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 A Rede Conceptual da Ação Humana:

 Ação humana: É uma interferência consciente e voluntária de um agente no decurso normal das coisas.

 Agir: Agir é fazer alguma coisa ou adotar um determinado comportamento.

 Agente: Aquele que pratica uma ação ou age.

 Ação e acontecimento: A ação deriva de uma intenção ou vontade do agente, é pensada.


Exs.: Atirar uma pedra e assaltar alguém.
O acontecimento sucede sem querermos, sem depender de nós que nada podemos fazer para o alterar.
Exs.: Apanhar com uma pedra na cabeça e ser assaltado.

 Intenção e motivo: A intenção trata-se do propósito ou para quê da ação. O motivo trata-se do porquê da ação, da
razão da mesma.
Ex.: Quando comemos uma maçã, quais são o motivo e a intenção?
- Motivo: porque temos fome.
- Intenção: para nos saciarmos.

 Deliberação e decisão: A deliberação é o processo de reflexão e de ponderação que, em princípio, antecede a decisão.
A decisão consiste na escolha de alternativas possíveis em função de determinadas razões e motivações.

 Relação entre liberdade e responsabilidade:


O autor da ação é o agente. O agente, tendo realizado as ações de forma consciente,
voluntária e intencional, pode, assim, ser responsabilizado, isto é, tem de assumir as suas
ações e responder por elas, logo há uma relação direta entre liberdade e responsabilidade.
Mas responsabilizar o agente por uma ação é pressupor que ele é livre, uma vez que tem a
oportunidade de decidir por uma possibilidade ou por outra, logo o agente é considerado
responsável pelas escolhas que faz e deve responder por elas, assumindo as suas
consequências.

 Livre arbítrio:
Possibilidade de escolha e de autodeterminação, ou ao ato voluntário, autónomo e independente de qualquer
constrangimento e coação externa ou interna, assim, o livre-arbítrio corresponde a uma vontade livre e responsável de
um agente racional.

A liberdade de que eventualmente dispomos não é absoluta, mas situada e condicionada. As condicionantes da ação
humana são todo o conjunto de constrangimentos e obstáculos que lhe impõem limites. Mas, ao mesmo tempo que
limitam, abrem de igual modo um horizonte de possibilidades, assumindo-se também, de certo modo, como condições
do agir.

Há condicionantes:
- Físico-biológicas: ligadas à nossa constituição morfológica e fisiológica;
- Psicológicas: ligadas à personalidade do agente, ao seu temperamento ou aos seus estados psicológicos temporários;
- Histórico-culturais: fatores de carácter histórico, cultural, social, económico, científico, tecnológico, religioso, etc.

Mas a existência de condicionantes não implica a inexistência de livre-arbítrio.

O problema do livre-arbítrio consiste em saber se a liberdade humana, em termos de possibilidade de optar, é ou não
compatível com outras forças que a parecem anular, ou seja, para podermos escolher entre várias ações possíveis, é
necessário que não esteja tudo determinado, caso contrário poderíamos apenas fazer a ação que estivéssemos
determinados a fazer.

Há três tentativas de resposta ao problema do livre-arbítrio:

 O determinismo radical / incompatibilismo que defende que não existe livre-arbítrio, o que implica a total
desresponsabilização do agente. Encarando a natureza como um conjunto de coisas e factos em que tudo resulta de
causas anteriores, a que se seguem efeitos inevitáveis, o determinista concebe o Universo como um vasto sistema que
obedece a leis causais invariáveis.
Há alguns tipos de determinismo: determinismo ambiental, hereditário e metafísico.

As principais objeções que podem ser formuladas contra o determinismo são:


- O argumento da experiência e da responsabilidade;
- A ideia de que o Universo não constitui um sistema determinista.

 O compatibilismo / determinismo moderado aceita o determinismo no mundo natural, mas defende que há liberdade
e responsabilidade na esfera humana. Afirma também que um ato pode ser, em simultâneo, livre e determinado, ou
seja, defende que as nossas ações são livres, apesar de determinadas.

O compatibilismo assenta na distinção entre ações:


- Livres: aquelas que fazemos com vontade de as fazer e sem que ninguém nos obrigue;
- Não livres: aquelas em que somos forçados a escolher isto ou aquilo, a fim de conservarmos, por exemplo, a
integridade física ou a posse de bens materiais ou outros.

Assim, “livre” significa isento de coerção, o que não quer dizer que as ações sejam causadas (pelo passado, pelo
temperamento e até por fatores que não controlamos). Mesmo que as nossas ações sejam causadas, podemos sempre
agir de outro modo, o que significa que isto é o suficiente para sermos responsabilizados por uma ação.

O compatibilismo encontra-se sujeito a uma objeção:


- Ao dizer-se que somos livres, mas que as nossas ações decorrem dos nossos desejos e do nosso carácter, não
manipulados, não se pode ignorar que estes dependem de forças que não controlamos. Se assim for, não somos
realmente livres.

 O libertismo defende, de modo radical, o livre-arbítrio e a responsabilidade humana, considerando que o agente tem
poder de interferir no curso normal das coisas pela sua capacidade racional e deliberativa.

Os libertistas apoiam-se em dois argumentos:


- O argumento da experiência e da responsabilidade: sabemos que somos livres e, por conseguinte, responsáveis,
porque nos apercebemos de tudo isso de cada vez que efetuamos uma escolha consciente e ao avaliarmos as ações;
- O Universo não constitui um sistema determinista: é impossível prever os fenómenos a partir de causas determinantes,
pelo que se recorre às noções de acaso e aleatoriedade – perspetiva indeterminista.

São objeções ao libertismo as seguintes:


- O facto de termos experiência de liberdade e atribuirmos responsabilidades não prova que elas existam: elas podem
ser ilusórias;
- Se é o acaso que conduz as ações humanas imprevisíveis, então elas também não são livres, nem o agente é
responsável;
- Esta doutrina não nos fornece grandes explicações relativamente àquilo que produz as nossas decisões.

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