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ler pessoa

LISBOA
tinta ‑da ‑china
mmxviii
índice
© 2018, Jerónimo Pizarro
e Edições Tinta‑da‑china Nota prévia 7
1. Pluralidade 9
Edições Tinta‑da‑china
Rua Francisco Ferrer, n.º 6‑A 2. Unidade 27
1500‑461 Lisboa
3. Interpretação 47
Tels.: 21 726 90 28/29
E‑mail: info@tintadachina.pt 4. Heteronimismo 63
www.tintadachina.pt
5. Alberto Caeiro 85
Título: Ler Pessoa 6. Álvaro de Campos 105
Autor: Jerónimo Pizarro
Coordenador da colecção: Jerónimo Pizarro
7. Ricardo Reis 125
Revisão: Rita Almeida Simões 8. Livro do Desassossego 141
Composição: Tinta‑da‑china (Pedro Serpa)
Capa: Tinta‑da‑china (Vera Tavares)
Bibliograia 161
1.ª edição: Maio de 2018
isbn 978‑989‑671‑438‑3
Nota biográica 175
depósito legal n.º 440392/18
no t a pr é v i a

Tendo editado e traduzido Pessoa, tendo mantido uma revista  7


académica internacional, dedicada a estudos sobre Fernando

nota pré via


Pessoa (Pessoa Plural), tendo organizado encontros e partici‑
pado em eventos sobre temas de língua e cultura portuguesa,
hoje sinto, com gratidão, que ler Pessoa me levou um dia a
descobrir «toda uma literatura» (Pessoa, 2009b, pp. 296, 356,
576), quer a do próprio Pessoa, que utilizou esta expressão, quer
a escrita em português. Ler Pessoa levou‑me a ler mais Pessoa e
até livros da sua biblioteca particular. Ler Pessoa levou‑me a ler
os seus inúmeros leitores, os seus mais alquímicos críticos e os
seus diversos biógrafos. Ler Pessoa mudou a minha vida e daí eu
ter aceitado o título proposto por Carlos Pittella para um livro
recente:  Como Fernando Pessoa Pode Mudar a Sua Vida (Rio de
Janeiro, 2016; Lisboa, 2017). Para mim, ler Pessoa é entrar num
universo, ou melhor, num «universão», como Álvaro de Cam‑
pos descreveu Walt Whitman (Pessoa, 2014c, p.  571). Espero
que este livro convide a visitar e revisitar esse «universão».
A ler e reler Pessoa. A entrar e a sair de Pessoa. 
Este livro, como O Silêncio das Sereias (2015), é também um
«repositório de dádivas e dívidas» (Medeiros, 2015, p.  13).
Basta‑me lembrar alguns nomes, para além dos que estão na
bibliograia, para esboçar um mapa desse repositório: Ricardo
Viel, Rosana Zanelatto, Lilian Jacoto, Manuel Portela, Michela
Graziani, Beatrice Tottossy, José Correia, Claudia Sousa, Marta
Gonçalves, Edvaldo Bergamo,  Ana Clara Magalhães, João Pig‑ 1. plu r a l ida de
natelli, Sandra Ferreira, Isabel Caldeira, Maria Irene Rama‑
lho, Ana Falcato, Antonio Cardiello, José Barreto, Vasco Silva,
Manuel Borrás, Jorge Wiesse, Mario Barrero, Daniel Balderson,
Richard Correll, João Cezar de Castro Rocha, Patricio Ferrari,
Filipa de Freitas, Piero Ceccucci, Giulia Lanciani, Joana Matos
Frias, Jorge Bastos da Silva, Gonçalo Vilas‑Boas, Onésimo
8 Almeida, Rodrigo Xavier, Jorge Uribe, Antonio Sáez Delgado, A pluralidade da obra de Fernando Pessoa — que também pode 9
Dinu Flamand, Carlos Reis, Leyla Perrone‑Moisés, e  muitos ser entendida como a pluralidade do seu criador — é responsá‑

p lu ralidade
outros. Também terei de referir a equipa toda da Tinta‑da‑ vel, em grande medida, pela atracção que desde há décadas vem
‑china e tantos amigos. Este livro ica mais do que dedicado, in desencadeando a obra pessoana, como se de um abismo se tra‑
memoriam, a uma amiga: Nandia Vlanchou. tasse, como se, por meio dela, assomássemos ao abismo do ser.
«Que Deus atrás de Deus o ardil começa»1, pergunta Jorge Luis
Borges, sugerindo a ausência de um deus original responsável
pela criação. E Pessoa, que poderia ter sido essa instância gera‑
dora no caso das suas criações, parece responder a Borges, air‑
mando que «o deus que faltava» não foi ele, mas Alberto Caeiro,
por ele próprio concebido2. Ora, se Caeiro, que foi inventado,
é o «Deus atrás de Deus», Pessoa, seu inventor, passa a ser uma

1 Veja‑se o inal do poema «Ajedrez», de El Hacedor: «Dios mueve al jugador, y éste, la


pieza. | ¿Qué Dios detrás de Dios la trama empieza | de polvo y tiempo y sueño y agonías?»
Jorge Luis Borges (2005, tomo 2, p. 203).
2 Num valioso ensaio sobre Alberto Caeiro, «‘O Deus que Faltava’: Pessoa’s Theory of
Lyric Poetry», Maria Irene Ramalho (2013) recupera um verso famoso do poema viii de
O Guardador de Rebanhos: «Elle é a Eterna Creança, o deus que faltava…» Os manuscritos
caeirianos podem ser consultados na página na Internet da Biblioteca Nacional de Portugal
(BNP) http://purl.pt/1000/1/alberto‑caeiro/index.html (cf. Pessoa, 2006b).
criação de Caeiro e deixa de ser possível chegar a uma instância múltiplo? Estas páginas serão dedicadas a responder a estas
suprema, posto que esta ou não existe, ou é apenas uma invenção perguntas. Hoje, que continuamos a debater o número total
de todas as outras. Deste modo, Pessoa airma ter‑se tornado um de dramatis personæ inventadas por Pessoa, creio que con‑
discípulo de Alberto Caeiro, tal como Álvaro de Campos, outra vém retomar a clássica questão colocada por Jacinto do Prado
criação de Pessoa, nos diz que tanto ele, como Ricardo Reis e Coelho: unidade ou diversidade?
Alberto Mora, apenas se transformaram no que realmente valia Indo ao encontro dessa interrogação, que não creio venha
a pena serem após «passarem» por Caeiro, «pelo passador a perder actualidade enquanto existirem os estudos pessoa‑
d’aquella intervenção carnal dos Deuses»3. Nesta ocasião, não nos, vou ater‑me a três obras clássicas que, na minha opinião,
me interessa discutir a verdade histórica da icção, mas admitir, representam bem as três perspectivas críticas acima mencio‑
com Wallace Stevens, que a poesia é a icção suprema e aceitar a nadas: Diversidade e Unidade (1949), que apresenta um Pessoa
verdade poética da génese dos três heterónimos de Fernando mais unitário; Aquém do Eu, Além do Outro (1982), que defende
Pessoa (Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis), pois um Pessoa com menos existência; e Pessoa por Conhecer (1990),
creio que esta icção, composta por cada uma das icções indivi‑ que revela um poeta mais diverso. Naturalmente, remeto‑me
10 duais chamadas heterónimos, ou «pessoas‑livros»4, é responsável apenas a estas três obras e não a muitíssimas outras possíveis, 11
por essa atracção exercida pela obra pessoana sobre todos nós. com o ito de simpliicar a análise, mas também porque cada

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Deste modo, aquilo a que me proponho é analisar três leitu‑ uma delas se airmou como um marco crítico no seu momento
ras possíveis da obra em questão, três formas críticas de a abor‑ histórico. Hoje, é justo recordá‑las e propor um esquema de lei‑
dar que, a  meu ver, vão continuar a traçar os caminhos pelos tura com base nos seus pressupostos, que poderia até ser muito
quais os leitores chegam a essa obra. Evocando Pirandello, diria mais complexo, mas que, para os objectivos deste ensaio, não é
que Pessoa pode ser visto como um, nenhum ou cem mil5. Quem absolutamente necessário que o seja. Ao im e ao cabo, o ponto
tem construído um Pessoa mais indiviso? Quem tem militado de partida está constituído por três vectores — um, nenhum
a favor de um mais vazio? E quem defende um poeta mais e cem mil —, que deinem um conjunto de coordenadas bas‑
tante amplo. Já Antonio Tabucchi, por exemplo, referindo‑se
3 Cf. «Em torno do meu mestre Caeiro havia, como se terá deprehendido d’estas paginas, a Pessoa, costumava falar, como tantos outros críticos, através
principalmente trez pessoas – o Ricardo Reis, o Antonio Mora e eu [Álvaro de Campos]. […] de oximoros: Una sola multitudine (1979) ou Un baule pieno di
E todos nós trez devemos o melhor da alma que hoje temos ao nosso contacto com o meu
mestre Caeiro. Todos nós somos outros – isto é, somos nós mesmos a valer – desde que fomos gente (1990).
passados pelo passador d’aquella intervenção carnal dos Deuses» (Pessoa, 2012b, p.  101;
2014c, pp. 459‑460).
Comecemos por analisar o livro de Jacinto do Prado Coelho,
4 «A dentro do meu mester, que é o litterario, sou um proissional, no sentido superior que que inicialmente foi publicado sob a forma de um suplemento da
o termo tem; isto é, sou um trabalhador scientiico, que a si não permitte que tenha opiniões
extranhas á especialização litteraria, a que se entrega. E o ter nem esta, nem aquella, opinião revista Ocidente, em 1949, e que, todavia, em princípios da década
philosophica a proposito da confecção d’estas pessoas‑livros, tampouco deve induzir a crer de 1980, foi ainda considerado por Leyla Perrone‑Moisés como
que sou um sceptico» (Pessoa, 2010, tomo 1, p. 447).
5 Recordemos uma das suas novelas mais famosas: Uno, nessuno e centomila (1926). «a melhor introdução à leitura de Pessoa» (1982, p. 6).
Em Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa, escrito entre verídicas algumas airmações de Pessoa, o «insincero verídico»
1947 e 1949, Prado Coelho traça um retrato das seis individua‑ (Monteiro, 1954), em que o escritor procurou distinguir de si
lidades poéticas de Fernando Pessoa (Alberto Caeiro, Ricardo mesmo as suas iguras sonhadas. Enquanto Leyla Perrone‑
Reis, Fernando Pessoa lírico, Fernando Pessoa autor de Mensa‑ ‑Moisés, como veremos, se deixou levar pela corrente de algu‑
gem, Álvaro de Campos e Bernardo Soares), propõe cinco temas mas imagens pessoanas que iam ao encontro das investigações
ou motivos centrais a essas seis individualidades e procura sobre o sujeito poético na década de 1970, Prado Coelho resis‑
«surpreender a unidade essencial implícita na diversidade das tia a aceitar a icção das icções pessoanas e, ainda que Pessoa
obras ortónimas e heterónimas» ([1949] 1991, p. 11), tendo em tenha dito que era o menos existente da sua criação, o  crítico
conta, fundamentalmente, questões estilísticas e a existência aferrava‑se ao porto seguro ou à terra irme de «uma unidade
de um drama total, caracterizado pelo desejo de absoluto e o psíquica básica» ([1949] 1991, p. 73), à qualidade misteriosa de
cepticismo inexorável que, a seu ver, convergem em Fernando um mundo único e original, próprio do génio, e aos «rasgos lin‑
Pessoa. Prado Coelho imagina um eixo e descreve cada indi‑ guísticos comuns» ([1949] 1991, p. 152) da obra pessoana, que,
vidualidade como uma linha axial, que, temática e estilistica‑ inclusive, foram corroborados num ensaio de estilística lexical,
12 mente, estaria unida a esse eixo. O Pessoa de Prado Coelho é um em 1969, através de uma análise computacional. 13
Pessoa radiante, pleno, luminoso como um corpo celeste. Não é Confesso que compreendo bem a atitude de Jacinto do Prado

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um astro entre astros, nem um planeta isolado, mas o próprio Coelho, ainda que a considere excessiva. Por vezes, parece‑nos
sol de um determinado universo; daí que o crítico português que Fernando Pessoa é algo volátil, ou algo que muitos críticos
possa corroborar, em modo de conclusão, «a existência de uma volatizam, e é como se tudo o que é sólido se dissolvesse no ar,
personalidade única, verdadeiramente inconfundível» ([1949] para glosar Marshall Berman (1982). Pessoa deixa de ser Pes‑
1991, p. 12), e tornar patente a sua genialidade.6 soa, alguém que existiu — vou abster‑me de dizer «realmente
Prado Coelho pretendeu, em suma, «descobrir a unidade existiu» — entre 1888 e 1935, e  converte‑se numa miríade de
psíquica na polimoria» ([1949] 1991, p. 73), insistiu, num acto iguras, numa grande encenação e no nome de uma nova galá‑
de fé, na existência de «um núcleo de personalidade una», «um xia. Como poeta proteico ou possuído, Pessoa deixa de ser o
denominador estilístico insoismável» ([1949] 1991, p.  122), paciente artesão de uma obra, para dar lugar ao medium de igu‑
opondo‑se às invectivas de Campos contra o dogma da persona‑ ras não por inteiro suas, que o usavam como via de acesso ao
lidade em Ultimatum (1917) e, inalmente, não aceitando como mundo. Prado Coelho, com alguma irritação (cf. «Pessoa teria
gerado Campos como as fêmeas dão à luz os ilhos», [1949]
1991, p. 159), insiste numa visão diferente da poesia e do poeta,
6 É interessante notar que Prado Coelho desdobrou Pessoa em Fernando Pessoa lírico e
Fernando Pessoa autor de Mensagem, o que nos permite suspeitar que poderia tê‑lo desdo‑ não como inspiração e arrebatamento de um ser excepcional,
brado também, para lá da lírica e da épica, em Fernando Pessoa autor de Fausto, por exemplo, de origem platónica, mas como artíice de um ser uno e único.
se o Fausto tivesse sido publicado antes de 1949. Veja‑se a edição do Fausto preparada por
Carlos Pittella (Pessoa, 2018). Proteger Pessoa da desagregação foi a fórmula de Prado Coelho
para amuralhar o génio pessoano, génio mais pela sua unidade
do que pela sua capacidade de despersonalização, considerando
o crítico que esta seria «muito relativa» ([1949] 1991, p.  165).
Como airmei, compreendo a postura de Prado Coelho, apesar
de esta raiar, por vezes, o essencialismo (cf. «ainidades que dei‑
xam adivinhar uma unidade essencial», [1949] 1991, p.  165) e
já albergar a sua antítese, que, de certa forma, foi proposta mais
por quem defendeu um Pessoa nulo do que pelos partidários
do poeta múltiplo. Passemos ao segundo livro, aquele de 1982.
(Parêntesis: pensemos no chamado disco de Newton, que
descobriu que a luz branca do Sol é composta pelas cores do arco‑
‑íris e, para demonstrá‑lo, fez girar velozmente um disco com
essas cores, que, passados uns segundos, formaram, juntas, a cor fig. 1. dispersão óptica (ou cromática); esta imagem foi a capa do álbum
the dark side of the moon (1973), dos pink floyd.
14 branca. Enquanto a cor negra é a ausência de todas as cores quando 15
não há luz, o branco contém todas as cores que conseguimos ver,

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pois é constituído por todos os comprimentos de onda do espec‑ de «La mort de Pessoa» — e o seu livro é, paradoxalmente, uma
tro visível. Uma dupla possibilidade: podemos ver Pessoa dividido das melhores introduções ao Livro do Desassossego, ainda que
em muitas cores ou indivisamente branco, dependendo se o disco a autora conhecesse apenas alguns dos fragmentos dessa obra
está ixo ou em rotação. Mas trata‑se de uma ilusão. Outra possi‑ (como o texto que propõe uma estética da abdicação, por exem‑
bilidade: podemos imaginar Pessoa como um prisma que refracta, plo, e faz parte das Páginas Íntimas e de Auto‑Interpretação, 1966,
relecte e decompõe a luz nas cores do arco‑íris. Mas, nesse caso, p.  63). Interessa salientar que tudo teve origem entre 1973 e
ele seria não a fonte de luz, mas um meio transparente.) 1974, quando Perrone‑Moisés, obcecada pelas suas leituras da
Leyla Perrone‑Moisés, que foi aluna de Roland Barthes e obra pessoana e jogando com a negação que resulta do vocábulo
que se tornou, com o tempo, coordenadora da colecção «Roland francês «personne», lançou uma provocação na revista dirigida
Barthes» da editora brasileira WMF Martins Fontes, publicou por Philippe Sollers: «Pessoa é ninguém» (1982, p. 3), com e
em 1974 um ensaio na revista Tel Quel, «Pessoa Personne?», sem ponto de interrogação, num gesto desaiador, que se repe‑
ensaio que serviria de base ao seu livro Fernando Pessoa, Aquém do tiria na bibliograia pessoana, no ano de 2012: Pessoa Existe?
Eu, Além do Outro (1982), publicado no mesmo ano da primeira (Lisboa, Ática).
edição do Livro do Desassossego (1982). O  seu ensaio pode ser O objectivo de Leyla Perrone‑Moisés era «estudar porque e
considerado como equivalente a «La mort de l’auteur» (1968), como Pessoa é um ninguém; mas, principalmente, mostrar como
de Barthes, no campo da bibliograia pessoana — uma espécie esse ninguém fez‑se alguém, coisa de que o próprio Poeta chegou
Ceeario Verde ,
/por ordtllll de edadee,

Houve am Portugal, no eeoulo desanove, trez poetas, e


trez e&.ente, a qu11111 legitimamente 」セ・エ@ a 、・。ゥァョ￧セ@
meetree, Bio ellee/Anthero de セオ・ョエ。ャL@ Oeeario Verde e Oa-
millo Peeeanha, Com a excepçlo de Anthero, todavia dubita-
tivamente acoeite e extremamente combatido,• coube a todoe
trez a sorte DOrmal doe •eatree - a inccmprehenaio em vida,
noe mesmos (como em Byron, derivando de Yordaworth a comba•
tendo-o) sobre quea exerceram influencia,
À celebridade raraa vazea acolhe oe genioe 'eá vida,
salvo ae a vida il longa, a lhas ohap no tia d •alla. セ。・ゥ@
nuoa acolha aquallee genioe eepaoiaee, • qu• o dom da
oreaçlo ae ,1uota ao da novidade• que itlo e;rnthau. ., como
Milton, a exparienoia poetioa anierior, mae aatebeleoem,
como Bhakeepeare, 1111 novo aepaoto de poeeia. Ã88ia, e noe
exaploe oomparati'f-nte oitalloe, ao paeeo que Xiltoa, •-
bora •• pequenez para a nr aooalte pelo vulgo, toi de
eeu エ・セᅦッ@ tido ooao grande coa a grandaaa que tillha, Bhakee- 159
peare Dlo toi appreoiado peloa ッョエセイ。・@ eenlo como

livro do de sasso sse g o


comi co.
Gom Anthero da セオ・ョエ。ャ@ ee セ、ッオ@ entre n6e a poesia ma-
taphJeioa, at6 alli do e6 aueqfa, ... oraanio-te auea-
te, da aoeea litteratura. Oca Oeeario Verde ea tua4ou eave
nele a poeela ab,1eotiva, egualaeate ianorada entre n&e. Oo•
‑ 0.-lllo Peeeaaha a poaaia do v..o a do t.,preeeivo toaou torma
portugueza. ftaelquer doe trea, porque qualquer 6 ua h - de
aenio, 6 gruda alo acS a dentrQJ- da Portugal, mae • ab•
eoluto.

Oe reetutea poetae tiver• o eeu teepo, e quem ta o
‑ eeu ta.po alo pode ter oe outros, o que oe dauaee llo, ven-
dtllll-o, 41zi• oe arare· Juquaira morreu logo que aorreu.
o .. amo Paaooaee aet moribundo, Jào que d'aatee poa-
tae a .ale oelebree que セイエ。・@ alo tique D&da. ャイセエ@ poa-
‑ ...; a obra, poráa, Dlo tioa.
:late phauomeno t • - azplioaçlo, porque tudo t • -
explioaçlo. À oelebrid&de oonaiate nua& ad&ptaçlo ao maio; a
セエ。ャゥ、・@ nUla allaptaçlt a todoa oa aeioa. Quaado ae diz
que a poeteridade ooaeça u trontaira, aeaia, .. certo aodo
•• enteada,

fig. 38. «cesario verde» (bnp/e3, 14e‑40r)


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pt/bdigital/8‑664MN).
no t a biogr á f ic a

Professor, tradutor, crítico e editor, Jerónimo Pizarro é o res‑


ponsável pela maior parte das novas edições e novas séries de
textos de Fernando Pessoa publicadas em Portugal desde 2006. 175
Professor da Universidade dos Andes, titular da Cátedra de

n ota bio g ráf ica


Estudos Portugueses do Instituto Camões na Colômbia e Pré‑
mio Eduardo Lourenço (2013), Pizarro voltou a abrir as arcas
pessoanas e redescobriu «A Biblioteca Particular de Fernando
Pessoa», para utilizar o título de um dos livros da sua bibliogra‑
ia. Foi o comissário da visita de Portugal à Feira Internacional
do Livro de Bogotá (FILBo) e coordena há vários anos a visita
de escritores de língua portuguesa à Colômbia. É co‑editor da
revista Pessoa Plural e assíduo organizador de colóquios e expo‑
sições. Escreveu, com Carlos Pittella, o ensaio Como Fernando
Pessoa Pode Mudar a Sua Vida (2017), também publicado no Bra‑
sil. Dirige desde 2013 a Colecção Pessoa na Tinta‑da‑china, em
Portugal e no Brasil, que inclui novas edições das obras com‑
pletas de Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, do
Livro do Desassossego, do Fausto, do teatro e dos textos políticos
de Pessoa, além de vários ensaios sobre o universo literário
pessoano.
L E R P E S S OA
foi composto em caracteres filosofia
e verlag, e impresso na eigal, indústria gráfica,
sobre papel coral book de 80 g/m2,
no mês de abril de 2018.
O LIVRO-SÍNTESE
SOBRE UM DOS MAIORES
ESCRITORES DO
SÉCULO XX

Jerónimo Pizarro ilumina neste livro a galáxia


Pessoa: da obra múltipla que constitui o Livro
do Desassossego ao labor de Caeiro, o engenho
de Campos e a coerência de Reis, passando pelo
génio de tantos outros autores ictícios. Pessoa
procurou ser «toda uma literatura», e Ler Pessoa
é um tributo a esse universo.

«A pluralidade da obra de Pessoa é responsável,


em grande medida, pela atracção que desde há
décadas vem desencadeando, como se, por meio
dela, assomássemos ao abismo do ser. Evocando
Pirandello, diria que Pessoa pode ser visto como
um, nenhum ou cem mil. Quem tem construído
um Pessoa mais indiviso? Quem tem militado a
favor de um mais vazio? E quem defende um poeta
mais múltiplo? A meu ver, a multiplicidade de
Pessoa reside menos na sua multiplicidade real,
no facto de ter forjado cento e tal iguras, do que
na sua multiplicidade póstuma. Pessoa escapa‑
‑nos a todos. É mais nosso, porque continuamos
a construí‑lo. É menos nosso, porque cada vez é
de mais pessoas.»
—Jerónimo Pizarro

ISBN 978-989-671-438-3

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