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"A literatura e outras formas de cultura são fundamentais para o desenvolvimento de uma
consciência política. Todos os estudantes de Coimbra naquele tempo leram a literatura marxista,
a literatura revolucionária ligada a Léopold Senghor e à negritude e também Frantz Fanon. A
minha república funcionou, de certo modo, como um viveiro de quadros", recorda o autor.
Libertação política
Delmar Gonçalves lembra também muitos dos escritores moçambicanos das gerações mais
velhas, que viveram nos anos 60, já passavam a mensagem aos mais novos de que era preciso,
de facto, fazer alguma coisa no sentido da mudança. "Nos anos 60, muitos dos textos que
aparecerem depois da independência já tinham sido escritos nessa altura e andavam a ser
difundidos clandestinamente nas cidades pelos intelectuais moçambicanos ou por aqueles que
sentiam a moçambicanidade antes da independência".
Embora também não tenha vivido esse período, Dulce Braga, escritora luso-afro-brasileira não
tem dúvidas sobre o contributo da literatura. "Sempre se provocaram grandes revoluções, que
tiraram pessoas de ditaduras, do esclavagismo, através da cultura e das letras", afirma.
"A literatura é, sem dúvida, uma das formas mais importantes para promover esse tipo de
revolução e de consciencialização", defende a autora, que na próxima semana publica
"Ndapandula Mama África" e "Sabor de Maboque", dois títulos sobre a influência da cultura
angolana no Brasil.
Geração pós-independência
Já Delmar Gonçalves considera que é necessário aprofundar os estudos sobre aquele período
histórico para a formação da jovem geração do pós-independência. Até porque há muita gente
que não conhece a verdadeira dimensão do que é ser independente.
"É importante que os jovens olhem para trás e tirem daí uma lição. Os nossos antepassados, os
nossos pais tiveram de lutar para nós termos essa possibilidade que agora nos é oferecida, de
termos o que quisermos, de lutarmos por um futuro melhor", defende o membro da Associação
dos Escritores Moçambicanos na Diáspora.
Considera-se geralmente que foi René Maran, autor de Batouala, o precursor da negritude.
Todavia, foi Aimé Césaire quem criou o termo em 1935, no número 3 da revista L'étudiant noir
("O estudante negro"). Com o conceito pretendia-se em primeiro lugar reivindicar a identidade
negra e sua cultura, perante a cultura francesa dominante e opressora, e que, ademais, era o
instrumento da administração colonial francesa (Discurso sobre o colonialismo, Caderno dum
retorno ao país natal etc). O conceito foi retomado mais adiante por Léopold Sédar Senghor, que
o aprofunda, opondo a razão helênica à emoção negra.
Por outro lado, a negritude é um movimento de exaltação dos valores culturais dos povos
negros. É a base ideológica que vai impulsionar o movimento independentista na África. Este
movimento transmitirá uma visão um tanto idílica e uma versão glorificada dos valores
africanos.
O nascimento deste conceito, e o da revista Présence Africaine (em 1947) de forma simultânea
em Dakar e París terá um efeito explosivo. Reúne jovens intelectuais negros de todas as partes
do mundo, e consegue que a ele se unam intelectuais franceses como Jean-Paul Sartre, o qual
definirá a negritude como a negação da negação do homem negro. Um dos aspectos mais
provocativos do termo é que ele utiliza para forjar o conceito a palavra nègre, que é a forma
pejorativa de intitular os negros em francês, em lugar do vocábulo-padrão noir, muito mais
correta e adequada no terreno político.
Segundo Senghor, a negritude é o conjunto de valores culturais da África negra. Para Césaire,
esta palavra designa em primeiro lugar a repulsa. Repulsa ante a assimilação cultural; repulsa
por uma determinada imagem do negro tranquilo, incapaz de construir uma civilização. O
cultural está acima do político.
Posteriormente, alguns escritores negros e mestiços criticaram o conceito, ao considerar que era
demasiado simplificador: o tigre não declara sua "tigritude". Salta sobre sua presa e a devora
(Wole Soyinka). O próprio Césaire se distanciou do termo, ao considerá-lo quase racista. De
qualquer forma, se tratou de um conceito elaborado num momento em que as elites intelectuais
indígenas de raça negra, tanto antilhanas quanto africanas, se encontravam na metrópole, e
tinham pontos em comum bastante difusos (cor de pele, idioma do colonizador etc.) e sobre os
quais não bastava simplesmente estabelecer vínculos.
1º período
Esse primeiro período da Literatura Moçambicana vai desde as suas origens até mais ou menos
o ano de 1924, ano em que os portugueses se retiraram da região. Em 1925, houve o lançamento
de O livro da dor, de João Albasini que marcou um novo período dessa rica literatura.
O grande marco desse período foi a introdução do prelo no ano de 1854, porém, com menos
sucesso do que teve em Angola. Podemos dizer que até a década de 20 do século XX não houve
grande atividade literária em Moçambique. Um dos textos que mais se destacam nesse período é
o de Campos Oliveira (1847 a 1911).
2º Período
Esse é um período com uma produção um pouco mais extensa que o anterior e começa com o
lançamento de O Livro da Dor de João Albasini no ano de 1925 até o final da Segunda Guerra
Mundial.
Outro destaque desse período são os poemas de Rui de Noronha (1905 a 1943) publicados na
década de 30 de forma dispersa. No ano de 1946 foi lançado um livro chamado Sonetos com
uma compilação um tanto incompleta desses poemas, mas que serve de registro.
3º Período
O período tido como o 3º da literatura moçambicana vai de 1945/48 a 1963 e se caracteriza por
ser um período de formação dessa literatura. Passa a existir uma consciência de grupo entre
esses escritores. Além disso, é nesse período que Noémia de Sousa escreve todos os seus
principais poemas.
No ano de 1951 o livro Sangue Negro é publicado com 43 poemas dessa escritora. Outro nome
muito importante nesse período é o de José Craveirinha além de outros como Rui Guerra, Rui
Knopfli, Fonseca Amaral, Rui Nogar, Virgílio de Lemos, Orlando Mendes, entre outros.
4º Período
Esse período da literatura de Moçambique se inicia em 1964 e vai até o ano de 1975. Esse
também é o período da guerra civil que tinha como objetivo libertar o país. O ano de 1964 foi
marcante pelo lançamento de Luís Bernardo Honwana publica Nós matámos o cão-tinhoso que
marca o começo da presença da prosa em detrimento da poesia.
5º Período
A pintura, a escultura, a cerâmica e a cestaria são algumas das manifestações artísticas que
integram o universo cultural moçambicano.
Pintura
Como é já sabido, sabido a pintura é uma representação que resulta da aplicação de tinta numa
superfície. A realização da pintura requer sempre a presença de um suporte de tinta e, se
possível, de fixador. Todo o trabalho de pintura caracteriza-se pela presença de cor.
Região de Moçambique
É a arte de produção de joias que envolve todos os aparatos ornamentais, tipicamente feitos com
gemas e metais preciosos como prata, ouro, platina e paládio. Hoje, porém, com o
desenvolvimento do design, a joalharia pode ser feita com praticamente qualquer material como
titânio e nióbio além de resinas e outros polímeros .
Escultura Maconde
Em muitas das suas criações, embora procurando partir da configuração de tronco de árvores,
compõe outras formas fazendo a combinação de cores da parte interna e externa do tronco
escolhido.
v Shetani: aquela que apresenta figuras fantásticas ou do mundo imaginário, geralmente estas
esculturas são de madeira perfumada como se fossem desenhos feitos em forma linha em pau-
preto.
v Ujamaa: aquela que apresenta esculturas com rigor técnico de representação anatómica, isto
é, respeita as formas naturais para representar os seres humanos e ou animais.
Dança Nyau
É uma dança de elevado valor artístico cultural, praticado em Moçambique e em alguns países
vizinhos, e está relacionada com a manifestação de poder, resistência revindicações,
contextuação contra a inovação externa, o que faz com que seja uma dança essencialmente
masculina cuja a participação feminina é recente e menos ativa. Em Moçambique é praticada
fundamentalmente em 8 distritos da província de Tete. O Nyau foi a 25 de novembro de 2005
proclamada pela UNESCO, obra-prima do património oral e material da humanidade.
Mussiro
Pintura na cara com pó branco, é utilizado como perfume, creme, amaciador de pele e balsam
tradicional e combate ao surgimento doença de borbulhas e ao envelhecimento da pele.
Xilogravura
É uma prática existente na cultura Maconde e em outras espalhadas em grandes centros urbanos
e desenvolvidas pelos artistas. É uma Acão de escavar uma superfície de madeira criando relevo
e produzindo imagens na superfície não escavando que para tal é pintada e prensada.
Temos grandes representantes da xilogravura, entre eles, o escultor Matias Ntundo natural de
Nandimba-Mueba em cabo delgado em 1948, que se dedica também a escultura de pau-preto
Região Centro
Cestaria
Os cestos são objetos que testemunham a vida dos seus fazedores, assim como a dos
utilizadores. Estes objetos, e a criatividade dos artistas que as produzem e também as historias,
as vivencias e a vida social da comunidade. Actualmente, esta arte secular do nosso país tem
evoluído de modo a adaptar-se ao contexto atual, aparecendo com uma nova forma ou design,
sendo que as restantes para livros, as cadeiras de descanso, as bases de mesa os porta-vasos e
outros constituem exemplos vivos desta adaptação aos tempos de hoje.
Região Sul
Xidzalas
O processo de fabricação deste cesto bastante demorado, porque a malha tem de ficar bem
apertada e porque as mulheres que o produzem só podem dedicar-se a este trabalho nas suas
horas livres.
É essencialmente utilitário, mas mesmo assim tem decorações que lembram flores, figuras
geométricas e motivos abstratos algum dos quais com recurso à casca de arvore. Gradualmente
vão se introduzindo desenhos contemporâneos e criando novas formas com outras utilidades
para ir de encontro ao agrado de um mercado cada vez mais exigente.
Timbila
Escultura
O ato de esculpir está ligado ao aparecimento dos primeiros instrumentos de trabalho. Um dos
materiais a serem esculpidos terá sido a pedra e os grandes mestres conhecidos na atividade
esculpir são os gregos, no caso da Europa, donde sobressaem nomes de escultores como Fídias,
enquanto em África foi a madeira como é o caso de Moçambique. Esta arte apareceu como um
trabalho de equipa, chegando a ser de caracter individual como é hoje. Ao longo da história,
nem sempre o observador foi solicitado, perante um escultura, a tornar-se um observador móvel.
Na idade media, por exemplo, as esculturas aparecem associadas à arquitetura. Muitas das
estátuas produzidas na época eram estatuas-colunas, não havendo, por isso, necessidade nem
xos-relevos, que também se encontravam incorporadas na arquitetura.
Batik
A partir das experiencias adquiridas sabemos que as técnicas têxteis são muito mas é possível
não conhecer a técnica relacionada com o batik.
Batik é uma técnica sobre têxteis aplicadas para tingimento e decoração de tecidos.
Existem vários processos de produção de batik, por exemplo, batik de cera, para a produção de
este tipo de processo utilizam-se materiais como: uma panela, vela, fosforo, luvas de borracha,
tinta de tingir, ferro de engomar papel absorvente e pano.
O autor moçambicano Mia Couto, em seu romance Venenos de Deus, remédios do Diabo,
representa o confronto e a tensão provocados pelos conflitos resultantes da política colonial.
Sendo assim, notamos como a literatura pós-colonial se preocupa com o peso histórico do
colonialismo e com a persistência do projeto colonialista na mentalidade e na ideologia dos
sujeitos que vivem em países que antes foram colônia. Este estudo pretende discutir a função da
literatura no projeto de construção da identidade nacional africana, bem como analisar os
embates identitários entre o sujeito africano e o europeu na obra citada. A partir da análise da
presente obra, também apontaremos para discussões que dão conta de fenômenos recorrentes
em nossa atualidade, a exemplo da desconstrução de identidades cristalizadas pela tradição e o
deslocamento do sujeito.
Assim como alguns de seus contemporâneos, preocupa-se com a identidade dos povos
africanos e busca solidificar a independência do seu país. Sua obra mostra o conflito entre a
imposição dos valores coloniais e os valores tradicionais, que, mesmo reprimidos, conseguiram
se preservar por meio de situações inusitadas que os colonizadores jamais conseguiram dominar
ou compreender. Essas situações, que aparecem nos livros de Mia Couto, refletem uma maneira
de pensar e viver típica e são uma forma de resistência cultural e manutenção da identidade do
povo negro moçambicano.