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Libertismo (um guião de organização da informação recolhida no manual adotado, pp.

122-
132, e noutros materiais)

Representantes: Sarte (filósofo francês do séc. XX), Corliss Lamond (filósofo americano do séc.
XX) e Fernando Savater (filósofo espanhol ainda vivo)

Teoria:

Tese central - Existe livre-arbítrio e, portanto, algumas ações humanas são livres. (p. 122)

Nem todos os acontecimentos do universo têm causas e estão submetidos às leis da natureza.
Existe um tipo de acontecimentos - as ações humanas livres - que não estão sujeitos à
causalidade natural. Que ações são livres? As que não são causalmente determinadas, ou seja,
que não são provocadas por causas anteriores à decisão ou escolhas do agente. (p. 124)

Determinismo e livre-arbítrio não são compatíveis: algumas ações humanas não têm causas
anteriores. (p. 123)

Dado que existe livre-arbítrio e que algumas ações humanas são livres, o ser humano é
inteiramente responsável: nada há no mundo a que ele possa atribuir responsabilidade por
aquilo que faz a não ser a si mesmo.

Argumentos:

1. Argumento da causalidade mental


Um agente é livre se for capaz de se autodeterminar, isto é, se ele próprio (auto) faz
acontecer algo, independentemente de quaisquer causas anteriores. Ora, o ser humano,
através dos seus estados mentais intencionais (desejos e crenças), tem a capacidade de
causar acontecimentos no mundo (faço isto acontecer). Ao agir, o agente dá início a uma
série causal nova e independente dos acontecimentos passados. Esta experiência da
causalidade mental (causar acontecimentos através da mente) fornece-nos uma forte
convicção da liberdade humana (ver a este propósito a distinção entre causalidade
mecânica e causalidade do agente). (p. 124)

2. Argumento da experiência do livre-arbítrio


A maior parte das vezes, quando agimos, sabemos perfeitamente que poderíamos ter
agido de outra maneira, isto é, fazemos uma coisa, mas sabemos que poderíamos fazer
outra, bastava que tivéssemos optado por outras razões para agir. Decido vestir a camisola
azul, mas sei que poderia ter optado por vestir a verde ou encarnada. Nada nem ninguém
me obrigou a escolher a camisola azul a não ser eu mesmo. A experiência de possibilidades
alternativas, sem nenhuma espécie de constrangimento, pressão ou força, faz-nos sentir
livres. Conseguimos distinguir muito bem esses momentos de outros em que, pelo
contrário, não nos sentimos livres, mas sim pressionados ou forçados por fatores que não
controlamos. (p. 126-128)

3. Argumento da responsabilidade
Se não existisse livre-arbítrio e se considerássemos que não éramos os verdadeiros autores
das nossas ações, não nos sentiríamos responsáveis. Mas nós experimentamos
frequentemente o sentido de responsabilidade, nomeadamente, quando sentimos
vergonha, arrependimento, culpa, etc. Este tipo de sentimentos só faz sentido porque
reconhecemos que estava nas nossas mãos agir de outra forma. Logo, existe livre-arbítrio.
(p. 129)

Objeções:

1. Não há ações sem causa


Os libertistas alegam que algumas das nossas ações escapam totalmente ao determinismo (à
causalidade mecânica), ou seja, não são provocadas por causas anteriores, mas resultam
apenas de uma decisão do agente (causalidade mental). Mas quando tomamos uma decisão,
ou desejamos algo, isso não acontece do nada. Há fatores (genéticos e ambientais) que
determinam as nossas decisões e escolhas (p. 132). A liberdade é apenas uma ilusão que se
gera em nós pelo facto de, por um lado termos consciência dos nossos desejos (e de pensarmos
que as nossas ações satisfazem os nossos desejos) e de, por outro lado, ignorarmos o conjunto
complexo de causas que os determinam. Por outro lado, se as nossas decisões não fossem
determinadas por nada, seriam simplesmente aleatórias, fruto do acaso, pelo que também não
seriam livres, dado que o acaso é algo que não podemos controlar.

2. Não sentir as causas não prova a sua inexistência


Para os libertistas, o facto de agirmos frequentemente sem nos sentirmos constrangidos por
nada é prova da existência do livre-arbítrio; no entanto, pode dar-se o caso de não sentirmos
constrangimentos ou causas anteriores, mas eles estarem presentes. O facto de não termos
consciência do modo como nos afetam não significa que não nos afetem. (p. 132)

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