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O gosto, por sua vez, remete a questão da definição de belo, uma discussão
filosófica que se arrasta desde a antiguidade
A versão portuguesa da Introdução à Estética de George Dickie,
originalmente publicada em 1997, tem muitos méritos e um defeito importante.
O seu autor, professor emérito da Universidade de Illinois, é uma das
referências incontornáveis da Estética praticada pelos filósofos analíticos, nas
últimas três décadas, a par de nomes como Nelson Goodman, Arthur Danto e
Maurice Mandelbaum.
Deve-se a ele a mais notória defesa da teoria institucional da arte, ou seja,
da tese segundo a qual é arte o que assim for reconhecido pela instituição
mundo da arte. Mas, além de representar um olhar que surge de dentro da
investigação contemporânea no domínio, Dickie revela-se, neste livro, um
proficiente divulgador, luminoso, sucinto e rigoroso. Aliás, a propósito do seu
rigor, não é possível deixar passar em claro o enorme esquecimento da edição
portuguesa, em todos os outros aspectos impecável, ao permitir que caísse o
subtítulo da edição original (“An analitic approach”), tanto mais quanto é o
próprio autor, no prefácio da obra, que faz questão de justificar a sua decisão
de introduzir o subtítulo com estas palavras: “Este título mais restrito descreve
com maior rigor o conteúdo deste livro em relação à presente situação da
estética”.
Por outro lado, diferente da pergunta “por que é arte?” é a pergunta “por
que é boa arte?”, cujas respostas podem ser agregadas em diferentes teorias
da avaliação, consoante o tipo de razões que os filósofos da crítica defendam
estarem na base dos juízos valorativos da crítica. Estes são alguns exemplos
dos problemas que a Estética analítica explora e que George Dickie aflora
neste livro com indiscutível mestria.
O desenvolvimento da Estética.
Não é possível falar em estética antes do século VI a.C, uma vez que, nas
sociedades tribais, embora houvesse manifestações artísticas e parâmetros
apara definir o belo, não existia uma preocupação em discutir de forma
sistematizada as chamadas questões estéticas.
Em outras palavras, o belo passou a ser aquilo que fosse capaz de aproximar
de Deus, falar ou significar à espiritualidade.
A palavra estética só surgiu no século XVIII, foi empregada pela primeira vez
em 1750 por Alexander Baumgarten, como sinônimo do estudo da arte e do
belo, construída a partir da palavra grega “aisthesis”.
Neste sentido, a estética pode ser definida como ciência, pois sistematiza o
conhecimento criado a partir do entendimento da realidade contida na arte e
em discussões conceituais inerentes ao juízo dos sentidos.