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C O M P O RTA M E N T O
ORGANIZACIONAL
FERRAMENTAS DE DIAGNÓSTICO E DE GESTÃO
CDU 159.9:331
Identificação organizacional
Áurea de Fátima Oliveira
grupo externo. Machado (2003) reforça essa posição ao afirmar que a identi-
dade social é constituída não somente pela representação que o indivíduo faz
dele mesmo no seu ambiente social, mas também considera os grupos de opo-
sição aos quais ele não pertence.
Terceiro, a Teoria da Identidade Social supõe que os indivíduos são moti-
vados a realizar uma distinção positiva de seu grupo ao compará-lo com ou-
tros grupos, tendendo a preservar e promover uma imagem positiva. Freqüen-
temente, o indivíduo engaja-se em várias estratégias visando essa finalidade.
A Teoria da Autocategorização, por sua vez, explora como os indivíduos
se classificam enquanto membros de um grupo social, maximizando as seme-
lhanças intracategoria e diferenças intercategorias (Pratt, 1998), focalizando
as cognições subjacentes ao processo de comparação social. Especificamente,
esta teoria procura estabelecer um elo entre identidade pessoal e grupal e
examinar a interação entre os níveis intragrupo e intergrupo. Os grupos são
representados como protótipos ou modelos que capturam características do
grupo de inclusão, embora nem sempre de forma precisa. Exemplos de mode-
los são os membros típicos do grupo (membros reais que melhor representam
o grupo) ou tipos ideais (uma abstração de características do grupo). A forma-
ção da identidade se dá através do processo de comparação e o indivíduo
consegue estabelecer o lugar dele no ambiente social. Nesse processo são consi-
deradas as semelhanças e as diferenças entre os vários grupos de comparação.
A Teoria da Autocategorização difere da Teoria da Identidade Social por
explicar como os membros formam categorias sociais em vez de destacar o
impacto dessas categorias sobre o conflito entre grupos. Além disso, é relevan-
te na categorização a influência do contexto no sentido de evocar identidade
pessoal ou social, ou seja, utilizar recursos e habilidades particulares ou se
valer do seu grupo social.
O trabalho de Tajfel (1978) realiza a ligação entre os conceitos de iden-
tidade social e categorização social, sendo esta compreendida como o or-
denamento do ambiente social em termos do agrupamento de pessoas de ma-
neira que isso faça sentido para o indivíduo. Esse ordenamento ajuda a estru-
turar a compreensão causal do ambiente social e contribui enquanto um guia
para a ação. Em toda categorização social são feitas diferenciações entre o
grupo de inclusão do indivíduo e grupos externos usados na comparação. Nes-
se processo de categorização, o indivíduo utiliza vários significados, por exem-
plo, a divisão de pessoas em categorias sociais cujo significado, para o indiví-
duo é, geralmente, associado com avaliações positivas ou negativas dessas
categorias. Estes significados diferenciais tendem a promover diferenças sub-
jetivas em certas dimensões entre as categorias e as similaridades subjetivas
dentro de categorias.
Esse suporte teórico fundamenta o trabalho dos autores que investigam o
construto identidade organizacional e como se dá o processo de identificação
do indivíduo com sua organização de trabalho.
Medidas do comportamento organizacional 181
“A identidade organizacional é uma forma específica da identidade social
na qual o indivíduo define a si mesmo em termos de sua inclusão em uma
organização particular” (Mael e Ashforth, 1995, p. 312). O pressuposto é que
as organizações e seus grupos são categorias sociais e, portanto, existe em
seus membros a percepção de que fazem parte dela. Dito de outra forma,
Machado (2003) considera a existência das organizações na mente de seus
membros e a identidade organizacional é uma parte da identidade individual.
A organização, enquanto categoria social, pode ser percebida como per-
sonificando atributos que são prototípicos dos membros ou da própria organi-
zação, enquanto uma abstração. No sentido real, os indivíduos que se identifi-
cam vêem a si mesmos como uma personificação da organização. Esta concep-
ção da identidade organizacional é compartilhada por Dutton, Dukerich e
Harquail (1994) ao considerar que o autoconceito de um indivíduo abrange
os mesmos atributos da organização por ele percebidos, configurando uma
ligação cognitiva denominada identidade organizacional. No processo de cons-
trução da identidade organizacional está presente a identificação, pois não há
identidade sem identificação (Machado, 2003).
A conceituação de Pratt (1998) sugere que a identificação ocorre quando
as crenças do indivíduo sobre a organização tornam-se auto-referentes ou
autodefinidoras, ou seja, o indivíduo integra àquelas crenças em sua identida-
de. O ponto central da concepção desse autor está nas crenças do indivíduo
em relação ao objeto que pode ser outro indivíduo, grupo ou mesmo idéias. A
identificação organizacional, explicitamente, refere-se ao aspecto social do
autoconceito.
As razões que levariam o indivíduo a se identificar com a organização são
atribuídas por Pratt (1998) às necessidades de segurança, de afiliação, de
autopromoção e holísticas. O indivíduo procura encontrar formas de lidar com
situações que geram insegurança. Além disso, Tajfel (1978) afirma que o gru-
po social realiza sua função de proteger a identidade social de seus membros
mantendo uma distinção positiva e valorizada do grupo de inclusão quando
comparado a outros. Se o grupo não oferece condições adequadas para pre-
servar a identidade social, o indivíduo, psicológica ou objetivamente, o deixa-
rá. Assim, a inclusão em um grupo oferece segurança ao indivíduo, e, prova-
velmente, afeta seu autoconceito. A identificação também se relaciona às ne-
cessidades de vincular-se a uma pessoa ou grupo (afiliação). Assim, a identifi-
cação parece estar relacionada às necessidades sociais do indivíduo. O autor
também afirma que os indivíduos são motivados a perceber os grupos dos
quais participa como sendo mais positivos do que os grupos externos, promo-
vendo autovalorização através do status e do prestígio. Por fim, as necessida-
des holísticas referem-se à busca de um significado para a vida.
Se na perspectiva do indivíduo há ganhos decorrentes do processo de
identificação, do ponto de vista organizacional Cheney (1983 apud Dutton,
Dukerich e Harquail, 1994) destaca que a identificação organizacional tem
182 Mirlene Maria Matias Siqueira & cols.