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MODERNISMO EM PORTUGAL

Trabalho de Literatura e Arte

Maria Thereza
25.04.2023
Jean Gomes
Sumário

1. Contexto- página 2
2. Características- página 3
3. Autores/Obras- página 4
4. Fernando Pessoa- página 8

Apresentação

Tido como uma das escolas literárias mais importantes, o Modernismo em


Portugal foi um movimento artístico que trouxe uma nova forma de produzir e
consumir a arte e suas várias facetas. Representado por grandes nomes como
Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Branquinho da Fonseca, Alves Redol e
José Régio, o Modernismo Português nasceu com três fortes e principais
características: a revolução, a inovação e a ousadia. Esta escola literária teve o
seu surgimento em um período político e social bem conturbado em Portugal e é
dividida em três grandes gerações: o Orfismo, o Presencismo e o Neorrealismo.
O Modernismo Português surge entre a Primeira Guerra Mundial e a Segunda
Guerra Mundial, quando o contexto histórico mundial também estava muito
agitado. Além de revelar grandes artistas, esta escola literária também revelou
grandes obras, textos e pinturas que marcaram a história da arte no mundo.

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Contexto Histórico

As primeiras manifestações modernistas começaram a surgir no período


compreendido entre as duas guerras mundiais, período marcado por profundas
transformações político-sociais em toda a Europa, não só em Portugal.
Didaticamente, o Modernismo português tem início em 1915, com o lançamento
do primeiro número da Revista Orpheu, revista que, inspirada pelos movimentos
da Vanguarda Européia, desejava romper com o convencionalismo, com as
idealizações românticas, chocando a sociedade da época. Vários artistas
participaram da elaboração da revista, entre eles destacaram-se: Fernando
Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Almada Negreiros. Os escritores do Orfismo,
como ficaram conhecidos, queriam imprimir à literatura portuguesa as inovações
européias. Anos depois, em 1927, outra importante revista passa a ser
divulgadora dos novos ideais modernistas – A Revista Presença, que teve como
maior representante, o escritor José Régio.

Fernando Pessoa criou vários heterônimos que


apresentavam características particulares e que por
isso escreviam textos bem diversos. Heterônimo é
um desdobramento da própria personalidade do
autor, é a criação de outras pessoas. Heterônimo é
diferente de pseudônimo, pois atinge uma maior
complexidade, o pseudônimo é apenas a criação de
nomes fictícios para uma mesma pessoa,
heterônimo é mais que um nome diferente, é uma
outra pessoa.

Existem outros heterônimos menos conhecidos. Como disse o próprio escritor,


várias foram as personagens que o acompanharam desde a infância. Segundo
ele sua tendência, sua necessidade era multiplicar-se: “Multipliquei-me, para me
sentir, Para me sentir, precisei sentir tudo, transbordei-me, não fiz senão
extravasar-me”. Os heterônimos de Pessoa apresentavam uma biografia, ou
seja, tinham data e local de nascimento, profissão e diferentes visões de mundo.

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Características
● Distanciamento do sentimentalismo.

● Espírito dinâmico, acompanhando as transformações tecnológicas.

● Espírito crítico e questionador.

● Linguagem cotidiana.

● Oposição às normas, numa atitude considerada “anárquica”.

● Originalidade e excentricidade.

● Ruptura com o passado, numa atitude inovadora.

● Presença de linguagem usual;

● Presença das transformações tecnológicas da época;

● Questionamentos e reflexões sobre assuntos sociais polêmicos;

● Oposição às normas e às regras;

● Presença de originalidade e espírito crítico.

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Autores e Obras
Álvaro de Campos

Nascido em outubro de 1890. Era engenheiro naval, alto, magro, cabelos lisos e

assemelhava-se a um judeu português. Ele era o poeta do futuro, da velocidade,


das máquinas, do tempo presente, identificado com a Vanguarda Européia. Seus
textos são contraditórios: ora marcados por uma grande energia, ora revelando a
crise dos valores espirituais e a angústia do homem de seu tempo, inadaptado
às condutas sociais Enquanto Alberto Caeiro pensava com os sentidos e
Ricardo Reis com a razão, Álvaro de Campos, pensava com a emoção.

Poema de Álvaro de Campos:

Lisbon revisited

“Não: não quero nada.


Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!


A única conclusão é morrer.

Não me tragam estética!


Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!


Não me apregoem sistemas completos, não me
enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das
ciências!) –

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Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.


Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus! (...)’’

(Álvaro de Campos) (Biografia de Álvaro de Campos)

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Mário de Sá-Carneiro

Outra figura importante do Modernismo português é Mário de Sá-Carneiro, que


como vimos, também fez parte do grupo de escritores responsáveis pela
publicação da Revista Orpheu em 1915. Ele era o responsável pela parte
financeira da revista, tanto que após o seu suicídio, em 1916, com apenas 26
anos, e revista não circulou mais. Seus textos são marcados por um forte
sentimento de inadaptação ao mundo e por muito subjetivismo.
Seu texto mais famoso:

Dispersão “Perdi-me dentro de mim Porque eu


era labirinto, E hoje, quando me sinto, É com
saudades de mim. (...)

Não sinto o espaço que encerro Nem as linhas


que projeto: Se me olho a um espelho, erro –
Não me acho no que projeto. Regresso dentro
de mim Mas nada me fala, nada! Tenho a alma
amortalhada, Sequinha, dentro de mim. (...)

Eu tenho pena de mim, Pobre menino ideal...


Que me faltou afinal? Um elo? Um rastro?... Ai
de mim!... (...)
Perdi a morte e a vida, E, louco, não enlouqueço...
A hora foge vivida Eu sigo-a, mas permaneço...”

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Almada Negreiros

Nascido em 1893 em São Tomé, Almada


Negreiros começou a escrever e a ilustrar jornais
manuscritos aos 12 anos.Nos anos seguintes
realizou a sua primeira exposição individual com
cerca de noventa desenhos e, no ano seguinte,
tornou-se diretor artístico de uma revista
semanal. Negreiros criou ilustrações para
pôsteres, revistas e livros, enquanto escrevia
romances, peças, ensaios e romances.

Tornando-se cada vez mais procurado, especialmente para obras oficiais,


incluindo a criação de edições comemorativas de selos ou estudos para os
vitrais de uma igreja em Lisboa.O artista também criou frescos, cartões de
tapeçaria e até painéis para edifícios oficiais. Técnicas variadas, e sempre
escrevendo, foi um dedicado defensor da arte moderna em Portugal.Além de
escrever, ele também se envolveu nos assuntos da atualidade.

Em 1917, realizou uma conferência vestido de trabalhador.No mesmo ano,


escreveu um
manifesto intitulado
Ultimato Futurista
para as Gerações
Portuguesas do
século XX, no qual
afirmou:Eu não
pertenço a nenhuma
das gerações
revolucionárias. Eu
pertenço a uma
geração
construtiva.Almada
também apontou a
decadência nacional
nas artes e na
cultura. Segundo o artista, a indiferença estava absorvendo o patriotismo da
nação portuguesa

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Fernando Pessoa

Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em


Lisboa, dia 13 de Junho de 1888. Era filho de Joaquim
de Seabra Pessoa, natural de Lisboa, e D. Maria
Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, natural dos
Açores.Com apenas 5 anos, Fernando Pessoa ficou
órfão de pai, que acometido pela tuberculose, deixou
a família em estado de pobreza. Nessa fase, a família
decide leiloar as mobílias e passam a viver numa casa
mais simples.No mesmo ano, nasce seu irmão Jorge, que veio a falecer com
menos de um ano. Em 1894, com apenas 6 anos, Fernando Pessoa cria seu
primeiro heterônimo denominado “Chevalier de Pas”.Nesse período também
escreve seu primeiro poema intitulado “À Minha Querida Mamã”:

‘’Ó terras de Portugal


Ó terras onde eu nasci
Por muito que goste delas
Ainda gosto mais de ti.’’
Dessa forma, fica claro que desde pequeno Fernando possuía uma inclinação
para as letras, línguas e literatura.Em 1895, sua mãe casa-se novamente com
o comandante João Miguel Rosa que fora nomeado cônsul de Portugal em
Durban, na África do Sul. Assim, a família passa a viver na África.Esse fato
refletiu substancialmente na sua formação. Isso porque na África recebeu uma
educação inglesa, primeiramente num colégio de freiras da West Street e
depois na Durban High School.Outras perdas familiares vieram refletir no estilo
de Pessoa. Destacam-se a morte de suas irmãs Madalena Henriqueta, que
faleceu em 1901, com apenas 3 anos, e Maria Clara, com apenas 2 anos, em
1904.
Em 1902, já com 14 anos, a família retorna à Lisboa. Três anos mais tarde,
matriculou-se na Faculdade de Letras no curso de Filosofia, porém não chega
a concluir o curso.Começa a dedicar-se à literatura e a partir de 1915 se junta a
um grupo de intelectuais. Destacam-se os escritores portugueses modernistas:
Mário de Sá-Carneiro (1890-1916) e Almada Negreiros (1893-1970).Fundou a

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"Revista Orfeu" e, em 1916, seu amigo Mário de Sá-Carneiro suicidou-se. Em
1921, Pessoa funda a Editora Olisipo, onde publica poemas em inglês.
Em 1924 funda a Revista “Atena”, ao lado de Ruy Vaz e em 1926, trabalha
como codiretor da “Revista de Comércio e Contabilidade”. No ano seguinte,
passa a colaborar com a "Revista Presença".
Fernando Pessoa faleceu em sua cidade natal, dia 30 de Novembro de 1935,
vítima de cirrose hepática, com 47 anos.No leito de morte sua última frase foi
escrita, em inglês, com a data de 29 de Novembro de 1935:
“I know not what tomorrow will bring” (Não sei o que o amanhã trará).

Obras em Vida:
● 35 Sonnets (1918)

● Antinous (1918)

● English Poems, I, II e III (1921)

● Mensagem (1934)

Obras Póstumas:
● Poesias de Fernando Pessoa (1942)

● A Nova Poesia Portuguesa (1944)

● Poemas Dramáticos (1952)

● Novas Poesias Inéditas (1973)

● Poemas Ingleses Publicados por Fernando Pessoa (1974)

● Cartas de Amor de Fernando Pessoa (1978)

● Sobre Portugal (1979)

● Textos de Crítica e de Intervenção (1980)

● Obra Poética de Fernando Pessoa (1986)

● Primeiro Fausto (1986)

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https://www.educamaisbrasil.com.br/
https://www.todamateria.com.br/
https://www.portugues.com.br/

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