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Fernando Peoa
Contextualização histórico-literária
A vida
Fernando Pessoa nasce em Lisboa, no dia 13 de junho de 1888. Após a morte do pai, a mãe casa
em segundas núpcias com o cônsul de Portugal em Durban, na Africa do Sul, pelo que a familia se
desloca e aí permanece até 1905.
A educação decorre no liceu de Durban e na Universidade (inglesa) do Cabo da Boa Esperança.
Em 1903 ganha, nesta Universidade e no primeiro ano em que foi concedido, o prémio para o
melhor ensaio em estilo inglês. A influência anglo-saxónica será uma constante na sua obra e no
seu pen-samento.
De regresso a Portugal, instala-se em Lisboa, cidade de onde nunca mais se ausenta. Vive com
familiares, depois em quartos alugados em locais diversos da cidade, frequenta cafés onde se
encontra com os amigos. Após alguns desaires profissionais, torna-se "correspondente
estrangeiro" em empresas comerciais na área da baixa lisboeta, emprego que lhe assegurará a
subsistência ao longo da vida. Numa destas empresas conhece Ofélia Queirós, com quem vive uma
relação amorosa sem futuro, na medida em que, segundo o poeta, o seu destino "pertence a
outra Lei, cuja existência não suspeita você sequer" (carta escrita a Ofélia no momento do
rompimento definitivo).
Simultaneamente, publica textos poéticos, de estética ou de filosofia, em revistas e jornais, sem
nunca se preocupar em fazer carreira literária. Estes textos são assinados com o seu próprio
nome ou em nome das múltiplas personalidades que nele habitavam e às quais deu voz, impondo-
as como seres reais - os heterónimos.
À data da sua morte, em 1935, era praticamente desconhecido do público. Apenas na década
seguinte, sob a direção de João Gaspar Simões e Luís de Montalvor, a sua obra começa a ser
publicada em volume.
Só após a sua morte ganhou a glória de ser considerado um génio em Portugal, no Brasil, na
Europa, no mundo.
O tempo e a obra
Do ponto de vista histórico-social, Pessoa vive num tempo importante e conturbado no mundo
e em Portugal: o apogeu nacionalista, movimento e ideologia que cresceu em todo o século XIX e
conduz à violência extrema das grandes guerras no século XX; no contexto português, a ideia de
regeneração nacionalista tem expressão no Regicídio e na implantação da República, em 1910. Em
consequência do Ultimato Inglês de 1890, Portugal vive um tempo de tensão política e social - a
Grã-Bretanha exige a retirada das tropas portuguesas dos territórios entre Angola e
Moçambique, iniciando-se uma mobilização patriótica a nível nacional.
Com a implantação da República inicia-se um conturbado período politico - até 1926, tomam
posse oito presidentes e quarenta e cinco governos. Em 1932, Salazar ascende a chefe do
Governo e, no ano seguinte, assistimos ao início do Estado Novo.
Do ponto de vista cultural, vive-se um tempo marcado pelo simbolismo, pelo saudosismo e pelo
nacionalismo, onde realçam nomes como Camilo Pessanha, Teixeira de Pascoais e António Nobre,
respetivamente. Contudo, um movimento desabrocha e expande-se desde os finais do século XIX
até depois da Segunda Guerra Mundial - o Modernismo. Numa perspetiva res-trita, pode dizer-
se que se trata de um movimento entre as duas grandes guerras, tendo nos anos 20 e 30 o
seu tempo mais fecundo.
O Modernismo define-se como um movimento estético em que a literatura surge associada às
artes plásticas, incorporando e potenciando valores "que estimulam a reinterpretação da pessoa
feita personagem, tendo em atenção um estádio civilizacional exteriormente pujante e eufórico,
mas atravessado, no seu interior, por tensões e excessos de muito problemática harmonização".
E durante a Primeira Grande Guerra que o movimento modernista surge em Portugal, com a
publicação da revista Orpheu, em 1915, empreendida pela geração de Fernando Pessoa, Mário
de Sá-Carneiro e Almada Negreiros.
A revista Orpheu, da qual apenas são publicados dois números, reage contra o tradicionalismo,
rompe com o passado e cria um espírito de van-guarda, tendo uma preocupação com o futuro e
com a euforia do moderno.
Outras revistas se constituem como lugares de confluência literária e doutrinária do
Modernismo e dos diferentes "ismos" que então se for-mam, na apologia de formas e de
temáticas novas, como é o caso do Paulismo, do Intersecionismo e do Sensacionismo, estéticas
criadas por Pessoa. Dessas temáticas modernistas destacam-se, por terem expressão na
escrita pessoana, as seguintes: a exploração da mente humana e as potencialidades criativas do
intelecto, a despersonalização e a fragmentação; a sinceridade e o fingimento; o tédio e a
dissolução do sujeito; a euforia da tecnologia e do moderno; a crise existencial (a máscara, o
retrato, o espelho).
Das experiências estéticas levadas a cabo por Pessoa, para as quais, num trabalho de pura
intelectualidade, inventou os respetivos poemas comprovativos, destacamos:
Sistematização:
Contextualização histórico-literária
A questão da heteronímia
Para Pessoa, a criação poética é um ato de fingimento artístico, na medida em que todo o poema
nasce de um trabalho de intelectualização das emoções. Logo, o poeta é um fingidor, que escreve
não aquilo que sente, mas a recriação pensada, imaginada, das suas emoções.
Esta intelectualização constante provoca angústia, sofrimento, dor de pensar. A excessiva lucidez
impede a capacidade de sentir de forma inconsciente e espontânea, o que resulta no desejo de
alcançar a inconsciência consciente.
Perante a infelicidade e tédio existencial, o sonho surge como refúgio para a realidade. Contudo, o
mundo onírico é apenas uma forma de evasão temporária, restando a desilusão e uma vivência
desajustada entre o sonho e a realidade.
A fuga para um espaço idealizado de felicidade materializa-se, frequentemente, na evocação da
infância, o tempo feliz, associado à inconsciência, unidade e pureza. A lembrança desse tempo e a
consciência de que é irrecuperável conduzem à nostalgia da infância perdida.
Fingimento ístico
• Trata-se de uma teoria que considera a arte como construção do real, que envolve o
fingimento das emoções e dos sentimentos, através de um processo de intelectualização
que recusa a espontaneidade e emotividade literárias, defendendo que "O poeta é um
fingidor".
• Pessoa concebe o artista como um fingidor, um criador, um construtor de imagens e a
arte, a poe-sia, como a intelectualização da emoção. Assim, a imaginação - a consciência, o
pensamento - sobrepõe-se à inconsciência, ao coração ("Eu simplesmente sinto / Com a
imaginação / Não uso o coração.").
Em tópicos:
• Tensão fingimento artístico / sinceridade humana.
• Intelectualização das emoções.
• Sobreposição da imaginação ao coração.
• Poesia enquanto construção intelectualizada.
• Rejeição da espontaneidade e emotividade poéticas.
"Autopsicografia"
"Isto"
"Presságio"
A dor de pens
Em tópicos:
• Tensões pensar/sentir e consciência/ inconsciência.
• Intelectualização permanente.
• Forte consciência do mundo, da vida e da morte.
• Tendência constante para o pensamento causador de sofrimento, angústia, inquietação.
• Desejo de inconsciência.
• Impossibilidade de conciliar consciência e inconsciência.
Em tópicos:
• Tédio existencial.
• Introspeção e autoquestionamento.
• Estranheza e desconhecimento do «eu».
• Fragmentação interior.
• Refúgio e evasão através do sonho.
• Desajuste entre sonho e realidade.
• Indistinção entre estados oníricos e reais.
• A infância surge para o poeta como um paraíso perdido, um tempo de inocência, inconsciência e,
consequentemente, felicidade, uma vez que é um tempo idílico, em que o indivíduo ainda não tem a
capacidade de pensar sobre a sua finitude.
• O poeta revela a saudade intelectual de um passado e de uma idade irrecuperável, um tempo de
felicidade longínqua e, por isso, experimenta no presente o desejo frustrado de reviver a infância
("Com que ânsia tão raiva / Quero aquele outrora!").
Em tópicos:
• A infância como paraíso perdido.
• Idealização do tempo da infância.
• Saudade intelectual de um passado feliz idealizado.
• Infância - tempo de inocência, felicidade, inconsciência e unidade.
• Impossibilidade de coincidência entre o eu-outrora e o eu-agora.
Funções Sintáticas
SIMPLES- O João, eles
VOCATIVO
• Chamamento (interpelar), interrogativo, exclamativo e imperativo, entre virgulas
MODIFICADOR DA FRASE (adverbio)- afeta toda a frase, pode ser trocado de sítio, entre
virgulas normalmente , é feito um juízo de valor
® Oração sub.
Condicional DO GRUPO VERBAL (advérbio temporal, modal ou de lugar)- afeta o
® Oração sub. verbo/a ação, é uma condição
concessiva
• Pode ser Apositivo (com , )- Explicativas
omitido/ não
DO NOME
é essencial
Restritivo (sem , )- Restritivas (não são todos, só aqueles
que)
DIRETO (o quê?)- substituir por o/a, os/as; lo/la, los/las; no/na, nos/nas
INDIRETO (a quem?)- substituir por lhe/lhes; podem estar na forma de me, te, nos, vos
OBLIQUIO (como?, onde?, de quê? ou outras)- não podemos substituir; exige proposição ou
COMPLEMENTOS
PREDICADO
advérbio
Orações
coordenadas
COPULATIVAS
(adição) DISJUNTIVAS ADVERSATIVAS EXPLICATIVAS
CONCLUSIVAS
e, nem, não só...mas (alternativas) (oposição) (explicação)
(conclusão)
também, não só... ou, ou...ou, pois, que
mas logo, portanto
como também, quer...quer, ora...ora
nem...nem
subordinadas
• Subordinante + subordinada:
ADVERBIAIS ADJETIVAS
↳* *
⑰ûë Descarregado por Kiki Vital (kiki.vital06@gmail.com)
lOMoARcPSD|30511432
assertivo
declarativos Proposição, afirmativa a negativa, enunciada diretivos
como verdadeira. Demonstram a relação de
Implicam a criação de uma nova realidade, a verdade/falsidade do enunciado. Revelam a intenção de o emissor influencia o
partir do enunciado de um locutor (Igreja, ® Asserções (acredito que) modo de agir do interlocutor, levando-o a
Tribunal...) cuja posição social seja ® Explicações concretizar algo.
reconhecida pelo destinatário) ® Constatações ® Pedidos
® Nomeações ® Descrições ® Conselhos
® Condenações ® Ordens
® Demissões ® Sugestões
Atos
® Casamentos ou batizados
expressivos compromissivos
Revelam o estado psicológico do locutor
através do conteúdo do enunciado.
® Agradecimentos
Ilocutórios Expressam a intensão de o emissões realizar
no futuro, uma ação ou cumprir o que enuncia.
® Promessas
® Congratulações - Ato de pronunciar um enunciado, revelando a ® Juramentos
® Lamentos intenção comunicativa do locutor caracterizando-se ® Ameaças
® Desculpas através das diferentes marcas linguísticas.
Ato perlocutório: consiste no efeito que o ato ilocutório proferido ATOS DE FALA
produz no interlocutor.
DIRETOS INDIRETOS
Locutor: quem enuncia.
Consistem na realização de atos de fala que se Consistem na realização de atos de fala cujo o
Alocutário: destinatário da mensagem. pretendem que sejam totalmente explícitos e enunciado literal/gramatical não revela, de forma
Interlocutor: aquele que conversa com o outro. que oriente claramente o interlocutor para o explícita, a intensão comunicativa do locutor ao
objetivo do locutor ao proferir o enunciado. proferir o enunciado (necessitam de contexto)
(Modo indicativo)
Funções sintáticas
• C.D. (v + que)
• Sujeito (adj + que) disse que
oração subordinada
• C.O. (v + prep + que) perguntou se
substantiva completiva
• C.N. (n + prep + que) pediu para (verbo no infinitivo) pode ser
• C.A. (adj + prep + que) substituída
por
“isso” / “isto”
(grupo nominal)
Funções sintáticas
que (antecedido ou n por uma prep)
• Modificador do nome (n/pron + que)
o(s)/a(s) qual (quais)
onde oração subordinada
cujo(s)/cuja(s) adjetiva relativa
Restritivo (sem, ) Apositivo (com, ) quem pode ser
→ restringe → explica substituído
por
grupo adjetival