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COMEÇO
• O que se convencionou como o início do Modernismo
português foi a publicação de Orpheu – revista
trimestral de literatura, em 1915, feita com a
colaboração de Fernando Pessoa, Mário de Sá-
Carneiro, do brasileiro Ronald de Carvalho, entre outros.
• O fim da monarquia e a Proclamação da República
em Portugal repercutiram contribuindo para que vários
artistas se aproximassem das ideias de retomada da
cultura portuguesa e buscassem se expressar quanto à
necessidade de reacender o espírito saudosista e
nacionalista do povo português.
• No século XX, a Literatura portuguesa viveu três
momentos bem delineados:
– Geração Orpheu
A publicação da revista Orpheu impactou a
sociedade de Lisboa. O grupo fundador da
revista fazia oposição ao academicismo e ao
saudosismo, portanto tinha como propósito
marcar a atualização da cultura portuguesa.
Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro,
Almada Negreiros, Ronald de Carvalho, entre
outros, encabeçavam esse grupo.
– Geração Presença
A revista Presença – folha de arte e crítica,
fundada em Coimbra por José Régio, João
Gaspar Simões, Edmundo de Bettencourt e
Branquinho da Fonseca, deu continuidade ao
projeto Orpheu, aprofundando as pesquisas
estéticas com o objetivo de defender uma
literatura viva, em oposição a meras imitações
acadêmicas, rotineiras e livrescas.
– Neorrealismo
O movimento começou com a obra Gaibéus, de
Alves Redol (1911-1969), e abarcou grandes
escritores, como Manuel da Fonseca, Fernando
Namora e Vergílio Ferreira. O Neorrealismo
impunha-se, buscando combater o fascismo,
atuando contra a ditadura salazarista e propondo
uma literatura de cunho social e documental,
que procurava retratar as desigualadas
sociais, denunciando a alienação social.
• Fernando Pessoa (1888) é considerado um dos
maiores poetas de Portugal. O que o difere de todos os
outros autores da tradição literária é sua capacidade de
multiplicar-se em várias outras personalidades poéticas
– os chamados heterônimos.
• A produção ortônima do autor, aquela em que
assinava os poemas com o próprio nome, é repleta de
saudosismo e nacionalismo, ainda que marcados pelo
claro desejo de rever criticamente a história e os mitos
nacionais.
A principal obra de Fernando Pessoa, ele mesmo, é o
livro Mensagem, iniciado em 1913 e publicado em
1934.
• Outro nome importante no cenário da literatura
portuguesa desse período é Mário de Sá-Carneiro
(1890-1916), cuja obra é marcada por uma profunda
angústia existencialista.
• Sua obra-prima é o romance A confissão de Lúcio.
Com uma narração em primeira pessoa, o
protagonista Lúcio começa sua “confissão” em
flashback, para provar sua inocência em um crime
que afirma não ter cometido.
• Durante a narração dos fatos, as lembranças da
personagem começam a se confundir e, assim,
paira uma forte atmosfera de ambiguidade sobre
todo o relato.
1. Faculdades Pequeno Príncipe 2016
Famosos em suas áreas de atuação, René
Descartes e Fernando Pessoa expressaram
questões humanas profundas com essas frases.
Comparando-as, é correto chegar à conclusão de
que
Penso, logo existo.
René Descartes
Duvido, portanto penso.
Fernando Pessoa
a) Pessoa faz uma paráfrase do texto original de Descartes.
b) Descartes argumenta que existir é a causa lógica de pensar.
c) os dois autores usam conectivos diferentes com a mesma
carga semântica.
d) há uma relação de metonímia nos sentidos de ambas as
frases.
e) as duas frases diferenciam-se apenas pelo sentido do
conectivo.
A colocação de René Descartes defende o ato de existir
como conclusão do ato de pensar; Fernando Pessoa, por
sua vez, afirma que o ato de duvidar é uma conclusão do ato
de pensar.
Nota-se, portanto, que ambos estabelecem a relação
conclusiva entre as orações, empregando conjunções
diferentes para tanto.
2. (Uespi 2012) Publicado em 1914, A Confissão de Lúcio, de Mário de
Sá-Carneiro, é uma das obras mais importantes do Modernismo
português. Sobre este romance, batizado pelo autor de “narrativa”,
podemos afirmar que:
a. o narrador inicia o romance afirmando que passou 15 anos na cadeia.
b. segundo o narrador, os jornais da época denominaram o seu
crime como “crime passional”.
c. o romance ou “narrativa” se passa todo nas cidades portuguesas de
Lisboa e Porto.
d. o nacionalismo lusitano e salazarista predomina ao longo da narrativa.
e. Lúcio, o narrador, poeta e pintor, estudou Medicina em Paris; depois,
ingressou na Faculdade de Engenharia.
a) Incorreta. O narrador afirma que passou dez anos na cadeia.
c) Incorreta. A narrativa desenvolve-se nas cidades de Paris e
Lisboa.
d) Incorreta. A afirmação é absurda, pois não existe apologia ao
nacionalismo nem ao salazarismo na obra.
e) Incorreta. O narrador personagem é um jovem escritor português,
duplicação do eu de Ricardo, o seu alter ego.
MODERNISMO PORTUGUÊS: Orfismo,
Presencismo, Neorrealismo
• Diretamente associado a um momento histórico de
profunda crise político-social.
• Num curto espaço de tempo (1910-1926), os
portugueses assistiram à derrocada da monarquia, a
instauração da república e, logo depois, a instauração
da ditadura de António de Oliveira Salazar.
• Duplo assassinato do rei D. Carlos e de D. Felipe,
herdeiro do trono (1908).
• D. Manuel assume o poder, mas a instabilidade foi
demasiada
Proclamação da República em 05.10.1910
1915------------------1927------------1940------hoje
EPICURISMO
ESTOICISMO
a transitoriedade da vida, a irreversibilidade
do Fado (destino), a necessidade de fruir o
instante que passa.
Epicuro (341a.C. – 270 a. C.)
• Nasceu em Atenas.
• Seus princípios filosóficos foram conservados em três
cartas e numa coletânea de pensamentos
convenientemente chamada Pensamentos principais.
• Acreditava que o conhecimento do universo deveria ser
feito por meio dos sentimentos, desconfiando das
interpretações racionais.
• Segundo ele, o homem deveria pautar sua vida pela
procura do prazer. A sabedoria seria compreender que
o prazer físico não é o único e nem o mais importante,
pois o mais importante, segundo ele, era satisfazer os
desejos naturais e necessários, fugindo dos
excessos e exorbitâncias.
• Por esse caminho equilibrado e tranquilo, o homem
atingiria a imperturbabilidade do espírito, para ele,
sinônimo da felicidade.
Coroai-me de rosas,
Coroai-me em verdade
De rosas –
Rosas que se apagam
Em fronte a apagar-se
Tão cedo!
Coroai-me de rosas
E de folhas breves.
E basta.
Como se cada beijo
Fora de despedida,
Minha Cloe, beijemo-nos, amando.
Talvez que já nos toque
No ombro a mão, que chama
À barca que não vem senão vazia;
E que no mesmo feixe
Ata o que mútuos fomos
E a alheia soma universal da vida.
ÁLVARO DE CAMPOS - olhar
caleidoscópico
• Nasceu em Tavira, no Algarve (15.10.1890).
• Segundo o perfil traçado por Fernando Pessoa, Campos é engenheiro
mecânico e naval, formado em Glasgow e vive em inatividade por
pura opção, pois jamais poderia se sujeitar a bater o ponto ou ficar
confinado entre quatro paredes de um escritório.
• Inadaptado e vivendo à margem de qualquer conduta social, Campos
é um poeta modernista, futurista, cubista, sensacionista (uma corrente
que faz a fusão eclética das vanguardas modernistas).
• Autor de versos livres, de ritmos explosivos, de linguagem coloquial,
de referências à vida moderna, urbana e industrial.
• Poeta da crise de todos os valores, da ruptura de todas as
referências tradicionais, expressa a vertigem e o caos da
fragmentação da vida moderna, oscilando entre a excitação e o
cansaço, entre a euforia e a depressão, entre o êxtase e a
desilusão.
• Contudo, engana-se quem pensar que Campos é só emoção, sistema
nervoso, febre; ele é, principalmente, lucidez.
“(...)
Coitado do Álvaro de Campos, com quem ninguém se
importa!
Coitado dele que tem tanta pena de si mesmo!
(...)
Que bom poder-me revoltar num comício dentro da minha
alma!
Mas até nem parvo sou!
Nem tenho a defesa de poder ter opiniões sociais.
Não tenho, mesmo, defesa nenhuma: sou lúcido.
Não me queiram converter a convicção: sou lúcido.
Já disse: sou lúcido.
Nada de estéticas com coração: sou lúcido.
Merda! Sou lúcido.”
Sua obra apresenta três fases estéticas:
• Decadentismo pós-simbolista
• espírito nostálgico e mórbido;
• desprezo pela vida prosaica;
• desejo de evasão, que impulsiona uma
busca de lugares e experiências exóticas
– Oriente e o ópio, respectivamente.
• Versos isométricos decassílabos, de
musicalidade sugestiva, geralmente
agrupados em quadras.
“É antes do ópio que minh’alma é doente.
Sentir a vida convalesce e estiola
E eu vou buscar ao ópio que consola
Um Oriente ao oriente do Oriente.”
Futurismo (Ode triunfal e Ode marítima)
• Versos livres torrenciais;
• Linguagem coloquial, cheia de
entusiasmo;
• Celebra a vertigem das sensações
modernas, a velocidade, a máquina e a
energia explosiva.
Nihilismo
• Síntese das duas primeiras;
• Forma modernista (verso livre,
coloquialismo, prosaísmo), mas despida
da exaltação futurista da modernidade.
• Recupera o espírito sombrio da primeira
fase.
• O tédio, o desânimo e a abulia (supressão
da vontade) combinam-se com um
sentimento de náusea, que leva a
explosões temperamentais raivosas.
TABACARIA
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
• Se no senso comum o conceito do fingidor costuma ter um
significado pejorativo, nos versos de Fernando Pessoa
temos a noção de que o fingimento é um instrumento da
criação literária.
• Segundo o dicionário, fingir vem do latim fingere e significa
"modelar na argila, esculpir, reproduzir os traços de,
representar, imaginar, fingir, inventar".
• A capacidade de fingir de Fernando Pessoa explica a
criação dos vários heterônimos pelos quais ficou
conhecido.
• Os mais famosos heterônimos pessoanos foram Álvaro de
Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis.
• Fernando Pessoa consegue abordar várias emoções e se
transformar em cada uma delas, criando assim diferentes
personagens com formas distintas de ser e de sentir.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
• Vemos na 2ª estrofe que a capacidade do poeta de expressar
certas emoções desperta sentimentos no leitor.
• Apesar disso, o que o leitor sente não é a dor (ou a emoção)
que o poeta sentiu nem a que "fingiu", mas a dor derivada da
interpretação da leitura do poema.
• As duas dores que são mencionadas são a dor original que o
poeta sente e a "dor fingida", que é a dor original que foi
transformada pelo poeta.
• Na 3ª e última estrofe, o coração é descrito como um
comboio (trem) de corda, que gira e que tem a função de
distrair ou divertir a razão.
• Vemos neste caso a dicotomia emoção/razão que faz
parte do cotidiano do poeta.
• Podemos então concluir que o poeta usa o seu intelecto
(razão) para transformar o sentimento (emoção) que ele
viveu.