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2. A AÇÃO HUMANA
FAZER E AGIR
O termo ação deve ser filosoficamente reservado para aquilo que fazemos consciente e
voluntariamente. Há que distinguir fazer e agir.
“Tudo o que fazemos faz parte da nossa conduta, mas nem tudo o que fazemos constitui uma ação.”
Mosterin
Os terramotos são exemplos de coisas que acontecem e não são resultado da interferência
humana. Limitamo-nos a ser recetores, não somos agentes, não agimos.
Estudar para um teste é algo que fazemos, que pressupõe a nossa ação. Falhar a tinta da caneta
é algo que nos acontece, não implica a nossa ação.
Os conceitos mais importantes a este respeito são conceitos como agente, motivo, intenção,
deliberação e decisão.
AGENTE
O agente é o sujeito da ação; é autor e ator da ação; quer agir (voluntariamente) para alcançar
um fim.
Uma ação é algo que envolve um agente, mas nem tudo o que envolve um agente é uma ação.
O que distingue a proposição João foi à praia da proposição João sofreu um ataque cardíaco?
A primeira proposição fala-nos de algo que alguém fez. A segunda de algo que simplesmente
aconteceu a alguém.
Exemplo: O João quer ir à farmácia comprar um medicamento para tratar uma dor de cabeça. O
João é o agente da ação.
FILOSOFIA – 10º ANO 2
INTENÇÃO
Intenção: Trata – se do que pretendo com a Ação. Neste caso a intenção é tratar uma dor
de cabeça.
Quando perguntamos "0 que quer fazer aquele que age?", referimo-nos à intenção, ao que
o agente pretende ser ou fazer.
MOTIVO
"Por que razão quero ir à farmácia comprar um medicamento para tratar uma dor de
cabeça?» A resposta apresentar-nos-á o motivo dessa decisão, tomando-a compreensível.
O motivo pode ser acabar com o desconforto físico e poder trabalhar em melhores
condições.
DELIBERAÇÃO
Devo ir à farmácia ou não? Será que não há alguém que possa ir por mim? A aspirina não
irá fazer – me mal ao estômago? Se calhar isto passa sem tomar medicamentos, dormindo
um pouco.
DECISÃO
Vou à farmácia. Esta dor de cabeça tem de ser tratada com medicamento ou não vou poder
dormir.
FILOSOFIA – 10º ANO 3
A ação humana – consciente e voluntária – exige uma vontade livre. Mas será o Homem
efetivamente livre no seu querer e agir? Esta questão remete-nos para o debate liberdade versus
determinismo.
DETERMINISMO RADICAL – doutrina filosófica segundo a qual tudo o que acontece tem uma
causa. Tudo o que fazemos é determinado, inevitável, não podíamos ter feito de outra maneira.
Cada acontecimento é causado por acontecimentos precedentes. As ações humanas são parte
deste encadeamento causal.
Se nos acusarem de roubo ou de violência, podemos sempre atribuir a culpa à causa que
originou essa ação e que o ser humano não controla: uma infância traumatizante, uma doença
mental, por exemplo.
Por exemplo, quando uma pessoa decide levantar o braço para acenar a alguém conhecido,
esse levantar do braço é totalmente determinado por causas neurofisiológicas. Todavia o
indivíduo não foi forçado a levantar o braço. Podia não o ter levantado.
Tudo no mundo é determinado mas, apesar de tudo, algumas ações humanas são livres. Não
somos forçados a fazê-las: assim, por exemplo, se um homem é forçado a fazer alguma coisa porque
lhe apontam uma arma, ou se sofre de alguma compulsão psicológica, então, a sua conduta é
genuinamente não-livre. Mas se, por outro lado, ele age livremente, se age, como dizemos, por sua
livre vontade, então o seu comportamento é livre.”
John Searle
FILOSOFIA – 10º ANO 4
Físico-biológicas
Mesmo que essa fosse a minha vontade, não sou livre de saltar de uma varanda do
décimo andar e voar.
Não somos livres de não envelhecer ou de não morrer. Não somos livres de não
ficar doentes, se houver uma propensão genética para tal.
Por muito que quiséssemos ser mais altos, ou ter olhos de determinada cor, não
temos essa liberdade.
Por outro lado, temos a capacidade de falar ou ficar calados, podemos escrever um
livro, porque possuímos estruturas cerebrais propensas para o desenvolvimento da
linguagem. Se somos altos, podemos ser modelos ou jogadores de basquetebol.
Psicológicas
Histórico-culturais