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A ação humana é aquilo que distingue o ser humano dos animais irracionais porque agir

humanamente equivale a agir de forma voluntária e consciente. Nos animais não humanos a
inteligência está ao serviço dos instintos, ou seja, é predeterminada para a sobrevivência. Nos
seres humanos a inteligência está ao serviço da ação. Temos de distinguir três aspetos:

Há coisas que acontecem. Acontecimento designa qualquer ocorrência ou evento.


Há coisas que nos acontecem, tendo a ver com o que nos afeta, mas não depende de
nós, limitámo-nos a ser recetores dos acontecimentos.
Há coisas que fazemos. Todos os acontecimentos que partem de nós são realizações
nossas, como do ponto de vista motor (mexer o braço).
Há coisas que fazemos inconscientemente, ou seja, não sabemos que as estamos a
executar.
Há coisas que fazemos conscientes, mas involuntariamente, pois sabemos que as
estamos a fazer, mas não dependem de uma intenção nossa.
Há coisas que fazemos consciente e voluntariamente, ou seja, temos o propósito de
fazer algo, a intenção.

Ação – designa algo que um ser humano executa intencionalmente. Tem como finalidade a
transformação do agente e do seu mundo. Pressupõe sempre uma vontade livre. A rede
conceptual da ação é composta pelo agente, motivo e intenção.

Agente – aquele que toma a iniciativa da ação. É o responsável pela ação, aquele que
responde pelos atos por si livremente praticados. Responde à pergunta “quem faz?”.
Consciência (palco no qual ocorrem os pensamentos e intenções) e intencionalidade
(orientação da consciência para um determinado fim) são características intrínsecas da mente
humana, então só os seres humanos são agentes. (ex. Heitor)

Pode haver acontecimentos sem que existam ações, mas não pode haver ações em
acontecimentos.

Dizemos que outros animais não podem realizar ações pois o seu comportamento obedece
exclusivamente às regularidades da causalidade biológica, ou seja, regem-se por conduta
predeterminada por um programa genético que não lhes deixa alternativa.

Motivo – designa uma razão para agir e está implicado nas respostas que este se reconhece
capaz de dar para justificar a sua ação. Responde à questão “porque faz?” e é com eel que nos
justificamos ou desculpamos. Inclui crenças e desejos. (ex. porque acredita que que enfrentar
Aquiles é um dever seu, porque é seu desejo expulsar os invasores)

Intenção – é o propósito ou a finalidade da ação e, neste sentido remete para o espaço mental
do agente. Serve para identificar a ação. Responde à pergunta “que faz?” e liga-se
estritamente ao motivo. Relaciona-se com os desejos para distingue-se destes por implicar um
plano e um compromisso. (ex. defende a família, procura salvar troia)

Entre ação, agente, motivo e intenção existe uma relação pois a intenção e o motivo são
noções conexas e dizem respeito ao espaço mental do agente. Explicam a ação e incluem
crenças e desejos do agente.

Fim (ou finalidade) – refere-se ao objetivo último da ação. Responde à questão “para quê?”
Deliberação – corresponde à ponderação, por parte do agente, dos diferentes fatores e razões
que tornam uma alternativa preferível às ou à outra, tendo em conta os dados disponíveis e as
consequências previsíveis da escolha. Antecede a decisão.

Decisão- é a opção por uma das alternativas ao dispor do agente. Põe termo à deliberação.
Implica, uma aposta e um compromisso e a aceitação racional de todas as consequências
dessa escolha.

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