ESTÉTICA E AS MODIFICAÇÕES DA BELEZA; FILOSOFIA DA ARTE E ESTÉTICA;
CIÊNCIA DA ARTE E ESTÉTICA
A busca incessante pela compreensão da estética têm desempenhado papéis
fundamentais ao longo da história da humanidade, desde os primórdios da civilização as sociedades têm dado significados e valores à estética, influenciando não apenas as artes, mas também a arquitetura, modo de viver e a cultura. Este complexo panorama abrange tanto as reflexões filosóficas sobre a natureza da arte e da estética como também, às investigações científicas relacionadas à compreensão dos mecanismos ocultos à apreciação estética, neste contexto, exploraremos o cruzamento entre estética e modificações do belo, mergulhando nas linhas da filosofia da arte e estética, assim como nos avanços da ciência que buscam decifrar os enigmas que envolvem a apreciação estética e as transformações do conceito de beleza ao longo do tempo. Antes de tudo, na cultura grega antiga, a estética estava intrinsecamente ligada a um ideal de beleza, os gregos valorizavam a harmonia, a proporção e a simetria em todas as formas de arte e expressão visual, e esse ideal de beleza influenciou não apenas a escultura, mas também a arquitetura, a literatura e outras formas de expressão artística, mas a busca pela beleza não estava restrita às artes, mas também fazia parte da educação e das práticas culturais, o cuidado com o corpo, a ginástica e a participação em eventos como os jogos olímpicos eram vistos como formas de cultivar e exibir a beleza física, os gregos inicialmente estavam mais inclinados ao conhecimento sensível, opondo-se à noética. Em contrapartida, Platão argumentava que o conhecimento verdadeiro e duradouro só poderia ser exercido ao transcender as limitações do mundo sensível e buscar entender as formas no mundo inteligível através do exercício da razão e do pensamento filosófico. Alexander Gottlieb Baumgarten, embora tenha criado a disciplina filosófica da estética no século XVIII, foi influenciado por alguns princípios fundamentais dos gregos a ideia de que a experiência sensível é fundamental para a compreensão e apreciação da realidade e assim como os gregos, ele reconhece que a percepção sensorial desempenha um papel crucial na percepção do mundo. Originalmente, ele usou o termo estética para se referir à teoria da arte e da beleza, mas ao longo do tempo, a estética evoluiu para abranger uma variedade de questões relacionadas à percepção, experiência estética e avaliação artística. Portanto, a estética não está mais rigidamente vinculada a um ideal de beleza predefinido, ela passa a abraçar a diversidade, a subjetividade e a expressão autêntica, incorpora elementos do feio, do inusitado e do desafio, refletindo as mudanças culturais, sociais e artísticas ao longo do tempo. Por consequência disso, as pesquisas em estética tendem a fazer um entrelaçamento com a semiótica, ela é usada para analisar como os elementos visuais, sonoros e simbólicos em uma obra de arte transmitem mensagens e significados, bem como, a hermenêutica se concentra na interpretação do interesse do artista e na compreensão das múltiplas camadas de significado presentes em uma obra, ao aplicar a hermenêutica, os pesquisadores em estética buscam desvendar os contextos culturais, históricos e individuais que influenciaram a criação de uma obra de arte, o entrelaçamento nos estudos de estética hoje é inevitável. Embora tenha passado por muitas transformações ao longo da sua existência, foi a sua capacidade de transmutar que provou sua importância, vitalidade e extensão filosófica. A fundação da primeira revista especializada em 1904 representa um marco importante no reconhecimento institucional da estética como disciplina filosófica. Desde então, a estética tem continuado a se desenvolver, incorporando uma variedade de abordagens teóricas, interações interdisciplinares e uma gama mais ampla de preocupações estéticas. Nesse processo de transição da estética para esse lugar de pensamento filosófico, inicialmente se desenvolve a partir do conceito de Baumgarten, influenciado pela filosofia de Leibniz, Baumgarten enfatizou a importância da harmonia e da perfeição na experiência estética, ele via a estética como uma busca pela expressão harmônica e pela compreensão da beleza nas formas artísticas e naturais. Em outro prisma, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, em vez fazer uso do termo estética, ele era associado a terminologia filosofia da arte, quando se trata de discussões sobre a teoria da arte Hegel, na sua abordagem difere um pouco da terminologia usada por Baumgarten, ele estava interessado em como a arte comunica idéias e expressava a cultura e os valores de uma época. Enquanto Baumgarten, e os filósofos anteriores falavam em estética para se referir à teoria da arte e da beleza, Hegel, preferiu o termo filosofia da arte para enfatizar a profundidade filosófica e a discussão sobre o papel da arte. Embora ele possa preferir o termo filosofia da arte, as questões que ele aborda nessa disciplina estão ligadas aos problemas tradicionalmente tratados pela estética. Sobre outra perspectiva, com os pesquisadores M. Dessoir, E. Utitz, W. Worringer, e M. Lalo, podemos observar que eles adotaram abordagens que contrapõem a estética à ciência da arte, muitas vezes em uma linha de orientação que se alinha com estudos positivistas e experimentais, ou seja, a ciência da arte é um pouco diferente, é como se fosse uma abordagem mais prática e científica para entender a arte, imagine que você queira descobrir por que certas cores em uma pintura fazem as pessoas se sentirem felizes ou tristes, os pesquisadores citados acima, estão interessados em usar métodos científicos, como experimentos e observações, para entender a arte de uma maneira mais prática e mensurável. Entretanto, essa abordagem possui um problema de incompletude, pois ela se priva dos debates fundamentais com a essência do valor estético, em resumo, enquanto a ciência busca padrões e relações funcionais no mundo, já a filosofia se dedica a desenvolver conceitos para compreender questões mais amplas e abstratas, a ciência da arte contribui alertando os pensadores da estética sobre as mudanças que o mundo vem sofrendo principalmente nos campos da arte e beleza, por fim, concluímos que cada um desses domínios contribui de maneira única para nossa compreensão e apreciação do mundo e da experiência humana. Referências
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