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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

FIL1815 - ESTÉTICA
Prof. Rafael Zacca

AVALIAÇÃO G1
Aluna: Priscila P. Vieira
1. Qual é a importância do conceito de autonomia para o estabelecimento da arte
moderna? Como isso se relaciona com o surgimento da Estética na modernidade?

Na modernidade, houve o surgimento de uma série de crises nas formas artísticas que
deixaram uma marca profunda na compreensão do mundo, da arte e da cultura. Dois
exemplos dessas crises foram a Crise das Narrativas e a Crise do Verso.
Resumidamente, a Crise das Narrativas abalou as estruturas tradicionais de contar
histórias, desafiando as expectativas do público e questionando a utilidade de narrativas
convencionais, enquanto que a Crise do Verso desafiou as estruturas tradicionais da poesia.
A partir dessas crises, a arte começou a adquirir uma autonomia cada vez maior. Esse
movimento é essencial para compreender as mudanças que ocorreram na prática artística e na
própria definição de arte durante o período moderno. A arte ganhou autonomia no sentido de
que deveria ser apreciada sem interferências externas, liberta de regras e normas
preestabelecidas. Os artistas foram encorajados a expressar sua visão de mundo de maneira
individual e autônoma, buscando novas formas de representação e experimentação criativa.
Os conceitos do "cubo branco" e da "caixa preta" exemplificam essa autonomia, pois
criaram novos contextos para a exibição e a interpretação da arte. Eles destacaram a
importância da relação entre o espectador e a obra de arte, enfatizando a vida das imagens e a
experiência do público.
Nesse contexto, a estética na modernidade emergiu como uma resposta às crises
artísticas e como uma disciplina filosófica que buscou refletir sobre a autonomia da arte e seu
papel na sociedade moderna. A Estética ofereceu um espaço de reflexão para pensar nas
transformações culturais e filosóficas desse período, bem como na complexidade da produção
artística moderna. Ela se tornou uma maneira de explorar as questões relacionadas à arte, à
autonomia artística e à experiência estética na era da modernidade.
Em última análise, a Estética nos permite apreciar a diversidade e a profundidade da
produção artística moderna, ao mesmo tempo em que fornece um quadro conceitual para
entender a autonomia que a arte conquistou nesse contexto.
2. Por que podemos compreender a Poética de Aristóteles como uma resposta à teoria
da mímesis em Platão? De que maneira esses filósofos avaliam os efeitos da mimesis nos
espectadores das obras de arte?

Platão, notável por suas críticas à mimesis, a via de maneira extremamente negativa.
Em sua obra "A República", ele argumenta que a mímesis seria uma imitação da imitação e
isso afastava ainda mais a arte da verdade das Ideias.
Em contraste e compreendemos também que em resposta - por ser uma visão
diferente e mais positiva - à opinião de Platão, Aristóteles, em sua "Poética", oferece uma
visão mais otimista e construtiva da mimesis na arte, acreditando ser algo intrinsecamente
humano e natural. Ele defende que a mimesis é uma atividade fundamental e inerente à
natureza humana, desde a infância, na qual as pessoas aprendem por meio da imitação.
Em relação aos efeitos da mimesis nos espectadores, Platão expressava preocupações
sobre esses efeitos serem negativos, porque ele temia que a arte pudesse influenciar o público
a imitar comportamentos indesejáveis.
Já Aristóteles, também em resposta a esse pensamento, argumentava que a mímesis na
arte tinha uma dimensão educativa e catártica, permitindo que os espectadores expressassem
suas emoções e alcançassem uma compreensão mais profunda dos temas representados. Em
essência, Aristóteles enxergava a mímesis como uma ferramenta valiosa para a expressão
artística e o desenvolvimento humano.
3. Explique a ideia de “fim da arte” atribuída a Hegel.

Hegel concebia a trajetória da humanidade como uma busca constante pelo


autoconhecimento do que ele chamou de Espírito Absoluto. Nesse contexto, identificava três
estágios fundamentais de expressão desse Espírito: religião, arte e filosofia/ciência. A arte,
em particular, ocupava um papel central, sendo vista como uma forma de expressão direta
desse Espírito, capaz de representar a verdade e a realidade de maneira sensível e simbólica.
No entanto, Hegel sustentava que a filosofia e a ciência estavam destinadas a alcançar
uma compreensão mais completa e conceitual da verdade, superando as limitações da
linguagem simbólica da arte. Assim, ele considerava a filosofia como a forma mais elevada
de expressão do Espírito Absoluto, capaz de abordar conceitualmente aquilo que a arte
apenas tangenciava.
No contexto da discussão sobre o "fim da arte", Hegel argumentava que a arte se
tornava um objeto de pensamento e um desafio quando atingia o seu ponto culminante na
história. Em outras palavras, quando a arte perdia sua função tradicional de ser uma
representação direta da verdade, ela se tornava objeto de reflexão e se libertava para explorar
novas direções.
Portanto, a ideia do "fim da arte" em Hegel não implicava que a arte cessaria de
existir. Pelo contrário, sinalizava uma transformação profunda em sua função e significado. A
arte continuaria a evoluir e a desempenhar um papel fundamental na expressão da condição
humana, mas agora, seria apreciada à luz da reflexão filosófica e da busca pela verdade
conceitual. Ela se tornaria uma parte essencial da história cultural e do desenvolvimento do
pensamento humano, uma expressão da complexidade da relação entre a humanidade, a
realidade e a verdade.

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