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Introdução
O presente trabalho, tem como tema A Lírica Angolana, nele serão encontradas informações de
uma forma detalhada quanto ao surgimento da lírica angolana, tanto como o primeiro poeta
africano de língua portuguesa com livro publicado em Luanda, características temáticas,
características linguísticas, vida e obra com seu exemplo textual do poeta Tomas Vieira da Cruz.
Tendo em conta que a lírica desempenhou em Angola um importante papel na superação do
estatuto de colónia. Presente nas campanhas libertadoras foi responsável por ecoar o grito de
liberdade de uma nação por muito tempo silenciado, mas nunca esquecido. O angolano vive, por
algum tempo, entre duas realidades, a sociedade colonial europeia e a sociedade africana; os seus
escritos são, por isso, os resultados dessa tensão existente entre os dois mundos, um com escritos
na nascente da realidade dialética, o outro com traços de ruptura.
Porém, para realização deste trabalho cientifico contou com a pesquisa bibliográfica de PIRES
LARANJEIRA. Literaturas africanas de expressão portuguesa. Lisboa: Universidade
Aberta, 1995.
Objectivos
Objectivo geral:
 Conhecer Lírica Angolana.

Objectivos específicos
 Caracterizar a Lírica Angolana;
 Identificar o primeiro Poeta Angolano de Lingua Portuguesa;

 Mencionar os principais autores da Lírica Angolana.


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A Lírica Angolana

O primeiro poeta africano de Língua Portuguesa (com livro publicado em Luanda no ano 1849)
que se conhece é o Angolano José da Silva Maia Ferreira, a que chamamos de Período de
Incipiência. Mas o projeto de uma ficção que conferisse ao homem africano o estatuto de
soberania surge por volta de 1950 gerando o movimento Novos Intelectuais de Angola. Neste
período a literatura Angolana versa temas como o preconceito, a dor causada pelos castigos
corporais, do sofrimento pela morte dos entes queridos, da exclusão social.

A lírica desempenhou em Angola um importante papel na superação do estatuto de colónia.


Presente nas campanhas libertadoras foi responsável por ecoar o grito de liberdade de uma nação
por muito tempo silenciado, mas nunca esquecido. O angolano vive, por algum tempo, entre duas
realidades, a sociedade colonial europeia e a sociedade africana; os seus escritos são, por isso,
os resultados dessa tensão existente entre os dois mundos, um com escritos na nascente da
realidade dialética, o outro com traços de ruptura.

Entretanto, José da Silva Maia Ferreira, Joaquim Cordeiro da Matta (1857-1894), António de
Assis Júnior (1887-1960), Tomaz Vieira da Cruz (1900-1960), e outros escritores, contribuíram
significativamente na gestão do pensamento anticolonial e da identidade do nacionalismo em
Angola, visto que, no período de intensificação do colonialismo português, século XIX, a
literatura era usada como um instrumento de expressão da dominação cultural colonial. Essa
literatura adepta da relação colonial tinha em comum a:

Perspetiva de exotismo, evasionismo, preconceito racial e reiteração colonial e colonialista, em


que a visão de mundo, o foco narrativo e as personagens principais eram de brancos, colonos ou
viajantes, e quando se integravam os negros, eram estes avaliados superficialmente, de modo
exógeno, folclórico e etnocêntrico, sem profundidade cultural, psicológica, sentimental e
intelectual. Porém, na sua poesia José da Silva Maia Ferreira, encontram-se versos dedicados à
sua terra (Angola, Luanda e Benguela), «às senhoras africanas» e a muitos amigos e
personalidades de Angola.
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Reprodutora do ideal imperial português, essa literatura carregava em si o projecto de assimilação


e aculturação dos nativos, em subordinação à metrópole. Destacavam-se nela escritores como
José da Silva Maia Ferreira e António de Assis Júnior, porém, Esse último, já possuía uma
relação mais ambivalente com a Angola, apesar de pertencer a literatura colonial, dado que
expressou nas suas obras, entre elas destaca-se O Segredo da Morta – romance de costumes
angolenses, a dualidade cultural angolana em seu jogo de conflitos e apropriações locais, e por
isso ele será também considerado o fundador do romance angolano.

Foi em contraposição à essa literatura colonial, e inspirados por seus dissidentes, que um
movimento literário que se reivindicava propriamente angolano se formou, por volta de 1940. A
publicação do Boletim Mensagem (1948-1964), pela Casa dos Estudantes do Império, propiciou,
para o desagrado do regime salazarista, um espaço de desenvolvimento cultural e artístico da
juventude africana lusófona que habitava passageiramente a metrópole.

É necessário revelar valores ignorados, impondo-os; corrigir hábitos mentais defeituosos; definir
posições e conceituar a verdadeira Cultura Angolana, livre de todos os agentes decadentes e
dirigir a opinião pública para uma corrente sã e estruturalmente valorosa, que quer, pode e há-de
impor-se.

Essa verdadeira Cultura Angolana se tratava, em um território tão diverso em povos, numa
seleção por parte desses intelectuais, com base nos seus entendimentos e imaginações da nação
angolana. No entanto, seu compromisso de combater a moralidade implícita no cânone literário
colonial era claro.

Os nativos são educados como se tivessem nascido e residissem na Europa. Antes de atingirem a
idade em que são capazes de pensar sem esteio, não conhecem Angola. Olham a sua terra de fora
para dentro e não ao invés, como seria óbvio. Estudam na escola, minuciosamente a História e a
geografia de Portugal, enquanto as da Colónia apenas folheiam em sinopses ou estudam muito
levemente. Ingenuamente, suspiram pelas regiões temperadas do norte, por onde lhes arda o
coração. Não compreendem esta gente que aqui havia, os seus costumes e idiossincrasia. Não têm
tradições. Não têm orgulho de sua terra porque nela nada encontra de que se orgulhar; porque não
a conhecem. Não têm literatura, têm a alheia. Não têm arte sua. Não têm espírito. Não adoptam
uma cultura; adaptam-se a uma cultura.
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Apesar de usar o português como base de sua expressão, o movimento também buscou valorizar
o quimbundo e as alterações da língua na oralidade das ruas. O lema de Vamos Descobrir Angola
motivou a imersão em culturas locais, e registos e elaborações sobre os folclores e tradições
desses povos. Principais Escritores

Escritores portugueses de Angola Colonial

 José da Silva Maia Ferreira (1827-1867)


 Joaquim Cordeiro da Matta (1857-1894)
 António de Assis Júnior (1887-1960)
 Tomaz Vieira da Cruz (1900-1960)

Principais Escritores de Angola

 José Luandino Vieira (1935) - premiado em 2006 com o Prémio Camões, destaca-se nas
últimas décadas, como uma das maiores figuras de escritor deste seculo em língua
portuguesa. Temas: Escritas de luanda, gírias, neologismos, para construir uma língua
literária propícia ao imediato reconhecimento da sua diferença. Obra – Luuanda, e Nós,
os do Makulusu.
 Pepetela ou Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos (1941) Temas: Tribalismo,
Racismo, Oportunismo, e outros males universais. Obras – Mayobme, As a venturas de
Ngunga. A revolta da casa dos ídolos. Esta obra trata de uma revolta popular contra os
padres Portugueses e aos seus aliados Manicongos, (chefes do Reino do Congo) que
resolveram proibir o culto animista dos fetiches (os ídolos).
 Agostinho Neto (1922— 1979) – Temas: Alienação social, cultural e política, da
exploração económica, analfabetismo, prostituição. – Obra: Sagrada Esperança.
 Viriato da Cruz (1928). Nos poemas deste autor é notória a estrutura dialogal, com
interferências do quimbundo e de termos angolanizados na língua-padrão portuguesa, o
ritmo oralizante e musical, em discurso poético de forte tendência narrativizada. Temas:
Vida urbana luandense, de feição ainda tradicionalista e algo crioulizante, formas de vida
em rápido processo de desagregação e desaparecimento. Obras – Makezu, Só Santo.
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Características Temáticas

 Denúncia ao colonialismo e da escravatura (Exploração, opressão, Preconceito);


 Anseios de alcançar a liberdade (Independência);
 Busca de uma identidade nacional (Nacionalismo);
 Revindicação dos direitos;

Características Linguísticas

 Expressão de sentimentos;
 Eu lírico;
 Linguagem ambígua;
 Linguagem rebuscada;
 Uso de figuras de estilo;
 Linguagem subjectiva

Vida e Obra de Tomás de Vieira da Cruz

Tomaz Vieira da Cruz, nasceu em Constância, Ribatejo em 22 de abril em 1900. Viveu em


Angola a maior parte da sua vida fundou com outros em novo redondo, onde viveu em largos, o
Jornal Mocidade. Considerado um percursor da Literatura Angolana. Ele também era um musico
e Jornalista. Seus poemas mais conhecidos são dedicados à sua Flor Bronze, uma mulher que ele
amava, sua poesia tinha um sabor de angola, Foi como assistente de um farmacêutico.

Porém, o poeta da vila de Constância, destacou-se por ter sido o primeiro poeta a abordar os
temas da escravatura, da mestiçagem e da «raça» negra. Foi também pioneiro no tratamento de
temas sobre a descaracterização da tradicional paisagem urbana de Angola. Nascido em Portugal,
mas Angolano de Poesia e de Coração. Foi recebido pela academia Brasileira de letras, quando
esteve no Brasil, em 1950. E por fim falece em Lisboa, sendo o corpo de acordo com sua vontade
transladado para Angola.
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N'gola - Flor de Bronze

Filha de branco que morreu na guerra


e de uma preta linda do Libolo,
o teu olhar até de noite encerra
todo o luar das lendas do Catolo!

Ó flor estranha! já não tem consolo


a tua magoa, a tua dor na terra!
Ó flor estranha do febril Capolo
neta dum soba que perdeu a guerra!

Estátua ardente em bronzeadas chamas


que tentação e perdição derramas
por sobre a história negra, quase finda!

Neta dum soba que acabou chorando,


filha de branco que morreu lutando
e duma preta tristemente linda!
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Conclusão

Portanto, A Lírica Angolana foi em contraposição à essa literatura colonial, e inspirados por
seus dissidentes, que um movimento literário que se reivindicava propriamente, angolano se
formou por volta de 1940. A publicação do Boletim Mensagem (1948-1964), pela Casa dos
Estudantes do Império, propiciou, para o desagrado do regime salazarista, um espaço de
desenvolvimento cultural e artístico da juventude africana lusófona que habitava passageiramente
a metrópole.

É necessário revelar valores ignorados, impondo-os; corrigir hábitos mentais defeituosos; definir
posições e conceituar a verdadeira Cultura Angolana, livre de todos os agentes decadentes e
dirigir a opinião pública para uma corrente sã e estruturalmente valorosa.
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Bibliografia
Pires L, ( 1995) . Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa. Lisboa: Universidade Aberta.

DEPARTAMENTO CULTURAL, ( 1951) . “O nosso programa”. Revista Mensagem – a voz dos


naturais de Angola. Luanda: ANANGOLA .

PINTO, João Paulo Henrique, (2017). Literatura e identidade nacional em Angola. Revista
Hydra: Revista Discente de História da UNIFESP, v. 2.

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