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1.

Introdução

A presente pesquisa visa falar da relação entre arte e moral que é um tema que tem intrigado
filósofos, artistas e pensadores ao longo da história da humanidade. A intersecção entre esses dois
domínios complexos de expressão humana suscita questões profundas sobre o papel da arte na
sociedade, sua influência nas normas morais e seu poder de reflexão sobre a condição humana.
Neste contexto, a pesquisa explora as perspectivas de filósofos notáveis, como Platão e outros,
que estabeleceram ligações directas entre a arte e a moral. Particularmente, examinaremos como
Platão viu a arte como uma ferramenta que poderia moldar valores e comportamentos, suas ideias
sobre a subordinação da arte à moral e os critérios que ele usou para censurar certas formas de
expressão artística.

Além disso, esta pesquisa também buscará uma análise crítica dessas perspectivas, reconhecendo
a complexidade inerente à relação entre arte e moral. Embora as visões de Platão tenham seu
mérito, é fundamental considerar como a arte, ao longo da história, tem desafiado e enriquecido
nossa compreensão do mundo, muitas vezes ultrapassando fronteiras morais e culturais. À
medida que mergulhamos nesse diálogo fascinante, entenderemos a evolução desse
relacionamento e como ele continua a influenciar nossa apreciação e interpretação das criações
artísticas na sociedade contemporânea.

 
2. A arte e a moral

Alguns filósofos, como Platão, Aristóteles e Vico, estabelecem de uma forma mais ou menos
directa a relação da arte com a moral. Assim, condenam as obras de arte que julgam moralmente
censuráveis.
Platão, o primeiro filósofo a tratar do problema estético, diz que a arte é fruto do amor que impele
a alma para a imortalidade para atingi-la, a alma gera e procria o belo, antecipando, desta feita, a
Vida feliz. No mundo das ideias, a alma vive feliz mediante a contemplação da beleza
subsistente. Para o alcance da felicidade, na Vida terrena, a alma cria o belo através de imitações
da Beleza.
 A moral ganha ainda maior importância pela sua relação com a moral. Platão assevera que a arte
deve subordinar-se à moral. Por consequência, deve ser favorecida só a arte que é útil à educação.
A arte que favorece corrupção deve ser condenada e excluída. Por esta razão, Platão condena a
tragédia e a comédia porque são formas de arte imitativa que se afastam da verdade (do mundo
das Ideias) em vez de se aproximarem dela.
Três são as razões que levaram Platão a condenar as artes imitativas:
 Representam os deuses e heróis com paixões humanas, perdendo respeito;
 Não exprimem a ideia original das coisas (é uma imitação imperfeita e, por isso, distante
da verdade);
 São fundadas nos sentimentos e não na razão. Agita as paixões, provocando o prazer e a
dor.

2.1. Tipo de artes


A arte apresenta-se por diversas formas, como a música, escultura, cinema, teatro, dança,
arquitectura, etc. Existem várias expressões que servem para descrever diferentes manifestações
de arte, por exemplo: artes plásticas, artes cénicas, arte gráfica, artes visuais, etc.

Alguns pensadores (como Hegel e Ricciotto Canudo) organizaram as diferentes artes em uma
lista numerada. A inclusão de algumas formas de arte não foi consensual, mas com a evolução da
tecnologia, esta é a lista mais comum nos dias de hoje:
Número da Arte Forma de Arte Exemplo
1ª Música Azagaia (Mentiras da verdade)
2ª Dança / Coreografia Xigubo
3ª Pintura "Mona Lisa" de Leonardo da Vinci
4ª Escultura / Arquitectura Estátua de Samora Moisés Machel
5ª Teatro Calene e Pastor Dito (O cheque)
6ª Literatura Romance "Dom Quixote" de Cervantes
7ª Cinema Filme "Cidadão Kane" de Orson Welles
8ª Fotografia Fotografia "A menina afegã" de McCurry
9ª Histórias em Quadrinhos HQ "Watchmen" de Alan Moo
3. Conclusão

Tendo realizado o trabalho chega-se a conclusão de que relação entre arte e moral tem sido um
tópico de discussão ao longo da história da filosofia, com diferentes filósofos como Platão
oferecendo perspectivas variadas sobre o assunto. Platão, por exemplo, argumentou que a arte
deveria estar subordinada à moral, condenando formas de arte que ele considerava moralmente
censuráveis. Sua visão baseava-se na crença de que a arte poderia influenciar as emoções e
comportamentos das pessoas e, portanto, deveria ser usada de maneira a contribuir para a
educação e a virtude. No entanto, Platão também foi crítico em relação a formas de arte que
representavam os deuses e heróis com paixões humanas e que se afastavam da verdade.

3.1. Análise Crítica


A relação entre arte e moral continua a ser um tema complexo e debatido. A abordagem de
Platão, embora tenha sua lógica, levanta questões importantes. Primeiramente, a ideia de que a
arte deve ser estritamente subordinada à moral pode limitar a expressão criativa e a liberdade
artística. A arte tem a capacidade de explorar a complexidade da condição humana, incluindo
suas partes obscuras e questionáveis, e isso nem sempre se alinha com uma visão estrita da
moralidade.

Além disso, a ideia de que a arte deve ser usada principalmente para fins educacionais e morais
implica que sua principal função é instruir, em vez de inspirar, provocar reflexões ou entreter.
Embora a arte tenha um papel importante na educação moral e no questionamento de valores,
também é um meio poderoso de expressão individual e colectiva, que pode transcender as
barreiras morais e culturais para criar obras significativas.

A condenação de Platão às artes imitativas também levanta questões. A imitação na arte pode ser
uma forma válida de expressão e exploração da realidade humana. A capacidade da arte de
suscitar emoções, mesmo que perturbadoras, pode ser uma maneira eficaz de engajar o público e
levá-lo a questionar suas próprias crenças e valores.
Portanto, enquanto a visão de Platão sobre a arte e a moral tem seu mérito, é importante
reconhecer que a arte é uma forma diversificada e multifacetada de expressão que pode desafiar
as normas morais e enriquecer nossa compreensão do mundo e de nós mesmos.

4. Referências bibliográficas

GEQUE, Eduardo; BIRIATE, Manuel. Filosofia 12ª Classe – Pré-universitário. 1ª Edição.


Longman Moçambique, Maputo, 2010.

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