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Filosofia

O ateísmo e os argumentos contemporâneos sobre a


existência de Deus

É racional a crença em Deus?

Leon Gomes nº7


Daniel Nemchynov nº8
Tiago Gonçalves nº23
Tatiana Almeida nº25
11ºCT3

Forte da casa, 27 de maio de 2022

I
Problema: Deus existe?
Neste ensaio filosófico iremos defender a nossa posição sobre esta questão que vem
sendo debatida há séculos no mundo filosófico.
A sua complexidade é muito evidente divido ao fato de ser um tema muito vasto que
diverge muitas opiniões. Contudo é muita importância debater e trazer novos
pensamento a discussão e estimular a reflexão sobre o tema.
Mas existe um Deus ou não, e é racional a crença na sua existência?
Acreditamos não, prosseguir-se-á a justificação desta posição, dando o nosso ponto de
vista e apoia-la com argumentos, objeções e respostas às respetivas objeções.
E por fim, para ilustrar os efeitos, explicar vantagens e desvantagens que a crença em
Deus tem na sociedade, como isto afeta a forma como agimos e vemos o mundo.
Antes de mais nada, é muito importante mencionar que este trabalho discute a existência
ou inexistência de um deus supremo segundo a cultura tradicional ocidental, que defere
em rituais e formas de culto em cada religião.
A incompatível coexistência de Deus e o Mal:
Antes de entrar na questão da sua existência, vamos primeiro entender o conceito de
Deus. Bom, na religião monoteístas é uma só divindade suprema, omnipotente,
omnisciente, omnipresente e sumamente bom, que criou o universo e tudo o que existe
nele. E todos estão conscientes da presença do mal no mundo, da escravatura, do
holocausto, da fome, doenças, catástrofes naturais e mais.
Aqui entramos em toda contradição que este argumento vem trazer à tona. Como Deus
um ser sumamente bom permite a existência do mal? O que me leva ao seguinte
questionamento Se Deus é onisciente então ele sabe da existência do mal no mundo, se
ele é onipotente então será capaz de acabar com o mal e se ele é sumamente bom porque
ainda permite a existência do mal? Quer Deus impedir o mal, mas não pode? Então é
impotente. Pode, mas não quer? Então é malévolo. Quer e pode? De onde vem então o
mal? Se Deus existisse não haveria Mal, mas o Mal existe, então Deus não existe.
Objeção:
O argumento do livre-arbítrio:
O argumento do livre-arbítrio é a resposta que é dada ao problema do mal, consiste em
que se Deus criasse os humanos só pra fazer o bem sem autonomia, poder de escolha e
decisão entre o bem e o mal, isso removeria os valores e a dignidade desses seres.
Segundo os defensores deste argumento, um mundo sem mal é um mundo sem livre-
arbítrio o que seria pior que o mundo que vivemos agora, porque tirar a liberdade do ser
humano é tirar a sua essência, ou seja, o mal é necessário para a aprendizagem e
aperfeiçoamento do caráter moral e espiritual do ser humano, digamos um teste de
desenvolvimento das capacidades individuais e coletivas para crescer como seres
humanos sem a sua intervenção.
Bom, a resposta que damos a esta objeção dirige diretamente a sua insuficiência e
incapacidade de completamente desaprovar que Deus um suposto ser supremo,
benevolente e absolutamente bom não pode em circunstância nenhuma coexistir com o
mal, não refuta a incompatibilidade e contradição do conceito de deus com a existência
do mal ou mesmo a justifica, apenas afirma que deus existe, ele criou o homem com
livre-arbítrio para o homem aprender com os erros e crescer. O homem faz o mal como
um “teste de aperfeiçoamento de caráter". O que seria um ser perfeito e sumamente bom
que cria propositalmente um outro ser imperfeito com capacidade de causar tanta
destruição, até que ponto podemos acreditar na sua bondade e boas intenções? sendo
Deus onisciente, ele sempre soube do mal que o homem causaria um ao outro, mesmo
sendo decisões livres, que boas intenções são essas vindas de um ser só capaz de fazer o
bem? O que nos leva a questionar a sua benevolência e suposta absoluta bondade, seria
só um jogo onde os homens são apenas peões? o que sei é que Deus não é
absolutamente bom, e se não for absolutamente bom, isso viola por completo o seu
conceito e essência, então Deus não existe.
A causa da causa
Este argumento foi formulado por diferentes filósofos ao longo dos seculos, por não ser
propriamente um único argumento, mas uma família de argumentos, encontramos
diferentes versões em filósofos como Descartes e Leibniz.
Vemos isto desta forma, a causalidade é peça que liga dois processos ou acontecimentos
sendo uma a causa e o outro o efeito. Onde a causa é em parte responsável pela
existência do efeito, diz-se em parte porque o efeito pode ter mais que uma causa.
Esta relação é continua e replicável tendo em conta que a causa de um efeito também é
um efeito de uma causa anterior, desta forma, vamos voltar pra trás até uma causa
inicial, Deus.
Objeção:
Não é preciso muita ginástica de pensamento pra ver a obvia auto contradição deste
argumento.
Se tudo tem uma causa, e Deus é a causa de tudo, qual é a causa de Deus? Por essa
logica deus também teria uma causa, então Deus foi causado, mas Deus não pode ser
causado, então Deus não existe.
A resposta que é dada esta objeção é que Deus é auto existente, ou seja, o ser em si é
suficiente pra existir sem precisar de uma causa. O que é hipócrita e contraditório dado
que viola sua própria premissa de que tudo tem uma causa e cria uma exceção para
acomodar sua narrativa provar a existência de Deus.

Problema do inferno:
Para reforçar o questionamento da suposta absoluta bondade de Deus, podemos por
exemplo abordar o problema do inferno. O inferno é descrito como um lugar
ostensivamente cruel criado por Deus para torturar pessoas como forma de punição por
ações que fizeram na terra. Mas até que ponto isso é justo, moral e de acordo com a
bondade absoluta de Deus. Se Deus fosse amor, como poderia causar tanta dor na sua
própria criação? Se deus fosse misericordioso não perdoaria seus filhos pelo mal que
causaram? É evidente as falhas e contradições entre conceito de Deus, o que ele
representa e as ações que faz ou devia fazer.
Objeção:
A exigência de que Deus deva perdoar o homem enquanto esse permaneça como é, está
baseada numa confusão entre tolerar e perdoar. o teólogo Clive Lewis defende que
tolerar um mal é simplesmente ignorá-lo, distorcê-lo, tratá-lo como se fosse um bem.
Mas o perdão precisa ser tanto aceito como oferecido, e a pessoa que não admite culpa
não pode aceitar perdão, mesmo que este seja oferecido. Mas, naturalmente, embora
Deus fale com frequência do inferno como de uma sentença dada por um tribunal, ele
também deixa claro em outra parte que o juízo consiste no próprio fato de que os
homens preferem as “trevas à luz”. O homem exigir perdão de Deus, julgando que
merece esse perdão e ignorando completamente os seus atos é esperar muito e dar muito
pouco diria até ingrato e irresponsável.
O que acho bom neste argumento é que alem ser como objeção pra o problema do
inferno ainda é uma espécie de lição de moral a um hábito que homens têm de fazer
tudo de livre vontade e não esperar consequências, não de todo ad hominem, pelo
contrário, o argumento limita-se a atacar e criticar as ações e ignorância do homem e
não o homem em si, e fê-lo muito bem.
Aposta de Pascal:
Segundo Pascal não podemos chegar ao conhecimento de Deus apenas pela razão, então
a coisa mais sábia a se fazer é acreditar em Deus e viver a vida como se Deus existisse.
A teoria da Aposta de pascal consiste em:
Eu acredito em Deus e ele existe; o ganho é infinito
Eu acredito em Deus e ele não existe; o que perco não é significativo
Eu não acredito em Deus e ele existe; perco o infinito
Eu não acredito em Deus e ele não existe; o que perco não é significativo
Se eu não acreditar em deus e ele não existir não é significativo o que eu perco e se eu
não acreditar em deus e ele existir, perco o infinito, pois eu viveria uma vida como se
ele não existisse. Por isso seria mais vantajoso acreditar que ele existe e viver uma vida
como se ele existisse, pois tenho uma maior chance de sair a ganhar caso ele exista.
Por exemplo:
Há vida em Marte e aposto; ganho duzentos milhões euros.
Há vida em Marte e não aposto; perco duzentos milhões euros.
Não há vida em Marte e aposto; perco dois euros.
Não há vida em Marte e não aposto; poupo dois euros.
Neste caso seria melhor apostar que há vida em marte, pois se existir vida em marte eu
ganho duzentos milhões euros e se não existir eu só perco dois euros. Se eu não apostar
que existe vida em marte e não houver eu não perco nem ganho, mas se houver eu perco
duzentos milhões euros e isso seria a pior hipótese, pois se eu apostar que há vida em
marte eu ganho ou perco pouco, enquanto na outra opção ou eu perco bastante ou não
ganho nem perco.
Objeções:
Pascal está enganado na sua crença de que devemos apostar contra ou a favor da
existência de Deus. Podemos optar por permanecer nas margens. Claro que neste caso
podemos perder o prêmio, se houver um prêmio, por termos apostado incorretamente.
Mas Pascal não pode provar que há tal prémio. A aposta não é tão simples como Pascal
pensou porque há um número indefinido de possíveis criadores. O Deus cristão comum
em quem Pascal apostou é apenas um deles. Assim, o número de possibilidades para
apostar é muito maior do que duas e os jogadores racionais não têm a possibilidade de
escolher mesmo que queiram escolher um Deus ou outro. Por outras palavras, se a
aposta de Pascal faz sentido, será tão razoável apostar num egípcio como no Deus
judeu, cristão ou muçulmano. Não há prova ou razão para supor que ganhamos um
prêmio se apostarmos no Deus que de fato exista. Porque não podemos pressupor sem
razões que Deus recompense os crentes ou que puna os descrentes. Pelo contrário, as
intuições de muitos de nós dizem precisamente o contrário talvez porque quando nós
tentamos pôr no lugar de Deus, percebemos que estaríamos inclinados a considerar que
a crença baseada na aposta de Pascal é hipócrita. Deus, se existir, pode impressionar-se
bem mais com a honestidade daqueles que não conseguiram apostar na ausência de
provas do que com aqueles que acreditam porque pensam que é prudente fazê-lo.
Conclusão:
Para balancear o que foi tratado e concluir este ensaio filosófico, admitimos que nossa
posição e os argumentos argumento que usamos pra sustentá-la pode não convencer o
expectador, o que é perfeitamente normal sendo um tema que mesmo a seculos a ser
debatido, não teve uma conclusão objetiva e universalmente aceite, contudo compre o
objetivo que é fazer pensar sobre este problema filosófico.
É de importância acrescentar que a crer ou não em deus muda totalmente nossa forma
de ver o mundo, seja por bem ou por mal, Deus existindo ou não, não se pode negar a
influencia que teve em nós, Sempre digo que humanos são seres que estão sempre em
busca de um líder, alguém que olhe por nós, alguém pra culpar quando dá tudo errado,
alguém em que podemos confiar quando não temos nenhuma saída ou resposta.
E deus representa exatamente isso para os que crê nele, aos olhos dos crentes Deus é
perfeito, um exemplo a seguir, o que causa um impacto positivo nas ações das pessoas
que decidem seguir uma vida digna e fazer ações boas mesmo que seja por medo de ir
parar no inferno ou por simplesmente seguir a palavra do seu Deus, contudo isso não
nos pode levar a pensar que ateus não sabem diferenciar o bem do mal e vivem uma
vida impura, o que seria generalização precipitada da situação.
O objetivo não era só provar se Deus existe ou não, mas também mostrar que acreditar
nele ou não define carater, apesar dos danos causados e maravilhas feitas em nome de
Deus, a sua a sua presença seja real ou não ira sempre deixar marcas na sociedade.
Mesmo assim, o nosso ponto continua de pé, apesar de todas as objeções e
contrapontos, concluímos que Deus não existe.

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