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O autor inicia a discussão retomando três campos teóricos que envolvem arte e
antropologia:
1º Teoria antropológica da arte visual evoca uma teoria que lida com
a produção de arte nas sociedades coloniais e pós-coloniais estudadas
pelos antropólogos = a chamada “arte primitiva” – “arte etnográfica” (nos
acervos de museus)
Mas não é isso que o autor tem em mente – segundo o autor a arte das
margens coloniais ou pós-coloniais, na mediada em que é arte, podem ser
abordadas por qualquer “teoria da arte” existente, até onde elas são úteis.
Gell é categórico: “não obstante, não acho que a elucidação dos sistemas
estéticos não-ocidentais constitua uma “antropologia da arte”.
O autor diz que ver a arte de outras cultura esteticamente nos diz mais sobre a
nossa própria ideologia e a veneração quase religiosa de objetos de arte como
talismãs estéticos, do que respeito pelas outras culturas.
Gell aponta que os relatos descritivos das estéticas de outras culturas não
constituem como uma teoria antropológica. O autor aponta que as teorias [MQ1] Comentário: obviamente que
propor uma compreensão de que a
antropológicas possuem certas características e são de interesse antropológico estética é algo presente em todas as
aquela que focam um papel dentro dos processos sociais de interação. A culturas, mas que é necessário observar
isso de uma maneira relativista é plausível.
antropologia da arte não pode ser o estudo dos princípios estéticos desta ou Até porque pensar em critérios morais e
éticos é pensar sobre a organização das
daquela cultura, e sim a mobilização de princípios estéticos (ou algo ideias e o modo de estruturação do
semelhante) no decorrer da interação social. cotidiano e do mundo.
O objeto de arte
O autor logo aponta que esse problema de definição teórica específica da arte
dentro da disciplina da antropologia levanta de imediato a questão de definição
de “objeto de arte”.
Howard Morphy rejeita a indefinição institucional de arte – que arte seria aquilo
que se considera como arte pelos membros do mundo da arte, pois não existe
mundo da arte em muitas das sociedades pesquisadas por antropólogos e no
entanto, essas sociedades produzem objetos muitas vezes reconhecidos como
arte pelo mundo de arte ocidental. Crítica: “aceitar a definição de arte como
dada pelo mundo da arte obriga o antropólogo a impor à arte das outras
culturas um referencial de caráter abertamente metropolitano”.
Definição dualista de Morphy: “Os objetos de arte são aqueles que “têm
propriedades semânticas e/ou estéticas, usadas para fiz de apresentação ou
representação, isto é, os objetos de arte ou são signos-veículos que
transmitem “significados”, ou são objetos feitos com o fim de provocar uma
resposta estética endossada pela cultura, ou então as duas coisas.”
O autor aponta que essas duas condições são sobre o status do objeto de arte
são questionáveis:
O autor diz que não acredita numa linguagem visual em arte e possui vários
aspectos que são importantes para examinar separadamente e sugere ao leitor
que evite o termo significado simbólico – Gell não da ênfase a comunicação
simbólica, e sim a agência, intenção, causação, resultado e transformação. E
encara a arte como um sistema de ação cujo fim é mudar o mundo, e não
codificar proposições simbólicas a respeito do mundo.
Nada pode ser dito antecipadamente sobre a natureza dos objetos de arte, pois
essa natureza é uma função da matriz das relações sociais na qual está
inserida. Não possui uma natureza intrínseca, independente do contexto
relacional.
“qualquer coisa poderia ser tratada como objeto de arte do ponto de vista
antropológico, inclusive pessoas vivas, porque a teoria da arte antropológica se
encaixa perfeitamente na antropologia social das pessoas e dos seus corpos”
(p. 252).
Sociologia da Arte
Em dois caminhos:
O autor aponta que a ideia de pensar os objetos artísticos como pessoas pode
ser estranha o autor aponta que isso ocorre pois se levarmos em conta
que toda tendência histórica da antropologia vem em direção a uma
radical desfamiliarização e relativização do conceito de “pessoa”. Desde
os primórdios da disciplina a antropologia tem dado uma atenção especial a
relações claramente estranhas entre pessoas e coisas, as quais parecem de
algum modo manifestar-se ou atuar como pessoas.
O autor propõe que uma teoria da arte antropológica seja semelhante a teoria
de maus sobre as prestações, pois essa proposta teórica é antropológica por
excelência - aponta que a teoria do parentesco de Levi-Strauss nada mais é
que a teoria de Mauss, só que ele substitui as trocas pelas mulheres. O autor
afirma que faz essa analogia para que o leitor compreenda a sua proposição
básica.
O autor tenta caracterizar o que seria uma teoria antropológica da arte – para
ele a teoria antropológica da arte precisa se identificar com uma teoria que
tenha características da área da antropologia e não com a estética ou com a
teoria da arte.