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Filosofia

1 Conceito de ação
Uma ação é um acontecimento cujo autor (ou origem) é um agente
racional que o causa consciente, voluntária e intencionalmente. Uma
ação é um acontecimento desencadeado pela vontade e intenção de
um agente. Não é um simples acontecimento, é algo que um agente
faz acontecer intencional ou propositadamente.

2 Diferença entre acontecimento e ação humana


A diferença entre acontecimento e ação humana é o facto de nos
acontecimentos não existir um agente, enquanto que numa ação a
existência desse agente é obrigatória.
Um acontecimento é algo que se verifica num certo momento e num
certo lugar, é um evento espácio-temporalmente enquadrado, sem a
intervenção de um agente. Por exemplo, os fenómenos
meteorológicos. Um acontecimento pode ser também as coisas que
nos acontecem e das quais não somos os autores, mas sim apenas os
recetores.

3 Diferença entre ação humana e atos do homem


(involuntários conscientes e inconscientes)
A ação humana são as ações realizadas pelo homem de forma livre,
voluntária, consciente, racional, intencional e deliberada. Atos do
homem são as ações realizadas independentemente da vontade do
agente, ou seja, são involuntárias. Aqui podemos dividi-los em atos
involuntários conscientes, quando não temos controlo sobre o que
fazemos, mas temos noção de que o estamos a fazer, por exemplo
respirar, tremer de frio, transpirar, corar, e atos involuntários
inconscientes, quando não temos controlo sobre o que fazemos nem
temos ideia de que o estamos a fazer, como por exemplo sonhar ou
ressonar.

4 Rede conceptual da ação- motivo, intenção e finalidade


Rede concetual é o conjunto de conceitos, que nos permitem
compreender e explicar as ações. É o conjunto de conceitos, onde
cada conceito possui um significado específico que apenas pode ser
compreendido na relação com os restantes significados.
Motivo – Designa a razão invocada para tornar a ação intencional
compreensível tanto para o agente como para os outros. O motivo é,
assim, a razão que nos permite explicar e interpretar uma ação.
Justifica os nossos atos e responde à pergunta “Porquê?”.
Intenção – É o agente que propõe realizar uma ação para atingir um
fim. Traduz aquilo que o agente quer fazer para atingir algo. É “o
quê? “da ação.
Finalidade –A resposta obtida pode evidenciar o que se quer, ou seja,
a finalidade da ação. Responde ao “para quê?”

5 Os quatro momentos ligados à intenção: projeto,


deliberação, decisão e execução
Projeto ou conceção: nesta fase estabelecemos conscientemente uma
meta atingir e esboçamos os meios de a alcançar. Isto é, o agente
delineia o plano de ação a desenvolver.
Deliberação: designa o processo de reflexão que antecede a decisão.
A deliberação é uma ponderação, na qual a vontade se une com a
inteligência e são concebidas as diferentes possibilidades, e as razões
a favor ou contra das mesmas. Ou seja, é nesta fase que o agente vai
analisar as consequências da ação, os prós e os contras de cada uma
das alternativas.
Decisão: designa o processo de eleição de uma hipótese da ação entre
muitas outras; isto significa que nos determinamos a realizar um ato
em detrimento de outros e também que tomar uma decisão implica
sempre pôr de lado determinadas hipóteses, para nos entregarmos ao
processo escolhido.
Execução: finalmente o agente põe em prática a decisão tomada.

6 Diferença entre livre arbítrio e determinismo

Livre arbítrio designa a capacidade inerente à natureza humana, a


vontade de efetuar ou não um dado comportamento, isto é fazer
opção, de forma voluntária, autónoma e independente, livre de
qualquer constrangimento e coação externa ou interna.
Determinismo designa o princípio segundo o qual qualquer
fenómeno é rigorosamente determinado, numa sequência causa-
efeito, por aqueles que o precederam ou acompanharam, segundo a
sua ocorrência necessária e não aleatória.

7 Determinismo Radical

É a vertente filosófica que defende que todos os acontecimentos


estão relacionados em “causa-efeito”. Uma causa, é assim, o que faz
o efeito ser, o que por si só não seria. Pode-se dizer então que,
segundo o determinismo todos os acontecimentos imagináveis estão
associados numa relação causa-efeito, submetidas às leis naturais de
carácter causal. Segundo esta vertente, considerando todas as ações
do homem inevitáveis, não pode haver a culpabilização do sujeito,
visto que este pode desculpar-se com a inevitabilidade da sua ação.
Concluindo, um determinado sujeito, face a uma situação, apenas
tem uma alternativa de ação, segundo as leis naturais, e não pode
então, tomar a liberdade de escolher não o fazer, ou fazê-lo de
maneira diferente.

Argumentos

- Se o ser humano faz parte do mundo natural, então terá que


obedecer às mesmas leis que os restantes fenómenos e seres. Desta
forma, não há qualquer tipo de liberdade e, consequentemente, livre-
arbítrio.
- Se o passado controla o futuro, ou seja, se a uma causa se segue
necessariamente um efeito e nós não podemos controlar as causas,
isso significa que o ser humano não tem o poder para interferir no
processo Causa-Efeito (não pode controlar a forma como a causa gera
um efeito). Logo, não é livre.

Consequências implicadas na defesa desta tese

-As ações humanas são inevitáveis;


-As ações humanas são meros efeitos de causas que não controlamos;

- Não podemos ser responsabilizados pelas ações;

-Se não podemos ser responsabilizados pelas nossas ações, então a


noção de justiça e as ideias de Bem e Mal não fazem sentido.

NÃO RESOLVE O PROBLEMA DO LIVRE-ARBÍTRIO

8 Indeterminismo

Corrente filosófica que defende a impossibilidade de prever os


fenómenos a partir de causa determinantes. A liberdade não é
compatível com as forças que a anulam: o acaso e o aleatório.
Segundo esta vertente, tal como no determinismo, não se pode
responsabilizar o agente, já que não se pode prever a ação do homem.
Desta maneira, o indeterminismo trata-se, tal como o determinismo,
de uma vertente que anula o livre arbítrio.

Argumentos
- Assim como num sistema microfísico (física quântica) não podemos
prever o comportamento das partículas porque sobre elas atuam ao
acaso, também não podemos prever as ações humanas – são
imprevisíveis ou apenas prováveis. Assim, se o acaso controla as
ações humanas, então tais acções não dependem da vontade livre do
agente.

Consequências implicadas na defesa desta tese

- As ações humanas são aleatórias ou fruto do acaso.


-As ações humanas são imprevisíveis, portanto não são livres.

-O agente não pode ser responsabilizado.

NÃO RESOLVE O PROBLEMA DO LIVRE-ARBÍTRIO

9 Libertismo

Esta corrente defende, de um modo mais radical, o livre arbítrio e a


responsabilidade do ser humano. Assim, esta vertente, ao afirmar que
o humano possui a capacidade de escolha, está a considerar que, uma
determinada ação não é causalmente determinada (determinismo),
nem é aleatória (indeterminismo). Desta maneira, sugere-se que o
agente pode interferir no curso normal das coisas pela sua capacidade
racional e deliberativa. Pode-se concluir então, que o corpo do
sujeito pode até ser determinado por causa naturais, como não
conseguir voar, mas a mente não está determinada, ela
autodetermina-se. Segundo esta perspetiva dita-se ainda, que o
sujeito é sempre responsabilizado pelas suas ações, sendo estas,
tomadas sobre livre vontade.

Argumento

-A vontade do ser humano não é causalmente determinada nem


aleatória, pois o agente tem o poder de interferir no curso normal das
coisas, através da sua mente. Assim, defende-se uma separação entre
o corpo e a mente-dualidade corpo/mente-, sendo que esta última está
fora do domínio das leis da Natureza que determinam o ser humano.
A mente é capaz de se auto determinar.

Consequência implicada na defesa desta tese


-Se o ser humano é capaz de se auto determinar, então ele é
absolutamente livre e responsável.

NÃO RESOLVE O PROBLEMA DO LIVRE-ARBÍTRIO

10 Determinismo moderado

Na perspetiva do compatibilismo, mesmo que as nossas ações sejam


causadas, podemos sempre agir de outro modo, se assim o
escolhermos. Assim, as nossas ações terão de ser responsabilizadas.
Esta vertente é denominada como compatibilismo, porque, como o
nome sugere, compatibiliza. Compatibiliza a vontade livre e o
determinismo, no sentido em que, apesar de, todas as ações no
mundo estarem determinadas, algumas ações humanas, face a esses
acontecimentos, são livres.

Consequências implicadas na defesa desta tese


Se, apesar de determinados podemos agir livremente, então não só
somos livres como responsabilizados.

RESOLVE O DO PROBLEMA DO LIVRE-ARBÍTRIO

11 Condicionantes da ação
As condicionantes da ação humana, ao mesmo tempo que a limitam,
também lhe abrem um horizonte de possibilidades, assumindo-se,
deste modo, como condições do próprio agir. Consideram-se as
seguintes:

Condicionantes físico-biológicas: todas as nossas ações estão


dependentes da nossa morfologia e fisiologia, no sentido em que, a
maneira como nos envolvemos com o ambiente e com a sociedade
depende das características do nosso corpo, algumas das quais, são
herdadas geneticamente. Estas condições limitam determinadas
ações, mas possibilitam outras.

Condicionantes psicológicas: quando se abordam as condicionantes


psicológicas, estas estão inerentes à personalidade, temperamento,
carácter, ou estados psicológicos temporários. Estas condicionantes,
por exemplo, limitam-nos de estar feliz depois da morte de um
familiar próximo, mas por outro lado, permitem-nos estar felizes no
nosso dia de anos, ou depois de receber uma boa nota num teste.

Condicionantes histórico-culturais: a ação humana, está também


dependente do ambiente social em que se situa. O conjunto de regras,
hábitos, costumes e padrões influenciam a ação humana. Logo,
podemos tomar uma dada decisão num determinado lugar, e, na
mesma situação, mas noutro local, tomar uma decisão diferente.

12 O que são valores?

Os valores, pode-se dizer que é o significado/importância que se dá a


um dado objeto, pessoa ou situação, sendo esta, diferente de pessoa
para pessoa, atendendo à sua personalidade, costumes, cultura,
educação ou religião.
13 Importância dos valores
A principal importância dos valores, que está inerente à experiência
valorativa, é que o homem não consegue viver, sem valorar. Ou seja,
a existência dos valores impossibilita a indiferença face a objetos,
pessoas ou situações.

14 Juízos de valor e juízos de facto


Juízos de facto: Afirmações/proposições que pretendem descrever a
realidade. São claros e objetivos, isto é, não dependem da
preferência ou apreciação do sujeito. São empiricamente verificáveis
e/ou comprovados. Podem ser verdadeiros ou falsos.
Juízos de valor: Expressões que pretendem avaliar a realidade –
apreciativos. São subjetivos, ou seja, da apreciação e valoração do
sujeito. Não são empiricamente verificáveis. Não são falsos nem
verdadeiros. Muitas vezes não são consensuais; visto que pode haver
a diferença de opiniões, face à situação de cada um (ambiente,
religião política). Estes juízos são discutíveis uma vez que as suas
avaliações diferem de pessoa para pessoa, traduzindo, desta forma,
opções de natureza efetiva e emotiva. A função básica destes juízos
é influenciar o comportamento dos outros e mostrar-lhes como
devem olhar para a realidade, o que significa que, pelo menos em
parte, são normativos.
Interpretações parciais e subjetivas.

15 Tipos de valor
Os valores encontram-se colocados segundo uma ordem, proposta por
Max Scheler, desde o mais valioso, até ao menos valioso. Este feito
não se entra em concordância universal, porque o filósofo teve em
conta os seus próprios valores.
A tábua de valores de Max Scheler
1) Valores religiosos: santo/profano; divino/demoníaco;
2) Valores éticos ou morais: bom/mau; justo/injusto;
3) Valores estéticos: belo/feio; elegante/deselegante;
4) Valores lógicos: verdade/falsidade; evidente/provável;
5) Valores vitais: forte/fraco; são/enfermo;
6) Valores úteis: caro/barato; capaz/incapaz; adequado/inadequado.

16 Características dos valores


Polaridade –isto porque os valores apresentam-se em pólos opostos,
como por exemplo, belo/feio, justo/injusto, bom/mau.
Hierarquização – os valores podem ser reconhecidos como mais
importantes ou menos importantes, atendendo às carências e
experiências de vida de cada um. Podem então ser escalonados por
cada pessoa.
Subjetividade – pode-se dizer que os valores são subjetivos porque
cada pessoa sente a necessidade de reajustar a sua escala de valores
em função das suas experiências e necessidades. Dita-se então que os
valores dependem de pessoa para pessoa.
Relatividade – os valores dizem-se relativos, no sentido de relativos
ao homem, e às circunstâncias que nele atuam. Ou seja, um mesmo
sujeito, estando num deserto sem quaisquer recursos ou em casa com
acesso a água potável, o valor que ele daria à agua iria ser
completamente diferente, isto porque atuou nele uma circunstância,
neste caso espacial. Podemos evidenciar ainda, circunstâncias
pessoais, sociais e culturais.
Absolutividade – Absoluto significa que aquilo que vale por si
mesmo, que é independente de toda a relação.
Historicidade – Têm caracter histórico, acompanham e perspectivam
a própria história da relação do ser humano com o mundo e consigo
mesmo.

17 Natureza dos valores


“Os valores são coisas ou ideias?”
Objetividade: Subjetividade:
Os valores são objetivos; encontram-se Os valores são subjetivos; dependem do
nos objetos; podem ser reconhecidos sujeito que valoriza. A beleza do quadro
como qualquer outro facto. (a beleza de ”Girassoís” depende do sujeito e não do
um quadro – “Os girassóis”- depende das próprio quadro. Vai depender da
cores, técnicas, forma, traços do próprio educação para a arte do sujeito. O valor é
quadro e não do sujeito que o valoriza). O uma ideia.
quadro é belo em si mesmo – o valor é
uma coisa.
“Os valores existem em si mesmo ou só existem no sujeito?”
Absolutividade: Relatividade:
Os valores são absolutos, isto é, não Os valores são relativos porque
dependem de nada, nem do sujeito, nem dependem da valoração do sujeito. Os
do objeto, valem por si mesmos. A beleza valores dependem das características
da Rocha dos Bordões não se altera com o psicológicas do sujeito e assim os valores
tempo e é belo para todas as pessoas e não têm existência concreta. Por isso, se
não segundo as circunstâncias e épocas. uma pessoa extremamente citadina e
dando mais importância a valores
mundanos e materiais, não acha a
natureza bela, muito menos a Rocha dos
Bordões.
“Os valores são imutáveis ou evoluem com o tempo?”
Perenidade: Historicidade:
Os valores são intemporais, não sofrem Os valores acompanham o tempo;
alterações nem acompanham a história sofrem alterações em função da história
antropológica. da humanidade.
Exemplo: A vida como valor máximo que  Exemplo: A beleza feminina.
não se deve por em causa.

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