Você está na página 1de 26

LITERATURA

PORTUGUESA no sec. XX

Prof. Dra. Roberta Vecchi


Início
 No início do sec.XX um período intensa
mudança política e cultural;
 Fim da monarquia, sentimento de
nacionalismo, espírito de vanguarda;
 Despertar do Modernismo Português ;
 Surgimento de um dos principais autores da
Língua Portuguesa :
Fernando Pessoa
Modernismo Português
 Surge em 1915 com a publicação da revista
Orpheu , influenciado pelas vanguardas
europeias.
 Com o assassinato do rei e de seu filho,
assumem suas facções políticas, a
republicana e a anti-republicana.
 Além da revista Orpheu, surgiram outras :
Centauro(1916),Exílio (1916), Ícaro (1916),
Portugal Futurista(1917), Seara Nova (1921)
e Athena(1924).
A geração da Revista Orpheu
 O orfeísmo organizou-se em torno da revista Orpheu.
 A revista repercutiu não só pelo escândalo, mas
pelos textos publicados e pela influência que exerceu
nas gerações seguintes.
 Uma revista trimestral que contou com apenas 2
números
 Orpheu é o resultado da convivência de jovens
artistas que se reuniam nos cafés de Lisboa que
buscavam trocar informações e revolucionar.
Publicação da revista.
 O terceiro número da revista não chegou a
ser publicado.
 Contava com a participação de Fernando
Pessoa, Mário Sá Carneiro, Almada
Negreiros e o brasileiro Ronald de Carvalho.
 Com a morte de Sá Carneiro, responsável
pelos compromissos da revista, essa acabou.
O Modernismo
 Os primeiros anos do sec. XX foram difíceis
para Portugal, despertando nos portugueses
o saudosismo e os integralistas.
 Houve uma volta ao passado, às Grandes
Navegações, à grandiosidade do Império, ao
Sebastianismo, às glórias de Os Lusíadas.
 O próprio Fernando Pessoa chegou a
mencionar, em 1912, um “Super-Camões”.
citação
“... deve estar para muito breve o inevitável
aparecimento do poeta ou poetas supremos
desta corrente e da nossa terra, porque
fatalmente o Grande Poeta que este
movimento gerará, deslocará para segundo
plano a figura até agora primacial de
Camões.[...] Mas é precisamente por isso
que mais concluível se nos afigura o próximo
aparecer de um supra Camões na nossa
terra.”
Fernando Pessoa e seus heterônimos
 Fernando Nogueira Pessoa e sua
capacidade de despersonalizar-se e
reconstruir-se em outros personagens.
 Um poeta que seja vários poetas.
 Cada um de seus heterônimos ele deu traços
físicos, personalidade, formação cultural.
 Além de Fernando Pessoa “ele-mesmo”
 Alberto Caeiro
 Ricardo Reis
 Álvaro de Campos
Heterônimo / Pseudônimo
 Pseudônimo é um nome falso, sob o qual
alguém se oculta;
 Heterônimo vai além: é um outro nome, uma
outra personalidade, outra individualidade,
diferente portanto do criador, como explica o
próprio Fernando Pessoa.
1888 - 1935
“Por qualquer motivo temperamental que me
não proponho analisar, nem importa que
analise, construí dentro de mim várias
personagens distintas entre si e de mim,
persongens essas a que atribuí poemas
vários que não são como eu, nos meus
sentimentos e ideias, os escreveria. Não há
que buscar em qualquer deles ideias ou
sentimentos meus qe nunca tive. Há
simplesmente que os ler como estão, que é
alias como se deve ler.”
Alberto Caeiro
 Nasceu em Lisboa em 16 de abril de 1889 e
morreu tuberculoso em 1915.
 Órfão de pai e mãe, viveu com uma tia no
campo, só teve instrução primária, por isso
escrevia mal o português.
 Seu contato direto com a natureza, sua
lógica é a mesma da ordem natural.
“ E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural.”
IX
“Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la


E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor


Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.”
“Assim, de todos os sentidos, a visão
assume o papel primordial”
“ Toda a coisa que vemos,
Devemos vê-la sempre pela primeira vez,
Porque realmente é a primeira vez que a
vemos.”

Alberto Caeiro
Ricardo Reis
 Nasceu na cidade do Porto em 19 de
setembro de 1887.Estudou em colégio de
Jesuítas, formando-se em Medicina.
 Politicamente defendia a monarquia e era
contra a República, auto-exilou-se no Brasil.
 Amante da cultura clássica ,do latim, grego e
mitologia
 As inquietações marcam sua poesia, que tem
uma preocupação em gozar o momento
Colocações
A vida se resume a breves momentos, a
instantes volúveis;

“gozar o momento” significa aqui, estar


atento a tudo o que a vida nos oferece, mas
viver serenamente, sem excessos, “ com o
mínimo de dor ou gozo”.
“Mas tal como é, gozemos o meomento,
Solenes na alegria levemente,
E aguardando a morte
Como quem a conhece”.

Em outro momento ele afirma:

“Buscando o mínimo de dor ou gozo,


Bebendo a goles os instantes frescos,
Translúcidos como água
em taças detalhadas,
Da vida pálida levando apenas
As rosas breves, os sorrisos vagos,
E as rápidas carícias
Dos instantes volúveis.”
O lado cético
Por outro lado a poesia de Ricardo Reis é
marcada por um paganismo preocupado em
mostrar que :
“ Não matou outros deuses
o triste deus cristão.
Cristo é um deus a mais,
Talvez um que faltava.”
Álvaro de Campos
Nasceu em Tavira, sul de Portugal, em 15 de outubro
de 1890.
Engenheiro naval, formado na Escócia, viveu em
inatividade, não por falta de oportunidades, mas não
por se conformar a viver trancado em um escritório,
manipulando instrumento de cálculo.
É um poeta futurista, das máquinas, fábricas, energia
elétrica.
Daí ser o poeta do não “histericamente histérico”, no
dizer de Fernando Pessoa que ainda acrescenta:
“pus em Álvaro de Campos toda emoção”.
A poesia
 A poesia de Álvaro de Campos revela um
poeta numa fase decadentista, futurista, até
atingir a poesia intimista, marcada por
profunda melancolia e angústia.
 “ A única realidade da vida é a sensação”;
 “ A base de toda a arte é a sensação”
A Passagem das Horas
[...]
Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo, de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos
possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os
momentos
Num só momento difuso, profuso,completo,
longínquo. [...]
Fernando Pessoa – ele mesmo
 A poesia assinada por Fernando Pessoa –
ortônimo – pode ser dividida em duas
categorias:
 Lírica
 Saudosista – nacionalistica
Poesia Lírica
 Reunida nos livros Cancioneiro e Quadras ao gosto
popular, retoma alguns temas do lirismo português.
 Apresenta algumas reflexões sobre os artistas: (o
poeta é um fingidor), (novelo embrulhado para o lado
de dentro).
 Se pudermos afirmar que Alberto Caeiro pensa com
os sentidos, Ricardo Reis pensa com a razão e
Alvaro de Campos pensa com a emoção.
 Fernando Pessoa, ele-mesmo, pensa com a
imaginação
Autopsicografia

“ O poeta é um fingidor,
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”
Poesia saudosita- nacionalista
 Tem seu ponto alto no livro Mensagem
 Um poeta identificado com o sentimento
nacionalista que contagiou Portugal
 Foi colaborador da revista Águia, deste
movimento
 O nacionalismo promoveu a volta ao
passado, ás navegações, o mar, palavras do
português arcaico.
poesia
“ Porque é do portuguez, pae de amplos mares,
querer, poder só isto:
o inteiro mar, ou a orla vã desfeita-
o todo, ou o seu nada”

“ Sendo nós portugueses, convém saber o que é que somos. O bom português é
várias pessoas. Nunca me sinto tão portuguesmente eu como quando me sinto
diferente de mim – Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Fernando
Pessoa, e quantos mais haja havidos ou por haver”.
MAR PORTUGUEZ
“ Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena


Se a alma não á pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abysmo deu,
Mas nelle é que espelhou o céu.”
Fernando Pessoa

Você também pode gostar