Foucault, que expõe parte de suas análises controlado dessas organizações, a disciplina exerce
sobre o poder: um poder sobre os corpos dos seus integrantes. Esse
“É preciso, em primeiro lugar, afastar uma tese “poder disciplinar” explora técnicas diversas para
muito difundida segundo a qual o poder nas subjugar os corpos individualmente e exerce um tipo
sociedades burguesas e capitalistas teria negado a de controle que não atua de fora, mas trabalha esses
realidade do corpo em proveito da alma, da corpos de dentro produzindo os “comportamentos
consciência, da identidade. Nada é mais físico, adequados” e fabricando o tipo de pessoa necessária
mais corporal que o exercício do poder. Uma das ao funcionamento e manutenção dessas instituições.
primeiras coisas a compreender é que o poder não Considerando essa concepção de Michel Foucault,
está localizado no aparelho de Estado e que nada assinale a proposição verdadeira.
mudará na sociedade se os mecanismos de poder A) O poder disciplinar é um tipo de poder que
que funcionam fora, abaixo, ao lado dos aparelhos emana das instituições modernas e se exerce
de Estado a um nível muito mais elementar, estimulando comportamentos indesejados para puni-
quotidiano, não forem modificados”. los.
Foucault. Michel. Microfísica do poder. Rio de B) O uso das novas tecnologias de informação e
Janeiro: Edições Graal, 1979. P.147-149. comunicação, nas empresas, libertam seus
Com base na passagem acima e tendo em vista a integrantes de todo tipo de vigilância interna e
concepção de poder no pensamento de Foucault, externa.
assinale a afirmação verdadeira. C) A análise de Foucault sobre a vigilância nas
A) Em consonância com a filosofia do direito de instituições modernas demonstra estratégias de
Hegel, Foucault entendia que os diversos poderes controle embasadas na disciplina dos seus
seriam ramificações ou uma rede de poderes membros.
materializados a partir do Estado moderno. D) Para Foucault, os princípios disciplinares próprios
B) Foucault repete a noção dos filósofos das prisões modernas são exemplares e devem ser
contratualistas que identifica no Estado o ponto de aplicados nas escolas e nos ambientes hospitalares.
partida necessário e absoluto de todo tipo de poder
social. Nas sociedades, as instituições sociais (escolas,
C) Tal concepção seguiu a tradição do pensamento hospitais, prisões) assumem o papel de disciplinar os
marxista, no qual as formas de exercício do poder sujeitos, vigiando, normatizando e colocando esses
têm exclusiva relação com a estrutura de classes e são sujeitos em constante estado de manipulação. Isso
reproduzidas pelos aparelhos de Estado. ocorre de tal forma que o poder, exercido
D) Para Foucault, os poderes se exercem em minuciosamente, domina os corpos e lhes impõe
níveis variados e em pontos diferentes da rede condutas. Esses poderes da sociedade disciplinar
social como micropoderes integrados, ou não, tendem a controlar, punir, produzindo corpos dóceis
ao Estado e através das práticas culturais. e disciplinados.
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Além disso, Foucault destaca que a disciplina produz as recompensas incentivam condutas desejáveis e
realidade, produz rituais de verdade e produz contribuem para a normalização das condutas.
indivíduos úteis e dóceis. Ou seja, a disciplina é uma
tecnologia de poder que contribui para a produção A afirmativa IV está correta, pois o exame é uma
de verdades e para a formação de sujeitos estratégia disciplinar que atua em diversas
disciplinados. Portanto, a afirmação contida na instituições, como a psiquiátrica, a pedagógica e a
alternativa III também está correta. médica, classificando as condutas em termos de
normalidade e anormalidade.
As demais alternativas não correspondem ao
pensamento de Foucault expresso na passagem 799. “Há efeitos de verdade que uma sociedade
citada. como a sociedade ocidental, e agora se pode dizer
que a sociedade mundial, produz a cada instante.
798. “O sucesso do poder disciplinar se deve sem Produz-se verdade. Estas produções de verdade não
dúvida ao uso de instrumentos simples: o olhar podem ser dissociadas do poder e dos mecanismos
hierárquico, a sanção normalizadora e sua de poder, ao mesmo tempo porque estes
combinação num procedimento que lhe é específico, mecanismos de poder tornam possíveis essas
o exame.” produções de verdade, as induzem; e elas próprias
Foucault, Vigiar e punir, p. 143. são efeitos do poder que nos ligam, nos conectam.”
(FOUCAULT, M. Poder e Saber In MARÇAL, J. Antologia de
I. Vigiar, muito mais que aplicar um olhar constante textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 237).
sobre o indivíduo, significa dispô-lo numa estrutura A partir do texto citado, assinale o que for correto.
arquitetural e impessoal, na qual ele se sinta vigiado. 01) O poder induz à produção da verdade na medida
II. Punir é o único objetivo da disciplina. em que estabelece os meios para obtê-la.
III. Punir primeiramente tem a finalidade de uma 02) Para o filósofo, o poder político é o único que
ortopedia moral, de normalização, não somente de pode produzir uma verdade científica.
um comportamento, mas do conjunto da existência 04) Os mecanismos de poder determinam a
humana, seja obstaculizando a virtualidade de um produção da verdade.
comportamento perigoso mediante o uso de 08) Se a verdade é produzida pelas sociedades, então
pequenas correções, seja incentivando condutas ela não é de fato verdade, já que foi elaborada para
desejáveis a partir de recompensas e vantagens. manipular e controlar politicamente.
IV. O exame atua numa ampla rede de instituições 16) O filósofo destaca a íntima relação que há entre
psiquiátricas, pedagógicas e médicas, classificando as conhecimento científico e as formas de poder.
condutas em termos de normalidade e
anormalidade. As opções 01, 04 e 16 estão corretas. Na opção 01, é
V. Para Foucault, as ciências que tomaram o homem correto afirmar que o poder estabelece os meios para
como objeto de saber, a partir do final do século a obtenção da verdade, pois o poder é capaz de criar
XVIII, não têm nada a ver com a vigilância, a condições para que certos discursos sejam
normalização e o exame disciplinares. considerados verdadeiros e outros não. Na opção 04,
Assinale a(s) alternativa(s) correta(s): é correta a afirmação de que os mecanismos de
a) II e V poder determinam a produção da verdade, pois as
b) II e IV relações de poder estão intimamente ligadas à
c) I e II produção e circulação de discursos verdadeiros. Já na
d) III, IV e V opção 16, é correto destacar a relação entre
e) I, III e IV conhecimento científico e as formas de poder, pois
as produções de verdade são produzidas dentro de
A afirmativa I está correta, pois Foucault defende contextos de poder, que moldam o que é
que o poder disciplinar não se limita a uma vigilância considerado verdadeiro ou não.
constante, mas também se dá pela disposição espacial
dos indivíduos em estruturas arquiteturais que os 800. “O pensamento de Foucault gira em torno dos
façam sentir vigiados. temas do sujeito, verdade, saber e poder. É um
pensamento que leva à crítica de nossa sociedade, à
A afirmativa III também está correta, pois a punição, reflexão sobre a condição humana. [...] Não há
para Foucault, tem uma finalidade de normalização e verdades evidentes, todo saber foi produzido em
ortopedia moral, e não apenas de reprimir algum lugar, com algum propósito. Por isso mesmo
comportamentos perigosos. As pequenas correções e pode ser criticado, transformado, e, até mesmo
destruído. Foucault considera que a filosofia pode
mudar alguma coisa no espírito das pessoas. [...] Seu
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pensamento vem sempre engajado em uma tarefa 801. “Valores e conceitos nascem de necessidades
política ao evidenciar novos objetos de análise, com humanas. A filosofia deve se debruçar sobre a
os quais os filósofos nunca haviam se preocupado. história dos acontecimentos, do concreto, do saber e
Entre eles se destacam: o nascimento do hospital; as de certa época que produz práticas com efeitos de
mudanças no espaço arquitetural que servem para poder. A intenção é sempre de compreender melhor
punir, vigiar, separar; o uso da estatística para que o nosso presente e para tal de nada adiantam as
governos controlem a população; a constituição de análises da existência ou dos dados da consciência.”
uma nova subjetividade pela psicologia e pela (ARAUJO, I. L. Foucault: um pensador da nossa época, para a
psicanálise; como e por que a sexualidade passa a ser nossa época. In: MARÇAL, J. (org.). Antologia de textos
filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 222).
alvo de preocupação médica e sanitária; como
A respeito dessa afirmação sobre o pensamento de
governar significa gerenciar a vida (biopoder) desde o
Michel Foucault, é correto afirmar que Foucault
nascimento até a morte, e tornar todos os indivíduos
01) critica as correntes fenomenológicas e
mais produtivos, sadios, governáveis.”
(ARAÚJO, I. L. Foucault: um pensador da nossa época, para a existencialistas.
nossa época. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 02) conserva o ensinamento dos mitos.
2009. p. 225.) 04) correlaciona conhecimento empírico e poder.
Segundo o texto, é correto afirmar: 08) defende o pensamento metafísico.
01) A renovação filosófica ocorre no contexto de 16) corrobora o uso prático, não só teórico, da
afirmação positivista das ciências e fundação da filosofia.
subjetividade a partir da fenomenologia.
02) A relação entre saber e poder diz respeito a uma As opções 01, 04 e 16 estão corretas. Foucault critica
prática política, não só epistemológica. as correntes fenomenológicas e existencialistas
04) A sexualidade aparece como tema de análise porque, para ele, a filosofia deve se debruçar sobre a
filosófica em razão da repressão dos desejos história dos acontecimentos e das práticas que
individuais e coletivos. produzem efeitos de poder, em vez de se preocupar
08) A expressão “biopoder” significa a associação com a análise da existência ou dos dados da
entre as potencialidades humanas e o divino. consciência.
16) O papel da filosofia é revelar verdades
metafísicas, independentemente de serem Ele não conserva o ensinamento dos mitos, mas sim
contestadas ao longo da História. propõe uma abordagem histórica e crítica sobre a
produção de conhecimento e poder na sociedade.
As opções 02 e 04 estão corretas. A opção 02 está
correta, pois Foucault entende que o poder não é Foucault correlaciona conhecimento empírico e
apenas uma relação de dominação política, mas está poder, argumentando que o saber é produzido em
presente em todas as relações sociais, inclusive nas contextos históricos e sociais específicos, e que o
relações de produção e circulação do conhecimento. poder está presente na produção e disseminação
Nesse sentido, o saber não é neutro, mas está desse saber.
imbricado em práticas políticas.
Ele não defende o pensamento metafísico, mas sim
Já a opção 04 também está correta, uma vez que enfatiza a importância da análise histórica e crítica
Foucault se interessa pela história da sexualidade para a compreensão da produção de valores e
porque, segundo ele, a repressão dos desejos conceitos na sociedade.
individuais e coletivos faz parte de uma estratégia de
controle social que se intensificou a partir do século Foucault corrobora o uso prático, não só teórico, da
XVIII. filosofia, ao propor uma análise crítica e histórica das
práticas e discursos que produzem efeitos de poder
As demais opções estão incorretas: a opção 01 está na sociedade.
equivocada porque, para Foucault, não há uma
verdade metafísica a ser revelada pela filosofia; a 802. “Foucault chamou a atenção para a dificuldade
opção 08 está incorreta, pois a expressão "biopoder" de construir uma ‘ética do eu’ em nossos dias,
se refere ao poder exercido sobre a vida dos marcados pelo consumismo exacerbado, pelo culto
indivíduos, não tendo relação com o divino; e a do corpo nas academias e pela exaltação das imagens
opção 16 está errada, uma vez que Foucault critica a como propaganda, que poderiam levar a um
noção de verdades universais e eternas, defendendo hedonismo muito diferente daquele de Epicuro,
que o conhecimento é histórico e contingente. preocupado apenas com os prazeres materiais e
imediatos. Mas, ao mesmo tempo, afirmou que essa
seria uma tarefa urgente, pois a única possibilidade
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de construir uma autonomia nos dias de hoje, habitações que a circulam, no entanto os detidos não
resistindo aos poderes políticos, estaria numa relação sabem se estão sendo observados. No anel
consigo mesmo. [...] Em outras palavras: não viver periférico, a pessoa sempre é vista sem jamais ver; na
submetido às regras morais que são impostas de fora, torre central, sempre se vê sem jamais ser visto.
mas assumir-se sujeito de suas próprias escolhas, (Adaptado de: CHÂTELET, F. et al. História das ideias
criar e construir sua vida. [...] É conhecendo a si políticas. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed., 2000. p.376.)
mesmo e cuidando de si mesmo que cada um pode
Com base na figura, no texto e nos conhecimentos
construir sua vida na relação com os outros. Uma
sobre poder em Michael Foucault, atribua V
ética do cuidado de si não implica, portanto,
(verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.
isolamento ou egoísmo.”
(GALLO, S. Filosofia: experiência do pensamento. 1ª. ed. São
( ) O exercício da vigilância e da penalidade tem por
Paulo: Scipione, 2013, p. 165). objetivo impor o poder da norma, e todos os saberes
Segundo a afirmação acima, assinale o que for – urbanismo, psiquiatria, criminologia, sexologia,
correto: sociologia – servem para legitimar e regulamentar o
01) As éticas de Foucault e de Epicuro são emprego dos poderes.
equivalentes, pois valorizam o prazer material e o ( ) O poder é algo que se possui, é um privilégio
prazer sensível. adquirido e conservado pela classe dominante que
02) O cuidado de si está caracterizado pelo objetiva oprimir, fazer uso e tirar vantagens das
surgimento das academias de ginástica e de centros classes dominadas.
de estética. ( ) O poder está em todos os lugares uma vez que
04) Em nome da autonomia do indivíduo, Foucault ele vem de toda parte; é uma estratégia, um exercício
afirma a necessidade de resistência ao poder do que faz uso das práticas disciplinares para adestrar os
Estado. corpos e as palavras.
08) A ética de Foucault, ao privilegiar o cuidado de ( ) O poder somente é duradouro se for legítimo. É
si, desvaloriza o aspecto social, coletivo. suficiente que se discorra sobre as condições formais
16) A autonomia do indivíduo frente aos da legitimidade para poder ser aceito. Desse modo, a
mecanismos de controle é uma responsabilidade lei e a autoridade que a promulga são a fonte do
pessoal e intransferível. poder; a prisão, nesse caso, é a negação do poder.
( ) Os fatos sociais são coercitivos por natureza,
As opções 02 e 16 estão corretas. A opção 02 está desse modo o poder é a aplicação da dimensão
correta ao afirmar que o surgimento das academias repressiva inerente a todas as sociedades.
de ginástica e centros de estética está relacionado Assinale a alternativa que contém, de cima para
com a valorização do cuidado de si. No entanto, não baixo, a sequência correta.
é a única forma de cuidado de si que Foucault a) V, V, V, F, F.
defende. b) V, V, F, V, F.
c) V, F, V, F, F.
Já a opção 16 está correta ao afirmar que a d) F, V, F, V, V.
autonomia do indivíduo é uma responsabilidade e) F, F, F, V, V.
pessoal e intransferível. Foucault defende que é
necessário resistir aos mecanismos de controle e criar A afirmativa I está correta, pois para Foucault, o
uma autonomia nos dias de hoje, o que implica poder se exerce não apenas de forma repressiva, mas
assumir a responsabilidade pelas próprias escolhas e também de forma positiva, ou seja, através de
construir sua vida na relação com os outros. técnicas de vigilância e controle que visam à
normalização dos indivíduos.
803. Observe a figura e leia o texto a seguir.
A afirmativa II está incorreta, pois, para Foucault, o
poder não é algo que se possui, mas sim algo que se
exerce de forma dispersa e relacional, não estando
restrito a uma classe dominante.
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A ideia de democracia presente no texto, baseada na democracia, que as decisões sejam tomadas a partir
concepção de Habermas acerca do discurso, defende do amplo debate, no qual todos os cidadãos podem
que a verdade é um(a) participar. Assim, as decisões políticas são uma
A) alvo objetivo alcançável por cada pessoa, como deliberação, ou seja, uma decisão precedida por
agente racional autônomo. reflexão. Ou, de acordo com Habermas, pode
B) critério acima dos homens, de acordo com o qual resultar em “processos de inclusão social”. A
podemos julgar quais opiniões são as melhores. alternativa correta é a letra B.
C) construção da atividade racional de
comunicação entre os indivíduos, cujo resultado 808. Considere o trecho a seguir, que descreve uma
é um consenso. definição sobre como se estabelecem as normas de
D) produto da razão, que todo indivíduo traz latente ação a partir de uma determinada situação vivida no
desde o nascimento, mas que só se firma no mundo:
processo educativo. “O mundo vivido é considerado a partir do processo
E) resultado que se encontra mais desenvolvido nos de entendimento no qual diferentes pessoas se
espíritos elevados, a quem cabe a tarefa de convencer entendem sobre algo no mundo objetivo dos fatos,
os outros. no mundo social das normas de ação e mundo
subjetivo das vivências. O mundo vivido garante aos
A verdade é uma construção da atividade racional de sujeitos de uma comunidade de comunicação
comunicação entre os indivíduos, cujo resultado é convicções a partir das quais se forma o contexto
um consenso. Segundo Habermas, a busca pela dos processos de entendimento”.
verdade não é puramente individual, mas sim OLIVEIRA, M. A. de. Reviravolta linguístico-pragmática
dialógica, da "conversação entre iguais, a polêmica, o na filosofia contemporânea. São Paulo: Edições Loyola, 1996.
debate, a controvérsia". Ela se encontra no debate e A passagem acima apresenta uma visão da
na troca de argumentos entre os indivíduos. moralidade, sobre a qual é correto afirmar que
a) se trata da ideia de moral do iluminismo,
807. O conceito de democracia, no pensamento de sobretudo da filosofia de Immanuel Kant, na qual o
Habermas, é construído a partir de uma dimensão agir moral e o princípio da eticidade se fundamentam
procedimental, calcada no discurso e na deliberação. na razão dos sujeitos, que se universaliza após o
A legitimidade democrática exige que o processo de entendimento.
tomada de decisões políticas ocorra a partir de uma b) representa uma eticidade nos moldes do
ampla discussão pública, para somente então decidir. pensamento aristotélico, em que o sujeito moral só
Assim, o caráter deliberativo corresponde a um pode ser compreendido como membro de uma
processo coletivo de ponderação e análise, permeado comunidade de cidadãos, e a ética está intimamente
pelo discurso, que antecede a decisão. ligada à política.
VITALE, D. Jürgen Habermas, modernidade e democracia c) expressa a visão marxista de moralidade, visto que
deliberativa. Cadernos do CRH (UFBA), v. 19, 2006 (adaptado). esta define que qualquer perspectiva de uma moral
O conceito de democracia proposto por Jürgen autêntica requer a superação da moral de classe e a
Habermas pode favorecer processos de inclusão instituição de uma justiça social baseada no diálogo.
social. De acordo com o texto, é uma condição para d) define a conceituação de moral na perspectiva
que isso aconteça o(a) de Jürgen Habermas, para quem a ética é
a) participação direta periódica do cidadão. discursiva e origina-se das relações
b) debate livre e racional entre cidadãos e intersubjetivas, da construção de consenso entre
Estado. os indivíduos e de uma ação comunicativa.
c) interlocução entre os poderes governamentais.
d) eleição de lideranças políticas com mandatos Habermas apresenta a ideia de que a racionalidade e
temporários. a argumentação devem guiar os seres humanos na
e) controle do poder político por cidadãos mais tomada de decisão sobre o que faz sentido e sobre o
esclarecidos. que aceitam como correto para suas vidas. A ética do
discurso tem por base a ideia de que existem algumas
A condição para que isso aconteça é o debate livre e regras no uso da linguagem que possuem um
racional entre cidadãos e Estado. Habermas propõe a conteúdo normativo, ou seja, condicionam
chamada democracia deliberativa, em que se faz determinadas formas de agir.
necessário que as decisões sejam tomadas a partir de
um amplo debate, onde todos os cidadãos podem 809. No final do século XX, com a disseminação da
participar, resultando em processos de inclusão Internet, o acesso à informação passa a ser
social. A chamada democracia deliberativa trata-se de instantâneo. Com isso, novas perspectivas se abrem
uma concepção segundo a qual é necessário, numa
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para o debate político, sobretudo para a atuação dos dos participantes da prática comunicativa cotidiana”.
cidadãos na esfera pública. Habermas, Jürgen. Consciência moral e agir comunicativo.
Tendo presente a concepção de esfera pública nos Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989. P.67.
escritos recentes de Habermas, analise as afirmativas Considerando a concepção de eticidade discursiva de
a seguir: Habermas, assinale a proposição verdadeira.
I. A esfera pública constitui um espaço no qual os a) Seguindo a tradição kantiana, trata-se de uma ética
problemas da sociedade são recebidos, discutidos e fundamentada, essencialmente, na razão prática que
problematizados, e o sistema político recepciona e cada sujeito deverá impor aos outros indivíduos a
sistematiza de forma especializada aqueles que partir de um processo comunicativo.
considera mais importantes. b) Habermas propõe que sua ética discursiva deve
II. Pelo fato de estar vinculada à sociedade civil, a romper com qualquer forma de racionalidade, ao
esfera pública exime-se de efetuar mediações defender que o princípio ético se fundamenta na
envolvendo o sistema político e o mundo da vida. ação desejante, nos sentimentos compartilhados.
III. Por funcionar como uma estrutura normativa, a c) Contra a perspectiva kantiana, onde a razão
esfera pública efetiva-se como um sistema encontra em si mesma a lei moral universal,
institucionalizado que estabelece papéis e defende que ela decorre de uma razão
competências para a participação na sociedade. comunicativa, que surge da comunicação e dos
IV. A esfera pública consiste numa rede que permite diálogos intersubjetivos.
que certos temas, ideias e posicionamentos sejam d) Para o pensador alemão, somente uma razão
debatidos, tendo como referência o agir voltado para pragmática tornará possível a instituição da
o entendimento. moralidade a partir da adoção de um discurso
Assinale a alternativa correta. convincente a ser comunicado a todos pelo
a) Somente as afirmativas I e III são corretas. legislador.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas II e IV são corretas. A "ação comunicativa" foi uma teoria desenvolvida
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. por Jürgen Habermas, e diz respeito à uma análise
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. teórica e epistêmica da racionalidade enquanto
sistema operante da sociedade. Habermas se opõe à
I. Correta. Segundo Habermas, “Do mesmo modo ideia de que a "razão instrumental" seja o único
que o mundo da vida tomado globalmente, a esfera padrão de racionalização possível. Para ele, os seres
pública se reproduz através do ‘agir comunicativo’, humanos utilizam as palavras e a linguagem como
implicando apenas o domínio de uma linguagem ferramenta de transformação e, por meio da ação
natural; ela está em sintonia com a comunicativa, é possível transformar os aspectos
compreensibilidade geral da ‘prática comunicativa objetivos, subjetivos e sociais do mundo. Habermas
cotidiana’. [...] quando abrange questões propôs uma alternativa racional à razão instrumental,
politicamente relevantes, ela deixa ao cargo do ampliando e refinando a própria ideia de razão.
sistema político a elaboração especializada”
(HABERMAS, J. Direito e Democracia. Rio de 811. Antes mesmo do início das obras de reforma ou
Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997, p. 92. V. II.) construção de novos estádios para a Copa de 2014, já
IV. Correta. “A esfera pública pode ser descrita ganhou evidência na mídia o questionamento ético
como uma ‘rede adequada para comunicação de acerca da correta destinação dos recursos públicos e
conteúdos, tomadas de posição e opiniões; nela os privados para esse fim. Sobre a relação entre ética e
fluxos comunicacionais são filtrados e sintetizados corrupção, considere as afirmativas a seguir.
[...]’. A esfera pública constitui principalmente uma I. O compromisso ético transcende a esfera estatal e
estrutura comunicacional do agir orientado pelo atinge também as empresas privadas envolvidas em
entendimento,” (HABERMAS, J. Direito e licitações públicas.
Democracia. Entre facticidade e validade. Rio de II. As empresas privadas que atuam de acordo com a
Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997, p. 92. V. II). legalidade no mercado, em busca do lucro, estão
isentas de compromisso ético.
810. O trecho que se apresenta a seguir exemplifica a III. A lógica da corrupção está assentada na
percepção de Jürgen Habermas a respeito do sobreposição dos interesses privados aos interesses
fundamento do comportamento ético. públicos.
“Enquanto a filosofia moral se colocar a tarefa de IV. Política, economia e ética são esferas com
contribuir para o aclaramento das intuições atuação diferenciada e que estabelecem correlações
cotidianas adquiridas no curso da socialização, ela entre si.
terá que partir, pelo menos virtualmente, da atitude Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
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dos interesses privados, tomados como fins últimos expressão através das construções simbólicas
do agir moral. Isso fere o princípio kantiano de contidas na linguagem, apresentam um caráter
humanidade que consiste em nunca tornar o outro eminentemente social.
em meio, mas sempre considerar a humanidade (HANSEN, Gilvan. Modernidade, Utopia e Trabalho.
como fim em si mesma. Londrina: Edições Cefil, 1999. p.13.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
IV. Correta. Habermas pretende retomar o projeto pensamento de Habermas, assinale a alternativa
emancipatório dos indivíduos, a partir do diálogo e correta.
da argumentação entre as pessoas. A ação a) A linguagem, em razão de sua dimensão material,
comunicativa seria o meio de conquistar o consenso, inviabiliza a (re)produção simbólica da sociedade.
na busca pelo entendimento, superando a razão b) As construções simbólicas se valem do apreço
instrumental. instrumental e do valor mercantil.
c) A importância do simbólico na sociedade decorre
814. A utilização de organismos geneticamente de sua adequação aos parâmetros funcionais e
modificados, já presente em alimentos como soja e técnicos.
milho, remete para a questão dos limites éticos da d) A dimensão simbólica da sociedade é
pesquisa. inerente à forma como o homem assegura
Tendo presente a obra de Jürgen Habermas, é sentido à realidade.
correto afirmar. e) A forma de expressão dos elementos simbólicos
a) O debate sobre as consequências éticas da ciência, na arena social deve atender a uma utilidade prática.
especialmente da biotecnologia, deve ocorrer a
posteriori para não atrapalhar um possível progresso A teoria social crítica habermasiana compreende a
resultante das novas descobertas científicas. sociedade de forma dual, dividida em sistema e
b) A pesquisa com seres humanos, sobretudo mundo da vida, sendo que cada uma dessas
quando envolve a possibilidade futura de dimensões é regida por um modelo próprio de
intervenções terapêuticas e de aperfeiçoamento, racionalidade. Os sistemas são representados pela
requer que se faça uma clara distinção entre racionalidade instrumental, já o mundo da vida
eugenia positiva e negativa. compreende a racionalidade comunicativa. Ademais,
c) Para que a ciência progrida e as pesquisas avancem cada modelo específico de racionalidade engloba um
na direção de novas descobertas, a ciência necessita modelo específico de produção e reprodução da
estar sintonizada com o princípio da neutralidade sociedade. A racionalidade instrumental representa o
científica. dinamismo de reprodução material das sociedades,
d) Diante da inserção dos laboratórios de pesquisa na ao passo que a racionalidade comunicativa fixa o
lógica de mercado, caso seja possível alterar sentido próprio da reprodução simbólica. Essa é uma
geneticamente características visão antropológica presente no pensamento de
dos bebês, caberá aos pais estabelecer limites éticos Habermas. Enquanto os sistemas situam a
para as possibilidades oferecidas. funcionalidade capaz de organizar a esfera de
e) O ritmo lento da produção legislativa frente à produção material, a racionalidade comunicativa,
rapidez das novas descobertas científicas torna sem inserida nos pressupostos da linguagem, assegura as
sentido estabelecer limites ético-normativos para condições de preencher o sentido da existência
questões que envolvem a ciência. humana no horizonte valorativo no mundo da vida.
considerar ilimitadamente como pessoas nascidas aceita o aperfeiçoamento genético humano orientado
sob iguais condições. pelo mercado livre e pelas preferências individuais.
(Adaptado de: HABERMAS, J. O futuro da natureza humana.
A caminho de uma eugenia liberal? 2.ed. São Paulo: WMF 817. Jürgen Habermas (1929) pertenceu inicialmente
Martins Fontes, 2010, p.107-108.)
à escola de Frankfurt, também conhecida como
A intervenção genética possibilita uma reflexão sobre
Teoria Crítica, antes de fazer seu próprio caminho de
a mudança de compreensão da natureza humana
investigação filosófica. Sobre o pensamento de
tradicionalmente concebida como permanente.
Jürgen Habermas, assinale o que for correto.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre ética
01) Jürgen Habermas opõe-se ao racionalismo
em Jürgen Habermas, considere as afirmativas a
cartesiano, por considerá-lo fundamentado numa
seguir.
filosofia do sujeito e na razão monológica e
I. A complexidade da decisão moral, no caso da
logocêntrica.
intervenção genética, dificulta a aplicabilidade do
02) Ao afastar-se da Escola de Frankfurt, Jürgen
modelo da ética discursiva, que prevê que o acordo
Habermas abandona, ao mesmo tempo, a teoria
entre os concernidos é conquistado pelo diálogo
crítica da sociedade e a crítica da razão instrumental.
público, isto porque um dos concernidos – no caso,
04) Ao contrário de Max Horkheimer, Theodor W.
a potencial pessoa em que o embrião se tornaria –
Adorno e Walter Benjamin, Jürgen Habermas
ficaria excluído do debate argumentativo.
continua fiel ao materialismo histórico, ou seja, à
II. A tendência contemporânea que defende a
ortodoxia marxista.
autonomia da pesquisa, principalmente a partir dos
08) A relação posta pela Filosofia positivista entre o
avanços da biotecnologia, em geral, e da intervenção
objeto da investigação científica e o sujeito que
genética, em particular, suscita a necessidade de
investiga é, para Jürgen Habermas, o caminho a ser
recorrer a uma regulamentação jurídica que possa
adotado por uma racionalidade que deseja a
garantir o direito a uma herança genética isenta de
emancipação humana.
manipulação.
16) A racionalidade comunicativa, contida na Teoria
III. As questões acerca dos benefícios ou malefícios
da ação comunicativa de Jürgen Habermas, elabora-
advindos da aplicação da pesquisa genética são
se na interação intersubjetiva, mediatizada pela
respondidas a partir da superioridade hierárquica do
linguagem de sujeitos que desejam alcançar, por meio
saber da ciência em relação aos valores éticos
do entendimento, um consenso autêntico.
vigentes, no sentido de que o conhecimento
científico está suficientemente legitimado para impor
As opções 01 e 16 estão corretas. A opção 01 está
princípios materiais objetivos.
correta ao afirmar que Habermas se opõe ao
IV. Os possíveis dilemas da programação genética
racionalismo cartesiano por considerá-lo
encontram respostas suficientemente satisfatórias ao
fundamentado em uma filosofia do sujeito e na razão
fazer uso da igualdade existente entre o reino do
monológica e logocêntrica. Para Habermas, a razão
discurso e o da ação, representado pela discussão
deve ser entendida como um processo comunicativo
política dos conselhos públicos, e o da necessidade e
e intersubjetivo.
do trabalho, representado pela racionalidade
estratégica da técnica moderna.
A opção 16 também está correta ao afirmar que a
Assinale a alternativa correta.
racionalidade comunicativa, contida na Teoria da
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
ação comunicativa de Habermas, elabora-se na
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
interação intersubjetiva, mediatizada pela linguagem
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
de sujeitos que desejam alcançar, por meio do
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
entendimento, um consenso autêntico. A
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
comunicação é vista como um processo dialógico,
onde a razão é construída na troca de argumentos e
I. Correta. Habermas não abandona a ideia de
ideias entre os participantes.
consensos argumentativos da ética do discurso
mesmo diante das dificuldades nas discussões que
818. A proposta ética de Habermas não comporta
envolvem a terapia genética; no texto O futuro da
conteúdos. Ela é formal. Ela apresenta um
natureza humana, apresenta uma crítica ao modelo
procedimento, fundamentado na racionalidade
da eugenia liberal ao estabelecer que a decisão da
comunicativa, de resolução de pretensões normativas
potencial pessoa estaria excluída do debate.
de validade.
(DUTRA, D. J. V. Razão e consenso em Habermas. A teoria
II. Correta. Habermas defende a proteção jurídica a discursiva da verdade, da moral, do direito e da biotecnologia.
fim de se evitarem abusos da eugenia liberal que Florianópolis: Editora da UFSC, 2005, p. 158.)
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Com base no texto e nos conhecimentos sobre a que inclui um procedimento ideal de deliberação e
obra de Habermas, é correto afirmar que, na Ética tomada de decisões: a chamada política deliberativa.
do Discurso, (VELASCO ARROYO, J. C. Para leer a Habermas. Madrid:
a) o processo de justificação das normas morais e o Alianza, 2003, p. 93.)
procedimento de deliberação das pretensões de Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
validade de correção normativa são falíveis. democracia no pensamento de Habermas, considere
b) o formalismo da ética habermasiana é idêntico ao as afirmativas a seguir.
formalismo presente nas éticas de Kant e Bentham, I. As normas se tornam legítimas pelo fato de terem
pois desconsidera o que resulta concretamente das sido submetidas ao crivo participativo de todos os
normas morais. concernidos.
c) o modelo monológico da ética kantiana é II. O princípio da regra da maioria está subordinado
reformulado na perspectiva de uma comunidade à possibilidade prévia de que todos os concernidos
discursiva na qual os participantes analisam as tenham tido a oportunidade de apresentar seus
pretensões de validade tendo como critério a posicionamentos de forma argumentativa e sem
força do melhor argumento. coerção.
d) o puro respeito à lei é considerado por Habermas III. A deliberação visa formalizar posições
como o critério fundamental para conferir cristalizadas pelos membros da sociedade política,
moralidade à ação, restando excluídos do debate da limitando-se ao endosso das opiniões prévias de cada
ética discursiva os desejos e as necessidades um.
manifestados pelos indivíduos. IV. As práticas políticas democráticas restringem-se à
e) o princípio “U” possibilita que sejam acatadas escolha, mediante sufrágio universal, dos líderes que
normas que não estejam sintonizadas com uma governam as cidades.
vontade universal, coadunando, dessa forma, Assinale a alternativa correta.
particularismo e universalismo ético. a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
obra de Habermas, é correto afirmar que, na Ética d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
do Discurso, o modelo monológico da ética kantiana e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
é reformulado na perspectiva de uma comunidade
discursiva na qual os participantes analisam as A partir do texto e dos conhecimentos sobre a
pretensões de validade tendo como critério a força democracia no pensamento de Habermas, podemos
do melhor argumento. Portanto, a alternativa correta afirmar que as alternativas III e IV estão incorretas.
é a letra c. A deliberação não se limita a formalizar posições
cristalizadas, mas sim busca promover um debate
As outras alternativas não correspondem ao argumentativo e crítico que permita a construção de
pensamento de Habermas na Ética do Discurso. Na novos entendimentos e posições. Além disso, a
ética habermasiana, o processo de justificação das democracia não se restringe apenas à escolha de
normas morais e o procedimento de deliberação das líderes por meio de sufrágio universal, mas também
pretensões de validade de correção normativa são envolve a participação ativa dos cidadãos na tomada
falíveis, pois dependem da participação dos sujeitos de decisões por meio de procedimentos
envolvidos no discurso. Além disso, o formalismo deliberativos.
presente na ética de Kant e Bentham é criticado por
Habermas, que propõe uma ética que leve em conta 820. Habermas distingue entre racionalidade
o contexto social e histórico. O puro respeito à lei instrumental e racionalidade comunicativa. A
não é o único critério para conferir moralidade à racionalidade comunicativa ocorre quando os seres
ação, e o princípio “U” não possibilita que normas humanos recorrem à linguagem com o intuito de
que não estejam sintonizadas com uma vontade alcançar o entendimento não coagido sobre algo, por
universal sejam acatadas. exemplo, decidir sobre a maneira correta de agir
(ação moral). A racionalidade instrumental, por sua
819. A ação política pressupõe a possibilidade de vez, ocorre quando os seres humanos utilizam as
decidir, através da palavra, sobre o bem comum. Esta coisas do mundo, ou até mesmo outras pessoas,
acepção do termo ‘política’, somente válida enquanto como meio para se alcançar um fim (raciocínio meio
ideal aceito, guarda uma estreita relação com a e fim).
concepção de política defendida por Habermas. Em Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
particular, com o modelo normativo de democracia teoria da ação comunicativa de Habermas, é correto
que este desenvolveu no início dos anos de 1990 e afirmar:
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a) Contar uma mentira para outra pessoa buscando d) enfatiza a compreensão individualista e
obter algo que desejamos e que sabemos que não instrumental do papel do cidadão na lógica privada
receberíamos se disséssemos a verdade é um do mercado.
exemplo de racionalidade comunicativa. e) concilia, na mesma base, direitos humanos e
b) Realizar um debate entre os alunos de turma da soberania popular, reconhecendo-os como
faculdade buscando decidir democraticamente a distintos, porém complementares.
melhor maneira de arrecadar fundos para o baile de
formatura é um exemplo de Habermas busca superar a dicotomia entre liberdade
racionalidade instrumental. individual e deliberação coletiva, propondo uma
c) Um adolescente que diz para seu pai que vai teoria da democracia deliberativa que concilia direitos
dormir na casa de um amigo, mas, na verdade, vai individuais e soberania popular. Nessa teoria, a
para uma festa com amigos, é um exemplo de deliberação coletiva é entendida como um processo
racionalidade comunicativa. comunicativo racional em que os cidadãos buscam
d) Alguém que decide economizar dinheiro chegar a um entendimento sobre o bem comum, e os
durante vários anos a fim de fazer uma viagem direitos individuais são reconhecidos como uma
para os Estados Unidos da América é um condição necessária para a participação igualitária dos
exemplo de racionalidade instrumental. cidadãos na deliberação. Assim, Habermas reconhece
e) Um grupo de amigos que se reúne para decidir a importância tanto dos direitos humanos quanto da
democraticamente o que irão fazer com o dinheiro soberania popular, mas os vê como complementares,
que ganharam em um bolão da Mega Sena é um não como opostos.
exemplo de racionalidade instrumental.
822. O autor de 1968: o ano que não terminou analisa a
A racionalidade instrumental se refere à utilização de juventude de hoje e de 40 anos atrás. Para Zuenir, os
meios para alcançar fins, como economizar dinheiro jovens brasileiros, diferentemente de outros países,
para fazer uma viagem. Já a racionalidade estão desperdiçando uma oportunidade histórica ao
comunicativa se refere ao uso da linguagem para deixar de aproveitar a internet para abraçar bandeiras
buscar entendimento não coagido sobre algo, como como a luta contra a corrupção, o aperfeiçoamento
decidir sobre a maneira correta de agir. As demais da democracia e o combate às desigualdades sociais.
alternativas apresentam exemplos que não se MÁXIMO, Welton. “Juventude brasileira perde oportunidade
encaixam nas definições de racionalidade de usar redes sociais para se mobilizar”, diz Zuenir.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/ (acesso em 16 maio 2012)
comunicativa e racionalidade instrumental.
O filósofo alemão Jürgen Habermas, principal
expoente da chamada segunda geração da Escola de
821. Na tradição liberal, a ênfase é posta no caráter
Frankfurt, critica a colonização da vida social
impessoal das leis e na proteção das liberdades
contemporânea pela racionalidade técnica. Como
individuais, de tal modo que o processo democrático
solução para essa situação, Habermas propõe a
é compelido pelos (e está a serviço dos) direitos
constituição de uma esfera pública cidadã,
pessoais que garantem a cada indivíduo a liberdade
caracterizada pela razão comunicativa, um espaço
de buscar sua própria realização. Na tradição
social de debate capaz de produzir uma moralidade
republicana, a primazia é dada ao processo
intersubjetiva e racionalmente sustentada, livre da
democrático enquanto tal, entendido como uma
dominação ideológica. Atualmente, presenciamos
deliberação coletiva que conduz os cidadãos à
algumas mobilizações culturais e políticas que têm
procura do entendimento sobre o bem comum.
(Adaptado de: ARAÚJO, L. B. L. Moral, direito e política.
seu ponto de partida nas chamadas redes sociais
“Sobre a Teoria do Discurso de” Habermas. In: OLIVEIRA, formadas na internet. A respeito das possíveis
M.; AGUIAR, O. A.; SAHD, L. F. N. de A. e S. (Orgs.). relações entre os movimentos sociopolíticos que
Filosofia Política Contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2003. p. circulam pelas redes sociais virtuais e o
214-235.) desenvolvimento de uma esfera pública cidadã, é
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a certo dizer que:
filosofia política na teoria do discurso, é correto a) os movimentos sociopolíticos que têm como
afirmar que Habermas ponto de partida as redes sociais virtuais constituem-
a) privilegia a ideia de Estado de direito em se em obstáculos à formação de uma esfera pública
detrimento de uma democracia participativa. cidadã, posto que simplesmente reproduzem os
b) concede maior relevância à autonomia pública, valores ideológicos ditados pelos meios de
opondo-se à autonomia privada. comunicação de massa e disseminam os princípios
c) ignora tanto a autonomia privada quanto a pública, fundamentais das trocas de mercado.
substituindo-as pela utilidade das normas morais. b) as redes sociais virtuais, ainda que permeadas
pelos valores sociais vigentes e pelas formas de
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poder estabelecidas na sociedade, constituem-se (HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Tradução
em um novo meio de articulações sociopolíticas, Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Tempo Brasileira,
1989. p. 62 e 78.)
capaz de contribuir para o desenvolvimento de
Sobre o cognitivismo da ética do discurso, é correto
uma esfera pública cidadã, à medida que
afirmar:
confere maior espaço à expressão de pontos de
a) A ética do discurso procura dar continuidade
vista individuais e possibilita a agilidade da
à abordagem cognitivista já presente em Kant.
comunicação de ideias, bem como o debate
b) A abordagem cognitivista da ética do discurso
acerca dos problemas políticos e sociais.
assume a impossibilidade de validação das normas
c) as mobilizações políticas via internet, apesar da
morais.
intencionalidade afirmativa e propositiva de seus
c) A abordagem cognitivista da ética do discurso se
participantes, não possuem qualquer efetividade na
apóia no conhecimento da utilidade das ações tal
construção da cidadania, posto que, pela sua própria
como pretendia Jeremy Bentham.
natureza, são incapazes de ultrapassar a virtualidade,
d) A abordagem cognitivista da ética do discurso
ou seja, são inoperantes para consumar a necessária
procura dar continuidade às teses aristotélicas sobre a
transformação política, econômica, social e cultural
retórica.
da civilização contemporânea.
e) A ética do discurso, ao abordar a ética de um
d) as redes sociais virtuais são a única possibilidade
ponto de vista cognitivista, segue as teorias
de construção de uma autêntica esfera pública, já que
emotivistas e decisionistas.
nelas os indivíduos estão completamente livres da
interferência de noções ideológicas e,
A ética do discurso, ao defender que as normas éticas
consequentemente, são capazes de favorecer um
são passíveis de fundamentação, está assumindo uma
debate que, partindo da exposição de pontos de vista
postura cognitivista, ou seja, que as normas morais
individuais, conduz todos à aceitação racional de
podem ser conhecidas e justificadas racionalmente.
verdades éticas de validade definitiva e universal.
Essa posição é semelhante à de Kant, que defendia a
e) as redes sociais virtuais tendem a fortalecer a
existência de imperativos categóricos que podem ser
cidadania à medida que permitem a gradual
conhecidos pela razão e que fundamentam a
substituição da democracia representativa por uma
moralidade.
democracia direta, fato que se revela inevitável na
constatação de que, nas sociedades contemporâneas,
824. Sobre o pensamento de Habermas, é correto
as relações entre os indivíduos transcorrem
afirmar que, no modelo da democracia deliberativa, a
unicamente na dimensão da virtualidade,
noção de cidadania enfatiza
prescindindo de contatos efetivamente pessoais.
a) os direitos e as liberdades metafísicas.
b) as liberdades individuais e a heteronomia.
Esta alternativa está de acordo com a visão de
c) os direitos objetivos e o cerceamento da sociedade
Habermas de que a esfera pública cidadã é um
civil.
espaço de debate e troca de ideias, no qual os
d) os direitos subjetivos e as liberdades cidadãs.
indivíduos podem chegar a uma compreensão
e) os direitos naturais originários e a submissão à
intersubjetiva dos problemas sociais e políticos. As
autoridade.
redes sociais virtuais, por sua vez, permitem a
ampliação desse espaço e a maior participação de
No modelo da democracia deliberativa de Habermas,
indivíduos na discussão e na articulação de
a noção de cidadania enfatiza os direitos subjetivos e
movimentos sociopolíticos.
as liberdades cidadãs. Isso significa que a cidadania é
vista como uma posição de igualdade no diálogo
823. De acordo com a ética do discurso, os
político, onde todos os cidadãos têm direitos iguais
argumentos apresentados a fim de validar as normas
para participar e influenciar nas decisões políticas. A
[...] têm força de convencer os participantes de um
ênfase é dada à autonomia e à autodeterminação dos
discurso a reconhecerem uma pretensão de validade,
cidadãos, que devem ser capazes de participar de
tanto para a pretensão de verdade quanto para a
forma consciente e crítica nas deliberações públicas.
pretensão de retidão. [...] Ele [Habermas] defende a
tese de que as normas éticas são passíveis de
825. O debate nascido nos anos 80 sobre a crise da
fundamentação num sentido análogo ao da verdade.
(BORGES, M. de L.; DALL’AGNOL, D.; DUTRA, D. V.
modernidade tem como pano de fundo a consciência
Ética. Rio de Janeiro: DP&A, 2002, p. 105.) do esgotamento da razão, no que se refere a sua
Assim, é correto afirmar que a ética do discurso incapacidade de encontrar perspectivas para o
defende uma abordagem cognitivista da ética prometido progresso humano. O pensamento de
Habermas situa-se no contexto dessa crítica. A
racionalidade ocidental, desde Descartes, pretendeu a
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autonomia da razão, baseada no sujeito que existo” é a primeira certeza a partir da qual podemos
solitariamente representa o mundo. [...] A alcançar a verdade.
racionalidade prevalente na modernidade é a 02) Para Jürgen Habermas, a linguagem tem o caráter
instrumental [...]. imperativo, pois afirma verdades encontradas por
(HERMANN, N. O pensamento de Habermas. In: Filosofia, uma razão que obedece aos preceitos da lógica
Sociedade e Educação. Ano I, n. I. Marília: UNESP, 1997. p. formal.
122-123.)
04) Jürgen Habermas pertence inicialmente ao grupo
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
dos frankfurtianos, todavia, mesmo se distanciando
Teoria Crítica de Adorno e Horkheimer e sobre o
da Escola de Frankfurt, mantém os principais
pensamento de Jürgen Habermas, é correto afirmar
objetivos dessa corrente filosófica, isto é, o
que a racionalidade instrumental constitui
esclarecimento e a emancipação do homem.
I. um conhecimento que se processa a partir das
08) Na teoria da ação comunicativa, a verdade é
condições específicas da objetividade empírica do
resultado de uma relação dialógica, fundamentada em
fato em si.
uma situação ideal de fala, que exclui qualquer relação
II. o processo de entendimento entre os sujeitos
de poder entre os interlocutores.
acerca do uso racional dos instrumentos técnicos
16) Jürgen Habermas procura resgatar a reflexão
para o controle da natureza.
crítica da Ilustração que tem em Kant um dos
III. uma forma de uso amplo da razão, que torna o
principais expoentes. A Ilustração opõe-se ao
homem livre para compreender a si mesmo a partir
autoritarismo e ao abuso do poder e defende as
do domínio do conhecimento científico.
liberdades individuais e os direitos do cidadão.
IV. um saber orientado para a dominação e o
controle técnico sobre a natureza e sobre o próprio
As opções 04, 08 e 16 estão corretas. A opção 04 está
ser humano.
correta ao afirmar que Habermas, inicialmente,
Assinale a alternativa correta.
pertenceu ao grupo dos frankfurtianos, mas se
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
distanciou da Escola de Frankfurt. Embora tenha
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
mantido alguns dos principais objetivos dessa
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
corrente filosófica, como o esclarecimento e a
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
emancipação do homem, Habermas desenvolveu sua
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
própria teoria.
A racionalidade instrumental, segundo Habermas, é
A opção 08 está correta ao afirmar que, na teoria da
uma forma de racionalidade que se caracteriza pelo
ação comunicativa, a verdade é resultado de uma
domínio da técnica e da ciência sobre a natureza e
relação dialógica, fundamentada em uma situação
pela busca de controle e dominação sobre a mesma.
ideal de fala que exclui qualquer relação de poder
Ela é voltada para a eficácia técnica e não para a
entre os interlocutores. Para Habermas, a linguagem
compreensão do mundo em sua totalidade. Nesse
é um meio de comunicação que deve ser usada de
sentido, a afirmativa IV está incorreta, pois não se
forma ética e igualitária para a busca do
trata de um saber orientado para o controle do ser
entendimento mútuo, sem a imposição de uma
humano, mas sim para a natureza. As afirmativas I,
verdade por parte de um interlocutor mais poderoso.
II e III, por outro lado, estão corretas, pois a
racionalidade instrumental é um conhecimento
A opção 16 está correta ao afirmar que Habermas
baseado em condições empíricas, é voltada para o
procura resgatar a reflexão crítica da Ilustração, que
uso racional dos instrumentos técnicos e busca a
tem em Kant um dos principais expoentes. A
compreensão do mundo a partir do conhecimento
Ilustração opõe-se ao autoritarismo e ao abuso do
científico.
poder e defende as liberdades individuais e os
direitos do cidadão. Habermas busca manter esse
826. Jürgen Habermas constrói um novo sistema
legado, mas ao mesmo tempo desenvolve uma teoria
filosófico, fundamentado na teoria da ação
que busca superar as limitações da modernidade e
comunicativa. Em oposição à filosofia da consciência
propor uma nova forma de racionalidade, baseada na
da tradição moderna, que concebe a razão como uma
comunicação e no entendimento mútuo.
entidade centrada no sujeito, Habermas considera a
razão como sendo o resultado de uma relação
827. “Jürgen Habermas (1929) é um dos principais
intersubjetiva entre indivíduos que procuram, por
representantes da chamada segunda geração da
meio da linguagem, chegar ao entendimento.
Escola de Frankfurt”. Este filósofo elaborou “uma
Assinale o que for correto.
teoria social baseada no conceito de racionalidade
01) Jürgen Habermas perpetua a tradição de René
comunicativa, que se contrapõe à razão instrumental”
Descartes e, como ele, acredita que o “penso, logo
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(ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena 828. A ação política pressupõe a possibilidade de
Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª. ed. revista. São decidir, através da palavra, sobre o bem comum. Esta
Paulo: Ed. Moderna, 2009. p.200).
acepção do termo ‘política’, somente válida enquanto
Segundo o pensamento de Jürgen Habermas, assinale
ideal aceito, guarda uma estreita relação com a
o que for correto.
concepção de política defendida por Habermas. Em
01) Jürgen Habermas critica a filosofia de René
particular, com o modelo normativo de democracia
Descartes, por considerá-la uma filosofia metafísica
que este desenvolveu no início dos anos de 1990 e
fundada em uma reflexão solitária, centrada no
que inclui um procedimento ideal de deliberação e
sujeito.
tomada de decisões: a chamada política deliberativa.
02) O positivismo é, para Jürgen Habermas, a teoria (VELASCO ARROYO, J. C. Para leer a Habermas. Madrid:
e o método mais seguro para alcançar um Alianza, 2003, p. 93.)
conhecimento preciso da realidade social. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
04) O uso da razão instrumental é, para Jürgen democracia no pensamento de Habermas, considere
Habermas, válido, quando se trata de agir sobre as afirmativas a seguir.
objetos ou sobre natureza, a fim de suprir as I. As normas se tornam legítimas pelo fato de terem
necessidades do homem. sido submetidas ao crivo participativo de todos os
08) A razão discursiva, que fundamenta a teoria da concernidos.
ação comunicativa de Jürgen Habermas, tem como II. O princípio da regra da maioria está subordinado
princípio que a verdade só pode ser alcançada na à possibilidade prévia de que todos os concernidos
relação intersubjetiva entre indivíduos que se tenham tido a oportunidade de apresentar seus
dispõem a chegar a um consenso. posicionamentos de forma argumentativa e sem
16) Para Jürgen Habermas, o princípio da situação coerção.
ideal de fala, mesmo sendo contrafactual, é necessário III. A deliberação visa formalizar posições
para evitar que relações de poder possam desviar a cristalizadas pelos membros da sociedade política,
linguagem de seu objetivo, isto é, alcançar o limitando-se ao endosso das opiniões prévias de cada
entendimento. um.
IV. As práticas políticas democráticas restringem-se à
As opções 01, 04, 08 e 16 estão corretas. A opção 01 escolha, mediante sufrágio universal, dos líderes que
está correta ao afirmar que Habermas critica a governam as cidades.
filosofia de Descartes, especialmente a concepção da Assinale a alternativa correta.
razão como uma entidade centrada no sujeito, que é a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
criticada por Habermas por não considerar a b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
dimensão intersubjetiva da razão. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
A opção 04 está correta ao afirmar que Habermas e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
reconhece o valor da razão instrumental no que diz
respeito a lidar com a natureza e seus objetos para A afirmativa I está correta, pois para Habermas, as
atender às necessidades humanas. No entanto, ele normas só são legítimas se foram produzidas de
argumenta que a razão instrumental não é adequada forma participativa por todos os concernidos. A
para lidar com a complexidade das relações sociais. afirmativa II também está correta, já que o princípio
da maioria é válido apenas se todos tiverem a
A opção 08 está correta ao afirmar que a teoria da oportunidade de participar do processo deliberativo
ação comunicativa de Habermas é baseada na razão de forma livre e argumentativa. A afirmativa III está
discursiva e que a verdade só pode ser alcançada na incorreta, já que a deliberação não visa apenas
relação intersubjetiva entre indivíduos que buscam formalizar posições prévias, mas sim chegar a um
um consenso por meio do diálogo e da consenso a partir do diálogo e da argumentação. A
argumentação. afirmativa IV também está incorreta, pois a
democracia deliberativa de Habermas não se limita
A opção 16 está correta ao afirmar que a situação apenas à escolha de líderes, mas enfatiza a
ideal de fala é um princípio fundamental na teoria de importância da participação ativa dos cidadãos no
Habermas, que serve como um ideal regulatório para processo político. Portanto, a alternativa correta é a
garantir que a comunicação entre os indivíduos seja letra A, apenas as afirmativas I e II são corretas.
livre de influências de poder e que todos tenham as
mesmas chances de participar do diálogo e alcançar 829. “Uma moral racional se posiciona criticamente
um consenso. em relação a todas as orientações da ação, sejam elas
naturais, autoevidentes, institucionalizadas ou
ancoradas em motivos através de padrões de
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socialização. No momento em que uma alternativa Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
de ação e seu pano de fundo normativo são expostos teoria da ação comunicativa de Habermas, é correto
ao olhar crítico dessa moral, entra em cena a afirmar:
problematização. A moral da razão é especializada a) Contar uma mentira para outra pessoa buscando
em questões de justiça e aborda em princípio tudo à obter algo que desejamos e que sabemos que não
luz forte e restrita da universalidade.” receberíamos se disséssemos a verdade é um
(HABERMAS, Jürgen. Direito e democracia: entre facticidade e exemplo de racionalidade comunicativa.
validade. v. I. Trad. Flávio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: b) Realizar um debate entre os alunos de turma da
Tempo Brasileiro, 1997. p. 149.)
faculdade buscando decidir democraticamente a
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
melhor maneira de arrecadar fundos para o baile de
moral em Habermas, é correto afirmar:
formatura é um exemplo de
a) A formação racional de normas de ação ocorre
racionalidade instrumental.
independentemente da efetivação de discursos e da
c) Um adolescente que diz para seu pai que vai
autonomia pública.
dormir na casa de um amigo, mas, na verdade, vai
b) O discurso moral se estende a todas as
para uma festa com amigos, é um exemplo de
normas de ações passíveis de serem justificadas
racionalidade comunicativa.
sob o ponto de vista da razão.
d) Alguém que decide economizar dinheiro
c) A validade universal das normas pauta-se no
durante vários anos a fim de fazer uma viagem
conteúdo dos valores, costumes e tradições
para os Estados Unidos da América é um
praticados no interior das comunidades locais.
exemplo de racionalidade instrumental.
d) A positivação da lei contida nos códigos, mesmo
e) Um grupo de amigos que se reúne para decidir
sem o consentimento da participação popular,
democraticamente o que irão fazer com o dinheiro
garante a solução moral de conflitos de ação.
que ganharam em um bolão da Mega Sena é um
e) Os parâmetros de justiça para a avaliação crítica de
exemplo de racionalidade instrumental.
normas pautam-se no princípio do direito divino.
A racionalidade instrumental é quando usamos algo
De acordo com o texto e com os conhecimentos
como meio para alcançar um fim, como no exemplo
sobre a moral em Habermas, a moral racional é
de economizar dinheiro para fazer uma viagem. Já a
crítica em relação a todas as orientações da ação,
racionalidade comunicativa ocorre quando os seres
buscando a problematização das alternativas de ação
humanos recorrem à linguagem com o intuito de
e dos seus pano de fundo normativos. A moral da
alcançar o entendimento não coagido sobre algo,
razão se especializa em questões de justiça e aborda
como no exemplo de um debate entre alunos
tudo à luz forte e restrita da universalidade. Portanto,
buscando decidir democraticamente a melhor
a formação racional de normas de ação está
maneira de arrecadar fundos para o baile de
relacionada com a efetivação de discursos e a
formatura. Os exemplos nas outras alternativas
autonomia pública, e a validade universal das normas
envolvem enganar ou manipular outras pessoas, o
pauta-se no conteúdo dos valores e princípios que
que não se enquadra na ideia de racionalidade
podem ser justificados sob o ponto de vista da razão.
comunicativa.
Os parâmetros de justiça não se baseiam no princípio
do direito divino, mas sim na razão e na
831. Em Técnica e Ciência como “ideologia”,
universalidade das normas. A positivação da lei não
Habermas apresenta uma reformulação do conceito
garante a solução moral de conflitos de ação se não
weberiano de racionalização pela qual lança as bases
estiver em consonância com os valores e princípios
conceptuais de sua teoria da sociedade. Neste
justificáveis racionalmente.
sentido, postula a distinção irredutível entre trabalho
ou agir instrumental e interação ou agir
830. Habermas distingue entre racionalidade
comunicativo, bem como a pertinência da conexão
instrumental e racionalidade comunicativa. A
dialética entre essas categorias, das quais deriva a
racionalidade comunicativa ocorre quando os seres
diferenciação entre o quadro institucional de uma
humanos recorrem à linguagem com o intuito de
sociedade e os subsistemas do agir racional com
alcançar o entendimento não coagido sobre algo, por
respeito a fins. Segundo Habermas, uma análise mais
exemplo, decidir sobre a maneira correta de agir
pormenorizada da primeira parte da Ideologia Alemã
(ação moral). A racionalidade instrumental, por sua
revela que “Marx não explicita efetivamente a
vez, ocorre quando os seres humanos utilizam as
conexão entre interação e trabalho, mas sob o título
coisas do mundo, ou até mesmo outras pessoas,
nada específico da práxis social reduz um ao outro, a
como meio para se alcançar um fim (raciocínio meio
saber, a ação comunicativa à instrumental”.
e fim). Adaptado: HABERMAS, J. Técnica e ciência como
“ideologia”. Lisboa: Edições 70, 1994. p.41-42.
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Com base no texto e nos conhecimentos sobre o b) pauta-se em argumentos de utilidade, os quais
pensamento de Habermas, é correto afirmar: impõe o dever de proporcionar, enquanto benefício,
a) O crescimento das forças produtivas e a eficiência o maior bem ou a maior felicidade aos envolvidos.
administrativa conduzem à organização das relações c) funda-se em argumentos racionais sob
sociais baseadas na comunicação livre de quaisquer condições simétricas de interação, amparados
formas de dominação. em pretensões de validade, tais como verdade,
b) A liberação do potencial emancipatório do sinceridade e correção.
desenvolvimento da técnica e da ciência depende da d) constrói-se no uso de argumentos que visam o
prevenção das disfuncionalidades sistêmicas que aconselhamento e a prudência, salientando a
entravam a reprodução material da vida e suas necessidade de ações retas do ponto de vista do
respectivas formas interativas. caráter a da virtude.
c) O desenvolvimento da ciência e da técnica, e) realiza-se por meio de argumentos intuicionistas,
enquanto forças produtivas, permite estabelecer uma fazendo respeitar o que cada pessoa carrega em sua
nova forma de legitimação que, por sua vez, nega as biografia quanto à compreensão do que é certo ou
estruturas da ação instrumental, assimilando-as à errado.
ação comunicativa.
d) Com base na irredutibilidade entre trabalho e A ética do discurso de Habermas se fundamenta na
interação, a luta pela emancipação diz respeito ideia de que a argumentação racional é a base para a
tanto ao agir comunicativo, contra as restrições avaliação moral e para a tomada de decisões justas e
impostas pela dominação, quanto ao agir corretas. Essa argumentação deve ocorrer sob
instrumental, contra as restrições materiais pela condições simétricas de interação, em que os
escassez econômica. participantes devem estar dispostos a ouvir e a
e) A racionalização na dimensão da interação social considerar os argumentos uns dos outros. Além
submetida à racionalização na dimensão do trabalho disso, os argumentos devem ser amparados em
na práxis social determina o caráter emancipatório do pretensões de validade, como a verdade, a
desenvolvimento das forças produtivas e do bem- sinceridade e a correção.
estar da vida humana.
Dessa forma, a ética do discurso de Habermas se
O texto apresenta a distinção irredutível entre diferencia de outras abordagens éticas, como a ética
trabalho ou agir instrumental e interação ou agir deontológica, que se baseia em regras e princípios
comunicativo, bem como a conexão dialética entre fixos, e a ética utilitarista, que se pauta na
essas categorias, das quais deriva a diferenciação maximização da felicidade ou do bem-estar. Ao
entre o quadro institucional de uma sociedade e os contrário dessas abordagens, a ética do discurso de
subsistemas do agir racional com respeito a fins. A Habermas reconhece a importância da argumentação
partir disso, Habermas argumenta que a luta pela racional e da intersubjetividade na avaliação moral.
emancipação não diz respeito apenas à esfera da ação
comunicativa, mas também à esfera da ação Essa abordagem ética é relevante em um mundo em
instrumental, contra as restrições materiais pela que a pluralidade de valores e interesses torna difícil
escassez econômica. a tomada de decisões justas e democráticas. Ao
incentivar a argumentação racional e a consideração
832. O ponto de vista moral, a partir do qual dos argumentos dos outros, a ética do discurso de
podemos avaliar imparcialmente as questões práticas, Habermas pode contribuir para a construção de
é seguramente interpretado de diferentes maneiras. consensos e para a resolução pacífica de conflitos.
Mas ele não está livre e arbitrariamente à nossa
disposição, já que releva a forma comunicativa do 833. A democracia se adapta a essa formação
discurso racional. Impõe-se intuitivamente a todos os moderna do Estado territorial, nacional e social,
que estejam abertos a esta forma reflexiva da ação equipado com uma administração efetiva. Isto
orientada para a comunicação. porque um ente coletivo tem necessidade de se
HABERMAS, J. Comentários à Ética do Discurso. Tradução de integrar, política e culturalmente, além de ser
Gilda Lopes Encarnação. Lisboa: Instituto Piaget, 1999. p. 101- suficientemente autônomo do ponto de vista
102.
espacial, social econômico e militar.[...] Em
Com base na tira e no texto, é correto afirmar que a
decorrência da imigração e da segmentação cultural,
ética do discurso de Habermas
as tendências subsumidas no termo “globalização”
a) baseia-se em argumentos de autoridade prescritos
ameaçam a composição, mais ou menos homogênea,
universalmente e assegurados, sobretudo, pelo lastro
da população em seu âmago, ou seja, o fundamento
tradicional dos valores partilhados no mundo da
pré-político da integração dos cidadãos. No entanto,
vida.
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convém salientar outro fato mais marcante ainda: o fundamentos pré-políticos e reduzir a autonomia do
Estado, cada vez mais emaranhado nas Estado.
interdependências da economia e da sociedade
mundial, perde, não somente em termos de 4. JOHN RAWLS
autonomia e de competência para a ação, mas
também em termos de substancia democrática. 834. A justiça é a primeira virtude das instituições
(HABERMAS, J. Era das Transições. Tradução e Introdução de sociais, como a verdade o é dos sistemas de
Flavio Beno Siebeneichler. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, pensamento. Cada pessoa possui uma inviolabilidade
2003, p. 106.)
fundada na justiça que nem mesmo o bem-estar da
Com base no texto e nos conhecimentos sobre
sociedade como um todo pode ignorar. Por essa
democracia em Habermas, considere as afirmativas a
razão, a justiça nega que a perda de liberdade de
seguir:
alguns se justifique por um bem maior partilhado por
I. A ampliação da economia além das fronteiras dos
todos.
Estados nacionais revela a integração democrática HAWLS, J. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes,
dos países e, consequentemente, o fortalecimento da 2000 (adaptado).
cidadania mundial. O filósofo afirma que a ideia de justiça atua como
II. A democracia se amplia à medida que a economia um importante fundamento da organização social e
e a imigração se deslocam além das fronteiras dos aponta como seu elemento de ação e funcionamento
Estados nacionais, produzindo um intercâmbio o
social e cultural do ponto de vista global. A) povo.
III. A democracia circunscrita ao âmbito nacional B) Estado.
goza de autonomia em segmentos significativos C) governo.
como a economia, a política e a cultura, porém, D) indivíduo.
quando o Estado entra na fase da constelação pós- E) magistrado.
nacional, sofre uma redução no exercício
democrático. O elemento de ação e funcionamento da justiça é o
IV. Do ponto de vista democrático, os Estados indivíduo. A ordem política defende uma liberdade
nacionais sofrem restrição em seu fundamento de individual e considera que uma sociedade é justa
integração social em decorrência do aumento da quando promove e defende esta liberdade.
imigração, da segmentação cultural e, sobretudo, da
ampliação da economia no plano global. 835. Uma sociedade é uma associação mais ou
Assinale a alternativa correta. menos autossuficiente de pessoas que em suas
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas. relações mútuas reconhecem certas regras de
b) Somente as afirmativas II e III são corretas. conduta como obrigatórias e que, na maioria das
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. vezes, agem de acordo com elas. Uma sociedade é
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. bem ordenada não apenas quando está planejada
e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. para promover o bem de seus membros, mas quando
é também efetivamente regulada por uma concepção
O texto de Habermas aborda a relação entre pública de justiça. Isto é, trata-se de uma sociedade
democracia e Estado territorial, nacional e social na na qual todos aceitam, e sabem que os outros
era da globalização. Ele argumenta que a ampliação aceitam, o mesmo princípio de justiça.
da economia e da imigração além das fronteiras dos RAWLS, J. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes,
Estados nacionais ameaça a composição homogênea 1997 (adaptado)
da população e a integração dos cidadãos, que são A visão expressa nesse texto do século XX remete a
fundamentos pré-políticos da democracia. Além qual aspecto do pensamento moderno?
disso, o Estado perde autonomia e competência para a) A relação entre liberdade e autonomia no
ação em um contexto de interdependências Liberalismo.
econômicas e sociais mundiais, o que reduz sua b) A independência entre poder e moral no
substância democrática. Racionalismo.
c) A convenção entre cidadãos e soberano do
Nesse sentido, as afirmativas I e II estão incorretas Absolutismo.
porque sugerem que a ampliação da economia e da d) A dialética entre o indivíduo e governo autocrata
imigração além das fronteiras dos Estados nacionais do Idealismo.
leva a uma ampliação automática da democracia. Na e) A contraposição entre bondade e condição
verdade, o texto sugere que essa ampliação pode selvagem do Naturalismo.
ameaçar a democracia ao enfraquecer seus
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Remete à relação entre liberdade e autonomia no Nozick defende a ideia de um "Estado Mínimo", que
Liberalismo. John Rawls defende uma concepção de teria como principal função proteger os direitos
justiça liberal, em que uma sociedade justa é aquela individuais e garantir a liberdade dos cidadãos. Para
que respeita os direitos civis dos cidadãos. ele, o Estado não deve interferir na vida dos
indivíduos além do necessário para proteger seus
4. NOZICK direitos, e deve ter apenas uma função protetora da
auto-propriedade. Portanto, a alternativa correta é a
836. Sobre a teoria da justiça de Robert Nozick, letra C, que se refere à garantia das liberdades
marque a alternativa INCORRETA. fundamentais.
a) Segundo Nozick, os direitos individuais são
constitutivos da justiça, requerendo um respeito 4. HANS JONAS
absoluto a eles, estabelecendo restrições absolutas ao
que os outros ou o Estado podem fazer. 838. Hans Jonas, na obra “O Princípio
b) Em Nozick há uma renovação da ideia lockeana Responsabilidade”, formulou um novo e
de “propriedade de si mesmo”. característico imperativo categórico, relacionado a
c) Segundo Nozick, para que se faça a justiça, é um novo tipo de ação humana: “Age de tal forma
necessário que o Estado intervenha nas que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a
aquisições e transferências dos indivíduos permanência de uma vida humana autêntica sobre a
através de um processo redistributivo. terra”
d) A posição de Nozick é costumeiramente (JONAS, 2006, p. 48).
caracterizada como libertarismo. A este respeito, assinale a alternativa CORRETA.
e) Para Nozick, o Estado deve ter apenas uma A) Podemos deduzir que Hans Jonas propõe que o
função protetora da auto-propriedade, não podendo importante é o bem do indivíduo e não a
ter funções redistributivas. coletividade futura.
B) A ação de cada indivíduo não influencia na
Segundo a teoria da justiça de Nozick, o Estado não coletividade.
deve intervir nas aquisições e transferências dos C) O importante é viver o presente sem se importar
indivíduos através de um processo redistributivo, com o futuro da humanidade.
pois isso violaria os direitos individuais. Para Nozick, D) Podemos deduzir que não é importante a
a justiça consiste em respeitar esses direitos permanência da vida humana sobre a terra.
individuais, que incluem o direito à propriedade, e E) O imperativo proposto por Hans Jonas é de
em garantir a sua proteção. Assim, a posição de ordem racional, para um agir coletivo como um
Nozick é caracterizada como libertarismo, e ele bem público e não individual.
defende que o Estado deve ter apenas uma função
protetora da auto-propriedade, não podendo ter A interpretação de Hans Jonas refere-se à autêntica
funções redistributivas. vida futura, e não apenas imediata.
837. Robert Nozick, no livro Anarquia, Estado e 839. “O enorme impacto do Princípio
Utopia, declara que os indivíduos têm direitos e há Responsabilidade não se deve somente a sua
coisas que nenhuma pessoa ou grupo lhes pode fazer fundamentação filosófica, mas ao sentimento geral,
(sem violar os seus direitos). Estes direitos são de tal que até então os mais atentos observadores poderão
maneira fortes e de grande alcance que levantam a permitir cada vez menos de que algo poderia ir mal
questão do que o Estado e os seus mandatários para a humanidade, inclusive o tempo poderia estar
podem fazer, se é que podem fazer alguma coisa. em posição no marco de crescimento exagerado e
O Estado pode justificar-se moralmente para aqueles crescente das interferências técnicas sobre a natureza,
que conceituam sua função a partir da noção de de pôr em jogo a própria existência. Entretanto, se
“Estado Mínimo”, o que implica, fundamentalmente, havia comentado que era evidente a vinda da chuva
a(o) ácida, o efeito estufa, a poluição dos rios e muitos
a) promoção de políticas públicas de assistência aos outros efeitos perigosos, fomos pegos de cheio na
mais necessitados destruição de nossa biosfera.”
b) promoção de bem-estar social A partir do comentário de Hans Jonas em O
c) garantia das liberdades fundamentais princípio responsabilidade é possível pensar que a
d) violação sistemática da constituição maioria das pessoas tende a se preocupar mais com o
e) monopólio da violência futuro da vida no planeta. Contudo, parece muito
difícil haver de fato uma mudança que leve a espécie
humana a assumir a responsabilidade por sua missão
terrena. Nesse sentido, seria necessário desenvolver
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uma heurística do temor, a fim de favorecer o II. Enquanto no passado a natureza humana e extra-
desenvolvimento da responsabilidade. Sobre o humana eram invioláveis pela capacidade do poder
conceito de heurística do temor, assinale a alternativa tecnológico, a técnica moderna coloca em perigo a
CORRETA. autenticidade da vida futura.
A) Hans Jonas entende que a superação do medo é III. Ninguém pode ser responsabilizado pelos efeitos
primordial para uma ética da responsabilidade, pois é involuntários posteriores de um ato bem
através dela que o ser humano poderá agir e refletir intencionado.
sobre o destino da humanidade. IV. A natureza deve, sobretudo, ser protegida
B) A heurística do medo é um medo paralisante e porque, sem ela, o homem não poderá assegurar a
patológico, que impede o despertar para o pensar e sua sobrevivência.
para o agir em prol de um futuro melhor. V. O homem, com o poder da técnica moderna,
C) A heurística do medo pode ser considerada a passou a figurar como um objeto da própria técnica,
incapacidade humana de resolver problemas perdendo sua autonomia, ou seja, o homo faber passou
inesperados, visto que falta coragem para superar o a dominar o homo sapiens.
medo. Estão corretas APENAS as assertivas:
D) A heurística do temor não é seguramente a A) I, II e III.
última palavra na busca do bem, mas um veículo B) I, II e IV.
extraordinariamente útil. Deveria ser C) III, IV e V.
aproveitada para o empreendimento de D) I, III e V.
preservação do planeta, podendo, dessa forma, E) I, II e V.
acordar para a possibilidade de uma catástrofe,
provocando a necessidade do limite e da As assertivas III e IV estão incorretas, pois Hans
renúncia em relação ao uso de certas Jonas defende que a responsabilidade humana deve
tecnologias. abranger os efeitos involuntários posteriores de um
E) Trata-se de um medo que não tem a ver com o ato, e que a proteção da natureza não deve ser vista
objeto da responsabilidade, pois, para assumir a apenas como um meio para a sobrevivência humana,
responsabilidade pelo futuro do homem, é necessário mas como um valor em si mesmo.
livrar-se de qualquer sombra aterrorizante sobre um
futuro que talvez nunca aconteça. 841. A preocupação sobre o futuro da natureza e a
ação da civilização tecnológica apresenta-se como
A heurística do temor, proposta por Hans Jonas, é traços constitutivos do pensamento de Hans Jonas.
uma abordagem que se baseia na ideia de que o Neste sentido, o princípio responsabilidade pretende
medo e a preocupação com o futuro da humanidade superar as éticas tradicionais, as quais o autor chama
são elementos fundamentais para a adoção de uma de “éticas da similitude". A respeito da reflexão ética
ética da responsabilidade em relação ao meio de Hans Jonas, assinale a alternativa INCORRETA.
ambiente e às gerações futuras. Segundo Jonas, é A) A responsabilidade não tem nenhuma
preciso reconhecer a possibilidade de uma catástrofe implicância e relevância com relação às futuras
iminente e usar esse temor como uma força motriz gerações, associando-se, assim, com a ética de
para limitar e renunciar a certas tecnologias que Kant.
possam ameaçar a vida no planeta. A heurística do B) A responsabilidade adquire uma nova
temor não é um medo paralisante ou patológico, mas dimensão pela técnica que as éticas tradicionais (por
sim uma forma de despertar a consciência humana exemplo, a ética aristotélica) não comportam, uma
para a necessidade de assumir a responsabilidade vez que estas não apontam para as consequências
pelo futuro da vida no planeta. futuras.
C) As éticas tradicionais primam pelo
840. Na obra O princípio responsabilidade, Hans Jonas antropocentrismo, tornando-se, assim, um problema,
propõe um ensaio de uma ética para a civilização pois não buscam um fim imanente também na
tecnológica. Entre as principais teses defendidas pelo natureza
autor destacam-se: D) A responsabilidade pelas futuras gerações e
I. Todas as éticas até hoje partilharam de alguns pelo todo orgânico são elementos fundamentais na
pressupostos em comum, tais como: a natureza proposta ética de Hans Jonas.
humana e extra-humana eram consideradas E) A responsabilidade não pode ser uma relação
imodificáveis pelo agir; todas as éticas foram recíproca, uma vez que tal relação se move incidindo
essencialmente antropocêntricas; e a numa ética futurista.
responsabilidade da ação humana limitava-se ao
tempo presente.
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Segundo Hans Jonas, diferentemente da ética nosso poder mais que nossa impotência”. Hans
kantiana, a responsabilidade deve sim ter implicância Jonas demonstra ser necessária a proposição de uma
e relevância com relação às futuras gerações, uma vez nova ética para o futuro, sendo que essa ética tem de
que nossas ações presentes podem afetar considerar a evolução da técnica e a noção de
negativamente as condições de vida no futuro. progresso sugerida pela ciência. Com base no texto
Portanto, a responsabilidade não se limita apenas às apontado e de acordo com os seus conhecimentos
ações presentes, mas também às consequências sobre o tema, assinale a alternativa que melhor
futuras. expressa a visão ética proposta por Hans Jonas.
a) Para Hans Jonas, a ética não deve ter nenhuma
842. Fundamos, como afirmam alguns cientistas, o relação com a técnica e a ciência moderna, devendo
antropoceno: uma nova era geológica com altíssimo ser voltada unicamente para as ações humanas no
poder de destruição, fruto dos últimos séculos que campo político e social.
significaram um transtorno perverso do equilíbrio do b) O desenvolvimento da técnica e da ciência
sistema-Terra. Como enfrentar esta nova situação moderna produziu um progresso que deve alcançar
nunca ocorrida antes de forma globalizada e todos os seres humanos, sendo que a ética não deve
profunda? Temos pessoalmente trabalhado os servir para frear ou diminuir os avanços das
paradigmas da sustentabilidade e do cuidado como descobertas científicas, permitindo, dessa forma, que
relação amigável e cooperativa para com a natureza. a própria ciência apresente os limites de sua ação.
Queremos, agora, agregar a ética da responsabilidade. c) A ética deve posicionar-se criticamente frente
BOFF, L. Responsabilidade coletiva. Disponível em: à técnica moderna, considerando os limites de
http://leonardoboff.wordpress.com. Acesso em: 14 maio 2013. destruição que a ciência pode produzir em
A ética da responsabilidade protagonizada pelo escala global e fornecendo, com isso, os
filósofo alemão Hans Jonas e reivindicada no texto é parâmetros de ação da própria técnica,
expressa pela máxima: buscando, assim, frear os avanços e progressos
a) “A tua ação possa valer como norma para todos da ciência quando esta apresentar perigos para a
os homens.” continuidade da vida.
b) “A norma aceita por todos advenha da ação d) A concepção de Hans Jonas afirma que a ética
comunicativa e do discurso.” deve impedir o avanço completo da técnica e da
c) “A tua ação possa produzir a máxima felicidade ciência moderna, pois o único interesse da ética é a
para a maioria das pessoas.” preservação do meio ambiente, não havendo
d) “O teu agir almeje alcançar determinados fins que possibilidade de se realizar um diálogo entre a
possam justificar os meios.” dimensão ética e a dimensão da técnica.
e) “O efeito de tuas ações não destrua a e) A ética da responsabilidade de Hans Jonas propõe
possibilidade futura da vida das novas que a técnica moderna não é capaz de conhecer, por
gerações.” si mesma, nenhum limite e por essa razão deve ser
freada em sua realização para não prejudicar a
De acordo com o pensamento defendido pelo continuidade da vida, não podendo haver nenhuma
filósofo alemão Hans Jonas – de que é necessário forma de relação entre a ética e a ciência moderna.
estabelecer a ética da responsabilidade, tendo em
vista que vivemos um período histórico e geológico Hans Jonas propõe uma nova ética que considera os
de total controle humano sobre a natureza – a efeitos a longo prazo da ação humana, especialmente
máxima que melhor se encaixa com esse pensamento da técnica moderna, e propõe que a ética deve
é a que diz: “O efeito de tuas ações não destrua a posicionar-se criticamente diante da técnica,
possibilidade futura da vida das novas gerações.” buscando frear os avanços e progressos da ciência
quando ela apresentar perigos para a continuidade da
843. Ao abordar o problema da técnica moderna no vida. A ética da responsabilidade proposta por Jonas
livro Técnica, Medicina e Ética, o filósofo Hans defende que os limites da ação humana devem ser
Jonas afirma que o progresso deve ser analisado levados em consideração e que a técnica não pode
criticamente, pois: “Os meios com os quais promete ser vista como um fim em si mesma, mas sim como
eliminar a miséria do Terceiro Mundo e acrescentar o um meio para a preservação da vida.
bem-estar material a toda a humanidade, em
crescimento graças a ele – os meios da técnica 844. Em linhas gerais, o modelo de ética da
agressiva –, ameaçam, precisamente com os seus responsabilidade de Hans Jonas refere-se
êxitos a curto prazo, a conduzir uma devastação a) ao aqui e agora, e afirma que, se não fizermos nada
ambiental talvez irremediável a longo prazo. É mais a urgentemente, o mundo poderá entrar em colapso
eficácia demasiado grande do que a demasiado nos próximos anos.
pequena dos recursos aquilo a que temos de temer;
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E) I, II e V.
A imagem da virada de jogo do veto da proposta do
O fragmento apresentado destaca a importância da Código Florestal pode ser associada à ideia de Hans
ética da responsabilidade proposta por Hans Jonas, Jonas de que as ações humanas devem ser balizadas
que reconhece a ignorância do homem em relação às pela permanência de uma vida autêntica sobre a
consequências de suas ações e, por isso, defende a Terra, o que representa um novo tipo de agir
necessidade de uma ética que se preocupe não humano. Ambos os textos apontam para a
apenas com o presente, mas também com o futuro importância de considerar a sustentabilidade e a
distante da humanidade e da existência da espécie. preservação da vida no planeta em nossas ações e
Através dessa ética, o autor busca instaurar uma nova decisões. As demais opções não correspondem à
concepção de direitos e deveres que leve em conta a relação apresentada nos textos.
condição global da vida humana.
4. DURKHEIM
847. Texto 01
848. Sentir-se muito angustiado com a ideia de
perder seu celular ou de ser incapaz de ficar sem ele
por mais de um dia é a origem da chamada
“nomofobia”, contração de no mobile phobia,
doença que afeta principalmente os viciados em
redes sociais que não suportam ficar desconectados.
Uma parte da população acha que, se não estiver
conectada, perde alguma coisa. E se perdemos
alguma coisa, ou se não podemos responder
imediatamente, desenvolvemos formas de ansiedade
Texto 02 ou nervosismo.
(Adaptado de: O medo de não ter o celular à disposição cria nova fobia.
“Um imperativo adequado ao novo tipo de agir Disponível em: <exame.abril.com.br/estilo-de-
humano e voltado para o novo tipo de sujeito vida/comportamento/noticias/o-medo-de-nao-ter-o-celular-a-
atuante deveria ser mais ou menos assim: “Aja de disposicao-cria-nova-fobia>. Acesso em: 9 abr. 2012.)
modo a que os efeitos da tua ação sejam compatíveis Com base no texto e nos conhecimentos sobre
com a permanência de uma autêntica vida humana socialização e instituições sociais, na perspectiva
sobre a Terra.” funcionalista de Durkheim, assinale a alternativa
HANS JONAS. O Princípio Responsabilidade: ensaio de uma correta.
ética para a civilização tecnológica. a) A nomofobia reduz a possibilidade de anomia
Assinale a opção que contemple de forma social na medida em que aproxima o contato em
CORRETA a relação entre os dois textos. tempo real dos indivíduos, fortalecendo a integração
A) Ao tratar o veto da proposta do Código com a vida social.
Florestal como virada de jogo, a imagem faz b) As interações sociais via tecnologias digitais são
uma alusão à ideia de Hans Jonas quando uma forma de solidariedade mecânica, pois os
escreve que as ações dos homens, ao serem indivíduos uniformizam seus comportamentos.
balizadas pela permanência de uma vida c) O que faz de uma rede social virtual uma
autêntica sobre a Terra, são um novo tipo de instituição é o fato de exercer umpoder coercitivo e
agir humano. ao mesmo tempo desejável sobre os indivíduos.
B) A partir do texto de Hans Jonas que propõe um d) O uso de interações sociais por recursos
novo tipo de agir humano em seu imperativo de tecnológicos constitui um elemento moral a ser
responsabilidade, a proposta do Novo Código compreendido como fato social.
Florestal representa esse novo agir ético. e) Para a nomofobia ser considerada um fato social,
C) O novo tipo de agir humano, postulado por Hans faz-se necessário que esteja presente em uma
Jonas em seu princípio responsabilidade, é diversidade de grupos sociais.
representado na imagem pelo Novo Código Florestal
proposto no Brasil. Na perspectiva funcionalista de Durkheim, os fatos
D) Pela proposta de veto, a imagem sugere que o sociais são formas de comportamento, pensamento e
Código propõe ações compatíveis com a sentimento que são externos aos indivíduos e
permanência de uma autêntica vida humana sobre a coercitivos sobre eles. Assim, o uso de tecnologias
Terra, segundo Hans Jonas. digitais para as interações sociais é um fato social que
E) A proposta e veto e o próprio Código não são pode ser compreendido a partir de uma análise
objetos de análise ética segundo o princípio moral, ou seja, do conjunto de valores, normas e
responsabilidade de Hans Jonas.
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regras que guiam as interações sociais dos indivíduos. DURKHEIM, E. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo:
A nomofobia, nesse sentido, pode ser vista como Martins Fontes, 2000.
uma expressão da moralidade das sociedades O texto expressa o esforço de Émile Durkheim em
contemporâneas em relação ao uso de tecnologias construir uma sociologia com base na
digitais. a) vinculação com a filosofia como saber unificado.
b) reunião de percepções intuitivas para
849. A cidade desempenha papel fundamental no demonstração.
pensamento de Émile Durkheim, tanto por exprimir c) formulação de hipóteses subjetivas sobre a vida
o desenvolvimento das formas de integração quanto social.
por intensificar a divisão do trabalho social a ela d) adesão aos padrões de investigação típicos
ligada. das ciências naturais.
Com base nos conhecimentos acerca da divisão de e) incorporação de um conhecimento alimentado
trabalho social nesse autor, assinale a alternativa pelo engajamento político.
correta.
a) A crescente divisão do trabalho com o O texto expressa a crítica de Durkheim à sociologia
intercâmbio livre de funções no espaço urbano torna que se limita a construções e generalizações sem
obsoleta a presença de instituições. embasamento empírico, o que sugere que ele
b) A solidariedade orgânica é compatível com a defende a aplicação de métodos científicos na
sociedade de classes, pois a vida social necessita sociologia.
de trabalhos diferenciados.
c) Ao criar seres indiferenciados socialmente, o 851. Em 1987, a então Primeira-Ministra da Grã-
“homem massa”, as cidades recriam a solidariedade Bretanha, Margaret Thatcher, deu uma declaração
mecânica em detrimento da solidariedade orgânica. durante uma entrevista que resumia, em parte, o seu
d) O efeito principal da divisão do trabalho é o ideário político liberal: “A sociedade não existe.
aumento da desintegração social em razão de Existem homens, existem mulheres e existem
trabalhos parcelares e independentes. famílias”.
e) O equilíbrio e a coesão social produzidos pela O governo de Thatcher ficaria conhecido como um
crescente divisão do trabalho decorrem das vontades dos precursores do chamado Estado neoliberal, que
e das consciências individuais. enfatizava, entre outros ideais, o individualismo.
Assim, esta concepção de go- verno contradiz os
Para Durkheim, a divisão do trabalho é um fator fundamentos da Sociologia de Durkheim, segundo o
central na sociedade moderna, pois é responsável por qual a sociedade poderia ser identificada
aumentar a interdependência entre as pessoas. Na a) como a soma de indivíduos que definem seus
solidariedade mecânica, típica de sociedades valores em comum, unindo-se por laços de
tradicionais, as pessoas são integradas pela solidariedade voluntária.
semelhança de suas crenças e valores. Já na b) a partir da existência de um contrato social que dá
solidariedade orgânica, típica das sociedades origem ao Estado e à sociedade civil.
modernas, as pessoas são integradas pela c) como o resultado da ação da classe dominante,
complementaridade de suas funções na divisão do capaz de reunir e controlar as massas.
trabalho, permitindo que as diferenças e d) pela síntese de ações e sentimentos
especializações sejam valorizadas. Assim, a vida individuais que originam uma vida psíquica sui
social necessita de trabalhos diferenciados e, generis.
portanto, a solidariedade orgânica é compatível com
a sociedade de classes. A Sociologia de Durkheim enfatiza a importância da
sociedade como uma realidade social sui generis, que
850. A sociologia ainda não ultrapassou a era das não pode ser reduzida aos indivíduos que a
construções e das sínteses filosóficas. Em vez de compõem. Para Durkheim, a sociedade é uma
assumir a tarefa de lançar luz sobre uma parcela entidade autônoma, que possui uma realidade
restrita do campo social, ela prefere buscar as objetiva e que exerce uma pressão coercitiva sobre os
brilhantes generalidades em que todas as questões indivíduos, moldando suas ações e comportamentos.
são levantadas sem que nenhuma seja expressamente Assim, a visão de Thatcher de que a sociedade não
tratada. Não é com exames sumários e por meio de existe e que somente existem indivíduos e famílias
instituições rápidas que se pode chegar a descobrir a contradiz a perspectiva durkheimiana, que coloca a
leis de uma realidade tão complexa. Sobretudo, sociedade como uma entidade fundamental para a
generalizações às vezes tão amplas e tão apresadas compreensão da vida social.
não são suscetíveis de nenhum tipo de prova.
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852. A Sociologia surge no século XIX, momento Durkheim afirma que a solidariedade orgânica é
marcado por uma intensa crise social na Europa. característica das sociedades modernas, onde há uma
Émile Durkheim não deixou de ser influenciado por grande divisão do trabalho social, e que isso pode ser
esse contexto. Nesse sentido, um dos seus objetivos observado através da análise dos fatos sociais. Ele
era fazer da Sociologia uma disciplina científica capaz também defende que o estado normal da sociedade é
de criar repostas aos desafios enfrentados pela de coerção social, em que os indivíduos estão
sociedade moderna. submetidos às normas e valores compartilhados pela
Entre os desafios, colocava-se a crescente sociedade.
contradição entre capital e trabalho, entendida pelo
autor como um exemplo dos efeitos de um estado de 854. Durkheim caracteriza o suicídio – até então
anomia, caracterizado considerado objeto de estudo da epidemiologia, da
a) pela excessiva regulamentação estatal sobre as psicologia e da psiquiatria – como fato social e, por
atividades econômicas. isso, dotado das características da coercitividade, da
b) pela intensificação dos laços de solidariedade exterioridade, da generalidade. É tomado, pois, como
mecânica no interior das corporações. objeto de estudo sociológico, em virtude do fato de
c) pela ausência de instituições capazes de a) variar na razão inversa ao grau de integração dos
exercerem um poder moral sobre os indivíduos. grupos sociais de que faz parte o indivíduo, ou seja,
d) pelo aprofundamento da desigualdade econômica. quanto maior o grau de integração ao grupo social,
mais elevada é a taxa de mortalidade-suicídio da
Durkheim identificava a anomia como um estado de sociedade.
falta de normas sociais e de ausência de instituições b) ser possível observar uma certa predisposição
capazes de exercer um poder moral sobre os social para fornecer determinado NÚMERO de
indivíduos, o que levava a um sentimento de suicidas, ou seja, uma tendência constante,
desorientação e desintegração social. A intensificação marcada pela permanência, a despeito de
dos laços de solidariedade mecânica, por sua vez, é variações circunstanciais.
uma característica da sociedade pré-moderna, c) configurar-se como uma morte que resulta direta
enquanto a excessiva regulamentação estatal sobre as ou indiretamente, consciente ou inconscientemente
atividades econômicas é uma característica do Estado de um ato executado pela própria vítima.
intervencionista, que só se consolidou no século XX. d) depender, exclusivamente, do temperamento do
Já o aprofundamento da desigualdade econômica é suicida, de seu caráter, de seu histórico familiar, de
uma consequência da lógica do capitalismo, mas não sua biografia, uma vez que não deixa de ser um ato
é necessariamente uma manifestação de anomia. do próprio indivíduo.
853. A concepção da Sociologia de Durkheim se Com a obra "O Suicídio", Durkheim argumenta que
baseia em uma teoria do fato social. Seu objetivo é o suicídio não é apenas um fenômeno individual,
demonstrar que pode e deve existir uma Sociologia mas sim um fenômeno social que pode ser estudado
objetiva e científica, conforme o modelo das outras sociologicamente. Ele identifica três tipos de suicídio
ciências, tendo por objeto o fato social. - egoísta, altruísta e anômico - e mostra como eles
ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: estão relacionados com o grau de integração social e
Martins Fontes, 1995. p. 336. regulação da sociedade em questão. Além disso, ele
Em vista do exposto, assinale a alternativa correta. destaca a importância de se estudar as taxas de
a) Durkheim demonstrou que o fato social está suicídio em diferentes sociedades e em diferentes
desconectado dos padrões de comportamento períodos históricos, a fim de entender como o
culturais do indivíduo em sociedade e, portanto, deve fenômeno está relacionado com as condições sociais
ser usado para explicar apenas alguns tipos de e econômicas. Portanto, a resposta correta é a letra
sociedade. B, que destaca a possibilidade de se observar uma
b) Segundo Durkheim, a primeira regra, e a mais tendência constante para fornecer um número de
fundamental, é considerar os fatos sociais como suicidas, indicando a presença de fatores sociais
coisas para serem analisadas. envolvidos.
c) O estado normal da sociedade para Durkheim é o
estado de anomia, quando todos os indivíduos 855. Para Durkheim, é característica do fato social
exercem bem os fatos sociais. a) ser geral e igual em todas as sociedades.
d) A solidariedade orgânica, para Durkheim, b) dar liberdade ao indivíduo, em uma dada
possui pequena divisão do trabalho social, como sociedade, de praticar ações e atitudes ligadas ao seu
pode ser demonstrada pela análise dos fatos senso crítico.
sociais da sociedade.
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c) ser particular de cada indivíduo, sem interferência a) Ocorre quando há, nas sociedades modernas, com
do grupo social no qual está inserido. seus intensos processos de mudança, uma situação
d) exercer sobre o indivíduo uma coerção em que o conjunto de regras, valores e
exterior. procedimentos são reconhecidos por todos os
indivíduos, levando ao desenvolvi- mento da
Para Durkheim, o fato social é algo que existe sociedade.
independentemente da vontade individual e exerce b) Conceito que descreve os sentimentos de falta
uma coerção exterior sobre os indivíduos, moldando de objetivos e de desespero provocados pelo
seus comportamentos e atitudes de acordo com as processo de mu- danças do mundo moderno, os
normas e valores sociais estabelecidos pela quais resultam na perda da influência das
coletividade. normas sociais sobre o comportamento
individual.
856. Os crescentes casos de violência que, c) Conceito que descreve a ocorrência, nas
recorrentemente, têm ocorrido em nível nacional e sociedades modernas, com seus intensos processos
internacional, diuturna e diariamente noticiados pela de mudança, de um estado de complementaridade e
imprensa, convidam a pensar em uma situação de interdependência entre os indivíduos, o que leva a
patologia social. No entanto, para Durkheim, o uma menor divisão do trabalho social e ao
crime, ainda que fato lastimável, é normal, desde que fortalecimento das instituições sociais.
não atinja taxas exageradas. É normal, porque existe d) Ocorre quando os sentimentos de falta de
em todas as sociedades; para o sociólogo, o crime objetivos e de desespero provocados pelo processo
seria, inclusive, necessário, ÚTIL. Sem pretender de mudanças do mundo moderno resultam no
fazer apologia do crime, compara-o à dor, que não é fortalecimento da coesão social e da influência das
desejável, mas pertence à fisiologia natural e pode normas sociais sobre o comportamento individual.
sinalizar a presença de moléstias a serem tratadas.
O crime seria, pois, para Durkheim, socialmente Segundo Durkheim, a anomia é uma disfunção social
funcional, porque que ocorre quando as normas sociais perdem sua
a) exerce um papel regulador, contribuindo para força reguladora sobre as ações dos indivíduos,
a evolução do ordenamento jurídico e possível levando a comportamentos desviados e ao aumento
advento de uma nova moral. do crime e da violência. Esse estado de anomia pode
b) é fator de edificação e fortalecimento da ser causado por mudanças rápidas e intensas na
solidariedade orgânica, que se estabelece nas sociedade, como aquelas ocorridas na transição da
sociedades complexas. sociedade tradicional para a moderna, que resultam
c) legitima a ampliação do aparelho repressivo e na perda de coesão social e na fragmentação das
classista do Estado burocrático nas sociedades normas e valores compartilhados.
baseadas no sistema capitalista.
d) contribui para o crescimento de seitas e de 858. De acordo com Durkheim, para se garantir a
religiões, nas quais as pessoas em situação de risco objetividade do método científico sociológico, torna-
buscam proteção. se necessário que o pesquisador mantenha certa
distância e neutralidade em relação aos fatos sociais,
Para Durkheim, o crime não é desejável, mas é os quais devem ser tratados como “coisas”.
considerado normal e até mesmo útil em níveis Considerando a frase acima, assinale a alternativa
moderados, pois exerce um papel regulador na correta sobre fato social.
sociedade, contribuindo para a evolução do a) Corresponde a um conjunto de normas e valores
ordenamento jurídico e a possível advento de uma que são criados diretamente pelos indivíduos para
nova moral. O crime, portanto, não é visto como um orientar a vida em sociedade.
fator de edificação da solidariedade orgânica, nem b) Corresponde a um conjunto de normas e
legitima a ampliação do aparelho repressivo do valores criados exteriormente, isto é, fora das
Estado ou o crescimento de seitas e religiões. consciências individuais.
c) É desprovido de caráter coercitivo, uma vez que
857. Segundo Durkheim, o crime é um fato social existe fora das consciências individuais.
presente em toda sociedade. Para o autor, nem todo d) É um fenômeno social difundido apenas nas
crime é anômico, mas apenas aquele que sociedades cuja forma de solidariedade é orgânica.
corresponde a uma crise de coesão social.
A partir do exposto acima, assinale a alternativa A alternativa correta é a letra b) Corresponde a um
correta sobre o significado de anomia social em conjunto de normas e valores criados exteriormente,
Durkheim. isto é, fora das consciências individuais. Para
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são criadas e mantidas pela sociedade como um todo, a) A consciência coletiva abrange estados fortes e
e não apenas pelos indivíduos isoladamente. definidos de pensamento e sentimento
compartilhados. Um ato é criminoso quando ofende
862. Segundo Durkheim, o crime é um fato social esses estados da consciência coletiva.
presente em toda sociedade. Para esse autor, nem b) A consciência coletiva se refere ao conjunto das
todo o crime é anômico, mas apenas aquele que crenças e dos sentimentos comuns à média dos
corresponde a uma crise de coesão social. membros de uma sociedade. A classificação de um
De acordo com essas informações, marque a ato como criminoso não depende das consciências
alternativa cor- reta sobre anomia em Durkheim particulares.
a) Conceito que descreve a ocorrência, nas c) A consciência coletiva, na modernidade,
sociedades modernas, industrializadas, de um estado recobre toda consciência individual, anulando-a.
de complementaridade e interdependência entre os A noção de ato criminoso está presente em todos
indivíduos, o que leva a uma menor divisão do os indivíduos mentalmente normais.
trabalho social e ao fortalecimento das instituições d) A consciência coletiva corresponde, de certa
sociais. forma, à moral vigente na sociedade. Um ato não é
b) Ocorre, quando há, nas sociedades modernas, reprovado por ser criminoso, mas é criminoso por
com seus intensos processos de mudança, uma ser reprovado.
situação em que o conjunto de regras, valores e
procedimentos é reconheci- do por todos os A alternativa incorreta é a letra c) A consciência
indivíduos, levando ao desenvolvimento da coletiva, na visão de Durkheim, não anula
sociedade. completamente a consciência individual. Pelo
c) Descreve os sentimentos de falta de objetivos contrário, ele argumenta que a consciência individual
e de desespero, provocados pelo processo de é formada a partir da consciência coletiva, mas
mudanças do mundo moderno, os quais também pode se diferenciar e evoluir em direções
resultam no enfraquecimento da influência das distintas, muitas vezes divergindo dos padrões
normas sociais sobre o comportamento estabelecidos pela sociedade. Além disso, Durkheim
individual. não afirma que a noção de ato criminoso está
d) Ocorre, quando os sentimentos de falta de presente em todos os indivíduos mentalmente
objetivos e de desespero, provocados pelo processo normais, mas sim que a sociedade cria e define o que
de mudanças do mundo moderno, resultam no é considerado crime, e que esse entendimento pode
fortalecimento da coesão social e no fortalecimento variar ao longo do tempo e entre diferentes culturas.
da influência das normas sociais sobre o
comportamento individual. 864. Sobre os quadros de anomia social, considere a
teoria sociológica de Émile Durkheim e marque a
Em Durkheim, a anomia é um estado de alternativa correta.
desregulação ou de falta de normas e regras sociais a) A anomia social não se relaciona à divisão social
que orientem o comportamento individual e coletivo, do trabalho, pois essa diz respeito, estritamente, às
levando a uma crise de coesão social. Isso pode funções econômicas de produção, de riqueza e de
ocorrer em situações de mudança rápida e intensa na comércio.
sociedade, em que as normas e valores tradicionais b) Situações de patologia social são raras nas
perdem sua influência, causando um sentimento de sociedades de solidariedade orgânica, pois essas se
desorientação e desespero nos indivíduos. assentam na semelhança de funções entre as partes
que compõem o tecido social.
863. “Ao longo da ÚLTIMA década, os hackers c) A ameaça de desintegração é particularmente
passaram por uma transformação gradual – de uma presente nas sociedades mais complexas, pois
população pouco conhecida de entusiastas em essas se baseiam na diferenciação, o que
computação a um grupo de desviantes, alvo de potencializa o enfraquecimento dos valores.
maledicência, que se acredita venha a ameaçar a d) A sociedade ocidental moderna encontra na
própria estabilidade da era da informação.” religião tradicional sua principal fonte para as crenças
GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. comuns, sendo essas a prevenção eficaz à anomia
p.172. social.
Em sua análise do ato criminoso, Durkheim
vinculou-o à consciência coletiva e às suas Durkheim argumentava que, nas sociedades mais
manifestações na vida social. simples e homogêneas, as normas e valores eram
De acordo com o pensamento desse autor, marque a mais claros e bem definidos, o que reduzia a
alternativa incorreta: possibilidade de anomia social. Por outro lado, nas
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872. Emile Durkheim, Karl Marx e Max Weber 873. A divisão do trabalho produz a solidariedade,
interpretaram, de diferentes modos, o papel da não apenas por fazer de cada indivíduo um trocador,
religião na sociedade. Tendo em mente os diferentes como dizem os economistas, mas por criar entre os
conteúdos propostos por estes três autores, numere homens um sistema completo de direitos e deveres
as proposições, abaixo apresentadas, de acordo com que os unem uns aos outros de modo durável. Da
a seguinte indicação: mesma forma que as similitudes sociais dão origem a
1. Emile Durkheim; um direito e a uma moral que os protegem, a divisão
2. Karl Marx; do trabalho dá origem às regras que garantem o
3. Max Weber. concurso pacífico e regular das funções divididas.
( ) Religião consiste em um sistema de crenças e DURKHEIM, Émile. Da Divisão do Trabalho Social. 3ª ed. São Pau
de práticas relativas ao sagrado. Une os indivíduos Considerando essa perspectiva teórica da divisão
em uma comunidade moral. social do trabalho em Durkheim, assinale a afirmação
( ) Religião é depositária de significados verdadeira.
culturais, por meio dos quais indivíduos e a) Segundo Durkheim, a divisão social do trabalhonas socieda
coletividades interpretam suas condições de vida. b) Para Emile Durkheim, a divisão social do trabalho
( ) Religião compreende a alienação do dificulta a produção de coesão dentro das sociedades
indivíduo na estrutura da produção material da modernas, criando, de outro modo, constantes
sociedade capitalista. disputas entre os seus membros.
( ) Secularização é a passagem de fenômenos de d) De acordo com Durkheim, quanto menor a
domínio religioso para a esfera mundana. divisão social do trabalho dentro das
A sequência correta, de cima para baixo, é configurações sociais modernas, maior o
a) 3, 2, 3, 1. predomínio dos conflitos de classe entre os
b) 1, 3, 2, 3. homens.
c) 2, 1, 3, 2. e) A partir da perspectiva durkheimiana, a acentuada
d) 1, 2, 3, 3. divisão do trabalho nas sociedades modernas mantém
maior união social através da interdependência das
Emile Durkheim, um dos fundadores da sociologia tarefas profissionais.
moderna, argumentava que a religião desempenha
um papel importante na criação de uma comunidade De acordo com Durkheim, quanto maior a divisão
moral e na promoção de valores compartilhados social do trabalho nas sociedades modernas, maior a
entre os membros de uma sociedade. Para interdependência entre os indivíduos e maior a
Durkheim, a religião é um sistema de crenças e solidariedade entre eles, já que a especialização das
práticas que une os indivíduos em torno do sagrado. funções e a necessidade de trocas e colaboração para
Portanto, a proposição número 1 refere-se à a produção e consumo dos bens geram uma
perspectiva de Durkheim. consciência coletiva compartilhada.
Karl Marx, por sua vez, argumentava que a religião é 874. O papel do Estado nas sociedades modernas é
uma forma de alienação que faz com que os compreendido por visões diferentes entre os
indivíduos se sintam separados da realidade material fundadores da Sociologia. Os chamados clássicos da
e dos meios de produção que determinam suas Sociologia, Karl Marx (1818-1883) e Émile
condições de vida. Para Marx, a religião é um Durkheim (1858-1917), possuem entendimentos
produto da sociedade de classes e, portanto, reflete diversos sobre as finalidades e funções do Estado
as contradições sociais e econômicas dessa moderno. Para Marx, teórico crítico das lógicas
sociedade. A proposição número 3 refere-se à fundantes das sociedades capitalistas, o Estado
perspectiva de Marx. moderno é “tão- somente um comitê que administra
os negócios comuns de toda a classe burguesa”. Já
Max Weber, outro fundador da sociologia moderna, para Durkheim, um dos primeiros elaboradores da
argumentava que a religião é um aspecto importante ciência sociológica, o Estado é “um órgão especial
da cultura e da vida social. Para Weber, a religião é encarregado de elaborar certas representações que
um sistema de significados culturais que ajuda os valem para a coletividade”.
indivíduos a interpretar e dar sentido às suas MARX, Karl. O manifesto do partido comunista.
Porto Alegre: L&PM, 2010; DURKHEIM, Émile.
experiências. Weber também argumentava que a Lições de Sociologia. São Paulo: Martins Fontes,
religião pode ter um papel importante na promoção 2002.
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ocasional (que exige dos virtuosos religiosos quase 881. A menos que seja um físico, quem anda num
sempre uma “fuga do mundo”, como na prática bonde não tem ideia de como o carro se movimenta.
monástica cristã medieval) para tornar-se E não precisa saber. Basta-lhe poder contar com o
efetivamente uma lei prática e cotidiana “dentro do comportamento do bonde a orientar sua conduta de
mundo”. acordo com sua expectativa; mas nada sabe sobre o
SOUZA, J. A ética protestante e a ideologia do atraso que é necessário para produzir o bonde ou
brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 38, out. movimentá-lo. O selvagem tem um conhecimento
1998.
incomparavelmente maior sobre suas ferramentas.
Retomando o pensamento de Max Weber, o texto WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H.; MILLS,
apresenta a tensão entre positividade ético-religiosa e W. Max Weber. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar,
esferas mundanas de ação. Nessa perspectiva, a ética 1979. p. 165.
protestante é compreendida como Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
A) vinculada ao abandono da felicidade terrena. sociedade moderna, conforme Max Weber, assinale a
B) contrária aos princípios econômicos liberais. alternativa correta.
C) promovedora da dimensão política da vida a) A secularização da vida moderna e o
cotidiana. consequente desencantamento do mundo são
D) estimuladora da igualdade social como direito expressões da racionalização ocidental.
divino. b) O homem moderno detém menor controle sobre
E) adequada ao desenvolvimento do capitalismo as forças da natureza, em comparação com o
moderno. domínio que possuía o “selvagem”.
c) O avanço da racionalidade produz, também, uma
A ética protestante, segundo o texto, é compreendida maior revitalização da cultura clássica, dado que
como adequada ao desenvolvimento do capitalismo amplia o alcance das escolhas efetivas disponíveis.
moderno, uma vez que busca tornar-se uma lei d) O desencantamento do mundo é um fato social
prática e cotidiana dentro do mundo. que atua como força coercitiva sobre as vontades
individuais, visando à construção da consciência
880. A ação social em Max Weber significa uma ação coletiva.
que tem significado subjetivamente visado pelo e) O desencantamento do mundo destitui o Ocidente
agente social e se refere aos comportamentos de um elemento diferenciador em relação ao Oriente:
compartilhados coletivamente. É um tipo de ação as ações sociais dotadas de sentido.
realizada com um significado coletivo, ou seja, é toda
ação que é orientada por outras ações que lhe dão De acordo com Max Weber, a racionalização
direção (sentido) para sua execução. ocidental é caracterizada pelo aumento da
Tomando essa compreensão de Weber, assinale a racionalidade instrumental, que se manifesta na
opção que corresponde a um exemplo de ação social. dominação da natureza e na busca de eficiência e
a) Proteger-se debaixo da marquise de um prédio produtividade. Esse processo leva à secularização da
assim que se inicia uma chuva. vida moderna, ou seja, à separação entre religião e
b) O choque de dois ciclistas, em alta velocidade, por vida cotidiana, e ao desencantamento do mundo, ou
desatenção ou descuido. seja, à perda de significado e valor que antes eram
c) Usar um machado ou uma serra elétrica para atribuídos a fenômenos naturais ou sobrenaturais.
cortar toras de madeiras. Esse desencantamento do mundo é uma expressão
d) Fazer render dinheiro estudando sobre da racionalização ocidental, que torna a vida mais
investimentos no mercado financeiro. previsível e controlável, mas ao mesmo tempo mais
desprovida de sentido e significado transcendental.
Esse exemplo de ação social apresenta a
característica de ter um significado subjetivo visado 882. A crescente intelectualização e racionalização
pelo agente, ou seja, o indivíduo está agindo com um não indicam um conhecimento maior e geral das
propósito específico e orientado por outras ações condições sob as quais vivemos. Significa a crença
que lhe dão direção para executar essa ação, nesse em que, se quiséssemos, poderíamos ter esse
caso, o objetivo é ganhar dinheiro investindo no conhecimento a qualquer momento. Não há forças
mercado financeiro por meio do conhecimento misteriosas incalculáveis; podemos dominar todas as
adquirido sobre investimentos. É importante coisas pelo cálculo.
destacar que a ação social em Weber não se refere WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H.; MILLS,
apenas a ações coletivas, mas também a ações W. (Org.). Max Weber: ensaios de sociologia. Rio de Janeiro:
Zahar, 1979 (adaptado).
individuais que possuem um significado
compartilhado.
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Tal como apresentada no texto, a proposição de Max A leitura do texto se aproxima da visão de Weber,
Weber a respeito do processo de desencantamento para quem o processo de modernização e
do mundo evidencia o(a) racionalização da sociedade traz consigo o
a) progresso civilizatório como decorrência da desencantamento do mundo e uma perda de valores
expansão do industrialismo tradicionais. O autor do texto lamenta as mudanças
b) extinção do pensamento mítico como um trazidas pelo progresso, como a construção de
desdobramento do capitalismo pontes e estradas de asfalto, que acabam com a
c) emancipação como consequência do processo de simplicidade e a beleza das currutelas, e vê com
racionalização da vida. tristeza a substituição das formas tradicionais de
d) afastamento de crenças tradicionais como uma transporte e trabalho.
característica da modernidade.
e) fim do monoteismo como condição para a 884. O impulso para o ganho, a perseguição do
consolidação da ciência lucro, do dinheiro, da maior quantidade possível de
dinheiro não tem, em si mesma, nada que ver com o
A afirmação de Weber de que a intelectualização e capitalismo. Tal impulso existe e sempre existiu.
racionalização não indicam um conhecimento maior Pode-se dizer que tem sido comum a toda sorte e
e geral das condições em que vivemos, mas sim a condição humanas em todos os tempos e em todos
crença de que poderíamos ter esse conhecimento a os países, sempre que se tenha apresentada a
qualquer momento, está diretamente ligada ao possibilidade objetiva para tanto. O capitalismo,
desenvolvimento das ciências e do método científico, porém, identifica-se com a busca do lucro, do lucro
que se tornaram cada vez mais importantes com a sempre renovado por meio da empresa permanente,
expansão do industrialismo. A racionalização e a capitalista e racional. Pois assim deve ser: numa
cientificização foram fundamentais para o ordem completamente capitalista da sociedade, uma
desenvolvimento tecnológico e industrial, e empresa individual que não tirasse vantagem das
consequentemente para o progresso civilizatório. oportunidades de obter lucros estaria condenada à
extinção.
883. Antigamente nem em sonho existia tantas WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo.
pontes sobre os rios, nem asfalto nas estradas. Mas São Paulo: Martin Claret, 2001 (adaptado).
hoje em dia tudo é muito diferente com o progresso O capitalismo moderno, segundo Max Weber,
nossa gente nem sequer faz uma ideia. Tenho apresenta como característica fundamental a
saudade de rever nas currutelas as mocinhas nas A) competitividade decorrente da acumulação de
janelas acenando uma flor. Por tudo isso eu lamento capital.
e confesso que a marcha do progresso é a minha B) implementação da flexibilidade produtiva e
grande dor. Cada jamanta que eu vejo carregada comercial.
transportando uma boiada me aperta o coração. E C) ação calculada e planejada para obter
quando olho minha traia pendurada de tristeza dou rentabilidade.
risada pra não chorar de paixão. D) socialização das condições de produção.
(Adaptado de: Nonô Basílio e Índio Vago. Mágoa de E) mercantilização da força de trabalho.
Boiadeiro.)
O texto aproxima-se sociologicamente da leitura Segundo Weber, o capitalismo moderno é
teórica de caracterizado pela busca incessante de lucro, sempre
a) Comte, que defende a necessidade de formas renovado por meio da empresa permanente,
tradicionais de vida em detrimento da desilusão do capitalista e racional. O capitalista moderno é
progresso. orientado pela busca de oportunidades de obter
b) Durkheim, que analisa o progresso como lucros, e sua ação é calculada e planejada para
elemento desagregador da vida social ao provocar o maximizar a rentabilidade. A competitividade, a
enfraquecimento das instituições. flexibilidade produtiva e comercial, a socialização das
c) Marx, que condena o desenvolvimento das forças condições de produção e a mercantilização da força
produtivas por seus efeitos alienantes sobre o de trabalho são aspectos importantes do capitalismo,
homem. mas não representam sua característica fundamental.
d) Spencer, que tem uma leitura romântica da
sociedade e vê o passado como mais rico 885. Lembra-te de que tempo é dinheiro; aquele que
culturalmente. pode ganhar dez xelins por dia por seu trabalho e vai
e) Weber, para quem a modernização e a passear, ou fica vadiando metade do dia, embora não
racionalização são acompanhadas pelo despenda mais do que seis pence durante seu
desencantamento do mundo. divertimento ou vadiação, não deve computar apenas
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orientadas por referências subjetivas a ações de compreender a realidade. A afirmativa III está
outras pessoas. correta, pois o Tipo Ideal possibilita uma
comparação entre o mundo objetivo e a
Na afirmação I, o indivíduo que joga pedra em um conceituação sobre ele. A afirmativa IV está
ônibus durante uma greve de coletivos o faz tendo incorreta, pois o Tipo Ideal não é uma forma de
como referência subjetiva a forma de protestar de acentuar unilateralmente um ponto de vista para
outros. Na afirmação III, o agente que bate em formar uma opinião coletiva, mas sim uma
torcedores rivais com excessiva força e raiva imagina ferramenta de análise que busca apreender a
que é "assim que se faz" quando em brigas entre complexidade da realidade social. Portanto, a
torcidas. Na afirmação IV, o investidor que investe resposta correta é a alternativa A.
no mercado de ações e derivativos o faz tendo como
referência subjetiva a movimentação de outros 894. Segundo Weber, o Estado contemporâneo é
agentes econômicos. uma comunidade humana que, dentro dos limites de
um território, reivindica o monopólio do uso
A afirmação II não corresponde a uma ação social legítimo da força física.
segundo a perspectiva de Weber, uma vez que o Com base na afirmação acima, assinale a alternativa
sonho de três noites anteriores não é uma ação de incorreta.
outras pessoas que orienta a ação da pessoa que a) O Estado consiste em uma relação de dominação
aposta no Jogo do Bicho. entre os homens, sob a condição de que os
dominados se submetem à autoridade continuamente
893. Max Weber (1864-1920) sugeriu, na sua reivindicada pelos dominadores.
produção sociológica, que toda realidade social é b) O Estado consiste em uma relação de
complexa e de difícil compreensão. O máximo que dominação entre os homens, sob a condição de
uma ciência social pode fazer no estudo dos que os dominados se rebelam à autoridade
fenômenos sociais é uma interpretação compreensiva continuamente reivindicada pelos dominadores.
que possibilite uma apreensão aproximada da c) O Estado moderno exige uma dominação
realidade pesquisada. Assim, Weber desenvolveu o burocrático-racional, dada sua eficiência em relação
conceito-instrumento do Tipo Ideal. Trata-se de uma às demais formas de dominação.
elaboração conceitual e metodológica que tem d) O Estado moderno se desenvolve paralelamente
objetividade, uma vez que provém da própria ao desenvolvimento da empresa capitalista.
realidade social (SELL, 2015).
SELL, Carlos Eduardo. Sociologia Clássica: Marx, Durkheim Max Weber definiu o Estado como uma instituição
e Weber. 7ª ed. Petrópolis-RJ. Ed. Vozes, 2015. que detém o monopólio do uso legítimo da força
Atente para o que se diz a seguir sobre o Tipo Ideal física dentro de um determinado território. Segundo
de Weber: Weber, a dominação é uma relação de poder em que
I. É uma ferramenta de análise da realidade social, os dominados obedecem aos dominadores, e o
embora não seja seu retrato fidedigno. Estado é a forma de dominação mais racionalizada,
II. Trata-se de um conceito-instrumental de que exige uma burocracia hierarquizada e
aproximação da realidade, que realiza uma distorção especializada. Além disso, Weber argumenta que o
da subjetividade. Estado moderno se desenvolveu em paralelo ao
III. É uma forma de comparar o mundo objetivo desenvolvimento da empresa capitalista, que exigia
com a conceituação sobre ele. um sistema jurídico estável e seguro para garantir a
IV. Configura a acentuação unilateral de um ou acumulação de capital.
vários pontos de vista para formar uma opinião
coletiva. 895. Na concepção de Weber, a política é uma
É correto somente o que se afirma em atividade geral do ser humano. A atividade política se
a) I e III. desenvolve no interior de um território delimitado e
b) I e IV. a autoridade política reivindica o direito de domínio,
c) II e III. ou seja, o direito de poder usar a força para se fazer
d) II e IV. obedecer. Se há obediência às ordens, ocorre uma
situação de dominação.
A afirmativa I está correta, pois o Tipo Ideal não é Sobre os tipos de dominação, assinale a alternativa
uma representação exata da realidade social, mas uma correta.
construção conceitual que permite uma aproximação a) A dominação legal racional é a mais
da mesma. A afirmativa II está incorreta, pois o Tipo impessoal, pois se baseia na aplicação de regras
Ideal não distorce a subjetividade, mas sim utiliza gerais aos casos particulares.
conceitos abstratos e simplificados para melhor
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destaca a importância da classe social na tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se
determinação das oportunidades de vida e do acesso torne lei universal.”
aos recursos, e não vê necessariamente a relação (KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos
entre as classes como de exploração. costumes. Trad. de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1995.)
Segundo essa formulação do imperativo categórico
por Kant, uma ação é considerada ética quando:
FILOSOFIA MORAL a) Privilegia os interesses particulares em detrimento
de leis que valham universal e necessariamente.
898. Diferenciam-se, na Filosofia, os juízos de b) Ajusta os interesses egoístas de uns ao egoísmo
conhecimento e os juízos de valor. Os primeiros dos outros, satisfazendo as exigências individuais de
qualificam os seres em suas propriedades objetivas, prazer e felicidade.
enquanto os segundos revelam as relações c) É determinada pela lei da natureza, que tem como
estabelecidas entre os seres a partir de um sujeito que fundamento o princípio de autoconservação.
julga. Sobre os juízos de conhecimento e os juízos de d) Está subordinada à vontade de Deus, que
valor, assinale o que for correto. preestabelece o caminho seguro para a ação humana.
01) Uma proposição do tipo “A caneta é azul” é um e) A máxima que rege a ação pode ser
juízo de conhecimento. Uma proposição do tipo “A universalizada, ou seja, quando a ação pode ser
caneta é ruim, pois falha muito” é um juízo de valor. praticada por todos, sem prejuízo da
02) A temática dos valores considera, de maneira humanidade.
notável, os juízos morais (realidade do dever ser) e os
juízos estéticos (realidade dos sentimentos em Segundo Kant, a ética não pode ser baseada em
relação aos objetos belos). interesses particulares ou egoístas, nem estar
04) Enquanto a moral é o conjunto de regras de subordinada à lei da natureza ou à vontade divina.
conduta admitidas em determinada época por um Em vez disso, a ética deve se basear na razão e na
grupo de pessoas, a ética é a parte da Filosofia que se universalidade, de modo que as ações possam ser
ocupa da reflexão sobre a moral. justificadas como válidas para todos. O imperativo
08) Juízos de conhecimento, assim como juízos de categórico é uma expressão dessa ideia, e implica que
gosto, são relativos à vontade dos indivíduos e não a ação ética é aquela que pode ser transformada em
podem encontrar, por isso, fundamento racional que uma lei universal, sem prejudicar a humanidade.
lhes dê estatuto universal e coletivo.
16) Para o existencialismo, os juízos morais são 900. “A ideia ilusória da vontade livre deriva de
indiscutíveis, razão pela qual se devem aceitar os percepções inadequadas e confusas; a liberdade,
padrões de conduta sem julgamento pessoal ou entendida corretamente, no entanto, não é o estar
segundo as particularidades dos indivíduos. livre da necessidade, mas sim a consciência da
necessidade.”
(SCRUTON, Roger. Espinosa. Trad. de Angélica Elisabeth
01, 02 e 04 estão corretas. Uma proposição que Könke. São Paulo: Unesp, 2000. p. 41.)
descreve uma propriedade objetiva de um ser, como Com base no texto e nos conhecimentos sobre
a cor de uma caneta, é um juízo de conhecimento. Já liberdade em Espinosa, considere as afirmativas a
uma proposição que emite uma avaliação subjetiva, seguir.
como a qualidade de uma caneta, é um juízo de I. A liberdade identifica-se com escolha voluntária.
valor. II. A liberdade significa a capacidade de agir
espontaneamente, segundo a causalidade interna do
A temática dos valores é um campo da filosofia que sujeito.
se preocupa em analisar os juízos de valor, incluindo III. A liberdade e a necessidade são compatíveis.
os juízos morais e estéticos. IV. A liberdade baseia-se na contingência, pois se
tudo no universo fosse necessário não haveria espaço
A moral é um conjunto de regras de conduta que para ações livres.
orientam o comportamento humano em uma Estão corretas apenas as afirmativas:
sociedade, enquanto a ética é uma reflexão crítica a) I e II
sobre a moralidade e as questões que envolvem a b) I e IV
ação humana, como o bem, o mal, a justiça, a c) II e III
liberdade e a responsabilidade. d) I, III e IV
e) II, III e IV
899. “O imperativo categórico é portanto só um
único, que é este: Age apenas segundo uma máxima De acordo com o texto e os conhecimentos sobre
liberdade em Espinosa, a afirmativa II está correta,
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pois para Espinosa a liberdade não é o estar livre da pela razão e que pode ser querida como lei por todos
necessidade, mas sim a capacidade de agir os seres racionais autônomos. Assim, as afirmativas I
espontaneamente, de acordo com a causalidade e II estão corretas. Já a afirmativa III está incorreta,
interna do sujeito. pois seguir os próprios desejos e paixões não é agir
de modo autônomo, mas sim heterônomo, ou seja,
Já a afirmativa I está incorreta, uma vez que, para submetido a algo exterior à razão, como a inclinação
Espinosa, a ideia de escolha voluntária deriva de ou a paixão. Por fim, a afirmativa IV também está
percepções inadequadas e confusas, não tendo incorreta, pois a autonomia diz respeito apenas à
qualquer relação com a verdadeira liberdade. escolha das máximas, e não aos meios para atingir os
objetivos desejados.
A afirmativa III está correta, pois para Espinosa a
liberdade e a necessidade são compatíveis. Na 902. “- O que significa exatamente essa expressão
filosofia espinosana, a liberdade não consiste em antiquada: ‘virtude’? – perguntou Sebastião.
estar livre da causalidade ou da necessidade, mas sim - No sentido filosófico, compreende-se por virtude
em ser consciente dela e agir de acordo com ela. aquela atitude de, na ação, deixar-se guiar pelo bem
próprio ou pelo bem alheio – esclareceu o senhor
A afirmativa IV está incorreta, pois, para Espinosa, a Barros.
liberdade não se baseia na contingência ou na - O bem alheio? – perguntou Sebastião.
possibilidade de haver ações que não estão - Sim – disse o senhor Barros. – É verdade que a
submetidas à necessidade. Pelo contrário, a liberdade coragem e a moderação são virtudes, em primeiro
consiste em agir de acordo com a necessidade, lugar, para consigo mesmo, mas também há outras
compreendendo que não há outra possibilidade. virtudes, como a benevolência, a justiça e a seriedade
ou confiabilidade, ou seja, a qualidade de ser
901. “Quando a vontade é autônoma, ela pode ser confiável, que são disposições orientadas para o bem
vista como outorgando a si mesma a lei, pois, dos outros.”
querendo o imperativo categórico, ela é puramente (TUGENDHAT, Ernst; VICUÑA, Ana Maria; LÓPES, Celso.
racional e não dependente de qualquer desejo ou O livro de Manuel e Camila: diálogos sobre moral. Trad. de
Suzana Albornoz. Goiânia: Ed. da UFG, 2002. p. 142.)
inclinação exterior à razão. [...] Na medida em que
Com base no texto, é correto afirmar:
sou autônomo, legislo para mim mesmo exatamente
a) As ações virtuosas são reguladas por leis positivas,
a mesma lei que todo outro ser racional autônomo
determinadas pelo direito, independentemente de um
legisla para si.”
(WALKER, Ralph. Kant: Kant e a lei moral. Trad. de Oswaldo
princípio de bem moral.
Giacóia Júnior. São Paulo: Unesp, 1999. p. 41.) b) A virtude limita-se às ações que envolvem outras
Com base no texto e nos conhecimentos sobre pessoas; em relação a si próprio a ação é
autonomia em Kant, considere as seguintes independente de um princípio de bem.
afirmativas: c) A ação virtuosa é orientada por princípios
I. A vontade autônoma, ao seguir sua própria lei, externos que determinam a qualidade da ação.
segue a razão pura prática. d) Ser virtuoso significa guiar suas ações por um
II. Segundo o princípio da autonomia, as máximas bem, que pode ser tanto em relação a si próprio
escolhidas devem ser apenas aquelas que se podem quanto em relação aos outros.
querer como lei universal. e) As virtudes são disposições desvinculadas de
III. Seguir os seus próprios desejos e paixões é agir qualquer orientação, seja para o bem, seja para o mal.
de modo autônomo.
IV. A autonomia compreende toda escolha racional, No texto, o senhor Barros explica que a virtude é
inclusive a escolha dos meios para atingir o objeto do uma atitude que nos guia para o bem próprio e para
desejo. o bem dos outros. Ele cita exemplos de virtudes que
Estão corretas apenas as afirmativas: são orientadas para o bem dos outros, como a
a) I e II. benevolência, a justiça e a seriedade. Portanto, é
b) I e IV. correto afirmar que ser virtuoso significa guiar suas
c) III e IV. ações por um bem, que pode ser tanto em relação a
d) I, II e III. si próprio quanto em relação aos outros. As demais
e) II, III e IV. alternativas estão incorretas. A virtude não é regulada
por leis positivas, mas sim por um princípio de bem
No texto, Kant afirma que a vontade autônoma moral; a virtude não se limita apenas às ações que
segue a razão pura prática, ou seja, age de acordo envolvem outras pessoas, mas também envolve
com o imperativo categórico. Isso significa que a ações em relação a si próprio; a ação virtuosa não é
vontade autônoma segue a lei universal que é ditada determinada por princípios externos, mas sim por
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A alternativa correta é a II e III. O texto de A passagem do ser ao dever ser é um aspecto central
Aristóteles citado no enunciado afirma que todas as da valoração, pois envolve a consideração dos
atividades humanas tendem para um bem, e que esse princípios éticos e morais que guiam a ação humana.
bem é o fim a que elas se dirigem. Nesse sentido, a
ética é o estudo da excelência ou virtude própria do A dignidade humana é um valor intrínseco à
homem, ou seja, do fim da vida humana. Já a condição humana, independentemente das ações
afirmativa III é coerente com a visão aristotélica de individuais. Mesmo que um indivíduo tenha
que todas as coisas possuem uma tendência para comportamentos moralmente condenáveis, isso não
realizar algo e que nessa tendência encontramos seu invalida a sua dignidade enquanto ser humano.
valor, sua virtude, que é o fim de cada coisa. A
alternativa I está incorreta, pois a felicidade para 907. O corpo tem muita importância para a Filosofia,
Aristóteles não consiste na aquisição de honrarias pois representa uma experiência universal e pré-
oriundas da vida política, mas sim na realização das reflexiva de acesso ao mundo. Com base nessa
virtudes e da excelência própria do homem. A afirmação, assinale o que for correto.
afirmativa IV também está incorreta, pois para 01) “Dualismo psicofísico” é uma teoria metafísica
Aristóteles uma ação virtuosa é aquela que está em que explica o ser humano como composto de duas
acordo com o dever, mas também em consonância partes diferentes: corpo (material) e alma (espiritual).
com o fim da vida humana, que é a busca da 02) Durante a Idade Média, o corpo foi cultivado de
felicidade através da realização da excelência e das maneira narcisista, reforçando a liberdade e o amor
virtudes. próprio do indivíduo.
04) No Renascimento e na Idade Moderna, o corpo
906. “O que são valores? Valorar é uma experiência passa a ser objeto da ciência, associado à ideia
fundamentalmente humana que se encontra no mecanicista que o considera uma máquina.
centro de toda escolha de vida. Fazer um plano de 08) Para a fenomenologia, o conceito de corpo não
ação nada mais é do que dar prioridade a certos pode estar associado ao conceito de espírito, pois é
valores positivos (seja do ponto de vista moral, uma escola filosófica ligada ao materialismo
utilitário, religioso etc.) e evitar os valores negativos, histórico.
que são prejudiciais, tais como a mentira, a preguiça, 16) Para René Descartes, a alma é mais fácil de ser
a injustiça etc. O objetivo de qualquer valoração é, conhecida do que o corpo, já que, na ordem das
sem dúvida, orientar a ação prática.” certezas, a res cogitans é anterior a res extensa.
(ARANHA, M.; MARTINS, M. Temas de filosofia. 3.ª ed. rev. São
Paulo: Moderna, 2005, p. 198.) 01. 04 e 16 estão corretas. A afirmativa 01 é correta,
Sobre os juízos de valor, assinale o que for correto. pois o dualismo psicofísico é uma teoria que sustenta
01) Ao relacionar os valores à ação prática, a a existência de duas substâncias diferentes no ser
axiologia (filosofia dos valores) não pretende dizer o humano: o corpo (material) e a alma (espiritual).
que são as coisas, mas como nos comportamos
diante delas. A afirmativa 04 é correta, pois durante o
02) É determinante para a valoração a passagem do Renascimento e a Idade Moderna, o corpo passou a
ser ao dever ser, isto é, a consideração dos princípios ser estudado e compreendido de forma mecânica, o
da ação humana a partir das ideias da razão. que o associou à ideia de uma máquina.
04) Os juízos de valores morais transformam-se em
juízos de gosto, ao analisar-se uma obra de arte, pois A afirmativa 16 é correta, pois Descartes defende
pertencem ao campo dos juízos de conhecimento. que a alma é mais fácil de ser conhecida do que o
08) O valor moral apenas se sustenta quando recebe corpo, uma vez que a res cogitans (a coisa pensante)
uma fundamentação divina, sem a qual ele perde a é anterior à res extensa (a coisa extensa, material).
noção de bem e mal, justo e injusto, certo e errado Essa ideia está presente na sua teoria do dualismo
etc. substancial.
16) A dignidade humana é um valor, independente
do fato de o homem poder ser considerado, em Já as afirmativas 02 e 08 estão incorretas, pois
determinado momento, bandido, mercenário, traidor. durante a Idade Média, o corpo era visto como algo
impuro e pecaminoso, e não havia uma valorização
01. 02 e 16 estão corretas. É correto afirmar que a narcisista dele. Além disso, a fenomenologia não está
axiologia se preocupa com a relação dos valores com necessariamente ligada ao materialismo histórico e
a ação humana, e não com a descrição objetiva das não nega a existência da dimensão espiritual do ser
coisas. humano.
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mas é o resultado de um esforço pessoal para se ação moralmente correta deve ser realizada por dever
libertar das determinações externas e internas que e respeito ao valor moral em si, e não por
limitam a sua liberdade. A liberdade é conquistada motivações egoístas.
através de uma árdua tarefa de auto-superação.
911. Relacione a primeira coluna à segunda.
A afirmativa (4) está correta porque a facticidade é a 1. Moral
dimensão dos fatos e circunstâncias que 2. Ética
condicionam a existência humana. Ela se refere ao 3. Caráter histórico e social da moral
conjunto de determinações, limitações e 4. Caráter pessoal da moral
contingências que são impostas pela realidade em 5. Caráter social e pessoal da moral
que o homem está inserido, e que limitam a sua 6. Estrutura do ato moral
liberdade de escolha e ação. É a dimensão de "coisa" 7. O ato voluntário
que todo homem tem, e que está presente em sua 8. O ato responsável
existência concreta. 9. A virtude
910. Analise as proposições abaixo e assinale V ( ) O comportamento moral varia de acordo com o
quando verdadeira e F quando falsa. tempo e o lugar, conforme as exigências das
( ) O caráter consciente e livre da ação refere-se à condições nas quais os homens se organizam ao
responsabilidade moral que é assumido de forma estabelecerem as formas efetivas e práticas de
livre. trabalho. Cada vez que as relações de produção são
( ) A ampliação da esfera moral acontece quando alteradas, sobrevêm modificações nas exigências das
certos atos, antes garantidos por constrangimento normas de comportamento coletivo.
social, força legal ou por imposição religiosa, passam ( ) Etimologicamente, vem da palavra latina vir, que
a ser praticados por exclusiva obrigação mora designa o homem, o varão. Virtus é "poder",
autônoma. "potência" (ou possibilidade de passar ao "ato). (...)
( ) O grau de articulação entre interesses coletivos e está ligada à idéia de força, de poder.
interesses pessoais está diretamente ligado as ( ) A consciência moral, como juiz interno, avalia a
sociedades contemporâneas que, assim como as situação, consulta as normas estabelecidas, as
tribos, privilegiam o coletivo. interioriza como suas ou não, toma decisões e julga
( ) Fazer o bem tendo em vista a recompensa indica seus próprios atos. O compromisso humano que daí
elevação da esfera moral, pois o que motiva a ação é deriva é a obediência à decisão.
a obrigação moral. ( ) No entanto, a moral não se reduz à herança dos
A sequência correta será: valores recebidos pela tradição. À medida que a
a) V V F F criança se aproxima da adolescência, aprimorando o
b) V V V F pensamento abstrato e a reflexão crítica, ela tende a
c) V F V V colocar em questão os valores herdados. Algo
d) F V F V semelhante acontece nas sociedades primitivas,
quando os grupos tribais abandonam a abrangéncia
(V) O caráter consciente e livre da ação é uma da consciência mítica e desenvolvem o
condição necessária para que a responsabilidade questionamento racional.
moral seja assumida de forma livre. Se a ação é ( ) é constituído de dois aspectos: o normativo e o
determinada por fatores externos e não há fatual.
consciência ou liberdade na escolha, não há ( ) O comportamento moral é consciente, livre e
responsabilidade moral. responsável. É também obrigatório, cria um dever.
(V) A ampliação da esfera moral ocorre quando Mas a natureza da obrigatoriedade moral não reside
certos atos antes realizados por constrangimento na exterioridade: é moral justamente porque deriva
social ou outras formas de coação passam a ser do próprio sujeito que se impõe a necessidade do
realizados por obrigação moral autônoma, ou seja, cumprimento da norma. Pode parecer paradoxal,
por uma convicção interna de que aquele ato é o mas a obediência à lei livremente escolhida não é
correto a se fazer. prisão; ao contrário, é liberdade.
(F) Ao contrário do que a proposição afirma, nas ( ) O desejo surge em nós com toda a sua força e
sociedades contemporâneas, há uma maior ênfase exige a realização; é algo que se impõe e, portanto,
nos interesses pessoais em detrimento dos coletivos, não resulta de escolha. Já a vontade consiste no
e não o contrário. poder de parada que exercemos diante do desejo.
(F) A moralidade das ações não deve depender da Seguir o impulso do desejo sempre que ele se
busca por recompensas ou benefícios pessoais. A
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manifesta é a negação da moral e da possibilidade de IV. Há coisas que são moralmente erradas, mas não
qualquer vida em sociedade. são contra nenhuma lei.
A sequência correta é: Estão corretas as afirmativas
a) 3-2-8-1- 6-8-9 a) I e II
b) 3-9-8-4- 6-8-7 b) I e III
c) 1-2-8-3- 6-8-7 c) II e III
d) 3-9-8-4- 7-7-7 d) II e IV
e) III e IV
A moral é o conjunto de valores, normas e costumes
que regulam o comportamento humano em A afirmativa I está incorreta, pois não é necessário
sociedade. concordar com uma lei para obedecê-la. A
obediência pode ocorrer por diversos motivos, como
A ética é a reflexão crítica sobre a moral, buscando o medo de punição ou a necessidade de seguir regras
fundamentar racionalmente as normas e valores que estabelecidas pela sociedade.
orientam a conduta humana.
A afirmativa II também está incorreta, pois a
A moral é influenciada pelas condições históricas e moralidade não se resume ao que alguém aceita
sociais em que se desenvolve, adaptando-se às como correto. A moralidade envolve princípios
mudanças nas relações sociais e de produção. éticos e valores que são compartilhados por uma
determinada comunidade ou sociedade.
A moral também tem um caráter pessoal, já que cada
indivíduo constrói sua consciência moral a partir da A afirmativa III está correta, pois a ilegalidade de
influência do meio em que vive e de suas próprias uma ação não implica necessariamente em sua
experiências. imoralidade. Por exemplo, o excesso de velocidade
pode ser ilegal em determinadas situações, mas não é
A moral tem, portanto, um caráter social e pessoal ao necessariamente considerado imoral por todos.
mesmo tempo.
A afirmativa IV também está correta, pois existem
A estrutura do ato moral envolve três elementos: o ações que são consideradas moralmente erradas, mas
sujeito, a intenção e a ação propriamente dita. não são necessariamente ilegais. Por exemplo, mentir
O ato voluntário é aquele em que a vontade do para alguém pode ser considerado moralmente
sujeito é livre e consciente, sem coação externa ou errado, mas não é ilegal em todas as situações.
interna.
913. No Brasil, ainda é conhecida a popularizada Lei
O ato responsável implica a capacidade de avaliar as de Gérson que dizia o seguinte: “O importante é
consequências das ações e assumir as levar vantagem em tudo”. Essa lei, baseada na
responsabilidades por elas. vantagem particular, traz consigo um conceito de
“bom”, que é equivalente a uma prática
A virtude é a disposição habitual para agir de acordo especialmente observada nos países de capitalismo
com a moralidade, desenvolvida por meio da prática mais avançado. Tal conceito de “bom” pode ser
repetida de ações virtuosas. assim expresso:
VI. “Bom” é aquilo que beneficiará socialmente
912. “É importante não confundir moralidade –certo todos.
e errado – com lei. É claro que a moralidade e a lei VII. “Bom” é o que se identifica com o bem
muitas vezes coincidem. Por exemplo, roubar e comum.
matar é moralmente errado. Também é contra a lei. VIII. “Bom” é o que possibilita meu progresso
Mas a moralidade e a lei não precisam coincidir.” econômico em particular, sem levar em conta os
LAW, Stephen. Os arquivos filosóficos. São Paulo: Martins outros.
Fontes, 2003. p. 147-148. IX. “Bom” é o que me leva a alcançar fins justos
Com base nesse texto, é possível afirmar: em conformidade com interesses coletivos.
I. devemos obedecer a uma lei porque estamos de X. “Bom” é o que conduz ao meu sucesso pessoal,
acordo com ela. não importando os meios utilizados.
II. A moralidade somente diz respeito ao que alguém Estão corretas as afirmativas:
aceita como correto. a) I,II
III. Só porque algo é ilegal não significa que é b) III, V
moralmente errado. c) II, III
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d) I, II, III, IV, V C) Criar novas leis éticas com a finalidade de punir
os sujeitos racistas e intolerantes.
As únicas afirmativas que se relacionam com a Lei de D) Instaurar um programa de reeducação ética
Gérson são a III e a V, que se referem à vantagem fundado na prevenção da violência e na restrição da
individual e ao sucesso pessoal, sem considerar os liberdade.
outros. Portanto, a alternativa correta é a letra B, que E) Instituir princípios éticos que correspondam ao
contém apenas essas duas afirmativas. As demais interesse de cada grupo social.
alternativas se referem a conceitos de "bom" que se
baseiam em ideias de bem comum, interesse coletivo A principal contribuição da Ética para a estruturação
e benefício social, o que não tem relação com a ideia política da sociedade contemporânea é a proposição
da Lei de Gérson. de modelos de conduta fundados na justiça, na
liberdade e na diversidade humana, como indicado
914. O termo ética deriva do grego ethos (caráter, na opção B. A ética é importante para garantir que as
modo de ser de uma pessoa). Ética é um conjunto de relações políticas e sociais sejam justas e igualitárias
valores morais e princípios que norteiam a conduta para todos os indivíduos, independentemente de sua
humana na sociedade. raça, gênero ou religião. Além disso, a ética também
Sobre ética é correto afirmar: ajuda a promover a tolerância e o respeito mútuo
a) Ética e Lei se confundem, já que o indivíduo entre os diferentes grupos sociais, contribuindo para
antiético é passível de punição. uma convivência pacífica e harmoniosa na sociedade.
b) Códigos de ética são comuns a todos os A revisão das leis e sistemas políticos pode ser uma
indivíduos, independente de formação histórica e consequência desse processo de reflexão ética, mas
cultural. não é a principal contribuição da ética para a
c) O bom funcionamento social, no qual ninguém é estruturação política da sociedade contemporânea.
prejudicado, e o equilíbrio de relações humanas, não
considera ética imprescindível. 916. A primeira grande filosofia da liberdade é
d) Cada sociedade e grupo possuem seus exposta por Aristóteles em sua obra Ética a Nicômaco,
próprios códigos de ética. Num país, por a qual, com variantes, permanece através dos séculos,
exemplo, sacrificar animais para pesquisas chegando até o século XX, quando foi retomada por
científicas pode ser ético. Em outro país, pode Jean-Paul Sartre.
desrespeitar os princípios éticos estabelecidos. Assinale o que for correto.
e) Ética é um conceito generalizado, não existindo, 01) Para Aristóteles, a liberdade é um ato de
pois, ética médica, ética empresarial, educacional, autodeterminação com o qual o homem dá a si
entre outras. mesmo os motivos e os fins de sua ação, sem ser
constrangido ou forçado por ninguém.
Cada sociedade e grupo possui seus próprios códigos 02) Sartre, na sua obra o Existencialismo é um
de ética, que podem variar de acordo com fatores Humanismo, discute a questão da liberdade como
como tradições culturais, religiosas e históricas. O sendo uma questão de ética, pois implica a
que é considerado ético em uma sociedade pode não responsabilidade para com os outros.
ser em outra. 04) Fundamentado na sua concepção de liberdade,
Aristóteles defende a democracia para todos os
915. “Não à liberdade para os inimigos da liberdade”, homens, preconizando, inclusive, o fim da
dizia Saint-Just. Isso significa dizer: não à tolerância escravidão.
para os intolerantes. 08) Na Ética a Nicômaco, Aristóteles define o ato
Héritier, F. O eu, o outro e a tolerância. In: Héritier, F.; voluntário como princípio de si mesmo. Portanto,
CHANGEUX, J. P. (orgs.). Uma ética para quantos? São para esse filósofo, tanto a virtude quanto o vício
Paulo: Edusc, 1999 (fragmento).
dependem da vontade do indivíduo.
A contemporaneidade abriga conflitos éticos e
16) O existencialismo cristão de Jean-Paul Sartre
políticos, dos quais o racismo, a discriminação sexual
acredita que o livre-arbítrio é inerente à essência do
e a intolerância religiosa são exemplos históricos.
homem e, como a essência precede a existência, o
Com base no texto, qual é a principal contribuição da
homem é um ser capaz de autodefinição.
Ética para a estruturação política da sociedade
contemporânea?
01. 02 e 08 estão corretas. A afirmação 01 está
A) Revisar as leis e o sistema político como
correta, pois Aristóteles entende que a liberdade
mecanismo de adequação às novas demandas éticas.
consiste em um ato de autodeterminação, em que o
B) Propor modelos de conduta fundados na
homem decide livremente os motivos e os fins de
justiça, na liberdade e na diversidade humana.
sua ação.
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pode pensar sobre si mesma. A morte, portanto, é A figura do inquilino ao qual a personagem da tirinha
um problema dos vivos, que precisam lidar com a se refere é o(a)
finitude da vida e com a busca de sentido para a a) constrangimento por olhares de reprovação.
existência. b) costume imposto aos filhos por coação.
c) consciência da obrigação moral.
919. Arrependimentos terminais d) pessoa habitante da mesma casa.
Em Antes de partir, uma cuidadora e) temor de possível castigo.
especializada em doentes terminais fala do que eles
mais se arrependem na hora de morrer. “Não deveria A figura do inquilino refere-se à consciência da
ter trabalhado tanto”, diz um dos pacientes. obrigação moral. Na tirinha, a personagem tenta
“Desejaria ter ficado em contato com meus amigos”, convencer a si mesma de que não precisa ficar com o
lembra outro. “Desejaria ter coragem de expressar troco, mas sua consciência a lembra de que é sua
meus Sentimentos.” “Não deveria ter levado a vida obrigação devolvê-lo.
baseando-me no que esperavam de mim”, diz um
terceiro. Há cem anos ou cinquenta, quem sabe, sem
dúvida seriam outros os arrependimentos terminais. FILOSOFIA POLÍTICA
“Gostaria de ter sido mais útil à minha pátria.”
“Deveria ter sido mais obediente a Deus.” “Gostaria 921. Tenho 44 anos e presenciei uma transformação
de ter deixado mais patrimônio aos meus impressionante na condição de homens e mulheres
descendentes.” gays nos Estados Unidos. Quando nasci, relações
COELHO, M. Folha de São Paulo, 2 jan. 2013. homossexuais eram ilegais em todos os Estados
O texto compara hipoteticamente dois padrões Unidos, menos Illinois. Gays e lésbicas não podiam
morais que divergem por se basearem trabalhar no governo federal. Não havia nenhum
respectivamente em político abertamente gay. Alguns homossexuais não
a) satisfação pessoal e valores tradicionais. assumidos ocupavam posições de poder, mas a
b) relativismo cultural e postura ecumênica. tendência era eles tormarem as coisas ainda piores
c) tranquilidade espiritual e costumes liberais. para seus semelhantes.
d) realização profissional e culto à personalidade. ROSS, A. Na máquina do tempo. Época, ed. 766, 28 jan. 2013.
e) engajamento político e princípios nacionalistas. A dimensão política da transformação sugerida no
texto teve como condição necessária a
O texto compara hipoteticamente dois padrões a) ampliação da noção de cidadania.
morais que divergem por se basearem b) reformulação de concepções religiosas.
respectivamente em: a) satisfação pessoal e valores c) manutenção de ideologias conservadoras.
tradicionais. Isso pode ser observado na comparação d) implantação de cotas nas listas partidárias.
entre os arrependimentos terminais dos pacientes de e) alteração da composição étnica da população.
hoje em dia e os que seriam esperados há 100 ou 50
anos atrás. Antes, os arrependimentos poderiam A dimensão política da transformação sugerida no
estar mais relacionados a ideais patrióticos, religiosos texto teve como condição necessária a ampliação da
ou familiares, enquanto agora estão mais ligados à noção de cidadania, já que a conquista de direitos
realização pessoal, aos relacionamentos e à políticos e sociais para a comunidade LGBTQ+ nos
autenticidade. Estados Unidos só foi possível através de
movimentos sociais que reivindicaram a igualdade de
920. direitos civis e a inclusão da população LGBTQ+ na
noção de cidadania plena. Essa ampliação da noção
de cidadania permitiu a conquista de avanços
importantes, como a legalização do casamento entre
pessoas do mesmo sexo e a implementação de
políticas públicas antidiscriminatórias. Portanto, a
alternativa correta é a letra A.
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mesmo aqueles que possuem uma pequena transparentes. No entanto, essa liberdade de escolha
propriedade sentem-se cidadãos de pleno direito. também pode permitir que candidatos autoritários e
Na tradição política dos EUA, uma forma de incluir antidemocráticos cheguem ao poder, ameaçando os
socialmente os cidadãos é valores e instituições democráticas. Nesse sentido,
A) submeter o indivíduo à proteção do governo. uma "vacina" contra o despotismo seria justamente
B) hierarquizar os indivíduos segundo suas posses. uma cultura política que valorize a democracia e seus
C) estimular a formação de propriedades comunais. princípios, evitando a eleição de governantes que
D) vincular democracia e possibilidades representem ameaças a esses valores.
econômicas individuais.
E) defender a obrigação de que todos os indivíduos 924. A política foi, inicialmente, a arte de impedir as
tenham propriedades. pessoas de se ocuparem do que lhes diz respeito.
Posteriormente, passou a ser a arte de compelir as
Essa é uma característica importante da tradição pessoas a decidirem sobre aquilo de que nada
política dos Estados Unidos, em que a liberdade entendem.
individual e as oportunidades econômicas são valores VALÉRY, P. Cadernos. Apud BENEVIDES, M. V. M. A
fundamentais. Na concepção americana, a garantia cidadania ativa. São Paulo: Ática, 1996.
dos direitos políticos não é suficiente para assegurar Nessa definição, o autor entende que a história da
a inclusão social dos cidadãos, é preciso também política está dividida em dois momentos principais:
assegurar as condições econômicas para que as um primeiro, marcado pelo autoritarismo excludente,
pessoas possam exercer plenamente sua liberdade e e um segundo, caracterizado por uma democracia
buscar sua felicidade. Nesse sentido, a ideia de incompleta.
"American Dream" está diretamente ligada a essa Considerando o texto, qual é o elemento comum a
tradição política, em que cada indivíduo tem o direito esses dois momentos da história política?
de buscar o sucesso e a prosperidade através de seus a) A distribuição equilibrada do poder.
próprios esforços. Essa concepção também é b) O impedimento da participação popular.
criticada por alguns, que apontam para as c) O controle das decisões por uma minoria.
desigualdades econômicas e sociais que persistem d) A valorização das opiniões mais competentes.
nos Estados Unidos, mas é inegável que ela exerceu e e) A sistematização dos processos decisórios.
ainda exerce uma forte influência na cultura e na
política desse país. O elemento comum aos dois momentos da história
política, segundo a definição apresentada pelo autor,
923. é o controle das decisões por uma minoria, seja
através do autoritarismo excludente ou da
democracia incompleta.
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meio da argumentação razoável, tentar chegar a um d) A debilitação das esperanças na condição humana.
acordo sobre as políticas que seja satisfatório para e) A garantia da segurança das pessoas e valores
todos. A democracia ativista desconfia das sociais.
exortações à deliberação por acreditar que, no
mundo real da política, onde as desigualdades A alternativa B é a correta porque o texto afirma que
estruturais influenciam procedimentos e resultados, a construção de uma sociedade democrática baseia-se
processos democráticos que parecem cumprir as na igualdade entre todos os seres humanos em
normas de deliberação geralmente tendem a relação aos direitos fundamentais, que é resultado de
beneficiar os agentes mais poderosos. Ela um processo de gradual eliminação de discriminações
recomenda, portanto, que aqueles que se preocupam e unificação daquilo que é reconhecido como
com a promoção de mais justiça devem realizar idêntico, ou seja, uma natureza comum do homem
principalmente a atividade de oposição crítica, em acima de qualquer diferença de sexo, raça, religião
vez de tentar chegar a um acordo com quem sustenta etc. A pertença dos indivíduos à mesma categoria,
estruturas de poder existentes ou dela se beneficia. como afirma a alternativa B, não é uma condição
YOUNG, I.M. Desafios ativistas à democracia deliberativa. necessária para a construção de uma sociedade
Revista brasileira de ciência política, n. 13, jan-abri. 2014. democrática, pois a igualdade de direitos deve ser
As concepções de democracia deliberativa e de estendida a todos os indivíduos, independentemente
democracia ativista apresentadas no texto tratam de sua categoria ou grupo social de pertencimento.
como imprescindíveis, respectivamente,
a) a decisão da maioria e a uniformização de direitos. 934. O mercado tende a gerir e regulamentar todas as
b) a organização de eleições e o movimento atividades humanas. Até há pouco, certos campos —
anarquista. cultura, esporte, religião — ficavam fora do seu
c) a obtenção do consenso e a mobilização das alcance. Agora, são absorvidos pela esfera do
minorias. mercado. Os governos confiam cada vez mais nele
d) a fragmentação da participação e a desobediência (abandono dos setores de Estado, privatizações).
civil. RAMONET, I. Guerras do século XXI: novos temores e
e) a imposição de resistência e o monitoramento da novas ameaças. Petrópolis: Vozes, 2003.
liberdade. No texto é apresentada uma lógica que constitui uma
característica central do seguinte sistema
A democracia deliberativa enfatiza a importância da socioeconômico:
deliberação e do diálogo entre os cidadãos, com o a) Socialismo.
objetivo de alcançar um consenso que seja b) Feudalismo.
satisfatório para todos. Já a democracia ativista c) Capitalismo.
questiona a eficácia dessa abordagem, argumentando d) Anarquismo.
que as desigualdades estruturais tornam os processos e) Comunitarismo.
democráticos tendenciosos em favor dos agentes
mais poderosos. Em vez disso, a democracia ativista A característica central apresentada no texto é a
recomenda a mobilização das minorias e a realização absorção de todas as atividades humanas pela esfera
da atividade de oposição crítica, para promover a do mercado, com a confiança cada vez maior dos
justiça em face das estruturas de poder existentes. governos nesse sistema. Essa lógica é típica do
sistema socioeconômico do capitalismo, que tem
933. O processo de justiça é um processo ora de como uma de suas principais características a
diversificação do diverso, ora de unificação do valorização do mercado como regulador das
idêntico. A igualdade entre todos os seres humanos atividades econômicas e sociais.
em relação aos direitos fundamentais é o resultado de
um processo de gradual eliminação de discriminações 935. A teoria da democracia participativa é
e, portanto, de unificação daquilo que ia sendo construída em torno da afirmação central de que os
reconhecido como idêntico: uma natureza comum indivíduos e suas instituições não podem ser
do homem acima de qualquer diferença de sexo, consideradas isoladamente. A existência de
raça, religião etc. instituições representativas em nível nacional não
BOBBIO, N. Teoria geral da política: a filosofia política e as basta para a democracia; pois o máximo de
lições dos clássicos. Rio de Janeiro: Campus, 2000. participação de todas as pessoas, a socialização ou o
De acordo com o texto, a construção de uma ‘treinamento social” precisa ocorrer em outras
sociedade democrática fundamenta-se em: esferas, de modo que as atitudes e as qualidades
a) A norma estabelecida pela disciplina social. psicológicas necessárias possam se desenvolver. Esse
b) A pertença dos indivíduos à mesma categoria. desenvolvimento ocorre por meio do próprio
c) A ausência de constrangimentos de ordem pública. processo de participação. A principal função da
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castigando a população. Não foi só com o Hamas na 939. Sobre a formação do Estado moderno e as
Palestina, vamos pegar o exemplo da Venezuela: transformações que ele sofreu ao longo da história,
podem ter a opinião que quiserem sobre Chavez, assinale o que for correto.
mas a questão é o que pensam os venezuelanos. E os 01) A centralização das estruturas jurídicas e da
estudos de Latinobarometro (consultoria chilena) cobrança de impostos, a monopolização da
dos últimos anos indicam a Venezuela no primeiro legitimidade do uso da violência e a criação de uma
ou segundo lugar em aprovação do próprio governo burocracia específica para administrar os serviços
e da democracia. É isso que pensam as pessoas. E públicos foram fundamentais para a constituição do
como reagem os Estados Unidos? Respaldam um Estado moderno.
golpe militar, sansões, demonizam o presidente... O 02) Os Estados Absolutistas europeus contribuíram
mesmo com a Bolívia. Novamente, cada um pode para a desagregação das relações políticas feudais.
opinar como quiser, mas houve eleições Por isso, seu advento é constitutivo do longo
notavelmente democráticas em dezembro de 2005, processo que resultou no surgimento dos Estados
quando a maioria indígena pôde, pela primeira vez, modernos.
eleger um de seus pares, Evo Morales. Isso é 04) O princípio da soberania popular foi
democracia. Quando os Estados Unidos tentam substantivamente transformado em fins do século
solapá-la refletem sua visão: está tudo bem, desde XIX e ao longo do século XX como resultado das
que seja da nossa maneira. lutas sociais empreendidas a favor da ampliação dos
(Entrevista exclusiva de Noam Chomsky. Le Monde Diplomatique direitos políticos.
Brasil. Ano 2, n. 15, out. 2008, p. 11.) 08) A construção do Estado-nação esteve
Com base no texto, assinale a alternativa correta. intimamente associada à idéia de um poder
a) O grande problema das “democracias territorializado.
exportadas” é que elas garantem, em geral, 16) Embora estejam associados, os conceitos de
vitória de grupos contrários aos interesses das Estado e de nação não coincidem, já que existem
populações historicamente dominadas. nações sem Estado – como é o caso dos palestinos –
b) A democracia é um valor universal, mas respeitada e Estados que abrangem várias nações – como o
na prática por um leque exclusivo de países, os Reino Unido.
economicamente mais fortes.
c) Os Estados Unidos têm representado um papel Todas estão corretas. Essa centralização e controle
fundamental no sentido de evitar desvios ditatoriais do Estado sobre a sociedade permitiu que as funções
na América Latina, sendo exemplos os casos da do Estado fossem melhor organizadas e o Estado
Venezuela e Bolívia. pudesse exercer seu poder de forma mais eficaz.
d) Os anos 2000 marcaram o declínio do espírito
imperialista, inclusive aquele de caráter basicamente A ascensão dos Estados Absolutistas na Europa
cultural. ocorreu em um momento em que as estruturas
e) A exemplo do que aconteceu na história norte- políticas feudais estavam em declínio e, portanto,
americana, o fortalecimento da democracia na ajudaram a desagregar essas estruturas e a criar novas
América Latina passa por um distanciamento das formas de organização política.
questões étnicas, como a questão dos indígenas.
O princípio da soberania popular foi uma das bases
A alternativa A é a correta, pois o texto destaca que da democracia moderna, mas seu significado foi
muitas vezes as "democracias exportadas" não ampliado e transformado ao longo do tempo,
garantem a vitória de grupos que representam os especialmente a partir das lutas sociais que buscavam
interesses das populações historicamente dominadas, ampliar o acesso à participação política.
como foi o caso das eleições na Palestina em que o
Hamas venceu, mas foi reprimido pelos Estados A noção de Estado-nação surge a partir da ideia de
Unidos e Israel. Além disso, o texto evidencia que a que o Estado e a nação devem coincidir, ou seja, de
visão dos Estados Unidos sobre democracia muitas que o poder político deve estar territorialmente
vezes reflete apenas seus próprios interesses, e não delimitado e ser exercido por um povo que
necessariamente o respeito às vontades das compartilha uma identidade nacional.
populações. Portanto, a alternativa A está de acordo
com o argumento central do texto, que é a ideia de A relação entre Estado e nação pode variar em
que as democracias exportadas muitas vezes não diferentes contextos históricos e políticos, e nem
representam os interesses das populações locais. sempre os dois conceitos se sobrepõem
completamente.
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informações que as atravessam. As nações não mímesis, que defende que as artes imitam a aparência
podem mais ser definidas por fronteiras rígidas. Será sensível e ilusória, mas não a verdadeira realidade que
necessário aprender a construir nações sem é a forma essencial, que só pode ser conhecida pela
fronteiras, autorizando a filiação a várias razão.
comunidades, o direito de voto múltiplo, a
multilealdade. A opção 02 correta apresenta a perspectiva
ATTALI, J. Dicionário do século XXI. Rio de Janeiro: aristotélica, que entende que a tendência imitativa
Record, 2001 (adaptado). está associada à razão e que a arte é um modo
No texto, a análise da relação entre democracia, correto e racional de fazer e produzir.
cidadania e fronteira apresenta sob uma perspectiva
crítica a necessidade de Já a opção 16 correta, apresenta a perspectiva de
A) reestruturação efetiva do Estado-nação. Sócrates, que defende que, ao reproduzir a beleza na
B) liberalização controlada dos mercados. obra de arte, o artista consegue reproduzir os
C) contestação popular do voto censitário. movimentos da alma do seu modelo, alcançando,
D) garantia jurídica da lealdade nacional. portanto, a reprodução de um estado interior.
E) afirmação constitucional dos territórios.
As opções 04 e 08 estão incorretas. Heráclito não
O texto apresenta uma crítica à necessidade de defendia a mimésis como representação da unidade
fronteiras para a existência das democracias, harmônica da natureza, mas sim a mudança
sugerindo a construção de nações sem fronteiras e constante e o conflito como elementos fundamentais
autorizando a filiação a várias comunidades. Isso da realidade. Quanto à opção 04, a utilização da
implica uma reestruturação efetiva do Estado-nação máscara no teatro não representa necessariamente a
para permitir uma maior integração entre diferentes verdadeira personalidade do herói, mas sim um papel
comunidades e cidadanias. que ele está desempenhando na peça. E, ainda, não
há referências específicas na história do pensamento
filosófico que atribuam essa concepção ao teatro
FILOSOFIA DA ARTE grego.
947. “Para os filósofos gregos, a poesia, a pintura, a 948. “A obra de arte é o resultado de uma operação
escultura e até mesmo a música são artes miméticas, conjunta da natureza e do espírito, que se dá no
que têm por essência a imitação” artista considerado como “gênio”, isto é, que cria sob
NUNES, Benedito. Introdução à filosofia da arte. 5ª. ed. São
Paulo: Ática, 2010, p.37. o impulso obscuro da natureza; é o resultado de uma
Sobre o estatuto da mímesis, assinale o que for conjunção, ou melhor, de uma coincidência entre
correto. este impulso natural, inconsciente, e a atividade
01) Para Platão, a pintura e a escultura não imitam a consciente, livre, voluntária. ‘A atividade livre torna-
ideia, a forma essencial, que é a verdadeira realidade, se involuntária’, e a atividade espontânea, instintiva,
mas a aparência sensível, defectiva e ilusória, que o torna-se livre. O artista está acima ou aquém dos
conhecimento intelectual tem por fim corrigir e contrários, na origem das coisas, semelhante a Deus.
conceitualizar. Ligando-se à origem das coisas, ele consegue decifrar
02) Aristóteles acredita que no homem a tendência a natureza inteira como um hieróglifo ou como uma
imitativa está associada à própria razão, a qual se obra cujo segredo conhece.”
HAAR, M. A obra de arte. Tradução de Maria Helena Kühner.
manifesta na arte, que é um modo correto e racional 2ª. ed. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007, p. 42-3. Coleção Enfoques
de fazer e de produzir. – Filosofia
04) No teatro, o caráter mimético da arte expressa-se Sobre o excerto citado, assinale o que for correto.
no uso da máscara, usada pelo herói, visto que 01) A arte é uma forma de saber ou um
representa sua verdadeira personalidade. conhecimento que revela a natureza implícita das
08) Entre os pré-socráticos, Heráclito defende o coisas.
caráter mimético da arte, cuja função é representar a 02) O gênio é um conceito estético utilizado para
unidade harmônica da natureza. designar a atividade criadora do artista.
16) Para Sócrates, o artista, particularmente o 04) Na obra de arte genial, liberdade do espírito e
escultor, quando na obra de arte alcança a beleza, necessidade da matéria são coincidentes.
consegue reproduzir o estado interior, os 08) Como os hieróglifos, as obras de arte precisam
movimentos da alma do seu modelo. ser interpretadas.
16) A arte deforma a natureza, pois o artista, ao
As opções 01, 02 e 16 estão corretas. A opção 01 contrário de Deus, não é perfeito.
correta ressalta a perspectiva platônica sobre a
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As opções 01, 02, 04 e 08 estão corretas. A arte é As formas tradicionais de obra de arte, como a sala
considerada por muitos filósofos como uma forma de concerto e o museu, continuam existindo, mas
de conhecimento, pois pode revelar aspectos da novas tecnologias, como o CD, DVD e MP3,
realidade que não são acessíveis a outras formas de também se tornam modos de produção e consumo
saber. estético.
As mudanças no espaço urbano, como o fechamento
O gênio é um conceito estético que expressa a ideia de salas de cinema em áreas centrais das cidades e a
de um talento criativo excepcional que se manifesta construção de shopping centers, podem afetar a
na obra de arte. experiência estética e a percepção do espaço público.
A obra de arte genial é o resultado da união entre o 950. O significado etimológico da palavra estética
impulso natural do artista e a atividade consciente, traduz a ideia de uma percepção totalizante e
livre e voluntária. Nesse sentido, há uma compreensão sensorial do mundo; como disciplina
coincidência entre liberdade do espírito e necessidade da filosofia, a estética estuda as teorias da criação e
da matéria, ou seja, entre os contrários. da percepção artística.
Assinale o que for correto.
949. Os movimentos teóricos em estética, na pós- 01) Considerando que a obra de arte não entende o
modernidade, sofrem transformações, destacando-se, mundo por meio do pensamento lógico, podemos
nos modos de produção da obra de arte, a afirmar que é incapaz de traduzir a realidade e fica,
reprodutibilidade técnica e a indústria cultural. portanto, condenada ao âmbito da ilusão.
Com base nessa afirmação, assinale o que for 02) Aristóteles concebeu a arte como sendo
correto. expressão de um mundo ideal, a arte jamais deve
01) A partir da sociedade industrial ou pós-industrial, imitar a realidade, pois, ao fazê-lo, degrada-se.
os objetos de consumo, produzidos em série, são 04) A arte pode ser realizada com uma função
anônimos, descartáveis e efêmeros, características pedagógica; o pensamento estético de esquerda
que encontramos na indústria cultural. atribui à arte uma tarefa de crítica social e política, a
02) Com o advento da tecnologia, a fotografia e o arte deve ser engajada, isto é, comprometida com o
cinema são possibilidades de manifestação estética processo de mudança capaz de libertar e de
acessíveis a um número maior de espectadores, emancipar o homem.
colaborando para a formação de uma sociedade 08) Schiller acredita que, na prática de uma cultura
unidimensional. estética, a humanidade pode reconciliar os impulsos
04) A sala de concerto e o museu exprimem as sensuais e intelectivos, harmonizando-os; essa
formas tradicionais da obra de arte, contrapostas ao reconciliação se dá por um novo modelo de
CD, DVD, MP3, que são tecnologias portáteis, mas sociedade em que a arte, com seu poder de
também modificadoras da experiência estética. criatividade, pode libertar o homem do trabalho
08) Com o advento da internet, o livro perdeu alienante, do sensualismo limitante, do prazer
totalmente seu lugar, permanecendo restrito aos puramente físico e de um intelectualismo abstrato
intelectuais e frequentadores dos museus-biblioteca. por teorias incompreensíveis.
16) No mundo contemporâneo, a modificação do 16) A arte é um caso privilegiado de entendimento
espaço urbano, com o fechamento das antigas salas intuitivo do mundo, tanto para o artista que cria
de cinema do centro das cidades e a construção dos obras concretas e singulares quanto para o
shopping centers, acarreta uma mudança na percepção apreciador que se entrega a elas para penetrar-lhes o
estética. sentido.
As opções 01, 02, 04 e 16 estão corretas. Com a As opções 04, 08 e 16 estão corretas. A opção 01 está
produção em série de objetos, a indústria cultural cria incorreta, pois a arte não é incapaz de traduzir a
produtos anônimos, descartáveis e efêmeros, realidade, mas sim uma forma diferente de entendê-
características que podem ser associadas aos objetos la e representá-la.
de consumo em sociedades industriais ou pós- A opção 02 está parcialmente incorreta, pois
industriais. Aristóteles não considerava a arte como expressão de
Com a tecnologia, a produção e distribuição de obras um mundo ideal, mas sim como uma imitação da
audiovisuais se tornaram mais acessíveis, mas realidade que pode ser aprimorada pela técnica e pela
também podem contribuir para a formação de uma poética.
sociedade unidimensional, na qual a experiência Já a opção 04 está correta, pois há correntes estéticas
estética se torna padronizada e uniforme. que defendem a função pedagógica e crítica da arte,
como o Realismo e o Expressionismo.
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A opção 08 também está correta, pois Schiller A opção 04 é correta ao destacar que a imaginação
acreditava na capacidade da arte de reconciliar os desempenha um papel fundamental na arte; é ela que
impulsos sensuais e intelectivos do ser humano, faz a mediação entre o vivido e o pensado, entre a
promovendo uma harmonia entre ambos e presença bruta do objeto e sua representação. Na
contribuindo para uma sociedade mais livre e medida em que torna o mundo presente em imagens,
criativa. a imaginação nos faz pensar.
Por fim, a opção 16 está correta, pois a arte pode ser
uma forma privilegiada de entendimento intuitivo do A opção 16 é correta ao diferenciar sentimento e
mundo, permitindo ao artista e ao apreciador uma emoção na experiência estética, destacando que a
compreensão singular e subjetiva da realidade. emoção é um estado psicológico de agitação afetiva,
enquanto o sentimento é uma reação cognitiva que
951. “Pode-se afirmar, portanto, que a arte é uma esclarece o que motiva a emoção.
forma de o homem se relacionar com o mundo,
forma que se renova juntamente com a produção da 952. “O nascimento da estética como disciplina
vida. O homem (...) busca sempre novas filosófica esta indissoluvelmente ligado à mutação
possibilidades de existência, busca transcender, radical que intervém na representação do belo
ultrapassar e descortinar novas dimensões da quando este é pensado em termos de gosto,
realidade.” portanto, a partir do que no homem irá logo aparecer
Filosofia, Ensino Médio. Curitiba: Seed-PR, 2006, p. 309. como a essência mesma da subjetividade, como o
Sobre a arte como forma de pensamento, assinale o mais subjetivo do sujeito. Com o conceito de gosto,
que for correto. efetivamente, o belo é ligado tão intimamente a
01) A arte fornece um entendimento do mundo dado subjetividade humana que se define, no limite, pelo
pela intuição, ou seja, por um conhecimento prazer que proporciona, pelas sensações ou pelos
imediato da forma concreta e individual, que não sentimentos que suscita em nós (…) Com o
reporta à razão, mas ao sentimento e à imaginação. nascimento do gosto, a antiga filosofia da arte deve,
02) A arte compartilha do mesmo universo portanto, ceder lugar a uma teoria da sensibilidade”.
conceitual da filosofia; pois, como esta, ela alcança Luc Ferry.
uma compreensão do mundo por meio de conceitos Assinale a alternativa que NAO está relacionada com
logicamente organizados, abstrações genéricas a Estética como disciplina filosófica.
distantes do dado sensorial e do momento vivido. A) Estética e a tradução da palavra grega aisthetiké
04) A imaginação desempenha um papel que significa “conhecimento sensorial, experiência
fundamental na arte; é ela que faz a mediação entre o sensível, sensibilidade”; só na modernidade, por volta
vivido e o pensado, entre a presença bruta do objeto de 1750, foi utilizada para referir-se aos estudos das
e sua representação. Na medida em que torna o obras de artes enquanto criações da sensibilidade
mundo presente em imagens, a imaginação nos faz tendo como finalidade o belo.
pensar. B) Desde seu nascimento como disciplina especifica
08) A imaginação do artista é prisioneira da realidade da filosofia, a Estética afirma a autonomia das artes
e de sua vida cotidiana; e as escolas estilísticas pela distinção entre beleza, bondade e verdade.
determinam que tipo de obra de arte vale a pena C) Ainda que a obra de arte seja essencialmente
realizar. Sendo assim, o artista, a rigor, não cria coisa particular, em sua singularidade única ela oferece algo
alguma, ele apenas copia o que é dado. universal. Eis a peculiaridade do juízo de gosto:
16) Na experiência estética, sentimento e emoção são proferir um julgamento de valor universal tendo
coisas distintas. A emoção é um estado psicológico como objeto algo singular e particular.
de agitação afetiva; o sentimento, como uma reação D) A Estética não cabe apenas ocupar-se com o
cognitiva, esclarece o que motiva a emoção. A sentimento de beleza, mas também com o
emoção é uma maneira de lidarmos com o sentimento de sublime.
sentimento. E) Considerando que tanto o gosto do artista
quanto os gostos do público são individuais e
As opções 01, 04 e 16 estão corretas. A opção 01 é incomparáveis e que, portanto, “gosto não se
correta ao afirmar que a arte fornece um discute”, a Estética como disciplina da filosofia
entendimento do mundo dado pela intuição, ou seja, está destinada ao fracasso, pois não é possível
por um conhecimento imediato da forma concreta e dar universalidade ao juízo de gosto.
individual, que não reporta à razão, mas ao
sentimento e à imaginação. A alternativa E não está relacionada com a Estética
como disciplina filosófica. As outras alternativas
estão relacionadas com a história, conceitos e
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abordagens da Estética na filosofia. A alternativa E, de arte, mas de analisar uma teoria da arte, isto é, um
por outro lado, apresenta uma visão crítica e conceito de arte.
pessimista sobre a possibilidade de dar universalidade II. Hoje, tanto o criador quanto o receptor – artista e
ao juízo de gosto. intérprete de textos estéticos – devem ser “iniciados”
nos códigos e técnicas utilizadas pelo jogo de
953. Todas as alternativas abaixo definem produção artística. Por isso é que se diz que a arte
corretamente a relação crítica que se estabelece na contemporânea é uma arte “para iniciados”.
contemporaneidade entre Arte, Indústria cultural e III. A obra de arte, hoje, permanece falando sobre os
Cultura de massas, EXCETO. símbolos da experiência vivida do homem,
a) Com o advento da modernidade, as artes foram expressando a ligação imediata entre a consciência
submetidas às regras do mercado capitalista e da humana e a transcendência. O fio condutor dessa
ideologia da Indústria Cultural, baseadas na prática experiência estética é o “vivido coletivo”, isto é,
do consumo de produtos culturais produzidos em aquela encantação que nos põe em contato com o
série. As obras de arte são mercadorias, como tudo ponto mais elevado da nossa compreensão do
que existe no capitalismo. sentido da vida e da morte.
b) Não podemos afirmar que a IV. A construção artística, hoje, pode ser discutida e
contemporaneidade transformou as obras de analisada em termos de uma teoria dos signos ou de
arte em mercadorias, pois proporcionaram sua uma teoria do discurso. Neste caso, um objeto pode
democratização irrestrita: todos podem ter ser considerado artístico quando é portador de um
acesso a elas, conhecê-las, incorporá-las em suas “discurso de arte”.
vidas, criticá-las, graças ao capitalismo. A) Apenas I e III.
c) Apesar de submetida às leis do mercado capitalista B) Apenas II e III.
e de sua ideologia, a arte contemporânea não se C) Apenas I, II e IV.
democratizou, massificou-se para consumo rápido D) Apenas II, III e IV.
no mercado da moda e nos meios de comunicação E) Apenas I e II.
de massa.
d) A Indústria cultural define a cultura como lazer e A arte contemporânea não se limita à expressão do
entretenimento, diversão e distração. O que nas "vivido coletivo" ou da "ligação imediata entre a
obras de arte significa trabalho da sensibilidade, da consciência humana e a transcendência", mas pode
reflexão e da crítica é vulgarizado e banalizado; em explorar diversos temas e abordagens estéticas.
lugar de difundir e divulgar as artes, despertando
interesse por ela, ocorre massificação da expressão 955. Em seu ensaio Desumanização da arte, onde
artística e intelectual. estuda as mudanças profundas que a arte
e) Sob o controle econômico e ideológico da experimenta em nossos dias, Ortega y Gasset propõe
Indústria Cultural, a arte se transformou em um este paradoxo: a arte atual é aquela que não existe. Com
evento para tornar invisível a realidade e o próprio essa frase contundente, mas que é mais que um
trabalho criador das obras. É algo para ser simples jogo de palavras, o pensador espanhol chama
consumido e não para ser conhecido, fruído e a atenção para o fato de que as manifestações
superado por novas obras. artísticas contemporâneas estão desligadas do
passado”.
Essa afirmação está incorreta, pois, embora seja (NUNES, B. Introdução à filosofia da arte. 5 ed. São Paulo: Ática,
verdade que a democratização do acesso às obras de 2002.)
arte tenha ocorrido em grande parte graças à Qual das alternativas abaixo NÃO caracteriza o
produção em massa e à disseminação através dos paradoxo acima enunciado?
meios de comunicação, isso não implica que as obras A) Cortadas as ligações com o passado, a arte só de
de arte não tenham sido transformadas em sua atualidade dispõe. É como se ela estivesse
mercadorias. Pelo contrário, a própria produção em sempre nascendo, para viver, repetidas vezes, o
massa e o consumo das obras de arte como instante precário e tumultuoso da gestação.
mercadorias são características da indústria cultural B) O pensador espanhol observa que o esforço
contemporânea. artístico em nossos dias se processa em ritmo de
laboratório, de trabalho experimental, o que
954. Analise as assertivas e assinale a alternativa que explicaria o fato de que hoje “se produza mais teorias
aponta as corretas. e programas do que obras”.
I. Hoje, a arte já pode ser pensada dentro de uma C) O paradoxo de Ortega aponta o sinal inequívoco
teoria da linguagem. Portanto, não se trata mais de da emancipação da obra de arte de seus
pensar a filosofia da arte, visando alcançar uma ideia condicionamentos morais e religiosos. A falta de um
estilo orgânico é, então, compensada pela
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possibilidade, hoje tornada concreta, num grau A segunda afirmativa é falsa, pois nem todas as obras
jamais alcançado em anteriores períodos da história, de arte têm conteúdo proposicional. Muitas vezes, a
de fruição puramente estética da obra de arte. arte se preocupa mais com a expressão estética do
D) O paradoxo acima enuncia: teremos que, que com a transmissão de uma mensagem explícita.
defrontando-nos com as manifestações artísticas A terceira afirmativa é verdadeira e reconhece a
atuais, aceitar a contingência de buscar nelas mesmas importância da arte no desenvolvimento da
as categorias que reclamam, tão profundas e radicais sensibilidade e na percepção da realidade.
foram as transformações causadas pela revolução A quarta afirmativa é verdadeira e destaca o caráter
industrial – que não modificou apenas o estado das revelador da obra de arte, que nos permite ter acesso
relações sociais, afetando, igualmente, nossa a outras dimensões da realidade para além do mundo
experiência e nosso senso de realidade. empírico.
E) O paradoxo de Ortega enuncia: o que se
produz hoje não pode ser chamado de arte, mas 957. A análise de uma obra de arte é um dos modos
sim de abstração. “Abstração é desumanização”, simbólicos utilizados pelo homem para atribuir
portanto, não podemos atribuir-lhe o nome de significados ao mundo.
arte. Ao eliminar a presença do homem, essa Com base nessa informação, marque V nas
estética exigente transformou a expressão dos afirmativas verdadeiras e F, nas falsas.
sentimentos em expressão plástica, afastando-a ( ) A arte abstrata se utiliza somente de formas,
do grande público. cores ou superfícies, sem retratar nenhum objeto
real.
A alternativa que não caracteriza o paradoxo ( ) A arte moderna se refere a uma nova abordagem
enunciado é a letra E, que afirma que o que se da arte, em um momento em que a representação
produz hoje não pode ser chamado de arte, mas sim literal de um tema ou objeto não era mais
de abstração, o que não condiz com a afirmação de importante.
Ortega y Gasset de que a arte contemporânea é ( ) A arte contemporânea é o termo genérico usado
aquela que não existe, ou seja, que está desligada do para editar a maior parte da produção artística do fim
passado e não possui um estilo orgânico. O autor do século XIX.
não afirma que a arte atual é uma abstração e nem ( ) Barroco foi o nome dado ao estilo artístico que
que a falta de presença humana na obra de arte a floresceu na Europa, na América e em certas regiões
torna não-arte. do Oriente, entre o início do século XVII e meados
do século XVIII.
956. A respeito da natureza e das funções A alternativa que indica a sequência correta, de cima
concernentes às atividades artísticas, no decorrer da para baixo, é a
história das artes, identifique as afirmativas A) V V F V
verdadeiras com V e, com F, as falsas. B) F V F V
( ) A arte não pode ser considerada uma forma de C) V V V F
conhecimento. D) V F V F
( ) A arte é uma forma de compreensão da realidade, E) F F V F
e todas as obras de arte têm conteúdo proposicional.
( ) A arte nos ensina a ver ou ouvir, apurando e A primeira afirmativa está correta, pois a arte abstrata
orientando nossa sensibilidade e nos despertando se utiliza de formas e cores sem representar
para a descoberta de muitas coisas. necessariamente objetos reais.
( ) A obra de arte é uma janela, que deixa entrever A segunda afirmativa também está correta, pois a
uma realidade que está além e fora dela. arte moderna foi caracterizada por uma abordagem
A alternativa que indica a sequência correta, de cima mais livre e subjetiva da arte, sem se ater
para baixo, é a necessariamente à representação literal de temas ou
A) V F F F objetos.
B) F F V F A terceira afirmativa está incorreta, pois a arte
C) V V V F contemporânea é o termo usado para se referir à
D) V V F V produção artística a partir da segunda metade do
E) F F V V século XX, e não do fim do século XIX.
A quarta afirmativa está correta, pois o Barroco foi
A primeira afirmativa é falsa, já que a arte pode sim de fato um estilo artístico que se desenvolveu entre o
ser considerada uma forma de conhecimento, como início do século XVII e meados do século XVIII.
defendem vários filósofos e teóricos da arte.
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958. “Para Baumgarten, a estética tem exigências 04) constitui uma experiência voltada para a
próprias em termos de verdade, pois alia a sensação e subjetividade do espectador.
o sentimento à racionalidade. A estética, para ele, 08) desenvolve o conceito iluminista de arte para a
completa a lógica e deve dirigir a faculdade do maioridade da razão.
conhecer pela sensibilidade. Define a beleza estética 16) utiliza recursos da mídia e da tecnologia de
como ‘a perfeição – à medida que é observável como informação.
fenômeno do que é chamado, em sentido amplo,
gosto – é a beleza’.” As opções 02, 04 e 16 estão corretas. A opção 02 está
ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: correta, pois a estética pós-moderna substitui o
introdução à filosofia. 4.ª ed. São Paulo: Moderna, 2009, p. 402. conceito de obra-prima pela valorização de
Com base na afirmação anterior e nos seus performances e instalações artísticas, que muitas
conhecimentos de estética, assinale o que for vezes são efêmeras e podem ser reproduzidas em
correto. diferentes contextos.
01) Chamamos de juízo de gosto a apreciação
subjetiva dos objetos. A opção 04 também está correta, pois a estética pós-
02) Baumgarten racionaliza a experiência artística. moderna valoriza a subjetividade do espectador e sua
04) O juízo estético reúne o entendimento e a experiência com a obra de arte, que é entendida
sensibilidade. como um processo de interpretação e de construção
08) A perfeição formal do objeto é um dado de significados.
subjetivo.
16) A beleza é o resultado de aplicação de regras Já a opção 16 está correta, pois a estética pós-
lógicas. moderna faz uso de recursos da mídia e da
tecnologia de informação, como vídeos, fotografias,
As opções 01, 02 e 04 estão corretas. A opção 01 está instalações interativas, entre outros, para criar obras
correta, pois o juízo de gosto é uma apreciação de arte que dialogam com a cultura contemporânea.
subjetiva dos objetos de beleza. O que é belo para
uma pessoa pode não ser para outra. A opção 01 está incorreta, pois a estética pós-
moderna não se baseia no retorno ao naturalismo
A opção 02 também está correta, pois Baumgarten clássico, mas sim em uma ruptura com as tradições e
entende que a estética não se limita a uma mera convenções da arte moderna.
sensação, mas sim é uma atividade racional que
busca compreender a beleza e as artes. A opção 08 também está incorreta, pois a estética
pós-moderna não desenvolve o conceito iluminista
Já a opção 04 está correta, pois Baumgarten acredita de arte para a maioridade da razão, mas sim
que o juízo estético une a sensibilidade e a razão, ou questiona a ideia de uma arte universal e objetiva,
seja, é um processo que envolve tanto a percepção valorizando a diversidade cultural e a subjetividade
quanto a compreensão do objeto de beleza. na criação e na interpretação da obra de arte.
A opção 08 está incorreta, pois a perfeição formal do 960. Sobre os movimentos e as revoluções estéticas
objeto de beleza não é um dado subjetivo, mas sim ao longo da História da Arte, o filósofo G. Bornheim
um elemento objetivo que pode ser avaliado por diz o seguinte: “Cabe afirmar que nunca a pesquisa e
critérios estéticos. a elaboração estéticas foram tão intensas quanto em
nosso tempo, e nunca também a preocupação com a
A opção 16 também está incorreta, pois a beleza não normatividade se fez tão ausente. A razão mais
é o resultado da aplicação de regras lógicas, mas sim palpável para explicar tal situação parece uma
uma experiência subjetiva que envolve a sensibilidade decorrência do seguinte. É que a estética passa a
e a percepção estética do objeto. integrar de modo completamente novo o ato criador
do artista. No passado, a estética preexistia à ação
959. A estética pós-moderna representa uma série de criadora e impunha-se a ela, ao passo que agora as
transformações no contexto de produção, de inquietações estéticas são por assim dizer compostas
exposição e de fruição da obra de arte, tal como juntamente com a elaboração da obra”
vinha sendo até o século XX. Sobre a estética pós- BORNHEIM, G. Gênese e metamorfose da crítica. In:
moderna, é correto afirmar que MARÇAL, J. (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba:
01) retorna ao naturalismo clássico, segundo o qual a SEED, 2009, p. 140.
arte imita a natureza. Segundo a afirmação acima e os conhecimentos de
02) substitui o conceito de obra-prima pelas estética, assinale o que for correto.
performances e pelas instalações.
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01) Bornheim está se valendo do conceito hegeliano 04) A arte explora as disposições formal e material
de morte da arte, isto é, a mudança funcional da arte dos objetos de modo inédito e contrário à
ao longo da História. expectativa usual dos mesmos.
02) A normatividade pertence ao conceito de 08) Na experiência estética pós-moderna, a
imitação, decorrente do movimento inaugural da arte imaginação está submetida a regras de imitação da
e da crítica. natureza.
04) A elaboração estética do nosso tempo não mais 16) A representação fiel dos objetos do mundo, por
defende regras ou cânones objetivos. mais “naturalista” que seja, contém elementos
08) A crítica de arte tornou-se obsoleta e espirituais e interpretativos.
descompromissada com os artistas e com as obras de
arte. As opções 02, 04 e 16 estão corretas. A opção 02 está
16) O ato criador retornou ao conceito de obra- correta ao afirmar que a arte é uma manifestação
prima, segundo os ideais de acabamento e perfeição sensível, pois a experiência estética envolve a
formal do produto artístico. percepção dos sentidos e a sensibilidade para
apreciar a obra de arte.
As opções 01, 02 e 04 estão corretas. Com relação à
opção 01, Bornheim não está se referindo A opção 04 está correta ao afirmar que a arte explora
diretamente ao conceito de morte da arte de Hegel, as disposições formal e material dos objetos de
mas sim à mudança funcional da arte ao longo da modo inédito e contrário à expectativa usual dos
História, que envolve a relação entre a arte e a mesmos, pois a arte busca criar novas formas de
sociedade em que ela está inserida. representação e de expressão, muitas vezes
desafiando as convenções estabelecidas.
Com relação à opção 02, a normatividade não se
limita ao conceito de imitação, mas se refere à A opção 16 está correta ao afirmar que a
existência de regras e cânones estéticos que orientam representação fiel dos objetos do mundo, por mais
a produção e a apreciação da arte em diferentes "naturalista" que seja, contém elementos espirituais e
períodos históricos. interpretativos, pois a arte não se limita a reproduzir
o mundo de forma objetiva, mas sim a expressar as
Com relação à opção 04, é correto afirmar que a emoções, ideias e visões de mundo do artista, que
elaboração estética do nosso tempo não se preocupa podem ser diferentes da realidade percebida pelos
mais com a defesa de regras ou cânones objetivos, sentidos.
mas isso não significa que não haja mais
normatividade na produção e na apreciação da arte. 962. A estética kantiana diferencia os juízos estéticos
A normatividade pode assumir formas diferentes em dos juízos morais e dos juízos de conhecimento. Sua
cada período histórico. perspectiva visa apontar para as condições subjetivas
e racionais contidas no juízo de gosto. Para Kant,
As opções 08 e 16 estão incorretas. A crítica de arte uma dessas condições é o desinteresse, isto é, a
continua sendo uma atividade importante e relevante apreciação artística não está submetida à utilidade
na contemporaneidade, e o conceito de obra-prima prática ou ao conhecimento teórico do objeto que
não voltou a ser central na produção e na apreciação considera belo. A partir da estética kantiana, é
da arte. correto afirmar que o juízo estético
01) é um sentimento irracional.
961. “A luz, a cor, o volume, o peso, o espaço, 02) proporciona o conhecimento do objeto belo.
enquanto dados sensíveis, não são experimentados 04) é facultativo, isto é, não ocorre em todos os
da mesma maneira na vida do dia a dia e na arte. [...] indivíduos.
O artista, portanto, não copia o que é; antes cria o 08) é sinônimo de juízo de gosto.
que poderia ser e, com isso, abre as portas da 16) reconhece a beleza de forma livre e
imaginação.” desinteressada.
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando. São
Paulo: Moderna, 2009. p. 418. As opções 08 e 16 estão corretas. A opção 08 está
Sobre a experiência estética, assinale o que for correta ao afirmar que o juízo estético é sinônimo de
correto. juízo de gosto, pois para Kant, o juízo de gosto é o
01) O juízo estético pode ser identificado com o juízo estético em si mesmo, o que nos permite
juízo moral e com o juízo de conhecimento. afirmar que ambos os termos são equivalentes.
02) A arte é uma manifestação sensível.
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Já a opção 16 está correta ao afirmar que o juízo técnicas utilizadas na obra). É importante destacar
estético reconhece a beleza de forma livre e que essa tríade não é exaustiva e nem universal, mas
desinteressada, pois, para Kant, o juízo estético é sim uma referência na discussão das funções da arte.
desinteressado, ou seja, não busca a satisfação de
qualquer interesse prático ou teórico. Além disso, o A quinta afirmativa é falsa, pois as obras de arte
juízo estético é livre, pois não está submetido a exercem diferentes funções em diferentes períodos
qualquer tipo de regra ou conceito preestabelecido, históricos e contextos culturais, não havendo uma
permitindo que cada indivíduo tenha uma função única e constante ao longo da história.
experiência estética única e particular.
964. Sobre estética, é correto afirmar que ela é
963. Em relação às funções da Arte, analise as A) uma teoria do belo.
afirmativas e marque com V as verdadeiras e com F, B) uma ciência lógica.
as falsas. C) uma atividade natural.
( ) A arte nunca é utilizada para fins não artísticos. D) um elemento matemático.
( ) O naturalismo foi muito importante na Grécia E) uma parte da ciência política.
clássica.
( ) A arte barroca foi utilizada como forma de A alternativa correta é a letra A, uma vez que a
manutenção dos fiéis à Igreja Católica. estética é a área da filosofia que se ocupa do estudo
( ) As três principais funções da arte são: pragmática da natureza do belo e das artes, investigando
ou utilitária, naturalista e formalista. questões como a percepção, a criação, a expressão e
( ) As obras de arte, desde a antiguidade até os dias a recepção da beleza. A estética busca compreender
atuais, sempre exerceram as mesmas funções. o que é o belo, como ele é percebido e como pode
A partir da análise dessas afirmativas, a alternativa ser expresso, bem como sua relação com as
que indica a sequência correta, de cima para baixo, é emoções, a cultura e a sociedade. É importante
a ressaltar que, apesar de ser uma área filosófica, a
A) V V F F F estética também se relaciona com outras disciplinas,
B) F V V V F como a história da arte, a psicologia da percepção e a
C) F V F V V sociologia da cultura, entre outras.
D) V F V F F
E) F F V F V 965. Para a Teoria Crítica da Sociedade, quais são os
efeitos da razão instrumental?
A primeira afirmativa é falsa, uma vez que a arte A) A transformação da ciência em ideologia e
pode ser utilizada para fins não artísticos, como por mito social, isto é, em senso comum
exemplo, para fins políticos, educativos ou cientificista.
comerciais. B) A transformação da sociedade industrial em
sociedade virtual, graças ao acesso à informação
A segunda afirmativa é verdadeira, uma vez que o pelos meios de comunicação.
naturalismo foi muito importante na Grécia clássica, C) A incapacidade da razão humana em admitir que
sendo a busca pela representação fiel da natureza o poder econômico e político pertence ao capital
uma das principais preocupações dos artistas desse financeiro e ao setor de serviços das redes eletrônicas
período. de automação e informação.
D) A evolução da ciência e da tecnologia,
A terceira afirmativa é verdadeira, uma vez que a arte transformando o mito social (alienação) em senso
barroca foi utilizada como forma de manutenção dos comum crítico (reificação).
fiéis à Igreja Católica, sendo uma forma de E) A transformação do cientificismo em ciência
demonstrar o poder e a grandiosidade da instituição verdadeira e desinteressada, isto é, em instrumento
religiosa. de manipulação das massas.
A quarta afirmativa é verdadeira. As três principais A Teoria Crítica da Sociedade, desenvolvida pela
funções da arte são, de acordo com a tradição Escola de Frankfurt, tem como um dos seus
ocidental da estética, a função pragmática ou utilitária principais conceitos a razão instrumental. Segundo
(quando a arte é utilizada para fins não puramente essa teoria, a razão instrumental é uma forma de
estéticos, como por exemplo, a decoração de um racionalidade que se desenvolveu na sociedade
ambiente), a função naturalista (quando a arte busca industrial moderna e que tem como principal
reproduzir a realidade de forma fiel) e a função objetivo a eficiência e o controle da natureza e da
formalista (quando a arte valoriza a forma e as sociedade por meio da ciência e da tecnologia.
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apavorados com a fúria, o horror e as consequências experiência vivida em objeto do conhecimento, desta
das paixões que movem as personagens trágicas. vez através do sentimento.
B) Diferentemente de Aristóteles, para Kant a ( ) A obra de arte, em sua particularidade e
função mais alta da arte é produzir o sentimento singularidade única, por oferecer algo universal – a
do sublime. Nesta perspectiva, a arte é então beleza – necessita de demonstrações, provas,
concebida pelo filósofo como expressão. Aqui, a inferências e conceitos. Do contrário, não se
arte é revelação e manifestação da essência da constituiria em um tipo de conhecimento.
realidade. O juízo de gosto tem esta peculiaridade, deve emitir
C) A arte como expressão não é apenas alegoria e um juízo universal, referindo-se, porém, a algo
símbolo. É algo mais profundo, pois procura singular e particular.
exprimir o mundo através do artista. Ao fazê-lo, ( ) Hoje em dia, de uma perspectiva fenomenológica,
leva-nos a descobrir o sentido da Cultura e da consideramos o belo como algo que depende do
História. Realizada a obra, ela nos abre o acesso ao gosto e da opinião de cada pessoa. Assim, o belo é
verdadeiro, ao sublime, ao terrível, ao belo, à dor e uma ocasião de prazer, cuja causa reside no sujeito, e
ao prazer. Um quadro como a Guernica de Picasso é a não no conceito de objeto, e o conceito de gosto,
síntese poderosa de todas essas dimensões da por sua vez, deve ser encarado como uma
expressão. preferência arbitrária, no sentido de que depende de
D) Também Hegel insiste no papel pedagógico da nossa subjetividade.
arte. A pedagogia artística se efetua sob duas formas ( ) A valorização das artes como expressão do
sucessivas: na primeira a arte é o meio para a conhecimento encontra seu apogeu durante o
educação moral da sociedade; na segunda, pela romantismo, quando a arte é concebida como “o
maneira como destrói a brutalidade da matéria, educa órgão geral da filosofia”, isto é, como sendo a única
a sociedade para passar do artístico para a via de acesso ao universal e ao absoluto.
espiritualidade da religião. A) V – F – F – V.
E) Por estabelecer uma relação intrínseca entre arte e B) F – V – F – V.
sociedade, o pensamento estético de esquerda C) V – F – V – V.
também atribui finalidade pedagógica às artes, D) V – F – F – F.
dando-lhe a tarefa de crítica social e política, E) F – V – V – F.
interpretação do presente e imaginação da sociedade
futura. A arte deve ser engajada ou comprometida. A primeira afirmativa é verdadeira, uma vez que a
arte é uma forma de organização da experiência
A alternativa B está correta ao afirmar que para Kant humana através do sentimento. Já a segunda
a função mais alta da arte é produzir o sentimento do afirmativa é falsa, pois a obra de arte não necessita de
sublime e que a arte é concebida como expressão. demonstrações, provas, inferências e conceitos para
Kant acreditava que a arte não tem apenas uma se constituir como conhecimento, ela pode ser
função decorativa ou imitativa, mas sim uma função apreciada simplesmente por sua singularidade. A
mais profunda de produzir um sentimento estético terceira afirmativa também é falsa, já que a
que transcende a mera experiência sensorial. O perspectiva fenomenológica considera o belo como
sublime, para Kant, está relacionado com a grandeza, algo que depende do sujeito e do objeto, e não
com aquilo que é inacessível à nossa compreensão e apenas do sujeito. Por fim, a quarta afirmativa é
que nos provoca uma sensação de temor e respeito. verdadeira, uma vez que durante o romantismo a arte
A arte, então, é vista como uma forma de expressão foi concebida como uma via de acesso ao universal e
que revela a essência da realidade, ou seja, a arte nos ao absoluto.
permite ter acesso a uma verdade que não pode ser
expressa por meio de conceitos e palavras, mas 969. A noção de estética, quando formulada e
apenas por meio da experiência estética. desenvolvida nos séculos XVIII e XIX, pressupunha
A) a não distinção entre arte e técnica.
968. Informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que B) que o belo possui uma dimensão religiosa,
se afirma a seguir e assinale a alternativa com a caracterizada como aura.
sequência correta. C) que a arte é produto da razão e que sua finalidade
( ) Assim como o mito e a ciência são modos de é a criação de conceitos universais e verdadeiros,
organização da experiência humana – o primeiro dados à contemplação.
baseado na emoção e o segundo na razão –, também D) a obra de arte enquanto estetização da política.
a arte vai aparecer no mundo humano como forma E) que o belo é diferente do verdadeiro.
de organização, como modo de transformar a
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A noção de estética desenvolvida nos séculos XVIII (II) Aristóteles (385-322 a.C.) - A arte é um domínio
e XIX, especialmente por filósofos como Immanuel bem particular e isto porque, em vez de desembocar
Kant e Georg Wilhelm Friedrich Hegel, pressupõe a no reino dos fins e do conhecimento da natureza,
distinção entre o belo e o verdadeiro. Enquanto a desemboca em um domínio próprio da liberdade.
verdade é determinada pela razão e pelo (III) Immanuel Kant (1724-1804) - No que toca à
conhecimento objetivo, o belo é determinado arte, a função catártica opera uma transformação das
subjetivamente pelo gosto e pela experiência estética. emoções humanas e essa transformação é algo mais
A estética também enfatiza a importância da importante que a expressão dos próprios valores da
experiência estética em si mesma, em vez de ver a moralidade.
arte apenas como um meio para transmitir conceitos (IV) Friedrich Nietzsche (1844-1900) - A arte, contra
universais. todo o fetichismo das forças produtivas e da
escravidão dos indivíduos, representa o objetivo de
970. A estética em filosofia traz conceitos em torno todas as revoluções: a liberdade e a felicidade dos
do belo e da arte, resultando em reflexões que indivíduos.
atravessam a história da humanidade. (V) Herbert Marcuse (1898-1979) - A arte é o
Com base nessa afirmativa, relacione os pensadores, fundamento do mundo e isso se justifica graças ao
na coluna da esquerda, com a concepção que ele caráter criativo do nosso intelecto, que nos envolve e
desenvolveu, na coluna da direita. nos prende a todos em uma perpétua ilusão presente
(I) Platão (427-347 a.C.) nas formas.
(II) Aristóteles (385-322 a.C.)
(III) Immanuel Kant (1724-1804) Cada pensador traz uma concepção específica sobre
(IV) Friedrich Nietzsche (1844-1900) a arte e sua relação com o mundo e a sociedade.
(V) Herbert Marcuse (1898-1979) Platão vê a arte como uma ameaça à verdade,
(A) Detecta na arte uma ameaça inseparável de seu enquanto Aristóteles destaca a liberdade própria do
próprio modo de operar e proceder, pois os prazeres domínio da arte. Kant enfatiza a função catártica da
que proporciona destroem as condições de acesso ao arte, enquanto Nietzsche e Marcuse veem a arte
conhecimento verdadeiro. como um instrumento de liberdade e de
(B) A arte é um domínio bem particular e isto transformação social. É importante compreender as
porque, em vez de desembocar no reino dos fins e diversas concepções de arte e estética ao longo da
do conhecimento da natureza, desemboca em um história para uma análise mais abrangente e
domínio próprio da liberdade. aprofundada desses temas.
(C) A arte é o fundamento do mundo e isso se
justifica graças ao caráter criativo do nosso intelecto, 971. A palavra arte vem do latim ars, equivalente do
que nos envolve e nos prende a todos em uma grego tekhné, significando técnica, profissão, um
perpétua ilusão presente nas formas. saber fazer, no entanto hoje corresponde, mais
(D) A arte, contra todo o fetichismo das forças frequentemente, às belas-artes e toma este sentido da
produtivas e da escravidão dos indivíduos, representa filosofia estética.
o objetivo de todas as revoluções: a liberdade e a Quanto à noção de belas-artes, relacione as
felicidade dos indivíduos. diferentes épocas históricas, na coluna da esquerda,
(E) No que toca à arte, a função catártica opera uma com as ideias correspondentes a cada período, na
transformação das emoções humanas e essa coluna da direita.
transformação é algo mais importante que a (I) Idade Antiga.
expressão dos próprios valores da moralidade. (II) Idade Média.
Assinale a alternativa que contém a associação (III) Renascimento.
correta. (IV) Iluminismo.
a) I-A, II-B, III-C, IV-D, V-E. (V) Idade Moderna.
b) I-A, II-E, III-B, IV-C, V-D. (A) As belas-artes ganharam especial atenção nessa
c) I-C, II-D, III-E, IV-A, V-B. época, haja vista a enciclopédia de Diderot e de
d) I-E, II-A, III-C, IV-B, V-D. d’Alembert, que passou a distinguir claramente o que
e) I-E, II-D, III-A, IV-B, V-C. diferencia as ciências, as artes e os ofícios.
(B) Inexiste palavra para dizer as belas-artes. Nessa
(I) Platão (427-347 a.C.) - Detecta na arte uma época, toda arte é vista como um mero saber fazer
ameaça inseparável de seu próprio modo de operar e manual, mediante uma técnica específica, e o artista é
proceder, pois os prazeres que proporciona destroem aquele artesão que produz o belo.
as condições de acesso ao conhecimento verdadeiro. (C) Nessa época, distinguem-se tanto as artes
mecânicas quanto as artes livres e belas, e estas
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últimas são aquelas dignas de ocupar o tempo gosto, do lado do público, constituem os pilares
desprovido de tarefas bem como os prazeres dos sobre os quais se erguerá a disciplina filosófica
homens. conhecida como estética.
(D) Nesse momento, as belas-artes encontram na C) Desde o final do século XIX e durante o século
figura do artista a sua realização. Se, para o artesão, XX, modificou-se a relação entre arte e técnica: esta
as ideias precedem e regram as execuções, no caso tornou-se tecnologia, portanto, uma forma de
do artista, as ideias lhe vêm à medida que as executa. conhecimento, e não simples ação fabricadora; por
(E) Nesse período, as belas-artes se fazem outro lado, as artes passaram a ser concebidas menos
tardiamente presentes, coincidindo, em um sentido como criação genial e mais como expressão criadora,
muito particular, com as artes liberais, uma vez que, isto é, como transfiguração do visível, do sonoro, do
nestas, o belo recebeu a qualificação de livre. movimento da linguagem, dos gestos, em obras
Assinale a alternativa que contém a associação artísticas.
correta. D) Em nossos dias, a distinção entre arte erudita e
a) I-A, II-B, III-C, IV-D, V-E. arte popular passa pela presença ou ausência de
b) I-B, II-C, III-E, IV-A, V-D. tecnologia de ponta nas artes. A arte popular é
c) I-B, II-D, III-E, IV-C, V-A. artesanal; a erudita, tecnológica. No entanto, em
d) I-D, II-A, III-B, IV-C, V-E. nossa sociedade industrial, ainda é possível distinguir
e) I-D, II-E, III-A, IV-B, V-C. as obras de arte e os objetos técnicos produzidos a
partir do design e com a preocupação de serem belos.
Na Idade Média, a arte era vista como um saber fazer A diferença está em que a finalidade desses objetos é
manual, enquanto na Idade Moderna, as belas-artes funcional, isto é, os materiais e as formas estão
eram inexistentes e coincidiam com as artes liberais. subordinados à função que devem preencher. Da
No Renascimento, distinguem-se as artes mecânicas obra de arte, porém, não se espera nem se exige
e livres, e as belas-artes eram dignas de ocupar o funcionalidade.
tempo e os prazeres dos homens. No Iluminismo, as
belas-artes são distinguidas das ciências e dos ofícios, A alternativa B apresenta uma descrição correta da
enquanto que na Idade Antiga, as belas-artes evolução do pensamento sobre a arte a partir do
ganharam especial atenção. século XVII, destacando a importância da finalidade
estética da obra de arte e do juízo de gosto. Além
É importante destacar que essa classificação das artes disso, a alternativa destaca a criação da disciplina
em belas-artes e artes mecânicas ou ofícios não é filosófica da estética, que se ocupa da análise e
universal, e é uma concepção que se desenvolveu em reflexão sobre a arte e a beleza. É importante notar
determinados períodos da história ocidental, que essa concepção da arte como objeto estético e
especialmente no Renascimento. Além disso, é sujeita ao juízo de gosto ainda é amplamente
importante lembrar que a definição e a hierarquia das discutida e questionada pelos teóricos da arte
artes são questões debatidas na filosofia estética e contemporâneos.
não têm um consenso universal.
973. Na Crítica do Juízo de Kant, o prazer estético
972. Assinale a alternativa INCORRETA. não se define tanto como aquele que o sujeito
A) Platão não distinguia a arte das ciências nem da experimenta através do objeto, mas como aquele
Filosofia, uma vez que estas, como a arte, são prazer que deriva da constatação de pertencer a um
atividades humanas ordenadas e regradas. A grupo – em Kant, a própria humanidade –, unido
distinção platônica era feita entre dois tipos de artes pela capacidade de apreciar o belo.
ou técnicas: as judicativas (dedicadas apenas ao Sobre o caráter da Estética em Kant, atribua V
conhecimento) e as dispositivas ou imperativas (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.
(voltadas à direção de uma atividade, com base no ( ) Verdade ou falsidade se aplicam aos juízos
conhecimento de suas regras). estéticos.
B) A partir do século XVII, a obra de arte é ( ) Os juízos estéticos são juízos determinantes.
pensada a partir de sua finalidade: a criação do ( ) O gosto (estético) não se esgota no gosto
belo. Assim, torna-se inseparável da figura do individual, mas é algo comunicável.
público, que julga e avalia o objeto artístico ( ) É possível uma educação estética do ser humano.
conforme tenha ou não realizado a expectativa ( ) Na apreciação da arte, como na política, meus
da beleza. Surge, assim, o conceito de juízo de juízos são mediados pelos juízos dos outros.
gosto, que será amplamente estudado por Assinale a alternativa que contém, de cima para
Descartes. Gênio criador e inspiração, do lado baixo, a sequência correta.
do artista, beleza, do lado da obra, e juízo de a) V, V, V, F, F.
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I. O gosto estético transita entre a subjetividade e a renascentista é diferente do naturalismo grego, uma
intersubjetividade. vez que a arte renascentista se inspirou na natureza,
II. O texto reflete a antinomia do gosto: é um mas não a reproduziu de forma literal. A segunda
contrassenso brigar pelo gosto, pois cada um tem o afirmativa está incorreta, uma vez que a estética pós-
seu; é necessário defender um gosto, pois ele é moderna se caracteriza pela desconstrução das
passível de anuência universal. estruturas e formas dos objetos. A terceira afirmativa
III. O texto compreende o caráter social da obra de está correta, uma vez que o realismo foi uma das
arte, que faz do artista uma figura central na vida principais características da arte renascentista. A
política. quarta afirmativa está incorreta, uma vez que o
IV. Tal como na ciência, é possível estabelecer idealismo não é um padrão da arte contemporânea, e
métodos para que a verdade da obra – a beleza – seja sim uma corrente filosófica. A quinta afirmativa está
atingida. correta, uma vez que a igreja católica utilizou a arte
Assinale a alternativa correta. como forma de promover a religião cristã durante a
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. Idade Média.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 977. Rochedos audazes sobressaindo-se por assim
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. dizer ameaçadores, nuvens carregadas acumulando-
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. se no céu, avançando com relâmpagos e estampidos,
vulcões em sua inteira força destruidora, furacões
O texto aborda a questão do gosto estético e sua com a devastação deixada para trás, o ilimitado
relação com a obra de arte, refletindo sobre a oceano revolto, uma alta queda d’água de um rio
antinomia do gosto e a busca pelo juízo estético poderoso etc. tornam nossa capacidade de resistência
competente que permita fazer justiça à obra. Nesse de uma pequenez insignificante em comparação com
sentido, a afirmativa I é correta, pois o texto o seu poder. Mas o seu espetáculo só se torna tanto
reconhece a transição do gosto estético entre a mais atraente quanto mais terrível ele é, contanto
subjetividade e a intersubjetividade. A afirmativa II que, somente, nos encontremos em segurança; e de
também é correta, pois o texto reflete sobre a bom grado denominamos estes objetos sublimes,
necessidade de defender um gosto estético que seja porque eles elevam a fortaleza da alma acima de seu
passível de anuência universal, apesar da relatividade nível médio e permitem descobrir em nós uma
do gosto. Já as afirmativas III e IV não são faculdade de resistência de espécie totalmente
abordadas diretamente pelo texto, sendo, portanto, diversa, a qual encoraja a medir-nos com a aparente
incorretas. onipotência da natureza.
(KANT, I. Crítica da Faculdade do Juízo. Trad. Antonio
976. A partir dos conhecimentos relacionados ao Marques e Valério Rohden. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1995. p. 107.)
Campo da Estética, analise as afirmativas, marcando
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
com V as verdadeiras e com F, as falsas.
juízo de gosto e o sublime na estética moderna,
( ) O naturalismo renascentista é diferente do
particularmente em Kant, assinale a alternativa
naturalismo grego.
correta.
( ) A estética pós-moderna se caracteriza pelo apego
a) O conceito de beleza, resultante da atividade do
às estruturas e formas dos objetos.
entendimento, permite apreender o sentido dos
( ) A arte renascentista do século XV possui como
eventos ameaçadores, protegendo o sujeito da
uma de suas características o realismo.
destruição.
( ) O idealismo é o padrão da arte contemporânea e
b) Os elementos da natureza compõem o núcleo da
expressa uma atitude ligada à realidade.
teoria kantiana do juízo de gosto, constituindo,
( ) A igreja católica, na Idade Média, utilizou a
também, parte importante da sua concepção de
pintura e a escultura para promover os princípios da
gênio.
religião cristã.
c) Os eventos naturais de proporções ameaçadoras
Após análise dessas afirmativas, a alternativa que
provocam nosso interesse quando nos situam na
indica a sequência correta, de cima para baixo, é a
possibilidade iminente de sermos por eles destruídos.
A) V F V F V
d) O sublime não está contido em nenhuma
B) F F V V F
coisa da natureza, e sim em nosso ânimo,
C) F V F V F
quando nos tornamos conscientes de nossa
D) V F F V F
superioridade à natureza.
e) A faculdade de resistência à dimensão ameaçadora
A alternativa correta é a letra A, já que a primeira
e destruidora dos eventos naturais de grande
afirmativa está correta ao destacar que o naturalismo
magnitude é a faculdade produtora do belo.
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A afirmação de que o saber científico se opõe ao A afirmativa "O mito proporciona um conhecimento
saber filosófico e de que os conhecimentos mágico" é verdadeira, uma vez que o mito é uma
científicos são inquestionavelmente certos, coerentes narrativa que tem como finalidade transmitir
e infalíveis é falsa. Na verdade, a ciência também lida conhecimentos e valores de uma cultura, muitas
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vezes por meio de elementos mágicos ou que as hipóteses são criadas a partir da imaginação e
sobrenaturais. da intuição do pesquisador, com base na observação
e na interpretação dos fenômenos estudados.
A afirmativa "O senso comum ou conhecimento
espontâneo é a primeira compreensão do mundo, O raciocínio é dito hipotético-dedutivo quando a
resultante da herança do grupo a que se pertence" comprovação empírica da hipótese é retirada dos
também é verdadeira, pois o senso comum é o efeitos ou das consequências de uma teoria científica.
conhecimento adquirido por meio da experiência Isso significa que a hipótese é deduzida a partir de
cotidiana e da convivência em sociedade, transmitido uma teoria pré-existente e sua validade é testada
de geração em geração. empiricamente.
A afirmativa "A ciência é a única forma de se Os critérios para julgar o valor ou a aceitabilidade das
adquirir conhecimento" é falsa, uma vez que existem hipóteses são: a relevância, a possibilidade de ser
diversas formas de se adquirir conhecimento, além submetida a testes e a compatibilidade com outras
da ciência. O senso comum e a filosofia, por hipóteses já confirmadas. Isso significa que uma
exemplo, são formas de conhecimento diferentes da hipótese só é considerada válida se for relevante para
científica. o estudo em questão, se puder ser testada
empiricamente e se for compatível com outras
Por fim, a afirmativa "A filosofia se propõe a hipóteses já confirmadas.
oferecer um tipo de conhecimento que busca, com
todo rigor, a origem dos problemas, relacionado os a 981. “Etimologicamente, a palavra método é
outros aspectos da vida humana, numa abordagem constituída pelos termos gregos meta, “por meio de”,
globalizante" é verdadeira, uma vez que a filosofia e hodós, “caminho”. O método é, portanto, um
busca compreender o mundo de forma integrada e caminho por meio do qual chegamos a um fim,
sistemática, investigando as origens e as causas dos atingimos determinado objetivo. Para alcançarmos
problemas e relacionando-os a outras áreas do um conhecimento seguro, devemos seguir um plano,
conhecimento. um método.
(ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena
980. “Hipótese (etimologicamente, hypó, ‘debaixo de’, Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª. ed. revista. São
Paulo: Ed. Moderna, 2009. p.4).
‘sob’, e thésis, ‘proposição’) é o que ‘está’ sob a tese, o
Sobre a importância do método científico, assinale o
que está suposto. A hipótese é a explicação
que for correto.
provisória dos fenômenos observados, a
01) O que caracteriza o advento da ciência moderna
interpretação antecipada que deverá ser ou não
é a construção de um método universal capaz de ser
confirmada.”
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: aplicado a todas as ciências.
introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003, p. 186. 02) A aplicação de um método como um conjunto
Sobre a metodologia hipotética da investigação de regras fixas e mecânicas garante à ciência alcançar
científica, assinale o que for correto. um conhecimento seguro e verdadeiro.
01) Na pesquisa científica, a construção de hipóteses 04) O uso da dúvida metódica, como um dos
é um processo heurístico, de invenção e descoberta. instrumentos do método de René Descartes,
02) O raciocínio é dito hipotético-dedutivo quando a conduziu a filosofia a uma atitude cética sobre a
comprovação empírica da hipótese é retirada dos possibilidade de se alcançar qualquer conhecimento
efeitos ou das consequências de uma teoria científica. da verdade.
04) Os critérios para julgar o valor ou a aceitabilidade 08) No pensamento grego, ciência e filosofia
das hipóteses são: a relevância, a possibilidade de ser achavam-se ainda, de certa forma, vinculadas e só
submetida a testes e a compatibilidade com outras vieram a se separar a partir da idade moderna,
hipóteses já confirmadas. buscando cada uma delas seu próprio caminho, ou
08) O axioma é uma hipótese que tem grande seja, seu método.
probabilidade de ser comprovada pela observação de 16) O método por si só não garante a imparcialidade
experiências empíricas. e a neutralidade da ciência: razão pela qual o trabalho
16) As teorias científicas não podem conter científico deve ser acompanhado de uma reflexão de
hipóteses, pois são compostas de teoremas, isto é, de caráter moral e político, para que sejam postos em
proposições não sujeitas à demonstração. questão fins que orientam os meios que estão sendo
utilizados.
As opções 01, 02 e 04 estão corretas. Na pesquisa
científica, a construção de hipóteses é um processo As opções 08 e 16 estão corretas. A opção 08 está
heurístico, de invenção e descoberta. Isso significa correta, uma vez que, na Grécia Antiga, a ciência e a
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filosofia não eram distinguidas como áreas distintas financeiros para pesquisas que apresentem maior
de conhecimento, e muitos filósofos eram também rentabilidade financeira, o que pode influenciar na
cientistas. Apenas na Idade Moderna é que as áreas escolha dos temas de pesquisa.
começaram a se separar e a buscar seus próprios
caminhos e métodos. A opção 16 está correta porque Albert Einstein,
como cientista, não pode ser culpado pelo uso da
Já a opção 16 também está correta, pois, embora o energia nuclear para a fabricação da bomba atômica.
método científico seja importante para garantir a O uso da energia nuclear para a fabricação da bomba
objetividade e a precisão da ciência, ele não é atômica foi uma decisão política tomada pelo
suficiente por si só. É preciso também ter uma governo dos Estados Unidos.
reflexão ética e política sobre os fins que orientam os
meios utilizados na investigação científica. A ciência 983. Sobre Conhecimento em Filosofia, analise estas
não é neutra, e as escolhas feitas pelos cientistas afirmativas e marque com V as verdadeiras e, com as
podem ter implicações sociais, políticas e morais F, falsas.
significativas. ( ) A dúvida metódica é construção do materialismo.
( ) O empirismo enfatiza o papel da razão na busca
982. “A ciência é um tipo de saber capaz de superar da verdade.
a subjetividade do próprio cientista e os preconceitos ( ) Para evitar o erro, a questão do método tornou-se
do senso comum. O rigor do método permite atingir fundamental na filosofia moderna.
um alto grau de objetividade, porque seus ( ) A confiança no poder da razão levada às últimas
procedimentos e produtos podem ser verificados consequências é característica da pós-modernidade.
com isenção pela comunidade científica. Em ( ) Descartes estabelece como regras, na busca da
decorrência, muitos pensam que a ciência é um saber verdade, a evidência, a análise, a ordem e a
neutro, ou seja, que as pesquisas científicas não enumeração.
sofrem influências social ou política e visam apenas A partir da análise dessas afirmativas, a alternativa
ao conhecimento ‘puro’ e desinteressado.” que indica a sequência correta, de cima para baixo, é
(ARANHA, M.L.A.; MARTINS, M.H.P. Temas de Filosofia. 3.ª a
ed. revista. São Paulo: Moderna, 2005. p.173-174). A) V V V F F
A partir dessa citação, assinale a(s) alternativa(s) B) F F F V V
correta(s). C) F F V F V
01) Todas as pesquisas científicas atendem a D) V V F F F
interesses econômicos muito bem reconhecidos. E) F V V V F
02) Todos os experimentos feitos pelo Regime
Nazista na Alemanha, durante a II Guerra Mundial, A primeira afirmativa é falsa, pois a dúvida metódica
são válidos, a despeito do modo como foram é uma construção do filósofo René Descartes, que
obtidos. defende que devemos duvidar de tudo que não seja
04) Toda pesquisa científica realizada com métodos indubitável para chegar à verdade.
válidos deve ser aceita.
08) As indústrias farmacêuticas, como todo A segunda afirmativa é falsa, pois o empirismo
empreendimento capitalista, tentam direcionar os enfatiza o papel da experiência sensorial na busca da
recursos financeiros para pesquisas que apresentam, verdade, e não da razão.
prioritariamente, maior rentabilidade financeira.
16) O cientista Albert Einstein não pode ser culpado A terceira afirmativa é verdadeira, pois a questão do
pelo uso da energia nuclear para a fabricação da método tornou-se fundamental na filosofia moderna,
bomba atômica. especialmente com Descartes, que propõe um
método rigoroso para alcançar a verdade.
As opções 04, 08 e 16 estão corretas. A opção 04 está
correta porque nem todas as pesquisas científicas são A quarta afirmativa é falsa, pois a confiança no poder
aceitas pela comunidade científica. Uma pesquisa da razão levada às últimas consequências é
científica só é válida se ela seguir métodos e característica do Iluminismo, que ocorreu antes da
procedimentos científicos rigorosos e se os pós-modernidade.
resultados forem verificáveis com isenção pela
comunidade científica. A quinta afirmativa é verdadeira, pois Descartes
estabelece como regras, na busca da verdade, a
A opção 08 está correta porque as indústrias evidência, a análise, a ordem e a enumeração, que são
farmacêuticas, como todo empreendimento
capitalista, têm interesse em direcionar recursos
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conhecidas como as quatro regras do método 986. “É pelo seu objeto, e somente por ele, que a
cartesiano. Filosofia se há de distinguir da Ciência, e com isso se
legitimar como disciplina à parte. Mas se à Ciência
984. Sobre Filosofia e Ciência, é correto afirmar: cabe, como objeto, a Realidade Universal, isto é, o
A) A neutralidade científica é um mito. Universo e seu conjunto de ocorrências, feições,
B) A racionalidade instrumental não é reducionista. circunstâncias que envolvem e também
C) Aristóteles é um dos grandes referenciais da compreendem o Homem, o que ficará de fora para
ciência moderna. constituir objeto próprio da Filosofia?”
D) No pensamento Grego, a Ciência estava separada (PRADO Jr., C. O que é filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1981).
da Filosofia. A) As relações entre Saber e Poder.
E) As explicações científicas não diferem das B) O livre arbítrio.
explicações do senso comum. C) O Nada e o Caos.
D) O Conhecimento do próprio Conhecimento.
Embora a ciência seja um método que visa a E) A realidade puramente discursiva do saber.
objetividade e a neutralidade, é importante
reconhecer que os cientistas também são seres A opção D) O Conhecimento do próprio
humanos, e suas crenças, valores e interesses podem Conhecimento é aquela que se destaca como objeto
influenciar sua pesquisa e interpretação de dados. próprio da Filosofia, já que a Filosofia se dedica à
Portanto, a neutralidade completa na ciência é reflexão sobre os pressupostos, os métodos e os
considerada um ideal, mas nunca completamente limites do conhecimento humano em geral. A
alcançada. Filosofia se diferencia da Ciência não tanto por se
dedicar a objetos diferentes, mas por adotar uma
985. Aranha e Martins (2005) definem o senso perspectiva reflexiva e crítica em relação ao
comum como o “primeiro olhar sobre o mundo, conhecimento científico e a todas as formas de
ainda não-crítico, a partir do qual as pessoas conhecimento. As outras opções apresentadas (A, B,
participam de uma comunhão de ideias e realizam as C e E) também são temas pertinentes à Filosofia,
expectativas de comportamento dos grupos sociais a mas não são exclusivos dela e podem ser estudados
que pertencem.” por outras disciplinas.
(ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3.ª
ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p.144). 987. “Um laboratório terá uma boa performance
Sobre o senso comum, assinale o que for correto. tanto por seu pessoal ser bem organizado e ter
01) O senso comum é um conjunto de ideias cuja acesso a aparelhos precisos como por raciocinar
finalidade é a crítica ao saber estabelecido. corretamente. A fim de produzir resultados
02) O senso comum é um conjunto de ideias e científicos, é preciso também possuir recursos,
práticas cegas e incompatíveis com a verdade. acesso às revistas, às bibliotecas, aos congressos etc.
04) Ao ser definido como o primeiro olhar, o senso É preciso também que, nas unidades de pesquisa, a
comum é um saber metafísico das causas e dos comunicação, o diálogo e a crítica circulem. O
primeiros princípios. método de produção da ciência passa, portanto,
08) Todos os homens, intelectuais e analfabetos, pelos processos sociais que permitem a constituição
participam do senso comum. de equipes estáveis e eficazes; subsídios, contratos,
16) O senso comum confunde-se com as ideologias alianças sociopolíticas, gestão de equipes etc. Mais
de uma classe ou de um grupo social. uma vez, a ciência aparece como um processo
humano, feito por humanos, para humanos e com
A opção 08 está correta. A opção 08 está correta, humanos.”
pois o senso comum é um conjunto de ideias e (FOUREZ, G. A construção das ciências. In: ARANHA, M. L.
crenças que é compartilhado por todos os membros de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia.
de uma determinada sociedade, independentemente 3.ª ed. São Paulo: Moderna, 2003, p. 193).
de sua formação educacional ou intelectual. Ou seja, Com base nessa afirmação de Gérard Fourez sobre
o senso comum é uma forma de conhecimento que é os processos de produção de conhecimento
transmitida de geração em geração e que é aceita científico, assinale o que for correto.
como verdadeira pela maioria das pessoas. Dessa 01) Fourez desqualifica a utilização das máquinas e
forma, todos os homens, intelectuais ou analfabetos, dos aparelhos técnicos para a produção de
participam do senso comum, pois fazem parte de conhecimentos científicos.
uma mesma comunidade e compartilham das 02) Fourez estabelece as condições de trabalho da
mesmas ideias e crenças. comunidade científica como uma instituição humana
aberta e suscetível a interferências sociais,
econômicas e políticas.
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04) Fourez afirma que os mecanismos intersubjetivos ( ) A possibilidade de verificação costuma ser
contidos no processo de produção do conhecimento encarada como a condição necessária, ainda que não
pertencem à ordem da biopolítica. suficiente, para que uma asserção possa aspirar ao
08) Fourez afirma que a comunidade científica não status de científica. “Ser verificável” é pré-condição
alcança seus objetivos quando faz alianças políticas. para ser científico. Mas isso não basta.
16) Fourez afirma que a comunidade científica é uma A) F – V – V – V – V.
camuflagem para fazer negócios que visam ao lucro. B) V – F – F – F – F.
C) V – F – V – F – V.
As opções 01 e 02 estão corretas. Na afirmação de D) F – F – V – V – V.
Fourez, ele não desqualifica a utilização das E) V – V – F – V – F.
máquinas e aparelhos técnicos para a produção de
conhecimentos científicos. Pelo contrário, ele destaca A primeira afirmativa está incorreta, pois a
a importância desses recursos para uma boa verificabilidade não é considerada uma condição
performance do laboratório. necessária e suficiente para que uma afirmação seja
considerada científica. Existem outros critérios,
Ele estabelece as condições de trabalho da como a falsificabilidade e a corroborabilidade, por
comunidade científica como uma instituição humana exemplo.
aberta e suscetível a interferências sociais,
econômicas e políticas. Ou seja, ele reconhece que a A segunda afirmativa está correta, pois a
produção de conhecimento científico não é um verificabilidade está relacionada à possibilidade de se
processo neutro e isolado da sociedade. verificar a verdade ou falsidade de uma proposição
por meio da experiência.
988. Um dos grandes desafios enfrentados pela
filosofia da ciência é o de formular um critério que A terceira afirmativa também está correta, pois
permita distinguir as construções da ciência das enunciados singulares e existenciais podem ser
especulações metafísicas e dos posicionamentos verificados conclusivamente.
ideológicos. Sobre a verificabilidade como critério de
cientificidade, informe se é verdadeiro (V) ou falso A quarta afirmativa está correta, pois enunciados
(F) o que se afirma a seguir e assinale a alternativa universais não podem ser verificados de forma
com a sequência correta. conclusiva, já que não é possível observar todos os
( ) A possibilidade de verificação costuma ser casos possíveis.
encarada como condição necessária e suficiente para
que uma asserção receba o status de científica. “Ser A quinta afirmativa está correta, pois a
verificável” significa ser científico. verificabilidade é uma condição necessária, mas não
( ) Se uma proposição é verificável pode receber um suficiente, para que uma afirmação possa ser
valor-de-verdade à luz da experiência atual ou considerada científica. É preciso que haja outros
potencial. Se não é possível especificar que evidência, critérios, como a coerência com teorias já
e em que quantidade, enseja caracterizar uma estabelecidas e a capacidade de fazer previsões
afirmação como verdadeira ou, na pior das hipóteses, testáveis, por exemplo.
como provável, então não é verificável.
( ) Enunciados singulares (“Este objeto é metal e 989. “A Ciência assume outro aspecto quando
conduz eletricidade”) e existenciais (“Alguns objetos concebida como algo que se propõe atingir
são metais e conduzem eletricidade”) podem ser conhecimento sistemático e seguro, de sorte que seus
conclusivamente verificados. No primeiro caso, basta resultados possam ser tomados como conclusões
constatar que se trata efetivamente de metal e em certas a propósito de condições mais ou menos
seguida comprovar que conduz eletricidade. No amplas e uniformes sob as quais ocorrem os vários
segundo, especificar de modo claro o conjunto tipos de acontecimentos. Em verdade, segundo
coberto por “alguns” para checar se cada um dos fórmula antiga e ainda aceitável, o objetivo da
abrangidos ostenta ou não o atributo a ele aplicado. Ciência é ‘preservar os fenômenos’ – isto é,
( ) Enunciados de universalidade categórica não tem apresentar acontecimentos e processos como
como ser cabal e conclusivamente verificados com especificações de leis e teorias gerais que enunciam
base num conjunto finito de dados observacionais. padrões invariáveis de relações entre coisas.
Desse modo, a verificabilidade não se credencia a Perseguindo esse objetivo, a Ciência busca tornar
emitir parecer definitivo a respeito desse tipo de inteligível o mundo; e sempre que o alcança, em
enunciado. alguma área de investigação, satisfaz o anseio de
saber e compreender que é, talvez, o impulso mais
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poderoso a levar o homem a empenhar-se em (ARANHA, M. L. de A. Filosofar com textos: temas e história
estudos metódicos.” da filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 188).
(NAGEL, Ernest. Ciência: natureza e objetivo. In: A partir desta afirmação sobre a aplicação do método
MORGENBESSER, Sidney. Filosofia da ciência. São Paulo: científico na produção do conhecimento, assinale o
Edusp, 1975, p. 15). que for correto:
A partir do trecho citado, assinale o que for correto. 01) O elemento subjetivo, no processo de
01) Buscar tornar o mundo inteligível é saciar um interpretação dos fatos empíricos, constitui um
desejo próprio da compreensão humana. desafio para a neutralidade científica.
02) Preservar os fenômenos significa expor 02) A objetividade científica depende de uma maior
acontecimentos como padrões não variáveis de utilização de máquinas automáticas, não controladas
relações entre coisas. por humanos.
04) A ciência busca explicar tudo por meio de uma 04) Os interesses psicológicos, econômicos e
única lei racional. políticos dos cientistas participam do processo de
08) A ciência objetiva um conhecimento sistemático produção de conhecimento das ciências humanas.
e seguro obtido a partir de conclusões de estudos 08) Ciências exatas, como a matemática, são aquelas
metódicos. em que o teor subjetivista é minimizado ou,
16) Os homens possuem um desejo natural por dependendo do caso, anulado.
conhecer, de modo que são levados a produzir 16) O elemento subjetivo não se aplica a ciências
estudos metódicos, isto é, fazer Ciência. cujo objeto é o próprio homem, como a psicologia,
por exemplo.
As opções 01, 02, 08 e 16 estão corretas. Buscar
tornar o mundo inteligível significa satisfazer o As opções 01, 04 e 08 estão corretas. A opção 01 está
desejo humano de compreender a realidade. É um correta, pois a subjetividade pode ser um obstáculo
impulso natural do ser humano querer entender o para alcançar a objetividade científica, já que pode
mundo em que vive. influenciar na interpretação dos fatos empíricos.
Preservar os fenômenos significa apresentar A opção 04 também está correta, pois os interesses
acontecimentos como especificações de leis e teorias psicológicos, econômicos e políticos dos cientistas
gerais que enunciam padrões invariáveis de relações podem influenciar no processo de produção de
entre coisas. A ciência busca compreender e explicar conhecimento, principalmente nas ciências humanas.
os fenômenos observados através da formulação de
leis e teorias que permitem uma compreensão A opção 08 também está correta, pois em ciências
sistemática dos fenômenos. exatas, como a matemática, a subjetividade pode ser
minimizada ou até mesmo anulada, uma vez que se
A ciência busca obter um conhecimento sistemático baseiam em princípios e leis matemáticas objetivas.
e seguro a partir de conclusões baseadas em estudos
metódicos. A ciência é um empreendimento Já a opção 02 é incorreta, pois a utilização de
sistemático, que utiliza métodos rigorosos e objetivos máquinas automáticas não garante a objetividade
para obter conhecimento confiável. científica, que depende da forma como os dados são
coletados e interpretados pelos pesquisadores.
O anseio por conhecer é um impulso natural do ser
humano que o leva a buscar conhecimento através de Por fim, a opção 16 é parcialmente correta, pois
estudos metódicos. O conhecimento científico é uma embora em algumas ciências humanas o elemento
das formas de atender a esse impulso. subjetivo possa ser minimizado, em outras, como na
filosofia e na sociologia, por exemplo, o objeto de
990. “Do ponto de vista do conhecimento, o estudo é o próprio homem, o que torna mais difícil a
subjetivismo é a projeção de sua visão de mundo na neutralidade científica.
interpretação dos fatos. Ora, as ciências da natureza
aspiram à objetividade, a uma avaliação que seja 991. O cientista nunca dialoga com a natureza pura,
aceita por todos, o que supõe um distanciamento da mas com certo estado de relação entre a natureza e a
subjetividade. Para tanto, as ciências da natureza cultura, definível pelo período da história no qual ele
utilizam instrumentos de controle para testar as vive, sua civilização, os recursos materiais dos quais
hipóteses, além da facilidade de examinar um objeto ele dispõe.
que é exterior a si mesmo. No caso das ciências (LÉVI-STRAUSS, C. apud CHRÉTIEN, C. A Ciência em
humanas, o sujeito que conhece é o próprio objeto Ação: mitos e limites. Campinas: Papirus, 1994. p.44.)
que se quer conhecer, circunstância que torna mais Sobre essa afirmação de Lévi-Strauss, assinale a
difícil a neutralidade.” alternativa correta.
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a) A Ciência é marcada pelo progresso em direção à fatores como recursos financeiros, acesso a revistas e
verdade. bibliotecas, congressos, entre outros. Assim, os
b) A frase revela o caráter positivo da Ciência. resultados da pesquisa científica refletem as várias
c) A relação entre natureza e conhecimento é relações humanas e sociais nas quais o pesquisador
mediada por uma série de estruturas. está inserido, demonstrando que a produção do
d) O objetivo do cientista é alcançar um ponto de conhecimento científico é um processo complexo e
vista neutro em relação ao mundo. dinâmico que envolve aspectos intelectuais,
e) Qualquer formulação do cientista em relação à metodológicos, sociais e humanos.
natureza é fruto de seu livre-arbítrio.
993. “Dá-se o nome conhecimento à relação que se
A afirmação de Lévi-Strauss destaca a ideia de que o estabelece entre o sujeito cognoscente (ou uma
conhecimento científico é influenciado por fatores consciência) e um objeto”.
culturais e históricos, o que implica na mediação Essa afirmativa equivale a dizer que o conhecimento
entre a natureza e o conhecimento por meio de é
estruturas sociais e culturais. A) tudo que é revelado através dos instintos.
B) tudo que se enxerga através dos sentidos.
992. “Afinal, um laboratório terá uma boa C) tudo que é revelado através dos sonhos.
performance tanto por seu pessoal ser bem D) uma percepção que nasce da observação da
organizado e ter acesso a aparelhos precisos como natureza.
por raciocinar corretamente. A fim de produzir E) o processo pelo qual o sujeito se coloca no
resultados científicos, é preciso também possuir mundo e, com ele, estabelece uma ligação.
recurso, acesso às revistas, às bibliotecas, congressos
etc. É preciso também que, nas unidades de pesquisa, A definição apresentada destaca a relação entre o
a comunicação, o diálogo e a crítica circulem. O sujeito cognoscente e o objeto, o que implica que o
método de produção da ciência passa, portanto, conhecimento não é algo que existe em si mesmo,
pelos processos sociais que permitem a constituição mas sim um processo de interação entre o sujeito e o
de equipes estáveis e eficazes; subsídios, contratos, objeto de conhecimento. O conhecimento não é
alianças sociopolíticas, gestão de equipe etc. Mais apenas algo que é revelado pelos instintos ou pelos
uma vez, a ciência aparece como um processo sentidos, mas sim algo que é construído ativamente
humano, feito por humanos, para humanos e com pelo sujeito em sua relação com o mundo.
humanos”.
(FOUREZ, Gerard. A construção das ciências, in ARANHA, 994. Ser dogmático é
M. Filosofar com textos. São Paulo: Moderna, 2012, p. 175). A) acreditar ter a posse da verdade e se recusar
A partir do texto é correto afirmar que: ao diálogo, não admitindo o questionamento de
01) Os resultados de uma boa pesquisa dependem, suas certezas.
principalmente, dos recursos financeiros do B) desconfiar de tudo, não aceitar as possibilidades
laboratório. que estão a sua frente.
02) A qualidade das pesquisas científicas está C) pensar criticamente sobre todas as áreas do saber
vinculada estritamente às qualidades intelectuais do e agir humanos, o que revela princípios e
pesquisador. fundamentos e faz ver as possibilidades de outros
04) A pesquisa científica mantém uma relação com mundos.
os aspectos humanos dos envolvidos com ela, D fazer julgamentos, estabelecer projetos de vida,
mesmo quando consideramos tão somente os seus adquirir convicções e confiança para agir.
aspectos metodológicos. E) ser flexível, dinâmico, absorvendo com
08) Os processos sociais, como o debate e a discernimento as influências mais diversas.
convivência com outros cientistas, não interferem no
resultado final de uma pesquisa. Ser dogmático é uma atitude que implica em ter uma
16) Os resultados das pesquisas científicas refletem visão de mundo fechada, na qual não há espaço para
as várias relações humanas, sociais, nas quais o dúvidas, questionamentos ou diálogo. O dogmático
pesquisador está inserido. se apegar a suas próprias crenças e convicções sem
considerar outros pontos de vista e pode ser muito
As opções 04 e 16 estão corretas. O texto destaca a prejudicial para a busca do conhecimento e para a
importância dos aspectos humanos e sociais no convivência em sociedade, uma vez que não há
processo de produção da ciência, mostrando que as espaço para o diálogo e a troca de ideias.
pesquisas científicas são influenciadas pelos aspectos
sociais dos envolvidos, tais como suas relações
interpessoais, comunicação, diálogo e crítica, além de
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08) Ligado a fatores determinantes, o conceito de visando o incremento da vida de certas pessoas, e
ciência moderna é decorrente da revolução científica isso porque, em vez da promoção humana, o que
do século XVII. vem a ocupar o centro dos valores é, sobretudo, a
16) O senso comum está associado ao valor dos utilidade.
mitos, pois não tem natureza científica, apenas ( ) Para a filosofia, o problema da ciência é que, ao
imaginativa e cosmológica. invés de cumprir seu papel de perseguir o
desenvolvimento e a projeção de si mesma, busca, ao
As opções 02 e 08 estão corretas. A opção 02 é contrário, respostas para os problemas do ser
correta pois o senso comum, apesar de não se humano em um mundo que sempre se caracterizou
fundamentar em um método rigoroso como o por ser adverso.
científico, pode ser visto como uma forma de ( ) Se o ser humano é colocado como valor
conhecimento espontâneo e prático que se fundamental de escolhas, a ciência e a tecnologia
desenvolveu ao longo da história da humanidade. É podem permitir ações antes impossíveis. Assim, os
importante lembrar que o senso comum não é avanços tecnológicos possibilitariam hoje uma
acrítico por natureza, mas pode ser utilizado de prática democrática direta que, historicamente, nunca
forma acrítica. foi possível.
Assinale a alternativa que contém, de cima para
Já a opção 08 é correta porque a ciência moderna, baixo, a sequência correta.
como a conhecemos hoje, é fruto de uma série de a) V, V, V, F, F.
transformações e descobertas que ocorreram ao b) V, V, F, V, F.
longo dos séculos XVII e XVIII, conhecidas como c) F, V, F, V, V.
Revolução Científica. Entre as mudanças mais d) F, F, V, F, V.
significativas estão a valorização do método e) F, F, F, V, V.
experimental, a importância da matemática na
descrição dos fenômenos naturais e a ideia de que a Falsa: A filosofia, no século XIX, não demonstrou
natureza pode ser compreendida a partir de leis desconfiança com o aparecimento dos avanços
gerais e universais. técnico-científicos, pois nessa época a ciência era
vista com grande entusiasmo e confiança.
1.000. Com o aparecimento da ciência, a humanidade
deparou-se com um fenômeno que o pensador Max Falsa: A filosofia, no século XX, não passou a ver
Weber convencionou chamar de “desencantamento com entusiasmo tudo o que a ciência proporcionou,
do mundo”, a partir do qual a natureza, bem como a pois muitos filósofos questionaram os limites e as
realidade humana, desprendendo-se do sagrado, consequências das descobertas científicas.
começa a sofrer intervenções que vão desde a
dissecação dos corpos para os fins da medicina, no Verdadeira: Muitas das descobertas científicas foram
início da época moderna, até as situações que nos são desenvolvidas com o objetivo de beneficiar apenas
mais próximas, como a inseminação artificial, a uma parcela da população, em detrimento de outras,
clonagem, os transgênicos, as células tronco etc. o que demonstra uma preocupação com a utilidade e
Considerando essas questões, próprias das não com a promoção humana em geral.
transformações ocasionadas pelo advento da ciência,
da técnica e da tecnologia, atribua V (verdadeiro) ou Falsa: Para a filosofia, a ciência não busca respostas
F (falso) às afirmativas a seguir. para os problemas do ser humano em um mundo
( ) A filosofia, no século XIX, demonstrou adverso, mas sim se concentra em investigar a
desconfiança com o aparecimento dos avanços natureza e as leis que a regem.
técnico-científicos, pois, através de seus processos,
ter-se-ia um domínio e um controle arbitrários com Verdadeira: Se o ser humano for colocado como
relação à natureza, à sociedade e à realidade dos valor fundamental de escolhas, os avanços
indivíduos. tecnológicos podem permitir ações antes
( ) A filosofia, no século XX, passou a ver com impossíveis, como uma prática democrática direta.
entusiasmo tudo quanto a ciência, através do seu Isso mostra que a ciência e a tecnologia têm o
progresso, proporcionou, incluindo o fato de que, potencial de promover o bem-estar humano, desde
com suas contribuições, seria possível sanar que sejam utilizadas com responsabilidade e ética.
definitivamente
os problemas enfrentados pela humanidade. 1.001. “A ciência grega [...] não constituiu uma
( ) No processo histórico de desenvolvimento tecnologia verdadeira porque não aperfeiçoou a
científico-tecnológico, muita coisa foi desenvolvida física. Mas por que, ainda uma vez, ela não o fez?
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Pelo que parece, porque não procurou fazê-lo. E De acordo com seus conhecimentos sobre o tema
isso, sem dúvida, porque ela acreditava que não era em questão, qual das opções abaixo caracteriza as
factível. De fato, fazer a física no nosso sentido do ciências humanas e suas dificuldades metodológicas?
termo – e não naquele dado a esse vocábulo por a) As ciências humanas lidam com fatos objetivos, ou
Aristóteles – quer dizer aplicar ao real as noções seja, excluem todo aspecto subjetivo de seu
rígidas, exatas e precisas das matemáticas, e, antes de procedimento de análise.
tudo, da geometria. Uma tarefa paradoxal, caso b) Para garantir uma análise rigorosamente objetiva
houvesse, porque a realidade, aquela da vida dos fatos humanos, as ciências humanas empregam a
cotidiana, no meio da qual nós vivemos, não é metodologia utilizada pelas ciências naturais,
matemática. Nem mesmo matematizável.” baseando suas investigação fundamentalmente no
(KOYRÉ, A. Du monde de l’àpeu-près à l’univers de la método experimental e de observação.
précision. In ARANHA, M. Filosofar com textos: temas e c) As disciplinas conhecidas como ciências humanas
história da filosofia, São Paulo: Moderna, 2012, p. 176).
operam fundamentalmente por analogia com as
A partir do texto citado, é correto afirmar:
ciências naturais e seus resultados, porque de outra
01) Para os filósofos gregos, na vida cotidiana não se
forma não teriam como assegurar o rigor e a certeza
faziam necessários conhecimentos matemáticos.
de seus experimentos, e são estas duas características
02) Os filósofos gregos desconheciam a matemática
que fazem da ciência um pensamento baseado na
e por isso foram incapazes de produzir
universalidade do conhecimento.
conhecimentos físicos.
d) Nas disciplinas conhecidas como ciências
04) O conhecimento físico em nossos dias pressupõe
humanas, é difícil a superação da subjetividade.
um conhecimento matemático em razão da ciência
O obstáculo principal está na natureza dos
moderna ser matematizável.
fenômenos do comportamento humano, que
08) A física aristotélica buscava uma explicação
carregam uma carga de significações que se
racional do mundo sem recorrer à fundamentação
opõem a sua transformação em simples objetos
matemática.
científicos, ou seja, em esquemas abstratos e
16) A matematização da ciência moderna é resultado
matematicamente manipuláveis.
de sua exigência por rigor e precisão, algo inerente a
e) É certo afirmar que a ciência será tão rigorosa
esse tipo de conhecimento.
quanto mais for matematizável. Desta forma, as
ciências humanas, embora lidem com objetos
As opções 04, 08 e 16 estão corretas. A opção 04 está
subjetivos, devem almejar sempre técnicas estatísticas
correta, pois o texto indica que a ciência moderna é
e operacionais – ou seja, técnicas herdadas da
matematizável e que a física grega não se preocupava
matemática – em sua metodologia, buscando retirar
em aplicar noções matemáticas ao mundo real.
todo aspecto aproximativo e de interpretação de seus
resultados.
A opção 08 também está correta, pois o texto
menciona que a física aristotélica buscava uma
Esta opção está correta porque reconhece que as
explicação racional do mundo sem recorrer à
ciências humanas lidam com objetos subjetivos e que
fundamentação matemática, o que mostra que a
a subjetividade é um obstáculo à objetividade
matemática não era uma preocupação central para os
científica. Ao contrário das ciências naturais, que
filósofos gregos.
lidam com objetos exteriores ao sujeito cognoscente,
as ciências humanas têm como objeto o próprio ser
Por fim, a opção 16 também está correta, pois o
humano e seus comportamentos, que são
texto sugere que a matematização da ciência
influenciados por fatores culturais, sociais e
moderna é uma consequência da busca por rigor e
históricos. Essa complexidade dificulta a obtenção de
precisão, características essenciais desse tipo de
uma objetividade completa e a construção de
conhecimento.
modelos matemáticos precisos, que são
fundamentais nas ciências naturais. Por isso, as
1.002. “Enquanto todas as outras ciências têm como
ciências humanas muitas vezes recorrem a métodos
objeto algo que se encontra fora do sujeito
qualitativos, como a observação participante e as
cognoscente, as ciências humanas têm como objeto o
entrevistas, que permitem uma compreensão mais
próprio ser que conhece. Daí ser possível imaginar as
rica e contextualizada dos fenômenos estudados.
dificuldades da economia, da sociologia, da
psicologia, da geografia humana, da história para
1.003. A cultura ocidental acentuadamente
estudar com objetividade aquilo que diz respeito ao
antropocêntrica foi marcada por processos
próprio homem tão diretamente”
(ARANHA/ MARTINS. Filosofando: Introdução à Filosofia. 2ª. convergentes de desenvolvimento técnico-científico
Ed., São Paulo, Moderna: 1993 – p. 167). e acumulação de riquezas, propiciados pela expansão
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colonial, que resultaram na revolução industrial, no b) possuir proposições que são reconhecidas como
fortalecimento da ideia de progresso e no processo inquestionáveis e necessárias.
de ocidentalização do mundo. c) ser fundamentada em um corpo de conhecimento
FERREIRA, L. C. Dilemas do século XX: ideias para uma auto evidente e verdadeiro.
sociologia da questão ecológica. In: SILVA, J. P. (Org.) Por d) estabelecer rigorosa correspondência entre
uma Sociologia do século XX. São Paulo: Annablume, 2007
(adaptado).
princípios explicativos e fatos observados.
Esse processo de acumulação de riquezas no e) constituir-se como saber organizado ao permitir
Ocidente, por longos séculos, se fez à custa da classificações deduzidas na realidade.
degradação do meio natural. Do ponto de vista da
cultura e do imaginário ocidental moderno, isso se A característica que permite conceber a ciência com
deveu à os aspectos críticos mencionados é a letra d)
A) ideologia revolucionária burguesa, que pregava a estabelecer rigorosa correspondência entre princípios
repartição igualitária do direito de acesso aos explicativos e fatos observados. Isso porque a ciência
recursos naturais e agrícolas. busca explicar os fenômenos da natureza de forma
B) ideia de Renascimento, que representava os objetiva e baseada em evidências empíricas, ou seja, a
benefícios técnicos de transformação da natureza partir da observação e experimentação, e não em
como salutares para a preservação de ecossistemas. crenças ou superstições. Além disso, a ciência está
C) concepção sacralizada de que a natureza, constantemente revisando e atualizando suas teorias
enquanto obra da criação de Deus, devia servir à à luz de novas evidências, o que a torna crítica e
contemplação estética e religiosa. autocrítica. A correspondência entre princípios
D) perspectiva desenvolvimentista, que atrelava o explicativos e fatos observados é um dos critérios
progresso ao meio ambiente e difundia amplamente mais importantes para validar uma teoria científica.
um entendimento da relação harmoniosa entre
sociedade e natureza.
E) crença nos poderes da ciência e do
desenvolvimento tecnológico, que contribuiu
para tratar a natureza como objeto de
quantificação, manipulação e dominação.
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