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Revista Araticum

Programa de Pós-graduação em Letras/Estudos Literários da Unimontes


v.17, n.1, 2018. ISSN: 2179-6793

O CORPO ARTÍSTICO – HOMOEROTISMO EM A MORTE EM VENEZA

Osmar Pereira Oliva-Unimontes


osmar.oliva@unimontes.br

RESUMO: Em muitas obras literárias, o homoerotismo se manifesta através de um


olhar seduzido, revelado pela sensibilidade de um artista. A contemplação do corpo
belo produz um efeito erótico, sob o olhar daquele que procura a perfeição na arte.
A novela A Morte em Veneza, de Thomas Mann, revela o homoerotismo como um
desejo artístico, sublimado. As representações do corpo grego, apolíneo são uma
metáfora da tentativa de capturar o belo artístico. Este trabalho pretende, pois,
discutir o amor platônico do artista Aschenbach pelo adolescente Tadzio, sob o viés
da interdição.

PALAVRAS-CHAVE: A Morte em Veneza, homoerotismo, sedução, interdição.

THE ARTISTIC BODY – HOMOEROTICISM IN DEATH IN VENICE

ABSTRACT: In many literary works, the homoeroticism emerges from a seductive


look, which is revealed through the sensitiveness of an artist. The contemplation of
the attractive body produces an erotic effect, through the look of someone that
searches the perfection in the art. The novel Death in Venice, by Thomas Mann,
shows up the homoeroticism as an artistic, sublime desire. The representations of
the Greek body, “an appolo man”, are a metaphor of the attempt of capturing the
artistic beauty. This work intends, then, to discuss the artist Aschenbach’s platonic
love for the adolescent Tadzio, under the prism of the interdiction.

KEY-WORS: Death in Venice, Homoeroticism, seduction, interdiction.

“A solidão acarreta o original, o ousado, o estranhamento belo, o poema.


Mas a solidão também acarreta o errado, o desproporcional, o absurdo e
proibido.” (Thomas Mann)

Antes de começarmos a nossa incursão pela obra A Morte em Veneza, de


Thomas Mann, buscando refletir sobre as configurações do masculino, gostaríamos
de fazer uma breve referência aos estudos mais recentes sobre gays e lésbicas, na
literatura, cuja maior representação encontramos nos Queers Studies. Esses
estudos procuram resgatar do anonimato ou do silenciamento as narrativas escritas
por homossexuais ou que abordam a homossexualidade de uma forma explícita,
na tentativa de valorizar essas produções. A presença de homossexuais na
literatura (como autores ou como personagens) é bem mais antiga do que podemos
imaginar; até mesmo nas narrativas bíblicas, que condenam a homossexualidade,
nós encontramos essa prática. No entanto, a preocupação com essa identidade

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Osmar Pereira Oliva 192

DO CONCEITO DE AMIZADE EM PLATÃO, ARISTÓTELES E CÍCERO

Osmar Pereira Oliva 1

RESUMO

A amizade masculina é o tema de diversos discursos dos filósofos clássicos e tem


sido retomado ao longo da história da Filosofia. Este trabalho discute os conceitos
de amizade segundo Platão, Aristóteles e Cícero, com ênfase na bondade, na virtude
e na semelhança. Para Aristóteles, a amizade exige intimidade e constância. Os
homens egoístas, que esperam do amigo apenas vantagens e benefícios, não são
dignos de amizade. Cícero amplia esse conceito, destacando o aspecto ético e moral
da amizade; para este filósofo, somente os homens bons podem cultivar essa afeição,
pois neles encontram-se fidelidade, integridade, equidade e liberalidade. Platão, por
sua vez, afirma que a amizade nasce do desejo do que é semelhante e do que falta.

Palavra-chave: Amizade. Filosofia. Virtude.

1. Aristóteles: Amizade e bondade


Aristóteles nasceu em Estagira, Macedônia, em 384 a. C. Foi discípulo de Platão
durante vinte anos. Foi também o educador de Alexandre, o Grande. Os livros VIII e XIX de
Ética a Nicômaco são destinados a reflexões acerca da amizade. Desde o Livro I, Aristóteles
afirma que “Toda arte e toda investigação, bem como toda ação e toda escolha, visam a um
bem qualquer; e por isso foi dito, não sem razão, que o bem é aquilo a que as coisas tendem.”
(ARISTÓTELES, 2000, p.17). Em relação ao cultivo da amizade, não é diferente para o
filósofo essa proposição, já que a bondade e a amizade encontram-se na mesma pessoa. Em
uma sociedade em que os homens são amigos não haveria necessidade de justiça, mas mesmo
onde os homens são justos há necessidade da amizade. Para Aristóteles (2000), uma das
condições primordiais para a amizade é que as pessoas se conheçam e desejem o bem
reciprocamente. Há homens que se aproximam uns dos outros buscando a utilidade ou o
prazer, nesse caso a amizade não é verdadeira, é apenas acidental, porque se amam por
interesse, pelo que é bom para si mesmos. Não amam o caráter nem a virtude, e sim o que é
agradável e útil. Em contraposição, a amizade perfeita é aquela existente entre homens bons e
semelhantes na virtude e em querer o bem mutuamente. Esse tipo de amizade é também

1
Professor de literaturas de língua portuguesa na Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Pós-
doutor em Literatura Brasileira. Pesquisador do CNPq e da FAPEMIG. Coordenador do Grupo de Pesquisa em
Estudos Literários da Unimontes – G.E.L.

Revista ContraPonto, Belo Horizonte, v. 7, n. 10, p. 192-200, 2017


Osmar Pereira Oliva193
Andréa Mendes de Almeida Pereira194

RESUMO: O livro Insubmissas lágrimas de mulheres (2011), de Conceição Evaristo, reúne treze
narrativas protagonizadas por mulheres negras, as quais narram histórias de diversos tipos de
violência de que foram vítimas. No entanto, essas mulheres encontram um meio de resistir ao
sofrimento e superar as adversidades. Este trabalho privilegiará a análise do quinto conto,
protagonizado por Maria do Rosário Imaculada dos Santos, a qual, no presente da narrativa, já idosa,
rememora o seu rapto, na infância, e como foi construindo a sua identidade, na diáspora. O seu
comportamento mnemônico ultrapassa os limites de uma biografia individual e se aproxima do relato
de uma coletividade, já que, em vários aspectos, o sequestro da personagem negra dialoga com a
história do degredo africano no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Conceição Evaristo; identidade; alteridade; violência.

ABSTRACT: The book Insubmissas lágrimas de mulheres (2011), by Conceição Evaristo, brings
together narratives whose protagonists are black women, who narrate various types of violence of
which they were victims. Nevertheless, those women found a way to resist suffering and overcome
adversities. This paper will privilege the analysis of the fifth tale, the story of Maria do Rosário
Imaculada dos Santos, an old lady at the present of the narrative, who rememorates her kidnapping in
childhood, and how she constructed her identity in the diaspora. Her mnemonic behavior goes beyond
the limits of a personal biography, and gets closer to the report of a community, since the kidnapping
of the black character, in many aspects, dialogues with the history of the exiled African in Brazil.
KEYWORDS: Conceição Evaristo; identity; alterity; violence.

Conceição Evaristo nasceu em 1946, na zona sul de Belo Horizonte. De


acentuada ascendência africana, membro de numerosa família, de modesta origem,

193
Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais - Brasil. Professor Titular
da Universidade Estadual de Montes Claros - Brasil.
194
Mestranda em Letras - Estudos Literários na Universidade Estadual de Montes Claros - Brasil.
mas que vem conquistando seu espaço na sociedade e no meio artístico. Desde a
década de 90, Evaristo iniciou a carreira literária nos Cadernos Negros, e vem se
destacando, cada vez mais, no cenário acadêmico, na área de estudos literários.
Formou-se em Letras, no Rio de Janeiro, com mestrado e doutorado nessa área,
passando a atuar não só como escritora mas também como professora e pesquisadora.
Desde Ponciá Vicêncio (2003), sua produção tem chamado a atenção dos estudiosos
do Brasil e do exterior, onde já começam a despontar traduções dos seus livros.

É inegável que a sua literatura carrega uma forte marca das tradições orais de
origem africana, alguns de seus mitos, ritos e o sincretismo religioso. É também
importante a construção de personagens e narradoras que refletem sobre a condição
da mulher negra, pobre, mestiça, no contexto da sociedade brasileira e nas relações
conflituosas com o masculino. No entanto, é difícil dizer que há, em suas narrativas,
aquele tom vitimizado da mulher negra, ou sua passividade diante das adversidades.
Ao contrário, mesmo diante das diversas faces da violência sofrida, do preconceito
e da discriminação, as mulheres de Conceição Evaristo não se curvam, não se
silenciam. Elas têm muito a falar. E quando não falam, fica evidente que não aceitam

que encontram um meio de sobreviver à violência e à opressão.

Na obra Insubmissas lágrimas de mulheres (2011), há uma voz que se dispõe


a contar a história de treze diferentes mulheres, mas que poderiam fazer parte da
mesma família, como se fossem todas irmãs, no sentido de que encenam mulheres
de origem africana, com suas lutas e superações. São treze narrativas. São treze
nomes femininos intitulando cada conto. Para esse livro, a autora assim define seu
projeto:

Eu queria escrever histórias de mulheres, mas não deixando mais


minhas parentas sucumbirem à morte. Não as deixaria se
degradarem na fome e no desamparo. Passariam por tudo, mas
recuperariam a vida. Queria escrever sobre as dores mais
profundas dessas mulheres. Queria falar de um sofrimento e de
uma carência que não significassem somente a falta do pão, de
água ou de teto. Queria escrever sobre mulheres vitoriosas,
insubmissas ao destino, apesar de... (EVARISTO, 2014, p. 32).

A autora universaliza o conceito de parente, considerando pertencerem a uma


mesma família todos aqueles que carregam traços de uma ancestralidade africana,
que estariam irmanados na origem e no sofrimento. Nessas estórias, estão recolhidas
e costuradas reminiscências que refletem sobre a violência imposta às mulheres
negras. O tom que perpassa o livro, no entanto, é de altivez: são todas histórias tristes,
mas, acima de tudo, são todas histórias de superação.

Para Antony Giddens (2002), as sociedades pré-modernas eram compostas


por grupos com status praticamente fixos, determinados pelo nascimento. Com o
advento da Modernidade, a partir do declínio do Feudalismo, uma nova ordem social
foi sendo gestada. A ascensão da burguesia, o fortalecimento do Capitalismo, as
Grandes Navegações, o Racionalismo, a contestação da Igreja Católica, dentre vários
outros acontecimentos, foram inserindo novos cenários e atores, acabando por
enfraquecer as amarras da tradição. Se antes a identidade dos indivíduos era limitada
pela filiação e pela localidade, gradativamente, aos homens foi sendo oferecida uma
maior autonomia para pensarem a si mesmos, em decorrência da dinamicidade de
situações e entendimentos que são característicos da Modernidade e das eras que a
sucederam.

As protagonistas do livro de Conceição Evaristo vivenciam e repercutem esse


projeto de construção de si: ainda que sua condição de mulher negra pareça lhe
reservar um espaço social determinado, há caminhos que permitem outras
possibilidades de existência. Reflexivamente, elas entrelaçam presente e passado,
em um exercício de auto-conhecimento, de modo a romperem com os grilhões que
as acorrentariam a uma vida de servidão e sofrimento. Ressignificando experiências,
instrumentalizam sua subjetividade e assumem escolhas, emancipando-se. Nessas
mulheres, as lágrimas são insubmissas porque não são um fim em si mesmas: são
meio para um devir menos traumático.
O quinto conto do livro Insubmissas lágrimas de mulheres traz o nome e o
protagonismo de Maria do Rosário Imaculada dos Santos. A personagem, roubada

2011, p. 39), conta do rapto e de como sua vida foi se construindo, apartada dos seus
familiares, até seu retorno definitivo, já adulta, para casa. Numa extensão de sentido,
o comportamento mnemônico dessa mulher transcende os limites de uma biografia
individual e se configura no relato de uma coletividade já que, em vários aspectos, é
nítido o diálogo com a história do degredo africano no Brasil. No presente do relato,
a personagem, no início do conto, dá mostras de não gostar do próprio nome.

Esse nome de santa mulher foi invenção do catolicismo exagerado


de minha família. Mãe, tias, madrinha e também a minha avó,

carregar o peso dessa feminina santidade em meu nome,


lizados e não identificáveis.
(EVARISTO, 2011, p. 38).

Ela ressalta ainda que, de Imaculada, não tem nada. Pode-se inferir que o que estava
sendo refutado não era apenas o nome em si, nem o sentido literal do termo, mas sim
toda uma tradição que, por séculos a fio, subordinou os negros, vassalos, ao homem
branco e ao Deus cristão. Conforme Sérgio Sezino Douets Vasconcelos,

Milhões de homens e mulheres foram barbaramente escravizados


e sumariamente introduzidos no cristianismo e no projeto colonial
europeu. Por meio da catequese e do batismo cristão, foram
obrigados a abandonar cultura e religião ancestrais e a
-
35).

Ao batizar a filha, é possível que os pais de Maria Imaculada estivessem ainda,


inconsciente e metaforicamente, se dobrando ao chicote de um senhor. Para Anthony

(GIDDENS, 2002, p.57). Ao tentar identificá-la a partir de uma denominação com


forte carga católica, provavelmente seus pais reproduzissem um comportamento que
foi imposto aos seus antepassados. E a protagonista, por sua vez, ao desdenhar o
nome, despreza a tentativa de se impingir a ela os valores e uma visão de mundo
artificiais, derivadas, próprias do dominador. Quanto ao sobrenome e mencionando

cia à Coroa e à Igreja possui


uma correspondente histórica, uma vez que ambas se aliaram no movimento de
opressão dos negros. A subordinação política ao monarca implicava submissão
doutrinária ao Catolicismo. O sistema escravocrata encontrou na Igreja Católica um
de seus pilares, pois tal instituição, além de se valer de mão-de-obra escrava para sua

-36). A insurreição de Maria


Imaculada é, então, contra toda uma tradição na qual ainda reverberam marcas dos
séculos de servidão.

Entendendo a identidade como construção, como processo movediço e rizomático


(BERND, 2003), Maria Imaculada se vale de seu encontro com uma alteridade para
ampliar-se. Não há uma relação de subordinação, visto que a protagonista escolhe e
reflete, a partir do que o outro lhe mostra, aquilo que faz sentido para si e para sua
vivência, erigindo-se, como pessoa, de dentro para fora. No batismo, um outro, que
exerce uma relação de dominância sobre um vulnerável, escolhe para ele o nome que
vai defini-lo. A protagonista não se resigna e opta por aquilo que, em seu nome, a
apresenta. Por outro lado, sua admiração por Maria não por seu aspecto de santidade,
mas pelo de resignação e superação das adversidades. Das lembranças de sua
infância, diz Maria Imaculada:
[A casa em que morávamos] era uma construção pequena, mas
abrigava muitos. Meus avós paternos, duas tias solteiras, um tio
solteiro, dois meninos, filhos desse tio solteiro, que meus avós
ajudavam a criar, meus pais, eu e mais dois irmãos. Mais adiante,
no mesmo terreiro, em outras casas também pequenas, moravam
mais tios e tias, primos e primas crianças, uma bisavó materna e
mais algumas pessoas, que eu nunca soube precisar o grau de
parentesco sanguíneo entre nós. (EVARISTO, 2011, p.39).

A comunidade natal da personagem assemelhava-se a uma aldeia africana, na qual


os indivíduos, aparentados, relacionavam-se e organizavam-se social, cultural e
economicamente. Há pessoas de várias idades, unidas por laços de sangue, que se
agruparam em torno de uma matriarca, representada pela figura da bisavó, o que vai
reforçando, ao longo da narrativa, a valorização da figura feminina. Para Mara

se organizam em grupos que os identificam ent


microcosmo, uma identidade coletiva é forjada a partir das raízes culturais, étnicas,
linguísticas, históricas e sociológicas partilhadas pelo grupo. Da comunidade local,
p. 30) que é indispensável
como ponto de referência, a partir do qual o indivíduo estruturará sua auto-
identidade, seu modo de ver, viver e significar o mundo. Segue o conto:

Do lado de fora da casa, nós estávamos a olhar o tempo vadio,


sem nada para fazer a não ser conversar os assuntos costumeiros,
quando apontou lá na estrada um jipe. Levantamos rápido e
juntos. (...) Um jipe e um casal estrangeiro (depois, com o tempo,
descobri, eram pessoas do sul do Brasil) em nossas paragens.
Desceram, conversaram conosco e ofereceram aos grandes, caso
eles permitissem, um passeio com a criançada. Foi permitido. Os
dois iam à frente e a meninada atrás. Deram duas ou três viagens.
Na última, só faltava eu e um dos meus irmãos, o maior, o
Toninho. Subimos contentes e o carro, aos poucos, foi ganhando
distância, distância, distância... (EVARISTO, 2011, p. 39-40).

A passagem acima recorta remete ao sequestro da criança negra, como alegoria do


sequestro de milhares de negros africanos: foram várias viagens transportando
pessoas, das quais milhares ficaram pelo caminho, mortos, abandonados, e cada vez
mais distante das suas origens. Adiante, o casal abandona o menino à beira da estrada

parecia uma
a escravização de negros africanos são reforçadas ao longo da narrativa, pois foram

da maioria dos escravos trazidos para o Brasil, para a lavoura da cana de açúcar, do
café e de outras produções agrícolas, por meio do trabalho forçado. Em se tratando
dos negros trazidos da África para o trabalho escravo no Brasil, Batista e Carvalho
(2009) apud Gonzaga (2011) dão conta de que:

As regiões onde viviam os que foram escravizados e trazidos para


o Brasil, possuíam costumes, línguas, organizações de sociedade,
religiões completamente diferentes umas das outras. Quando
eram condenados pelas rígidas leis da sua sociedade, capturados
nas pequenas aldeias, ou até mesmo nas pequenas guerras, nos
caminhos que percorriam, quase indiferentes ao que se passava,
viam perspectiva de incertezas. (Batista; Carvalho, 2009 apud
Gonzaga, 2011, p.39)

Assumindo uma perspectiva histórica, é como se a criança tivesse sido,


inexoravelmente, condenada ao mesmo fado de seus ascendentes. Como nos versos
de Castro Alves:

Donde vem? onde vai? Das naus errantes


Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço (ALVES, p. 1, s/d)

O jipe pode bem ser uma metáfora do porão do navio negreiro. Tal qual seus
antepassados, a menina foi afastada de sua aldeia, de seu universo, e obrigada a
vários dias e noites de viagem, por caminhos desconhecidos, até aportar em uma
nova terra. Sem justificativas nem explicações, foi privada de sua família e posta em
marcha, em extensa jornada, ignorando o seu destino e sem deixar rastros que lhe
pudessem orientar o retorno.

Identidade é um conceito relacional, que implica o eu e o outro. Na atitude

(ANSART-DOURLEN, 2009, p. 26), de desprezo pela sensibilidade e pelos valores


professados pelo outro. Em linhas gerais, o mesmo comportamento norteou os povos
que se dispuseram a enxergar na África um manancial de mão-de-obra apta a ser

uma vila e assenhorar-se de uma pessoa, vista como mero objeto a ser manipulado
para satisfação de uma necessidade. Segundo Nina Rodrigues,

A escravidão negra no Brasil é, pois, contemporânea da sua


colonização. (...). Surgiu como problema brasileiro quando,
faltando o índio que sucumbia ou era protegido pelos jesuítas, e
começando a escassear os braços para a lavoura e, mais tarde, para
o trabalho das minas, se criou um comércio de escravos direto,
entre a nova Colônia e a África. (RODRIGUES, 2010, p. 20).

Os negros africanos foram, sucessiva e sistematicamente, desterritorializados para


atender às necessidades dos povos que os subjugavam. Sobretudo para resolver o
problema da escassez de força de trabalho nos territórios recém-descobertos, foram
considerados como uma raça inferior, a qual poderia ser aplicado tratamento
degradante. Arrancados de seus lares, negros africanos tiveram seus laços familiares
extirpados e foram capturados e transportados em condições de negligência e de
desumanidade. Foram considerados meras ferramentas ou engrenagens mecânicas
para o desenvolvimento econômico, seja qual fosse a atividade, e as estruturas sociais
de um sistema elitista e patriarcal poderiam ser assegurados (VASCONCELOS,
2005).

No conto, a protagonista afirma que o casal nunca bateu nela. No entanto, a


tratavam c
ela um outro tipo de injúria: uma violência simbólica, representada pelo desprezo
aos valores próprios de uma outra cultura (ANSART-DOURLEN, 2009, p. 28).
Tratamento semelhante foi dispensado aos negros africanos:

Além de trabalho, obediência e respeito às leis e dispositivos


disciplinares, os senhores exigiam dos escravos fidelidade,
humildade e aceitação dos valores brancos. Os negros deviam
aprender a língua portuguesa e a religião católica (BIBLIOTECA
NACIONAL, 1988, p. 11)

novo habitat, em total subordinação econômica e social. Ao serem capturados, eram-

(VASCONCELOS, 2005, p. 36-37). O processo de escravização envolve, sobretudo,


um mecanismo de desenraizamento, de apagamento da memória, dos laços e traços
que distinguem o cativo da realidade a qual ele deve se adequar. Naquela nova
existência, a idade de Maria Imaculada começou a ser contada a partir da data em
que foi morar com o casal. Além disso, seu aniversário passou a se dar em maio,

contrataram uma moça para educá-la. Nunca lhe perguntaram nada sobre seu
passado, ignorando, completamente, que houvesse algo digno de ser contado. Não é
demais notarmos a ironia na referência católica. Em nome de uma religião, muitos
atos bárbaros e violentos foram legitimados, principalmente no tempo da
escravização.

Para Zygmunt Bauman (2005), as pessoas não se questionam sobre sua


própria definição, enquanto permanecem mergulhadas em sua condição de pertença.
Só o deslocamento, o contato com o diferente, é que gera essa reflexão. No conto, a
protagonista vai estruturando sua identidade frente ao que a exterioridade lhe
oferece, no entanto sem abrir mão de concepções trazidas de seu lar, de suas origens.

de meus pais, de minha família, de minha vida e nunca pude. (...) Todas as noites,
antes do sono me pegar, eu mesma contava as minhas histórias, as histórias de minha

O que o casal não imaginava é que eu também fazia minha


contagem do tempo. Só que meus termos eram outros. Eu sabia
que, ali, já tinha feito sete aniversários, longe dos meus. E para
mim não se tratava da minha chegada à casa deles e sim de minha
impotência diante deles, que haviam me tomado, ou melhor, me
roubado de meus pais. (EVARISTO, 2011, p. 43).

Para não se esquecer dos seus, a personagem conta, para si mesma, sua
história. Para Paul Ricoeur (1981-1982), a identidade pode ser presumida no ato
narrativo, uma vez que definir-se é narrar. Um indivíduo ou coletividade, ao
historiar-se, alimentando-se de sua memória e história, destila a essência daquilo que
vai distingui-lo e significá-lo. Zilá Bernd (2003) acrescenta que a construção da
identidade está, assim, intimamente atrelada à narrativa. Por meio dessas estratégias,
a personagem, vivenciando um momento de crise, empreende uma busca identitária.
Em seu processo de identificação, assimila, seletivamente, novos entendimentos,
sem perder de vista, no entanto, marcas trazidas da casa da sua infância. Ao afirmar
que o casal a havia roubado, evidencia o fato de saber-se vítima de um crime,
demonstrando que seu silêncio exterior não significava em ignorância nem tampouco

comportamento da personagem pode ser interpretado como modo de resistência ao


dominador. Assim como ela, seus antepassados também se valeram de meios para
não se subordinarem ao sistema, como apontado no excerto abaixo:

Mas a vida dos escravos em nosso país não se resumia à mera


condição de força de trabalho, de instrumento passivo dos grupos
dominantes, supostamente os únicos agentes da história. Se
deviam submeter-se às condições impostas por uma sociedade
exploradora e violenta, coube também aos negros
escravos criar uma estratégia de sobrevivência e, até mesmo, uma
nova identidade, que lhes permitisse viver o seu dia-a-dia.
Aos negros, em suma, restava a resistência impetuosa à violência
que sofriam ou a adaptação tática às regras do jogo. A primeira,
representada pela sabotagem do trabalho, abortos provocados,
assassinato de senhores e feitores, fugas, feitiçarias, suicídios,
organização de quilombo e insurreições, constitui a manifestação
aberta da contradição, a dinâmica do conflito. (BIBLIOTECA
NACIONAL, 1988, p.11).

Assim, embora na história oficial predominem relatos que dão conta da passividade
dos negros perante o escravocrata, há registros que comprovam que houve sim uma
resistência às condições desumanas a que eram submetidos. Se, até por falta de
respaldo legal, não lhe cabia reivindicar, como ser humano, direitos fundamentais, o
escravo lançava mão de outros métodos para resgatar e resguardar sua dignidade e
edificar, tanto quanto possível, uma forma própria de estabelecer e porejar sua
individualidade e suas concepções.

Nesse sentido, as mulheres exerceram papel fundamental, como


salientado por Paixão e Gomes (2008), os quais atestam que as escravas assumiram
o protagonismo na luta pela liberdade, ao se valer de modos de enfrentamento que
incluíam abortar, negar-se a trabalhar, ameaçar cometer suicídio e infanticídio. Além
disso, ao educar os filhos, cuidavam de, pela linguagem e pela música, transmitir às
novas gerações crenças e valores oriundos da terra de origem, de modo a perpetuar
a cultura natal. Maria Imaculada é tributária dessas mulheres. Tenta manter acesa,
em sua memória, sua história de vida, as lembranças do período anterior ao rapto e,
também, recusa-
engravidei, não deixei chegar ao término. Não queria ter família, tinha medo de
perder
explicada como uma insubordinação: a recusa em gerar vassalos, em transmitir a sua
prole o legado da escravidão.

A diáspora de Maria Imaculada tem reinício quando, após completar quase


oito anos de seu sequestro, visto o casal haver decidido se separar, seria levada pela
tia de um deles para residir em outra cidade. Nesse segundo momento, foi obrigada

passar e
(EVARISTO, 2011, p. 44). Aqui, o conto também dialoga com a História, se
considerarmos o fato de que, depois de capturados, havia a preocupação de dar aos
cativos uma melhor aparência, para que se convertessem em mercadoria mais valiosa
(VASCONCELOS, 2005, p. 36). Anos depois do rapto, já adolescente, alfabetizada,

emoções, Maria Imaculada havia sido lapidada. Séculos depois, é como se tivesse se

(VASCONCELOS, 2005, p. 38).

Anos depois, a personagem conta que não teve mais notícias do casal de
raptores. Relata também que, num dado ponto de sua vida, ganhou autonomia para
dirigir os próprios passos. A História novamente reverbera, se estabelecermos uma
ponte com o período imediatamente posterior à libertação dos escravos, quando a
abolição foi decretada sem que o país dispusesse de meios para lidar com o novo
ordenamento social que adviria. A Lei não continha nenhum dispositivo que
conferisse aos negros algum direito ou garantia que lhes permitissem exercer, de fato,
essa liberdade, e muitos permaneceram em condições servis, por não se apresentar a
eles outra opção.

A abolição, mesmo tendo havido movimentação dos negros, foi


um negócio de brancos. Ela tirou o negro da condição de escravo,
mas deixou de lado as propostas de abolicionistas como
Patrocínio, Nabuco e Rebouças: distribuição de terras para os ex-
escravos, assistência econômica e social, acesso à educação,
ampliação do direito à participação política, reformas, enfim, que
fizessem do negro um cidadão. (BIBLIOTECA NACIONAL,
1988, p. 49).
Capturados e escravizados, os negros foram responsáveis por manter em
funcionamento as engrenagens da economia no Brasil, do século XVI ao final do
século XIX. Seus braços sustentaram o país nos ciclos da cana-de-açúcar e do ouro,
e, enquanto viviam na miséria, geravam riquezas para uma elite já abastada. Com o
advento da Revolução Industrial, a Inglaterra, potência da época, passou a trabalhar
no sentido de ampliar mercado para suas manufaturas. Nesse contexto, não havia
necessidade de manter grande contingente de escravos, visto que as máquinas
diminuíram sensivelmente a necessidade de trabalhadores.

Os processos de produção, além disso, passaram a demandar uma mão-


de-obra mais qualificada. Ademais, assalariados são consumidores em potencial,
enquanto escravos, de modo geral, não possuem qualquer tipo de renda. Mais uma
vez, a economia dita as normas de conduta: pressionado, no final do século XIX, o
Brasil determina a abolição da escravatura. No entanto, o processo não se preocupou
em garantir ao negro meios para sua ascensão econômica e financeira e manteve-o à
margem, na base da pirâmide social. Maria Imaculada ressalta nunca ter entendido a
intenção do casal que a roubou.

Assim como ocorreu com seus antepassados, se não recebeu explicações


quando do rapto, tampouco essas justificativas vieram quando da alforria. Foi tratada
pelo casal de sequestradores como mero objeto, do início ao fim. Quando
coabitavam, não se davam pela presença dela e, no momento em que rumaram para
novos caminhos, abriram mão da menina, para que outra pessoa a levasse. Com a
abolição de sua condição servil, foi deixada à própria sorte, sem que ninguém
cuidasse de orientá-la ou inseri-
sobre um ri
Permaneceu empregada doméstica, sem que outras opções lhe fossem dadas. Com o
passar do tempo, ela própria foi abrindo caminhos. Continuou nadando, para se
manter viva. Por vários anos, optou por não retornar diretamente a Flor de Mim,
Anos depois de alforriada, Maria Imaculada decide dedicar-se aos estudos.
Estava então concluindo o segundo grau e se "preparando para seguir adiante"
(EVARISTO, 2011, p. 45) quando soube da realização de um ciclo de palestras sobre

reconheceu sua própria história e reencontrou-se com sua família. Significativo


observar que a redenção definitiva da personagem se dá na ambiência da escola. Ao
longo dos séculos, subordinada a uma sociedade falocêntrica, o movimento inaugural
da emancipação feminina foi representado pela educação. No caso dos negros,
também; para elevarem-se socialmente, imprescindia que se instruíssem.
(BIBLIOTECA NACIONAL, 1988, p, 50). Maria Imaculada revive isso: é a escola
que medeia sua libertação.

O regresso da personagem representou ainda um atar de pontas, o reencontro

(BERND, p. 26). A perda de referenciais configurada pelo afastamento de casa a


coloca em contato com universos novos, estabelecendo relações ramificadas, pela
interconexão de culturas e histórias, configurando uma identificação múltipla e
porosa, que vai constituir sua substância.

Pelas marcações de tempo do conto, é possível inferir que Maria Imaculada


já estava idosa quando faz seu relato. Nessa condição, estaria exercendo um papel
que, tradicionalmente, as populações africanas reservavam aos seus anciãos: a
função de transmitir sua história (NASCIMENTO; RAMOS, 2011). Armada pela
sua oralidade, insurge contra a opressão sofrida não só por ela, mas pelos seus
ascendentes. Ao assumir um comportamento narrativo e rememorar, a partir de seu
passado individual, um passado também coletivo, está desempenhando uma
atribuição que lhe assenta: possuindo uma trajetória de vida com contornos mais bem
definidos, cabe aos mais velhos a função de ser depositário de lembranças (BOSI,
2006).
Em tempos em que ainda se observam vestígios da escravidão negra,
ressaltados, por exemplo, pelo trabalho de Paixão e Gomes (2008), que demonstram,
taxativamente, com estatísticas, que, no mercado de trabalho, os menores salários e
as funções menos especializadas ainda são, em sua maioria, destinados aos
afrodescendentes, a voz de Maria Imaculada carrega um tom de denúncia.
Aparentemente, ainda subsiste um imaginário que redunda na inferiorização do
negro, seja por dados que demonstram a prevalência de uma exclusão
socioeconômica, seja pelo relato, fictício (?), de uma criança raptada de sua vila e
exilada, a reviver a história de seus antepassados africanos, tantos séculos depois de
uma abolição que, em muitos aspectos, restou estéril. O conto discute identidade e
alteridade num exercício libertador, dando espaço a um gênero outrora silenciado,
para que, por meio da própria voz, reivindique, também pela literatura, a justiça da
História.

REFERÊNCIAS
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http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000068.pdf>. Acesso em: 01
jan. 2017.

ANSART-DOURLEN, Michèle. A noção de alteridade: do sujeito segundo a razão


iluminista à crise de identidade no mundo contemporâneo. Trad. Jacy Alves de
Seixas. In: NAXARA, Márcia Regina Capelari; MARSON, Izabel Andrade;
MAGALHÃES, Marion Brepohl de (orgs.). Uberlândia: Edufu, 2009. P. 23-35.

BAUMAN, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Rio de Janeiro:


Jorge Zahar, 2005.

BATISTA, Luiza Helena Candida da Silva; CARVALHO, Simone Aparecida de. A


trajetória do negro no Brasil e a importância da cultura afro. ALEGRE-ES. FFCL,
2009.
BERND, Zilá. Literatura e identidade nacional. 2 ed. Porto Alegre: Editora da
UFRGS, 2003.

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1988. Catálogo da exposição realizada na Biblioteca Nacional de 09 de maio a 30 de
junho de 1988. Disponível em <
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_iconografia/icon1104317/icon1104317.pd
f >. Acesso em: 01 jan. 2017.

BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: T. A. Queiroz,


2006.

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Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2316-
40182012000100014&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 01 jan. 2017.

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ro entrelaçar minha escrevivência.


In: Arquivos femininos: literatura, valores, sentidos. DUARTE, Constância Lima et
al. (org.). Florianópolis: Ed. Mulheres, 2014. P. 25-33.

GIDDENS, Antony. Modernidade e Identidade. Plínio Dentzien (trad.). Rio de


Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

GONZAGA, Gilka Barbosa. A trajetória do povo africano escravizado e a influência


de sua cultura na formação do povo brasileiro. Monografia (Graduação em História)
Faculdade de História, Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2011.
Disponível em <
http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2387/1/PDF%20-
%20Gilka%20Barbosa%20Gonzaga.pdf>. Acesso em: 01 jan. 2017.
LAGO, Maria Coelho de Souza. Identidade: a fragmentação do conceito. In: SILVA,
Alcione Leite da; LAGO, Mara Coelho de Souza; RAMOS, Tânia Regina Oliveira
(orgs.). Falas de gênero: teorias, análises, leituras. Florianópolis: Ed. Mulheres,
1999.

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www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Critica_Cultural/article/.../775/pdf_28
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PAIXÃO, Marcelo. GOMES, Flávio. Histórias das diferenças e das desigualdades


revisitadas: notas sobre gênero, escravidão, raça e pós-emancipação. Estudos
Feministas. Florianópolis, v. 24, n. 3, set.-dez./2008. Disponível em <
http://www.ieg.ufsc.br/admin/downloads/artigos/15112009-
083004paixaogomes.pdf>. Acesso em: 07 jan. 2017.

RICOEUR, Paul. Entre tempo e narrativa: concordância/discordância. Conferência


proferida ao Groupe de Recherches sur la Philosophie et le Langage, Grenoble 1981
1982. Tradução de João Batista Botton. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
512X2012000100015>. Acesso em: 31 dez. 2016.

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Eldestein de Pesquisas Sociais, 2010, 303 p. Disponível em: <
http://static.scielo.org/scielobooks/mmtct/pdf/rodrigues-9788579820106.pdf>.
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VASCONCELOS, Sérgio Sezino Douets. Tópicos sobre o papel da Igreja em relação


à escravidão e religião negra no Brasil. Revista de Teologia e Ciências da Religião.
Pernambuco, ano IV, n. 4, set/2005. Disponível em: <
www.unicap.br/Arte/ler.php?art_cod=1569 > Acesso em: 31 dez. 2016.

Recebido em16/06/2017. Aceito em 05/10/2017.


TRAVESSIAS DO “BARCO NEGRO” – O SEQUESTRO DA MÃE NEGRA

Osmar Pereira Oliva1

RESUMO: Este ensaio pretende discutir a composição do batuque “Mãe Preta”, de


Caco Velho (Mateus Nunes) e Piratini (António Amábile), interpretada como fado
português por Amália Rodrigues, a partir de poema de David Mourão-Ferreira, no
filme “Les Amants du Tâge”. Método: As discussões tiveram como base os estudos
realizados por Carlos Sandroni (2001), Nei Lopes (2003), Maurício Barros de Castro e
Alexandre Felipe Fiuza sobre as origens do batuque e do samba. Trata-se, portanto,
de um estudo comparado entre música e poema, passando também pela questão da
autoria. Resultados e conclusões do trabalho: A ditadura salazarista impediu
interpretações da música brasileira com a temática da escravidão, o que levou à
modificação temática do batuque, substituindo o canto de lamento da escrava pelo
lamento de despedida de uma mulher que acompanha, da praia, a partida do seu
amado, na composição portuguesa.
Palavras-chave: batuque, fado, “Mãe Preta”

ABSTRACT: This essay discusses the composition of samba "Black Mother" by Caco
Velho (Mateus Nunes) and Piratini (António Amábile), played as Portuguese fado by
Amalia Rodrigues, from poem by David Mourão-Ferreira, in the film “Les amants du
Tâge”. Method: The discussions were based on the studies by por Carlos Sandroni
(2001), Nei Lopes (2003), Maurício Barros de Castro e Alexandre Felipe about the
origins of samba. This is a comparative study between authorship and composition
in Brazilian music and Portuguese fado. Results and conclusions of the work: The
Salazar dictatorship prevented interpretations of Brazilian music with the theme of
slavery, contributing to the forgetfulness of the original lyrics.
Keywords: samba, fado, "Black Mother".

Para Paulo Motta


Este texto nasceu de uma experiência como professor de Literatura
Portuguesa, quando me encontrava na Ilha da Madeira, durante o IX Encontro
Internacional de Lusitanistas da AIL, em 2008. Em uma noite de entretenimento,
reunimo-nos para ouvir um grupo de fado. Um professor brasileiro, a quem dedico
este texto, sussurrou no meu ouvido que pediria ao grupo para interpretarem o
“Barco Negro”. Quando os instrumentos de percussão se iniciaram, ficamos todos
meio encantados com aquela melodia tão reconhecidamente brasileira, mas tida ali
como uma música tipicamente portuguesa. Não prestei atenção à letra, porque o

1 Professor doutor de Literaturas de Língua Portuguesa, Teoria e Crítica Literária. Universidade

Estadual de Montes Claros (Unimontes). E-mail: osmar.oliva@unimontes.br

Interdisciplinar • Ano XI, v.25, mai./ago. 2016


77
Universidade Federal de Sergipe - UFS | ISSN 1980-8879 | p. 77-94


Judaísmo, Israel e as referências bíblicas em Elogio da sombra, de Jorge Luis
Borges
Judaism, Israel and the Biblical references in Praise of the Shadow, by Jorge Luis
Borges
Osmar Pereira Oliva*
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) | Montes Claros, Brasil
osmar.oliva@unimontes.br

Resumo: Não são recentes os estudos literários que apontaram para a presença
da tradição judaica na obra de Jorge Luis Borges. No entanto, poucos se
dedicaram aos poemas organizados em 1969 sob o título Elogio da sombra. Nessa
coletânea, vários desses textos poéticos dialogam com passagens bíblicas e com
o imaginário em torno de Israel. Este artigo tem como principal objetivo discutir
os conceitos de judaísmo e de identidade judaica e analisar os poemas
intitulados “Israel” e os demais que trazem referências bíblicas a fim de ratificar
a crítica já produzida que identificou a admiração e a afinidade de Borges para
com os judeus e para com a cultura judaica.

Palavras-chave: Judaísmo. Israel. Intertextos bíblicos.

Abstract: The literary studies, which have indicated Jewish influences in the
fictional production of Jorge Luis Borges, are not recent. However, few have
devoted themselves to the poems organized in 1969 in the book entitled Praise of
the Shadow, in which there are poems that dialogue with biblical passages and
with the imaginary around Israel. This article aims to discuss the concepts of
Judaism and of Jewish identity and to analyze the poems entitled Israel and the
others which convey some biblical references, in order to ratify the already
produced criticism which identified the admiration and the affinity of Borges
towards the Jews and towards Jewish culture.

Keywords: Judaism. Israel. Biblical Intertexts.

He hecho lo mejor que pude para ser judío.


Pude haber fracasado… Si pertenecemos a la
civilización occidental, entonces todos
nosotros, a pesar de las muchas aventuras de la


*
Professor na Universidade Estadual de Montes Claros e Doutor em Letras:
Literatura Comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais.
1
Arquivo Maaravi: Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG. Belo Horizonte, v. 12, n. 23, nov. 2018. ISSN: 1982-3053.
Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018

Grande sertão: veredas em luz e sombra

Grande Sertão: Veredas in Light and Shadow

Ivana Ferrante Rebello


Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Montes Claros, Minas Gerais
/ Brasil
ivanaferrante@hotmail.com

Osmar Pereira Oliva


Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Montes Claros, Minas Gerais
/ Brasil
osmar.oliva@unimontes.br

Resumo: Este estudo lê o romance Grande sertão: veredas e as influências da arte


pictórica na composição de sua narrativa. A partir dos registros do autor encontrados no
material arquivado no Instituto de Estudos Brasileiros, e da apreciação de Guimarães
Rosa pela pintura, apresentamos relações entre a narrativa de primeira pessoa e as
variações de cor no romance. Esses jogos de luz e sombras nos ajudaram a ler a intricada
dubiedade que rege a vida, a violência e a sexualidade de Riobaldo.
Palavras-chave: Grande sertão: veredas; luz e sombra; pintura; dúvida.

Abstract: This study reads the novel Grande Sertão: Veredas and the influences of the
pictorial art in the composition of its narrative. From the author’s records, found in the
material filed in the Instituto de Estudos Brasileiros (Institute of Brazilian Studies) and
in Guimarães Rosa’s appreciation for painting, we present the relations between first-
person narrative and color variations in the novel. Those plays on light and shadows
helped us to read the intricate dubiousness that rules the life, violence and sexuality
of Riobaldo.
Keywords: Grande Sertão: Veredas; light and shadow; painting; doubt.

eISSN: 2358-9787
DOI: 10.17851/2358-9787.27.3.249-266
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R TE
TEE – revista eletrônica
ISSN 1807-8591
Mestrado em Letras: Linguagem, Cultura e Discurso / UNINCOR
V. 14 - N.º 2 (julho-dezembro - 2017)
_____________________________

TEMPO E MEMÓRIA EM O AMANUENSE BELMIRO, DE CYRO DOS ANJOS

Osmar Pereira Oliva1

RESUMO: As narrativas criadas por Cyro dos Anjos caracterizam-se pela estrutura diarística ou pelos
relatos de memórias, contendo reflexões sobre a passagem do tempo e sobre experiências de vida dos
narradores. Em muitos aspectos, o espaço e os relatos descritos se aproximam da biografia desse autor.
Este artigo discute o romance O Amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos, a partir dos conceitos de
tempo, memória, ritornelo e melancolia. Esses operadores conceituais nos servirão para refletir que,
em sua narrativa memorialística, Belmiro Borba evoca geografias de sua terra natal e outras
personagens melancólicas e memorialistas de sua eleição: Bentinho e Brás Cubas, criadas por
Machado de Assis.
PALAVRAS-CHAVE: tempo, memória, ritornelo, melancolia.

ABSTRACT: The narratives created by Cyro dos Anjos are characterized by the diaristic structure or
the reports of memories, containing reflections about the passage of time and about the life
experiences of the narrators. In many respects, the space and stories described are close to the author's
biography. This work discusses the novel O amanuense Belmiro, by Cyro dos Anjos, from the
concepts of time, memory, ritornello and melancholy. These conceptual operators serve to reflect that,
in his narrative memoirs, Belmiro Borba evokes geographies of their homeland and others melancholy
characters of his election: Bentinho and Brás Cubas, by Machado de Assis.
KEYWORDS: time, memory, ritornello, melancholy.

1. O ritornello literário do amanuense Belmiro

Tenho sobre a mesa o alentado volume em que Trismegisto relata por miúdo
os acontecimentos desenrolados nesse período que a minha memória tão
dificilmente atinge, mas decidi não mais abri-lo. O culto da exatidão
atrapalha-me. Afinal, o que importa é a cronologia do sentimento, e não a do
calendário. Torno a contemplar dentro de mim o vasto mural, ou melhor, o
grande políptico onde cada compartimento me apresenta uma cena.
(ANJOS, 1994, p. 63)

Cyro Versiani dos Anjos nasceu em Montes Claros – MG, em 5 de outubro de 1906.
Formando em humanidades e Direito, atuou como advogado e professor universitário. Em
1952, foi regente da cadeira de Estudos Brasileiros, na Universidade do México e, em 1954,
desempenhou a mesma função na Universidade de Lisboa. No Brasil, atuou como professor
nos cursos de Letras da Universidade de Brasília e da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Publicou O amanuense Belmiro (1937), Abdias (1945), Criação literária (1954), Montanha
(1956), Explorações no tempo (1963), Poemas coronários (1964) e A menina do sobrado
(1979). Esses livros, com exceção do ensaístico A criação literária, caracterizam-se pelo
cunho diarístico ou pelos relatos de memórias, unidos pelas reflexões sobre a passagem do

1
Doutor. Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. E-mail: osmar.oliva@unimontes.br

1
Osmar Pereira Oliva193
Andréa Mendes de Almeida Pereira194

RESUMO: O livro Insubmissas lágrimas de mulheres (2011), de Conceição Evaristo, reúne treze
narrativas protagonizadas por mulheres negras, as quais narram histórias de diversos tipos de
violência de que foram vítimas. No entanto, essas mulheres encontram um meio de resistir ao
sofrimento e superar as adversidades. Este trabalho privilegiará a análise do quinto conto,
protagonizado por Maria do Rosário Imaculada dos Santos, a qual, no presente da narrativa, já idosa,
rememora o seu rapto, na infância, e como foi construindo a sua identidade, na diáspora. O seu
comportamento mnemônico ultrapassa os limites de uma biografia individual e se aproxima do relato
de uma coletividade, já que, em vários aspectos, o sequestro da personagem negra dialoga com a
história do degredo africano no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: Conceição Evaristo; identidade; alteridade; violência.

ABSTRACT: The book Insubmissas lágrimas de mulheres (2011), by Conceição Evaristo, brings
together narratives whose protagonists are black women, who narrate various types of violence of
which they were victims. Nevertheless, those women found a way to resist suffering and overcome
adversities. This paper will privilege the analysis of the fifth tale, the story of Maria do Rosário
Imaculada dos Santos, an old lady at the present of the narrative, who rememorates her kidnapping in
childhood, and how she constructed her identity in the diaspora. Her mnemonic behavior goes beyond
the limits of a personal biography, and gets closer to the report of a community, since the kidnapping
of the black character, in many aspects, dialogues with the history of the exiled African in Brazil.
KEYWORDS: Conceição Evaristo; identity; alterity; violence.

Conceição Evaristo nasceu em 1946, na zona sul de Belo Horizonte. De


acentuada ascendência africana, membro de numerosa família, de modesta origem,

193
Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais - Brasil. Professor Titular
da Universidade Estadual de Montes Claros - Brasil.
194
Mestranda em Letras - Estudos Literários na Universidade Estadual de Montes Claros - Brasil.
Literatura infantil e ensino –
considerações sobre a dramaturgia
de Oscar Von Pfuhl

Osmar Pereira Oliva


Unimontes
Cláudia Andrade Souto
Unimontes

Resumo: Oscar von Pfuhl escreveu peças teatrais voltadas para o público infantil,
valorizando o imaginário da criança e as maravilhas do seu mundo de
sonhos. Em sua poética, há o jogo com as palavras, o uso de recursos
lúdicos diversos, mas há, também, um recorrente apelo à
conscientização e moralização do seu leitor e espectador. Esse
problema motivou essa pesquisa: como o autor articulou aspectos
estéticos a reflexões políticas e sociais.Nossos estudos comprovaram
quea composição do teatro de Pfuhl, com característica das fábulas,
desencadeia também alguma moral, algum ensinamento para o leitor
infantil, assumindo, portanto, uma tendência conscientizadora, sem
deixar de valorizar a fantasia, o lúdico e os jogos com as palavras.

Palavras-chave: literatura infantojuvenil; teatro; moral; consciência.

Title: Children literature and teaching – some remarks on Oscar Von Pfuhl’s
dramaturgy

Abstract: Oscar von Pfuhl wrote plays for children, valuing their imagination and
the wonders of their world of dreams. In his poetry, there is the game
with words, the use of many recreational resources, but there is also a
recurring call to the reader´s and viewer’s conciousness and
LEITURA, LITERATURA E LINGUAGENS
Erika Karla Barros da Costa da Silva
(Organizadora)

LEITURA, LITERATURA E LINGUAGENS


Copyright © dos autores

Todos os direitos garantidos. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, transmitida
ou arquivada desde que levados em conta os direitos das autoras e dos autores.

Erika Karla Barros da Costa da Silva (Organizadora).

Leitura, literatura e linguagens. Campo Grande: Editora Inovar, 2019. 207p.

ISBN 978-65-80476-08-4

1. Literatura. 2. Leitura. 3. Educação. 4. Linguagens. 5. Autores. I. Título.

CDD – 028

Os conteúdos dos capítulos são de responsabilidades de seus autores.

Conselho Científico da Editora Inovar:

Care Cristiane Hammes (UEMS/Brasil);Franchys Marizethe Nascimento Santana (UFMS/Brasil);


Gesilane de Oliveira Maciel José (IFMS/Brasil); Jucimara Silva Rojas (UFMS/Brasil); Katyuscia
Oshiro (RHEMA Educação/Brasil); Maria Cristina Neves de Azevedo (UFOP/Brasil); Ordália Alves
de Almeida (UFMS/Brasil); Otília Maria Alves da Nóbrega Alberto Dantas (UnB/Brasil).

Editora Inovar
www.editorainovar.com.br
79002-401 Campo Grande – MS
SUMÁRIO

Capítulo 1
A AMAZÔNIA NAS CRÔNICAS DOS VIAJANTES: IMAGENS, REPRESENTAÇÕES, DISCURSOS E IMAGINÁRIOS
NO CONTATO COM O “OUTRO” E SEU AMBIENTE........................................................................................... 10
Tayson Ribeiro Teles

Capítulo 2
A RESISTÊNCIA NO COMPORTAMENTO FEMININO DO SÉCULO XIX, ANÁLISE DA OBRA “UM
APÓLOGO”.......................................................................................................................................................... 25
Merivalda Quaresma Jorge
Graciele Nogueira dos Prazeres

Capítulo 3
ANÁLISE DE ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA LÍNGUA NOS GÊNEROS TEXTUAIS TIRINHAS E CHARGE...... 40
José Gomes Braga
Raimundo Francisco Gomes

Capítulo 4
AS PERIPÉCIAS FABULARES DE MONTEIRO LOBATO...................................................................................... 56
Michele Saionara Aparecida Lopes de Lima Rocha

Capítulo 5
AS PRÁTICAS DE LEITURA E A SUA IMPORTÂNCIA PARA A APRENDIZAGEM NOS ANOS INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL.................................................................................................................................... 69
Erika Karla Barros da Costa

Capítulo 6
COMPARAÇÃO AXIOLÓGICA DAS OBRAS LUCÍOLA E O DOCE VENENO DO ESCORPIÃO: VISÕES DA
SOCIEDADE SOBRE A PROSTITUIÇÃO............................................................................................................... 82
Reris Adacioni de Campos dos Santos
Raylene Lisboa Santos
Raquel Batista Silva

Capítulo 7
ENTRELAÇOS, ARTEFATOS E LOBATO: NAS TRILHAS DA DESLITERATURIZAÇÃO INFANTIL NA AMÉRICA
HISPANO-HABLANTE.......................................................................................................................................... 98
Michele Saionara Aparecida Lopes de Lima Rocha
João Pedro Pezzato

Capítulo 8
IDENTIDADE, ALTERIDADE E DIFERENÇA NA LITERATURA INDÍGENA.......................................................... 112
Rita de Cássia Dias Verdi Fumagalli
Ernani Cesar de Freitas

Capítulo 9
LITERATURA INFANTIL E TOMADA DE POSIÇÃO:
TEMPOS, ESPAÇOS E IDENTIDADES ENTRE OS LUGARES DE PASSAGEM .................................................. . 128
Simone dos S. Pereira
Maíra L. Silva
Juliana S. Siqueira

Capítulo 10
MASCULINIDADE EM CONFLITO E HOMOFOBIA: UMA LEITURA DE UM LUGAR AO SOL, DE ERICO
VERISSIMO......................................................................................................................................................... 145
Osmar Pereira Oliva
Heidy Cristina Boaventura Siqueira
Capítulo 11
O DIÁRIO DE ANNE FRANK, DO LIVRO AO DESENHO ANIMADO: UMA REFLEXÃO SOBRE O GÊNERO
AUTOBIOGRÁFICO NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE LEITORES................................................................ 160
Izabel Cristina Barbosa de Oliveira

Capítulo 12
O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DIFICULDADES DE ARTICULAÇÃO
E OS PROCESSOS FONOLÓGICOS...................................................................................................................... 171
Priscila Ogliari
Robert Reiziger de Melo Rodrigues
Kleber Eckert

Capítulo 13
OS PERFIS FEMININOS NA OBRA DE JOSÉ DE ALENCAR: UMA ANÁLISE A LUZ DA LITERATURA.............. 181
Antonio Lourenço da Costa Neto

Capítulo 14
(RE)PENSANDO AS BIBLIOTECAS E O SÉCULO XXI: OLHARES DE UMA PERSPECTIVA CIDADÃ, APLICADA,
CRÍTICA E INDISCIPLINAR DE DIREITO À LEITURA.......................................................................................... 190
Eduardo Henriques (UFPE)
LEITURA LITERATURA LINGUAGENS
MASCULINIDADE EM CONFLITO E HOMOFOBIA: UMA LEITURA DE UM LUGAR AO SOL,
DE ERICO VERISSIMO.

Osmar Pereira Oliva 1*


Heidy Cristina Boaventura Siqueira 2*

RESUMO: O texto literário é fruto do imaginário. Mas este, por sua vez, é uma amálgama de
memórias e experiências pessoais e coletivas, que são transportadas àquele em decorrência da
vivência sociocultural do seu enunciante, ainda que de forma inconsciente. Deste modo, a obra
poderia ser interpretada como representação mimética e artística da sociedade e da sua cultura.
Erico Verissimo, escritor gaúcho, reconheceu que seu projeto literário era desnudar a
engrenagem social, trazendo à lúmen sua hipocrisia e denunciando todo tipo de violência contra
o ser humano que ela oculta. Acredita-se que Um lugar ao sol, publicado por Verissimo em 1936,
através das vozes polifônicas dos seus personagens, oculta uma estrutura narrativa complexa,
que passa despercebida por leitores incautos. No referido romance, o personagem Amaro Terra
demostra aversão gratuita à Temístocles, filho de sua amásia (de quem se tornou escravo
sexual), pelo simples fato do jovem ter comportamento homossexual. Deste modo, em
consonância com a teoria da filósofa francesa Elisabeth Bandinter, para a qual, ver um homem
efeminado desperta enorme angústia em muitos homens, pois desencadeia neles uma tomada
de consciência de suas próprias características femininas, como a passividade, que consideram
um sinal de fraqueza; este trabalho pretende discutir os personagens Amaro Terra e Temístocles
como uma metáfora de uma sociedade homofóbica, que se utiliza da agressividade contra os
homossexuais como estratégia para evitar o reconhecimento de uma parte inaceitável de si. Não
obstante a obra esteja contextualizada na década de 1930, época em que a homossexualidade
era entendida como uma “inversão congênita” durante o nascimento ou desenvolvimento do
indivíduo, a mesma permite uma análise da atual sociedade brasileira.

PALAVRAS-CHAVE: homofobia; crise da masculinidade; Erico Verissimo, Um lugar ao sol.

O texto literário é fruto do imaginário. Mas este, por sua vez, é uma
amálgama de memórias e experiências pessoais e coletivas, que são transportadas
àquele em decorrência da vivência sociocultural do seu enunciante, ainda que de forma
inconsciente. Deste modo, a obra poderia ser interpretada como representação mimética
e artística da sociedade e da sua cultura.
Benjamin Abdala Júnior reforça que as significações são transportadas ao
texto em decorrência da vivência sociocultural do seu emissor:

*1
Graduado em Letras Português/Francês (1993); Pós-Graduado lato sensu em Língua Portuguesa e Linguística (1995) e
em Filosofia, pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES; Mestre em Literatura Brasileira (1999) e
Doutor em Literatura Comparada (2002), ambos pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG; Pós-doutor em
Literatura Brasileira (2007), pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Professor na Universidade Estadual
de Montes Claros – UNIMONTES. <osmar.oliva@unimontes.br>.
* 2
Graduada em Direito (2007); Pós-Graduada lato sensu em Direito Processual (2009); Pós-Graduanda stricto sensu -
Mestrado em Letras/Estudos Literários pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES. Advogada.
Servidora Pública Efetiva do Município de Montes Claros/MG. <heidycristina@adv.oabmg.org.br>.
145
LEITURA LITERATURA LINGUAGENS

A codificação literária, ao tornar o sujeito da enunciação uma espécie de


“radar” sociocultural, leva-o a trabalhar uma matéria que vai muito além
de sua consciência. Caso ele seja um escritor consciente de seu ofício –
como acontece com frequência entre os escritores de ênfase social –, ele
conhecerá a relatividade de suas “estratégias” discursivas e também as
potencialidades das estruturas textuais como elementos geradores de
significação. (ABDALA JÚNIOR, 2007, p. 65).

Assim, a memória, nem sempre evocada voluntariamente, nem sempre


explicitada, às vezes individual, outras, coletiva, forjada no imaginário do autor, promove
o que é visto como invenção, carregada de extratos pessoais, sociais e culturais, e, por
isso, muitas vezes, inquietante, subversiva e denunciadora.
Erico Verissimo, escritor gaúcho que iniciou a sua produção literária na década
de 1930, época em que, segundo Luís Bueno, a literatura sobressaiu pela consciência de
sua função histórica frente às importantes transformações econômicas, sociais e políticas
vivenciadas pela sociedade brasileira naquele contexto, reconheceu que seu projeto
literário era desnudar a engrenagem social, trazendo à lúmen sua hipocrisia e
denunciando todo tipo de violência contra o ser humano que ela oculta (BUENO, 2006, p.
17).
Verissimo, embora sem adesão a partido político definido, era,
confessamente, adepto da literatura engajada:

Cada escritor, cada artista está, queira ou não, inserido no seu “tempo”
e no seu “espaço”. Eis por que me parece impossível escrever-se um
romance de nossos dias que não reflita os problemas de natureza
econômica, política, social e existencial que nos perturbam. Claro, no
caso dos alienados mentais a situação é diferente... (VERISSIMO, In:
BORDINI, 1990, p. 68).

Com o seu primeiro romance, Clarissa (publicado em 1933), Verissimo inaugura


a saga da família Albuquerque, que se estenderá por outros três livros Música ao longe
(1934), Um lugar ao sol (1936), e Saga (1940), e lhe custarão quase dez anos de dedicação.
A leitura conjunta desses livros revela as múltiplas histórias das várias personagens que
vão se constituindo aos poucos através de cortes entre um romance e outro.
Segundo Beatriz Badim de Campos, em seu livro Caminhos cruzados e Um
lugar ao sol: o projeto literário de Erico Verissimo, as personagens da saga da família
Albuquerque “só têm seus discursos construídos quando dialogicamente combinadas
com os de outras e na fissura narrativa entre romances” (CAMPOS, 2017, p. 50).
146
LEITURA LITERATURA LINGUAGENS
Ainda que os primeiros traços sejam revelados por meio do romance Clarissa,
e o leitor consiga formular uma ideia da complexa personalidade de Amaro Terra quando
da leitura de toda a saga, utilizar-se-á das características particulares do referido
personagem recortadas do livro Um lugar ao sol. A este trabalho interessa de forma
especial, a maneira como Amaro Terra lida com suas fragilidades masculinas e como
reage em relação ao comportamento do outro personagem do romance Temístocles.
Um lugar ao sol tem como cenário Porto Alegre. Verissimo utiliza-se da
técnica do “contraponto”, sob a influência de Aldous Huxley, do qual fez a tradução do
livro com título homônimo em 1933, e escreve o romance com a sobreposição dos
protagonistas e fatos narrados sem concentração num único centro narrativo. Na
narrativa, feita em terceira pessoa, várias histórias se intercalam.
Quanto à escolha da técnica do contraponto, Maria da Glória Bordini afirma
que ela não foi feita com intenções imitativas e sim por uma questão estrutural
relacionada ao projeto literário confesso de Verissimo de revelar a engrenagem social,
bem como seu plano de democratização da literatura que desenvolvia frente à Editora
Globo, na qual trabalhava à época:

Verissimo recorre a ele (o contraponto) por uma necessidade estrutural


e não por intento imitativo. É apenas através desse artifício que poderia
atingir a legibilidade responsável pelo êxito junto às massas sem
prejudicar o sentido coletivo do entretecimento de tantos destinos
numa só tela: a da cidade em que todos se juntam e paradoxalmente se
isolam. Poderia, ao invés do contraponto, ter empregado a técnica do
mosaico, mas perderia a dimensão temporal, a continuidade das vidas
simultâneas e as possibilidades de ironia criadas pelos momentos
coincidentes de existência individuais. Poderia ter se valido da
justaposição por metonímia, como faz Virginia Woolf em O quarto de
Jacob, mas isso impediria a leitura não sofisticada e é certo que
Verissimo se propunha à democratização da literatura, como bem
comprova sua atuação à frente da Editora Globo nas décadas de 30 e 40.
O que importa é que, manejando destramente técnicas narrativas pouco
conhecidas no Brasil daquela época, soube criar, para qualquer leitor,
uma bela metáfora da sociedade urbana, aplicável não só a Porto Alegre
de então, mas à ideia de cidade que ainda prevalece junto ao público: um
lugar onde a ação pessoal de nada vale, porque a metrópole, ao mesmo
tempo que os promove, torna anônimos todos os presumíveis heróis e
nivela todos os dramas individuais, banalizando o livre arbítrio e
reduzindo-os à paródia de si mesmo, contra a massa de interesses em
choque, manipulados por forças que parecem situar-se para além do
entendimento comum. (BORDINI, 1985, p. 32-33).

147
LEITURA LITERATURA LINGUAGENS
A técnica utilizada em Um lugar ao sol além de evidenciar os diferentes
núcleos sociais, destacando o contraste entre riqueza e pobreza, caracteriza a vida social
como reificada.
A um leitor incauto podem passar desapercebidas algumas reflexões
importantes que ocorrem na narrativa, visto que uma leitura superficial pode ater-se
apenas ao aspecto evidente das dificuldades financeiras enfrentadas pela maioria das
personagens e que são a causa de análise que permeiam o romance, mas que não
encerram todas as discussões.
Mikhail Mikhailovich Bakhtin, em seu livro Questões de literatura e de estética:
a teoria do romance, destaca o leitor atento como fundamental para a compreensão e
construção do discurso. Para o referido autor, somente por meio de uma leitura ativa, o
leitor torna-se capaz de fornecer respostas e trazer algo de novo para o discurso. E
acrescenta:

O discurso vivo e corrente está imediata e diretamente determinado


pelo discurso-resposta futuro: ele é que provoca esta resposta,
pressente-a e baseia-se nela. Ao se construir na atmosfera do “já dito”, o
discurso é orientado ao mesmo tempo para o discurso-resposta que
ainda não foi dito, discurso, porém, que foi solicitado a surgir e que já era
esperado. Assim é o discurso vivo. Todas as formas retóricas e
monológicas, por sua construção composicional, estão ajustadas no
ouvinte e na sua resposta. (BAKHTIN, 1998, p. 89).

Necessário se faz contextualizar o momento histórico em que o romance Um


lugar ao sol foi concebido e publicado. Segundo Sergio Miceli, em seu livro Intelectuais à
brasileira, a sociedade brasileira passava por um momento conturbado de mudanças
significativas:

As décadas de 1920, 1930 e 1940 assinalam transformações decisivas nos


planos econômicos (crise do setor agrícola voltado para a exportação,
aceleração dos processos de industrialização e urbanização, crescente
intervenção do Estado em setores-chaves da economia etc.), social
(consolidação da classe operária e da fração de empresários industriais,
expansão das profissões de nível superior, de técnicos especializados e
de pessoal administrativo nos setores público e privado etc.), político
(revoltas militares, declínio político da oligarquia agrária, abertura de
novas organizações partidárias, expansão dos aparelhos do Estado etc.)
e cultural (criação de novos cursos superiores, expansão da rede de
instituições culturais públicas, surto editorial etc.). (MICELI, 2001, p. 77).

Verissimo, sensível às transformações sociais e ciente da capacidade


transformadora da literatura, transmudou o contexto histórico em discurso, que
148
LEITURA LITERATURA LINGUAGENS
somente se revela ao leitor se este trouxer o seu olhar atento, que não se limita a uma
análise perfunctória do texto.
Sobre esta questão, Bakhtin afirma que: “O enunciado existente, surgido de
maneira significativa num determinado momento social e histórico, não pode deixar de
tocar os milhares de fios dialógicos existentes, tecidos pela consciência ideológica em
torno de um dado objeto de enunciação, não pode deixar de ser participante de um
diálogo social” (BAKHTIN, 1998, p. 86).
A denúncia social em Um lugar ao sol é feita pela multiplicidade de vozes.
Apesar de narrada em terceira pessoa pelo narrador onisciente, é por intermédio das
vozes das personagens que o leitor pode observar as diferenças de pensamentos, ações
e linguagem (expressões) utilizadas. Vozes sociais como as dos desempregados que
travam uma luta diária pelo sustento do corpo e suporte da alma dentro da baixa
autoestima a que são subjugados; dos considerados fortes intelectualmente, mas que
têm pavor da vida, a ponto de querer ceifar a sua própria; daqueles que criados nas altas
classes sociais preferem criar um mundo paralelo de ilusão a ter que lidar com a miséria
humana; dos destinatários da violência do aparelho estatal por lutarem pela consolidação
de direitos sociais; daqueles que enfrentam a ira do grupo político dominante quando
decidem enfrentar a ordem social posta, dentre outros, se deixam entrever nas
diferentes manifestações verbais de personagens como Vasco Bruno, Dr. Penaforte,
Oskar, Noel Madeira, Gervásio Veiga, João de Deus Albuquerque, Xexé.
A primeira aparição do personagem Amaro Terra é no romance Clarissa.
Caracterizado como um homem de quarenta anos, obscuro e fechado, passa os dias
dividido entre o trabalho de bancário, para o qual parece não ter aptidão, e trancado em
seu quarto, onde, em silêncio, lê seus poetas e toca piano, sem diálogos diretos ou
olhares detentos com qualquer um dos outros moradores da pensão em que vive, exceto
para Clarissa, uma adolescente de quatorze anos. Amaro é prisioneiro de si mesmo, do
seu passado, dos projetos inacabados, dos medos nunca vencidos.
Para Amaro, a sua existência é inútil, passageira, uma sequência de atos
rotineiros sem importância. Apenas quando contemplava Clarissa, a “clara", a
"luminosa”, Amaro, o “amargo”, sente-se reviver.
O personagem reaparece em Um Lugar ao Sol. Agora já desempregado,
redescobre-se apaixonado por Clarissa ao reencontrá-la na Pensão de D. Zina, mas lhe
falta coragem para declarar o seu amor.
149
LEITURA LITERATURA LINGUAGENS
Demonstra-se um homem com dificuldades de lidar com o sexo, o qual julga
sujo em razão dos ensinamentos que teve de sua tia carola Manoela. Sem dinheiro,
Amaro passa a morar na simples pensão de Docelina de quem se torna escravo sexual
apesar da repulsa inicial, em troca de refeições completas, cama quente, pijamas novos e
um piano.
Já o personagem Temístocles aparece somente em Um Lugar ao Sol. Filho de
Docelina, amante de Amaro Terra, é caracterizado com traços femininos acentuados.
O narrador onisciente de Um Lugar ao Sol registra a repulsa de Amaro em
relação a Temístocles:

[...]. No corredor encontrou o filho de Doce. [...]. Sentiu um calafrio. O


rapaz era como uma cobra. Caminhava gingando, rebolando as ancas
femininas. E o pior era quando cantava com voz contralto. E que nome!
Temístocles. A mãe lhe tinha um grande amor. Os carinhos... Temístocles
pra cá. Temístocles pra lá. Toma este leitinho, menino, que estás muito
pálido. Cuidado com os resfriados, Temístocles. [...]. E o filho usava o
perfume da mãe. E depois havia mais aquele velho cínico que tossia toda
a noite. Que abria às onze horas a porta do seu quarto para o mulatinho.
Que lhe dava presentes, gravatas, pregadores. Que gostava de discutir
política. Que acompanhava todas as procissões. Se eu arranjar um
emprego – pensava Amaro – vou embora desta casa. (VERISSIMO, 1995,
p. 290-291).

O comportamento do personagem Amaro acima narrado pode ser analisado


sob a perspectiva do denominado men’s studies. Segundo a filófosa Elisabeth Badinter,
em seu livro XY: sobre a identidade masculina, com o avanço do feminismo na década de
1960 e o questionamento dos papéis reservados aos homens e mulheres na sociedade,
houve um abalo da ideia universal de superioridade do primeiro em relação à segunda. O
esvaziamento da ideia de supremacia masculina acarretou uma crise na masculinidade e
o surgimento, especialmente na Inglaterra, Estados Unidos, Austrália, e em menor grau,
nos países nórdicos, dos men’s studies (BADINTER, 1993, p. 6-7).
Para Badinter, “a posse de cromossomo Y ou de órgãos sexuais masculinos
não basta para definir o macho humano”. Para a referida autora, o “tornar-se masculino”
envolve fatores psicológicos, sociais e culturais. Dessa forma, não existe um modelo
masculino universal (válido para todos os tempos e lugares), diferindo segundo a classe
social, a raça e a idade (BADINTER, 1993, p. 27-28). Afirma a referida filósofa que,
masculinidade deve ser sempre pensada no plural (BADINTER, 1993, p. 5), sendo

150
LEITURA LITERATURA LINGUAGENS
constantemente reconstruída e estando em constante transformação através da história
(BADINTER, 1993, p. 29).
Neste diapasão, cabe ressaltar ainda a obra de Pierre Bourdieu (BOURDIEU,
2018) que, ao analisar a sociedade Cabila, teorizou sobre a dominação masculina,
argumentando que esta fixa-se nos modos de pensar, comportar, sentir, falar etc.,
fazendo com que a reprodução da ordem social seja mantida e legitimada, de forma
“natural”.
Para Sócrates Alvares Nolasco, em O mito da masculinidade, a partir do
nascimento, com a observação e diferenciação dos genitais, a sociedade já impõe
expectativas de comportamentos distintos para homens e mulheres, que “desenharão
os contornos das subjetividades dos indivíduos”. Homens e mulheres sofrem forte
controle pedagógico durante a vida, seja da família, da escola ou das relações sociais.
Qualquer desvio, segundo Nolasco, é classificado como problema de ordem médica,
psíquica ou moral (NOLASCO, 1993, p. 41-42).
Raramente ouve-se a ordem “seja mulher”, enquanto tal exortação é dirigida
aos meninos, adolescentes e adultos do sexo masculino na maioria das sociedades. Com
o intuito de engendrar um homem viril, corajoso, esperto, conquistador, e imune a
fragilidades e inseguranças, com frequência, admoesta-se o sexo masculino: “Isto é
brinquedo de menina!” “Homem não chora!” “Homens não vestem rosa!” “Menino não
abraça nem beija outro menino, só os maricas!” “Você transou com ela? Não? É um
bobo!” “Você é um medroso, parece mulher!”
Desse modo, os meninos crescem acreditando que serão aceitos em razão do
que conquistarem (neste caso, a mulher é vista como objeto) e não pelo que realmente
são. Nolasco afirma:

Os meninos crescem estimulados a contar vantagens e méritos [...]. O fio


condutor para o sucesso é a preparação para o trabalho e para a
iniciação sexual. Os meninos crescem orientados para assumir
comportamentos voltados a performances intimistas, devendo para isso
ser silenciosos e discretos quando falam sobre suas dificuldades, mas
contundentes e expressivos quando falam dos méritos obtidos em
conquistas amorosas e profissionais, mesmo que estes méritos sejam
narrativas produzidas por suas fantasias. (NOLASCO, 1993, p. 43).

Alimentados pelas fantasias de onipotência e senhorilidade, corroborado pelo


poder social que lhes é conferido, os homens passam a incorporar a agressão às suas

151
LEITURA LITERATURA LINGUAGENS
identidades, o que, sobreposto, à virilidade, segundo Nolasco, produz os “machões”
(NOLASCO, 1993, p. 76).
Ainda que se saiba que a sexualidade não determina o gênero, a maioria das
sociedades patriarcais identifica masculinidade e heterossexualidade. Segundo Badinter,
a masculinidade heterossexual tem um conceito formado mais por exclusões do que por
inclusões. Desse modo, “ser homem significa não ser feminino; não ser homossexual;
não ser dócil, dependente ou submisso; não ser efeminado na aparência física ou nos
gestos; não ter relações sexuais nem relações muito íntimas com outros homens; não ser
impotente com as mulheres” (BADINTER, 1993, p. 117).
Destarte, para Badinter, a homofobia é parte integrante da masculinidade
heterossexual e desempenha o papel psicológico de reforçar as características de quem
está dentro do padrão da heterossexualidade, além de se constituir como um mecanismo
de defesa psíquica para evitar o reconhecimento de características próprias que se seja
incapaz de aceitar:

Ver um homem efeminado desperta enorme angústia em muitos


homens, pois desencadeia neles uma tomada de consciência de suas
próprias características femininas, como a passividade e a sensibilidade,
que eles consideram um sinal de fraqueza. [...]. Dirigir a própria
agressividade contra os homossexuais é um modo de exteriorizar o
conflito e torná-lo suportável. (BADINTER, 1993, p. 119).

A filósofa francesa admite ainda a função social da homofobia dentro da


masculinidade heteronormativa: aumento de confiança em si mesmo e aprovação social
quando um hétero exprime seus preconceitos contra um homossexual.
Assim, a pressão excessiva (pessoal e social) para o êxito masculino tanto no
trabalho como na vida sexual, pode conduzir ao ódio a si mesmo recalcado e projetado
no exterior, objetivado na pessoa de outro homem, que, em tese, recusa a própria
virilidade. O ódio direcionado a um homossexual, portanto, funcionaria como um
revelador daquilo que está próximo e que não se gostaria de ser (BADINTER, 1993, p.
127).
Partindo do pressuposto que desempenho sexual e êxito profissional são
constitutivos da representação de “ser homem” (NOLASCO, 1993, p. 67), pode-se afirmar
que Amaro vive em total conflito com sua masculinidade.
Segundo Nolasco, “o imaginário masculino está permeado por marcas de
força, poder e dominação, tanto do outro quanto de si. No âmbito sexual não é
152
LEITURA LITERATURA LINGUAGENS
diferente, os homens limitam seu prazer a dominar e subjugar, reproduzir no âmbito
privado o que se passa na esfera pública” (NOLASCO, 1993, p. 71).
Analisando-se as características do personagem Amaro Terra, percebe-se,
todavia, que ele, o homem, é o dominado pelo sexo feminino, no caso, Docelina. Amaro
não subjuga, é subjugado:

O braço gordo e quente da mulata envolveu-lhe o pescoço. Quis erguer-


se mas sentiu-se puxado com violência. Caiu de costas na cama. E por
cima dele tombou o corpanzil de Doce – cálido, mole, derramado. Os
lábios dela procuravam os seus. Amaro, desesperado, sacudia a cabeça
dum lado para outro, fugindo. Fez um esforço violento para se libertar.
Inútil. Docelina era pesada e forte. Seus braços carnudos o pregavam
implacavelmente à cama. (VERISSIMO, 1995, p. 296).

Durante toda a narrativa fica perceptível que Docelina é quem tem iniciativa
da conquista e que detém o poder nas relações sexuais. Dentro do padrão de
masculinidade patriarcal, e diante da inércia e falta de virilidade de Amaro, é Docelina
quem exerce o papel destinado ao homem na relação.
Criado por uma tia carola, Manuela, e sob a vigilância incansável e opinião
imutável sobre sexualidade desta, Amaro cresce associando sexo a pecado, o que lhe
acarreta graves problemas de ordem psicológica e sexual, como salienta o narrador de
Um lugar ao sol:

As mulheres não apareciam com muita frequência em sua vida. A sua


atividade sexual era baixa. Quando se via compelido a entrar no quarto
duma prostituta, saía de lá com a sensação de haver cometido uma
traição, um pecado. Não era religioso, mas tinha prejuízos com relação
ao sexo. Procurava vencê-los, lendo livros que exaltavam o animalismo
(Lawrence o enchera de alegria e horror) olhando a natureza,
procurando examinar a vida com mais serenidade. Mas era inútil. A culpa
toda fora de tia Manuela. Era a irmã mais velha do seu pai. Uma
solteirona religiosa, seca, intolerante e inflexível como um profeta. [...].
Odiava o mundo. Odiava o sexo. E o sexo para ela eram principalmente
os homens. (VERISSIMO, 1995, p. 96).

O fiasco na esfera sexual também se estende à profissional. Desempregado,


Amaro torna-se escravo sexual de Docelina em troca de um piano, “uma cama quente,
pijamas de lã, bifes suculentos, pão farto com manteiga” (VERISSIMO, 1995, p. 404).
Prisioneiro de si mesmo, do seu passado, dos projetos inacabados, dos medos nunca
vencidos, o personagem considera-se um fracassado. O narrador onisciente revela a
frustração de Amaro:

153
LEITURA LITERATURA LINGUAGENS

Era suja mas boa a gaiola que Doce lhe armara. [...]. Se ao menos ele
fosse colorido e cantador como o canário belga! Se ao menos pudesse
aproveitar aquela miséria moral para compor um grande poema
sinfônico que mais tarde lhe desse nome... Mas qual! Ele ouvia uma
harmonia interior maravilhosa. Quando ia dar-lhe forma gráfica, ela
fugia. Era inútil. (VERISSIMO, 1995, p. 404).

Embora reconheça o seu insucesso enquanto “homem”, Amaro teme o


julgamento social: “Havia vizinhos quase íntimos. [...]. Quando os cumprimentava, Amaro
corava de leve. Eles sabiam. Quase todo mundo sabia”. (VERISSIMO, 1995, p. 333).
Entretanto, toda a sua repulsa é direcionada, dentro da narrativa, apenas a
Temístocles e ao seu amante, que não é nominado no romance: “O mais horrível era que
via no sorriso do empregado público aposentado e nos olhares do mulatinho Temístocles
uma maneira sutil de dizer: Seu pirata, nós sabemos de tudo” (VERISSIMO, 1995, p. 332).
A repulsão de Amaro a Temístocles, caracterizada como homofobia, pode ser
justificada, portanto, na teoria de Badinter. O segundo personagem, totalmente despido
das pressões sociais de sustentar uma masculinidade heteronormativa, desperta no
primeiro uma enorme inquietação, uma vez que desencadeia nele a tomada de
consciência de suas próprias características femininas. No caso de Amaro: a passividade
em todos os aspectos de sua vida (emocional, profissional, sexual).
Até o nome do filho de Docelina causa antipatia em Amaro, porque sendo
este um personagem amante da leitura, sabe que Temístocles foi um político e general
grego que viveu entre os anos de 528 a.C. e 462 a.C. Ambicioso, decidido, dotado de
capacidade e de uma excelente oratória, alcançou os patamares mais elevados da política
Ateniense. Mesmo tendo derrotado a frota naval do Rei Xerxes na batalha de Salamina,
foi acusado de traição e condenado ao ostracismo. Quando precisou escolher entre dois
pretendentes à mão de sua filha, optou pelo mais virtuoso, declarando que: “Prefiro um
homem sem dinheiro a dinheiro sem homem”.
O homônimo grego também suscita em Amaro questionamentos sobre a sua
masculinidade. De forma oposta ao general Temístocles, Amaro demonstra-se imóvel
diante da vida e das dificuldades que ela lhe impõe. Sob o olhar do herói grego,
possivelmente demonstraria toda a sua inutilidade, uma vez que não obteve sucesso
profissional e, portanto, não acumulou posses, nem tão pouco tenha virtudes a destacar,
já que, desempregado, vive financeiramente e sexualmente dependente do sexo
feminino.
154
LEITURA LITERATURA LINGUAGENS
Não obstante Um lugar ao sol esteja contextualizada na década de 1930,
época em que a homossexualidade era entendida como uma “inversão congênita”
durante o nascimento ou desenvolvimento do indivíduo, ela permite uma análise da atual
sociedade brasileira.3*
Já no século XXI, sob a sociedade brasileira ainda impera um modelo de
masculinidade heteronormativa com traços patriarcais, que exclui as diferentes
dinâmicas subjetivas, “fazendo crer ao indivíduo que um homem se faz sob sucessivos
absolutos: nunca chora; tem que ser o melhor; competir sempre; ser forte; jamais se
envolver afetivamente e nunca renunciar” (NOLASCO, 1993, p. 40).
Embora não caiba à ciência do Direito o estudo do comportamento e da
psiqué, a ela compete regulamentar a ação social humana, objetivando a paz. O
preâmbulo da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/1988),
esclarece que o Estado Democrático por ela instituído, destina-se a assegurar o exercício
dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos.
Já o artigo 3º, inciso IV, da carta magna, consagra como objetivos
fundamentais da República Federativa do Brasil, dentre outros, a promoção do bem de
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
Para regulamentar o comando constitucional, a Lei nº. 9.459/1997 criminaliza
o preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Não obstante, a
expressa proibição constitucional de preconceito em razão de sexo, que toca
diretamente a discriminação por orientação sexual ou identidade sexual, inexiste no
Brasil legislação que criminalize as diversas formas de homofobia.
Se não compete ao Direito a ingerência sobre os padrões subjetivos de
masculinidade e feminilidade adotados pela sociedade, a ele cabe resguardar que
homens e mulheres sejam tratados de maneira igualitária, sem qualquer forma de
discriminação, de maneira especial por sua orientação ou identidade sexual, a qual se
destaca em razão do objeto deste trabalho.

*3
A homossexualidade passou a ser vista como patologia por volta do fim do século XX. Em 1886, o psiquiatra alemão
Richard von Krafft-Ebing definiu-a como “inversão congênita” (SIMIÃO, 2015). Apenas em 17 de maio de 1990, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças (CID).
155
LEITURA LITERATURA LINGUAGENS
Não punir a discriminação pela orientação sexual, como se faz com a
discriminação religiosa e racial, é hierarquizar, de forma inconcebível dentro do
ordenamento jurídico, as violações de direitos fundamentais.
Ressalta-se que a discriminação pela identidade ou orientação sexual não se
resume a atitudes preconceituosas que resultam, tão somente, em danos psicológicos;
mas sim, em condutas que impedem ou limitam a participação do individuo destinatário
da violência, na vida social.
Percebe-se que o modelo de masculinidade heteronormativa impera sobre o
Congresso Nacional que, temendo a responsabilização por parte dos seus eleitores por
suas ações, prefere quedar-se inerte, omitindo-se quanto ao reconhecimento da
comunidade LGBTI+ (gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transsexuais e intersexuais) ao
direito de proteção contra a violência, assédio, descriminalização, exclusão,
estigmatização, preconceito, ou seja, direito ao reconhecimento jurídico.
Em plenário, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou a Ação Direta de
Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 26, de relatoria do ministro Celso de Mello, e o
Mandado de Injunção (MI) 4733, relatado pelo ministro Edson Fachin, e entendeu, em
sua maioria, que houve omissão inconstitucional do Congresso Nacional por não editar lei
que criminalize atos de homofobia e de transfobia; e decidiu aplicar, até que o Congresso
Nacional venha a legislar a respeito, a Lei nº 7.716/89 a fim de estender a tipificação
prevista para os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional à discriminação por orientação sexual ou identidade de
gênero.
Desse modo, segundo o STF, até que sobrevenha lei do Congresso Nacional
destinada a implementar a criminalização dos dispositivos definidos nos incisos XLI e XLII
do artigo 5º da CRFB/1988, “as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas,
que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém,
por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão social",
conformam-se aos preceitos de incriminação definidos na Lei nº. 7.716/1989. As referidas
condutas constituirão, também, circunstância qualificante na hipótese de homicídio
doloso, por configurar motivo torpe, nos termos do Código Penal, artigo 121, §2º, I, “in
fine”.
Ao afirmar que as condutas homofóbicas e transfóbicas subsume-se ao tipo
penal do racismo, o STF compreende este último em sua dimensão social:
156
LEITURA LITERATURA LINGUAGENS

O conceito de racismo, compreendido em sua dimensão social, projeta-


se para além de aspectos estritamente biológicos ou fenotípicos, pois
resulta, enquanto manifestação de poder, de uma construção de índole
histórico-cultural motivada pelo objetivo de justificar a desigualdade e
destinada ao controle ideológico, à dominação política, à subjugação
social e à negação da alteridade, da dignidade e da humanidade
daqueles que, por integrarem grupo vulnerável (LGBTI+) e por não
pertencerem ao estamento que detém posição de hegemonia em uma
dada estrutura social, são considerados estranhos e diferentes,
degradados à condição de marginais do ordenamento jurídico, expostos,
em consequência de odiosa inferiorização e de perversa estigmatização,
a uma injusta e lesiva situação de exclusão do sistema geral de proteção
do direito. (STF. Tese Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão -
ADO 26. Relatoria Ministro Celso de Mello).

Na referida Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, a Corte


Superior aclarou ainda que a repressão penal à prática da homotransfobia não restringe
ou limita o exercício da liberdade religiosa, “desde que tais manifestações não
configurem discurso de ódio”.
Assim, ainda que haja traços do patriarcado na sociedade brasileira, e esta
esteja norteada pela heteronormatividade, não se pode permitir que, sob a égide do
Estado Democrático, o Direito seja utilizado para impingir padrões de masculinidade e
feminilidade absolutos, descriminalizando e colocando à margem, quem deles destoa.

REFERÊNCIAS

ABDALA JÚNIOR, Benjamin. Literatura, história e política: literaturas de língua


portuguesa no século XX. 2. ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2007.

BADINTER, Elisabeth. XY: sobre a identidade masculina. Tradução Maria Ignez Duque
Estrada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Questões de literatura e de estética: a teoria do


romance. Tradução Aurora Fornoni Bernadini, et al. 4. ed. São Paulo: UNESP, 1998.

BORDINI, Maria da Glória. Caminhos cruzados e a crítica. In: Travessia, n. 11, jul./dez. 1985,
p. 22-35. Disponível em:
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/travessia/article/view/17550/16124>. Acesso em
21/03/2019, às 15h50.

______ (Org). Erico Verissimo: o escritor no tempo. Porto Alegre: Editora Sulina, 1990.

157
LEITURA LITERATURA LINGUAGENS
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Tradução Maria Helena Kühner. 6. ed. Rio de
Janeiro: BestBolso, 2018.

______. O poder simbólico. Tradução Fernando Tomaz. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2000.

BUENO, Luís. Uma história do romance de 30. São Paulo: Edusp; Campinas: Editora da
UNICAMP, 2006.

CAMPOS, Beatriz Badim de. Caminhos cruzados e Um lugar ao sol: o projeto literário de
Erico Verissimo. São Paulo: EDUC, 2017.

MICELI, Sergio. Intelectuais à brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

NOLASCO, Sócrates. O mito da masculinidade. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.

SIMIÃO, Anna Rita Maciel. Sexualidade e perversão na psiquiatria de Krafft-Ebing.


Dissertação (Mestrado em Psicologia), Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF, Juiz
de Fora, 2015. Disponível em:
<https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/396/1/annaritamacielsimiao.pdf>. Acesso
em 25/06/2019, às 20h46.

VERISSIMO, Erico. Clarissa. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

______. Um lugar ao sol. São Paulo: Globo, 1995.

SÍTIO ELETRÔNICO

http://portal.stf.jus.br/, acessado em 29/07/2019, às 18h08.

158
Osmar Pereira Oliva
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/0323031003211214
ID Lattes: 0323031003211214
Última atualização do currículo em 29/11/2021

Possui graduação em Letras Português/Francês (1993), especialização (Lato Sensu) em Língua Portuguesa e Linguística (1995) e especialização (Lato Sensu) em
Filosofia, pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes); mestrado em Literatura Brasileira (1999) e doutorado em Literatura Comparada (2002), ambos
pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); pós-doutorado em Literatura Brasileira, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 2007.
Atualmente, é professor na Universidade Estadual de Montes Claros. Tem experiência no ensino e na pesquisa na área de Letras, com ênfase nas Literaturas de
Língua Portuguesa, atuando principalmente na investigação dos seguintes autores e temas: Eça de Queirós, Machado de Assis, Rachel de Queiroz, Clarice Lispector,
Autran Dourado e Milton Hatoum, orientalismo, fantástico, corpo, gênero, literatura de Minas Gerais, literatura do século XIX. (Texto informado pelo autor)

Identificação
Nome Osmar Pereira Oliva

Nome em citações bibliográficas OLIVA, O. P.;OLIVA, OSMAR PEREIRA


Lattes iD http://lattes.cnpq.br/0323031003211214

Endereço
Endereço Profissional Universidade Estadual de Montes Claros, Universidade Estadual de Montes Claros.

Av. Rui Braga s/n

Vila Mauricéia

39400-000 - Montes Claros, MG - Brasil


Telefone: (038) 32298234

Ramal: 8080

Formação acadêmica/titulação
2000 - 2002 Doutorado em Estudos Literários (Conceito CAPES 7).

Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Brasil.


Título: O corpo e a voz - Inscrições do masculino na


ficção queirosiana., Ano de obtenção: 2002.
Orientador: Paulo Fernando da Motta de Oliveira.

Bolsista do(a): Fundação de Amparo à Pesquisa do


Estado de Minas Gerais, FAPEMIG, Brasil.
Palavras-chave: corpo; decadentismo; homoerotismo; identidade portuguesa; nação.
Grande área: Lingüística, Letras e Artes
Grande Área: Lingüística, Letras e Artes / Área: Letras / Subárea: Literatura Brasileira.
Grande Área: Lingüística, Letras e Artes / Área: Letras / Subárea: Literatura Portuguesa.
1997 - 1999 Mestrado em Estudos Literários (Conceito CAPES 7).
Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Brasil.

Título: Agosto e o discurso marginal fonsequiano, Ano de Obtenção: 1999.


Orientador: Paulo Fernando da Motta de Oliveira.
Bolsista do(a): Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES, Brasil.
Palavras-chave: ficção; história; pornografia; real; violência.
Grande área: Lingüística, Letras e Artes
2008 - 2009 Especialização em Filosofia. (Carga Horária: 360h).
Universidade Estadual de Montes Claros, UNIMONTES, Brasil.

Título: Filosofia e estética da amizade nos contos de Machado de Assis.


Orientador: Antônio Wagner Rocha.
1995 - 1996 Especialização em Língua Portuguesa e Lingüística. (Carga Horária: 360h).
Universidade Estadual de Montes Claros, UNIMONTES, Brasil.

Título: O processo de formação de palavras a partir do sufixo.


Orientador: Luís Carlos de Assis Rocha.
1989 - 1993 Graduação em LETRAS.
Universidade Estadual de Montes Claros, UNIMONTES, Brasil.

Pós-doutorado
2018 Pós-Doutorado.

Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Brasil.

Grande área: Lingüística, Letras e Artes


Grande Área: Lingüística, Letras e Artes / Área: Letras / Subárea: Literatura Brasileira.
2007 - 2007 Pós-Doutorado.
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ, Brasil.

Grande área: Lingüística, Letras e Artes

Formação Complementar
2006 - 2006 Desvendando os caminhos da África. (Carga horária: 44h).

Universidade Estadual de Montes Claros, UNIMONTES, Brasil.


2005 - 2006 English for professionals in general - EPG. (Carga horária: 180h).
Centro Cultural Anglo-Americano, CCAA, Brasil.
1994 - 1994 Francês intermediário. (Carga horária: 40h).
Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, SEEMG, Brasil.

Atuação Profissional

Universidade Estadual de Montes Claros, UNIMONTES, Brasil.


Vínculo institucional

2016 - Atual Vínculo: Servidor Público, Enquadramento Funcional: Coordenador do Programa de Pós-graduação, Carga horária: 20, Regime:
Dedicação exclusiva.
Vínculo institucional

1998 - Atual Vínculo: Servidor Público, Enquadramento Funcional: Professor titular, Carga horária: 40, Regime: Dedicação exclusiva.
Atividades

02/2011 - Atual Direção e administração, Pró-reitoria de pós-graduação.

Cargo ou função
Pró-reitor de Pós-graduação.
02/2013 - 07/2013 Ensino, Letras/Estudos Literários, Nível: Pós-Graduação

Disciplinas ministradas
Seminário do teatro brasileiro
02/2013 - 07/2013 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Orientação de projeto de monografia
08/2012 - 12/2012 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira - simbolismo e tendências modernistas
08/2012 - 12/2012 Ensino, Letras/Estudos Literários, Nível: Pós-Graduação

Disciplinas ministradas
Crítica literária brasileira
02/2012 - 07/2012 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira - simbolismo e tendências modernistas
08/2011 - 12/2011 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira - simbolismo e tendências modernistas
02/2011 - 07/2011 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira - simbolismo e tendências modernistas
08/2010 - 12/2010 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira - simbolismo e tendências modernistas
02/2010 - 07/2010 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira - simbolismo e tendências modernistas
08/2009 - 12/2009 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira - Simbolismo e tendências modernistas
02/2009 - 07/2009 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Seminário de tópico variável
02/2009 - 07/2009 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Orientação de projeto de monografia
02/2009 - 07/2009 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura e outros sistemas semióticos
08/2008 - 12/2008 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Crítica Literária Brasileira
08/2008 - 12/2008 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Seminário de tópico variável
02/2008 - 07/2008 Ensino, Letras/Inglês, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Orientação de monografia
2/2008 - 07/2008 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Crítica LLiterária Brasileira
02/2008 - 07/2008 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Orientação de projeto de monografia
08/2007 - 12/2007 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira - Das origens ao arcadismo
08/2006 - 12/2006 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Portuguesa - do Arcadismo ao Realismo
Seminário de Tópico Variável - A dimensão fantástica e orientalista em Eça e Machado
08/2006 - 08/2006 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Teoria da Literatura
01/2006 - 06/2006 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Portuguesa - Do Arcadismo ao Realismo
Seminário de Tópico Variável - O Gótico na Literatura
01/2002 - 03/2006 Conselhos, Comissões e Consultoria, Universidade Estadual de Montes Claros.

Cargo ou função
COTEC- Comissão Técnica de Concursos - Coordenação do Programa de Avaliação Seriada para Acesso ao Ensino Superior - PAES.
01/2001 - 03/2006 Direção e administração, .

Cargo ou função
Coordenador de Programa.
01/1997 - 03/2006 Serviços técnicos especializados , Comissão Técnica de Concursos - COTEC.

Serviço realizado
Elaboração e correção de provas dos processos seletivos da Unimontes.
01/2005 - 01/2006 Pesquisa e desenvolvimento, Centro de Ciências Humanas da Universidade Estadual de Montes Claros.

Linhas de pesquisa
Tradição e Modernidade
07/2005 - 12/2005 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Portuguesa - Do Simbolismo às tendências contemporâneas
01/2005 - 12/2005 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Introdução à Teoria da Literatura
Literatura Brasileira
Literatura Comparada
Literatura Portuguesa
01/2005 - 06/2005 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Comparada
01/2005 - 06/2005 Ensino, Pós-graduação em literatura luso-brasileira, Nível: Especialização

Disciplinas ministradas
Literatura Comparada de língua portuguesa
08/2004 - 12/2004 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira III
01/2004 - 07/2004 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Portuguesa III e Literatura Brasileira IV
08/2003 - 12/2003 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira III e Literatura Brasileira IV
01/2003 - 12/2003 Pesquisa e desenvolvimento, Centro de Ciências Humanas da Universidade Estadual de Montes Claros.

Linhas de pesquisa
Literatura de Minas Gerais
02/2003 - 07/2003 Ensino, Letras/Inglês, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira I e Literatura Brasileira IV
08/2002 - 12/2002 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira I e IV
01/2002 - 07/2002 Ensino, Letras/Inglês, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira I
07/2001 - 01/2002 Ensino, pós-graduação em Língua portuguesa e Lingüística, Nível: Especialização

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira
07/2001 - 01/2002 Ensino, pós-graduação em Língua portuguesa e Lingüística, Nível: Especialização

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira
01/2001 - 12/2001 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira I e Literatura Brasileira III
08/2000 - 12/2000 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira II e Literatura Brasileira IV
03/2000 - 12/2000 Ensino, pós-graduação em Língua portuguesa e Lingüística, Nível: Especialização

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira
01/2000 - 07/2000 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira II
07/1999 - 01/2000 Ensino, pós-graduação em Língua portuguesa e Lingüística, Nível: Especialização

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira
08/1999 - 12/1999 Ensino, Letras/Português, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira II
01/1999 - 07/1999 Ensino, LETRAS, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira
02/1998 - 12/1998 Ensino, LETRAS, Nível: Graduação

Disciplinas ministradas
Literatura Brasileira

Escola Estadual Professora Maria Machado, E. E. P. M. M., Brasil.


Vínculo institucional

1993 - 1998 Vínculo: Servidor Público, Enquadramento Funcional: designado para regente de aulas (português), Carga horária: 18
Outras informações Regência de aulas - Português

Linhas de pesquisa
1. Tradição e Modernidade

Objetivo: Estudo da Literatura Brasileira e de suas relações com a tradição e a modernidade; o conceito de tradição e de ruptura;
teorias do arquivo, da tradução, da desconstrução e da pós-modernidade..
Grande área: Lingüística, Letras e Artes
Grande Área: Lingüística, Letras e Artes / Área: Letras / Subárea: Literatura Comparada.
Grande Área: Lingüística, Letras e Artes / Área: Letras / Subárea: Literatura Portuguesa.
Palavras-chave: imaginário; dialogismo; literatura comparada; tradição; modernidade; ruptura.
2. Literatura de Minas Gerais

Objetivo: Estudo da Literatura produzida em Minas Gerais e suas relações com outras literaturas. Análise das representações
identitárias, das relações da literatura mineira com a história, a cultura e a sociedade..
Palavras-chave: imaginário; literatura mineira; memória; sertão; tradição; modernidade.

Projetos de pesquisa
2017 - Atual Amizades literárias - a crítica literária modernista em Minas Gerais

Descrição: Este projeto de pesquisa tem como objetivo geral investigar a produção crítica literária modernista produzida por
intelectuais mineiros, de forma mais específica a de Autran Dourado, Francisco Iglésias, Fábio Lucas, dentre outros. A pesquisa, de
cunho bibliográfico, será embasada em teorias sobre as relações entre literatura, história e sociedade, com ênfase nas discussões
sobre o Modernismo em Minas Gerais. O projeto terá início com o levantamento da produção crítica literária desses autores,
publicada nos jornais e revistas da época ou em livros, organizados em datas posteriores. Mas também se voltará para pesquisas
nas bibliotecas particulares e acervos desses autores, a fim de investigar em que medida as correspondências trocadas entre eles e
os livros que constam em suas bibliotecas contribuíram para o Modernismo no Brasil..
Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa.
Alunos envolvidos: Graduação: (2) / Mestrado acadêmico: (3) .

Integrantes: Osmar Pereira Oliva - Coordenador / Alba Valéria Niza Silva - Integrante / Daniela Rodrigues Soares - Integrante /
Fernanda Figueiredo - Integrante / Daniela Azevedo - Integrante.
2016 - 2017 Nos labirintos das correspondências de Autran Dourado
Descrição: Estudo das correspondências trocadas entre Autran Dourado e escritores modernistas mineiros e entre seus leitores,
editores e tradutores. Análise das discussões teóricas e críticas sobre a produção literária autraniana..
Situação: Concluído; Natureza: Pesquisa.
Alunos envolvidos: Graduação: (1) / Mestrado acadêmico: (1) .

Integrantes: Osmar Pereira Oliva - Coordenador / Leonardo Macedo Freire - Integrante / Fernanda Figueiredo - Integrante.
2016 - Atual À procura da voz - Edição e crítica da obra completa de José Ricardo Pires de Almeida
Descrição: Este projeto de pesquisa pretende investigar, nos acervos de obras raras e dos manuscritos da Biblioteca Nacional, no
Rio de Janeiro, e de outros acervos e bibliotecas brasileiras, a obra completa, com ênfase nas peças de teatro, de José Ricardo
Pires de Almeida. O projeto será desenvolvido em duas fases: a) coleta de dados (cópia das peças existentes) e b) estudo,
organização e edição crítica da obra completa desse escritor..
Situação: Em andamento; Natureza: Pesquisa.
Alunos envolvidos: Graduação: (2) / Mestrado acadêmico: (1) .

Integrantes: Osmar Pereira Oliva - Coordenador.


2012 - 2015 As formas breves de Autran Dourado
Descrição: Este projeto pretende estudar e discutir as formas breves produzidas por Autran Dourado - o ensaio, o conto e a novela.
A investigação dos ensaios será feita a partir da crítica literária produzida por esse autor e publicada no Suplemento Literário de
Minas Gerais, com ênfase nos textos que discutem poética da narrativa, mitologia e mineiridade..
Situação: Concluído; Natureza: Pesquisa.
Alunos envolvidos: Graduação: (1) / Mestrado acadêmico: (1) .

Integrantes: Osmar Pereira Oliva - Coordenador / Elizabeth Marli Martins Pereira - Integrante / Jéssica Tairine Santos - Integrante.
2010 - 2012 Masculinidade e decadência nas Minas de Autran Dourado
Descrição: Estudo da trilogia "Lucas procópio", "Um cavalheiro de antigamente" e "Ópera dos mortos", de Autran Dourado, a partir
das relações paternas, das representações da masculinidade e das concepções teóricas de memória, melancolia e paternidade..
Situação: Concluído; Natureza: Pesquisa.
Alunos envolvidos: Graduação: (2) / Mestrado acadêmico: (2) .

Integrantes: Osmar Pereira Oliva - Coordenador.


Número de produções C, T & A: 7


2009 - 2010 Literatura e Imaginário II
Descrição: Este projeto pretende estudar as relações da Literatura Mineira com a Literatura Brasileira. Ênfase na religião, nos mitos,
na cultura e outras manifestações identitárias de Minas Gerais..
Situação: Concluído; Natureza: Pesquisa.
Alunos envolvidos: Graduação: (10) / Mestrado acadêmico: (5) .

Integrantes: Osmar Pereira Oliva - Coordenador / Maria Generosa Ferreira Souto - Integrante / Telma Borges da Silva - Integrante /
Anelito Pereira de Oliveira - Integrante / Rodrigo Guimarães Silva - Integrante.
Financiador(es): Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - Auxílio
financeiro.
2008 - 2010 Vozes do Gênero - feminino e feminismo na ficção de Rachel de Queiroz
Descrição: Esta pesquisa objetiva analisar as representações do feminino na ficção de Rachel de Queiroz. Procura refletir, também,
sobre as ressonâncias feministas e socialistas presentes na ficção dessa autora, ainda que Rachel tenha negado a sua filiação ao
femininismo e tenha permanecido pouco tempo filiada ao Partido Socialista Brasileiro. E mais, este projeto de pesquisa pretende
analisar a evolução da escrita de Rachel de Queiroz, do romance de tendência regionalista (O Quinze, João Miguel) ao romance
urbano, de feição psicologizante (As três Marias, O galo de ouro, Döra, Doralina)..
Situação: Concluído; Natureza: Pesquisa.
Alunos envolvidos: Graduação: (2) .

Integrantes: Osmar Pereira Oliva - Coordenador.


Número de produções C, T & A: 6


2007 - 2008 Literatura e Imaginário de Minas Gerais
Descrição: Este projeto pretende estudar as relações da Literatura Mineira com a Literatura Brasileira e com as literaturas de outras
nacionalidades. Ênfase na religião, nos mitos, na cultura e outras manifestações identitárias de Minas Gerais..
Situação: Concluído; Natureza: Pesquisa.
Alunos envolvidos: Graduação: (24) .

Integrantes: Osmar Pereira Oliva - Coordenador / Maria Generosa Ferreira Souto - Integrante / Ilca Vieira de Oliveira - Integrante /
Rita de Cássia Silva Dionísio - Integrante / Telma Borges da Silva - Integrante / Élcio Lucas de Oliveira - Integrante / Anelito Pereira
de Oliveira - Integrante / Dorival Souza Barreto Júnior - Integrante / Franscino Oliveira Silva - Integrante / Renato da Silva Dias -
Integrante.
Financiador(es): Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - Auxílio
financeiro / Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de Minas Gerais - Auxílio
financeiro.
2007 - 2008 Literatura montesclarense oitocentista: escrita, memórias e leituras
Descrição: Este projeto pretende fazer compilação, edição e estudos críticos de textos literários publicados de 1884 a 1892 no
jornal ?Correio do Norte?, de Montes Claros - MG. Objetiva, também, levantar informações referentes às leituras realizadas pelos
escritores nortemineiros que contribuíram para esse jornal, influenciados pela literatura francesa, inglesa e alemã..
Situação: Concluído; Natureza: Pesquisa.
Alunos envolvidos: Graduação: (2) .

Integrantes: Osmar Pereira Oliva - Coordenador.


2004 - 2007 Eça e Machado: Escrita, Memórias e Leituras
Descrição: Estudo Comparativo da obra de Eça de Queirós e Machado de Assis. Análise da dimensão fantástica na ficção desses
dois autores. A escrita sobre o Oriente. Influências..
Situação: Concluído; Natureza: Pesquisa.
Alunos envolvidos: Graduação: (4) .

Integrantes: Osmar Pereira Oliva - Coordenador / Andréia de Souza Oliveira - Integrante / Gabriele Bicheri Andrade - Integrante.

Número de produções C, T & A: 10


2003 - 2004 O corpo masculino na ficção de língua portuguesa do final do século XIX
Descrição: Análise das representações do corpo masculino na ficção de língua portuguesa do final do século XIX, estabelecendo
relações com o contexto histórico decadentista..
Situação: Concluído; Natureza: Pesquisa.
Alunos envolvidos: Graduação: (4) .

Integrantes: Osmar Pereira Oliva - Coordenador.


Número de produções C, T & A: 24


2001 - 2003 Literatura e Erotismo
Descrição: Análise de obras de língua portuguesa do século XIX, estabelecendo relações com o erotismo oitocentista - visto, em
algumas obras, sob a ótica preconceituosa dos discursos médico e jurista..
Situação: Concluído; Natureza: Pesquisa.
Alunos envolvidos: Graduação: (6) .

Integrantes: Osmar Pereira Oliva - Coordenador / Edwirgens Aparecida Ribeiro Lopes de Almeida - Integrante.

Projetos de extensão
2015 - 2016 Literatura Brasileira e processos criativos

Descrição: Este projeto pretende levar a bibliotecas públicas e universidades rodas de


conversas sobre os processos criativos da sua
própria produção literária e palestras e
colóquios sobre autores da literatura brasileira (Osmar Oliva, Carlos Drummond de
Andrade
e Milton Hatoum). Objetivos: Fomentar a leitura de textos literários. Promover o debate entre criador (autor) e leitores. Discutir os
processos criativos e o aproveitamento da memória na produção literária de Osmar Oliva, Carlos Drummond de Andrade e Milton
Hatoum..
Situação: Concluído; Natureza: Extensão.
Alunos envolvidos: Graduação: (60) / Mestrado acadêmico: (30) .

Integrantes: Osmar Pereira Oliva - Coordenador.


Financiador(es): Ministério da Cultura - Bolsa.

Membro de corpo editorial


2018 - Atual Periódico: REVISTA FÓRUM IDENTIDADES

2018 - 2018 Periódico: REVISTA ÁRTEMIS


2016 - Atual Periódico: Interdisciplinar
2016 - Atual Periódico: Educação, escola e sociedade
2015 - Atual Periódico: Seda - Revista de Letras da Rural do Rio de Janeiro
2012 - Atual Periódico: MIGUILIM - REVISTA ELETRÔNICA DO NETLLI
2010 - Atual Periódico: Contra-ponto
2009 - Atual Periódico: Araticum (Online)

Revisor de periódico
2000 - 2002 Periódico: Vínculo

2001 - 2005 Periódico: Unimontes científica

Áreas de atuação
1. Grande área: Lingüística, Letras e Artes / Área: Letras / Subárea: Literatura Brasileira.

2. Grande área: Lingüística, Letras e Artes / Área: Letras / Subárea: Crítica Literária.

Idiomas
Espanhol Compreende Bem, Fala Pouco, Lê Bem, Escreve Pouco.

Francês Compreende Bem, Fala Bem, Lê Bem, Escreve Bem.


Inglês Compreende Bem, Fala Razoavelmente, Lê Bem, Escreve Razoavelmente.

Prêmios e títulos
2000 Cidadão Honorário de Mirabela, Câmara Municipal de Mirabela.

1980 Menção honrosa II FECIBRAM, Escola Estadual Sant'Ana.

Produções
Produções

Produção bibliográfica

Artigos completos publicados em periódicos

Ordenar por

Ordem Cronológica

1. OLIVA, O. P.. Galo de Ouro e Memorial de Maria Moura: Rachel de Queiroz e as contradições do feminino - entre a independência e a conformação. REVISTA CRIAÇÃO & CRÍTICA,

v. 29, p. 91-104, 2021.


2. SILVA, P. L. ; OLIVA, O. P. . Trauma e testemunho em No exílio. TODAS AS MUSAS: REVISTA DE LITERATURA E DAS MÚLTIPLAS LINGUAGENS DA ARTE (ONLINE), v. 13, p. 28-36,

2021.
3. OLIVA, O. P.. Leituras de Jerusalém e da China em duas narrativas de Eça de Queirós. Interdisciplinar, v. 33, p. 155-171, 2020.

4. AZEVEDO, D. ; OLIVA, O. P. . A tradução cultural em Uma vida em segredo. CALEIDOSCOPIO, v. 4, p. 32-50, 2020.

5. DIAS, G. A. S. ; OLIVA, O. P. . Rachel Queiróz e Conceição de O Quinze: Mulheres que buscam refundar a tradição por meio da insubordinação feminina. Cadernos de Literatura

Comparada, v. 43, p. 75-75, 2020.


6.
OLIVA, O. P.. Entre rios e ruínas - José de Alencar leitor de Alexandre Herculano. NAU LITERÁRIA, v. 15, p. 3-18, 2019.

7. OLIVA, O. P.; SIQUEIRA, H. C. B. . Poética feminista e violência: uma leitura do conto 'Água', de Ana Paula Pacheco. IPOTESI (JUIZ DE FORA. ONLINE) , v. 23, p. 65-76,

2019.
8. OLIVA, O. P.; AZEVEDO, D. . Os espaços transitáveis e de memória de Biela em Uma vida em segredo. MIGUILIM - REVISTA ELETRÔNICA DO NETLLI, v. 8, p. 1-16, 2019.

9. OLIVA, O. P.. A marginalidade ficcional de Lúcia Miguel Pereira. REVISTA ELETRÔNICA ARATICUM, v. 19, p. 115-130, 2019.

10. OLIVA, O. P.. O corpo artístico - Homoerotismo em Morte em Veneza. REVISTA ELETRÔNICA ARATICUM, v. 17, p. 69-80o, 2018.

11. OLIVA, OSMAR PEREIRA. Judaísmo, Israel e as referências bíblicas em Elogio da sombra, de Jorge Luis Borges. Arquivo Maaravi , v. 12, p. 105-121, 2018.

12. REBELLO, IVANA FERRANTE ; OLIVA, OSMAR PEREIRA . Grande sertão: veredas em luz e sombra. O EIXO E A RODA (UFMG) , v. 27, p. 249-266, 2018.

13. OLIVA, O. P.; SOUTO, C. A. . Literatura infantil e ensino ? considerações sobre a dramaturgia de Oscar Von Pfuhl. Linguagem & Ensino (UCPel), v. 20, p. 241-262, 2017.

14. OLIVA, O. P.. Tempo e memória em O amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos. RECORTE (UNINCOR), v. 14, p. 1-15, 2017.

15. OLIVA, OSMAR PEREIRA. AMIZADE MASCULINA E HOMOEROTISMO EM DOM CASMURRO, DE MACHADO DE ASSIS. MACHADO DE ASSIS EM LINHA, v. 10, p. 74-93,

2017.
16. OLIVA, OSMAR PEREIRA. Do conceito de amizade em Platão, Aristóteles e Cícero. ContraPonto, v. 7, p. 192-200, 2017.

17. OLIVA, O. P.; PEREIRA, A. M. de A. . Identidade e alteridade no conto Maria Imaculada Rosário dos Santos, de Conceição Evaristo. REVELL ? REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS

DA UEMS , v. 3, p. 487-503, 2017.


18. OLIVA, O. P.. Travessias do 'Barco negro' - o sequestro da Mãe Negra. Interdisciplinar : Revista de Estudos em Língua e Literatura, v. 25, p. 77-94, 2016.

19. OLIVA, O. P.; PEREIRA, Elizabeth Marli M. . Personagens como metáforas - Um estudo de Ópera dos Mortos, de Autran Dourado. Revista Fórum Identidades, v. 19, p. 247-266,

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20. OLIVA, O. P.. Aforismos e ironia em A mão e a luva, de Machado de Assis. Araticum (Online), v. 12, p. 85-97, 2015.

21. OLIVA, O. P.. Procedimentos carnavalizantes em «A Brasileira de Prazins'. Colóquio. Letras , v. 186, p. 114-124, 2014.

22. OLIVA, O. P.. Rachel de Queiroz e o romance de 30: ressonâncias do feminismo e do socialismo. Cadernos Pagu (UNICAMP. Impresso), v. 43, p. 385-415, 2014.

23. SILVA, P. L. ; OLIVA, O. P. . Carmem e Beatriz: estilhaços de amor e ódio. Revista Fórum Identidades, v. 15, p. 159-169, 2014.

24. OLIVA, O. P.; RIBEIRO, Ana Gabriela G. . A gênese do romance O risco do bordado, de Autran Dourado. Darandina Revisteletrônica, v. 6, p. 1-20, 2013.

25. OLIVA, O. P.. Feminino, misticismo e liturgia na poética de Cruz e Souza. O Eixo e a Roda (UFMG) , v. 22, p. 75-85, 2013.

26. OLIVA, O. P.; PEREIRA, Elizabeth Marli M. . A poética barroca em Ópera dos mortos, de Autran Dourado. Recorte (UninCor), v. 10, p. 1-14, 2013.

27. OLIVEIRA, J. dos Santos. ; OLIVA, O. P. . A (DES) CONSTRUÇÃO DO DEFUNTO ESTRAMBÓTICO DE MACHADO : DA NARRAÇÃO AO VOICE - OVER. Revista Litteris, v. 1, p. 181-

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28. SILVA, P. L. ; OLIVA, O. P. . A via crúcis do corpo - caminhos percorridos pela crítica. Revista Memento, v. 4, p. 102-111, 2013.

29. OLIVA, O. P.. Da inocência à consciência - amor e crítica social e Romão e Julinha, de Oscar Von Pfhul. Revista Fórum Identidades, v. 12, p. 193-201, 2012.

30.
OLIVA, O. P.. Machado de Assis historiador? Memórias da escravidão, da República e de Canudos nas crônicas de 'A semana'. Matraga (Rio de Janeiro) , v. 19, p. 265-283,

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31. OLIVA, O. P.. Linguagem e mundo: Wittgenstein e Manoel de Barros. Crítica Cultural , v. 6, p. 77-83, 2011.

32. OLIVA, O. P.. Nós confessamos - As viúvas de Machado de Assis e de Guimarães Rosa. Glauks (UFV), v. 11, p. 109-121, 2011.

33. VIEIRA, J. C. ; OLIVA, O. P. . Crime e libertação - um estudo de A maçã no escuro, de Clarice Lispector. Revista de Letras (UNESP. Online) , v. 51, p. 171-190, 2011.

34. CAMPOS, A. S. L. ; OLIVA, O. P. . Todas as cores do sertão: Machado de Assis, leitor de Coelho Neto. Linguasagem (São Paulo), v. 1, p. 1-7, 2010.

35. OLIVA, O. P.. Dôra, Doralina - o eterno feminino ou um louvado para o amor. Diadorim (Rio de Janeiro), v. 7, p. 145-158, 2010.

36. OLIVA, O. P.. Literatura oitocentista montes-clarense: escrita, memórias e leituras. Darandina Revisteletrônica, v. 1, p. 1-12, 2009.

Citações: 1
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38. Gonçalves, Marina Leite. ; OLIVA, O. P. . Os óculos de Pedro Antão: confluências na poética de Edgar Allan Poe e Machado de Assis. Espelho (Porto Alegre), v. v, p. 19, 2009.

39. OLIVA, O. P.. Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Eça de Queirós, e a imigração chinesa: Qual medo?. Revista da ANPOLL , v. 2, p. 65-84, 2008.

40. OLIVA, O. P.. Metamorfoses dos narradores machadianos- entre defuntos, burros e filósofos.. O Eixo e a Roda (UFMG) , v. 16, p. 99-109, 2008.

41. OLIVA, O. P.. ?Clarice e Rosa ? nas brumas da infância reinventada?. Verbo de Minas , v. 6, p. 35-44, 2007.

42. OLIVA, O. P.; ALMEIDA, E. A. R. L. . Literatura e História: Representação Feminina no Século XIX, em Memórias de Um Sargento de Milícias. Caderno Espaço Feminino (UFU),

Uberlândia, p. 31-42, 2006.


43. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, A. S. . A simbólica da lua no conto "O defunto", de Eça de Queirós. Vínculo (Unimontes), v. 7, p. 103-113, 2006.

44. OLIVA, O. P.. Transgressão, violência e pornografia na ficção de Rubem Fonseca. UNIMONTES Científica, Montes Claros, v. 6, p. 39-50, 2005.

45. OLIVA, O. P.. Autores Luso-brasileiros: verbete Eça de Queirós. Convergência Lusíada, Rio de Janeiro, p. 380-383, 2005.

46. OLIVA, O. P.. Literatura Comparada - O lócus da errância. Revista do ISAT, Rio de Janeiro, v. 1, p. 15-22, 2005.

47. OLIVA, O. P.. Eça e Machado - escrita, memórias e leituras. Vínculo (Unimontes), Montes Claros - MG, 2004.

48. OLIVA, O. P.. Helder Macedo, leitor de Machado de Assis. Revista de Letras da Universidade Federal do Paraná, Curitiba - PR, p. 94-100, 2003.

49. OLIVA, O. P.. O corpo e a nação - o imaginário português na ficção de Eça de Queirós e nos discursos de Salazar. Anais do XIX Encontro Brasileiro de Professores de Literatura

Portuguesa - ABRAPLIP, Curitiba - PR, 2003.


50. OLIVA, O. P.. A Capital - Homossociabilidade e Interesse. Vínculo (Unimontes), Montes Claros -MG, v. 2, n.2, p. 83-97, 2002.

51. OLIVA, O. P.. O discurso religioso na poesia de Míriam Carvalho, Adélia Prado e Hilda Hilst. Vínculo (Unimontes), Montes Claros - MG, v. 3, n.3, p. 7-20, 2002.

52. OLIVA, O. P.. O corpo andrógino - inscrições do masculino em Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha. UNIMONTES Científica, Montes Claros - MG, v. v, n.2, p. 67-75, 2002.

53. OLIVA, O. P.. A Cidade e as Serras - Restaurando a Casa Portuguesa. UNIMONTES Científica, Montes Claros- MG, v. 2, n.2, p. 39-47, 2001.

54. OLIVA, O. P.. Rubem Fonseca - A tentativa de apreensão do real. Vínculo (Unimontes), Montes Claros -MG, v. 1, n.1, p. 57-67, 2000.

55. OLIVA, O. P.. O Homoerotismo n'A Correspondência de Fradique Mendes. Boletim. Centro de Estudos Portugueses, Faculdade de Letras da UFMG, Belo Horizonte-MG, v. 20, n.20,

p. 211-221, 2000.
56. OLIVA, O. P.. Agosto e o Discurso Marginal Fonsequiano. Em Tese (Belo Horizonte), Belo Horizonte -MG, v. 4, n.4, p. 67-74, 2000.

Livros publicados/organizados ou edições


1. OLIVA, O. P.. Pequenas histórias de amor e de morte. 1. ed. Montes Claros: Editora Millennium, 2021. v. 1. 100p .

2. OLIVA, OSMAR PEREIRA. Igreja de Deus Avivamento Bíblico - Uma história. 1. ed. Montes Claros: Caminhos Iluminados, 2018. v. 1. 132p .

3. OLIVA, O. P.. Iniciação à crítica literária. 1. ed. Belo Horizonte - MG: O Lutador, 2017. v. 1. 316p .

4. PAVANELO, L. M. (Org.) ; SIMON, M. C. P. (Org.) ; OLIVA, O. P. (Org.) ; OLIVEIRA, P. F. M. (Org.) . Marginalidades femininas - a mulher na literatura e na cultura brasileira e

portuguesa. 1. ed. Montes Claros: Editora Unimontes, 2017. v. '. 314p .


5. ORG., O. P. O. (Org.) ; OLIVA, O. P. (Org.) . Contemplações de Minas Gerais na Literatura. 1. ed. Belo Horizonte: Editora O Lutador, 2017. v. 1. 224p .

6. OLIVA, O. P.. A escrita em mosaico: Machado de Assis e as crônicas de A semana. 1. ed. Montes Claros: Editora Unimontes, 2017. v. 1. 126p .

7. ORG., O. P. O. (Org.) ; OLIVA, O. P. (Org.) . Literatura, Memória, Esquecimento. 1. ed. Belo Horizonte - MG: O Lutador, 2016. v. 1. 145p .

8. ORG., O. P. O. (Org.) ; OLIVA, O. P. (Org.) . Brasil e Portugal nos oitocentos: crítica, imprensa e ficção. 1ª. ed. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2015. v. 1. 266p .

9. OLIVA, O. P.. Livro de Gênesis. 1. ed. Montes Claros: Editora da Unimontes, 2014. v. 1. 25p .

10. ORG., O. P. O. (Org.) ; OLIVA, O. P. (Org.) . Tradições e traduções. 1. ed. Montes Claros - MG: Editora da Unimontes, 2014. v. 1. 351p .

11. ORG., O. P. O. (Org.) ; OLIVA, O. P. (Org.) . Ensaios críticos de formação. 1. ed. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2014. v. 1. 283p .

12. OLIVA, O. P.. Crítica Literária de Formação. 1. ed. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2014. v. 1. 152p .

13. OLIVA, O. P.. Literatura, vazio e danação. 1. ed. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2013. v. 1. 302p .

14. SILVEIRA, Y. (Org.) ; OLIVA, O. P. (Org.) . Montes Claros - Crônicas. 1. ed. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2012. v. 1. 186p .

15. OLIVEIRA, I. V. (Org.) ; REBELO, I. F. (Org.) ; OLIVA, O. P. (Org.) . Brasil, Portugal e África: ensaios críticos sobre poesia e prosa. 1. ed. Montes Claros - MG: Editora Unimontes,

2012. v. 1. 216p .
16. OLIVA, O. P.. Minas e o Modernismo. 1. ed. Montes Claros: Editora Unimontes, 2012. v. 1. 253p .

17. ORG., O. P. O. (Org.) ; OLIVA, O. P. (Org.) . Vozes do gênero - autoria e representações. 1ª. ed. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2011. v. 1. 160p .

18. OLIVA, O. P.. Cartas para Mariana. 1. ed. Montes Claros: Editora da Unimontes, 2011. v. 1. 98p .

19. OLIVA, O. P.. Monumentos de palavras. 1ª. ed. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2010. v. 1. 54p .

20. ORG., O. P. O. (Org.) ; OLIVA, O. P. (Org.) . Diálogos com a tradição - permanência e transformações. 1. ed. Montes Claros - MG: Editora da Unimontes, 2010. v. 1. 260p .

21. OLIVA, O. P.. Livro sem destino. 1. ed. Montes Claros: Editora da Unimontes, 2010. v. 1. 59p .

22. ORG., O. P. O. (Org.) ; OLIVA, O. P. (Org.) . Corpo e mito - ensaios sobre o conto brasileiro contemporâneo. 1ª. ed. Montes Claros - MG: Editora da Unimontes, 2010. v. 1. 214p .

23. OLIVA, O. P.. Os nortes e os sertões literários do Brasil. 1ª. ed. Montes Claros - MG: , 2009. v. 1. 256p .

24. OLIVA, O. P.. Poemas do abismo & alguns ecos de Minas. 1ª. ed. Montes Claros - MG: Editora da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, 2008. v. 1. 143p .

25. ORG., O. P. O. (Org.) ; OLIVA, O. P. (Org.) . Machado de Assis e as suas múltiplas vozes. 1ª. ed. Montes Claros - MG: Editora da Unimontes, 2008. v. 1. 230p .

26. ORG., O. P. O. (Org.) ; OLIVA, O. P. (Org.) . Escritores mineiros e contemplações de Minas. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2007. v. 01. 324p .

27.
OLIVA, O. P.. Agosto: A ficção conta a história. Montes Claros: Editora da Unimontes, 2006. v. 01. 175p .

28. ORG., O. P. O. (Org.) ; OLIVA, O. P. (Org.) . Balaio de Gatos - Ensaios de Literatura Comparada. Montes Claros: Editora Unimontes, 2006. v. 01. 170p .

29. OLIVA, O. P.. Contos de Escravos de Machado de Assis. Montes Claros: Editora Unimontes, 2005. 75p .

30. OLIVA, O. P.. Canção Oblíqua. Montes Claros: Editora Unimontes, 2004. 86p .

31. OLIVA, O. P.. As Esquinas dos Homens. 1ª. ed. Montes Claros - MG: Editora da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, 2003. v. 01. 87p .

32. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, I. V. (Org.) ; SOUTO, M. G. F. (Org.) . Escritas do corpo, da terra e do imaginário. 1ª. ed. Montes Claros - MG: Editora da Unimontes, 2003. v. 01. 201p .

33. OLIVA, O. P.. Vínculo - Revista de Letras da Unimontes v.1.n.1. 03. ed. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2002. v. 200. 252p .

34. OLIVA, O. P.; MORAES, C. R. A. ; OLIVEIRA, I. V. ; PIMENTA, M. N. R. . Resolução e comentário das provas 2/2000 e 1/2001- processo seletivo da UNIMONTES. 01. ed. Montes

Claros -MG: Editora Unimontes, 2001. v. 01. 102p .


35. OLIVA, O. P.; ORG., O. P. O. (Org.) . Vínculo - Revista de Letras da Unimontes v.2 n.2. 01. ed. Montes Claros-MG: Editora Unimontes, 2000. v. 01. 121p .

Capítulos de livros publicados


1. OLIVA, O. P.. Entre rios e ruínas ? José de Alencar leitor de Alexandre Herculano. In: Luciene Marie Pavanelo; Paulo Motta Oliveira. (Org.). A História brasileira na ficção do século

XIX : o Guarani e outros escritos. 1ed.Rio de Janeiro: Editora Raquel, 2020, v. 1, p. 57-79.
2. OLIVA, O. P.; PEREIRA, A. M. de A. . Identidade e alteridade no conto Maria Imaculada Rosário dos Santos, de Conceição Evaristo. In: Constância Lima Duarte; Cristiane Côrtes;

Juliana Borges Oliveira de Morais; Natália Fontes de Oliveira. (Org.). Mulheres em Letras - Diáspora, memória, resistência. 1ed.Viçosa - MG: As organizadores, 2019, v. 1, p. 252-
266.
3. OLIVA, O. P.; SIQUEIRA, H.C.B. . Masculinidade em conflito e homofobia: uma leitura de um lugar ao sol, de Erico Verissimo. In: SILVA, Erika Karla Barros da Costa da. (Org.).

Leitura, literatura e linguagens. 1ed.Campo Grande: Inovar, 2019, v. 1, p. 145-158.


4.

J. M. Aguiar ; OLIVA, O. P. . Tragicidade passional em Amor de Perdição. In: Antônio Carlos Costa Júnior; Heidy Cristina Boaventura Siqueira. (Org.). Caminhos das Letras -
estudos críticos de literatura. 1ed.Montes Claros: Caminhos Iluminados, 2019, v. 1, p. 239-255.
5. SOARES, D. R. ; OLIVA, O. P. . Queridinha da família - a violação da infância feminina. In: COSTA, Amanda Stephanie Rodrigues; CASTRO, Mably Lopes. (Org.). Vozes-mulheres:

escrita feminina, memória, espaços e outros ensaios. 1ed.Montes Claros: Caminhos Iluminados, 2018, v. 1, p. 17-29.
6. OLIVA, O. P.. A "marginalidade" ficcional de Lúcia Miguel Pereira e seu diálogo com Eça de Queirós. In: OLIVA, O. P., PAVANELO, L. M., SIMON, M. C. P., OLIVEIRA, P. F. M.. (Org.).

Marginalidades femininas - a mulher na literatura e na cultura brasileira e portuguesa. 1ed.Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2017, v. 1, p. 97-110.
7. OLIVA, O. P.. Escatologia e erotismo na poesia de Darcy Ribeiro. Contemplações de Minas Gerais na Literatura. 1ed.Belo Horizonte - MG: O lutador, 2017, v. 1, p. 150-162.

8. OLIVA, O. P.. Machado, Camilo e Eça - devaneios em torno do conto "O diplomático". In: Paulo Motta Oliveira; Luciene Marie Pavanelo. (Org.). Diálogos possíveis: Camilo Castelo

Branco, Machado de Assis e a literatura do século XIX. 1ed.São Paulo: 7Letras, 2016, v. 1, p. 106-115.
9. OLIVA, O. P.. A fome da escrita - paratextos, no quarto de despejo de Carolina Maria de Jesus. In: Aline Alves Arruda; Iara Christina Silva Barroca; Luana Tolentino; Maria Inês

Marreco. (Org.). Memorialismo e resistência - estudos sobre Carolina Maria de Jesus. 1ed.Jundiaí - São Paulo: Paco Editorial, 2016, v. 1, p. 129-138.
10. OLIVA, O. P.. O ninho da serpente - Autran Dourado nos arquivos da biblioteca de João Luiz Lafetá. In: Osmar Pereira Oliva. (Org.). Literatura, Memória, Esquecimento. 1ed.Belo

Horizonte - MG: O Lutador, 2016, v. 1, p. 113-128.


11. OLIVA, O. P.. Aforismos e ironia em A mão e a luva, de Machado de Assis. In: Osmar Pereira Oliva. (Org.). Brasil e Portugal nos oitocentos: crítica, imprensa e ficção. 1ed.Montes

Claros - MG: Editora Unimontes, 2015, v. 1, p. 211-228.


12. OLIVA, O. P.. Rachel de Queiroz e as contradições do feminino - entre a independência e a conformação. In: Constância Lima Duarte; Cláudia Maia; Laile Ribeiro de Abreu; Iara

Cristina Silva Barroca; Maria de Fátima Moreira Peres. (Org.). Arquivos femininos: literatura, valores, sentidos. 1ªed.Santa Catarina: Editora Mulheres, 2014, v. 1, p. 143-158.
13. OLIVA, O. P.. Narrar e trair-se - a formação filosófica e literária de Autran Dourado em Um mestre aprendiz. In: Osmar Pereira Oliva. (Org.). Tradições e traduções. 1ed.Montes

Claros - MG: Editora da Unimontes, 2014, v. 1, p. 283-293.


14. OLIVA, O. P.; SOUTO, C. A. . Iaiá Garcia - O xeque-mate de Machado de Assis. In: Osmar Pereira Oliva. (Org.). Ensaios críticos de formação. 1ed.Montes Claros - MG: Editora

Unimontes, 2014, v. 1, p. 43-64.


15. Gonçalves, Marina Leite. ; OLIVA, O. P. . Masculinidade e elite imperial brasileira: uma reinterpretação das obras Ressurreição, A mão e a luva, Helena e Iaiá Garcia. In: Ilca Vieira

de Oliveira; Elcio Lucas. (Org.). Literatura e criação literária - Ensaios críticos. 1ed.Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2014, v. 1, p. 241-250.
16.
OLIVA, O. P.. Filosofia e estética da amizade nos contos de Machado de Assis. In: Ilca Vieira de Oliveira; Elcio Lucas. (Org.). Literatura e criação literária - Ensaios críticos.

1ed.Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2014, v. 1, p. 251-283.


17. OLIVA, O. P.. Fúria de jagunços - Dois episódios de danação em Grande Sertão: Veredas. In: Osmar Pereira Oliva. (Org.). Literatura, vazio e danação. 1ed.Montes Claros - MG:

Editora Unimontes, 2013, v. 1, p. 243-256.


18. OLIVA, O. P.. Poeticamente Rosa e Clarice habitaram este mundo. In: CAMARGO, Fábio Figueiredo; TONDINELLI, Patrícia Goulart; BORGES, Telma.. (Org.). Ser tao João. 1ªed.São

Paulo: Annablume, 2012, v. 1, p. 155-166.


19. OLIVA, O. P.. A terceira margem do desejo: Bom-crioulo e O Barão de Lavos. In: MOREIRA, Adailson; BEZERRA, Carlos Eduardo; SILVA, Telma Maciel da. (orgs).. (Org.). Arco-íris

revisitado: diversidade sexual em pauta. 1ed.Porto Alegre: Escandalo, 2012, v. 1, p. 215-232.


20. OLIVA, O. P.. Carta ao dr. Cincinato ou carta ao meu pai? Uma perspectiva psicanalítica em Autran Dourado. In: Osmar Pereira Oliva (org). (Org.). Minas e o Modernismo.

1ed.Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2012, v. 1, p. 197-212.


21. OLIVA, O. P.. Fuga em espelhos - o romance-invenção de Guiomar de Grammont. In: OLIVA, Osmar Pereira.. (Org.). Vozes do gênero - Autoria e representações. 1ªed.Montes

Claros - MG: Editora Unimontes, 2011, v. 1, p. 119-130.


22. SOUZA, Elise Aparecida de Oliveira. ; OLIVA, O. P. . A representação do feminino - a irmã como mediadora na construção da identidade masculina em "Fraternidade", de Nélida

Piñon.. In: Osmar Pereira Oliva. (Org.). Corpo e Mito - Ensaios sobre o conto brasileiro contemporâneo. 1ªed.Montes Claros - MG: Editora da Unimontes, 2010, v. 1, p. 23-35.
23. Gonçalves, Marina Leite. ; OLIVA, O. P. . A mão e a luva - inatividade e ação: o duplo e suas múltiplas. In: OLIVA, Osmar Pereira.. (Org.). Diálogos com a tradição : permanência e

transformações. 1ed.Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2010, v. 1, p. 173-190.


24. OLIVA, O. P.. Reinscrições do feminino: Capitu e Maria Eduarda, por. In: OLIVA, Osmar Pereira.. (Org.). Diálogos com a tradição - permanência e transformações. 1ed.Montes

Claros - MG: Editora Unimontes, 2010, v. 1, p. 191-204.


25. OLIVA, O. P.. Esse povo do deserto: os sertões de Minas Gerais nos relatos de viagem de Auguste de Saint-Hilaire, George Gardner, Richard Burton e Maurice Gaspar. In: Oliva,

Osmar Pereira.. (Org.). Os nortes e os sertões literários do Brasil. 1ªed.Montes Claros - MG: Editora da Unimontes, 2009, v. 1, p. 185-203.
26. OLIVA, O. P.. Eça e Machado e as reescritas do livro de Gênesis. In: OLIVEIRA, Paulo Fernando da Motta de.. (Org.). Figurações do oitocentos. São Paulo: Ateliê Editorial, 2008, v.

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27. OLIVA, O. P.. Metamorfoses dos narradores machadianos - entre burros, defuntos e filósofos. In: OLIVA, Osmar Pereira. (0rg.). (Org.). Machado de Assis e as suas múltiplas

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28. ROCHA, Héllen Cristina P. ; SOARES, Renata Aparecida. ; OLIVA, O. P. . O psiu-poético e a afrodescendência: uma análise de Georgino Júnior e a poética da participação. In: José

Paulo Ferreira Gomes. (Org.). Brasil afroatitude: negros sim, por que não?. 1ed.Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2008, v. 1, p. 191-200.
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OLIVA, O. P.. A intelectualidade mineira na poética de Gilberto Mendonça Teles. In: Eliane Vasconcellos. (Org.). A plumagem dos nomes - Gilberto: 50 anos de literatura.
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30. ORG., O. P. O. ; OLIVA, O. P. . Minha dolorosa vida de menina - uma leitura de "Maria Clara", de Nazinha Coutinho. In: Osmar Pereira Oliva. (Org.). Escritores mineiros e

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31. OLIVA, O. P.. Literatura Comparada - Um lugar de muitos saberes. In: OLIVA, Osmar Pereira (org.). (Org.). Balaio de Gatos - Ensaios de Literatura Comparada. Montes Claros:

Editora Unimontes, 2006, v. 01, p. 07-11.


32. OLIVA, O. P.. Áfricas Flutuantes - A Correspondência de Fradique Mendes e Nação Crioula. In: OLIVA, Osmar Pereira (org.). (Org.). Balaio de Gatos - Ensaios de Literatura

Comparada. Montes Claros: Editora Unimontes, 2006, v. 01, p. 13-39.


33.
OLIVA, O. P.. O corpo e a nação - o imaginário português na ficção de Eça de Queirós e nos discursos de Salazar. In: FERNANDES, Annie Gisele; OLIVEIRA, Paulo Motta.

(Org.). Literatura Portuguesa Aquém-Mar. Campinas: Komedi, 2005, v. , p. 123-134.


34. OLIVA, O. P.. Homoerotismo, gênero e representação. In: Oliva, Osmar P.; Oliveira, Ilca V.; Souto, Maria G. F. S.. (Org.). Escritas do corpo, da terra e do imaginário. 1ªed.Montes

Claros - MG: Editora Unimontes, 2003, v. 01, p. 07-85.


35. OLIVA, O. P.. Bricabraques, bordados e rendas: gênero e identidade em Os Maias. In: DUARTE, Constância Lima; SCARPELLI, Marli Fantini. (Org.). Gênero e Representação nas

Literaturas de Portugal e África - Coleção Mulher & Literatura - Volume III. 01ed.Belo Horizonte - Minas Gerais: Editora da UFMG, 2002, v. III, p. 169-175.
36. OLIVA, O. P.; ORG., S. R. J. I. M. S. F. A. . Essas Interdições de Eros. In: Sílvio Renato Jorge; Ida Maria Santos Ferreira Alves. (Org.). A palavra Silenciada. 01ed.Sobrado -RJ: Vício

de Leitura, 2001, v. 01, p. 189-199.


37. OLIVA, O. P.. A representação do masculino na Correspondência de Fradique Mendes. In: DUARTE, Lélia Parreira; OLIVEIRA, Paulo Motta; OLIVEIRA, Silvana Pessôa. (Org.).

Encontros Prodigiosos. Belo Horizonte - MG: Editora UFMG/PUCMinas, 2001, v. II, p. 990-998.

Textos em jornais de notícias/revistas


1. OLIVA, O. P.. Novo romantismo ou alienação?. Jornal de Notícias, Montes Claros - MG, p. 2 - 2, 31 out. 2010.

2. OLIVA, O. P.. A traição de Capitu. Gazeta norte mineira, Montes Claros - MG, p. 2 - 2, 17 dez. 2008.

3. OLIVA, O. P.. Dossiê Afrografias Brasileiras: memória, cultura e sociedade. Unimontes Científica, Montes Claros - MG, p. 11 - 12, 12 dez. 2006.

4. OLIVA, O. P.. Errância. Mouvances, Canadá, 01 abr. 2006.

5. OLIVA, O. P.. Errance. Mouvances, Canadá, 01 abr. 2006.

6. OLIVA, O. P.. Canção para lembrar o outro: A procura da palavra e o feminino na poesia. Jornal do Norte - Montes Claros-MG, Montes Claros -MG, p. 02 - 02, 09 dez. 1998.

Trabalhos completos publicados em anais de congressos


1. OLIVA, O. P.; BATISTA, A. H. . José Ricardo Pires de Almeida - leitor das Metamorfoses, de Ovídio. In: XII Seminário Nacional de Literatura Brasileira - Leitura literária:

representações do autor e do leitor, 2018, Montes Claros. Anais do XII Seminário Nacional de Literatura Brasileira - Leitura literária: representações do autor e do leitor. Montes
Claros: Editora da Unimontes, 2018. v. XII. p. 50-60.
2. OLIVA, O. P.; AZEVEDO, D. . Do romance histórico ao romance moderno: marcas do patriarcado em Uma vida em segredo. In: XII Seminário Nacional de Literatura Brasileira -

Leitura literária ? Representações do autor e do leitor, 2018, Montes Claros. Anais do XII Seminário Nacional de Literatura Brasileira - Leitura literária ? Representações do autor e
do leitor. Montes Claros: Editora Unimontes, 2018. v. XII. p. 157-174.
3. OLIVA, O. P.; FIGUEIREDO, F. M. O. . As vozes que ecoam do sobrado: Um diálogo possível entre William Faulkner e Autran Dourado. In: XII Seminário Nacional de Literatura

Brasileira - Leitura literária ? Representações do autor e do leitor, 2018, Montes Claros. Anais do XII Seminário Nacional de Literatura Brasileira - Leitura literária ? Representações
do autor e do leitor. Montes Claros: Editora da Unimontes, 2018. v. XII. p. 214-230.
4. OLIVA, O. P.; SIQUEIRA, H. C. B. . Amaro, personagem de Érico Veríssimo, leitor de John Keats - uma leitura de Clarissa. In: XII Seminário Nacional de Literatura Brasileira -

Leitura literária ? Representações do autor e do leitor, 2018, Montes Claros. Anais do XII Seminário Nacional de Literatura Brasileira - Leitura literária ? Representações do autor e
do leitor. Montes Claros: Editora da Unimontes, 2018. v. XII. p. 231-241.
5. FIGUEIREDO, F. M. O. ; OLIVA, O. P. . Feminino e espacialidade em 'Ópera dos mortos' e 'A rose for Emily'. In: XI Seminário de Literatura Brasileira - Escritores Mineiros e outras

contemplações de Minas, 2017, Montes Claros. Anais do XI Seminário de Literatura Brasileira - Escritores Mineiros e outras contemplações de Minas. Montes Claros: Editora
Unimontes, 2017. v. 1. p. 135-147.
6. SOUTO, C. A. ; OLIVA, O. P. . O metateatro em 'Seis bichos à procura de uma história' e 'Seis personagens em busca de um autor'. In: XI Seminário de Literatura Brasileira -

Escritores mineiros e outras contemplações de Minas, 2017, Montes Claros. Anais do XI Seminário de Literatura Brasileira - Escritores mineiros e outras contemplações de Minas.
Montes Claros: Editora Unimontes, 2017. v. 1. p. 34-46.
7. AZEVEDO, D. ; OLIVA, O. P. . 'Uma vida em segredo' e 'A hidden life' - alteridade e despersonalização de Prima Biela. In: XI Seminário de Literatura Brasileira - Escritores mineiros

e outras contemplações de Minas, 2017, Montes Claros. Anais do XI Seminário de Literatura Brasileira - Escritores mineiros e outras contemplações de Minas. Montes Claros: Editora
Unimontes, 2017. v. 1. p. 65-76.
8. OLIVA, O. P.; Antunes, C. . Ponciá Vicêncio - o negro na sociedade pós-escravocrata. In: IX Seminário de Literatura Brasileira - O romance oitocentista - diversidade e variações,

2015, Montes Claros - MG. Anais do IX Seminário de Literatura Brasileira - O romance oitocentista - diversidade e variações. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2015. v. 1. p.
1-9.
9. OLIVA, O. P.; SOUTO, C. A. . Moral e consciência em Romão e Julinha, de Oscar Von Phful. In: IX Seminário de Literatura Brasileira - O romance oitocentista - diversidade e

variações, 2015, Montes Claros - MG. Anais do IX Seminário de Literatura Brasileira - O romance oitocentista - diversidade e variações. Montes Claros - MG: Editora Unimontes,
2015. v. 1. p. 78-94.
10. OLIVA, O. P.; SOARES, D. R. . O encarceramento do desejo pedofílico- uma leitura do conto Mr. Moore, de Autran Dourado. In: IX Seminário de Literatura Brasileira - O romance

oitocentista - diversidade e variações, 2015, Montes Claros - MG. Anais do IX Seminário de Literatura Brasileira - O romance oitocentista - diversidade e variações. Montes Claros -
MG: Editora Unimontes, 2015. v. 1. p. 107-117.
11. OLIVA, O. P.; FREITAS, L.A.P. . A flauta e o flautim - uma metáfora musical para a homossexualidade. In: IX Seminário de Literatura Brasileira - O romance oitocentista - Variações

e diversidades, 2015, Montes Claros - MG. Anais do IX Seminário de Literatura Brasileira - O romance oitocentista - Variações e diversidades. Montes Claros - MG: Editora
Unimontes, 2015. v. 1. p. 263-283.
12. FREITAS, L.A.P. ; OLIVA, O. P. . Tradução, moral e consciência em The Circus of Puppets, de Oscar Von Pfuhl. In: VIII Seminário de Literatura Brasileira - Tra(d)ições e Traduções,

2014, Montes Claros - MG. Anais do VIII Seminário de Literatura Brasileira - Tra(d)ições e Traduções. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2014. v. 1. p. 1-10.
13. SOARES, D. R. ; OLIVA, O. P. . O sentimento pedofílico ? uma leitura do conto ?Mulher menina mulher?, de Autran Dourado. In: VIII Seminário de Literatura Brasileira -

Tra(d)ições e Traduções, 2014, Montes Claros - MG. Anais do VIII Seminário de Literatura Brasileira - Tra(d)ições e Traduções. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2014. v. 1. p.
1-11.
14. LOPES, Patrícia. ; OLIVA, O. P. . Da pureza à carnalidade: os desejos de Miss Algrave. In: VIII Seminário de Literatura Brasileira - Tra(d)ições e Traduções, 2014, Montes Claros -

MG. Anais do VIII Seminário de Literatura Brasileira - Tra(d)ições e Traduções. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2014. v. 1. p. 1-6.
15. OLIVA, O. P.. A fome da escrita - paratextos no Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. In: VI Colóquio Mulheres em Letras - Literatura e Diversidade, 2014, Belo

Horizonte - MG. Anais do VI Colóquio Mulheres em Letras - Literatura e Diversidade. Belo Horizonte - MG: Editora da UFMG, 2014. v. 1. p. 199-205.
16. LOPES, Patrícia. ; OLIVA, O. P. . DAS GOTAS DE SANGUE A VERMELHIDÃO DA CARNE: A FERIDA CRIADORA DE CLARICE LISPECTOR. In: VII Seminário Internacional de

Literatura Brasileira LITERATURA, VAZIO E DANAÇÃO, 2013, Montes Claros - MG. Anais do VII Seminário Internacional de Literatura Brasileira LITERATURA, VAZIO E DANAÇÃO.
Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2013. v. 1. p. 1-11.
17. VIEIRA, L. R. ; OLIVA, O. P. . O DIÁRIO DE MEDÉIA: UMA LEITURA DA MULHER PÓS-MODERNA EM GUIOMAR DE GRAMMONT. In: VII Seminário Internacional de Literatura

Brasileira LITERATURA, VAZIO E DANAÇÃO, 2013, Montes Claros - MG. Anais do VII Seminário Internacional de Literatura Brasileira LITERATURA, VAZIO E DANAÇÃO. Montes
Claros - MG: Editora Unimontes, 2013. v. 1. p. 1-12.
18. MACHADO, D. S. ; OLIVA, O. P. . VIOLÊNCIA E CRIME DE MULHERES EM RACHEL DE QUEIROZ ? UMA LEITURA DE JOÃO MIGUEL. In: VII Seminário Internacional de Literatura

Brasileira - Literatura, Vazio e Danação, 2013, Montes Claros - MG. Anais do VII Seminário Internacional de Literatura Brasileira - Literatura, Vazio e Danação. Montes Claros - MG:
Editora Unimontes, 2013. v. 1. p. 1-6.
19. PEREIRA, Elizabeth Marli M. ; OLIVA, O. P. . ROSALINA E QUIQUINA: SOLIDÃO E TRAGÉDIA. In: VII Seminário internacional de Literatura Brasileira - literatura, vazio e danação,

2013, Montes Claros - MG. Anais do VII Seminário internacional de Literatura Brasileira - literatura, vazio e danação. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2013. v. 1. p. 1-8.
20. SANTOS, Jéssica Tairine. ; OLIVA, O. P. . ISALTINA ENSOMBRA O FILHO: UMA LEITURA DE UM CAVALHEIRO DE ANTIGAMENTE, DE AUTRAN DOURADO. In: VII Seminário

Internacional de Literatura Brasileira - literatura, vazio e danação, 2013, Montes Claros - MG. Anais do VII Seminário Internacional de Literatura Brasileira - literatura, vazio e
danação. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2013. v. 1. p. 1-10.
21. OLIVEIRA, J. dos Santos. ; OLIVA, O. P. . A TRADUÇÃO DO NARRADOR - PERSONAGEM BRÁS CUBAS NO FILME MEMÓRIAS PÓSTUMAS, DE ANDRÉ KLOTZEL. In: VII Seminário

Internacional de Literatura Brasileira - Literatura, Vazio e Danação, 2013, Montes Claros - MG. Anais do VII Seminário Internacional de Literatura Brasileira - Literatura, Vazio e
Danação. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2013. v. 1. p. 1-14.
22. OLIVA, O. P.; LOPES, Patrícia. . Sabor e dessabor: o martírio do corpo em Ruído de Passos e Mas vai chover, de Clarice Lispector. In: XII semana de Letras da UFOP, 2013, Ouro

Preto. Anais da XII semana de Letras da UFOP - pluralidade da memória, literatura, tradução e práticas discursivas. Ouro Preto: Editora da UFOP, 2013. v. 1. p. 1-6.
23. OLIVA, O. P.. Sombras do cristianismo em 'Sudário', de Guiomar de Grammont. In: V Colóquio Mulheres em Letras, 2013, Belo Horizonte - MG. V Colóquio Mulheres em Letras -

Escrituras, valores, sentidos. Belo Horizonte - MG: Editora da UFMG, 2014. v. 1. p. 1-10.
24. OLIVA, O. P.. Sombras do cristianismo em Sudário, de Guiomar de Grammont. In: V Colóquio Mulheres em Letras, 2013, Belo Horizonte. Anais do V Colóquio Mulheres em Letras.

Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013. v. v. p. 506-515.


25. OLIVA, O. P.. Rachel de Queiroz e as contradições do feminino - entre a independência e a conformação. In: V Colóquio Mulheres em Letras, 2013, Belo Horizonte. Anais do V

Colóquio Mulheres em Letras. Belo Horizonte - MG: Editora da UFMG, 2013. v. v. p. 516-526.
26. SANTOS, Jéssica Tairine. ; OLIVA, O. P. . RELAÇÕES DE PATERNIDADE EM UM CAVALHEIRO DE ANTIGAMENTE, DE AUTRAN DOURADO. In: IV Seminário de Literatura Brasileira -

Minas e o Modernismo, 2012, Montes Claros - MG. Anais do VI Seminário de Literatura Brasileira - Minas e o Modernismo. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2012. v. 1. p. 1-
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27. OLIVEIRA, J. dos Santos. ; OLIVA, O. P. . A volubilidade do defunto autor: o movimento dos movimentos. In: VI Seminário de Literatura Brasileira - Minas e o Modernismo, 2012,

Montes Claros - MG. Anais do VI Seminário de Literatura Brasileira - Minas e o Modernismo. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2012. v. 1. p. 1-14.
28. OLIVA, O. P.. Carta ao dr. Cincinato ou carta ao meu pai? uma perspectiva psicanalítica em Autran Dourado. In: VI Seminário de Literatura Brasileira - Minas e o Modernismo,

2012, Montes Claros - MG. Anais do VI Seminário de Literatura Brasileira - Minas e o Modernismo. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2012. v. 1. p. 1-12.
29. LOPES, Patrícia. ; OLIVA, O. P. . A voz do corpo em A Via Crucis do corpo. In: VI Seminário de Literatura Brasileira - Minas e o Modernismo, 2012, Montes Claros - MG. Anais do VI

Seminário de Literatura Brasileira - Minas e o Modernismo. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2012. v. 1. p. 1-8.
30. MOTA, Sandra Renata Fonseca. ; OLIVA, O. P. . Mona grammoniana: a nacionalização da pintura de Leonardo Da Vinci em Fuga em espelhos, de Guiomar de Grammont. In: VI

Seminário de Literatura Brasileira - Minas e o Modernismo, 2012, Montes Claros - MG. Anais do VI Seminário de Literatura Brasileira - Minas e o Modernismo. Montes Claros - MG:
Editora Unimontes, 2012. v. 1. p. 1-14.
31. SILVA, P. L. ; OLIVA, O. P. . Aparência e essência: o duplo em 'Ele me bebeu'.. In: Seminário internacional fazendo gênero 10, 2012, Florianópolis - SC. Anais do Seminário

internacional fazendo gênero 10. Florianópolis, 2012. v. 1. p. 1-9.


32. RIBEIRO, Ana Gabriela G. ; OLIVA, O. P. . Mecanismos de resistência e as relações de gênero em o risco do bordado, de Autran Dourado. In: V Seminário de Literatura Brasileira -

Vozes do Gênero - autoria e representação, 2011, Montes Claros - MG. ANAIS DO V Seminário de Literatura Brasileira - Vozes do Gênero - autoria e representação. Montes Claros -
MG: Editora da Unimontes, 2011. v. 1. p. 1-11.
33. BUXTON, Ângela Heloiza B. ; OLIVA, O. P. . A fatalidade em Ópera dos mortos de Autran Dourado. In: V Seminário de Literatura Brasileira - Vozes do Gênero - autoria e

representação, 2011, Montes Claros - MG. Anais do V Seminário de Literatura Brasileira - Vozes do Gênero - autoria e representação. Montes Claros - MG: Editora da Unimontes,
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34. OLIVA, O. P.. A escrita em mosaico: Machado de Assis e as crônicas de A Semana. In: IX Congresso da Associação Internacional de Lusitanistas - Lusofonia - Tempo de

reciprocidades, 2011, Funchal - Ilha da Madeira. ACTAS do IX Congresso da Associação Internacional de Lusitanistas - Lusofonia - Tempo de reciprocidades. Porto - Portugal:
Edições Afrontamento, 2011. v. 2. p. 269-279.
35. OLIVA, O. P.. Alexandre Herculano de Machado de Assis. In: Congresso Internacional da Associação Brasileira de Professores de Literatura Portuguesa, 2011, Salvador. Anais do

XXII Congresso Internacional da Associação Brasileira de Professores de Literatura Portuguesa. Salvador - BA: Editora da UFBA, 2009. v. 1. p. 931-942.
36. OLIVA, O. P.. A cidade e as serras e a afinação do mundo. In: XXIII Congresso Internacional da Associação Brasileira de Professores de Literatura Portuguesa ? ABRAPLIP, 2011,

São Luís - MA. Anais do XXIII Congresso Internacional da Associação Brasileira de Professores de Literatura Portuguesa ? ABRAPLIP. São Luís - MA: Editora da UFMA, 2011. v. 1. p.
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37. OLIVA, O. P.. As mulheres de Tijucopapo e a altissonante voz do feminino. In: II Seminário Nacional Literatura e Cultura - SENALIC, 2010, Aracaju - SE. Anais do II Seminário

Nacional Literatura e Cultura. Aracaju: Editora da UFSE, 2010. v. 2. p. 1-11.


38. CARVALHO, M. C. G. ; OLIVA, O. P. . Um corpo sonoro em Bárbara no inverno, de Milton Hatoum. In: 3º Congresso Nacional de Letras, Artes e Cultura, 2010, São João Del Rei.

Anais do 3º Congresso Nacional de Letras, Artes e Cultura, 2010. v. 1. p. 1-6.


39. OLIVA, O. P.. A casa do pai - espaço e memória em "Aninhas", de Aquilino Ribeiro. In: II Simpósio de Estudos de Língua Portuguesa - SIMELP, 2010, Évora - Portugal. Anais do II

Simpósio de Estudos de Língua Portuguesa: A língua portuguesa - ultrapassar fronteiras, juntar culturas. Évora - Portugal: editora da Universidade de Évora, 2009. v. 1. p. 115-127.
40. OLIVA, O. P.. A escrita dilacerada - corpo e sexualidade em Sudário, de Guiomar de Grammont. In: 1º CIELLI - Colóquio internacional de estudos linguísticos e literários. 4º CIELLI

- Colóquio de estudos linguísticos e literários, 2010, Maringá - PR. Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários - CIELLI / Colóquio de Estudos Linguísticos e Literários
- CELLI. Maringá - Paraná: Editora da UEM, 2010. p. 1-9.
41. VIEIRA, J. C. ; OLIVA, O. P. . Nascidos com maus antecedentes: leitura da representação dos imigrantes nordestinos em "A hora da estrela", de Clarice Lispector. In: III Seminário

de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões literários do Brasil, 2009, Montes Claros - MG. ANAIS do III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões literários do
Brasil. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2009. p. 1-9.
42. Gonçalves, Marina Leite. ; OLIVA, O. P. . Machado por Hatoum: do texto à crítica - reescrituras do masculino. In: III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões

literários do Brasil, 2009, Montes Claros - MG. ANAIS III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões literários do Brasil. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2009.
p. 1-12.
43. OLIVA, O. P.. Senhoras e moças - viuvas machadianas entre o recato e o desejo. In: 5º Fórum de biotemas na educação básica: saberes transdisciplinares - veredas da vida,

2009, Montes Claros - MG. Anais do 5º Fórum de biotemas na educação básica: saberes transdisciplinares - veredas da vida. Montes Claros: Editora Unimontes, 2009. v. 3. p. 61-
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44. Gonçalves, Marina Leite. ; OLIVA, O. P. . ?OS ÓCULOS DE PEDRO ANTÃO?: CONFLUÊNCIAS NA POÉTICA DE POE E MACHADO DE ASSIS. In: Congresso Internacional Para

Sempre Poe, 2009, Belo Horizonte. Anais do Congresso Internacional Para Sempre Poe. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2009. p. 234-241.
45. OLIVA, O. P.. Rachel de Queiroz e o romance de 30: ressonâncias socialistas e feministas. In: II seminário internacional enfoques feministas e o século XXI: feminismo e

universidade na América Latina; VI Encontro da rede brasileira de estudos e pesquisas feministas - REDEFEM; II Encontro internacional política e feminismo, 2008, Belo Horizonte.
Anais do II seminário internacional enfoques feministas e o século XXI: feminismo e universidade na América Latina; VI Encontro da rede brasileira de estudos e pesquisas
feministas - REDEFEM; II Encontro internacional política e feminismo. Belo Horizonte: Artenova, 2008. p. 1-21.
46.

OLIVA, O. P.. Orientalismo e romantismo: operadores conceituais e filosóficos para a criação literária em crônicas de "A Semana". In: I Seminário Machado de Assis: Novas
perspectivas sobre a obra e o autor, no centenário de sua morte, 2008, Rio de Janeiro. Anais doI Seminário Machado de Assis: Novas perspectivas sobre a obra e o autor, no
centenário de sua morte. Rio de Janeiro: Editora da UERJ/UFF/EFRJ, 2008. p. 1-12.
47. CAMPOS, A. S. L. ; OLIVA, O. P. . A paixão segundo o bruxo: Machado de Assis e as (co)memorações de semana santa. In: II Seminário de Literatura Brasileira MACHADO DE

ASSIS E AS SUAS MÚLTIPLAS VOZES: ECOS E, 2008, Montes Claros - MG. Anais do II Seminário de Literatura Brasileira MACHADO DE ASSIS E AS SUAS MÚLTIPLAS VOZES: ECOS
E. Montes Claros - MG: Editora da Unimontes, 2008. p. 1-11.
48. ALVES, J. H. ; OLIVA, O. P. . Entre a terra e o céu: a política na religião em Machado de Assis. In: II Seminário de Literatura Brasileira Machado de Assis e as suas múltiplas vozes:

ecos e Ressonâncias, 2008, Montes Claros - MG. Anais do II Seminário de Literatura Brasileira Machado de Assis e as suas múltiplas vozes: ecos e Ressonâncias. Montes Claros -
MG: Editora da Unimontes, 2008. p. 1-8.
49. OLIVA, O. P.. O corpo, a casa, a alma - Representações do masculino em D. Casmurro, de Machado de Assis. In: I Congresso de Letras Memória, Literatura e Linguagem, 2007,

Juiz de Fora. I Congresso de Letras do CES/Juiz de Fora - Memória, Literatura e Linguagem. Juiz de Fora: CES Juiz de Fora, 2007. p. 01-11.
50. OLIVA, O. P.. Arcade - Uma revista de sustentação da escrita feminina e o último tabu. In: VII Congresso Internacional da ABECAN, 2006, Gramado. Anais do VIII Congresso

Internacional da ABECAN ? Gramado ? Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2005. p. 1-10.
51. OLIVA, O. P.. O que quer? O que pode essa língua?. In: 28º Festival Folclórico de Montes Claros, 2006, Montes Claros - MG. Cadernos de Agosto. Montes Claros - MG: Editora da

Secretaria de Cultura de Montes Claros, 2006. v. 4. p. 12-16.


52. OLIVA, O. P.. Crimes de Padres: Eça de Queirós e Aluísio Azevedo. In: XX Encontro de Professores Brasileiros de Literatura Portuguesa, 2005, Niterói. Anais do XX Encontro de

Professores Brasileiros de Literatura Portuguesa No Limite dos Sentidos. Niterói: EDUFF, 2005. p. 01-10.
53. OLIVA, O. P.. O outro, ele próprio - Amor e amizade em A Confissão de Lúcio. In: Congresso Internacional ABRALIC, 2004, Porto Alegre - RS. Anais do IX Congresso Internacional

ABRALIC. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2004.


54. OLIVA, O. P.. Ora Esguardae - a escrita como um bordado. In: X seminário nacional mulher e literatura e I seminário internacional mulher e literatura, 2004, João Pessoa -

Paraíba. Anais do X seminário nacional mulher e literatura e I seminário internacional mulher e literatura. João Pessoa - Paraíba: Editora da UFPA, 2004. v. 1. p. 1-10.
55. OLIVA, O. P.. O corpo masculino na ficção de Eça de Queirós. In: Seminário de Literaturas de Língua Portuguesa Portugal e África - Entre o riso e a melancolia - de Gil Vicente ao

século XXI, 2004, Rio de Janeiro - RJ. Anais do III Seminário de Literaturas de Língua Portuguesa Portugal e África - Entre o riso e a melancolia - de Gil Vicente ao século XXI.
Niterói - RJ: Editora da UFF, 2004. v. 1. p. 1-12.
56. OLIVA, O. P.. A representação do masculino n'A Correspondência de Fradique Mendes. In: XVII Encontro de Professores Universitários Brasileiros de Literatura Portuguesa, 2001,

Belo Horizonte. ENCONTROS PRODIGIOSOS- Anais do XVII encontro de Professores Universitários Brasileiros de Literatura Portuguesa. Belo Horizonte: FALE/UFMG e PUC/MINAS,
2001. v. II. p. 990-998.
57. OLIVA, O. P.. O corpo e a voz - Inscrições sobre o masculino em narrativas queirosianas. In: I Seminários de Pesquisas desenvolvidas na UNIMONTES, 2001, Montes Claros-MG.

UNIMONTES CIENTÍFICA. Montes Claros-MG: UNIMONTES, 2001. v. 1. p. 27-33.


58. OLIVA, O. P.. Narrativa, ficção e história. In: IV Congresso e IVª Mostra de Ciências Humanas, Letras e Artes, 1999, Viçosa-MG. CD-ROM do IV Congresso e IVª Mostra de Ciências

Humanas, Letras e Artes. Viçosa: UFV, 1999.


59. OLIVA, O. P.. Imagens do poeta e da nação na poesia do exílio. In: IV Congresso e IVª Mostra de Ciências humanas, Letras e Artes, 1999, Viçosa-MG. CD-ROM do IV Congresso e

IVª Mostra de Ciências Humanas, Letras e Artes. Viçosa-MG: UFV, 1999.

Resumos expandidos publicados em anais de congressos


1. OLIVA, O. P.; BUXTON, Ângela Heloiza B. ; BRANT, Agnes Gomes. ; PEREIRA, Elizabeth Marli M. . Masculinidade e decadência nas Minas de Autran Dourado. In: X Fórum de

ensino, XI seminário de pesquisa, V semana da extensão, IX seminário de iniciação científica, II semana de gestão, II encontro da UAB, 2010, Montes Claros. Anais do IV Fórum de
ensino.... Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2010. v. 1. p. 1-3.
2. MACHADO, D. S. ; OLIVA, O. P. . Rachel de Queiroz e os crimes de mulheres - Uma leitura de João Miguel. In: VIII Fórum de Ensino e IX Seminário de pesquisa e pós-graduação,

2008, Montes Claros - MG. Anais do 2º Fórum de Ensino - Universidade e Diversidade. Montes Claros - MG: Editora da Unimontes, 2008. p. 1-4.
3. OLIVEIRA, B. P. ; OLIVA, O. P. . A maternidade como fator estético na obra de Rachel de Queiroz. In: VIII Fórum de ensino, IX seminário de pesquisa e pós-graduação..., 2008,

Montes Claros - MG. Anais do VIII fórum de Ensino, IX seminário de pesquisa e pós-graduação - Universidade e Diversidade. Montes Claros - MG: Editora da Unimontes, 2008. p. 1-
6.
4. SARMENTO, A. L. ; OLIVA, O. P. . A expressão da crise do masculino em O arquipélago, de Érico Veríssimo. In: VIII Fórum de ensino, IX seminário de pesquisa e pós-graduação,

2008, Montes Claros - MG. Anais do VIII fórum de ensino e IX seminário de pesquisa e pós-graduação. Montes Claros - MG: Editora da Unimontes, 2008. p. 1-6.
5. OLIVA, O. P.. O imaginário de Minas Gerais nas crônicas de Machado de Assis. In: I Fórum de Ensino, Pesquisa e Extensão da Unimontes, 2007, Montes Claros - MG. I Fórum de

Ensino, Pesquisa e Extensão - Ciência, sociedade e educação. Montes Claros - MG: Unimontes, 2007.
Resumos publicados em anais de congressos
1. OLIVA, O. P.. As mulheres de Tijucopapo e a altissonante voz do feminino. In: II Seminário Literatura e Cultura - SENALIC, 2010, Aracaju - SE. Anais do II SENALIC. Aracaju:

Editora da UFSE, 2010. v. 1. p. 195-195.


2. CAMPOS, A. S. L. ; OLIVA, O. P. . O sertão é infinito: o olhar machadiano sobre as "histórias sertanejas" de Coelho Neto. In: III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os

sertões literários do Brasil, 2009, Montes Claros - MG. ANAIS do III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões literários do Brasil. Montes Claros - MG: Dejan -
Gráfica e Editora, 2009. p. 15-15.
3. OLIVEIRA, B. P. ; OLIVA, O. P. . A maternidade como fator estético na obra de Rachel de Queiroz. In: III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões literários do

Brasil, 2009, Montes Claros - MG. ANAIS do III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões literários do Brasil. Montes Claros - MG: Dejan - Gráfica e Editora, 2009. p.
19-20.
4. ALVES, J. H. ; OLIVA, O. P. . O sertão também é Brasil: o olhar sobre Canudos sob o viés jornalístico de Machado de Assis. In: III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os

sertões literários do Brasil, 2009, Montes Claros - MG. ANAIS do III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões literários do Brasil. Montes Claros - MG: Dejan -
Gráfica e Editora, 2009. p. 32-33.
5. VIEIRA, J. C. ; OLIVA, O. P. . Nascidos com maus antecedentes: leitura da representação dos imigrantes nordestinos em. In: III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os

sertões literários do Brasil, 2009, Montes Claros - MG. ANAIS do III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões literários do Brasil. Montes Claros - MG: Dejan -
Gráfica e Editora, 2009. p. 35-35.
6. OLIVA, O. P.. Esse povo do deserto: os sertões de Minas Gerais nos relatos de viagem de Auguste de Saint-Hilaire, George Gardner, Richard Burton e Maurice Gaspar. In: III

Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões literários do Brasil, 2009, Montes Claros - MG. Anais do III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões
literários do Brasil. Montes Claros - MG: Dejan-Gráfica e editora, 2009. p. 43-43.
7. OLIVA, O. P.. Alexandre Herculano de Machado de Assis. In: XXII Congresso Internacionaol da ABRAPLIP - Memória, trânsitos e convergências, 2009, Salvador - BA. Caderno de

resumos do XXII Congresso Internacionaol da ABRAPLIP - Memória, trânsitos e convergências. Salvador: Editora da UFBA, 2009. p. 234-234.
8. OLIVA, O. P.. A casa do pai - espaço e memória em "Aninhas", de Aquilino Ribeiro. In: II Simpósio mundial de estudos de língua portuguesa, 2009, Évora - Portugal. Anais do II

Simpósio mundial de estudos de língua portuguesa. Évora - Portugal: Universidade de Évora, 2009. v. 1. p. 521-521.
9. SANTOS, C. P. ; OLIVA, O. P. . Conceição - A consciência do feminino. In: IX Fórum de ensino, X Seminário de pesquisa e pós-graduação, VIII seminário de iniciação científica, III

Mostra científica de ensino médio, IV semana de extensão, 2009, Montes Claros - MG. Anais do IV Fórum de Ensino..., 2009. p. 1-1.
10. CAMPOS, A. S. L. ; OLIVA, O. P. . A Paixão segundo o bruxo: Machado de Assis e as (co)memorações de semana santa. In: II Seminário de Literatura Brasileira: Machado de Assis

e suas múltiplas vozes - ecos e ressonâncias, 2008, Montes Claros - MG. Caderno de resumos do II Seminário de Literatura Brasileira: Machado de Assis e suas múltiplas vozes -
ecos e ressonâncias. Montes Claros - MG: Editora da Unimontes, 2008. p. 16-16.
11. ANDRADE, J. H. ; OLIVA, O. P. . Entre a terra e o céu: a política na religião em Machado de Assis. In: II Seminário de Literatura Brasileira: Machado de Assis e suas múltiplas

vozes - ecos e ressonâncias, 2008, Montes Claros - MG. Caderno de resumos do II Seminário de Literatura Brasileira: Machado de Assis e suas múltiplas vozes - ecos e
ressonâncias. Montes Claros - MG: Editora da Unimontes - Universidade Estadual de Montes Claros, 2008. v. 1. p. 25-25.
12. OLIVA, O. P.. Metamorfoses dos narradores machadianos: Entre defuntos, burros e filósofos. In: II Seminário de Literatura Brasileira: Machado de Assis e suas múltiplas vozes -

ecos e ressonâncias, 2008, Montes Claros - MG. Caderno de resumos do II Seminário de Literatura Brasileira: Machado de Assis e suas múltiplas vozes - ecos e ressonâncias.
Montes Claros - MG: Editora da Unimontes - Universidade Estadual de Montes Claros, 2008. v. 1. p. 33-33.
13. OLIVA, O. P.. A Relíquia e as visões de Jerusalém. In: IX Semana de Letras: As letras e seu ensino, 2006, Mariana - MG. Caderno de Resumos da IX Semana de Letras: As Letras e

seu Ensino. Mariana - MG: Editora da UFOP, 2006.


14. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, A. S. . A Relíquia: A Duplicidade do "Eu" na Escrita. In: VII Seminário de Pesquisa e Pós-Graduação e V Seminário de Iniciação Científica, 2006, Montes

Claros - MG. Anais do VII Seminário de Pesquisa e V Seminário de Iniciação Científica. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2006.
15. OLIVA, O. P.; ANDRADE, G. B. . Estrangeiros em Jerusalém - Uma leitura de A Relíquia. In: VII Seminário de Pesquisa e Pós-graduação e V Seminário de Iniciação Científica, 2006,

Montes Claros - MG. Anais do VII Seminário de Pesquisa e Pós-graduação e V Seminário de Iniciação Científica. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2006.
16. OLIVA, O. P.. Crimes de Padres: Eça de Queirós e Aluísio Azevedo. In: XX Encontro de Professores Brasileiros de Literatura Portuguesa, 2005, Niterói. No Limite dos Sentidos -

Caderno de Resumos. Niterói: Eduff, 2005. p. 94-94.


17. OLIVA, O. P.. O Gênesis como Paradigma da Ficcionalidade na Ficção de Eça de Queirós e Machado de Assis. In: VI Seminário de Pesquisa e Pós-graduação e IV Seminário de

Iniciação Científica, 2005, Montes Claros - MG. Anais do VI Seminário de Pós-graduação e IV Seminário de Iniciação Científica. Montes Claros: Editora Unimontes, 2005.
18. OLIVA, O. P.; BALEEIRO, J. G. . O fantástico em "O Mandarim", de Eça de Queirós. In: VI Seminário de Pesquisa e Pós-Graduação e IV Seminário de Iniciação Científica, 2005,

Montes Claros. Anais do VI Seminário de Pesquisa e Pós-Graduação e IV Seminário de Iniciação Científica. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2005.
19. OLIVA, O. P.; BECKHAUSER, M. T. R. . A Ilustre Casa de Ramires e o Positivismo: Ressonâncias. In: VI Seminário de Pesquisa e Pós-Graduação e IV Seminário de Iniciação

Científica, 2005, Montes Claros - MG. Anais do VI Seminário de Pesquisa e Pós-Graduação e IV Seminário de Iniciação Científica. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2005.
20. OLIVA, O. P.. Arcade - Uma revista de sustentação da escrita feminina e o último tabu. In: VII Congresso Internacional da ABECAN, 2005, Gramado. Anais do VII Congresso

Internacional da ABECAN - Brasil/Canadá: Visões, paisagens e perspectivas, do Ártico ao Antártico. Rio Grande do Sul: FURG, 2005. p. 188-188.
21.

OLIVA, O. P.. O outro, ele próprio: amor e amizade em "A confissão de Lúcio". In: IX Congresso Internacional ABRALIC - Travessias, 2004, Porto Alegre. Travessias - IX Congresso
Internacional ABRALIC, 2004. Porto Alegre: UFRGS, 2004. p. 288-289.
22. OLIVA, O. P.. Ora Esguardae - A escrita como um bordado. In: X Seminário nacional Mulher e Literatura, I Seminário Internacional Mulher e Literatura, 2004, João Pessoa.

Mulheres no Mundo: Etnia, Marginalidade e Diáspora - X Seminário nacional Mulher e Literatura, I Seminário Internacional Mulher e Literatura. João Pessoa: Idéia, 2004. p. 93-93.
23. OLIVA, O. P.. Eça e Machado e as representações do Oriente. In: V Seminário de Pesquisa e Pós-graduação, III Seminário de Iniciação Científica da Unimontes, 2004, Montes

Claros - MG. Anais do V Seminário de Pesquisa e Pós-graduação, III Seminário de Iniciação Científica da Unimontes. Montes Claros - MG: Editora Unimontes, 2004.
24. OLIVA, O. P.. A travessia da escrita: Helder Macedo, leitor de Machado de Assis. In: VIII Congresso Internacional ABRALIC - mediações, 2002, Belo Horizonte - MG. Mediações -

Territórios e redes - VIII Congresso Internacional ABRALIC, 2002. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. p. 336-336.
25. OLIVA, O. P.. O corpo masculino na ficção de Eça de Queirós. In: III Seminário de Literaturas de Língua Portuguesa: Portugal e África, 2002, Niterói. Entre o riso e a melancolia,

de Gil Vicente ao século XXI - III Seminário de Literaturas de Língua Portuguesa: Portugal e África. Niterói: Eduff, 2002. p. 32-32.
26. OLIVA, O. P.. O corpo masculino na ficção do século XIX. In: III Seminário de Pesquisa e Pós-graduação , I Seminário de Iniciação Científica da Unimontes, 2002, Montes Claros -

MG. Anais do III Seminário de Pesquisa e Pós-graduação , I Seminário de Iniciação Científica da Unimontes. Montes Claros- MG: Editora Unimontes, 2002. p. 79-80.
27. OLIVA, O. P.. O corpo e a voz - inscrições sobre o masculino em narrativas queirosianas. In: I Seminário de Pesquisa da Unimontes, 2001, Montes Claros. Unimontes Científica.

Montes Claros -MG. v. 01. p. 27-33.


28. OLIVA, O. P.. O gênero masculino em Eça de Queirós. In: II Seminário de Pesquisa e Pós-graduação da Unimontes, 2001, Montes Claros. Anais do II Seminário de Pesquisa e Pós-

graduação da Unimontes. Montes Claros: Editora Unimontes, 2001. p. 63-64.


29. OLIVA, O. P.. Bricabraques, bordados e rendas: gênero e identidade em "Os Maias". In: IX Seminário Nacional Mulher & Literatura, 2001, Belo Horizonte - MG. Anais do IX

Seminário Nacional Mulher & Literatura. Belo Horizonte - MG: Editora da UFMG, 2001. p. 119-119.
30. OLIVA, O. P.. O corpo e a voz: inscrições sobre o masculino na obra queirosiana. In: I Seminário de Pesquisa e Pós-graduação, 2000, Montes Claros-MG. 1º Seminário de Pesquisa

e Pós-Graduação. Montes Claros-MG: UNIMONTES, 2000. v. 1. p. 49-50.


31. OLIVA, O. P.. Eça de Queirós e as interdições de Eros. In: II Seminário de Literaturas de Língua Portuguesa: Portugal e África, 2000, Niterói. A palavra silenciada - II Seminário de

Literaturas de Língua Portuguesa: Portugal e África. Niterói: Eduff, 2000. p. 48-48.

Resumos publicados em anais de congressos (artigos)


1. OLIVA, O. P.. O corpo e a nação - o imaginário português na ficção de Eça de Queirós e nos discursos de Salazar. Caderno de resumos do XIX Encontro Brasileiro de Professores

de Literatura Portuguesa - ABRAPLIP, Curitiba - PR, p. 89-89, 2003.

Apresentações de Trabalho
1. SOUTO, C. A. ; OLIVA, O. P. . ESTÉTICA, MORAL E CONSCIÊNCIA EM A BOMBA DO CHICO SIMÃO, DE OSCAR VON PFUHL. 2016. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

2. OLIVA, O. P.. NOS LABIRINTOS DA CORRESPONDÊNCIA DE AUTRAN DOURADO ? INVENTÁRIO INICIAL. 2016. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

3. Antunes, C. ; OLIVA, O. P. . A VOZ NEGRA COMO FORMA DE RESISTÊNCIA. 2016. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

4. OLIVA, O. P.. Veredas em sombras: Riobaldo e a violência sexual contra mulheres. 2016. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

5. FIGUEIREDO, F. ; OLIVA, O. P. . ENTRE ROSAS E ESPINHOS: UM ESTUDO COMPARADO DAS OBRAS ÓPERA DOS MORTOS DE AUTRAN DOURADO E A ROSE FOR EMILY DE

WILLIAM FAULKNER. 2016. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).


6. OLIVA, O. P.. Lúcia Miguel Pereira e o romance de 30. 2016. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

7. PIMENTA, E. D. ; OLIVA, O. P. . Enxadrismo em Esaú e Jacó, de Machado de Assis. 2016. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

8. OLIVA, O. P.. Ironia e aforismos em A mão e a luva, de Machado de Assis. 2015. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

9. SOUTO, C. A. ; OLIVA, O. P. . ROMÃO E JULINHA, DE OSCAR VON PFUHL: ESTRUTURA E CONTEÚDO CRÍTICO E FORMADOR. 2015. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

10. SOARES, D. R. ; OLIVA, O. P. . O ENCARCERAMENTO DO DESEJO PEDOFÍLICO −UMA LEITURA DO CONTO MR. MOORE DE AUTRAN DOURADO. 2015. (Apresentação de

Trabalho/Comunicação).
11. FREITAS, L.A.P. ; OLIVA, O. P. . HOMOSSEXUALIDADE E DESTINO TRÁGICO EM ?O TRISTE RETRATO DE EMÍLIO AMORIM?, DE AUTRAN DOURADO. 2015. (Apresentação de

Trabalho/Comunicação).
12. SIMÕES, I.M. ; OLIVA, O. P. . FATOS JURÍDICOS PRESENTES NA OBRA MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS. 2015. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

13. Antunes, C. ; OLIVA, O. P. . PONCIÁ VICÊNCIO: O NEGRO NA SOCIEDADE PÓS-ESCRAVOCRATA. 2015. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

14. OLIVA, O. P.. À procura da voz: edição e crítica da obra completa de José Ricardo Pires de Almeida. 2015. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

15. OLIVA, O. P.. A marginalidade ficcional de Lúcia Miguel Pereira e seu diálogo com Eça de Queirós. 2015. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

16. OLIVA, O. P.. Vozes femininas Em surdina, de Lúcia Miguel Pereira. 2015. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

17. FREITAS, L.A.P. ; OLIVA, O. P. . Virilidade e efeminação: oposições masculinas no conto autraniano. 2014. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

18. SILVA, P. L. ; OLIVA, O. P. . Da pureza à carnalidade: os desejos de Miss Algrave. 2014. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

19. SOUTO, C. A. ; OLIVA, O. P. . Tradução, moral e consciência em The Circus of Puppets, de Oscar Von Pfuhl. 2014. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

20. VIEIRA, L. R. ; OLIVA, O. P. . Diálogos com a tradição literária: a Medusa contemporânea de Guiomar de Grammont. 2014. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

21. FREITAS, L.A.P. ; OLIVA, O. P. . A FLAUTA E O FLAUTIN: UM ESTUDO SOBRE AS REPRESENTAÇÕES MASCULINAS NO CONTO ?VIOLETAS & CARACÓIS? DE AUTRAN DOURADO.

2014. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).


22. OLIVA, O. P.. Narrar e trair-se - A formação literária e filosófica de Autran Dourado em Um artista aprendiz. 2014. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

23. VIEIRA, L. R. ; OLIVA, O. P. . Literatura, erotismo e violência - a escrita transgressora de Guiomar de Grammont. 2014. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

24. OLIVA, O. P.. A fome da escrita: paratextos no Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. 2014. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

25. OLIVA, O. P.. Machado, Camilo e Eça - devaneios em torno do conto 'O diplomático', de Machado de Assis. 2014. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

26. SILVA, P. L. ; OLIVA, O. P. . Da pureza à carnalidade: os desejos de Miss Algrave. 2014. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

27. LOPES, Patrícia. ; OLIVA, O. P. . Sabor e dessabor: o martírio do corpo em Ruído de Passos e Mas vai chover, de Clarice Lispector. 2013. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

28. OLIVA, O. P.. Fúria de jagunços - dois episódios de danação no Grande sertão: veredas. 2013. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

29. SOARES, D. R. ; OLIVA, O. P. . O sentimento pedofílico em contos de Autran Dourado. 2013. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

30. LOPES, Patrícia. ; OLIVA, O. P. . DO SÉRIO AO FARSESCO: UMA LEITURA DO CONTO ?O CORPO? DE CLARICE LISPECTOR.. 2013. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

31. PEREIRA, Elizabeth Marli M. ; OLIVA, O. P. . Biela: o feio belo em Uma vida em segredo, de Autran Dourado. 2013. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

32. FREITAS, L.A.P. ; OLIVA, O. P. . A flauta e o flautin: um estudo sobre representações masculinas nos contos de Autran Dourado. 2013. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

33. VIEIRA, L. R. ; OLIVA, O. P. . Transgressão, violência e erotismo em Sudário, de Guiomar de Grammont. 2013. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

34. OLIVA, O. P.. Rachel de Queiroz e as contradições do feminino - entre a independência e a conformação. 2013. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

35. OLIVA, O. P.. Sombras do cristianismo em Sudário, de Guiomar de Grammont. 2013. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

36. SILVA, P. L. ; OLIVA, O. P. . A via crucis do corpo: caminhos percorridos pela crítica. 2013. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

37. OLIVA, O. P.. Alfabetização e letramento. 2013. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

38. PEREIRA, Elizabeth Marli M. ; OLIVA, O. P. . A melopoética em Uma vida em segredo, de Autran Dourado. 2013. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

39. OLIVEIRA, J. dos Santos. ; OLIVA, O. P. . A volubilidade do defunto autor: o movimento dos movimentos. 2012. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

40. SANTOS, Jéssica Tairine. ; OLIVA, O. P. . Relações de paternidade em Um cavalheiro de antigamente, de Autran Dourado. 2012. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

41. OLIVA, O. P.. Carta ao dr. Cincinato ou carta ao meu pai? Uma perspectiva psicanalítica em uma narrativa breve, de Autran Dourado. 2012. (Apresentação de Trabalho/Conferência

ou palestra).
42. OLIVA, O. P.. O ninho da serpente - Autran Dourado nos arquivos da biblioteca de João Luiz Lafetá. 2012. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

43. OLIVA, O. P.. Uma serpente nos jardins da USP - o caso da Revista Sibila. 2012. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

44. OLIVA, O. P.. Procedimentos carnavalizantes em A brasileira de Prazins.. 2012. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

45. OLIVA, O. P.. Crimes, armas e corações: o extraordinário em contos de Autran. 2012. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

46. OLIVA, O. P.. A cidade e as serras e a afinação do mundo. 2011. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

47. OLIVA, O. P.. Importância da internacionalização e múltipla titulação nos cursos de Pós-Graduação: Mestrado e Doutorado. 2011. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

48. OLIVA, O. P.. Dôra, Doralina - o eterno feminino ou um louvado para o amor. 2010. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

49. BRANT, Agnes Gomes. ; OLIVA, O. P. . Ópera dos mortos e a construção em abismos: uma análise das narrativas encaixantes. 2010. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

50. OLIVA, O. P.. Masculinidade e decadencia nas Minas de Autran Dourado. 2010. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

51. OLIVA, O. P.. A poética da rememoração em Modesto Carone. 2010. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

52. OLIVA, O. P.. Reinscrições do feminino: Capitu e Maria Eduarda, por Maria Velho da Costa. 2010. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

53. OLIVA, O. P.. Mostra de Artes - Intersecções. 2010. (Apresentação de Trabalho/Outra).

54. OLIVA, O. P.. As mulheres de Tijucopapo e a altissonante voz do feminino. 2010. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

55. RIBEIRO, Ana Gabriela G. ; OLIVA, O. P. . As mulheres de Duas Pontes: as representações do feminino em O risco do bordado, de Autran Dourado. 2010. (Apresentação de

Trabalho/Comunicação).
56. Gonçalves, Marina Leite. ; OLIVA, O. P. . Estácio: o esquema machadiano do homem cordial. 2010. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

57. OLIVA, O. P.. O escritor e o funcionário público - Autran Dourado na república letrada de Juscelino Kubitschek. 2010. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

58. PEREIRA, Elizabeth Marli M. ; OLIVA, O. P. . A poética do espaço em Ópera dos mortos. 2010. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

59. CARVALHO, M. C. G. ; OLIVA, O. P. . Um corpo sonoro em Bárbara no Inverno, de Milton Hatoum. 2010. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

60. OLIVA, O. P.. A escrita dilacerada - corpo e sexualidade em Sudário, de Guiomar de Grammont. 2010. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

61. CARVALHO, M. C. G. ; OLIVA, O. P. . Música e sonoridade em A cidade ilhada, de Miton Hatoum. 2010. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

62. Gonçalves, Marina Leite. ; OLIVA, O. P. . Machado por Hatoum: do texto à crítica ? reescrituras do masculino. 2009. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

63. OLIVEIRA, B. P. ; OLIVA, O. P. . A maternidade como fator estético na obra de Rachel de Queiroz. 2009. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

64. ANDRADE, J. H. ; OLIVA, O. P. . O sertão também é Brasil: O olhar sobre Canudos sob o viés jornalístico de Machado de Assis. 2009. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

65. VIEIRA, J. C. ; OLIVA, O. P. . Nascidos com maus antecedentes: Leitura da representação dos imigrantes nordestinos em A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. 2009.

(Apresentação de Trabalho/Comunicação).
66. OLIVA, O. P.. A casa do pai - espaço e memória em "Aninhas", de Aquilino Ribeiro. 2009. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

67. Gonçalves, Marina Leite. ; OLIVA, O. P. . Os óculos de Pedro Antão: confluências na poética de Poe e Machado de Assis. 2009. (Apresentação de Trabalho/Congresso).

68. Gonçalves, Marina Leite. ; OLIVA, O. P. . Masculinidade e elite imperial brasileira: uma reinterpretação das obras Ressurreição, A mão e a luva, Helena e Iaiá Garcia. 2009.

(Apresentação de Trabalho/Comunicação).
69. VIEIRA, J. C. ; OLIVA, O. P. . Crime e libertação: um estudo de A maçã no escuro, de Clarice Lispector. 2009. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

70. OLIVA, O. P.. Alexandre Herculano de Machado de Assis. 2009. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

71. OLIVA, O. P.; SANTOS, C. P. . Conceição - a consciência do feminino. 2009. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

72. VIEIRA, J. C. ; OLIVA, O. P. . Nascidos com maus antecedentes: Leitura da representação dos imigrantes nordestinos em A Hora da Estrela, de Clarice Lispector. 2009.

(Apresentação de Trabalho/Comunicação).
73. CAMPOS, A. S. L. ; OLIVA, O. P. . O sertão é infinito: o olhar machadiano sobre as ?histórias sertanejas? de Coelho Neto. 2009. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

74. OLIVA, O. P.. Esse povo do deserto: os sertões de Minas Gerais nos relatos de viagem de Auguste de Saint-Hilaire, George Gardner, Richard Burton e Maurice Gaspar. 2009.

(Apresentação de Trabalho/Comunicação).
75. OLIVEIRA, B. P. ; OLIVA, O. P. . A maternidade como fator estético na obra de Rachel de Queiroz. 2008. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

76. MACHADO, D. S. ; OLIVA, O. P. . Rachel de Queiroz e os crimes de mulheres - uma leitura de João Miguel. 2008. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

77. SARMENTO, A. L. ; OLIVA, O. P. . A expressão da crise do masculino em O arquipélago, de Érico Veríssimo. 2008. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

78. OLIVA, O. P.. Crítica, poética e relações de gênero - uma releitura de memórias de um sargento de milícias. 2008. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

79. OLIVA, O. P.. Senhoras e moças - viúvas machadianas entre o recato e o desejo. 2008. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

80. OLIVA, O. P.. Machado de Assis e A Semana: a imigração chinesa sob as lentes de um bruxo. 2007. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

81. OLIVA, O. P.. O corpo, a casa, a alma - representações do masculino em D. Casmurro, de Machado de Assis.. 2007. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

82. OLIVA, O. P.. Minha dolorosa vida de menina - uma leitura do romance Maria Clara, de Nazinha Coutinho. 2007. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

83. OLIVA, O. P.. Tabu ou mito, sagrado ou profano - uma leitura do poema. 2007. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

84. OLIVA, O. P.. Princípio Educativo, Financiamento e Retorno Social. 2007. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

85. OLIVA, O. P.. O Imaginário de Minas Gerais nas crônicas de Machado de Assis. 2007. (Apresentação de Trabalho/Seminário).

86. OLIVA, O. P.. Machado de Assis, a República e a Revolta de Canudos. 2007. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

87. OLIVA, O. P.. A Literatura Oitocentista Montesclarense no Jornal Correio do Norte.. 2006. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

88. OLIVA, O. P.. Melancolia e Saudade: Machado de Assis na Biblioteca do Amanuense Belmiro. 2006. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

89. OLIVA, O. P.; ANDRADE, G. B. . Estrangeiros em Jerusalém - Uma leitura de A Relíquia. 2006. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

90. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, A. S. . A Relíquia: A duplicidade do "Eu" na escrita. 2006. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

91. OLIVA, O. P.. Eça e Machado e as reescritas do Gênesis. 2006. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

92. OLIVA, O. P.. Eça e Machado e a Escrita sobre o Oriente. 2006. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

93. OLIVA, O. P.. Poéticas do Pós-modernismo. 2006. (Apresentação de Trabalho/Conferência ou palestra).

94. OLIVA, O. P.. A Relíquia e as visões de Jerusalém. 2006. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).

Outras produções bibliográficas


1. OLIVA, O. P.. Contrapontos em Erico Verissimo.
Maringá - PR, 2021. (Prefácio, Pósfacio/Prefácio)>.

2. OLIVA, O. P.. Água Viva, de Clarice Lispector.


Maringá - PR, 2021. (Prefácio, Pósfacio/Apresentação)>.

3. OLIVA, O. P.. Apresentação de obra coletiva.


Belo Horizonte, 2017. (Prefácio, Pósfacio/Apresentação)>.

4. OLIVA, O. P.. Um monumento de palavras para Gilberto Mendonça Teles.


Goiás, 2016. (Prefácio, Pósfacio/Prefácio)>.

5. OLIVA, O. P.. Um monumento de palavras para Gilberto Mendonça Teles.


Goiás, 2016. (Prefácio, Pósfacio/Prefácio)>.

6. OLIVA, O. P.. Seda.


Rio de Janeiro:
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2014 (Conselho Editorial de Revista).

7. OLIVA, O. P.. O legado de Brás Cubas: uma narrativa pensante.


Montes Claros, 2013. (Prefácio, Pósfacio/Apresentação)>.

8. OLIVA, O. P.. Saberes transdisciplinares - veredas da vida.


Montes Claros - MG, 2009. (Prefácio, Pósfacio/Apresentação)>.

9. OLIVA, O. P.. Jesus Cristo e Judas Iscariotes: o imaginário cristão na ficção de Geraldo Tito Silveira.
Belo Horizonte, 2008. (Prefácio, Pósfacio/Prefácio)>.

10. OLIVA, O. P.. Crítica, poética e relações de gênero - uma releitura de Memórias de um sargente de milícias.
São Paulo, 2008. (Prefácio, Pósfacio/Apresentação)>.

11. OLIVA, O. P.; ORG., O. P. O. . Escritores mineiros e contemplações de Minas.


Montes Claros - MG, 2007. (Prefácio, Pósfacio/Apresentação)>.

12. OLIVA, O. P.. Novos sopros de vida - pulsações de uma autora mirabelense.
Montes Claros - MG, 2007. (Prefácio, Pósfacio/Prefácio)>.

13. OLIVA, O. P.. Membro do conselho consultivo da revista Educare.


Montes Claros - MG:
Editora ISEIB, 2006 (Membro do conselho consultivo da revista Educare).

14. OLIVA, O. P.. Tempos de Ipês e de Quaresmas.


Montes Claros - MG, 2003. (Prefácio, Pósfacio/Apresentação)>.

15. OLIVA, O. P.. Membro do Conselho Editorial da Revista "Unimontes Científica", v. 1, n.1..
Montes Claros -MG:
Editora Unimontes, 2001 (Conselho Editorial de Revista).

16. OLIVA, O. P.. Membro do Conselho Editorial da revista "Unimontes Científica" n. 2. v.2..
Montes Claros - MG:
Editora da Unimontes, 2001 (Membro de conselho editorial de

revista).
17. OLIVA, O. P.. Membro do Conselho Editorial da Revista "Vínculo" n. 1. v.1.
Montes Claros - MG:
Editora da Unimontes, 2000 (Membro do Conselho Editorial da Revista "Vínculo").

18. OLIVA, O. P.; ORG., O. P. O. . Apresentação da Vínculo - Revista de Letras da Unimontes, v.1. n.1.
Montes Claros -MG, 2000. (Prefácio, Pósfacio/Apresentação)>.

19. OLIVA, O. P.. Prefácio da obra "Mirabela em busca de suas raízes", de Gregório Helvécio Mendes, 1997. (Prefácio, Pósfacio/Prefácio)>.

Produção técnica

Assessoria e consultoria
1. OLIVA, O. P.. Parecerista das edições 13 e 14 da Revista Ártemis. 2012.

Trabalhos técnicos
1. OLIVA, O. P.. parecerista ad hoc para a Revista Miguilim, v.6, n2,2017. 2017.

2. OLIVA, O. P.. Avaliação de projetos do processo seletivo 1/2017. 2016.

3. OLIVA, O. P.. Parecer ad hoc sobre livro em avaliação pela Editora UFBA. 2016.

4. OLIVA, O. P.. Parecer sobre projetos de pesquisa de professores do Departamento de Comunicação e Letras. 2016.

5. OLIVA, O. P.. 9º processo seletivo do mestrado em Letras/Estudos Literários. 2016.

6. OLIVA, O. P.. 9º processo seletivo do mestrado em Letras/Estudos Literários. 2016.

7. OLIVA, O. P.. Parecer sobre projetos de pesquisa de professores do Departamento de Comunicação e Letras. 2015.

8. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F. ; SILVA, A. V. N. . Seleção de candidatos ao mestrado em Literatura Brasileira da Unimontes. 2014.

9. OLIVA, O. P.. Parecer sobre projetos de pesquisa de professores do Departamento de Comunicação e Letras. 2014.

10. OLIVA, O. P.. Parecer sobre o projeto de mestrado Mulher ao cair da tarde - o envelhecimento feminino em Adélia Prado. 2013.

11. OLIVA, O. P.. Parecer sobre projetos de pesquisa de professores do Departamento de Comunicação e Letras. 2013.

12. OLIVA, O. P.. Parecer sobre o projeto de mestrado 'Mulher ao cair da tarde - o envelhecimento feminino em Adélia Prado', de Elia das Graças Martins Barbosa. 2013.

13. OLIVA, O. P.. Parecer sobre o projeto definitivo de mestrado 'Estudo do realismo social no romance Maria Dusá, de Lindolfo Rocha', de Júnia Tanúsia Antunes Meira. 2013.

14. OLIVA, O. P.. Parecer sobre o projeto definitivo de mestrado 'No reino das incompreensões - figurações da inadequação do homem contemporâneo nos contos de Luiz Vilela', de

Thiago Fagundes Silva. 2013.


15. OLIVA, O. P.. Parecerista para a Revista Horizonte. 2012.

16. OLIVA, O. P.. Parecerista sobre o projeto de mestrado 'A representação feminina em Tempo das frutas, de Nélida Pinõn'.. 2012.

17. OLIVA, O. P.. Parecer sobre o projeto 'Representação da mulher escritora em Vésperas, de Adriana Lunardi.. 2012.

18. OLIVA, O. P.. Parecer sobre o projeto de mestrado 'O guarani de Alencar: do texto clássico para os quadrinhos - tradição e mídia'. 2012.

19. OLIVA, O. P.. Parecer sobre projeto de pesquisa de mestrado de Maria Zeneide de Macedo Melo Jorge. 2011.

20. OLIVA, O. P.. Parecer sobre projeto de pesquisa de mestrado de Ariane Laura de Souza Galdino. 2011.

21. OLIVA, O. P.. Programa de pós-graduação stricto sensu em Letras/Estudos Literários. 2008.

22. OLIVA, O. P.. Revisão Lingüística da Revista Unimontes Científica V.5. n.1. 2003.

Demais tipos de produção técnica


1. OLIVA, OSMAR PEREIRA; OLIVEIRA, E. L. ; REBELO, I. F. . Revista Araticum. 2018. (Editoração/Periódico).

2. OLIVA, O. P.. Elaboração de projeto de pesquisa literária. 2014. .

3. OLIVA, O. P.. Correção linguística de provas de redação do processo seletivo 2/2010 (vestibular) da Unimontes.. 2010.
(Correção de redação).

4. OLIVA, O. P.. Correção linguística de provas de redação do concurso público da prefeitura de Montes Claros. 2010.
(Correção de redação).

5. OLIVA, O. P.. Revisão de língua portuguesa do Banco Nacional de Itens do ENADE. 2010.
(Revisão de língua portuguesa).

6. OLIVA, O. P.. Revisor de língua portuguesa da Universidade Aberta do Brasil - UAB - Unimontes. 2009.
(Revisão de língua portuguesa).

7. OLIVA, O. P.. Correção linguística de provas de redação do concurso público para provimentos de cargos efetivos do município de Montes Claros. 2009.
(Correção de redação).

8. OLIVA, O. P.. Correção linguística de provas de redação do processo seletivo 1/2008 (vestibular) da Unimontes.. 2008.
(Correção de redação).

9. OLIVA, O. P.. Literatura e História: Interseções. 2007. (Curso de curta duração ministrado/Extensão).

10. OLIVA, O. P.. Oficina Brincando com a poesia. 2007. (Curso de curta duração ministrado/Extensão).

11. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, I. V. ; SOUTO, M. G. F. . Escritas do Corpo, da Terra e do Imaginário. 2003. (Editoração/Livro).

12. OLIVA, O. P.. Vínculo - Revista de Letras da Unimontes. 2002. (Editoração/Periódico).

13. OLIVA, O. P.. Vínculo - Revista de Letras da Unimontes. 2001. (Editoração/Periódico).

14. OLIVA, O. P.. Vínculo - Revista de Letras da Unimontes. 2000. (Editoração/Periódico).

Produção artística/cultural

Artes Visuais
1. OLIVA, OSMAR PEREIRA. Três Alephs para Jorge Luis Borges. 2018. Fotografia.

2. OLIVA, OSMAR PEREIRA. Tudo no mundo existe para terminar. 2018. Fotografia.

3. OLIVA, OSMAR PEREIRA. Banho de rio. 2018. Fotografia.

4. OLIVA, OSMAR PEREIRA. Configurações da personagem na narrativa ficcional para crianças e jovens. 2018. Fotografia.

Demais trabalhos
1. OLIVA, O. P.. Correção das provas discursivas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do processo seletivo 2/2007 da Unimontes.. 2007 (Correção de Provas Discursivas de

Língua Portuguesa e Literatura Brasileira) .


2. OLIVA, O. P.. Correção das provas discursivas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do processo seletivo PAES/2006 da Unimontes.. 2007 (Correção de Provas Discursivas

de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira) .


3. OLIVA, O. P.. Correção das provas discursivas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do processo Seletivo 1/2007 da Unimontes.. 2007 (Correção de Provas Discursivas de

Língua Portuguesa e Literatura Brasileira) .


4. OLIVA, O. P.. Elaboração de provas de Língua Portugues e Literatura Brasileira para os Processos Seletivos da Unimontes - 1º semestre de 2004. 2004 (Elaboração de Provas de

Língua Portuguesa e Literatura Brasileira) .


5. OLIVA, O. P.. Elaboração de Provas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira - PAES. 2003 (Elaboração de Provas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira - PAES) .

6. OLIVA, O. P.. Elaboração de Provas para o Processo Seletivo da UNIMONTES. 2003 (Elaboração de Provas para o Processo Seletivo da UNIMONTES) .

7. OLIVA, O. P.. Elaboração de provas do Programa de Avaliação Seriada para Acesso ao Ensino Superior da Unimontes. 2002 (Elaboração de Provas de Língua Portuguesa e

Literatura Brasileira - PAES) .


8. OLIVA, O. P.. Correção de Provas Discursivas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira - PAES. 2002 (Correção de Provas Discursivas de Língua Portuguesa e Literatura

Brasileira) .
9. OLIVA, O. P.. Elaboração de Provas para o Processo Seletivo da UNIMONTES. 2002 (Elaboração de Provas para o Processo Seletivo da UNIMONTES) .

10. OLIVA, O. P.. Correção de Provas Discursivas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. 2002 (Correção de Provas Discursivas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira) .

11. OLIVA, O. P.. Elaboração de Provas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira para o vestibular da UNIMONTES. 2001 (Elaboração de Provas de Língua Portuguesa e Literatura

Brasileira) .
12. OLIVA, O. P.. Correção de Provas Discursivas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do vestibular da UNIMONTES. 2001 (Correção de Provas Discursivas de Língua

Portuguesa e Literatura Brasileira) .


13. OLIVA, O. P.. Elaboração de Provas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira para o Programa de Acesso ao Ensino Superior da UNIMONTES. 2001 (Elaboração de Provas de

Língua Portuguesa e Literatura Brasileira - PAES) .


14. OLIVA, O. P.. Correção de Provas Discursivas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, do Programa de Acesso ao Ensino Superior da Unimontes - PAES. 2001 (Correção de

Provas Discursivas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira) .


15. OLIVA, O. P.. Elaboração de Provas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira para o Vestibular da UNIMONTES. 2000 (Provas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira) .

16. OLIVA, O. P.. Correção de Provas Discursivas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do vestibular da UNIMONTES. 2000 (Correção de Provas Discursivas de Língua

Portuguesa e Literatura Brasileira) .


17. OLIVA, O. P.. Elaboração de Provas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira para o Programa de Acesso ao Ensino Superior da UNIMONTES. 2000 (Elaboração de Provas de

Língua Portuguesa e Literatura Brasileira - PAES) .


18. OLIVA, O. P.. Correção de Provas Discursivas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, do Programa de Acesso ao Ensino Superior da Unimontes - PAES. 2000 (Correção de

Provas Discursivas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira) .


19. OLIVA, O. P.. Elaboração de Provas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira para o Vestibular da UNIMONTES. 1999 (Provas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira) .

20. OLIVA, O. P.. Correção de Provas Discursivas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do vestibular da UNIMONTES. 1999 (Correção de Provas Discursivas de Língua

Portuguesa e Literatura Brasileira) .


21. OLIVA, O. P.. Elaboração de Provas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, para o Programa de Acesso ao Ensino Superior da UNIMONTES. 1999 (Elaboração de Provas de

Língua Portuguesa e Literatura Brasileira - PAES) .


22. OLIVA, O. P.. Elaboração de Provas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira para o Vestibular da UNIMONTES. 1998 (Elaboração de Provas para o Processo Seletivo da

UNIMONTES) .
23. OLIVA, O. P.. Correção de Provas Discursivas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do Vestibular da UNIMONTES. 1998 (Correção de Provas Discursivas de Língua

Portuguesa e Literatura Brasileira) .


24. OLIVA, O. P.. Elaboração de Provas de L. Port. e Lit. Brasileira para o Programa de Acesso ao Ensino Superior da Unimontes. 1998 (Elaboração de Provas de Língua Portuguesa e

Literatura Brasileira - PAES) .


25. OLIVA, O. P.. Elaboração de Provas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. 1997 (Elaboração de provas do Concurso Seletivo da UNIMONTES) .

26. OLIVA, O. P.. Correção de Provas Discursivas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do Vestibular da UNIMONTES. 1997 (Correção de Provas Discursivas de Língua

Portuguesa e Literatura Brasileira) .

Bancas

Participação em bancas de trabalhos de conclusão

Mestrado
1. OLIVA, O. P.; CAMPOS, A. S. L.; DIONISIO, R. C. S.. Participação em banca de Luciana Toletino Prates. A CIDADE-CAPITAL: MEMÓRIA E FICÇÃO EM CIDADE LIVRE, DE JOÃO

ALMINO. 2021. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
2. OLIVA, O. P.; NASCIMENTO, L.; MIRANDA, W. M.. Participação em banca de Breno Fonseca Rodrigues. A tabela periódica, de Primo Levi: um escritor entre dois ofícios. 2020.

Dissertação (Mestrado em Letras) - Universidade Federal de Minas Gerais.


3. OLIVA, O. P.; REBELLO, IVANA FERRANTE; NASCIMENTO, L.. Participação em banca de Heidy Cristina Boaventura Siqueira. Clarissa: a construção de masculinidades como

metáforas da sociedade gaúcha da década de 1930. 2020. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
4. OLIVA, O. P.; NASCIMENTO, L.; MAIA, C. C.. Participação em banca de Maria Sílvia Duarte Guimarães. Tecer o visível e entretecer o invisível: As cidades invisíveis, de Ítalo

Calvino, e Como me contaram, de Maria José de Queiroz. 2019. Dissertação (Mestrado em Letras) - Universidade Federal de Minas Gerais.
5. OLIVA, O. P.; CAMPOS, A. S. L.; DIONISIO, R. C. S.. Participação em banca de Daniela de Azevedo. Aspectos da tradução em língua inglesa de Uma vida em segredo. 2019.

Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


6. OLIVA, O. P.; CAMPOS, A. S. L.; PEREIRA, Andréa C. M.. Participação em banca de Daniela Rodrigues Soares. O desejo pedofílico em contos de Autran Dourado. 2019. Dissertação

(Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


7. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F.; CAVALCANTI, L. M. D.. Participação em banca de Rosângela Cardoso de Jesus. Ao som da música: ritmo, tempo e sonoridades na narrativa de Canaã,

de Graça Aranha. 2019. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
8. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F.; SILVA, E. B.. Participação em banca de Leonardo Tadeu Nogueira Palhares. Sangue, alegoria e estética na escrita de Luiz Canabrava (Uma leitura de

Sangue de Rosaura). 2018. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
9. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F.; SOUZA, E. M.. Participação em banca de Fernanda Mendes Oliveira Figueiredo. Casas e rosas - metáforas da (re)criação literária em Ópera dos

mortos, de Autran Dourado, e A rose for Emile, de William Faulkner. 2018. Dissertação (Mestrado em Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes
Claros.
10. OLIVA, O. P.; DUARTE, C. L.; SILVA, T. B.. Participação em banca de Cristiane Rodrigues Antunes da Silva. Violência contra a mulher negra: uma leitura de insubmissas lágrimas

de mulheres. 2017. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
11. OLIVA, O. P.; ALMEIDA, E. A. R. L.; PANDOLFI, M. A.. Participação em banca de Silvana Mendes Cordeiro. Dimensões quixotescas na narrativa. 2017. Dissertação (Mestrado em

Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


12. OLIVA, O. P.; JARDIM, A.F.C.; CAMPOS, A. S. L.. Participação em banca de Elizabeth Dias Lessa. Douta loucura: uma abordagem dos contos "O alienista", de Machado de Assis, e

"O sistema do doutor Alcatrão e professor pena", de Edgar Allan Poe. 2017. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
13. OLIVA, O. P.; ALMEIDA, E. A. R. L.; PANDOLFI, M. A.. Participação em banca de Ianny Lima Maia. Representações de ciganas em Cervantes, Mérimée e Machado. 2016.

Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


14. OLIVA, O. P.; DIONISIO, R. C. S.; ALVAREZ, A. G. R.. Participação em banca de Rayane Arantes Santos. Espelhar e/ou refratar: uma análise das técnicas narrativas de Modesto

Carone em Resumo de Ana. 2016. Dissertação (Mestrado em Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
15. OLIVA, O. P.; ALEXANDRE, M. A.; REBELO, I. F.. Participação em banca de Cláudia de Andrade Souto. A fábula na dramaturgia de Oscar Von Pfhul: um estudo da estética, da

moral e da consciência em sua poética. 2016. Dissertação (Mestrado em Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
16. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, A. P.; SILVA, R. G.. Participação em banca de Érika Pereira Soares. O subir Bahia e descer Floresta - A rua da Bahia como espaço para construção das

memórias de Pedro Nava e de Carlos Drummond de Andrade. 2016. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
17. ALMEIDA, E. A. R. L.; OLIVA, O. P.; SILVA, T. B.. Participação em banca de Silvana Mendes Cordeiro. Dimensões quixotescas nas narrativas O alienista e Pílades e Orestes, de

Machado de Assis. 2016. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
18. OLIVA, O. P.; SILVA, T. B.; MAIA, Cláudia de J.. Participação em banca de Shantynett Souza Ferreira Magalhães Alves. Polifonia, gênero e violência em A dança dos cabelos, de

Carlos Herculano Lopes. 2016. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
19. OLIVA, O. P.; SOUTO, M. G. F.; FRÓES, Marli S.. Participação em banca de Noêmia Coutinho Pereira Lopes. Perspectivas estéticas em O filho do pescador, de Teixeira e Souza.

2015. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


20. OLIVA, O. P.; GOMES, C. M.; REBELO, I. F.. Participação em banca de Patrícia Lopes da Silva. O corpo e suas cruéis exigências em A via Crucis do corpo, de Clarice Lispector.

2014. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


21. OLIVA, O. P.; ALMEIDA, E. A. R. L.; GOMES, C. M.. Participação em banca de Josye Gonçalves Ferreira. Velhice desejante: sexualidade e envelhecimento na ficção de Lygia

Fagundes Telles. 2014. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
22. OLIVA, O. P.; DIONISIO, R. C. S.; SOUZA, E. M.; ALMEIDA, E. A. R. L.; GANDRA, Jane A.. Participação em banca de Elizabeth Marly Martins Pereira. Um presente de Morfeu? A

insólita gênese de Uma vida em segredo. 2014. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
23. OLIVA, O. P.; GANDRA, Jane A.; SOUTO, M. G. F.. Participação em banca de Josélia Santos Oliveira. A (des)construção do defunto estrambótico de Machado: da narração ao

voice-over. 2013. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
24. OLIVA, O. P.; ALMEIDA, E. A. R. L.; SCHWANTES, C. C. M.. Participação em banca de Sandra Renata Fonseca Mota. Figurações do feminino em Fuga em espelhos, de Guiomar de

Grammont. 2013. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
25. SOUTO, M. G. F.; OLIVA, O. P.; PINTO, J.C.M.. Participação em banca de Ariane Laura de Souza Galdino. O guarani de Alencar: do texto clássico aos quadrinhos: tradição e mídia.

2013. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


26. OLIVA, O. P.; DIONISIO, R. C. S.; GANDRA, Jane A.. Participação em banca de Maria Zeneide de Macedo Melo Jorge. Representação da mulher escritora em Vésperas, de Adriana

Lunardi. 2013. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
27. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, I. V.; LIMA, M. de F.. Participação em banca de Jacqueline Beatriz Teixeira Barbosa. Gilberto Mendonça Teles: poesia e escrita de si. 2013. Dissertação

(Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


28. SOUTO, M. G. F.; OLIVA, O. P.; BESSA, Pedro P.. Participação em banca de Vanessa Leite Barreto. Poéticas hipertextuais: redes de sentido da tradição e da memória em A rosa do

povo e A hora vagabunda. 2012. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
29. OLIVA, O. P.; DUARTE, C. L.; MAIA, Cláudia de J.. Participação em banca de Ana Gabriela Gonçalves Ribeiro. Mulheres de Duas Pontes: representações do feminino na gênese de

O risco do bordado, de Autran Dourado. 2012. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
30. SOUTO, M. G. F.; OLIVA, O. P.. Participação em banca de Daiane Silva de Andrade. Banca de qualificação de mestrado "A hipertextualidade em O cheiro de Deus, de Roberto

Drummond". 2012. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
31. OLIVA, O. P.; SOUTO, M. G. F.; SILVA, E. B.. Participação em banca de Daiane Silva Andrade. A hipertextualidade em O cheiro de Deus, de Roberto Drummond. 2012. Dissertação

(Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


32. OLIVA, O. P.; SOUTO, M. G. F.; GOULART, A. T.. Participação em banca de Maria Cecília Gonçalves de Carvalho. Música e sonoridade em A cidade ilhada, de Miltom Hatoum. 2012.

Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


33. OLIVA, O. P.; SCARPELLI, Marli Fantini.; OLIVEIRA, I. V.. Participação em banca de Marina Leite Gonçalves. Masculinidade e elite imperial - Uma reinterpretação de Ressurreição, A

mão e a luva, Helena e Iaiá Garcia. 2011. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
34. OLIVA, O. P.; SERELLE, Márcio de V.; MAIA, Cláudia de J.. Participação em banca de Jucilene de Lourdes Vieira. Metamorfoses, metalinguagem e representações femininas em

contos de Murilo Rubião. 2011. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
35. OLIVA, O. P.; DUARTE, C. L.; SILVA, Marcelino Rodrigues.. Participação em banca de Isnar Pereira da Fonseca Filho. Belo Horizonte Bem Querer: Versos sinfônicos com ásperas

dissonâncias. 2011. Dissertação (Mestrado em Letras) - Universidade Federal de Minas Gerais.


36. GOULART, A. T.; OLIVA, O. P.; MORAIS, Márcia M.. Participação em banca de Clóvis Emílio Falcão Habibe. A narrativa do duplo/o duplo na narrativa de Joias de Familia: simulacro,

simulação, imginário. 2011. Dissertação (Mestrado em Letras) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
37. OLIVA, O. P.; JEHA, Júlio C.; SOUTO, M. G. F.. Participação em banca de Júlio César Vieira. Crime e libertação - Um estudo de A Maçã no Escuro, de Clarice Lispector. 2011.

Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


38. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, I. V.; OLIVEIRA, A. P.. Participação em banca de Viviana Pereira Silva. banca de qualificação de mestrado: Habitante da tarde: o (não) lugar do poeta

Emílio Moura. 2011. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
39. OLIVEIRA, A. P.; PEIXOTO, S. A.; OLIVA, O. P.. Participação em banca de Hamilton Carlos Souto. Banca de Qualificação: Para além do Simbolismo - Um estudo da poética de Cruz

e Sousa. 2011. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
40. OLIVA, O. P.; ALMEIDA, E. A. R. L.; SOUTO, M. G. F.. Participação em banca de Vanessa Leite Barreto. Banca de qualificação de mestrado: Poéticas hipertextuais: redes de sentido

da tradição e da memória em A rosa do povo e A hora vagabunda. 2011. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
41. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, E. L.; SILVA, T. B.. Participação em banca de Maria Cecília Gonçalves de Carvalho. Banca de qualificação de mestrado: Música e sonoridade em A cidade

ilhada, de Miltom Hatoum. 2011. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
42. OLIVA, O. P.; DIONISIO, R. C. S.; MAIA, Cláudia de J.. Participação em banca de Ana Gabriela Gonçalves Ribeiro. Banca de qualificação de mestrado: "Mulheres de Duas Pontes -

representações do feminino e gênese de O risco do bordado, de Autran Dourado". 2011. Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes
Claros.
43. OLIVA, O. P.; CAMARGO, F. F.; OLIVEIRA, I. V.. Participação em banca de Marina Leite Gonçalves. Banca de qualificação de mestrado. 2010. Dissertação (Mestrado em

Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


44. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, A. P.; OLIVEIRA, I. V.. Participação em banca de Edilson Carvalho Brandão. Banca de Qualificação de mestrado "O discurso eugênico em Monteiro Lobato:

a ironia como política de releitura em O Presidente Negro". 2010. Dissertação (Mestrado em Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
45. OLIVA, O. P.; CAMARGO, F. F.; Caleiro, Regina Célia Lima.. Participação em banca de Jônatas Gonçalves Rêgo. Banca de qualificação de mestrado. 2010. Dissertação (Mestrado em

Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


46. TELES, G. M.; OLIVA, O. P.; VASCONCELLOS, E.. Participação em banca de Alexsandra Loiola Sarmento. A flor e o punhal: a crise do masculino na trilogia de Érico Veríssimo.

2009. Dissertação (Mestrado em Letras) - Centro Universitário Academia - UniAcademia.


47. OLIVA, O. P.; MENDES, M. G.; TEIXEIRA, L.. Participação em banca de Andréa Cristina Martins Pereira. Recortes da obra Memorial de Maria Moura: o processo de (re)criação em

cena. 2008. Dissertação (Mestrado em Letras) - Universidade Federal Fluminense.


48. OLIVA, O. P.; DUARTE, C. L.; MARQUES, R. M.. Participação em banca de Edwirgens Aparecida Ribeiro Lopes de Almeida. Crítica, Poética e Relações de Gênero: uma releitura de

Memórias de um Sargento de Milícias. 2007. Dissertação (Mestrado em Letras) - Universidade Federal de Minas Gerais.
49. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, P. F. M.; GARMES, H.. Participação em banca de Jane Adriane Gandra Veloso. A (de)formação da imagem: Pinheiro Chagas refletido pelo monóculo de Eça

de Queirós. 2007. Dissertação (Mestrado em Letras (Est.Comp. de Liter. de Língua Portuguesa)) - Universidade de São Paulo.
50. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, P. F. M.; GARMES, H.. Participação em banca de Geraldo da Aparecida Ferreira. Memórias Póstumas de Brás Cubas e Coração, Cabeça e Estômago -

Machado de Assis e Camilo Castelo Branco: Leitores e críticos do Romantismo (membro suplente). 2007. Dissertação (Mestrado em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada))
- Universidade de São Paulo.
51. OLIVA, O. P.; GARMES, H.; OLIVEIRA, P. F. M.. Participação em banca de Geraldo da Aparecida Ferreira. Memórias Póstumas de Brás Cubas e Coração, Cabeça e Estômago -

Machado de Assis e Camilo Castelo Branco: Leitores e críticos do Romantismo (Membro efetivo da Banca de Qualificação). 2006. Dissertação (Mestrado em Letras (Teoria Literária e
Literatura Comparada)) - Universidade de São Paulo.
52. DAU, S.; OLIVA, O. P.; NASCIMENTO, S. F.. Participação em banca de Dinamor Chicarelli do Nascimento. A poesia na sala de aula: instrumento pedagógico, fruição ou tentativa de

apreensão da realidade? Um olhar sobre a criança. 2006. Dissertação (Mestrado em Educação e Sociedade) - Universidade Presidente Antônio Carlos.
53. OLIVA, O. P.; DOMINGUES, T. C. A.; NOGUEIRA, N. H. A.. Participação em banca de Almir Rodrigo Bissiatti. Vinícius de Moraes e a lírica da sedução. 2006. Dissertação (Mestrado

em Letras) - Centro Universitário Academia - UniAcademia.


54. OLIVA, O. P.; DUARTE, C. L.; DINIZ, D. C. B.; COELHO, H. R.. Participação em banca de Rita de Cássia Silva Dionísio. As marcas do real: ficção, memória e história em Resumo de

Ana, de Modesto Carone. 2005. Dissertação (Mestrado em Mestrado em Estudos Literários) - faculdade de letras da ufmg.

Teses de doutorado
1. OLIVA, O. P.; CUNHA, B. R. R.; NASCIMENTO, L.; GOMES, C. M.; PEREIRA, K. M. A.; SYLVESTRE, F. A.. Participação em banca de Patrícia Lopes da Silva. Exílio e deslocamento

feminino: a literatura nômade de Elisa Lispector. 2020. Tese (Doutorado em Letras) - Universidade Federal de Uberlândia.
2. OLIVA, O. P.; WALTY, I. L.C.; SOUZA, E. M.; GUIMARAES, R. B. J.; MAFRA, J. J.. Participação em banca de Bruno Henrique Muniz Souza. O legado de nossa miséria: o sinuoso

realismo de Machado de Assis. 2019. Tese (Doutorado em Letras) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
3. OLIVA, O. P.; NASCIMENTO, L. S.; MIRANDA, W. M.; MAIA, C. C.; JEHA, Júlio C.. Participação em banca de Ivana Teixeira Figueiredo Gund. À mesa com escritores canibais:

devoração e literatura. 2018. Tese (Doutorado em Letras: estudos literários) - Universidade Federal de Minas Gerais.
4. DUARTE, E. A.; GOULART, A. T.; WALTY, I. L.C.; GUIMARAES, R. B. J.; OLIVA, O. P.. Participação em banca de Elizângela Aparecida Lopes Fialho. A prosa moderna de Machado de

Assis: Memóris Póstumas de Brás Cubas e Papéis Avulsos. 2017. Tese (Doutorado em Letras) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
5. OLIVA, O. P.; FERREIRA, R. S. S.; OLIVEIRA, M. V. F.; SILVA, Anderson Pires da.; DEFILIPPO, J. G.. Participação em banca de Marina Leite Gonçalves. Ler Machado/Acessar

Machado: Reinvenção do clássico machadiano no ciberespaço. 2017. Tese (Doutorado em Letras: Estudos Literários) - Universidade Federal de Juiz de Fora.
6. DUARTE, C. L.; NASCIMENTO, L. S.; ALEXANDRE, M. A.; BARROCA, I. C. S.; OLIVA, O. P.. Participação em banca de Laile Ribeiro de Abreu. Representações da mulher na obra de

Rachel de Queiroz. 2016. Tese (Doutorado em Estudos Literários) - Universidade Federal de Minas Gerais.
7. OLIVA, O. P.; MORAIS, Márcia M.; MENEZES, A. B.; GUIMARAES, R. B. J.; LOBO, S. M. P. E. S.. Participação em banca de Alexsandra Loyola Sarmento. O purgatório d'A Divina

Comédia vertido em Leite Derramado. Tradição, mito e ironia no romance de Chico Buarque. 2015. Tese (Doutorado em Programa de Pós-graduação em Letras e Linguística) -
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
8. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, L. T. S. E.; MULLER JUNIOR, A.; MANCINI, R. C.; GOMES, R. S.. Participação em banca de Andréa Cristina Martins Pereira. A princesa e o rei - um estudo

sobre a construção do sentido em. 2014. Tese (Doutorado em ESTUDOS DE LINGUAGEM) - Universidade Federal Fluminense.
9. MARQUES, R. M.; COELHO, H. R.; SAID, Roberto Alexandre do Carmo.; OLIVEIRA, I. V.; MENEZES, Roniere Silva.; SOUZA, E. M.; OLIVA, O. P.. Participação em banca de Geraldo

da Aparecida Ferreira. Entre a memória e a autobiografia: narrativas de Cyro dos Anjos e de Darcy Ribeiro. 2013. Tese (Doutorado em Letras: estudos literários) - Universidade
Federal de Minas Gerais.
10. OLIVA, O. P.; MARQUES, R. M.; COELHO, H. R.; SAID, Roberto Alexandre do Carmo.; OLIVEIRA, I. V.; MENEZES, Roniere Silva.; SOUZA, E. M.. Participação em banca de Geraldo

da Aparecida Ferreira. Entre a memória e a autobiografia: narrativas de Cyro dos Anjos e de Darcy Ribeiro. 2013. Tese (Doutorado em Letras: estudos literários) - Universidade
Federal de Minas Gerais.
11. DUARTE, C. L.; MARQUES, R. M.; MENEZES, Roniere Silva.; MORAES, Marcos Antônio de.; SAID, Roberto Alexandre do Carmo.; OLIVA, O. P.; SILVA, Marcelino Rodrigues..

Participação em banca de Kellen Benfenatti Paiva. Nos bastidores do arquivo literário: Henriqueta Lisboa entre versos e cartas. 2012. Tese (Doutorado em Letras: estudos literários)
- Universidade Federal de Minas Gerais.
12. GARMES, H.; MARTINS, E. V.; CARDOSO, P. S.; OLIVEIRA, P. F. M.; OLIVA, O. P.. Participação em banca de Jane Adriane Gandra. Pinheiro Chagas: um escritor olvidado. 2012.

Tese (Doutorado em Letras (Est.Comp. de Liter. de Língua Portuguesa)) - Universidade de São Paulo.
13. PEREIRA, Edimilson de Almeida; FARIA, A. G.; MIRANDA, Camilla do Valle.; FURTADO, F. F. F.; SILVA, Anderson Pires da.; OLIVA, O. P.. Participação em banca de Marcos Vinícius

Ferreira de Oliveira. membro suplente da banca de doutorado A ruína e a máscara: as contradições de uma modernização conservadora em Inferno Provisório, de Luiz Ruffato.
2011. Tese (Doutorado em Letras: Estudos Literários) - Universidade Federal de Juiz de Fora.
14. OLIVA, O. P.; HAZIN, Elizabeth; ARAÚJO, Adriana de Fátima Barbosa; SANTOS, Cássia dos.; CORRÊA, Ana Laura dos Reis.. Participação em banca de Edwirgens Aparecida Ribeiro

Lopes de Almeida. Reiventando a realidade - estratégias de composição da ficção de Lúcia Miguel Pereira. 2010. Tese (Doutorado em Literatura) - Universidade de Brasília.
15. DUARTE, C. L.; SOUZA, L. F. M.; ALVES, I. D.; PEIXOTO, S. A.; SOUZA, E. M.; NASCIMENTO, L. S.; OLIVA, O. P.. Participação em banca de Alcilene Cavalcante de Oliveira. Um

escritora na periferia do Império: vida e obra de Emília Freitas (suplente). 2007. Tese (Doutorado em letras) - Universidade Federal de Minas Gerais.
16. OLIVA, O. P.; DUARTE, E. A.; NOVA, V. L. C. C.; LEAL, B. S.; BEZERRA, K. C.; SOUZA JUNIOR, J. L. F.; COELHO, H. R.. Participação em banca de Luiz Fernando Lima Braga Júnior.

Caio Fernando Abreu: narrativa e homoerotismo (suplente). 2006. Tese (Doutorado em Letras) - Universidade Federal de Minas Gerais.

Qualificações de Doutorado
1. OLIVA, O. P.; SOUZA, E. M.; WALTY, I. L.C.. Participação em banca de Bruno Henrique Muniz Souza. O legado da nossa miséria: o sinuoso realismo de Machado de Assis. 2018.

Exame de qualificação (Doutorando em Curso de Literaturas de Língua Portuguesa) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
2. OLIVA, O. P.; DUARTE, C. L.; ALEXANDRE, M. A.. Participação em banca de Laile Ribeiro de Abreu. Representação da donzela guerreira na obra de Rachel de Queiroz. 2015.

Exame de qualificação (Doutorando em Letras: estudos literários) - Universidade Federal de Minas Gerais.
3. OLIVA, O. P.; JOBIM, J. L.; GINZBURG, J.. Participação em banca de Odion Rosa Corrêa. Estudo comparativo dos romances "Galantes memórias e admiráveis aventuras do

virtuoso conselheiro Gomes, o Chalaça", e "Memórias Póstumas de Brás Cubas". 2007. Exame de qualificação (Doutorando em Letras) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Qualificações de Mestrado
1. OLIVA, O. P.; DIONISIO, R. C. S.; SILVA, A. V. N.. Participação em banca de Luciana Toletino Prates. A CIDADE-CAPITAL: MEMÓRIA E FICÇÃO EM CIDADE LIVRE, DE JOÃO

ALMINO. 2021. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
2. OLIVA, O. P.; DIONISIO, R. C. S.; OLIVEIRA, G. V.. Participação em banca de Amanda Christine Oliveira Nascimento. DIÁLOGO COM O CÂNONE NA FICÇÃO DE AUGUSTA FARO:

LINHAS DE FORÇA NA PRODUÇÃO LITERÁRIA CONTEMPORÂNEA FEMININA. 2021. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de
Montes Claros.
3. OLIVA, O. P.; REBELLO, IVANA FERRANTE; ALMEIDA, E. A. R. L.. Participação em banca de Gerusa Alves dos Santos Dias. MULHERES AO ESPELHO: AS MÚLTIPLAS FACES DO

FEMININO EM DUAS IRMÃS, DE MARIA BENEDITA CÂMARA BORMANN. 2021. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes
Claros.
4.

OLIVA, O. P.; PEREIRA, Andréa C. M.; BARCELOS, D. C.. Participação em banca de Rodolfo Athayde de Morais. Ensiqlopedia da desregulagem qômica: as conexões entre o insólito
e o cômico nas obras teatrais de Qorpo-Santo. 2020. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
5. OLIVA, O. P.; DIONISIO, R. C. S.; SILVA, A. V. N.. Participação em banca de Luciana Tolentino Prates. Representações da cidade em Cidade Livre, de João Almino. 2020. Exame de

qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


6. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F.; DIONISIO, R. C. S.. Participação em banca de Rosângela Cardoso de Jesus. Ao som da música: ritmo, tempo e sonoridades na narrativa de Canaã, de

Graça Aranha. 2019. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
7. OLIVA, O. P.; PEREIRA, Andréa C. M.; DIONISIO, R. C. S.. Participação em banca de Daniela Rodrigues Soares. O desejo pedofílico em contos de Autran Dourado. 2018. Exame de

qualificação (Mestrando em Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


8. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F.; DIONISIO, R. C. S.. Participação em banca de Daniela de Azevedo. Uma vida em segredo e A hiden life: alteridade e despersonalização de prima

Biela. 2018. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
9. OLIVA, O. P.; PEREIRA, Andréa C. M.; SILVA, A. V. N.. Participação em banca de Juliana Silveira Paiva. A representação feminina na obra Outros cantos, de Maria Valéria Rezende.

2018. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
10. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F.; DIONISIO, R. C. S.. Participação em banca de Leonardo Tadeu Nogueira Palhares. Alegoria a Minas Gerais a partir do Sangue nas Narrativas de

Sangue de Rosaura, de Luiz Canabrava. 2017. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
11. OLIVA, O. P.; DIONISIO, R. C. S.; CÁFFARO, G.. Participação em banca de Dulce Mírian Veloso. Um passeio pelos relatos de viagens de Fernando Bonassi. 2017. Exame de

qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


12. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F.; CÁFFARO, G.. Participação em banca de Fernanda Mendes Oliveira Figueiredo. Entre rosas e espinhos: um estudo comparado de Ópera dos mortos,

de Autran Dourado, e A rose for Emile, de William Faulkner. 2017. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
13. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F.; DIONISIO, R. C. S.. Participação em banca de Luiza Lelis Oliva. A história conta uma história: memória e masculinidade em Leite Derramado, de Chico

Buarque. 2016. Exame de qualificação (Mestrando em Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
14. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, A. P.; DIONISIO, R. C. S.. Participação em banca de Carmélia Daniel dos Santos. Novela das oito: gêneros e formas em diálogos na poesia de Gilberto

Mendonça Teles. 2016. Exame de qualificação (Mestrando em Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
15. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, A. P.; SILVA, R. G.. Participação em banca de Érika Pereira Soares. O subir Bahia e descer Floresta - A rua da Bahia como espaço para construção das

memórias de Pedro Nava e de Carlos Drummond de Andrade. 2016. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
16. OLIVA, O. P.; SILVA, A. V. N.; JARDIM, A.F.C.. Participação em banca de Elizabeth Dias Lessa. Douta Loucura: abordagem dos contos. 2016.

17. REBELO, I. F.; OLIVA, O. P.; DIONISIO, R. C. S.. Participação em banca de Aimée Lafetá. A rep resentação da memória na obra Brasil interior (1934) do januarense Manoel

Ambrósio. 2016. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
18. OLIVEIRA, I. V.; OLIVA, O. P.; SILVA, A. V. N.. Participação em banca de Camila de Souza Ramos. Passeio a Sabará Uma reconstrução estética e histórica da cidade. 2016. Exame

de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


19. OLIVA, O. P.; ALMEIDA, E. A. R. L.; SILVA, T. B.. Participação em banca de Silvana Mendes Cordeiro. Dimensões quixotescas nas narrativas 'O alienista" e "Pílades e Orestes", de

Machado de Assis". 2016. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
20. OLIVA, O. P.; ALMEIDA, E. A. R. L.; REBELO, I. F.. Participação em banca de Ianny Lima Maia. Traços de cigana em La gitanilla, Carmen, A cartomante e Esaú e Jacó.. 2015.

21. OLIVA, O. P.; ALMEIDA, E. A. R. L.; REBELO, I. F.. Participação em banca de Ianny Lima Maia. Traços de cigana em La gitanilla, Carmen, A cartomante e Esaú e Jacó. 2015.

Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


22. OLIVA, O. P.; ALMEIDA, E. A. R. L.; SOUTO, M. G. F.. Participação em banca de Josye Gonçalves Ferreira. Velhice desejante: sexualidade e envelhecimento na ficção de Lygia

Fagundes Telles. 2014. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
23. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F.; SOUTO, M. G. F.. Participação em banca de Elizabeth Marly Martins Pereira. Um presente de Morfeu? A insólita gênese de Uma vida em segredo.

2014. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
24. GANDRA, Jane A.; DIONISIO, R. C. S.; OLIVA, O. P.. Participação em banca de Maria Zeneide de Macedo Melo Jorge. Representação da mulher escritora em Vésperas, de Adriana

Lunardi. 2013. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
25. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, I. V.; REBELO, I. F.. Participação em banca de Jacqueline Beatriz Teixeira Barbosa. Gilberto Mendonça Teles: poesia e escrita de si. 2013. Exame de

qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.


26. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F.; SOUTO, M. G. F.. Participação em banca de Patrícia Lopes da Silva. Eros e Thânatos: o corpo e suas cruéis exigências em A via crúcis do corpo, de

Clarice Lispector. 2013. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
27. OLIVA, O. P.; SILVA, R. G.; REBELO, I. F.. Participação em banca de Thereza Christina Narciso Moebus. A reconstrução do protagonista Martim como uma questão de linguagem

em A maçã no escuro, de Clarice Lispector. 2013. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
28. SOUTO, M. G. F.; OLIVA, O. P.; DIONISIO, R. C. S.. Participação em banca de Ariane Laura de Souza Galdino. O guarani de Alencar: do texto clássico para os quadrinhos: tradição

e mídia. 2012. Exame de qualificação (Mestrando em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros.
Trabalhos de conclusão de curso de graduação
1. OLIVA, O. P.; PEREIRA, Elizabeth Marli M.; SILVA, P. L.. Participação em banca de Brenda Mourão de Paula.O tom irônico de Machado de Assis na coletânea Balas de Estalo.
2021.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.


2. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, G. V.; FERNANDES, I. R.. Participação em banca de Maria Cleia Durães Cardoso.Janelas do sobrado: um abraço ao passado.
2017. Trabalho de Conclusão

de Curso (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.


3. OLIVA, O. P.; SILVA, T. B.; FERNANDES, I. R.. Participação em banca de Júlio Cipriano da Silva Neto.Performatividade de gênero no conto O menino do Gouveia -

Homopornografia no século XX.


2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.
4. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F.; OLIVEIRA, G. V.. Participação em banca de Daniela Rodrigues Soares.O sentimento pedofílico em contos de Autran Dourado.
2015. Trabalho de

Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.


5. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, G. V.; BEZERRA, F. S.; BUXTON, Ângela Heloiza B.. Participação em banca de /ana Aparecida Veloso Gusmão.Homens e animais: a zoopoética em Vila dos

Confins, de Mário Palmério.


2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.
6. OLIVA, O. P.; BEZERRA, F. S.; OLIVEIRA, G. V.; BUXTON, Ângela Heloiza B.. Participação em banca de Renata Soares Veloso.Shonen-Ai: o homoerostimos fantástico nos

quadrinhos japoneses.
2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Inglês) - Universidade Estadual de Montes Claros.
7. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, G. V.; BRITO, D. L.. Participação em banca de Flávia Istele Pereira Gomes.Representações da identidade de Lucas Procópio, Pedro Chaves e Jerônimo no

romance Lucas Procópio, de Autran Dourado.


2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.
8. OLIVA, O. P.; BUXTON, Ângela Heloiza B.; PEREIRA, Andréa C. M.. Participação em banca de Dâmaris Danielle Crisóstomo Ruas.As diferenças verificadas no corpo tradutório dos

textos bíblicos oriundos de manuscritos antigos e suas diferentes versões podem causar distorção na palavra de Deus.
2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.
9. OLIVA, O. P.; BUXTON, Ângela Heloiza B.; FERNANDES, I. R.. Participação em banca de Letícia Aparecida Peres Freitas.A flauta e o flautim - estudo das representações masculinas

em contos de Autran Dourado.


2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.
10. OLIVA, O. P.; DIONISIO, R. C. S.; FERNANDES, I. R.. Participação em banca de Sinvagna de Oliveira Neto.A despersonalização do indivíduo na pós-modernidade: uma abordagem

do livro "Por trás dos vidros", de Modesto Carone.


2014. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.
11. OLIVA, O. P.; PEREIRA, Andréa C. M.; OLIVEIRA, G. V.. Participação em banca de Priscilla Neves.Apelos sinestésicos na literatura infantil.
2014. Trabalho de Conclusão de Curso

(Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.


12. OLIVA, O. P.; FERNANDES, I. R.; PEREIRA, Andréa C. M.. Participação em banca de Rafael Ramon Barroso Silva.Relações incestuosas em "Sombras de julho": uma abordagem

psicanalítica e antropológica.
2014. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.
13. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, G. V.; FERNANDES, I. R.. Participação em banca de Samara Márcia dos Santos Rodrigues.A identidade feminina na crônica contemporânea de Lya Luft.

2014. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.
14. OLIVA, O. P.; SOUTO, C. A.; OLIVEIRA, J. dos Santos.. Participação em banca de Odete Ferreira da Silva.O fantástico e a monstruosidade feminina na obra Macbeth, de William

Shakespeare.
2014. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Inglês) - Universidade Estadual de Montes Claros.
15. ALMEIDA, E. A. R. L.; REBELO, I. F.; OLIVA, O. P.. Participação em banca de Kênia Gonçalves Lima Carvalho.O poeta atrevido: uma leitura de Parangolivro, de Aroldo Pereira.

2013. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.
16. PEREIRA, Andréa C. M.; FERNANDES, I. R.; OLIVA, O. P.. Participação em banca de Josiane Ferreira Costa.A imagem do masculino no romance O primo Basílio, de Eça de

Queirós.
2013. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.
17. REBELO, I. F.; BUXTON, Ângela Heloiza B.; OLIVA, O. P.. Participação em banca de Jéssica Tairine Santos.Isaltina e o poder do feminino: uma leitura de Um cavalheiro de

antigamente, de Autran Dourado.


2013 - Universidade Estadual de Montes Claros.
18. SILVA, T. B.; OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, G. V.. Participação em banca de Bruna Inácio Gomes.A multiplicidade de vozes narrativas em Memorial de Aires, de Machado de Assi.
2013.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.


19. OLIVEIRA, I. V.; REBELO, I. F.; OLIVA, O. P.. Participação em banca de Cínthia Freitas de Souza.Madrinha Lua, de Henriqueta Lisboa - poética das cidades mineiras.
2012.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.
20. OLIVA, O. P.. Participação em banca de Fernanda Marinha dos Santos.Qorpo Santo X teatro do absurdo: análise da construção do absurdo na estrutura do texto dramático "A

separação de de dois esposos".


2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Artes/teatro) - Universidade Estadual de Montes Claros.
21. SOUTO, M. G. F.; OLIVA, O. P.; Brandão, C. A.. Participação em banca de Taíra Alves Maciel Leal.A poética da voz e da letra de João Balaio - a performance do mito em "Você sabe

o que aconteceu em Montes Claros no dia 13 de agosto do ano passado?".


2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de
Montes Claros.
22. ALMEIDA, E. A. R. L.; OLIVA, O. P.; BEZERRA, F. S.. Participação em banca de Marlene Joaquina dos Santos.Implicações sociais, políticas e ideológicas na escrita de Marajó.
2011.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Espanhol) - Universidade Estadual de Montes Claros.


23. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, G. V.; OLIVEIRA, I. V.. Participação em banca de Ana Cláudia Aparecida Silva.A representação de Sinhá Vitória em Vidas Secas.
2011. Trabalho de

Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.


24.

OLIVA, O. P.; PEREIRA, Andréa C. M.; DIONISIO, R. C. S.. Participação em banca de Anderson Rodrigues Rocha.Agosto e a construção de personagens policiais e históricos.
2011.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras - Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.
25. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F.; SOUTO, M. G. F.. Participação em banca de Agnes Gomes Brant.Os sinos da agonia: polifionia e representação do feminino.
2011. Trabalho de

Conclusão de Curso (Graduação em Letras - Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.


26. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F.; BUXTON, Ângela Heloiza B.. Participação em banca de Emanuelle Silva Rodrigues.Ópera dos mortos: relações de servidão.
2011. Trabalho de

Conclusão de Curso (Graduação em Letras - Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.


27. OLIVA, O. P.; PEREIRA, Andréa C. M.; ALMEIDA, E. A. R. L.. Participação em banca de Camila Pereira dos Santos.Marias e as mulheres de Rachel de Queiroz.
2011. Trabalho de

Conclusão de Curso (Graduação em Letras - Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.


28. OLIVA, O. P.; BUXTON, Ângela Heloiza B.; SOUTO, M. G. F.. Participação em banca de Elizabeth Marly Martins Pereira.O sobrado e a solidão: a poética do espaço em Ópera dos

mortos.
2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras - Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.
29. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, I. V.. Participação em banca de Alan Ramon Silva.Religiosidade e misticismo em Matéria Bruta, de Romério Rômulo.
2009. Trabalho de Conclusão de

Curso (Graduação em Letras - Inglês) - Universidade Estadual de Montes Claros.


30. OLIVA, O. P.; SILVA, T. B.. Participação em banca de Érika OIiveira.Figuração feminina na obra O retrato de Dorian Gray.
2009. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Letras/Inglês) - Universidade Estadual de Montes Claros.


31. OLIVA, O. P.. Participação em banca de Célia Santos.A simbologia da casa no conto A queda da casa de Usher, de Edgar Alan Poe.
2009. Trabalho de Conclusão de Curso

(Graduação em Letras/Inglês) - Universidade Estadual de Montes Claros.


32. OLIVA, O. P.. Participação em banca de Reinaldo Edy dos Montes.A sedução e a perversão pela linguagem na peça Otelo, de William Shakespeare.
2008. Trabalho de Conclusão

de Curso (Graduação em Letras - Inglês) - Universidade Estadual de Montes Claros.

Participação em bancas de comissões julgadoras

Concurso público
1. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, I. V.; SILVA, A. V. N.. Processo de seleção de docentes para designação do candidato Dirlenvalder do Nascimento Loyola.
2008. Universidade Estadual de

Montes Claros.
2. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, I. V.; SILVA, A. V. N.. Processo de seleção de docentes para designação - candidata Catiana Fernandes Ferreira.
2008. Universidade Estadual de Montes

Claros.
3. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, I. V.; SILVA, A. V. N.. Processo de seleção de docentes para designação - candidata Catarina da Conceição Rodrigues.
2008. Universidade Estadual de

Montes Claros.
4. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, I. V.; SILVA, A. V. N.. Processo de seleção de docentes para designação do candidato Humberto Luiz Galupo Vianna.
2008. Universidade Estadual de

Montes Claros.
5. OLIVA, O. P.. Membro efetivo da Banca Examinadora do Processo Seletivo para designação de professores do centro de Ciências Humanas da Unimontes, avaliando candidatos da

área de Letras/estudos literários.


1999. Universidade Estadual de Montes Claros.
6. OLIVA, O. P.. Membro efetivo da Banca Examinadora do Processo Seletivo para designação de professores do centro de Ciências Humanas da Unimontes, avaliando candidatos da

área de Letras/estudos literários.


1998. Universidade Estadual de Montes Claros.

Outras participações
1. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F.; SILVA, A. V. N.. Presidente da Comissão examinadora do VII Processo de seleção de alunos 2015.
2014.
Universidade Estadual de Montes Claros.

2. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, E. L.; SILVA, T. B.; SOUTO, M. G. F.; CAMARGO, F. F.. banca de avaliação do 1º processo seletivo do mestrado em Letras da Unimontes.
2008.

Universidade Estadual de Montes Claros.


3. OLIVA, O. P.. Membro da Comissão Julgadora do XXVIII Concurso de Poemas FEMC.
2006.
Fundação Educacional Montes Claros.

4. OLIVA, O. P.; REDMOND, W. V.. Avaliador do projeto final de mestrado "O humor e a ironia nas crônicas de Luís Fernando Veríssimo",de Sílvia Maria Duarte.
2006.
Centro

Universitário Academia - UniAcademia.


5. OLIVA, O. P.; PIRES, A. M. G. D.. Avaliador do projeto final de mestrado "A sátira política e social na obra de Belmiro Braga", de Rita de Cássia Matos Leite.
2006.
Centro

Universitário Academia - UniAcademia.


6. OLIVA, O. P.; REDMOND, W. V.. Avaliador do projeto final de mestrado "O espelho: uma reflexão sobre identidade e alteridade em Machado de Assis e Guimarães Rosa", de

Douglas Nunes Abreu.


2006.
7. OLIVA, O. P.; REDMOND, W. V.. Avaliador do projeto final de mestrado "Santificar o louco ou enlouquecer o santo: loucura e ruptura na dramaturgia de Qorpo-santos", de Rodrigo

Costa Marinho.
2006.
Centro Universitário Academia - UniAcademia.
8. OLIVA, O. P.; PIRES, A. M. G. D.. Avaliador do projeto final de mestrado "O quinze e a visão do semi-árido nordestino", de Ângela Caldas Sanábio Faria.
2006.
Centro Universitário

Academia - UniAcademia.
9. OLIVA, O. P.; PIRES, A. M. G. D.. Avaliador do projeto final de mestrado "Gênero e Subjetividade no diário de Helena Morley", de Lúcia Helena da Silva Joviano.
2006.
Centro

Universitário Academia - UniAcademia.


10. OLIVA, O. P.; REDMOND, W. V.. Avaliador do projeto final de mestrado "Vinho e romance policial: sensações e desencantos", de Márcia Adriana de Souza Verona.
2006.
Centro

Universitário Academia - UniAcademia.


11. OLIVA, O. P.. Membro Efetivo da Comissão de Avaliação do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Unimontes - BIC-UNI..
2004.
Universidade Estadual de

Montes Claros.
12. OLIVA, O. P.. Membro Efetivo da Comissão de Avaliação do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais

- FAPEMIG.
2004.
Universidade Estadual de Montes Claros.
13. OLIVA, O. P.. Membro da Comissão Julgadora do XXVI Concurso de Poemas Colégio Dela.
2004.
Fundação Educacional Montes Claros.

14. OLIVA, O. P.. Membro da Comissão Julgadora do XXV Concurso de Poemas Colégio Delta.
2003.
Fundação Educacional Montes Claros.

15. OLIVA, O. P.. Membro da Comissão Julgadora do XXIV Concurso de Poemas Colégio Delta.
2002.
Fundação Educacional Montes Claros.

Eventos

Participação em eventos, congressos, exposições e feiras


1. ?ALEXINA DE MAGALHÃES PINTO: HISTÓRIA DAS MULHERES ESCRITORAS.Alexina de Magalhães Pinto: memoricídio e dissonâncias.
2021. (Encontro).

2. ?ALEXINA DE MAGALHÃES PINTO: HISTÓRIA DAS MULHERES ESCRITORAS.Livro-objeto bordado em homenagem a Alexina de Magalhães Pinto.
2021. (Encontro).

3. 9º Festival de Arte e Cultura do CEFET-MG.A correspondência das Artes: Literatura, pintura e bordados.
2021. (Encontro).

4. Colóquio um dia de poesia.Gilberto Mendonça Teles e a casa da palavra: nada onde a palavra faltar.
2021. (Encontro).

5. Simpósio Internacional Língua( gem Ação e Reflexão novas perspectivas em ensino e em pesquisa e do VII SPLM Seminário de Pesquisas em Letras Multi )letramentos.BAÚS, TEIAS

E RISCOS DOS BORDADOS NOS ARQUIVOS DE AUTRAN DOURADO. 2021. (Seminário).


6. 13º Fórum de Ensino, Pesquisa, Extensão e Gestão.A moralização do corpo feminino: uma análise da personagem de Erico Verissimo, Ernestides, de Um lugar ao sol. 2019. (Outra).

7. 6ª Semana de defesas de monografias do curso Letras Português.A importância do TCC no percurso do professor pesquisador. 2019. (Outra).

8. III Conferência regional pelo fim da violência às mulheres e de gêenro.Análise de Amaro Terra e Temístocles, personagens de Um lugar ao sol, de Erico Verissimo, como metáfora

de uma sociedade brasileira heteronormativa/homofóbica. 2019. (Outra).


9. XI Seminário Nacional de Pesquisa em Literatura e Criação Literária.Memória e ficção em Cidade livre, de João Almino e Cidades invisíveis, de Ítalo Calvino. 2019. (Seminário).

10. XI Seminário Nacional de Pesquisa em Literatura e Criação Literária.Masculinidade em conflito e homofobia: uma leitura de Um lugar ao sol, de Erico Verissimo. 2019. (Seminário).

11. XI Seminário Nacional de Pesquisa em Literatura e Criação Literária.Prostituição, violência, resistência e literatura: uma análise de Incidente em Antares, de Erico Verissimo. 2019.

(Seminário).
12. III Conferência regional pelo da violência às mulheres e de gênero.Análise de Amaro Terra e Temístocles, personagens de "Um lugar ao sol, de Érico Veríssimo, como metáfora de

uma sociedade heteronormativa/homofóbica. 2018. (Outra).


13. XII Seminário Nacional de Literatura Brasileira - Leitura literária: representações do autor e do leitor.Prima Biela - um baú de muitos segredos. 2018. (Seminário).

14. 1ª Semana de defesas de monografias do curso de Letras Português da Unimontes.Pesquisa em Letras. 2017. (Outra).

15. 2ª semana de defesas de monografias do curso de letras/portugu~es.Importância da monografia nos cursos de licenciatura. 2017. (Outra).

16. Congresso internacional O romance histórico em língua portuguesa - repensando o século XIX. Entre rios e ruínas: José de Alencar leitor de Alexandre Herculano. 2017.

(Congresso).
17. I Semana Pedagógica dos professores da rede municipal de ensino.Literatura e ensino.
2017. (Encontro).

18. IX Colóquio Mulheres em Letras. Performance, memória e violência na obra de Conceição Evaristo. 2017. (Congresso).

19. IX Colóquio Mulheres em Letras. Literatura de Minas Gerais em Perspectiva. 2017. (Congresso).

20. PET-CRE.Literatura e religião: Machado de Assis e as reescritas do livro de Gênesis.


2017. (Encontro).

21. V Fórum dos coordenadores dos programas de pós-graduação da área de linguística e Literatura - Sudeste.
2017. (Encontro).

22. XI Seminário de Literatura Brasileira - escritores mineiros e outras contemplações de Minas.Política, modernismo e mineiridade na crítica de Francisco inglésias. 2017. (Seminário).

23. XI Seminário de Literatura Brasileira - Escritores mineiros e outras contemplações de Minas.Feminino e espacialidade em "Ópera dos mortos" e "A rose for Emily". 2017.

(Seminário).
24. XI Seminário de Literatura Brasileira - Escritores mineiros e outras contemplações de Minas.O metateatro em Seis bichos à procura de uma história e Seis personagens à procura de

um autor. 2017. (Seminário).


25. XI Seminário de Literatura Brasileira - Escritores Mineiros e outras contemplações de Minas.Política, modernismo e mineiridade na crítica de Francisco Iglésias. 2017. (Seminário).

26. XI Seminário de Literatura Brasileira - Escritores Mineiros e outras contemplações de Minas.A figuração das rosas em Ópera dos mortos, de Autran Dourado, e A rose for Emile, de

William Faulkner. 2017. (Seminário).


27. 10º FEPEG.Nos labirintos da correspondência de Autran Dourado. 2016. (Outra).

28. III Colóquio Internacional Marginalidades Femininas no Mundo Lusófonso. Vozes femininas Em surdina, de Lúcia Miguel Pereira. 2016. (Congresso).

29. I Seminário Nacional Guimarães Rosa.Moderador. 2016. (Seminário).

30. I Seminário Nacional Guimarães Rosa.Veredas em sombras: Riobaldo e a violência sexual contra mulheres. 2016. (Seminário).

31. Seminário de Pesquisa e Criação Literária - Pensar 22.Polêmicas e Humor em torno da Literatura Modernista. 2016. (Seminário).

32. VIII Seminário de Pesquisa e Criação Literária.Lúcia Miguel Pereira e o romance de 30. 2016. (Seminário).

33. colóquio internacional e interdisciplinar A marginalidade feminina no mundo lusófono. A mulher segundo a literatura luso-brasileira oitocentista. 2015. (Congresso).

34. Colóquio Internacional e Interdisciplinar A marginalidade feminina no mundo lusófono. A marginalidade ficcional de Lúcia Miguel Pereira e seu diálogo com Eça de Queirós. 2015.

(Congresso).
35. II Encontro de pesquisadores de cultura oitocentista luso-brasileira.À procura da voz: edição e crítica da obra completa de José Ricardo Pires de Almeida.
2015. (Encontro).

36. I Oficina de introdução à língua francesa. 2015. (Oficina).

37. IX Seminário de Literatura Brasileira - o romance oitocentista, variações e diversidades.Ironia e aforismos em A mão e a luva, de Machado de Assis. 2015. (Seminário).

38. Congresso Internacional Camilo Castelo Branco e Machado de Assis: diálogos lusófonos. Machado, Camilo e Eça - devaneios em torno do conto "O diplomático", de Machado de

Assis. 2014. (Congresso).


39. I Seminário de Pesquisa Literária.Nos labirintos da biblioteca de Autran Dourado. 2014. (Seminário).

40. Momento cultural: conto norte-mineiro.Contista homenageado. 2014. (Outra).

41. VI Colóquio Mulheres em Letras.A fome da escrita: paratextos no Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. 2014. (Outra).

42. VIII Seminário de Literatura Brasileira - Tra(d)ições e Traduções.Narrar e trair-se - A formação literária e filosófica de Autran Dourado em Um artista aprendiz. 2014. (Seminário).

43. VIII Seminário de Literatura Brasileira - Tra(d)ições e Traduções.A FLAUTA E O FLAUTIN: UM ESTUDO SOBRE AS REPRESENTAÇÕES MASCULINAS NO CONTO ?VIOLETAS &

CARACÓIS? DE AUTRAN DOURADO. 2014. (Seminário).


44. VIII Seminário de Literatura Brasileira - Tra(d)ições e Traduções.Diálogos com a tradição literária: a Medusa contemporânea de Guiomar de Grammont. 2014. (Seminário).

45. VIII Seminário de Literatura Brasileira - Tra(d)ições e Traduções.Virilidade e efeminação: oposições masculinas no conto autraniano. 2014. (Seminário).

46. VIII Seminário de Literatura Brasileira - Tra(d)ições e Traduções.Tradução, moral e consciência em The Circus of Puppets, de Oscar Von Pfuhl. 2014. (Seminário).

47. VIII Seminário de Literatura Brasileira - Tra(d)ições e Traduções.O sentimento pedofílico ? uma leitura do conto ?Mulher menina mulher?, de Autran Dourado. 2014. (Seminário).

48. VI Seminário de pesquisa em literatura e criação literária.Literatura, erotismo e violência - a escrita transgressora de Guiomar de Grammont. 2014. (Seminário).

49. I Encontro do curso de formação continuada para professores alfabetizadores da rede estadual de Montes Claros - Pacto nacional pela alfabetização na idade certa..Alfabetização e

letramento.
2013. (Encontro).
50. III Encontro Tricordiano de Linguística e Literatura.A via crúcis do corpo - caminhos percorridos pela crítica.
2013. (Encontro).

51. III Encontro tricordiano de linguística e literatura da Universidade Vale do Rio Verderde de Três Corações..A via crucis do corpo: caminhos percorridos pela crítica.
2013. (Encontro).

52. V Colóquio Mulheres em Letras. Homenagem à escritora Lygia Fagundes Telles. 2013. (Congresso).

53. V Colóquio Mulheres em Letras. Poéticas da literatura feminina contemporâne. 2013. (Congresso).

54. V Colóquio Mulheres em Letras. Rachel de Queiroz e as contradições do feminino - entre a independência e a conformação. 2013. (Congresso).

55. V Colóquio Mulheres em Letras. Sombras do cristianismo em Sudário, de Guiomar de Grammont. 2013. (Congresso).

56. V Colóquio Mulheres em Letras. Rachel de Queiroz e as contradições do feminino - entre a independência e a conformação. 2013. (Congresso).

57. VII seminário internacional de literatura brasileira - literatura, vazio e danação.Fúria de jagunços - dois episódios de danação no Grande sertão: veredas. 2013. (Seminário).

58. V Seminário de pesquisa e criação literária - Cartografias estético-literárias da vida urbana.A flauta e o flautin: um estudo sobre representações masculinas nos contos de Autran

Dourado. 2013. (Seminário).


59. V Seminário de pesquisa e criação literária - Cartografias estético-literárias da vida urbana.Biela: o feio belo em Uma vida em segredo, de Autran Dourado. 2013. (Seminário).

60. V Seminário de pesquisa e criação literária - Cartografias estético-literárias da vida urbana.O sentimento pedofílico em contos de Autran Dourado. 2013. (Seminário).

61. V Seminário de pesquisa e criação literária - Cartografias estético-literárias da vida urbana.Do sério ao farsesco: uma leitura do conto "O corpo", de Clarice Lispector. 2013.

(Seminário).
62. V Seminário de Pesquisa em Literatura e Criação Literária.Do sério ao farsesco: uma leitura do conto O corpo, de Clarice Lispector. 2013. (Seminário).

63. V Seminário de Pesquisa em Literatura e Criação Literária.A flauta e o flautin: um estudo sobre representações masculinas nos contos de Autran Dourado. 2013. (Seminário).

64. V Seminário de Pesquisa em Literatura e Criação Literária.O sentimento pedofílico em contos de Autran Dourado. 2013. (Seminário).

65. V Seminário de Pesquisa em Literatura e Criação Literária.Transgressão, violência e erotismo em Sudário, de Guiomar de Grammont. 2013. (Seminário).

66. V Seminário de Pesquisa em Literatura e Criação Literária.Biela: o feio belo em Uma vida em segredo, de Autran Dourado. 2013. (Seminário).

67. XII semana de Letras da UFOP.Sabor e dessabor: o martírio do corpo em Ruído de Passos e Mas vai chover, de Clarice Lispector. 2013. (Outra).

68. Colóquio internacional crimes, delitos e transgressões.Crimes, armas e corações: o extraordinário em contos de Autran. 2012. (Outra).

69. Congresso internacional Camilo Castelo Branco e o Oitocentos: 150 anos do Amor de Perdição. Procedimentos carnavalizantes em A brasileira de Prazins.. 2012. (Congresso).

70. I Seminário Dimensões da Crítica Literária Brasileira.O ninho da serpente - Autran Dourado nos arquivos da biblioteca de João Luiz Lafetá. 2012. (Seminário).

71. I Seminário Dimensões da Crítica Literária Brasileira.Uma serpente nos jardins da USP - o caso da Revista Sibila. 2012. (Seminário).

72. VI Seminário de Literatura Brasileira - Minas e o Modernismo.A volubilidade do defunto autor: o movimento dos movimentos. 2012. (Seminário).

73. VI Seminário de Literatura Brasileira - Minas e o Modernismo.Relações de paternidade em Um cavalheiro de antigamente. 2012. (Seminário).

74. VI Seminário de Literatura Brasileira - Minas e o Modernismo.Carta ao dr. Cincinato ou carta ao meu pai? Uma perspectiva psicanalítica em uma narrativa breve, de Autran Dourado.

2012. (Seminário).
75. VI Seminário de Literatura Brasileira - Minas e o Modernismo.Relações de paternidade em Um cavalheiro de antigamente, de Autran Dourado. 2012. (Seminário).

76. A matriz feminina na ficção histórica de Maria José Silveira. 2011. (Outra).

77. I Encontro internacional de pesquisadores em esporte, psicologia e saúde.Importância da internacionalização e múltipla titulação nos cursos de Pós-Graduação: Mestrado e

Doutorado.
2011. (Encontro).
78. XXIII Congresso internacional da Associação Brasileira de Professores de Literatura Portuguesa. A cidade e as serras e a afinação do mundo. 2011. (Congresso).

79. 1º Colóquio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários e 4º Colóquio de Estudos Linguísticos e Literários.A escrita dilacerada - corpo e sexualidade em Sudário, de Guiomar

de Grammont. 2010. (Outra).


80. 3º Congresso Nacional de Letras, Artes e Cultura. Um corpo sonoro em Bárbara no Inverno, de Milton Hatoum. 2010. (Congresso).

81. II Seminário de pesquia em literatura e criação literária.A poética do espaço em Ópera dos mortos. 2010. (Seminário).

82. II Seminário de pesquisa em literatura e criação literária.Música e sonoridade em A cidade ilhada, de Miton Hatoum. 2010. (Seminário).

83. II Seminário de pesquisa em literatura e criação literária.As mulheres de Duas Pontes: as representações do feminino em O risco do bordado, de Autran Dourado. 2010.

(Seminário).
84. II Seminário de pesquisa em literatura e criação literária.O escritor e o funcionário público - Autran Dourado na república letrada de Juscelino Kubitschek. 2010. (Seminário).

85. II Seminário de pesquisa em literatura e criação literária.Estácio: o esquema machadiano do homem cordial. 2010. (Seminário).

86. II Seminário nacional literatura e cultura.As mulheres de Tijucopapo e a altissonante voz do feminino. 2010. (Seminário).

87. IV Seminário de Literatura Brasileira: Diálogos com a tradição - permanência e transformações.I mostra de artes Interseções. 2010. (Seminário).

88. IV seminário de literatura brasileira - diálogos com a tradição, permanência e transformações.Reinscrições do feminino: Capitu e Maria Eduarda, por Maria Velho da Costa. 2010.

(Seminário).
89. Visita monitorada às Faculdades Santo Agostinho.A poética da rememoração em Modesto Carone.
2010. (Encontro).

90. X Fórum de ensino, XI seminário de pesquisa e pós-graduação, IX seminário de iniciação cientifica, V semana de Extensão, II semana de gestão, II encontro UAB.Masculinidade e

decadencia nas Minas de Autran Dourado. 2010. (Outra).


91. XI Semana de Letras da UFOP.Ópera dos mortos e a construção em abismos: uma análise das narrativas encaixantes. 2010. (Outra).

92. XXV Encontro Nacional da ANPOLL - 25 anos de ANPOLL, memórias e perspectivas.Dôra, Doralina - o eterno feminino ou um louvado para o amor.
2010. (Encontro).

93. III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões literários do Brasil.Nascidos com maus antecedentes: Leitura da representação dos imigrantes nordestinos em A Hora

da Estrela, de Clarice Lispector. 2009. (Seminário).


94. III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões literários do Brasil.Machado por Hatoum: do texto à crítica ? reescrituras do masculino. 2009. (Seminário).

95. III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões literários do Brasil.Esse povo do deserto: os sertões de Minas Gerais nos relatos de viagem de Auguste de Saint-Hilaire,

George Gardner, Richard Burton e Maurice Gaspar. 2009. (Seminário).


96. III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões literários do Brasil.O sertão é infinito: o olhar machadiano sobre as ?histórias sertanejas? de Coelho Neto. 2009.

(Seminário).
97. III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões literários do Brasil.O sertão também é Brasil: O olhar sobre Canudos sob o viés jornalístico de Machado de Assis. 2009.

(Seminário).
98. III Seminário de Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões literários do Brasil.A maternidade como fator estético na ficção de Rachel de Queiroz. 2009. (Seminário).

99. II Simpósio mundial de estudos de língua portuguesa.A casa do pai - espaço e memória em Aninhas, de Aquilino Ribeiro.
2009. (Simpósio).

100. I Seminário de Pesquisa e Criação Literária.Masculinidade e elite imperial brasileira: uma reinterpretação das obras Ressurreição, A mão e a luva, Helena e Iaiá Garcia. 2009.

(Seminário).
101. I Seminário de Pesquisa e Criação Literária.Crime e libertação: um estudo de A maçã no escuro, de Clarice Lispector. 2009. (Seminário).

102.

IX Fórum de ensino, X Seminário de pesquisa e pós-graduação, VIII seminário de iniciação científica, III Mostra científica de ensino médio, IV semana de extensão.Conceição - A
consciência do feminino. 2009. (Seminário).
103. XXII Congresso Internacionaol da ABRAPLIP - Memória, trânsitos e convergências. Alexandre Herculano de Machado de Assis. 2009. (Congresso).

104. 5º Fórum de biotemas na educação básica.Senhoras e moças - viúvas machadianas entre o recato e o desejo.
2008. (Simpósio).

105. Congresso internacional centenário de dois imortais - Machado de Assis e Guimarães Rosa. Nós confessamos - as viúvas de Machado de Assis e Guimarães Rosa. 2008.

(Congresso).
106. II Seminário de Literatura Brasileira: Machado de Assis e suas múltiplas vozes - ecos e ressonâncias.A Paixão segundo o bruxo: Machado de Assis e as (co)memorações de semana

santa. 2008. (Seminário).


107. II Seminário de Literatura Brasileira: Machado de Assis e suas múltiplas vozes - ecos e ressonâncias.Entre a terra e o céu: a política na religião em Machado de Assis. 2008.

(Seminário).
108. II Seminário de Literatura Brasileira: Machado de Assis e suas múltiplas vozes - ecos e ressonâncias.Metamorfoses dos narradores machadianos: entre defuntos, burros e filósofos.

2008. (Seminário).
109. II Seminário de Literatura Brasileira: Machado de Assis e suas múltiplas vozes - ecos e ressonâncias.Metamorfoses dos narradores machadianos - entre defuntos, burros e filósofos.

2008. (Seminário).
110. II seminário internacional enfoques feministas e o século XXI: feminismo e universidade na América Latina; VI Encontro da rede brasileira de estudos e pesquisas feministas -

REDEFEM; II Encontro internacional política e feminismo.Rachel de Queiroz e o romance de 30: ressonâncias socialistas e feministas. 2008. (Seminário).
111. I Seminário de pesquisa em Filosofia.Do conceito de amizade em Platão, Aristóteles e Cícero. 2008. (Seminário).

112. IX Congresso internacional de lusitanistas - Lusofonia : tempo de reciprocidades. A escrita em mosaico - Machado de Assis e as crônicas de "A semana". 2008. (Congresso).

113. Seminário Internacional Centenário Guimarães Rosa.Poeticamente Rosa e Clarice habitaram este mundo. 2008. (Seminário).

114. Seminário Nacional do Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do Campo - PROCAMPO.Educação do Campo. 2008. (Seminário).

115. I Congresso de Letras CES/Juiz de Fora - Memória, Literatura e Linguagem. O corpo, a casa, a alma - representações do masculino em D. Casmurro, de Machado de Assis. 2007.

(Congresso).
116. I Encontro de Pesquisa - Princípio Educativo, Financiamento e Retorno Social.Pesquisa - Princípio Educativo e Retorno Social.
2007. (Encontro).

117. I Fórum de Ensino, Pesquisa e Extensão da Unimontes.O Imaginário de Minas Gerais nas crônicas de Machado de Assis. 2007. (Outra).

118. II Seminário Cyro dos Anjos - memória, paisagem e modernidade.Tabu ou mito, sagrado ou profano - uma leitura do poema "O padre, a moça, de Carlos Drummond de Andrade".

2007. (Seminário).
119. I Seminário de Literatura Brasileira - Escritores mineiros e contemplações de Minas: tradições e rupturas.Minha dolorosa vida de menina - uma leitura do romance Maria Clara, de

Nazinha Coutinho. 2007. (Seminário).


120. VII Semana de Eventos da Faculdade de Letras - SEVFALE."Machado de Assis, a República e a Revolta de Canudos". 2007. (Outra).

121. XXI Congresso Brasileiro de Professores de Literatura Portuguesa. Machado de Assis e A Semana - a imigração chinesa sob as lentes de um bruxo. 2007. (Congresso).

122. 28º Festival Folclórico de Montes Claros - Festas de Agosto.O que pode, o que quer essa língua?. 2006. (Outra).

123. 3ª Semana de Educação.Pesquisa em Estudos Literários.


2006. (Encontro).

124. Colóquio de Estudos Literários.Literatura Oitocentista Montesclarense: escrita, memórias e leituras. 2006. (Outra).

125. Colóquio Oitocentista.Eça e Machado e a Escrita sobre o Oriente. 2006. (Outra).

126. Conferência sobre obras indicadas par ao processo seletivo da Unimontes 1/2007.Escritas, Memórias e Leituras nas obras do processo seletivo 1/2007 da Unimontes. 2006.

(Seminário).
127. I Seminário de Literatura.O rio, o tempo, a viagem - uma leitura de "Baú de Espantos", de Mário Quintana. 2006. (Seminário).

128. IX Semana de Letras: As letras e seu ensino.A Relíquia e as visões de Jerusalém. 2006. (Outra).

129. Seminário Centenário Cyro dos Anjos.Melancolia e Saudade: Machado de Assis na Biblioteca do Amanuense Belmiro. 2006. (Seminário).

130. Seminário Centenário Cyro dos Anjos.Coordenador da Conferência Cyro e Drummond: Cartas de dois Amigos, proferida pelo Prof. Dr. Wander Melo Miranda. 2006. (Seminário).

131. Seminário Centenário de Cyro dos Anjos.Melancolia e Saudade: Machado de Assis na Biblioteca do Amanuense Belmiro. 2006. (Seminário).

132. Seminário Tatuagens e Cicatrizes: Narrativas da Memória na Contemporaneidade. 2006. (Seminário).

133. VIII Congresso Regional de História - História, Historigrafia e Metodologia: (Re) pensando o fazer histórico. A Literatura Oitocentista Montesclarense no Jornal Correio do Norte.

2006. (Congresso).
134. VIII encontro do Programa de Avaliação Seriada para Acesso ao Ensino Superior.Mini-curso de Literatura Brasileira.
2006. (Encontro).

135. VII Seminário de Pesquisa e Pós-graduação e V Seminário de Iniciação Científica.Estrangeiros em Jerusalém - Uma leitura de A Relíquia. 2006. (Seminário).

136. VII Seminário de Pesquisa e Pós-Graduação e V Seminário de Iniciação Científica.Estrangeiros em Jerusalém - Uma leitura de A Relíquia. 2006. (Seminário).

137. XII Semana da Poesia Viva.Poéticas do Pós-modernismo. 2006. (Outra).

138. XI Simpósio nacional e I simpósio internacioal de Letras e Lingüística - Linguagem e Cultura: Intersecções.Eça e Machado e as reescritas do Gênesis.
2006. (Simpósio).

139. Aula inaugural do curso de Letras Inglês do ISEIB - e Chá Inglês.Erotismo e Sexualidade em O Retrato de Dorian Gray e Salomé, de Óscar Wilde.
2005. (Encontro).

140. Colóquio Cem Anos com Érico Veríssimo.Conferência: Incidente em Antares - A ficção conta a história. 2005. (Outra).

141. Conferência com Professor visitante do Quebec - Canadá.Conferência Literatura, História e Identidade - Um panorama da Literatura Quebequense. 2005. (Outra).

142. Espetáculo teatral Tabu.Erotismo, interdição e sexualidade em Tabu. 2005. (Outra).

143. I Intercâmbio de Estudos Lingüísticos e Literários em Letras.Eça Romântico? Uma leitura do conto O Defunto..
2005. (Encontro).

144. I Intercâmbio de Estudos Lingüísticos e Literários em Letras.A pesquisa Acadêmica - A iniciação científica e a produção de saberes.
2005. (Encontro).

145. I Intercâmbio de Estudos Lingüísticos e Literários em Letras.Representações do feminino em "Um dia de Chuva", de Eça de Queirós.
2005. (Encontro).

146. Projeto Teia.Erotismo, interdição e sexualidade - debate após apresentação do Espetáculo Teatral "Tabu". 2005. (Outra).

147. Quarta na Pós - do pograma de pós-graduação em desenvolvimento social da Unimontes.Literatura & Homoerotismo - O corpo na ficção do século XIX. 2005. (Seminário).

148. Seminários Oitocentistas: a literatura do século XIX em debate.O homoerotismo na ficção queirosiana. 2005. (Seminário).

149. VII Congresso Internacional da ABECAN. Arcade - Uma revista de sustentação da escrita feminina e o último tabu. 2005. (Congresso).

150. VII Encontro do PAES para professores que atuam no Ensino Médio..Mini-curso de Literatura Brasileira sobre obras indicadas para os processos seletivos da Unimontes.
2005.

(Encontro).
151. VI Seminário de Pesquisa e Pós-graduação e IV Seminário de Iniciação Científica.O Gênesis como Paradigma da Ficcionalidade na Ficção de Eça de Queirós e Machado de Assis.

2005. (Seminário).
152. VI Seminário de Pesquisa e Pós-Graduação e IV Seminário de Iniciação Científica.O Fantástico em "O Mandarim", de Eça de Queirós. 2005. (Seminário).

153. VI Seminário de Pesquisa e Pós-Graduação e IV Seminário de Iniciação Científica.A Ilustre Casa de Ramires e o Positivismo: Ressonâncias. 2005. (Seminário).

154. XX Encontro de Professores Brasileiros de Literatura Portuguesa.Crimes de Padres: Eça de Queirós e Aluísio Azevedo.
2005. (Encontro).

155. Colóquio Literatura e Infância.Clarice e Rosa - Nas brumas da infância revisitada. 2004. (Seminário).

156. Colóquio Literatura e Infância.Coordenação da Sessão de Comunicações "Figurações da Infância na narrativa brasileira". 2004. (Seminário).

157. II Colóquio Letras em Travessias: Poéticas da oralidade, da ironia, da voz e da memória.Eça e Machado: escrita, memórias e leituras.
2004. (Simpósio).

158. IX Congresso Internacional ABRALIC - Travessias. O outro, ele próprio: amor e amizade em "A confissão de Lúcio". 2004. (Congresso).

159. VI Encontro de Professores do Ensino Médio das Escolas Credenciadas no PAES.Mini-curso: A Literatura Brasileira no Vestibular da Unimontes.
2004. (Encontro).

160. V Seminário de Pesquisa e Pós-graduação e III Seminário de Iniciação Científica da Unimontes.Eça e Machado e as representações do Oriente. 2004. (Seminário).

161. XIII Colloque International de l'AIZEN (Association Internationale Zola et le Naturalisme). A terceira margem do desejo: Bom-Crioulo e o Barão de Lavos. 2004. (Congresso).

162. Colóquio Rachel de Queiroz - memórias em cenas.O Quinze - Conceição, Leitora de Rachel de Queiroz. 2003. (Outra).

163. I Simpósio Internacional Eça & Machado.A Ilustre Casa Portuguesa.


2003. (Simpósio).

164. IV Seminário de Pesquisa e Pós-graduação e II Seminário de Iniciação Científica.O cortiço - sedução e poder na relação mestre-aprendiz. 2003. (Seminário).

165. IV Seminário de Pesquisa e Pós-graduação e II Seminário de Iniciação Científica da Unimontes.Corpos de desejo - amor e sexualidade em narrativas de língua portuguesa. 2003.

(Seminário).
166. V Encontro de Professores do Ensino Médio das Escolas Credenciadas ao Programa de Avaliação Seriada para Acesso ao Ensino Superior - PAES- UNIMONTES.Mini-Curso de Língua

Portuguesa e Literatura Brasileira.


2003. (Encontro).
167. XIX Encontro Brasileiro de Professores de Literatura Portuguesa - ABRAPLIP.O corpo e a nação - O imaginário português na ficção de Eça de Queirós e nos discursos de Salazar.

2003. (Encontro).
168. X Seminário Nacional Mulher & Literatura e I Seminário Internacional Mulher & Literatura GT da ANPOLL.Ora Esguardae - A escrita como um bordado. 2003. (Seminário).

169. III Seminário de Literaturas de Língua Portuguesa: Portugal e África - "Entre o Riso e a Melancolia, de Gil Vicente ao Séc. XXI"..O Corpo Masculino na Ficção de Eça de Queirós.

2002. (Seminário).
170. III Seminário de Pesquisa e Pós-graduação e I Seminário de Iniciação Científica.O corpo Masculino na Ficção do Século XIX.. 2002. (Seminário).

171. IV Encontro de Professores do Ensino Médio das Escolas Credenciadas ao Programa de Avaliação Seriada para o Acesso ao Ensino Superior - PAES.A Literatura Brasileira e o

Vestibular da Unimontes.
2002. (Encontro).
172. VI Congresso Norte-Mineiro de História. O corpo e a Nação - A História de Portugal na Ficção de Eça de Queirós. 2002. (Congresso).

173. VIII Congresso Internacional abralic 2002. A travessia da escrita: Helder Macedo, leitor de Machado de Assis. 2002. (Congresso).

174. I Encontro de Estudantes de Letras da Unimontes.Violência e Pornografia no Conto Fonsequiano.


2001. (Encontro).

175. II Seminário de Pesquisa e Pós-graduação.O Gênero Masculino em Eça de Queirós. 2001. (Seminário).

176. II Encontro de Professores do Ensino Médio das Escolas Credenciadas ao Programa de Avaliação Seriada para o Acesso ao Ensino Superior - PAES.mini-curso de Língua Portuguesa

e Literatura Brasileira.
2000. (Encontro).
177. I Seminário de Pesquisa e Pós-graduação - Unimontes.O corpo e a voz: inscrições sobre o masculino na obra queirosiana. 2000. (Seminário).

178. Encontro de Estudantes do Ensino Fundamental e Médio, de Brasília de Minas.Juventude e seus ideais, na Pós-modernidade. 1999. (Outra).

179. Encontro de Professores do Ensino Fundamental e Médio da Escola Estadual Mestra Bila.Literatura e Outros Sistemas Semióticos.
1999. (Encontro).

180. Encontro de Estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Escola Estadual Sant'ana..O Barroco e o Arcadismo: Questões Temáticas.
1998. (Encontro).

181. I Seminário do Estado Militatr e Educação no Brasil.Agosto - ficção e história. 1998. (Seminário).

182. VII Salão Nacional de Poesia Psiu Poético.Leitura de poemas. 1993. (Outra).

Organização de eventos, congressos, exposições e feiras


1. OLIVA, O. P.; DIONISIO, R. C. S. ; REBELO, I. F. ; PEREIRA, Andréa C. M. ; SILVA, A. V. N. ; ALMEIDA, E. A. R. L. ; OLIVEIRA, I. V. ; OLIVEIRA, E. L. ; SOUZA, M.J.F. ; CÁFFARO,

G. ; JARDIM, A.F.C. ; ROCHA, A. W. V. ; BARCELOS, D. C. . Seminário Nacional de Pesquisa em Literatura e Criação Literária. 2019. (Outro).
2. OLIVA, O. P.; PEREIRA, Andréa C. M. ; SILVA, A. V. N. ; DIONISIO, R. C. S. ; REBELO, I. F. . XII Seminário Nacional de Literatura Brasileira - Leitura literária: representações do

autor e do leitor. 2018. (Outro).


3. NASCIMENTO, L. ; MENDES, A. M. ; OLIVA, O. P. . II Jornada Criadores e criaturas na literatura. 2018. (Outro).

4. OLIVA, OSMAR PEREIRA. II Jornada Criadores e Criaturas na Literatura. 2018. (Outro).

5. OLIVA, O. P.; PEREIRA, Andréa C. M. ; SILVA, A. V. N. ; DIONISIO, R. C. S. ; ALMEIDA, E. A. R. L. ; REBELO, I. F. ; GUIMARAES, R. B. J. ; GOMES, C. M. ; JOBIM, J. L. ; RIBEIRO,

R. . XI Seminário de Literatura Brasileira - Escritores mineiros e Outras Contemplações de Minas. 2017. (Congresso).
6. OLIVA, O. P.; DIONISIO, R. C. S. ; SILVA, A. V. N. ; ALMEIDA, E. A. R. L. ; REBELO, I. F. ; OLIVEIRA, I. V. ; CÁFFARO, G. . IX Seminário de Pesquisa e Criação Literária. 2017.

(Congresso).
7. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F. ; ALMEIDA, E. A. R. L. ; DIONISIO, R. C. S. ; SILVA, A. V. N. ; PEREIRA, Andréa C. M. . X Seminário de Literatura Brasileira: Literatura, Memória,

Esquecimento. 2016. (Outro).


8. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, P. F. M. ; PAVANELO, L. M. ; CRUZ, Eduardo ; DRUMOND, A. L. ; GANDRA, Jane A. ; SAMYN, Luiz Henrique ; NERY, A. A. . IX Seminário de Literatura

Brasileira. 2015. (Congresso).


9. OLIVA, O. P.; REBELO, I. F. ; SILVA, A. V. N. ; PEREIRA, Andréa C. M. ; DIONISIO, R. C. S. . VIII Seminário de Literatura Brasileira - Tra(d)ições e Traduções. 2014. (Outro).

10. PEREIRA, Andréa C. M. ; BUXTON, Ângela Heloiza B. ; GOULART, A. T. ; ALMEIDA, E. A. R. L. ; REBELO, I. F. ; GANDRA, Jane A. ; DIONISIO, R. C. S. ; OLIVA, O. P. . VII

Seminário Internacional de Literatura Brasileira. 2013. (Outro).


11. OLIVA, O. P.; FURTADO, F. F. F. ; MORAIS, Márcia M. ; NOGUEIRA, N. H. A. . VI Seminário de Literatura Brasileira - Minas e o Modernismo. 2012. (Congresso).

12. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, A. P. ; QUADROS, A. C. ; ALMEIDA, E. A. R. L. ; SOUTO, M. G. F. . V Seminário de Literatura Brasileira - Vozes do Gênero - Autoria e Representação.

2011. (Congresso).
13. OLIVA, O. P.; ALMEIDA, E. A. R. L. ; DIONISIO, R. C. S. ; FRÓES, Marli S. ; GANDRA, Jane A. ; OLIVEIRA, G. V. ; PEREIRA, Andréa C. M. ; QUADROS, A. C. ; REBELO, I. F. . IV

Seminário de Literatura Brasileira - Diálogos com a tradição - permanência e transformações. 2010. (Congresso).
14. OLIVA, O. P.; ALMEIDA, E. A. R. L. ; BARRETO JUNIOR, D. S. ; DIONISIO, R. C. S. ; OLIVEIRA, E. L. ; OLIVEIRA, I. V. ; REBELO, I. F. ; SOUTO, M. G. F. . III Seminário de

Literatura Brasileira: Os nortes e os sertões literários do Brasil. 2009. (Outro).


15. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, A. P. ; ALMEIDA, E. A. R. L. ; BARRETO JUNIOR, D. S. ; OLIVEIRA, E. L. ; OLIVEIRA, I. V. ; REBELO, I. F. ; SOUTO, M. G. F. ; DIONISIO, R. C. S. ; SILVA,

R. G. ; SILVA, T. B. ; BEZERRA, F. S. . II Seminário de Literatura Brasileira: Machado de Assis e suas múltiplas vozes - Ecos e ressonâncias. 2008. (Congresso).
16. OLIVA, O. P.. Simpósio Machado de Assis, sempre! 5º Fórum de biotemas na educação básica. 2008. (Outro).

17. OLIVA, O. P.. I Seminário de Literatura Brasileira - Escritores mineiros e contemplações de Minas: tradições e rupturas. 2007. (Outro).

18. OLIVA, O. P.. Seminário Literatura Infanto-juvenil em Perspectiva: Teorias e Leituras. 2006. (Outro).

19. OLIVA, O. P.; OLIVEIRA, I. V. ; SOUTO, M. G. F. ; DIONISIO, R. C. S. ; SILVA, T. B. ; REBELO, I. F. . Seminário Centenário de Cyro dos Anjos. 2006. (Outro).

20. OLIVA, O. P.. Seminário Tatuagens e Cicatrizes: Narrativas da Memória na Contemporaneidade. 2006. (Outro).

21. OLIVA, O. P.. Colóquio Cem Anos com Érico Veríssimo. 2005. (Outro).

22. OLIVA, O. P.. Colóquio Rachel de Queiroz - Memórias em Cenas. 2004. (Outro).

Orientações

Orientações e supervisões em andamento

Dissertação de mestrado
1. Daniel Fernandes Gusmão. O texto-simulacro: performance em Simulacros, de Sérgio Sant?anna.
Início: 2021.
Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) -

Universidade Estadual de Montes Claros. (Orientador).


2. Alínice Alves Jardim Lopes. A representação do feminino nos romances O muro de pedras e A última porta de Elisa Lispector.
Início: 2021.
Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos

Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros. (Orientador).


3. Eliezer Guimarães. À sombra do pai - uma leitura de Teia, de Autran Dourado.
Início: 2020.
Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes

Claros. (Orientador).
4. Amanda Cristine Oliveira Nascimento. DIÁLOGO COM O CÂNONE NA FICÇÃO DE AUGUSTO FARO: LINHAS DE FORÇA NA PRODUÇÃO LITERÁRIA CONTEMPORÂNEA FEMININA.

Início: 2019.
Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros. (Orientador).
5. Gerusa Alves dos Santos Dias. Mulheres no espelho: as múltiplas faces do feminino em Duas irmãs, de Maria Benedita Bormann.
Início: 2019.
Dissertação (Mestrado em

Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros. (Orientador).

Trabalho de conclusão de curso de graduação


1. Rita de Cássia Gonçalves Bertolino. Vozes femininas esquecidas pela ditadura em Palavras cruzadas, de Guiomar de Grammont.
Início: 2019. Trabalho de Conclusão de Curso

(Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros. (Orientador).


2. Anne Kewry Silva Fernandes. Genealogia de personagens femininas em Ressurreição e Confissões de uma viúva moça, de Machado de Assis.
Início: 2019. Trabalho de Conclusão de

Curso (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros. (Orientador).


3. Allysson Jorge Alves de Andrade. Representações do diabo e do inferno nos autos de Gil Vicente e Anchieta.
Início: 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros. (Orientador).


4. Sara Araujo Bispo. Autorrepresentação e tragicidade em "Olhos d'água", de Conceição Evaristo.
Início: 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Letras/Português) -

Universidade Estadual de Montes Claros. (Orientador).

Orientações e supervisões concluídas

Dissertação de mestrado
1. Luciana Tolentino Prates. Representações da cidade em As cidades invisíveis, de Ítalo Calvino e Cidade livre, de João Almino.
2019.
Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos

Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros, . Orientador: Osmar Pereira Oliva.


2. Heidy Cristina Boaventura Siqueira. Representação social e construção da masculinidade em Clarissa, de Erico Verissimo.
2018.
Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos

Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros, . Orientador: Osmar Pereira Oliva.


3. Fernanda Mendes Oliveira Figueiredo. Casas e rosas - metáforas da (re)criação literária em Ópera dos mortos, de Autran Dourado, e A rose for Emile, de William Faulkner.

2018.
Dissertação (Mestrado em Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros, . Orientador: Osmar Pereira Oliva.
4. Daniela Rodrigues Soares. O desejo pedofílico em contos de Autran Dourado.
2017.
Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes

Claros, . Orientador: Osmar Pereira Oliva.


5. Daniela de Azevedo. Aspectos da tradução em língua inglesa de Uma vida em segredo.
2017.
Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de

Montes Claros, . Orientador: Osmar Pereira Oliva.


6. Renata Soares Veloso. Teia de Vida: Política, Modernismo e Mineiridade na Crítica de Francisco Iglésias.
2017.
Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade

Estadual de Montes Claros, . Coorientador: Osmar Pereira Oliva.


7. Fernanda Mendes Oliveira. A figuração das rosas em Ópera dos mortos, de Autran Dourado, e A rose for Emile, de William Faulkner.
2016.
Dissertação (Mestrado em Mestrado

em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros, . Orientador: Osmar Pereira Oliva.
8. Cristiane Antunes. Violência negra - um estudo de Insubmissas lágrimas de mulheres, de Conceição Evaristo.
2015.
Dissertação (Mestrado em Mestrado em Letras/Estudos

Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
9. Cláudia Andrade. Moral e consciência entre a fábula e a peça teatral ? um estudo da poética de Oscar von Pfuhl.
2014.
Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) -

Universidade Estadual de Montes Claros, . Orientador: Osmar Pereira Oliva.


10. Iuri Simões. A presença do bacharel em direito nas obras D. Casmurro e Memórias póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis.
2014.
Dissertação (Mestrado em

Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros, . Orientador: Osmar Pereira Oliva.
11. Patrícia Lopes da Silva. O corpo e suas cruéis exigências em A via Crucis do corpo, de Clarice Lispector.
2014.
Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade

Estadual de Montes Claros, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
12. Josélia Santos Oliveira. A (des)construção do defunto estrambótico de Machado: da narração ao voice-over.
2013.
Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) -

Universidade Estadual de Montes Claros, . Orientador: Osmar Pereira Oliva.


13. Sandra Renata Fonseca Mota. Figurações do feminino em Fuga em espelhos, de Guiomar de Grammont.
2013.
Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) -

Universidade Estadual de Montes Claros, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
14. Leonardo Vieira. A escrita transgressora em Sudário, de Guiomar de Grammont.
2013.
Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes

Claros, . Orientador: Osmar Pereira Oliva.


15. Ana Gabriela Gonçalves Ribeiro. Mulheres de Duas Pontes - Representações do feminino e gênese de O risco do bordado.
2012.
Dissertação (Mestrado em Mestrado em

Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros, . Orientador: Osmar Pereira Oliva.
16. Elizabeth Marli Martins Pereira. Um presente de Morfeu? A insólita gênese e a recepção crítica de Uma vida em Segredo, de Autran Dourado.
2012.
Dissertação (Mestrado em

Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
17. Patrícia Lopes da Silva. Eros e Thânatos: o corpo e suas.
2012.
Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros, Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


18. Maria Cecília Gonçalves de Carvalho. Música e sonoridade em A cidade ilhada, de Milton Hatoum.
2012.
Dissertação (Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade

Estadual de Montes Claros, . Orientador: Osmar Pereira Oliva.


19. Júlio César Vieira. Crime e libertação - Um estudo de A maçã no escuro, de Clarice Lispector.
2011.
Dissertação (Mestrado em Mestrado em Letras/Estudos Literários) -

Universidade Estadual de Montes Claros, . Orientador: Osmar Pereira Oliva.


20. Marina Leite Gonçalves. Masculinidade e elite imperial brasileira - Uma reinterpretação de Ressurreição, A mão e a luva, Iaiá Garcia e Helena.
2009.
Dissertação (Mestrado em

Mestrado em Letras/Estudos Literários) - Universidade Estadual de Montes Claros, . Orientador: Osmar Pereira Oliva.
21. Alexsandra Loiola Sarmento. A flor e o punhal: a crise do masculino na trilogia de Érico Veríssimo.
2009.
Dissertação (Mestrado em Letras) - Centro Universitário Academia -

UniAcademia, . Coorientador: Osmar Pereira Oliva.

Supervisão de pós-doutorado
1. Márcio Jean Fialho de Sousa.
2018. Universidade Estadual de Montes Claros, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Osmar Pereira Oliva.

Monografia de conclusão de curso de aperfeiçoamento/especialização


1. Alexsandra Loiola Sarmento.
Imagens de uma nova identidade masculina: uma análise da obra.
2006.
Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em Pós-graduação em literatura

luso-brasileira) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


2. Edite Pereira Quermes.
A representação do corpo masculino nas obras:.
2006.
Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em Pós-graduação em literatura luso-brasileira) -

Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


3. Ednéia Rodrigues Ribeiro.
As transições no corpo em "O conquistador", de Almeida Faria.
2006.
Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em Pós-graduação em literatura luso-

brasileira) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


4. Elaine Aparecida Soares.
O masculino em Guimarães Rosa.
2006.
Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em Pós-graduação em literatura luso-brasileira) - Universidade

Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


5. Elise Aparecida de Oliveira Souza.
Ficção camiliana e a sociedade portuguesa.
2006.
Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em Pós-graduação em literatura luso-brasileira) -

Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


6. Erenice Gonçalves de Carvalho.
A configuração do masculino estrangeiro em "Gabriela cravo e canela".
2006.
Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em Pós-graduação em

literatura luso-brasileira) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
7. Eveli Aparecida Fernandes.
Homoerotismo: desejo e completude.
2006.
Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em Pós-graduação em literatura luso-brasileira) - Universidade

Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


8. Hilda Antônia Alves Rodrigues.
"Aqueles dois" - Um mundo de aparências.
2006.
Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em Pós-graduação em literatura luso-brasileira) -

Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


9. Juscilene de Lourdes Vieira.
Representações do masculino em contos de Marina Colasanti.
2006.
Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em Pós-graduação em literatura luso-

brasileira) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


10.

Lílian Aparecida Ferreira de Melo.


Camilo Castelo Branco e a conversão ao realismo: desilusão ou mera tendência literária.
2006.
Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em
Pós-graduação em literatura luso-brasileira) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
11. Marilda Santos Guedes.
Amor, ausência, saudade - presença da escrita feminina nas cartas do Vale do Jequitinhonha.
2006.
Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em Pós-

graduação em literatura luso-brasileira) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
12. Marina Leite Gonçalves.
"O Cortiço" - representação do masculino no processo de modernização do Brasil.
2006.
Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em Pós-graduação

em literatura luso-brasileira) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
13. Marta Gonçalves Ferreira.
A imagem da decadência nas obras de Eça de Queirós e Camilo Castelo Branco.
2006.
Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em Pós-graduação

em literatura luso-brasileira) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
14. Shirleyde Silva Soares.
"Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra": a filosofia da vida e a morte implícita nos provérbios.
2006.
Monografia.

(Aperfeiçoamento/Especialização em Pós-graduação em literatura luso-brasileira) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
15. Valesca Rodrigues de Souza.
Em outro lugar: uma (des)construção da Lilith brasileira nas narrativas masculinas no século XIX.
2006.
Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização

em Pós-graduação em literatura luso-brasileira) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.

Trabalho de conclusão de curso de graduação


1. Emerson Dantas e Pimenta.
A alegoria da República em Esaú e Jacó, de Machado de Assis.
2016.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) - Universidade

Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


2. Dayse Lorena Fiuza Vieira.
Representações do clero em.
2016.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.

Orientador: Osmar Pereira Oliva.


3. Ana Aparecida Veloso Gusmão Soares.
Homens e animais: a zoopoética em Vila dos Confins, de Mário Palmério.
2015.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em

Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


4. Renata Soares Veloso.
Shonen-ai: O homoerotismo fantástico nos quadrinhos japoneses..
2015.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Inglês) - Universidade

Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


5. Jaciane Muniz de Aguiar.
Tragicidade do amor passional em Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco.
2015.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português)

- Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


6. Bruna Muniz de Aguiar.
A vertente policialesca em Boca do Inferno, de Ana Miranda.
2015.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) - Universidade

Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


7. Maria Cleia Durães Cardoso.
Memória afetivas em Janelas do Sobrado, de João Valle Maurício.
2015.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) -

Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


8. Samara Márcia dos Santos Rodrigues.
A identidade feminina na crônica contemporânea de Lya Luft.
2014.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) -

Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


9. Rafael Ramon Barroso Silva.
Relações incestuosas em Sombras de Julho - uma abordagem psicanalítica e antropológica.
2014.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em

Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


10. Priscilla Neves.
Apelos sinestésicos na literatura infantil.
2014.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.

Orientador: Osmar Pereira Oliva.


11. Sinvagna de Oliveira Neto.
A despersonalização do indivíduo na pós-modernidade: uma abordagem do livro Por trás dos vidros, de Modesto Carone.
2014.
Trabalho de Conclusão de

Curso. (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
12. Odete Gonçalves Ferreira.
O fantástico e a monstruosidade feminina na obra Macbeth, de William Shakespeare.
2014.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em

Letras/Inglês) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


13. Jéssica Tairine Santos.
Isaltina e o poder do feminino: uma leitura de Um cavalheiro de antigamente, de Autran Dourado.
2013.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em

Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


14. Josiane Ferreira Costa.
A imagem do masculino no romance O primo Basílio, de Eça de Queirós.
2013.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) -

Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


15. Sinvagna de Oliveira Neto.
A Despersonalização do Indivíduo na Pós-Modernidade: uma abordagem do livro Por trás dos vidros, de Modesto Carone.
2013.
Trabalho de Conclusão

de Curso. (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
16. Rafael Ramon Barroso Silva.
Relação incestuosa em Sombras de Julho - Uma abordagem psicanalítica e antropológica.
2013.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em

Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


17. Priscilla Neves.
Apelos sinestésicos na literatura infantil.
2013.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros.

Orientador: Osmar Pereira Oliva.


18.

Samara Márcia dos Santos Rodrigues.


A identidade feminina na crônica contemporânea de Lya Luft.
2013.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) -
Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
19. Odete Gonçalves Ferreira.
O fantástico e a monstruosidade feminina na obra Macbeth, de Shakespeare.
2013.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Inglês) -

Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


20. Letícia Aparecida Peres Freitas.
A flauta e o flautin: um estudo das representações masculinas em contos de Autran Dourado.
2013.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação

em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


21. Daniela Rodrigues Soares.
O sentimento pedofílico em contos de Autran Dourado.
2013.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual

de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


22. Fabianne Karinne Cardoso Veloso.
A metáfora dos três beijos - um estudo da personagem Eugênia, de Machado de Assisis.
2013.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em

Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


23. Anderson Rodrigues Rocha.
Agosto e a construção de personagens policiais e históricos.
2011.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) - Universidade

Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


24. Elizabeth Marly Martins Pereira.
"O sobrado e a solidão: a poética do espaço em Ópera dos mortos".
2011.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) -

Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


25. Camila Pereira dos Santos.
"Marias e as mulheres escritas de Rachel de Queiroz".
2011.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual

de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


26. Agnes Gomes Brant.
Os sinos da agonia: polifonia e representações do feminino.
2011.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual

de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


27. Emanuelle Silva Rodrigues.
Ópera dos mortos: relações de servidão.
2011.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes

Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


28. Reinaldo Edy dos Montes.
A sedução e a perversão pela linguagem na peça Otelo, de William Shakespeare.
2009.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Inglês) -

Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


29. Dalva Maria da Silva.
Domingos Caldas Barbosa e o Arcadismo: crítica e poética.
2009.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual

de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


30. Janaína Honorato Andrade.
A representação política nas crônicas.
2008.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes

Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


31. Alex Sander Luiz Campos.
A poética da alteridade nas crônicas da série.
2008.
Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Letras/Português) - Universidade Estadual de

Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.

Iniciação científica
1. Leonardo Santos da Silva.
Literaturas Laterais - Linhas de força na ficção contemporânea.
2019.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Português) - Universidade Estadual de

Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


2. Ana Heloíse Batista.
À procura da voz: edição e crítica da obra completa de José Ricardo Pires de Almeida.
2018.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Inglês) - Universidade

Estadual de Montes Claros,


Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
3. Letícia Aparecida Peres Freitas.
A flauta e o flautin: um estudo das representações masculinas em contos de Autran Dourado.
2012.
Iniciação Científica. (Graduando em

Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros,


Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
4. Daniela Rodrigues Soares.
O sentimento pedofílico em contos de Autran Dourado.
2012.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes

Claros,
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
5. Thales Saymon Mendes Cunha.
Representações do feminino em O Quinze, de Rachel de Queiroz.
2010.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Português) - Universidade

Estadual de Montes Claros,


Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
6. Camila Pereira dos Santos.
As Marias na ficção de Rachel de Queiroz.
2010.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros,

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
7. Agnes Gomes Brant.
Masculinidade e decadência nas Minas de Autran Dourado.
2010.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes

Claros,
unimontes. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
8. Elizabeth Marly Martins Pereira.
Masculinidade e decadência nas Minas de Autran Dourado.
2010.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Português) - Universidade Estadual de

Montes Claros,
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
9. Berenice Pereira de Oliveira.
A maternidade como fator estético na obra de Rachel de Queiroz.
2008.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Espanhol) - Universidade Estadual

de Montes Claros,
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
10.

Daiana Santos Machado.


Crimes de mulheres na ficção de Rachel de Queiroz.
2008.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Espanhol) - Universidade Estadual de Montes Claros,
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
11. Andréia de Souza Oliveira.
A dimensão fantástica e orientalista em Machado de Assis e Eça de Queirós.
2007.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Português) - Universidade

Estadual de Montes Claros,


Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
12. Gabriele Bicheri Andrade.
Representações de estrangeiros na ficção de Eça de Queirós.
2007.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Português) - Universidade Estadual de

Montes Claros,
unimontes. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
13. Renata Aparecida Pereira Soares.
) Literatura, Identidade, Preconceito e Racismo - Representações do negro no Salão Nacional de Poesia - PSIU POÉTICO.
2007.
Iniciação

Científica. (Graduando em Letras/Espanhol) - Universidade Estadual de Montes Claros,


Ministério da Saúde. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
14. Hélen Cristina Pereira Rocha.
Literatura, Identidade, Preconceito e Racismo - Uma leitura da literatura afrodescendente de Montes Claros ? MG.
2007.
Iniciação Científica.

(Graduando em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros,


Ministério da Saúde. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
15. Jaqueline Guimarães Baleeiro.
O fantástico na ficção queirosiana.
2005.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Português) - Universidade Estadual de Montes Claros,
Fundação

de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


16. Maria Telma Ramos Beckhauser.
Ressonâncias Filosóficas do século XIX na ficção queirosiana.
2005.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Português) - Universidade Estadual

de Montes Claros,
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
17. Ana Paula Miranda Primo.
O homoerotismo em Grande Sertão: Veredas.
2004.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Espanhol) - Universidade Estadual de Montes Claros,

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
18. Gerusa Alves dos Santos.
A cidade e as serras: verso e reverso de uma identidade masculina.
2004.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Espanhol) - Universidade Estadual

de Montes Claros,
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Orientador: Osmar Pereira Oliva.
19. Fabiana Santos Aquino.
O Ateneu e o Eros Adolescente.
2004.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Espanhol) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar

Pereira Oliva.
20. Valesca Rodrigues.
Homoerotismo Feminino em O Cortiço.
2004.
Iniciação Científica. (Graduando em Letras/Espanhol) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar

Pereira Oliva.
21. Alessandra Damasceno Rocha.
O homoerotismo em Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha.
2002.
Iniciação Científica. (Graduando em LETRAS) - Universidade Estadual de Montes Claros.

Orientador: Osmar Pereira Oliva.


22. Ana Paula Spínola Cardoso.
O Corpo e a Terra - Uma análise de Seara Vermelha, de Jorge Amado.
2002.
Iniciação Científica. (Graduando em LETRAS) - Universidade Estadual de

Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


23. Rosânia Brito Queirós.
O homoerotismo em A Relíquia.
2002.
Iniciação Científica. (Graduando em LETRAS) - Universidade Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira

Oliva.
24. Maria Rosilva Santos Ferreira.
Erotismo e Linguagem pictórica em Senhora, de José de Alencar.
2002.
Iniciação Científica. (Graduando em LETRAS) - Universidade Estadual de

Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


25. Edwirgens Aparecida Ribeiro.
Ciúme, traição e machismo - Uma leitura de Memórias de um Sargento de Milícias.
2002.
Iniciação Científica. (Graduando em LETRAS) - Universidade

Estadual de Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.


26. Jacqueline Ribeiro.
Ciúme ou medo do feminino? Uma leitura de Ressurreição, de Machado de Assis.
2002.
Iniciação Científica. (Graduando em LETRAS) - Universidade Estadual de

Montes Claros. Orientador: Osmar Pereira Oliva.

Orientações de outra natureza


1. Maria Cecília Bruzzi Boechat.
O folhetim literário no jornal Correio do Norte, no século XIX.
2006.
Orientação de outra natureza. (LETRAS) - Universidade Estadual de Montes Claros,

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Orientador: Osmar Pereira Oliva.

Educação e Popularização de C & T

Cursos de curta duração ministrados


1. OLIVA, O. P.. Elaboração de projeto de pesquisa literária. 2014. .

Outras informações relevantes


1- Aprovação em 1º lugar no concurso público para professor designado de Literaturas de Língua Portuguesa na Universidade Estadual de Montes Claros -
Unimontes, em outubro de 1996. 2- Aprovação em 1º lugar no concurso público para Professor Titular de Literaturas de Língua Portuguesa na Universidade
Estadual de Montes Claros - Unimontes, em outubro de 2002.
3- Aprovação em 10º lugar no concurso Público para Professor Adjunto de Literaturas de Língua
Portuguesa na Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, em maio de 2004.
4- Coordenador Regional de Minas Gerais da Associação Brasileira de
Professores de Literatura Portuguesa - ABRAPLIP
5- Coordenador do Grupo de Pesquisa em Estudos Literários - G.E.L. Unimontes, desde 2001.
6- Aprovação em
8º lugar no concurso para professor Adjunto de Literatura Brasileira, na UFMG, em junho de 2006.
7- Coordenador da proposta de criação do mestrado
acadêmico em Letras/Estudos Literários, de 2007 a 2008. Como coordenador, organizou um grupo de 12 doutores, colaborou com a criação e redação da
proposta, caraterização da área de concentração, linhas de pesquisa, disciplinas e respectivas ementas. A CAPES recomendou o Programa de pós-graduação em
Letras/Estudos Literários em agosto de 2008.

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Osmar Pereira Oliva 192

DO CONCEITO DE AMIZADE EM PLATÃO, ARISTÓTELES E CÍCERO

Osmar Pereira Oliva 1

RESUMO

A amizade masculina é o tema de diversos discursos dos filósofos clássicos e tem


sido retomado ao longo da história da Filosofia. Este trabalho discute os conceitos
de amizade segundo Platão, Aristóteles e Cícero, com ênfase na bondade, na virtude
e na semelhança. Para Aristóteles, a amizade exige intimidade e constância. Os
homens egoístas, que esperam do amigo apenas vantagens e benefícios, não são
dignos de amizade. Cícero amplia esse conceito, destacando o aspecto ético e moral
da amizade; para este filósofo, somente os homens bons podem cultivar essa afeição,
pois neles encontram-se fidelidade, integridade, equidade e liberalidade. Platão, por
sua vez, afirma que a amizade nasce do desejo do que é semelhante e do que falta.

Palavra-chave: Amizade. Filosofia. Virtude.

1. Aristóteles: Amizade e bondade


Aristóteles nasceu em Estagira, Macedônia, em 384 a. C. Foi discípulo de Platão
durante vinte anos. Foi também o educador de Alexandre, o Grande. Os livros VIII e XIX de
Ética a Nicômaco são destinados a reflexões acerca da amizade. Desde o Livro I, Aristóteles
afirma que “Toda arte e toda investigação, bem como toda ação e toda escolha, visam a um
bem qualquer; e por isso foi dito, não sem razão, que o bem é aquilo a que as coisas tendem.”
(ARISTÓTELES, 2000, p.17). Em relação ao cultivo da amizade, não é diferente para o
filósofo essa proposição, já que a bondade e a amizade encontram-se na mesma pessoa. Em
uma sociedade em que os homens são amigos não haveria necessidade de justiça, mas mesmo
onde os homens são justos há necessidade da amizade. Para Aristóteles (2000), uma das
condições primordiais para a amizade é que as pessoas se conheçam e desejem o bem
reciprocamente. Há homens que se aproximam uns dos outros buscando a utilidade ou o
prazer, nesse caso a amizade não é verdadeira, é apenas acidental, porque se amam por
interesse, pelo que é bom para si mesmos. Não amam o caráter nem a virtude, e sim o que é
agradável e útil. Em contraposição, a amizade perfeita é aquela existente entre homens bons e
semelhantes na virtude e em querer o bem mutuamente. Esse tipo de amizade é também

1
Professor de literaturas de língua portuguesa na Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Pós-
doutor em Literatura Brasileira. Pesquisador do CNPq e da FAPEMIG. Coordenador do Grupo de Pesquisa em
Estudos Literários da Unimontes – G.E.L.

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permanente, enquanto o primeiro tipo é efêmero. Nesse sentido, Aristóteles (2000) afirma que
a amizade perfeita e verdadeira é rara, porque os homens bons e virtuosos também são raros.
Segundo o filósofo, o desejo de amizade pode surgir depressa entre as pessoas, mas a
amizade em si, não, porque ela precisa ser colocada à prova; é preciso convívio constante e
profunda intimidade entre os amigos, o que garante o seu caráter permanente. Por outro lado,
a amizade baseada na utilidade e na troca de vantagens dura apenas enquanto duram as
vantagens. Esta é a amizade entre os maus, acidental, porque se associam em busca do
interesse próprio e se estabelece por analogia com a amizade perfeita, entre os bons, que se
tornam amigos por si mesmos, sem visar a qualquer benefício.
A amizade deve ser cultivada, fortificada a cada dia. Se um amigo se ausenta por
muito tempo, a amizade se desfaz, pois se perdem a constância e a intimidade. Para
Aristóteles (2000), a convivência é um dos mais importantes pilares da amizade. Nesse
sentido, não é possível ser amigo de muitas pessoas ao mesmo tempo, já que a intimidade
demanda dedicação, tempo e muito esforço. Amar parece ser a virtude característica do
amigo, mais do que ser amado. E esse amor deve ser voltado para as virtudes, para o caráter
que o outro possui e, não, pelo prazer ou pela utilidade que dele possam provir. Aristóteles
(2000) diz que a amizade que se constrói sob os pilares das vantagens e dos benefícios
próprios deve ser rompida assim que for constatado esse aspecto utilitarista da convivência,
pois o que é mau não merece ser amado.
O filósofo também afirma que a amizade deve ser rompida quando um amigo evolui
e o outro para, no sentido da intelectualidade e da maturidade do homem. Mesmo assim, um
amigo, mesmo desfeita a relação, deve ser lembrado. É importante ressaltar a afirmação de
Aristóteles (2000) de que o homem ambicioso e egoísta, assim como o “inferior” não são
dignos de amizade, pois nada têm de semelhança com o homem virtuoso e bom. Reiterando o
aspecto moral da amizade, Aristóteles afirma que “não se pode manter com muitas pessoas a
amizade que se baseia na virtude e no caráter de nossos amigos, e devemos dar-nos por felizes
se encontrarmos uns poucos dessa espécie.” (ARISTÓTELES, 2000, p. 213)
Um outro dado importante nas relações de amizade, segundo Aristóteles (2000), é a
comparação que ele faz entre homens viris e homens afeminados. Para o filósofo, o homem
viril abstém-se de fazer seus amigos sofrerem por causa do seu sofrimento e não admite
companheiros de aflição já que ele próprio não é dado a lamentar-se. Por outro lado, os
afeminados, assim como as mulheres, gostam de ter pessoas solidárias com suas aflições, e

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amam-nas como amigos e companheiros de pesar. Ao concluir o Livro IX, Aristóteles retoma
a importância da convivência e da intimidade entre os amigos; segundo ele, a visão do ser
amado é a coisa que maior prazer lhes causa e a convivência é a coisa mais desejável,
considerando que a amizade é uma parceria fundada nas semelhanças, na virtude e na
bondade.

2. Cícero: Semelhança e virtude


Marcus Tullius Cícero nasceu em 3 de janeiro de 106 a. C., em Arpino, no Lácio.
Escreveu o diálogo Lélio ou Da amizade em 44, colocando em cena Lélio, Fânio e Cévola, o
Augure. Este teria relatado a Cícero a maneira pela qual o diálogo se desenrola, a partir das
considerações de Lélio a respeito da amizade, logo após a morte do seu grande amigo Cipião
Emiliano. O pequeno tratado é marcado pela posição contrária ao epicurismo, doutrina que
apresentava a amizade baseada apenas no interesse e pregava a mortalidade da alma,
juntamente com o corpo. No preâmbulo, Cícero esclarece que reproduzirá, pela memória, a
conversa passada entre os três amigos, e, para melhor narrar, colocará as próprias personagens
em cena, em diálogo direto. Segundo Cícero:

Decorei as ideias de sua exposição e vou registrá-las aqui como julgo melhor: ponho
em cena, por assim dizer, as próprias personagens, para não ter de repetir a todo
instante “eu disse” e “ele disse”, e para dar a impressão de que o leitor está na
presença dos interlocutores. (CÍCERO, 2001, p. 7)

Nas suas primeiras considerações sobre a amizade, Lélio afirma que quem se aflige
com seus próprios males não ama o amigo, mas a si mesmo. Isto porque o sentimento passa a
ser ególatra, o que não permite a aproximação e a manifestação do amigo. Relembrando a
convivência com Cipião Emiliano, Lélio diz que dividiu com ele preocupações da vida
política e da vida privada; com ele atravessou a essência de toda amizade, suas preferências,
seus gostos e seus princípios se harmonizavam perfeitamente. Aqui, notam-se os elementos
essenciais à amizade: a convivência, a semelhança e a partilha. A amizade necessita de
proximidade para se consolidar. A intimidade, imprescindível aos amigos, somente se
desenvolve pela convivência. Assim também o verdadeiro amigo partilha dos mesmos ideais,
das mesmas crenças e dos mesmos princípios. Nesse sentido, destaca-se o aspecto ético e
moral da amizade, pois, segundo Lélio, somente entre os bons pode haver amizade; neles
encontram-se fidelidade, integridade, equidade e liberalidade, “não há neles nem cobiça, nem

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libertinagem, nem audácia, e possuem uma grande constância.” (CÍCERO, 2001, p.26) Por
possuir todos esses atributos, o que a equipara à virtude, a amizade não pode ser partilhada
entre muitas pessoas, e separa uma sociedade limitadíssima, de sorte que a afeição se restringe
a duas pessoas, ou pouco mais. Dessa maneira, depois da sabedoria, a amizade é a melhor
coisa que os homens receberam dos deuses.
Em suas concepções, Lélio discute a figura do amigo como um espelho no qual nos
encontramos; com o amigo falamos como se falássemos a nós mesmos; com o amigo,
comemoramos nossas alegrias e com ele sofremos igualmente. A amizade verdadeira ameniza
as adversidades: “Assim, quem contempla um amigo verdadeiro contempla como que uma
imagem de si mesmo” (CÍCERO, 2001, p. 33).
Lélio exemplifica a verdadeira amizade a partir da história de Pílades e Orestes, da
peça de Marco Pacúvio, os quais foram presos por tentarem roubar uma estátua de Ártemis,
pertencente ao rei de Táurida. Orestes foi condenado à morte, mas Pílades afirmava ser ele
Orestes, assumindo a culpa e expondo-se à morte, para livrar o amigo. Pergunta-nos Lélio: Se
a encenação foi aplaudida pelo público, o que não faria se encontrasse tal dedicação na
realidade? Lélio afirma que a amizade é tudo aquilo que é verdadeiro e voluntário, uma
propensão da alma acompanhada por um sentimento de amor, nunca o cálculo do proveito que
dela se auferirá.
Quem procura um amigo são aqueles que possuem autoconfiança, que contam com
seu próprio valor e sabedoria, a ponto de parecer não necessitar de mais nada nem de
ninguém. Mas é exatamente aí que reside a verdadeira essência da amizade, como
complemento àquilo que já estava completo, que já era bastante ao homem. O amigo é o que
falta quando parece nada faltar. E, se a amizade tivesse como base a necessidade e as
vantagens, ela não se sustentaria após cessarem os benefícios. Lélio discute quão difícil é
manter uma amizade até o fim da vida, pois desavenças podem surgir, pelo desejo de dinheiro
ou pela disputa de cargos públicos, ou, ainda, por pedirmos ao amigo algo que não é moral
nem justo que ele faça por nós. Nesses casos, é lícito que se desfaçam os laços entre os
amigos, pois é a virtude que “costura” uma verdadeira amizade. De forma que a lei da
amizade consiste em nada de vergonhoso pedir, nada de vergonhoso conceder. Nesse sentido,
a prudência deve ser constante na amizade, somente fazer coisas honrosas e dignas para o
amigo, e, quando necessário, ser franco, ainda que a verdade seja um “mal” aparente para o

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outro. Em sua apologia à amizade, Lélio afirma que o homem que dela se priva é como se
privasse o mundo do sol.
A semelhança é um dos atributos mais discutidos, por Lélio, como fundador da
amizade. O que atrai o amigo é a sua virtude, é o que ele tem de bom, é a semelhança de
índole que ele tem para com aquele que dele se aproxima, que o busca. Portanto, deve-se
escolher aqueles que são estáveis e constantes, que são uma espécie rara, uma vez que muitos
homens traem a sua constância diante de uma pequena quantia de dinheiro. Outros colocam as
honras, magistraturas, cargos militares e civis, o poder acima da amizade. Em suma, a
lealdade é a virtude que deve ser encontrada nos amigos, sem a qual é impossível haver
estabilidade e constância. Ainda em relação à semelhança, o amigo deve ser sábio, franco, e
inclinado à brandura, à amabilidade e à doçura. O conselho do filósofo é que, quando faltar ao
amigo constância e virtude, afrouxe-se a amizade, até que ela se “descosture”. Note-se que,
em vez de utilizar o verbo “romper”, o sábio prefere “descosturar”, que produz um efeito de
sentido diferente. Por essa ação, o que estava ligado não se arruína, não se prejudica, apenas
se separa, permanecem inteiros, porém, com suas marcas da antiga ligação. De outra maneira,
deve-se evitar os dissimulados e os bajuladores. Do amigo espera-se, sempre, a franqueza e a
verdade, se não, ele não pode ser chamado de amigo nem de sábio. Ao finalizar o diálogo,
Lélio retoma a ideia de imortalidade da alma, ao afirmar para os seus interlocutores que o que
ele amou em Cipião foi a sua virtude, e essa não morreu.

3. Platão: Os paradoxos da amizade


Platão nasceu em Atenas, por volta do ano 427 a. C., e foi o mais célebre discípulo
de Sócrates. Foi o mestre de Aristóteles e o fundador da Academia de Atenas. A doutrina
sobre a philia pode ser encontrada em O banquete, Fedro e Lísis. No entanto, privilegiamos,
neste trabalho, este último discurso, porque as reflexões sobre a amizade estão mais evidentes
do que nos outros livros. O diálogo Lísis se desenvolve a partir do conhecimento que Sócrates
tem a respeito do ridículo a que se expõe Hipótales por se encontrar apaixonado pelo jovem
Lísis, a quem dedica hinos, versos e louvores, sem o ter ainda conquistado, motivo da crítica
do mestre e dos seus condiscípulos, como ironiza Ctesipo:

Ouvi-lo discorrer, em tom coloquial, embora terrível, ainda não é o pior. O pior é
quando se lança sobre nós para nos acabrunhar com os seus poemas e seus escritos.
Mas, de tudo, o mais terrível é ouvi-lo cantar o favorito, com aquela maravilhosa

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voz que somos obrigados a ouvir e a aguentar. E agora, à tua pergunta, cora!
(PLATÃO, 1995, p. 36)

Sócrates ouve e concorda com Ctesipo. Para ele, Hipótales torna-se ridículo porque
forja e canta o seu próprio louvor antes da vitória. Quem é experiente no amor não celebra o
amado antes de conquistá-lo, evitando que ele se encaminhe em outra direção. Hipótales pede
a Sócrates, então, que o aconselhe sobre como comportar-se perante o amado. Em seguida,
todos adentram a sala de palestras, onde se encontravam Lísis e seu amigo Menexeno,
discípulo de Ctesipo. As primeiras indagações de Sócrates confrontam o jovem quanto às suas
relações de escravidão e liberdade, considerando que o seu pai não lhe deixava guiar os carros
de luta, enquanto os seus escravos o podiam fazer; era-lhe proibido também tomar as rédeas
do carro de mulas e chicoteá-las, enquanto aos seus servos era consentido. Entre outros
questionamentos, o filósofo incute em Lísis o desejo de liberdade, ainda cerceada pelos seus
pais. Para tal, esclarece-lhe que ele é livre para ler, escrever e tocar a lira porque está
“avisado” dessas coisas, de forma que somos dignos de confiança e livres quando
conhecemos, quando sabemos. Nas palavras de Sócrates:
Pois é assim mesmo, meu caro Lísis: nas coisas de que nos tornamos conhecedores,
todos confiam em nós, helenos e bárbaros, homens e mulheres, e nelas podemos
fazer o que quisermos, e ninguém, por sua alta recreação, nos porá entraves. Nessas
coisas teremos toda a liberdade e seremos guias dos outros. (PLATÃO, 1995, p. 43)

A intenção clara de Sócrates é rebaixar Lísis, para que tenha consciência da


necessidade de alguém mais sábio que ele, que o instrua e o eleve à categoria de sábio. Vê-se
que o filósofo está a serviço da causa de Hipótales, que está presente à cena do discurso e tudo
observa e ouve, pois a retórica socrática é bilateralmente dirigida a ele, ensinando-o como
portar-se frente ao amado. Com esse intento, Sócrates dirige a palavra também a Menexeno,
mas para atingir Lísis, afirmando que, enquanto outros desejam adquirir cavalos, cães, ouro,
honrarias, o que ele mais deseja é adquirir amigos. E indaga-lhe: “Quando alguém ama
outrem, qual é que se torna amigo do outro: o que ama, do que é amado, ou o que é amado do
que ama?” (PLATÃO, 1995, p. 46). A partir dessa indagação, três hipóteses são apresentadas
como respostas: primeiro, o que ama não tem amigo, a não ser que seja correspondido;
segundo, é a própria divindade que faz os amigos, empurrando-os uns para os outros por
aquilo que eles possuem de igual; terceiro, aquilo que não é bom nem mau é que, por isso
mesmo, se torna amigo do bom. No entanto, o que pareceria uma resposta evidente é

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desconstruído imediatamente por Sócrates, colocando interlocutor e leitor em suspenso quanto


a um conceito a que se tinham chegado para recomeçar a duvidar.
Em relação à primeira proposição, nem sempre quem ama é amado; algumas vezes o
amante é até mesmo odiado. Se assim parece, não pode haver amizade se não há
correspondência de sentimentos entre duas pessoas. A desconstrução se estende à segunda
proposição, uma vez que os maus não podem ser amigos dos maus, porque são egoístas e
buscam cada um seus próprios interesses. Os bons, por sua vez, são auto-suficientes, de nada
precisam, nem mesmo de amigos. Enquanto os semelhantes se enchem de inveja, de
rivalidade e de inimizade entre si, os desiguais se enchem de amizade, ou seja, o amigo é
amigo daquilo que lhe é contrário. Mas pode o justo ser amigo do injusto, o moderado do
licencioso, o bom ser amigo do mau, questiona Sócrates. E conclui: “Vejamos ainda outra
hipótese, não se dê mais o caso de nos tornar a escapar que o amigo, na realidade, não é
nenhuma dessas coisas. Aquilo que não é bom nem mau é que, por isso mesmo, se torna
amigo do bom.” (PLATÃO, 1995, p. 52).
Nessa proposição, Sócrates apresenta três gêneros de seres: o bom, o mau, o que não
é bom nem mau – a exemplo do corpo enquanto corpo que, devido à presença do mau (uma
doença) torna-se amigo do bom (a medicina). Mas, nem mesmo Sócrates acredita nessas
afirmações. E propõe, então, que o desejo é a causa da amizade. O que deseja é amigo daquilo
que deseja e isso sempre que deseja. Mas o que é o desejo? Desejar é querer algo de que se
está privado, de que foi despojado. Quando alguém deseja outrem, ou o ama, é porque guarda
alguma afinidade com ele, seja quanto à alma ou a qualquer traço da alma, do caráter ou da
figura. Sócrates põe em derrisão também essa reflexão, pois, se o afim é diferente do que
deseja, já se disse que os contrários não podem ser amigos. Se o afim é igual ao que deseja, já
se disse também que os iguais não podem ser amigos porque se bastam. Ao final da palestra,
os jovens Menexeno e Lísis são levados por seus pedagogos, e Sócrates exclama que os três
acabaram de se tornar ridículos, pois não foram capazes de descobrir o que era a amizade.
O discurso não fecha, pois, o conceito de amizade. Todas as hipóteses, afirmações e
definições não se sustentaram frente às indagações socráticas. Ainda assim, gostaria de
retomar a ideia de amizade enquanto falta, desejo de algo ausente àquele que deseja. Para
Sócrates, o sujeito desejante deseja aquilo que lhe é afim. Eu acrescentarei que o amigo deseja
aquilo que lhe é afim e complementar, de forma que o amado não é apenas semelhante ao

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amante, é também, e sobretudo, uma diferença, um suplemento e, não, o seu igual ou o seu
contrário.
Roland Barthes, em “Fragmentos de um discurso amoroso”, define ausência como
sendo “todo episódio de linguagem que põe em cena a ausência do objeto amado – quaisquer
que sejam a causa e a duração – e tende a transformar essa ausência em prova de abandono.”
(BARTHES, 1997, p. 52). A ausência amorosa só tem um sentido, e somente pode ser dita a
partir de quem fica – e não de quem parte. Só há ausência do outro. O que ama é quem fica,
quem espera, quem aguarda. O amado é o que parte, que vive em eterno estado de partida, de
viagem. Daí que quem ama é sempre menos amado do que aquele que se ama. A partir de
Lacan, Barthes cita o enunciado “eu-te-amo” como uma expressão sem nuanças, que dispensa
as explicações, as organizações, os graus, os escrúpulos – é uma holofrase que põe o sujeito
suspenso numa linguagem especular com o outro, e só tem sentido no momento da fala, no
seu dizer imediato.

4. Considerações finais
Ao finalizar este texto, é imprescindível justificar a desordem cronológica com que
trouxe Aristóteles, Cícero e Platão para o meu diálogo. Se o autor de A República tivesse
sido referido primeiro, haveria mais o que dizer? Na condição de um ato de fala, que nos
coloca dentro e suspenso pela linguagem, cabe a nós, nesse artigo sobre a amizade, não
iluminar a dúvida com um conceito, devido à nossa impossibilidade de formulá-lo, e
essencialmente em respeito ao que é próprio da Filosofia, mas indagar também como o
filósofo ateniense: o que é a amizade? Quem é o amado do amigo? O que deseja o amigo em
seu amado? O que falta àquele que ama? São questões que a filosofia se propõe e para as
quais ainda faltam respostas satisfatórias.

ABSTRACT

A male friendship is the subject of several discourses of the classic philosophers and
has been taken over the history of philosophy. This article discusses the concepts of
friendship second Plato, Aristotle and Cicero, with emphasis on kindness, on virtue
and on similarity. For Aristotle, friendship requires intimacy and constancy. Selfish
men who expect from friend only advantages and benefits are not worthy of
friendship. Cicero expands this concept, emphasizing the ethical and moral aspect
of the friendship for this philosopher, only good men can cultivate this affection,
because in them they find fidelity, integrity, equity and liberality. Plato, in other
words, affirms that friendship is born of the desire of what is similar and what is
lacking.

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Osmar Pereira Oliva 200

Keywords: Friendship. Philosophy. Virtue.

Referências

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Pietro Nassett. São Paulo: Martin Claret,
2000.
BARTHES, Roland. Fragmentos de um discurso amoroso. Tradução de Hortênsia dos
Santos.Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1997.
CÍCERO, Marco Túlio. Da amizade. Tradução de Gilson César Cardoso de Souza. São
Paulo: Martins Fontes, 2001.
PLATÃO. Lísis. Tradução de Francisco de Oliveira. Brasília: Universidade de Brasília, 1995.

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Entre rios e ruínas – José de Alencar, leitor de Alexandre Herculano

Among rivers and ruins – José de Alencar, a reader of Alexandre Herculano

Osmar Pereira Oliva

Resumo: Em seu breve livro Como e por que sou romancista, José de Alencar rebate a crítica que apontava a
imitação e a filiação de O guarani a The Last of the mohicans, do norte-americano Fenimore Cooper. Para o
romancista brasileiro, o que se precisa examinar em sua narrativa é se as descrições de O guarani têm algum
parentesco ou afinidade com as descrições de Cooper, mas isso não fazem os críticos, porque dá trabalho e exige
que se pense. Alencar declara ter lido Cooper e Chateaubriand, mas o seu grande livro de inspiração foi a
exuberante natureza pátria. Ainda hoje, muitos estudos se desenvolvem repetindo as aproximações entre Alencar
e Cooper ou entre Alencar e Chateaubriand. No entanto, em releituras do romance Eurico, o presbítero, de
Alexandre Herculano, podem-se perceber parentescos e afinidades no tom grandiloquente dos narradores ao
descreverem a natureza, as edificações e as ruínas, os rios Sália (de Portugal) e o Paquequer (do Brasil). Neste
trabalho se pretende, pois, apontar algumas semelhanças nessas descrições e propor o parentesco estético desses
dois romances históricos.

Palavras-chave: romance histórico; Alexandre Herculano; José de Alencar; natureza exuberante.

Abstract: In his short book How and Why I Am a Novelist, José de Alencar refutes the critique that pointed to
the imitation and affiliation of his work, The Guarani/ O Guarani, to The Last of the Mohicans, by the American
Fenimore Cooper. For the Brazilian novelist, what needs to be examined in his narrative is whether the
descriptions in The Guarani have any similarity or affinity with Cooper's descriptions, but this is not done by the
critics because it requires hard work and thinking. Alencar claims to have read Cooper and Chateaubriand, but
that his great source of inspiration was the exuberant homeland nature. Even today, many studies are carried out
repeating the approximations between Alencar and Cooper or between Alencar and Chateaubriand. Nevertheless,
it is in the novel Eurico, the priest/ Eurico, o presbítero, by Alexandre Herculano, that it is possible to perceive
similarities and affinities in the grandiloquent tone of both the narrators as each of them describes the nature, the
buildings, the ruins, and the rivers Sália (of Portugal) or the Paquequer (of Brazil). This work aims, therefore, to
point out such similarities in both descriptions and to propose an aesthetic approach in those two historical
novels.

Keywords: Historical novel; Alexandre Herculano; José de Alencar; exuberant nature.

1 Magalhães e o projeto de epopeia nacional

Em 1856, Gonçalves de Magalhães publicou, patrocinado pelo imperador D. Pedro II,


o poema Confederação dos Tamoios, em dez cantos, com o qual se pretendia ter escrito a
epopeia de formação do povo brasileiro. José de Alencar ocupava o cargo de redator-chefe do
jornal Diário do Rio de Janeiro e, utilizando-se do pseudônimo Ig (abreviatura de Iguaçu –

3
GALO DE OURO E MEMORIAL DE MARIA MOURA: RACHEL DE QUEIROZ E
AS CONTRADIÇÕES DO FEMININO – ENTRE A INDEPENDÊNCIA E A
CONFORMAÇÃO

Osmar Pereira Oliva1

RESUMO: Este trabalho pretende discutir os romances Galo de ouro e Memorial de Maria Moura, de
Rachel de Queiroz, na perspectiva de gênero, ressaltando as representações do feminino, entre a
independência e a conformação ao lar. Em sua maioria, as personagens femininas criadas pela
autora cearense lutam por igualdade social, reivindicam liberdade de pensamento e poder de decisão
nas relações afetivas e procuram resistir à subordinação ao masculino, ao mesmo tempo em que
sentem a falta de uma companhia masculina, gerando a aparente contradição.
PALAVRAS-CHAVE: Feminino; Feminismo; Independência feminina; Conformação.

GOLDEN COCK AND MARIA MOURA'S MEMORIAL: RACHEL DE QUEIROZ AND THE FEMALE
CONTRADICTIONS - BETWEEN INDEPENDENCE AND CONFORMATION

ABSTRACT: This work intends to discuss the novels Galo de ouro e Memorial de Maria Moura by
Rachel de Queiroz, in the perspective of genre, emphasizing the feminine representations between
independence and conformation. In its majority, the feminine characters created by the author from
Ceará, fight for social equality, claim for freedom of thought and decision-making power in the
affective relationships and aim to resist to the masculine subordination, at the same time that they
miss a male company, generating an apparent contradiction.
KEYWORDS: Feminine; Feminism; Feminine independence; Conformation.

Introdução

Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza em 1910 e, com apenas vinte anos de


idade, iniciou a sua carreira ficcional com o romance O quinze (1930); nessa década,
seguiram-se João Miguel (1932), Caminho de pedras (1937) e As três Marias (1939).
Somente 36 anos depois a autora voltaria ao gênero romance, publicando Dôra, Doralina
(1975), Galo de Ouro (1986) e Memorial de Maria Moura (1992). Nesse espaço de tempo,
Rachel publicou também 05 livros de crônicas, 02 peças de teatro, 03 livros infantis e uma
autobiografia.2

1
Mestre e doutor em Estudos Literários, pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Professor efetivo
do mestrado em Estudos Literários da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, onde desenvolve
pesquisas sobre gênero e as linhas de força na literatura de autoria feminina. E-mail: osmar.oliva@unimontes.br
2
São eles, respectivamente: A donzela e a Moura Torta (1948), Um alpendre, uma rede, um açude (1958), O
caçador de tatu (1967), O homem e o tempo (1964-1976), As terras ásperas (1993); Lampião (1953), A beata

91
A jovem escritora tinha ideias avançadas para o seu tempo; além da consciência
política, das leituras socialistas e das participações como cronista nos jornais O Ceará,
Diário de Notícias, O Cruzeiro e em O Jornal, era também filiada ao Partido Comunista
brasileiro, mas com ele rompeu por discordar de certas ideologias que contrariavam as
atividades da intelectual, da literata, discussão essa que aparece tão claramente no
romance Caminho de Pedras. Por outro lado, em entrevista, Rachel de Queiroz afirmou que
não era nem aceitava o rótulo de feminista. No entanto, suas personagens de grande
relevo são as femininas, e agem, no plano ficcional, como poderiam agir as heroínas
feministas da vida real. Em sua maioria, são mulheres que lutam por igualdade social, que
reivindicam liberdade de pensamento e poder de decisão nas relações afetivas e que se
afastam da subordinação ao masculino.
O fato de a autora cearense ter se envolvido com o Partido Comunista e,
posteriormente, apoiado o Golpe Militar, com Humberto Castelo Branco, certamente
contribuiu negativamente para a recepção crítica da sua obra, pouco lida e discutida ainda
hoje nas Universidades. Afirmação semelhante se pode fazer pelas duras críticas que Rachel
direcionava às feministas de sua época: “Eu sempre tive horror das feministas; elas só me
chamavam de machista. Eu acho o feminismo um movimento mal orientado. Por isso sempre
tomei providências para não servir de estandarte para ele.” (QUEIROZ, 1997, p. 26) Heloísa
Buarque de Hollanda, no ensaio “O éthos Rachel”, discute a escassez de fortuna crítica
sobre essa escritora, e afirma que:

Menos do que omissão ou rejeição, o que a crítica brasileira tem mostrado, na


realidade, é medo de Rachel de Queiroz. Medo de enfrentar sua conflituosa
relação com os movimentos feministas ou mesmo com a literatura escrita por
mulheres que começa a se impor a partir do modernismo. Medo de explicitar
as possíveis causas do sucesso e do poder público inegáveis de uma mulher
que, desde adolescente, transitou com espantosa autoridade e naturalidade
pelos bastidores da cena literária do país. Medo, sobretudo, de enfrentar a
trajetória particular de seu pensamento político. (HOLLANDA, 1997, p.104)

Para Heloísa Buarque de Hollanda, a aversão de Rachel de Queiroz pelo feminismo


foi decorrente de dois aspectos primordiais: primeiro, porque, engajada no Partido
Comunista, seus ideais se distinguiam e se distanciavam dos ideais feministas, identificados
com a política getulista. Segundo, porque Rachel considerava que a maioria das escritoras
de sua geração representava, literariamente, o velho, o estilo ainda romântico e adocicado.
Não é por acaso que o seu romance de estreia tenha sido considerado por alguns críticos
como livro de macho, por causa do estilo seco, sem sentimentalismos, sem nobreza moral,

Maria do Egito (1957); O menino mágico (1983), Cafute & Pena-de-Prata (1986), Andira (1992); Tantos anos
(1998).

92
sem grandeza. Eduardo de Assis Duarte (2005, p. 106) corrobora essa afirmação, no sentido
de que Rachel de Queiroz seguiu a trilha das mulheres que se colocaram na vanguarda de
sua época e ousaram penetrar nos espaços ocupados essencialmente por homens, como o
mundo das letras, a redação do jornal, a célula partidária.
Assim também, na contracorrente da literatura permitida para as mulheres, proibida
nos colégios de freiras, Rachel escreveu quatro romances com ideias socialistas e feministas
e suas personagens femininas, na maioria, seguem a mesma tendência de sua criadora.
Trata-se dos romances O quinze (1930), João Miguel (1932), Caminho de pedras (1937) e
As três Marias (1939), os quais já foram discutidos por mim em outro artigo, intitulado
“Rachel de Queiroz e o romance de 30 – ressonâncias do socialismo e do feminismo”,
publicado nos Cadernos Pagu, nº 43, Campinas Jul/Dez. 20143.

A vida em marcha à ré

Galo de ouro (1989) é o penúltimo romance escrito por Rachel de Queiroz e


considerado o único urbano, no sentido de que sua história não tem como cenário o
Nordeste brasileiro, e sim o Rio de Janeiro, ainda que representando personagens
populares, sem realce na sociedade carioca. É também um dos livros menos conhecidos
dessa escritora, e ainda pouco discutido pela crítica acadêmica. Trata-se de uma narrativa
que poderia ser considerada o resumo de Mariano, sua personagem central – para
estabelecer uma analogia com o romance de Modesto Carone: Resumo de Ana (1998).
Um e outro são livros que contam os reveses de homens comuns, sem grandes
aspirações, e que vão sofrendo perdas econômicas, afetivas, familiares e até mesmo físicas
(aleijões) que deformam e debilitam Mariano (de Rachel de Queiroz) e Ciro (de Modesto
Carone). Segundo o narrador construído pela autora cearense: “Homem novo (…) lá um dia
arranja mulher e casa – e então começa a marcha à ré. Tudo que para ele sozinho chegava
e dava de sobra vai ficando pouco e minguado.” (QUEIROZ, 1989, p. 9). E, em Resumo de
Ana: “Anita foi a companheira de Ciro até o fim da vida. Sua atitude de mulher disposta a
encarar a pobreza sem desespero, traço herdado pelas seis filhas do casal, aplainou o
caminho da vida em comum” (CARONE, 1998, p.88). Creio que um estudo comparado
resultaria em um bom trabalho que, aqui, não desenvolveremos.
No começo do casamento, o jovem Mariano leva a moça para morar em seu quarto
de solteiro; depois a mulher inicia planos para ter uma cozinha apenas sua, em um barraco
com pedaço de quintal onde as crianças possam brincar. Assim que se mudam, obriga o
marido a comprar louças e depois quer um guarda-louça para os pratos e as xícaras e um
guarda-roupas, “e entre tantos desejos e tantas necessidades o homem vai se afogando.

3
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332014000200385

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Primeiro levanta um empréstimo, depois começa a trabalhar de serão. E por mais que faça
não há maneira do dinheiro chegar.” (QUEIROZ, 1989, p. 10)
O romance inicia com um resumo sobre a servilidade do homem aos caprichos de
uma mulher. Por meio do discurso irônico, o narrador alerta ao leitor sobre as artimanhas de
que se valem as mulheres para melhorarem cada vez mais o espaço doméstico, desde a
aquisição da casa própria até a mobília, vestuário e outros pequenos adornos, sendo essas
as primeiras necessidades básicas para uma família. Por outro lado, fica subentendido um
princípio feminino de que um homem não deve prometer a uma mulher aquilo que ele não
pode cumprir. Nazaré, quando Mariano a encontrou na praia, a caminho de sua casa, já
revelava claramente suas ambições e julgamentos a respeito do lugar onde vivia, sem
nenhum conforto. O rapaz soube logo de que era uma mocinha exigente e inconformada com
a sua condição de pobreza. Ainda assim, prometeu-lhe uma vida melhor. Ela não se
esqueceu das promessas feitas durante o namoro e o que fez, depois de casada e de ter
filhos, foi simplesmente cobrar o que o marido já não podia oferecer. Mais uma vez o
narrador não deixa o leitor no malogro, pois não escondeu as aspirações da personagem que
nos apresenta ao longo da narrativa.
Se Nazaré é uma protagonista emblemática da insubordinação do feminino na
galeria de personagens de Rachel de Queiroz, nesse mesmo romance Percília e dona Loura
também não se enquadram no perfil de mulheres “domesticadas”. Mariano vivia em um
quarto de aluguel, dividido com um outro rapaz. Em sua ausência, recebia a jovem Percília,
mulata clara, que não se preocupa com os julgamentos dos outros. O narrador nos informa
que, desde que começara a frequentar o quarto de Mariano, este vinha pensando em
casamento, mas Percília já havia se entregado a outro homem e ela mesma não ligava muito
para o casamento. A moça engravida e vai morar com Mariano. Dona Loura também é uma
mulher pouco convencional, pois desde os dezesseis anos vivia com seu Zé Galego, depois
que passara duas noites na casa dele, durante um carnaval. Com a morte do seu
companheiro e a separação do seu compadre Mariano, ela é quem propõe a ele que os dois
juntem as duas famílias. Ainda que Rachel de Queiroz tivesse rejeitado o rótulo de escritora
feminista, suas personagens encenam gestos ou ações de protestos contra a opressão e a
discriminação da mulher. Dessa forma, o feminismo assume um sentindo muito mais amplo,
como toda e qualquer atitude de reivindicação aos mínimos direitos da mulher e de
inconformismo à submissão masculina.
Dona Loura e Percília aproximam-se, especularmente, pela crença espírita, motivo
que renderia um interessante trabalho crítico, inédito na ficção de Rachel de Queiroz. No
entanto, centralizaremos nossa análise em torno da personagem Nazaré, transgressora dos
costumes tradicionais do matrimônio. Mariano encontrou Maria de Nazaré aos 17 anos,
voltando de uma festa, de madrugada, acompanhada de um rapaz, duas velhas e outras
moças. Vejamos como o narrador a descreve:

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Era alta, cheia de corpo, a cor do rosto fechada mas o cabelo liso. (...) Cortava
o cabelo na altura dos ombros, pintava as unhas com esmalte cor-de-rosa e
os lábios de vermelho vivo. Pó-de-arroz não lhe empanava o moreno-escuro
do rosto, e o vestido era tão curto que lhe descobria a curva dos joelhos.
(QUEIROZ, 1989, p. 57).

Nazaré era uma moça bonita e conhecia a impressão sedutora que causava nos
homens. Sua maquiagem e suas roupas são usadas com o propósito de despertar o
interesse dos homens. Além disso, gostava de dançar, de namorar, de passear no Rio e
chegar tarde da noite em casa. Nessa passagem, quando está voltando para casa, encontra-
se com Mariano, já viúvo de Percília, com quem tivera uma filha, acompanhado do seu amigo
Salviano, que já fora namorado de Nazaré. Ela fala alto, para que o rapaz escute:

Prefiro uma boa morte a me casar com um sujeito da ilha, pra ir morar em
rancho numa beira de praia dessas, cozinhar toda a minha vida numa trempe,
me encher de filho e ver que estou me acabando na flor da vida, só de boba.
Só porque não tive coragem de ir embora. (QUEIROZ, 1989, p. 60).

Esse encontro é significativo para que o leitor conheça as características físicas e as


aspirações da jovem Nazaré. Ninguém poderá chegar ao final do romance desavisado do
comportamento transgressor dessa mulher. Apesar de viver com a mãe na Ilha do
Governador, em condições de pobreza, a jovem gosta mesmo é da cidade, do cinema, do
movimento urbano. Enquanto espera melhor oportunidade para sair desse lugar de
contrariedades, Nazaré namora Zezé, um típico malandro carioca, que passeia com ela pelo
Rio e lhe oferece pequenos presentes: “o cabelo crespo repartido de lado, a pele moreno-
clara, as costeletas cortando a face quase pelo meio, o corpo franzino, o andar gingado, o
peito de pombo, estufado, o olhar insolente, procurando briga...” (QUEIROZ, 1989, p. 80)
O narrador ainda informa que o malandro era sustentado por mulheres: gigolô e
cafetão. Mariano era a esperança de mudança. Apresentava-se arrumado, com algum
dinheiro; dava presentes a Nazaré e não era homem atrevido, como o outro. E namorava os
dois ao mesmo tempo. Zezé sairá de cena, quando rouba um anel de rubi e dá de presente a
Nazaré. Mariano, enciumado, denuncia-o à polícia. O malandro é perseguido até jogar-se ao
mar e morrer afogado. O enamorado promete dar-lhe outro anel de igual valor,
demonstrando a sua subserviência. Para se ver livre da mãe, que tentava controlar seus
impulsos negativos, e não se entregar aos infortúnios de lavar roupas e engomar para os
outros, mesmo de menor idade, Nazaré se propõe a ir viver com Mariano. A mãe dela se
opõe, mas procura o viúvo, exigindo que ele se case com a sua filha. Acertada a situação, o
narrador descreve o casamento:

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Ela se vestiu de noiva, Mariano deu-lhe a seda, depois pagou o feitio: cetim
brochê com cauda, sim cauda, arrastando pelo adro, tal como Nazaré
sonhara. E teve enxoval pequeno, mas bonzinho, com as suas peças de
seda – cetim lustroso igualmente, renda de loja nas barras. Mariano deu tudo
– se ia fazer as coisas, melhor de uma vez fazer bem-feito. (QUEIROZ,
1989, p. 154)

Mariano também construiu uma casinha, mobiliou-a com prazer e zelo. Inicialmente,
Nazaré cuidou do lar e da sua enteada com dedicação, mas permanecia o seu principal
defeito – o gosto desesperado por rua. Ia ao teatro, ao cinema, ao circo. Mesmo com o
nascimento dos três filhos, continuava a passear pela cidade, bem vestida, esquecendo-se
das obrigações maternais. A primeira grande crise do casal deu-se no dia do batizado do
José, filho que recebera o mesmo nome do malandro que namorara na mocidade.
Em conversa com sua mãe, sob os protestos dela quanto a essa falta de juízo da
filha, Nazaré confessa: “Zezé foi o único homem a quem tive amor neste mundo. Pra mim, no
dia em que ele morreu, tudo que prestava se acabou! Por isso me casei com esse molenga –
ele ou outro, tanto fazia”. (QUEIROZ, 1989, p. 177) À distância, Mariano ouviu o diálogo, sem
ser pressentido. A confissão da esposa provocou intensa discussão, culminando em
agressão física. Mariano, “cego de raiva, de vergonha, de ciúme, ergueu o braço e bateu,
bem em cheio, no rosto que amara, que tantas vezes beijara, que talvez ainda continuasse
amando. Os nós dos dedos, secos e duros, em cima da boca atrevida, tirando-lhe sangue
dos lábios.” (QUEIROZ, 1989, p. 177)
Mariano já não mantinha a casa como no início do casamento, nem dava a Nazaré
os presentes de que gostava. O trabalho de bicheiro rareava e outros empregos
fracassaram. A família pobre aumentava em número de filhos e em demandas para a sua
subsistência. Já sabíamos de que Nazaré não se contentava com o mínimo e, com o
casamento e o nascimento dos filhos, Nazaré estava mais madura, mais bonita ainda do
que quando era mocinha. Na noite da briga, Mariano embebeda-se e dorme na casa da
comadre Loura, já viúva. No dia seguinte, passa em casa e encontra os filhos sozinhos. Vê
a esposa nas ruas do Rio, usando um vestido claro e curto, os braços de fora, os cabelos
soltos pelos ombros, mais parecendo uma mulher jovem e solteira, namoradeira, do que
uma mãe de três filhos.
Nazaré ia se fazendo cada vez mais bonita, vestindo cada vez melhor. Apesar das
dificuldades financeiras pelas quais passavam, não lhe faltavam vestido, sapato, pintura,
frasco de cheiro. Continuava saindo mais e sem pedir licença a ninguém. Um dia, a filha do
casal, após apanhar da mãe, conta a Mariano que Nazaré está saindo de barco com um
homem. Os dois discutem novamente e a esposa afirma que mantinha o relacionamento
extraconjugal há meses:

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Ele mora do lado de lá, em Ramos, e vem aqui só me ver! Vem à força de
remo, porque não é nenhum aleijado, tem dois braços para remar! Vive me
pedindo pra ir embora com ele – pois eu vou! Vou ter roupa, vou ter sapato,
vou sair, vou ao cinema, vou tomar sorvete em confeitaria chique, na cidade.
Vou gozar tudo que você me prometeu e me enganou, seu miséria! Aleijado
sem préstimo! Pensava que eu ia viver aqui todo o tempo, feito negra de
cozinha, servindo só pra sua escrava? (QUEIROZ, 1989, p. 199).

Mariano foi humilhado duplamente. Primeiro, porque estava sendo traído pela
esposa há meses. Segundo, porque Nazaré ressalta o seu defeito físico, decorrente do
acidente que sofrera quando Percília morrera. Enfrentado sem qualquer temor, o marido
arma-se de facão e vai até a praia, à espera do homem que aviltava o seu lar. Frustrado
nessa busca de vingança, Mariano senta-se à sombra de uma amendoeira velha e chora –
ato comum para esse masculino que vive em marcha à ré. Depois do pranto, retorna a casa,
encontrando os filhos sozinhos novamente, os quais lhe informam que Nazaré havia
abandonado o lar, conforme prometera. Nesse mesmo dia, Mariano acerta com a comadre
Loura a união das duas famílias, ele com quatro filhos e ela com três.
O romance termina com um resumo da trajetória dessa desarrumada família
brasileira, constituindo novas mulheres e prenunciando outras transgressões femininas.
Mariano ganhando cada vez menos e bebendo cada vez mais, para esquecer as dificuldades
financeiras. Dona Loura, envelhecida e fraca, lavando e engomando junto com a filha muda,
para ajudar com as despesas da grande família. Gina vivia de cabeça virada, cheia de
namoro com um fuzileiro, contra a vontade do pai. A Mundica, fazendo teste para cantora de
rádio, profissão considerada inadequada para moças de família, naquela época; a muda Lu
entregando-se a qualquer homem:

A natureza é mais forte que o pior castigo, explicava a mãe, envergonhada. A


pobrezinha não pratica por maldade; sabe lá o que presta e o que não presta!
Pra ela, é como comer e dormir. Faz tudo o que o corpo pede, não entende de
mal nem de bem, não tem boca nem ouvido por onde lhe entre o ensino e o
temor de Deus. (QUEIROZ, 1989, p. 214)

Interessante que o narrador não nos informa como se desenvolvia o José, único
descendente homem dessas vidas de infortúnios, talvez seguindo o mesmo destino de
Mariano, ou de todos os homens, inevitavelmente atendendo aos apelos do feminino,
conforme Rachel de Queiroz prenuncia ao abrir esse romance. Por outro lado, podemos
também apontar um gesto de desconstrução, como discute Eduardo de Assis Duarte (2003),
ao afirmar que o feminismo propõe a revisão de papéis tradicionalmente atribuídos a homens
e mulheres, abalando a moral patriarcal e apresentando demandas que pavimentam o
caminho da desconstrução. Galo de ouro narra essa luta da mulher contra a segregação do

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corpo e a busca de uma nova moral sexual que respeite a diferença, como é o caso das
mulheres mestiças e pobres ali representadas.

É ele ou eu!

Último romance de Rachel de Queiroz, publicado em 1992, Memorial de Maria


Moura garantiu-lhe a premiação, em 1993, com o Troféu Juca Pato, distribuído a
intelectuais brasileiros pela União Brasileira de Escritores. Essa premiação pode ter sido a
motivação para que o crítico mineiro Fábio Lucas escrevesse o ensaio “Aspectos
literoculturais da obra de Rachel de Queiroz”, no qual ressalta que, depois de 1930, “a
carreira literária de Rachel de Queiroz somente conheceu êxitos e novos experimentos.”
(LUCAS, 2005, p. 57). O autor ressalta, sobretudo, o talento da escritora cearense para o
gênero crônica. Em seguida, Fábio Lucas afirma que encontrou no Memorial de Maria
Moura o momento mais alto da narrativa dessa escritora. Segundo ele, Rachel de Queiroz
não se acomodou ao silêncio nem à repetição, de forma que o último romance apresenta a
musculatura de um romance complexo.
De fato, o Memorial apresenta renovação técnica na construção narrativa, pois os
narradores alternam-se entre as principais personagens que constituem o núcleo da intriga
romanesca. O padre (Beato Romano ou padre José Maria) abre o romance, em flash-back,
informando-nos da sua chegada à casa forte, onde ficará refugiado sob a proteção da então
Maria Moura. Rachel coloca-o como narrador de 11 capítulos; Maria Moura narra o segundo
capítulo, vasculhando suas lembranças, a fim de descobrir quem é a estranha personagem
que acabara de chegar às suas terras, e é a voz que narra 21 capítulos; o Tonho e o Irineu,
primos da Moura, narram 4 capítulos (3 para aquele e 1 para este); Marialva, também prima
da Moura, narra 6 capítulos.
Se a técnica narrativa muda significativamente nesse último romance, Rachel não
alterou a sua escrita concisa, enxuta e objetiva, já prenunciada desde O quinze, quando sua
forma de expressão literária fora confundida por escritores da época como “maneira de
escrever masculina”. Todos os capítulos são curtos, alguns com pouco mais de uma página
apenas. E o mais longo, e talvez o mais significativo para que o leitor compreenda a saga da
Moura, é o quarto capítulo, com 28 páginas, no qual a protagonista, depois de receber o
padre foragido em sua casa forte, rememora a casa materna, a morte do pai, o assassinato
da mãe pelo próprio padastro, quem lhe seduz e desonra.
É a partir dessa casa materna que a trama se desenvolverá, dando reforço e
sustentação à personalidade ambígua de Maria Moura, ao mesmo tempo destemida, forte e
resistente às lutas e conquistas, e fragilizada diante dos apelos inevitáveis do corpo feminino.
A meu ver, esse caráter ambíguo da personagem quanto ao desejo de independência da
mulher e sua susceptibilidade à vontade de prazer com um homem constitui uma chave de
leitura para os romances da escritora cearense. Suas narrativas demonstram que a mulher

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não pode ser feliz nem se sentir realizada socialmente sem a companhia de um homem,
ainda que quase todas as protagonistas femininas procurem não se submeter às vontades
masculinas nem se conformarem ao espaço doméstico.
Para discussão desse caráter ambíguo de Maria Moura, partimos, portanto, do
quarto capítulo, no qual a personagem rememora como iniciou a sua saga de banditismo e
as suas transformações físicas e morais. Quando ela procurou o padre José Maria para fazer
a confissão de que havia se entregado a Liberato, o homem que vivia amasiado com a sua
mãe, a protagonista tinha 17 anos e ainda acreditava no poder redentor da religião. Naquele
tempo, os trabalhadores de sua casa a tratavam de Sinhazinha, era uma moça simples e
delicada, até que Liberato influencia a sua completa transformação, começando pela sua
liberação sexual:

No meio da noite eu escutava o Liberato chegando da vila, as esporas tinindo


no ladrilho. Ele via a réstia de luz da candeia, acesa no meu quarto, às vezes
com o pavio quase apagando. (...) Bem, a noite escura é traidora. Como é que
Mãe dizia para afastar a tentação? “Valha-me a Virgem Puríssima!” Mas a
Virgem Puríssima não me valeu.
Afinal, ele era um homem bonito; devia ser mais novo do que Mãe. Pelo
menos parecia, e era o que dizia todo mundo.
Sempre no escuro, nunca de dia – isso era ele. Ah, bem se diz, carinho não
dói. E talvez, desde menina, no fundo do coração, eu tivesse inveja de Mãe:
aquele homem enxuto de corpo, branco de cara, cabelo crespo, mostrando os
dentes sem falha quando se ria.
Começou mais como brincadeira. E aos poucos, bem aos poucos, é que foi
ficando uma brincadeira perigosa.
Devagar, devagar. Os carinhos se tornando cada noite mais atrevidos, se
adiantando, indo longe demais. (QUEIROZ, 1992, p. 20)

Sabemos que Liberato assassinara a mãe de Maria Moura objetivando tomar-lhe as


terras da fazenda Limoeiro. Depois de seduzir a adolescente, o padrasto investe em uma
campanha sobre ela para que assine uma procuração, outorgando-lhe poder de negócio em
relação à propriedade. Vendo-se forçada, sob ameaças veladas de morte, Maria Moura
arquiteta um plano para matar Liberato, usando seu poder de sedução sobre Jardilino, um
mulato empregado da fazenda, conduzindo-o ao crime: “E eu não tinha mais nada da
mocinha boba do tempo de Mãe. Sabia muito bem o que um homem quer da gente – mesmo
sendo um caboclo como o Jardilino.” (QUEIROZ, 1992, p. 25)
Maria Moura seduz o mulato e finge estar apaixonada por ele, pronta a casar-se,
desde que Liberato saia do seu caminho. Para conseguir seu intento, arma o enamorado
de espingarda e planeja uma emboscada na qual se mate o seu padrasto. Assim que o
plano é executado, a teia da aranha se estende ao próprio Jardilino, pois a Moura não se

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casaria com ele, nem permitiria que fosse acusada de mandante do crime. Então, João
Rufo, trabalhador da fazenda e amigo da família, será o homem manipulado ardilosamente
para limpar as pistas e desobstruir o caminho de transição da sinhazinha em direção à
guerreira masculinizada.
O último ritual dessa transformação se dá com a investida dos primos Tonho e
Irineu, na tentativa de tomar-lhe as terras ou de casar Maria Moura com Irineu. Para esse
fim, os irmãos tomam de assalto armado a fazenda da prima. Ela ateia fogo a casa e
foge, já sabedora das terras dos padres, em lugar distante, que o avô do seu pai
comprara e ninguém ainda havia tomado posse. É para lá que ela se dirige, junto com
João Rufo e outros poucos companheiros, em busca de um tesouro escondido e
procurando refazer sua vida:

Vou prevenir a vocês: comigo é capaz de ser pior do que com cabo e
sargento. Têm que me obedecer de olhos fechados. Têm que se esquecer de
que eu sou mulher – pra isso mesmo estou usando estas calças de homem.
Bati no peito:
_ Aqui não tem mulher nenhuma, tem só o chefe de vocês. Se eu disser que
atire, vocês atiram; se eu disser que morra é pra morrer. Quem desobedecer
paga caro. Tão caro e tão depressa que não vão ter tempo nem para se
arrepender. (...) puxei o meu cabelo que descia pelas costas feito numa trança
grossa; encostei o lado cego da faca na minha nuca e, de mecha em mecha,
fui cortando o cabelo na altura do pescoço. (...)
_ Agora se acabou a Sinhazinha do Limoeiro. Quem está aqui é a Maria
Moura, chefe de vocês, herdeira de uma data na sesmaria da Fidalga Brites,
na Serra dos Padres. (QUEIROZ, 1992, p. 84)

Nesse trânsito de identidades e de espaços, Maria Moura se esforça para assumir


uma fisionomia e um comportamento rústico, endurecido, já que o seu desejo era de
vingança contra os primos que lhe expulsaram de sua propriedade. Ela agora queria ter
força, queria ter fama, queria apagar qualquer lembrança da menina mimada que recebia os
cuidados de todos na fazenda Limoeiro, quando a mãe ainda era viva. Em suas reflexões,
Maria Moura declara a sua sede de poder, de riquezas, de ser reconhecida como gente, e
gente grande, influente.
Ainda que esse projeto se cumpra parcialmente, Maria Moura não consegue dominar
os seus impulsos femininos, manifestados desde os pequenos gestos, como adornos de
joias até a vontade de ser possuída por um homem: “Eu sonhava com um homem – não sei
que homem eu queria, mas sabia que tinha que ser um homem. Algum dia.” (QUEIROZ,
1992, p. 122). Em outra passagem do romance, fragilizada pela doença, Maria Moura se
angustia pela solidão e, em solilóquio, comenta: “Acho que não nasci para essa vida que
arrumei pra mim. Sozinha, sem um homem, sim, falando franco, sem um homem. Toda

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mulher quer ter um homem seu (...) Mão de homem, braço de homem, corpo de homem.”
(QUEIROZ, 1992, p. 201).
Essa cena é significativa porque vem entrecortada de contradições. É quase
inacreditável que até o repulsivo Irineu, seu primo, durante uma luta corporal tentando
novamente capturá-la, tenha lhe despertado sensações eróticas agradáveis, desejo de
prazer. Ao mesmo tempo em que a Moura afirma sua dependência a um homem viril, que lhe
fizesse sentir-se mulher, dominada, possuída, afirma que gosta de ser senhora dos homens,
de comandá-los. Em suas palavras:

Me sinto bem, montada na minha sela, do alto do meu cavalo, rodeada dos
meus cabras; meu coração parece que cresce, dentro do meu peito. Mas, por
outro lado, também queria ter um homem me exigindo, me seguindo com um
olho cobiçoso, com ciúme de mim, como seu fosse coisa dele. (QUEIROZ,
1992, p. 202)

Maria Moura recorta sua aparente feminilidade e forja uma identidade masculinizada,
mas não consegue reprimir seus desejos heterossexuais e, em alguns momentos, sua
vontade de apresentar-se como uma mulher comum, cuidando de suas roupas, de seus
adornos, de sua casa, e de ver-se acompanhada de um homem forte, viril, que a fizesse
mulher de verdade. Em outra passagem, Maria Moura lamenta que, se o seu pai não tivesse
morrido, talvez agora estivesse casada, dormindo nos braços do seu marido. Essas reflexões
aparecem em muitos capítulos narrados pela moça guerreira.
Maria Osana de Medeiros Costa, em “Maria Moura, uma saga de poder, amor e
morte”, também discute essa construção de uma identidade masculinizada para a
protagonista, mas a partir do espelhamento na história de crimes e de pecados da carne
cometidos pelo padre José, ou Beato Romano. Sua análise é interessante porque aproxima,
por meio dos estudos de gênero, essas duas personagens. Segundo essa autora, a história
dos três crimes decorrentes do relacionamento amoroso com Dona Bela estabelece uma
curiosa relação com a história também dos três crimes premeditados por Maria Moura:

Maria Moura e o Beato Romano são vozes que se complementam e,


curiosamente, fora do universo familiar. Os elos que os unem são um segredo
de confissão e uma cumplicidade de crimes e amores proibidos, que sinalizam
para uma “análise da construção do gênero e da sexualidade’ onde ‘o que fora
iniciado com o feminino passa a contemplar também o masculino”. (COSTA,
2002, p. 184)

Instalada nas terras que eram do seu bisavô, olhando a casa forte ali construída e as
benfeitorias realizadas na fazenda, além do gado que agora criava, a Moura se orgulhava
das conquistas e do seu poder, que era conhecido em terras distantes. Nada disso, no

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entanto, supria a falta de um homem. Até que chega à casa forte um seu primo bastardo, o
Duarte que, à primeira vista, lhe seduz: “Olhei pra ele. Cada vez me agradava mais, até
mesmo como homem. Nunca tinha andado perto de mim nenhum rapaz como aquele – na
força do homem, bonito de cara –, alto, forte, calmo, bom de riso.” (QUEIROZ, 1992, p. 299)
Com Duarte, Maria Moura viveu bons e agradáveis momentos. O rapaz era
obediente e servil, durante o dia e, à noite, era o homem viril admirado por ela, desejosa de
tê-lo sempre ao seu lado, ainda que os companheiros de luta desconhecessem esse
relacionamento afetivo da chefe. Durante esse tempo, Maria Moura apazigua o seu conflito
interior, pois conseguiu apresentar-se masculinizada e durona durante o dia, e femininizada e
sensível durante a noite. Com Duarte, a Moura pôde conciliar a sua dupla personalidade.
Mas o rapaz precisou afastar-se a trabalho, quando chega à casa forte um jovem louro,
bonito, sob encomenda de proteção e de cuidados da Moura, pois havia se envolvido em
uma briga por posses de terras e estava sendo perseguido pela família de um homem morto
nesse confronto.
Em pouco tempo, o jovem Cirino despertará o interesse sexual da sua protetora e se
apossará de Maria Moura com violência, mas sem a sua resistência. A força do sangue
imperou sobre ela, que não conseguia mais viver sem o seu protegido:

Com o passar dos dias, já não era só à noite que eu procurava a companhia
dele. (...) Meu corpo chegava a doer quando a gente se tocava – e continuava
doendo quando se separava. Assim mesmo eu procurava disfarçar de todo
mundo as fraquezas da Moura nova, fingindo a antiga dureza, a da Moura de
antes. (QUEIROZ, 1992, p. 393).

Maria Moura percebe o perigo desse poder que um homem como Cirino exerce
sobre ela. Então, vendo-se à beira do precipício, pensando mesmo em entregar-lhe a casa, a
fazenda, os homens, o comando de tudo para ser apenas sua mulher, resolve matá-lo:
“Agora era ele, ou eu”, sentencia a Moura. Para esse fim, promete a Valentin, marido de sua
prima Marialva, os quais viviam em sua propriedade, que deixaria tudo o que tinha como
herança para o filho deles, se Cirino morresse. A ardilosa aranha, mais uma vez, estendeu
os seus fios e armou a sua rede, conduzindo Valentin ao assassínio para que ela pudesse
ver-se livre do amante que ameaçava a sua independência afetiva.
O romance termina com a ordem dos sentimentos reestabelecida e a Moura a
caminho de mais uma batalha, contra soldados que vêm em sua captura. Fábio Lucas
interpreta com muita argúcia essa cena, a partir da acentuação de um traço dominante na
personalidade de Maria Moura: o da aventura,

em primeiro plano, de que deriva o gosto da viagem e da luta, numa


demonstração cabal de nomadismo. Tem a têmpera de um herói de romance

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de cavalaria. Não é o pouso da casa, agarrada ao lombo da serra, que traduz
o seu ideal. Antes é o apelo da estrada que a seduz, o desafio para a
conquista de novas posses, segundo o princípio da força e da violência, sob a
regência da cobiça. (LUCAS, 2005, p. 66-67)

Esse final talvez signifique a morte simbólica de uma dupla personalidade. Rachel
poderia, mais uma vez, como o fizera em O quinze, alertar às mulheres que é impossível
seguir um feminismo radical. Uma mulher não pode assumir uma identidade masculina nem
se tornar um homem ou agir completamente como os homens agem. Uma mulher não pode,
segundo a ficção produzida por Rachel de Queiroz, existir sem a companhia de um homem
forte, viril, que faça uma mulher se sentir fêmea, de verdade. Em um sentido ou em outro, o
romance não finaliza com essa cena, pois não se fecha na imaginação do leitor, o qual fica
na expectativa de uma nova aventura, como se lhe faltasse o último capítulo.

Referências bibliográficas

CARONE, Modesto. Resumo de Ana. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
COSTA, Maria Osana de Medeiros. “Maria Moura, uma saga de poder, amor e morte.” In:
DUARTE, Constância Lima; DUARTE, Eduardo de Assis; BEZERRA, Kátia da Costa (orgs).
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103
QUEIROZ, Rachel de. Cadernos de Literatura Brasileira. Número 4. São Paulo: Instituto
Moreira Salles, 1997.

Recebido em: 28/03/2020 Aceito em: 08/05/2020

Referência eletrônica: OLIVA, Osmar Pereira. Galo de Ouro e Memorial de Maria Moura:
Rachel de Queiroz e as contradições do feminino - entre a independência e a conformação.
Criação & Crítica, n. 29, p., mai. 2021. Disponível em: <http://revistas.usp.br/criacaoecritica>.
Acesso em: dd mmm. aaaa.

104


Judaísmo, Israel e as referências bíblicas em Elogio da sombra, de Jorge Luis
Borges
Judaism, Israel and the Biblical references in Praise of the Shadow, by Jorge Luis
Borges
Osmar Pereira Oliva*
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) | Montes Claros, Brasil
osmar.oliva@unimontes.br

Resumo: Não são recentes os estudos literários que apontaram para a presença
da tradição judaica na obra de Jorge Luis Borges. No entanto, poucos se
dedicaram aos poemas organizados em 1969 sob o título Elogio da sombra. Nessa
coletânea, vários desses textos poéticos dialogam com passagens bíblicas e com
o imaginário em torno de Israel. Este artigo tem como principal objetivo discutir
os conceitos de judaísmo e de identidade judaica e analisar os poemas
intitulados “Israel” e os demais que trazem referências bíblicas a fim de ratificar
a crítica já produzida que identificou a admiração e a afinidade de Borges para
com os judeus e para com a cultura judaica.

Palavras-chave: Judaísmo. Israel. Intertextos bíblicos.

Abstract: The literary studies, which have indicated Jewish influences in the
fictional production of Jorge Luis Borges, are not recent. However, few have
devoted themselves to the poems organized in 1969 in the book entitled Praise of
the Shadow, in which there are poems that dialogue with biblical passages and
with the imaginary around Israel. This article aims to discuss the concepts of
Judaism and of Jewish identity and to analyze the poems entitled Israel and the
others which convey some biblical references, in order to ratify the already
produced criticism which identified the admiration and the affinity of Borges
towards the Jews and towards Jewish culture.

Keywords: Judaism. Israel. Biblical Intertexts.

He hecho lo mejor que pude para ser judío.


Pude haber fracasado… Si pertenecemos a la
civilización occidental, entonces todos
nosotros, a pesar de las muchas aventuras de la


*
Professor na Universidade Estadual de Montes Claros e Doutor em Letras:
Literatura Comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais.
1
Arquivo Maaravi: Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG. Belo Horizonte, v. 12, n. 23, nov. 2018. ISSN: 1982-3053.


sangre, somos griegos y judíos… Muchas
veces me pienso judío pero me pregunto si
tengo derecho de hacerlo.
(Jorge Luis Borges)

Israel, assim como o judaísmo, não são conceitos facilmente apreendidos. E, não
raras vezes, são muito mal interpretados. Principalmente, se não nos
posicionarmos a partir de um “lugar” teórico adequado. No senso comum,
Israel é hoje um Estado Nação, tendo como capital Jerusalém e o hebraico como
língua oficial. Sua autonomia política se deu em maio de 1948, por intervenção
das Nações Unidas. No entanto, sua origem é muito mais remota e se relaciona
com a crença de que Deus teria escolhido um povo que se tornaria incontável e
se espalharia por toda a terra. De acordo com o Pentateuco, Jacó era neto de
Abraão e tinha três mulheres e 12 filhos, os quais constituíram os reinos do
Norte (Israel, com sede em Samaria) e do Sul (Judá, com sede em Jerusalém)
logo após a conquista da terra prometida (Canaã) sob liderança de Josué.
No século VIII a.C., os assírios conquistaram os reinos do Norte, tornando
cativo o seu povo na Assíria ou espalhando-o por outros territórios, a ponto de
desaparecerem dos relatos bíblicos. Em 586 a.C., Jerusalém foi sitiada sob
comando de Nabucodonosor II e os descendentes de Judá, Benjamin e Levi,
foram levados cativos para a Babilônia, mas mantendo suas crenças e tradições,
tentando resistir à assimilação estrangeira. Ainda assim, foram influenciados
pela religião, pelos costumes e pela língua do colonizador. O hebraico, por
exemplo, perdeu força para o aramaico. Em 539 a.C., Ciro, rei da Pérsia,
conquistou a Babilônia e reconduziu esses hebreus a Yheud, antigo território de
Judá. Esse povo é a considerada nação de Israel e sua religião passou a ser
chamada de judaísmo. No ano 70 da Era Cristã, Tito, o imperador romano,
conquistou e saqueou Jerusalém, espalhando, mais uma vez, os judeus pelo
mundo, chegando aos Países Baixos, Balcãs, Turquia, Palestina e até o
continente americano. Com esse breve histórico, esperamos situar a formação
da nação de Israel e a constituição do povo judeu e da religião judaica.
Somente em 1948, a Organização das Nações Unidas oficializou a criação do
Estado de Israel, dividindo o então território da Palestina em dois Estados, um
árabe e um judeu. A partir de então, temos a segunda concepção de Israel, não
como uma nação bíblica, mas como uma nação secular, com território
delimitado e organização política própria, desencadeando as sucessivas guerras
de despossessão, já que o território do novo Estado era habitado,
majoritariamente, por árabes, de religião islâmica. Até os nossos dias,
confrontam-se, portanto, pela posse da terra, e em nome de uma eleição divina
2
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– tanto Israel (judeus) quanto a Palestina (árabes) se julgam herdeiros de uma
promessa para serem donos daquela terra.
Judith Butler, em Caminhos divergentes,1 discute a tarefa impossível e necessária
do binacionalismo, e dialoga com um dos livros mais recentes de Edward Said –
Freud e os não europeus, para refletir sobre o caráter ambivalente do povo judeu.2
Partindo da aceitação de que Moisés seja o fundador do judaísmo, subentende-
se que não é possível dissociá-lo do que seja o árabe, já que Moisés foi um
hebreu criado e educado no Egito, entre não judeus. O ponto crucial da
aproximação entre árabes e judeus, para Said, é o seu argumento de que,
quando as tábuas da lei foram entregues a Moisés por desígnio divino, não
havia distinção de vida entre judeu e árabe.
A segunda aproximação para a qual nos chamam Butler e Saud é quanto ao
“deslocamento” que caracteriza tanto a história do povo judeu quanto do povo
palestino, o que constituiria uma aliança possível e até desejável. Israel deveria,
de acordo com essa perspectiva, lembrar-se de sua própria experiência de
despossessão de territórios e de direitos para forjar uma aliança com aqueles
vizinhos-irmãos que vem despossuindo. Essa possibilidade geraria o desejado
binacionalismo, pois tanto Israel quanto Palestina se identificariam com a
diáspora em todos os tempos. Moisés, que viveu entre os dois povos – judeus e
árabes – seria, portanto, o exemplo de uma identidade “impura”, binacional.
A concepção utópica do binacionalismo é retomado por Butler a seguir, nesse
mesmo livro, problematizando a religião judaica e suas relações com o Estado
de Israel, de certa forma antagônicas, pois se tratam de duas questões bem
distintas: a secular e a do porvir. Suas discussões são embasadas, obviamente,
no aspecto essencialmente político que ronda Israel e Palestina, sem perder de
vista a força da religião que parece dar legitimidade ao que ela considera
“violências militares” e desterritorializações. Dessa vez, é Hannah Arendt a
intelectual que lhe serve de apoio para realizar uma crítica da “violência
ilegítima” do Estado-nação de Israel contra o Estado da Palestina. Importante
ressaltar que, para esses intelectuais, somente Israel deve ceder, não responder
a atos de terrorismo em seu território ou garantir a segurança de seus cidadãos.
A perspectiva deslegitimadora do Estado de Israel é, pois, um paradoxo nesses
pensadores. Afinal, quer-se um território binacional, a partir de um ponto de
vista único. Mais uma vez, Butler apresenta uma saída impossível, por meio do
conceito de coabitação, salvaguardando a pluralidade, já que todos têm direito
de pertencimento:


1
BUTLER, 2017.
2
SAID, 2004.
3
Arquivo Maaravi: Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG. Belo Horizonte, v. 12, n. 23, nov. 2018. ISSN: 1982-3053.


[...] não só não podemos escolher com quem habitamos a
Terra, como também devemos preservar e afirmar
ativamente o caráter de não escolha da coabitação
inclusiva e plural: além de vivermos com quem nunca
escolhemos e com quem podemos não ter nenhum senso
social de pertencimento, também somos obrigados a
preservar essas vidas e a pluralidade da qual fazem parte.
Nesse sentido, normas políticas concretas e prescrições
éticas surgem do caráter de não escolha desses modos de
coabitação. Coabitar a terra antecede qualquer
comunidade, nação ou vizinhança possível. Às vezes
podemos escolher onde viver, com quem viver ou perto
de quem, mas não podemos escolher com quem coabitar a
Terra.3
Sobre o fanatismo, e em contraponto a esse olhar enviesado sobre e contra
Israel, a fé e a convivência entre os povos no século 21, vale a leitura de dois
escritores israelenses fundamentais: Amós Oz e David Grossman. Oz publica
em 2002, em Israel, e em 2004, no Brasil, Contra o fanatismo,4 e em 2016, em Israel
e 2017, no Brasil, Mais de uma luz,5 textos indispensáveis para que se tenha uma
reflexão crítica e pacífica entre as vozes, muitas vezes mentirosas e histéricas, de
acordo com Nadine Gordimer, a respeito dos conflitos atuais no Oriente Médio.
De Grossman, entre outros títulos, Presencias ausentes: conversaciones con
palestinos em Israel, publicado em Israel em 1992 e ainda inédito no Brasil.
Em O judeu não-judeu e outros ensaios, Isaac Deutscher problematiza o que é ser
judeu, qual o lugar desse intelectual na sociedade moderna e qual o papel que
nela representa.6 Em suas reflexões, não se pode defini-lo sem referências ao
mundo exterior e aos antagonismos que dividem a humanidade. É preciso,
nessa tentativa de identificação, pensar na sociedade em que vive, em que
nação está inserido. Além do mais, com tantas diversidades econômicas,
políticas, étnicas, religiosas e geográficas, é cada vez mais difícil definir o que
seria a identidade de alguém. Ainda assim, Deutscher aponta para o fato de que
o maior redefinidor da identidade judaica foi Hitler, e Auschwitz foi o terrível
berço dessa nova consciência. Nessa perspectiva, de forma enviesada, essa
reflexão aponta para a perseguição e o massacre dos judeus reforçando o
sentimento de pertencimento a uma etnia, conforme se depreende dos

3
BUTLER, 2017, p. 130.
4
OZ, 2004.
5
GROSSMAN, 1994.
6
DEUTSCHER, 1970.
4
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patriarcas do Pentateuco, como Abraão e Moisés, mas muito mais que esse
caráter bíblico.
Não é somente a linhagem, ou a genealogia sanguínea que determina a
identidade judaica, que não é una, mas múltiplas e diversas. Por meio da
religião, há uma corrente identitária que possibilita a conversão ao judaísmo.
Por meio do nacionalismo, pode-se requerer o pertencimento à comunidade de
Israel. No entanto, ele argumenta:
A definição de um judeu é tão artificiosa precisamente
porque a Diáspora expõe os judeus a uma tremenda
variedade de pressões e influências e, também, a grande
diversidade de meios que eles tinham para defender-se da
hostilidade e da perseguição”.7
De formação marxista, Deutscher se identificou mais com o judeu pobre,
operário, leitor de literatura mundial e clássica, como os trabalhadores de
Varsóvia e das províncias polaco-lituanas. Crítico do capitalismo, ateu,
internacionalista, o autor afastou-se do judaísmo de sangue e de religião para se
identificar com uma “comunidade” mais ampla e difusa. Entenda-se, por meio
de sua incondicional solidariedade aos perseguidos e exterminados:
Sou judeu porque sinto a tragédia judaica como a minha
própria tragédia; porque sinto o pulsar da história judaica;
porque daria tudo que pudesse para assegurar aos judeus
auto-respeito e segurança reais e não fictícios.8
Essa identidade plural e complexa é discutida também por Esther Kuperman,
em “O novo antissemitismo”.9 A primeira distinção que a autora faz é entre
judeu e israelense. O primeiro, para essa pesquisadora, vincula-se a uma
tradição religiosa e cultural, com base na Torá; o segundo vincula-se ao Estado
de Israel, e nem todo israelense professa a religião judaica, assim como o seu
contrário é também verdade. Há, ainda, um judaísmo ortodoxo que, sequer,
aceita a existência do Estado de Israel, pois em sua crença, esse Estado seria
instaurado com a vinda do Messias.
O que é um judeu? Quem é judeu? Lúcia Chermont, em “Reflexões sobre ser e
pertencer na narrativa da comunidade judaica paulista”, estuda essa questão e
se ampara em entrevistas realizadas com judeus de comunidades paulistas.10
Para alguns, ser judeu é de nascença (ser filho de pais judeus); para outros, é

7
DEUTSCHER, 1970, p. 49.
8
DEUTSCHER, 1970, p. 49.
9
KUPERMAN, 2013. p. 465-469.
10
CHERMONT, 2013. p. 490-505.
5
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por pertencimento a uma cultura e a uma religião prática; para outros, não é
necessário, necessariamente, seguir a lei judaica e os ensinamentos talmúdicos;
e ainda há os que defendem a assimilação cultural e religiosa – o sincretismo.
Desses entrevistados, há outros para os quais ser judeu é reconhecer a tradição
judaica, respeitar e se identificar com ela, sentir a história dos judeus como
parte dessa história, o que aproxima suas definições, de certa forma, da
identificação proposta por Deutscher.
Jorge Luis Borges, ao aproveitar elementos da cultura judaica e da Bíblia, cria a
impressão de que o eu lírico nos poemas sobre Israel se identifica com o
judaísmo moderno, não ortodoxo, flexível e aberto à assimilação. Israel, nos
poemas em foco neste artigo, não se configura como uma geografia física, muito
menos pátria celeste, mas é um símbolo literário, em forma de Livro, no qual a
história de um povo que se considera eleito se encontra registrada; não sem as
aproximações com a alteridade, com o judeu pobre, com o judeu mercador, com
o judeu filósofo, com o judeu escritor, com o judeu homem comum. E mais,
judaísmo e cristianismo andam juntos nos versos borgianos, o que pareceria
uma contradição, se desconsiderássemos a pluralidade, as acomodações e as
negociações que as identidades realizam na contemporaneidade. Não são
poucos os judeus convertidos ao cristianismo existentes em diversas partes do
mundo.
Aos 21 anos, Borges começou a se interessar pela sua possível ascendência
judaica sefardita, a partir do sobrenome Acevedo, que consta na lista de judeus
portugueses convertidos que emigraram para a Argentina. Desde que a herança
sanguínea não foi comprovada, o autor dedicou-se, em sua literatura, a temas e
personagens do universo judaico e bíblico. Isso justifica, em parte, sua paixão
pelo holandês judeu sefardita Baruch Spinoza, referido em um dos poemas
sobre Israel e em outros textos de sua lavra.
Lyslei Nascimento, em “Memória de Sefarad em Jorge Luis Borges”, discutiu
um pequeno texto do autor argentino, “Eu judeu”, em resposta à Revista Crisol,
que o acusara de ter sangue judeu, como se fosse uma ofensa. Segundo a
pesquisadora,
a cultura judaica sefardita, mais especificamente, se
inscreve na obra de Borges, de forma contundente, na
poesia. Além dessas citações explícitas, é possível
vislumbrar, em sua obra, uma poética e uma dicção que se
inscrevem na tradição judaica dos comentários e das

6
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interpretações rabínicas nas múltiplas referências aos
copistas, aos bibliotecários e aos estudiosos rabinos.11
Por meio de sua literatura, podemos depreender o encontro de tradições e o
interesse pela tradição judaica, o que, inevitavelmente, autoriza os leitores de
Borges a estudar sua produção poética por esse crivo. Além disso, conforme
Nascimento, a escritura borgiana se arma sobre um movimento duplo de
reconhecer-se numa linhagem dupla, ambivalente: tanto de uma possível
genealogia sanguínea quanto da familiaridade literária de sua eleição. E, em
muitos casos, essa linhagem dupla se atravessa mutuamente, ou seja, muitos
escritores admirados por Borges são também judeus de nascimento. Sem os
comentar, a pesquisadora lista os três poemas que têm Israel no título,
informando que foram publicados no contexto da Guerra dos Seis Dias,
envolvendo Israel e os países árabes, o que expressava a coragem de Borges em
tornar pública sua admiração e sentimento de pertencimento à comunidade
judaica israelense, como veremos em nossas discussões a partir daqui.
Elogio da sombra é o quinto livro de poemas de Borges, publicado em 1969,
alternando as formas prosa e verso, como o próprio autor explica no prefácio.
Em 1971, foi traduzido para a língua portuguesa por Carlos Nejar e Alfredo
Jacques, com edição da Editora Globo. Nesses poemas, encontram-se sua
inspiração em Martín Fierro, sua admiração e homenagem a Heráclito, James
Joyce, Ricardo Güiraldes, Lugones; e representações de Israel em três poemas
que receberam esse título, além de um diálogo poético com personagens e
narrativas bíblicas. Homenagem e inspiração, pois, explicam o título, o qual
prenuncia o olhar favorável e o discurso de louvor do poeta (elogio), assim
como parece querer chamar a atenção do leitor para algo que é obscuro, não
compreendido, sobre o que ainda não incidiu a luz (sombra). No primeiro
plano, estão os autores de sua predileção; no segundo, as projeções do
imaginário judaico-cristão, como Israel, Jesus Cristo e Judas.
Jorge Luis Borges nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 1899, mas aos 16 anos
já havia se mudado com os pais para a Suíça, onde faleceu em 1986. No ano
anterior, concedeu uma entrevista ao jornalista Roberto D´Ávila, na qual temos
a seguinte declaração sobre a cegueira:
Uma das primeiras cores que se perde é o negro. Perde-se
a escuridão e o vermelho também. Vivo no centro de uma
indefinida neblina luminosa. Mas não estou nunca na
escuridão. Neste momento esta neblina não sei se é
azulada, acinzentada ou rosada, mas luminosa. Tive que


11
NASCIMENTO, 2011, p. 3.
7
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me acostumar com isto. Fecho os olhos e estou rodeado de
luz, mas sem formas. Vejo luzes. Por exemplo, naquela
direção, onde está a janela, há uma luz, vejo minha mão.
Vejo movimento mas não coisas. Não vejo rostos e letras.
É incômodo mas, sendo gradual, não é trágico. A cegueira
brusca deve ser terrível. Mas se pouco a pouco as coisas se
distanciam, esmaecem…12
Desde a infância, como declara Borges, ele começou a perder a visão.
Gradativamente, de forma que o trágico foi amenizado, anunciado aos poucos.
Aos 55 anos, Borges já não enxergava nada. Seus livros passaram a ser ditados
para alguém, que anotava suas ideias e, depois, o poeta as organizava. O Elogio
da sombra vem a público quando Borges tinha 70 anos. A sombra, portanto,
remete diretamente à cegueira, mas também às experiências pelas quais passou
– seus sentimentos, aspirações, amizades e leituras – e o balanço do vivido, o
que pode apontar para um teor memorialístico nessa concepção de sombra. A
sombra pode evocar, também, a sua ascendência judaica não esclarecida, mas
que se manifesta, inequivocamente, em sua obra. O livro se abre com o poema
intitulado “João, I,14”:
Não será menos um enigma esta folha
Que as de Meus livros sagrados
Nem aquelas outras que repetem
As bocas ignorantes,
Crendo-as de um homem, não espelhos
Obscuros do Espírito.
Eu sou o que É, o Foi e o Será,
Torno a condescender à linguagem,
Que é tempo sucessivo e emblema.13
A partir do título, temos uma referência explícita à encarnação do verbo divino,
o qual habitou no meio dos homens, cheio de graça e de verdade, conforme
descrito nos versículos de abertura de Gênesis, o primeiro livro do Pentateuco, e
no evangelho escrito por João. No primeiro livro, vislumbramos a imagem de
um Deus solitário que paira sobre uma existência escura e vazia, e que passa a
povoar o mundo por meio da nomeação, por meio da palavra:
No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra, porém,
estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do


12
D´ÁVILA, 1985.
13
BORGES, 1971, p. 5.
8
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abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das
águas”.14
Já no livro do evangelista, é a imagem do filho de Deus que desce à terra
tomando forma humana, aproximando-se, pois, de suas criaturas:
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus. E o
Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas
as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada
do que foi feito se fez. [...] E o Verbo se fez carne e habitou
entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua
glória, glória como do unigênito do Pai.15
O livro de João, de certa forma, reflete Gênesis, já que ambos são abertos pela
nomeação do sopro divino, o Aeloym Adonai. De acordo com Pedro Geiger, em
seu nome, temos o sufixo “ym” que se associa ao espírito, ao que é fluido e está
em toda parte, portanto, de caráter imanentista; nesse sufixo hebraico, também
se encontra uma explicação para que o Deus de Israel seja trino (Pai, Filho,
Espírito Santo), já que “ym” é a desinência hebraica de plural. Em “Adonai”,
expressa a sua transcendência, aquele que liga a terra ao céu, ao metafísico. Sua
explicação etimológica nos auxilia a compreender como o vento (o espírito, o
corpo fluido) flutuava sobre as águas.16
O que se depreende dessas referências bíblicas, na forma de um poema de
abertura, é a consagração da linguagem como princípio fundador de todas as
coisas, naquela mesma perspectiva heideggeriana de que nada existe onde a
palavra falta, pois todo discurso possível ocorre primeiro como uma
experiência de linguagem,17 em consonância com a perspectiva de Gênesis,
segundo o qual tudo o que existe foi criado a partir da palavra.
Especularmente, Borges se apropria dessa composição nominativa, do Deus-
Palavra, para instaurar a sua poética de louvor e de lembranças. De cunho
metaliterário, “João, I, 14” cria um eu lírico que se aproxima do Cristo da Bíblia,
ou mesmo do Deus cristão, por meio da afirmação “Eu sou o que Sou”, além de
expressar sua humanidade, ao ter desejado brincar com seus filhos (os homens),
ter nascido de um ventre, ter vivido encarcerado em um corpo (mesmo sendo
Deus):
Quem brinca com um menino brinca com algo
Próximo e misterioso;

14
Gn 1: 1-2.
15
Jo 1:1-3.
16
GEIGER, 2013.
17
HEIDDEGGER, 2003.
9
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Eu quis brincar com Meus filhos.
Estive entre eles com espanto e ternura.
Por obra de magia
Nasci curiosamente de um ventre.
Vivi enfeitiçado, encarcerado num corpo
E na humildade de uma alma.18
Sintetizando esse rebaixamento, do transcendente ao imanente, o eu lírico
conclui: “Fui amado, compreendido, louvado e pendi de uma cruz./ Bebi o
cálice até as fezes.”19 Assim, adentramos o Elogio da sombra, e nos deparamos
com poemas em prosa e em verso que dialogam tanto com o imaginário cristão
quanto com o judaico.
A ideia de Israel como um recurso poético é recorrente no livro, aponto de
encontrarmos três poemas contendo esse nome em seus títulos. O primeiro
deles intitula-se “A Israel”:
Quem dirá se estás perdido
Labirinto de rios seculares
De meu sangue, Israel? Quem, os lugares
Que meu sangue e teu sangue percorreram?
Não importa. Sei que estás no sagrado
Livro que abarca o tempo e que a história
Do rubro Adão resgata e a memória
E a agonia do Crucificado.20
O eu lírico não faz nenhuma referência geográfica ou material ao espaço de
Israel. Os versos compõem-se de imagens em forma de memória, de referências
bíblicas. Ao mesmo tempo, o passado e o presente se conjugam no poema, pois
a história de fundação da humanidade se cruza com a história orgânica do
sujeito que canta esses versos. A concepção de labirinto é-nos bastante
interessante porque, nesse caso, é construída pela metáfora dos rios de sangue
que se comunicam, que se integram. Essa metáfora nos possibilita desvelar uma
vontade de o eu lírico se fazer pertencer àquela nação e àquele povo, como
prenunciamos na abertura deste estudo.
A crítica literária tem apontado o judaísmo de Jorge Luis Borges. No entanto,
por esses poemas dialógicos com a Bíblia e que constroem representações de
Israel, trata-se de um judaísmo não ortodoxo, um paradoxal “judaísmo cristão”,
pois as relações que o autor estabelece com os textos bíblicos margeiam,

18
BORGES, 1971, p. 5.
19
BORGES, 1971, p. 6.
20
BORGES, 1971, p. 30.
10
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também, o imaginário cristão, o que contraria o judaísmo mais conservador,
segundo o qual ainda se espera o Messias. Também intitulado “Israel”, o
segundo poema de Elogio da sombra apresenta-nos o Cristo por meio das
seguintes metáforas:
Um homem prisioneiro e enfeitiçado,
Um homem condenado a ser serpente
Que guarda um ouro infame,
Um homem condenado a ser Shylock,
Um homem que se inclina sobre a terra
E que sabe que esteve no Paraíso,
Um homem velho e cego que há de romper
As colunas do tempo,
Um rosto condenado a ser máscara,
Um homem que apesar dos homens
É Spinoza e o Baal Shem e os cabalistas [...].21
Como no poema de abertura, “João 1:14”, retoma-se a representação do judeu
errante; daquele desterrado da glória, como filho de Deus, para encarcerar-se
em um corpo finito e sujeito a sentimentos e dores, condenado ao martírio. Mas
também um Deus-homem encantado pelas suas criaturas, a ponto de desejar
brincar com seus filhos, como já vimos no poema anteriormente comentado. De
maneira ambivalente, pode-se interpretar esse homem como um judeu
qualquer, se considerarmos os estereótipos costumeiramente utilizados para
perseguir e condenar os judeus ao longo dos tempos.
Em suas pregações, Jesus Cristo anunciava um reino vindouro, cujas ruas são
calçadas de ouro e de cristal; os muros da “nova Jerusalém” são de diamantes e
de jaspe. E Ele seria o seu rei. O poema retoma a imagem do Deus humanizado,
que se inclina sobre a terra, apesar de saber que esteve no Paraíso. O eu-lírico
faz o Cristo atravessar, também, diversas identidades, associadas ao judaísmo.
Primeiro ele é Shylock, o judeu da peça O mercador de Veneza, de Shakespeare,
com toda a carga preconceituosa e negativa ali presente, por ser agiota e
espertalhão. Depois, será “um homem velho e cego que há de romper as
colunas do templo”, em clara referência ao hercúleo Sansão, vencido
fisicamente pelos seus inimigos e enfeitiçado pela sua amada e bela Dalila.
Esse “homem prisioneiro e enfeitiçado” é também Spinoza, outro judeu filósofo
racionalista do século XVIII, ou Baal Shem, rabino fundador do judaísmo
chassídico, originado na Polônia do século XVII como forma de apoio moral às
comunidades judaicas dispersas e perseguidas naquele território de que fazia


21
BORGES, 1971, p. 30.
11
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parte a Ucrânia, a Podolia e a Volhinia. Nesses poemas, relemos diversos
elementos estigmatizadores da identidade judaica;22 no entanto, Borges os
ressignifica ao associar o judeu a um intelectual, um premiado pelo dom da
criação artística. De uma outra maneira, é outra vez o escolhido, o homem-livro,
o que gera e guarda a eternidade.
Desse poema, pode-se estabelecer ainda uma analogia com o mito do judeu
errante, considerando essas metamorfoses tantas por que passam esse homem
“condenado a ser serpente”, o qual está na origem dos tempos e atravessa a
eternidade, desde o procurador ao dentista, do filósofo ao mercador,
um homem condenado a ser escárnio,
abominação, o judeu,
um homem lapidado, incendiado
e afogado em câmeras letais,
um homem que teima em ser imortal
e que agora voltou a sua batalha,
à violenta luz da vitória,
formoso como um leão ao meio-dia.23
Composto por meio de contrastes, Borges evoca o estigma do judeu pária a fim
de contrapô-lo ao elogio do formoso leão vitorioso. Nesses versos, somos
convocados a relembrar o judeu sem pátria, perseguido, queimado nos
genocídios, desintegrado nos campos de concentração, nas câmaras de gás e nos
crematórios. Mas que ressurge qual fênix, resistindo à morte e à destruição.
Inegavelmente, o passado e o presente se conjugam, pela referência implícita à
Guerra dos Seis Dias.
Tanto no primeiro poema, “A Israel”, quanto no segundo, “Israel”, não vemos
referências físicas, geográficas do pouco que conhecemos do país, seja em seus
primórdios tempos bíblicos, seja na atualidade. Israel é, para Borges, uma
memória, um passado mítico que produziu um Deus e homens eternizados no
tempo. Essa ausência de referenciação espacial reforça que a paisagem de Israel
reside na linguagem, na palavra, prenunciada no poema de abertura do livro
Elogio da sombra. Ou, de uma outra maneira, tanto o judeu israelense de todos os
tempos quanto o Jesus Cristo crucificado são a própria história que se conta
século após século, feito o Livro, com letra maiúscula como Borges o inscreve
nesses poemas, eternizado em poesia.
Cláudio Correia Leitão, em “Cegueira e olhares em Borges e Graciliano
Ramos”,24 discute como as cidades de Buenos Aires e do Rio de Janeiro são

22
NIEMETZ, 2016.
23
BORGES, 1971, p. 31.
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recorrentes na produção literária desses dois escritores. Sua análise se
desenvolve a partir da aproximação pertinente entre a cegueira progressiva de
Borges e as crises temporárias de cegueira de Ramos como dados biográficos
que atuam na construção de suas obras. Para Leitão, “as cidades devem ser
consideradas também, em maior ou menor grau, como subrealidades
subjetivas”.25 Em Borges, o olhar se revela por meio de lembranças e o espaço
resulta de um tempo evocado pela memória.
O poema “Israel, 1969” pressupõe uma viagem do eu poético a Jerusalém, essa
cidade imaginária que povoa os sonhos de judeus e cristãos, especialmente. Em
1969, Borges passou dez dias em Tel Aviv e em Jerusalém, a convite do governo
israelense e do seu amigo David Ben Gurión, com quem estreitou relações e se
correspondeu. Em 1971, retornou a Israel para ser premiado por seu apreço à
nação e à cultura judaica.
Para quem se sente pertencente àquela pátria, a viagem pode ser interpretada
como um encontro com as origens – até então desconhecidas, ou uma
materialização da ideia que se tem sobre aquele espaço e aquela cultura. O eu
lírico assume, dessa forma, a voz de uma coletividade, a judaica, quando com
Israel e com o israelita se identifica, no sentido de reafirmar a sentença divina
da dispersão, do exílio e da batalha como destino. O poema se abre em primeira
pessoa para, ao final, dirigir-se ao judeu/israelita o vaticínio, em tom profético:
Esquecerás quem és.
Esquecerás quem foste nas terras
[...]
Esquecerás a língua de teus pais e aprenderás a língua
[do paraíso.
Serás um israelita, serás um soldado.
Edificarás a pátria com lodaçais; a levantarás com
[desertos.
Trabalharás contigo teu irmão, cujo rosto não viste nunca.
Uma só coisa te prometemos:
Tua sorte na batalha.26
Contextualizado em 1967, data da Guerra dos Seis Dias, quando Israel combatia
os exércitos do Egito, da Síria e da Jordânia, o poema reafirma a condição
judaica da dispersão e o seu destino bélico como forma de resistência e de
construção identitária. Em meio às adversidades, o israelita será um soldado,


24
LEITÃO, 1997, p. 105-125.
25
LEITÃO, 1997, p. 106.
26
BORGES, 1971, p. 45.
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um arquiteto da nação entre lodaçais e desertos, ou, em outras palavras, uma
forma de superar os estereótipos e se tornarem vitoriosos, como prêmio das
perseguições e das diásporas.
Não podendo ver a cidade, devido a sua cegueira, o eu lírico projetado pelo
escritor a reduz a uma abstração, ficando a cargo do leitor completar a geografia
que os versos apenas aludem, já que não há nesses poemas em foco descrições
de espaços citadinos como ruas, muros, construções, movimento de pessoas,
veículos ou de animais. Ainda que Leitão baseie a sua análise comparativa entre
Borges e Ramos a partir de Buenos Aires, podemos estender o conceito de
cidade-ideia aos poemas sobre Israel, à cidade de Jerusalém, “Porque o nome da
cidade é mais uma ruína circular, mais um silogismo, como inúmeras
enciclopédias, inventadas ou não, ou mais uma expressão do labirinto”.27
Em 1971, o Estado de Israel concedeu a Borges a sua maior honraria, o Prêmio
Jerusalém, assim comentado pelo escritor:
No hay nada en el mundo entero una ciudad que haya
sido tan anhelada como Jerusalem… es una gran copa
donde se han decantado y acumulado los sueños, las
vigilias, las oraciones y las lágrimas de quienes no la
vieron nunca pero sintieron hambre y sed de ella.28
O misticismo da cidade considerada uma das mais antigas do mundo sempre o
fascinou, torna-se, pois, “una gran copa donde se han decantado y acumulado”
sonhos, vigílias, orações e lágrimas.
Talvez em resposta à acusação de sua origem judaica, Borges compõe o poema
“Azevedo”, no qual o sentimento de pertencimento é evocado e articulado a
uma suposta ascendência. Consciente de que a identidade não pode ser
encontrada senão na pluralização, o eu poético metaforiza sua condição
diaspórica, por meio dos
Indefinidos campos que não posso
de todo imaginar. Meus anos tardam
e não olhei ainda essas cansadas
léguas de pó e pátria que meus mortos
viram cavalgando, esses abertos
caminhos, seus ocasos e alvoradas.
A planície é ubíqua. Avistei-os
Em Iowa, no Sul, em terra hebreia,
Naquele salgueiral da Galileia

27
LEITÃO, 1997, p. 114-115.
28
Cf. COHEN, [s.d.].
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Que os humanos pés de Cristo palmilharam.
Não os perdi. São meus [...].29
Os caminhos pelos quais cavalgaram seus antepassados são diversos, da
Inglaterra a Israel, até os Azevedo da Península Ibérica. O elogio da sombra,
nesse poema, se expressa no empenho dessa voz poética em deter, por meio da
linguagem fundadora, sua filiação judaica, cuja lembrança atravessa não só os
campos geográficos por onde passaram seus familiares mas também o
imaginário bíblico que lhe ensombra, como a referência ao Salmo 137, no qual
Davi canta as saudades e a melancolia dos cativos hebreus durante a escravidão
babilônica. Nesse texto, temos a representação das harpas dependuradas nos
salgueiros, como alusão à tristeza e à falta de perspectiva de libertação. Ainda
assim, como temos procurado relativizar, o judaísmo borgiano contempla a
figura do Cristo humanizado que perpassa muitos dos seus textos, como se vê
nos últimos versos desse poema.
Outro poema em diálogo com a Bíblia e com a tradição judaica é “Lenda”, em
prosa, imaginando Caim e Abel, após a morte. Uma das interpretações do
destino dos judeus parte desse relato bíblico, segundo o qual Caim é expulso da
convivência familiar e é condenado a vagar pelo deserto, dando origem ao mito
do judeu errante, assinalado na testa para não ser morto. Os dois se encontram
no deserto e se reconheceram, a distância, devido à estatura de ambos. Sentam-
se, acendem o fogo e comem, em silêncio. O poema narrativo constrói a
semântica do perdão, por meio do esquecimento. Caim pede perdão ao irmão, e
Abel nem mesmo sabe se foi morto ou se ele é quem havia assassinado Caim.
“Lenda” encerra uma moral, à maneira da fábula, pois aconselha ao leitor que
“esquecer é perdoar”, “enquanto durar o remorso, dura a culpa”.30
Borges afirmou em algumas entrevistas que o seu “judaísmo” se deve, em
parte, à cultura religiosa de sua avó paterna, Fanny Haslam Arnett, que era
inglesa e anglicana, de quem recebeu ensinamentos da Bíblia. Para Borges, a
vida de Cristo é uma das melhores narrativas que o mundo já produziu,
inclusive comparada a Ilíada e Odisseia, segundo o próprio autor. Neste artigo,
procuramos ratificar a crítica já produzida sobre os afetos do escritor argentino
para com os judeus e para com o judaísmo. Mas também pontuamos alguns
elementos do cristianismo, o que pode parecer contraditório à primeira vista.
No entanto, cumpre esclarecer que o autor não se fixa em territorialidades
geográficas ou religiosas. O cristianismo que se depreende de sua produção
literária não é o religioso, é antes literário, uma poética em forma de um
cristianismo apócrifo, enviesado, que transita para o judaísmo e para o ateísmo

29
BORGES, 1971, p. 37.
30
BORGES, 1971, p. 54.
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sem se ancorar em nenhuma das margens. Assim, Israel, Jerusalém, Jesus
Cristo, o judaísmo são temas literários que muito lhe fascinaram, menos por
crença religiosa, mais por recurso de imaginação e criação artística.
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Referências

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Recebido em: 20/09/2018.
Aprovado em: 20/10/2018.

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Arquivo Maaravi: Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG. Belo Horizonte, v. 12, n. 23, nov. 2018. ISSN: 1982-3053.
Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018

Grande sertão: veredas em luz e sombra

Grande Sertão: Veredas in Light and Shadow

Ivana Ferrante Rebello


Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Montes Claros, Minas Gerais
/ Brasil
ivanaferrante@hotmail.com

Osmar Pereira Oliva


Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Montes Claros, Minas Gerais
/ Brasil
osmar.oliva@unimontes.br

Resumo: Este estudo lê o romance Grande sertão: veredas e as influências da arte


pictórica na composição de sua narrativa. A partir dos registros do autor encontrados no
material arquivado no Instituto de Estudos Brasileiros, e da apreciação de Guimarães
Rosa pela pintura, apresentamos relações entre a narrativa de primeira pessoa e as
variações de cor no romance. Esses jogos de luz e sombras nos ajudaram a ler a intricada
dubiedade que rege a vida, a violência e a sexualidade de Riobaldo.
Palavras-chave: Grande sertão: veredas; luz e sombra; pintura; dúvida.

Abstract: This study reads the novel Grande Sertão: Veredas and the influences of the
pictorial art in the composition of its narrative. From the author’s records, found in the
material filed in the Instituto de Estudos Brasileiros (Institute of Brazilian Studies) and
in Guimarães Rosa’s appreciation for painting, we present the relations between first-
person narrative and color variations in the novel. Those plays on light and shadows
helped us to read the intricate dubiousness that rules the life, violence and sexuality
of Riobaldo.
Keywords: Grande Sertão: Veredas; light and shadow; painting; doubt.

eISSN: 2358-9787
DOI: 10.17851/2358-9787.27.3.249-266
250 Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018

1 Guimarães Rosa, leitor de pintura


O livro Forme et signification (1995), de Jean Rosset, discute a
interdependência entre os princípios secretos que regem a criação e as
estruturas formais que revelam a vida subjacente à obra. O crítico chama
de “estruturas” as constantes formais usadas por um autor, reveladas em
associações, figuras obsedantes, ecos, convergências, cujos elos revelam
um universo mental particular. Cada artista, segundo o crítico suíço,
reinventa de modo muito próprio essas estruturas, constituindo o que
ele caracteriza como estruturas de imaginação.
No romance Grande sertão: veredas, as estruturas de imaginação
de João Guimarães Rosa atuaram vivamente, antes e durante a feitura da
obra, revelando seu caráter programático e a recolha laboriosa de diversas
formas de comunicação e de diferentes códigos, para a consecução do
que o escritor, por meio da voz do jagunço Riobaldo, definiria como a
“gã que empurra a gente para fazer tantos atos” (ROSA, 2001, p.116). Por
“gã” entendemos o arrebatamento diante de algo, a inspiração provocada
pelos apelos do mundo, em diferentes manifestações e linguagens. Nesse
sentido, reportamo-nos ao que escreveu Guimarães Rosa sobre Paysage
avec une ville (Paisagem com uma cidade), de Aelbert Cuyp, quando
o escritor visitou o Museu da Orangerie, em 16 de dezembro de 1950,
época em que concebia Grande sertão: veredas: “Sinto, colho o espaço.”1
Aelbert Cuyp foi um pintor holandês, do período barroco, conhecido pelas
paisagens campestres em que se destacam os efeitos de luz e de sombra.
O entusiasmo de Guimarães Rosa diante das paisagens de Cuyp seria
projetado em sua ficção, em que a linguagem é exercitada mediante a
tensão com outras línguas e na atenção aos artifícios da estética de várias
formas de arte e expressão, que se consubstancia em sonoridades e cores,
ritmo e movimento, perceptíveis tanto na música como na pintura.
Sibele Paulino e Paulo Astor Soethe, no esclarecedor artigo
“Artes visuais e paisagem em Guimarães Rosa”, destacam as influências
das anotações sobre pintura feitas por Rosa em seus manuscritos, na
composição da narrativa de “O burrinho pedrês”, integrante do livro
Sagarana (cf. PAULINO; SOETHE, 2005). A partir das reflexões propostas
pelos autores no referido artigo, pudemos estabelecer relações entre a

1
Anotações escritas a caneta, localizadas na Pasta E17, “Dante, Homero, La Fontaine”
do Arquivo Guimarães Rosa, pertencente ao Instituto de Estudos Brasileiro, da
Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018 251

composição de paisagem e as técnicas de pintura, resultantes das anotações


do autor em suas cadernetas, e a escrita de Grande sertão: veredas.
Jean-Michel Eriksohn (2004), ao discutir as relações entre a
literatura e outras artes, retomando reflexões do Laocoonte ou sobre as
fronteiras da pintura e da poesia (cf. LESSING, 1988), chama-nos a atenção
para um dos princípios diferenciadores da poesia e das artes plásticas. O
elemento da poesia é o tempo, com tendência a narrar acontecimentos
sucessivos, ao passo que o elemento da pintura é o espaço, a representação
de objetos fora da duração. Em Grande sertão: veredas o espaço ganha uma
relevância singular, no sentido de que contextualiza a maior parte das ações
narrativas, as quais vêm à mente do ouvinte/leitor por meio da linguagem
cambaleante de Riobaldo. A plasticidade dessa narrativa reside, sobretudo,
na subjetividade do ouvinte/leitor, convocado a todo instante a imaginar, a
criar quadros visuais mentais incompletos que a linguagem em zigue-zague
do narrador se esforça em compor e sugerir. Segundo Eriksohn (2004),
desde o século XVIII se estabeleceu mais claramente a relação entre as
artes e a experiência sensível: a literatura e a pintura se tornam expressões
artísticas na medida em que nos emocionam e nos atraem. Assim, uma obra
completa-se na percepção do sujeito que a contempla.
O Barroco é pictórico e compõe mais pela luz e cor que pela forma;
na pintura, misturam-se efeitos e perspectivas no campo da visão, dando
a impressão de que se ultrapassaram os limites do quadro, abrindo-se a
composição. Em Grande sertão: veredas, não é diferente: a compreensão
da história trágica de Riobaldo e Diadorim se completa além do registro
linguístico escrito, dependendo do efeito sensível produzido no ouvinte/
leitor. Em perspectiva, o enredo se constrói em profundidade, nos pontos
de fuga distanciados do relato, tal qual na pintura barroca, mantendo,
portanto, uma certa obscuridade que apela ao sentimento e à reflexão,
como na cena em que Riobaldo intenta fazer o pacto com o demo, invoca
seu nome, mas não o vê. O jagunço pressente a presença invocada,
sentindo a “fria aragem” e transforma-se, mas nem ele, tampouco o leitor,
comprova a realização do pacto.
A pesquisadora Maria Neuma Cavalcante (1996) destaca a
relevância de um olhar pleno de plasticidade presente também nos
registros das famosas cadernetas de viagem de Guimarães Rosa, que
serviram de matéria de escrita para suas obras ficcionais:
As descrições de Guimarães Rosa revelam sua observação plástica
da natureza. Além de tentar reproduzir em desenhos as paisagens,
animais, tipos humanos, arquitetura e obras de arte, a apreensão
252 Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018

lexical da realidade realiza-se através da fixação de cores, cuja


escala cromática parece ser insuficiente ao escritor que usa
inúmeras nuances e cria outras... (CAVALCANTE, 1996, p. 246).

Sobre esse aspecto, não podemos deixar de nos reportar às


anotações de 1956 presentes em “A boiada”, que constam nas cadernetas
do autor arquivadas no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de
São Paulo,2 com indicações de que tais anotações seriam posteriormente
utilizadas em Corpo de baile:
Crepúsculo. Lá, poente, sobre o São Francisco e além, onde o
sol se pôs: cor maravilhosa – um alaranjado ou cobre, que nunca
vi antes. É incrível, parece, que aquilo permaneça. Entre longas
nuvens horizontais, escuras. [...] Acima, um suave azul, onde se
esgarçam as nuvens.

Essas anotações poderiam descrever o quadro de Cuyp, que


destacamos a seguir:
Figura 1 – Aelbert Cuyp, Herdsmen Tending Cattle, 1655/1660

Fonte: CUYP, [entre 1655 e 1660].

2
Classificação no arquivo: EO- 13, 02, p. 17.
Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018 253

A paisagem, parte banhada de luz dourada e parte camuflada


nas sombras, compõe-se dos bois, ladeados pelos homens. Vê-se o céu
azul, com nuvens em tons de cobre, que ocupa os dois terços superiores
da obra. O terço restante, no plano inferior, – semioculto nas sombras
– evidencia o solo, onde se veem pedras e vegetação. Esta maneira de
distribuir o céu e a terra é uma característica da paisagística holandesa
da terceira década do século XVII, com acentuados traços do Barroco,
quando o gênero já havia alcançado um importante desenvolvimento.
Na paisagem, de modo geral, sob a aparente placidez, destaca-se a
visão dramática do céu carregado de nuvens, enquanto homens, animais,
rochas e plantas fazem parte de uma mesma composição, ocupando
o plano central da pintura. O efeito dramático – que desencadeia a
percepção de ação, de movimento e de contraposição – também se faz
presente pela utilização contrastante de cores frias (o azul claro de parte
do céu e das águas e da roupa de um dos homens que se encontra sentado)
e de cores quentes (o amarelo, o laranja e o vermelho, que acentuam o
ponto de fuga da tela, onde um homem, de costas, integra a composição
tranquila do cenário, em que predomina um tom de amarelo claro com
suas variações na pintura das montanhas, da relva e do animal deitado).
Tal como ocorre nas descrições de Rosa, em seu romance, é uma paisagem
que desperta os sentidos do leitor e convoca a uma tensão que se estende
para além dos limites da moldura.
A partir dessas reflexões, reportamo-nos ao espaço singular de
Grande sertão: veredas, adentrando no “nonada”, pórtico do romance,
ponto de partida e final de uma longa narração que convoca ao silêncio
e, simultaneamente, dá passagem à palavra proferida, pois o livro tem
início com um travessão. O livro, então, instaura-se como um espaço
intraduzível, mas percebido, sentido, intuído e no qual o convite de
mirar e ver constitui um mote à narrativa. Assim sendo, desde o início,
a história que se conta convoca o leitor ao exercício de olhar; o livro
todo é palavra-pintura, permeado por descrições de efeitos plásticos,
parágrafos-telas que evidenciam a tensão permanente que subjaz às
linhas de toda a narrativa:
[...] reconselho de o senhor entestar viagem mais dilatada. Não
fosse meu despoder, por azias e reumatismo, aí eu ia. Eu guiava o
senhor até tudo. [...] quando o senhor sonhar, sonhe com aquilo.
Cheiro de campos com flores, forte, em abril [...] Ou – o senhor vai
– no soposo: de chuva-chuva. Vê um córrego com má passagem,
254 Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018

ou um rio em turvação [...] vê vaca parindo na tempestade... [...]


Olhe: o rio Carinhanha é preto, o Paracatú moreno; meu, belo, é
o Urucúia – paz das águas... É vida! [...] O senhor vá lá, verá. Os
lugares estão aí em si, para confirmar (ROSA, 2001, p. 43, grifos
nossos).

Apesar de longa, e dos recortes necessários realizados nessa


citação, exemplificamos a semântica da experiência sensitiva, expressa
pelos verbos viajar, sonhar, ver e olhar, por meio dos quais Riobaldo
nos convoca a criar a imagem/quadro da cena/relato. Como um típico
narrador tradicional, caracterizado pela performance corporal e pela
oralidade, Riobaldo não tem consciência de que seu relato é matéria
ofertada ao admirado interlocutor para a transposição escrita, em forma
de livro. Prioritariamente, sua preocupação é com a construção pictórica
da história que protagoniza e narra.
No entanto, ainda que se esforce na narração dos fatos
presenciados e vividos e nas cenas da natureza, Riobaldo se vê diante
de um conflito confessional: dizer ao ouvinte/leitor que amou um outro
homem. E é nesse impasse de contar a verdade atenuando o que até então
era considerado desvio de comportamento sexual, que a sua “pintura”
dos acontecimentos vai se compondo de luz e de sombra, utilizando-se,
literariamente, de uma das técnicas das artes plásticas barrocas. Tintas
claras e tintas escuras, cores quentes e cores frias, iluminação e sombra.
Recursos pictóricos que produzem no expectador o efeito dramático
concernente à ação e ao trágico.
O romance rosiano articula-se em torno de polos ambíguos:
desloca-se continuamente da periferia para o centro, do arcaico para o
moderno, da oralidade para a escritura, do mythos ao logos, do regional
ao universal. Esta ambiguidade nos vem por meio da voz narrativa, em
primeira pessoa, a qual, ao mesmo tempo em que nos conta sua história
– digna de uma memória fabulosa – também nos denega informações
preciosas, situadas naquela fresta da palavra na qual o que se diz informa
menos do que o que está insinuado.
Nos seres que atravessam o sertão, vê-se uma tensão contínua,
pois entre eles e com eles convivem a coragem e o medo, o temor de
Deus e o assombro do diabo, o masculino e o feminino. O próprio espaço,
construído pela geografia amorosa do autor, se estabelece como local
de assimilação e resistência, tornando-se ele mesmo um lugar ambíguo
por excelência, como está expresso nos dois excertos a seguir: “Esses
Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018 255

Gerais em serras planas, beleza por ser tudo tão grande, repondo a
gente pequenino” (ROSA, 1986, p. 276) e “E por fim viemos esbarrar
num lugar feio, como feio não se vê. – Tudo é Gerais... – eu pensei, por
consolo” (ROSA, 1986, p. 352). Nesse território cindido e descrito em
cores divergentes, ora como potência de vivacidade e de beleza, ora
como lugar de batalhas e de cenas violentas, encontramos verdadeiros
exercícios de composição e pintura.
A importância da cor e da dimensão visual no texto rosiano
determina a gênese de seu fazer poético. Em resposta a Lorenz sobre
o que o teria levado a ser escritor, Rosa remete-se à infância, de onde
surge uma expressão que orienta esta leitura: “Desde pequenos, estamos
constantemente escutando as narrativas multicoloridas dos velhos”
(ROSA,1994, v.1, p. 33). Esse dizer da infância continua a pautar a
forma como o escritor vê o mundo, explicitada em sua reação diante
dos quadros de Cuyp.
Não é gratuita tal leitura, uma vez que o interesse de Guimarães
Rosa pelas artes visuais está amplamente documentado em material
depositado no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São
Paulo (IEB/USP), no conjunto para a obra intitulado “Estudos para Obra”,
formado por 25 cadernos (contendo fichamentos de obras sobre pintura,
literatura e filosofia, além de incontáveis listas), 7 cadernetas (em geral
com anotações de viagens) e 38 pastas temáticas organizadas pelo autor,
que cobrem os mais diversos assuntos.
Neste conjunto destaca-se o Caderno 16, “Estudo para obra –
Pintura”,3 sem qualquer indicação de data. Trata-se de um caderno escolar,
tipo brochura, numerado, em que estão anotados trechos, copiados ou
traduzidos, de duas obras: Initiation au dessin (Iniciação ao desenho) e
Initiation a la peinture (Iniciação à pintura), ambos presentes no acervo da
Biblioteca de Rosa, depositada no IEB. Os dois volumes estão anotados,
e com trechos destacados e sublinhados. As marcas de leitura indicam que
Guimarães Rosa estudou com minúcia conceitos de desenho e de pintura,
intercalando essas anotações de vocábulos com expressões de cunho
próprio, antecedidos pelo conhecido sinal “m%”, como se conhecem os
termos e passagens em que o autor marca sua criação.

3
ROSA, João Guimarães. Caderno 16. Pertencente à coleção “Estudos para Obra
– Pintura” do Fundo João Guimarães Rosa do Instituto de Estudos Brasileiros, da
Universidade de São Paulo, São Paulo, [19--]. Microfilme 68.
256 Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018

Também se destaca na biblioteca do autor o Traité du paysage


(Tratado da paisagem), de André Lhote, cujo exemplar traz assinaturas de
Rosa nas primeiras folhas, ao lado da inscrição “Paris, 1949”. Lhote, no
capítulo sobre a paisagem, intitulado “Importance historique du paysage
composé” (Importância histórica da composição da paisagem), discorre
sobre a multiplicidade de motivos que tornam uma obra artística muito
mais atrativa, onde ressalta o uso da coloração, de técnicas de traçado,
de perspectivas e de conhecimentos de pintura para a composição das
paisagens (cf. LOTHE, 1948).
Neste Caderno 16 lemos, ainda, a seguinte anotação diante do
termo “valores”: “saber de onde vem a luz e distribuí-la em seguida sobre
os objetos, escolhendo duas dominantes – uma clara, a outra escura”.4
Na sequência, uma observação pessoal do escritor: “beleza gradualmente
imperativa” e ainda outra: “nada de impressionismo”.5 E, a seguir, a
descrição do próprio Rosa “A água verde. A água que cai do navio se abre
em grossas espumas tênues. Voo tombado, descaído. O mar está verde”.6
Também lemos, no Caderno 16, referências a Rembrandt, Caravaggio,
Rubens, Ticiano, cujas pinturas, salvaguardadas as diferenças, destacam
o uso da técnica de luz e sombra.
Ainda no arquivo Estudos para Obra, lê-se o seguinte registro:
Elementos essenciais de uma Obra-prima (pintura):
A SIGNIFICAÇÃO
AS FORMAS com suas proporções e sua EXPRESSÃO
A COMPOSIÇÃO
O RITMO7
O COLORIDO

4
ROSA, João Guimarães. Caderno 16. Pertencente à coleção “Estudos para Obra
– Pintura” do Fundo João Guimarães Rosa do Instituto de Estudos Brasileiros, da
Universidade de São Paulo, São Paulo [19--]. Microfilme 68.
5
ROSA, João Guimarães. Caderno 16. Pertencente à coleção “Estudos para Obra
– Pintura” do Fundo João Guimarães Rosa do Instituto de Estudos Brasileiros, da
Universidade de São Paulo, São Paulo, [19--]. Microfilme 68.
6
ROSA, João Guimarães. Caderno 16. Pertencente à coleção “Estudos para Obra
– Pintura” do Fundo João Guimarães Rosa do Instituto de Estudos Brasileiros, da
Universidade de São Paulo, São Paulo, [19--]. Microfilme 68.
7
Anotações feitas pelo autor em caderneta arquivada no Instituto de Estudos Brasileiros
da Universidade de São Paulo. Classificação: EO, 07-01-, p. 41.
Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018 257

Também se leva em consideração, para a leitura adotada neste


estudo, as anotações do autor no seu “Diário de Paris”, transcrição
datilografada de registros manuscritos na época em que João Guimarães
Rosa trabalhou na Embaixada do Brasil, em Paris, no período de 1948
a 1950, que coincide com a escrita de Grande sertão: veredas. Em tal
diário encontramos anotações como as da página 10, intitulada “CORES
(Modas)”: preto alcatrão, faisã, azul-vitral, amarelo-palha.
Os estudos de Rosa revelam sua predisposição em aprimorar
as descrições de sua narrativa com as técnicas da pintura. Algumas
passagens de Grande sertão: veredas revelam apropriação de termos
próprios da arte pictórica, como destacamos: “Revi madrugar, quando
esbarramos, na beira duma vereda pagã, por repouso. Aurora: é o sol
assurgente – e os passarinhos arrozeiros. Cá o céu tomou as tintas. Aí
retoquei muita lembrança madraça, como se estivesse no antigamente”
(ROSA, 1986, p. 840, grifos nossos).

2 Narrador e pintor: estratégias de luz e de sombra


Comprovada a presença da linguagem com apelos de pintura no
romance de Guimarães Rosa, demonstraremos como essa composição
de contrastes revela uma das tensões mais celebradas no livro: a dúvida.
Essas apreensões, diante das vastas paisagens, em que tudo se unia e
se chocava, revelam dualidades que ressoam em Riobaldo: jagunço ou
fazendeiro; amorosamente dividido pela figura de neblina de Diadorim,
cuja dúvida e temor consiste em não saber se ama outro homem ou se
ama a mulher que nele pressente:
O senhor saiba – Diadorim: que, bastava ele me olhar com os
olhos verdes tão em sonhos, e, por mesmo de minha vergonha,
escondido de mim mesmo eu gostava do cheiro dele, do existir
dele, do morno que a mão dele passava para a minha mão (ROSA,
1986, p. 505).

Além dessa descrição do desejo latente, acendido por meio


do olhar, percebemos que a ambiguidade se coloca como técnica de
narratividade, num complemento à máxima muitas vezes repetida por
Riobaldo e aceita por todos os seus leitores – a de que o sertão tudo é
e não é. Para essa composição, o uso da primeira pessoa do discurso é
fundamental. Esse relato, pleno de “mim mesmo” reveste-se da mesma
258 Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018

pessoalidade que se perfaz no ver-sentir de Rosa frente às paisagens de


Cuyp.
Quando lemos uma narrativa em primeira pessoa, é difícil não nos
aproximarmos do ponto de vista de quem conta a história. Isto porque
quem narra sua própria história recorta, seleciona, organiza, acrescenta
informações sobre um enredo que já está mais ou menos completo em
sua mente. Uma narrativa em primeira pessoa é sempre questionável,
principalmente quando o narrador é parte interessada naquilo que nos
conta. Este tipo de narrador é um estrategista por excelência, e acentua os
fatos que estejam a favor do seu ponto de vista, da sua opinião formada,
antes de começar a narrar.
Resulta desse ardil uma narrativa sedutora, norteadora de
interpretações alinhadas com o que traçou e quer, de antemão, o narrador.
Ainda assim, por mais que o relato se apresente com uma organização
lógica e interessada, é próprio da linguagem literária desviar-nos do seu
sentido linear, denotativo. Mas há quem duvide desse narrador e do que
narra. Há quem veja sombras demais nesses relatos em primeira pessoa
pois, por mais que lancem luz sobre o que lhes interessa, deixam na
penumbra algo que pode minar suas verdades.
As narrativas escritas em terceira pessoa, comparativamente,
talvez deixem mais pistas para que o leitor invista em discussões críticas
que problematizem as representações do que textos em primeira pessoa.
Isso se justifica pela pretensa imparcialidade assumida pelos narradores
ao relatar as experiências de vida dos outros, como se apenas informassem
os acontecimentos, construindo um enredo verossimilhante para o
leitor. Neste caso, o narrador apenas expõe os fatos, mesmo que sejam
percebidas intromissões “não intencionais” de sua parte.
Grande sertão: veredas, assim, ao apresentar uma narrativa
confessional, sedutora e convincente, expõe ambiguamente dois pontos
de vista, duas possibilidades de leitura, sem que nenhuma exclua ou
desautorize a outra, podendo tudo ser ou não ser, dependendo de como
se queira ler sua estória. Seu narrador fala demais, porque almeja a
cumplicidade do leitor, mas, nos interstícios dessa fala, o silêncio se
manifesta, por meio de informações lacunares, sugestões e não ditos.
Riobaldo narra a história de sua vida muito tempo depois que os
fatos ocorreram, a fim de recuperar, pelo viés da memória, aquilo que
viveu e, quem sabe, entender o que não ficou claro na época em que as
coisas se passaram. Sua fala copiosa, transformada em um romance com
Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018 259

mais de 500 páginas, sem a pausa programática dos capítulos, revela


muito de uma dúvida que perdura para além das páginas do livro. Por que
apenas no final, ele revela a identidade de Diadorim? Por que apresentou
a seu leitor a certidão de nascimento do ser amado? Por que, ao desnudar
o corpo de Diadorim, sua culpa não desaparece? Poderíamos afirmar
que estes são atos decorrentes do desatino, da dor, da perda definitiva de
Diadorim para a morte. Mas, igualmente, poderíamos afirmar que há, no
livro, a confissão do desejo envergonhado de Riobaldo por outro homem.
São nuances de velar-desvelar que representam o efeito pictórico, de luz
e de sombras, que compõem a narração do livro, conforme nos revela
o narrador: “O sertão não chama ninguém às claras; mas, porém, se
esconde e acena. Mas o sertão de repente se estremece dentro da gente...”
(ROSA, 1986, p. 461).
A dúvida instala-se sobre a identidade de Diadorim, na imprecisão
de seu nome, na instabilidade das variantes Reinaldo, Diadorim,
Deodorina. Camuflando sua porção feminina e utilizando uma verdadeira
armadura viril – “macho em suas roupas e suas armas” (ROSA, 1986,
p. 511) – o amigo de Riobaldo encarna o papel do jagunço Reinaldo e
segue pelas trilhas do sertão no bando de Joca Ramires.
Em Diadorim não há resposta. Nela/nele, o masculino e o
feminino se confundem. Diadorim está para a guerra tanto quanto está
para o amor. Não se resolve e, portanto, transgride, subverte. Nem
homem, porque nascida fêmea; nem mulher, porque não desposada, não
fecundada; simplesmente ela “é marginal no meio em que vive”, segundo
conclui Suzi Sperber (1982, p. 94). E, Riobaldo, tentando se afirmar
continuamente no texto, também vai se constituindo outro ser marginal.
Na análise de Kathrin Rosenfield (2006, p. 265), o sertão é “um
mundo fora dos eixos – universo do gozo perverso e da derrisão das leis
e da justiça”, no qual as mulheres estão constantemente à mercê dos
“desmandos de jagunços” (ROSA, 1986, p. 60). Os jagunços farejavam
mulher, apreciavam-nas, mas apenas para o deleite “de olhos e mãos
[...], só o trivial do momento” (ROSA, 1986, p. 115), o se fartar “p’ra o
renovame de sua cama ou rede” (ROSA, 1986, p. 462). Neste contexto,
inscreve-se Riobaldo que, por vezes, censura a crueldade praticada contra
as mulheres, mas que, em outros momentos, também se porta com frieza
e violência:
260 Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018

A primeira, que foi, bonita moça, eu estava com ela somente.


Tanto gritava, que xingava, tanto me mordia, e as unhas tinha. Ao
cabo, que pude, a moça – fechados os olhos – não bulia; não fosse
o coração dela rebater no meu peito, eu entrevia medo. [...] Mas,
depois, num sítio perto da Serra Nova, foi uma outra, a moreninha
miúda, e essa se sujeitou fria estendida, para mim ficou de pedras
e terra (ROSA, 1986, p. 188-189).

Esses abusos sexuais e atos violentos estão ensombrados nas


veredas do grande sertão, mas não estão de todo escondidas. Servem ao
discurso do narrador para desculpar-se de ter se apaixonado e ter amado
um homem, um igual a si. Servem também para construir um imaginário
de jagunço viril, valente, corajoso, “macho” que pode agredir, violentar,
roubar, matar e apropriar-se, pela força, do corpo feminino. Submetendo
as mulheres a seu domínio e vontade sexual, Riobaldo tenta reforçar
sua masculinidade, quando o leitor já sabe que essa masculinidade
está fragilizada e insustentável, nos moldes que a tradição patriarcal e
machista a erigiu.
Nos estudos sobre a construção da masculinidade,8 ou sobre
os mitos da masculinidade, é recorrente o ingresso dos homens em
espaços de luta, de guerra e de conquistas de territórios. Um dos rituais
tradicionais pelo qual os homens devem passar é provar sua força,
sua atitude beligerante. Agir com agressividade, demonstrar coragem,
provar sua força, superar obstáculos e desafios, não chorar são atributos
costumeiramente associados ao masculino. Além de, sobretudo, amar
alguém do sexo oposto. Enquanto a mulher deveria ser educada para
cuidar do espaço doméstico, o homem era incentivado a partir, a buscar
aventuras e a experimentar as delícias do corpo feminino.
Seria prova de masculinidade ter relações sexuais, e quanto mais as
tivesse, mais másculo se fazia um homem. É nessa direção que caminha
Riobaldo. Primeiro, ingressar em um bando de jagunços e provar sua
coragem, valentia e força. Riobaldo tenta, pelo excesso, provar que é
“homem macho”, relutando em aceitar o amor por outro homem: “E veja:
eu vinha tanto tempo me relutando, contra o querer gostar de Diadorim
mais do que, a claro, de um amigo se pertence gostar” (ROSA, 1986, p. 52).
Na tentativa de afirmar sua masculinidade, Riobaldo revela
paisagens violentas do sertão: “O senhor sabe: o sertão é onde manda quem

8
Entre esses estudos destacamos Badinter (1986, 1993) e Dorais (1994a, 1994b).
Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018 261

é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado!
Violência”. (ROSA, 1986, p. 19); “A guerra era o constante mexer do
sertão” (ROSA, 1986, p. 41); “Morrer em combate é coisa trivial [...],
pois o sertão [...] é o penal, criminal” (ROSA, 1986, p. 92); “O grande
sertão é a forte arma. [...] o punhal atravessado na boca, o peito rocando
espinhos. [...] e vem pular nas costas da gente, relampeando faca.” (ROSA,
1986, p. 178).
O querer-gostar de Diadorim acaba por potencializar a dúvida e
a violência na vida de Riobaldo. A partir do encontro com o menino de
olhos verdes no rio chamado de-Janeiro. Essa passagem do encontro é
um ponto chave da narração, marcada, no texto, por uma luz nova, uma
revelação: “Foi um fato que se deu, um dia, se abriu. O primeiro. Depois
o senhor verá por quê, me devolvendo minha razão” (ROSA, 1986,
p. 117). A primeira imagem de Diadorim é luminosa como o dia:
Aí pois, de repente, vi um menino, encostado numa árvore, pitando
um cigarro. Menino mocinho, pouco menos do que eu, ou devia
de regular minha idade [...] Aquilo ia dizendo, e era um menino
bonito, claro, com a testa alta e os olhos aos-grandes verdes
(ROSA, 1986, p. 86 e 87).

Não é aleatória a metáfora utilizada pelo narrador para expressar


o sentimento incompreensível para si e inaceitável para os outros: a luz
ensombrada. Se a cor verde ganha uma intensidade arrebatadora nas
primeiras páginas do romance, ponto de fuga nas memórias de Riobaldo,
no decorrer do relato essa cor assume variações de tom, segundo
interferência da natureza, da luz, da sombra ou do estado psicológico
dos dois amigos; o evidente é que “[n]aqueles olhos e tanto de Diadorim,
o verde mudava sempre, como a água de todos os rios em seus lugares
ensombrados” (ROSA, 2001, p. 305). Depois essa luz proveniente
dos olhos do ser amado se transformará em neblina. Sobre tal aspecto,
serve-nos o que declara Antonio Candido, em seu conhecido ensaio “O
homem dos avessos”:
Nas águas do rio, eixo líquido, dá-se o encontro com o Menino,
com Diadorim menino [...] Simbolicamente, eles vão e vêm de uma
à outra margem, cruzando e tocando as duas metades qualitativas
do Sertão, do Mundo, pois Diadorim é uma experiência reversível
que une fasto e nefasto, lícito e ilícito, sendo ele próprio duplo na
sua condição. (CANDIDO, 1991, p. 297–298).
262 Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018

A vida de Riobaldo torna-se, a partir daí, enigma, incompreensão,


luz e sombra, fuga de todos e fuga de si mesmo, o que culminará no seu
ingresso na jagunçagem. Primeiramente, ele perde a mãe e vai viver
com o padrinho Selorico Mendes; quando descobre, mais tarde, que ele
é seu verdadeiro pai, Riobaldo foge para a casa do mestre Lucas, de onde
parte para dar aulas a Zé Bebelo: “A bem: me fugi, e mais não pensei
exato. Só isso” (ROSA, 1986, p. 152, grifos nossos). Como se nota nessa
expressão, as reiteradas fugas de Riobaldo são de si mesmo.
Depois de fugir da casa de Zé Bebelo, Riobaldo havia dormido
com uma mulher casada, filha do senhor Manuel Inácio, para onde
seguira, no dia seguinte, à espera de um sinal de fogo indicando a ausência
do marido, para que ele pudesse retornar à casa dela. No entanto, não se
pode fugir ao destino trágico. É na casa de Manuel Inácio que Riobaldo
reencontrará o amor de sua vida, frente à perplexidade de todos que ali
estavam, a que o narrador reflete com o seu leitor: “Então, o senhor me
responda: o amor assim pode vir do demo? Poderá?! Pode vir de um-
que-não existe?” (ROSA, 1986, p. 155).
Naquela mesma noite, Riobaldo teria mais uma aventura amorosa
com a filha do senhor Manuel Inácio, mas reencontrando Diadorim, tudo o
mais lhe é indiferente. Desse ponto da narrativa em diante, acompanhamos
o esforço do narrador em tentar explicar esse amor interdito, atribuindo
esse sentimento ao demônio, pois ele se considerava um homem muito
homem, e homem por mulheres – nunca tivera inclinação para “vícios
desencontrados” (ROSA, 1986, p. 162). As páginas seguintes são relatos
claros e poéticos de um narrador apaixonado, mas que passam a ser
ensombradas pelas histórias de violência sexual contra mulheres, como
sintoma de repressão do seu desejo por outro homem.
Os relatos de violência sexual surgem em Grande sertão: veredas
depois que Riobaldo confessa para os seus leitores que ama outro homem,
ao mesmo tempo em que se atormenta por reconhecer-se apaixonado: “O
que eu queria era ver a satisfação para aquelas, pelo meu ser” (ROSA,
1986, p. 189). Riobaldo buscava provar, para si mesmo, que era um homem
“conforme a natureza”. Em outro momento da narrativa, para agradar a
Diadorim, Riobaldo informa-nos de que passara um tempo “em jejum de
mulheres”, mas volta às práticas sexuais para que ninguém duvide da sua
masculinidade.
Para Agamben (2008, p. 112), a vergonha, numa relação de amor
vergonhoso, “é o que se produz na absoluta concomitância entre uma
Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018 263

subjetivação e uma dessubjetivação, entre um perder-se e um possuir-se,


entre uma servidão e uma soberania”. A narrativa, com suas tensões de
léxico e de cor, põe a nu o vínculo ambíguo entre Diadorim e Riobaldo.
Diadorim provoca, no ser de Riobaldo, a marca da dúvida e da violência,
do medo e da coragem. Assim, nesta relação, amor e violência, vida e
morte, luz e sombra são fundamentalmente inalienáveis.
Entre o desejo carnal e a sublimação desse desejo, avultam os
relatos de violência sexual e outro, que beira a pedofilia. Logo depois
de tornar-se chefe dos jagunços, e já reconhecido pela fama de homem
valente e bom atirador, Riobaldo hospeda-se com Diadorim e parte do
seu bando em casa do velho Ornelas. Lá, vemos o ápice desse conflito se
externar. Uma menina encontra-se na sala, servindo a refeição e Riobaldo
conta como foi tomado de desejo por ela, o que foi notado pelos olhos
atentos de Diadorim e pelo pavor que tomou conta do avô. Depois de uma
forte tensão e iminente perigo que envolve a todos os presentes nessa cena
(ele quase assassina o anfitrião e quase agride fisicamente Diadorim para
atender aos seus desejos sexuais para com a menina), Riobaldo aquieta
seus ímpetos sexuais, agressivos e violentos, contendo-se.
Entre as sombras do desejo refreado pela vergonha e culpa
sobrevêm, entretanto, as luzes de uma contemplação arrebatadora, que
tanto se dirigem secretamente a Diadorim como ao espaço permeado de
belezas que o mesmo Diadorim lhe ensinara a ver: “Os olhos – vislumbre
meu – que cresciam sem beira, dum verde dos outros verdes, como o
de nenhum pasto” (ROSA, 1986, p. 511). A paisagem geográfica e a
paisagem interior estão confundidas no relato de Riobaldo, remetendo-
nos sempre ao “colho/ sinto” que Guimarães Rosa expressa diante dos
quadros em sua visita ao museu.
A relação de Riobaldo com o meio físico é intensa, poética, com
sobreposições de cores e ecos. Se, na pintura, observamos o jogo de
perspectivas, em que as figuras em primeiro plano se destacam num
horizonte distante e enorme, quase imensurável; na escrita de Rosa, esse
distanciamento é sugerido pela composição das palavras:
[...] a gente estava na erva alta, no quase limpo de terras altas
[...] Assim expresso, chapadão voante. O chapadão é sozinho – a
largueza. O sol. O céu de não querer ver. O verde carteado do
grameal. As duras areias. As arvorezinhas ruim-inhas de minhas.
[...] Ali chovia? Chove – e não encharca poça, não rola enchurrada,
não produz lama: a chuva inteira se soverte me minuto terra a
264 Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018

fundo, feito um azeite zinhoentrador. O chão endurecia cedo,


esse rareamento de águas. O fevereiro feito. Chapadão, chapadão,
chapadão (ROSA, 1986, p. 313-314).

Conforme percebemos, o termo “chapadão” é repetido, acrescido de


expressões que indicam a vastidão do território: chapadão voante, chapadão
(é) sozinho, largueza, para, finalmente, desenhar na horizontalidade da
linha impressa, a enormidade do espaço – “Chapadão, chapadão, chapadão”
(ROSA, 1986, p. 314). Como na tela de Cuyp, que serve de exemplo a
essas reflexões, há dramaticidade e tensão na paisagem. As imagens das
“arvorezinhas ruim-inhas minhas” (ROSA, 1986, p. 113) e da chuva,
penetrando em gotas na terra dura, como um “azeite zinhoentrador” (ROSA,
1986, p. 114) revelam a dor e a angústia do narrador.
Na descrição em destaque, há luz, sol, mas o narrador confessa que
há “o céu de não querer ver” (ROSA, 1986, p. 113). Luz e sombras são
atributos de um contador-pintor, numa narrativa em primeira pessoa, que
se confessa bom de mira, e que escolhe cores e técnicas de composição
pictórica para nos dizer-não-dizer seu relato. A dor por não realizar seu
amor por Diadorim torna o sertão um chapadão sem-fim, pois sua carência
potencializa as dimensões do espaço em que vive.
Há, inegavelmente, em todo o livro, uma sobreposição de imagens
de luz e de sombra que, por isso mesmo, não intenta revelar, mas traduzir
uma angústia que não encontra termo nem ao final de sua longa narração.
Seu relato, acontecido no tempo do range-rede, não esconde que a história
vivida no tempo passado mantém o desassossego do narrador no presente.
A visão do corpo nu de Diadorim não lhe oferece apaziguamento. Sua
tormenta pode advir de não ter tido a coragem de amar um homem ou de
não ter percebido (apesar de ser bom de mira) que por trás da capa de couro
existia “o corpo de uma mulher, moça perfeita” (ROSA, 1986, p. 530).
Diadorim foi para Riobaldo, contraditoriamente, lume e escuridão,
seu maior medo e extremado amor, sua maior travessia, visto que, no
espaço inóspito do sertão norte-mineiro, urgia vigilância constante
sobre o inimigo do bando de Hermógenes ou sobre os sentimentos e
impulsos invencíveis da natureza humana. As diversas mulheres com as
quais Riobaldo se relacionou sexualmente representam uma tentativa de
resistência ao desejo proibido e ensombrado que sente por Diadorim; e
a morte/revelação do seu corpo nu pode bem configurar uma alegoria
da impossibilidade do amor entre homossexuais na geografia física e
afetiva que Guimarães Rosa cria em seu romance. Ao criar um sertão que
Eixo Roda, Belo Horizonte, v. 27, n. 3, p. 249-266, 2018 265

se expande de uma condição espacial para uma questão existencial, ele


trata do tema do amor entre dois homens – Reinaldo, Riobaldo, “dão par
os nomes de nós dois...” (ROSA, 1986, p. 123), confessa-nos o jagunço.
Assim, o estado extremo da natureza humana é o que se atesta como
o grande arrebatamento estético em Grande sertão: veredas: a narração por
meio das tintas do amor e da violência. Nesse jogo de luz e de sombra, há
paisagens que se evidenciam, plenas de verdes e pujança, enquanto outras
permanecem ensombradas, como partes de um sentimento que não se
dissiparia nem mesmo com a revelação do corpo nu de Diadorim, ao final.
Desse modo, serve-nos ao ensejo a leitura exemplar de Benedito
Nunes, para quem o escritor mineiro recria, por meio das crianças sábias
ou da fusão dos opostos, tal como numa operação alquímica, o prenúncio
de um novo ser, que remontaria a um estado originário que foi perdido.
Trata-se de um ser que “seduz e fascina, aterroriza e inquieta [...]. Possui
um polo luminoso amável e propício, e outro sombrio” (NUNES, 1969,
p. 164). A letra desse intrincado romance, submetida à poética da língua
e das tintas, revela ao leitor uma tensão que não se resolve. Nem poderia.

Referências
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Recebido em: 18 de abril de 2018.


Aprovado em: 9 de julho de 2018.
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O CORPO ARTÍSTICO – HOMOEROTISMO EM A MORTE EM VENEZA

Osmar Pereira Oliva-Unimontes


osmar.oliva@unimontes.br

RESUMO: Em muitas obras literárias, o homoerotismo se manifesta através de um


olhar seduzido, revelado pela sensibilidade de um artista. A contemplação do corpo
belo produz um efeito erótico, sob o olhar daquele que procura a perfeição na arte.
A novela A Morte em Veneza, de Thomas Mann, revela o homoerotismo como um
desejo artístico, sublimado. As representações do corpo grego, apolíneo são uma
metáfora da tentativa de capturar o belo artístico. Este trabalho pretende, pois,
discutir o amor platônico do artista Aschenbach pelo adolescente Tadzio, sob o viés
da interdição.

PALAVRAS-CHAVE: A Morte em Veneza, homoerotismo, sedução, interdição.

THE ARTISTIC BODY – HOMOEROTICISM IN DEATH IN VENICE

ABSTRACT: In many literary works, the homoeroticism emerges from a seductive


look, which is revealed through the sensitiveness of an artist. The contemplation of
the attractive body produces an erotic effect, through the look of someone that
searches the perfection in the art. The novel Death in Venice, by Thomas Mann,
shows up the homoeroticism as an artistic, sublime desire. The representations of
the Greek body, “an appolo man”, are a metaphor of the attempt of capturing the
artistic beauty. This work intends, then, to discuss the artist Aschenbach’s platonic
love for the adolescent Tadzio, under the prism of the interdiction.

KEY-WORS: Death in Venice, Homoeroticism, seduction, interdiction.

“A solidão acarreta o original, o ousado, o estranhamento belo, o poema.


Mas a solidão também acarreta o errado, o desproporcional, o absurdo e
proibido.” (Thomas Mann)

Antes de começarmos a nossa incursão pela obra A Morte em Veneza, de


Thomas Mann, buscando refletir sobre as configurações do masculino, gostaríamos
de fazer uma breve referência aos estudos mais recentes sobre gays e lésbicas, na
literatura, cuja maior representação encontramos nos Queers Studies. Esses
estudos procuram resgatar do anonimato ou do silenciamento as narrativas escritas
por homossexuais ou que abordam a homossexualidade de uma forma explícita,
na tentativa de valorizar essas produções. A presença de homossexuais na
literatura (como autores ou como personagens) é bem mais antiga do que podemos
imaginar; até mesmo nas narrativas bíblicas, que condenam a homossexualidade,
nós encontramos essa prática. No entanto, a preocupação com essa identidade

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sexual somente ganha realce no final do século XIX, quando surgiram pesquisas
médico-científicas procurando nomear e classificar as variantes sexuais, logo
rotuladas como desvios ou patologias. Nessa época, teve início a tentativa de
identificar o que é um verdadeiro homossexual,

a fim de que os médicos, sexólogos, psiquiatras, juristas, etc, pudessem


entender-se sobre quem dentre os “homossexuais” era um “verdadeiro
degenerado”, um “verdadeiro pervertido”, um “invertido simples sem
outros sinais de degeneração” ou, por fim, um “vicioso”, um “obsceno” que
mesmo não sendo “verdadeiramente homossexual” praticava o
“homossexualismo” pelo gosto da depravação 1.

Portanto, rotular um homem de “homossexual” seria uma forma de estudá-


lo e curá-lo dessa “anomalia”. No entanto, fazer uma opção sexual por um parceiro
do mesmo sexo não determina definitivamente alguém como hetero ou
homossexual, já que a escolha pode ser quase permanente ou fortuita, temporal.
Outra dificuldade nesse “entendimento” entre especialistas refere-se ao fato de que
uma pessoa pode manter relações sexuais tanto com homens quanto com
mulheres sem manifestar preferência por um ou por outra. Nesse sentido, o médico
húngaro Benkert
tentava combater a legislação alemã contra o homossexualismo, e
Ferenczi, de modo análogo, mostrou pela primeira vez, na literatura
psicanalítica, que o rótulo de homossexualidade era largamente
insuficiente para descrever a diversidade das experiências psíquicas dos
sujeitos homoeroticamente inclinados.2

Até os meados do século XIX, homossexualidade era um desejo sem nome


mas que, em seguida a essas pesquisas, passou a ser um nome que não se ousava
pronunciar; no entanto, nem por isso deixava de se manifestar tanto na vida real
quanto na ficção. É por considerar, juntamente com COSTA (1992) que
homossexualidade é um termo que não dá conta de abarcar todas as relações entre
iguais, que preferimos o termo homoerotismo, o qual estendemos a certas
narrativas do século XIX e do início do século XX, como D. Casmurro, A Morte em
Veneza, A Correspondência de Fradique Mendes, O Barão de Lavos, O Ateneu,
Bom-Crioulo, O Retrato de Dorian Gray, entre outras. Além disso, dificilmente
chegaríamos a uma conclusão para poder determinar o que seja um “verdadeiro

1 COSTA, 1992, p. 32.


2 COSTA, 1992, p. 42.

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homossexual”. Assim, chamaremos a essas narrativas de homoeróticas, sem


receio algum de estarmos incorrendo em anacronismo ou impropriedade
conceitual. Para tanto, lancemos mão da crítica de André Green, ao escrever sobre
a homossexualidade na literatura, justificando a sua escolha, dizendo-nos que

lo que me interesa no son las obras sobre homosexuales, ni las obras


escritas por homosexuales, sino aquellas que reflejan una sensibilidad que
(de forma legítima, aunque un tanto teórica) puede calificarse de
“homosexual”. Dejo de lado la literatura lesbiana, que configura un ámbito
que no he estudiado. Me refiero, por consiguiente, a obras cuyo valor
principal es la belleza, las cualidades, o el encanto de hombres jóvenes,
que se consideran tales y que no desean dejar de serlo, aun cuando dicha
belleza, cualidades, etc., se expresen frecuentemente a través de un
estilo, de un humor insolente o de un desprecio hacia la realidad que
aparentemente no tienen nada que ver con la sexualidad. 3

Importante ressaltar que as narrativas que GREEN pretendeu analisar são


aquelas que deixam de lado o autor homossexual ou as personagens
homossexuais, mas que, de alguma forma, tematizam a sedução, a sensibilidade,
o culto da beleza, o desejo interdito. É a esse mundo sensível que o crítico
denomina de homoerótico. Nessas narrativas, “las mujeres se hallan ausentes, o
cuando aparecem tienen uma importancia temática secundaria. Sin embargo, creo
que no hay razón para calificar de homosexuales a estos relatos. Son simplemente
homoeróticos”4. As personagens masculinas podem revelar uma sensibilidade
homoerótica e estimar a sensualidade da beleza do corpo físico do outro sem que
isso possa ser considerado homossexualidade.
Jurandir Freire Costa, em consonância com essa percepção homoerótica,
explica-nos que a palavra homoerotismo se refere

à possibilidade que têm certos sujeitos de sentir diversos tipos de atração


erótica ou de se relacionar fisicamente de diversas maneiras com outros
do mesmo sexo biológico. Em outras palavras, o homem
homoeroticamente inclinado não é, como facilmente acreditamos, alguém
que possui um traço ou conjunto de traços psíquicos que determinariam a
inevitável e necessária expressão da sexualidade homoerótica em quem
quer que os possuísse5.

Assim como COSTA, preferimos também o uso do termo homoerotismo a


homossexual, pois sem se limitar à relação considerada no século XIX – e por

3 GREEN, 1985, p. 282.


4 GREEN, 1995, p. 283.
5 COSTA, 1992, p. 22.

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muitos ainda hoje – como “a-normal”, esse conceito nos é mais útil para tratarmos
de questões que remontam à Grécia Antiga, nas relações de pederastia, conforme
aparecem em alguns diálogos de PLATÃO, como o Banquete, Fedro e Lísis. O
homoerotismo é uma construção de linguagem, assim como o é, também, a
identidade de gênero. Como diz COSTA,

não existe objeto sexual “instintivamente adequado ao desejo” ou vice-


versa, como reitera a psicanálise. Todo objeto de desejo é produto da
linguagem que aponta para o que “é digno de ser desejado” e para o que
“deve ser desprezado” ou tido como indiferente, como incapaz de
despertar excitação erótica6.

Nesse sentido, acreditamos não existir um objeto sexual anterior à


escritura. Pensamos na sexualidade não como um impulso ou como uma força
motora para a narrativa e, sim como um produto da escrita, como afirma Allen: “En
effet, l’éxistence antérieure de la sexualité est précisément une illusion, une illusion
engrendrée par les projections des textes qui la disent antérieure, precedente et
extérieure au discour même qui la constitue”7. Assim, a narrativa não é o lugar da
incorporação de uma sexualidade exterior, mas o lugar de produção da sexualidade
do corpo.
Um dos pioneiros dos estudos homoeróticos no Brasil foi José Carlos
Barcellos8, o qual se dedicou a leituras inovadoras quanto a escritores “fora de
qualquer suspeita”, como Eça de Queirós e Machado de Assis. Barcellos,
comentando as possibilidades de leituras em narrativas homoeróticas, questiona
se “não seria possível depreender, num contexto cultural determinado, um estilo
literário gay, independentemente da explicitação do homoerotismo como tema.9”
Há algo que nos chama a atenção em autores como Eça de Queirós,
Machado de Assis, Thomas Mann, Oscar Wilde, que é a forma como alguns de
seus narradores olham o corpo masculino e falam excessivamente dele sem que a
homossexualidade se manifeste explicitamente. Esses autores não constituiriam
um corpus de uma literatura homoerótica?10

6 COSTA,1992, p. 28.
7 ALLEN,1994, p. 17.
8 A esse respeito, vejam o livro Literatura e homoerotismo em questão, pela Dialogarts (2006).
9 BARCELLOS, 2000, p.19.
10Preferimos não utilizar o termo gay, como quer Barcellos, devido ao fato de este termo ser ainda

muito recente e de a sociedade moderna ter-lhe atribuído caráter depreciativo e preconceituoso, de


forma inegavelmente discriminadora. Estamos chamando de literatura homoerótica a narrativa que
põe em evidência as relações entre iguais, sejam elas sociais ou sexuais, em que afloram

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Mas o que caracterizaria esse tipo de literatura? Maria Ângela Toda Iglesia
(1995) indica que alguns romances publicados no final do século XIX podem ser
considerados “homossexuais” 11 porque tratam do tema de maneira mais ou menos
aberta e já pressupõem uma certa cumplicidade com um possível leitor
homossexual e também por apresentar uma série de leit motifs recorrentes nessa
categoria de romance, a partir de então. Já em muitas narrativas homoeróticas, há
uma insistência dos narradores em caracterizarem os corpos masculinos à
semelhança das estátuas clássicas, comparando-os aos corpos dos belos deuses
da mitologia greco-latina. Além disso, os narradores, quase sempre, são artistas
que “pintam”, cada um ao seu modo, o modelo de homem que eles gostariam de
ser ou de possuir. Nesse sentido, extremamente válida é a reflexão de TODA
IGLESIA (1995), que associa arte à homossexualidade. Para ela, as personagens
principais do romance homossexual são artistas amadores ou profissionais. Além
disso, caracterizam-se pela beleza física, aspecto melancólico e olhos
extraordinários, em suma, homens fatais. Por outro lado, os narradores descrevem
tão detalhadamente esses corpos de desejo, com efeitos minúsculos e refinados,
como se fossem decoradores do interior, elaborando a grande casa da ficção,
tomando de empréstimo essa bela metáfora de ALLEN12.

A solidão é o grande conflito explorado por Thomas Mann em A Morte em


Veneza. Gustav Aschenbach é um escritor alemão reconhecido; um cinquentenário
viúvo, pai de uma filha, já casada. Esse artista solitário vive uma vida monótona,
entediada, sem novidades e por isso não consegue terminar a obra que está
escrevendo. Em busca da inspiração para concluir esse último livro, Aschenbach
viaja para uma ilha adriática. Ao chegar lá, descobre não ser possível encontrar a
motivação de que precisa naquele local:

sentimentos, emoções e afeições. Mas nem toda literatura homoerótica é homossexual. A literatura
homossexual deve tematizar e explicitar as relações sexuais entre iguais, sejam homens ou
mulheres, mas literatura homoerótica pode simplesmente aludir a uma afeição, a um desejo não
confirmado fisicamente, ficando o erótico latente apenas na linguagem.

11 O conceito de romance homossexual é de Toda Iglesia, no entanto, preferimos usar a terminologia


literatura homoerótica que, a nosso ver, pode dar conta de certas relações e questões mais
abrangentes e complexas que o termo homossexual parece restringir.
12 ALLEN, 1994, p. 16.

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Porém, a chuva e o mormaço, um coeso grupo provinciano austríaco como


companheiros de hotel e a carência daquela quieta e efusiva relação ao
mar, que só uma suave praia arenosa concede, desgostaram-no, não o
deixaram obter a consciência de ter acertado o lugar de seu destino; uma
compulsão interior, com um objetivo que ainda não lhe era claro, deixou-
o desassossegado13.

O que o escritor procurava nem ele o sabia, “era o estranho e o sem


relação”14, o que pode muito bem ser uma alusão ao desejo sem nome, que não
poderia ser manifesto publicamente. Assim, um dia foi o suficiente para descobrir
que ali não encontraria o objeto de sua busca inconsciente. Veneza surge como
rota alternativa de viagem – “Uma cidade de irresistível atração para o erudito, tanto
por sua história como por seus encantos atuais.15” No entanto, a Veneza com a
qual Aschenbach se depara é bem diferente da que imaginava. Em Veneza, a
maquilagem recobre a real aparência de uma cidade infestada de bactérias; o calor
e o ar contaminado são responsáveis por várias mortes, camufladas pela vigilância
sanitária e pela polícia, a fim de manter o comércio turístico.
A modernidade constrói uma realidade mascarada que poucos são
capazes de perceber. Baudelaire revelou-nos o outro lado do progresso parisiense,
criando sua poética a partir dos marginais, das realidades dos becos, dos esgotos
e dos dejetos, ignorados pelo jogo de máscaras sociais. Durante a viagem, da ilha
adriática até Veneza, um fato aparentemente sem importância prenuncia o que está
por ser narrado. Aschenbach descreve o comportamento e o físico de um homem
que viajava no mesmo navio que ele. Os trajes alegres e a voz do homem, de bom
humor, de ar jovial, camuflavam sua real condição e estado:

Aschenbach notou, com uma espécie de horror, que o jovem era falso. Era
velho, não havia dúvida. Rugas rodeavam seus olhos e sua boca. O leve
carmesim era rouge, o cabelo castanho sob o chapéu de palha com fita
colorida era uma cabeleira, seu pescoço flácido e nervudo, seu bigodinho
e a mosca no queixo eram pintados, sua dentadura amarela e completa,
que mostrava rindo, um serviço barato de prótese, e suas mãos, com anéis
brasões em ambos os indicadores, eram as de um ancião16.

Como se vê, uma maquiagem completa encobria ou pretendia disfarçar a


decrepitude do homem que provocava indignação e nojo em Aschenbach, não só

13 MANN, 1979, p. 101.


14 MANN, 1979, p.1.
15 MANN, 1979, p. 102.
16 MANN, 1979, p. 103.

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pela falsa aparência mas também pela maneira esquisita e “tola” com que tratava
os que dele se aproximavam. Uma noite, depois de beber e perder o controle de si,
o falso jovem “segurava pelo botão do paletó cada um que se aproximava dele,
balbuciava, piscava, ria, erguia seu dedo indicador com anel, em brincadeira tola,
e lambia os cantos da boca de maneira abominavelmente ambígua.17”
Nessas cenas, percebe-se a homofobia de Aschenbach em relação a esse
homem, talvez porque, além de maquiado, ele fosse também homossexual. Mas é
essa mesma postura que o escritor vai assumir após conhecer o adolescente
Tadzio, por quem se apaixona fatalmente, perdendo completamente a razão.
Talvez a beleza do adolescente seja a recompensa para o artista que sempre
perseguiu a perfeição e já se encontra na reta final da existência. Otávio Paz (2001)
nos diz que aquele que ama busca a formosura humana. O amor nasce à vista da
pessoa bela. Esse é o primeiro movimento em direção ao amado. Portanto, é
possível ao amante sentir-se seduzido por qualquer um dos sexos, desde que seja
belo. Isso nos faz pensar que a homossexualidade ou a heterossexualidade
depende da sedução que a beleza do objeto contemplado exerce sobre nós. O
amor ao belo se manifesta no plano da contemplação, do olhar seduzido que passa
a acompanhar cada passo do amado, procurando captar-lhe os menores gestos,
cada pose que ele ensaia:

Aschenbach notou que o menino era perfeitamente belo. Seu rosto pálido
e graciosamente fechado, circundado por cabelos cacheados, louros cor
de mel, com o nariz reto, a boca suave, a expressão de seriedade divina,
lembrava esculturas gregas dos mais nobres tempos e da mais pura
perfeição de forma; era de tão rara atração pessoal que o observador
julgou nunca ter encontrado na natureza ou no mundo artístico uma obra
tão bem sucedida18.

A descrição do rapaz aproxima-o de uma escultura clássica, grega e


sublima a sedução que inquieta o seu observador. Ao utilizar esse recurso
comparativista, o narrador afasta do leitor, pelo menos superficialmente, a
desconfiança de que revela um desejo homossexual, ou seja, o que ele admira é
uma beleza plástica e não um corpo masculino físico, como o seu. O adolescente
polonês tinha aproximadamente 14 anos e estava com suas três irmãs, de 15 a 17
anos, todos sob os cuidados de uma governanta ou dama de companhia.

17 MANN, 1979, p. 106.


18 MANN, 1979, p. 113.

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Interessante que nenhuma delas chamou a atenção do artista quanto à figura


masculina. A beleza e a juventude de Tadzio deixam Aschenbach aprisionado
nessa concepção de beleza virginal. O artista havia reencontrado a inspiração, pois
a sua verdadeira e perfeita obra de arte se movimentava delicada e graciosamente
diante de si.
O amor se apresentava aos seus olhos sem qualquer receio ou inquietação.
Bastava olhar, admirar os cabelos dourados e a pele alva e macia – “a cabeça de
Eros, com o brilho amarelado do mármore de Paros, com sobrancelhas finas e
sérias, têmporas e orelhas cobertas pela entrada retangular dos anéis de cabelo
escuro e macio.19” Seduzido por esse deus apolíneo e infantil, Aschenbach deixa-
se ficar em Veneza, esquece o livro que escrevia, esquece-se de si mesmo, só tem
olhos para o adolescente que simboliza a juventude perdida e, ao mesmo tempo, o
amor irrealizável, contido, adormecido ao longo de sua vida e que, repentinamente,
se manifesta angustiosamente: um homem de 50 anos e um menino de 14. A
decrepitude e a juventude. O desejo e a inocência. O amor-contemplação:

Ver este corpo cheio de vida, prematuramente de uma graciosidade e


acrimônia másculas, com os cachos molhados e belo como um deus,
surgir do fundo do céu e do mar, sair e fugir do elemento: este aspecto
inspirava ideias mitológicas; era como arte poética de tempos primordiais,
da origem da forma e da renascença dos deuses20.

De maneira barroca, o narrador contrasta os dois corpos masculinos: do


artista decadente, em direção ao fim, e do rapaz belo e saudável, representando a
vida. Trata-se, portanto, de uma narrativa angustiante tanto porque narra o fim do
artista quanto porque põe em cena um desejo que não pode ser realizado. Em
oposição à beleza extraordinária de Tadzio, Veneza, nessa época, perdia o brilho,
a sedução e a vida. Revelava, a cada dia, um perigo para os moradores, turistas e,
principalmente para o escritor, já adiantado na idade. O calor insuportável, o ar
repugnante, carregado de cheiros pesados, os canais mal cheirosos, toda a cidade,
impregnada de uma atmosfera de febre poderia matá-lo. Aschenbach resolve partir.
Porém, devido a um incidente que extravia sua bagagem, é obrigado a permanecer
mais um tempo em Veneza, afinal, lá estava o seu destino: “A atmosfera da cidade,

19 MANN, 1979, p. 118.


20 MANN, 1979, p.22.

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este leve cheiro pútrido de mar e lama, do qual se sentira tão impelido a fugir,
respirou-o agora em fôlegos profundos, dolorosamente afetuosos”.21
Apaixonado por essa obra perfeita, que permanecia também em Veneza,
Aschenbach acreditava que não seria difícil resistir ao clima áspero e ao ambiente
nada ameno da cidade, já que podia contar ao menos com a presença do Belo:
“Diariamente, agora, o deus de faces fogosas dirigia, nu, sua quadriga exalando
brasa, pelos espaços do céu e seus cachos amarelos esvoaçavam ao sopro do
vento leste.”22 Tadzio, o deus de faces fogosas, traz movimento e cor à vida do
escritor. Todas as manhãs, levantava-se cedo, em “palpitante atividade” e estava
na praia antes da maioria, na expectativa da chegada triunfal do amado. Logo o
menino chegava, trazendo luz, encanto e sedução à existência do envelhecido
artista:

Seu cabelo cor de mel aninhava-se em cachos nas têmporas e na nuca,


o sol iluminava a penugem do dorso superior; o delicado desenho das
costelas, a simetria do peito apareciam pela cobertura justa do tronco;
suas axilas ainda eram lisas como nas estátuas; os jarretes luziam e as
veias azuladas faziam seu corpo parecer ser feito de uma matéria
transparente. Que disciplina, que precisão de pensamento era expresso
nesse perfeito corpo rijo e juvenil!23

O artista encontrara o que vinha buscando – o belo estético, “cuja única e


pura perfeição que vive no espírito” (MANN, 1979, p. 135) tinha uma imagem e uma
alegoria humana representadas em Tadzio. Por isso merecia toda a adoração do
artista. A figura do menino podia ser adotada como modelo para que o escritor
estilizasse e espiritualizasse sua beleza: “Eros estava assim na palavra” (MANN,
1979, p. 137). Mas o amor não se contenta em ser contemplado; há certa ânsia de
ser sentido, tocado, acariciado. Aschenbach começa a sentir desejo de tocar
corporalmente essa imagem da perfeição. Por isso segue os passos do
adolescente, no anseio de que pudesse tocá-lo, senti-lo, mas conclui que já era
tarde demais, “a palavra só consegue louvar a beleza sensual, porém não
reproduzi-la.” (MANN, 1979, p. 142).
Não sendo possível a troca de carícias sexuais, o sentimento é traduzido
em linguagem e é definitivamente essa passagem do sexual para o escrito que

21 MANN, 1979, p. 127.


22 MANN, 1979, p. 131.
23 MANN, 1979, p. 134.

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tentamos afirmar como homoerotismo. Tadzio é imagem, alegoria do Belo, criação


do artista. É apenas sombra, projeção que não pode ser “apanhada”:

Tadzio sorriu (...) Era o sorriso de Narciso que se debruça sobre o espelho
de água, aquele sorriso profundo, encantador, prolongado, com o qual
estende os braços para o reflexo da própria beleza – um sorriso
ligeiramente desfigurado, desfigurado pela inutilidade de seu desejo, de
beijar os lindos lábios de sua sombra, galante, curioso e ligeiramente
atormentado, seduzido e sedutor24.

O contraste barroco se acentua na referência a Narciso, mito que simboliza


o espelho, a perda, a morte. Ao mesmo tempo que é encontro com a beleza, é
tragicidade ofuscante da revelação, é ver-se no outro e tentar capturá-lo, aprisioná-
lo. Terrível angústia amar um homem! Mais ainda quando esse outro homem é um
adolescente e o amado já passa dos 50 anos. Loucura alimentar um desejo que
não pode ir além da mera contemplação ou da realização onírica.
Em 1971, Luchino Visconti adapta Morte em Veneza para o cinema, com
música de Gustav Mahler. O filme é ambientado em uma Veneza do século XX,
infestada pelo cólera, e representa como protagonista Aschenbach, um compositor
decadente e em crise na produção artística. Esta é uma das principais modificações
do texto original, no qual o artista é um escritor. A mudança talvez se justifique por
Visconti ter acreditado que a personagem criada por Mann teria sido inspirada no
compositor Gustav Mahler, motivo pelo qual a 5ª Sinfonia seja o marcador temporal
e trágico da narrativa fílmica. Em ambas as narrativas, no entanto, se fazem
presentes reflexões sobre a efemeridade da vida e da beleza, sobre a busca
estética (na literatura e na música) de um ideal de perfeição, sobre as angústias
dos artistas em seus processos criativos.
Anatol Rosenfeld, em seu livro Thomas Mann, ao discutir a passagem de
A morte em Veneza para o cinema, atenta para essa imagem de Narciso,
anteriormente mencionada, afirmando que
A paixão narcisista do escritor (e o homoerotismo estéril, como em outras
obras o incesto reforça a situação de autismo) alude a uma constelação
característica do simbolismo e da arte do fin-de-siècle, com sua
autocontemplação (a arte se debruçando sobre a arte), com seu
solipsismo esteticista e anti-social25.
Inevitável não associar essa imagem à metaficcionalidade da novela,
processo pelo qual o autor alemão refletiu sobre a criação literária, a perseguição

24 MANN, 1979, p. 143.


25 ROSENFELD, 1994, p. 188.

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do belo na arte. Trabalho semelhante se encontra em O retrato de Dorian Gray, no


qual o homoerotismo também é tema central e que foi tratado metaficcionalmente
pela transposição do corpo masculino belo para uma pintura, representando a
projeção do desejo interdito e, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre a própria
criação artística. Retornando ao conflito vivido pela personagem de Thomas Mann,
vejamos em que caminhos o Amor coloca o homem:

Também agora e aqui, pensou neles [os seus antepassados]; envolvido


numa experiência tão ilícita, contido em tão exóticas extravagâncias do
sentimento, pensou na severidade tão cheia de garbo da decente
masculinidade de seus caracteres, e sorriu melancólico. Que diriam? 26

Nesse momento de reflexão sobre a sua condição atual, como artista


decadente, Aschenbach rememora as imagens dos seus antepassados,
burgueses, guerreiros, fortes, másculos; imagens exatamente opostas ao seu
estado, de uma certa maneira degenerado, por estar seduzido e apaixonado por
um homem. Ecoam em sua moralidade a opinião da sociedade, as repreensões
dos familiares e se torna melancólico por saber que se trata de um sentimento não
permitido, uma extravagância. Mas, como vencer Eros

que se assenhorava dele (...) de uma maneira qualquer, especialmente


favorável e inclinado a uma vida assim. Eros não merecera o respeito dos
povos mais corajosos, não diziam que, devido à coragem, ele florira em
suas cidades?27

Rosenfeld (1994, p. 188) também presta atenção nessa concepção


platônica do amor, presente na novela e ausente no filme de Visconti, segundo o
crítico. Em suas apreciações, o Eros platônico é um demônio, e Aschembach é
atingido por esse ente maligno, sendo conduzido ao Hades por Hermes
(simbolizado por Tadzio), aquele que guia os homens para o mundo dos mortos. A
mitologia da morte também possibilita uma aproximação com Dionísio, no sentido
de que a atração homoerótica do escritor, levada ao extremo, ao irracionalismo
abismal, o destrói, ao mesmo tempo em que, pelo aniquilamento, se vislumbra uma
promessa de sua redenção, de sua transfiguração.
O embate psicológico que se trava na personagem e nos é descrito acelera
o processo de envelhecimento e decadência absoluta do artista. Por que não se

26 MANN, 1979, p. 148.


27 MANN, 1979, p.149.

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pode amar um homem, um igual? O deus do amor não merecera o respeito de


todos? Se não se pode vencer Eros, entrega-se ele. Assim, Aschenbach ignora as
suspeitas e os olhares observadores dos outros moradores e turistas de Veneza:
“Como qualquer amante, deseja agradar e sentia um medo amargo de que isto não
se pudesse dar. Adicionou ao seu terno alegres pormenores juvenis, usou pedras
preciosas e perfumes.”28 Mas sentia nojo de seu corpo envelhecido.
O desejo de agradar ao amado faz com que Aschenbach perca os
escrúpulos e o senso, usa a maquilagem para tentar resgatar a sua juventude e,
assim, poder se aproximar do adolescente Tadzio. Tomas Mann, por meio desse
personagem-artista, põe em relevo a decrepitude e a juventude, a morte e a vida,
o desejo e a sua impossibilidade. A partir de então, o escritor assume a mesma
imagem do “falso jovem” que viajara com ele até Veneza e que fora alvo de sua
crítica e repulsa. Com o auxílio do barbeiro do hotel, Aschenbach busca na
maquilagem uma mocidade para sempre perdida:
viu no espelho suas sobrancelhas arquearem-se mais decisivas e
simétricas, o corte de seus olhos prolongar-se, o brilho deles aumentar
com uma ligeira pintura de pálpebra, viu mais abaixo, onde a pele fora de
um moreno encorreado, com uma aplicação suave, aparecer um carmim
delicado, seus lábios anêmicos, ainda há pouco, avolumarem-se cor de
framboeza, as rugas das faces, da boca, dos olhos, desaparecerem sob
creme e sopro de juventude – avistou, com o coração palpitando, um
jovem florescente.29

Interessante observar que Aschenbach assume a mesma imagem do velho


que viajou com ele de navio e de quem sentiu nojo e repulsa, não só pela falsa
aparência, mas também pelas maneiras afeminadas. No entanto, apaixonado,
Aschenbach se comporta da mesma maneira que o homem de quem sentiu
aversão. Depois de maquilar-se “O deslumbrado saiu, feliz como num sonho,
desconcertado e medroso. Sua gravata era vermelha, seu chapéu de palha de aba
larga era circundada por uma fita multicolorida.”30
O seduzido perde o rumo e os sentidos. No percalço do amado, o artista se
esquece do seu trabalho, da obra que estava por completar. Ignora a opinião dos
outros e esquece-se de si mesmo, ao buscar reviver um tempo que não pode mais
ser recuperado. Nas pegadas do Belo, Aschenbach perde-se no interior da cidade

28 MANN, 1979, p. 163.


29 MANN, 1979, p. 164.
30 MANN, 1979, p. 165.

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doente. Sufocado por uma atmosfera poluída e doentia, possuído por uma paixão
irrefreável e proibida, o artista se deixa levar “embriagado por este descobrimento,
[Tadzio descobre que é seguido e admirado, mas consente nesse amor-
contemplação], atraído por este olhar, levado pela paixão, o enamorado perseguia
uma esperança indecorosa”.31
Leyla Perrone-Moisés, em seu belo ensaio sobre a sedução, intitulado
“Promessas, encantos e amavios”, afirma que

a sedução é um jogo em cadeia, e o bom seduzido é sempre um bom


sedutor. O seduzido consente em ser enganado, e também engana o
sedutor: porque este lhe oferece algo, e o que o seduzido quer e pega está
ao lado; ele é presa não da mentira do sedutor, mas da fantasia que lhe
indica seu próprio desejo32.

Mesmo que Tadzio perceba o olhar seduzido que o artista lança em sua
direção, e que devolva um olhar “agradecido” e contente (pois é sempre bom saber
que se é amado) é tarde demais para Aschenbach, que descobriu Eros na velhice
e que, ironicamente, o encontra em uma cidade doente, imprópria para sua
resistência física e para os seus delírios de paixão. Resta ao amante a passividade
da contemplação, o tocar e acariciar com os olhos apenas, sentindo o prazer com
a alma, platonicamente, e a morte, como sublimação de um amor impossível:

O observador ali estava sentado, como em outra oportunidade estivera,


quando pela primeira vez este olhar cinza-alvorada correspondera
encontrando o seu. (...)
Minutos passaram até virem ao auxílio do que caíra de lado na cadeira.
Levaram-no para o seu quarto. E, ainda no mesmo dia, um mundo
respeitosamente comovido recebeu a notícia de sua morte 33.

Ao buscar um lugar onde a inspiração pudesse lhe ajudar a encontrar o


caminho de volta ao fazer literário, Aschenbach se depara com Veneza 34, espaço
lúdico e romântico por excelência, mas que, nessa oportunidade, se acha
impregnada de um ar poluído, maléfico. O artista encontra a verdadeira beleza mas

31 MANN, 1979, p. 165.


32 PERRONE-MOISÉS, 1997, p.19-20.
33 MANN, 1979, p. 170.
34 Segundo Anatol Rosenfeld, Veneza ocupa um simbólico e tradicional lugar na tradição cultural

alemã. Goethe ali estivera e sob inspiração do lugar, escrevera os Epigramas Venezianos; August
Von Platen escrevera os Sonetos venezianos. Wagner, um dos maiores inspiradores da arte
simbolista morrera em Veneza. Citando Nietzche, Rosenfeld complementa: “O alemão está
familiarizado com as vias furtivas que levam ao caos”. Desse filósofo provém o moderno culto a
Dionísio. (ROSENFELD, 1994, p. 186)

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não pode possuí-la, traduzi-la para a arte, capturá-la pela palavra. Contenta-se
mais ou menos em contemplá-la, a distância. E, como não poderia deixar de ser,
segundo a repressão e a discriminação da sociedade da época, esse amor
homoerótico não é lícito nem pode se manifestar. A idade avançada e a cidade
poluída são disfarces para punir esse amor e aniquilar o amante imprudente, que
ousou amar diferente e ignorar as “leis da natureza”.

REFERÊNCIAS

ALLEN, Dennis. Homosexualité et littérature. Franco-Itálica, serie contemporânea,


Alessandria, n.6, 1994, p. 11-27.
BARCELLOS, José Carlos. Literatura e Homoerotismo Masculino: Perspectivas
Teórico-metodológicas e Práticas Críticas. In. Caderno Seminal, Rio de Janeiro:
DIALOGARTS, 2000, ano 7, n. 8. p. 7-42.
COSTA, Jurandir Freire. A face e o verso - Estudos sobre o homoerotismo II. São
Paulo: Escuta, 1995.
COSTA, Jurandir Freire. A inocência e o vício: estudos sobre o homoerotismo. 3.
ed. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1992.
GREEN, André. Narcisismo de vida- Narcisismo de morte. São Paulo: Escuta,
1988.
MANN, Thomas. Tônio Kroeger / A Morte em Veneza. São Paulo: Círculo do Livro,
1982.
PAZ, Otávio. A dupla chama – amor e erotismo. São Paulo: Siciliano, 2001.
TODA IGLESIA, Maria Ángeles. That horrible, horrible fate of mine!: el héroe
homosexual en el Decadentismo. Stylistica, Sevilha, n.4, 1995-96, p.85-91.
PERRONE-MOISÉS, Leyla. Promessas, encantos e amavios. In: Flores na
escrivaninha: Ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p.13-20.
ROSENFELD, Anatol. Thomas Mann. São Paulo: Edusp/Perspectiva, 1994.

Currículo abreviado do autor:

Osmar Pereira Oliva


Possui graduação em Letras Português/Francês (1993), especialização (Lato
Sensu) em Língua Portuguesa e Linguística (1995) e especialização (Lato Sensu)
em Filosofia, pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes); mestrado
em Literatura Brasileira (1999) e doutorado em Literatura Comparada (2002),
ambos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); pós-doutorado em
Literatura Brasileira, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em
2007. Atualmente, é professor na Universidade Estadual de Montes Claros. Tem
experiência no ensino e na pesquisa na área de Letras, com ênfase nas Literaturas
de Língua Portuguesa, atuando principalmente na investigação dos seguintes
autores e temas: Eça de Queirós, Machado de Assis, Rachel de Queiroz, Clarice
Lispector, Autran Dourado e Milton Hatoum, orientalismo, fantástico, corpo, gênero,
literatura de Minas Gerais, literatura do século XIX. É autor e organizador de
diversos livros de crítica literária que abarca esses temas, dentre os quais

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Tradições e traduções, Editora da Unimontes, 2014 e Literatura, vazio e danação,


Editora Unimontes, 2013. e-mail: osmar.oliva@pq.cnpq.br.

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Cadernos de Literatura Comparada

Gerusa Alves dos Santos Dias*


UNIMONTES
Osmar Pereira Oliva**
UNIMONTES

Rachel Queiróz e Conceição de O Quinze:


Mulheres que buscam refundar a tradição
por meio da insubordinação feminina

Resumo:
A partir da perspectiva dos estudos culturais de gênero e da teoria feminista, este breve estudo busca con-
tribuir para a desconstrução do discurso canônico produzido pelo imaginário masculino a partir de uma
releitura de O Quinze, de Rachel de Queiróz, tomando a voz dissidente e o corpo fragmentado da protagonista
Conceição como lugar de resistência e insubordinação feminina.

Palavras-chave:
escrita feminina, insubordinação, desconstrução do cânone

Abstract:
From the perspective of cultural and gender studies and feminist theory, this brief study aims to contribute
to the deconstruction of the canonical discourse produced by the male imagination from a reinterpretation
of O Quinze, by Rachel de Queiróz, taking the dissenting voice and the fragmented body of the protagonist
Conceição as a place of resistance and female insubordination.

Keywords:
female writing, insubordination, deconstruction of the canon

Historicamente, o discurso opressor construído socialmente com base na dominação


masculina e patriarcal forjou a ideia de que a mulher era um ser biologicamente inferior e
frágil. Um segundo sexo, fraco e sem razão, forçado à passividade, subjugado ao desejo do
homem e incapaz de ocupar espaço na esfera pública.
Esse imaginário constituído pelo gênero masculino foi decisivo na construção do cânone
da literatura brasileira, visto que até meados do século XIX, apenas os homens tinham acesso
à educação formal e as mulheres estavam à margem da sociedade devido a aspectos políticos,

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Cadernos de Literatura Comparada

econômicos e sociais. De acordo com Nádia Battella Gotlib, “ao homem era de praxe se ‘ensi-
nar a ler, a escrever e a contar’, e à mulher, ‘a coser, lavar, a fazer rendas e todos os misteres
femininos’, que incluía a reza” (Gotlib 2003: 27).
Vagarosamente, em função das mudanças promovidas pelo progresso tecnológico, é que a
mulher começa a sair do espaço privado e a estudar dentro dessa sociedade fechada e machista.
Algumas dessas mulheres que conseguiram o direito a uma educação diferenciada foram in-
fluenciadas pelas ideias feministas que já circulavam na Europa o que garantiu o direito de in-
clusão de novas vozes como Mary Wollstonecraft, escritora inglesa que inspirou Nísia Augusta
Floresta para a acomodação das mesmas no cenário brasileiro, além de outras mulheres que
contribuíram para sinalizar profundas mudanças no campo intelectual, no terreno literário e
no modo de pensar da sociedade.
É naquele momento que a mulher começou a escrever e a participar significamente na lite-
ratura do país, no entanto ainda estava longe de ganhar um papel importante na nossa história
literária. Para tanto, é preciso lembrar que apenas uma pequena elite tinha acesso à língua escri-
ta no país, e que essa elite era composta em maioria pelo gênero masculino, de modo que, tanto
a figura da leitora quanto da autora eram restritas ou simplesmente não existiam.
Por terem sido ignoradas por tanto tempo, a nossa tradição literária desconsiderou o talen-
to criativo da mulher, centrando-a no dom artístico do homem. Por esse motivo, as mulheres
foram apagadas e silenciadas e a maior parte de sua história contada por homens. Segundo Rita
Terezinha Schmidt,

Excluída da órbita da criação, coube à mulher o papel secundário da reprodução. Essa tradição de cria-
tividade androcêntrica que perpassa nossas histórias literárias assumiu o paradigma masculino da
criação e, concomitantemente, a experiência masculina como paradigma da existência humana nos
sistemas simbólicos de representação. (Schmidt 1995: 184)

O apagamento produzido pelo cânone literário deixou fora de seus escopos escritoras de
nossa literatura que mereciam um lugar de estudo na formação de nossa identidade literária
e cultural. Nesse sentido, acreditamos na necessidade de resgatar obras e autoras dissidentes,
democratizando e igualando materiais culturais que acabaram sendo esquecidos ou não con-
templados pela crítica literária. Para Zahidé Lupinacci Muzart, a falta de um espaço propício
para suas criações custou caro às mulheres, pois “não ousando inovar, as mulheres submete-
ram-se aos cânones masculinos. E, imitando-os, para se integrarem na corrente, também não
foram reconhecidas nem respeitadas e sim, esquecidas, mortas” (Muzart 1995: 87).
A pretensão deste breve estudo não é discutir o lugar canônico que alguns escritores ocu-
pam na nossa tradição nem desconsiderar as obras “sagradas” da nossa literatura, pois estas se
referem a escritores de grande valor estético e literário que resistiram ao tempo. No que toca à
questão de gênero, observa-se que a mulher, em decorrência dos discursos ideológicos de poder
proferidos pelo gênero masculino, foi deixada à margem permitindo, assim, a falta de reconhe-
cimento e visibilidade de seus textos.

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Cadernos de Literatura Comparada
Gerusa Dias/ Osmar Oliva

Sem a intenção de questionar quem deve ficar dentro ou fora do cânone, mas para entender
as lacunas deixadas pelo apagamento das mulheres dentro da literatura brasileira, foi preciso,
pois, revisitar esta história para entender a violência aplicada à subjetividade feminina numa
sociedade patriarcal. Pois é evidente que o valor literário de uma obra não depende do sexo do
autor, mas do talento de cada um.
Assim, este retorno ao passado por meio de uma revisão crítica historiográfica sobre a
representação do feminino nos textos literários produzidos por mulheres no Brasil contribui
para a desconstrução do discurso canônico produzido pelo imaginário masculino e possibilita
um olhar da própria mulher sobre si mesma, pois segundo Lygia Fagundes “sempre fomos o
que os homens disseram o que nós éramos. Agora somos nós que vamos dizer o que nós so-
mos” (Telles apud Coelho 1993: 14).
Ao se posicionar como sujeito ativo e criativo, as mulheres escritoras puderam dar voz a
personagens a partir da perspectiva feminina e repensar o sujeito feminino além da tradicional
representação literária. Partindo dessa premissa de subversão aos valores e normas patriar-
cais criadas pela tradição literária masculina, pretendemos fazer uma releitura da narrativa
O Quinze, de Rachel de Queiróz, para discutir como a presença dessa voz consciente representa
a figura feminina e a escritura do corpo a partir da perspectiva da personagem Conceição.
Dentro deste campo fecundo de ideias sobre a emancipação da mulher na sociedade,
Rachel de Queiróz se destaca por ter sido uma das primeiras mulheres de sua época a se aven-
turar no terreno das letras, praticando uma atividade considerada exclusivamente masculina
e se colocando como sujeito de voz ativa. Por se confrontar com uma tradição literária criada
por homens, o romance O Quinze, publicado em 1930, gerou dúvidas quanto a sua autoria, pois
houve quem duvidasse da capacidade de uma mulher, quanto mais sendo tão jovem, ter tido
condições de escrever uma obra tão bem tecida. De acordo com Constância Lima Duarte citada
por Graciliano Ramos (2003):

O Quinze caiu de repente ali por meados de 30 e fez nos espíritos estragos maiores que o romance de
José Américo, por ser livro de mulher e, o que na verdade causava assombro, de mulher nova. Seria real-
mente de mulher? Não acreditei. Lido o volume e o retrato no jornal, balancei a cabeça: Não há ninguém
com esse nome. É pilhéria. Uma garota assim fazer romance! Deve ser pseudônimo de sujeito barbado.
(Duarte apud Ramos 2003: 212)

Aproveitando-se do cenário da seca que assolava o nordeste em 1915, Rachel de Queiróz


escreveu um romance que ultrapassa a perspectiva de um puro regionalismo com que foi lido
durante muito tempo, pois ali na narrativa também está presente um discurso de construção
sobre o lugar da mulher e o papel feminino na sociedade. Embora a escritora tenha negado seu
envolvimento com o movimento feminista, é possível perceber que o romance O Quinze é bem
marcado por estas reflexões e sua trajetória particular corroborando com a ideia de que todo
texto tem a marca do sujeito que escreve.

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Cadernos de Literatura Comparada
Rachel de Queiróz e Conceição de O Quinze

A protagonista do romance é Conceição, uma jovem professora que transita entre o espaço
do sertão e da capital espalhando pela trama da narrativa suas ideias feministas e sua incapa-
cidade de subordinação às normas impostas tradicionalmente às mulheres. Ela é uma mulher
emancipada, culta e letrada que se embebe das teorias socialistas e encontra sua liberdade e
independência na educação, se constituindo como sujeito pensante por meio de suas leituras.

Chegara até a se arriscar em leituras socialistas, e justamente nessas leituras é que lhe saíam as piores
das tais ideias, estranhas e absurdas à avó. Acostumada a pensar por si, a viver isolada, criara para seu
uso ideias e preconceitos próprios, às vezes largos, às vezes ousados, e que pecavam principalmente
pela excessiva marca de casa. (Queiróz 1937: s/p)

Assim que a mulher adentra no mundo da cultura, o magistério passa a ser considerado
uma vocação feminina e por que não uma oportunidade para as solteiras, uma vez que repre-
sentava uma missão sagrada de continuação da maternidade e doação incondicional ao outro,
não representando assim, uma ameaça à moral e aos bons costumes. No entanto, Conceição
rompe com essa ideia, pois se aproveitando da sua condição de professora, utiliza da lingua-
gem e do discurso como prática de poder e lugar de reivindicação de direitos iguais para ho-
mens e mulheres, colocando em perigo os anseios do patriarcado como se pode perceber na
seguinte passagem:

- Isso não é romance, Mãe Nácia. Você não está vendo? É um livro sério de estudo...
- De que trata? [...]
- Trata da questão feminina, da situação da mulher na sociedade, dos direitos maternais, do problema...
[...]
- Mãe Nácia, quando a gente renuncia a certas obrigações, casa, filhos, família, tem que arranjar outras
coisas com que se preocupe... Senão a vida fica vazia demais... (ibidem)

Através daquelas páginas lidas com tanto afinco é que Conceição extrai ideias para seu pro-
jeto de vida e resistência aos padrões tradicionais. É verdade que nutre por seu primo Vicente
um sentimento de grande estima e que em alguns momentos pensa em estar ao seu lado, mas
esse desejo é interditado por várias razões que acabam adiando seu papel de mulher e esposa
submissa. Talvez por não saber “amar com metade de coração” como afirma a própria Conceição,
dividida entre seus desejos femininos e o engajamento de suas leituras.
Ao mesmo tempo em que pensa estar ao lado de Vicente, esse homem rude, simples, de
belas feições e “busto forte”, Conceição se depara com a possibilidade de um casamento frus-
trado, pautado na submissão da mulher ao lado de um homem adúltero. Como a mulher era
subjugada pelo homem, ela lhe servia de objeto sexual e reprodutor e não podia exigir sua
fidelidade dentro do matrimônio. Receosa e desiludida, Conceição se torna indiferente com
Vicente, como se nota na seguinte passagem:

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Cadernos de Literatura Comparada
Gerusa Dias/ Osmar Oliva

Ainda sob a impressão da conversa com Chiquinha Boa a moça pensava em Vicente. E sofreu novamente
o sentimento de desilusão e despeito que a magoara quando a mulher falava. “Sim, senhor! Vivia de
prosear com as caboclas a até falavam muito dele com a Zefa do Zé Bernardo!” E ela, que o supunha in-
diferente e distante, e imaginava que, aos olhos dele, todo o resto das mulheres deste mundo se esbatia
numa massa confusa e indesejada... (ibidem)

O adultério era uma prática natural e muito comum na sociedade daquela época, pois os
homens poderiam gozar livremente de aventuras sexuais fora do casamento. A natureza poli-
gâmica do macho viril não era questionada e segundo os conselhos da avó Inácia, as mulheres
acabavam se acostumando a viver com esta situação. Conceição, no entanto, como mulher
que se afirma como sujeito do próprio destino e que almeja a liberdade em sentido amplo, não
aceita esta condição imposta à mulher como fica claro no diálogo com sua avó:

- Mas minha filha, isso acontece com todos...


[...]
- Pois eu acho uma falta de vergonha! E o Vicente, todo santinho, é pior do que os outros! A gente é
morrendo e aprendendo!
Dona Inácia meteu os olhos pelo passado e recordou-se dum velho tempo em que ela vivera também
aqueles rompantes e aquelas revoltas... E no fim, tudo isso é natural e de esperar, e a gente se acostuma
à força...
[...]
- Minha filha, a vida é assim mesmo... Desde que o mundo é mundo... Eu até acho os homens de hoje
melhores.
Conceição voltou-se rápida:
- Pois eu não! Morro e não me acostumo! É lá direto! Olhe Mãe Nácia, eu podia gostar de uma pessoa
como gostasse, mas sabendo de uma história assim, não tinha santo que desse jeito! (ibidem)

Essa incapacidade de se submeter às imposições sociais leva a protagonista a renunciar à


relação afetiva com Vicente, pois Conceição também começa a perceber a diferença cultural e
intelectual entre ambos. Ela uma normalista, leitora de Machado de Assis, e Vicente, um va-
queiro que sabia ler apenas as notas do gado, um homem “bom de ouvir e de olhar, como uma
bela paisagem”, mas que não entenderia suas responsabilidades fora do lar como professora
bem como sua obra social de apoio aos retirantes da seca no campo de concentração. Além do
mais, esse relacionamento colocaria em ameaça a sua liberdade conquistada, pois para Vicente
uma mulher não poderia sair de casa sem um “guarda de banda”. E sobre estas diferenças,
Conceição conclui:

[...] foi-lhe aparecendo a diferença que havia entre ambos, de gosto, de tendências, de vida. O seu
pensamento, que até a pouco se dirigia ao primo como a um fim natural e feliz, esbarrou nesta encru-
zilhada difícil e não soube ir a diante. (ibidem)

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Cadernos de Literatura Comparada
Rachel de Queiróz e Conceição de O Quinze

Em alguns momentos é possível perceber a ideologia patriarcal e o desejo de Vicente de ver


em Conceição uma mulher frágil, subjugada, “caída por terra” como na visão de seu sonho,
sem esses atributos de independência e intelectualidade que ela possuía, pois sua visão era o
perfil que se esperava de uma mulher no regime patriarcal.

Pensou em trazê-la à força, roubada, talvez, passando por cima de preconceitos e protestos, vendo-a
chorar, com os grandes olhos cheios de água, os cabelos escuros rolando soltos nas costas, cobrindo-lhe
a face assustada. (ibidem)

Dominar uma mulher “acostumada a pensar por si só”, com ideias e conceitos “às vezes
largos, às vezes ousados” como Conceição, não seria um intento tão fácil, além disso, ariscar-
-se e depois fracassar, colocaria em questionamento o poder fálico de sedução e conquista do
masculino. Assim, Vicente toma consciência da impossibilidade de seu desejo e pouco a pouco,

[...] foi descobrindo uma Conceição desconhecida e afastada tão diferente dele próprio, que, parecia
nunca coisa nenhuma os aproximara. Em vão procurou, naquela moça grave e entendida do mundo,
a doce namorada que dantes pasmava com sua força, que risonhamente escutava seus galanteios [...].
(ibidem)

A problemática do corpo também está presente no texto, visto que quase não há descrições
sobre o corpo físico de Conceição em sua totalidade. A imagem da protagonista está fragmentada
e espalhada na narrativa de forma que se fala apenas sobre suas mãos, seus olhos, seus braços
e seus cabelos sempre trançados. Pouco se sabe sobre quem é de fato Conceição por fora, essa
moça “morena e esguia” que chegava à velha fazenda do Quixadá “sempre cansada, emagrecida
pelos meses do professorado; e voltava mais gorda com o leite ingerido à força” (ibidem).
Aparentemente, a narrativa parece negar um corpo para Conceição, mas ele está lá, tecido
às escondidas, trançado e entrelaçado no corpo do texto através de seus gestos e atitudes. Des-
crições fragmentadas de um corpo que revela a resistência feminina através de sua voz, suas
mãos, seu olhar e seu discurso contra a dominação masculina. Ao não dar tanta visibilidade ao
corpo de Conceição pode-se perceber a intenção da autora em inserir na narrativa a ideia de
uma mulher pensante que se nega às amenidades do lar e às prerrogativas masculinas.
O cabelo “trançando” de Conceição evidencia a força dessa mulher que tem consciência de
suas escolhas, que não se deixa assujeitar e subalternizar, pois é sua voz que a torna dona de
seu corpo e seu destino. Segundo Simone de Beauvoir, “a mulher não é definida nem por seus
hormônios nem por seus instintos e sim pela maneira por que reassume, através de consciên-
cias alheias, o seu corpo e sua relação com o mundo” (Beauvoir 2009: 928).
Nesse sentido, a subtração do corpo físico é compensada por descrições mais sutis que
evocam a imagem de Conceição como uma mulher pensante e reflexiva, de natureza incomum,
“considerada superior no meio das outras”.

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Cadernos de Literatura Comparada
Gerusa Dias/ Osmar Oliva

A avó, que vinha de dentro, a veio encontrar ainda sentada, os olhos perdidos, o pensamento nos con-
tos lúgubres da seca, as tranças escuras caídas ao redor do rosto pálido, as mãos no regaço do vestido
branco, calada, triste, imóvel; e a velha sentou-se numa cadeira próxima, dividindo o silêncio com a
neta. (Queiróz 1937: s/p)

A ausência do corpo inteiriço de Conceição parece ter a negação do desejo, burlando o papel
da mulher no processo reprodutivo e reforçando a ideia de que é possível subordinar o corpo,
mas não se pode deter o pensamento de uma mulher como Conceição que não se rende às regras
sociais do patriarcado. Num cenário em que as mulheres assumiam o valor de uma mercado-
ria de troca entre as famílias abastadas, não descrever minuciosamente o corpo de Conceição
na narrativa, pode ser entendido como uma forma de resistência contra o discurso patriarcal
que impingiu à mulher a visão de um sujeito frágil do ponto de vista físico, intelectual e emo-
cional por sua matriz biológica e procriadora além de um interdito sexual contra a prática do
casamento patriarcal. Nesse sentido, Adriana Piscitelli também considera que “o corpo aparece,
assim, como o centro de onde emana e para onde convergem a opressão sexual e a desigualdade”
(Piscitelli 2004: 46).
Assim, pode-se inferir que por não estar descrito detalhadamente na narrativa, o corpo de
Conceição não pode ser tocado por Vicente muito menos entregue às relações de poder manti-
das pelo regime patriarcal. Se o corpo pode ser submetido ao prazer e aos desejos do homem, a
fragmentação do corpo de Conceição é uma estratégia para fugir dessa dominação masculina
marcando a resistência no processo de construção da subjetividade feminina.
Não há descrições sobre o corpo de Conceição no que se refere à boca, pernas, tornozelos
e busto que constituem objetos de censura e obsessão erótica. Porém, a caracterização da per-
sonagem Mariinha Garcia, uma moça de “lindos olhos e uma curiosa graça no riso”, por quem
Vicente tem uma rápida aproximação, é pautada em descrições mais corpóreas.

[...] Vicente, que olhava o bonde e uma moça que subia, voltou-se rindo para as irmãs:
- Vejam como a Mariinha Garcia tem as pernas grossas! Lourdinha o repreendeu, também rindo:
- Você não tem vergonha! ... Deixa as pernas da moça em paz! Ele se defendeu:
- Pra que vocês andam agora com estas saias tão justas? Vão subir no bonde, mostram até a batata da
perna... (Queiróz 1937: s/p)

Pelo que se pode perceber, as mulheres descritas no romance não são iguais entre si, pois o
corpo de Mariinha Garcia é um “objeto” passível de ser tocado e desejado por Vicente que pode
torná-lo submisso ao sistema vigente. Pode-se observar na narrativa que a moça manifesta
um comportamento esperado para as mulheres de sua época, sonha em casar-se; ter uma casa
e um homem digno de seu amor como se nota na seguinte passagem:

[...] a pobre Mariinha já alinhava risonhamente as primeiras peças da futura felicidade e todas as noites
sonhava com uma casa muito grande e muito branca, com uns braços fortes de lutador e de apaixonado,

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Cadernos de Literatura Comparada
Rachel de Queiróz e Conceição de O Quinze

com um largo peito de homem onde pousaria a cabeça. (ibidem)

A fragmentação do corpo de Conceição, por sua vez, assume um jogo estratégico dentro da
narrativa, pois passa a ser o centro de saberes mais apurados, de poderes mais articulados e,
consequentemente, um lugar de construção de um discurso de poder e resistência feminina. As
imagens fragmentadas do corpo de Conceição constituem o todo de sua personalidade, marca-
da pelas mãos que doam assistência aos desvalidos e que enxugam as lágrimas da avó quando
se despede do sertão, pelos “olhos doloridos de tanta miséria vista” no campo de concentração
bem como o olhar atento às questões femininas e à subordinação da mulher na sociedade.
Conceição representa mais que um corpo, mas uma voz dissidente que se posiciona con-
tra a dominação masculina, demonstrando um forte engajamento político, características
não-convencionais para uma mulher no início do século XX, pois não era à toa que Dona
Inácia tinha o hábito de “utilizar Conceição como intérprete de língua mais expedida e bem
informada” (ibidem).
Essa voz dissidente criada por Rachel de Queiróz ao dar vida a Conceição faz-nos pensar o
quanto a literatura feita por mulheres reflete as angústias, os desejos e os sonhos pessoais das
escritoras, uma vez que mimetizam formas de ser e de existir de sujeitos femininos que, assim
como elas próprias, não se submetem ao jugo patriarcal. Para Ruth Silviano Brandão (2004)
“a personagem feminina, construída e produzida no registro do masculino, não coincide com
a mulher. Não é sua réplica fiel, como muitas vezes crê o leitor ingênuo. É, antes, produto de
um sonho alheio” (Brandão 2004: 11). Essa representação, portanto, desconstrói o lugar da
mulher e da escritora dentro na literatura canônica para muito além das possibilidades de um
sujeito sem voz e sem discurso próprio.
Acostumada a pensar por si só, Conceição “torce sua natureza” rompendo com a tradição,
renunciando seus desejos femininos de se casar e constituir uma família. Para resistir às pres-
sões sociais, manter firme seus ideais de mulher revolucionária e,

para evitar o excessivo desemparo, a agente precisa criar seu ambiente, suas ideias, suas reformas, seu
apostolado... Embora nunca os realize... Nem sequer os tente... Mas ao menos os projete, e mentalmen-
te os edifique... (Queiróz 1937: s/p)

Pode-se notar, também, uma crítica velada aos padrões religiosos, pois sustentada a par-
tir da ideologia católica, a mulher tinha seu comportamento moldado para o matrimônio, a
maternidade e submissão ao marido. Unir seres tão diversos se constituía numa observância
das leis divinas e da natureza, subverter essa ordem seria desobedecer a Deus. As qualidades
femininas deveriam aproximar-se do modelo da virgem Maria da ideologia católica, e seus
desejos voltados para a preservação da família e dos valores cristãos. No entanto, Conceição
decide não se casar e não ter filhos, rompendo com o estereótipo feminino de sua época.
Indiferente à fé demonstrada pela avó por meio das súplicas e devoção aos santos, das
rezas e uso do “rosário de grandes contas pretas pendurado no braço”, Conceição é descrente

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Cadernos de Literatura Comparada
Gerusa Dias/ Osmar Oliva

quando a avó faz uma novena pedindo pela chuva e prefere ficar em casa lendo seus livros a ir
à igreja, como se nota na passagem abaixo:

Maciamente, num passo resvalado de sombra, Dona Inácia entrou, de volta da igreja, com seu rosário
de grandes cotas pretas pendurado no braço. Conceição só viu quando o ferrolho rangeu, abrindo:
- Já de volta, Mãe Nácia?
- E você sem largar esse livro! Até em hora de missa! A moça fechou o livro, rindo:
- Lá vem Mãe Nácia com briga! Não é domingo? Estou descansando. (ibidem)

O discurso hegemônico do patriarcalismo utilizava a religião, o casamento e a maternidade


como ferramentas de controle e subordinação feminina em relação à ordem imposta pela so-
ciedade falocêntrica o que justifica a desconfiança de Conceição nessas instituições. De acordo
com Simone de Beauvoir, “o destino que a sociedade propõe tradicionalmente à mulher é o ca-
samento. Em sua maioria, ainda hoje, as mulheres são casadas, ou foram, ou se preparam para
sê-lo, ou sofrem por não o ser” (Beauvoir 1976: 165). No entanto, evidenciamos dentro do texto
literário por meio do exercício da escrita de Rachel de Queiróz em, O Quinze, a descrença absolu-
ta de Conceição em relação ao casamento e a escolha de não ser mãe biológica de seus próprios
filhos como recusa à objetificação do corpo feminino a esses papéis socialmente constituídos.
A partir das ideias de Conceição que inclui outras perspectivas sociais, a temática da ma-
ternidade é apresentada como algo não inerente à condição feminina, devendo ser uma es-
colha e não uma imposição à mulher. Emancipando-se e conquistando a liberdade de decidir
seu próprio destino, a mulher pode ter o controle sobre seu corpo de modo que a maternidade
segundo Elisabeth Badinter,

Deixara de ser o alfa e o ômega da vida feminina. Para as mulheres abriu-se uma diversidade de modos
de vida desconhecida das suas mães. Podiam dar prioridade às suas ambições pessoais, desfrutar o
celibato e uma vida a dois sem filhos ou então satisfazer o desejo da maternidade, acompanhando ou
não a atividade profissional. (Badinter 2010: 11)

Resistir às pressões sociais em uma sociedade onde o papel feminino ainda era fortemen-
te marcado pelo matrimônio e a maternidade, demostra a consciência de Conceição em lutar
contra a política de silenciamento e o jugo patriarcal que impunha regras ao sujeito feminino.
Negociando com as estruturas de poder e com os valores do patriarcado uma vez que a literatura
canônica produzida pelo gênero masculino instituiu a ideia de que as mulheres celibatárias e/ou
sem filhos estariam condenadas à eterna solidão, Raquel de Queiróz traz para o texto literário
por meio da personagem Conceição a perspectiva de uma maternidade social, sem reprodução,
sem dominação do corpo, sem a necessidade do contato físico com o homem.
Corroborando com esse pensamento Hélène Cixous afirma que, “por um longo tempo,
tem sido no corpo que as mulheres têm respondido à perseguição, à empresa familiar-con-
jugal de domesticação, às tentativas repetidas de castração” (Cixous 1976: s/p). Diferente das

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Cadernos de Literatura Comparada
Rachel de Queiróz e Conceição de O Quinze

representações tradicionais que mostram a figura feminina por meio de descrições mais cor-
póreas, Conceição rompe com os parâmetros de sua época na medida em que adota atitudes
diferenciadas que subvertem os modelos estereotipados produzidos pelo discurso masculino.
Se “o verdadeiro destino de toda mulher é acalentar uma criança no peito”, Conceição
decide criar como seu filho o afilhado Duquinha e fazer dele um “homem de bem”. Nesse sen-
tido, se não é desejável a Conceição gerar os filhos frutos do próprio ventre porque caminha na
contramão das imposições sociais, é possível criar o filho de outra pessoa, doar afeto a um outro
ser mesmo que não seja seu filho biológico, reinventar para além do seu corpo sua própria ma-
ternidade, pois Vicente nada mais era agora do que a imagem de um fantasma que vai sumindo
num nevoeiro dourado da noite.
O fato de Rachel de Queiróz escrever e representar uma personagem feminina num terri-
tório cheio de armadilhas e barreiras contra o cerceamento que impelia a atuação e produção
feminina no cenário social e literário reitera a importância dos escritos de autoria feminina e a
necessidade de refundar a tradição colocando as produções literárias produzidos por mulheres
no cânone literário nacional.

NOTAS

*
Gerusa Alves dos Santos Dias é Mestranda em estudos literários pelo Programa de Pós-Graduação em Letras-Estudos Li-

terários (PPGL/EL), da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES); Graduada em Letras-Espanhol pela Univer-

sidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES – 2004); em Letras-Português pela Universidade Metropolitana de Santos

(UNIMES - 2015); em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Boa Esperança (FAFIBE – 2018); em Edu-

cação Especial pela Universidade Santa Cecília (UNISANTA – 2019); Professora Especialista em Atendimento Educacional

Especializado na Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais e experiência em Educação a Distância.


**
Osmar Pereira Oliva possui graduação em Letras Português/Francês (1993), especialização (Lato Sensu) em Língua Portu-

guesa e Linguística (1995) e especialização (Lato Sensu) em Filosofia, pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimon-

tes); mestrado em Literatura Brasileira (1999) e doutorado em Literatura Comparada (2002), ambos pela Universidade Fede-

ral de Minas Gerais (UFMG); pós-doutorado em Literatura Brasileira, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ),

em 2007. Atualmente, é professor na Universidade Estadual de Montes Claros. Tem experiência no ensino e na pesquisa na

área de Letras, com ênfase nas Literaturas de Língua Portuguesa, atuando principalmente na investigação dos seguintes

autores e temas: Eça de Queirós, Machado de Assis, Rachel de Queiroz, Clarice Lispector, Autran Dourado e Milton Hatoum,

orientalismo, fantástico, corpo, gênero, literatura de Minas Gerais, literatura do século XIX.

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Cadernos de Literatura Comparada
Gerusa Dias/ Osmar Oliva

Bibliografia

Badinter, Elisabeth (2010), O conflito: a mulher e a mãe, Lisboa, Relógio D’Água Editores.
Beauvoir, Simone de (1967), O segundo sexo: a experiência vivida, trad. de Sérgio Milliet, São
Paulo, Difusão europeia do livro.
Brandão, Ruth Silviano (2004), “A mulher escrita”, in Castello Branco, Lúcia/ Brandão, Ruth
Silviano (Orgs.), A mulher escrita, Rio de Janeiro, Lamparina editora, pp. 11-94.
Coelho, Nelly Novaes (1993), A literatura feminina no Brasil contemporâneo, São Paulo, Siciliano.
Cixous, Hélène (1976), “O riso da medusa”, in Signs: Journal of Women in Culture and Society 1976,
vol. 1, nº 4.
Duarte, Constância Lima (2003/2004), “Feminismo e literatura: discurso e história”, in O Eixo e
a Roda. Revista de Literatura Brasileira, v. 9/10. Belo Horizonte, pp. 195-219. Disponível em:
http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/o_eixo_ea_roda/article/view/3167
Gotlib, Nádia Batella (2003), “A Literatura feita por mulheres no Brasil”, in Brandão, Isabel e
Muzart, Zahidé L. (Orgs.), Refazendo Nós-Ensaios sobre a Mulher e Literatura, Florianópolis,
Editora Mulheres.
Muzart, Zahidé Lupinacci (1995), “A questão do cânone”, in Anais do IX Encontro Nacional da
ANPOLL, João Pessoa, pp. 89-99.
Piscitelli, Adriana (2004), “Reflexões em torno do gênero e feminismo”, in Costa, Cláudia de
Lima e Schmidt, Simone Pereira (Orgs.), Poéticas e Políticas Feministas, Florianópolis, Ed.
Mulheres.
Queiróz, Rachel de (1937), O Quinze, Edição Integral.
Schmidt, Rita Terezinha (1995), “Repensando a cultura, a literatura e o espaço de autoria femi-
nina”, in Navarro, M. H. (Org.), Rompendo o silêncio: gênero e literatura na América Latina,
Porto Alegre UFRGS.

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© 2020. This work is licensed under
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/ (the
“License”). Notwithstanding the ProQuest Terms and
Conditions, you may use this content in accordance with
the terms of the License.
Relação das atividades extraclasse que serão desenvolvidas pelo
docente no curso

Prof. Dr. Osmar Pereira Oliva

Orientação de 4 trabalhos de conclusão de curso

Orientação de 3 dissertações de mestrado

Participação em eventos locais e nacionais

Participações em reuniões colegiadas do Departamento de Comunicação e


Letras

Participações em reuniões colegiadas do Mestrado em Letras/Estudos


Literários

Desenvolvimento de um projeto de pesquisa institucionalizado

Coordenação de um grupo de pesquisa em Estudos Literários

Elaboração de artigos para publicação em revistas especializadas da área

Publicação de um livro

Montes Claros – MG, 03 de outubro de 2022.

Osmar Pereira Oliva

Masp. 0834.597-7
LEITURAS DE JERUSALÉM E DA CHINA EM
DUAS NARRATIVAS DE EÇA DE QUEIRÓS1

READINGS OF JERUSALEM AND CHINA IN


TWO NARRATIVES BY EÇA DE QUEIRÓS

Osmar Pereira Oliva2

RESUMO: O Oriente sempre foi um topos para a imaginação ocidental e um


leitmotiv para a criação artística. Por um lado, foram construídas referências
cristãs, a partir das representações de Jerusalém; por outro, representaram-se
fantasias sobre a riqueza fácil e sobre a liberdade moral e sexual que pode-
riam ser encontradas na China. Estas leituras das representações de Jerusalém
e da China tomam como base os conceitos de “orientalismo” desenvolvidos por
Edward Said e Isabel Pires de Lima; e de “fantástico”, segundo Carlos Roberto
F. Nogueira e Maria do Carmo Castelo Branco de Sequeira, a fim de se discutir
como Eça de Queirós representou, ironicamente, esses lugares imaginários.
PALAVRAS-CHAVE: Eça de Queirós. Jerusalém. China. Orientalismo. Fantástico.

ABSTRACT: The Orient has always been a topos for Western imagination and
a leitmotiv for artistic creation. In one sense, Christian references were built
from the representations of Jerusalem; in other sense, fantasies about the easy
wealth and about the moral and sexual freedom that could be found in China
were represented. These readings of the representations of Jerusalem and Chi-
na are based on the concepts of “orientalism” developed by Edward Said and
Isabel Pires de Lima; and “fantastic”, according to Carlos Roberto F. Nogueira
and Maria do Carmo Castelo Branco de Sequeira, in order to discuss how Eça
de Queirós represented, ironically, these imaginary places.
KEYWORDS: Eça de Queirós. Jerusalem. China. Orientalism. Fantastic.

1. Orientalismo e dimensão fantástica


Isabel Pires de Lima, discutindo o orientalismo na Literatu-
ra Portuguesa, afirma que, no século XIX, multiplicam-se as obras
de narrativas de viagens em que o Oriente “torna-se um topos
para a imaginação ocidental e um leitmotiv da criação artística.
Proliferam na Europa a pintura e a literatura orientalistas, a ponto

1 
Artigo recebido em 15/04/2020 e aceito para publicação em 18/06/2020.
2 
Professor de Literaturas de Língua Portuguesa nos cursos de Letras e no mestrado em Estudos Lite-
rários da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. E-mail: osmar.oliva@unimontes.br.

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DOI: https://doi.org/10.47250/intrell.v33i1.14183 | 155
Osmar Pereira Oliva

de se poder falar de uma semiótica oriental” (LIMA, 2001, p.437).


Para essa autora, o Oriente aparece como metáfora de uma pátria
subjetiva, espiritual, onde cada um encontra o que procura, por
meio de uma busca interior, uma viagem imaginária e até estática.
Alguns desses autores conheceram, de fato, o Oriente, como Eça
de Queirós, que viajou para o Egito na época da inauguração do
canal de Suez, em 1869. Segundo Luís Manuel de Araújo:

A viagem por terras do Oriente durou pouco mais


de 2 meses: Eça desembarcou em Alexandria no dia
5 de novembro, seguindo logo para o Cairo, onde
visitou os monumentos islâmicos e os vestígios da
civilização faraônica existentes nos arredores da
grande metrópole cairota. (...) Durante a sua per-
manência no Egito, Eça de Queirós foi anotando em
pequenos cadernos as impressões colhidas nas vi-
sitas aos locais históricos, tendo desenvolvido mais
cuidadosamente os seus apontamentos em meias
folhas de papel almaço, nas quais também incluiu
algumas idéias que o ambiente local lhe ia sugerindo
(In: Campos Matos, 1988, p.220-221).

Seguindo as anotações do que ia vendo e experimentan-


do em terras orientais, predomina na escrita eciana uma visão
“realista” do espaço, dos costumes e das tradições e da religião,
como é perceptível em A Relíquia. Já em O Mandarim, Eça nos
apresenta uma visão estereotipada da China, assim como o Oci-
dente a concebia, na época. Nesse sentido, vale ressaltar o im-
portante livro Orientalismo, de Edward Said (2001), para o qual
o Oriente foi concebido pelos europeus como um (pre)conceito
e menos como uma experiência. Já na introdução de sua obra,
Said (2001:13) afirma que “O Oriente era quase uma invenção
européia, e fora desde a Antigüidade um lugar de romance, de
seres exóticos, de memórias e paisagens obsessivas, de experi-
ências notáveis (SAID, 2001, p.13).”
Alguns autores do século XIX que viajaram para o Oriente
e escreveram sobre suas impressões de viagens demonstram,
por meio da ficção produzida, um sentimento de angústia, de
insatisfação, de desencanto, pois chegaram a esse lugar primeiro
como europeu, colonizador, ou americano, e, depois, como ho-
mens. Segundo Said:

Interdisciplinar, São Cristóvão, UFS, v. 33, jan-jun, p. 155-171, 2020 |


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LEITURAS DE JERUSALÉM E DA CHINA EM
DUAS NARRATIVAS DE EÇA DE QUEIRÓS

O Oriente é olhado, posto que o seu comportamento


quase (mas nunca totalmente) ofensivo tem origem em
um reservatório de infinita particularidade; o europeu
cuja sensibilidade passeia pelo Oriente é um observador,
nunca envolvido, sempre afastado, sempre pronto para
novos exemplos daquilo que a Description de l’Égypte
chamou de “bisarre jouissance”. O Oriente torna-se um
quadro vivo de estranheza (SAID, 2001, p.112).

Outros dados importantes na obra de Said são a visão cien-


tífica que muitos autores do século XIX tinham sobre o Oriente,
como uma necessidade de conhecê-lo para classificá-lo e, contra-
ditoriamente, a necessidade individual do autor de reinterpretar
o Oriente para compreender a si mesmo e, não, um lugar estra-
nho, um povo e uma cultura exóticos. Mesmo assim, percebemos
pelo menos três tipos de narrativas sobre o Oriente: a) com uma
visão mais realista (na perspectiva histórica, da colonização, por
exemplo); b) como relatos de peregrinações; c) com descrições
fabulosas, nas quais o Oriente aparece como um espetáculo.
A Relíquia, publicado em 1887, é considerado pelos crí-
ticos da obra de Eça de Queirós como o mais fantasista dos seus
romances, juntamente com O Mandarim (1897) e A Cidade e as
Serras (1901). Discutindo a presença do fantástico na ficção quei-
rosiana, Maria do Carmo Castelo Branco de Sequeira afirma que,
com o Romantismo, começou a desenvolver-se um tipo específico
de ficção, acompanhado muitas vezes por reflexão doutrinária, a
que se denominou de ficção fantástica.
A narrativa queirosiana apresenta elementos que, de certa
forma, estão mais ligadas ao Romantismo, já que o próprio con-
ceito de fantástico, embora ainda esteja em construção, é feito
pela negação da realidade, como escreve Maria do Carmo Castelo
Branco de Sequeira, “‘impossible’; ‘unreal’; ‘nameless’; ‘formless’;
‘shapeless’; ‘unknow’(...)” (SEQUEIRA, 2002, p. 217).
Essa ficção, derivada do termo “fantasia”, abrangeria tudo
o que não privilegiasse uma representação realista e estaria vin-
culada aos ideais românticos de retorno ao passado, às origens.
Para essa autora, o fantástico possui um vínculo estreito com a
literatura popular, com as narrações orais, as quais mais acentu-
adamente narram estórias maravilhosas, de encantamento e de
aparições sobrenaturais.

Interdisciplinar, São Cristóvão, UFS, v. 33, jan-jun, p. 155-171, 2020 |


DOI: https://doi.org/10.47250/intrell.v33i1.14183 | 157
Osmar Pereira Oliva

O Iluminismo contribuiu significativamente para o recru-


descimento desse tipo de literatura, uma vez que possibilitou a
“revisão” crítica dos dogmas cristãos e a valorização da cultura
popular, a crença em aparições. Por outro lado, o século XIX apre-
sentou um certo desencanto com a ciência, com o progresso e
com a racionalidade, o que motivou o culto do irracional, do ideal,
das representações místicas como forma de escapismo.
O fantástico é, pois, um tipo de ficção que se caracte-
riza pela irrupção do mistério, do inexplicável, do inadmissível,
que se introduz na “vida real” ou no “mundo real”, ou, ainda,
na “inalterável legalidade cotidiana” das personagens, conforme
afirma Tzvetan Todorov. Segundo esse autor, “o fantástico (...)
dura apenas o tempo de uma hesitação: hesitação comum ao
leitor e à personagem, que devem decidir se o que percebeu de-
pende ou não da ‘realidade’, tal qual existe na opinião comum”
(TODOROV, 1975, p. 47-48).
Alargando a discussão para a questão dos desejos sexuais,
Todorov aponta que uma das figuras mais recorrentes nesse tipo de
literatura é a do diabo, encarnação do que é profano, proibido, in-
terdito. Em oposição, representam-se símbolos incompatíveis com
o desejo sexual, como esculturas sacras ou a cruz, por exemplo.
Ainda são poucos os estudos realizados sobre O manda-
rim, e menos ainda sobre a função do fantástico. Dentre os que
já a analisaram, destacam-se Óscar Lopes, que estudou a figura
do diabo; Beatriz Berrini, que elaborou um ensaio sobre “Os pre-
fácios ensaísticos de Eça de Queiroz”; e Maria do Carmo Castelo
Branco de Sequeira, que trabalhou com o fantástico na obra de
Eça Queirós, investigando a sua função na poética do romance.
Para Sequeira, a dimensão fantástica é “(...) um constante cruza-
mento de um modelo de mundo ficcional verossímil (que se pre-
tendia representação do mundo factual) com aspectos do absur-
do, do insólito, do macabro, do desconhecido e do sobrenatural
(...)” (SEQUEIRA, 2002, p. 444).
Portanto, o caráter fantástico de uma narrativa se dá pela
fuga da realidade, entrando no terreno do improvável e do impos-
sível, levando o leitor a sentir um estranhamento à medida que
o mundo real vai se tornando desconhecido, ou seja, parte-se de
algo real para se atingir o sobrenatural.

Interdisciplinar, São Cristóvão, UFS, v. 33, jan-jun, p. 155-171, 2020 |


DOI: https://doi.org/10.47250/intrell.v33i1.14183 | 158
LEITURAS DE JERUSALÉM E DA CHINA EM
DUAS NARRATIVAS DE EÇA DE QUEIRÓS

2. O Oriente como topos erótico


Em A relíquia, Teodorico narrador nos informa que uma
tarde, ao escurecer, cerrou os olhos e viu surgir um homem nu,
colossal, tisnado, de cornos, olhos vermelhos e reluzentes, com
um rabo infindável. Nessa passagem, o leitor é posto entre o sono
e a vigília, o real e a imaginação, e acompanha a personagem e o
diabo até o monte da crucificação de Jesus Cristo.
Além de erotizado, o diabo torna-se o guia de Teodorico
pelo Egito, apresentando-lhe as deusas Vênus, Milita, Ísis e as de-
lícias da vida terrena. Em contraposição, a imagem de Cristo é o
seu antípoda, pois pregava a mortificação da carne, usando a cruz
escura para esmagar a terra.
Ainda que o romance A Relíquia possa ser lido sob a pers-
pectiva do fantástico, aqui nos deteremos apenas em discutir algu-
mas representações de Jerusalém como metáfora de negação ou
questionamento do cristianismo. A narrativa se vale do flash-ba-
ck para tentar recompor as memórias do narrador-personagem,
como se percebe nas primeiras páginas do romance, momento
em que Teodorico explica por que escreveu o livro de sua vida:

Decidi compor, nos vagares deste Verão, na minha


quinta do Mosteiro (antigo solar dos condes de Lin-
doso), as memórias da minha vida (...)
Em 1875, nas vésperas de Santo Antônio, uma desilusão
de incomparável amargura abalou o meu ser: por esse
tempo minha tia, D. Patrocínio das Neves, mandou-me
do Campo de Sant’Ana, onde morávamos, em romagem
a Jerusalém (...) e uma grande mudança se fez nos meus
bens e na minha moral (QUEIRÓS, s/d, p. 11).

A partir dessas primeiras informações, o leitor é desperta-


do para o interesse de saber que eventos ocorreram ao narrador
que mudaram a sua vida. A curiosidade do leitor é ainda mais agu-
çada porque é evocada a cidade de Jerusalém, tão presente em
nosso imaginário ocidental e cristão. No entanto, ao contrário das
narrativas confessionais, em que, geralmente, as qualidades do
narrador são idealizadas, o narrador se expõe como um “herói”
hipócrita, interesseiro e aproveitador, além de antecipar que sua
viagem ao Oriente lhe trouxe desilusão e amargura.

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Durante uma reunião entre familiares e amigos, realizada


na casa de D. Patrocínio, os convivas falam de seus desejos e so-
nhos. Teodorico, em tudo submisso às vontades de sua Titia, espe-
rando com essa servilidade beata e hipócrita ser agraciado com a
fortuna dela, já que era o seu único e legítimo herdeiro, é interpela-
do sobre suas ambições. Propenso aos gozos carnais e libidinosos,
o protagonista responde que desejaria conhecer Paris, alegando
que visitaria as igrejas. Tendo sua ideia reprovada por parte da Titi,
o Dr. Margaride sugere que a viagem seja feita à Terra Santa:

– Ia à Terra Santa, D. Patrocínio! Ia à Palestina, mi-


nha Senhora! Ia ver Jerusalém e o Jordão! Queria eu
também estar um momento de pé, sobre o Gólgota,
como Chateaubriand, com o meu chapéu na mão, a
meditar, a embeber-me, a dizer “salve!”. E havia de
trazer apontamentos, minha senhora, havia de publi-
car impressões históricas. Ora aí tem V. Exª. onde eu
ia... Ia a Sião (QUEIRÓS, s/d., 50).

A fala do Dr. Margaride ecoa como uma opinião comum


aos intelectuais do século XIX: viajar para o Oriente para o des-
crever em narrativas de viagens e assim reavivar no imaginário
ocidental o gosto pelo exótico, a fascinação pelas ruínas de ci-
dades e templos antigos e até mesmo pelas novas experiências
eróticas. É nesse sentido que Teodorico encara a proposta. A
princípio, pensou que fosse possível conhecer a França e seus
prazeres. Quando vê seus planos mudarem de direção, procura
descobrir uma maneira de aproveitar bem a sua peregrinação
pelo Oriente. Sob o viés da ironia, o autor Eça de Queirós parece
problematizar a visão ingênua e a ignorância dos ocidentais em
relação ao Oriente, pois Teodorico nem mesmo sabe onde fica
Jerusalém, mas começou a considerar que,

para chegar a esse solo de penitência, tinha de atra-


vessar regiões amáveis, femininas e cheias de fes-
ta. Era primeiro essa bela Andaluzia, terra de Maria
Santíssima, perfumada de flor de laranjeira, onde as
mulheres só com meter dois cravos no cabelo, e tra-
çando um xale escarlate, amansam o coração mais
rebelde (...) Era adiante Nápoles – e as suas ruas es-
curas, quentes, com retábulos da Virgem, e cheiran-

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LEITURAS DE JERUSALÉM E DA CHINA EM
DUAS NARRATIVAS DE EÇA DE QUEIRÓS

do a mulher como os corredores dum lupanar. Era


depois mais longe ainda a Grécia: (...) as mulheres
tinha conservado lá o esplendor da sua forma e o
encanto do seu impudor... Jesus! O que eu podia go-
zar! (QUEIRÓS, s/d., p. 52).

Teodorico imagina o Oriente como o lugar das delícias car-


nais, em tudo oposto ao imaginário religioso da Titi Patrocínio e
de muitos ocidentais, ainda hoje. Para muitos ocidentais, uma ro-
maria a Jerusalém significaria um grande marco de suas existên-
cias, pois permitiria ao viajante ver alguns trechos por onde Jesus
Cristo teria caminhado e visitar o monte da crucificação ou o tú-
mulo onde o Messias estivera sepultado. Jerusalém, no imaginá-
rio cristão, representa a pátria celeste, um lugar de origem, para
onde se deseja retornar. Segundo o profeta Isaías, no capítulo 62:

Por amor de Sião, me não calarei e, por amor de Je-


rusalém, não me aquietarei, até que saia a sua justi-
ça como um resplendor, e a sua salvação, como uma
tocha acesa. As nações verão a tua justiça, e todos os
reis, a tua glória; e serás chamada por um nome novo,
que a boca do Senhor designará. Serás uma coroa de
glória na mão do Senhor, um diadema real na mão
do teu Deus. Nunca mais te chamarão Desamparada,
nem a tua terra se denominará jamais Desolada; mas
chamar-te-ão Minha-Delícia; e à tua terra, Desposa-
da; porque o Senhor se delicia em ti (BÍBLIA Sagrada,
1999, p.1152-1153).

A essas imagens, de cidade iluminada e glorificada, lugar


de delícias, o narrador queirosiano contrapõe outras, de cunho
decadentista e naturalista, desconstruindo essa visão espirituali-
zada do profeta Isaías: “Jerusalém é uma vila turca, com vielas
andrajosas, acaçapada entre muralhas de lodo, e fedendo ao sol
sob o badalar de sinos tristes.” (QUEIRÓS, s/d, p. 12).
Enquanto para Isaías Jerusalém é o lugar da espera, do
cumprimento de uma profecia, para Teodorico é a certeza de uma
desilusão, de uma amargura. Maria Helena Nery Garcez (1997),
utilizando o salmo 122 e o capítulo 60 do Livro do Profeta Isaías,
já apontou algumas visões de Jerusalém, contrapondo as imagens
de “Cidade da Paz”, “A Bem Edificada” às imagens tristes e deca-

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dentes construídas pelo narrador queirosiano. Segundo Garcez:


“Tudo parece levar a crer que Eça de Queirós quis reservar para
o espaço do sonho as imagens positivas e amáveis de Jerusalém,
como que a dizer-nos que o cristianismo, assente sobre o judaís-
mo, teria sido um sublime ideal para a humanidade, uma perfeita
religião, se fosse praticável; porém, já no próprio sonho, começa-
va a mostrar-se imperfeita.” (GARCEZ, 1997, p. 378).
Aparecida de Fátima Bueno (2000), em sua tese de dou-
torado “As imagens de Cristo na Obra de Eça de Queirós” retoma
essas visões de Jerusalém, a partir dos apontamentos de Garcez,
reafirmando a dessacralização dessa cidade símbolo do cristianis-
mo. Para Bueno, o Cristo é posto em segundo plano na narração,
aparecendo apenas como coadjuvante de sua própria história.
Aqui, em vez de contrapor visões de espaços geográficos:
Lisboa e Jerusalém, procuro discutir a simbologia desses lugares
para a personagem-narrador, um sujeito que, enquanto está no
ocidente, tem os seus desejos controlados e interditos pela igre-
ja católica, no romance representado pela severa D. Patrocínio. A
viagem a Jerusalém é, pois, uma forma de Teodorico libertar-se
dessa vigilância religiosa.
O Oriente, preconcebido pela personagem como um lugar
distante e triste, passa a ser a única saída para a sua liberdade
sexual, o que concorda com o pensamento de parcela significativa
do mundo ocidental. Segundo Luiz Nazário, “a experiência da via-
gem, real ou imaginária, revela-se uma necessidade do homem.”
(NAZÁRIO, 2005, p. 222). Apropriadamente, Nazário afirma que a
viagem é uma metáfora da vida.
Enquanto para o cristão a peregrinação a Jerusalém seria
um retorno ao centro de Israel, tomando o significado da ascese
e da purificação, para Teodorico, um português hipocritamente
católico, essa peregrinação significa um martírio, pois Jerusalém
representa para ele tudo o que ele abomina na Titi Patrocínio. Tal-
vez por isso, por meio do fantástico, ele passa a acompanhar a via
crúcis do Cristo, sentindo ele mesmo os castigos carnais imputa-
dos ao Messias.
Significativamente, Eça de Queirós constrói algumas cenas
em que o diabo aparece como um companheiro de Teodorico,
narrando-lhe as experiências luxuriosas:

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LEITURAS DE JERUSALÉM E DA CHINA EM
DUAS NARRATIVAS DE EÇA DE QUEIRÓS

(...) o Diabo rompeu a contar-me animadamente os


cultos, as festas, as religiões que floresciam na sua
mocidade. Toda esta costa do Grande Verde, então,
desde Biblos até Cartago, desde Elêusis até Mênfis,
estava atulhada de deuses. Uns deslumbravam pela
perfeição da sua beleza, outros pela complicação da
sua ferocidade. Mas todos se misturavam à vida hu-
mana, divinizando-a: viajavam em carros triunfais,
respiravam as flores, bebiam os vinhos, defloravam
as virgens adormecidas. (...) Aí todas as mulheres,
matronas ou donzelas, se vinham um dia prostituir
nos bosques sagrados, em honra da deusa Milita
(QUEIRÓS, s/d., p. 67).

Depois de um longo diálogo em que expõe os prazeres car-


nais a Teodorico, o diabo lamenta: “Mas aparecera este carpintei-
ro de Galileia – e logo tudo acabara.” (QUEIRÓS, s/d., p. 68).
Tenho discutido em outras leituras que Eça de Queirós re-
vela, por meio de sua ficção, uma intensa preocupação com o des-
tino de Portugal, atrasado econômica e politicamente em relação
ao restante da Europa.
Em A Relíquia, duas questões fulcrais para uma reflexão
sobre o atraso de Portugal podem ser apontadas; primeiro, a reli-
giosidade irracional, que impede o progresso e o desenvolvimen-
to da ciência, personificada no romance por D. Patrocínio, cujos
horizontes se restringem aos altares de adoração, na sua limitação
de católica tradicional e intransigente. Segundo, a ociosidade da
personagem Teodorico, que, semelhante ao um ator de teatro, re-
presenta para a Titi e seus amigos uma farsa, quase convencendo
a si mesmo de sua carolice.
Teodorico recebeu uma boa formação, desde os 7 anos,
quando, órfão, é trazido para a casa de sua tia. Forma-se em Direi-
to, mas nada faz para conseguir os meios de sua sobrevivência. O
que ele deseja mesmo é que a tia arrebente para que herde sua
fortuna. Talvez por isso Eça de Queirós não permita que ele traga
de Jerusalém a coroa de espinhos forjada para ser a relíquia da
Titi, o que lhe garantiria a herança tão almejada. Se ele obtivesse
essa riqueza fácil, não saberia o que fazer com ela.
Não é por acaso que, depois de desconstruir o cristianis-
mo, o romance apresenta uma certa retomada de consciência, ao
final da narrativa, quando, olhando no espelho, Teodorico vê o

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Cristo saltar de dentro dele, fazendo-o refletir sobre a realidade e


sobre a sua moralidade. Hesitante, o protagonista indaga ao leitor
se não teria sido melhor afirmar que o embrulho pardo que en-
tregou a Titi era mesmo uma relíquia santa, e que a camisola da
inglesa Mary era a camisa de Maria Madalena.
A meu ver, Eça de Queirós recupera esse português hipócrita
e malandro, pois quando Crispim, a sua primeira afeição de infância,
lhe convida para ir à igreja, ele responde: Olha, Crispim, eu nunca
vou à missa... Tudo isso são patranhas... eu não posso acreditar que
o corpo de Deus esteja todos os domingos num pedaço de hóstia de
farinha. Deus não tem corpo, nunca teve... Tudo isso são idolatrias,
são carolices... Digo-te isto rasgadamente... Podes fazer agora comi-
go o que quiseres, Paciência!” (QUEIRÓS, s/d., p.204-205).
A franqueza de Teodorico convence Crispim de sua sinceri-
dade e os aproxima ainda mais. A seguir, outra conquista se efeti-
va, decorrente desse processo de transformação por que passa o
protagonista. Lembremo-nos das primeiras linhas dessa narrativa,
quando o narrador afirma suas mudanças nos bens e na moral.
Por um lado, perdeu a fortuna da Titi, por outro lado, tornou-se
um sujeito moral. Quando é interpelado por Crispim sobre os seus
sentimentos a respeito de D. Jesuína, Teodorico responde: “Amor,
amor, não... Mas acho-a um belo mulherão: gosto-lhe muito do
dote; e havia de ser um bom marido.” (QUEIRÓS, s/d., p. 205).
O final do romance confirma a vitória desse homem que
recobra a consciência e abandona suas aventuras amorosas, suas
hipocrisias e ociosidade. Assim, Jerusalém é apresentada no ro-
mance como uma cidade decadente, suja, feia porque representa
para o narrador a origem do cristianismo, que o impediu de gozar
os prazeres da vida e herdar a fortuna da Titi. No entanto, a cami-
nho de Jerusalém, existe um outro Oriente, Alexandria, o Egito,
lugares de delícias, onde o viajante pode gozar os prazeres da car-
ne sem o peso dos valores morais da sociedade ocidental, como
imaginou e experimentou Teodorico.

3. O imaginário da riqueza fácil


Em O mandarim, Eça de Queirós problematizou, mais uma
vez, o par ociosidade/ação. Teodoro, um funcionário público, se-
gue uma rotina difícil de suportar, até que é convidado pelo diabo

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LEITURAS DE JERUSALÉM E DA CHINA EM
DUAS NARRATIVAS DE EÇA DE QUEIRÓS

a tocar uma campainha, matar um mandarim e obter dele a for-


tuna. Inicialmente, o dinheiro propiciou a essa personagem um
reconhecimento público e o gozo da vida mundana. Enquanto
oferece festas suntuosas, Teodorico tem o respeito da socieda-
de; quando deixa de usufruir da riqueza do mandarim, todos se
afastam e se esquecem dele. Movimento explorado pelo narrador
para ironizar a postura da sociedade lisbonense.
Por outro lado, esse fantasioso Teodoro tem uma ilumi-
nação interior a que o narrador chama de consciência, capaz de
julgar esse comportamento e até a si próprio, motivo que o leva
a planejar a viagem à China para devolver à família do mandarim
a fortuna que lhe fora tomada. Nessa viagem, a personagem pre-
sencia e narra a decadência e o abandono na China por meio de
imagens com as quais o leitor do século XIX não estava acostuma-
do. A consciência se personifica para tentar mostrar ao persona-
gem a conseqüência de suas ações:

(...) Quando, depois de jantar, sentindo ao lado o aro-


ma do café, eu me estirava no sofá, enlanguescido,
numa sensação de plenitude, elevava-se logo dentro
de mim, melancólico como o coro que vem de um er-
gástulo, todo um sussurro de acusações:
- E todavia tu fizeste que esse bem-estar em que te
regalas, nunca mais fosse gozado pelo venerável Ti
Chin-Fu!...
Debalde eu replicava à Consciência, lembrando-lhe
a decrepitude do Mandarim, a sua gota incurável...
Facunda em argumentos, gulosa de controvérsia, ela
retorquia logo com furor:
- Mas, ainda na sua atividade mais resumida, a vida é
um bem supremo: porque o encanto dela reside no
seu princípio mesmo, e não na abundância das duas
manifestações! (...) (QUEIRÓS, 1970, p. 1053).

Seu espírito positivista, no entanto, não aceitava que tudo


isso estivesse acontecendo, e negava que o dinheiro fosse de al-
gum ente sobrenatural (fosse ele o mandarim, o diabo ou Deus).
Por isso, diz que “O teu grande nome de Consciência não me as-
susta! És apenas uma perversão da sensibilidade nervosa. Posso
eliminar-te com flor de laranja!” (QUEIRÓS, 1970, p. 1053-1054).

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A ideia de ter levado a miséria a crianças faz com que o


narrador busque na religião um “perdão”. No entanto, por não
acreditar em Deus, pediu a Nossa Senhora das Dores que conce-
desse alívio. Passou a rezar, mas era “(...) mais uma consolação
fictícia que os que possuem tudo inventaram para contentar os
que não possuem nada... (...)” (QUEIRÓS, 1970, p. 1055).
Apesar das descrições de uma China fantástica, com co-
midas exóticas, riqueza, palácios e uma cultura diferente atraí-
rem inicialmente o narrador, quando prossegue sua viagem, indo
para os bairros chineses, sai do esplendor para a imundície, solo
lamacento, ruas empoeiradas, um fedor e vê um velório de um
mandarim. Inicia-se um processo de desmitificação, mas até aqui,
não houve desapontamento. No Templo do Céu, Teodoro vê mais
elementos fantásticos:

Ao passar junto ao Templo do Céu, vejo apinhada num


largo uma legião de mendigos; tinham por vestuário
um tijolo preso à cintura num condel; as mulheres,
com os cabelos entremeados de velhas flores de pa-
pel, roíam ossos tranqüilamente; e cadáveres de crian-
ças apodreciam ao lado, sob o vôo dos moscardos.
Adiante topamos com uma jaula de traves, onde um
condenado estendia, através das grades, as mãos des-
carnadas, à esmola... Depois Sá-Tó mostrou-me res-
peitosamente uma praça estreita: aí sobre pilares de
pedra, pousavam pequenas gaiolas contendo cabeças
de decapitados: gota a gota ia pingando delas um san-
gue espesso e negro... (QUEIRÓS, 1970, p. 1063-1064).

Percebe-se que a passagem tem características realistas/


naturalistas. A preocupação do autor se volta para a desconstru-
ção do imaginário que é atribuído ao Oriente, pois aqui as ima-
gens descritas provocam a quebra da idéia que se tem de uma
terra maravilhosa, ideal. Neste momento, sente uma melancolia
de estar ali isolado no “mundo bárbaro” e estranho, pois começa
a perceber as mazelas do local, e passa a ver a China com outros
olhos, se importando mais com sua terra.
Óscar Lopes discute que o diabo apareceu por causa da
ambição de Teodoro e no final só para “(...) lhe negar a satisfação
do seu remorso (...)” (LOPES, 1997, p. 466), de voltar atrás. De
qualquer modo, isso vai reforçar o arrependimento demonstrado

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LEITURAS DE JERUSALÉM E DA CHINA EM
DUAS NARRATIVAS DE EÇA DE QUEIRÓS

em outras passagens, e desestimula qualquer um de seguir seu


exemplo: “‘ Só sabe bem o pão que dia a dia ganham as nossas
mãos: nunca mates o Mandarim!’” (QUEIRÓS, 1970, p. 1081).
Aqui, Eça reforça o tom moralizante de sua narrativa.
A personagem Teodoro viajou para o Oriente para comple-
tar seu vazio, já que sua consciência estava punindo-o pela morte
do mandarim. Teodoro segue a religião só no mundo dos sonhos,
enquanto que, “acordado”, ele segue a razão. E notamos, tam-
bém, que ele só se sente português depois que se vê em outra ter-
ra, por isso sente falta de conviver com seus “iguais” civilizados.
Carlos Roberto F. Nogueira, em um interessante estudo so-
bre o diabo no imaginário cristão (1986), realiza um levantamen-
to das primeiras representações simbólicas do diabo, a partir da
tradição hebraica, responsável pela gestação do cristianismo, que
sistematizou e determinou a figura, atividades e esfera de ação do
diabo. Quase sempre, ele é a representação do mal, o tentador,
o acusador, o juiz, o ladrão de almas. O cristianismo bipolarizou a
escolha do homem: o Bem = Deus, luz, claridade, salvação; o Mal
= o diabo, escuridão, trevas, perdição. Segundo Nogueira:

Qualquer que fosse o poder de Satã, era privilégio de


cada cristão a capacidade de lhe opor resistência. A
permissão concedida por Deus aos demônios de co-
locar os cristãos à prova era simplesmente para que
estes pudessem cobrir os espíritos malignos de ver-
gonha e, ao mesmo tempo, reforçar a sua própria fé
(NOGUEIRA, 1986, p.25).

Em toda a parte se vê o diabólico. O imaginário popular


está repleto de suas configurações, algumas vezes associadas à
mulher, uma vez que os textos bíblicos têm afirmado que a mu-
lher está mais propensa ao mal que o homem. No entanto, segun-
do Nogueira, o diabo utiliza múltiplos e criativos disfarces, como
um homem galante, como uma bela mulher, incitando à luxúria,
como um padre ou como um mercador, cabendo a um santo (um
homem de caráter e coração puros) o poder de desmascarar esse
“ator brilhante”. O diabo também poderá se apresentar sob a for-
ma de um animal ou mesclando formas humanas com uma na-
tureza bestial. Esse imaginário contribui para reforçar o aspecto
monstruoso e deformador do anjo do mal.

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Aspecto interessante é que “o Romantismo transformará


Satã no símbolo do espírito livre, da vida alegre, não contra uma
lei moral, mas segundo uma lei natural, contrária à aversão por
este mundo pregada pela Igreja. Satanás significa liberdade, pro-
gresso, ciência e vida”. (NOGUEIRA, 1986, p.80). Nesse sentido,
em alguns textos do século XIX, o diabo passou a ser representado
como o amigo do homem – inimigo de Deus – rebelião contra a fé
e moral tradicional, revelando a descrença do homem na vontade
divina, e, no entanto, uma crença na sua purificação por via do
sofrimento, que é uma transição para a espiritualidade.
Se, por um lado, o diabo configura-se como um ser mal-
vado, em tudo oposto a Deus e ao cristianismo, ligando-se pois, à
crença na salvação da alma, por outro, no plano psicológico, tor-
na-se o símbolo da libido, sem a qual não há o desabrochar do hu-
mano. Deve-se ressaltar o seu caráter paradoxal, pois, ao mesmo
tempo que o diabo mostra a escravidão que espera aquele que
fica cegamente submisso ao instinto, ele representará, também,
uma libertação das amarras morais e das convenções sociais, so-
bretudo as de cunho religioso, que impedem o homem de viver a
felicidade terrena em sua plenitude.
No Dicionário de símbolos, Chevalier et Gheerbrant discu-
tem a representação do diabo, afirmando que

[t]odo o papel do diabo é esse: espoliar o homem,


tirar-lhe a graça de Deus, para então submetê-lo
à sua própria dominação. É o anjo caído, com
suas asas roídas, que quer partir as asas de todo
criador. Ele é a síntese das forças desintegradoras
da personalidade. O papel do Cristo, ao contrário,
é de arrancar o gênero humano ao poder do dia-
bo pelo mistério da cruz. A cruz do Cristo liberta
os homens, i. e., põe de novo nas suas mãos, com
a graça de Deus, a livre disposição deles mesmos,
de que uma tirania diabólica os havia privado.En-
quanto divisor, desintegrador, o diabo preenche
uma função que é a antítese exata da função do
símbolo, que é de reunir, integrar (grifos nossos)
(CHEVALIER ET GHEERBRANT, 1997, p.337).

No contexto pós-iluminista, que despertou a consciência


crítica e menos crédula nos dogmas religiosos, principalmente do

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LEITURAS DE JERUSALÉM E DA CHINA EM
DUAS NARRATIVAS DE EÇA DE QUEIRÓS

Catolicismo, Eça de Queirós parece “brincar” com as representa-


ções do diabo, seja para “revisar” a crença cega na religião, seja
para satirizar o imaginário popular construído em torno desse
símbolo do mal. Retomando nossas reflexões, a partir de Carlos
Roberto F. Nogueira,

[a] apresentação do elemento demoníaco sob uma


forma animal ou mesclando formas humanas e ani-
mais contribuía para salientar a sua natureza bestial,
de acordo com a orientação canônica, mas também
constituía um costume tradicional: o de representar
seres sobrenaturais de modo monstruoso, por meio
da combinação de elementos diversos da Natureza
(NOGUEIRA, 1986, p. 57-58).

Em A relíquia, o diabo tem uma forma física de acordo


com o imaginário cristão: possui chifres, olhos vermelhos e rabo
de serpente – o que está em conformidade com a doutrinação
recebida por Teodorico Raposo na companhia da tia Patrocínio,
desde a infância. No entanto, em Jerusalém, é na companhia do
diabo que o leitor o encontrará, junto com a amante Adélia e a
inglesinha Mary, ou assistindo, a distância, a crucificação de Jesus
Cristo, condenando-o por proibir aos homens os prazeres carnais.
O diabo não lhe impõe medo, e está associado à luxúria, à vida
livre. O Oriente foi representado como o lugar das delícias, longe
da vigilância religiosa e moral ocidental, especialmente a cristã
católica, de onde Teodorico se originava.
Já em O Mandarim, o diabo se personifica como um homem
comum, destituído de formas animalescas, assumindo, talvez, um
dos seus disfarces: de um homem galante, vestido de preto. Sim-
boliza, dessa vez, não a sexualidade, mas o apego à riqueza, que
pode ser obtida da forma mais fácil, não importa se a personagem
tenha que tocar uma campainha e matar um mandarim na China.
Nessa narrativa, Eça de Queirós problematizou um tema constante
em sua produção literária: o binônio ociosidade/ação3, pelo qual
chama a atenção do leitor, mesmo se utilizando da retórica e/ou
do disfarce da ironia, para que a realidade não seja negada em fa-
vor da fantasia, para que o trabalho suplante a inatividade.
3 
Para conhecer mais a discussão que realizei sobre a tese ociosidade/ação, ver minha tese de
doutorado O corpo e a voz – Inscrições sobre o masculino em narrativas queirosianas, defendida
na Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, em 2002.

Interdisciplinar, São Cristóvão, UFS, v. 33, jan-jun, p. 155-171, 2020 |


DOI: https://doi.org/10.47250/intrell.v33i1.14183 | 169
Osmar Pereira Oliva

Tanto em A relíquia quanto em O mandarim temos duas


contundentes reflexões sobre a realidade histórica de Portugal
no final do século XIX. Na primeira narrativa, Eça de Queirós pro-
blematiza a influência negativa da religião na formação do povo
português, se não alienante, pelo menos ineficiente e teórica, fan-
tasiosa e hipócrita. Na segunda narrativa, o autor desconstrói o
imaginário seiscentista do Oriente como um lugar exótico, paradi-
síaco e de enriquecimento fácil, considerado pelos europeus como
lugar de bárbaros, sem cultura e de livre exploração econômica.

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DOI: https://doi.org/10.47250/intrell.v33i1.14183 | 171
Literatura infantil e ensino –
considerações sobre a dramaturgia
de Oscar Von Pfuhl

Osmar Pereira Oliva


Unimontes
Cláudia Andrade Souto
Unimontes

Resumo: Oscar von Pfuhl escreveu peças teatrais voltadas para o público infantil,
valorizando o imaginário da criança e as maravilhas do seu mundo de
sonhos. Em sua poética, há o jogo com as palavras, o uso de recursos
lúdicos diversos, mas há, também, um recorrente apelo à
conscientização e moralização do seu leitor e espectador. Esse
problema motivou essa pesquisa: como o autor articulou aspectos
estéticos a reflexões políticas e sociais.Nossos estudos comprovaram
quea composição do teatro de Pfuhl, com característica das fábulas,
desencadeia também alguma moral, algum ensinamento para o leitor
infantil, assumindo, portanto, uma tendência conscientizadora, sem
deixar de valorizar a fantasia, o lúdico e os jogos com as palavras.

Palavras-chave: literatura infantojuvenil; teatro; moral; consciência.

Title: Children literature and teaching – some remarks on Oscar Von Pfuhl’s
dramaturgy

Abstract: Oscar von Pfuhl wrote plays for children, valuing their imagination and
the wonders of their world of dreams. In his poetry, there is the game
with words, the use of many recreational resources, but there is also a
recurring call to the reader´s and viewer’s conciousness and
Literatura infantil e ensino – considerações sobre a dramaturgia de Oscar Von Pfuhl

moralization. This problem motivated this research: how the author


articulated esthetic aspects to political and social reflections.The
studies showed that Pfuhl´s theater composition, with the
characteristics of fables, also triggers some moral, some teaching to the
child reader, assuming therefore a conscientizing trend, while
enhancing fantasy, fun andwordplay.

Keywords: youth literature; theater;moral; consciousness.

Oscar Rocha von Pfuhl nasceu no Rio de Janeiro em 1903 e faleceu


em 1986. Médico, graduado pela Universidade de São Paulo em 1940, e
dramaturgo, exerceu sua atividade de escritor teatral na cidade de Santos,
São Paulo. Foi casado com Gilberta Autran von Pfuhl, irmã do ator Paulo
Autran. Em 1963, presidiu o Sindicato dos Médicos de Santos, São Vicente,
Cubatão, Guarujá e Praia Grande (Sindimed). Iniciou, antes dos dez anos de
idade, a escrita de pequenos textos para teatro de fantoches, os quais
aprendeu a fazer e a manipular. Produziu diversos textos teatrais e teve
muito destaque nos anos 60 por suas peças de teatro infantojuvenil.
Durante alguns anos, escreveu roteiros para televisão, dentro do mesmo
gênero, e teve ocasião de publicar alguns livros de teatro. Dentre suas
publicações estão: As beterrabas do Sr. Duque (1967); O natal do ferreiro
(s/d); Um elefantinho incomoda muita gente (1968); Belinha e a Fera (s/d);
A máscara do minotauro (s/d); Seis bichos à procura de uma história
(1982); As goiuvas (1982),representada pelo grupo GAL de Santos, São
Paulo, e sob a direção de Gilberta Autran von Pfuhl. Seis bichos à procura
de uma história e As goiuvas encontram-se no livro Textos de teatro
infantojuvenil, de 1982. Também fazem parte da dramaturgia de Oscar von
Pfuhl Jeremias, herói (1966); Tatá, um tamanduá apaixonado (1972); A
bomba do Chico Simão (1962); Dom Chicote Mula Manca (1969), encenada
em 1971, com participação de Regina Duarte; A árvore que andava
(1960); Chapeuzinho Vermelho (s/d); Verinha e o lobo ou Um lobo na
cartola (1962); O circo de bonecos (s/d), traduzido para a língua inglesa
pelo próprio Pfuhl, sendo intitulado The circus of puppets (1981), e Romão

242 Linguagem & Ensino, Pelotas, v.20, n.1, p. 241-262, jan./jun. 2017
Osmar Pereira Oliva

e Julinha (1982). As quatro últimas peças foram encenadas pelo Teatro de


Grupo, no Teatro Aliança Francesa de São Paulo. Seus textos dramáticos
infantojuvenis, publicados durante as décadas de 60 e 70, período no qual
o Brasil vivia sob o regime militar, surpreendem por questionarem crítica e
abertamente temas antes impensáveis para seu público, como o
autoritarismo, o obscurantismo, a repressão, a falta de liberdade e de
respeito ilustrados claramente em Jeremias, herói (1966), por exemplo.

Dentre as publicações de Pfuhl citadas, foram encontradas na


Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e disponíveis para compra (na
Estante Virtual – site de venda de livros usados), até maio de 2016, O circo
de bonecos, The circus of puppets, Romão e Julinha, Dom Chicote Mula
Manca, Seis bichos à procura de uma história e As goiuvas, ressaltando que
ambas encontram-se em Textos de teatro infantojuvenil, Jeremias, herói,
Tatá, um tamanduá apaixonado e Teatro de Oscar von Pfuhl, uma
coletânea composta por Um lobo na cartola, A árvore que andava, A
bomba do Chico Simão, As beterrabas do Sr. Duque e Um elefantinho
incomoda muita gente.

Percebe-se a dificuldade de lidar com um autor cuja obra não está


disponível nas livrarias, com edições restritas e praticamente sem estudos
acadêmicos. Apenas dois artigos referentes à sua dramaturgia foram
publicados, sendo eles “Da inocência à consciência – amor e crítica social
em Romão e Julinha, de Oscar von Pfhul” (30/11/2012), do autor Osmar
Pereira Oliva e “Representações de femininos contestadores em Jeremias,
herói de Oscar von Pfuhl” publicado em julho de 2012, de autoria de Kênia
Lisboa Colares Novais. Pfuhl também é citado no artigo de Joaquim
Francisco dos Santos Neto (2014), intitulado“Diálogos de Brecht com o
teatro infantil brasileiro”.

Literatura infantil e teatro para crianças – alguns apontamentos

A definição de literatura infantojuvenil, embora também


incompleta, está inserida em teses defendidas por pedagogos que
demarcam a não existência de uma literatura especialmente escrita para

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Literatura infantil e ensino – considerações sobre a dramaturgia de Oscar Von Pfuhl

crianças, mas a adaptação das obras-primas da literatura universal assim


como obras especiais destinadas às crianças conforme a diferença de sua
mentalidade. Ambas as teses supracitadas são contraditadas por vários
exemplos. Robinson Crusoe (1719), de Daniel Defoe, As viagens de Gúliver
(1726), de Jonathan Swift, as obras de Júlio Verne, destinadas ao público
adulto, são mundialmente consagradas pelas crianças. O clássico de Robert
Louis Stevenson, A ilha do tesouro (1883), Pinocchio (1883), de Collodi
(Carlos Lorenzini), os contos maravilhosos de Andersen e Perrault
encantam tanto o público infantil como também o adulto.

Independente de qualquer tese, conceituar literatura infantil pode


envolver conceitos morais e implica, essencialmente, valores estéticos, não
permitindo que a premência de um elimine a do outro. A estética, que
envolve a arte em geral e engloba a literatura como modalidade específica,
dissemina-se pelos fenômenos da percepção, da sensibilidade e da
inteligência por ela implicados. Precisamos pensar a literatura infantil
como uma obra de arte que pode exercer influência sobre as crianças, ou
adultos, instruindo ou divertindo.

Em seu livro Literatura infantil brasileira (2011), Leonardo Arroyo


reforça as teses citadas, afirmando que a

conceituação de literatura infantil tem variado muito no espaço e


no tempo, tão íntima é a relação, em sua natureza, com a
pedagogia. E tão imponderáveis são também os critérios
constituídos para o estabelecimento de um conceito definitivo que,
na maioria das vezes, ou geralmente, atendem apenas a
determinadas implicações históricas, sociais e, sobretudo,
pedagógicas. É o que ressalta facilmente ao longo do estudo de sua
história, que vai encontrar no aparecimento do livro especialmente
dirigido à criança – e confirmada depois pela aceitação de livros que
não o foram, mas se tornaram clássicos pela sacramentalização dos
leitores infantis – indisfarçável surpresa (ARROYO, 2011, p.26-27).

A literatura infantil tem suas funções mais abrangentes, seja ela


instruir ou distrair, ou ambos. O prazer, no entanto, envolve ideias e ideais
que afetam seu público infantil. Sem a arte, que embriaga de prazer, em
viagens de imaginação e criatividade, a obra literária infantojuvenil pode

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Osmar Pereira Oliva

apossar-se de uma função educativa, objetivando o desenvolvimento da


sensibilidade e do senso crítico. Conduzir leitores e espectadores a julgar o
que lhe é destinado e usufruir desse prazer é um dos maiores benefícios
dessa arte.

O teatro, classificado como obra literária e não apenas como uma


realização cênica, pode ser expresso em prosa literária ou em linguagem
poética, e é estruturado em diálogos e em cenas representadas por
personagens. A tragédia grega foi sua primeira manifestação,
presentificando um mundo em conflito. No texto dramático, figura, além
do diálogo, a interação verbal enriquecida pela linguagem corporal,
cenário e figurino, dentre outros. A palavra, sempre orientada social e
ideologicamente para o seu público, é fundamental para a atribuição de
sentido ao texto. O teatro infantil, apesar de ter surgido com preocupações
didáticas, sendo marginal em relação ao gênero destinado ao adulto,
consegue alcançar seu reconhecimento artístico no Brasil com o
surgimento do grupo teatral amador O Tablado, em 1951, dirigido por
Maria Clara Machado (1921-2001).

As primeiras fábulas, de Jean La Fontaine, surgiram em 1668 e, no


Brasil, como fabulista pioneiro, temos Monteiro Lobato (1882-1948), que
recontava as famosas criações de La Fontaine e de Esopo. Conforme Hênio
Tavares, em Teoria literária (1981), a fábula apresenta, de modo geral,
duas características: tem por assunto a vida dos animais e por finalidade
uma lição de moral. (TAVARES, 1981). Assim, a fábula permite instruções
dentro de preceitos morais, através de narrativas com personagens
inanimados e/ou animais e uma moral. Esse caráter educativo,
conscientizador e pedagógico, que faz uma analogia entre a vida humana
com as histórias vivenciadas pelas personagens, é denominado de moral.
Esse ensinamento é geralmente apresentado no fim da narrativa,
constatado na conclusão da história. Apesar de a moral ser um tema muito
recorrente na Filosofia, não nos aportamos nessa disciplina; restringimo-
nos apenas ao tom conscientizador e moralizante das peças de teatro de
Pfuhl, no sentido de que elas ensinam respeito, ética, cidadania, justiça,
dentre outros temas que a moral abarca. A concepção de moral e de

Linguagem & Ensino, Pelotas, v.20, n.1, p. 241-262, jan./jun. 2017 245
Literatura infantil e ensino – considerações sobre a dramaturgia de Oscar Von Pfuhl

conscientização foi, consequentemente, utilizada a partir dos elementos


estruturadores da fábula.

A Semana de Arte Moderna de 1922, que foi um marco para as


artes, não abrangeu o teatro, que ficou adormecido por longos anos. Sua
renovação aconteceu em 1943, com a estreia de Vestido de Noiva, de
Nelson Rodrigues, sob a direção de Ziembinski, que escandalizou o público
e modernizou o palco brasileiro. Vestido de Noiva fez um grande sucesso
assim como o Auto da Compadecida (1955), de Ariano Suassuna.Com o
golpe militar em 1964, veio a censura e um número enorme de peças foi
proibido. A partir dos anos 70 o teatro ressurge mostrando produções
constantes.

O teatro infantilteve mais visibilidade no Brasil no século XX. Maria


Antonieta Cunha fixa que a peça a ser representada para crianças deve
apresentar todas as características de um bom espetáculo para adultos.
Essa crítica também ressalta o que Maria Clara Machado, um dos nomes
mais expressivos do teatro brasileiro e especialista na dramaturgia infantil,
publicou em outubro de 1969, no Rio de Janeiro, no Boletim da Fundação
Nacional do Livro Infantil e Juvenil, n.5:

Verdadeiros aventureiros se lançam ou se atrevem a fazer teatro


para crianças, desconhecendo não somente a criança, ou melhor,
ignorando-a, como desconhecendo também as regras básicas para
se fazer um bom espetáculo; produção e direção de atores quase
sempre postas em segundo plano, cenas mal ensaiadas onde os
atores, muitas vezes, apenas estão procurando sobreviver
economicamente, sem se empenharem realmente nos papéis que
representam. Teatro de segunda classe, onde nem os críticos
teatrais dos principais jornais se aventuram a ir para não morrerem
de tédio ou de vergonha. Preferem calar ou silenciar, ou melhor,
não assistir a tais espetáculos que estão sendo oferecidos todos os
fins de semana às crianças (MACHADO, apud CUNHA, 1985, p.109-
110).

Marco Camarotti discute que o teatro para crianças foi durante


muito tempo designado como “teatrinho”, diminutivo que pode
caracterizar a visão do teatro infantil como uma “atividade menor”, que

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Osmar Pereira Oliva

tinha a princípio um caráter puramente pedagógico e patriótico, presente


em Coelho Neto (Theatro infantil, 1928) ouFigueiredo Pimentel
(Theatrinho infantil, 1938). “Eles escreveram pequenas comédias e
monólogos, de grande ingenuidade, que as crianças recitavam, com a
finalidade primordial de encantar os adultos, quase sempre parentes dos
pequenos declamadores” (CAMAROTTI, 1984, p.17).

Até a década de quarenta este gênero esteve sempre nas mãos de


educadores, não sendo ainda uma atividade empresarial, a cargo dos
artistas de teatro. Em 1948, com a estreia de O casaco encantado, de Lúcia
Benedetti, no Rio de Janeiro, o teatro infantil ganhou lugar de destaque e
na década de cinquenta mais outro impulso com o aparecimento de Maria
Clara Machado e seu O Tablado, grupo amador de finalidades artístico-
culturais, fundado em 1951.

Camarotti afirma também que, se antes de Lúcia Benedetti o teatro


infantil não era feito por artistas adultos, O Tablado revelou e lançou na
carreira teatral grandes nomes do teatro brasileiro, entre autores,
diretores, atores, cenógrafos, figurinistas e técnicos. Somente nos anos
setenta, o teatro infantil brasileiro passou a despertar o interesse de maior
número de pessoas, dentre elas jovens escritores que a ele se dedicam
com excelentes intenções e realizações (CAMAROTTI, 1984).

Marco Camarotti identifica alguns problemas relacionados ao


teatro, e dentre eles está “o descaso que normalmente os adultos
apresentam em relação à inteligência e capacidade crítica da criança e à
importância de um teatro a ela destinado” (CAMAROTTI, 1984, p.16). E na
dramaturgia de Oscar von Pfuhl encontramos uma poética comprometida
com o respeito ao seu público ao ilustrar situações de repressões vividas
pelo seu povo, além dos aspectos negativos característicos da Ditadura,
que levam à conscientização sobre situações reais enfrentadas por nossa
sociedade e ao desenvolvimento de uma postura crítica, não subestimando
o potencial do seu leitor infantojuvenil.

Linguagem & Ensino, Pelotas, v.20, n.1, p. 241-262, jan./jun. 2017 247
Literatura infantil e ensino – considerações sobre a dramaturgia de Oscar Von Pfuhl

Oscar Von Pfhul e o teatro que “ensina”

Na dedicatória de Jeremias, herói (1996), Pfuhl reverencia “a todos


aqueles que desagradaram déspotas com suas ideias ou ações, e por isso
vieram a sofrer perseguições ou perda de seus bens mais preciosos: a
liberdade e a vida” (PFUHL, 1996, s.p.), confirmando seu repúdio à
submissão, à injustiça, ao medo, ao sofrimento gerados pela prepotência
de ditadores. Podemos afirmar que Pfuhl percebe no público infantojuvenil
uma alternativa de resistência e questionamento, o que é negado em
muitas produções destinadas a esse leitor. Jeremias, herói foi encenada
pela primeira vez em Santos (SP), vinte anos após sua primeira
publicação,“[...] estreando em 1º de março de 1986, com um elenco de
alunos do SESC-Santos, sob a direção de Neyde Veneziano.” (PFUHL, 1996,
s.p.). Coincidentemente, 1986 é o ano do falecimento de Pfuhl e ano
seguinte ao encerramento da Ditadura Militar.

Pfuhl foi uma das vozes da literatura e do teatro brasileiros


comprometidas com a liberdade de expressão que se opunha abertamente
contra a Ditadura. Seu processo de construção literária procura trazer para
o público infantojuvenil a “inexistência de heróis e vilões clássicos, dando a
entender que a luta do Homem se faz em favor da transformação das
forças agressivas e destruidoras, existentes dentro e fora da alma humana,
em impulsos construtivos” (PFUHL, 1996, s.p.). A insatisfação e objeção a
esse sistema estão refletidos em Jeremias, herói, obra de cunho político e
moralizante, com explosões de gritos à liberdade, conforme o autor
informa no prefácio desse livro:

A aversão às formas mais brilhantes de energia luminosa (cores)


indica a preferência pelos ambientes sombrios ou contrastados,
onde o autoritarismo estimula o culto à personalidade, a obediência
total e a falta de autocrítica. Coisas que por sua vez formam
indivíduos ou pusilânimes ou cheios de exibicionismo sádico, como
os guardas Jeremias e Plutão. Neles se acumulam tensões e revoltas
mal dissimuladas, que explodem no final (PFUHL, 1996, s.p.).

Nas “Sugestões do autor” dessa peça teatral, há a indicação de


cores para as roupas dos personagens, que espelham o perfil de cada um e

248 Linguagem & Ensino, Pelotas, v.20, n.1, p. 241-262, jan./jun. 2017
Osmar Pereira Oliva

buscam prestigiar as cores do arco-íris. Percebemos que, desde o início da


escrita desse texto, há oposição à vida sombria imposta pelo Chefe
daquele país chamado Cinzelândia. O autor, porém, dá plena liberdade de
escolha aos tons que serão usados. Mas a cor roxa (cor das paixões
violentas) de Jeremias faz parte do texto e é fixa.

[...] Chicobé é um pobre funcionário público que espera melhorar


suas condições financeiras. Usará então o amarelo. Rosa, moça
tímida, merece o vermelho revolucionário porque possui a mais
bela das coragens: a coragem cívica, que a faz contrariar as
proibições e ensinar a verdade das cores às crianças, pondo em
risco conscientemente sua liberdade. Galatéa é o traço de união
entre Rosa e Chicobé, ela os aproxima e isso os faz se apaixonarem:
a união do vermelho ao amarelo dá o laranja. Quanto ao verde,
onde ficaria melhor senão na camisa do Chefe nacional? E o azul
sobra para Plutão, psicologicamente um bebê masculino que ainda
tem muito a aprender da vida (PFUHL, 1996, s.p.).

O Brasil, governado até então por militares desde 1964, quando


ocorreu ogolpe de Estado, teve o regime militarenfraquecido e, no governo
de João Figueiredo(1979-1985), o país passou para os civis, após anos de
frustração. Em 1985, Tancredo Neves foi eleito pelo Colégio Eleitoral com
480 votos contra 180 de Paulo Maluf, que representava a Ditadura. Em 21
de abril de 1985, Tancredo falece aos 75 anos de idade, e José Sarney
tornou-se presidente por tempo definitivo. Mudanças viriam durante o
processo de redemocratização. As primeiras delas vieram em 8 de maio de
1985, quando foi aprovada a emenda constitucional que estabeleceu
eleições diretas para presidente, prefeito e governador.
Os analfabetos tiveram pela primeira vez o direito ao voto na história
brasileira, e os partidos comunistas foram legalizados.

A narrativa infantil, em tom de protesto em Jeremias, herói, foi


encenada pela primeira vez em 1986, expressando o inconformismo com a
realidade político-econômica instaurada pelo regime militar. Atores
dramatizaram a queda da Ditadura no país Cinzelândia que refletia
também o fim do regime militar brasileiro e novas conquistas.

Linguagem & Ensino, Pelotas, v.20, n.1, p. 241-262, jan./jun. 2017 249
Literatura infantil e ensino – considerações sobre a dramaturgia de Oscar Von Pfuhl

Com a queda das cores cinza, branca e preta, impostas naquele


país, reinariam o amarelo, que traria otimismo, alegria e riqueza (ouro); o
vermelho, que simboliza a paixão, a força, a energia; o laranja, mistura do
amarelo e vermelho, significaria o equilíbrio, a criatividade, o entusiasmo.
O verde, cor indicada para a cor da camiseta do chefe nacional, seria o
símbolo da nossa natureza, do nosso país, da fertilidade, do
desenvolvimento, da esperança. O azul remete à harmonia, à saúde e à
liberdade. Cores que mudariam o contexto daquele território chamado
Cinzelândia.

Jeremias, herói narra a história de um país onde tudo é obscuro. O


tempo descrito no texto é a atualidade, o que sempre nos remete a uma
crítica que pode ser projetada à sociedade da época na qual o texto é lido,
em uma literatura sempre contemporânea. Seu Chefe, ditador e
autoritário, permite que as pessoas usem apenas o branco, o cinza e o
preto, porque pretende homogeneizar tudo, diluir as diferenças e assim
“uniformizar” as pessoas, para melhor controlá-las. Essas cores também
estão presentes no cenário da praça central de uma estranha cidade,
capital daquele país:

CHICOBÉ – [...] Sabem, há pouco tempo voltei de um país vizinho


nosso. Um lugar muito esquisito, as casas, as ruas, as roupas das
pessoas, era tudo cinzento, ou então preto e branco. Por isso esse
país se chamava Cinzelândia. Lá eu quis vender os meus balões, mas
os garotos quando me viam fugiam correndo (PFUHL, 1996, p.13).

A cor cinzenta ou gris, de acordo com o Dicionário de símbolos,

composta, em partes iguais, de preto e de branco [...] é a cor da


cinza e da bruma. Os hebreus se cobriam de cinza para exprimir
uma intensa dor. Entre nós, o gris-cinza é uma cor de luto aliviado.
A grisalha de certos tempos brumosos dá uma impressão de
tristeza, de melancolia, de enfado. É o que se chama de um tempo
gris (CHEVALIER; GUEERBRANT, 1990, p.248).

A cor cinza pode, assim, gerar sentimentos negativos; densas e


escuras nuvens cinzas, o nevoeiro, a fumaça. No país Cinzelândia, assim
como no Brasil na época da Ditadura, temos um contexto político nublado,

250 Linguagem & Ensino, Pelotas, v.20, n.1, p. 241-262, jan./jun. 2017
Osmar Pereira Oliva

cinzento. No Brasil era vetada a liberdade de imprensa e havia


consequentes punições severas aos infratores. No país da nossa ficção,
todos eram vigiados, monitorados. Além do cinza, as únicas cores
permitidas eram o preto, que dentre outros significados remete ao poder
(do Chefe daquele país), ao medo e submissão a ele, e o branco, que revela
a pureza, a inocência, a reverência, a rendição de seus cidadãos.

Chicobé assusta-se com a reação das crianças e não entende nada.


Chega até a Praça da Obediência, onde encontra Galatéa. Tenta vender-lhe
suas bexigas de borracha, mas a moça se nega a comprá-las, afirmando
que as cores eram proibidas. Jeremias, guarda que protege aquela nação
contra espiões, quando convocado pelo Chefe para conversar com ele, tem
que se dirigir a uma câmera: “CHEFE (muito zangado) – Pare aí onde está,
já estou vendo você, seu boboca. Você não passa de um jerico molenga e
incompetente” (PFUHL, 1996, p.18).

O Chefe desse país é um tirano que controla a vida dos cidadãos


através de câmeras, alto-falantes e aparelhos de televisão, e ordena seus
guardas Jeremias e Plutão. Nesse país existe também uma Guarda Especial.
Sempre irritado e desconfiado, despreza e humilha seus soldados. Ameaça
mandar Jeremias para longe, na fronteira. Jeremias implora, pois não quer
ficar longe de Candinha e de seus cinco filhos.

Galatéa, uma extraterrestre, que veio a Terra com a missão de


libertar a professora Rosa, que fora presa por ensinar a teoria das cores às
crianças, explica a Jeremias que é de outra galáxia. Ele não percebe que ela
era uma espiã. Plutão, à procura de Jeremias, grita seu nome, e é
condenado pelo Chefe. Naquele país somente ele podia gritar. Exigia
obediência, disciplina, ordem e, em horário marcado, a seguinte exortação,
com sua fotografia colocada sobre o peito: “PLUTÃO E JEREMIAS – Chefe!
Que o céu vos ilumine! E vos faça proteger nossa vida, nossa família, nossa
saúde! E que vos conserve como nosso Guia e nosso Protetor por muitos e
muitos anos!” (PFUHL, 1996, p.23).

Essa literatura, produzida por adultos e destinada às crianças e


adolescentes, ilustra o Chefe, sua política governamental e seu povo que,
submisso e obediente, vive preso àquele sistema. Nessa perspectiva

Linguagem & Ensino, Pelotas, v.20, n.1, p. 241-262, jan./jun. 2017 251
Literatura infantil e ensino – considerações sobre a dramaturgia de Oscar Von Pfuhl

maniqueísta, entre o bem e o mal, o responsável pela opressão e


obscurantismo deve ser vencido, para que reine a liberdade e a felicidade.
A criança leitora pode perceber a proibição, a submissão e o medo sob os
quais vivem as crianças e os adultos e é conscientizada que ninguém pode
ser explorado dessa forma. Humilhação, separação entre Jeremias e sua
família como castigo, o que nos remete ao exílio, à prisão da professora
Rosa por quebrar regras governamentais de não se ensinar as cores (elas
são bruxaria, feitiçaria), a falta de democracia, tudo espelha o regime
militar vivido pelo Brasil. Além de jornalistas dessa época, cineastas,
atores, cantores e escritores também foram perseguidos, presos e muitos
tiveram que recorrer ao exílio para garantir que continuariam vivos. O
texto parece uma metáfora da vida. O leitor apreende as consequências
negativas desse sistema e pode idealizar um planeta como o de Galatéa,
onde não há guerras e todos são amigos...

Outro aspecto abordado é a exortação ao Chefe, que assume o


papel de grande protetor, quase um Deus de seu povo, que sempre leva
consigo uma foto de quem os guiará por muitos anos. Plutão diz detestar o
retrato do Chefe e Jeremias ter raiva dele. A insatisfação dos cidadãos é
manifestada e questionamentos começam a ser feitos por Chicobé,
quando é informado que com o Chefe não há discussão, somente ele tem
razão e pode gritar. País Cinzelândia, Praça da Obediência, Avenida
Disciplinar, turistas que não são apreciados, cidadãos assalariados, sem
renda necessária para uma declaração de impostos... Ele se vê em perigo e
resolve deixar aquele lugar.

Galatéa, então, o convence a ficar para ajudá-la a libertar a


professora Rosa que, além de ter sido presa, teve seu nome trocado por
Branca. Assim, a professora, na sua missão de ensinar, transmitir
conhecimentos e orientar, com o nome da flor rosa, formosa por sua
beleza, sua forma e seu perfume, um dos símbolos do amor, do amor puro,
que influencia os nossos sentimentos, convertendo-os em amáveis, suaves
e profundos, chamar-se-ia Branca, e perderia o romantismo, a ternura, a
ingenuidade, a suavidade, a pureza e a delicadeza manifestadas pela cor
rosa. Roubavam dela o direito de ensinar a verdade sobre as cores, exigiam

252 Linguagem & Ensino, Pelotas, v.20, n.1, p. 241-262, jan./jun. 2017
Osmar Pereira Oliva

a submissão a um nome imposto e a alienação e obediência à ideologia do


Chefe.

A poética de Pfuhl também traz ensinamentos sobre reações às


imposições, descontentamento e consequente luta pela liberdade.
Denuncia ainda o controle do sistema educacional e financeiro daquele
país, maiores armas de poder de uma nação. O leitor ou espectador dessa
peça percebe claramente esses apontamentos e reflete sobre os mesmos,
em um processo de conscientização político-social.

O maravilhoso e o lúdico, como nos contos de fada, também


compõem o universo infantil de Oscar von Pfuhl. Sua literatura destina-se a
dar prazer, uma espécie de jogo, que desperta emoções, distrai, comove,
alegra. Com seu poder de ficar invisível e ajuda de Chicobé, a
extraterrestre Galatéa executa seu plano e consegue libertar Rosa, que no
ofício de professora, luta contra a proibição do ensino das cores, em uma
metáfora à luta pela liberdade. Ela rompe com os padrões estabelecidos
naquele país, não aceitando passivamente as restrições e proibições
impostas pela Ditadura.

Galatéa, inteligente e corajosa como a professora Rosa, interfere


novamente na ação dessa dramaturgia ao convencer Jeremias, que só
reclamava de dores físicas e se via como grande vítima e sofredor, a ter
coragem para enfrentar seus problemas e a ter uma postura mais ativa.
Aponta mentiras que se ensinam naquele país, dentre elas, a questão das
cores serem feitiçaria. E com o disco de Newton da professora Rosa em
mãos, Galatéa pede a Jeremias que o gire com força. Ela então faz o disco
parar e as cores aparecem vivas. Ela explica-lhe que não se tratava de
bruxaria, mas algo natural. Jeremias conscientiza-se totalmente da
mentira...

Além de ter sempre sido enganado, todos sempre mandaram nele:


o Chefe, a Candinha, Plutão. E diz ser um frouxo, molenga, um coitado,
um....... Galatéa percebe que ele não sabe definir-se e completa; “_Você é
cinzento, Jerelates. Porque sua luz é cinzenta. Mas a luz é uma vibração,
uma energia. E se você vibrar diferente, você também ficará diferente.”
(PFUHL, 1996, p.57). Galatéa orienta Jeremias a liberar toda sua energia,

Linguagem & Ensino, Pelotas, v.20, n.1, p. 241-262, jan./jun. 2017 253
Literatura infantil e ensino – considerações sobre a dramaturgia de Oscar Von Pfuhl

toda sua indignação. Essa personagem questionadora, com sua postura


crítica e esclarecedora, leva Jeremias a vencer sua própria ignorância e
lutar por mudanças. A conhecer seu interior e seu poder de questionar e
mudar sua postura submissa. Ele então invade o palácio do Chefe que foge
gritando por socorro. O país Cinzelândia não mais existe. Jeremias, ex-
guarda cinzento jerico, vibrou e ficou roxo de raiva decidindo que não seria
mais um frouxo. No seu processo de conscientização deixou de ser
JereMIAS para ser JereLATES, e quis AU, AU, AUmento. Tornou-se
JereMORDES e é o novo chefe de seu País do Arco-Íris. Viveriam agora em
uma nova nação, colorida pelo amarelo, vermelho, azul, verde, laranja,
violeta... livres! Várias cores em oposição ao ambiente sombrio, triste,
controlador, cinzento.

Com o auxílio, otimismo e seriedade de Galatéa, Jeremias libertou-


se da opressão em que vivia. “GALATÉA (com segurança) – Vai. Vai dar
certo sim, se todos participarem. Não deixem os guardas sozinhos, juntem-
se a eles, vocês todos, o povo todo” (PFUHL, 1996, p.62). Chicobé
questiona como se faz isso, e Galatéa prontamente responde que pelo
começo, “mostrando primeiro quem nós somos por dentro” (PFFUHL,
1996, p.57). E nas instruções da rubrica final, até o Chefe retira sua japona,
mostrando, juntamente com Plutão, uma camiseta de cor viva.

Iniciam, assim, um trabalho revolucionário e democrático.


“GALATÉA (gritando) – E agora cantemos juntos a Canção do Arco-íris, que
é um hino à liberdade” (PFUHL, 1996, p.62). Finalmente, a missão de
libertar a professora Rosa é cumprida e Galatéa faz ainda muito mais. Tem
um grande discípulo. Conscientiza e transforma o jerico Jeremias em
Jeremordes. Ele não se contentou em ser Jerelates (“Cão que ladra não
morde”, já dizia o ditado popular). Através da brincadeira com as
onomatopeias e a formação de palavras, o lúdico é desencadeado,
reforçando o estético. JereMIAS não aceitou somente miar, havia uma
conotação de “fraco” em seu nome. Hesitou por JereLATES e, na ação do
verbo latir, conquistou seu AU, AU, AUmento . Passou a ser um herói
como JereMORDES. De gato, ser indefeso, ele alcança o status de cão,
considerado temeroso entre os próprios animais e também entre as
pessoas:

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Osmar Pereira Oliva

Jeremias: - Eu sou Jeremordes, o novo Chefe! Assumo o Governo


neste instante. Nosso país não é mais Cinzelândia. Somos agora o
País do Arco-Íris. E todos têm de acreditar em cores. Todos! Quem
não acreditar eu prendo, eu arrebento!...(PFUHL, 1996, p.62).

Como o Profeta Jeremias, o profeta da esperança, Jeremordes teve


uma grande missão: profetizar às nações. De fraco a forte, de inexperiente
a intrépido pregador, que mudança radical! Chamado de “profeta chorão”,
ele experimentou medo e desespero, alegria e louvor. Sua mudança e
coragem estão agora refletidos em seu novo nome.

Jeremias, segundo a narrativa bíblica, foi um profeta atuante nos


anos de 626 a 587 antes de Cristo. Ele presenciou a deportação dos judeus
de Jerusalém para o cativeiro da Babilônia. Seu livro fala de esperança, de
restauração da nação de Israel, apesar do tom de lamento presente nesse
livro bíblico. Devido a esse tom do livro de Jeremias, Oscar von Pfuhl
estabelece esse diálogo e brinca com o neologismo JereMIAS; em
espanhol, há o uso de “jeremiada”, para descrever situações em que há
lamentações contínuas. O livro bíblico de Jeremias também é conhecido
como “Lamentações de Jeremias”. O importante é que o dramaturgo
acentua o caráter audaz da personagem e lhe dá mais confiança e força de
ação na peça infantil em análise.

Apreciadores dessa dramaturgia, independente da idade,


certamente assimilam seus questionamentos de cunho político-social,
voltados à liberdade e cidadania, principalmente no que se refere à
reivindicação de direitos e na participação do povo na construção de sua
nação. A diversão e a reflexão, a consciência e a ética são elementos que
estruturam essa peça de dramaturgia infantil, cumprindo sua tarefa de
instruir e moralizar.

Fúlvia Rosemberg, em Literatura infantil e ideologia (1985),


acrescenta que, talvez nos últimos anos, o estudo das discriminações
contra grupos oprimidos tenha sido um dos temas mais intensamente
discutidos no campo da literatura infantojuvenil. Existe, assim, uma
ideologia nas entrelinhas do texto que luta contra toda repressão,
difundindo uma moral, ensinando e conscientizando. E a literatura de

Linguagem & Ensino, Pelotas, v.20, n.1, p. 241-262, jan./jun. 2017 255
Literatura infantil e ensino – considerações sobre a dramaturgia de Oscar Von Pfuhl

Oscar von Pfuhl assume-se como texto artístico, capaz de atingir também
as crianças, constituindo-se como um modo de conhecimento, ampliando,
reformulando a percepção do leitor de qualquer idade. Ela dilui os limites
do lúdico e do imaginário, uma vez que apresenta reflexões político-sociais
e éticas que certamente refletem na formação do seu leitor ou espectador.
E, nessa dramaturgia, temos um conflito experienciado pelos personagens,
cujos textos são veículos embutidos de uma conscientização que traz
reflexões sobre a ética e a moral.

Sustentando com essa linha de pensamento, Neuza Ceciliato, em


“Golpe militar e resistência: a representação do povo na narrativa infantil
de 1970”, analisa:

São textos que partem do compromisso de crítica social, mas


inovam pela incorporação da alegoria como forma de
representação da realidade e da utilização da linguagem coloquial,
configurando-se como uma denúncia velada, uma forma de
resistência que, num nível mais profundo, promove “a
conscientização dos leitores sobre os significados presentes na vida
em sociedade e [leva-os] a se posicionarem criticamente diante da
realidade” (CECILIATO, 2006, p.156).

A censura imposta pela DitaduraMilitar no Brasil (1964-1985) não só


condenou os que representavam alguma ameaça política. Reprovou a
imprensa, a televisão, dentre outros, e se estendeu também a outros
canais de informação, especialmente às artes. Vigiou escritores brasileiros,
incluindo aqueles que, assim como os músicos, atentavam contra os
padrões morais daquela época. Os Aparelhos Repressivos do Estado (ARE)
foram usados efetivamente contra os “rebeldes”: prisões, mortes, exílio...
Segundo Nely Novaes Coelho, em Dicionário crítico de escritores
brasileiros, a literatura infantil era vista então como não ameaçadora,
“como gênero menor, sem maiores perigos, coisa de mulher e, portanto,
não era alvo do olhar incisivo dos censores” (COELHO, 2002, p.45). Ela
pode manifestar-se assim com liberdade, despontando-se como um dos
poucos canais de expressão e foi uma das vozes contra aquele governo
repressor. E Pfuhl fez de sua poética um instrumento de denúncia e
repúdio a essa repressão.

256 Linguagem & Ensino, Pelotas, v.20, n.1, p. 241-262, jan./jun. 2017
Osmar Pereira Oliva

A imprensa, as instituições culturais do país, empresários, jovens


atores e encenadores, desejosos de galgar os degraus do sucesso, também
investem na realização de espetáculos para a infância. O teatro é então
valorizado como arte, assume o seu real papel de manifestação cultural,
discute questões existenciais e conflitos do homem no mundo. Comunica-
se através de várias formas de expressão que o envolvem.

O teatro é uma arte que engloba múltiplos recursos. A boa


comunicação que os espetáculos de teatro para crianças
geralmente conseguem com o seu público pode, assim, ser apenas
o resultado da atuação de todas as demais linguagens utilizadas no
processo da encenação do espetáculo e que não são a linguagem do
texto propriamente (cenário, figurino, iluminação, música etc.)
(CAMAROTTI, 1984, p.14-15).

Nossa história registra, ao longo do tempo, essa literatura também


talhada fortemente pelo cunho pedagógico. Ambos ARE quanto os AIE
tentam manipular sociedades e cidadãos de acordo com seus interesses
através de instrumentos dos quais a literatura é integrante. Entretanto, a
literatura também abre suas cortinas para um espaço direcionado para o
deleite e entretenimento do público infantojuvenil e de adultos
interessados. Muitas delas ainda veiculam conteúdos a serem ensinados,
moralísticos, mas isso está subordinado à forma estética e à criação
literária. A literatura infantil, antes tida como literatura das minorias, não
ameaçadora, ganha status de obra de arte. Ideologias sempre estiveram
presentes na arte literária, e o mesmo ocorre em sua ramificação infantil.
A poética do autor sempre representa uma função, seja ela de denúncia,
talvez velada, metafórica ou explícita, de alienação ou conscientização.

Na sua construção dramatúrgica, caracterizada por aspectos da


fábula, Oscar von Pfuhl instiga o desenvolvimento da moral e da
consciência de seus leitores ou espectadores. Seu texto literário pode
deflagrar a indagação, a reflexão sobre denúncias políticas e sociais, a
construção ou a desconstrução de sentidos, exigindo atuações de um leitor
que se aproprie e interaja com o texto, em relações com a fruição literária.

Linguagem & Ensino, Pelotas, v.20, n.1, p. 241-262, jan./jun. 2017 257
Literatura infantil e ensino – considerações sobre a dramaturgia de Oscar Von Pfuhl

A fábula na dramaturgia de Oscar von Pfuhl

A fábula (lat. fari = falar e gr. phaó = dizer, contar algo), como nos
apresenta Nelly Novaes Coelho, em A literatura infantil (1984) é a narrativa
(de natureza simbólica) de uma situação vivida por animais, que alude a
uma situação humana e tem por objetivo transmitir certa moralidade.
Segundo Hênio Tavares, a fábula.

Foi entre os antigos uma espécie de forma quase sempre em verso.


A partir do romantismo a prosa começou a ser sua forma mais
comum. A respeito das fábulas em verso tratamos delas na
“Poemática”. A fábula, de modo geral, apresenta duas
características:

a) Ter por assunto a vida dos animais.

b) Ter por finalidade uma lição de moral.

Por vezes, as personagens não são apenas animais, mas entidades


personificadas, como o Tempo, as Estações, o Sol, o Rio, as Ninfas, o
Amor etc. Assume então a fábula uma significação mais ampla,
confundindo-se com a ficção pura, no âmbito do inverossímil, em
lato senso. Destarte, todos os mitos e lendas podem ser tomados
como fábulas, tais como aqueles que constituem o magnífico
repertório da mitologia clássica antiga. Nesse sentido traduz todo o
significado alegórico da vida.

Entre nossos autores lembramos Coelho Neto, com seu “Fabulário”,


e Monteiro Lobato com suas “Fábulas” (TAVARES, 1981, p.124).

Portanto, a fábula é uma narrativa figurada, de caráter


moralizante,protagonizada por animais, plantas, entidades ou até objetos
inanimados, antropomórficos, contendo, geralmente, uma parte narrativa
e uma breve conclusão moralizadora, de maneira que as personagens se
tornam exemplos para o homem, sugerindo uma verdade ou reflexão de
ordem moral.

De acordo com informações da editora, em Jeremias, herói, várias


de suas peças teatrais “foram traduzidas e encenadas em países da
América e da Europa, tanto em teatro como em televisão [...] visando

258 Linguagem & Ensino, Pelotas, v.20, n.1, p. 241-262, jan./jun. 2017
Osmar Pereira Oliva

trazer para o nível de compreensão infantojuvenil certos temas sociais e


políticos de âmbito universal,” (PFUHL, 1996, s.p.), evidenciando a guerra e
a paz, a busca da liberdade, o desrespeito e a falta de amor ao próximo, a
posse e uso ilegal da terra, a exploração e a destruição das florestas em
sua dramaturgia, na qual os personagens são representados, em sua
maioria, por animais. Por esse aspecto e pelo tom moralizante, essas peças
aproximam-se, pois, da fábula.

Assim, a composição das peças teatrais de Oscar von Pfuhl, com


personagens animais que falam, como em O circo de bonecos, Romão e
Julinha, Dom Chicote Mula Manca, Seis bichos à procura de uma história,
Tatá, um tamanduá apaixonado, Um lobo na cartola, A árvore que andava,
A bomba do Chico Simão, Um elefantinho incomoda muita gente,dentre
outras, constitui um alimento para fábulas e por meio delas a moral que,
nas entrelinhas do texto, não é outra coisa senão a própria sabedoria da
vida que penetra na alma infante do leitor ou espectador, conduzida pela
imaginação.

Com a sua origem no Oriente, onde existe uma vasta tradição,


passando depois para a Grécia, onde foi cultivada por Hesíodo, Arquíloco
e, sobretudo, Esopo, a fábula está presente em nosso meio há muito
tempo e, desde então, é utilizada com fins educacionais. Algumas das
fábulas mais conhecidas são: “A cigarra e a formiga”, “A raposa e as uvas”,
“A lebre e a tartaruga” e “O leão e o ratinho”. Foi Esopo, escravo
da Grécia antiga, que viveu no século VI a.C., quem propagou oralmente
suas fábulas. O francêsJean de La Fontaine(1621-1695) foi um grande
divulgador dessas fábulas. Ele escreveu quase todos os seus contos e
fábulas no período de 1664 a 1674. Fontaine reescrevia as fábulas para fins
educativos e caracterizava as personagens de acordo com suas aparências.
As histórias sempre utilizaram animais que reproduzem comportamentos
humanos, principalmente a fala. A mímica que os animais, nesses contos,
fazem em relação aos humanos é proposital e, em sua maioria, ressalta os
bons e maus comportamentos humanos. Entretanto, algumas vezes, os
personagens ainda preservam algum comportamento intrínseco a sua
origem animal. Em Ocirco de bonecos (s/d), temos, como exemplo, o
personagem Urso, que como outro de sua raça, aprecia mel: Urso: “ –

Linguagem & Ensino, Pelotas, v.20, n.1, p. 241-262, jan./jun. 2017 259
Literatura infantil e ensino – considerações sobre a dramaturgia de Oscar Von Pfuhl

Pipoca! E feita com mel! Oba! (Põe-se a comer gulosamente)” (PFUHL, s/d,
p.17).

Além de serem usadas para propósitos educativos, naGréciaas


fábulas deEsoposurgiram em uma época onde a liberdade de expressão
era limitada, usar as histórias para criticar as formas de governo sem
represálias era comum. Essa estratégia também foi explorada por Pfuhl
durante o regime militar no Brasil, como citado anteriormente, em
Jeremias, herói (1966).

As fábulas serviam como código para que os mais fracos pudessem


contrapor os mais fortes de forma subjetiva. As histórias de Esopo são
cheias de mensagens onde os mais fortes podem ser enganados e os mais
fracos podem, com alguma astúcia, prevalecer. Pfuhl, em O circo de
bonecos (s/d), Romão e Julinha (1982), Dom Chicote Mula Manca (1969),
Seis bichos à procura de uma história (s/d), A bomba do Chico Simão
(1966), dentre outras, traz essa temática bastante explícita. Pfuhl,
portanto, além de problematizar questões sociais, também “atualiza” uma
leitura dos clássicos da literatura universal, possibilitando ao leitor mirim
tomar conhecimento de autores como Shakespeare e Cervantes, por
exemplo.

As histórias foram registradas pela escrita durante os


séculosXeXVIA.C.Foram os romanos, entre os quais sobressai Fedro, que
inseriram a fábula na literatura escrita. Os mais famosos escritores de
fábulas são Esopo, Fedro e La Fontaine. Este último criou uma obra-prima
intitulada “Fábulas”, dividida em 12 livros, onde o autor usa linguagem ágil
e expressiva para analisar com maestria a alma e a natureza do ser
humano. Escritas em verso livre e publicadas entre 1668 e 1694, as
“Fábulas” contêm uma crítica lúcida e satírica à sociedade do final do
século XVII, mas podem ser aplicadas nos dias de hoje. No Brasil, o mais
conhecido fabulista é Monteiro Lobato, autor das fábulas "A coruja e a
águia", "O cavalo e o burro", "O corvo e o pavão", entre outras.

E Pfuhl as explora em sua poética com entidades personificadas e


nas entrelinhas de seus textos a conscientização e aprendizado do seu

260 Linguagem & Ensino, Pelotas, v.20, n.1, p. 241-262, jan./jun. 2017
Osmar Pereira Oliva

leitor ou espectador, através de uma lição de moral. Sua dramaturgia está


em sintonia com características que talham a fábula.

Assim, percebe-se claramente a existência de uma ideologia


veiculada no texto destinado ao público infantojuvenil, oculta em objetivos
implícitos de disseminar alguma ideologia. A criança, receptora dessa
literatura, é exposta então ao conformismo ou reação a determinadas
situações ilustradas nas palavras do autor. Regina Zilberman e Ligia
Magalhães, em Literatura infantil: autoritarismo e emancipação,
argumentam que “ao invés de abrir para as crianças possibilidades de
resistência, de recriação da realidade, muitos livros acabam apresentando
um discurso conformista que reforça os papéis sociais já consagrados”
(ZIBERMAN & MAGALHÃES, 1987, p.54). A concepção de livros infantis e
juvenis esteve, assim, durante muito tempo, convencionada como algo
diretamente relacionado à transmissão de conhecimentos e à didatização
da criança e do adolescente. A literatura infantil dialoga com a criança,
como pode perfeitamente dialogar com pessoas de outras idades,
evidentemente passando por níveis de compreensão diferentes. E nas
entrelinhas do seu discurso, ideologias são disseminadas. Entretanto, as
obras hoje são analisadas em seus aspectos artísticos. A fruição literária
ocupa o primeiro plano.

Referências

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2011.
CAMAROTTI, M. A linguagem no teatro infantil. São Paulo: Edições Loyola,
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CHEVALIER, J.; GUEERBRANT, A. Dicionário de símbolos. 2. Ed. Rio de
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COELHO, N. N. A literatura infantil. 3.ed. São Paulo: Quíron, 1984.

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Literatura infantil e ensino – considerações sobre a dramaturgia de Oscar Von Pfuhl

CUNHA, M. A. A. Literatura infantil – Teoria e prática. 4.ed. São Paulo:


Editora Ática, 1985.
NOVAIS, K. L. C.“Representações de femininos contestadores em Jeremias,
herói de Oscar von Pfuhl”. Revista de Letras da Universidade Católica de
Brasília,v.5, n.1, ano V, jul. 2012.Disponível em
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acessado em 15 de abril de 2015.
OLIVA, O. P. “Da inocência à consciência – amor e crítica social em Romão
e Julinha, de Oscar von Pfhul”. Revista Fórum Identidades, Itabaiana:
Gepiadde, v.12, n.6, p.193-201, jul-dez 2012. Disponível em:
<http://200.17.141.110/periodicos/revista_forum_identidades/revistas/AR
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PFUHL, O. von. Dom Chicote Mula Manca. São Paulo: Ediart, 1982.
PFUHL, O.von. Romão e Julinha. São Paulo: Global Editora, 1982.
PFUHL, O. von. Seis bichos à procura de uma história. In: Textos de teatro
infantojuvenil. São Paulo: Edição Confenata, 1982. p. 9-46.
PFUHL, O. von. A bomba do Chico Simão. In: Teatro de Oscar von Pfuhl. São
Paulo: Editora Senzala, 1968. p.135-204.
PFUHL, O. von. O circo de bonecos. Editora Brasiliense. s/d.
ROSEMBERG, F. Literatura infantil e ideologia. São Paulo: Global Editora,
1985.
SANTOS NETO, J. F. dos. “Diálogos de Brecht com o teatro infantil
brasileiro”. In: III CIELLI – Colóquio de Estudos Línguísticos e Literários,
2014, Maringá. Anais Eletrônicos. Maringá: Universidade Estadual de
Maringá, 2014. Disponível em:
<http://cielli2014.com.br/media/doc/e7a97abed0eff217c9c21a01e0b74bb
3.pdf>. Acesso em: 20 maio 2015.
TAVARES, H., Teoria literária. 7.ed. Belo Horizonte: Editora Itatiaia
Limitada,1981.
ZILBERMAN, R. e M., Ligia C. Literatura infantil: autoritarismo e
emancipação. São Paulo: Ed. Ática, 1987.

262 Linguagem & Ensino, Pelotas, v.20, n.1, p. 241-262, jan./jun. 2017
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ARTIGO
A TRADUÇÃO CULTURAL EM UMA VIDA EM SEGREDO
Daniela de Azevedo
Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes, Brasil
dannyazef@yahoo.com.br

Osmar Pereira Oliva


Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes, Brasil
osmar.oliva@unimontes.br

DOI: https://doi.org/10.26512/caleidoscopio.v4i1.26682

Recebido em: 18/06/2019


Aceito em: 26/06/2020
Publicado em dezembro de 2020

RESUMO: Neste artigo, apresentamos uma análise comparada inédita da novela


Uma vida em segredo (1964), de Autran Dourado, e sua tradução em língua inglesa,
A hidden life (1969), por Edgar H. Miller. Na busca de uma equivalência tradutória
de aspectos estilísticos e culturais entre as narrativas, analisamos alguns excertos
de A hidden life no intuito de identificar as estratégias de tradução utilizadas por
Miller e como elas (des)constroem a alteridade do texto-fonte. Concluímos que a
alteridade foi preservada no texto de chegada, apesar das dificuldades enfrentadas
pelo tradutor para manter alguns aspectos regionais muito específicos do texto-
fonte. Evidenciamos a impossibilidade do uso de uma estratégia de tradução em
detrimento de outras devido à complexidade da tradução literária, a qual requer
conhecimento amplo e diversificado de técnicas de tradução, bem como do estilo
narrativo do escritor e dos aspectos históricos e socioculturais que contextualizam
a obra a ser traduzida.
Palavras-chave: Tradução literária, Tradução Cultural, Estratégias de tradução,
Alteridade, Uma vida em segredo.

CULTURAL TRANSLATION IN UMA VIDA EM SEGREDO

ABSTRACT: In this paper it is presented an unpublished comparative analysis of the


novel Uma vida em segredo (1964) by Autran Dourado, and its English translation, A
hidden life (1969) by Edgar H. Miller. In the quest for an equivalence of stylistic and
cultural aspects between the narratives, it was analyzed some excerpts of a Hidden
Life in order to identify the translation strategies used by Miller, and how they
(de)constructed the otherness of the source text. It was concluded that the
otherness was preserved in the target text, despite the translation difficulties faced
by the translator to keep some very specific regional aspects of the source text. It
was evidenced the impossibility of using a translation strategy to the detriment of
others due to the complexity of the literary translation, which requires a broad and

caleidoscópio: literatura e tradução | v. 4 | n. 1 [jan. jun. 2020] p. 32 - 50 | ISSN: 2526-933X


33

diversified knowledge of translation techniques, as well as the historical and


sociocultural aspects which contextualize the work to be translated.
Keywords: Literary translation, Cultural translation, Translation strategies,
Otherness, A hidden life.

Considerações Iniciais

A tradução é uma das diversas formas da linguagem humana. Se


reduzíssemos o seu conceito à forma mais primitiva de comunicação, poderíamos
afirmar que todo ato comunicativo é também um ato tradutório, visto que tal ato, de
acordo com Steiner (1975), pressupõe interpretação ativa por parte do receptor
que, então, dá sentido à mensagem a partir do seu próprio universo linguístico e
conceitual. Isso acontece porque, embora usemos as mesmas palavras numa dada
língua, seus sentidos não estão estanques, muito menos seus usos, e assim cada
indivíduo opera na língua um pequeno desvio do que seria seu suposto padrão.
Tradução, nesse contexto, seria a interpretação dos atos comunicativos.
Contudo, o ato de traduzir não é tarefa simples e tampouco sua definição
pode ser colocada de maneira tão resumida. Partindo da premissa de que a visão de
mundo é transmitida por meio de uma determinada língua a partir da perspectiva
cultural, social e política da comunidade que dela se serve como veículo de
comunicação, a tradução, ou ainda a transposição de uma língua para outra, implica,
indubitavelmente, a mudança de perspectiva, visto que a comunidade da língua de
chegada compartilha de uma visão de mundo diferente. Some-se a isso o fato de que
o próprio sistema linguístico, por mais próximas que as línguas sejam em suas
origens, também sofre alterações.
A escolha entre a tradução ad verbum8 e ad sensum9 é a dicotomia colocada
por vários teóricos dos estudos da tradução ao longo dos séculos, desde Cícero até a
atualidade. Para exemplificar esse dilema, Nord (2006) cita alguns desses teóricos:

8 Segundo a palavra.
9 Segundo o sentido.

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mia
10 (Tradução nossa).

A tradução, portanto, é um processo que envolve não somente a transposição


de uma mensagem de uma língua para outra por meio de adequação do vocabulário
e da estrutura gramatical, mas também a interpretação de um texto em uma língua
de partida para uma língua de chegada, criando assim um novo texto. Tal
interpretação depende da subjetividade do leitor/tradutor e de seu conhecimento
sobre a cultura da língua de chegada.
Talvez o f
os diferentes métodos de 11, tenha lançado luz sobre a questão ao
afirmar que a tarefa do tradutor é fornecer ao seu leitor o mesmo sentimento, as
mesmas emoções, as mesmas imagens e a mesma fruição que a obra original lhe
proporcionou. Isso equivaleria dizer que o tradutor deve aproximar seu autor e seu
leitor, propiciando ao último, no conforto da sua língua materna, uma compreensão
correta e completa e o gozo do primeiro. Para tanto, na concepção de
Schleiermacher, há dois caminhos para que esse intuito seja alcançado:

Ou bem o tradutor deixa o escritor o mais tranquilo possível e faz com que
o leitor vá a seu encontro, ou bem deixa o mais tranquilo possível o leitor
e faz com que o escritor vá a seu encontro. Ambos os caminhos são tão
completamente diferentes que um deles tem que ser seguido com o maior
rigor, pois qualquer mistura produz necessariamente um resultado muito
insatisfatório, e é de temer-se que o encontro do escritor e do leitor falhe
inteiramente (SCHLEIERMACHER, 2010, p. 57).

Na primeira hipótese, o tradutor se esforça para que o seu conhecimento da


língua da obra original seja posto a serviço do leitor, levando-o a crer que a obra
traduzida é original. O tradutor busca transmitir aos seus leitores as mesmas
impressões que ele teve da obra enquanto leitor, guiando-os até o lugar que ele
ocupa e que propriamente lhe é estranho, já que é o lugar do Outro. Essa seria a
tradução estrangeirizante. Na segunda hipótese, Schleiermacher concebe a tradução

10 Cicero, who disting

A. Nida's "functional" or

translation (NORD, 2006, p. 141).


11 Ensaio escrito em 1813. Traduzido por Celso R. Braida em 2010.

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domesticadora: trata-se de uma tradução mais elaborada e exige muito mais


habilidade do tradutor, pois ele passa a fazer o papel do autor; porém, um autor que,
tendo conhecimento da língua para a qual a sua obra será traduzida, não precisa de
um tradutor, passando a ser ele mesmo o autor e tradutor do seu texto, ou seja, ele
traduz um autor como se esse mesmo autor tivesse escrito na língua de chegada.
Schleiermacher afirma que não há como ficar no meio termo das duas hipóteses, já
que isso resultaria em uma tradução pouco confiável.
Britto (2010) critica o tradutor alemão por ter concebido hipóteses tão
absolutistas, e declara:

Na verdade, a própria ideia de que seria possível fazer uma tradução


totalmente domesticadora ou totalmente estrangeirizante não pode ser
levada a sério. Pois uma tradução totalmente domesticadora seria na
verdade algo que não é mais uma tradução: isto é, uma adaptação. Por
outro lado, é difícil imaginar o que seria uma tradução totalmente
estrangeirizante (BRITTO, 2010, p. 136).

Nas hipóteses colocadas Schleiermacher, enxergamos mais um paradoxo: ele


acreditava que para cumprir o objetivo da tradução, deveria haver uma estranheza
de natureza gramatical, semântica ou estética. Por estranheza, entendemos
vestígios da língua e da cultura do texto original, o que foge, portanto, do que ele
postulou em suas hipóteses.
Mais tarde, Venuti (1995), em seus estudos sobre tradução, revalida as
noções de tradução domesticadora e tradução estrangeirizante elaboradas por
Schleiermacher. A domesticação busca valorizar a cultura do texto de chegada em
detrimento da cultura do texto-fonte, escondendo, segundo o autor, as diferenças
linguísticas e da cultura estrangeira, e mascarando a violência etnocêntrica desse
tipo de tradução, pois se inscreve no texto traduzido uma interpretação parcial,
baseada em valores da cultura alvo, não considerando, portanto, a alteridade do
texto-fonte. Assim, Venuti defende a estrangeirização como uma forma de valorizar
os elementos culturais presentes no texto-fonte, mantendo-os no texto de chegada,
ou seja, o tradutor deveria preservar os elementos que causam estranheza na
cultura alvo.
Britto (2010) afirma que quanto maior o grau de proximidade entre as
culturas, menos problemática é a escolha do tradutor. Ele apresenta, como exemplo,

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a tradução de um texto literário argentino para o português do Brasil, dizendo que,


neste caso, a proximidade entre as línguas de partida e de chegada e a proximidade
geográfica entre os países onde essas línguas são faladas fazem com que haja poucas
diferenças entre os resultados de uma abordagem mais domesticadora e uma mais
estrangeirizante. Na primeira abordagem, todos os termos seriam aportuguesados,
por exemplo. Em uma abordagem mais estrangeirizante, boa parte do vocabulário
relativo às coisas da Argentina seria mantida em espanhol, pois, provavelmente, isso
não seria um obstáculo para um leitor brasileiro medianamente culto.
No outro extremo, Britto (2010) explica que teríamos a tradução para o
português brasileiro de uma obra muito antiga, escrita em uma língua bem distante
da nossa, por uma civilização sobre a qual muito pouco se conhece. Esse é o caso da
tradução de um antigo poema épico mesopotâmico Gilgamesh12 considerado a
obra literária mais antiga da humanidade:

Nesse caso, a distância entre a cultura-fonte e a cultura-meta é tamanha


que as categorias de uma dificilmente poderiam ser convertidas nas da
outra, e a diferença entre as duas abordagens resultaria em dois
empreendimentos radicalmente diversos. A opção domesticadora
forçosamente geraria um texto que não seria uma tradução, e sim uma
adaptação da obra original, transplantando as aventuras de Gilgamesh
para a mata amazônica, por exemplo; já a escolha da alternativa
estrangeirizante tornaria necessária a elaboração de um rico aparato
paratextual um texto introdutório contendo informações
contextualizadoras, notas do tradutor extensas e abundantes. Foi a opção
estrangeirizante, aliás, a adotada por Maysa Monção Gabrielli, a tradutora
brasileira do Gilgamesh (BRITTO, 2010, p. 136-137).

Britto (2010) explica que a maioria das traduções fica entre esses dois
extremos. Isso quer dizer que, quase sempre, o tradutor domestica mais o original
na medida em que o texto se destina a um leitor do qual se pode exigir pouco, um
leitor que tem pouco conhecimento ou acesso à cultura do texto original. Em

12 A Epopeia de Gilgamesh, escrita pelos sumérios em torno de 2000 a. c., é um poema que narra os

feitos de Gilgamesh, rei de Uruk, em sua procura pela imortalidade. O trabalho de tradução da obra
foi realizado por Henry Rawlinson e George Smith na segunda metade do século XIX, e só foi possível
graças às inscrições de Dario, rei Persa, que transcrevia caracteres cuneiformes para três idiomas:
persa, babilônio e elamita. Esse trabalho foi ampliado quando novos trechos da narrativa foram
encontrados posteriormente. Fonte: Brasil Escola. Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-epopeia-gilgamesh.htm>. Acesso em: 5
ago. 2018.

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situação inversa, o tradutor pode produzir um texto mais estrangeirizado,


pressupondo que o leitor não terá dificuldades para transportar-se para outra
cultura. Esse seria o caso, por exemplo, de obras de autores norte-americanos
traduzidas para leitores brasileiros. Dada a grande influência da cultura norte-
americana no Brasil, seria viável esse tipo de tradução. O contrário, no entanto, já
não é tão evidente. Assim, a tradução de uma obra brasileira para o leitor norte-
americano exigiria que o tradutor percorresse o caminho da domesticação, caminho
esse que pode ser difícil para o tradutor, dependendo do seu grau de intimidade com
a cultura brasileira.
É exatamente esse o caso das narrativas que são objetos de nossa pesquisa.
A ambientação de Uma vida em segredo em Minas Gerais estabelece uma ponte, uma
relação entre o mundo real interior de Minas Gerais e o mundo ficcional, entre a
realidade e a imaginação. O universo regional, típico do interior de Minas Gerais se
distancia do contexto norte-americano, não somente geográfico, mas
principalmente cultural e linguístico. Sendo assim, como transportar o leitor norte-
americano para o mundo real da ficção, o interior de Minas Gerais? É o que
buscaremos entender a partir da próxima seção.

Tradução, alteridade e cultura

Antes de iniciarmos a análise, esclarecemos que ela é apenas uma parte da


pesquisa apresentada em dissertação de mestrado na área de estudos literários.13
Para o melhor entendimento das estratégias utilizadas por Edgar Miller na
tradução de Uma vida em segredo, consideramos importante a proposição de Aixelá
(2013) sobre tradução literária e a transposição dos aspectos culturais nela
envolvidos.
Aixelá pontua questões primordiais sobre a tradução e suas relações com a
linguagem, com a noção do Outro e com as culturas envolvidas no processo:

Se há uma coisa que se pode afirmar sem nenhuma dúvida sobre tradução
é a sua historicidade, que caminha junto à noção de linguagem e à noção
do outro que cada comunidade linguística tem tido ao longo de sua

13 Mestrado em Estudos Literários, Universidade Estadual de Montes Claros. Dissertação intitulada


Uma vida em Segredo

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existência. O fato de que em qualquer caso e em qualquer momento a


tradução mistura duas ou mais culturas (não podemos esquecer o
fenômeno, bastante comum, das traduções mediadas ou de segunda mão,
como as traduções de traduções), implica em um equilíbrio instável de
poder, um equilíbrio que dependerá em grande parte do peso relativo da
cultura exportadora e de como ela é sentida na cultura receptora. Trata-
se da cultura em que a língua do texto alvo é quase sempre elaborada e,
portanto, a que geralmente toma as decisões sobre o modo como uma
tradução é feita (começando com a decisão de se traduzir ou não um texto)
(AIXELÁ, 2013, p. 186).

De acordo com o autor, a tradução literária atua sobre quatro campos básicos
de diversidade entre dois sistemas linguísticos: o linguístico, o interpretativo, o
pragmático e o cultural. Os itens culturais específicos correspondem à área mais
arbitrária de cada sistema linguístico e apresentam, portanto, os maiores desafios
dentro do processo de transferência cultural na tradução. Esses itens se referem a
hábitos, valores e sistemas classificatórios típicos de uma cultura, que podem ser
iguais ou diferentes em outro segmento cultural. Outros itens, menos específicos,
como nomes de pessoas, de lugares, instituições e sistemas de medidas são mais
facilmente identificáveis e reconhecidos como itens culturais. No entanto, há itens
culturais que só podem ser percebidos a partir de conflitos resultantes do processo
de transferência, quando há discrepância ou incompatibilidade entre os sistemas de
valores nas culturas envolvidas no processo de tradução, ou seja, o estranhamento.
Considerando as reflexões de Venuti (1995) e Aixelá (2013), analisamos
alguns excertos de A hidden life, focando nas estratégias utilizadas pelo tradutor, no
intuito de perceber como ele trabalhou a questão da alteridade, preservando
aspectos culturais do contexto de Uma vida em segredo, presentes em vocabulário
específico utilizado por Autran Dourado. Dividimos a análise em duas partes: a
primeira, considerando situações em que o tradutor preservou o termo em língua
portuguesa; a segunda, uma situação em que ele verteu o termo para a língua
inglesa.
Para a primeira parte da análise, utilizamos o quadro abaixo para facilitar a
visualização do leitor dos trechos em português e em inglês:

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Uma vida em segredo A hidden life


Ficou para sempre reinando sozinho no He stayed there reigning alone over the
território do Fundão (DOURADO, 2010, p. 19). territory of Fundão (DOURADO, 1969, p. 6).

O jeito era mandá-la para Barbacena The thing to do was to send her to Barbacena
(DOURADO, 2010, p. 25). , 1969, p. 15).

Só sabia metade da ave-maria (DOURADO, 2010,


p. 33). (DOURADO, 1969, p. 27).

Aprendera muito no colégio de dona She had learned a great deal at Dona
Mariquinha Menezes, em Ouro Preto
(DOURADO, 2010, p. 38). (DOURADO, 1969, p. 34).

Só se lembrava de balbúrdia assim nas festas de She remembered such bedlam only as a
mutirão, espectadora (DOURADO, 2010, p. 40). spectator at the feasts of mutirão (DOURADO,
1969, p. 37, grifo do tradutor).

Fonte: a autora.

Percebemos, por meio desses excertos, que Miller optou pela manutenção
dos nomes próprios item menos específico (AIXELÁ, 2013), e da expressão Ave
itens mais
específicos (AIXELÁ, 2013).
A não tradução da expressão Ave Maria causou-nos estranheza, visto que há
a expressão correspondente em inglês Hail Mary, o que facilitaria a compreensão
do leitor. Questionamos Miller14 sobre a manutenção do termo em português e ele
explicou que:
usada em inglês, especialmente antes de a Igreja Católica permitir o uso da língua
15 (Tradução nossa).
Como a cultura americana se assemelha à brasileira nesse aspecto religioso,
Miller preserva o contexto histórico da obra, visto que no início do século XX, os

proposto por Aixelá (2013) torna-se item menos específico no contexto analisado, o
que, obviamente, seria diferente se tivéssemos a tradução da novela para uma
cultura totalmente adversa, como a indiana, por exemplo.

14Em entrevista concedida a pesquisadora em agosto de 2016.


15Ave Maria is, of course, not Portuguese but Latin and is widely used in English, particularly before
the Catholic Church allowed the use of the vernacular in church ritual (MILLER, 2018).

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Também nos causou estranheza a manutenção do pronome de tratamento

língua inglesa, a exemplo de outros tradutores que trabalharam com literatura


brasileira na mesma época, ele optou por deixar o termo em português, e cita o
exemplo de Dona Flor e seus dois maridos, de Jorge Amado Dona Flor and her two
husbands
ta há quase
cinquenta anos e não s
ainda, que não consegue pensar em um termo específico em língua inglesa.
Nesses dois casos, acreditamos que estrangeirização pode ter prejudicado,
parcialmente, a interpretação do leitor. O p
como nome próprio, pois está sempre grafado com inicial maiúscula e sem itálico,
como pode ser comprovado por meio de outro trecho da narrativa:

Sim senhora, dona Constança, disse o velho (DOURADO, 2010, p. 38).

automaticamente, a duas inferências: é uma palavra estrangeira e que está ligada a


algum tipo de festividade, visto que ela é antecedida da palavra feasts; porém, nem
sempre um mutirão pressupõe uma festa. A adição de uma explicação tornaria o
ada em
itálico. Na impossibilidade de traduzir essa palavra, Miller adiciona uma oração
apositiva, tornando o seu sentido mais claro para o leitor:

Seu Chico Branco dava-lhe sempre um copo de garapa, [...] (DOURADO,


2010, p. 93).

Mr. Chico Branco always gave her a glass of garapa, a drink made of sugar
cane (DOURADO, 1969, p. 119).

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Contudo, como a ocorrência dessas palavras na novela é irrelevante, a alteridade do


texto-fonte é preservada.
Nos exemplos analisados, excetuando-
Miller optou pela estrangeirização que, para Venuti (1995) e Britto (2010), é o
caminho que mais respeita a identidade cultural e a fidelidade ao autor, permitindo
ao tradutor agir como mediador cultural e não como protetor da pureza de sua
cultura, respeitando a premissa de que as culturas podem interagir sem que uma
seja engolida pela outra. Portanto, a estrangeirização teria a seu favor o fato de que
é um processo tradutório ético, que respeita a língua e a cultura do Outro (BERMAN,
2007).
Outro conceito necessário para prosseguirmos na análise do processo de
tradução de Uma vida em segredo, sob a ótica cultural, é a traduzibilidade. Iser
(1996) alerta para a necessidade da perspectiva intercultural em contraposição ao
simples comparativismo, pois a análise comparatista pode levar às superposições
de culturas, gerando noções de hierarquia. Para ele, considerar as diferenças
culturais é reconhecer o outro como tal, em sua alteridade, colocando em prática o
potencial da traduzibilidade, que seria a técnica de modificar o texto-fonte de forma
a torná-lo compreensível para o leitor que está inserido em uma cultura diferente.

culturas e interações dentro das culturas. Nessa perspectiva, a traduzibilidade


implica a tradução da alteridade, sem submetê- 16

(Tradução nossa).
Levando em consideração o conceito de traduzibilidade, na segunda parte da
análise proposta, percebemos que Miller não seguiu de forma rígida o caminho da
estrangeirização, pois ele buscou na língua inglesa, por vezes, palavras que
poderiam levar o seu leitor a entender melhor do que se trata o termo
correspondente em língua portuguesa e que não existe na língua inglesa. É o caso da
como mill wheel
mill wheel, o tradutor trilha o caminho da
domesticação, provavelmente para dar ao leitor uma ideia do cenário que sempre é

16 A key concept for understanding encounters between cultures and interactions within cultures. In this
view, translatability implies translation of otherness without subsuming it under preconceived notions
(ISER, 1996, p. 9).

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rememorado por Biela, e por ser o monjolo um objeto de lembrança recorrente em


toda a novela.

que teve muita dificuldade para encontrar um termo que representasse o objeto em
língua inglesa, pois não sabia do que se tratava:

Monjolo foi a palavra que nos deu mais trabalho. Nunca tínhamos ouvido
falar de tal coisa, e não conseguimos encontrar o seu significado em
nenhum dicionário de português (isso foi muito antes da facilidade da
Internet e do Google Tradutor; é interessante notar que a tradução do
Google dá a palavra em inglês como "macaco"). Finalmente, encontramos
um mineiro na embaixada brasileira em Washington, que descreveu o que

provavelmente, não foi uma boa tradução. Mas eu não acho que isso tenha
prejudicado a história, já que eu não conheço nenhum objeto similar no
contexto cultural de língua inglesa17 (Tradução nossa).

A estratégia utilizada por Miller remete à proposição de Nascimento (2014)


de que a tradução é um ato de invenção ou de reinvenção, ou ainda transcriação,
como proposto por Campos (2006), o qual se assemelha a um perpétuo canteiro de
obras, para onde se pode sempre retornar para rever, refazer, repropor. Assim,
rever o percurso da leitura-tradução de um texto, como
ato de memória do primeiro contato com a obra e a língua do outro, as primeiras
tentativa
(NASCIMENTO, 2014, p. 121).
Retomando a
impregnada de valor denotativo, mas, principalmente, conotativo, e levando em
consideração o contexto e o número de ocorrências da palavra, o tradutor assumiu
o risco de que sua tradução suscitasse na mente do seu leitor uma imagem muito
diferente daquela do texto original. Esse risco assumido pode ter gerado diferentes
interpretações pelo leitor em língua inglesa, divergentes daquela pretendida por
Autran Dourado, mas não necessariamente negativas

17Monjolo was the word that gave us the most difficulty. Neither of us had ever heard of such a thing
and we could not find it in any Portuguese dictionary available to us (this was long before the facility of
sting to note that Google Translation gives the word in

good

mill in the English-speaking world (MILLER, 2018).

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como mill wheel, poderia levar o leitor de A hidden life a perder a sonoridade que o
monjolo produz e, consequentemente, ele deixaria de compreender a memória
musical que Biela nos apresenta, ao falar da Fazenda do Fundão. No entanto, como
podemos comprovar no trecho transcrito abaixo, o emprego de outras palavras, em
língua inglesa, que também exprimem musicalidade por remeterem aos sons da
natureza, e ao próprio barulho produzido pelo monjolo, sobrepõe o emprego de mill
wheel:

Quando se punha a ouvir o riachinho correndo vagaroso numa plangência


monótona, distante na noite. A água desviada do riacho corria numa
canaleta até cair do alto no cocho do monjolo, que vergava rangente, e ela
cuidava ouvir a batida fofa ou dura do pilão (DOURADO, 2010, p. 44).

She could hear the little stream running slowly in a monotonous


plaintiveness in the distance of the night, its water diverted from its banks
into a little channel until it splashed from above into the bucket of the mill
wheel that groaned and squeaked, and she thought she could hear the slap
of the mill stone (DOURADO, 1969, p. 44, grifos nossos).

Em A hidden life, por meio de onomatopeias, Miller conserva a musicalidade


das lembranças de cousin Biela: splash18 remete ao barulho de água caindo; groan19
e squeak20 representam o ranger do monjolo. Já slap21, também utilizada por Miller
como onomatopeia, pela sua sonoridade, agrega valor conotativo de batida ao trecho
analisado. Interessante notar que o tradutor, neste excerto, deu mais ênfase ao som
produzido pelo monjolo que o próprio autor.
Provavelmente, Miller fez conexões da vida no campo de Biela com a sua, pois
ele nasceu e foi criado em um estado do sudeste americano, reconhecido pela sua
agricultura e música de raiz, e estereotipado como um dos estados mais caipiras dos
Estados Unidos. Miller nos disse que
seu Estado, Minas Gerais [...], a narrativa frequentemente me trazia memórias do
22 (Tradução nossa).

18 Respingo; salpico; borrifo.


19 Gemido.
20 Rangido.
21 Tapa.
22 Even though Dourado wrote about

his writing of my own home state of Tennessee (MILLER, 2018).

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Essa hipótese é fundamentada nos estudos de Schafer (1977) sobre a relação


do homem com os sons da natureza. Schafer explica que os sons fundamentais de
uma paisagem não precisam ser ouvidos conscientemente. Esses sons são aqueles
criados pela geografia e pelo clima, como água, vento, planícies, pássaros, insetos e
animais, podendo encerrar um significado arquetípico, uma vez que eles podem
ficar tão profundamente impregnados nas pessoas que a vida sem eles seria sentida
como um empobrecimento, afetando, assim, o comportamento e o estilo de vida de
uma sociedade. Biela, privada dos sons que embalaram a sua infância, recorre às
suas lembranças e lá se refugia. Ao identificar-se com o mundo de Biela, Miller
preserva uma das características mais importantes da novela a musicalidade. E é
nessa identificação com as paisagens sonoras do interior de Minas Gerais que o
tradutor consubstancia o configurar-se amorosamente na própria língua (CAMPOS,
2006), ou seja, foi pelo reconhecimento do Outro em si mesmo que Miller pôde ser
fiel, neste aspecto, ao projeto literário de Autran Dourado em Uma vida em segredo.
Dessa forma, fidelidade e ética estão intimamente ligadas no processo de
tradução de Uma vida em segredo, indo ao encontro da proposta de Berman (2002;
2007) de uma ética positiva na tradução, aquela que respeita e que acolhe o Outro,
que reconhece e recebe o Outro enquanto Outro. A essa relação com o Outro, Berman
r no nível da escritura uma certa relação

16). Porém, essa escrita não é nada fácil, pois confronta com a estrutura etnocêntrica
de qualquer cultura, que seria o desejo de ser
(BERMAN, 2002, p. 16). O autor denomina esse fenômeno de visada cultural, e na
sua concepção, a visada ética produz traduções de boa qualidade e a visada cultural
traduções de má qualidade. As consequências da contradição entre a visada
redutora da cultura e a visada ética do ato tradutório seriam:

Por um lado, ela se submete a essa injunção apropriadora e reprodutora,


constitui-se como um de seus agentes. O que acaba por produzir traduções
etnocêntricas, ou o que podemos cha
lado, a visada ética do traduzir opõe-se por natureza a essa injunção: a
essência da tradução é ser abertura, diálogo, mestiçagem,
descentralização. Ela é relação ou não é nada (BERMAN, 2002, p. 17).

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A partir do enunciado de Berman, pode-se dizer que a busca pelo equilíbrio


entre visada ética e cultural ameaça a aparente estabilidade das identidades.
Inserido em uma cultura e contexto diferentes do autor, o tradutor depara-se com o
dilema: forçar a sua língua a se lastrar de estranheza ou forçar a outra língua a se
-
escritor. Ele é autor e nunca o Autor. Sua obra de tradutor é uma obra, mas não é

A resistência à cultura do Outro acarreta na deformação da tradução nos


níveis linguístico e literário, e o acolhimento dessa mesma cultura é trair a sua
própria identidade. Assim, o tradutor está sempre no limiar da fidelidade e da

metáfora ancilar. Trata-se de servir à obra, ao autor, à língua estrangeira (primeiro

p. 15). Ao servir ao primeiro senhor, o tradutor pode ser visto como um traidor, um
estrangeiro; ao servir ao segundo, ele pode ser visto como um mal tradutor, pois se
afasta daquilo que é a essência da tradução.
Portanto, um tradutor que não se envolve com a cultura do Outro terá
dificuldades em desempenhar o seu papel, e estará colocando a sua competência à
prova. Língua e cultura constituem o cerne da tradução. A apropriação de uma língua
estrangeira é uma experiência densa e profunda, pois pressupõe a apropriação de
sentidos, estes intimamente ligados à cultura.
Assim como a linguagem, a cultura é um código simbólico por meio do qual
as mensagens são transmitidas e interpretadas. No entanto, a cultura vai além, por
ser uma combinação de fatos históricos, sociais, geográficos, étnicos e outros mais.
Por tudo isso, ao pensar em fazer um trabalho de tradução, o tradutor não deve levar
em conta somente a transposição da palavra, a equivalência de significado, mas sim,
os sentidos, o(s) contexto(s), o cenário a ser traduzido.
Na impossibilidade de uma equivalência completa entre o conjunto dos
códigos de duas culturas diferentes, a tradução consiste em uma tentativa de
decifração do sentido por meio da procura de aproximações entre culturas. No
entanto, a tradução deve sempre focar no leitor da cultura de chegada da obra
traduzida. O tradutor deve respeitar a obra original de forma que a versão traduzida

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corresponda ao original, mas sem ser de todo estranha para o leitor. Bassnett
exemplifica:

O conceito de Deus Pai não pode ser traduzido para uma cultura onde a
divindade é feminina. Tentar impor os valores culturais da língua fonte
para a cultura da língua de chegada é terreno perigoso, [...]. O tradutor não
pode ser o autor do texto-fonte, mas como autor do texto traduzido ele
tem uma clara responsabilidade moral para com os seus leitores23
(Tradução nossa).

Por meio da proposição de Bassnett, notamos que a estratégia de


equivalência é utilizada em A hidden life no intuito de respeitar o leitor do texto de
chegada, cuja cultura diverge da apresentada no contexto da obra aqui estudada.

na língua de chegada, servindo ao mesmo propósito na cultura da língua de chegada,


sendo que o processo envolve a substituição de um signo da língua-fonte por um
24 (Tradução nossa). Em Uma vida em segredo, este é o
inglesa, uma palavra que
remetesse o seu leitor o mais próximo possível à ideia de monjolo mill wheel uma
vez que tal objeto não existe na cultura norte-americana.
É provável que se o tradutor tivesse optado pela permanência do termo em
português, ele criaria um obstáculo para a compreensão do leitor da obra em inglês,
principalmente pelo fato de que o monjolo é recorrente no decorrer da novela, por
ser um dos objetos que remete Biela ao seu passado, na Fazenda do Fundão, como
já citado. Dessa forma, ao traduzir o termo por um cujo signo remete ao significado
ortante de Uma vida em segredo,
ou seja, mais uma vez, a alteridade do texto-fonte é preservada.

23 The concept of God the Father cannot be translated into a language where the deity is female. To
attempt to impose the valu
translator cannot be the author of the SL text, but as the author of the TL text has a clear moral
responsibility to the TL readers (BASSNETT, 2002, p. 31-32).
24 The SL phrase is replaced by a TL phrase that serves the same purpose in the TL culture, and the

process here involves the substitution of SL sign for TL sign (BASSNETT, 2002, p. 33).

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Considerações Finais

Embora a atividade tradutória seja muito antiga, e apesar da larga


disparidade de épocas e contextos, as discussões sobre o tema persistem. A
elaboração de teorizações sistematizadas e, em especial, a consolidação dos Estudos
da Tradução como área acadêmica constituem fenômenos bastante recentes. Hoje,
os estudos de tradução são feitos, também, com base na linguística, e buscam uma
consistência teórica, por meio de diferentes abordagens, para questões como a
traduzibilidade de fenômenos linguísticos e culturais; a influência que o texto de
chegada recebe do tradutor enquanto leitor, na sua dimensão interpretativa; a
originalidade do texto traduzido e, não menos importante, como a alteridade se
materializa por meio da transculturalidade.
Finalizamos este artigo abordando dois pontos analisados por Costa (2012)
sobre o processo tradutório: o deslocamento e o desenraizamento. Costa enfatiza o
posicionamento de Bassnett (2002) a respeito da transculturalidade da tradução,
afirmando que o ato tradutório vai além da mera transferência de significados de
uma língua para outra, pois quando nos comunicamos

estamos sempre já engajadas na tradução, tanto para nós mesmas/os


quanto para a/o outra/o. Se falar já implica traduzir e se a tradução é um
processo de abertura à/ao outra/o, nele a identidade e a alteridade se
misturam, tornando o ato tradutório um processo de deslocamento. Na
tradução, há a obrigação moral e política de nos desenraizarmos, de
vivermos, mesmo que temporariamente, sem teto para que a/o outra/o
possa habitar, também provisoriamente, nossos lugares. Traduzir
significa ir e vir [...] estar no entrelugar, na zona de contato, ou na fronteira
Significa, enfim, existir sempre des-locada/o (COSTA, 2004, p. 44).

Em A hidden life o tradutor, na maioria das vezes, desapega-se da sua cultura.


Seu deslocamento, respeitando a alteridade do texto-fonte, é percebido na
manutenção de nomes próprios e de lugares, e de termos que fazem referência ao
contexto cultural da narrativa. Esse deslocamento coloca, mais uma vez, a
perspectiva da estrangeirização como primeira opção de Miller, como ele mesmo

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as situações específicas, nas quais eu senti a


25 (Tradução nossa).
Por meio deste estudo, comprovamos que a dicotomia estrangeirização x
domesticação é problemática e polêmica. Considerando a complexidade envolvida
em cada processo tradutório, o tradutor tem a difícil tarefa de considerar as
diferentes estratégias de tradução e escolher aquela ou aquelas que melhor se
adequam ao contexto da tradução. Vale lembrar que toda tradução é subjetiva, pois
depende da interpretação do tradutor que também é leitor. Essa consideração nos
leva a crer que é impossível optar por uma tradução totalmente estrangeirizante ou
apenas domesticadora. Assim como em outras dicotomias, essas estratégias não são
estanques, podendo haver diferentes combinações de ambas na tradução de um
mesmo texto, como aconteceu na tradução de Uma vida em segredo, além de
estratégias híbridas ou soluções que não representam nem uma nem outra posição.
A pesquisa que deu origem a este artigo é no âmbito da literatura comparada
e, por isso, precisamos ter em mente a questão da interpretação do texto-fonte pelo
tradutor e a recepção desse texto pelo leitor. No caso estudado, entendemos que se
o leitor americano não tem conhecimento prévio de aspectos culturais muito
específicos de uma cidade do interior mineiro, provavelmente, a escolha do tradutor
pela não tradução desses aspectos pode causar estranhamento no leitor de A hidden
life. Assim, ao respeitar a alteridade da novela, o tradutor acaba por não respeitar a
alteridade do seu leitor, além da possibilidade de influenciar a imagem que o leitor
faz da cultura alheia. Isso comprova que o papel do tradutor literário é de
fundamental importância, tanto para a cultura de seu próprio país, quanto para a
cultura do país ao qual pertence o autor do texto-fonte.
No entanto, não há como servir a dois senhores. Parafraseando Berman
(2002), traduzir é trair. Trai-se o nacional ou trai-se o estrangeiro. Mas traduzir
também é interpretar, cabendo ao tradutor a decisão de escolher a quem ser fiel.

25 tory (MILLER,
2018).

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REFERÊNCIAS

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MILLER, Edgar H. Knoxville, USA, 16 ago. 2016. Entrevista concedida a Daniela de


Azevedo.

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NORD, Christiane. Translating as a purposeful activity: a prospective approach.


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SCHLEIERMACHER, Friedrich Daniel Ernst. Sobre os diferentes métodos de


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Oxford University Press, 1975.

VENUTI, Lawrence. : a history of translation (1995).


London, New York: Routledge, 2004.

Biografia dos autores

Daniela de Azevedo é especialista em Línguas Estrangeiras Modernas e mestre em


Estudos Literários pela Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes.
Professora do curso de Letras Inglês da mesma universidade e pesquisadora nas
áreas de letramento literário, literatura comparada e tradução.

Osmar Pereira Oliva é mestre em Literatura Brasileira e doutor em Literatura


Comparada, pela UFMG. Atua no Mestrado em Estudos Literários da Universidade
Estadual de Montes Claros Unimontes, com pesquisas e publicações sobre gênero,
identidade, literatura brasileira contemporânea de autoria feminina. Também se
dedica à produção literária de Autran Dourado e seus arquivos, organizados no
Arquivo de Escritores Mineiros, da UFMG.

caleidoscópio: literatura e tradução | v. 4 | n. 1 [jan. jun. 2020] p. 32 - 50 | ISSN: 2526-933X


POÉTICA FEMINISTA E VIOLÊNCIA:
UMA LEITURA DO CONTO “ÁGUA”, DE ANA PAULA PACHECO

Heidy Cristina Boaventura Siqueira*


Osmar Pereira Oliva**

RESUMO: Este artigo objetiva analisar o conto “Água”, do livro A casa deles, de Ana Paula Pacheco, no qual a
mulher fala sobre si mesma, promove questionamentos sobre sua condição social e denuncia violências praticadas
pelo seu companheiro. O processo de memória/invenção é apontado, neste trabalho, como uma categoria
metodológica possível de análise. A memória, forjada no imaginário da autora, promove o que é visto como
invenção, mas contendo um gesto questionador, subversivo, feminista.

PALAVRAS-CHAVE: Ana Paula Pacheco. Poética feminista. Gênero. Violência.

Numa cultura ainda com herança patriarcal, e, portanto, com uma história literária e
tradição crítica seculares, canonizada e construída pela ótica predominantemente do masculino,
de forma singular, as mulheres têm rompido com o silêncio que lhes foi imposto, e denunciado
a dominação sexista, cultural e ideológica a que foram subordinadas. Em nenhuma outra época,
debateu-se e produziu-se tanto material científico a respeito das mulheres e sua produção
literária, como nas últimas décadas.
Não podendo dissociar-se a arte do contexto social em que foi produzida, a literatura
geral e, em particular, a brasileira, negou legitimidade cultural à mulher, enquanto sujeito do
discurso até as décadas de 1960 e 1970, época em que o feminismo se consolidou enquanto
movimento político. Mesmo reconhecendo o importante caminho aberto por outras mulheres
desde o segundo quartel do século XIX, como Nísia Floresta, por exemplo.
O fundamento deste silêncio feminino vem da estética de base europeia que,
tradicionalmente, imputou ao homem a capacidade artística de criar. À mulher, coube a
acomodação em papéis de subordinação socialmente definidos, tais como gerir o lar, educar os
filhos, entre outros. E, caso se aventurasse na escrita, sua produção resultava, do ponto de vista
masculino, como literatura menor, sem valor, ou mera cópia, imitação. Rita Terezinha Schmidt,
pesquisadora da literatura de autoria feminina, a partir de aportes de teorias feministas e pós-
coloniais, afirma que:

Excluída da órbita da criação, coube à mulher o papel secundário da reprodução. Essa


tradição de criatividade androcêntrica que perpassa nossas histórias literárias assumiu
o paradigma masculino da criação e, concomitantemente, a experiência masculina
como paradigma da existência humana nos sistemas simbólicos de representação.
(SCHMIDT, 1995, p. 184).

*
Graduada em Direito (2007); Pós-Graduada lato sensu em Direito Processual (2009); Pós-Graduanda stricto
sensu - Mestrado em Letras/Estudos Literários pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES.
Advogada. Servidora Pública Efetiva do Município de Montes Claros/MG. E-mail:
heidycristina@adv.oabmg.org.br
**
Graduado em Letras Português/Francês (1993); Pós-Graduado lato sensu em Língua Portuguesa e Linguística
(1995) e em Filosofia, pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES; Mestre em Literatura
Brasileira (1999) e Doutor em Literatura Comparada (2002), ambos pela Universidade Federal de Minas Gerais -
UFMG; Pós-doutor em Literatura Brasileira (2007), pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Pós-
doutor pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG (2019). Professor na Universidade Estadual de Montes
Claros – UNIMONTES. E-mail: osmar.oliva@unimontes.br
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IPOTESI, JUIZ DE FORA, v.23, n.1, p. 65-76, jan./jun. 2019


POÉTICA FEMINISTA E VIOLÊNCIA:
UMA LEITURA DO CONTO “ÁGUA”, DE ANA PAULA PACHECO

Heidy Cristina Boaventura Siqueira*


Osmar Pereira Oliva**

RESUMO: Este artigo objetiva analisar o conto “Água”, do livro A casa deles, de Ana Paula Pacheco, no qual a
mulher fala sobre si mesma, promove questionamentos sobre sua condição social e denuncia violências praticadas
pelo seu companheiro. O processo de memória/invenção é apontado, neste trabalho, como uma categoria
metodológica possível de análise. A memória, forjada no imaginário da autora, promove o que é visto como
invenção, mas contendo um gesto questionador, subversivo, feminista.

PALAVRAS-CHAVE: Ana Paula Pacheco. Poética feminista. Gênero. Violência.

Numa cultura ainda com herança patriarcal, e, portanto, com uma história literária e
tradição crítica seculares, canonizada e construída pela ótica predominantemente do masculino,
de forma singular, as mulheres têm rompido com o silêncio que lhes foi imposto, e denunciado
a dominação sexista, cultural e ideológica a que foram subordinadas. Em nenhuma outra época,
debateu-se e produziu-se tanto material científico a respeito das mulheres e sua produção
literária, como nas últimas décadas.
Não podendo dissociar-se a arte do contexto social em que foi produzida, a literatura
geral e, em particular, a brasileira, negou legitimidade cultural à mulher, enquanto sujeito do
discurso até as décadas de 1960 e 1970, época em que o feminismo se consolidou enquanto
movimento político. Mesmo reconhecendo o importante caminho aberto por outras mulheres
desde o segundo quartel do século XIX, como Nísia Floresta, por exemplo.
O fundamento deste silêncio feminino vem da estética de base europeia que,
tradicionalmente, imputou ao homem a capacidade artística de criar. À mulher, coube a
acomodação em papéis de subordinação socialmente definidos, tais como gerir o lar, educar os
filhos, entre outros. E, caso se aventurasse na escrita, sua produção resultava, do ponto de vista
masculino, como literatura menor, sem valor, ou mera cópia, imitação. Rita Terezinha Schmidt,
pesquisadora da literatura de autoria feminina, a partir de aportes de teorias feministas e pós-
coloniais, afirma que:

Excluída da órbita da criação, coube à mulher o papel secundário da reprodução. Essa


tradição de criatividade androcêntrica que perpassa nossas histórias literárias assumiu
o paradigma masculino da criação e, concomitantemente, a experiência masculina
como paradigma da existência humana nos sistemas simbólicos de representação.
(SCHMIDT, 1995, p. 184).

*
Graduada em Direito (2007); Pós-Graduada lato sensu em Direito Processual (2009); Pós-Graduanda stricto
sensu - Mestrado em Letras/Estudos Literários pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES.
Advogada. Servidora Pública Efetiva do Município de Montes Claros/MG. E-mail:
heidycristina@adv.oabmg.org.br
**
Graduado em Letras Português/Francês (1993); Pós-Graduado lato sensu em Língua Portuguesa e Linguística
(1995) e em Filosofia, pela Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES; Mestre em Literatura
Brasileira (1999) e Doutor em Literatura Comparada (2002), ambos pela Universidade Federal de Minas Gerais -
UFMG; Pós-doutor em Literatura Brasileira (2007), pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Pós-
doutor pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG (2019). Professor na Universidade Estadual de Montes
Claros – UNIMONTES. E-mail: osmar.oliva@unimontes.br
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IPOTESI, JUIZ DE FORA, v.23, n.1, p. 65-76, jan./jun. 2019


Silenciada, à mulher coube o papel da reprodução genética e, também, artística, uma
vez que era analisada pelo arquétipo masculino, como se “copiasse” a produção ficcional já
existente. Virgínia Woolf, em A room of one’s own, datada de 1929, traduzida para o português
em 1985 (Um teto todo seu), observa que até o final do século XIX a mulher não foi estimulada
a desenvolver sua capacidade artística criativa. As poucas que ousaram adentrar nesse universo,
até então dominantemente masculino, foram duramente ridicularizadas pela sociedade.
Margareth Rago exemplifica esse fato, em seu artigo intitulado “Adeus ao feminismo?
Feminismo e (pós)modernidade no Brasil”, de forma concordante com Woolf, ressaltando que
as mulheres, aderindo ao feminismo, buscaram por visibilidade em todos os espaços da vida
social, política e cultural, tornando-se vítimas de “uma construção misógina e estereotipada”,
que as definiu como “mulheres tristes e infelizes, frustradas em sua incapacidade de conquistar
o ‘sexo forte’” (RAGO, 1995/1996, p. 17).
Nas décadas de 1960 e 1970, o movimento feminista fortaleceu-se e passou, dentre
outras temáticas, a desconstruir os mitos da inferioridade natural feminina, a resgatar a história
das mulheres, a reivindicar a condição de sujeito de investigação da própria história, além de
rever, criticamente, o que os homens sobre elas haviam dito até então (DUARTE, 1988, p. 70).
Nesse contexto, o conceito de gênero passou a ser rapidamente disseminado como alternativa
de um novo olhar sobre a sociedade, situando as distinções características entre homens e
mulheres nas hierarquias sociais. O conceito de gênero, surge, portanto, como possibilidade de
desestabilizar o regime de poder socialmente imposto.
Contribuindo com esse debate, Adriana Piscitelli, apesar de não analisar se o conceito
de gênero atendeu à expectativa no qual foi concebido, afirma a importância do seu surgimento
e o significativo avanço em relação às possibilidades analíticas anteriormente oferecidas pela
categoria mulher (PISCITELLI, 2004, p. 43).
Porém, desde o século XIX, a já tão difundida ideia de direitos iguais à cidadania,
pautada na igualdade entre os sexos, impulsionou a mobilização feminista. Partindo do
pressuposto de que a subordinação feminina não possuía um caráter natural, mas sim,
socialmente construído, as feministas passaram a traçar estratégias para problematizar e
diminuir a sujeição da mulher. Nas palavras de Piscitelli, “a ideia subjacente é a de que o que é
construído, pode ser modificado” (PISCITELLI, 2004, p. 45). Se as diferenças de gênero se
estruturaram em bases essencialmente culturais e sociais, não podiam continuar sendo
consideradas naturais; podiam e deviam ser revistas e reconstruídas.
Ainda hoje é comum a confusão entre “gênero” e “mulher”, ou mesmo a oposição dos
“estudos sobre mulher” aos “estudos sobre gênero”. Piscitelli explica que tais equívocos são
compreensíveis considerando-se que o conceito de gênero se desenvolveu no âmbito dos
“estudos sobre mulher” e com eles compartilhou vários pressupostos (PISCITELLI, 2004, p.
49). Embora o termo gênero já fosse utilizado, o seu conceito foi introduzido nos debates sobre
as causas da opressão da mulher a partir do ensaio The traffic in women: notes on the ‘political
economy’ of Sex (O tráfico de mulheres: notas sobre a “economia política” do sexo), de Gayle
Rubin, publicado em 1975.
Em seu trabalho, Rubin teoriza acerca do que denominou sistema sexo/gênero, que seria
um aparato social sistêmico que torna uma matéria prima (o sexo), acautelado na sua própria
natureza, transformando-a em produto (o gênero). Deste modo, apenas o conceito de gênero
estaria sujeito às mudanças históricas. Depreende-se, portanto, que a opressão da mulher não é
inevitável, mas sim um produto de relações sociais específicas (PISCITELLI, 2004, p. 49-52).
A reelaboração dos pressupostos teóricos e políticos do movimento feminista
desencadeou uma revisão do conceito de gênero. Em 1990, com a publicação do livro
Problemas de gênero e subversão da identidade, Judith Butler questiona a identidade como
66

IPOTESI, JUIZ DE FORA, v.23, n.1, p. 65-76, jan./jun. 2019


fundamento da ação política do feminismo. Para a autora, reafirmar a identidade da mulher
como sujeito do feminismo contribuiria para manter a estabilidade das relações hierárquicas
socialmente estabelecidas entre o masculino e o feminino (FIRMINO; PORCHAT, 2017).
Segundo Butler, presumir uma identidade feminina excluiria sujeitos que não se
enquadram nas normativas de tal categoria. Afinal, definir mulher poder-se-ia incorrer num
engessamento identitário, engendrado pelo sistema de poder dominante que o feminismo, desde
sua origem, buscou combater. Butler destaca que o determinismo biológico, baseado nas
capacidades humanas reguladas pelo sexo, serviu para naturalizar as desigualdades entre
homens e mulheres. Ao se naturalizar o poder, tem-se a capacidade de ocultar seus mecanismos
de operação, bem como evitar uma contestação de transformação social. Desta forma, a autora
entende gênero como uma construção social.
Piscitelli afirma que Butler contribuiu para o surgimento de linhas de pesquisa sobre
gênero não centradas nas mulheres, como estudos sobre masculinidade, gays e lésbicas.
Entretanto, a referida autora é alvo de críticas por parte da militância feminista, que considera
incompatível com o movimento a abordagem de “gênero sem mulheres” (PISCITELLI, 2004,
p. 52). A partir do momento em que as mulheres ampliaram sua participação nas artes, e de
forma especial na literatura, fez-se necessário constituir teorias capazes de abarcar as
transformações ocorridas.
Constância Lima Duarte, em seu ensaio intitulado “Literatura feminina e crítica
literária”, destaca o trabalho de Patricia Spacks no sentido de dar destaque à capacidade
feminina de, utilizando-se de sua criatividade, combater, ainda que de forma velada,
dificuldades específicas. A pesquisadora ressalta os escritos teóricos de Jacques Derrida e Julia
Kristeva, para os quais o feminino, considerado como a negação do fálico, poderá desmontar o
pensamento falocêntrico ocidental (DUARTE, 1988, p. 72).
Segundo Duarte, no campo da literatura, a questão mais debatida continua sendo a
existência ou não de uma literatura especificamente feminina. Apesar de muito ter-se
caminhado no sentido de identificar traços distintivos do comportamento e da natureza
feminina, para a autora, a linguagem literária feminina parece estar longe de ser definida.
Assim, desde Virgínia Woolf até as tendências mais contemporâneas, várias são as tentativas
para explicar o que poderia ser chamado “escritura” de mulher:

Annie Leclerc e Hélène Cixous exploram a introdução do corpo na arte, a partir de


um ângulo distintivo. Para Cixous a escritura feminina significa “escrever o corpo”,
pois para ela o corpo feminino apresenta “impulsos distintivos e um desejo que surge
do inconsciente”, para Leclerc “uma linguagem uterina”. Kristeva avança um pouco
e considera o corpo como “gozo” e como “força semiótica na escritura capaz de
quebrar a ordem simbólica restritiva”, já Luce Irigaray com o pressuposto de que o
“feminino” significa mais que “mulher”, procura-o através dos discursos filosófico e
psicanalítico. (DUARTE, 1988, p. 73).

As teorias mencionadas demonstram que não há entendimento unânime. E nem poderia


haver em se tratando de mulheres, seres marcados pela sororidade, mas de características
singulares, mesmo quando analisadas no mesmo contexto histórico e cultural. O que se pode
referir é que há uma vertente francesa, de natureza psicanalítica e semiótica, a qual investiga os
textos de autoria feminina a partir da linguagem, escrita ou simbólica; e uma vertente norte
americana, de cunho mais sociológica, a qual prestigia o sujeito que se encontra por trás da
escrita, o contexto de produção da literatura e as relações de gênero, que abarcam não apenas o
masculino e o feminino, mas também outras categorias, como raça, etnia e classe.

67

IPOTESI, JUIZ DE FORA, v.23, n.1, p. 65-76, jan./jun. 2019


Ciente desta singularidade, Lúcia Helena Vianna, em seu trabalho “Poética feminista –
poética da memória”, ressaltando as dificuldades encontradas pelos pesquisadores do
feminismo com a literatura de mulheres brasileiras, aponta a memória como uma categoria
metodológica na construção de uma poética feminista, tendo como recorte os contos de
escritoras brasileiras do século XX (VIANNA, 2003, p. 1). A seleção do século XX, como já
mencionado anteriormente, se dá em razão da consolidação do feminismo enquanto movimento
político a partir de 1970, o que deflagrou um processo de afirmação identitária, que tem a
linguagem como um dos seus espaços de embate.
Por meio da linguagem literária, a mulher fala sobre si mesma e constrói sua
subjetividade, questiona as relações sociais, reivindica participação ativa em todos os âmbitos,
denuncia opressão e violência, além de dizer seus anseios e desejos. Para tanto, lança mão das
memórias, sem deixar de absorvê-las, filtrá-las, transformá-las em ficção.
Para Vianna, poética feminista seria todo discurso produzido pelo sujeito feminino que,
assumidamente, ou não, contribua para o desenvolvimento da consciência feminista dando
destaque ao papel afirmativo do feminino no mundo público, alterando a ordem vigente
estabelecida. Observe-se que o conceito não se refere somente ao modo de escrever
propriamente feminino, denominado de “escritura feminina”1. Deste modo, destaca ainda a
referida autora: “Poética feminista é poética empenhada, é discurso interessado. É política”.
(VIANNA, 2003, p. 1-2). Ainda segundo Vianna, o conto, por suas características próprias,
favorece o processo de memória/invenção. A memória, nem sempre evocada voluntariamente,
nem sempre explicitada, às vezes individual, outras vezes coletiva, forjada no imaginário da
autora, promove o que é visto como invenção, carregada de extratos pessoais, sociais e culturais,
uma narrativa inquietante, subversiva, denunciadora (VIANNA, 2003, p. 1-3).
No mesmo sentido, Benjamin Abdala Júnior reforça as significações que são
transportadas ao texto em decorrência da vivência sociocultural do seu denunciante, ainda que
de forma inconsciente:

A codificação literária, ao tornar o sujeito da enunciação uma espécie de “radar”


sociocultural, leva-o a trabalhar uma matéria que vai muito além de sua consciência.
Caso ele seja um escritor consciente de seu ofício – como acontece com frequência
entre os escritores de ênfase social –, ele conhecerá a relatividade de suas “estratégias”
discursivas e também as potencialidades das estruturas textuais como elementos
geradores de significação. (ABDALA JÚNIOR, 2007, p. 65).

O texto é fruto do imaginário. Mas este, por sua vez, é uma amálgama de memórias e
experiências pessoais e coletivas. Deste modo, o texto literário pode ser interpretado como
representação mimética e artística da sociedade e da sua cultura. É nesse contexto que a ficção
de mulheres realiza uma denúncia social na profundidade, evocando memórias coletivas,
clamando pela conscientização feminina; ainda que de forma suave, sem exageros, sem
rebuscamentos. É nesse âmbito, ainda, que se situa o livro da paulistana Ana Paula Pacheco, A
casa deles.
Todavia, antes que se proceda à análise proposta como objetivo deste trabalho, faz-se
necessário um adendo acerca das características específicas do conto, como anteriormente
prenunciado. Antonio Carlos Hohlfeldt, em seu livro Conto brasileiro contemporâneo, ressalta
como características do conto: a forma oral como gênese; o “espaço restrito” e o curto lapso de
tempo da narrativa, e a escassez de personagens (HOHLFELDT, 1988, p. 12-22). O referido

1
É cabível, nesse contexto, diferenciar feminismo (movimento político-ideológico) de feminino (comportamento
da mulher, forma como expressa sua identidade no dia-a-dia).
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autor registra ainda o posicionamento de Câmara Cascudo, para o qual: “o conto popular revela
informação histórica, etnográfica, sociológica, jurídica, social. É um documento vivo,
denunciando costumes, ideias, mentalidades, decisões e julgamentos” (HOHLFELDT, 1988, p.
14).
Ricardo Piglia, aprofundando nos estudos sobre o assunto, afirma que, se o conto
clássico teorizado por Edgar Allan Poe contava uma história anunciando que havia outra, no
conto moderno, contam-se duas histórias como se fossem uma só. “O mais importante nunca
se conta. A história é construída com o não-dito, com o subentendido e a alusão” (PIGLIA,
2004, p. 91-92). Dessa forma, as características próprias do conto ressaltadas por Hohlfeldt, de
forma peculiar, a oralidade, permite uma difusão de ideias, e as propriedades estruturais de
economia textual, demonstram-se propícias para o desencadeamento do processo de
memória/invenção, teorizado por Vianna.
A coletânea de contos A casa deles foi publicada em 2009, pela editora Nankin,
marcando a estreia na ficção de Pacheco, também autora do ensaio Lugar do mito, sobre
Guimarães Rosa. Os vinte e dois contos que compõem o livro são, em geral, breves, de frases
curtas, ordem direta, narrados em primeira pessoa. Vilma Arêas, no posfácio desse livro,
sintetiza os temas tratados na referida coletânea:

Os temas de A casa deles giram entre vida familiar e vida na cidade, com suas leis e
instituições examinadas em seu momento de quase dissolução. Seu ponto inflamado
é o esvaziamento dos personagens, seja pela loucura, que surge normalizada em
muitos textos (cf. “Centro), seja pelo controle de alguém que se fez mais forte, como
em “Supergato” (humildes tiranizados por outro humilde que sobe na escala), seja
ainda de forma mais geral no enquadramento da época da ditadura militar no Brasil,
como em “A 20.000 pés”. (In: PACHECO, 2009, p. 90).

Nenhum dos contos que compõem a coletânea tem o mesmo título do livro, apesar do
trabalho como um todo fazer denúncia social por meio de personagens em espaços de exclusão,
sejam moradores de rua, empregadas abandonadas, quando não podem mais servir aos
interesses capitalistas, sejam hóspedes de asilos e sanatórios, mulheres que são expulsas da
própria casa, dentre outros.
O livro de Pacheco tem por epígrafe trecho extraído de Franz Kafka, A construção:
"Aqui não importa que se esteja na própria casa, pois o fato é que se está na casa deles". Assim,
o título e a epígrafe do livro, o primeiro inspirado e segundo extraído do fragmento de Kafka,
já prenunciam a ausência de domínio do enunciante, o pertencimento a outrem. Ou, pelo viés
da ironia, convoca-se o leitor a questionar onde está a voz feminina que tenta se inscrever na
ordem do discurso, lugar de fala e de poder tradicionalmente masculino.
Em A construção, a criatura-narradora de Kafka vive sob a terra em túneis e
esconderijos por ela escavados. Os referidos túneis guardam a dupla finalidade de habitação e
proteção do seu morador. Entretanto, este, de forma paranoica, não consegue viver em paz.
Sempre atormentada com invasores, desmoronamentos, e ataques súbitos, a criatura está
constantemente escavando, planejando, desenvolvendo estratégias, alargando ou estreitando
galerias.
Acir Dias da Silva, em seu artigo intitulado “Imagens de Kafka: olhares para A
construção”, ressalta que o narrador kafkiano, tomado pela insegurança quanto ao seu destino
e totalmente aterrorizado, busca se proteger de inimigos que não são materializados na
narrativa, apenas pressentidos por rumores e movimentos generalizados. Entretanto, a vida
agonizada por culpas, medos e solidão, desencadeia a própria segregação corporal. (SILVA,
2010).
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Não por acaso, o primeiro conto do livro de Pacheco, “Água”, guarda relação estreita
com a narrativa kafkiana. O referido conto descreve, de forma concisa, mas veemente, a
destruição de uma família pelos atos truculentos de um homem. O título remete ao
“afogamento” da vida doméstica.
A narradora destaca a capacidade do seu companheiro em destruir tudo o que foi
edificado pela família com a força da água. Segundo o Dicionário de Símbolos, de Jean
Chevalier e Alain Gheerbrant, a água é tanto fonte de vida como fonte de morte, simbolizando,
portanto, a criação e a destruição (CHEVALIER; GHEERBRANT, 1997, p. 16). No conto de
Pacheco, a água, que “tudo afundou”, é nascente de destruição. Simboliza a ruína do patrimônio
em comum, mas também dos bens de propriedade apenas da narradora, possivelmente presentes
de parentes próximos ou objetos de herança:

Ele encheu a nossa casa de água. Tudo o que ele pôs ali dentro a água levou. O que
ele fez de bom, fez pior logo depois. Mas foi ele quem afundou tudo, cômodo por
cômodo, coisa por coisa – as dos meninos dele, as dos meus pais, o sofá da minha avó,
a gaiolinha, a gaiolinha da calopsita da menina. Aquilo durou horas e quando ele já
estava bem longe, a casa seca parecia o que o mar engoliu e devolveu. (PACHECO,
2009, p. 11).

A água é elemento essencial e imprescindível a um lar, mas em excesso é prejudicial.


Assim, o masculino poderia ser considerado relevante na família, mas de forma equilibrada,
harmônica. Nesse texto, a voz feminina denuncia a impostura do outro, que não tem limites em
sua atuação veemente. Preenche todos os espaços e menospreza os pertences, as pequenas
coisas dos que estão em sua companhia. A imagem da casa engolida e devolvida pelo mar
intensifica a tragédia familiar. O homem e o mar se assemelham na figuração do gigante
ameaçador, o monstro de boca aberta sempre pronto em sua ânsia devastadora. À mulher não
resta alternativa senão o silêncio, o pranto desolado, os restos da destruição.
A água marca ainda o fim das promessas feitas com o casamento e constituição de uma
família: “Cumpriu ao contrário o que prometeu, do jeitinho que prometeu, mas ao contrário”
(PACHECO, 2009, p. 11). Nesse ritual, o homem promete ser fiel a sua esposa até que a morte
os separe; promete ainda cuidar dela na saúde ou na doença, na abundância ou na pobreza. No
entanto, essas promessas não passam de um discurso ensaiado e decorado, sem preocupação na
vida prática.
A destruição causada pelo personagem masculino também é direcionada aos filhos. De
forma figurada, a narradora expressa: “As luzes todas que acendeu, apagou. Até a do quarto
dos meninos dele” (PACHECO, 2009, p. 11). O particular também é político. A voz narrativa
denuncia a violência doméstica como uma ruptura não só afetiva, mas também social; todos são
afetados de forma dolorosa por essa quebra de expectativas da felicidade. O potencial provedor
e protetor do lar se torna seu algoz, seu temível e terrível monstro.
Ao fazer uso da expressão “meninos dele”, a narradora-personagem de “Água”,
demonstra, absorta pela violência do companheiro, a ideia de perda do poder familiar sobre os
próprios filhos. De forma similar ao narrador kafkiano, a narradora de Pacheco também passa
a temer ruídos e sinais do “inimigo”: “[...] mesmo na sua ausência, o lugar ainda muda. A cada
dia um novo sinal de água aparece. Mofo, relento, um pedaço de tábua, um chiado”
(PACHECO, 2009, p. 11-12).
Entretanto, diferentemente do narrador d’A construção, que não faz distinção entre casa,
esconderijo e lar por ser um animal, a narradora do conto “Água” demonstra sofrimento com o
desmantelamento de sua família, com a destruição do seu lar. Assim, faz referência à sua casa,
antes de a mesma ser destruída pelo companheiro, como ninho, lugar que abriga, acolhe,
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protege: “Tínhamos a vantagem do agasalho, uma casa como um ninho nesta cidade dura. Se
quem passasse tivesse a perspectiva de um pássaro grande, concordaria em dizer que a nossa
casa era um ninho escondido no cimento” (PACHECO, 2009, p. 12).
Assim como em A construção, a narradora de “Água” também vive em total agonia,
buscando defesas na sua própria casa, na qual se enclausura, temendo as ameaças do “inimigo”:
“Então tranquei a porta e não abri para ninguém” (PACHECO, 2009, p. 12). Ainda se
recuperando do “afogamento”, a narradora-personagem é surpreendida com a venda da sua
casa. Sem que lhe seja dado conhecimento dos compromissos, ou até mesmo a falta deles, que
motivaram esta transação entre os compradores e seu companheiro, ela é expulsa de sua morada,
juntamente com os filhos. Resta caracterizado o abandono patrimonial e afetivo da família por
parte do personagem masculino.
Como se vê, novamente o privado se torna público, pois o conflito pessoal acarreta uma
desordem pública de caráter humanístico, pela falta de moradia e acesso aos meios de
subsistência. Quando se acaba um casamento de forma violenta, abre-se uma brecha nas bases
da sociedade – mais um problema que deve ser de responsabilidade social e ampla, pois
dignidade é direito constitucionalmente garantido a todo ser humano.
Inicia-se o "o segundo afogamento, este no seco" (PACHECO, 2009, p.). Da mesma
forma que a água, a terra também pode ser interpretada no conto como fonte de destruição, por
ser aquela que precisa dos mortos para alimentar-se, segundo Gheerbrant et Chevalier (1997,
p. 879). Retomando a teoria de Piglia, percebe-se que o conto ora sob análise narra em primeiro
plano a história de um “afogamento” e, em segundo plano, denuncia de forma subjacente a
violência doméstica e familiar contra a mulher, hoje tipificada como crime pela Lei nº.
11.340/2006, popularmente conhecida como “Lei Maria da Penha”.
A “Lei Maria da Penha”, considerada uma das mais modernas leis do mundo acerca do
assunto, e demonstra a amplitude de sua aplicabilidade, a partir dos vocábulos adotados:
violência doméstica, violência intrafamiliar, violência contra a mulher e violência de gênero;
cada um desses termos está relacionado a perspectivas de análise diferentes, no que tange ao
termo violência e ao predicado que o acompanha. Segundo o artigo 7º da referida Lei, são
formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, dentre outras: a física, a psicológica,
a sexual, a patrimonial e a moral. A violência física é compreendida como “qualquer conduta
que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher”.
A violência psicológica é tipificada pela legislação em comento como qualquer conduta
que cause dano emocional e diminuição da autoestima da mulher; prejudique e perturbe o seu
pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças
e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento,
vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e
limitação do direito de ir e vir; ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde
psicológica e à autodeterminação.
A violência sexual é entendida como qualquer conduta que constranja a mulher a
presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada; que a induza a comercializar
ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade; que a impeça de usar qualquer método
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição; ou que
limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.
A violência patrimonial é percebida como qualquer conduta que configure retenção,
subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos
pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos. E, por fim, a violência moral,
entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

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Marilena Chaui, em seu livro Sobre a violência, afirma que, etimologicamente, o
vocábulo “violência” vem do latim vis, força, e significa:

1. tudo o que age usando a força para ir contra a natureza de algum ser (é desnaturar);
2. todo ato de força contra a espontaneidade, a vontade e a liberdade de alguém (é
coagir, constranger, torturar, brutalizar); [...]; 5. consequentemente, violência é um
ato de brutalidade, sevícia e abuso físico e/ou psíquico contra alguém e caracteriza
relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão e pela intimidação, pelo
medo e pelo terror. A violência é a presença da ferocidade nas relações com o outro
enquanto outro ou por ser um outro [...]. (CHAUI, 2017, p. 46, grifos da autora).

A construção do conto de Pacheco traz a lúmen uma lamentável face da sociedade


brasileira, marcada por atos de brutalidade e abuso físico e/ou psíquico contra a mulher,
caracterizada por relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão, pela intimidação e
pelo medo. Em “Água”, não é possível inferir apenas a presença da violência sexual. Há
violência física implícita: “Ele lacrou tudo: os vãos, as saídas, tapou a minha boca e as dos
meninos dele [...]” (PACHECO, 2009, p. 11). A violência patrimonial também está registrada
no conto de Pacheco, quando a narradora é privada de sua morada, sem qualquer
contraprestação financeira, e ainda presencia a destruição de seus bens:

À tardinha outro homem, não o das placas nem o interessado, me avisou que tinha
sido vendida e que ele, o pai dos meninos, o artista ao contrário, tinha deixado um
bilhete para mim. Eu precisava retirar as coisas se quisesse salvar o que é meu. As
minhas coisas, as dos meninos dele, as coisas dele também. Foi quando tudo começou,
o segundo afogamento, este no seco. Dali a dois dias passaram a aterrar. Tijolos,
louças, cimento, ladrilho, tudo servia para dar solidez àquela boca aberta. Os vãos eles
cobriam com muita terra, e a nossa casa destruída eram os dentes, já sem raiz.
(PACHECO, 2009, p. 13).

Já a violência moral manifesta-se sob a tipificação do crime de injúria, prevista no artigo


140 do Código Penal Brasileiro. Para configuração desse tipo penal, é necessário que se
deprecie alguém de forma genérica, afetando sua dignidade, sua honra subjetiva. Injúria
envolve, portanto, valores sociais e pessoais, e atinge sentimentos de decoro e respeitabilidade.
A característica deste tipo penal é a exteriorização do desprezo e desrespeito pela atribuição a
outrem de vícios ou defeitos morais, intelectuais ou físicos. No conto “Água”, a injúria está
sutilmente configurada quando o personagem masculino atribui à narradora-personagem a
característica de gorda, com desdém: “Me chamou de pesada” (PACHECO, 2009, p. 11).
Entretanto, o que sobressai no texto é a intimidação da narradora pelo seu companheiro
por meio da violência psicológica. Em vários trechos, a narradora explicita, de forma veemente,
o seu medo:

Não gosto quando me olha e sorri, desconfio dele mesmo na lembrança. (PACHECO,
2009, p. 11).
A cada dia um novo sinal de água aparece. Mofo, relento, um pedaço de tábua, um
chiado. Mas considere, ele disse. Você está deixando de considerar que estou aqui
hoje (ele disse depois). (PACHECO, 2009, p. 12).
Você está deixando de considerar que estou aqui hoje (ele disse) e que me apego aos
que machuco. (PACHECO, 2009, p. 12).

As marcas da dominação e da violência masculinas se ampliam do físico ao psicológico.


Mesmo na ausência, a mulher sofre com as lembranças do homem com quem conviveu. E se
desvela, ainda, a mais inesperada declaração: apegar-se a quem se machuca. A delimitação do
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território é configurada pela fala reiterada do homem, ao lembrar à companheira, diversas vezes,
que ele está na casa, como uma ameaça de poder opressor e de violência anunciada.
Fazendo uso dos termos de Piglia, a “verdade secreta” revelada na “superfície”
(PIGLIA, 2004, p. 94), no conto “Água”, é a evocação de memórias da coletividade de mulheres
que são assim constrangidas, cotidianamente, das mais diversas e brutais maneiras possíveis,
pelo fato de serem mulheres numa sociedade de herança patriarcal e autoritária. Nessa narrativa,
nenhum personagem é nominado, o que remete à ideia de que pode ser qualquer um em situação
idêntica. Ou, ainda, que o relato feminino traz a história de um coletivo de mulheres, em
contextos de vida diferentes, mas submetidas à mesma violência.
Em relação aos diversos tipos de violência, a filósofa Marilena Chauí afirma que esta é
legitimada na sociedade brasileira hodierna porque o meio social ainda conserva as marcas da
sociedade colonial escravista, assinalada pelo predomínio do espaço privado sobre o público e
centralizada na hierarquia familiar patriarcal. Para ela, a sociedade brasileira é fortemente
hierarquizada em todos os seus aspectos. Assim, repetindo a forma da família patriarcal, “as
relações sociais e intersubjetivas são sempre realizadas como relação entre um superior, que
manda, e um inferior, que obedece”. As diferenças sociais reforçam a de “mando-obediência”,
de modo que “o outro” jamais é reconhecido como sujeito de direito. A referida autora adverte,
todavia, que, “quando a desigualdade é muito marcada, assume a forma da opressão” (CHAUI,
2017, p. 58-59).
Desse modo, apagada a alteridade, há o encolhimento do espaço público (da lei e dos
direitos) e o alargamento do espaço privado (da vontade arbitrária); o que a filósofa denomina
de “autoritarismo social” (CHAUI, 2017, p. 60). Neste contexto, a mulher, vista na sociedade
de herança patriarcal como inferior em decorrência da suposta natureza de fragilidade, tem sua
desigualdade fortemente marcada em relação ao sexo masculino. Essa desigualdade assume a
forma de opressão. A mulher, portanto, em posição de inferioridade na sociedade hierarquizada,
passa a ser silenciada e subjugada pelo homem.
A violência está de tal modo interiorizada na sociedade que a desigualdade salarial entre
homens e mulheres que realizam atividades idênticas, por exemplo, é considerada normal; e a
violência é tida como inexistente. Desse modo, ainda de acordo com os estudos de Chauí, em
decorrência do mito da não violência, mantém-se à sombra o fato que a sociedade brasileira
ainda hoje é verticalizada, hierarquizada, autoritária e por isso mesmo violenta.
O conto “Água” busca trazer luz a essa sombra. É um convite à reflexão, mas, também,
a uma tomada de consciência, e, sobretudo, mudança de atitude. A escrita de Pacheco, ainda
que fazendo uso de “arma branca”, nas palavras de Vilma Arêas, é denunciadora e engajada,
reflexo de uma memória coletiva feminista, evocada para, de forma específica, recordar que,
não obstante as conquistas sociais alcançadas, muitas mulheres (não importa que estejam na
própria casa) ainda continuarão “na casa deles”, dos homens truculentos, por não
saberem/poderem impor a sua vontade.
Constata-se, portanto, que a literatura de Pacheco pode ser analisada sob a categoria
metodológica da memória, conforme elaborada por Vianna, tratando-se de poética feminista,
que contribui para o destaque ao papel afirmativo do feminino no mundo público. Poética
feminista que utiliza a linguagem não como expressão apenas de uma individualidade, mas
como desdobramento de uma discussão política de uma coletividade. A linguagem é, dessa
forma, um gesto de reivindicação e de contestação política.

FEMINIST POETICS AND VIOLENCE:


A READING OF THE SHORT STORY “WATER” BY ANA PAULA PACHECO

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ABSTRACT: This article aims to analyze the "Water" story in Ana Paula Pacheco 's book, "The house of their
own", in which the woman talks about herself, promotes questions about her social condition and denounces the
violence practiced by her companion. The process of memory / invention is pointed, in this work, out as a possible
methodological category of analysis. The memory, forged in the author's imagination, promotes what is seen as
invention, but with a questioning, subversive, feminist gesture.

KEYWORDS: Ana Paula Pacheco. Feminist poetic. Genre. Violence.

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______. Lei nº. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do §8º do art. 226 da Constituição Federal,
da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e
da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher;
dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera
o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras
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Data de submissão: 18/06/2019


Data de aceite: 04/09/2019

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