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Linguagem e estilo
Relação forma/conteúdo
Estilo trabalhado e rigoroso
Regularidade estrófica e métrica - ode (predomínio dos versos hexassilábicos e
decassilábicos)
Linguagem culta e alatinada (arcaísmos e vocabulário erudito)
Complexidade sintática (anástrofes)
Tom moralista (vocativos, modos imperativo e conjuntivo, frase s declarativas)
Tom coloquial (presença de um interlocutor)
Uso frequente da primeira pessoa do plural
Predomínio da subordinação
Alvaro de campos
Álvaro de Campos é o mais multifacetado dos heterónimos, na medida em que é o único a espelhar
diferentes fases[1] poéticas ao longo da sua obra.
A primeira é a fase decadentista, largamente influenciada pelo Simbolismo e dominada pelo tédio,
pelo cansaço, pelo consumo de ópio e pela fuga à monotonia, já que o poeta sente que não se
consegue adaptar ao mundo circundante. Durante este período, escreveu o poema «Opiário», o
qual dedicou ao seu amigo Mário de Sá-Carneiro.
A segunda fase, já acima referida, sob as influências de Marinetti (1876-1944) e Walt Whitmam
(1819-1892), traduz a exaltação da civilização cosmopolita e da Modernidade enquanto nova era
do progresso humano. Incansável, e numa constante vertigem insaciável, Campos deseja “sentir
tudo de todas as maneiras” e “ser toda a gente em toda a parte”, dado que é “o filho indisciplinado
da sensação”3.
No entanto, apesar de toda esta agitação e euforia, o poeta também mergulha numa fase disfórica,
pautada por desilusões e por angústias existenciais. Designada de “fase intimista”, esta terceira
fase traça pontos de encontro com a poesia do ortónimo, nomeadamente quanto à nostalgia da
infância irremediavelmente perdida, à dor de pensar, a toda uma angústia existencial e a um
permanente sentimento de cansaço e / ou tédio.
• Tédio existencial
• Desalento, cansaço e abulia Angústia e frustração
• Solidão e isolamento, Dificuldade de socialização
• Desajustamento face ao presente, à realidade e aos outros
• Dor de pensar -Tom introspetivo e pessimista
• evasão para o mundo feliz da infância como símbolo da pureza, da inconsciência e da
felicidade, consciência da perda irrecuperável do tempo.
Características da poesia de Álvaro de Campos ao nível da linguagem, do estilo e da estrutura:
A obra Mensagem foi publicada no dia 1 de Dezembro de 1934 e foi a única obra completa
e em português que Fernando Pessoa publicou em vida. É uma espécie de versão moderna
de Os Lusíadas, na qual o poeta exprime o seu ideal espiritualista, sebastianista e
regenerador da pátria. Em termos mais gerais e filosóficos, é uma obra que valoriza o
sonho e a utopia, colocando-os num plano superior ao da própria realidade.
Na verdade, escrita e publicada numa época de profunda crise do mundo ocidental e de
decadência de Portugal, esta obra pretende defender uma perspectiva utópica, segundo a
qual, Portugal tem uma missão a cumprir, como cabeça da Europa adormecida. Assim, se
Portugal é o rosto da Europa, é Portugal que tem a capacidade de olhar o Ocidente
atlântico, o Longe, a Distância. O seu olhar indagador pode ver para além do visível, pode
sonhar, e o sonho é a mola do futuro, pois é o sonho que nos projecta para o futuro, para
além da nossa realidade.
Nesse sentido, sonhar é mais importante do que realizar o sonho, porque uma vez
realizados, os sonhos transformam-se em realidade e, por isso, acabam, pois deixam de
ser sonhos.Ora, o sonho é feito da mesma matéria imaterial que o mito e a Mensagem
afirma, no poema "Ulisses", que "o mito é o nada que é tudo", o sinal e a força que
permanece, enquanto a realidade se desvanece.
Os mitos serão, pois, a raiz sobre a qual Portugal adormecido e sem luz irá edificar o
sonho utópico do futuro. O mito mais importante, símbolo de todos os mitos, será D.
Sebastião, o Encoberto, que transferindo para nós a sua loucura de ir mais além, nos
conduzirá na travessia no nevoeiro. Portugal, que no passado edificou um império
territorial, edificará no futuro um império espiritual - o Quinto Império. E é o poeta que,
investido da sua missão visionária, exprime, ao longo da obra, a sua reflexão pessoal sobre
a Pátria que, no presente, está mergulhada na noite, e só poderá recuperar a identidade
através do sonho utópico do Quinto Império e do exemplo da loucura de Encoberto.
Esta é, enfim, a mensagem da Mensagem - movidos pelo sonho, pela loucura, pela "febre
de Além", devemos procurar a utopia do impossível, do infinito, do Longe, da Distância, do
Absoluto.
SEbastianismo
Sebastianismo: crê-se que toda esta opressão, todo este sofrimento, toda esta miséria,
toda esta crise será vencida com o aparecimento de D. Sebastião (numa manhã de
nevoeiro...), que libertará Portugal dos castelhanos e da sua opressão e lhe restituirá a
antiga grandeza.