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contemporaneidade
Apresentação
A filosofia do belo, conhecida como Estética, teve seu início relacionado a Platão, no século V a.C.,
na Grécia. Esse estudo sempre esteve aliado às artes (pintura, escultura, arquitetura, etc.). Com isso,
é possível constatar que o conceito de beleza sofreu várias alterações ao longo dos anos, e o
contexto histórico, bem como a sociedade, são responsáveis por essas mudanças.
Na Grécia, por exemplo, a Arquitetura estava ligada aos deuses, já que os templos são os melhores
exemplares dessa arte, com suas colunas imponentes e o uso refinado/escultórico da pedra. No
período Romano, os arcos e as cúpulas, como forma de diminuir o número de apoios de
sustentação vertical, trazem novos conceitos de estética. O tempo passa e esses conceitos são
negados durante a Idade Média, mas retomados durante o Renascimento. Inclusive, é possível
observar a relação dessas definições estéticas nos exemplares modernos e contemporâneos, como
nos cinco pontos da arquitetura moderna, proposta do arquiteto Le Corbusier.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai identificar o que era a estética do período Clássico, bem
como as características desse momento histórico e como esses padrões se expressaram nas artes e
arquitetura nos últimos dois séculos.
Bons estudos.
No Infográfico a seguir, você vai conhecer um pouco mais sobre a proporção áurea.
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Conteúdo do livro
A Estética enquanto disciplina filosófica estuda as diferentes formas de se perceber o que é
considerado beleza dentro de determinados contextos, refletindo sobre os padrões adotados por
diferentes expressões do belo, seja ele natural ou artístico. Por isso, a disciplina Estética foi
desenvolvida com o intuito de compreender como esse conceito foi entendido pelos filósofos e
evoluiu na história.
No capítulo A estética clássica e sua influência na contemporaneidade, da obra Estética, você vai
conhecer os conceitos de estética nos períodos grego e romano e como ele evolui na história. Você
verá, ainda, como essas características foram empregadas em cada período até os dias de hoje.
ESTÉTICA
Mariana Comerlato
Jardim
Revisão técnica:
ISBN 978-85-9502-416-8
CDU 72.01:111.852
Introdução
A filosofia do belo, conhecida como Estética, teve seu início relacionado a
Platão, no século V a.C., na Grécia. Esse estudo sempre esteve aliado às artes:
pintura, escultura, arquitetura, entre outros. Com isso, é possível constatar
que o conceito de beleza sofreu várias alterações ao longo dos anos e o
contexto histórico e a sociedade são responsáveis por essas mudanças.
Na Grécia, por exemplo, a arquitetura estava ligada aos deuses, já que
os templos são os melhores exemplares dessa arte, com suas colunas
imponentes e o uso refinado/escultórico da pedra. No período Romano,
os arcos e cúpulas, como forma de diminuir o número de apoios de susten-
tação vertical, trazem novos conceitos de estética. O tempo passa, e esses
conceitos são negados durante a Idade Média, e são retomados durante
o Renascimento. Inclusive, é possível observar a relação dessas definições
estéticas nos exemplares modernos e contemporâneos, como nos cinco
pontos da Arquitetura Moderna, proposta do arquiteto Le Corbusier.
Neste capítulo, você irá identificar o que era a estética do período
clássico, identificar características desse momento histórico e como esses
padrões se expressaram nas artes e arquitetura dos últimos dois séculos.
2 A estética clássica e sua influência na contemporaneidade
crítica à arte confronte a visão platônica de beleza e a relação que ela guarda
com a ética. A identidade entre beleza e moral — ou estética e ética — ocorre
com sutileza tal, que Platão desvirtuaria o seu pensamento se reduzisse isso
ao campo da arte. A estética é uma constante no pensamento platônico. A
beleza permeia a sua filosofia desde a metafísica, passando pela filosofia da
natureza, chegando a todas as atividades humanas — ciência, política, ética
e arte. Abordar a teoria de Platão e as suas implicações com a ética impõe
começar compreendendo o seu lugar na metafísica. A concepção de metafísica
da beleza platônica estabelece uma identidade entre o ser, a bondade e o belo.
É nos diálogos contidos em O Banquete e o Fedro que Platão mais se
refere ao belo. No mito da Parelha alada, ele descreve que o caminho para
chegar à alma é o amor. Quando separadas, cada alma procuraria o seu par.
O amador considera a beleza da alma superior à beleza do corpo, pois esta
resiste ao tempo; já a corpórea está sujeita à ruína. Isso segue o que pregava
Platão: o mundo das ideias está acima do mundo material, das ruínas. No texto
O Banquete, o filósofo comenta que o homem que atingisse a beleza seria o
único a criar a verdadeira virtude, “[...] pois se encontra em contato com a
verdade, atribui à beleza a identificando com a verdade, como um bem ou
virtude” (MANSUR, 2011). Seguindo esse pensamento platônico, é coerente
a afirmação presente no texto do Fedro: “somente a Beleza tem esta ventura
de ser a coisa mais perceptível e elevadora” (PLATÃO, 2002).
Mímese e catarse
Dois temas foram importantes para compreender as bases conceituais dos
estudos sobre estética que viriam a surgir no século XVIII: mímese e catarse.
O estudo desse pensamento clássico não esclarece os pensamentos posteriores,
mas com certeza todo o discurso ligado ao estudo de estética foi influenciado
por pensadores da Antiguidade (KIRCHOF, 2003).
Mímese pode ser definido como um termo crítico e filosófico que engloba uma
variedade de significados: imitação, representação, mímica, receptividade, expressão,
o ato de se assemelhar e a apresentação do eu.
O termo mímese surgiu com Platão, que buscou definir esse conceito como
“a mais completa discussão acerca da natureza da arte que recebemos do mundo
antigo”; porém, não ele encontrou um sentido fixo para a palavra (MOISÉS, 2004).
Já Aristóteles, em sua Poética, apresentou a mímese como temática central de sua
obra e atribuiu a ela dois significados: o da imitação e o do antagonismo. Ambos
filósofos viam na mímese a representação do mundo material e perceptível.
Contudo, para Platão, toda a criação era considerada uma imitação — inclusive
a criação do mundo era considerada uma imitação da natureza real.
A estética clássica e sua influência na contemporaneidade 5
https://goo.gl/iWspUe
A estética clássica e sua influência na contemporaneidade 9
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O fim do século XIX apresentou, por sua vez, uma série de contestações
referentes às artes e à arquitetura. Sob influência da Revolução Industrial, do
aumento das velocidades, da fotografia e do cinema, do avião, do estudo da
mente, entre outros, as artes podem ser classificadas segundo três divisões:
estilo, quando buscava representar o novo estilo de vida moderna (futurismo,
cubismo); mente, quando o objetivo da arte não era simplesmente representar
o visível, mas também expressar o sentimento interior (expressionismo, sur-
realismo); e função, pensando na funcionalidade da arte, sem descuidar dos
interesses da população (Bauhaus, De Stijl) (DEMPSEY, 2003).
14 A estética clássica e sua influência na contemporaneidade
É muito importante ressaltar que, nesse momento, tudo o que era produzido
estava negando o passado; como os próprios artistas falavam, a intenção era
produzir algo realmente novo. Na pintura, Pablo Picasso e Van Gogh são alguns
exemplos: eles empregaram novas técnicas e expressões na estética da arte
moderna. Na arquitetura, a escola Bauhaus, criada em 1919, foi a primeira es-
cola de design do mundo, e por ela passaram os arquitetos mais importantes do
período, como Walter Gropius, Mies Van der Rohe e Wassily Kandinsky. Essa
arquitetura propunha uma limpeza geral nos edifícios, em que “Less is more”
(“Menos é mais”), segundo Rohe. Nesse período, outro nome importante foi Le
Corbusier, que desenvolveu os cinco pontos da arquitetura moderna (pilotis,
terraço jardim, janela em fita, fachada livre e planta livre), quase como uma
regra para todas as edificações desse recorte histórico (BENEVOLO, 2001).
No Brasil, um evento marcou essa reviravolta na estética das artes: a Se-
mana de Arte Moderna, em 1922. Nesse movimento de vanguarda, os artistas
apresentaram uma nova visão de arte no país, exaltando o ufanismo, o amor
pelo país, uma crítica ao governo e aos problemas que o Brasil enfrentava.
Nomes como Tarsila do Amaral (na pintura) e Manuel Bandeira (na poesia)
foram importantes para causar o impacto que desejavam.
Na arquitetura, o movimento moderno foi tardio (depois dos anos 1930).
Lucio Costa, Oscar Niemeyer e Paulo Mendes da Rocha foram referência nessa
produção artística, em que a qualidade é inquestionável. Os cinco pontos de Le
Corbusier também estiveram presentes, mas de forma mais autoral. O edifício
Gustavo Capanema (Rio de Janeiro), as obras na Pampulha (Belo Horizonte) e as
casas no Butantã (São Paulo) são exemplos dessa boa arquitetura (ROSA, 2005).
Aldo Rossi, por sua vez, preocupou-se com a relação entre o novo projeto e
os edifícios existentes, acompanhando a escala, altura e modulação destes. A
essa postura de congregação entre o novo e o antigo convencionou-se chamar
de contextualismo (ARANTES, 1995). Na casa Aurora, por exemplo, ele usa
colunas estilizadas para demarcar o acesso principal, como se fosse um pórtico.
Nas fachadas laterais, existe um ritmo perfeito das esquadrias e, no térreo, os
pilares pintados na cor verde lembram as colunas dos templos gregos. Mesmo
sendo feitas de um material diferente, que permitiria maiores vãos entre eles, o
arquiteto insiste nos pilares próximos, remetendo à arquitetura grega (Figura 8).
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A estética clássica e sua influência na contemporaneidade 17
Leitura recomendada
PLATÃO. Górgias. Traduzido por Carlos Alberto Nunes e digitalizado por membros
do grupo Acrópolis (http://br.egroups.com/group/acropolis/).
RIBEIRO, L. F. B. Sobre a estética platônica. Viso: Cadernos de estética aplicada, v. 1,
n. 1, jan./jun. 2007..
VILLA LA ROTONDA. 2009. Disponível em: <http://www.villalarotonda.it/en/home-
page>. Acesso em: 25 abr. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Dica do professor
A Arte, ao longo dos anos, sempre mostrou uma coerência dentro de cada recorte histórico.
Entretanto, no movimento contemporâneo ou pós-moderno é difícil determinar pontos em comum
entre as diversas expressões artísticas.
Nesta Dica do Professor, você vai conhecer mais sobre a arte contemporânea.
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Exercícios
2) A Arte Clássica, negada durante a Idade Média, é retomada no Renascimento. Uma ligação
entre esses dois períodos está na obra de Vitruvio, já que:
C) Leonardo Da Vinci é responsável pelo desenho icônico que descreve o Homem Vitruviano,
além de pôr o homem no centro da atenção.
E) esta anulava o que havia sido feito pelos egípcios e etruscos, eliminando, assim, os elementos
decorativos.
5) A arquitetura contemporânea ou pós-moderna entende que deve produzir algo que conteste
os ideais modernistas. Aldo Rossi, em seus trabalhos, retoma os conceitos clássicos,
criticando o estilo internacional proposto pela Bauhaus. Sendo assim, é correto afirmar que:
B) Venturi utiliza o arco de maneira não óbvia como forma de insinuação à estética clássica.
E) a ideia de pórtico é retomada no projeto da Casa Aurora, com o uso das cariátides.
Na prática
O Edifício Gustavo Capanema (1947) é um símbolo da Arquitetura Modernista brasileira. O projeto
de Lucio Costa e equipe, além da consultoria de Le Corbusier, representa o belo de um período,
contemplando o que o arquiteto franco-suíço já julgava correto no início do século XX.
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