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Into the Wild e os Heterónimos de Fernando Pessoa: Uma comparação

Cristopher McCandless era um grande explorador e aventureiro americano, aos seus

24 anos abandonou a vida que tinha no Alasca, ao ponto de doar todas as suas economias e

embarcou na sua jornada sozinho, procurava então uma forte conexão com a natureza e a

liberdade.

Fernando Pessoa, um do maiores poetas portugueses, criou três heterónimos com

diferentes estilos de vida e perspetivas.

Alberto Caeiro é um deles, sendo um dos mais distintos de Pessoa, nasceu em Lisboa

em 1889 e morreu a 1915.

Um dos atributos mais marcantes de Caeiro é a simplicidade e a rejeição de reflexões

filosóficas complexas, tendo como filosofia de vida o sensacionismo, defende que a

verdadeira compreensão do mundo vem através de sensações imediatas e da experiência

direta com o mundo.

Rejeita a Filosofia Abstrata e a Metafísica. As Temáticas dos seus poemas giram em torno da

Natureza com uma visão pagã, tratando a Natureza como uma entidade divina, rejeita

interpretações religiosas convencionais, um dos maiores exemplos disso é a obra “O

Guardador de Rebanhos”, expressando a sua visão do mundo.

Ricardo Reis é um dos mais notáveis heterónimos de Pessoa, nasceu no Porto 1887,

era um médico que se formou em Medicina na Universidade de Coimbra, devido a alguns

problemas políticos, refugia-se no Brasil, tendo uma filosofia de vida influenciada fortemente

pelo estoicismo, sendo uma escola de filosofia helenística que enaltecia a serenidade perante

as vicissitudes da vida e a aceitação do destino. Ricardo Reis destaca a importância de manter

a calma e a racionalidade perante problemas, evitando emoções fortes e extremas, ou seja,

controlo emocional. As suas temáticas exploram a ideia de efemeridade da vida e a constante

mudança do tempo, refletindo sobre a rapidez dos momentos e a inevitável passagem de


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tempo. Umas das obras mais significativas é a série de “Odes” escrita por Ricardo Reis, onde

é explorado temas como a transitoriedade da vida, a filosofia estoica, a natureza e a busca

pela harmonia interior.

Álvaro de Campos também é um heterónimo notável, nasceu em Tavira, em 1890,

tem uma filosofia de vida mais modernista e inquieta, personificando essa vertente mais

agitada de Pessoa, refletindo as ansiedades e inquietações do início do século XX, abraça

uma visão do mundo marcada pela turbulência e pela busca incessante por significado. As

temáticas exploradas giram em torno da angústia existencial, confusão emocional e a

insatisfação, seus poemas revelam uma certa desconexão perante as rápidas mudanças do

mundo moderno, abordando então temas urbanos e tecnológicos, um bom exemplo disso é o

poema “Tabacaria” escrito por Álvaro de Campos, explorando a ligação da consciência e do

mundo exterior.

Existem várias semelhanças notáveis, nestas duas obras, tais como a busca por um

sentido de vida, no filme “Into the Wild” Chris procura um significado mais profundo para a

sua existência, “fugindo” então da sociedade para encontrar um propósito mais autêntico na

natureza. Os Heterónimos de Fernando Pessoa, todos procuram, à sua maneira, dar um

sentido à vida, a poesia é uma de explorar e refletir sobre a existência humana.

Ambas as obras rejeitam as normas sociais, Chris rejeita as normas socais comuns,

preferindo ter uma vida nômade e distinta das expectativas da sociedade. Os Heterónimos de

Pessoa, desafiam as normas sociais e literárias da época, expressando vozes únicas e também

discórdias, procurando uma autenticidade fora dos padrões.

A busca pela liberdade é algo se torna evidente, e que ambos partilham, a procura pela

liberdade de Chris McCandless é evidente, perante a sua fuga para o Alasca, tentado

encontrar a sua liberdade. Já em Fernando Pessoa é uma constante obra de Pessoa, seja na
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forma de expressão literária ou na exploração de diferentes filosofias de vida, e cada

heterónimo mostra uma certa busca pela liberdade de pensamento e expressão.

A conexão com a Natureza também é outra semelhança bastante importante que como

podemos notar Chris tem uma relação simples com a natureza, levando o em busca de uma

conexão mais profunda com a Natureza, sendo algo essencial na sua jornada. Em Pessoa

podemos ver que evidentemente o seu heterónimo Alberto Caeiro, tem uma ligação forte com

a natureza, trazendo-lhe inspiração, onde encontra a e significado verdade na simplicidade e

na observação da natureza.

Porém também temos algumas diferenças como o Destino Trágico de Chris, onde a sus

história termina de forma trágica e melancólica, mostrando assim os perigos extremos da sua

procura pela liberdade e significado. Já nos Heterónimos de Fernando pessoa isso não

acontece pois são simples criações literárias, não tendo o mesmo destino, mas as suas

tragédias continuam a ser exploradas na poesia.

Uma das grandes diferenças é a ficção relativamente à Heteronímia de Pessoa, sendo

que a história de Chris é algo que verdadeiramente aconteceu, já a heteronímia é uma algo

criado por Pessoa, as personagens não são reais.

Essas semelhanças e diferenças ajudam-nos a compreender a natureza humana mostrando que

a procura por um significado, a rejeição das normas sociais e a busca pela liberdade são

temas universais. Porém, as diferentes consequências e a ficção associada à heteronímia

realçam a complexidade das abordagens literária.

Trabalho realizado por: Tomás Fernandes 12°3B

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