Você está na página 1de 41

REDE CONCEPTUAL DA AÇÃO HUMANA

O CONCEITO DE AÇÃO HUMANA

QUESTÕES-PROBLEMA
Será que tudo aquilo que o ser humano faz constitui uma ação?

Serão todos os atos realizados por um indivíduo uma ação?

Há semelhanças entre o ato de alguém que mentiu para sair de uma situação
delicada e o ato de uma pessoa que inadvertidamente deixa cair no chão uma
peça frágil?

O que define, então, uma ação?


REDE CONCEPTUAL DA AÇÃO HUMANA
O CONCEITO DE AÇÃO HUMANA

A ação diz respeito aos atos conscientes praticados por um agente que tem a
intenção e a vontade de os realizar, direcionados para a obtenção de um
determinado objetivo.
Pressupõe-se que a ação tenha os seguintes elementos:

AGENTE CONSCIÊNCIA VONTADE OBJETIVO

Aquele que realiza Noção do ato que se Iniciativa ou intenção Resultado que se
a ação pratica ou pretende por parte do agente pretende obter com a
(sujeito da ação) praticar em praticar a ação ação, uma finalidade
REDE CONCEPTUAL DA AÇÃO HUMANA
O CONCEITO DE AÇÃO HUMANA

Nesse sentido, convém distinguir ação de ato. Será qualquer ato realizado pelo
sujeito uma ação?

AÇÃO
Ato realizado por um indivíduo o qual tem consciência e intenção em o praticar.

ATO
Algo realizado por um indivíduo que poderá ser consciente ou inconsciente, com
ou sem intenção.
Em conclusão:
- Todas as ações representam atos.
- Nem todos os atos são ações.
REDE CONCEPTUAL DA AÇÃO HUMANA
O CONCEITO DE AÇÃO HUMANA

Por exemplo:

Mentir para sair de uma situação delicada é um ato correspondente a uma ação
na medida em que há uma consciência, uma intenção e uma finalidade por
parte do agente que o pratica.

Já deixar cair no chão uma peça frágil é um ato praticado por alguém, mas não
constitui uma ação na medida em que, apesar de haver consciência, não existe
intenção do agente.
REDE CONCEPTUAL DA AÇÃO HUMANA
O CONCEITO DE AÇÃO HUMANA

QUAIS SÃO OS ELEMENTOS QUE ESTÃO NA


BASE DA REALIZAÇÃO DE UMA AÇÃO?
REDE CONCEPTUAL DA AÇÃO HUMANA
O CONCEITO DE AÇÃO HUMANA

Uma vez que a ação é um processo mais complexo que a realização de um ato
inconsciente, involuntário ou automático existe um conjunto de elementos,
relacionados entre si, que funcionam como uma rede, permitindo, desta forma, a
concretização de uma ação.

Agente Intenção Finalidade Motivo Deliberação Decisão


REDE CONCEPTUAL DA AÇÃO HUMANA
O CONCEITO DE AÇÃO HUMANA
AGENTE

▪ Sujeito que pratica ou é autor da ação.


▪ Aquele que origina a ação e que, por isso, é responsável por ela (autor moral ou autor
material).
▪ Responde à questão «Quem?».

INTENÇÃO

▪ Disposição do agente em praticar uma ação.


▪ A ação que o sujeito pretende praticar.
▪ Responde à questão «O quê?».
▪ A ação pressupõe também uma crença – convicção /confiança – no ato que se pretende
praticar.
▪ A intenção não pressupõe propriamente um desejo, mas sim uma decisão racional.
REDE CONCEPTUAL DA AÇÃO HUMANA
O CONCEITO DE AÇÃO HUMANA

FINALIDADE

▪ Objetivo que se pretende alcançar com a realização da ação.


▪ O efeito e as consequências que a ação irá provocar.
▪ Responde à questão «Para quê?».
▪ Existem dois tipos de finalidades: as últimas e as instrumentais.
MOTIVO

▪ É a justificação da ação, explica a razão de agir.


▪ O motivo permite compreender a ação e, eventualmente, aceitá-la.
▪ Está associado ao conceito de causa – «agir por causa de…».
▪ Responde à questão «Porquê?»
▪ Os motivos poderão ser de ordem racional ou passional.
REDE CONCEPTUAL DA AÇÃO HUMANA
O CONCEITO DE AÇÃO HUMANA

DELIBERAÇÃO

▪ Processo de reflexão e análise sobre a ação a praticar ou às diversas


possibilidade de agir.
▪ Exame às vantagens e desvantagens que uma eventual ação poderá trazer.
▪ Momento que antecede a decisão e, por isso, envolve uma escolha.

DECISÃO

▪ Momento em que o sujeito opta por uma determinada possibilidade de ação.


▪ A decisão implica uma escolha por parte do sujeito.
▪ Tomada de consciência de que a ação segue um rumo e não outros.
O QUE SÃO AÇÕES?

• O termo ação deve ser filosoficamente reservado para aquilo que


fazemos consciente e voluntariamente, isto é, para acontecimentos
intencionais.

• As ações são acontecimentos que os agentes praticam voluntariamente.


Pode haver acontecimentos sem que existam ações, mas não pode haver
ações sem acontecimentos.
O QUE SÃO AÇÕES?

• Um agente pratica livremente uma ação se, e só se, as


seguintes condições se verificarem:

- dispuser de cursos alternativos de ação;


- estiver sob o seu controlo praticar (ou não) a ação.
O QUE SÃO AÇÕES?

O agente dispõe de
Acontecimento cursos alternativos de
intencional ação

Ação
O agente tem A conduta do
controlo sobre o seu agente é
comportamento voluntária
FILOSOFIA 10º ANO

O PROBLEMA DA
LIBERDADE E DO
DETERMINISMO NA
AÇÃO HUMANA
O PROBLEMA DO LIVRE-ARBÍTRIO

Como se pode formular


o problema do livre-arbítrio?

Este problema pode ser formulado através


de questões como as seguintes:
• Será que existe livre-arbítrio?
• Será a crença no livre-arbítrio compatível
com a crença no determinismo?
O PROBLEMA DO LIVRE-ARBÍTRIO

• Livre-arbítrio: Liberdade de escolha. Dizemos que A é resultado de livre-arbítrio


se, e somente se, decorre de uma decisão que poderia, até ao momento da sua
realização, ter dado origem a não A, isto é, se genuinamente o agente controlar o
seu comportamento e dispuser de cursos alternativos de ação.

• Todos pensamos que temos livre-arbítrio. Mas será o ser humano efetivamente
livre no seu querer e agir?
O PROBLEMA DO LIVRE-ARBÍTRIO

• Determinismo: Postula que todos os acontecimentos do


universo são efeitos de eventos ou estados anteriores e das Causa

leis da natureza. Os acontecimentos podem, por isso, ser


explicados em função de cadeias causais.
Efeito
O PROBLEMA DO LIVRE-ARBÍTRIO
De que resulta o problema do livre-arbítrio?
Quase todas as pessoas parecem acreditar que têm
livre-arbítrio.
Quando escolhemos a roupa que vamos usar
ou a comida que vamos comer, quando planeamos
o que vamos fazer no futuro não parece fazer
sentido que não tenhamos a liberdade
de escolher (ou livre-arbítrio).
Por outro lado, quase todas as pessoas parecem
acreditar no determinismo, isto é, que
os acontecimentos têm causas e ocorrem
de acordo com as leis da natureza.
Essa crença faz parte do modo como geralmente
olhamos para o mundo.
O PROBLEMA DO LIVRE-ARBÍTRIO
Mas, sendo assim, se todos os acontecimentos
têm causas anteriores, como podem as nossas
ações ser livres?
É aqui que reside o problema
do livre-arbítrio.
Apesar de o determinismo e de o livre-arbítrio
parecerem ideias plausíveis e justificadas por
boas razões, se o determinismo incluir as
ações
humanas então não parece ser possível
fazermos escolhas. Isto é, talvez as ideias
de livre-arbítrio e de determinismo
sejam incompatíveis.
FILOSOFIA 10º ANO

LIVRE-ARBÍTRIO E DETERMINISMO

PROBLEMAS

PROBLEMA 1: O LIVRE-ARBÍTRIO É COMPATÍVEL COM O


DETERMINISMO?

PROBLEMA 2: TEMOS LIVRE-ARBÍTRIO?


FILOSOFIA 10º ANO

LIVRE-ARBÍTRIO E DETERMINISMO
• Temos livre-arbítrio, se, e só se, algumas das coisas
que acontecem dependem fundamentalmente de
nós.

• O determinismo é a tese de que tudo o que


acontece é a consequência necessária de
acontecimentos anteriores e das leis da natureza.
FILOSOFIA 10º ANO

MAPA DE POSIÇÕES
O livre-arbítrio é
Temos Está tudo
Teorias compatível com
livre-arbítrio? determinado?
o determinismo?

Libertismo Não Sim Não


Incompatibilismo
Determinismo
Não Não Sim
Radical

Compatibilismo Determinismo
Sim Sim Sim
Moderado
FILOSOFIA 10º ANO

MAPA DE POSIÇÕES (CONT.)


PROBLEMA 1: O LIVRE-ARBÍTRIO É COMPATÍVEL COM O DETERMINISMO?

INCOMPATIBILISMO: NÃO, o livre-arbítrio não é compatível com o determinismo.


Se o determinismo é verdadeiro, não temos livre-arbítrio.
Num mundo onde todos os acontecimentos (incluindo as nossas ações) fossem a
consequência necessária de acontecimentos que os antecedem e das leis da natureza
(i.e., num mundo onde o passado e as leis da natureza determinassem em cada
momento um único futuro possível), não poderia haver verdadeiro livre-arbítrio.
PROBLEMA 1: O LIVRE-ARBÍTRIO É COMPATÍVEL COM O DETERMINISMO?

Incompatibilismo

As teorias incompatibilistas defendem que o


livre-arbítrio e o determinismo são ideias
incoerentes entre si, isto é, não podem
coexistir logicamente.

Se o determinismo é verdadeiro,
Tese então não temos livre-arbítrio.
PROBLEMA 1: O LIVRE-ARBÍTRIO É COMPATÍVEL COM O DETERMINISMO?

Incompatibilismo

Argumento da consequência:

1. Se o determinismo é verdadeiro, então não temos


controlo sobre as nossas ações.
2. Se não temos controlo sobre as nossas ações, então
não temos alternativas de escolha.
3. Se não temos alternativas de escolha, então nunca
agimos livremente.
4. Logo, se o determinismo for verdadeiro, então
nunca agimos livremente.
PROBLEMA 1: O LIVRE-ARBÍTRIO É COMPATÍVEL COM O DETERMINISMO?

Incompatibilismo

Argumentos das teorias:

1.ª premissa 2.ª premissa Conclusão Teoria

Temos O determinismo é
Libertismo
livre-arbítrio. falso.
Se o determinismo é
verdadeiro, então não
temos livre-arbítrio.
O determinismo é Não temos Determinismo
verdadeiro. livre-arbítrio. radical
PROBLEMA 1: O LIVRE-ARBÍTRIO É COMPATÍVEL COM O DETERMINISMO?

Incompatibilismo

Argumentos alternativos das teorias:

1.ª premissa 2.ª premissa Conclusão Teoria

O determinismo Temos
Libertismo
é falso. livre-arbítrio.
Se o determinismo é
falso, então temos livre-
arbítrio.
Não temos livre- O determinismo Determinismo
arbítrio. é verdadeiro. radical
FILOSOFIA 10º ANO

MAPA DE POSIÇÕES (CONT.)


PROBLEMA 1: O LIVRE-ARBÍTRIO É COMPATÍVEL COM O DETERMINISMO?

COMPATIBILISMO: SIM, o livre-arbítrio é compatível com o determinismo, ou seja,


é possível termos livre-arbítrio, apesar de vivermos num mundo onde todos os
acontecimentos (incluindo as nossas ações) são uma consequência necessária de
acontecimentos que os antecedem e das leis da natureza.
PROBLEMA 1: O LIVRE-ARBÍTRIO É COMPATÍVEL COM O DETERMINISMO?

Compatibilismo

Argumento da teoria:

1.ª premissa 2.ª premissa Conclusão Teoria

Todos os
O livre-arbítrio e o Determinismo
acontecimentos são
Temos livre-arbítrio determinismo são
efeitos de causas moderado
compatíveis.
anteriores
FILOSOFIA 10º ANO

PROBLEMA 2: TEMOS LIVRE-ARBÍTRIO?

DETERMINISMO RADICAL: NÃO, porque determinismo é verdadeiro e o


livre-arbítrio não é compatível com o determinismo.

LIBERTISMO: SIM, portanto, o determinismo é falso, visto que livre-arbítrio e


determinismo não são compatíveis.

DETERMINISMO MODERADO: SIM, apesar do determinismo ser verdadeiro, isto


é, apesar de todos os acontecimentos (incluindo as nossas ações) serem a
consequência necessária de acontecimentos que os antecedem e das leis da
natureza.
O PROBLEMA DO LIVRE -ARBÍTRIO
PROBLEMA 2: Temos livre-arbítrio?

DETERMINISMO RADICAL

O determinismo radical é a teoria que defende a


não existência do livre-arbítrio e a veracidade do
determinismo.

As ações humanas, sendo acontecimentos,


estão inseridas nas cadeias causais que
explicam todos os fenómenos da natureza.
DETERMINISMO RADICAL
Tese fundamental
Não existe livre-arbítrio e, portanto, nenhuma
ação humana é livre.
Para o matemático francês Laplace,
Porque não existe livre-arbítrio? com a inteligência e conhecimentos
suficientes, seria possível prever
todos os movimentos que ocorrerão
O determinismo radical considera que todos no universo, incluindo todas
as ações humanas.
os acontecimentos, o que inclui também as ações
humanas, têm causas anteriores e estão
submetidos às leis da natureza.

Se as ações humanas resultam de causas anteriores e das leis da natureza, então isso
significa que nas nossas ações não temos realmente liberdade de escolha. Por estar
determinado, o efeito (a nossa ação) é inevitável. Nunca existem possibilidades alternativas de
ação.
DETERMINISMO RADICAL
O comportamento humano tem variadas causas

Pode o comportamento humano ser atribuído


às mesmas causas que afetam os objetos
e os outros animais?

O determinismo radical considera que as causas do


nosso comportamento são muito mais variadas do que
as dos objetos e outros animais, mas isso não significa
que as ações humanas escapem à causalidade.
DETERMINISMO RADICAL
O comportamento humano tem variadas causas

Segundo esta teoria, as ações humanas resultam de uma


combinação complexa destas causas.
A série causal que daqui resulta não é controlada pelo
agente.
DETERMINISMO RADICAL
Negar o determinismo contraria
a ciência e é pouco racional
Para sustentar a sua tese, o determinismo radical
apoia-se em estudos e descobertas de várias
ciências – como a Biologia, Psicologia ou
Sociologia.

Descobertas como a de genes responsáveis por


doenças ou que muitos dos nossos
comportamentos são fortemente influenciados
por padrões sociais e culturais ou por situações
vividas na infância parecem sustentar a tese
determinista.
DETERMINISMO RADICAL
Negar o determinismo contraria
a ciência e é pouco racional
O determinismo radical defende que através
da articulação entre os contributos de várias
ciências é possível apresentar uma explicação
determinista do comportamento humano e, assim
sendo, negar o determinismo é pouco racional,
uma vez que isso significa contrariar o que
é afirmado pela ciência.
DETERMINISMO RADICAL
A ilusão do livre-arbítrio

Para o determinismo radical, é uma ilusão pensar que


podemos escolher livremente o que fazer
– o livre-arbítrio é uma crença falsa.

O desconhecimento das inúmeras causas que influenciam


uma ação levam-nos a pensar que temos liberdade de
escolha.

Porém, se conhecêssemos todas essas causas,


perceberíamos que fazemos apenas o que temos de fazer
e que o livre-arbítrio não existe.
DETERMINISMO RADICAL
A questão da responsabilidade
Se não escolhemos livremente o que fazemos, como podemos ser
responsáveis pelas nossas ações? Como podemos censurar alguém
por fazer algo de errado? Como podemos atribuir mérito a alguém
que faz algo corretamente? Isto parece pôr em causa a tese do
determinismo radical.

Se não há genuína responsabilidade moral nas nossas ações, uma vez


que não existe livre-arbítrio, fará ainda assim sentido castigar ou
premiar uma determinada ação?
DETERMINISMO RADICAL
A questão da responsabilidade

O determinismo radical responde positivamente.


As pessoas devem ser responsabilizadas, uma vez que assim
promovem-se as boas ações e desencorajam-se as más.
Neste sentido, os prémios e os castigos são também causas
que podem determinar os comportamentos humanos.
OBJEÇÕES AO DETERMINISMO RADICAL

Sem livre-arbítrio, a vida


não tem sentido
Que sentido faria a nossa vida se, por tudo estar determinado, fossemos
como robôs, programados para fazer o que fazemos?
Que motivação teríamos para viver e agir se as nossas ações se devessem
a causas que não controlamos e não a nós mesmos?
Se fosse assim quase toda a nossa vida seria
uma mentira, o que é absurdo.
OBJEÇÕES AO DETERMINISMO RADICAL

Evolutivamente, é mais plausível que exista livre-arbítrio

Esta objeção apoia-se na teoria da evolução das espécies de Darwin, para


afirmar que dificilmente a espécie humana se adaptaria
ao meio ambiente se a crença de que escolhemos livremente as nossas ações
fosse falsa.
Para os defensores desta objeção, o facto de estarmos
realmente adaptados ao meio ambiente
sugere que a crença no
livre-arbítrio é verdadeira.

Você também pode gostar