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O PROBLEMA DO LIVRE-ARBÍTRIO
Será que escolhemos realmente o que fazemos ou as nossas ações são causadas
(determinadas) por fatores que não controlamos (acontecimentos anteriores e leis da
natureza)?
Quando escolhemos a roupa que vamos usar ou a comida que vamos comer, quando
planeamos o que vamos fazer no futuro não parece fazer sentido que não tenhamos a
liberdade de escolher (ou livre-arbítrio).
Por outro lado, quase todas as pessoas parecem acreditar no determinismo, isto é, que os
acontecimentos têm causas e ocorrem de acordo com as leis da natureza.
Essa crença faz parte do modo como geralmente olhamos para o mundo.
Mas, sendo assim, se todos os acontecimentosntêm causas anteriores, como podem as nossas
ações ser livres?
determinismo radical
libertismo
determinismo moderado
DETERMINISMO RADICAL
Tese fundamental
O determinismo radical considera que todos os acontecimentos, o que inclui também as ações
humanas, têm causas anteriores e estão submetidos às leis da natureza.
Se as ações humanas resultam de causas anteriores e das leis da natureza, então isso significa
que nas nossas ações não temos realmente liberdade de escolha. Por estar determinado, o
efeito (a nossa ação) é inevitável. Nunca existem possibilidades alternativas de ação.
SIM!
Se todas as ações humanas têm causas anteriores e estão submetidas às leis da natureza, o
livre-arbítrio não existe.
Pode o comportamento humano ser atribuído às mesmas causas que afetam os objetos e os
outros animais?
O determinismo radical considera que as causas do nosso comportamento são muito mais
variadas do que as dos objetos e outros animais, mas isso não significa que as ações humanas
escapem à causalidade.
Segundo esta teoria, as ações humanas resultam de uma combinação complexa destas causas.
Para sustentar a sua tese, o determinismo radical apoia-se em estudos e descobertas de várias
ciências – como a Biologia, Psicologia ou Sociologia.
Descobertas como a de genes responsáveis por doenças ou que muitos dos nossos
comportamentos são fortemente influenciados por padrões sociais e culturais ou por situações
vividas na infância parecem sustentar a tese determinista.
O determinismo radical defende que através da articulação entre os contributos de várias
ciências é possível apresentar uma explicação determinista do comportamento humano e,
assim sendo, negar o determinismo é pouco racional, uma vez que isso significa contrariar o
que é afirmado pela ciência.
A ilusão do livre-arbítrio
Para o determinismo radical, é uma ilusão pensar que podemos escolher livremente o que
fazer – o livre-arbítrio é uma crença falsa.
O desconhecimento das inúmeras causas que influenciam uma ação levam-nos a pensar que
temos liberdade de escolha.
Porém, se conhecêssemos todas essas causas, perceberíamos que fazemos apenas o que
temos de fazer e que o livre-arbítrio não existe.
A questão da responsabilidade
Se não escolhemos livremente o que fazemos, como podemos ser responsáveis pelas nossas
ações? Como podemos censurar alguém por fazer algo de errado? Como podemos atribuir
mérito a alguém que faz algo corretamente? Isto parece pôr em causa a tese do determinismo
radical.
Se não há genuína responsabilidade moral nas nossas ações, uma vez que não existe livre-
arbítrio, fará ainda assim sentido castigar ou premiar uma determinada ação?
As pessoas devem ser responsabilizadas, uma vez que assim promovem-se as boas ações e
desencorajam-se as más.
Neste sentido, os prémios e os castigos são também causas que podem determinar os
comportamentos humanos.